contestacao - felipe brito lira

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Rua Desembargador Sinval Moreira Dias, 1.708 - Natal RN Cep. 59.056.310 Pabx (84) 3206.3031 Fax (84) 3206.3300 E-mail: [email protected] Site: http//www.meloemartini.com.br - Natal/RN São Paulo/SP João Pessoa/PB Recife/PE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL MISTO DE SOUSA, ESTADO DA PARAÍBA PROCESSO N. º 3000083-71.2013.815.0371 AUTOR: FELIPE BRITO LIRA RÉU: BANCO SANTANDER BRASIL S/A O BANCO SANTANDER BRASIL S/A atual denominação do BANCO ABN AMRO REAL S/A, instituição financeira com sede na Cidade de São Paulo, na Rua Amador Bueno, 474, inscrito no CNPJ/MF sob n° 90.400.888/0001-42, por sua advogada, in fine assinada, instrumento procuratório junto (doc. 01), com endereço profissional a Rua Des. Sinval Moreira Dias, 1708, Lagoa Nova, Natal-RN, CEP 59.056-310, nos autos do processo em epígrafe, onde contende com FELIPE BRITO LIRA, vem oferecer sua CONTESTAÇÃO pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: PRETENSÃO INICIAL Prefacialmente, sustenta o autor, que é cliente do Banco demandado, possuindo cartão e talões de cheque para uso de sua conta corrente. Relata que em março de 2012, ao mudar de cidade em face de aprovação em concurso, decidiu se desfazer de seus talões de cheques, haja vista não haver agencia do Santander em sua nova residência. Afirma que ao retornas à cidade que anteriormente residente, após cerca de três meses de ter “jogado fora” seus talões de cheque, buscou a instituição financeira para regularizar possíveis débitos, ocasião em que foi informado da existência de cheques em seu nome emitidos e que foram devolvidos por falta de provisão. Ao buscar esclarecimentos junto ao Banco, tomou conhecimento que tais cheques eram referentes aos talonários que o autor se desfez, que estavam sendo utilizados com Arquivo assinado em, 05/04/13 10:29 por: ELISIA HELENA DE MELO MARTINI pág. 1 / 13

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Rua Desembargador Sinval Moreira Dias, 1.708 - Natal – RN Cep. 59.056.310 Pabx (84) 3206.3031 Fax (84) 3206.3300 E-mail: [email protected] Site: http//www.meloemartini.com.br - Natal/RN – São Paulo/SP – João Pessoa/PB – Recife/PE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL MISTO

DE SOUSA, ESTADO DA PARAÍBA

PROCESSO N. º 3000083-71.2013.815.0371

AUTOR: FELIPE BRITO LIRA

RÉU: BANCO SANTANDER BRASIL S/A

O BANCO SANTANDER BRASIL S/A atual denominação do BANCO ABN AMRO REAL S/A,

inst ituição financeira com sede na Cidade de São Paulo, na Rua Amador Bueno,

474, inscrito no CNPJ/MF sob n° 90.400.888/0001-42, por sua advogada, in fine

assinada, instrumento procuratório junto (doc. 01), com endereço profissional a Rua Des. Sinval

Moreira Dias, 1708, Lagoa Nova, Natal-RN, CEP 59.056-310, nos autos do processo em epígrafe,

onde contende com FELIPE BRITO LIRA, vem oferecer sua CONTESTAÇÃO pelas razões de fato

e de direito a seguir expostas:

PRETENSÃO INICIAL

Prefacialmente, sustenta o autor, que é cliente do Banco demandado,

possuindo cartão e talões de cheque para uso de sua conta corrente. Relata que em março de

2012, ao mudar de cidade em face de aprovação em concurso, decidiu se desfazer de seus talões

de cheques, haja vista não haver agencia do Santander em sua nova residência.

Afirma que ao retornas à cidade que anteriormente residente, após cerca

de três meses de ter “jogado fora” seus talões de cheque, buscou a instituição financeira para

regularizar possíveis débitos, ocasião em que foi informado da existência de cheques em seu

nome emitidos e que foram devolvidos por falta de provisão.

Ao buscar esclarecimentos junto ao Banco, tomou conhecimento que tais

cheques eram referentes aos talonários que o autor se desfez, que estavam sendo utilizados com

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assinaturas falsificadas. Segue pontuando que teve valores descontados de sua conta e outro

cheque devolvido por insuficiência de fundos, no valor de R$ 4.000,00 ()quatro mil reais).

Citou Ainda que teve seu nome inscrito nos cadastros de restrição de

crédito.

Pelo exposto, requer que seja concedida a tutela antecipada para que se

determine a retirada do nome do autor dos órgãos de restrição de crédito; a citação do réu para

apresentar defesa no prazo legal; a inversão do ônus da prova, uma indenização pelos danos

morais suportados; e o pagamento de custas e honorários, não cabíveis em 1º grau nos juizados

especiais cíveis.

PRELIMINAR

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA. FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO

O demandado vem argüir a Carência da Ação por ilegitimidade passiva

do Banco, com a conseqüência extinção do processo, sem resolução do mérito, em razão dos

seguintes fatos:

A permanência do banco no pólo passivo da demanda é visivelmente

ilegítima, haja vista que a legitimidade passiva recai sobre o causador do dano, sendo esse

exclusivamente de terceiro.

Impende destacar que o postulante indaga quanto a possibilidade de

haver negativação de crédito de um débito inexistente já que afirma jamais ter emitidos os

referidos cheques.

Por esta mira, à luz do caso em exame é de fácil vislumbre que a

instituição financeira demandada é tão vítima do ato fraudulento de falsário quanto o requerente,

tendo em vista que, todos os procedimentos deste banco são regulados, gerenciados e passam

por auditorias internas periódicas, para que estejam em perfeita sintonia com a Resolução nº.

2025 do BACEN.

Frise-se que em nenhum momento a instituição financeira agiu com

imprudência, negligência ou imperícia, não podendo ser responsabilizada pela falta de guarda do

autor quanto ao seu talonário. Arq

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Desta forma, deverá a ação ser extinta sem julgamento de mérito por

carência de ação em face da ilegitimidade passiva do banco, conforme restou explicitado.

Na remota hipótese de não ser dada guarida as preliminares retro

argüidas, o que de modo algum se espera, no mérito se alega o seguinte:

DA NECESSIDADE DE EXAME GRAFOTÉCNICO E DA INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO

ESPECIAL PARA PROCESSAR E JULGAR A PRESENTE DEMANDA

Versa o presente processo sobre fatos revestidos de complexidade

técnica, onde se verifica a necessidade de realização de prova pericial, visto que o autor alega que

não emitiu os cheques.

Ocorre que, in casu, verifica-se a necessidade da realização de um

exame grafotécnico com o fim de aferir se as assinaturas dos cheques são do Autor.

Nos termos da Lei nº 9.099/95, o procedimento dos Juizados Especiais

foi criado para solucionar de maneira célere causas de pequeno valor e de baixa complexidade.

Portanto, é da natureza do procedimento dos Juizados Especiais Cíveis a

oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade. Tanto é que preleciona

o artigo 3º da lei 9.099 que “O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo

e julgamento das causa cíveis de menor complexidade”.

Entretanto, para se chegar a uma ilação justa na presente ação, e que

venha a respeitar os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, conforme

assegura o art. 5º da nossa carta Magna, será imprescindível, como dito anteriormente a

realização de perícia no local da obra, já que a Demandante busca discutir a legitimidade de

assinaturas apostas nas cártulas.

Como dito acima, sabe-se que a realização de qualquer tipo de perícia

não condiz com o procedimento dos Juizados Especiais Cíveis, posto que este é orientado pelo

critério da simplicidade e celeridade. E assim já se tem posicionado os Juízes dos Juizados

Especiais Cíveis em seu III Encontro, na 39ª conclusão ali discutida. Prevê o art. 51 da lei

9.099/95 que deve-se extinguir o processo, sem resolução do mérito, quando inadmissível o

procedimento instituído por esta lei. A própria finalidade dos Juizados Especiais é a aplicação de

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regras processuais simples e céleres, sem que haja a prática de atos processuais complexos tal

como a perícia, que é imprescindível no presente caso.

Havendo a necessidade de perícia o feito se torna incompatível com o

procedimento célere e informal dos Juizados Especiais. Neste sentido a jurisprudência pátria:

“PROCESSO CIVIL. CDC. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JEC.

CONSERTO DE MOTOR DE AUTOMÓVEL. TROCA DE PEÇAS DEFEITUOSAS

POR PEÇAS ORIGINAIS. VERSÃO AUTORAL CONTESTADA PELA EMPRESA

RÉ. NECESSIDADE DE PERÍCIA TÉCNICA PARA COMPROVAÇÃO DA

VERSÃO VERDADEIRA. PROVA COMPLEXA. PROCESSO EXTINTO SEM

CONHECIMENTO DO MÉRITO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Se a empresa ré

impugna a pretensão inicial alegando ter efetivamente realizado o serviço

de troca de peças no motor do veículo do Autor a contento, substituindo

as peças defeituosas por peças originais, apresentando inclusive

documentação capaz de comprovar a realização do serviço,

imprescindível se torna a realização de perícia técnica formal, para

possibilitar ao Magistrado maior grau de certeza para decidir sobre qual é

a verdadeira versão dos fatos. 1.2. Inobstante tratar-se de relação

consumerista, onde são aplicados os princípios protetivos contidos no

Código de Defesa do Consumidor, em especial o de inversão do ônus da

prova (art. 6º, inc. VIII do CDC), não têm eles o condão de gerar

presunção absoluta de veracidade e certeza das afirmações esboçadas

pelo consumidor em sua inicial, mormente quando há impugnação

veemente dos fatos alegados por parte da empresa fornecedora,

exsurgindo daí a necessidade de se realizar prova pericial para solucionar

adequadamente a lide, com a efetiva verificação sobre se as peças foram

realmente trocadas e se são ou não originais. 1.3. No procedimento

célere, simples e informal dos Juizados Especiais Cíveis (art. 2º da LJE),

não comporta a realização de regular prova pericial, cuja ritualidade,

disposta na Norma Processual Civil (arts. 420 e seguintes do CPC),

refoge ao critério de menor complexidade, que se calca na Lei de

Regência para lhe atribuir competência (art. 3º da LJE), o que faz

acarretar a extinção do processo sem conhecimento do mérito (inc. II do

art. 51 da LJE). 2. Recurso conhecido, mantendo-se íntegra a sentença.”

(TJDF, ACJ 20030410131969, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais

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Cíveis e Criminais do D.F., Rel. BENITO TIEZZI, julgado em 14/04/2004,

DJU 23/04/2004 p. 150) (grifos acrescidos)

“RECURSO - INTERESSE DE AGIR - EXISTÊNCIA - PRELIMINAR

REJEITADA - INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA - CAUSA COMPLEXA -

EXISTÊNCIA - RECONHECIMENTO A TODO E QUALQUER TEMPO -

SENTENÇA MANTIDA. 1) Desejando a recorrente reformar sentença que

extinguiu o feito, sem conhecimento do mérito, para que seja ele visto e

rejeitado, o fato de ter a recorrente, depois de o interpor, recebido o bem

objeto da demanda para reparos, não torna o recurso sem interesse que

o justifique, até porque não se pode saber os motivos do novo reparo. 2)

Revelando a causa ser complexa, com necessidade de realização de

prova pericial para ser elucidada, correta a decisão que tem o Juizado

Especial como incompetente, e extingui o processo, podendo ser a

incompetência absoluta conhecida, até de ofício, a todo e qualquer

tempo, mesmo porque para o julgador não há preclusão. 3) Mantendo-se

a sentença recorrida, deve a recorrente pagar as custas processuais e

honorários advocatícios.” (TJDF, ACJ 20010110571235, 2ª Turma

Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F., Rel. LUCIANO

VASCONCELOS, julgado em 06/11/2001, DJU 19/11/2001 p. 130) – grifo

nosso.

Diante deste quadro, em face da necessidade de perícia para realizar

exame grafotécnico das assinaturas apostas, torna-se impossível a solução da lide pela via do

procedimento dos juizados especiais cíveis, devendo ser o presente processo extinto sem

resolução do mérito.

Neste sentido, vale ainda observarmos o seguinte julgado:

“INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS - COMPLEXIDADE DA

CAUSA - PERÍCIA, IMPRESCINDIBILIDADE - EXTINÇÃO DO FEITO

ACÓRDÃO Nº 208.605. Relator: Juiz João Batista Teixeira. Apelantes:

Ildeu Alves Machado e Adinaldo Aparecido Lemos Batista. Apelados: os

mesmos.

Decisão: Recurso conhecido. Preliminar suscitada de ofício acolhida.

Sentença cassada. Feito extinto. Unânime.

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CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. MATÉRIA QUE

SE REVELA COMPLEXA. NECESSIDADE DE PERÍCIA. IMPOSSIBILIDADE

DE SER EXAMINADA PELO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. 1. Incompetente

mostra-se o Juizado Especial Cível, quando a complexidade da causa,

que nunca está ligada à qualidade do direito, mas à dificuldade de sua

demonstração, revela-se, não podendo a questão ser resolvida, sem a

realização de perícia de engenharia. 2. Recurso conhecido, preliminar de

incompetência do Juizado Especial Cível, suscitada de ofício, acolhida,

sentença cassada para declarar extinto o processo, sem julgamento do

mérito. (ACJ 2003111003713-6, 2ª TRJE, PUBL. EM 31/03/05; DJ 3, P.

105)

Assim, resta manifesto que a presente ação não pode ser julgada por

esta Justiça Especial, pela complexidade da matéria.

Isto posto, requer o Demandado que seja acolhida a preliminar de

incompetência deste Juízo, sendo, portanto, inadmissível o procedimento nos Juizados Especiais

Cíveis, extinguindo, assim, o processo, nos moldes do art. 51, da Lei 9099/95.

DOS FATOS COMO EFETIVAMENTE OCORRERAM

Infere-se das alegações da parte autora que o requerido supostamente

teria agido em desconformidade com as normas que regulam a matéria, o que ensejaria o

cancelamento dos títulos de crédito.

Cumpre-nos enfatizar que o autor recebeu em sua residência o talão de

cheque enviado pelo Banco, responsabilizando-se pela guarda destes e, somente realizou o

Boletim de Ocorrência informando o extravio dos cheques após o início do desconto deste.

Ademais, assume este na própria exordial QUE DELIBERAMENTE SE

DESFEZ dos talonários, sem previa comunicação ao Banco e sem inutiliza-los, mesmo tendo

conhecimento que importantes documentos representam ordem de pagamento à vista.

Dessa forma, constata-se claramente que o demandante agiu com

desídia em relação a aguarda de seus documentos, uma vez que os cheques utilizados por um

suposto falsário foram os originais e provavelmente encontrados NO LIXO.

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O demandado, em nenhum momento, faltou com diligência ou zelo em

sua conduta.

Da Culpa Exclusiva do Autor

Como demonstrado, para que terceiro pudesse realizar as operações

mencionadas na petição inicial, ele teria de estar de posse dos cheques de titularidade do autor.

Esse acesso pode ocorrer de duas formas: por vontade do próprio cliente,

ao entregar seus cheques – ainda que sejam parentes, funcionários ou amigos - ou por sua

desídia na guarda de seus talões.

Ambas as hipóteses configuram a excludente da responsabilidade que se

pretende impor ao Réu, na medida em que a parte Autora é obrigada a zelar pela guarda de seus

talões de cheques.

O zelo na guarda física dos títulos de crédito inclui mantê-lo sempre

consigo ou em local seguro, ou, em último caso, informar imediatamente em caso de mudança de

endereço ou solicitação de bloqueio do talonário pelo não interesse no uso.

Justifica o autor que “PRUDENTEMENTE” procurou a instituição financeira

APÓS MAIS DE TRÊS MESES para encerrar sua conta e verificar supostos débitos. Sendo que é

clara a incoerência em tal afirmação, posto que se de fato fosse prudente o autor, manteria a

guarda dos talões e os devolveria no momento da solicitação de encerramento, conforme

procedimento correto a ser feito.

Averbe-se por oportuno que o Réu e as demais instituições financeiras

promovem intensa campanha informativa acerca dos cuidados que os usuários devem tomar com

a guarda de seus talonários.

Nessas hipóteses, a culpa exclusiva da parte Autora pela desídia na

guarda dos cheques seria inegável, na medida em que teria descumprido obrigação contratual de

tomar todas as precauções necessárias para que isso não ocorresse.

Aplica-se à hipótese, portanto, o artigo 14, §3º, incisos I e II do Código

Consumerista, que afasta a responsabilização do fornecedor quando provada a ausência do

defeito e a culpa exclusiva do consumidor.

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Aliás, com relação à questão vale citar o ensinamento de Carlos

Roberto Gonçalves, em “Responsabilidade Civil”, 6ª. edição, 1995, pág. 505:

“Culpa Exclusiva da Vítima. Quando o evento danoso acontece por culpa

exclusiva da vítima, desaparece a responsabilidade do agente. Neste

caso, deixa de existir a relação de causa e efeito entre o seu ato e o

prejuízo experimentado pela vítima. Pode-se afirmar que no caso de

culpa exclusiva da vítima, o causador do dano, não passa de mero

instrumento do acidente. Não há liame de causalidade entre o seu ato

e o prejuízo da vítima.” (Grifos acrescidos.)

São fatos incontroversos nos autos, contudo, que (a) o autor

efetivamente se desfez dos seus talonários e que (b) não comunicou tal fato À instituição

financeira demandada e não solicitou o bloqueio de ordem de pagamento dos talonários que não

mais desejava possuir.

Assim, não se poderia esperar que a entidade bancária que esta pudesse

ter zelo do talonários de seus clientes quando estes encontram-se em poder destes, posto que no

momento da entrada dos cheques, passa a ser do correntista o dever de guarda das cártulas de

modo seguro.

Além de sequer ter o autor intentado fazer prova de que o Banco estava

adstrito à entrega pessoal do talão solicitado (mediante apresentação de cláusula contratual que

assim o estabelecesse, por exemplo), deve-se considerar, à luz da razoabilidade, que aquele que

solicita o envio a seu endereço de documento tão importante quanto um talão de cheques jamais

descurará, ao menos, de manter o talonário em local seguro.

Ante sua incúria, assumiu o risco de experimentar o dano. Nenhum

elemento há, pois, que permita a imputação ao Banco-acionado dos detrimentos decorrentes do

apossamento do talonário por parte de terceiro "estelionatário".

Nesse sentido temos jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito

Federal:

RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZATÓRIA .Danos morais - Restrições

creditícias experimentadas pelo autor em decorrência do

apossamento de seu talonário de cheques por terceiro, que o Arq

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recebeu no antigo domicílio do correntista - Envio do talão por via

postal, a requerimento do autor Incontroverso que o autor-

apelante deixou de noticiar ao Banco-réu sua mudança de

endereço -Culpa exclusiva da vítima caracterizada Inexistência de

dano moral indenizável - Art. 945,CC, e 14, § 3", II, CDC - Recurso

improvido.945CCCDC

(991020128704 SP , Relator: Thiers Fernandes Lobo, Data de

Julgamento: 17/08/2010, 22ª Câmara de Direito Privado, Data de

Publicação: 25/08/2010)

No mais, as escusas apresentadas pelo insurgente a justificar seu "lapso"

apenas camuflam sua desídia – que consubstancia sua culpa exclusiva à ocorrência do dano. A

legislação civilista (art. 945, Lei n°10.406/02), assim como a consumerista (art. 14, §3°, II),

afastam a existência de dano moral indenizável quando exclusiva, para a ocorrência do

detrimento eventualmente ocorrido, a culpa exclusiva da vítima.

É exatamente o que se verifica na espécie: ressalte-se que não se está a

falar em culpa concorrente entre correntista e instituição financeira, ainda que em diferentes

graus; ao revés o que existe é, de um lado, verdadeira ausência de culpa por parte do Banco e,

de outro, manifesta desídia do insurgente, nos temos supra-expendidos.

DA INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO

No caso em tela, para que o BANCO seja obrigado a cancelar os cheques,

é imprescindível que tenha praticado culposamente um ato ilícito, que seja causa do prejuízo

experimentado pela vítima. Nesse sentido dispõe o artigo 186 do Código Civil.

Conforme ensina Silvio Rodrigues, “ato ilícito é aquele praticado com

infração a um dever e do qual resulta dano para outrem. Dever legal ou contratual” (in “Direito

Civil”, Parte Geral, Vol.I, 20a e, pág.324).

Na espécie, o contestante, decididamente, não praticou qualquer

irregularidade.

Agiu de conformidade com as normas pertinentes, o que enseja, dada a

boa-fé e diligência com que atuou, a descaracterização das alegações do autor de que agira

ilicitamente, ocasionando-lhe os danos alegados. Arq

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Utilizou-se do seu direito, sendo certo que sua conduta em nenhum

momento revestiu-se de caráter ilícito, uma vez que ante a ausência de qualquer reclamação

quanto aos cheques em questão o demandante jamais iria notar irregularidade que pudesse gerar

suspeita de fraude ou falsificação.

Assim, cristalina a posição do requerido, distante da negligência alegada

pelo autor, ao contrário, atuando com o maior rigor e zelo como de praxe.

Não pode o requerido, dessa forma, ser penalizado por sua conduta,

absolutamente regular, que não deu causa ao suposto resultado danoso alegado na inicial.

Decididamente, o contestante não agiu culposamente, permitindo a

fraude – não há que se falar em negligência do demandado na espécie, mas sim na sagacidade de

criminosos, que agem durante anos livremente a ponto de se aperfeiçoarem e conseguirem

ludibriar terceiros, não obstante todas as cautelas tomadas por estes.

DA RESPONSABILIDADE

Conhecidos são os requisitos para que o ato gere responsabilidade civil.

De início, a pretensão autoral pressupõe necessariamente, uma ação ou

omissão ilícita, em regra culposa.

Dispõe o artigo 188 do Código Civil:

“Não constituem atos ilícitos:

I - Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular

de um direito reconhecido.”

Lecionando sobre a exclusão da ilicitude, escreve Washington de Barros

Monteiro (Curso, vol. I, pág. 273):

“Quem assim exerce um direito legítimo, não fica obrigado a

reparar o dano causado a outrem, sendo, pois, improcedente

qualquer pedido de indenização formulado pelo prejudicado.

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Dessa forma, não constitui ato ilícito o praticado no exercício

regular de um direito reconhecido”. (sem grifo no original).

Dito assim, depreende-se com facilidade que o requerido agiu no

exercício regular de seu direito o que exclui a ilicitude do seu ato.

Quem efetivamente deve responder pela fraude, por óbvio, é o

estelionatário, que falsificou a assinatura do autor.

A atuação do falsário é que gerou a causa direta e necessária do dano

e, portanto, a causa responsável de qualquer eventual prejuízo.

Como observa Orlando Gomes:

“Se o dano provém de outra circunstância, ainda que pela

atitude culposa do agente tivesse que ocorrer, este não se

torna responsável, uma vez que não há a relação de causa e

efeito. Não basta, com efeito, que o dano pudesse sobrevir

por efeito da conduta do agente, mas é preciso que se

produza na realidade como conseqüência desta, e não de

outro acidente." (Obrigações, pag. 333).

Complementando-se, cita-se Montenegro A. Lindberg:

“A regra é a irressarcibilidade do dano indireto.

Citam-se como exemplos de danos indiretos não ressarcíveis

os seguintes: a) a inatividade de um sócio por lesão sofrida

em uma colisão de veículo; b) o dano que podia ser evitado

pelo ofendido ou que resulte de causa superveniente e

diversa do ato ilícito

............................................................

O Código Civil brasileiro disciplinou a matéria no art. 1060,

verbis. “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor,

as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os

lucros cessantes por efeito dela direto e imediato”

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O legislador pátrio ao assentar tal enunciado parece não ter

deixado dúvidas quanto à irressarcibilidade dos danos

indireto e mediatos decorrentes das relações contratuais.

Surge então a pergunta: essa regra jurídica aplica-se

também aos danos oriundos das relações extracontratuais?

A indagação, que originou séria polêmica entre os franceses,

foi respondida afirmativamente pelos Mazeaud, ao

interpretarem o art. 1151 do Código Civil francês, que serviu

de modelo ao nosso art. 1060 acima transcrito. Ao

concluírem pela irresponsabilidade dos danos indiretos tanto

na esfera contratual quanto na aquiliana, afirmam eles que

tal postulado depara fundamento no fato de inexistir um

vínculo de causalidade suficiente entre o dano indireto e a

culpa do devedor”.

(Responsabilidade Civil - fls. 214/215).

A responsabilidade pelos “supostos” danos é única e exclusivamente do

estelionatário, não podendo se atribuir ao contestante qualquer responsabilidade pelos atos

ilícitos ventilados na exordial.

De fato, a conduta criminosa do falsário, emerge como a única causa

direta e necessária para a consumação da fraude.

DA INEXISTENCIA DO NEXO CAUSAL

Como Ensina L. Montenegro, “o nexo causal constitui dado fundamental

da obrigação de ressarcir. Na verdade, onde não exista causalidade jurídica, ou seja, a relação de

causa e efeito entre o evento (dano) e ação ou omissão que o produziu não há dever de

responder” (in “Ressarcimento de danos”, pág.47).

Na espécie, inexiste relação entre os supostos danos alegados pelo autor

e a conduta do contestante, que agiu no exercício regular de um direito.

Portanto , não estando configurado na espécie o nexo causal, não

há que se falar em cancelamento de cheques.

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DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, resta manifesto que os atos do requerido não foram

responsáveis pelos supostos danos que o autor tenha sofrido.

Diante de tais fatos, requer, inicialmente, o demandado que sejam

acolhidas as preliminares suscitadas de modo que a presente ação seja extinta sem julgamento de

mérito.

A pretensão da parte autora não tem suporte em ato ilícito do requerido,

razão pela qual se requer a improcedência de todos os pedidos formulados na exordial.

Protesta-se pela produção das provas admissíveis à espécie,

especialmente depoimento pessoal do autor, sob pena de confesso, prova testemunhal e juntada

de documentos

Nestes termos,

pede deferimento.

Natal, 5 de abril de 2013

Elísia Helena de Melo Martini Aline Nicolle Basilio Strobel

OAB/PB 1853-A OAB/RN 9165

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