conto de inverno

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CONTO DE INVERNO (SHAKESPEARE) Adaptação para 13 atores – Turma 72 de 2005/2 Personagens Femininos (8): Hermíone (rainha da Sicília), Perdita (filha de Hermíone), Paulina (amiga de Hermíone e mulher de Antígono), Sacerdotisa (do Oráculo de Delfos), Pastora (que cria Perdita), Filha da Pastora, duas criadas do palácio da Sicília Personagens Masculinos (5): Leontes (rei da Sicília), Polícines (rei da Boêmia), Florízel (filho de Polícines), Camilo (ajudante de Leontes), Antígono (marido de Paulina). PRÓLOGO (CORO) Criada 1 –Boa tarde, Florinda, sabe quem veio ao reino da Sicília? O rei Polícines. Criada 2 – Sei, já mandei Camilo levar-lhe umas frutas. No reino da Boêmia não há frutas como aqui. O nosso rei Leontes me mandou servir bem o amigo.. Criada 1 - Que o céu conserve essa amizade! Criada 2 – E como vai o filho de Leontes e da rainha Hermíone? Criada 1 – Está muito mal. Doente mesmo. É tristeza... Leontes (entrando) – Onde está Hermíone, minha rainha? Criada 2 - A rainha está contando histórias para seu filho, majestade. Leontes – Histórias?! Pois sei, deve estar mesmo. Cena 1 (Conversa de Hermíone com Polícines) Hermíone – Que bom que vieste ao nosso reino da Sicília, caro rei Polícines! Como está o reino da Boêmia? Polícines – Está muito bem. Estou ansioso para falar com meu grande amigo Leontes, cara rainha Hermíone! Hermíone – Ele só fala do seu grande amigo. Das brincadeiras que os dois reis faziam quando crianças... Sua terra, a Boêmia foi um lar inesquecível para o meu marido. Polícines – Fomos criados como irmãos. Mas onde está Leontes? Hermíone – Saiu para caçar, não demora. No inverno os dias são mais curtos. Polícines – E seu filho, como está? Hermíone – Está tristonho. As crianças não podem ficar ao relento e ele não pode brincar com os outros meninos, então me pede para contar-lhe histórias de inverno. (Hermíone tem um mal súbito e cai). Polícines – Deixa-me ajudá-la, cara rainha. Hermíone – Ah, obrigado. Estou tendo desmaios ultimamente, acredito estar grávida. Polícines – Veja, está chegando o meu grande amigo. Prazer em vê-lo. Leontes (chegando) – O que fazes aqui sozinho com minha esposa? Polícines – Estava a ajudá-la, pois teve um mal súbito. Pareces aborrecido... Leontes – Hermíone, vá para dentro cuidar de seu filho. O príncipe deve estar sentindo a falta da mãe. (Hermíone sai). Polícines – Vamos conversar lá dentro sobre sua caçada. Leontes – Caçada? Não peguei nada. Mas... vamos! Cena 2 (Leontes quer contratar Camilo para matar Polícines) Camilo – Caro rei Leonte, por que razão me mandaste chamar? 1

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Page 1: CONTO DE INVERNO

CONTO DE INVERNO(SHAKESPEARE) Adaptação para 13 atores – Turma 72 de 2005/2Personagens Femininos (8): Hermíone (rainha da Sicília), Perdita (filha de Hermíone), Paulina (amiga de Hermíone e mulher de Antígono), Sacerdotisa (do Oráculo de Delfos), Pastora (que cria Perdita), Filha da Pastora, duas criadas do palácio da SicíliaPersonagens Masculinos (5): Leontes (rei da Sicília), Polícines (rei da Boêmia), Florízel (filho de

Polícines), Camilo (ajudante de Leontes), Antígono (marido de Paulina).

PRÓLOGO (CORO)Criada 1 –Boa tarde, Florinda, sabe quem veio ao reino da Sicília? O rei Polícines. Criada 2 – Sei, já mandei Camilo levar-lhe umas frutas. No reino da Boêmia não há frutas como aqui. O nosso rei Leontes me mandou servir bem o amigo..Criada 1 - Que o céu conserve essa amizade!Criada 2 – E como vai o filho de Leontes e da rainha Hermíone?Criada 1 – Está muito mal. Doente mesmo. É tristeza... Leontes (entrando) – Onde está Hermíone, minha rainha?Criada 2 - A rainha está contando histórias para seu filho, majestade.Leontes – Histórias?! Pois sei, deve estar mesmo.

Cena 1 (Conversa de Hermíone com Polícines)Hermíone – Que bom que vieste ao nosso reino da Sicília, caro rei Polícines! Como está o reino da Boêmia?Polícines – Está muito bem. Estou ansioso para falar com meu grande amigo Leontes, cara rainha Hermíone!Hermíone – Ele só fala do seu grande amigo. Das brincadeiras que os dois reis faziam quando crianças... Sua terra, a Boêmia foi um lar inesquecível para o meu marido.Polícines – Fomos criados como irmãos. Mas onde está Leontes?Hermíone – Saiu para caçar, não demora. No inverno os dias são mais curtos.Polícines – E seu filho, como está?Hermíone – Está tristonho. As crianças não podem ficar ao relento e ele não pode brincar com os outros meninos, então me pede para contar-lhe histórias de inverno.(Hermíone tem um mal súbito e cai).Polícines – Deixa-me ajudá-la, cara rainha.Hermíone – Ah, obrigado. Estou tendo desmaios ultimamente, acredito estar grávida.Polícines – Veja, está chegando o meu grande amigo. Prazer em vê-lo.

Leontes (chegando) – O que fazes aqui sozinho com minha esposa?Polícines – Estava a ajudá-la, pois teve um mal súbito. Pareces aborrecido...Leontes – Hermíone, vá para dentro cuidar de seu filho. O príncipe deve estar sentindo a falta da mãe.(Hermíone sai).Polícines – Vamos conversar lá dentro sobre sua caçada.Leontes – Caçada? Não peguei nada. Mas... vamos!

Cena 2 (Leontes quer contratar Camilo para matar Polícines)Camilo – Caro rei Leonte, por que razão me mandaste chamar?Leontes – Camilo, meu nobre amigo, quero que envenenes Polícines.Camilo – Mas por quê?Leontes – Ele está a me trair com minha mulher. Hermíone quer que ele permaneça na corte. Esta mulher está a me por um par de chifres.Camilo – Sua mulher é fiel, meu caro rei. Não irei envenenar o rei Polícenes.Leontes – Então serás banido de meu reino.Camilo – Irei, meu rei, mas antes contarei ao rei Polícenes o que pretendes fazer.Leontes – Vai, servo infiel.(Leontes e Camilo saem de cena)

Cena 3 (Camilo avisa Polícines, que foge para seu reino na Boêmia).(Camilo encontra com Polícenes).Camilo – Rei Polícenes, deves retornar à Boêmia o quanto antes.Polícenes – Por que, caro Camilo?Camilo – O rei Leontes está cego pelo ciúme que tem por Hermíone. E acredita ser o senhor o pai do filho que a rainha espera. Queria que eu o envenenasse.Polícenes – Leontes está louco. Vamos nos aprontar para ir à Boêmia. Tu vens comigo. Camilo – Com muito prazer.Cena 4 (Leontes manda Hermíone grávida para a prisão)Leontes – Onde estavas, rainha?Hermíone – Estava a contar histórias para nosso filho.Leontes – Como és falsa. Mesmo grávida, estavas a me trair com algum lorde da corte!Hermíone – Por favor, Leontes, não inventes histórias...Leontes – Estás a me desafiar?Hermíone – Não, caro marido.Leontes – Agora mesmo vá para a torre. Os meus guardas estão a te esperar para que fiques presa. Na torre permanecerás para que não possas mais me trair.Hermíone – Não faças isso, não vês que estou grávida para quase ter o bebê?Leontes – Filho meu é que não é. Deve ser de tua traição com Polícines. Fora!!!Hermíone – Não!!!

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(Hermíone sai chorando e Leontes sai por outro lado).

Cena 5 (Leontes manda chamar a sacerdotisa para ir ao Oráculo de Delfos)(Entra Leontes com a Sacerdotisa).Sacerdotisa – Mandaste chamar a Sacerdotisa de Apolo, rei Leontes?Leontes – Sim, tenho um encargo para vós.Sacerdotisa – Queres saber de seu filho, afastado da mãe? Pois lhe direi, se deixares o menino mais tempo longe do convívio com Hermíone, ele morrerá. Tive esta revelação em sonhos.Leontes – Os sonhos da Sacerdotisa não me dizem respeito. Quero que vás ao Oráculo de Delfos e lá perguntes a Apolo, o nosso maior Deus, se minha esposa é infiel.Sacerdotisa – Não desmereças o que lhe digo, majestade. Mas irei ao Oráculo e perguntarei sobre Hermíone. Voltarei em breve.(Os dois saem de cena).

COROCriada 1 - O rei Leontes está cego de ciúmes.Criada 2 – Ainda bem que Camilo fugiu, queria eu também fugir.Criada 1 - Acabou-se a amizade, só por causa do ciúmes!Criada 2 – E agora a rainha Hermíone está presa na torre. Vou ajudar a coitada! Sacerdotisa – Vai nada, o que tem que acontecer, acontecerá, assim previu Apolo.Criada 1 – Mas a coitada está presa na torre. O filho está doente.Sacerdotisa – Falem com Paulina e Antígono, que eles acharão a ajuda.Criada 2 – Está bem, ó grande sacerdotisa. (saem)

Cena 6 (Paulina e Antígono conversam sobre a filha do rei).Antígono – Paulina, minha esposa, o que fazes com esta menina ao colo?Paulina – Esta, caro Antígono, é a filha da rainha Hermíone que acaba de nascer.Antígono – Deves então protegê-la das mãos do rei Leontes.Paulina – Farei melhor do que isso, entregarei a menina ao rei.Antígono – Estás louca, ele vai mandar matá-la!Paulina – Quando nosso rei vir esta menina tão linda decerto perdoará a rainha e nosso reino voltará a ter alegria.Antígono – Assim espero. Vamos.

Cena 7 (Paulina traz a filha para o rei e este manda Antígono levá-la para longe).

Paulina – Rei Leontes, trouxe a vossa presença uma criança adorável.Leontes – Estou feliz que Paulina e Antígono tiveram enfim o seu filho.Antígono – Não se trata de nosso filho, mas de alguém que dará muitas alegrias a vossa majestade.Paulina – Esta, caro rei, é sua filha, recém-nascida.Leontes – Como ousam trazer a minha presença esta bastarda. Não é minha filha. Antígono, tu merecerias a forca por aceitar que sua mulher me fizesse tal desfeita.Antígono – Meu rei, perdoa-nos.Paulina – Vou deixar esta criança aqui para que vossa majestade possa vê-la. (Paulina sai).Leontes – Não quero ver esta criança bastarda. Leva-a para longe. Jogue-a numa praia deserta.Antígono – Assim farei, caro rei.(Sai Antígono e chega a Sacerdotisa).

Cena 8 (Resultado do Oráculo, Paulina conta que morreu o filho e a esposa).Sacerdotisa – Estou de volta com a resposta do Oráculo de Delfos.Leontes – Espera. Isto precisa ser dito ao povo.(A Sacerdotisa vai à boca de cena e lê).Sacerdotisa – “Hermíone é inocente. Polícenes não tem culpa. Camilo é um súdito leal. Leontes é um tirano ciumento, e o rei ficará sem herdeiro se não encontrar aquela que está perdida”.Leontes – Isto são mentiras. Fora, mulher má com falsas palavras.Sacerdotisa – Meu rei, acredite. (Ajoelha). Vosso ódio está matando a todos.(Paulina entra em cena).Paulina – Rei Leontes, seu filho acaba de morrer.Leontes – Vá embora mulher. E conte a minha mulher o acontecido, quem sabe assim ela confesse sua traição.Paulina – Não poderei, caro rei Leontes. Sua mulher, ao saber da morte de vosso filho morreu também, de desgosto.Sacerdotisa – Apolo está zangado.Leontes – O próprio céu me pune por minha injustiça. O que farei agora?(Saem os três, bem tristes, com música apropriada).

Cena 9 (Antígono deixa a criança com jóias e sai).Antígono – Se assim quiser o destino, isto te dará de sobra para te criar. Espero que nesta praia deserta apareça alguém que cuide de ti. Cresce, e te torna uma linda princesa! Não posso chorar contigo, mas me corta o coração te deixar aqui. Fica com este colar de sua mãe e com estas jóias. Decerto aparecerá por aqui alguém que queira ficar contigo. Adeus.(Sai Antígono. Música de suspense até aparecer a pastora).

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Cena 10 (Chega a pastora junto à criança e depois a filha contando sobre a morte de Antígono e o barco que afundou).Pastora – Mas que barulho é este? Olha, um bebê! Deve ser rica, está coberta de jóias. Filha, venha ver!Filha – O que foi, mamãe?Pastora – Achei um bebê. E não é só isso... veja! Jóias!Filha – Pelos deuses!Pastora – Onde estavas?Filha – Estava por aqueles lados. Vi um homem morto totalmente desfigurado, provavelmente atacado por um urso. Depois fui até a praia e vi restos de um naufrágio. Um navio muito grande deve ter sofrido com a tempestade de ontem.Pastora – Pobre criança, deve ter sobrevivido deste naufrágio. Quiseram os deuses que nós a encontrássemos.Filha – Provavelmente. Veja, quanto ouro!Pastora – Filha, vamos cuidar desta criança. Somos pobres, mas com este dote podemos dar-lhe um bom futuro.Filha – Ela tem uma correntinha escrito Hermíone. Parece ervilha, não gostei. Mamãe, vou chamá-la de Perdita.Pastora – É um bom nome. Ganhei uma nova filha.Filha – E eu uma nova irmã.Pastora – Vamos, minha filha, a criança deve estar com fome.Filha – Deixa eu levar a criança e a senhora se encarrega do baú de jóias.(saem as duas)

COROCriada 1 – Já se passaram 15 anos e o rei continua triste.Criada 2 – Bem feito, quem manda ser tão ruim. Quem é ruim sofre.Criada 1 – Onde estará a filha do rei?Criada 2 – Rezo todos os dias para que esteja bem, mas acho difícil. Nunca mais se soube de Antígono.Criada 1 – Olha, aí vem Paulina...Paulina – (chegando) O que vocês estão fofocando?Criada 2 – Nada. Quem é aquele vulto que vimos na sua janela?Paulina – Não é ninguém. Voltem ao seu trabalho. (saem)

Cena 11 (Perdita cresce e encontra com Florízel)Pastora – Filha, nem parece que se passaram quinze anos daquele nosso encontro com o bebê perdido na praia.Filha – Perdita está muito bonita. Parece até uma princesa.

Pastora – E quem sabe seja. Por causa dela temos uma vida confortável. Veja, até o filho do rei Polícenes vem nos visitar!Filha – Ele está interessado é na nossa Perdita!Pastora – Mas não pode. Um príncipe não pode namorar uma filha de pastores.Filha – Estão aí fora. Vamos chamá-los.(Chamam Perdita, que entra com Florízel).Perdita – O que querem de nós.Florízel – Estávamos a conversar sobre a natureza.Pastora – Desculpe-nos, caro príncipe Florízel, precisávamos conversar com vocês.Filha – Isso mesmo, vocês não podem namorar.Perdita – Mas o nosso amor é tão grande!Florízel – Pretendemos nos casar.Pastora – Um príncipe não pode casar com uma plebéia. O senhor príncipe Florízel é filho do rei Polícenes.Filha – O rei Polícenes é muito brabo, ninguém sabe por que. Depois que a mãe de vossa alteza morreu anda pior ainda.Perdita – Saberei como domar seu pai.Florízel – Acredito em você e no nosso amor! A senhora é uma dama rica, apesar de nunca sabermos como conseguiu tal herança.Pastora – Então, podem casar. Mas precisamos contar um segredo.Filha – Acontece que Perdita é adotada. Encontramos você na praia junto com este colar e um baú de jóias, o que nos levou a esta pequena fortuna.Perdita – Que bom que me contaram. Quem sabe eu não seja uma princesa perdida?Florízel – Eu acredito nisso. Vamos casar.Pastora – Preparem-se, faremos isso sem o consentimento do rei.Filha – Isso! Aos preparativos.(Saem felizes).

Cena 12 (Festa da pastora onde o rei Polícines e Camilo entram disfarçados).Camilo – Veja, meu caro rei Polícenes. A festa está animada.Polícenes – Vou deserdar o meu filho Florízel, Camilo.Camilo – Ainda bem que estamos disfarçados.Polícenes – Quero pegar os dois e dar uma boa surra nesta moça que ousa tirar-me o filho.Camilo – Ali estão os dois.Polícenes – Vamos chegar mais perto.Florízel – Como te amo, cara Perdita.Perdita – E eu também.Florízel – Não tenho medo de meu pai.

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Page 4: CONTO DE INVERNO

Camilo – Pois deverias ter, ele está aqui.(O pai se revela).Polícenes – Como ousam casar sem meu consentimento. Camilo, agarre esta moça, mandarei os guardas pegarem meu filho e esses pastores de aldeia.(Sai).Filha – (chegando, liberta Perdita, dando uma paulada em Camilo) Fuja, minha irmã. Vá para a Sicília com Florízel. Lá, acredito que serás feliz.Florízel – Vamos, meu amor. O rei Leontes foi amigo de meu pai.Pastora – Iremos com vocês. Levaremos estas jóias para pagar a viagem.(Saem, só ficando Camilo no chão quando chega o rei Polícenes).Camilo – Me acertaram na cabeça, rei Polícenes.Polícenes –Até os guardas se dispersaram. Maldição! Onde foi todo mundo?Camilo – Fugiram para a Sicília.Polícenes – Então temos que ir atrás. Apesar de eu ter uma desavença com o rei Leonte, preciso tornar a vê-lo, sinto que o futuro nos será alegre. Vamos.

Cena 13 (Leontes recebe a sua filha e genro)Sacerdotisa – Caro rei Leontes, estão aí, para ver vossa majestade, o príncipe da Boêmia e umas senhoras.Leontes – Faça-os entrar, estou tão triste que talvez vendo o filho de Polícenes me alegre um pouco.Sacerdotisa – (Anunciando) O Príncipe Florízel, filho de sua majestade o rei Polícenes!Leontes – Bem vindos, o que desejam.Florízel – Meu pai não queria que casássemos e fugimos de nosso reino.Perdita – Sou Perdita, filha adotada desta senhora e irmã desta outra aqui.Pastora – Esta menina tem um colar com a indicação de seu reino estampada nela.Filha – A menina foi achada na praia depois de um naufrágio.Sacerdotisa – Veja, meu rei, é o colar de Hermíone. Você só pode ser a filha de vossa majestadeLeontes – Oh, destino! És a filha que mandei abandonar em praia distante! Sacerdotisa – Deves agora aceitá-la, pois a profecia se cumpriu.Leontes – Venham, eu os abraço e recupero minha alegria.Florízel – Vejam só! És uma princesa. Eu bem que sabia!Perdita – Ganhei um pai, que bom!Pastora – Como tudo acaba bem!Filha – Mas e o rei Polícenes?(Entra o Rei Polícenes com Camilo).Polícenes – Ouvi tudo. Podes casar, meu filho. Abraça-me, Leontes. Nossos filhos são noivos.

Camilo – Majestades. Uma mulher chamada Paulina chama a todos para uma grande surpresa.Todos – Vamos ver o que é.

Cena 14 (Paulina mostra a estátua de Hermíone e Leontes casa Paulina com Camilo).Paulina – (entra empurrando uma estátua tapada com um lençol) – Meu rei Leontes, tenho para vós uma surpresa. A estátua de Hermíone!Perdita – Minha mãe!Leontes – Descerre logo o pano, Paulina.Paulina – Quero que olhem com carinho para esta estátua. Ela representa é a fidelidade e honradez.(O pano é descerrado e aparece a estátua, a própria Hermíone).Sacerdotisa – Veja, parece tão natural.Paulina – Não cheguem perto, acabou de ser pintada.Leontes – Deixa-me beijá-la.Sacerdotisa – A tinta está fresca!Leontes – O escultor fê-la tão perfeita, que acrescentou até as rugas da idade.Florízel – Parece ser uma senhora muito meiga e linda.Perdita – É minha mãe. Sei que é minha mãe.(A estátua toma vida. Música).Pastora – Meu Deus, ela está viva!Hermíone – Sou eu, fui escondida por Paulina até o dia em que minha filha aparecesse. E aí está. Venha abraçar-me. (Abraços).Sacerdotisa – Rei Leontes, vossa majestade entristeceu a vida de muita gente com seu ciúme. Deves recuperar o que destruíste!Leontes – Hermíone, aceitas-me novamente?Hermíone – Sim, apesar de tudo ainda o amo.Leontes – Polícenes, podemos voltar a ser amigos?Polícenes – Agora que somos parentes, com o casamento de nossos filhos. É claro!Leontes – Filha, me perdoas?Perdita – Sim, papai!Leontes – Paulina, como posso agradecerte?Paulina – O senhor roubou-me o marido quando o mandou para terras distantes deixar a pobre menina a sua sorte.Polícenes – Fique com Camilo. Pronto, agora tens um novo marido.Filha – Pelos deuses, tudo acabou bem!

FimObs – Este texto foi adaptado da obra de Shakespeare a partir de textos traduzidos por Mário Quintana e Sérgio de Oliveira do original inglês de Mary e Richard Lamb..Prof. Jarbas Griebeler

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Page 5: CONTO DE INVERNO

São Leopoldo, setembro de 2005

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