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Conteúdo
O Conflito ......................................................................................................................... 3
Tipos de Conflitos ........................................................................................................ 4
Tipos de conflitos Intrapessoais ............................................................................... 4
Os conflitos interpessoais ............................................................................................. 5
Os conflitos organizacionais ......................................................................................... 6
O Processo de Negociação ........................................................................................... 7
Habilidades para Resolver um Conflito........................................................................ 7
Estilos de comunicação ................................................................................................ 9
O estilo agressivo ..................................................................................................... 9
O estilo passivo ....................................................................................................... 10
O estilo Manipulador .............................................................................................. 11
O estilo Autoafirmativo .......................................................................................... 12
As Vantagens da Comunicação Afirmativa............................................................ 15
Processo de Resolução de Conflitos ........................................................................... 16
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O Conflito
Quando se fala em conflito, associa-se
geralmente conflito a uma certa ideia de
malefício ou perigosidade, assumindo por
isso uma conotação negativa de algo que
é necessário evitar a todo o custo. No
entanto, De Dreu (1997, citado por Neves
& Ferreira, 2001), refere que esconder ou
evitar o conflito, pode conduzir a consequências desastrosas, nomeadamente a uma
escalada do próprio conflito.
É evidente que muitos dos conflitos têm efeitos negativos e prejudiciais, mas esta visão
tradicional do conflito é superficial, inadequada e limitada. Basicamente todos sabemos
o que é um conflito, mas podemos apresentá-lo como “A oposição que surge quando
existe um desacordo dentro ou entre indivíduos, equipas, departamentos ou
organizações/instituições” (Henriques & Santos, 2003).
Por outro lado, Neves & Ferreira (2001, pp. 511) definem conflito “como o processo de
tomar consciência da divergência existente entre as partes, traduzida em algum grau de
oposição ou incompatibilidade entre os objetivos das partes, ou da ameaça dos
interesses de uma das partes.”
Assim, os diferentes modos pessoais de ver a mesma situação, resultam de objetivos
diferentes, mas também de divergências na forma de sentir, pensar e fazer as coisas
(entre as partes envolvidas), podendo dessa forma existir diferentes avaliações de um
mesmo conflito.
As ideias inovadoras são quase sempre, consequência de pontos de vista conflituosos,
que são partilhados e discutidos abertamente. O desacordo aberto pode proporcionar
uma maior exploração de sentimentos, valores, atitudes e pontos de vista, favorecendo a
expressão individual e a busca de melhores decisões (Fachada, 2003).
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De acordo com esta visão atual do conflito, é
reconhecida a utilidade da existência de um
certo grau de conflito para a vitalidade das
organizações e dos grupos e para as relações
interpessoais e crescimento individual. O facto
de os conflitos fazerem parte da vida, não
significa necessariamente que sejam destrutivos.
Tipos de Conflitos
Segundo Fachada (2003), podemos identificar três tipos de conflitos:
1- Conflitos Intrapessoais
2- Conflitos Interpessoais
3- Conflitos Organizacionais
Os conflitos intrapessoais são os que ocorrem no interior do indivíduo quando tem
necessidade de dar uma resposta entre duas. Em virtude da dificuldade da escolha, o
indivíduo pode ficar imobilizado entre as duas respostas (Fachada, 2003).
Tipos de conflitos Intrapessoais
1) Conflito Atração -Atração.
2) Conflito Repulsão-Repulsão
3) Conflito Atracão-Repulsão
1) Conflito Atração-Atração
O indivíduo encontra-se perante dois objetivos ou situações atraentes e ao escolher uma,
terá obrigatoriamente renunciar a outra, uma vez que as duas alternativas não podem ser
realizadas simultaneamente. Por exemplo, a necessidade de trabalhar e ter uma carreira
brilhante pode entrar em conflito com o desejo e a necessidade de ter um filho e ter de
despender de mais tempo para cuidar dele. Outro exemplo, é o dos concursos
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televisivos, quando um concorrente tem de escolher entre duas portas misteriosas que
contêm um prémio (Fachada, 2003).
2) Conflito Repulsão-Repulsão
O indivíduo está colocado entre duas alternativas desagradáveis e tem dificuldade,
simultaneamente, das duas.
Se por exemplo o aluno não gosta do professor, não pode ao mesmo tempo, permitir
reprovar à disciplina. Este tipo de conflito tem a ver com os valores pessoais e com o
comportamento que o indivíduo exige e teme de si mesmo (Fachada, 2003).
3)-Conflito Atração-Repulsão
O sujeito encontra-se perante dois aspetos da mesma situação e qualquer decisão tem
vantagens e desvantagens. Estes, talvez sejam os conflitos mais comuns, porque se
referem à existência de um objeto ou situação que tem características agradáveis mas
que, também tem características negativas e desagradáveis. Temos por exemplo o
indivíduo que deseja comer mas, por outro, rejeita-a porque quer emagrecer (Fachada,
2003).
Os conflitos interpessoais
Surgem, de um modo geral, pelas:
a) Diferenças individuais
b) Limitações de recursos
c) Diferenciação de papéis (Fachada, 2003).
a) Diferenças individuais
As diferenças de idades, de sexo, atitudes crenças e experiências contribuem para que as
pessoas vejam e interpretem as situações de formas diversificadas.
b) Limitações de recursos
Nenhuma organização, grupo, ou família possui todos os recursos de que necessita. Os
recursos financeiros, técnicos e humanos são limitados. E é, porque os recursos são
limitados que surge a competição. Sempre que um grupo resolve fazer uma distribuição
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equitativa surgem divergências, porque há indivíduos que se consideram sempre
prejudicado.
c) Diferenciação de Papéis
Se a autoridade de uma pessoa não é aceite pelo outro, surge o conflito. Se um patrão e
um empregado estão de acordo que um determinado trabalho, tem de ser realizado, mas
o patrão considera que o empregado o tem de realizar em tempo suplementar, o
empregado poderá aceder, somente porque daí poderiam, advir consequências para o
seu desempenho.
Os conflitos organizacionais
… é a sua própria estrutura que constitui a fonte
potencial de conflito, porque:
a) Numa organização trabalham indivíduos que
estão integrados em níveis diferentes, consoante
as categorias que desempenham.
b) Estas diferenças são tanto mais graves quanto
mais distantes estão uns dos outros e menos informação partilham, o que limita ou
impede a comunicação.
c) As perspetivas dos indivíduos que estão em níveis diferentes, assim como os seus
interesses e objetivos, não são comuns, o que se torna uma potencial fonte de
conflito.
d) Numa organização ou empresa existem homens e mulheres que apresentam
conceções, comportamentos e atitudes diferentes.
e) Uma organização possui uma determinada estrutura com certas regras que, implícita
ou explicitamente, pretende impor a quem nela trabalha.
f) As pessoas que trabalham nas organizações, têm vindo a manifestar alguma
tendência para a autonomia, a aumentar o seu espírito crítico e a revelar uma maior
aspiração profissional (Fachada, 2003).
Os conflitos laborais são inevitáveis. As diferentes partes que constituem a organização
têm interesses e pontos de vista diferentes e, por isso, entram em conflito. Numa
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organização o poder está distribuído em proporções desiguais. A responsabilidade e a
autoridade são diferentes consoante as funções desempenhadas. As pessoas são
sensíveis à maneira como são tratadas pelos outros e, principalmente, pelas pessoas de
níveis superiores (Fachada, 2003).
O Processo de Negociação
Seja qual for a situação ou a
gravidade do problema, existem
princípios fundamentais, para
que seja bem-sucedido (Conpro,
2002):
Separar as pessoas dos problemas: O que deverá estar em causa é o problema
e não a pessoa, pois pretende-se a resolução do assunto e não uma conquista
pessoal.
Focalizar a atenção nos interesses comuns: Não no fortalecimento de uma
posição.
A comunicação: O mais importante é saber ouvir ativamente, compreender a
informação, e utilizá-la de forma eficaz, indicando ao outro lado que a sua visão
está a ser considerada e podendo ao mesmo tempo desfazer quaisquer dúvidas.
Exs: “Por favor corrija-me se eu estiver errado(a)”
“Importa-se que eu lhe faça umas perguntas que permitam
confirmar se tenho os dados corretos?”
“Por favor diga-me se compreendi bem, tudo o que disse...”
Habilidades para Resolver um Conflito
Os conflitos são uma realidade constante quer a nível familiar quer socioprofissional. Se
considerarmos o conflito um mal a evitar, como algo perigoso, existe tendência a que
não sejam enfrentados e resolvidos eficazmente.
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As habilidades necessárias para resolver eficazmente um conflito, são as seguintes:
a) Diagnosticar a natureza do conflito.
b) Envolver-se no confronto.
c) Escutar.
d) Resolver o problema.
a) Diagnosticar a natureza do conflito
Quando estamos perante diferenças individuais ou grupais que geram conflito é preciso
determinar:
Se o problema nos afeta, e se nos traz consequências pessoais.
Quais as causas do conflito, se resulta de divergências a nível de valores e
interesses, ou diferenças a nível de factos ou situações.
Se a outra parte envolvida no conflito é capaz de estabelecer uma relação de
negociação.
b) Envolver-se no Confronto
As partes envolvidas têm de encontrar o momento oportuno para se encontrarem. Nesta
fase, é fundamental que cada uma das partes:
Diga, concretamente, o que a outra parte fez e em que medida isso o afetou.
Diga o que gostaria que a outra fizesse
c) Escutar
As pessoas envolvidas têm, que se ouvir mutuamente. A escuta implica que prestemos
ouvidos não só ao conteúdo da mensagem, mas também aos sentimentos e emoções nela
implicados. A escuta ativa e a empatia, como já referimos no módulo anterior, são
habilidades fundamentais para resolver um conflito, pois escutar, implica compreender
o ponto de vista do outro. Para negociar é necessário compreender o ponto de vista dos
outros e, para isso, é imprescindível saber escutar.
d) Resolver o problema
Nesta última fase, todas as soluções devem ser ponderadas e consideradas, como
possíveis, mesmo as mais estranhas e inaceitáveis. Depois é necessário expor-se os
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argumentos de defesa de cada uma das soluções. As partes envolvidas não devem ter
uma atitude defensiva, mas sim de plena abertura.
Estilos de comunicação
Todos os indivíduos têm modos mais ou menos estáveis de comunicar. Mesmo que uma
pessoa consiga comunicar de diferentes maneiras, escolhe sempre a maneira como gosta
mais de comunicar com os outros. Por isso podemos considerar que existem estilos de
comunicação, que não são mais do que formas diferentes de abordar a situação
interpessoal.
1. Todos os indivíduos têm determinados estilos ao seu alcance para utilizar
consoante as situações, mas há um que prevalece.
2. O estilo é eficaz consoante a situação onde se aplica.
3. É a utilização de apenas um estilo de comunicação, qualquer que seja a situação,
que dá origem a problemas interpessoais (Fachada, 2003).
O estilo agressivo
A pessoa que utiliza o estilo agressivo, age como se fosse intocável e não tivesse falhas
nem cometesse erros. Estes indivíduos têm uma grande necessidade de se mostrarem
superiores aos outros e, por isso, são excessivamente críticos. Na relação com os outros
tornam-se tirânicos ao ponto de desprezarem os direitos e sentimentos dos outros.
Emitem muitas vezes a opinião de que os outros são estúpidos (Fachada, 2003).
As pessoas que adotam este estilo, não conseguem estabelecer relações íntimas e de
segurança. Curiosamente, o agressivo tem consciência de que se deve proteger de
possíveis ataques e de possíveis manobras dos outros, porque tem a consciência que é
mal-amado e incompreendido pelos outros.
Sinais do estilo agressivo
Falar alto;
Interromper;
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Fazer barulho enquanto os outros se exprimem;
Não controlar o tempo quando está a falar;
Olhar de revés para quem está a falar;
Ter um sorriso irónico;
Manifestar por mímica o seu despreza e a sua desaprovação;
Recorrer a imagens chocantes ou brutais (Fachada, 2003).
Os álibis proferidos com maior frequência pelo agressivo
“Neste mundo é preciso uma pessoa saber impor-se”
“Prefiro ser lobo que ser cordeiro”
“As pessoas gostam de ser guiadas por alguém com um temperamento forte”
“Se eu não tivesse aprendido a defender-me já há muito tinha sido devorado”
Os outros são uns imbecis”
“Os outros são uns patifes”
“Só os fracos e os hipersensíveis é que podem sentir-se agredidos” (Fachada,
2003).
O estilo passivo
No estilo passivo, raramente o indivíduo está em desacordo e fala como se nada pudesse
fazer por si próprio e pelos outros. Tende a ignorar os seus direitos e os seus
sentimentos. Dificilmente diz não quando lhe pedem alguma coisa, porque pretende
agradar a todos. Porém, a curto prazo, não agrada a ninguém porque, como é
frequentemente solicitado, não pode fazer tudo o que diz que quer fazer, de forma
correta.
Sinais do estilo passivo:
Roer as unhas;
Mexer os músculos da face, rangendo os dentes;
Bater com os dedos na mesa;
Riso nervoso;
Mexer frequentemente os pés;
Está frequentemente ansioso;
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Tem insónias (Fachada, 2003).
Os álibis proferidos com maior frequência pelo passivo:
“Não quero dramatizar”
“É preciso deixar as pessoas à vontade
“Não sou o único a lamentar-me”
É preciso fazer concessões
“Admito que os outros sejam diretos comigo, mas eu tenho receio de os
magoar”
“Não gosto de prolongar a discussão com intervenções não construtivas”
(Fachada, 2003).
O estilo Manipulador
O manipulador considera-se hábil nas relações interpessoais, apresentando discursos
diferentes consoante a quem se dirige. Dificilmente aceita a informação direta,
preferindo fazer interpretações pessoais. Apresenta-se, quase sempre, como um útil
intermediário e considera-se mesmo indispensável. Raramente se assume como
responsável pelas situações. Agindo por interpostas pessoas, tira partido delas para
atingir os seus próprios objetivos (Fachada, 2003).
Comportamentos típicos do manipulador
Tende a desvalorizar o outro através de frases que pretende que sejam
humoristas e que denotem inteligência e cultura;
Exagera a caricatura algumas partes da informação emitida pelos outros. Repete
a informação desfigurada e manipula-a;
Utiliza a simulação como instrumento. Nega factos e inventa histórias para
mostrar que as coisas não são da sua responsabilidade;
Fala por meia palavras: é especialista em rumores e “disse-que-disse”.
É mais hábil em criar conflitos no momento oportuno do que reduzir a tensões
existentes;
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Tira partido das regras, adapta-o aos seus interesses e considera que quem não o
faz é estúpido;
Emprega frequentemente o “nós” e não o “eu”;
A sua arma preferida é a culpabilidade: Explora as convicções e os escrúpulos
de cada um: faz chantagem moral (Fachada, 2003).
O estilo Autoafirmativo
A atitude de autoafirmação também pode ser chamada “assertividade”. Autoafirmar-se
significa evidenciar os seus direitos e admitir a sua legitimidade sem ir contra os
direitos dos outros. Trata-se de uma pessoa que se pronuncia de forma serena e
construtiva. Aquele que afirma desenvolve a sua capacidade de se relacionar com o
mundo e privilegia a responsabilidade individual.
O que se afirma
Está à vontade na relação face a face;
É verdadeiro consigo mesmo e com os outros, não dissimulando os seus
sentimentos;
Coloca as coisas muito claramente às pessoas, negoceia na base de objetivos
precisos e claramente determinados;
Procura compromissos realistas, em caso de desacordo;
Negoceia na base de interesses mútuos e não mediante ameaças;
Não deixa que o pisem;
Estabelece com os outros uma relação fundada na confiança e não na dominação
ou calculismo (Fachada, 2003).
À medida que o sujeito for agindo no seu meio de forma assertiva, ele(a) apercebe-se
que vai conquistando pequenas vitórias, ficando mais satisfeito consigo próprio e com
os outros.
Bower (1979, cit. por Fachada 2003) desenvolveu um método prático que permite o
treino e o desenvolvimento da atitude de autoafirmação. Este método permite reduzir as
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tensões entre as pessoas em qualquer domínio da vida. Trata-se de um método que
propõe a negociação, como base de entendimento.
A técnica de autoafirmação é denominada D.E.E.C. São as iniciais de:
DESCREVER - D
EXPRESSAR - E
ESPECIFICAR - E
CONSEQUÊNCIA - C
Descrever – O Sr.(a) A descreve o comportamento do Sr.(a) B de uma forma tão
precisa e objetiva quanto possível.
Expressar – O Sr.(a) A transmite ao Sr.(a) B o que pensa e sente em relação ao seu
comportamento, sentimentos, preocupações, desacordo ou críticas.
Especificar – O Sr.(a) A propõe ao Sr.(a) B uma forma realista de modificar o seu
comportamento.
Consequência – O Sr.(a) A tenta interessar o Sr.(a) B pela solução proposta, indicando-
lhe as possíveis consequências benéficas da nova atitude que lhe é proposta.
O sujeito que se autoafirma é um indivíduo autêntico e ser autêntico é expressar os seus
sentimentos e isso implica:
Abster-se de julgar e fazer juízos de valor sobre os outros
Não utilizar mímica ou uma entoação opostas ao que se diz por palavras
Descrever as suas reações, mais do que as reações dos outros
Facilitar a expressão de sentimentos dos outros e não os bloquear.
ATIVIDADE
Identifique os seguintes estilos de comportamento e escreva as suas respostas
utilizando:
Pa – Caso se trate de estilo passivo
As – caso se trate de estilo assertivo
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Ag – caso se trate de estilo agressivo
Questões Respostas
1. Nunca pensa antes de falar.
2. Só um idiota pensaria uma solução como essa.
3. Não muito obrigado. Agradeço o convite mas não gosto de
Ópera.
4. Ir a um centro comercial? Deves estar a brincar comigo.
5. Está bem, se é isso que queres paciência.
6. Boa ideia. Vamos já tratar dos materiais para a concretização.
7. Desculpa lá, mas não posso ir. Tenho outras coisas para fazer.
8. Não estou a ver os fundamentos da sua análise. Pode esclarecer
um pouco mais o seu ponto de vista.
9. Se calhar não ficou satisfeito com o que eu disse. Eu também
não estou muito seguro. De qualquer maneira eu não tenho muitos
conhecimentos disso
10. Maria, por favor, envie todas as mensagens hoje de tarde
tal como estava previsto.
11. Se diz que é assim, é porque é!
12. Não fazes nada de jeito. Tenho sempre que verificar tudo o
que fazes.
13. A sua ideia é interessante. Fale-me dela em pormenor.
14. Não me faças rir! Tu escreves poemas.
15. Eu talvez fizesse o trabalho mas não sei se seria capaz
16. Cada vez me dececionas mais .
17. Eu gostava de ir ao cinema. E tu? Tens disponibilidade e
gostarias de me acompanhar.
18. Dado o adiantamento da hora, eu propunha que adiássemos a
reunião para amanhã às nove horas. O que acham?
(Fachada, 2003)
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As Vantagens da Comunicação Afirmativa
O ser humano vai-se desenvolvendo em função das relações que estabelece com os
outros. Ser reconhecido, amado, ter a atenção dos outros, ser gratificado e apreciado
através de palavras e gestos, são exigências fundamentais para o equilíbrio e bem-estar
psicológico e relacional de todo o ser humano (Fachada, 2003).
O comportamento afirmativo é aprendido. É legítimo que qualquer pessoa queira
mudar. Para isso tem de admitir que a mudança, no seu comportamento é possível e que
esta trará benefícios para si e para as suas relações interpessoais. Para isso é necessário
perceber que:
A estrutura pessoal é mutável.
O indivíduo tem capacidade para aprender facilmente novos comportamentos e
de se adaptar a novas situações.
Por si próprio(a) é capaz de dirigir a sua vida e não aceitar facilmente
interpretações gerais, tais como: “sou assim e não posso mudar, sou nervoso(a) e
inseguro(a) e sempre serei assim...” (Fachada, 2003).
O primeiro direito fundamental do ser humano consiste em admitir que ele é o próprio
juiz dos seus atos, dos seus pensamentos e que é o principal responsável pelas suas
consequências. Pensar-se como estando em permanente aprendizagem é uma condição
fundamental para se autoafirmar (Fachada, 2003).
Atividade de Grupo
Refira, em relação a cada situação, a atitude afirmativa e não afirmativa
Há já alguns dias que o seu colega de trabalho chega de manhã ao serviço com um
semblante carregado... (Fachada, 2003).
1. COMPORTAMENTO AFIRMATIVO
R:
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2. COMPORTAMENTO NÃO AFIRMATIVO
R:
Está a acabar de fazer um relatório importante e que já devia ter sido entregue. Recebe
um telefonema de um colega que está ansioso por lhe falar do seu último fim-de-
semana. Você necessita de desligar para continuar o trabalho (Fachada, 2003).
1. COMPORTAMENTO AFIRMATIVO
R:
2. COMPORTAMENTO NÃO AFIRMATIVO
R:
Processo de Resolução de Conflitos
A postura que cada indivíduo espontaneamente desenvolve nas suas relações
quotidianas, tende a ser utilizada em qualquer outra relação, verificando-se que a
maioria das pessoas adota uma postura, ou de excessiva cedência ou de excessiva
dureza. Contudo, utilizando-se uma simples estratégia de negociação por princípios, i. é,
baseada no mérito de cada interveniente, é possível obter-se resultados na resolução dos
conflitos. Este método permite conciliar as duas posições mencionadas (cedência e
dureza), adotando a flexibilidade necessária, através da cooperação entre as partes
envolvidas (Conpro, 2002). Esta cooperação entre as partes envolvidas pode ser
revelada através de três tipos de atitudes de comunicação (Conpro, 2002):
Apoio
Exploração
Compreensão ou Reformulação
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Estas atitudes são consideradas nivelantes, ou seja, como dinamizadoras de uma
comunicação efetiva e motivadora, tendendo a criar um bom clima inter-relacional.
Atitudes Cooperativas
Apoio: Um comportamento afetivo, simpático, que visa o estabelecimento de
uma proximidade amigável entre os indivíduos envolvidos:
- “Claro, eu compreendo...”
- “Não se preocupe...”
- “Compreendo a sua posição e respeito-a”
- “Muito interessante a sua opinião...”
- “Parabéns pela sua excelente intervenção”
Exploração: tentativa de recolher informação, de forma a garantir um bom
entendimento do assunto em questão. Além disso é a forma de demonstrar
interesse pelo assunto que estar a ser apresentado pela outra parte, sem a emissão
de juízos de valor.
- “Gostaria que me explicitasse melhor o seu problema”
- “Em que ponto é que tem dúvidas?
- “Gostaria que me explicasse melhor este ponto”
- “Quando e como se deu isto”.
Compreensão ou Reformulação: reformulação das mensagens recebidas de
forma a confirmar o bom entendimento. Este tipo de atitudes aumenta a
capacidade de análise da situação, revelando, simultaneamente, interesse pelo
assunto em questão.
- “Se compreendi bem, o que o Senhor(a) disse foi...”
- “Então o que preocupa o Senhor(a) é...”
- “Verifico que a situação... é isso?”
Orientações básicas, para uma atitude cooperativa
1- Escute até ao fim a ideia do seu interlocutor;
2- Mostre-se interessado na sua mensagem;
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3- Não interrompa;
4- Faça perguntas para que o seu interlocutor clarifique o pensamento e os
argumentos;
5- Esteja atento às suas expressões faciais: não revele arrogância, negativismo,
rejeição face ao que diz o interlocutor;
6- Diga com frequência “ Compreendo”;
7- Conquiste o direito de ser ouvido;
8- Fale de forma serena e calma;
9- Não imponha as suas ideias, mas proponha-as;
10- Revele empatia e disponibilidade para chegar a uma solução de consenso.
Uma situação de confronto tende para o aparecimento de um vencedor e de um vencido.
A situação caracteriza-se pelo objetivo de “ganhar a discussão” e não com o objetivo de
cooperar. A certeza íntima de se estar certo ou errado, é a ilusão que está na base de se
sentir em vantagem. É esta ilusão de sentir-se em vantagem que, muitas vezes,
predispõe o(a) o profissional de polícia, ou o indivíduo que contacta, para o confronto.
“Vencido mas não convencido”, é muitas vezes o resultado final de um
confronto/conflito. Assim, mesmo certos da nossa razão, de que serve tentar impô-la a
quem não estiver para preparado para a compreender, e, muito menos, para a ouvir e
aceitar.
Daí que,
“Se estiver preparado para ganhar um conflito, então, evite-o!”
Atividade de Grupo
Exercício sobre Confiança
Objetivos: Desenvolver o processo de conhecimento mútuo e da autenticidade entre os
membros do grupo, permitindo que todos falem e escutem.
Processo:
Uma breve introdução ao exercício, tecendo-se alguma considerações sobre a
descoberta pessoal e a importância do exercício.
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A seguir será distribuída uma pergunta a cada membro do grupo.
Um a um, cada membro lerá a sua pergunta tentando responder com toda a
sinceridade.
Breve debate sobre o exercício.
Segue-se uma lista se sugestões de perguntas para o exercício:
1- Como preenche habitualmente o seu tempo livre?
2- Que importância tem a religião na sua vida?
3- O que mais o(a) aborrece?
4- Qual a emoção que é mais difícil para si controlar?
5- Qual o traço de personalidade que mais o(a) marca?
6- Quais são os seus maiores receios em relação a este grupo?
7- Qual a sua maior queixa em relação à vivência grupal?
8- Qual o País que gostaria de visitar e porquê?
9- Quais são algumas das causas de falta de relacionamento entre alguns pais e
alguns filhos?
10- Se fosse Presidente da República, qual seria a sua meta prioritária? (Fritzen,
1985).
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Referências Bibliográficas
Filomena Castro e Fernanda de Almeida (2004), Manual de Psicossociologia, Direção
Nacional da Polícia de Segurança Pública – Departamento de Formação – Gabinete Psicologia
Fachada, M. O. (2003). O Conflito e as principais orientações no relacionamento interpessoal.
Psicologia das Relações Interpessoais (6ª. Edição). Lisboa: Edições Rumo, Ldª.
Fritzen, J. S. (1985). Exercício da Confiança (Vol. I). Exercícios Práticos de Dinâmica de Grupo, (7ª
Ed). Petrópolis: Editora: Vozes.
Henriques & Santos (2003): http://student.dei.uc.pt/~jpdias/gestao/stress/.
Neves, J. & Ferreira, J. M. C. (2001). Poder, conflito e negociação. IN Ferreira, J. M. C; Neves, J. &
Módulo revisto em março de 2015
Chefe Maria Clara Morais Ribeiro
Agente Principal Gilberto Vicente