contexto histórico e cultural enquanto a europa se prepara para a primeira guerra mundial, o brasil...

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Page 1: Contexto histórico e cultural Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil come ç a a viver, a partir de 1894, um novo per í
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Contexto histórico e cultural

Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a "República do café-com-leite", dos civil, inicia-se a "República do café-com-leite", dos grandes proprietários rurais, em substituição a grandes proprietários rurais, em substituição a "República da Espada" (governos do marechal Deodoro "República da Espada" (governos do marechal Deodoro e do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira e do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; é o esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de urbanização de São Paulo.surto de urbanização de São Paulo.

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Mais história...

  Mas toda esta prosperidade vem deixar cada Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais claros os fortes contrastes da vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o tempo de realidade brasileira. É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste agitações sociais. Do abandono do Nordeste partem os primeiros gritos da revolta. Em fins partem os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.com a figura lendária de Lampião.

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... O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida, mais intensa O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida, mais intensa

revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por João importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por João Cândido, o "almirante negro", contra o castigo corporal, conhecida Cândido, o "almirante negro", contra o castigo corporal, conhecida como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em São Paulo, as como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, iniciam os classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.

      Essas agitações são sintomas de crise na "República do café-Essas agitações são sintomas de crise na "República do café-com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna.Arte Moderna.

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Cangaço

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Construir uma Literatura em sintonia com os acontecimentos As primeiras décadas do Séc. XX, trouxeram ao As primeiras décadas do Séc. XX, trouxeram ao

público obras de grande valor literário e social.público obras de grande valor literário e social. Difícil traçar um panorama estético que englobe Difícil traçar um panorama estético que englobe

todos os autores que escreveram nesta época.todos os autores que escreveram nesta época. Outra característica importante: Nas obras é Outra característica importante: Nas obras é

possível reconhecer traços de algumas escolas possível reconhecer traços de algumas escolas literárias do final do Séc. XIX.literárias do final do Séc. XIX.

Essa época não constitui nenhuma escola literária Essa época não constitui nenhuma escola literária e sim um e sim um período de transiçãoperíodo de transição!!

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Pré Modernismo

Autores:Autores: Euclides da CunhaEuclides da Cunha Monteiro LobatoMonteiro Lobato Lima BarretoLima Barreto Graça AranhaGraça Aranha Augusto dos AnjosAugusto dos Anjos

Início – 1902 – Início – 1902 – Publicação de “Os Publicação de “Os sertões” de Euclides sertões” de Euclides da Cunha.da Cunha.

Término – 1922 – Término – 1922 – Semana de Arte Semana de Arte ModernaModerna

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Estilos e Objetivos distintos

O primeiro traço de união que surge, entre os pré O primeiro traço de união que surge, entre os pré modernos, é o de procurar criar um Brasil modernos, é o de procurar criar um Brasil “literário” que corresponda ao país real, “literário” que corresponda ao país real, abandonando as visões particularizadas da elite e abandonando as visões particularizadas da elite e dos grandes centros urbanos.dos grandes centros urbanos.

Aproximam o momento histórico vivido e a trama Aproximam o momento histórico vivido e a trama desenvolvida nos romances.desenvolvida nos romances.

Linguagem se modifica, torna-se mais direta, mais Linguagem se modifica, torna-se mais direta, mais objetiva, mais próxima da linguagem característica objetiva, mais próxima da linguagem característica do texto jornalístico.do texto jornalístico.

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Das Primeiras obras Publicadas surgem:

Tendências que serão como bandeiras para Tendências que serão como bandeiras para os Modernistas:os Modernistas:

A dessacralização do texto literárioA dessacralização do texto literário Utilização de um português mais brasileiroUtilização de um português mais brasileiro Crítica à realidade social e econômica Crítica à realidade social e econômica

contemporâneacontemporânea Enfim, a constituição de uma literatura que Enfim, a constituição de uma literatura que

retrata verdadeiramente o Brasil. retrata verdadeiramente o Brasil.

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Euclides da Cunha Publicou “os Sertões”, em Publicou “os Sertões”, em

que retrata o conflito entre que retrata o conflito entre os seguidores do líder os seguidores do líder messiânico Antônio messiânico Antônio Conselheiro e as forças do Conselheiro e as forças do exército brasileiro.exército brasileiro.

Naturalismo, Determinismo;Naturalismo, Determinismo; Mais tarde caráter Mais tarde caráter

aprofundado pela segunda aprofundado pela segunda geração – Regionalismo;geração – Regionalismo;

A terra – O homem – A A terra – O homem – A luta.luta.

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Primeiras impressões

É uma paragem impressionadora. As condições estruturais da terra lá se vincularam à violência máxima dos agentes exteriores para o desenho de relevos estupendos. O regime torrencial dos climas excessivos, sobrevindo, de súbito, depois das insolações demoradas, e embatendo naqueles pendores, expôs há muito, arrebatando-lhes para longe todos os elementos degradados, as séries mais antigas daqueles últimos rebentos das montanhas: todas as variedades cristalinas, e os quartzitos ásperos, e as fílades e calcários, revezando-se ou entrelaçando-se, repontando duramente a cada passo, mal cobertos por uma flora tolhiça — dispondo-se em cenários em que ressalta predominante, o aspecto atormentado das paisagens.Porque o que estas denunciam — no enterroado do chão, no desmantelo dos cerros quase desnudos, no contorcido dos leitos secos dos ribeirões efêmeros, no constrito das gargantas e no quase convulsivo de uma flora decídua embaralhada em esgalhos — é de algum modo o martírio da terra, brutalmente golpeada pelos elementos variáveis, distribuídos por todas as modalidades climáticas

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Lima Barreto A inovação se dará por sua A inovação se dará por sua

preocupação de traçar, de forma preocupação de traçar, de forma bastante fiel, quadros que bastante fiel, quadros que retratem a vida cotidiana nos retratem a vida cotidiana nos subúrbios do Rio de Janeiro.subúrbios do Rio de Janeiro.

Em seus romances Em seus romances acompanharemos:acompanharemos:

O dia-a-dia do funcionário O dia-a-dia do funcionário públicopúblico

Moças que esperam Moças que esperam pacientemente a hora do pacientemente a hora do casamentocasamento

Mulatos perseguidos pelo Mulatos perseguidos pelo preconceito socialpreconceito social

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Triste fim de Policarpo Quaresma

Embate entre o Embate entre o realreal e e o o ideal.ideal.

Amar a pátria não Amar a pátria não significa apenas significa apenas mantê-la como objeto mantê-la como objeto de adoração.de adoração.

Ser patriota é conhecer Ser patriota é conhecer as condições do país e as condições do país e tentar melhorá-lo. tentar melhorá-lo. Apostila pág. 21-22

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Monteiro Lobato

Denunciar a decadência do povo do interior, Denunciar a decadência do povo do interior, principalmente com o declínio do cultivo de café principalmente com o declínio do cultivo de café na região do Vale da Paraíba.na região do Vale da Paraíba.

Jeca Tatu, personagem marginalizada, caboclo Jeca Tatu, personagem marginalizada, caboclo ignorante, medíocre;ignorante, medíocre;

O Brasil está cheio de Jecas Tatus.O Brasil está cheio de Jecas Tatus. Depois o autor chega a conclusão que é o sistema Depois o autor chega a conclusão que é o sistema

que remete o povo a esse modo de existência.que remete o povo a esse modo de existência.

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Augusto dos Anjos

Desde 1900 aparecem Desde 1900 aparecem poemas de Augusto dos poemas de Augusto dos Anjos publicados em Anjos publicados em jornais e almanaques.jornais e almanaques.

De definição literária De definição literária complexa, pode-se notar complexa, pode-se notar forte influência simbolista.forte influência simbolista.

Seus poemas serão, mais Seus poemas serão, mais tarde, publicados em seu tarde, publicados em seu único livro, denominado único livro, denominado “Eu”.“Eu”.

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Tendência pré modernista

Gosto pelas imagens Gosto pelas imagens fortes e pela construção fortes e pela construção formal deixam claro sua formal deixam claro sua ligação com o ligação com o simbolismo;simbolismo;

O que o diferencia de O que o diferencia de qualquer outra escola qualquer outra escola literária e que o faz ser literária e que o faz ser associado às novas associado às novas tendências é:tendências é:

Objeto dos poemas;Objeto dos poemas; Divagações Divagações

metafísicas;metafísicas; Vocabulário Vocabulário

cientificamente cientificamente calculado;calculado;

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Augusto dos Anjos

Junção de todas as Junção de todas as tendências e de outras tendências e de outras mais vindas da ciência mais vindas da ciência que tanto o que tanto o apaixonava.apaixonava.

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Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidávelVês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.Enterro de tua última quimera.Somente a Ingratidão - esta pantera -Somente a Ingratidão - esta pantera -Foi tua companheira inseparável!Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!Acostuma-te à lama que te espera!O Homem, que, nesta terra miserável,O Homem, que, nesta terra miserável,Mora, entre feras, sente inevitávelMora, entre feras, sente inevitávelNecessidade de também ser fera.Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!Toma um fósforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro,O beijo, amigo, é a véspera do escarro,A mão que afaga é a mesma que A mão que afaga é a mesma que apedreja.apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua Se a alguém causa inda pena a tua chaga,chaga,Apedreja essa mão vil que te afaga,Apedreja essa mão vil que te afaga,Escarra nessa boca que te beija!Escarra nessa boca que te beija!

Olhar pessimistaOlhar pessimista Desilusão e abandono Desilusão e abandono

acompanham o eu acompanham o eu líricolírico

O ser humano está O ser humano está fadado à solidãofadado à solidão

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Contexto Histórico

A primeira fase do A primeira fase do Modernismo no Brasil Modernismo no Brasil estende-se de 1922 a estende-se de 1922 a 1930. Período em que o 1930. Período em que o Brasil vive o fim da Brasil vive o fim da chamada República velha, chamada República velha, quando as oligarquias quando as oligarquias ligadas aos grandes ligadas aos grandes proprietários rurais proprietários rurais detinham o poder.detinham o poder.

Em termos econômicos, o Em termos econômicos, o mundo encaminhava-se mundo encaminhava-se para um colapso, para um colapso, concretizado pela quebra concretizado pela quebra da bolsa de Nova Iorque, da bolsa de Nova Iorque, em 1929. O Brasil, que em 1929. O Brasil, que dependia em grande parte dependia em grande parte das exportações de café, das exportações de café, sofreu um duro golpe com sofreu um duro golpe com a quebra da bolsa e passou a quebra da bolsa e passou a vivenciar um período de a vivenciar um período de grande instabilidade grande instabilidade econômica. econômica.

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A semana de Arte Moderna

Em 1917, Anita Em 1917, Anita Malfatti realizou uma Malfatti realizou uma exposição de quadros.exposição de quadros.

Monteiro Lobato, que Monteiro Lobato, que assistiu a exposição, assistiu a exposição, publicou um polêmico publicou um polêmico texto: Paranóia ou texto: Paranóia ou mistificação?mistificação?

No Estado de São No Estado de São PauloPaulo

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Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é Rubens na Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis imorredouros. A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento. Embora eles se dêem como novos precursores duma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranóia e com a mistificação. De há muito já que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. A única diferença reside em que nos manicômios esta arte é sincera, produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e fora deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e absorvidas por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo mistificação pura.

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Contra-ataque!

O grupo modernista O grupo modernista decide, em razão do decide, em razão do ataque sofrido, unir-se ataque sofrido, unir-se em torno de objetivos em torno de objetivos comuns, em uma comuns, em uma tentativa de tornar tentativa de tornar mais visível para a mais visível para a opinião pública as opinião pública as novas tendências novas tendências artísticas européias.artísticas européias.

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Ano de 1922 – dias 13, 15 e 17 de fevereiro

No Teatro municipal No Teatro municipal de São Paulo, em noite de São Paulo, em noite de gala, seriam de gala, seriam realizados os eventos realizados os eventos da da Semana de Arte Semana de Arte Moderna!!Moderna!!

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Os sapos – Manoel Bandeira Enfunando os sapos, Enfunando os sapos,

saem da penumbra, saem da penumbra, Aos pulos, os saposAos pulos, os saposA luz os deslumbra. Em ronco que aterra, A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Borra o sapo-boi: Borra o sapo-boi: Meu pai foi à guerra! Meu pai foi à guerra! Não foi! - Foi! - Não Foi! O sapo-tanoeiro Não foi! - Foi! - Não Foi! O sapo-tanoeiro Parnasiano aguado, Parnasiano aguado, Diz: -Meu cancioneiro é bem martelado. O Diz: -Meu cancioneiro é bem martelado. O meu verso é bommeu verso é bomFrumento sem joioFrumento sem joioFaço rimas comFaço rimas comConsoantes de apoio. Vai por cinqüenta Consoantes de apoio. Vai por cinqüenta anosanosQue lhes dei a forma: Que lhes dei a forma: Reduzi sem danosReduzi sem danosA formas e a forma.A formas e a forma.

Clame a sapariaClame a sapariaEm críticas céticas: Em críticas céticas: Não há mais poesia, Não há mais poesia, Mas há artes poéticas...Mas há artes poéticas...

Urra o sapo-boi:Urra o sapo-boi:- Meu pai foi rei! - Foi! - Meu pai foi rei! - Foi! - Não foi! - Foi! - Não foi!- Não foi! - Foi! - Não foi!

Brada era um assomoBrada era um assomoO sapo tanoeiroO sapo tanoeiroA grande arte é como lavor de joalheiro A grande arte é como lavor de joalheiro Outros, sapos-pipasOutros, sapos-pipas(Um mal cabe em si) (Um mal cabe em si) Falam pelas tripasFalam pelas tripas- Sei! - Não sabe! - Sabe! Longe dessa grita, - Sei! - Não sabe! - Sabe! Longe dessa grita,

Lá onde mais densaLá onde mais densaA noite infinitaA noite infinitaVerte a sombra imensaVerte a sombra imensaLá, fugido ao mundo, Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, Sem glória, sem fé, No perau profundoNo perau profundoE solitário, é Que soluças tu, E solitário, é Que soluças tu, Transido de frioTransido de frioSapo-cururuSapo-cururuDa beira do rio..."Da beira do rio..."

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Resultado Positivo!!!

Embora causassem Embora causassem escândalo, os modernistas escândalo, os modernistas se fizeram notar! se fizeram notar! Deixaram claro que não Deixaram claro que não tinham apenas intenções tinham apenas intenções artísticas, mas um artísticas, mas um conjunto de obras em que conjunto de obras em que as novas propostas eram as novas propostas eram concretizadas, concretizadas, demonstrando a demonstrando a viabilidade dos novos viabilidade dos novos rumos estéticos.rumos estéticos.

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Revistas e Manifestos

Revistas: era criado Revistas: era criado espaço para as espaço para as divulgações das divulgações das produções literárias produções literárias inspiradas pela nova inspiradas pela nova visão artística.visão artística.

Manifestos: Manifestos: funcionavam como funcionavam como espaço de definição e espaço de definição e divulgação dos divulgação dos próprios princípios próprios princípios modernistas.modernistas.

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Klaxon

O primeiro número da O primeiro número da revista foi aberto por um revista foi aberto por um editorial manifesto:editorial manifesto:

A busca do atualA busca do atual O culto ao progressoO culto ao progresso Afirmação de que arte não Afirmação de que arte não

é cópia da realidadeé cópia da realidade Incorporação de novas Incorporação de novas

formas artísticas, como o formas artísticas, como o cinema.cinema.

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Revista de Antropofagia

Como conciliar o direito à inovação estética com o Como conciliar o direito à inovação estética com o peso da tradição?peso da tradição?

Como estabelecer o limite entre o regional, o Como estabelecer o limite entre o regional, o nacional e o universal?nacional e o universal?

O objetivo dos antropófagos era de promover uma O objetivo dos antropófagos era de promover uma nova agitação cultural, de modo a manter acesas as nova agitação cultural, de modo a manter acesas as inquietações estéticas e culturais que deram inquietações estéticas e culturais que deram origem ao Modernismo Brasileiro, que nos origem ao Modernismo Brasileiro, que nos últimos anos assumira uma face bem acomodada.últimos anos assumira uma face bem acomodada.

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Outras Revistas

Estética, 1924.Estética, 1924. A revista, 1925-1926.A revista, 1925-1926. Terra Roxa e Outras Terras, 1926.Terra Roxa e Outras Terras, 1926. Verde, 1927.Verde, 1927.

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Manifesto Pau-Brasil – Oswald de Andrade

No manifesto, Oswald No manifesto, Oswald ironiza e critica a visão ironiza e critica a visão “oficial” da história “oficial” da história brasileira.brasileira.

Contrapondo a uma visão Contrapondo a uma visão parótica e bem humorada.parótica e bem humorada.

Princípios do primeiro Princípios do primeiro momento da literatura momento da literatura modernista:modernista:

““Ver com olhos livres”.Ver com olhos livres”.

Fazer uso da língua sem Fazer uso da língua sem preconceitos, tal qual se preconceitos, tal qual se manifesta na fala popularmanifesta na fala popular

““a contribuição milionária a contribuição milionária de todos os erros”.de todos os erros”.

Recuperação do passado Recuperação do passado histórico sob uma histórico sob uma perspectiva crítica.perspectiva crítica.

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Manifesto Antropófago

Oswald de Andrade, Oswald de Andrade, lança esse manifesto lança esse manifesto como resposta ao como resposta ao nacionalismo do nacionalismo do Grupo da Anta, Grupo da Anta, movimento movimento conservador, conservador, associado ao fascismo.associado ao fascismo.

Valendo da antropofagia Valendo da antropofagia como metáfora do que como metáfora do que deveria ser culturalmente deveria ser culturalmente repudiado, assimilado e repudiado, assimilado e superado para que superado para que alcançássemos uma alcançássemos uma verdadeira independência verdadeira independência cultural. O escritor sintetiza cultural. O escritor sintetiza as conquistas do as conquistas do movimento modernista ao movimento modernista ao mesmo tempo que lança mesmo tempo que lança um lema para os tempos um lema para os tempos futuros:futuros:

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Tupy or not Tupy that is the question.

Assumindo um tom Assumindo um tom contestador e anarquista, contestador e anarquista, Oswald propõe, no Oswald propõe, no “Manifesto Antropófago”, “Manifesto Antropófago”, o caminho contrário ao o caminho contrário ao das correntes nacionalistas das correntes nacionalistas que defendiam a que defendiam a idealização de um estado idealização de um estado forte.forte.

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Postura Nacionalista apresenta duas vertentes distintas:

de um lado, um de um lado, um nacionalismo críticonacionalismo crítico, , consciente, de consciente, de denúncia da realidade denúncia da realidade brasileira, brasileira, politicamente politicamente identificado com as identificado com as esquerdas;esquerdas;

de outro, de outro, um um nacionalismo nacionalismo ufanistaufanista, utópico, , utópico, exagerado, exagerado, identificado com as identificado com as correntes políticas de correntes políticas de extrema direita.extrema direita.

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Características Literárias

A primeira fase do A primeira fase do modernismo, marcada modernismo, marcada pelo signo de pelo signo de transformação, ficou transformação, ficou conhecida como fase conhecida como fase “heróica” ou de “heróica” ou de destruição. Tal designação destruição. Tal designação deveu-se, em grande parte, deveu-se, em grande parte, à opção pelo rompimento à opção pelo rompimento com o passado, postura com o passado, postura vista por muitos como vista por muitos como anárquica e destruidoraanárquica e destruidora..

Negação do passado;Negação do passado; Eleição do moderno como Eleição do moderno como

um valor em si mesmo;um valor em si mesmo; Valorização do cotidiano;Valorização do cotidiano; Nacionalismo;Nacionalismo; Redescoberta da realidade Redescoberta da realidade

brasileira;brasileira; Desejo de liberdade no uso Desejo de liberdade no uso

das estruturas da língua;das estruturas da língua; Predominância da poesia Predominância da poesia

sobre a prosa;sobre a prosa;

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Poemas-piadas e paródiasCanto de regresso à pátria Canto de regresso à pátria

Oswald de AndradeOswald de Andrade

Minha terra tem palmaresMinha terra tem palmaresOnde gorjeia o marOnde gorjeia o marOs passarinhos daquiOs passarinhos daquiNão cantam como os de láNão cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosasMinha terra tem mais rosasE quase que mais amoresE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terraMinha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosasOuro terra amor e rosasEu quero tudo de láEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morraNão permita Deus que eu morraSem que volte para láSem que volte para lá

Não permita Deus que eu morraNão permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que volte pra São PauloSem que veja a Rua 15Sem que veja a Rua 15E o progresso de São PauloE o progresso de São Paulo

Canção do exílioCanção do exílioGonçalves DiasGonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Nossa vida mais amores.

Em  cismar, sozinho, à noite, Em  cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.  Onde canta o Sabiá. 

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Oswald de Andrade

A obra de Oswald de A obra de Oswald de Andrade talvez seja a Andrade talvez seja a única a reunir todas as única a reunir todas as características que características que marcaram a primeira fase marcaram a primeira fase do Modernismo. Ele do Modernismo. Ele escreveu poesia, romance, escreveu poesia, romance, teatro, crítica e, em todos teatro, crítica e, em todos os gêneros, deixou patente os gêneros, deixou patente sua vocação para sua vocação para transgredir, quebrar transgredir, quebrar expectativas, polemizar. expectativas, polemizar.

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Revolucionou!

Transformação de Transformação de textos do período textos do período colonial em poemas colonial em poemas que assumem uma que assumem uma conotação crítica da conotação crítica da história “oficial” do história “oficial” do Brasil.Brasil.

Pero Vaz de CaminhaPero Vaz de Caminha

A DESCOBERTAA DESCOBERTA Seguimos nosso caminho por Seguimos nosso caminho por

este mar de longo este mar de longo Até a oitava da Páscoa Até a oitava da Páscoa Topamos aves Topamos aves E houvemos vista de terra E houvemos vista de terra

OS SELVAGENSOS SELVAGENS Mostraram-lhes uma galinha Mostraram-lhes uma galinha

Quase haviam medo dela Quase haviam medo dela E não queriam pôr a mão E não queriam pôr a mão E depois a tomaram como E depois a tomaram como espantados espantados

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Prosa

Os romances escritos por Oswald de Os romances escritos por Oswald de Andrade trouxeram para a Literatura Andrade trouxeram para a Literatura Brasileira uma estrutura inovadora. Os Brasileira uma estrutura inovadora. Os capítulos curtos emprestam à narrativa capítulos curtos emprestam à narrativa características da linguagem características da linguagem cinematográfica, como uma sequência de cinematográfica, como uma sequência de cenas encadeadas de um imenso mosaico cenas encadeadas de um imenso mosaico em que a realidade nacional é flagrada em em que a realidade nacional é flagrada em flashes flashes rápidos.rápidos.

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Mário de Andrade

Escreveu poesia, prosa Escreveu poesia, prosa e contos.e contos.

Foi o primeiro que Foi o primeiro que escreveu um texto escreveu um texto teórico, no Brasil, teórico, no Brasil, sobre a natureza da sobre a natureza da arte contemporânea – arte contemporânea – No prefácio de No prefácio de Paulicéia Desvairada.Paulicéia Desvairada.

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Poesia

Encontramos em suas poesias um fluxo de Encontramos em suas poesias um fluxo de lirismo, muitas vezes associado ao lirismo, muitas vezes associado ao cotidiano. Além de uma visão crítica da cotidiano. Além de uma visão crítica da elite, e a afirmação da possibilidade de uma elite, e a afirmação da possibilidade de uma existência multifacetada (pessoal e existência multifacetada (pessoal e cultural).cultural).

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Ode ao Burguês Eu insulto o burguês! O burguês-níquelEu insulto o burguês! O burguês-níquel

o burguês-burguês!o burguês-burguês!A digestão bem-feita de São Paulo!A digestão bem-feita de São Paulo!O homem-curva! O homem-nádegas!O homem-curva! O homem-nádegas!O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!Eu insulto as aristocracias cautelosas!Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!zurros!Que vivem dentro de muros sem pulos,Que vivem dentro de muros sem pulos,e gemem sangue de alguns mil-réis fracose gemem sangue de alguns mil-réis fracospara dizerem que as filhas da senhora falam o para dizerem que as filhas da senhora falam o francêsfrancêse tocam os "Printemps“[primavera] com as e tocam os "Printemps“[primavera] com as unhas!unhas!

Eu insulto o burguês-funesto[cruel]!Eu insulto o burguês-funesto[cruel]!O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!Fora os que algarismam os amanhãs!Fora os que algarismam os amanhãs!Olha a vida dos nossos setembros!Olha a vida dos nossos setembros!Fará Sol? Choverá? Arlequinal[Arlequim – palhaço]!Fará Sol? Choverá? Arlequinal[Arlequim – palhaço]!Mas à chuva dos rosaisMas à chuva dos rosaiso êxtase fará sempre Sol!o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!Morte à gordura!Morte às adiposidades cerebrais!Morte às adiposidades cerebrais!Morte ao burguês-mensal!Morte ao burguês-mensal!Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?— Um colar... — Conto e quinhentos!!!— Um colar... — Conto e quinhentos!!!Más nós morremos de fome!"Más nós morremos de fome!"

(...)(...)

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Prosa

Assim como na prosa de Oswald, Mário apresenta Assim como na prosa de Oswald, Mário apresenta um questionamento das estruturas típicas do um questionamento das estruturas típicas do romance do século XIX.romance do século XIX.

O autor experimenta diferentes organizações para O autor experimenta diferentes organizações para a prosa: ora eliminando a marcação de capítulos, a prosa: ora eliminando a marcação de capítulos, ora criando um narrador, que embora onisciente, ora criando um narrador, que embora onisciente, atua quase como uma personagem do livro, numa atua quase como uma personagem do livro, numa linguagem que explicitava a busca do português linguagem que explicitava a busca do português “brasileiro”.“brasileiro”.

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Macunaíma

Texto responsável pela redefinição do Texto responsável pela redefinição do “herói” brasileiro. “herói” brasileiro.

A personagem, a cada instante, se A personagem, a cada instante, se transforma assumindo as feições das transforma assumindo as feições das diferentes raças que originaram o povo diferentes raças que originaram o povo brasileiro (índio, negro e europeu).brasileiro (índio, negro e europeu).

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Manuel Bandeira

A solidão, as frustrações A solidão, as frustrações provocadas por uma vida provocadas por uma vida limitada pela tuberculose, limitada pela tuberculose, uma ternura imensa e a uma ternura imensa e a capacidade de perceber o capacidade de perceber o lirismo nas pequenas lirismo nas pequenas coisas da vida, serão as coisas da vida, serão as marcas características da marcas características da poesia de Manuel poesia de Manuel Bandeira.Bandeira.

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Poesias

Inovação modernista – Inovação modernista – uso de formas livres, tanto uso de formas livres, tanto no que diz respeito a no que diz respeito a métrica, quanto a rima.métrica, quanto a rima.

Capacidade de ver as Capacidade de ver as cenas mais banais do dia-cenas mais banais do dia-a-dia filtradas por lentes a-dia filtradas por lentes críticas e de recriá-las críticas e de recriá-las poeticamente em uma poeticamente em uma linguagem simples.linguagem simples.

Sua história pessoal Sua história pessoal empresta aos poemas empresta aos poemas que escreve uma forte que escreve uma forte consciência da consciência da precariedade da vida.precariedade da vida.

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Poética – pág. 25 Estou farto do lirismo comedidoEstou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportadoDo lirismo bem comportadoDo lirismo funcionário público com livro de Do lirismo funcionário público com livro de ponto expedienteponto expedienteprotocolo e manifestações de apreço ao protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.Sr. diretor.Estou farto do lirismo que pára e vai Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionárioaveriguar no dicionárioo cunho vernáculo de um vocábulo.o cunho vernáculo de um vocábulo.Abaixo os puristasAbaixo os puristasTodas as palavras sobretudo os Todas as palavras sobretudo os barbarismos universaisbarbarismos universaisTodas as construções sobretudo as Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceçãosintaxes de exceçãoTodos os ritmos sobretudo os inumeráveisTodos os ritmos sobretudo os inumeráveisEstou farto do lirismo namoradorEstou farto do lirismo namoradorPolíticoPolíticoRaquíticoRaquíticoSifilíticoSifilítico

De todo lirismo que capitula ao que De todo lirismo que capitula ao que quer que seja quer que seja fora de si mesmofora de si mesmoDe resto não é lirismoDe resto não é lirismoSerá contabilidade tabela de co-Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amantesenos secretário do amanteexemplar com cem modelos de exemplar com cem modelos de cartas e as diferentescartas e as diferentesmaneiras de agradar às mulheres, maneiras de agradar às mulheres, etcetcQuero antes o lirismo dos loucosQuero antes o lirismo dos loucosO lirismo dos bêbedosO lirismo dos bêbedosO lirismo difícil e pungente dos O lirismo difícil e pungente dos bêbedosbêbedosO lirismo dos clowns de O lirismo dos clowns de ShakespeareShakespeare

— Não quero mais saber do lirismo — Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.que não é libertação.

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Momento num café QQuando o enterro passouuando o enterro passou

Os homens que se achavam no Os homens que se achavam no cafécaféTiraram o chapéu maquinalmenteTiraram o chapéu maquinalmenteSaudavam o morto distraídosSaudavam o morto distraídosEstavam todos voltados para a vidaEstavam todos voltados para a vidaAbsortos na vidaAbsortos na vidaConfiantes na vida.Confiantes na vida.Um no entanto se descobriu num Um no entanto se descobriu num gesto largo e demoradogesto largo e demoradoOlhando o esquife longamenteOlhando o esquife longamenteEste sabia que a vida é uma Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidadeagitação feroz e sem finalidadeQue a vida é traiçãoQue a vida é traiçãoE saudava a matéria que passavaE saudava a matéria que passavaLiberta para sempre da alma extintaLiberta para sempre da alma extinta

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Novo caminho a ser trilhado

Manuel Bandeira foi o único que conseguiu Manuel Bandeira foi o único que conseguiu produzir uma poesia que, embora refletindo produzir uma poesia que, embora refletindo as transformações estéticas do momento, as transformações estéticas do momento, transcendeu seus limites históricos e refletiu transcendeu seus limites históricos e refletiu sobre angústias e conflitos de natureza sobre angústias e conflitos de natureza universal, como o amor, a paixão pela vida, universal, como o amor, a paixão pela vida, a saudade de uma infância idealizada e o a saudade de uma infância idealizada e o medo da morte.medo da morte.

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