construÇÃo de um dispositivo para cortar garrafas …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CONSTRUÇÃO DE UM DISPOSITIVO PARA CORTAR GARRAFAS
DE VIDRO PARA SEREM REUTILIZADAS NA CONFECÇÃO DE
PEÇAS DECORATIVAS
DANILO NASCIMENTO DA SILVA
CRUZ DAS ALMAS
28 de setembro de 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CONSTRUÇÃO DE UM DISPOSITIVO PARA CORTAR GARRAFAS
DE VIDRO PARA SEREM REUTILIZADAS NA CONFECÇÃO DE
PEÇAS DECORATIVAS
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Ciências Exatas e
Tecnológicas.
Orientador: Prof. Dr. Nilton Cardoso da Silva
DANILO NASCIMENTO DA SILVA
CRUZ DAS ALMAS
28 de setembro de 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CONSTRUÇÃO DE UM DISPOSITIVO PARA CORTAR GARRAFAS
DE VIDRO PARA SEREM REUTILIZADAS NA CONFECÇÃO DE
PEÇAS DECORATIVAS
Aprovado em: ____/____/____
EXAMINADORES:
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Nilton Cardoso da Silva
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Joaquim Jorge Martins Galo
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
_______________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Alessandra Cristina Silva Valentim
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
CRUZ DAS ALMAS
28 de setembro de 2017
Dedico este trabalho aos meus pais, Firmino Gomes da Silva
e Luiza Vieira do Nascimento Silva (in memoria), meus irmãos
Rosangela Nascimento da Silva Ribeiro e Fernando
Nascimento da Silva, a minha namorada Eliana Carmo e a
todos que me incentivaram e apoiaram.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado saúde, força e sabedoria para enfrentar as
dificuldades impostas e superá-las.
Aos meus pais pelo dom da vida, educação, dedicação e amor.
Aos meus irmãos, por todo apoio e ajuda prestada.
À minha namorada, pelo apoio e incentivo.
Ao meu primo Lucas Nascimento e a todos os demais familiares, tios, primos e
sobrinhas.
Ao professor Nilton Cardoso pela aceitação e orientação deste trabalho.
A todo corpo docente do curso de Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnológicas
por proporcionar todo o conhecimento indispensável em minha formação.
À UFRB pela oportunidade e acolhida.
Aos amigos e colegas que estavam presentes em cada dia dessa formação.
A todos que fizeram parte dessa minha jornada, contribuindo direta ou
indiretamente na elaboração deste trabalho deixo os meus agradecimentos.
"A persistência é o menor caminho do êxito".
Charles Chaplin
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CONSTRUÇÃO DE UM DISPOSITIVO PARA CORTAR GARRAFAS
DE VIDRO PARA SEREM REUTILIZADAS NA CONFECÇÃO DE
PEÇAS DECORATIVAS
RESUMO
O vidro é uma substância amorfa, obtida através do resfriamento da mistura de areia, sal e rochas calcarias em fusão até atingir uma condição de rigidez. É composto de sílica, óxido de sódio, óxido de cálcio além de outros óxidos. Os vidros são utilizados nas mais diversas atividades humanas, dentre elas aplicado em janelas, lâmpadas, utensílios de mesa, microscópios e garrafas. As garrafas de vidro possuem um alto potencial de reutilização e reciclagem, porém devido aos custos de armazenamento e transporte apenas 65% são reaproveitados. Este trabalho tem como objetivo oferecer uma forma de reutilização às garrafas de vidro, apresentando a construção de forma simples de uma máquina elétrica de cortar garrafas, feita em base estrutural de madeira, utilizando um motor de micro-ondas para garantir a rotação da garrafa com velocidade constante e uma resistência de chuveiro elétrico responsável por fornecer a energia necessária para cortar as garrafas. Após a construção, os testes evidenciaram que a máquina se mostrou viável, realizando cortes eficientes e com tempo relativamente curto em garrafas com geometria circular, possibilitando assim a reutilização das garrafas cortadas em conjunto com outros materiais na produção de luminária de mesa, arandela e pendente, enquanto que para garrafas com geometria quadrada mostrou-se totalmente ineficaz pelo fato delas se desprenderem do motor e apresentarem trincas apenas na região em contato com a resistência elétrica.
Palavras-chaves: Garrafa, vidro, reutilização, luminárias.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Obsidiana. ......................................................................................... 18
Figura 2.2 - Uso de molde em argila. ................................................................... 19
Figura 2.3 - Técnica do sopro. .............................................................................. 20
Figura 2.4 - Variação do volume x temperatura. .................................................. 22
Figura 2.5 - Estrutura de um sólido cristalino e um sólido amorfo. ....................... 23
Figura 3.1 - Recipientes. ...................................................................................... 41
Figura 3.2 - Luminárias. ....................................................................................... 41
Figura 3.3 - Penduricalhos. .................................................................................. 42
Figura 3.4 - Porta objetos. .................................................................................... 42
Figura 3.5 - Porta velas. ....................................................................................... 42
Figura 3.6 - Jarros. ............................................................................................... 42
Figura 4.1 - Esquema elétrico da máquina. .......................................................... 44
Figura 4.2 - Vista lateral. ...................................................................................... 44
Figura 4.3 - Vista inferior. ..................................................................................... 44
Figura 4.4 - Vista frontal. ...................................................................................... 45
Figura 4.5 - Vista diagonal.................................................................................... 45
Figura 4.6 - Peças da base. ................................................................................. 45
Figura 4.7 - Montagem da base. .......................................................................... 45
Figura 4.8 - Identificação das peças. .....................................................................46
Figura 4.9 - Porca parafusada na chapa de metal. .............................................. 46
Figura 4.10- Barra roscada para deslocamento do suporte da resistência. ......... 47
Figura 4.11 - Barra roscada para deslocamento do elevador. ............................. 47
Figura 4.12 - Corte para o deslocamento da base da resistência. ....................... 47
Figura 4.13 - Encaixe lateral para o disjuntor. ...................................................... 47
Figura 4.14 - Motor de micro-ondas. .................................................................... 48
Figura 4.15 - Suporte em granito para a resistência. ........................................... 48
Figura 4.16 - Fenda para acomodar a resistência. ............................................... 48
Figura 4.17 - Máquina finalizada e em funcionamento. ........................................ 49
Figura 4.18 - Conexões em PVC. ......................................................................... 50
Figura 4.19 - Base da luminária. .......................................................................... 50
Figura 4.20 - Encaixe da garrafa. ......................................................................... 51
Figura 4.21 - Garrafa presa ao encaixe. ............................................................... 51
Figura 4.22 - Luminária pintada. ........................................................................... 52
Figura 4.23 - Luminária finalizada. ....................................................................... 52
Figura 4.24 - Garrafas pintadas. ........................................................................... 52
Figura 4.25 - Tampas de garrafa. ......................................................................... 52
Figura 4.26 - Arandela finalizada. ......................................................................... 53
Figura 4.27 - Materiais para o pendente. ............................................................. 53
Figura 4.28 - Pendente finalizado. ........................................................................ 53
Figura 5.1 - Garrafas quadradas. ......................................................................... 54
Figura 5.2 - Garrafa com diâmetro 8 cm. ............................................................. 55
Figura 5.3 - Garrafa com diâmetro 6 cm. ............................................................. 55
Figura 5.4 - Garrafa com corte irregular. .............................................................. 55
Figura 5.5 - Saliência na superfície do corte. ....................................................... 55
LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS
a.C Antes de Cristo
Tg Temperatura de transição vítrea
Tf Temperatura de fusão
°C Grau Celsius
cm Centímetro
mm Milímetro
m² Metro quadrado
kg Quilograma
UV Ultravioleta
3D 3 dimensões
A Ampère
V Volt
W Watt
NBR Norma Brasileira Regulamentadora
ABIVIDRO Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de
Vidro
CEBRACE Companhia Brasileira de Cristal
ONU Organização das Nações Unidas
PVB Polivinil butiral
PVC Policloreto de vinila
PET Polietileno tereftalato
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
1.1. JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 15
1.2. OBJETIVOS ............................................................................................ 15
1.2.1. Objetivo Geral ................................................................................... 15
1.2.2. Objetivos Específicos ....................................................................... 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 17
2.1. VIDRO ..................................................................................................... 17
2.1.1. História do vidro ................................................................................ 17
2.1.2. O que é o vidro ................................................................................. 20
2.1.3. Composição do vidro ........................................................................ 23
2.1.4. Matérias-primas ................................................................................ 24
2.1.5. Vidro no Brasil .................................................................................. 28
2.1.6. Produção do vidro ............................................................................. 29
2.1.7. Propriedades mecânicas .................................................................. 30
2.1.8. Classificação..................................................................................... 31
2.1.9. Reciclagem ....................................................................................... 33
2.2. PONTO DE FUSÃO DO VIDRO DE EMBALAGENS .............................. 37
2.3. QUEBRA DO VIDRO DEVIDO AO CHOQUE TÉRMICO OU DIFERENÇAS
DE TEMPERATURA ......................................................................................... 37
2.3.1. Método por combustão ..................................................................... 37
2.3.2. Método por aquecimento elétrico...................................................... 38
2.4. ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL ...................................................................... 39
3. POSSÍVEIS UTILIZAÇÕES DECORATIVAS E PRÁTICAS REUTILIZANDO
GARRAFAS DE VIDRO ....................................................................................... 41
4. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 43
4.1. MÁQUINA DE CORTAR GARRAFA ....................................................... 43
4.2. LUMINÁRIAS .......................................................................................... 49
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 54
5.1. CUSTO DA MÁQUINA DE CORTAR GARRAFAS DE VIDRO E DAS
LUMINÁRIAS .................................................................................................... 56
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............... 59
6.1. CONCLUSÕES ....................................................................................... 59
6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................... 60
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 61
13
Nos séculos passados, o homem tinha em mãos uma quantidade limitada de
materiais, somente aqueles encontrados na natureza como: madeira, pedra argila
e outros. Mas que, com o tempo, o homem compreendeu a relação entre a estrutura
e composição dos materiais e suas propriedades, e, aliado ao desenvolvimento
tecnológico foi capaz de criar técnicas e moldar em grande parte as características
dos materiais, fornecendo ao homem um leque de materiais com características
diversas, entre eles estão os metais, plásticos, cerâmicas, fibras e o vidro.
(CALLISTER, 2008, p. 2)
Para Alves, Gimenez e Mazali (2001) “os materiais vítreos têm uma
característica extremamente interessante: seja qual for a nossa necessidade,
quase sempre existe a possibilidade de vir a utilizá-los nos mais diferentes
contextos.”
Nos últimos anos passou-se a conhecer melhor o vidro, e com o avanço da
tecnologia ocorreram melhorias nas técnicas de produção que permitiram a
manipulação das suas propriedades para aplicá-lo em diversas atividades
humanas. Hoje, além da confecção de embalagens (uma das primeiras aplicações
do vidro após sua descoberta na antiguidade) o vidro é usado largamente pela
indústria da construção civil, mecânica, química entre outras. Essa versatilidade
deve-se as suas propriedades que, com um bom tratamento tecnológico pode
atender diversas necessidades que outros materiais não suprem, tornando o vidro
um material amplamente difundido. (AKERMAN, 2013)
O aumento no consumo de produtos industrializados nos últimos anos,
aliada a não reutilização e reciclagem de materiais, tem gerado aumento
considerável na produção de resíduos sólidos. Dias e Cruz (2009) apontam que um
dos maiores problemas da sociedade moderna ao longo dos anos, é justamente a
destinação final adequada destes resíduos sólidos principalmente nos países
desenvolvidos.
“No Brasil, apesar do vidro corresponder a apenas 3% dos resíduos
urbanos” (DIAS e CRUZ, 2009, p. 6), é um material que merece atenção, devido ao
seu elevado potencial de reutilização e reciclagem, possibilitando assim inúmeras
aplicações, desde embalagens para alimentos e produtos farmacêuticos, lentes de
1. INTRODUÇÃO
14
óculos e microscópios, para-brisa de automóveis, janelas, fibras de
telecomunicações, utensílios de laboratório etc. (AKERMAN, 2013). Outro ponto a
ser considerado em relação aos resíduos vítreos é que, apesar de não constituir
diretamente um problema para o meio ambiente por não ser um poluente, os
mesmos não são biodegradáveis e tem volume fixo definido, ocupando assim
grandes volumes em lixões e aterros, reduzindo a vida útil desses locais.
Durante esses últimos anos muito tem se falado sobre desenvolvimento
sustentável, que se baseia em três pilares: desenvolvimento econômico,
desenvolvimento social e a proteção do meio ambiente. O relatório Brundtland
(1987) publicado por uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU)
define o conceito de desenvolvimento sustentável como, o atendimento das
necessidades das gerações atuais, sem comprometer a possibilidade de satisfação
das necessidades das gerações futuras. Sendo assim é necessário consumir e
suprir as necessidades humanas de forma consciente e sem desperdícios de modo
a garantir a preservação de recursos para as gerações futuras.
Diminuir a emissão de poluentes, reduzir o desperdício dos recursos
naturais, reciclar e reutilizar os resíduos sólidos, reduzir o consumo de energia e
utilizar energias renováveis fazem parte de um conjunto de soluções para amenizar
os danos causados pela ação do homem sobre a natureza.
O uso da iluminação artificial através do aproveitamento da luz natural é um
fator importante na economia de energia das edificações. Porém nem sempre é
possível aproveitar a luz natural. O conjunto de elementos, entre eles lâmpadas,
luminárias, cores das superfícies internas e do mobiliário são responsáveis pela
eficiência do sistema de iluminação artificial. (MORAES, 2012).
A reutilização do vidro promove a sustentabilidade por vários motivos:
retirada das sucatas presente no ambiente na forma de cacos ou embalagens, até
então sem utilidade; redução da extração de novas matérias-primas da natureza e
na emissão de poluentes contribuindo assim para a preservação ambiental; e
geração de renda para famílias e cooperativas de reciclagem.
Para minimizar a quantidade de resíduos sólidos e possibilitar a
sustentabilidade ambiental, é necessário aplicar a política dos 3 Rs: Reduzir,
Reutilizar e Reciclar.
15
• Reduzir significa consumir menos produtos e dar preferência àqueles que
gerem menos resíduos.
• Reutilizar é usar novamente, seja reaproveitando e dando-lhe a mesma
utilidade como, por exemplo, embalagens de alimentos ou uma nova função
(artesanato e decoração).
• Reciclar envolve a transformação dos materiais, ou seja, a partir daquele
produto inutilizado será dada origem a um produto novo.
Partindo então da política dos 3 Rs, surgiu a ideia de buscar uma nova
utilidade a esse tipo de resíduo.
O vidro é um material amplamente utilizado no cotidiano, em construções,
fabricação de embalagens e outros afins, mesmo não havendo indústrias vidreiras
próximas a uma cidade, a abundância de vidro e resíduos vítreos é fato, assim este
trabalho se mostra importante social e ambientalmente, pois visa dar nova
utilização as garrafas de vidro promovendo uma fonte de renda para a sociedade
sob a forma de produtos artesanais confeccionados a partir das garrafas e a
preservação do meio ambiente com a destinação adequada desses resíduos.
Tendo em vista a necessidade do reaproveitamento do vidro, uma alternativa
viável e que se enquadra como uma ação sustentável, do ponto de vista ambiental,
social e econômico, desta forma a existência deste trabalho foi concebida pela
busca, pesquisa e interesse em utilizar vidros sem função específica, no caso
garrafas de vidro em desuso para produção de objetos uteis, mais especificamente
na área de iluminação, diretamente empregada na decoração de interiores.
O objetivo geral desta monografia é destacar a praticidade e uso do vidro
para promover a sustentabilidade, promovendo a construção de luminárias com
vidro oriundo do reaproveitamento de garrafas, aplicadas na iluminação e
1.1. JUSTIFICATIVA
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo Geral
16
decoração, construindo para isto, um equipamento elétrico para realizar cortes em
garrafas de vidro e avaliação de seu desempenho.
Avaliar a viabilidade da produção do equipamento;
Analisar a precisão do corte;
Verificar o tempo gasto para realizar o corte;
Usar este equipamento para cortar garrafas de vidro em desuso.
Construir aplicações sustentáveis direcionadas a decoração de interiores
concentradas principalmente na iluminação usando o material cortado.
Determinar o custo total de fabricação e montagem da máquina e das
luminárias pretendidas.
1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta monografia foi desenvolvida sob a forma de seis capítulos como segue
estruturado abaixo, de forma a ser bem abrangida e compreendida:
O primeiro capítulo contém a introdução do trabalho bem como a justificativa
e seus objetivos a serem alcançados.
No segundo capítulo tem-se a revisão do estado da arte, constando uma
breve abordagem sobre o vidro.
No terceiro capítulo é apresentado um pouco sobre possíveis aplicações das
garrafas cortadas, culminando com seu uso e aplicação na iluminação e na
decoração de interiores.
O quarto capítulo é constituído com o material e métodos utilizados.
No quinto capítulo são apresentados os resultados e discussão.
E por fim, no capítulo seis, têm-se as conclusões e perspectivas futuras.
1.2.2. Objetivos Específicos
17
Este capítulo contempla a revisão de estado da arte com objetivo de
apresentar os fundamentos básicos relacionados ao vidro, destacando sua
aplicação na decoração, concentrando no seu uso na iluminação de interiores e
fundamentar uma melhor compreensão do trabalho através de informações
relevantes.
2.1. VIDRO
2.1.1. História do vidro
O vidro é um dos materiais mais antigos conhecidos no mundo. “O vidro
começou a ser empregado pelo homem desde a pré-história há cerca de 75.000
anos.” (AKERMAN, 2013, p. 6).
Segundo Alves, Gimenez e Mazali (2001), seu primeiro uso foi feito pelo
homem como ferramenta doméstica através de vidros naturais, formados a partir
do resfriamento de rochas fundidas em elevadas temperaturas nos processos
vulcânicos, chamado obsidiana. “O material empregado se constituía de um vidro
natural, existente na natureza como mineral, e era empregado por uma
característica que muitas vezes atribuímos como defeito que é o seu poder de
corte” (AKERMAN, 2013, p. 6). Esse material é ilustrado na Figura 2.1.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
18
Figura 2.1 - Obsidiana.
Não se sabe ao certo, onde e quando o vidro foi descoberto, Akerman (2013,
p. 6) afirma que, “apesar de empregar o vidro há muito tempo, o homem só
começou a produzir este material em torno de 4500 anos atrás.” Segundo Caldas
(2012, p. 13), os primeiros registros sobre o vidro, descoberto por mercadores
fenícios, data-se em torno do ano de 5000 a.C.
Historiadores afirmam que os primeiros vestígios de vidro produzido pelo
homem nessa época ocorreram na Síria, outros apontam o Egito em 2500 anos
a.C. Uma das versões diz que o vidro foi descoberto de forma ocasional quando
navegadores fenícios faziam fogueiras na praia, após algum tempo era possível
observar o surgimento de um material pastoso e transparente que posteriormente
se solidificava (ALVES, GIMENEZ e MAZALI, 2001, p. 13).
“Somente por volta de 1500 anos a.C., no Egito, foi que se iniciou o emprego
do vidro em artigos utilitários, na forma de embalagens.” (AKERMAN, 2013, p. 7).
Vestígios de fragmentos encontrados em escavações de arqueologia indicam que
os egípcios já produziam artefatos de vidro, nessa época, utilizando moldes de
argila. De acordo com Akerman (2013), a técnica baseava-se na utilização de um
bastão, cuja ponta continha um molde em argila que seria a parte interna do
recipiente, o molde era então mergulhado no vidro sob a forma líquida, retirado e o
Fonte: Akerman, 2013.
19
recipiente se encontrava moldado em volta desse núcleo de argila, ao enrijecer o
bastão era removido e a argila no interior do recipiente era raspada e extraída. A
Figura 2.2 a seguir ilustra esse processo.
Figura 2.2 - Uso de molde em argila.
Posteriormente se descobriu uma técnica que revolucionou o modo de
produção de recipientes de vidro. A técnica do fole, desenvolvida no Egito,
proporcionou o aumento do calor em fornos e assim a produção de um vidro menos
arenoso e com maior trabalhabilidade. Alves, Gimenez e Mazali (2001, p. 14)
afirmam que a produção de altas temperaturas e o controle da atmosfera de
combustão, teve influência marcante sobre a qualidade dos vidros e permitiram
uma fusão mais eficiente dos materiais constituintes.
O advento da técnica do sopro (Figura 2.3), desenvolvida há cerca de 2000
anos na Síria, garantiu a popularização do vidro. O princípio dessa técnica consiste
em utilizar um tubo (cana), na qual em uma das pontas é recolhida uma porção do
material fundido e pela outra é soprado conferindo ao material o formato de bolha.
Assim começaram a se produzir embalagens com menor custo e maior
produtividade, tornando-o acessível inclusive para cidadãos comuns (AKERMAN,
Fonte: Akerman, 2013.
20
2013, p. 8). Essa técnica perdura até os dias de hoje na produção de embalagens
e recipientes ocos criados a partir de máquinas sofisticadas.
Figura 2.3 - Técnica do sopro.
“A França já fabricava o vidro desde a época dos romanos. Porém, só no
final do século XVIII foi que a indústria prosperou e alcançou um grau de perfeição
notável.” (CEBRACE, 2016).
2.1.2. O que é o vidro
A Companhia Brasileira de Cristal (CEBRACE, 2016) define o vidro como
“uma substância inorgânica, amorfa e fisicamente homogênea, obtida através do
resfriamento de massa em fusão.”
Segundo Callister (2002) o vidro é um sólido não cristalino, comumente
chamado de sólido amorfo ou líquido super-resfriado. Akerman (2000, p. 7) define
como amorfo todo material que “não apresenta ordem molecular a longas
distâncias, isto é, quando não há regularidade dos seus constituintes moleculares
em uma escala superior a algumas vezes o tamanho destes grupos”.
Azeredo (1987, p. 127) define o vidro como, “basicamente um produto
monolítico, plano, transparente ou translúcido, resultante da fusão da sílica (areia)
auxiliada por fundentes rochosos (feldspato, dolomita e calcário) e por fundentes
industriais (carbonato de sódio, sulfato de sódio), posteriormente resfriado até uma
Fonte: Akerman, 2013.
21
condição de rigidez, sem se cristalizar”, ou seja, sem formação de arranjos
ordenados de moléculas que se repetem em períodos regulares.
Vidro é um sólido não-cristalino, portanto, com ausência de simetria e periodicidade translacional, que exibe o fenômeno de transição vítrea, podendo ser obtido a partir de qualquer material inorgânico, orgânico ou metálico e formado através de qualquer técnica de preparação (ALVES, GIMENEZ e MAZALI, 2001, p. 16).
“O vidro é um sólido que apresenta a estrutura semelhante à de um líquido,
isto é, seus átomos não estão organizados na forma de cristais como acontece com
a maioria de substâncias sólidas que conhecemos” (AKERMAN, 2013, p. 16).
2.1.2.1. Transição vítrea
A estrutura da massa em fusão que origina o vidro apresenta semelhanças
às de um líquido. De acordo com a diminuição gradual da temperatura até atingir o
ponto de fusão (Tf), um material que se encontra no estado líquido pode sofrer o
fenômeno de cristalização, na qual é necessário certo tempo para a organização
das moléculas formando o cristal, ou evitando a cristalização, tornando-se um
líquido super-resfriado. (ALVES, GIMENEZ e MAZALI, 2001; IDALGO, 2009).
De acordo com Idalgo (2009, p. 22), há um aumento contínuo da viscosidade
devido a diminuição da temperatura onde ao atingir a chamada temperatura Tg
(definida como temperatura de transição vítrea) ocorre uma mudança de fase e
líquido super-resfriado passa ao estado vítreo. Ver Figura 2.4.
22
Figura 2.4 - Variação do volume x temperatura.
“Um rápido resfriamento desloca a Tg para altas temperaturas enquanto um
resfriamento mais lento desloca Tg para baixas temperaturas” (IDALGO, 2009, p.
22).
Akerman (2000, p. 9) afirma que abaixo dessa temperatura Tg, o material
apresenta característica de um líquido, ou seja, arranjo indefinido, e passa a se
comportar semelhante a um sólido.
Alves, Gimenez e Mazali (2001, p. 18) afirmam que, “conforme a temperatura
diminui, aproxima-se de uma condição em que a mobilidade, em nível atômico,
dentro do líquido, torna-se bastante reduzida e os átomos fixam-se em suas
posições”. Essa consideração também é feita por Akerman (2013, p. 15) onde
afirma que “à medida que a massa fundida se esfria sua viscosidade aumenta cada
vez mais dificultando ainda mais a movimentação livre dos átomos que não
conseguem se organizar como no estado sólido de outros materiais”. A comparação
entre a rede cristalina de um sólido cristalino e um sólido amorfo pode ser feita
observando a Figura 2.5.
Fonte: Idalgo, 2009.
23
Figura 2.5 - Estrutura de um sólido cristalino e um sólido amorfo.
A composição básica do vidro durante seu período de existência, desde sua
descoberta até os dias atuais se mantém a mesma (AKERMAN, 2013, p. 51). O
vidro comum mais usado de acordo com Barros (2010, p. 4) é composto de 70% a
72% de sílica (SiO2), cerca de 15% de óxido de sódio (Na2O), 10% de óxido de
cálcio (CaO) e 5% de outros óxidos.
O vidro apresenta intrinsecamente duas características importantes, a
transparência e a durabilidade. Segundo Akerman (2013, p. 23) outras
propriedades importantes são obtidas através da adição de modificadores, e tem-
se uma grande escala de composições para os vidros a fim de garantir essas
propriedades específicas.
Akerman (2013, p. 20) afirma que a sílica sozinha produz um excelente vidro,
em contra partida seu ponto de fusão é muito alto requerendo fornos especiais e
muito consumo de energia apresentando alto custo de produção.
A solução para este problema foi de incorporar elementos fundentes à sílica que abaixam a temperatura de elaboração, mas mantém características adequadas para os produtos. Estes fundentes são o óxido de sódio e o óxido de cálcio que em conjunto com a sílica produzem a família de vidro denominada silico-sodo-cálcico ou simplesmente sodo-cálcico. (Akerman, 2013, p. 20).
Dentre as infinitas formulações, o vidro é dividido quimicamente nas
principais famílias a seguir e descritas segundo Akerman (2000, p. 16) como:
2.1.3. Composição do vidro
Fonte: Alves, Gimenez e Mazali, 2001.
24
Vidro sodo-cálcico: Eles compreendem, de longe, a família de vidros mais
antiga e largamente utilizada. Constituem a maior parte das garrafas, frascos,
potes, janelas, bulbos e tubos de lâmpadas, participando com mais de 90% de todo
o vidro produzido no planeta.
Sílica vítrea: Este vidro pode ser preparado, aquecendo-se areia de sílica ou
cristais de quartzo até uma temperatura acima do ponto de fusão da sílica, 1725
°C. Processo de fusão é muito lento. Sílica vítrea tem um coeficiente de expansão
térmico muito baixo, sendo ideal para janelas de veículos espaciais, espelhos
astronômicos, e outras aplicações aonde são exigidas baixa expansão térmica a
fim de se ter resistência a choques térmicos ou estabilidade dimensional.
Vidros ao chumbo: Vidro ao chumbo é o vidro nobre aplicado em copos e
taças finas, conhecido como “cristal”. Têm sido usados por séculos para produção
de artigos finos de mesa e peças de arte. O chumbo também confere ao vidro um
maior índice de refração, incrementando seu brilho. São usados largamente na
indústria eletroeletrônica. Também utilizados em ótica, devido aos seus altos
índices de refração.
Vidros borossilicatos: Os vidros borossilicatos apresentam alta resistência
ao choque térmico e por isso são empregados em produtos de mesa que podem
ser levados ao forno. É o caso do Pyrex e do Marinex. Devido à menor quantidade
de óxidos modificadores, além da resistência ao choque térmico vidros
borossilicatos são também muito resistentes ao ataque químico e por isso são
utilizados em vários equipamentos de laboratório.
Vidros alumino-borossilicato: vidros alumino-silicatos comerciais podem ser
aquecidos a temperaturas superiores sem deformação, comparativamente a vidros
sodo-cálcicos ou à maioria dos borosilicatos. Vidros alumino-silicatos são utilizados
em tubos de combustão, fibras de reforço, vidros com alta resistência química e
vitro-cerâmicos.
Segundo Akerman (2013, p. 29), a sílica provém da areia acumulada devido
ao intemperismo e erosão das rochas, e é a que ocupa a maior parcela da massa
do vidro. A fornecedora de cálcio são as rochas (calcários) extraídas através de
explosões em pedreiras e assim como a areia passam por um beneficiamento para
2.1.4. Matérias-primas
25
garantir uma granulometria regular e evitar defeitos no produto final. A barrilha ou
carbonato de sódio é produzido através de processo químico e tem duas origens,
produzida a partir da trona que é um mineral raro, escasso, presente apenas em
algumas regiões, chamada de barrilha natural, e a partir da salmoura dos oceanos
chamada de barrilha artificial.
As matérias-primas devem ser homogêneas, livres de impurezas
(contaminantes) como solo, cerâmicas e outros materiais para garantir a boa
qualidade do produto, e evitar interferências em características importantes como
cor e resistência, por exemplo. (AKERMAN, 2013, p. 34).
Segundo Oliveira (2007, p. 33), as matérias-primas que compõe os vidros
são divididas segundo suas funções em:
• Vitrificante – é considerado, pela sua natureza, o verdadeiro esqueleto do
vidro, composta de sílica tão pura quanto possível e proveniente das areias
ou das rochas de quartzo.
• Fundentes – tem a função de baixar o alto grau de fusão da sílica. Ex.:
carbonato de sódio (Na2CO3), carbonato de potássio (K2CO3) e óxido de
chumbo (PbO);
• Estabilizantes – dão a resistência química a fatores do meio ambiente como
a umidade, o calor, a luz e gases naturais. Ex.: carbonato de bário (BaCO3),
carbonato de cálcio (CaCO3), carbonato de magnésio (MgCO3) e óxido de
alumínio (Al2O3);
• Afinantes – têm por função a formação, na massa vítrea em fusão, de
grandes bolhas gasosas que, ao libertarem-se para a superfície, arrastam o
gás retido sob a forma de minúsculas bolhas. Ex.: óxido de arsênico
(As2O3), óxido de antimônio (Sb2O3) e nitrato de sódio (NaNO2);
• Descorantes – utilizado nos vidros brancos para compensarem a cor
esverdeada ou amarelo-esverdeada da massa fundida, resultante das
impurezas das matérias-primas naturais como o ferro, o níquel e o cobre.
Ex.: óxido de manganês (Mn2O7) e nitrato de potássio (KNO3);
• Corantes – matérias-primas que, misturadas à composição dos vidros
brancos, lhes dão a coloração pretendida. Ex.: óxido de prata (Ag2O) para
obtenção de vidros amarelos; cobalto (Co) para vidros azuis; manganês (Mn)
26
para vidros ametista; óxido de ferro (FeO) para vidros verdes; púrpura de
Cássio para vidros vermelhos, criolite para vidros opala, etc. A Tabela 2.1
exibe alguns elementos corantes e a coloração equivalente proporcionada
ao vidro.
Tabela 2.1 - Agentes corantes.
Agente de coloração Coloração
Cobre Azul claro
Crômio Verde
Amarelo
Manganês Violeta
Preto
Ferro Marrom amarelado
Verde azulado
Cobalto Azul intenso ou rosa
Verde
Níquel Marrom, amarelo, verde, azul a violeta, dependendo da matriz vítrea
Vanádio Verde, em vidros silicatos e marrom, em vidros boratos
Titânio Violeta
Neodímeo Violeta avermelhado
Praseodímeo Verde claro
Ouro Rubi (partículas coloidais dispersas na matriz vítrea)
Cádmio Laranja
Os vidros são hoje utilizados em quase todos os aspectos das atividades
humanas; em casa, nas janelas, lâmpada e luminárias, sistemas de aquecimento
solar, fornos e geladeiras, utensílios de mesa, decoração, etc.; na ciência, nos
microscópios e telescópios constituindo as lentes, nos frascos dos laboratórios,
etc.; na indústria, nos reatores, visores, instrumentos, etc., e mesmo em arte, pois
eles podem ter suas propriedades ajustadas às suas finalidades, assumindo
infinitas cores e formas. (AKERMAN, 2013).
Fonte: Adaptado de Alves, Gimenez e Mazali, 2001.
27
O vidro é um material altamente tecnológico e atualmente indispensável.
Características como a transparência e durabilidade, fazem do vidro uma excelente
matéria-prima na produção de recipientes e embalagens para alimentos. Outra
característica importante, a impermeabilidade, (superfície lisa, não apresenta
porosidade) evita a contaminação em seu interior, e ainda não reage (inerte) com
o produto nele contido, tanto que, são utilizados como embalagens de substâncias
químicas e produtos farmacêuticos. O uso do vidro não se restringe apenas no
ramo alimentício, os campos da ciência influenciados pelo seu uso são diversos. O
avanço sobre o conhecimento do vidro culminou no avanço de outras áreas, tal
avanço tecnológico do vidro propiciou expansão dos conhecimentos sobre
astronomia, ciências biológicas, física, química e engenharia. (AKERMAN, 2000;
PINHEIRO, 2007).
O vidro é um material que apresenta diversas qualidades, para Oliveira
(2007, p. 31) tais qualidades são:
• Transparência e Elegância - o consumidor visualiza o que pretende comprar.
Os produtos ganham uma imagem nobre, sofisticada e confiável.
• Inércia - o vidro não reage quimicamente. Por ser neutro, o produto não sofre
alteração de sabor, odor, cor ou qualidade.
• Praticidade - após o uso, o produto pode ser novamente fechado, caso não
seja consumido em sua totalidade.
• Dinâmico - devido às suas propriedades permite uma possibilidade enorme
de combinações na transformação do vidro original, o que garante a
possibilidade de renovação constante do design das embalagens.
• Higiênico - o vidro é fabricado com elementos naturais, protegendo os
produtos durante mais tempo e dispensando a utilização de conservantes
adicionais, atendendo a todos os requisitos exigidos para o
acondicionamento de líquidos e alimentos para o consumo humano.
• Impermeável - por não ser poroso, funciona como uma barreira contra
qualquer agente exterior, mantendo assim os produtos mais frescos em
relação a outros tipos de embalagens.
• Resistência Térmica - mudanças bruscas de temperatura, cargas verticais e
umidade não é problema para as embalagens de vidro o mesmo pode ser
28
utilizado diretamente no forno de micro-ondas e a vantagem adicional de
poder ser levado diretamente à mesa sem necessidade de transferência
para outros recipientes.
• Versátil - formas, cores e tamanhos são detalhes que fazem diferença no
ponto de venda.
• Reutilizável - embalagens vazias de vidro podem ser utilizadas para
armazenar qualquer outro alimento ou mesmo objetos.
• Retornável - embalagens de vidro podem ser reaproveitadas diversas vezes,
como é o caso, por exemplo, das garrafas de cerveja e refrigerantes.
• Reciclável - o vidro pode ser reciclado infinitamente, sem perda de qualidade
ou pureza do produto. Uma garrafa de vidro gera outra exatamente igual,
independente do número de vezes que o caco de vidro vai ao forno para ser
reciclado”.
A Companhia Brasileira de Cristal (CEBRACE, 2016) afirma que a indústria
vidreira no Brasil teve início no século XVII no nordeste brasileiro, especificamente
Olinda e Recife em Pernambuco a partir das invasões holandesas. A primeira
oficina produzia vidros para janelas, copos e frascos e fechou com a saída dos
holandeses.
O vidro voltou a entrar no mapa econômico do país a partir de 1810, quando em 12 de janeiro daquele ano, o português Francisco Ignácio da Siqueira Nobre recebeu carta régia autorizando a instalação de uma indústria de vidro no Brasil. A fábrica instalada na Bahia produzia vidros lisos, de cristal branco, frascos, garrafões e garrafas. Ela entrou em operação em 1812. Em 1825, fechou em função das grandes dificuldades financeiras. (PINHEIRO, 2007, p. 16).
Segundo a CEBRACE (2016) no ano de 1839, entrou em operação no Rio
de Janeiro a indústria vidreira chamada Fábrica Nacional de Vidros São Roque,
fundado pelo italiano Folco e composta por funcionários italianos e brasileiros que
realizavam os processos de fabricação manualmente. Em 1878, Francisco Antônio
Esberard funda a fábrica de Vidros e Cristais do Brasil, também localizada no Rio
de Janeiro. A introdução de fornos contínuos e máquinas automáticas no século
2.1.5. Vidro no Brasil
29
XX, possibilitou a produção em massa do vidro, que até então era feita de forma
artesanal.
A produção começa com o armazenamento das matérias-primas em silos
separadamente sob a forma de grãos, e de acordo com Akerman (2013, p. 29), “as
matérias-primas são empregadas todas na forma de sólidos granulados com os
grãos variando de 0,1 a 2,0 mm de diâmetro”.
Os vidros convencionais são produzidos tradicionalmente através do método
de aquecimento até atingir a fusão das matérias-primas e em seguida resfriada.
(ALVES, GIMENEZ e MAZALI, 2001; CALLISTER, 2002).
A massa de matérias-primas empregadas supera a massa de vidro correspondente produzida, pois algumas delas perdem gases durante o processo de elaboração. Para cada 1000 quilos de vidro produzido são necessários, aproximadamente, 1200 quilos de matérias-primas. (AKERMAN, 2013, p. 35).
Akerman (2013, p. 41) afirma que para iniciar a conformação das peças, a
massa deve apresentar uma viscosidade intermediária, não muito baixa nem muito
alta, pois dificulta na moldagem das peças. A massa pode escorrer devido ao peso
próprio se estiver muito “mole” ou não atingir a forma desejada por estar muito
“dura”.
“A viscosidade é a dificuldade dos átomos se moverem uns em relação aos
outros e quanto maior ela for mais dificuldade tem o líquido de escoar. Um exemplo
de líquido viscoso é o mel” (AKERMAN, 2013, p. 15).
2.1.6.1. Recozimento
Segundo Akerman (2013, p. 42) após conformar a peça e esfriar, tensões
são geradas no interior do vidro devido à massa em regiões internas resfriar mais
devagar que as regiões externas, permitindo melhor acomodação dos átomos
consequentemente ocupando um volume menor. Estas diferenças de volumes
gerarão tensões que podem quebrar o vidro ou pelo menos fragilizá-lo. Akerman
(2000, p. 28) ainda afirma que, evitar estas tensões é impossível, pois elas são
inerentes ao processo, então o que se deve fazer é eliminá-las ou ao menos reduzi-
las a um nível tolerável.
2.1.6. Produção do vidro
30
“Na produção de garrafas e outros artigos conformados em moldes metálicos
o mesmo fenômeno acontece exigindo que todo produto de vidro após a sua
conformação sofra um processo de aliviamento de tensões denominado de
recozimento” (AKERMAN, 2013, p. 17).
Akerman (2013, p. 17) explica que para aliviar essas tensões, o vidro passa
pelo processo de recozimento onde a peça é reaquecida até um ponto em que a
viscosidade diminui e permita a acomodação dos átomos aliviando as tensões
internas e logo em seguida é resfriada lentamente e de maneira uniforme.
2.1.6.2. Têmpera
Akerman (2013, p. 44) em seus estudos explica o processo da “têmpera
aplicada ao vidro como uma forma de aumentar de 3 a 5 vezes a sua resistência
mecânica. O princípio da têmpera se baseia no fato de que quando o vidro esfria
mais rapidamente (mais desordenado) tende a ocupar maior espaço do que vidro
esfriado lentamente (mais ordenado).”
“Para se temperar uma chapa de vidro ela é aquecida até que quase comece a escoar. Em seguida se esfria com jatos de ar direcionado por toda a sua superfície. Desta forma o vidro que está na camada externa, como se fosse a sua pele, esfria rapidamente com o jato de ar. Porém o vidro do centro, que está protegido pela pele, se esfria lentamente (o vidro é um mau condutor de calor). (AKERMAN, 2013, p. 44).
Ainda segundo Akerman (2013, p. 44) no final do processo o vidro da pele
ocupa um volume maior enquanto que o núcleo ocupa um volume menor, assim a
pele tende a expandir e o núcleo a encolher gerando uma tensão de compressão
na superfície que impede, ou ao menos dificulta o surgimento de trincas que
quebraria o vidro.
“As propriedades do vidro variam com a sua composição química. Como a
composição do vidro não é fixa e vários componentes podem ser adicionados, em
diferentes proporções, se obtém vidros com propriedades variando dentro de
determinadas faixas” (AKERMAN, 2013, p. 23).
2.1.7. Propriedades mecânicas
31
Para Akerman (2000, p. 26) “o vidro é um material frágil, porém não fraco.
Ele tem grande resistência à ruptura, podendo mesmo ser utilizado em pisos, é duro
e rígido, porém não tenaz não sendo apropriado para aplicações sujeitas a
impactos.”
Frágil = Baixa resistência ao impacto
Fraco = Baixa resistência à ruptura
Duro = Difícil de riscar
Rígido = Resistente à deformação elástica
Tenaz = Resistente ao impacto
“O vidro na região elástica se comporta como o aço. Quando a tensão cessa
ele volta ao formato original. Porém o vidro não se deforma plasticamente à
temperatura ambiente e ao passar seu limite de resistência se rompe
catastroficamente” (AKERMAN, 2000, p. 26).
A CEBRACE (2016) define algumas classes do vidro:
Vidro float: é um vidro plano transparente, incolor ou colorido, com espessura
uniforme e massa homogênea. É o vidro ideal para aplicações que exijam perfeita
visibilidade, pois não apresenta distorção óptica, e possui alta transmissão de luz.
Vidro impresso: é um vidro plano translúcido, incolor ou colorido, que recebe
a impressão de um padrão (desenho) quando está saindo do forno. É usado na
construção civil, eletrodomésticos, móveis, decoração e utensílios domésticos.
Vidro temperado: é um vidro que recebe tratamento térmico, que o torna
mais rígido e mais resistente à quebra. Em caso de quebra produzem pontas e
bordas menos cortantes, fragmentando-se em pequenos pedaços arredondados.
Vidro laminado: é composto por duas chapas de vidro intercaladas por uma
película plástica (PVB – Polivinil Butiral) de grande resistência. Em caso de quebra,
os cacos ficam presos na película de PVB.
Termo refletor: indicado para locais onde há grande incidência de raios
solares, como fachadas de prédios, janelas, portas, sacadas e coberturas, pois
proporciona melhor conforto térmico. Eles têm a função de reduzir a entrada de
calor para o interior do ambiente, além de produzir um controle na entrada da luz
para o interior das edificações.
2.1.8. Classificação
32
Vidros autolimpantes: são produzidos a partir de um vidro float que recebe
uma camada ainda no seu processo de fabricação. Essa camada aproveita a força
dos raios UV (Ultravioleta) e da água da chuva para combater a sujeira e os
resíduos que se acumulam no exterior.
Espelhos: são produzidos a partir de um vidro float que recebe uma camada
a base de prata. Em seguida essa camada é protegida por camadas de tinta.
A NBR 7199 - Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil,
classifica os vidros utilizados na construção civil quanto ao tipo, transparência,
forma, acabamento da superfície e cor.
Quanto ao tipo:
• Vidro recozido;
• Vidro de segurança temperado;
• Vidro de segurança laminado;
• Vidro de segurança aramado;
• Vidro termo absorvente;
• Vidro composto.
Quanto à transparência:
• Vidro transparente;
• Vidro translúcido;
• Vidro opaco.
Quanto à forma:
• Chapa plana
• Chapa curva
• Chapa perfilada
• Chapa ondulada
Quanto ao acabamento da superfície:
• Vidro liso;
• Vidro float;
• Vidro impresso;
• Vidro fosco;
33
• Vidro espelhado;
• Vidro gravado;
• Vidro esmaltado;
• Termo refletor.
Quanto à cor:
• Incolor;
• Colorido.
Segundo a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de
Vidro (ABIVIDRO, 2016), atualmente 65% dos resíduos de vidro são reaproveitados
no Brasil, desse percentual, 40% são reciclados e 25% são reutilizados.
Segundo afirma Barros (2010, p. 17) “o Brasil produz em média 890 mil
toneladas de embalagens de vidro por ano, usando cerca de 45% da matéria-prima
reciclada na forma de cacos. Parte deles foi gerado como refugo nas fábricas e
parte retornou por meio de coleta.”
Dias e Cruz (2009, p. 6) apontam que, “o principal mercado desses
recipientes é formado pelas vidrarias, que compram o material de sucateiros na
forma de cacos ou recebem diretamente das campanhas de reciclagem dos
municípios. Devido ao peso, o custo do transporte é uma das principais dificuldades
para a reciclagem.”
“O vidro é um material não poroso que resiste a temperaturas de até 150°C
(vidro comum) sem perder nenhuma de suas propriedades físicas e químicas. Esse
fato faz com que os produtos fabricados de vidro possam ser reutilizados várias
vezes para a mesma finalidade.” (DIAS e CRUZ, 2009, p. 16).
A reciclagem de resíduos sólidos é uma atividade muito importante para o
ambiente e para a sociedade, além do ciclo infinito, redução da quantidade de lixo
e evitar a extração de novas matérias-primas, é uma atividade rentável.
Reciclar e reutilizar vidros poderá contribuir para a matriz energética nacional através da economia de enormes quantidades de energia, visto que para produzir 1 kg de vidro novo são necessários 4500 kilojoules, enquanto que para produzir 1 kg de
2.1.9. Reciclagem
34
vidro reciclado necessita-se de 500 kilojoules. (ALVES, GIMENEZ e MAZALI, 2001, p. 24).
Os resíduos recicláveis são as embalagens e cacos, de bebidas e alimentos,
pois não contém óxidos na composição. Os produtos reutilizados geralmente são
as garrafas retornáveis de bebidas. As sucatas reutilizáveis recebem outras
finalidades como artigos de decoração e bijuterias, tintas, abrasivos e utilizadas em
estudos como agregado em concreto. A Tabela 2.2 a seguir exemplifica alguns
resíduos vítreos que são recicláveis e não recicláveis.
Tabela 2.2 - Vidros recicláveis e não recicláveis.
Reciclável Não reciclável Garrafas Espelhos
Potes de conserva Boxes temperados
Embalagens Louças
Copos Óculos
Cacos dos produtos citados Pirex Vidros especiais Tubo de TV
Lâmpadas
Ampolas de medicamento
Reciclar significa transformar, utilizar coisas que já usamos e que não nos
servem mais, como matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Podemos
fazer como a natureza já faz há milhões de anos: reutilizar e reciclar ao máximo
tudo que possuímos. (ABIVIDRO, 2016).
Muitas vezes o conceito de reciclagem e reaproveitamento (reutilização) é
confundido, a ABIVIDRO (2016) define a reciclagem como o processo de
transformação de um material que volta a apresentar as características ao seu
estado original. Já a reutilização, consiste em transformar um determinado material,
já beneficiado em outro, porém a reutilização vai gerar um produto com
características diferentes do produto anterior.
“Os cacos encaminhados para reciclagem não podem conter pedaços de
cristais, espelhos, lâmpadas e vidro plano usado nos automóveis e na construção
civil. Por terem composição química diferente, esses tipos de vidro causam trincas
e defeitos nas embalagens” (DIAS e CRUZ, 2009, p. 18).
Fonte: Adaptado de Dias e Cruz, 2009.
35
As sucatas são reintroduzidas como matéria-prima no processo de
fabricação de novos produtos em conjunto com a matéria-prima recém-extraída da
natureza. Barros (2010, p. 17) afirma que o material pode voltar à produção de
novas embalagens, substituindo totalmente o produto virgem sem perda de
qualidade.
Dias e Cruz (2009, p. 19) recomendam alguns cuidados que devem ser
tomados na hora de reciclar:
• Limpar bem o vasilhame para não atrair ratos, baratas ou formigas;
• Lavar as embalagens de cosméticos e perfumes;
• Separar o vidro por cor para valorizar o material, caso for vender;
• Separar diferentes materiais que vêm associados nas embalagens como
plásticos do corpo e da tampa, etiquetas etc.
Dependendo da pureza dos resíduos eles são quase 100% e infinitamente
reciclados, se tornando matéria-prima consequentemente segundo Barros (2010,
p. 17) diminui a retirada de mais recursos naturais diminuindo as agressões ao meio
ambiente e a poluição. Outra vantagem da mistura de matéria-prima com resíduos
vítreos é a redução de energia gasta na fabricação de novos produtos visto que a
temperatura de fusão é reduzida, diminuindo os gastos de produção.
A utilização de embalagens retornáveis dispensa a reciclagem, pois, podem
passar por um processo de higienização, assepsia, esterilização, e são utilizadas
novamente, poupando assim energia e a retirada de mais matérias-primas (DIAS e
CRUZ, 2009, p. 16).
Nos estudos de Alves, Gimenez e Mazali (2001) fica evidente que o vidro é
hoje, sem dúvidas, um importante material para o ramo da construção civil,
comunicação, indústria eletrônica, aeroespacial e outras, devido suas propriedades
mecânicas, térmicas, acústicas, óticas e outras, mas principalmente por
proporcionar a passagem de luz, faz do vidro um material com uma vasta gama de
aplicações.
Para Dias e Cruz (2009, p. 18) os benefícios ambientais e socioeconômicos
da reciclagem do vidro são inúmeros. Uma delas é a economia de matérias-primas
naturais, sendo que 1 kg de vidro quebrado gera 1 kg de vidro novo, economizando
36
1,2 kg de matérias-primas. Outro aspecto é a diminuição na emissão de CO2 tendo
em vista que a produção a partir do próprio vidro consome menor quantidade de
energia, além de reduzir também os custos de coleta urbana e contribuir para o
aumentando da vida útil dos aterros sanitários.
“A implantação da coleta e da reciclagem do vidro gera empregos que
demandam pouca especialização, permitindo a inclusão de pessoas em situação
de vulnerabilidade social.” (DIAS e CRUZ, 2009, p. 18).
37
“O desempenho mecânico do vidro como um produto de uma fusão e como
um material naturalmente quebradiço, é altamente dependente das suas
propriedades térmicas.” (GIACOMINI, 2005, p. 18).
Giacomini (2005, p. 19) ainda deixa claro que todos os vidros são
caracterizados por três pontos de temperatura, que se relacionam com a
viscosidade:
Ponto de Amolecimento: Nessa temperatura o vidro funde prontamente sob
carga, e é importante para o processo de manufatura.
Ponto de Recozimento: esse é o ponto sobre o qual a tensão do vidro é
aliviada rapidamente.
Ponto de Tensão: é a temperatura sobre a qual é liberada a tensão e o fluxo
começa a ter efeito, é a temperatura efetiva de trabalho.
Temperatura máxima de trabalho
Pontos de tensão típicos são:
Vidros de soda-cal 520ºC
Vidros de borossilicato 515ºC
Sílica fundida (pyrex) 987ºC
Segundo Akerman (2000, p. 29) o vidro é um mau condutor de calor,
logicamente é um bom isolante térmico, sendo assim, a distribuição do calor pelo
vidro é lenta.
Akerman (2013, p. 27) afirma que uma consequência disto é que se em um
dos lados de um vidro se aquece, o calor leva certo tempo até atravessar a
espessura e aquecer a outra face, tendo uma das faces dilatadas e a outra não,
essa diferença gera tensões que podem dar início a uma trinca.
2.2. PONTO DE FUSÃO DO VIDRO DE EMBALAGENS
2.3. QUEBRA DO VIDRO DEVIDO AO CHOQUE TÉRMICO
OU DIFERENÇAS DE TEMPERATURA
2.3.1. Método por combustão
38
A dilatação térmica depende da composição química do vidro. Para os vidros sodo cálcicos, que são a grande família que compreende as embalagens e vidros planos, peças de 4 a 5 mm de espessura suportam algo em torno de 60 °C de diferença de temperatura. (AKERMAN, 2000, p. 29).
Uma técnica muito utilizada há anos, se baseia nesse princípio. A técnica
consiste em envolver um barbante na garrafa, na posição onde se deseja cortar, e
embeber o barbante com fluído inflamável para em seguida ser queimado, se
tornando uma fonte localizada de calor. Para aumentar a precisão do corte, a
garrafa é preenchida com água até o nível em que se encontra o barbante, o que
acaba fazendo com que a água absorva o calor dissipado na parte inferior e interna
da garrafa mantendo uma diferença de temperatura mais acentuada entre as partes
acima e abaixo do barbante. Após a combustão do barbante a garrafa é submersa
em um balde com água fria. (BALDEZ, 2014).
Akerman (2000, p. 29) afirma que neste processo “a quebra sempre se dá
na região mais fria da peça, onde ocorre a tração, e comumente o risco maior de
quebra é quando o vidro está quente e sofre um esfriamento rápido”.
O método por aquecimento elétrico incide no uso de uma resistência elétrica
como fonte geradora de calor, se valendo do princípio de conversão de energia
elétrica em energia térmica, denominado de efeito Joule.
Com o vai e vem dos elétrons de condução nos metais, é inevitável o choque
entre eles mesmos e os átomos, esse fenômeno resulta em um aquecimento do
metal condutor, onde a energia dos elétrons é dissipada sob a forma de energia
térmica. Quanto maior a corrente elétrica, maior será esse deslocamento de
elétrons e consequentemente maior será o calor gerado. (HALLIDAY e RESNICK,
2009, p. 155)
A resistência elétrica é muito utilizada em equipamentos elétricos, sua
função é converter energia elétrica em calor e luz. Essa característica lhe permite
diversas aplicações como em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa,
aquecedores, lâmpadas incandescentes, secadores de cabelo, sanduicheiras, grill
entre outros cuja função seja a geração de calor a partir de energia elétrica.
2.3.2. Método por aquecimento elétrico
39
E por que falarmos deste assunto aqui? Justo porque o vidro é um elemento
usado também na construção de lâmpadas que emitem luzes artificiais e também
nas luminárias que tem a finalidade de uso indireto da luz artificial atuando na
distribuição das luzes, filtrando as cores que disseminadas nos ambientes
conferindo beleza e praticidade se bem usadas. Foi dito na introdução deste
trabalho que apresentaremos exemplos práticos do uso do vidro para uso em
ambiente civil e é exatamente por este motivo que destacamos a iluminação
artificial neste ponto.
A luz natural é a luz mais confortável aos olhos humanos. Em projetos de
engenharia ela deve ser aproveitada ao máximo, garantindo conforto visual e
promovendo economia de energia elétrica reduzindo o uso de iluminação artificial.
Na ausência de luz natural, a iluminação artificial pode ser utilizada como elemento
de iluminação e ao mesmo tempo como um elemento decorativo.
Há diversos tipos de lâmpadas disponíveis no mercado, seja para uso
decorativo ou funcional, as diferentes nuances e intensidade de cores
proporcionam sensações e efeitos nos espaços. As luzes amareladas de velas e
lâmpadas incandescentes são mais acolhedoras e aconchegantes e por isso são
mais indicadas para ambientes como sala de estar e quartos. As luzes brancas ou
azuladas são mais estimulantes e por isso são mais indicadas para ambientes de
trabalho.
A iluminação artificial tem um sério problema, por estar relativamente
próxima ou mal posicionada, pode causar ofuscamento visual. Algumas formas
para evitar isso são a distribuição em vários pontos de luz ao invés de apenas um,
evitar o direcionamento do foco de luz à linha de visão, evitar superfícies refletoras
e fazer uso de luminárias que imponham uma barreira opaca entre a fonte de luz e
os olhos, chamada de luz difusa. A luz difusa evita o ofuscamento e cria ambientes
iluminados de forma mais homogênea e sem projeção de sombras acentuadas. A
luz direta é mais utilizada quando se deseja evidenciar algum objeto, como quadros
e esculturas, geralmente utilizada com luminárias direcionadas.
Um bom conjunto de iluminação, com o uso harmonioso entre a cor da
iluminação, as luminárias e o ambiente, pode propiciar um bem-estar e conforto
2.4. ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
40
visual. A iluminação artificial interfere diretamente nas atividades realizadas num
espaço. Um ambiente de leitura, por exemplo, mal iluminado trará desconforto
visual ao leitor que terá que forçar a visão, em outros casos pode ocorrer acidentes
em ambientes de trabalho devido à má iluminação ou iluminação insuficiente.
Existem diversos tipos de luminárias, dentre as mais conhecidas estão:
luminária embutida, luminária pendente, luminária de mesa, arandela, lustre e
plafon.
Plafon – luminária instalada próxima ao teto, de forma que a luz seja refletida
no teto e se espalhe pelo ambiente ou difundida pelo plafon.
Embutida – instalada no forro, recomendada para tetos com pé direito baixo
dão um aspecto visualmente mais “limpo” ao teto.
Pendente – são luminárias que ficam penduradas, suspensas através dos
fios elétricos ou por cabos, utilizada sobre mesas, bancadas, laterais de camas e
outros, além de funcional é muito utilizada como decorativa.
Lustre – semelhante ao pendente, porém com mais detalhes e um toque
mais elegante.
Luminária de mesa – luminária com designs variados que tem como função
a iluminação para leituras, sendo assim são usadas em mesas de trabalho, ao lado
de camas e sofás.
Arandela – são luminárias fixadas em paredes.
41
Hoje em dia diversos produtos são vendidos em embalagens de vidro, é
comum que se tenha em casa garrafas de vidro para produtos como: azeite, vinho,
cerveja, sucos etc. A reutilização dessas garrafas proporcionam uma variedade de
efeitos, colorações e utilizações que resultam em objetos muito uteis ou como
decoração de ambientes internos.
O artesanato com garrafas de vidro é uma opção simples e barata, as
garrafas podem ser pintadas, cortadas ou revestidas, com criatividade podem ser
criados diversos objetos de decoração. São infinitas as formas de decoração das
garrafas para compor um ambiente esteticamente mais elegante, utilizando
adesivos, purpurina, tintas, cola quente para escrever em alto-relevo, recortes de
jornal, linhas, fitas, papel, tecido.
As figuras a seguir ilustram algumas possíveis aplicações a partir da
reutilização de garrafas de vidro.
Figura 3.1 - Recipientes. Figura 3.2 - Luminárias.
Fonte: Doce obra1. Fonte: Decorarfacil.com2.
1 Disponível em: www.casaeconstrucao.org/artesanato/artesanato-com-garrafa-de-vidro
2 Disponível em: www.decorfacil.com/artesanato-com-garrafa-de-vidro
3. POSSÍVEIS UTILIZAÇÕES DECORATIVAS E PRÁTICAS
REUTILIZANDO GARRAFAS DE VIDRO
42
Figura 3.3 - Penduricalhos. Figura 3.4 - Porta objetos.
Figura 3.5 - Porta velas. Figura 3.6 - Jarros.
Fonte: Artesanato e reciclagem3.
3 Disponível em: www.artesanatoereciclagem.com.br/6867-18-formas-criativas-de-artesanato-com-
garrafas-de-vidro.html
Fonte: Decorfacil.com. Fonte: Artesanato e reciclagem.
Fonte: Artesanato e reciclagem.
43
Nesse capítulo é descrito o caminho metodológico pelo qual essa pesquisa
foi realizada. Para melhor compreensão, os materiais e métodos serão
apresentados de forma cronológica a construção e os testes de operação de uma
máquina de cortar garrafas de vidro e do uso destes vidros para a construção de
luminárias.
Foi construída uma máquina de cortar garrafas de vidro, com propósito inicial
de reaproveitar essas garrafas dando-lhes novas utilidades. Para tal projeto foi
utilizado materiais comuns de fácil acesso, sendo eles uma base de madeira
projetada a partir de esboços gráficos, uma resistência elétrica, fios, barras
roscadas e outros insumos listados a seguir na Tabela 4.1 - Materiais utilizados..
Tabela 4.1 - Materiais utilizados.
Material Quantidade
Madeira 0,5 m²
Resistência elétrica (220 V) 1
Motor de micro-ondas (127 V e 4 W)
1
Disjuntores (10 A e 32 A) 2
Barra roscada 1/4" 1,0 m
Porca 1/4" 10
Arruela lisa 1/4" 6
Parafuso 4x40 mm 2
Parafuso 4x30 mm 36
Parafuso 4x20 mm 4
Chapa de metal 5x1,5 cm 2
Cabo PP 2x2,5 mm 2,5 m
Tomada macho 2P 1
Granito 0,014 m²
A máquina foi construída toda em madeira por ser um material muito comum
e fácil de trabalhar. Inicialmente foi construída a base de madeira que serve de
apoio para a resistência elétrica e suporte da garrafa. Foi escolhida a configuração
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. MÁQUINA DE CORTAR GARRAFA
44
do apoio em “V” para a resistência, de modo a proporcionar os cortes aos variados
diâmetros de garrafa.
O esquema do circuito elétrico e do design da máquina é ilustrado através
das figuras seguintes. A Figura 4.1 configura o circuito elétrico utilizado, constituído
de uma fonte de tensão, uma resistência elétrica de chuveiro e um motor elétrico
de micro-ondas associados em paralelo.
Figura 4.1 - Esquema elétrico da máquina.
A Figura 4.2, Figura 4.3, Figura 4.4 e Figura 4.5 ilustram as diferentes vistas
do projeto gráfico em 3D.
Figura 4.2 - Vista lateral.
Figura 4.3 - Vista inferior.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
45
Figura 4.4 - Vista frontal.
Figura 4.5 - Vista diagonal.
A Figura 4.6 e Figura 4.7 demostram o processo de produção e montagem
da base em madeira com as dimensões descritas a seguir de cada peça
demonstradas na
Figura 4.8. Foi utilizada uma chapa de 0,5 m² de área com 1,5 cm de
espessura de onde cada peça que compõe a máquina foi retirada. A base da
máquina (1) foi construída com 27,0 cm de largura, 41,0 cm de comprimento e 8,0
cm de altura. A base do elevador (2) do motor foi produzida com 17,0 cm de altura
por 6,5 cm de comprimento por 11,0 cm de largura e o elevador (3) com 7,8 cm de
largura por 4,0 cm de comprimento por 7,0 cm de altura. A base da resistência (4)
teve 23,8 cm de largura, 5,2 cm de comprimento por 5,0 cm de altura.
Figura 4.6 - Peças da base.
Figura 4.7 - Montagem da base.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
46
Figura 4.8 - Identificação das peças.
Foi realizada uma perfuração na base da máquina e do elevador para a
passagem da barra roscada, responsável por delimitar a distância do corte e o
ajuste da altura do elevador que comporta o motor que realiza o giro da garrafa.
Para isso foram fixadas porcas em chapas de aço de 5x1,5 cm através de solda e
essas chapas foram parafusadas no elevador (Figura 4.9) e na base da resistência.
Figura 4.9 - Porca parafusada na chapa de metal e fixada no elevador.
Em seguida foi feita a instalação das barras roscadas, uma com 45,5 cm de
comprimento responsável por mover a base de suporte da resistência
determinando a distância do corte da garrafa com relação ao gargalo (Figura 4.11),
e a outra por ajustar a altura do motor para as garrafas de diâmetros variados com
comprimento de 21,0 cm (Figura 4.11).
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
47
Figura 4.10 - Barra roscada para deslocamento do suporte da resistência.
Figura 4.11 - Barra roscada para deslocamento do elevador.
Com a base finalizada foi realizado um corte de 1,7 cm de largura por 28,0
cm de comprimento na qual o suporte da resistência se desloca como mostra a
Figura 4.12 - Corte para o deslocamento da base da resistência., e na lateral para
encaixar disjuntores como mostra a Figura 4.13 - Encaixe lateral para o
disjuntor.Figura 4.13.
Figura 4.12 - Corte para o deslocamento da base da resistência.
Figura 4.13 - Encaixe lateral para o disjuntor.
Na Figura 4.14 é mostrado o motor elétrico utilizado, responsável por manter
o giro da garrafa sobre a resistência com uma velocidade constante garantindo
maior uniformidade na troca de calor e um corte com maior precisão. O motor
utilizado é de baixa rotação e opera em corrente alternada com tensão 127 volts
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
48
(127 V) com potência de 4 watts (4 W), aplicado em fornos micro-ondas. Foi
utilizado uma rolha de madeira parafusada ao eixo do motor como peça
responsável por conectar a garrafa ao motor.
Figura 4.14 - Motor de micro-ondas.
Foi utilizada como apoio da resistência uma chapa de granito para evitar o
contato direto da resistência com a base em madeira, e, consequentemente sua
combustão. Foram utilizados duas peças simétricas sob a forma de trapézio onde
a base maior mede 11,5 cm, a base menor mede 4,0 cm e o comprimento 12,0 cm.
O corte e a colocação das peças são ilustradas a seguir pela Figura 4.16 e Figura
4.16.
Figura 4.15 - Suporte em granito para a resistência.
Figura 4.16 - Fenda para acomodar a resistência.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
49
Ao ser percorrida pela corrente elétrica a resistência é aquecida a ponto de
amolecer, sendo assim facilmente deformada quando estiver sujeita ao peso da
garrafa, portanto foi feito um canal na pedra de granito para acomodar a resistência
e evitar que a garrafa fique diretamente apoiada sobre ela evitando essa
deformação, o desgaste e seu rompimento comprometendo a precisão do corte e
ocasionando acidentes.
Em seguida foi feita a instalação dos fios condutores e dos disjuntores de 10
ampères (10 A) para o motor e 32 ampères (32 A) para a resistência. Os disjuntores
têm como função proteger circuitos elétricos, e neste caso além da proteção foram
usados ao mesmo tempo como chave liga/desliga.
A Figura 4.17 mostra a máquina concluída e em funcionamento.
Figura 4.17 - Máquina finalizada e em funcionamento.
Inicialmente se propôs a montagem de uma luminária de mesa, pendente e
arandela. Para a produção das luminárias optou-se por utilizar materiais comuns
de fácil aquisição, assim foram utilizados tubo de PVC com diâmetro de 20 mm,
madeira, fios, soquetes e lâmpadas. Antes do corte as garrafas tiveram sua
superfície interna e externa lavadas e enxugadas garantindo a ausência de
partículas sólidas e vestígios do rótulo. Em seguida, precedendo o início à produção
das peças de iluminação, as garrafas tiveram suas bordas lixadas com lixa para
ferro removendo os riscos de corte ao manuseá-las.
4.2. LUMINÁRIAS
Fonte: Autor.
50
Para a construção da luminária de mesa utilizou-se tubo e conexões de PVC,
por mostrar-se econômico e fácil de moldar o design da peça. A princípio foi
montada a base da luminária (Figura 4.19), de modo a apoiá-la em pé e onde
também seria instalada a chave liga/desliga. Foram utilizados 4 tês, 4 joelhos de
90° e 31,0 cm de tubo dividido em 2 partes de 10,0 cm, 2 de 6,0 cm e 3 partes de
3,0 cm utilizadas para interligar os tês. Esses materiais encontram-se ilustrados na
Figura 4.18.
Figura 4.18 - Conexões em PVC.
Figura 4.19 - Base da luminária.
Em seguida montou-se a parte onde seria encaixada uma garrafa de 6,0 cm
de diâmetro, utilizando duas luvas de redução, uma de 25x20 mm e a outra de
40x25 mm interligadas por um tubo de 25 mm de diâmetro e 2,0 cm de
comprimento, e uma seção de tubo (20 mm de diâmetro) com 10,0 cm de
comprimento de modo a transpassar pelas reduções como mostra a Figura 4.20 a
seguir. Para isso a borda interna da redução de 25x20 mm foi lixada e removida.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
51
Figura 4.20 - Encaixe da garrafa.
Para que a garrafa encaixasse no tubo de 20 mm de diâmetro, foi necessário
lixar o tubo para adentrar no gargalo da garrafa (Figura 4.21).
Figura 4.21 - Garrafa presa ao encaixe.
Posteriormente foi feito um orifício no tê de PVC da base para passar o cabo
paralelo, foi então montada a luminária utilizando 2 joelhos de 90°, 2 tubos, um de
46,0 cm e o outro de 24,0 cm e logo após pintada (Figura 4.22). Por fim foi feita a
passagem de 3,0 m de cabo pelo interior do tubo e instalada a chave liga/desliga
como mostra a Figura 4.23.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
52
Figura 4.22 - Luminária pintada.
Figura 4.23 - Luminária finalizada.
Para a produção da luminária arandela utilizou-se suporte em madeira a ser
fixado na parede, tampa de garrafa PET, cabo paralelo e a garrafa de vidro.
As garrafas podem ser pintadas com tinta spray Figura 4.24) e decoradas
com desenhos de formas variadas a fim de conferir à peça um visual melhor além
de impedir ofuscamento visual.
As tampas de garrafa PET (Figura 4.25) foram lixadas internamente e
removidas as roscas para que encaixassem melhor no gargalo da garrafa de vidro,
em seguida foram furadas para fazer a passagem do cabo e logo depois pintadas.
Figura 4.24 - Garrafas pintadas.
Figura 4.25 - Tampas de garrafa.
Em seguida fez-se a passagem de 2,0 m de cabo paralelo já com o soquete
da lâmpada instalado, pelo interior da garrafa e de furos feitos no suporte
finalizando a peça como mostra a Figura 4.26.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
53
Figura 4.26 - Arandela finalizada.
Para construir o pendente utilizaram-se basicamente 3 garrafas, 3,0 m de
fio, os soquetes para as lâmpadas e um apoio circular com diâmetro de 30,0 cm
feito em madeira (Figura 4.27). Os fios foram instalados nos soquetes do tipo E27
e passados pelo interior das garrafas e em seguida pelos orifícios presentes no
suporte, suporte que, posteriormente poderá ser fixado diretamente ao teto ou
manter-se suspenso por cabos. O resultado final é visto na Figura 4.28.
Figura 4.27 - Materiais para o pendente.
Figura 4.28 - Pendente finalizado.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
54
Foram realizados diversos cortes com o intuito de determinar o tempo de
corte e avaliar a precisão do mesmo em garrafas redondas e quadradas com
tamanhos variados.
Para as garrafas quadradas devido à sua geometria e a geometria da base
de apoio da resistência, as garrafas se desprendiam do motor e paravam de girar,
e com apenas uma parte da garrafa sobre a resistência a mesma apresentava
trincas nessa região e não se partia (Figura 5.1).
Figura 5.1 - Garrafas quadradas.
Garrafas com diâmetro maior apresentavam o traçado do corte com sutis
variações (Figura 5.2) enquanto garrafas menores apresentavam o corte mais
alinhado (Figura 5.3). Isso porque com o uso contínuo a resistência sofre desgaste
tendo sua integridade e alinhamento comprometidos afetando diretamente o corte
das garrafas.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: Autor.
55
Figura 5.2 - Garrafa com diâmetro 8 cm.
Figura 5.3 - Garrafa com diâmetro 6 cm.
É importante evitar que a rotação da garrafa seja interrompida antes do corte,
por desprendimento da garrafa ou desligamento antecipado do motor, causando
fratura irregular da garrafa (Figura 5.4) ou saliências na superfície do corte (Figura
5.5).
Figura 5.4 - Garrafa com corte irregular.
Figura 5.5 - Saliência na superfície do corte.
Para garantir uma melhor precisão no corte, a resistência deve estar bem
alinhada, sem apresentar desvios ou deformações ao longo de toda ela,
principalmente na região de contato com a garrafa. O apoio que conecta o gargalo
da garrafa ao motor também deve estar bem fixo e alinhado.
Além disso, para que a superfície do corte não apresente saliência, é
necessário manter a resistência ligada até que o rompimento da garrafa ocorra
além das garrafas estarem limpas, sem vestígios de rótulos e sujeira.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
Fonte: Autor. Fonte: Autor.
56
A princípio, a construção da máquina de cortar garrafas de vidro bem como
as luminárias produzidas se mostrou viável, apresentando um baixo custo, com
produção e montagem simples e materiais acessíveis. As tabelas a seguir
apresentam a relação dos materiais utilizados na construção e montagem da
máquina e das luminárias, e o custo total de produção. A composição de preços da
máquina foi feita baseada em três estabelecimentos, apresentando um valor
mínimo inicial de R$103,30 e máximo de R$107,94.
Tabela 5.1 - Materiais e custo de montagem da máquina.
Material Und. Quant. Custos
Estabelecimento A Estabelecimento B Estabelecimento C
Madeira m² 0,5 R$ 25,00 R$ 20,00 R$ 23,00
Resistência elétrica (220 V) peça 1 R$ 16,90 R$ 20,90 R$ 19,90
Motor de micro-ondas peça 1 R$ 15,00 R$ 18,00 R$ 16,00
Disjuntor (10 A) peça 1 R$ 8,70 R$ 8,90 R$ 5,89
Disjuntor (32 A) peça 1 R$ 10,30 R$ 11,80 R$ 7,49
Barra roscada 1/4" m 1 R$ 5,00 R$ 3,99 R$ 4,98
Porca 1/4" peça 10 R$ 1,00 R$ 1,00 R$ 1,00
Arruela lisa 1/4" peça 6 R$ 1,20 R$ 2,40 R$ 1,80
Parafuso 4x40 peça 2 R$ 0,40 R$ 0,30 R$ 0,40
Parafuso 4x30 peça 36 R$ 5,40 R$ 3,60 R$ 5,40
Parafuso 4x20 peça 4 R$ 0,40 R$ 0,20 R$ 0,40
Chapa de metal 5x1,5 cm peça 2 R$ 5,00 R$ 5,00 R$ 5,00
Cabo PP 2x2,5 mm m 2,5 R$ 7,95 R$ 6,97 R$ 7,50
Tomada macho 2P peça 1 R$ 2,15 R$ 1,89 R$ 2,09
Granito m² 0,014 R$ 2,92 R$ 2,99 R$ 2,45
Custo total R$ 107,32 R$ 107,94 R$ 103,30
5.1. CUSTO DA MÁQUINA DE CORTAR GARRAFAS DE
VIDRO E DAS LUMINÁRIAS
57
Tabela 5.2 - Materiais e custo de montagem da luminária de mesa.
Material Unidade Quantidade Custo total (R$)
Tubo PVC 20 mm m 1,25 2,98
Joelho 90° PVC 20 mm peça 6 3,90
Tê PVC 20 mm peça 4 2,56
Redução PVC 25x20 mm peça 1 1,41
Redução PVC 40x25 mm peça 1 2,60
Cabo paralelo m 3 4,05
Plugue tomada macho peça 1 1,95
Chave liga/desliga peça 1 2,95
Soquete E27 peça 1 2,28
Lâmpada peça 1 2,66
Tinta spray lata 1 12,50
Garrafa peça 1 0,00
Custo total 39,84
Tabela 5.3 - Materiais e custo de montagem da luminária arandela.
Material Unidade Quantidade Custo total (R$)
Suporte de madeira peça 1 5,00
Cabo paralelo m 2 2,70
Soquete E27 peça 1 2,28
Lâmpada peça 1 2,66
Tinta spray lata 1 12,50
Garrafa peça 1 0,00
Custo total 25,14
58
Tabela 5.4 - Materiais e custo de montagem da luminária pendente.
Material Unidade Quantidade Custo total (R$)
Suporte de madeira peça 1 5,00
Cabo paralelo m 3 4,05
Soquete E27 peça 3 6,84
Lâmpada peça 3 7,98
Tinta spray lata 1 12,50
Garrafa peça 3 0,00
Custo total 36,37
59
A construção da máquina de cortar garrafas de vidro mostrou-se
tecnicamente viável, oferecendo possibilidade de criação de objetos de decoração
e outros afins proporcionando o maior acesso de pessoas no uso e reutilização do
vidro, aplicando-o na iluminação.
A máquina mostrou-se funcional e prática, apresentando corte preciso e
tempo médio de corte de 50 segundos para garrafas redondas com diâmetro de 8,0
cm e 30 segundos para garrafas com diâmetro de 6,0 cm. Em relação às garrafas
de geometria quadrada, a máquina não se mostrou eficaz, devido ao formato da
base da resistência e do apoio que conecta a garrafa ao motor.
Com pouco material foi possível produzir luminárias tanto funcionais como
estéticas. Com a disponibilidade de materiais e garrafas com variadas formas é
possível ter luminárias com design próprio e que proporcionem uma iluminação
adequada e um complemento estético e decorativo ao ambiente em que se
encontram. As luminárias apresentaram um baixo custo com tempo de produção
curto.
O custo inicial da máquina avaliando apenas o preço dos materiais
adquiridos teve um total médio de R$106,19. Considerando um tempo de produção
de oito horas com a tarifa atual do KWh e fazendo uso das ferramentas elétricas
tem-se um gasto de energia estipulado em R$0,99 que somado ao custo de
materiais totaliza R$107,18. Aplicando em cima desse valor um percentual de 40%
(quarenta por cento) de mão de obra a máquina teve custo total final de R$150,05.
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
6.1. CONCLUSÕES
60
Com base na experiência durante este trabalho ficam listadas a seguir
algumas possíveis sugestões de modificações na máquina que possibilitem
maximizar o reaproveitamento de garrafas.
• Um design “enxuto” e mais eficiente, reduzindo o material utilizado
consequentemente o peso e o custo, e capaz de realizar cortes em garrafas
de geometria quadrada, aumentando as possibilidades de aproveitamento e
criação de luminárias e outros objetos.
• Melhorar a conexão entre a garrafa e o motor, evitando a interrupção da
rotação da garrafa e a fratura irregular da mesma diminuindo as perdas.
6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
61
ASSOCIAÇÃO TÉCNICA BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS AUTOMÁTICAS DE
VIDRO. ABIVIDRO. Disponível em: <www.abividro.org.br>. Acesso em: 25 Outubro
2016.
AKERMAN, M. Natureza, Estrutura e Propriedades do Vidro. Saint-Gobain
Centro Técnico de Elaboração do Vidro. [S.l.], p. 37. 2000.
AKERMAN, M. Introdução ao vidro e sua produção. [S.l.]. 2013.
ALVES, O. L.; GIMENEZ, I. D. F.; MAZALI, I. O. Vidros. Cadernos Temáticos de
Química Nova na Escola, São Paulo, n. Especial, p. 13-24, Maio 2001.
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aplicações de vidros na construção civil. NBR 7199. Rio de Janeiro, 1989.
AZEREDO, H. A. D. O edifício até sua cobertura. 2ª. ed. São Paulo: Edgard
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Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense. Rio Grande do Sul,
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CALLISTER, J. . W. D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 5ª.
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CALLISTER, J. . W. D. Ciência e Engenharia dos Materiais: Uma Introdução.
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62
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CEBRACE. Os tipos de vidro, 2015. Disponível em:
<http://www.cebrace.com.br/#!/enciclopedia/interna/os-tipos-de-vidro>. Acesso
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Common Future. Organização das Nações Unidas. [S.l.]. 1987.
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Porto - Mestrado em construções de edifícios. [S.l.]. 2005.
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2000.