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INTERGERACIONALIDADE, REDES DE APOIO E PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI CONSTRUÇÃO D E U MA R EDE D E C UIDADOS I N T E RV E N Ç ÃO C O M A F A MÍ L I A E O M EIO S O C I A L D O I D O S O MANUAL DO FORMADOR

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INTERGERACIONALIDADE, REDES DE APOIO E PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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FICHATÉCNICA

INTERGERACIONALIDADE,REDES DE APOIO E PRESTAÇÃO DECUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI

ENTIDADE PROMOTORASanta Casa da Misericórdia de Mértola

EQUIPA TÉCNICASanta Casa da Misericórdia de MértolaIFH - Instituto de Formação para o DesenvolvimentoHumano

APOIO TÉCNICO DOCUMENTALAssociação Indiveri Colucci / Clínica Médica da Linha // Casa de Repouso de Paço d’Arcos Paradoxo Humano

AUTORIACristina Coelho

GESTÃO E COORDENAÇÃOEmília Colaço (Santa Casa da Misericórdia de Mértola)José Silva e Sousa e Cláudia Miguel (IFH)

CONSULTORESCristina CoelhoMarta SimõesAna Assunção

DESIGN, PRODUÇÃO GRÁFICA, PAGINAÇÃO E REVISÃOIFH / PSSdesigners

PRODUÇÃO VÍDEOIFH - Instituto de Formação para o DesenvolvimentoHumano

EDIÇÃOIFH - Instituto de Formação para o DesenvolvimentoHumano

MANUAIS TÉCNICOS “CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DECUIDADOS: INTERVENÇÃO COM AFAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO”

CONCEPÇÃOCristina Coelho

REVISÃO E SUPERVISÃO DE CONTEÚDOSMarta SimõesSanta Casa da Misericórdia de MértolaIFH - Instituto de Formação para o DesenvolvimentoHumano

DESIGN, PRODUÇÃO GRÁFICA, PAGINAÇÃO E REVISÃOIFH / PSSdesigners

FICHA TÉCNICA

Produção apoiada pelo Programa Operacional de Emprego, Formação eDesenvolvimento Social (POEFDS)

Medida: 4.2. Desenvolvimento e Modernização das Estruturas e Serviçosde Apoio ao Emprego.

Tipologia do Projecto: 4.2.2. Desenvolvimento de Estudos e RecursosDidácticos.

Acção Tipo:4.2.2.2. Recursos Didácticos.

Co-financiado pelo Estado Português e pela União Europeia através doFundo Social Europeu

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PREFÁCIO

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Nos países tidos como mais desenvolvidos assistimos, presentemente, a um fenómeno curioso: o envelhe-cimento da população idosa.

Como consequência, o sector da prestação de cuidados a idosos sofreu um incremento de actividade, mul-tiplicando-se os serviços disponibilizados e diversificando-se o tipo de oferta dos mesmos.

A nível nacional é importante apostar no desenvolvimento de redes sociais de apoio, eficazes e eficientes,em contexto institucional e a nível familiar.

Para que tal se verifique, é através da formação qualificada que se poderão dotar os seus intervenientes,profissionais ou cuidadores, das competências necessárias para lidar com as problemáticas inerentes aoaumento da esperança média de vida e à crescente dependência dos nossos idosos, potenciando e facilitan-do o envolvimento dos familiares na tarefa.

Neste sentido, e tendo já uma vasta experiência neste ramo de actividade, não só em termos formativoscomo também na intervenção diária em estruturas de prestação de cuidados, a Santa Casa da Misericórdiade Mértola propôs-se desenvolver o projecto “INTERGERACIONALIDADE, REDES DE APOIO EPRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI”, constituído por manuais técnicos do formador edo formando e vídeos sobre a mesma temática a utilizar de forma integrada.

Temas:

• A alimentação do idoso• Cuidar do idoso com demência• Animação intergeracional• Construção de uma rede de cuidados: Intervenção com a família e o meio social do idoso

Pretende-se, como tal, colmatar, as dificuldades que os cuidadores, profissionais de saúde ou familiares, sen-tem diariamente, potenciando, em última consequência, o atraso da institucionalização dos idosos e con-tribuindo para o aumento da sua qualidade de vida.

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OBJECTIVOS GERAIS

PRÉ-REQUISITOS DO FORMANDO

PERFIL DO FORMADOR

PLANO GERAL DE DESENVOLVIMENTODE TEMAS

1. ENQUADRAMENTO SOCIAL DO APOIOAO IDOSOPlanificação, Orientação metodológicae Actividades formativas AvaliaçãoEnunciados

2. O IDOSO, O ENVELHECIMENTO E APERDAPlanificação, Orientação metodológica e Actividades formativas AvaliaçãoEnunciados

3. MANUTENÇÃO E ESTABELECIMENTODE REDES DE APOIO INFORMALPlanificação, Orientação metodológica e Actividades formativas AvaliaçãoEnunciados

4. AS INSTITUIÇÕES DE APOIO AOIDOSOPlanificação, Orientação metodológica e Actividades formativas AvaliaçãoEnunciados

5. QUALIDADE DE VIDA E DIREITOS DOIDOSOPlanificação, Orientação metodológica e Actividades formativas AvaliaçãoEnunciados

6. CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DECUIDADOSPlanificação, Orientação metodológica e Actividades formativas AvaliaçãoEnunciados

SOLUÇÕES DAS ACTIVIDADES

ANEXO 1. TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

ANEXO 2. DIAPOSITIVOS

ANEXO 3. OUTRA INFORMAÇÃO ÚTILBibliografia aconselhadaOutros auxiliares didácticos complementaresContactos úteisAgradecimentos

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ÍNDICE

4

ÍNDICE

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OBJECTIVOS GERAIS

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Este manual deve constituir um auxiliar para o formador responsável pela informação ou formação de fami-liares e profissionais na área da geriatria, em que seja focada especificamente a temática da construção dasredes de cuidados, esclarecendo os diferentes contextos de partida, os aspectos a considerar a nível deapoio formal e informal e guiando os agentes desta área para a adopção de boas práticas com vista à me-lhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos.

Para tal, pretende-se:

• Dotar o formador de uma planificação integrada nos seguintes conteúdos temáticos:• Enquadramento social do apoio ao idoso • O idoso, o envelhecimento e a perda• Manutenção e estabelecimento de redes de apoio• As instituições de apoio ao idoso• Qualidade de vida e direitos do idoso• Construção de uma rede de cuidados

• Fornecer linhas gerais de orientação metodológica na condução das sessões formativas.

• Fornecer um conjunto de actividades e exercícios de avaliação e respectivas soluções que o formador podeusar para conferir um carácter mais prático à formação.

• Indicar bibliografia aconselhada para que o formador se possa preparar e domine uma variedade de recur-sos possíveis a indicar aos formandos consoante as suas necessidades de aprofundamento dos temas.

Ao estruturar este guia para o formador, tentou-se ter em consideração o ritmo ternário da formação, estandoo planeamento modular concebido de modo a sequenciar a recolha, tratamento e aplicação da informação aabordar.

OBJECTIVOS GERAIS

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PRÉ-REQUISITOS DO FORMANDO

Os formandos devem estar ligados à prestação de cuidados a idosos, quer enquanto cuidadores formais ouinformais, quer enquanto profissionais que desenvolvam um trabalho de formação ou informação com estes,ou com a comunidade.

Deverão ainda apresentar os seguintes pré-requisitos:

• Gosto pelos cuidados geriátricos; • Sensibilidade pelas particularidades do trabalho com seniores;• Capacidade de comunicação;• Facilidade em estabelecer e manter relações interpessoais;• Responsabilidade e maturidade emocional;• Capacidade de resolver problemas e de ultrapassar situações imprevistas;• Dinamismo e espírito de iniciativa;• Capacidade para trabalhar em equipa, para gerir e incentivar grupos.

PRÉ-REQUISITOS

DO FORMANDO

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PERFIL DO FORMADOR

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Apresentamos, em linhas gerais, um perfil para os formadores que trabalhem na área da prestação decuidados a idosos.

Em termos pedagógicos:

• Capacidade para motivar e incentivar os formandos, para que estes invistam e trabalhem os conteúdospropostos, facilitando a sua apreensão.• Competência para demonstrar procedimentos, desenvolvendo e conduzindo a prática na formação atravésde situações ilustrativas, dinamizando e facilitando o processo de aprendizagem. • Domínio de estratégias pedagógicas devidamente adequadas às temáticas abordadas e à promoção dotransfer destas para a prática diária dos formandos.• Capacidade para proceder à avaliação da formação e do formando, desenvolvendo, com estes uma roti-na de auto-avaliação às práticas em contexto real.

Em termos técnicos:• Domínio das temáticas propostas.• Conhecimentos e/ou experiência na área da prestação de cuidados a idosos.• Conhecimentos e/ou experiência na área da construção/gestão de redes de cuidados a idosos.• Curso de formação pedagógica de formadores.

PERFILDO FORMADOR

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PLANO GERAL DE DESENVOLVIMENTO DE TEMAS

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1. ENQUADRAMENTO SOCIAL DO APOIO AOIDOSO

A velhice e o envelhecimento

A sociedade e os idosos

Características da sociedade portuguesa

A família e o idoso

2. O IDOSO, O ENVELHECIMENTO E A PERDA

Envelhecimento normal, patológico e bem sucedido

Auto-estima e auto-imagem do idoso

Passagem pelo processo de perda e luto

3. MANUTENÇÃO E ESTABELECIMENTO DEREDES DE APOIO

O apoio informal

O recurso ao apoio formal

TEMAS OBJECTIVOS GERAIS

• Definir envelhecimento e explicar as diferençasindividuais neste processo;

• Descrever a evolução do conceito social deidoso;

• Identificar os factores facilitadores do desenvolvi-mento de redes de apoio formal e informal nasociedade portuguesa;

• Indicar as alterações de estatuto e papel do idosona família, realçando a importância da actuaçãoda rede social de apoio;

• Distinguir envelhecimento normal, patológico ebem sucedido, relacionando-os com a integraçãoe empenhamento social do idoso;

• Definir auto-estima, auto-imagem e auto-conceito,aplicando-os à capacidade de adaptação na ter-ceira idade;

• Explicar sucintamente a teoria de life span, iden-tificando os conceitos principais e utilizando-ospara ilustrar a necessidade de manutenção doempenho social geriátrico;

• Descrever o processo de perda e luto, salientan-do a necessidade de uma actuação adequada darede social de apoio;

• Descrever o desenvolvimento de redes de apoioinformal, salientando as particularidades do papelde cuidador;

• Reconhecer a importância do recurso ao apoioformal, para, mediante as suas necessidades,garantir a autonomia e independência do idoso;

• Explicar as causas da institucionalização e osaspectos negativos desta;

• Ilustrar a importância do envolvimento do idosono processo de decisão, indicando os critériosgerais para a sua satisfação com a institucionalização;

PLANO GERALDE

DESENVOLVIMENTO

DE TEMAS

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Redes de apoio: relação entre formal e informal

4. AS INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO

Características gerais e modalidades de apoio

Funções ligadas à prestação de cuidados ao idoso

Acções de apoio ao idoso

5. QUALIDADE DE VIDA E DIREITOS DO IDOSO

Qualidade de vida séniorPromoção de qualidade devida do idoso

Os direitos do idoso

6. CONSTRUÇÃO DE UMAREDE DE CUIDADOS

Construir uma rede de cuidados - perspectiva docuidador informal

Construir uma rede de cuidados - perspectivaorganizacional

TEMAS OBJECTIVOS GERAIS

• Descrever a articulação entre redes de apoio for-mal e informal, indicando as dificuldades mais vul-gares, medidas para as atenuar e benefícios deuma boa relação;

• Explicar a necessidade das diferentes modali-dades de apoio, caracterizando-as e indicando ossistemas mistos como os mais benéficos;

• Indicar profissões técnicas ligadas à prestaçãode cuidados ao idoso, descrevendo as suasfunções sumariamente e referindo exemplos deactividades de suporte necessárias ao desenvolvi-mento destas;

• Enumerar medidas de apoio social definidas peloEstado português, distinguindo-as;

• Explicar o conceito de qualidade de vida, reco-nhecendo a sua importância e aplicação àprestação de cuidados;

• Descrever os direitos do idoso, aplicando exemplos;

• Identificar as fases da construção de uma redede cuidados, formal, informal ou mista, e os pro-cedimentos nelas envolvidos;

• Construir uma rede de cuidados.

PLANO GERALDE

DESENVOLVIMENTO

DE TEMAS

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Salienta-se que as planificações apresentadas deseguida são modulares e flexíveis, pretendendoservir como auxiliares ao formador na estruturaçãodas suas sessões. Este deverá ajustá-las me-diante o objectivo da acção (informar ou formar), opúblico-alvo (técnicos ou cuidadores informais) e otempo disponível, considerando o modelo de ritmoternário da formação. Os exercícios e actividadesapresentadas foram desenhados considerandoum grupo de doze formandos, devendo seradaptados caso este número difira.

Como tal, importa relembrar que é necessárioincluir no início de cada sessão um espaço para aintrodução ao módulo (apresentação dos objecti-vos, recolha de expectativas e motivação dos par-ticipantes) ou, no caso de sessões subsequentes,para a revisão dos conteúdos desenvolvidos atéao momento, situando a sessão no decorrer domódulo (e, consequentemente, da acção). Deverátambém ser previsto um tempo no final de cadasessão para a síntese dos temas trabalhados,relacionando-os com os já abordados e os queainda serão desenvolvidos no módulo, guiando,deste modo, o formando na sua aprendizagem.

Em anexo, são incluídos os diapositivos referidosem cada planificação modular, estando estesnumerados sequencialmente, dentro de cadacapítulo. Faz parte deste kit a apresentação empower-point com os mesmos.

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ENQUADRAMENTO SOCIAL DO APOIO AO IDOSO

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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PLANIFICAÇÃO

1. ENQUADRAMENTO

SOCIALDO APOIO

AO IDOSO

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• Define envelhecimento segundo a perspectivabiológica;

• Identifica os três grupos de influências do processode envelhecimento, referidos por Baltes, relacio-nando-os através de, pelo menos, um exemplo;

• Reconhece a importância da perspectiva social epsicológica para compreender as diferenças indi-viduais no envelhecimento;

• Define "estatuto" e "papel", aplicando-os àevolução do conceito social de idoso, utilizandoreferências demográficas, psicosociológicas ehistóricas;

• Explica os factores do envelhecimento da popu-lação portuguesa, relacionando as consequênciaseconómico-sociais desta com a evolução do con-ceito social de idoso.

• Indica as relações de troca estabelecidas entremeio urbano e rural, a valorização dos laços deafectividade e parentesco e a localização geográfi-ca como factores facilitadores do desenvolvimentode redes de apoio informal;

• Explica a necessidade destas redes referindo aresposta limitada das redes de apoio formal doestado português;

• Aplica os conceitos de "estatuto" e "papel" aocontexto fami l iar, re lac ionando-os com as alterações de vida características da entrada naterceira idade;

• Explica a importância da rede social de apoio namanutenção da autonomia e independência doidoso, usando exemplos relativos às alterações devida nesta fase.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Definir envelhecimento e explicar as diferençasindividuais neste processo;

• Descrever a evolução do conceito social deidoso;

• Identificar os factores facilitadores do desenvolvi-mento de redes de apoio informal e informal nasociedade portuguesa;

• Indicar as alterações de estatuto e papel do idosona família, realçando a importância da actuaçãoda rede social de apoio.

OBJECTIVOS GERAIS

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1. ENQUADRAMENTO

SOCIALDO APOIO

AO IDOSO

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5 min.

7 min.30 min.

10 min.

5 min. 20 min.

10 min.

20 min.

7 min.

90 min.

10 min.

40 min.

TEMPO

Método expositivo 1

Método interrogativo 1Método activo 1Discussão conduzida

Método expositivo 2

Método expositivo 3Método activo 2Discussão conduzida

Método expositivo 4

Método activo 3Discussão conduzida

Método expositivo 5

Método activo 4"Sr. Gonçalo, reformado"

Método expositivo 6

Avaliação

ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES

QuadroMarcadores coloridos

Flipchart e folhasMarcadores coloridos

Flipchart Marcadores coloridos

Enunciado Ficha de avaliação

MATERIAL

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1. ENQUADRAMENTO

SOCIALDO APOIO

AO IDOSO

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Método expositivo 1Para introduzir o tema, o formador começa porreferir que o envelhecimento é estudado através dediferentes abordagens, sendo a mais vulgarmentereferida a biológica, de que apresenta a definição.Por fim, salienta que, sendo um processo, a suaevolução pode ser influenciada por vários factores,distinguindo envelhecimento normal e patológico.

Método interrogativo 1Seguidamente, questiona os formandos quanto afactores que podem influenciar o processo de enve-lhecimento. As respostas devem ser registadas noquadro e agrupadas em três colunas.

Método activo 1Discussão conduzida: influências do processode envelhecimentoO formador atribui o nome a cada coluna, segundoa teoria de Baltes, propondo aos formandos quereflictam sobre a articulação destas categorias defactores ao longo da vida da pessoa. Apresentandoas três abordagens do processo de envelhecimentode Bond e Coleman (1994), propõe aos formandosque as relacionem com a teoria de Baltes.

Método expositivo 2O formador resume as principais ideias da dis-cussão conduzida, salientando a importância daperspectiva social e psicológica para a compreen-são do processo de envelhecimento.

Método expositivo 3O formador define estatuto e papel.

Método activo 2Discussão conduzida: evolução do estatutosocial e papel do idosoO formador questiona os formandos quanto aosmotivos da evolução do estatuto social do idoso,conduzindo a discussão de modo a que sejamcontemplados os seguintes tópicos: aumento daesperança média de vida e figura "recente" doidoso; valores da sociedade; apoio à terceira equarta idades pela comunidade; sobrecarga dapopulação mais jovem; descrédito no sistema deapoio social.

Método expositivo 4É feito um resumo com os tópicos principais da dis-cussão, em folha de flipchart que deve ser mantidavisível para o seguimento da formação.

Método activo 3Discussão conduzida: estatuto social e papel doidoso na sociedade portuguesaDe seguida deve focar-se a discussão nasociedade portuguesa, nas causas do seu enve-lhecimento, nas relações entre meio rural e urbano,nas dificuldades económicas e no questionamentodos meios de apoio social como factores favoráveisao desenvolvimento de redes de apoio informal.Cabe ao formador guiar os formandos pelo percur-so estabelecido.

Método expositivo 5O formador deverá fazer novamente uma sínteseestruturante da discussão, relacionando os tópicosabordados com os constantes do flipchart elabora-do anteriormente, salientando, assim, as caracterís-ticas especiais da sociedade portuguesa dentro deum fenómeno comum.

Método activo 4Estudo de caso: "Sr. Gonçalo, reformado."Dividindo os formandos em grupos (máximo de 4pessoas), o formador distribui os enunciados, faz asua leitura em voz alta, esclarece dúvidas e acom-panha o desenvolvimento dos trabalhos. Após aapresentação das primeiras respostas, orienta osformandos para a segunda tarefa, procedendo damesma forma. No final, deverá comentar os traba-lhos, estabelecendo a ligação destes com os próxi-mos temas em estudo, chamando a atenção paraas diferenças emergentes das diferentes aborda-gens de cada grupo.

Método expositivo 6Partindo das conclusões dos trabalhos dos forman-dos, devem ser salientadas as principais tarefascaracterísticas do período de entrada na terceiraidade, estabelecida claramente a relação com osconceitos de estatuto e papel ligados à manutençãoda autonomia e independência e da vivência activae socialmente empenhada da terceira idade.

AVALIAÇÃOSugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-ção que se apresenta de seguida.

ENUNCIADOSApresenta-se o enunciado da Ficha de avaliação edo Estudo de caso: "Sr. Gonçalo, reformado".

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

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FICHA DE AVALIAÇÃO

1. ENQUADRAMENTO

SOCIALDO APOIO

AO IDOSO

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ENQUADRAMENTO SOCIAL DO APOIO AO IDOSO

A presente Ficha de Avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo doprimeiro capítulo deste manual.

1. Diga se concorda ou não com a seguinte afirmação, justificando a sua resposta."O envelhecimento é um processo biológico controlável, que implica uma deterioração endógena das capaci-dades funcionais do organismo. Os tecidos degradam-se de forma igual quando estão sob a influência defactores como stress, traumatismos e doenças. Este tipo de envelhecimento é o normal."

2. Estabeleça a correspondência entre os conceitos e as suas definições.

Conceitos

1- Factores ligados ao grupo etário

2- Efeito de coorte

3- Factores não normativos

4- Estatuto social

5- Papel

6- Síndrome do ninho vazio

3. Refira os factores do envelhecimento da população portuguesa, relacionando-os com as alteraçõessociais e o Estado Previdência, salientando as características da sociedade portuguesa que acentuam amanutenção dos laços familiares.

4. De que forma pode a conservação da autonomia e independência sénior contribuir para a estabili-dade familiar?

5. Classifique as seguintes afirmações em verdadeiras (V) ou falsas (F), corrigindo as falsas.

a. Ao chegar à terceira idade, a pessoa quer que quem a rodeia a substitua nas suas tarefas, parapoder descansar.b. Um dos factores da alteração do estatuto do idoso foi a privatização da vida familiar.c. O idoso não se sente ultrapassado se os netos continuarem a brincar com ele. d. A emancipação da mulher contribuiu para a alteração do estatuto social do idoso.e. O aumento da Esperança Média de Vida não é suficiente para causar o envelhecimento da população.f. A reforma é um marco na vida de qualquer pessoa, por assinalar a recuperação da liberdade.

Definições

A - Explicam como as decisões individuais do idoso ou os acon-tecimentos inesperados da vida se relacionam com a particulari-dade do seu envelhecimento.

B - Explica problemas do idoso, relacionando-os com a meia--idade, a reforma e a saída dos filhos de casa.

C - Explica a posição relativa do idoso na sociedade, mediante acomparação de dimensões valorizadas.

D - Explica o comportamento esperado do idoso, mediante umconjunto de normas, direitos e deveres, correspondentes a umaescala social.

E - Explica de que forma os factores biológicos, previsíveis masnão controláveis, determinam a sucessão de acontecimentos devida da pessoa e o seu tipo de envelhecimento.

F - Explicam a influência das guerras, do tipo de ensino ou davivência de revoluções no processo de envelhecimento, emboraseja independente dele.

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1. ENQUADRAMENTO

SOCIALDO APOIO

AO IDOSO

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FICHA DE AVALIAÇÃO

g. A perspectiva psicológica da abordagem do envelhecimento é a mais importante, porque permiteintervir com esta população e prepará-la.h. Bond e Coleman utilizam três termos para designar as diferentes vertentes do envelhecimento:eldering para a social, senescência para a biológica e geronting para a psicológica.i. Os factores responsáveis pelo efeito de coorte na teoria de Baltes têm a sua maior expressão naadolescência e juventude.j. Antigamente não era frequente verem-se tantos idosos porque estavam todos fechados em laresou nas suas casas.k. É possível o idoso sentir-se integrado, manter-se activo e independente após a reforma.

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ESTUDO DE CASO: SR. GONÇALO, REFORMADO

"Esperei tanto por este dia que até pensei que era mentira quando ele finalmente chegou. A minha vidadeu uma volta… a princípio foi complicado. Ou melhor, a princípio soube bem não ter de acordar para irtrabalhar todos os dias. Eu até gostava do que fazia, mas estava um bocado cansado. Foi assim como umaespécie de umas férias que souberam lindamente. Até que começaram a fartar…

Todos os dias me levantava um bocadinho mais tarde. A minha esposa, mais nova do que eu, tinha de con-tinuar a trabalhar e estava sozinho a maior parte do dia. Ainda resolvi ajudá-la numa ou duas coisas emcasa, mas ela não se mostrou muito satisfeita com os resultados e resolvi desistir. Mas como ela trabalha-va num horário reduzido, passámos a estar muito mais tempo juntos. E sublinhe-se o muito! Às vezes nemsabíamos o que havíamos de fazer… sentia-me um pouco perdido. Foi aí que passou a ser complicado…"

Tarefa 1Tome como ponto de partida o relato do Sr. Gonçalo e diga quais as alterações de vida com que ele tevede lidar ao chegar à reforma. Imagine também, caracterizando-a, a dinâmica familiar deste senhor eexplique por que motivos ele poderá não estar satisfeito.

Com o seu grupo, tem quinze minutos para preparar a sua resposta e cinco para a apresentar aos restantescolegas.

Tarefa 2Suponha que o rumo da história do Sr.Gonçalo mudou e que o encontra daqui por um ano, estando elebastante satisfeito com a sua vida actual. Descreva os factores que levaram a essa mudança, indicando opapel da rede social de apoio.

Com o seu grupo, tem vinte minutos para preparar a resposta e sete para a apresentar aos restantescolegas.

1. ENQUADRAMENTO

SOCIALDO APOIO

AO IDOSO

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ENUNCIADOS

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2

2

O IDOSO, O ENVELHECIMENTO E APERDA

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

PLANIFICAÇÃO

2. O IDOSO,

O ENVELHECIMENTO

E A

PERDA

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PLANIFICAÇÃO

OBJECTIVOS GERAIS

• Define envelhecimento normal, patológico e bem--sucedido, indicando as três condições essenciaispara que o último se verifique;

• Identifica a influência do meio envolvente e estilode vida sénior para uma velhice bem sucedida,referindo a teoria de Baltes e utilizando os con-ceitos de plasticidade e restauração na argumen-tação;

• Nomeia os quatro preditores para uma velhicebem sucedida identificados pela FundaçãoMacArthur (nível de escolaridade; capacidade deexpiração pulmonar; aumento de actividade físicafatigante e percepção da auto-eficácia), relacio-nando-os com a integração e empenhamentosocial sénior;

• Define os cinco tipos de práticas de reforma deGuillemard, apontando o papel da proactividade doidoso e da integração social deste na percepçãode sucesso para a velhice;

• Define os conceitos de auto-estima, auto-imageme auto-conceito de acordo com o manual do for-mando, explicando a sua influência sobre a capaci-dade de adaptação do idoso, utilizando a figura do"sentido para a vida" da teoria de Coleman;

• Define identidade, história de vida, assimilação eacomodação, posicionando-os no ciclo de cons-trução da identidade de acordo com a teoria da lifespan;

• Demonstra a necessidade de manter o idoso acti-vo socialmente através da aplicação do ciclo deconstrução de identidade da teoria da life spannum exemplo;

• Explica as cinco fases do modelo de Kübler Rosspara o processo de luto e perda, nomeando-as eindicando a actuação adequada do cuidador emcada uma delas considerando os receios comunsdo idoso;

• Indica as principais tarefas a realizar no processode luto, usando exemplos (um idoso e umcuidador), ilustrando as dificuldades principais e operigo de estados depressivos e luto patológico.

• Distinguir envelhecimento normal, patológico ebem sucedido, relacionando-os com a integraçãoe empenhamento social do idoso;

• Definir auto-estima, auto-imagem e auto-conceito,aplicando-os à capacidade de adaptação na ter-ceira idade;

• Explicar sucintamente a teoria de life span, iden-tificando os conceitos principais e utilizando-ospara ilustrar a necessidade de manutenção doempenho social geriátrico;

• Descrever o processo de perda e luto, salientan-do a necessidade de uma actuação adequada darede social de apoio.

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TEMPOITINERÁRIO DE ACTIVIDADES

21

MATERIAL

Método interrogativo 1Método expositivo 1

Método activo 1Discussão conduzidaMétodo expositivo 2

Método interrogativo 2Método expositivo 3

Método activo 2Discussão conduzida

Método expositivo 4Método activo 3Discussão conduzida

Método expositivo 5

Método activo 4Discussão conduzida

Método expositivo 6Método activo 5Discussão conduzida

Método expositivo 7

Avaliação

2 min.10 min.

15 min.

5 min.

10 min.10 min.

20 min.

10 min.20 min.

15 min.

20 min.

7 min.35 min.

15 min.

35 min.

QuadroMarcadores coloridos

QuadroMarcadores coloridos

QuadroMarcadores coloridos

Apresentação: diapositivo: 2.1-2.4Videoprojector Portátil

Ficha de avaliação

2. O IDOSO,

O ENVELHECIMENTO

E A

PERDA

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22

Método interrogativo 1 O formador pergunta ao grupo o que poderá distin-guir o envelhecimento normal do patológico e dobem sucedido. Regista as respostas no quadro.

Método expositivo 1Partindo das propostas dos formandos, o formadorapresenta a definição de envelhecimento bem--sucedido e apresenta as três condições essenciaispara que ela se verifique.

Método activo 1Discussão conduzida: envelhecimento bemsucedidoSeguidamente, o formador pergunta que factoresterão influência no processo de envelhecimentopara que este seja bem sucedido e conduz a dis-cussão para que os formandos apliquem a teoria deBaltes. Apresenta as definições de plasticidade erestauração e pede aos formandos que osapliquem.

Método expositivo 2O formador resume as ideias principais da dis-cussão salientando a importância do estilo de vidaactivo para a velhice bem sucedida.

Método interrogativo 2No seguimento da discussão anterior, o formadorpergunta quais poderão ser os factores cuja pre-sença indique uma velhice bem sucedida, registan-do as opiniões no quadro.

Método expositivo 3O formador apresenta os dados dos estudos daFundação MacArthur para a velhice bem sucedida,e salienta a sua relação com o envelhecimento acti-vo e a manutenção de uma participação social ele-vada.

Método activo 2Discussão conduzidaO formador promove a d iscussão sobre as diferentes práticas de reforma possíveis, solicitandoaos formandos que as descrevam, registando osseus contributos no quadro, em cinco colunas sep-aradas. No final, atribui os nomes correspondentesa cada coluna e salienta a importância da proactivi-dade e da integração social do idoso para o suces-so da sua velhice.

Método expositivo 4O formador apresenta as definições de auto-estima,auto-imagem e auto-conceito.

Método activo 3Discussão conduzida: auto-estima, auto--imagem, auto-conceito e sentido de vidaSeguidamente, é perguntado aos formandos comose podem estes conceitos aplicar ao envelhecimen-to do idoso e à sua capacidade de adaptação, intro-duzindo na discussão a informação relativa a à teo-ria de Coleman e o conceito de "sentido para avida", pedindo ao grupo que o integre na discussão.

Método expositivo 5O formador explica a teoria da life span, segundoWhitbourne, definindo os conceitos essenciais eexplicando o ciclo de construção de identidade,usando os diapositivos 2.1-2.4.

Método activo 4Discussão conduzida: aplicação da teoria da lifespan

É solicitado ao grupo de formação que aplique omodelo da teoria da life span a um exemplo. O for-mador deve introduzir as variáveis necessárias paraque sejam ponderadas alterações positivas e nega-tivas da identidade e respectivas consequências.Poderão ser utilizadas as noções de auto-estima,auto-imagem e auto-conceito do indivíduo paraenriquecer a discussão.

Método expositivo 6O formador explica os receios geriátricos maiscomuns relativos à morte, salientando que estesganham progressivamente maior dimensão com aconvivência com casos próximos ou com oaparecimento de alguma patologia.

Método activo 5Discussão conduzida: modelo de luto deKübler-RossSeguidamente, o formador introduz o tema doprocesso de luto e perda vivido na primeira pessoa,informando da existência de um modelo que prevêfases. É solicitado aos formandos que identifiquemas fases e cabe ao formador orientar a discussãopara a descoberta do modelo, caracterização dasfases e da sua articulação. Posteriormente pedeaos formandos que construam dois exemplos emque o modelo possa ser aplicado a um idoso e umcuidador.

Método expositivo 7O formador resume as principais ideias relati-vamente ao processo de luto e perda, salientandoo papel que o cuidador pode desempenhar nele ealertando para os perigos do luto patológico.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

2. O IDOSO,

O ENVELHECIMENTO

E A

PERDA

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23

AVALIAÇÃOSugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-ção que se apresenta de seguida.

ENUNCIADOSApresenta-se o enunciado da Ficha de avaliação.

2. O IDOSO,

O ENVELHECIMENTO

E A

PERDA

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24

FICHA DE AVALIAÇÃO

2. O IDOSO,

O ENVELHECIMENTO

E A

PERDA

O IDOSO, O ENVELHECIMENTO E A PERDA

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo dosegundo capítulo deste manual.

1. Quais as três condições para considerar que um envelhecimento normal é bem sucedido?

2. Quais os factores preditores para a velhice óptima?

3. Guillrmand definiu cinco práticas de reforma, considerando o grau de empenho social e o tipo deactividade exercida pelo idoso. Nomeie-as e descreva-as, salientando o papel da proactividade e do empe-nhamento social para a velhice bem sucedida.

4. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações, corrigindo as falsas:

a. Segundo a teoria da life span, é a identidade que confere significado ao presente da pessoa, permitindo-lhe fazer projectos futuros na terceira idade.b. O processo de assimilação é utilizado para reformular a identidade quando o indivíduo se con-fronta com experiências traumáticas.c. O idoso terá tendência a recordar só os acontecimentos felizes do seu passado quando a suaidentidade é positiva.d. Todos os acontecimentos traumáticos vão dar origem a um processo de acomodação e a tornar aidentidade mais negativa.e. Quando um idoso morre, o facto de os filhos arrumarem as suas coisas e fazerem as partilhaspode ser positivo para o processo de luto.f. As fases do processo de luto e perda, segundo o modelo de Kübler-Ross são: recusa, cólera,angústia, negociação e aceitação.g. O cuidador deve estimular a actividade do idoso e o seu interesse por envolver-se na comunidade.h. Se o idoso assumir responsabilidades na sua rede social, mais dificilmente irá sentir-se só e terátendência a manter-se integrado, tendo a sua velhice favorecida.

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3

3

MANUTENÇÃO E ESTABELECIMENTO DE REDES DE APOIO

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

Page 26: CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOS · ... o sector da prestação de cuidados a idosos ... usar para conferir um carácter mais prático ... Construir uma rede de cuidados - perspectiva

• Expõe a importância da pressão social para aconstituição de uma rede de apoio informal, apon-tando quatro razões ligadas a esta para evitar ainstitucionalização;

• Explica o processo involuntário de tornar-secuidador, indicando cinco motivos comuns e rela-cionando-o com o estatuto social correspondente;

• Fala sobre o impacto da prestação de cuidadosna vida familiar, referindo o carácter sistémico edinâmico de família e rede de cuidados, usandoexemplos;

• Identifica o tipo de necessidade do idoso perantea modalidade escolhida, de acordo com o manualdo formando;

• Indica as cinco condições que garantem a quali-dade de vida do idoso sem institucionalização,relacionando-as com os conceitos de autonomia eindependência;

• Lista as causas mais frequentes de instituciona-lização, separando-as mediante o carácter de per-manência desta;

• Indica os três aspectos negativos da instituciona-lização, ligando-os a procedimentos inadequados,citando dados estatísticos e dando exemplos;

• Descreve os quatro tipos de envolvimento doidoso no processo de decisão da institucionaliza-ção, indicando aquele que melhor garante a suaadaptação;

• Lista os dez critérios gerais para avaliação ge-riátrica das instituições, relacionando-os com onível de satisfação do idoso;

• Fala sobre a articulação do apoio formal e informal, comparando os quatro modelos, referindobrevemente a sua evolução na sociedade e salien-tando a questão de atribuição de poderes;

• Valoriza a clarificação de papéis nas redes decuidados mistas, indicando os nove tipos de dificul-dades mais vulgares quando esta não existe, comexemplos;

• Explica os benefícios de uma efectiva articulaçãoentre cuidadores formais e informais, indicandoduas medidas institucionais para a concretizar,com exemplos.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

PLANIFICAÇÃO3. M

ANUTENÇÃO

E ESTABELECIMENTO

DE REDES DE APOIO

26

• Descrever o desenvolvimento de redes de apoioinformal, salientando as particularidades do papelde cuidador;

• Reconhecer a importância do recurso ao apoioformal, para, mediante as suas necessidades,garantir a autonomia e independência do idoso;

• Explicar as causas da institucionalização e osaspectos negativos desta;

• Ilustrar a importância do envolvimento do idosono processo de decisão, indicando os critériosgerais para a sua satisfação com a institucionaliza-ção;

• Descrever a articulação entre redes de apoio formal e informal, indicando as dificuldades maisvulgares, medidas para as atenuar e benefícios deuma boa relação.

OBJECTIVOS GERAIS

Page 27: CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOS · ... o sector da prestação de cuidados a idosos ... usar para conferir um carácter mais prático ... Construir uma rede de cuidados - perspectiva

30 min.

10 min.

30 min.

20 min.

30 min.

20 min.

2 min.5 min.

2 min.15 min.

5 min.

10 min.5 min.

3 min.10 min.

3 min.

10 min.

2 min.15 min.

5 min.

10 min.15 min.

20 min.

15 min.

5 min.

35 min.

TEMPO

27

Método activo 1"Sr. António e D. Maria"Método expositivo 1

Método activo 2"Sr. António e D. Maria" - parte IIMétodo expositivo 2

Método activo 3"Sr. António e D. Maria" - parte IIIMétodo expositivo 3

Método interrogativo 1Método expositivo 4

Método interrogativo 2Método activo 4Discussão conduzidaMétodo expositivo 5

Método interrogativo 3Método expositivo 6

Método interrogativo 4Método expositivo 7

Método interrogativo 5

Método expositivo 8

Método interrogativo 6Método activo 5Discussão conduzida: "O bom lar"Método expositivo 9

Método interrogativo 7Método expositivo 10

Método activo 6"A Marta, o avô e o Sr. Arménio"

Método activo 7"A Marta, o avô e o Sr. Arménio"- versão optimizada"Método expositivo 11

Avaliação

ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES

Enunciado

Enunciado

Videograma; Computador portátilVideoprojector

Enunciado

Videograma; Computador portátilVideoprojector

Quadro Marcadores coloridos

Quadro Marcadores coloridos

Quadro Marcadores coloridos

Quadro Marcadores coloridos

Quadro MarcadorApresentação: Diapositivos 3.1Videoprojector; Computador portátil

Quadro Marcadores coloridos

Folhas de flipchart

Quadro Marcadores coloridos

Enunciado

Enunciados

Ficha de avaliação

3. M

ANUTENÇÃO

E ESTABELECIMENTO

DE REDES DE APOIO

MATERIAL

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3. M

ANUTENÇÃO

E ESTABELECIMENTO

DE REDES DE APOIO

28

Método activo 1Estudo de caso: "Sr. António e D. Maria"O formador distribui os formandos por quatro gru-pos, entrega-lhes os enunciados, lê-os e esclarecedúvidas, acompanhando o desenvolvimento dostrabalhos. Durante as apresentações deve clarificarquestões e completar a informação.

Método expositivo 1O formador resume as conclusões dos formandos,frisando o factor pressão social como determinantena constituição de redes informais de apoio esalientando quatro razões para evitar a instituciona-lização.

Método activo 2Estudo de caso: "Sr. António e D. Maria - parte II"Continuando o estudo do caso do Sr. António e daD. Maria, são mantidos os mesmo procedimentos,orientando os formandos para a análise do pro-cesso involuntário de tornar-se cuidador e para oestatuto social de que este goza. Deve ser promovi-da a discussão sobre a assunção deste papel e oseu significado para a comunidade.

Método expositivo 2Partindo das apresentações dos formandos, reúneas suas conclusões e salienta os cinco motivosmais comuns para alguém se tornar cuidador.Seguidamente, recorre ao videograma para ilustrar,passando o capítulo correspondente.

Método activo 3Estudo de caso: "Sr. António e D. Maria - parte III"O formador volta a direccionar os grupos para aanálise do caso, explorando a perspectiva dosfamiliares do cuidador. Aquando da apresentaçãodos trabalhos dos formandos deve ser promovida adiscussão à volta deste tema.

Método expositivo 3Sintetizando as conclusões da discussão, o for-mador esclarece o carácter sistémico e dinâmico defamília, rede de cuidados e da comunidade.Seguidamente, recorre ao videograma para ilustrar,passando o capítulo em que são abordadas asalterações e ajustes na dinâmica familiar para incluiro idoso.

Método interrogativo 1O formador pergunta aos formandos que necessi-dade lhes parece existir quando um idoso procuraum centro de dia ou de convívio e quando pretendeapoio domiciliário. Regista as suas respostas noquadro.

Método expositivo 4O formador estabelece a correspondência entre osvários tipos de apoio, necessidades emocionais etécnicas do idoso.

Método interrogativo 2O formador pergunta aos formandos como sepoderá avaliar a provável qualidade de vida doidoso a fim de ponderar a institucionalização, procu-rando factores que a devam determinar. Asrespostas são apontadas no quadro.

Método activo 4Discussão conduzidaO formador promove a discussão sobre o tema,indicando o tópico "autonomia e independência"para que os formandos o relacionem com a quali-dade de vida do idoso e a decisão de instituciona-lização.

Método expositivo 5Partindo dos contributos dos formandos, o formadorindica as cinco condições que garantem a quali-dade de vida do idoso sem institucionalização, esta-belecendo uma relação clara entre estes e aautonomia e independência sénior.

Método interrogativo 3O formador pergunta aos formandos quais são ascausas mais frequentes da institucionalização.Anota as suas respostas no quadro.

Método expositivo 6Sistematiza e ordena os contributos dos formandos,associando as causas da institucionalização aocarácter de permanência desta.

Método interrogativo 4O formador questiona o grupo de formação quantoaos aspectos negativos que a institucionalizaçãopode ter para o idoso. Inicia o registo das respostasno quadro.

Método expositivo 7O formador relaciona as respostas dos formandoscom procedimentos inadequados, citando dadosestatísticos.

Método interrogativo 5O formador solicita a opinião dos formandos sobrea forma de tomar a decisão de institucionalização eo tipo de envolvimento do idoso, registando as suasrespostas.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

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3. M

ANUTENÇÃO

E ESTABELECIMENTO

DE REDES DE APOIO

29

Método expositivo 8São apresentados pelo formador os quatro tipos deenvolvimento do idoso no processo de decisãosobre a institucionalização, salientando-se aqueleque melhor garante a adaptação do idoso.(Diapositivo 3.1).

Método interrogativo 6O formador pergunta aos formandos quais, na suaopinião, são os critérios que a população geriátricautiliza para avaliar as instituições com serviços deinternamento permanente e regista as suasrespostas no quadro.

Método activo 5Discussão conduzida "O bom lar"Perante as primeiras sugestões, o formador podepedir que tenham em consideração a questão daqualidade de vida e que reflictam sobre as dife-renças que devem existir entre a sua forma de pen-sar e a de um idoso.

Método expositivo 9O formador apresenta os dez critérios que a popu-lação geriátrica geralmente utiliza na avaliação deum lar utilizando as folhas de flipchart previamentepreparadas. Relaciona-os com as sugestões dosformandos e com o nível de satisfação do idoso.

Método interrogativo 7O formador pergunta ao grupo de que forma searticulam as redes de apoio formal com oscuidadores informais, registando no quadro asopiniões, separadas por quatro colunas, de acordocom os modelos.

Método expositivo 10Após completar as colunas de informação com ascaracterísticas de cada modelo, o formador escreveo nome respectivo no topo da cada coluna. No final,faz uma breve contextualização histórica daevolução dos modelos, salientando a questão dadetenção ou partilha do poder por ambas as partes,como determinante para o nível de satisfaçãomútuo.

Método activo 6Estudo de caso: "AMarta, o avô e o Sr. Arménio"O formador distribui os enunciados, lê-os com ogrupo e acompanha o desenvolvimento dos trabal-hos. Durante as apresentações deve guiar os for-mandos para a descoberta de soluções mais ade-quadas.

Método activo 7Estudo de caso: "A Marta, o avô e o Sr. Arménio- versão optimizada"Mantendo os procedimentos do primeiro momentodo estudo deste caso, o formador guia os forman-dos para a descoberta das formas de actuaçãomais adequadas a cada situação e na necessidadede formação para a implementação de uma políticade comunicação eficiente nas instituições e com asfamílias.

Método expositivo 11O formador resume as conclusões dos trabalhosdos formandos, salientando os benefícios da efecti-va articulação entre cuidadores formais e informais.Deve ainda realçar a importância que as orien-tações institucionais desempenham nesta questão,alertando para os cuidados necessários a nível declareza e disponibilidade.

AVALIAÇÃOSugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-ção que se apresenta de seguida.

ENUNCIADOSApresenta-se o enunciado dos estudos de caso "Sr.António e D. Maria" e "A Marta, o avô e o Sr.Arménio", bem como da Ficha de avaliação.

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3. M

ANUTENÇÃO

E ESTABELECIMENTO

DE REDES DE APOIO

30

FICHA DE AVALIAÇÃO

MANUTENÇÃO E ESTABELECIMENTO DE REDES DE APOIO

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo doterceiro capítulo deste manual.

1. A prestação de cuidados causa grande impacto na família. Diga de que forma e ilustre a sua respos-ta com um exemplo.

2. Quais são as causas mais frequentes de institucionalização? Separe-as de acordo com o carácterde permanência desta.

3. O idoso deve estar envolvido no processo de decisão da sua institucionalização. Descreva as tipolo-gias deste envolvimento, indicando a que melhor garante a sua adaptação.

4. Diga quais são os dez critérios gerais para avaliação das instituições geriátricas, relacionando-oscom o nível de satisfação do idoso.

5. Explique os benefícios de uma efectiva articulação entre cuidadores formais e informais, indicandoduas medidas institucionais para a concretizar, com exemplos.

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ESTUDO DE CASO: SR. ANTÓNIO E D. MARIA

Com 86 anos, o Sr. António voltou a sentir-se doente. A princípio não contou às filhas para não as preocupare porque a esposa, D. Maria, sempre soube tratar de si. Depois pediu ajuda à D. Odete (a filha mais velha)e ao Sr. Arnaldo, que vivem ao seu lado, na aldeia. Já costumava ser ele a acompanhá-lo ao médico e a oferecer-lhe boleia para a vila quando lá ia tratar de algum assunto. Só quando o Sr. Carlos e a D. Beatriz ouo Sr. João e D. Ilda estavam de férias, permanecendo em sua casa, recorria a eles, o que até preferia.

Quando o genro teve tempo, voltou com mais receitas e novos medicamentos, mas nada que de facto lhevalesse ou o acalmasse. Rapidamente ficou de cama e a D. Maria enfraquecia a olhos vistos sem descu-rar os seus cuidados. Orgulhava-se de o zelar como nenhuma outra na aldeia e não descurava a sua ali-mentação. Mesmo que os seus 87 anos lhe pesassem ou que as dores na anca esquerda quase a impedis-sem de andar, aquela era a sua missão e só havia de pedir ajuda à enteada, a D. Odete, quando o mari-do lho dissesse directamente.

A D. Beatriz e a D. Ilda, alertadas pela voz do pai ao telefone, contactaram a meia-irmã. Sendo vaga aprincípio, duas semanas depois disse-lhes "eu tenho os campos para tratar e ele é pai das três". Foram àaldeia nesse fim-de-semana, onde encontraram o pai acamado e a D. Maria já sem forças. A D. Beatrizficou imediatamente lá e combinaram revezar-se. Só a D. Odete falou num lar, hipótese imediatamenteafastada pelas irmãs e cunhados porque "nenhum dos dois o quer e é a nossa vez de tratar deles, tal comojá o fizeram pelos seus.".

Durante o ano seguinte, a D. Beatriz e a D. Ilda voltavam a cada dois meses. O Sr. Arnaldo tomou a ini-ciativa de assegurar os cuidados de higiene do Sr. António, fonte de constrangimento para ele e para asfilhas, disponibilizando-se para as deslocações necessárias. A D. Odete visitava as irmãs de vez em quandopara saber notícias e resolveu dormir em casa "no seu mês" e apesar de lhe dizerem que os pais fre-quentemente pediam ajuda à noite.

O Sr. Carlos e o Sr. João continuaram na cidade onde trabalhavam e onde a Joana, filha do primeiro e daD. Beatriz, estudava. Apoiavam sem reservas a decisão das esposas. Para ambas representava um sa-crifício, embora a D. Ilda estivesse mais habituada a estar longe do marido que viajava muito em trabalho.A D. Beatriz falava diariamente com a filha que assumiu as responsabilidades da lida da casa e a maiorparte das tarefas diárias, orientando-a nas suas dúvidas e experiências: pouco habituada a cozinhados ea algumas compras, a jovem procurava frequentemente o conselho da mãe e aproveitava a ocasião paraa tentar animar e acalmar quanto a preocupações com ela e o pai. Sabia que a mãe só se sentiria bemajudando os seus avós pelo que nunca questionou a sua decisão, alterou o horário de duas actividadespara poder estar em casa quando o pai chegasse e acompanhou-o em todas as viagens para a visitar,pedindo-lhe que tivesse atenção com a sua saúde.

Com o passar do tempo, a D. Maria recuperou e voltou a conseguir levantar-se, assumindo algumas tare-fas, mínimas devido à sua fraqueza mas essenciais para que se sentisse bem. Quando o Sr. António fale-ceu, quis permanecer na aldeia, mas as filhas trouxeram-na para a cidade. A sua surdez parcial e analfa-betismo impediam-na de utilizar o telefone e a D. Odete deixou bem claro que não pretendia envolver-seem cuidados com ela. Dividiu os seis meses seguintes por casa das filhas (o que obrigou a Joana a dormirno sofá por uns tempos) até que um AVC a levou ao hospital, onde faleceu.

Parte IAnalise o caso do Sr. António e da D. Maria, identificando o processo de formação da rede de apoio informale as razões pelas quais não existiu recurso à institucionalização.

Parte IIIdentifique os elementos da rede de cuidados deste casal, indicando os vários factores que levaram à suaconstituição. Para cada um, liste as tarefas e a forma como são percebidas, falando sobre o seu estatutosocial (da perspectiva da comunidade).

Parte IIICada cuidador e respectiva família adoptaram um modo de lidar com a situação. Descreva-o.Refira-se às alterações verificadas na rede de cuidados nas várias situações referidas, indicando as tare-fas, responsabilidades percebidas e organização da rede de apoio, focando os motivos destas.

3. M

ANUTENÇÃO

E ESTABELECIMENTO

DE REDES DE APOIO

31

ENUNCIADOS

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A MARTA, O AVÔ E O SR. ARMÉNIO

Marta"O Sr. Arménio é muito boa pessoa… mas está sempre a querer intrometer-se na organização da família!A dizer o que devemos e não fazer, o que é que o meu avô gosta e não gosta… como se soubesse! Nóspagamos-lhe para ele ajudar com os cuidados de higiene, fazer alguma companhia, algumas coisitas nacasa… não é para se sentar e decidir o que se pode ou não comer no almoço de Domingo! Tudo bem quea enfermeira, pronto, enfim, vai dando uma orientação aqui e além nas visitas diárias, mas de qualquerforma aquela instituição já esteve melhor… com ele sempre a criticar, uma pessoa fica sem saber o quefazer e acanha-se. Até já visito o meu avô quando sei que ele ainda não está!"

Sr. Arménio"Coitado do Sr. Manuel… aquela família, aquela família… acham que porque me pagam podem abandoná-lodurante a semana e o almocito de Domingo chega para cumprirem as suas obrigações. Eu já tentei falarcom eles várias vezes, mas acabo por resolver tudo sozinho. Cada vez ligam menos e eu faço mais doque devo. Mas talvez até seja preferível porque estão sempre a incitá-lo a comer coisas que só lhe fazemmal à tensão e ao colesterol… vá lá que ele até nem é pessoa de se andar a queixar de nós, que eu e aenfermeira bem lhe chamamos a atenção para a forma como o tratam. Nem aquela neta mais espevitada!Às vezes só o vem ver uma vez na semana, como se fosse uma grande coisa!"

Parte IEstes são os relatos de dois cuidadores do Sr. Manuel: a neta, Marta, e o ajudante familiar, Sr. Arménio.Identifique as dificuldades presentes no seu relacionamento resultantes da ambiguidade deste e pelo factodos seus papéis não estarem claros.

Parte II - Versão optimizadaAgora que identificou as dificuldades e apurou as causas… apresente soluções! O que seria possível fazer,a nível da instituição, para evitar este tipo de situações?

3. M

ANUTENÇÃO

E ESTABELECIMENTO

DE REDES DE APOIO

32

ENUNCIADOS

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4

4

AS INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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• Explica a génese de diferentes modalidades deapoio, referindo como factores as alterações davida familiar, o desenvolvimento do Estado--previdência e os elevados custos e efeitos nega-tivos da institucionalização permanente;

• Distingue as seis modalidades de apoio, usandocomo critérios as características dos utentes e osserviços disponibilizados;

• Aponta o sistema misto de apoio como o maisbenéfico para o idoso e cuidadores, usando trêsrazões;

• Descreve onze profissões ligadas à área técnicada prestação de cuidados ao idoso, explicandosumariamente as suas funções neste âmbito, comexemplos;

• Indica oito profissões necessárias ao suporte daactividade de prestação de cuidados ao idoso masnão específicas desta área, referindo as funçõesdesempenhadas com exemplos;

• Identificar nove medidas de apoio social definidaspelo Estado português, apontando os seus desti-natários, principais objectivos e benefícios previs-tos, dando exemplos de entidades, públicas e pri-vadas, que disponibilizem serviços no âmbito dasua aplicação.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

PLANIFICAÇÃO

4. A

S INSTITUIÇÕES

DE APOIO AO IDOSO

34

• Explicar a necessidade das diferentes modali-dades de apoio, caracterizando-as e indicando ossistemas mistos como os mais benéficos;

• Indicar profissões técnicas ligadas à área técnicade prestação de cuidados ao idoso, descrevendoas suas funções sumariamente e referindo exem-plos de actividades de suporte necessárias aodesenvolvimento destas;

• Enumerar medidas de apoio social definidas peloEstado português, distinguindo-as.

OBJECTIVOS GERAIS

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5 min.30 min.

10 min.

5 min.30 min.

10 min.

30 min.

360 min.

20 min.

5 min.10 min.

90 min.

20 min.

45 min.

TEMPO

35

Método interrogativo 1Método activo 1Discussão orientadaMétodo expositivo 1

Método interrogativo 2Método expositivo 2

Método interrogativo 3

Método expositivo 3

Método activo 2Visita de estudo"Os profissionais dos cuidados"Método expositivo 4

Método interrogativo 4Método expositivo 5

Método activo 3Pesquisa na internet"Acções de apoio ao idoso"

Método expositivo 6

Avaliação

ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES

QuadroMarcadores coloridos

QuadroMarcadores coloridos

QuadroMarcadores coloridosVideograma; Computador portátilVideoprojector

Enunciado

EnunciadoComputadores (n/2)Ligação internet

Ficha de avaliação

MATERIAL

4. A

S INSTITUIÇÕES

DE APOIO AO IDOSO

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4. A

S INSTITUIÇÕES

DE APOIO AO IDOSO

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Método interrogativo 1O formador questiona os formandos quanto à razãodo aparecimento das diferentes modalidades deapoio, registando as suas opiniões no quadro.

Método activo 1Discussão orientadaPartindo dos primeiros registos efectuados, o for-mador promove a discussão sobre o tema, intro-duzindo como tópicos as alterações na vida familiar,o desenvolvimento do Estado-previdência, os ele-vados custos e os efeitos negativos da instituciona-lização permanente. Deve assumir o papel de me-diador.

Método expositivo 1O formador resume as conclusões da discussão,salientando a diversidade como um factor de equi-líbrio entre as necessidades do idoso e a oferta demercado, entre o investimento do Estado no apoioà população geriátrica e os custos da manutençãoe a sobrecarga que representa para o orçamento eos contribuintes. Por último, foca os efeitos nega-tivos da institucionalização permanente em casosem que o idoso ainda conserva a sua autonomia.

Método interrogativo 2O formador pergunta aos formandos que modali-dades de apoio existem, registando as suasopiniões no quadro.

Método expositivo 2O formador organiza a informação constante noquadro, apresentando as características dasdiferentes modalidades de apoio e os serviçosdisponibilizados em cada uma.

Método interrogativo 3O formador questiona os formandos quanto às van-tagens e desvantagens das diferentes modalidadesde apoio, registando as palavras-chave no quadro.

Método expositivo 3Resumindo as opiniões dos formandos, o formadordeve salientar a importância das modalidades deapoio que permitam ao idoso estar em casa, apon-tando-as como preventivas, relativamente aodeclínio rápido da sua autonomia e independência.Recorre ao videograma para ilustrar o processo dedecisão do cuidador e a avaliação das diferentespossibilidades de apoio.

Método activo 2Visita de estudo: "Os profissionais dos cuidados"O formador deve preparar a visita a um lar que

disponha de várias modalidades de apoio.Pretende-se proporcionar o contacto com os técni-cos que asseguram os diferentes serviços, para queos vejam em acção e recolham informações relati-vas à sua função. Em sala, deverão apresentar osdados recolhidos, completando o perfil de cadaprofissional.

Método expositivo 4O formador deverá completar ou corrigir os perfisdos técnicos traçados pelos formandos, realçando asua importância individual e da integração emequipas de trabalho.

Método interrogativo 4O formador questiona os formandos quanto a outrasprofissões necessárias ao funcionamento eficientede uma instituição de apoio, registando as suasrespostas no quadro.

Método expositivo 5Resumindo e completando as respostas dos for-mandos, o formador salienta a importância destasno funcionamento da rede de apoio.

Método activo 3Pesquisa na internet: "Acções de apoio ao idoso"Dividindo os formandos por grupos de dois, o for-mador distribui os enunciados, esclarece asquestões e acompanha o desenvolvimento daspesquisas na internet, orientando os formandospara as modalidades de apoio estatais. Poderãoainda ser procurados dados relativamente a benefí-cios para a terceira idade conferidos por organiza-ções específicas. Os formandos deverão apresen-tar o resultado do seu trabalho aos colegas, emsala.

Para esta actividade é necessária a preparação deuma sala com número de computadores igual aonúmero de duplas de formandos, devendo todosestar ligados à internet e permitir a gravação de dis-quetes, cds ou pen drives.

Método expositivo 6O formador deve completar a informação dos traba-lhos dos formandos e salientar a importância que aproactividade dos idosos e cuidadores informaispara que estas sejam correctamente aplicadas. Éestabelecida a ligação com as profissões técnicasde apoio ao idoso e apontada a necessidade deactualização constante, para a multidisciplinaridadedas equipas de trabalho e para a estreita colabo-ração entre organizações, no âmbito do estabeleci-mento de parcerias.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

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S INSTITUIÇÕES

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AVALIAÇÃOSugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-ção que se apresenta de seguida.

ENUNCIADOSApresentam-se os enunciados da Ficha de avalia-ção, dos guias para a visita de estudo "Os pro-fissionais dos cuidados" e para a pesquisa nainternet "Acções de apoio ao idoso".

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S INSTITUIÇÕES

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FICHA DE AVALIAÇÃO

AS INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo doquarto capítulo deste manual.

1. Identifique o profissional pela descrição que ele faz de tarefas que executa.

Apoio

1 - Médico

2 - Psicólogo

3 - Enfermeiro

4 - Animador social

5 - Terapeuta da fala

6 - Terapeuta ocupacional

7 - Fisioterapeuta

8 - Assistente social

9 - Ajudante de lar

10 - Ajudante familiar

Descrição dos idosos

Beatriz: "Sou responsável pelo acompanhamento dos utentes e dasfamílias quando existem desvios a nível cognitivo ou emocional, proces-sos de luto ou tratamentos mais complicados e com baixas taxas deadesão".

Ema: "Depois de completar o processo de avaliação, estudo as activi-dades que melhor estimularão a funcionalidade e independência, procu-rando devolver ao idoso a sua autonomia nas tarefas diárias como comer,vestir-se ou cuidar da higiene".

Ivo: "Programo e dinamizo as actividades com os idosos para os estimulare manter activos e interessados socialmente.

Susana: "Visito o lar duas vezes por semana, regularmente. Quando nãohá casos mais graves, é o suficiente para manter a saúde dos idososvigiada e para descansar utentes e família."

Carlota: "Ajudo as famílias e idosos a encontrarem os melhores apoiospara o seu caso, analisando bem as suas necessidades ao nível finan-ceiro (subsídios), material e médico (especialistas)."

Cristina: "Sou responsável pelos tratamentos dos utentes, vigiando a suareacção a estes e registando no relatório. Executo os cuidados de saúdee intervenho ao nível da prevenção com a família e comunidade".

Miguel: "A partir do diagnóstico, estabeleço um programa de exercíciospara recuperar a capacidade perdida ou debilitada, através de técnicas deinibição e facilitação neuromuscular."

Rossana: "Mantenho o espaço arrumado e ajudo o enfermeiro em algunstratamentos. Sou eu que dou as refeições e trato das higienes (do quartoe utente), vigiando-os."

Jorge: "Trabalho com os utentes para recuperar as afasias, perda de ouvi-do, afonias que também podem resultar de um AVC. "

Felisberta: "Gosto de andar de casa em casa. Ajudo as pessoas a mantera sua vida organizada, a fazerem a higiene (própria e do espaço), a ali-mentação, trago as roupas para a lavandaria e até as acompanho quan-do precisam de ir ao médico."

2. Faça uma lista com as diferentes modalidades de apoio para idosos, atendendo às característicasdos utentes e ao tipo de serviços que disponibilizam.

3. Indique cinco medidas de apoio previstas na legislação portuguesa e caracterize-as brevemente.

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ENUNCIADOS

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S INSTITUIÇÕES

DE APOIO AO IDOSO

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VISITA DE ESTUDO: OS PROFISSIONAIS DOS CUIDADOS

A presente visita de estudo enquadra-se no estudo das profissões que estão ligadas a redes de prestaçãode cuidados a idosos.

Tem como objectivos:• Observar proximamente os diferentes técnicos no exercício das suas funções;• Recolher informações sobre as várias actividades desempenhadas pelo mesmo profissional;• Traçar o perfil dos técnicos do apoio ao idoso• Analisar as opiniões dos idosos quanto aos diferentes profissionais e o papel que desempenhamna rede de prestação de cuidados.

Em sala, irá ser-lhe solicitado a apresentação de dos perfis que traçar e terá cerca de dois minutos para ofazer.

PESQUISA NA INTERNET: ACÇÕES DE APOIO AO IDOSO

Estão previstas pelo Estado português uma série de medidas que se destinam ao apoio (directo ou indirecto)da população geriátrica.

Pretende-se que, com esta pesquisa, seja feito o levantamento das medidas disponibilizadas e se clarifiquemos procedimentos necessários para se candidatar a elas.

A informação que recolher irá ser apresentada aos seus colegas.

Aproveite também para pesquisar sites de organizações que tenham programas especiais de intervençãocomunitária e que dinamizem apoios específicos para os idosos. Descubra parceiros e registe-se em algunssites para receber as newsletter informativas.

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QUALIDADE DE VIDA E DIREITOS DO IDOSO

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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• Define qualidade de vida, de acordo com o Grupode Trabalho da Qualidade de Vida da OMS erealçando as três condições essenciais;

• Explica os conceitos de autonomia e independên-cia, utilizando a noção de qualidade de vida e rela-cionando-o com a teoria da life span;

• Indica os cinco critérios para a qualidade de vida quea população geriátrica mais valoriza, ordenando-ossegundo a sua importância;

• Explica o conceito de envelhecimento activo,relacionando-o com a promoção da autonomia eindependência na terceira idade, através de seisexemplos;

• Lista os nove valores subjacentes aos direitos doidoso, definindo-os e ilustrando-os com exemplos;

• Identifica, em situações práticas, a presença ouausência desses valores, apresentando sugestõesde melhoria.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

PLANIFICAÇÃO5. QUALIDADE

DE VIDAE DIREITOS

DO IDOSO

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• Explicar o conceito de qualidade de vida,reconhecendo a sua importância e aplicação àprestação de cuidados;

• Descrever os direitos do idoso, aplicando exem-plos.

OBJECTIVOS GERAIS

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10 min.15 min.

5 min.20 min.

5 min.

5 min.10 min.

20 min.20 min.

60 min.

20 min.

80 min

40 min.

TEMPO

43

Método interrogativo 1Método expositivo 1

Método interrogativo 2Método activo 1Discussão orientadaMétodo expositivo 2

Método interrogativo 3Método expositivo 3

Método interrogativo 4Método expositivo 4

Método activo 2"Carta de direitos do idoso"Método expositivo 5

Método activo 3"A varinha de condão"Método expositivo 6

Avaliação

ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES

QuadroMarcadores coloridos

QuadroMarcadores coloridos

QuadroMarcadores coloridos

QuadroMarcadores coloridos

EnunciadoFolhas de flipchartMarcadores coloridos

EnunciadoVarinha de condão

Ficha de Avaliação

MATERIAL

5. QUALIDADE

DE VIDAE DIREITOS

DO IDOSO

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Método interrogativo 1O formador pergunta aos formandos o que entendempor qualidade de vida, registando no quadro assuas respostas. Seguidamente pede para as agru-parem em categorias (pretende-se que ilustrem amultidimensionalidade do conceito).

Método expositivo 1A partir da análise dos contributos dos formandos eatravés da análise das categorias, o formadordemonstra a multidimensionalidade do conceito dequalidade de vida. Focando a diversidade derespostas, ilustra a subjectividade e aborda tam-bém a inclusão de aspectos positivos e negativosna definição. Finalmente define qualidade de vidade acordo com o Grupo de Trabalho da Qualidadede Vida da OMS, apontando os três critérios salien-tados.

Método interrogativo 2O formador questiona os formandos quanto aosignificado dos conceitos de autonomia e inde-pendência, registando as suas sugestões no quadro.

Método activo 1Discussão orientadaA partir da clarificação dos conceitos, o formadorpropõe ao grupo que os relacione com a qualidadede vida no idoso e sugere que utilize a teoria da lifespan para uma visão mais integrada desta interli-gação. Deverá servir apenas de mediador na dis-cussão, guiando os formandos para a noção deenvelhecimento activo, a ser introduzida mais àfrente na sessão.

Método expositivo 2O formador resume as conclusões da discussão,realçando a necessidade de promover a autonomiae independência do idoso diariamente para aumen-tar a sua qualidade de vida.

Método interrogativo 3O formador pergunta aos formandos quais oscritérios para a qualidade de vida mais importantespara a população geriátrica, apontando as suassugestões no quadro.

Método expositivo 3O formador apresenta os cinco critérios mais va-lorizados pelos idosos para a avaliação da suaqualidade de vida, salientando o lugar ocupadopelas actividades de animação e lazer e pelasrelações com a família, recordando novamente ocarácter subjectivo desta apreciação.

Método interrogativo 4Pede aos formandos que dêem exemplos de pro-moção da autonomia e independência do idoso rela-cionados com um envelhecimento activo.

Método expositivo 4Define envelhecimento activo, resume as partici-pações dos formandos e apresenta medidastomadas a nível estatal para a sua promoção,realçando a importância desta linha de actuação.

Método activo 2"Carta de direitos do idoso"Depois de formar os grupos, o formador entrega osenunciados e explica que a tarefa consiste em ela-borar a carta dos direitos do idoso a apresentar aoscolegas. Após os esclarecimentos, acompanha otrabalhos dos vários grupos.

Método expositivo 5O formador explica quais os nove direitos fun-damentais a contemplar aquando da organizaçãode uma rede de apoio ao idoso, demonstrando asua aplicação em exemplos.

Método activo 3Role-play: "A varinha de condão"Mantendo os mesmos grupos de trabalho, o for-mador pede a cada um que invente e dramatizeduas situações em que estejam contempladosoutros tantos valores (respeitados ou não) para queos colegas os identifiquem. Deverá ser o moderadore solicitar sempre sugestões de melhoria. Para me-lhor rentabilizar esta actividade, o formador poderáindicar a cada grupo quais os valores a trabalhar.

Método expositivo 6O formador resume os aspectos positivos de cadarepresentação, compilando as conclusões dos for-mandos e salientando a dificuldade de detectar asfaltas diárias quanto aos direitos de quem é cuidadoe de quem cuida, frisando a importância de procurarsempre a melhor actuação.

AVALIAÇÃOSugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-ção que se apresenta de seguida.

ENUNCIADOSApresentam-se os enunciados da Ficha de avalia-ção, do método activo "Carta dos direitos doidoso" e do role play "A varinha de condão".

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS5. QUALIDADE

DE VIDAE DIREITOS

DO IDOSO

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5. QUALIDADE

DE VIDAE DIREITOS

DO IDOSO

FICHA DE AVALIAÇÃO

QUALIDADE DE VIDA E DIREITOS DO IDOSO

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo doquinto capítulo deste manual.

1. Quais são as três condições essenciais à definição de qualidade de vida? Explique-as.

2. Os conceitos de autonomia e independência têm um papel fundamental para o estudo da terceiraidade. Relacione-os com o conceito de qualidade de vida, a teoria da life span e o envelhecimento activo.

3. Quais as valores subjacentes aos direitos do idoso? Exemplifique.

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5. QUALIDADE

DE VIDAE DIREITOS

DO IDOSO

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ENUNCIADOS

CARTA DOS DIREITOS DO IDOSO

Os direitos do Homem, da criança, da mulher… e do idoso!

Em grupo, elabore a "Carta dos direitos do idoso" onde devem constar os valores subjacentes às práticas naprestação de cuidados.

Para além de os nomear, acrescente uma pequena definição, de modo a que fiquem claros para qualquerinstituição que os queria incluir no seus regulamento interno.

Dispõe de 20 min. para preparar o seu trabalho na folha de flipchart que lhe foi entregue e 10 min. para aapresentação aos colegas.

ROLE-PLAY: A VARINHA DE CONDÃO

Parte ICom o seu grupo, invente uma situação, no contexto da prestação de cuidados a idosos, em que estejasubjacente um dos direitos que acabou de abordar para que, quando a dramatizar, os seus colegas o iden-tifiquem.

Dispõe de 20 min. para a preparação e 5 min. para cada dramatização.

Parte IIFoi-lhe dada uma varinha de condão que tem o poder de alterar a vida real. Pretende-se que a utilize de cadavez que encontrar uma situação que possa ser melhorada e que a torne mais positiva…

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CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOS

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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• Descreve as fases do processo de desenvolvi-mento de uma rede de cuidados, distinguindoentre formal e informal através de exemplos queilustrem os procedimentos necessários;

• Faz um projecto para uma rede de cuidados, considerando apoio formal e informal, referindo earticulando os conceitos definidos ao longo do manual, aplicando-os em exemplos.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

PLANIFICAÇÃO

6.CONSTRUÇÃO DE

UMAREDE DE CUIDADOS

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• Identificar as fases da construção de uma redede cuidados, formal, informal ou mista, e os procedimentos nelas envolvidos;

• Construir uma rede de cuidados.

OBJECTIVOS GERAIS

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10 min.

120 min.50 min.

120 min.

180 min.

30 min.

TEMPO

49

Método interrogativo 1

Método activo 1Método expositivo 1

Método activo 2Trabalho de grupo"Projecto: Construção de uma redede cuidados"

Avaliação: apresentação dos projectos

Método expositivo 2

ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES

Quadro Marcadores coloridosFlipchart e folhasVideogramaVideoprojector; Computador portátil

Enunciados Manual do formando, cap. 6.

MATERIAL

6.CONSTRUÇÃO DE

UMAREDE DE CUIDADOS

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Método interrogativo 1O formador questiona os formandos sobre os pas-sos de construção de uma rede de cuidados, distin-guindo as formais das informais e mistas. Registaas suas contribuições no quadro.

Método activo 1Pedindo aos formandos que organizem os tópicosregistados no quadro por fases (em folhas deflipchart para afixar na sala e servir de guia ao tra-balho seguinte), o formador promove a discussãosobre os procedimentos inerentes a cada fase, pessoas envolvidas ou recursos possíveis,mediando e guiando as participações.

Método expositivo 1O formador completa a informação do quadro, clarificando todas as questões sobre a construçãode redes de cuidados formais, informais e mistas.Utiliza o videograma.

Método Activo 2Trabalho de grupo: "Projecto: A minha rede"O formador divide os formandos por grupos e entre-ga a proposta para a elaboração de um projecto derede de cuidados, sob a perspectiva da organiza-ção. Após a sua leitura e os esclarecimentosnecessários, o formador acompanha o desenvolvi-mento dos trabalhos ao longo das sessões, fazen-do pontos de situação e guiando os formandosquando necessário.

Poderão ser programadas visitas para recolha deinformação em bibliotecas, universidades, organis-mos de poder local ou entidades que viabilizemredes de prestação de cuidados ou disponibilizemapoios geriátricos.

Para além da entrega do trabalho escrito, prevê-seainda a apresentação oral do mesmo, a que o for-mador deverá fazer um comentário final, sendoestes os elementos de avaliação.

Método expositivo 2O formador resume as ideias-chave dos trabalhosapresentados pelos vários grupos, salienta osaspectos mais positivos e ressalva a importânciadas medidas orientadas para a melhoria da quali-dade de vida e para o respeito pelos direitos doidoso. Este pode também ser o momento para pro-ceder ao encerramento do módulo (ou curso) umavez que os trabalhos constituem uma aplicaçãoprática dos temas abordados ao longo do manual esão a componente avaliativa deste modo.

AVALIAÇÃOSugere-se a avaliação através do projecto elabora-do pelos formandos, considerando a sua formaescrita e a apresentação em sala (a que se destinao tempo previsto na planificação). Como parâmetrosmínimos de apreciação, sugere-se que sejam con-siderados a linguagem (ortografia, clareza), a funda-mentação do trabalho e objectividade bem como ograu de aprofundamento e a referência a medidasespecíficas para o aumento da qualidade de vida doidoso e para assegurar os seus direitos. A criativi-dade e inovação devem ser valorizadas.

ENUNCIADOSApresenta-se o enunciado do Trabalho de avalia-ção.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

6.CONSTRUÇÃO DE

UMAREDE DE CUIDADOS

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6.CONSTRUÇÃO DE

UMAREDE DE CUIDADOS

TRABALHO DE AVALIAÇÃO

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOS

O presente Trabalho de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longodo sexto capítulo deste manual.

Você decidiu investir no apoio à população geriátrica. Construa com o seu grupo o projecto da rede de cuida-dos que pretende implementar e prepare-se para o apresentar a um grupo de potenciais investidores (osseus colegas de formação).

Considere a região em que a instituição está sediada e caracterize-a pormenorizadamente em termosdemográficos, fundamentando o seu diagnóstico de necessidades. Descreva as modalidades de apoio eserviços disponibilizados nesta rede, a articulação destes entre si e com as redes de apoio informal, expli-cando como se procederá à integração no mercado.

Fale dos parceiros e apresente propostas.

Pegue em três casos de utentes e conte-nos a sua história, apresentando a rede de cuidados em que estãoinseridos.

Bom trabalho!

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S

SOLUÇÕES

SOLUÇÕES

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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SOLUÇÕES

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CAPÍTULO 1ENQUADRAMENTO SOCIAL DO APOIO AO IDOSO

1. O envelhecimento biológico é um processo inevitávelde deterioração endógena e irreversível das capacidadesfuncionais do organismo. Os órgãos perdem as suascapacidades progressiva e diferenciadamente: tecidoselásticos (do aparelho circulatório, respiratório e pele)deterioram-se mais rapidamente que tecidos nervosos.Factores como stress, traumatismos ou doenças acele-ram o envelhecimento normal (resultante apenas doavançar da idade) tornando-o secundário ou patológico.

2. Correspondência: 1- E; 2- F; 3- A; 4-C; 5- D; 6-B.

3. Na resposta deve começar por falar-se dos factores deenvelhecimento (aumento da esperança média de vida,diminuição da taxa de mortalidade e regresso do surtoimigratório de 1960/70) de que resulta um maior númerode idosos, em porção e número absoluto. Relacionandocom o aumento do número de beneficiários de pensões ereformas, que implica uma maior sobrecarga do Estado--previdência, salientando que este é suportado pela pop-ulação contribuinte. Como os jovens estão em menornúmero, acentua-se o desequilíbrio social, gera-se odescrédito na manutenção do sistema e o sénior passa aser visto como um "peso social". A sociedade portuguesacaracteriza-se por manter uma forte ligação com os meiosrurais, sustentada pela troca de bens e de visitas, queequilibram os orçamentos familiares nos dois meios ereforçam laços necessários para a construção de redesde apoio.

4. Para além de eliminar os óbvios custos financeiros, detempo e emocionais que um idoso dependente e nãoautónomo representa para uma família, anula também ahipótese de este continuar a participar activamente navida desta, assegurando tarefas e assumindo respon-sabilidades em relação aos netos, à manutenção da casa,à resolução de questões para as quais a descendêncianão tem tempo ou competência. A divisão de tarefas re-presenta mais tempo livre para as gerações mais jovense uma sensação de valorização pessoal e social para osénior. O aumento da qualidade de vida está implícito.

5. Verdadeiras: b, e, h, i e k.a. Falsa. Ao chegar à terceira idade, a pessoa nãoquer que quem a rodeia a substitua nas suas tarefas,para poder descansar - quer manter-se activa e sentir-se útil.c. Falsa. Pode sentir-se ultrapassado à mesma senão encontrar outras tarefas em que o seu contributoseja válido, ou mesmo dependendo da postura dosnetos ao longo da brincadeira.d. Falsa. Contribuiu para a alteração da constituiçãodas redes de cuidados.f. Falsa. Constitui um marco, não só, por implicaruma reorganização de objectivos e distribuição dotempo livre "a mais", ma também pela redefinição dedeveres e responsabilidades e por toda a reformu-lação inerente.

g. Falsa. Não se pode afirmar que seja a mais impor-tante, embora os estudos possam de facto indicarintervenções com esta população e a comunidadepara preparar um envelhecimento de qualidade.j. Falsa. Antigamente não existiam tantos idosos (aesperança média de vida em 1941 rondava os 50anos) pelo que era mais invulgar encontrá-los nasociedade.

CAPÍTULO 2O IDOSO, O ENVELHECIMENTO E A PERDA1. A reduzida probabilidade de doença, em especial deuma que implique perda de autonomia, a manutenção deum elevado nível funcional nos planos cognitivo e físico ea conservação de empenhamento social e bem-estarsubjectivo.

2. Segundo a "Fundação McArthur para a velhice bemsucedida", os factores são: cognitivos, físicos, o nível deescolaridade, a capacidade de expiração pulmonar e oaumento de actividade física fatigante (sem excesso) aoseu redor. O quarto factor, de personalidade, é a per-cepção de eficácia pessoal, que foi definida por Banduracomo a crença da pessoa nas suas capacidades paraorganizar e executar as acções necessárias em determi-nadas situações da sua vida

3. A velhice bem sucedida depende de um elevado nívelfuncional nos planos cognitivo e físico, bem como da con-servação de responsabilidades e tarefas a nível social (oempenhamento). A proactividade do idoso irá manifestar--se pelo seu esforço em ultrapassar dificuldades e conti-nuar ou iniciar actividades, tentando manter-se integradosocialmente. Os cinco tipos de reforma são:

• Reforma-retirada - inexistência de participaçãosocial, actividades produtivas ou projectos (mesmoque a muito curto-prazo) e até mesmo de deslo-cações (que resumirá ao seu bairro), centrando-se nocarácter biológico da sua existência, o que represen-ta um aumento do nível de risco para a saúde e ooposto a uma velhice bem sucedida.

• Reforma terceira idade - vivida intensamente, háintegração social através de actividades produtivas,centrais no tempo da pessoa e do seu interesse. Estetipo de vivência está associado à percepção de umavelhice bem sucedida;

• Reforma de lazer ou família - integração socialatravés das relações familiares, multiplicando-se asreuniões, visitas, viagens e as actividades sociaispartilhadas, de carácter desportivo ou cultural, princi-palmente com os netos. Associa-se frequentementeà coabitação com os filhos ou a uma participaçãofinanceira substancial para auxílio destes e o séniortem a percepção de desempenhar um papel essen-cial na manutenção da estrutura familiar. A velhicebem sucedida poderá apenas ser afectada pelaexistência de tensões familiares e o desenvolvimentopossível de sintomas depressivos.

SOLUÇÕES

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SOLUÇÕES

55

• Reforma-reivindicação - contestação do estatutosocial de idoso, considerando-se que seria vantajosauma maior união da "classe" e a manutenção deactividade. Os laços com outros séniores são privile-giados. A velhice bem sucedida é muito instável pelopossível e provável sentimento de exclusão social.

• Reforma-participação - consumo televisivo comoactividade mais importante do idoso e seu modo deempenhamento social, mesmo não constituindo umaactividade produtiva. O sedentarismo deste estilo devida constitui uma ameaça à saúde e a percepção deuma velhice bem sucedida é fraca.

4. São verdadeiras: a, e, g e h.b. É falsa. É o processo de acomodação.c. É falsa. O idoso não só terá tendência a recordarmais os acontecimentos felizes do seu passado,como também interpretará aqueles que recuperar deforma mais positiva (ou menos negativa).d. É falsa. Os acontecimentos traumáticos vão serinterpretados pelo indivíduo mediante a sua identi-dade, pelo que estarão sujeitos à influência do meio,da sua própria proactividade e da sua auto-estima eauto-imagem.f. São: recusa, cólera, depressão, negociação eaceitação.

CAPÍTULO 3MANUTENÇÃO E ESTABELECIMENTO DE REDES DE APOIO

1. A relação entre cuidador e idoso irá alterar-se significa-tivamente dado que o tipo de poderes muda de acordocom os novos papéis assumidos. A família é um sistemae o seu carácter dinâmico indica que ela evolui de acordocom as situações experimentadas. Quando um dos seusmembros tem de prestar cuidados a outro, a reestrutu-ração em termos de horários, responsabilidades, deverese rotinas pode ser geradora de conflitos e stress, reavivarquestões antigas não resolvidas e ser desgastante físicae psicologicamente, especialmente para o cuidador, mastambém para os restantes elementos. O exemplo devecontemplar estes aspectos.

2. Resulta de situações agudas ou em que as famílias sesentem impotentes e exaustas e procuram algum alívio(frequente em períodos de férias e festas), resistindo emaceitar o regresso do idoso. Por outro lado, a instituciona-lização permanente ocorre na sequência de umareavaliação aquando da morte do cônjuge ou após umaqueda ou doença. As limitações da casa (muitas escadas,muita humidade, frio), da localização desta (muito iso-lada, de difícil acesso) ou o medo do isolamento (segu-rança física ou incapacidade de contacto em situação deemergência) e solidão conduzem à tomada de decisão.

3. Dos quatro os tipos de postura possíveis, é a estraté-gica aquela que mais resulta da proactividade do sénior oque melhor indicará a sua adaptação:

• preferencial - exerce o direito de decisão.Tipicamente após a morte do cônjuge, perante ainsegurança ou a percepção de sobrecarga para osfamiliares mediante o desenvolvimento de depen-dência;• estratégica - reflecte um planeamento ao longo davida. Frequente em pessoas solteiras e/ou viúvas,sem filhos ou em que estes moram longe ou não têmcondições financeiras para apoiar, sendo o séniorproactivo na procura e selecção da instituição, na suainscrição e até pagamento de quotas para reservarlugar;• relutante - resistência ou desacordo relativamente àinstitucionalização, sendo o idoso forçado;• passiva - os idosos dementes ou resignados, queaceitam sem qualquer reclamação as decisões deterceiros sem questionar.

4. Sendo o nível de satisfação do idoso resultante de umaavaliação subjectiva, quanto mais a percepção do idososobre a instituição se aproximar dos seus critérios deavaliação positiva, maior será o seu índice de satisfação.Os critérios são:

• tem actividades de animação;• possibilita saídas (passeios, acesso fácil às activi-dades de lazer da comunidade);• fornece boa alimentação,• tem pessoal simpático e competente e não estásempre a mudar;• permite ter quarto individual;• facilita que os residentes façam boa companhia unsaos outros;• oferece conforto físico;• disponibiliza serviços de apoio (fisioterapia, enfer-magem, educação física);• é seguro;• não é demasiado grande

5. Pensa-se que a aposta que a instituição faça na for-mação da sua equipa de colaboradores, quer a nível téc-nico, quer relacional, bem como o seu empenho emcomunicar directa e abertamente com a família poderádiminuir o número e gravidade de mal-entendidos, bemcomo facilitar a estadia do idoso e a relação com a redede apoio informal. Por exemplo, se os colaboradores co-nhecerem a política da instituição relativamente aorespeito pelos direitos do idoso, evitarão tecer comen-tários sobre os seus objectos pessoais, sobre as suasacções ou das suas visitas, não colocando os utentes emposição de dilema. Da mesma forma, se as expectativasdos cuidadores formais e informais estiverem esclareci-das quanto ao papel um do outro, não haverá lugar aambiguidades e desinvestimentos de parte a parte.

CAPÍTULO 4AS INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO

1. Médico: Susana; Psicólogo: Beatriz; Enfermeiro:Cristina; Animador Social: Ivo; Terapeuta da fala: Jorge;Terapeuta ocupacional: Ema; Fisioterapeuta: Miguel;

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SOLUÇÕES

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SOLUÇÕES

Assistente social: Carlota; Ajudante de lar: Rossana;Ajudante familiar: Felisberta.

2. A resposta deve estar de acordo com a informaçãoconstante no quadro 4.1. do manual do formando.

3. Se for apresentada alguma modalidade não cons-tante na lista, a resposta deve ser aceite desde quecomprovada.

• Programa "Apoio 65 - Idosos em Segurança" Em vigor desde 1996, visa promover a segurançados idosos mais isolados através do policiamento deproximidade que valoriza a comunicação polícia--cidadão (em colaboração com a PSP);• Programa Idosos em lar (PILAR)Criado por Despacho do Secretário de Estado daInserção Social de 20 de Fevereiro de 1997, procuradesenvolver e intensificar a oferta de lares paraidosos, através, por exemplo, do realojamento deidosos oriundos de lares lucrativos sem condições definanciamento, do aumento da oferta em zonas combaixa cobertura deste serviço, da criação/remode-lação de lugares dirigidos a utentes de InstituiçõesParticulares de Solidariedade Social sem condiçõesde financiamento;• Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII)Criado por despacho Conjunto de 1 de Julho de1994, dos Ministros da Saúde e do Emprego eSegurança Social, contempla um número significati-vo de serviços:

• Serviços de Apoio Domiciliário;• Centros de Apoio a Dependentes/CentrosPluridisciplinares de Recursos - apoio temporáriocom vista à reabilitação de pessoas comdependência, assegurando cuidados diversificadoscom base em estruturas já existentes;• Formação de Recursos Humanos - habilitaragentes, formais e informais para a prestação decuidados;• Serviços de Telealarme - usando as novastecnologias, pretende diminuir o isolamento devido a problemas de saúde, questões geográfi-cas, barreiras arquitectónicas. Através de umacentral, permite a intervenção atempada emcaso de emergência;• Saúde e Termalismo - permitir à populaçãoidosa o acesso a tratamentos termais e o contacto com meio social diferente, prevenindo oisolamento social;• Passes para a terceira idade - sem restriçõeshorárias para a população com mais de 65 anos,fomentando a sua mobilidade, integração sociale participação na vida activa;

• Respostas Integradas que resultam da Articulaçãoentre a Saúde e a Acção Social - por Despacho Conjunto407/98, de 15 de Maio, que estão na origem de:

• Unidades de Apoio Integrado (UAI) - centrosque asseguram apoio ao longo de 24 horas apessoas que necessitem de cuidados multidisci-plinares que não podem ser prestados nodomicílio;

• Apoio Domiciliário Integrado - (ADI) - que asse-gura a prestação de cuidados médicos e deenfermagem e a prestação de apoio social nodomicílio visando a promoção do autocuidado;

• Plano Gerontológico LocalPlaneamento de serviços e projectos em função degrupos e zonas de intervenção prioritárias, feito porequipas multidisciplinares e intersectoriais, medianteas suas orientações de intervenção.• Programa de Conforto Habitacional dos IdososInserida no âmbito do Programa Nacional de Acçãopara a Inclusão, começou a ser implementada no dis-trito de Bragança, com a reparação de 137 residên-cias. As obras passam pela substituição dos telha-dos, chão, paredes, adaptação de cozinhas ou insta-lações sanitárias. Melhorando as condições básicasde habitabilidade, pretende-se possibilitar o serviçode apoio domiciliário e evitar a institucionalização edependência; • Contratos Locais de Desenvolvimento SocialPretendem combater a pobreza, aumentar os níveisde qualificação e prevenir situações que conduzam àexclusão social em áreas desqualificadas, industria-lizadas ou atingidas por calamidades, através doestabelecimento de parcerias de âmbito local, quepodem envolver os serviços de emprego, de acçãosocial e instituições;• Complemento solidário para idososConstitui-se num apoio financeiro de até 250 eurospor cada período de três anos, destinado a medica-mentos, óculos, lentes e próteses dentáriasremovíveis. • Rede Nacional de Cuidados ContinuadosIntegradosAprovado em Conselho de Ministros a 16 de Marçode 2006, tem como público beneficiário as pessoascom dependência, visando diminuir o número deinternamentos. Os serviços disponibilizados incluemunidades de internamento (para convalescença,média duração/reabilitação, longa duração/manu-tenção e cuidados paliativos), ambulatório (unidadede dia e de promoção da autonomia), equipas hospi-talares e equipas domiciliárias (de cuidados continua-dos integrados e comunitárias de suporte paliativo).Prevê, inclusivamente, a possibilidade de institu-cionalização temporária em unidades de cuidadoscontinuados de longa duração para que o cuidadorpossa descansar;

CAPÍTULO 5QUALIDADE DE VIDA E DIREITOS DO IDOSO

1. Subjectividade, multidimensionalidade e a inclusão deaspectos positivos e negativos. A definição da OMS paraqualidade de vida fala de: "percepção do indivíduo da suaposição na vida e no contexto de sua cultura e dos sistemas de valores da sociedade em que vive e emrelação aos seus objectivos, expectativas, padrões e pre-ocupações". Pressupõe-se, portanto, uma avaliação dele,com os seus parâmetros e condições, que irá variar de

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pessoa para pessoa. As áreas abrangidas nesta avalia-ção são muitas e diversificadas (multidimensionalidade),contando a presença de vantagens e a presença dedesvantagens como factor ponderador.

2. Enquanto que autonomia designa um tipo de compor-tamento, a independência traduz uma condição da pes-soa. Dois idosos com o mesmo tipo de dependênciapodem ter comportamentos completamente diferentes,resultantes de apreciações distintas que fazem da suasituação, mediante a influência da identidade (postuladapela teoria da life span) mais ou menos positiva. Sendo aqualidade de vida resultante de uma percepção indivi-dual, se o sujeito for mais positivo em relação aos seusacontecimentos de vida, assimilando-os à sua históriapessoal como desafios superados, mais facilmente iráconsiderar que tem uma qualidade de vida satisfatória doque aquele que, após uma experiência traumática eatravés do processo de acomodação, tenha sofrido umanegativização da sua identidade que se irá reflectir no seujuízo sobre a sua vida. Quando se promove o envelheci-mento activo, pretende-se que o idoso se sinta válido,capaz e útil, vendo o seu contributo ser apreciado pelacomunidade envolvente e sentindo-se bem consigopróprio. Se a sua auto-estima, auto-imagem e auto--conceito forem positivos, a sua identidade também seráe as avaliações terão o mesmo sentido.

3. Dignidade, Respeito, Individualidade, Autonomia,Deliberação, Privacidade e intimidade, Confidencialidade,Igualdade e, final mente, Participação. Os exemplosdevem estar de acordo com o constante no manual doformando.

CAPÍTULO 6CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOS

O trabalho deve seguir as linhas gerais apresentadas nomanual do formando, propondo-se que sejam considera-dos os seguintes parâmetros na sua avaliação:

• Apresentação: adequação dos meios, postura indi-vidual, conteúdo desenvolvido;• Trabalho escrito: rigor e profundidade de exploraçãodos conteúdos, correcção da linguagem, inovação ecriatividade.

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TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

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APROFUNDAMENTO

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MINISTÉRIO DO TRABALHOE DA SOLIDARIEDADE SOCIAL

Decreto-Lei n.º 64/2007 de 14 de Março

No âmbito de uma cada vez maior preocupaçãocom a qualidade dos equipamentos sociais no querespeita à segurança e ao bem-estar dos cidadãos,por um lado, e à simplificação dos procedimentosde licenciamento e funcionamento dos equipamen-tos, por outro, o XVII Governo Constitucionalassumiu como prioridade Diário da República, 1.ªsérie - N.º 52 - 14 de Março de 2007 1607 avaliar ereformular as regras de implementação no terrenodas respostas fundamentais para o desenvolvimen-to social das crianças, a promoção da autonomia ede cuidados com as pessoas idosas e pessoas comdeficiência e a conciliação da vida pessoal, familiare profissional das famílias portuguesas.

Neste contexto e integrando o espírito do pacto decooperação para a solidariedade social e da lei debases da segurança social, são afirmados os princí-pios da cooperação entre o Estado e o sectorsolidário, no que diz respeito ao licenciamento dofuncionamento dos serviços e estabelecimentossociais mas também à premente necessidade deum planeamento eficaz da rede de equipamentossociais, independentemente das regras de financia-mento que se venham a adoptar.

O regime de licenciamento encontrava-se jádefinido no Decreto-Lei n.º 133-A/97, de 30 de Maio,com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lein.º268/99, de 15 de Julho. A experiência da sua apli-cação veio, entretanto, permitir a avaliação de difi-culdades, de lacunas, de procedimentos complexose burocratizados, impondo-se, assim, a alteraçãosubstancial do regime em vigor.

Considerando, desde logo, a vertente da simplifi-cação de procedimentos e o Programa deSimplificação Administrativa SIMPLEX, define-seneste diploma um interlocutor único para o licencia-mento dos estabelecimentos de apoio social geridospor entidades privadas, a realização de vistoriasconjuntas das entidades competentes, a eliminaçãoda exigência da apresentação de vários documen-tos, a redução dos prazos actualmente previstos e adivulgação no sítio da Internet da segurança socialdos actos actualmente sujeitos a publicação noDiário da República.

Esta vertente de simplificação emodernização, jácontemplada no presente decreto-lei, não prejudica,no entanto, o rigor na definição e verificação dascondições de instalação e de funcionamento dos

serviços prestados, que respeitam nomeadamenteà segurança e qualidade de vida dos respectivosutentes. A responsabilidade do Estado na garantiadessas condições é uma responsabilidade acresci-da, quando, em regra, estão em causa serviçosprestados aos grupos mais vulneráveis, comosejam crianças, jovens, pessoas com deficiência ouem situação de dependência e idosos.

Foram ouvidos os órgãos de governo próprio dasRegiões Autónomas, a Associação Nacional deMunicípios Portugueses e a Associação Nacionalde Freguesias.

Assim:No desenvolvimento do regime jurídico estabeleci-do pela Lei n.º 32/2002, de 20 de Dezembro, e nostermos da alínea c) do n.º 1 do artigo 198.º daConstituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IDisposições gerais

Artigo 1.ºObjecto

O presente decreto-lei define o regime de licencia-mento e de fiscalização da prestação de serviços edos estabelecimentos de apoio social, adiante de-signados por estabelecimentos, em que sejamexercidas actividades e serviços do âmbito dasegurança social relativos a crianças, jovens, pes-soas idosas ou pessoas com deficiência, bem comoos destinados à prevenção e reparação das situ-ações de carência, de disfunção e de marginaliza-ção social.

Artigo 2.ºÂmbito

1 - O presente decreto-lei aplica-se aos estabeleci-mentos das seguintes entidades:a) Sociedades ou empresários em nome individual;b) Instituições particulares de solidariedade socialou instituições legalmente equiparadas;c) Entidades privadas que desenvolvam activi-dades de apoio social.

2 - O presente decreto-lei não se aplica aos orga-nismos da Administração Pública, central, regionale local, e aos estabelecimentos da Santa Casa daMisericórdia de Lisboa.

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Artigo 3.ºEstabelecimentos de apoio social

Consideram-se de apoio social os estabelecimentosem que sejam prestados serviços de apoio às pes-soas e às famílias, independentemente de estesserem prestados em equipamentos ou a partir deestruturas prestadoras de serviços, que prossigamos seguintes objectivos do sistema de acção social:a) A prevenção e reparação de situações de carên-cia e desigualdade sócio-económica, de dependên-cia e de disfunção, exclusão ou vulnerabilidadesociais;b) A integração e promoção comunitárias das pes-soas e o desenvolvimento das respectivas capaci-dades;c) A especial protecção aos grupos mais vul-neráveis, nomeadamente crianças, jovens, pessoascom deficiência e idosos.

Artigo 4.ºRespostas sociais

1—Os serviços referidos no artigo anterior con-cretizam-se, nomeadamente, através das seguintesrespostas sociais:a) No âmbito do apoio a crianças e jovens: creche,centro de actividades de tempos livres, lar de infân-cia e juventude e apartamento de autonomização,casa de acolhimento temporário;b) No âmbito do apoio a pessoas idosas: centro deconvívio, centro de dia, centro de noite, lar deidosos, residência;c) No âmbito do apoio a pessoas com deficiência:centro de actividades ocupacionais, lar residencial,residência autónoma, centro de atendimento, acom-panhamento e animação de pessoas com deficiência;d) No âmbito do apoio a pessoas com doençado foro mental ou psiquiátrico: fórum sócio--ocupacional, unidades de vida protegida, autóno-ma e apoiada;e) No âmbito do apoio a outros grupos vulneráveis:apartamento de reinserção social, residência parapessoas com VIH/sida, centro de alojamento tem-porário e comunidade de inserção;f) No âmbito do apoio à família e comunidade: cen-tro comunitário, casa de abrigo e serviço de apoiodomiciliário.

2 - Consideram-se ainda de apoio social os esta-belecimentos em que sejam desenvolvidas activi-dades similares às referidas no número anteriorainda que sob designação diferente.

Artigo 5.ºRegulamentação específica

As condições técnicas de instalação e funciona-mento dos estabelecimentos são as regulamen-tadas em diplomas específicos e em instrumentosregulamentares aprovados pelo membro doGoverno responsável pelas áreas do trabalho e dasolidariedade social.

CAPÍTULO IILicenciamento ou autorização da construção

Artigo 6.ºCondições de instalação dos estabelecimentos

Consideram-se condições de instalação de umestabelecimento as que respeitam à construção,reconstrução, ampliação ou alteração de um edifí-cio adequado ao desenvolvimento dos serviços deapoio social, nos termos da legislação em vigor.

Artigo 7.ºRequerimento e instrução

1 - O licenciamento de construção é requerido àcâmara municipal e está sujeito ao regime jurídicodo licenciamento municipal de obras particulares,com as especificidades previstas no presentedecreto-lei e nos instrumentos regulamentaresrespeitantes às condições de instalação dos esta-belecimentos.

2 - A aprovação do projecto sujeito a licenciamentopela câmara municipal carece dos pareceresfavoráveis das entidades competentes, nomeada-mente do Instituto da Segurança Social, I. P., doServiço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil eda autoridade de saúde.

3 - Ointeressado pode solicitar previamente ospareceres das entidades competentes, ao abrigodo artigo 19.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 deDezembro.

Artigo 8.º Pareceres obrigatórios

1 - O parecer do Instituto da Segurança Social, I. P.,incide sobre:a) As condições de localização do estabelecimento;b) O cumprimento das normas estabelecidas nopresente decreto-lei e das condições definidas nostermos do artigo 5.º;

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TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

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c) A adequação, do ponto de vista funcional e for-mal, das instalações projectadas ao uso pretendi-do;d) A lotação máxima do estabelecimento.

2 - O parecer do Serviço Nacional dos Bombeirose Protecção Civil incide sobre a verificação documprimento das regras de segurança contrariscos de incêndio das instalações ou do edifício.

3 - O parecer da autoridade de saúde incide sobrea verificação do cumprimento das normas dehigiene e saúde.

4 - Quando desfavoráveis, os pareceres das enti-dades referidas nos números anteriores são vincu-lativos.

5 - Os pareceres são emitidos no prazo de 30 diasa contar da data da recepção do pedido da câmaramunicipal.

6 - O prazo previsto no número anterior pode serprorrogado, uma só vez, por igual período, emcondições excepcionais e devidamente fundamen-tadas.

7 - Considera-se haver concordância das entidadesconsultadas se os respectivos pareceres não foremrecebidos dentro do prazo fixado nos númerosanteriores.

Artigo 9.ºVistoria conjunta

1 - Concluídas as obras e equipado o estabeleci-mento em condições de iniciar o seu funcionamen-to, pode a câmara municipal, nos termos do dispos-to nos artigos 63.º e seguintes do Decreto-Lei n.º555/99, de 16 de Dezembro, promover a realizaçãode uma vistoria conjunta às instalações, no prazode 30 dias após a comunicação da conclusão daobra pelos interessados e, sempre que possível,em data a acordar entre as partes.

2 - A vistoria é realizada por uma comissão com-posta por:a) Um técnico a designar pela câmara municipal,com formação e habilitação legal para assinar pro-jectos correspondentes à obra objecto da vistoria;b) Dois representantes do Instituto da SegurançaSocial, I. P., devendo ser um da área social e outroda área técnica;c) O delegado concelhio de saúde ou o adjunto dodelegado concelhio de saúde;d) Um representante do Serviço Nacional deBombeiros e Protecção Civil.

3 - O requerente da licença ou da autorização deutilização, os autores dos projectos e o técnico

responsável pela direcção técnica da obra partici-pam na vistoria sem direito a voto.

4 - Compete ao presidente da câmara municipal aconvocação das entidades referidas nas alíneas b)a d) do n.º 2 e das pessoas referidas no númeroanterior.

5 - Desde que as entidades referidas no númeroanterior sejam regularmente convocadas, a sua nãocomparência não é impeditiva nem constitui justifi-cação da não realização da vistoria, nem da con-cessão da licença ou da autorização de utilização.

6 - A comissão referida no n.º 2, depois de proce-der à vistoria, elabora o respectivo auto, devendoentregar uma cópia ao requerente.

7 -Quando o auto de vistoria conclua em sentidodesfavorável ou quando seja desfavorável o voto,fundamentado, de um dos elementos referidos nasalíneas b), c) e d) do n.º 2, não pode ser concedidaa licença ou a autorização de utilização.

Artigo 10.ºLicença ou autorização de utilização

Quando tenha sido efectuada a vistoria prevista noartigo anterior e verificando-se que as instalaçõesse encontram de harmonia com o projecto aprova-do, é emitida pela câmara municipal, no prazo de30 dias, a correspondente licença ou autorizaçãode utilização.

CAPÍTULO IIILicenciamento da actividade

Artigo 11.ºÂmbito

1 - Os estabelecimentos abrangidos pelo presentedecreto-lei só podem iniciar a actividade após aconcessão da respectiva licença de funcionamento,sem prejuízo do disposto nos artigos 37º e 38.º

2 - A instrução do processo e a decisão do pedidode licença de funcionamento são da competênciado Instituto da Segurança Social, I. P.

Artigo 12.ºConcessão da licença

A licença de funcionamento depende da verificaçãodas seguintes condições:a) Da existência de instalações e de equipamentoadequados ao desenvolvimento das actividadespretendidas;

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b) Da apresentação de projecto de regulamentointerno elaborado nos termos do artigo 26.º;c) Da existência de um quadro de pessoal adequa-do às actividades a desenvolver, de acordo com osdiplomas referidos no artigo 5.º;d) Da regularidade da situação contributiva dorequerente, quer perante a segurança social, querperante a administração fiscal;e) Da idoneidade do requerente e do pessoal aoserviço do estabelecimento, considerando o dis-posto no artigo 14.º

Artigo 13.ºLegitimidade para requerer o licenciamento

Tem legitimidade para requerer o licenciamentotoda a pessoa singular ou colectiva que pretendaexercer a actividade, independentemente do títulode utilização das instalações afectas à actividade,desde que não se encontre impedida nos termos do artigo 14.º

Artigo 14.ºImpedimentos

1 - Não podem exercer funções, a qualquer título, nosestabelecimentos as pessoas relativamente às quaisse verifique algum dos seguintes impedimentos:a) Terem sido interditadas do exercício das activi-dades em qualquer estabelecimento abrangidopelo presente decreto-lei;b) Terem sido condenadas, por sentença transitadaem julgado, qualquer que tenha sido a natureza docrime, nos casos em que tenha sido decretada ainterdição de profissão relacionada com a activi-dade de estabelecimentos de idêntica natureza.

2 -Tratando-se de pessoa colectiva, os impedimen-tos aplicam-se às pessoas dos administradores,sócios gerentes, gerentes ou membros dos órgãossociais das instituições.

Artigo 15.ºRequerimento

1 - O pedido de licenciamento da actividade éefectuado mediante a apresentação de requeri-mento em modelo próprio dirigido ao órgão compe-tente do Instituto da Segurança Social, I. P., instruí-do com os documentos referidos no artigo 16.º

2 - Do requerimento deve constar:a) A identificação do requerente;b) A denominação do estabelecimento;c) A localização do estabelecimento;

d) A identificação da direcção técnica;e) O tipo de serviços que se propõe prestar;f) A lotação máxima proposta.

Artigo 16.ºDocumentos anexos ao requerimento

1 - O requerimento deve ser acompanhado dosseguintes documentos:a) Fotocópia do cartão de identificação de pessoacolectiva ou do bilhete de identidade do requerente;b) Fotocópia do cartão de identificação fiscal;c) Certidão do registo ou de matrícula e cópia dosestatutos, caso o requerente seja uma pessoacolectiva;d) Certidão do registo criminal do requerente oudos representantes legais referidos no n.º 2 do arti-go 14.º;e) Declaração da situação contributiva perante aadministração fiscal ou autorização para consultadessa informação por parte dos serviços compe-tentes da segurança social;f) Documento comprovativo do título da posse ouutilização das instalações;g) Licença ou autorização de utilização;h) Quadro de pessoal, com indicação das respecti-vas categorias, habilitações literárias e conteúdofuncional;i) Projecto de regulamento interno;j) Minuta de contrato a celebrar com os utentes ouseus representantes, quando exigível nos termosdo artigo 25.º

2 - O requerente pode ser dispensado da apresen-tação de alguns dos documentos previstos nonúmero anterior, caso esteja salvaguardado o aces-so à informação em causa por parte do Instituto daSegurança Social, I. P., designadamente por efeitode processos de interconexão de dados com outrosorganismos da Administração Pública.

3 - Os serviços do Instituto da Segurança Social, I.P., devem comprovar que a situação contributiva dasegurança social relativa ao requerente se encontraregularizada.

4 - Caso se comprove que a situação contributivado requerente não se encontra regularizada, deve ointeressado ser notificado para, no prazo de 10dias, proceder à respectiva regularização, sob penade indeferimento do pedido.

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TEXTOS DE

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TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

Artigo 17.ºDecisão sobre o pedido de licenciamento

1 - O Instituto da Segurança Social, I. P., profere adecisão sobre o pedido de licenciamento no prazode 30 dias a contar da data de recepção do reque-rimento devidamente instruído.

2 - O requerimento é indeferido quando não foremcumpridas as condições e requisitos previstos nopresente decreto-lei.

Artigo 18.ºLicença de funcionamento

1 - Concluído o processo e verificando-se que oestabelecimento reúne todos os requisitos legal-mente exigidos, é emitida a licença, em impressode modelo próprio a aprovar por portaria do mem-bro do Governo responsável pelas áreas do traba-lho e da solidariedade social.

2 - Da licença de funcionamento deve constar:a) A denominação do estabelecimento;b) A localização;c) A identificação da pessoa ou entidade gestora doestabelecimento;d) A actividade que pode ser desenvolvida no esta-belecimento;e) A lotação máxima;f) A data de emissão.

Artigo 19.ºAutorização provisória de funcionamento

1 - Nos casos em que não se encontrem reunidastodas as condições de funcionamento exigidas paraa concessão da licença, mas seja seguramenteprevisível que as mesmas possam ser satisfeitas,pode ser concedida uma autorização provisória defuncionamento, salvo se as condições de funciona-mento forem susceptíveis de comprometer asaúde, segurança ou bem-estar dos utentes.

2 - A autorização referida no número anterior é con-cedida, por um prazo máximo de 180 dias, pror-rogável por igual período, por uma só vez, medi-ante requerimento devidamente fundamentado.

3 - Se não forem satisfeitas as condições especifi-cadas na autorização provisória dentro do prazoreferido no número anterior, é indeferido o pedidode licenciamento.

4 - No período de vigência da autorização pro-visória de funcionamento, os estabelecimentosbeneficiam das isenções e regalias previstas noartigo 23.º

5 - Às instituições particulares de solidariedadesocial ou equiparadas, ou outras instituições semfins lucrativos com quem o Instituto da SegurançaSocial, I. P., pretenda celebrar acordo de coope-ração, que reúnam todas as condições de funciona-mento exigidas para a concessão de licença, é con-cedida uma autorização provisória de funcionamen-to por um prazo de 180 dias, renovável até à cele-bração de acordo.

Artigo 20.ºSuspensão da licença

1 - A interrupção da actividade do estabelecimentopor um período superior a um ano determina a sus-pensão da respectiva licença.

2 - A proposta de decisão da suspensão é notifica-da ao interessado pelo Instituto da SegurançaSocial, I. P., que dispõe de um prazo de 10 diaspara contestar os fundamentos invocados para asuspensão da licença.

3 - Se não for apresentada resposta no prazo fixa-do, ou a contestação não proceder, é proferida adecisão de suspensão.

4 - Logo que se alterem as circunstâncias quedeterminaram a suspensão da licença, pode o inte-ressado requerer o termo da suspensão.

Artigo 21.ºCaducidade da licença

A interrupção da actividade por um período superi-or a cinco anos, ou a cessação definitiva, determi-na a caducidade da licença.

Artigo 22.ºSubstituição da licença

1 - Quando se verifique a alteração de qualquer doselementos previstos no n.º 2 do artigo 18.º, deveser requerida, no prazo de 30 dias, a substituiçãoda licença.

2 - Com o requerimento de substituição devem serapresentados os documentos comprovativos daalteração.

3 - O pedido de substituição é indeferido se as alte-rações não respeitarem as condições de instalaçãoe de funcionamento legalmente estabelecidas.

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TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

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Artigo 23.ºUtilidade social

Os estabelecimentos que se encontrem licenciadosnos termos do presente capítulo são consideradosde utilidade social.

CAPÍTULO IVDas obrigações das entidades gestoras

Artigo 24.ºDenominação dos estabelecimentos

Cada estabelecimento ou estrutura prestadora deserviços deve possuir uma denominação própria,de forma a garantir a perfeita individualização eimpedir a duplicação de denominações.

Artigo 25.ºContratos de alojamento e prestação

de serviços

Os diplomas regulamentares referidos no artigo 5.ºpodem estabelecer a obrigatoriedade de cele-bração por escrito de contratos de alojamento oude prestação de serviços com os utentes ou seusrepresentantes legais, devendo os mesmos inte-grar cláusulas sobre os principais direitos e deveresdas partes contratantes.

Artigo 26.ºRegulamento interno

Cada estabelecimento dispõe de um regulamentointerno, do qual constem, designadamente:a) As condições de admissão dos utentes;b) As regras internas de funcionamento;c) O preçário ou tabela de comparticipações, com acorrespondente indicação dos serviços prestados eforma e periodicidade da sua actualização.

Artigo 27.ºAfixação de documentos

Em local bem visível, devem ser afixados nos esta-belecimentos abrangidos pelo presente decreto-leios seguintes documentos:a) Uma cópia da licença, ou da autorização pro-visória de funcionamento;b) O mapa de pessoal e respectivos horários deacordo com a lei em vigor;c) O nome do director técnico;d) O horário de funcionamento do estabelecimento;

e) O regulamento interno;f) A minuta do contrato, quando exigível;g) O mapa semanal das ementas, quando aplicável;h) O preçário, com a indicação dos valores mínimose máximos;i) O valor da comparticipação financeira do Estadonas despesas de funcionamento dos estabeleci-mentos, quando aplicável.

Artigo 28.ºLivro de reclamações

1 - Nos estabelecimentos deve existir um livro dereclamações destinado aos utentes, familiares ouvisitantes, de harmonia com o disposto na legis-lação em vigor.

2 - A fiscalização, a instrução dos processos e aaplicação das coimas e sanções acessórias previs-tas nodiploma referido no número anterior competeaos serviços do Instituto da Segurança Social, I. P.

Artigo 29.ºTaxas

São devidas taxas, a fixar por portaria do membro doGoverno responsável pelas áreas do trabalho e dasolidariedade social, pela emissão e substituição delicenças e autorizações provisórias de funcionamento.

Artigo 30.ºOutras obrigações das entidades gestoras

1 - Os proprietários ou titulares dos estabelecimen-tos são obrigados a facultar aos serviços compe-tentes de fiscalização e inspecção o acesso a todasas dependências do estabelecimento e as infor-mações indispensáveis à avaliação e fiscalizaçãodo seu funcionamento.

2 - Os proprietários ou titulares dos estabelecimen-tos são ainda obrigados a remeter ao Instituto daSegurança Social, I. P.:a) Anualmente, o preçário em vigor, os mapasestatísticos dos utentes e a relação do pessoalexistente no estabelecimento, acompanhado dedeclaração em como não se verifica qualquer dosimpedimentos referidos no artigo 14.º;b) Até 30 dias antes da sua entrada em vigor, asalterações ao regulamento interno do estabeleci-mento;c) No prazo de 30 dias, informação de qualqueralteração dos elementos referidos no artigo 18.o e,bem assim, da interrupção ou cessação de activi-dades por iniciativa dos proprietários.

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TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

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TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

CAPÍTULO VAvaliação e fiscalização

Artigo 31.ºAvaliação e vistorias técnicas

1 - Compete aos serviços do Instituto da SegurançaSocial, I. P., avaliar o funcionamento do estabeleci-mento, designadamente:a) Verificar a conformidade das actividadesprosseguidas com as previstas na licença de fun-cionamento;b) Avaliar a qualidade e verificar a regularidade dosserviços prestados aos utentes, nomeadamente, noque se refere a condições de instalação e aloja-mento, adequação do equipamento, alimentação econdições hígio-sanitárias.

2 - As acções referidas no número anterior devemser acompanhadas pelo director técnico do esta-belecimento e concretizam-se, nomeadamente,através da realização de, pelo menos, uma vistoriade dois em dois anos.

3 - Além das vistorias regulares, referidas nonúmero anterior, o Instituto da Segurança Social, I.P., deve promover a realização de vistorias extra-ordinárias, sempre que as mesmas se justifiquem.

CAPÍTULO VAvaliação e fiscalização

Artigo 31.ºAvaliação e vistorias técnicas

1 - Compete aos serviços do Instituto da SegurançaSocial, I. P., avaliar o funcionamento do estabeleci-mento, designadamente:a) Verificar a conformidade das actividadesprosseguidas com as previstas na licença de fun-cionamento;b) Avaliar a qualidade e verificar a regularidade dosserviços prestados aos utentes, nomeadamente, noque se refere a condições de instalação e aloja-mento, adequação do equipamento, alimentação econdições hígio-sanitárias.

2 - As acções referidas no número anterior devemser acompanhadas pelo director técnico do esta-belecimento e concretizam-se, nomeadamente,através da realização de, pelo menos, uma vistoriade dois em dois anos.

3 - Além das vistorias regulares, referidas nonúmero anterior, o Instituto da Segurança Social, I.P., deve promover a realização de vistorias extra-ordinárias, sempre que as mesmas se justifiquem.

Artigo 32.ºAcções de fiscalização dos estabelecimentos

Compete aos serviços do Instituto da SegurançaSocial, I. P., sem prejuízo da acção inspectiva dosorganismos competentes, desenvolver acções defiscalização dos estabelecimentos e desencadearos procedimentos respeitantes às actuações ilegaisdetectadas, bem como promover e acompanhar aexecução das medidas propostas.

Artigo 33.ºColaboração de outras entidades

Para efeitos das acções de avaliação e fiscalizaçãoprevistas nos artigos anteriores, o Instituto daSegurança Social, I. P., pode solicitar a colaboraçãode peritos e entidades especializadas, daInspecção-Geral do Ministério do Trabalho e daSolidariedade Social, do Serviço Nacional deBombeiros e Protecção Civil, da autoridade desaúde e de outros serviços competentes, tendodesignadamente em consideração as condições desalubridade e segurança, acondicionamento dosgéneros alimentícios e condições hígio-sanitárias.

Artigo 34.ºComunicação às entidades interessadas

O resultado das acções de avaliação e de fiscaliza-ção referidas nos artigos 31.º e 32.º deve ser comu-nicado à entidade gestora do estabelecimento noprazo de 30 dias após a conclusão das acções.

CAPÍTULO VIEncerramento administrativo

dos estabelecimentos

Artigo 35.ºCondições e consequências

do encerramento administrativo

1 - Pode ser determinado o encerramento imediatodo estabelecimento nos casos em que apresentedeficiências graves nas condições de instalação,segurança, funcionamento, salubridade, higiene econforto, que ponham em causa os direitos dosutentes ou a sua qualidade de vida.

2 - A medida de encerramento implica, automatica-mente, a caducidade da licença ou da autorizaçãoprovisória de funcionamento, bem como a ces-sação dos benefícios e subsídios previstos na lei.

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TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

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Artigo 36.ºCompetência e procedimentos

1 - O encerramento do estabelecimento competeao conselho directivo do Instituto da SegurançaSocial, I. P., mediante deliberação fundamentada.

2 - Para a efectivação do encerramento do esta-belecimento, a entidade referida no número anteri-or pode solicitar a intervenção das autoridadesadministrativas e policiais competentes.

3 - O encerramento do estabelecimento não preju-dica a aplicação das coimas relativas às contra-ordenações previstas no regime sancionatórioaplicável.

CAPÍTULO VIIDisposições especiais para os

estabelecimentos desenvolvidos no âmbito da cooperação

Artigo 37.ºPareceres prévios

1 - A fim de fomentar uma utilização eficiente dosrecursos e equipamentos sociais, as instituiçõesparticulares de solidariedade social ou equiparadasdevem solicitar, aos serviços competentes da segu-rança social, parecer prévio da necessidade socialdo equipamento, juntando para o efeito parecer doconselho local de acção social, cuja fundamen-tação deve ser sustentada em instrumentos deplaneamento da rede de equipamentos sociais.

2 - O parecer prévio previsto no número anteriordeve anteceder a emissão do parecer técnico pre-visto no artigo 7.º

Artigo 38.ºRegime aplicável

Os estabelecimentos das instituições particularesde solidariedade social e de outras instituições semfins lucrativos abrangidos por acordos de coope-ração celebrados com o Instituto da SegurançaSocial, I. P., estão sujeitos às condições de fun-cionamento e obrigações estabelecidas no pre-sente decreto-lei e nos respectivos diplomasespecíficos, não lhes sendo, porém, aplicáveis,enquanto os acordos vigorarem, as disposições delicenciamento da actividade constantes do capítuloIII, sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 19.º

Artigo 39.ºCondições da celebração de acordos

de cooperação

1 - A celebração de acordos de cooperação com asinstituições referidas no artigo anterior depende daverificação das condições de funcionamento dosestabelecimentos objecto dos acordos, nomeada-mente das referidas no artigo 12.º, independente-mente dos demais requisitos estabelecidos nosdiplomas especialmente aplicáveis aos acordos decooperação.

2 - Para efeitos do disposto no número anterior éelaborado relatório pelos serviços competentes doInstituto da Segurança Social, I. P., que confirme aexistência de condições legais de funcionamento.

CAPÍTULO VIIIDisposições finais e transitórias

Artigo 40.ºPublicidade dos actos

1 - Compete ao Instituto da Segurança Social, I. P.,promover a divulgação dos seguintes actos:a) Emissão da licença ou, se for caso disso, da auto-rização provisória de funcionamento e suspensão,substituição, cessação ou caducidade da licença;b) Decisões condenatórias definidas no regime espe-cialmente aplicável às contra-ordenações ou quedeterminem o encerramento do estabelecimento.

2 - As divulgações referidas no número anteriordevem ser feitas em sítio da segurança social naInternet, de acesso público, no qual a informaçãoobjecto de publicidade possa ser acedida e em umdos órgãos de imprensa de maior expansão nalocalidade.

3 - No caso de encerramento do estabelecimento,os serviços competentes do Instituto da SegurançaSocial, I. P., devem promover a afixação de avisona porta principal de acesso ao estabelecimento,que se mantém pelo prazo de 30 dias.

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TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

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TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

Artigo 41.ºFormulários

1 - Por portaria do membro do Governo responsá-vel pelas áreas do trabalho e da solidariedadesocial são definidos os documentos que obedecema formulários aprovados pelo mesmo diploma,tendo em vista a uniformização e simplificação deprocedimentos.

2 - Os formulários dos documentos a preencherpelas entidades requerentes devem ser acessíveisvia Internet.

Artigo 42.ºEstabelecimentos em funcionamento

Os estabelecimentos em funcionamento à data daentrada em vigor do presente decreto-lei, que nãose encontrem licenciados, devem adequar-se àsregras estabelecidas no presente decreto-lei ediplomas regulamentares referidos no artigo 5.º,com as adaptações necessárias a cada tipo deestabelecimento, nas condições e dentro dos pra-zos nos mesmos fixados.

Artigo 43.ºProcessos em curso

Os procedimentos relativos ao licenciamento cujosprocessos se encontram em fase de instrução àdata da publicação do presente decreto-lei continu-am a reger-se pelo disposto no Decreto-Lei n.º 133-A/97, de 30 de Maio, e demais legislação aplicável.

Artigo 44.ºCondições de segurança contra incêndios

1 - É aplicável às condições de segurança referidasno presente decreto-lei, com as necessáriasadaptações, o disposto no Regulamento deSegurança contra Incêndios para Edifícios do TipoHospitalar, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 409/98,de 23 de Dezembro, no Regulamento de Segu-rança contra Incêndios para Edifícios Escolares,aprovado pelo Decreto-Lei n.o 414/98, de 31 deDezembro, ou no Regulamento de Segurança con-tra Incêndios em Edifícios de Habitação, aprovadopelo Decreto-Lei n.o 64/90, de 21 de Fevereiro,consoante as características do estabelecimento enos termos dos diplomas previstos no artigo 5.º

2 - Nos casos em que seja aplicável o Regulamen-to aprovado pelo Decreto-Lei n.º 64/90, de 21 deFevereiro, as condições mínimas de segurança sãoainda garantidas através da colocação, nas insta-lações dos estabelecimentos, dos meios deprimeira intervenção em caso de incêndio a definirnos diplomas previstos no artigo 5.º

Artigo 45.º Regime sancionatório

1 - Aplica-se ao licenciamento da actividade oregime sancionatório constante do capítulo IV doDecreto-Lei n.º 133-A/97, de 30 de Maio.

2 - Compete ao Instituto da Segurança Social, I. P.,a instrução e decisão dos processos de contra-ordenação referidos no número anterior.

Artigo 46.ºAplicação às Regiões Autónomas

O presente decreto-lei é aplicável às RegiõesAutónomas dos Açores e da Madeira, nos termos dodisposto no artigo 131.o da Lei n.º 32/2002, de 20de Dezembro, com as necessárias adaptações,decorrentes nomeadamente da especificidade dosserviços competentes nesta matéria.

Artigo 47.ºNorma revogatória

Fica revogado o Decreto-Lei n.o 133-A/97, de 30 deMaio, sem prejuízo do disposto no artigo 45.º

Artigo 48.ºEntrada em vigor

O presente decreto-lei entra em vigor no prazo de60 dias após a sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 4 deJaneiro de 2007. - José Sócrates Carvalho Pinto deSousa - António Luís Santos Costa - EmanuelAugusto dos Santos - José António Fonseca Vieirada Silva - António Fernando Correia de Campos.

Promulgado em 26 de Fevereiro de 2007.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendado em 28 de Fevereiro de 2007.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.

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TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

O texto seguinte foi retirado da RevistaTransdisciplinar de Gerontologia (Ano I, Vol. I,Dezembro / Maio 2006-2007).

A SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE:OLHAR, MUDAR E AGIR

Se falar, reflectir e auscultar a sexualidade nasdiferentes fases do ciclo vital é difícil, constrangedore preconceituoso, mais delicado parece ser auten-ticar a sexualidade na terceira idade.

Neste domínio muito se tem investigado, analisadoe corroborado, porém, as conclusões referem-sequase exclusivamente a amostras de adolescentes,jovens e adultos. Assim e além da longevidade dapopulação ter obrigado ao desenvolvimento de umconjunto de pesquisas relacionadas com o idoso,também é claro que parcas investigações têm sidorealizadas no âmbito desta dimensão humana - aSexualidade (Negreiros, 2004).

Entender a sexualidade é um processo complexo,íngreme e inacabado e isto deve-se, entre outros fac-tores, às representações enraizadas na sociedadedo conceito de sexualidade como sinónimo de sexo,utilizadas comummente como análogos.

É óbvio que uma das grandezas da sexualidade é arelação sexual, porém, ela não se reduz a este acto;ela compreende a necessidade de contacto, ternu-ra de intimidade, um conjunto de sentimentos, com-portamentos e afectos (OMS). É uma “dimensãohumana eminentemente relacional e íntima… umelemento essencial … no bem-estar físico e emo-cional dos indivíduos” (ME, CCPES, MS, APF, CAN& RNEPS, 2000, 23). É também uma forma daspessoas perceberem a sua identidade(Vasconcelos, 1994), pois, a intimidade e a proximi-dade dão sentido à vida dos indivíduos e ao esta-belecimento de vínculos securizantes.

Além da dificuldade em compreender o conceitoabrangente de sexualidade, denota-se uma tendên-cia em desvinculá-la deste período da vida. Comode um momento para o outro, esta dimensão desa-parecesse, fosse lacrada da vida das pessoas. Oidoso, analogamente à criança, é analisado numaperspectiva assexuada, sem quereres, sem desejos,sem sentires, sem fantasias, sem expectativas…

De facto, frequentemente deparamo-nos com dis-cursos sociais que denunciam estereótipos nega-tivos (Castro, 1999) associados às pessoas de ter-ceira idade, nomeadamente, que “não se interes-sam pela sexualidade” (Dinis, 1997). Ora, se a sexualidade é uma parte essencial do relaciona-mento com os outros, particularmente no domínioamoroso (ME et al., 2000), como é possível ponde-rar que na terceira idade não há espaço para amar,para ser amado, para sentir e para desejar. Esta ati-tude repressora da sexualidade das pessoas de ter-ceira idade é muito patente nos adultos, principal-mente nos familiares, que são um dos factores queeternizam esta assexualidade (Fericgla, 1992).

A sexualidade expressa-se de diferentes formas nasmúltiplas etapas do ciclo vital, assim a sexualidadeé evidentemente vivenciada e expressa de dife-rentes maneiras na terceira idade, comparativa-mente com as restantes etapas. Conforme refereCapodieci (2000, 231), “na idade avançada ama-sede maneira mais profunda, consegue-se purificar oamor da paixão que é mais sensual do que genital.Assim, para eles, um olhar ou uma carícia podemvaler mais do que muitas declarações de amor”. Écom estas palavras e expressões, bem mais espon-tâneas e autênticas que a sexualidade pode servivenciada pela pessoa e pelo casal nesta fase vital.

Além disso, o próprio envelhecimento fisiológicoproduz mudanças universais, afectando todas aspessoas que chegam à terceira idade (SPPC, s/d),no entanto e apesar das mudanças fisiológicas eanatómicas que se produzem, as pessoas podemmanter, se assim o desejarem, a sua actividadesexual.

De facto, a sexualidade na terceira idade, pareceestar mais associada à sua dimensão psicoafectivapois, como salienta Vasconcelos (1994, 84) “o suces-so conjugal na velhice está ligado à intimidade, àcompanhia e à capacidade de expressar sentimen-tos verdadeiros um para o outro, numa atmosfera desegurança, carinho e reciprocidade” e pode significaruma oportunidade de “expressar afecto, admiração eamor, a confirmação de um corpo funcional, aliadoao prazer de tocar e ser tocado”.

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TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

TEXTOS DE

APROFUNDAMENTO

TEMÁTICO

Diria mais, se a sexualidade é uma esfera da vidatão importante em todas as fases desenvolvimen-tais, dando significado e segurança às pessoas,maior segurança pode trazer às pessoas de terceiraidade pois, perante um conjunto de perdas e riscosque esta etapa pode acarretar, mais necessário setorna termos alguém com quem partilhar as nossasangústias e ansiedades.

A postura social generalizada que caracteriza a ter-ceira idade a partir de um conjunto de estereótipos,limitadamente críticos e privados de objectividade,distorcem a realidade dos indivíduos (Martins &Rodrigues, s/d). De facto, a terceira idade (assim,como as demais) tem sido objecto de múltiplascrenças, com a intencionalidade de homogeneizartodas as pessoas, ignorando a sua individualidade(Devide, 2000). Assim, a aceitação das represen-tações sociais gerontofóbicas, contribuí para que oidoso se acomode passivamente a estes rótulos,perpetuando a imagem que os próprios idosos têmem relação a si.

Desta maneira, o nosso agir, enquanto profissionaistem como ponto de partida e de chegada a nãoaceitação destas construções sociais, fazendo comque o próprio idoso tenha autonomia e capacidadepara “desmontar” as representações que se tem emrelação a este período da vida, sendo um agentepró-activo desta mudança.

Ao criarmos espaços de relação, de discussãodestes temas, especificamente, o da sexualidade,podemos estar a contribuir para a mudança de umaauto-imagem do idoso, ajudá-lo a perceber os seusdireitos, as suas capacidades, nomeadamente, acapacidade de amar, de se relacionar, de procurarcontacto, de desejar.

De facto, reflectindo e desmontando os seusreceios (muitas vezes associados à submissão daopinião de familiares, a situações financeiras, entreoutros) e percebendo e exigindo a sua individuali-dade, damos mais qualidade aos anos da sua vida.

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DIAPOSITIVOS

DIAPOSITIVOS

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMADOR

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OUTRA INFORMAÇÃO ÚTIL

INFORMAÇÃO ÚTIL

CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADOSINTERVENÇÃO COM A FAMÍLIA E O MEIO SOCIAL DO IDOSO

MANUAL DO FORMANDO

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Bond, J, Coleman, P. & Peace, S. (Eds.) (1994). Ageing inSociety - An introdution do socioal gerontology (2nd Ed.).Londres: Sage Publications.

Fernandes, A. (1997). Velhice e sociedade: demografia,famílias e políticas sociais em Portugal. Oeiras: Celta.

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Grupo de Coordenação do Plano de Auditoria Social CID- Crianças, Idosos e Deficientes - Cidadania, Instituiçõese Direitos (2005). Manual de boas práticas. Uma guiapara o acolhimento residencial de pessoas mais velhas.Lisboa: instituto da Segurança Social IP

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http://www.portaldoenvelhecimento.net

http://www.projectotio.net

http://www.seg-social.pt/

http://www.viver.org

BIBLIOGRAFIA

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BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

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VideogramaCuidar do idoso com demência

Manual do formando Cuidar do idoso com demência

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OUTROS AUXILIARES

DIDÁCTICOS

COMPLEMENTA

RES

OUTROS AUXILIARESDIDÁCTICOS COMPLEMENTARES

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CONTA

CTOS ÚTEIS

CONTACTOS ÚTEIS

APGAssociação Portuguesa de GerontopsiquiatriaServiço de Psicologia da Fac. Med. Univ. PortoAl. Prof. Hernâni Monteiro4200-319 PortoTel.: 22 502 39 63Fax (Psicologia): 22 508 80 11 (FMUP): 22 551 01 19E-mail: [email protected]://www.apgerontopsiquiatria.com/estatutos.php

Associação Portuguesa de PsicogerontologiaAv. Miguel Bombarda, nº 117, 1º1150-164 LisboaTel.: 213 546 933 ou 213 145 437Fax: 213 156 116http://www.app.com.pt

Centro de Neurociências e Biologia Molecular de CoimbraDepartamento de Zoologia, Universidade de Coimbra3004-517 CoimbraTel.: 239834729 e 239822752 Fax: 239826798 e 239822796http://www.uc.pt/cnc

Instituto de Farmacologia e Neurociências Instituto de Medicina Molecular - Faculdade deMedicina de LisboaAv. Prof. Egas Moniz1649-028 LisboaPortugalTel.: 217985183 Fax: 217999454http://www.neurociencias.pt/

Associação de Municípios Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis Av. Dr. Arlindo Vicente, n.º 68 B, Torre da Marinha 2840-403 SeixalTel.: 21 097 61 40 Fax: 21 097 61 41Email: [email protected]

Sociedade Americana de Neurociênciashttp://web.sfn.org/

SPAVCSociedade Portuguesa de AVCRua Afonso Baldaia, 574150-017 PortoTel.: 226168681/2Telemóvel: 936168681/2Fax: 226168683http://www.spavc.org/ E-mail geral: [email protected] da Direcção: [email protected] do secretariado: [email protected]

Alto Comissariado da SaúdeMinistério da SaúdeAvenida João Crisóstomo, 9, 7º piso1049-062 Lisboa Tel.: 21 330 5000Fax: 21 330 5190E-mail: [email protected]://www.acs.min-saude.pt/ACS

Santa Casa da Misericórdia de MértolaAchada de São Sebastião7750-295 MértolaTel.: 286 612 121Fax: 286 612 184E-mail: scmertola@clix

IFHInstituto de Formação para o DesenvolvimentoHumanoAv. dos Combatentes da Grande Guerra, 1C2890 - 015 AlcocheteE-mail: [email protected]

Associação Indiveri ColucciRua Lino Assunção, 6 - Paço de Arcos2770-109 Paço de ArcosTel.: 214 468 622 Fax: 214 410 188E-mail: [email protected]

Casa de Repouso de Paço d’ArcosRua José Moreira Rato, 2 - 2A2770-106 Paço de ArcosTel.: 214 427 520 / 214 427 570 / 214 437 421 Fax: 214 417 003E-mail: [email protected] www.colucci.pt

Clinia - Clínica Médica da LinhaRua Lino Assunção, 6, Paço de Arcos2780-637 Paço de ArcosTel.: 214 468 600 Fax: 214 410 188E-mail: [email protected] www.clinia.pa-net.pt

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Nenhum projecto é possível sem a colaboração ea parceria dos diferentes actores sociais.

Não seria justo, portanto, não deixar, um agrade-cimento profundo às entidades com quem esta-belecemos parcerias estratégicas que permitiramo desenvolvimento dos manuais técnicos evideogramas deste projecto.

O nosso obrigado ainda aos utentes e aos profis-sionais dessas instituições, dos mais aos menosnovos, que participaram de forma generosa nasdiversas filmagens, e que reconhecendo aimportância do nosso trabalho nos deram o alentoe a motivação necessária na prossecução dosobjectivos ambiciosos a que nos tínhamos proposto.

Destaque especial para a parceria com aAssociação Indiveri Colucci - Casa de Repouso dePaço d'Arcos / Clínica Médica da Linha, pelo apoiono desenvolvimento, permitindo, no local, traba-lhar e filmar situações-chave comuns às insti-tuições de apoio ao idoso, de uma forma positiva emambiente de grande qualidade, com a colaboraçãoactiva de toda a sua prestigiada equipa técnica.

O nosso reconhecimento muito particular ainda atodos os colaboradores e funcionários da SantaCasa da Misericórdia de Mértola e particularmenteaos seus utentes do século XXI.

A todos, o nosso Bem Hajam.

CONTA

CTOS ÚTEIS

AGRADECIMENTOS

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ENTIDADE PROMOTORA

ENTIDADE PARCEIRA