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CONSTRUÇÃO DAS DEMANDAS ERGONÔMICAS E MODELAGEM: ESTUDO DE CASO DA ATIVIDADE DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL EM UM HOTEL DO RN Ana Luiza Santos Ribeiro (UFRN) [email protected] thyago de melo duarte borges (UFRN) [email protected] Tuira Morais Avelino Pinheiro (UFRN) [email protected] Juliana Araujo de Sousa (UFRN) [email protected] Viviane Bezerra Felix (UFRN) [email protected] O presente artigo tem como preposição demonstrar as condições as quais os funcionários de uma lavanderia industrial estão submetidos, descrevendo suas atividades, o posto de trabalho ao qual estão inseridos, e as conseqüências que estes fattores trazem a saúde dos trabalhadores. Para isto utilizou-se do método da Análise Ergonômica do Trabalho proposto por (WISNER, 1987; VIDAL, 2008 e GUERIN, 2001). Objetiva-se demonstrar a importância que esta metodologia possui no levantamento de demandas, na posterior demanda selecionada e nas propostas de melhorias realizadas de acordo com a demanda focada estabelecida. Para isso foi realizada a análise da tarefa e da atividade das funcionárias, a construção social, a construção da demanda, a seleção da demanda focada, sua modelagem, e recomendações. Comprovou-se que as condições do ambiente de trabalho as quais as lavadeiras estão submetidas não são apropriadas para uma plena desenvoltura do serviço realizado. Foi possível compreender a importância da metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho para identificação das problemáticas de um posto de trabalho e sua conseqüente proposta de transformação positiva, gerando satisfação e bem estar do trabalhador em sua atividade. Palavras-chaves: Análise Ergonômica do Trabalho; Lavanderia Industrial; Construção da Demanda; Modelagem. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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CONSTRUÇÃO DAS DEMANDAS

ERGONÔMICAS E MODELAGEM:

ESTUDO DE CASO DA ATIVIDADE DOS

FUNCIONÁRIOS DE UMA LAVANDERIA

INDUSTRIAL EM UM HOTEL DO RN

Ana Luiza Santos Ribeiro (UFRN)

[email protected]

thyago de melo duarte borges (UFRN)

[email protected]

Tuira Morais Avelino Pinheiro (UFRN)

[email protected]

Juliana Araujo de Sousa (UFRN)

[email protected]

Viviane Bezerra Felix (UFRN)

[email protected]

O presente artigo tem como preposição demonstrar as condições as

quais os funcionários de uma lavanderia industrial estão submetidos,

descrevendo suas atividades, o posto de trabalho ao qual estão

inseridos, e as conseqüências que estes fattores trazem a saúde dos

trabalhadores. Para isto utilizou-se do método da Análise Ergonômica

do Trabalho proposto por (WISNER, 1987; VIDAL, 2008 e GUERIN,

2001). Objetiva-se demonstrar a importância que esta metodologia

possui no levantamento de demandas, na posterior demanda

selecionada e nas propostas de melhorias realizadas de acordo com a

demanda focada estabelecida. Para isso foi realizada a análise da

tarefa e da atividade das funcionárias, a construção social, a

construção da demanda, a seleção da demanda focada, sua

modelagem, e recomendações. Comprovou-se que as condições do

ambiente de trabalho as quais as lavadeiras estão submetidas não são

apropriadas para uma plena desenvoltura do serviço realizado. Foi

possível compreender a importância da metodologia da Análise

Ergonômica do Trabalho para identificação das problemáticas de um

posto de trabalho e sua conseqüente proposta de transformação

positiva, gerando satisfação e bem estar do trabalhador em sua

atividade.

Palavras-chaves: Análise Ergonômica do Trabalho; Lavanderia

Industrial; Construção da Demanda; Modelagem.

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1. Introdução

Atualmente a preocupação empresarial está cada vez mais focada em qualidade de produtos e

serviços, maior competitividade e maximização de lucros. Porém, para uma maior eficiência

nos processos internos é necessária a compreensão da interação existente entre o trabalho e o

homem, e as consequências que uma atividade exercida pode gerar.

Segundo a definição oficial da International Ergonomics Association – IEA (2010)

“ergonomia é a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres

humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados

e métodos a projetos que visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos

sistemas”.

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) compreende um conjunto de análises globais,

sistemáticas e intercomplementares que permitem a modelagem operante da situação de

trabalho (VIDAL, 2003).

Tendo em vista a relevância desses fatores, buscou-se a aplicação prática dos conceitos

apresentados em uma lavanderia industrial, sabendo que esse setor apresenta um trabalho

cansativo e exaustivo, provocando a exposição dos trabalhadores a esforços físicos

desgastantes, contato com produtos químicos, elevado nível de ruído e temperatura. Para

Couto (1995) a exposição dos trabalhadores a altas temperaturas durante a execução de suas

atividades pode causar doenças como hipertermia ou intermação.

Evidenciando a importância deste setor, segundo o SEBRAE (2004), estima-se que o mercado

de lavanderia industrial movimente cerca de R$ 140.000.000 (cento e quarenta milhões) de

reais por ano no Brasil, tendo uma estimativa de 4 mil lavanderias espalhadas pelas cidades

brasileiras.

Sob essa perspectiva, buscou-se a análise de um posto de trabalho, considerando seus aspectos

cognitivos, físicos e organizacionais. Um estudo de caso foi realizado em uma lavanderia

industrial localizada na região de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte. De acordo com a

metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho (AET), objetiva-se estabelecer a demanda

que mais influência na atividade, perceber suas conseqüências para o trabalhador e estabelecer

propostas de melhorias que venham proporcionar satisfação e bem estar do funcionário em

seu posto.

O artigo foi estruturado em seis seções da seguinte maneira: Na introdução apresentou-se o

delineamento do estudo. Na segunda seção, apresenta-se a metodologia da pesquisa realizada.

Na terceira, inicia-se o desenvolvimento da fundamentação teórica, analisando a Análise

Ergonômica do Trabalho. Uma abordagem acerca das condições de trabalho no setor de

lavanderia é apresentada na quarta seção. Posteriormente, apresenta-se, na quinta seção, o

desenvolvimento do estudo de caso com análise da construção social da empresa, construção

da demanda, diagnóstico e a proposição de um plano de recomendações. Por fim, na sexta,

são feitas as considerações finais.

2. Metodologia

O presente estudo foi desenvolvido visando um melhor entendimento acerca da relação

existente entre um operador e a atividade que ele realiza, buscando analisar os pontos críticos

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e propor recomendações de forma que venha a proporcionar o bem-estar social de uma

organização.

Utilizou-se a metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho, compreendendo as seguintes

etapas: construção de demandas, modelagem da atividade e, idealização de um plano de

recomendações adaptado à organização.

Primeiramente houve a necessidade de levantamento de hipóteses através de pesquisa

bibliográfica a respeito das demandas gerais encontradas em um setor de lavanderia industrial,

após essa devida pesquisa, foram feitas visitas técnicas no posto de trabalho, podendo,

portanto, confrontar as hipóteses de demanda com as demandas gerencias e latentes

percebidas no caso de estudo, chegando dessa maneira a um diagnóstico, para através deste

propor um plano de recomendações.

Figura 1 – Metodologia da AET

Esse trabalho caracteriza-se como um estudo de caso, pois busca investigar a contribuição da

AET para uma instituição. “O estudo de caso é um trabalho de caráter empírico que investiga

um dado fenômeno dentro de um contexto real contemporâneo por meio de análise

aprofundada de um ou mais objetos de análise (casos)” (MIGUEL, 2010).

A modalidade de pesquisa adotada possui caráter exploratório, objetivando a caracterização

inicial do problema, sua classificação e sua definição. Foram utilizadas técnicas

observacionais (auxiliadas por registros fotográficos e vídeos) e técnicas interacionais (escuta

de verbalizações espontâneas e provocadas) a fim de observar os fatos como realmente

ocorrem e conhecer o ambiente que seria estudado.

3. Análise Ergonômica do Trabalho

Segundo o Ministério do trabalho e Emprego - MTE (2002):

“A análise ergonômica do trabalho é um processo construtivo e participativo para a

resolução de um problema complexo que exige o conhecimento das tarefas, da

atividade desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingir

o desempenho e a produtividade exigidos”

A prática da Análise Ergonômica do trabalho está pautada no “diagnóstico dos problemas e

suas conseqüências tanto para o funcionário como para a empresa. É condição primordial para

que se possa então proceder aos projetos de modificações, visando o bem estar do ser humano

e a produtividade com qualidade” (VOLPI,2003).

Nesse sentido, a Análise Ergonômica do Trabalho não se limita tão só ao posto, mas verifica,

também, “as características do ambiente (principalmente quanto ao conforto térmico, conforto

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acústico e iluminação), [...] do método de trabalho, [...] do sistema de trabalho e análise

cognitiva do trabalho” (COUTO 1995, p.374).

Segundo Soares (1999) a demanda ergonômica é a primeira etapa do processo da Análise

Ergonômica do Trabalho (AET), o objetivo desta consiste em definir de forma precisa o

problema em questão, partindo de uma negociação com todos os atores envolvidos. Moraes

(2005) corrobora denominando a primeira etapa de uma intervenção ergonômica como

apreciação ergonômica, e a define como sendo uma fase exploratória que compreende o

mapeamento dos problemas ergonômicos da empresa.

Na segunda etapa faz-se necessária uma modelagem da atividade de trabalho, analisando

fatores relacionados aos aspectos ambientais, humanos, sociais e técnicos, ou seja, tudo que

possa influenciar no exercício do trabalho. Nesta fase, é preciso classificar os problemas

ergonômicos-posturais encontrados, estes podem ser agrupados como: informacionais,

acionais, cognitivos, comunicacionais, interacionais, deslocacionais, movimentacionais,

operacionais, espaciais e físico ambientais. Esta etapa é caracterizada pela hierarquia dos

problemas, priorizando aqueles que mais influenciam a atividade do trabalhador.

A terceira etapa trata da análise concisa da demanda focada, buscando a elaboração de um

plano de recomendações que venha a acrescentar transformações positivas para o funcionário

em seu posto de trabalho.

O fato de uma Análise Ergonômica não ter como foco, necessariamente, toda a empresa, mas

situações específicas, ou postos identificados como problemáticos, exige uma mutabilidade da

demanda, que deve ser sempre revista a partir da interação com os fatores humanos

envolvidos, promovendo a participação dos trabalhadores e/ou de seus representantes nesse

processo (LIMA, 2004).

Dessa maneira, a Análise Ergonômica do Trabalho define o problema a ser estudado, a partir

do ponto de vista dos diversos fatores sociais envolvidos, permitindo a elaboração de um

plano de intervenção que venha à contribuir para a organização.

4. Condições de trabalho no Setor de Lavanderia

Os trabalhadores de lavanderias estão submetidos a riscos de várias ordens que justificam os

problemas de saúde dos funcionários desse setor. Bartolomeu (1998), Wakamatsu, et al.

(1986), Lisboa e Torres (1999) e Prochet (2000) referiram doenças pulmonares, do sistema

músculo-esquelético, fadiga ocular, irritações, lacrimejamento, cefaléia, ricos ambientais pelo

não uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), riscos ocupacionais, biológicos,

físicos, ergonômicos e posturais, a que estão expostos os funcionários e que refletem uma

característica preocupante na prevenção de doenças, lesões ocupacionais e patológicas.

Para Lisboa e Torres (1999), as cargas biológicas a que os funcionários estão expostos são: i)

doenças transmissíveis agudas e crônicas, parasitose, reações alérgicas; ii) os respingos de

sangue e outros fluidos corporais.

Prochet (2000) relata as más condições do ambiente físico de trabalho na lavanderia: os

trabalhadores estão expostos diariamente, a altas temperaturas, umidade, excesso ou escassez

de luminosidade, ruído e vibrações.

Lisboa e Torres (1999) priorizam o fato desses funcionários trabalharem em posturas

inadequadas para a manipulação das máquinas e peças de roupas, permanecendo a maior

parte do tempo em pé e manipulando peso em excesso . Deve-se salientar que os

trabalhadores são subordinados a cargas psíquicas, decorrentes do trabalho repetitivo,

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monótono, manual/automatizado, ritmo intenso (alta demanda a ser atendida), estresse,

tensão, ansiedade, trabalho parcelado e insatisfação.

Torna-se bastante importante para a sociedade contemporânea perceber que a saúde e a

qualidade de vida de grande parte da população são prejudicadas por causa de distúrbios

músculo-esqueléticos agudos e crônicos, uma vez que esses problemas são uma fonte

significativa de lesões e incapacidades no trabalho.

5. Estudo de Caso

Dentre as funções exercidas por um hotel, a tarefa de lavar as peças (lençóis, colchas, toalhas,

fronhas e tapetes para o banheiro) é de suma importância, pois todos os clientes terão contato

físico com estes, necessitando, portanto, do ótimo estado dessas peças.

Nesse sentido, após todo o embasamento teórico, aplicaram-se os conceitos apresentados em

uma lavanderia industrial, dando enfoque aos dados referentes à Análise Ergonômica do

Trabalho, e de que maneira estes poderiam auxiliar as atividade diárias dos colaboradores da

organização, buscando definir um plano de intervenções.

5.1. Caracterização da Empresa

A organização estudada trata-se de uma lavanderia industrial presente em um Hotel localizado

em um bairro de classe média de Natal/RN. A empresa tem 8 anos de atuação no mercado e

busca sempre a melhoria contínua de seus serviços.

A lavanderia da instituição possui 3 funcionários de sexo feminino com idade média de 38

anos e de grau de escolaridade de ensino fundamental incompleto. A carga de trabalho das

lavadeiras é de 12 horas diárias.

5.2. Análise da atividade x tarefa

Em qualquer ambiente de trabalho existem ações que devem ser desenvolvidas de acordo com

o que é pedido, porém, em alguns casos, as ações não acontecem como são previstas por

diversos fatores.

Entende-se por tarefa aquilo que a organização estabelece ou prescreve para o trabalho a ser

realizado. A ação que o trabalhador pratica para executar uma tarefa denomina-se atividade.

Na lavanderia objeto do estudo de caso as tarefas passadas pela gerência são as seguintes:

Figura 2 – Tarefas passadas pela gerência à lavanderia

O processo para lavagem das peças começa quando as camareiras recolhem o material e tem

como tarefa verificar peça a peça, certificando que não existem manchas, e se existirem

separá-las na pia lavatório. As roupas sem mancha devem ser separadas e colocadas nos

devidos baldes.

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Após essa separação entra a parte da tarefa das lavadeiras, elas devem pegar as roupas dos

baldes e colocá-las na máquina de lavar. Quando o processo de lavagem acaba as lavadeiras

devem colocar as roupas limpas para torcer na centrifuga e após isso as roupas devem ser

colocadas na máquina de secar. Depois as roupas devem ser passadas e dobradas para irem

para o estoque. No estudo de caso da lavanderia perceberam-se algumas divergências entre o

que é pedido e o que é feito de fato.

Algumas camareiras não separam as roupas nos devidos baldes e não separam as roupas com

manchas, sobrecarregando as lavadeiras que devem desempenhar uma tarefa a mais. As

roupas manchadas devem ser lavadas previamente a mão e só quando a mancha é retirada

essas podem ser colocadas na máquina de lavar.

Quando o processo de lavagem termina, as lavadeiras colocam as roupas em um balde e o

arrastam até a centrifuga, elas devem colocar as roupas de forma que essas não prendam na

borda da máquina, evitando que rasguem. Essa é mais uma atividade que não está prescrita na

tarefa, mas que foi descrita pelas funcionárias.

Depois de torcidas as roupas, estas são colocadas novamente em baldes e levadas para a

máquina de secar. Essa máquina não possui nenhuma regulagem de tempo de secagem,

cabendo à lavadeira verificar freqüentemente se a roupa está seca, para essa verificação a

trabalhadora coloca a mão dentro da máquina, correndo risco de sofrer uma queimadura.

No momento em que as roupas secam a auxiliar as coloca em uma mesa e dobra de acordo

com o kit (um lençol, duas toalhas, duas fronhas e um piso) e as leva para o estoque. Nessa

etapa as roupas deveriam ser passadas, porém isso não acontece, pois a máquina de passar

encontra-se quebrada.

A partir dessa descrição percebe-se que o trabalho real realizado é diferente da tarefa

prescrita, gerando sobrecarga de trabalho.

5.3. Construção Social

A Construção Social consiste na integração participativa de todos os envolvidos, diretos ou

indiretos, com a situação de trabalho, analisando o sistema de produção como um todo em o

contexto social, técnico e gerencial. Com isso, obtem-se o levantamento de dados e

informações, de modo a confrontar opiniões e realidades, com o propósito de ao final do

estudo propor melhorias.

O grupo de ação ergonômica (GAE) é composto pela integração entre a equipe de ergonomia

(Grupo Externo à empresa), que detém o conhecimento de conceitos técnicos e métodos

ergonômicos, e os interessados, relacionados, com a empresa (Grupo Interno), em um paralelo

com a equipe de trabalho, composto pela equipe responsável pelo gerenciamento da atividade.

O grupo de suporte (GS) é integrado por pessoas com poder de decisão na organização

(gerência administrativa), e neste caso, pessoas que possam determinar a aquisição de

recursos humanos, materiais e autorizar as mudanças solicitadas. Este grupo não

necessariamente detém o conhecimento técnico sobre o escopo do projeto, entretanto tem

poder de acatar ou rejeitar as propostas do grupo técnico.

O grupo de acompanhamento (GA) é composto por pessoas com poder de decisão técnica.

No caso em estudo, pessoas que possam decidir tecnicamente sobre questões relacionadas aos

requisitos da atividade, tais como riscos, comunicação, recursos humanos.

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A situação de trabalho será substituída pelas diferentes etapas da atividade e os grupos focos

serão os profissionais de cada área da empresa necessária para a execução da atividade, como

lavadeiras, camareiras e a gerência.

Figura 3 – Construção Social

5.4. Construção da Demanda

No estudo realizado a demanda caracteriza-se como provocada, pois o interesse de

identificação e posterior elaboração de propostas de melhorias partiram dos pesquisadores.

A partir da metodologia adotada, foram levantadas demandas referentes à área do ambiente de

trabalho, organizacional, segurança do trabalho e saúde. Classificaram-se suas origens como

sendo: demanda latente (encontrada na situação de foco), demanda gerencial (passada pela

gerência da empresa) e demanda de referencial teórico (encontrada durante a etapa de

levantamento de hipóteses ao se realizar a pesquisa bibliográfica).

Notou-se que muitas hipóteses de demanda foram comprovadas, destacando-se as

relacionadas ao ruído excessivo do local e a alta temperatura.

O quadro a seguir fornece as demandas confrontadas no que diz respeito a suas áreas e a suas

origens.

DEMANDA DO SETOR DE LAVANDERIA ORIGEM

SAÚDE

Postura Inadequada (LISBOA, TORRES, 1999);

Transporte de roupas - peso excessivo (LISBOA, TORRES, 1999);

Fadiga ocular (BARTOLOMEU, 1998); (WAKAMATSU, ET AL., 1986); (LISBOA E

TORRES, 1999); (PROCHET, 2000);

Irritações (BARTOLOMEU, 1998); (WAKAMATSU, ET AL., 1986); (LISBOA E TORRES,

1999); (PROCHET, 2000);

Cefaléia (BARTOLOMEU, 1998); (WAKAMATSU, ET AL., 1986); (LISBOA E TORRES,

1999); (PROCHET, 2000);

Contato com substâncias químicas

Carga psíquica

Movimento repetitivo

AMBIENTE

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Altas temperaturas (PROCHET, 2000); (COUTO, 1995);

Umidade (PROCHET, 2000);

Excesso ou escassez de luminosidade (PROCHET, 2000);

Ruído e Vibrações (PROCHET, 2000);

SEGURANÇA DO TRABALHO

Falta de EPI’s

Acidente de trabalho em todas as máquinas

ORGANIZACIONAL

Problemas de Comunicação

Referencial Teórico - ; Demanda Gerencial - ; Demanda Latente -

Tabela 1 – Construção da Demanda

A demanda selecionada refere-se ao ambiente de trabalho, essa demanda foi estabelecida

tendo em vista não apenas o alto grau de reclamação que as funcionárias da lavanderia

prestam a essa problemática, como também a comprovação da gerência em relação ao grau de

insalubridade proporcionado por essa demanda, portanto, a demanda focada refere-se ao alto

nível de calor e ruído no posto de trabalho. A tabela abaixo fornece algumas falas das

funcionárias ao se referir a essa demanda.

Temperatura Ruído

“Tem dia que eu fico muito agoniada, precisa

de um ventilador” (Funcionária 1, referindo-se a

alta temperatura)

“Essa máquina aqui ta uma benção” (Funcionária 1, referindo-se ao alto ruído da

máquina centrífuga)

“Quando eu to muito agoniada com a quentura

eu vou e levanto a calça” (Funcionária 1) “Quando eu quero falar com ela eu vou junto

dela ou se não desligo a máquina” (Funcionária

3)

“Ei, tem dia que isso ai é quente demais”

(Funcionária 1, referindo-se à alta temperatura da

máquina de secar)

“As máquinas fazem barulho porque não

recebem manutenção” (Funcionária 3)

“Quando eu cheguei já não tinha ventilador” (Funcionária 2)

“Eu falo alto para me escutarem” (Funcionária

3)

Tabela 2 – Demanda selecionada: Ambiente de Trabalho

5.5. Pré - diagnóstico

Após a análise do posto de trabalho chega-se ao pré-diagnóstico que o ambiente de trabalho

está inadequado para o trabalhador. O local apresenta elevada temperatura, levando ao

aparecimento de brotoejas, desidratação, sudorese e desconforto ao mesmo tempo em que não

se utiliza um fardamento adequado. Os ruídos levam a poluição sonora do espaço e afetam

diretamente a comunicação entre as lavadeiras. Estes fatos levam a saídas do posto de

trabalho e afetam diretamente a saúde do trabalhador e no rendimento da organização como

um todo.

5.6. Variabilidades e regulações

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A partir da análise focada, considerando a demanda selecionada como o ambiente de trabalho

impróprio para o trabalhador, buscou-se estabelecer quais as variabilidades e suas

conseqüentes regulações referentes à temperatura e aos ruídos.

Com relação à temperatura foi possível visualizar uma variabilidade técnica referente a não

regulagem de tempo pela secadora de roupas, dessa maneira as lavadeiras não possuem

certeza se a roupa está enxuta, levando a regulação de entrar em contato com as peças para a

verificação.

A alta temperatura gera uma ambiente desconfortável, como regulação para este fato a

gerência estabeleceu a pintura da máquina secadora. Porém, as lavadeiras continuam a relatar

o desconforto presente e o aumento do mesmo durante a jornada de trabalho, devido à falta de

um sistema de circulação de ar no ambiente, fazendo com que as mesmas deixem seu posto de

trabalho várias vezes durante o dia para beber água ou da uma “arejada” no ambiente externo

a lavanderia.

Nos dias de chuva a roupa demora mais para secar, levando as lavadeiras a aumentarem a

temperatura da máquina secadora para acelerar o processo, o que acaba por elevar a

temperatura do local.

No que se refere aos ruídos, percebe-se que a variabilidade do alto índice dos mesmos gera

um ambiente de trabalho com poluição sonora, fazendo com que as lavadeiras falem alto ou

desliguem a máquina centrífuga para poderem se comunicar entre si.

5.7. Possíveis acidentes

– A elevada temperatura causou rachaduras no teto e deteriorização dos azulejos na parede, o

que leva a um ambiente de trabalho instável com elevados riscos.

Figura 4 – Consequências devido à alta temperatura

– Pelo fato da secadora não delimitar o tempo em que a roupa estará enxuta, as lavadeiras

entram em contato direto com roupa para a verificação, levando a altos riscos de queimaduras.

Figura 5 – Funcionária exposta a altos riscos de queimaduras

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– A elevação da temperatura da secadora leva a alto nível de aquecimento, tornando-se um

sério risco de incêndio, considerando que possui gás no ambiente e não há a existência de um

extintor no local. Na foto abaixo é possível visualizar a chama amarela da secadora. É

passado pela gerência que esta deve manter-se azul, porém para acelerar o processo as

lavadeiras aumentam a intensidade.

Figura 6 – Chama da secadora

5.8. Diagnóstico

O objetivo da Análise Ergonômica do trabalho é a modificação das descrições sociais do

trabalho a partir da observação de comportamentos e da compreensão dos compromissos

elaborados pelas pessoas trabalhadoras (VIDAL, 2008).

Na situação de trabalho em análise, observou-se que as lavadeiras utilizam apenas botas,

uniforme padrão e luvas de plástico durante a execução de seu trabalho, faltando uso de

outros EPI’s, como: luva adequada para a máquina de secar (reduzindo o risco de

queimaduras), fardamento adequado para a atividade e protetor auricular.

Um ruído que ultrapassa a média de 80 dB (A) em oito horas de exposição, pode provocar

surdez. Se o ruído estiver uma intensidade constante de 80 dB (A), o tempo de exposição

máximo permitido é de oito horas. E a cada aumento de 3 dB (A), deve haver uma redução do

tempo pela metade, ou seja, se o ruído for de 83 dB (A), por exemplo, o tempo de exposição

se reduz para quatro horas. De acordo com Jan Dul e Bernard Weerdmeester (2000), as

perturbações nas comunicações e no trabalho intelectual ocorrem a partir dos 80 dB (A) de

ruído.

Acredita-se que as causas dos excessos de ruídos da máquina centrífuga devem-se a falta de

manutenção adequada e ao estado de conservação da mesma, provocando ruídos e vibrações

ainda maiores no ambiente e o conseqüente desconforto para população de trabalho da

lavanderia.

Nesse sentido, a manutenção regular das máquinas contribui para reduzir os ruídos. Fixações

soltas, desbalanceamentos e atritos são causas de vibrações, que produzem ruídos. A

substituição de peças defeituosas, regulagem e uma boa lubrificação contribuem para reduzir

os ruídos (JAN DUL, 2000).

O protetor auricular ajudará a amenizar a percepção do excesso de ruídos. Porém, é necessária

a prévia educação do trabalhador para utilização desse EPI, visto que conforme foi

evidenciado pelas lavadeiras, este já foi utilizado por elas, porém veio a provocar dores de

cabeça. Frente ao exposto, acredita-se que o seu mau uso e falta de cuidado ao “guardar” o

equipamento gerou essa consequência.

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XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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O espaço físico limitado para disposição de máquinas e trabalhadores, e o calor excessivo

gerado pela máquina de secar têm como consequência um ambiente da com pouca circulação

de ar, levando a um posto de trabalho quente e abafado. Nessa situação, as lavadeiras

trabalham com pausas constantes durante o turno, são as freqüentes saídas para “ventilação” e

beber água. Este fato pode levar ao desvio de atenção do funcionário, já que ao sair do seu

posto de trabalho as máquinas continuam ligadas, podendo passar do tempo determinado para

a conclusão do processo. Portanto, é necessária a aquisição de um sistema de ventilação

(ventiladores) e fardamento com tecidos adequados a esse ambiente (roupas leves).

5.9. Recomendações

Após a análise da demanda selecionada, percebe-se o elevado risco de acidentes e das

condições e limitações dos trabalhadores.

A tabela abaixo permite a visualização dos aspectos abordados, valores, resultados, objetivos

e meios do que é necessário ser realizado para melhorar a qualidade do ambiente de trabalho

da lavanderia em questão.

SITUAÇÃO VALORES RESULTADOS OBJETIVOS E MEIOS

O que está

dando certo:

As máquinas

mesmo sem

manutenção

regular

funcionam.

O que é desejável:

Ambiente que

proporcione um bem

estar ao trabalhador,

com níveis de ruídos e

temperatura

suportáveis, que não

prejudiquem o

desempeno do

funcionário, nem a

curto ou longo prazo.

Que tipo de

resultados se

deseja:

Tornar o

Ambiente livre

de ruídos e

excesso de

temperatura.

Em que prazo:

No prazo de três

meses.

O que é possível:

Fazer manutenção das máquinas

Controlar a elevação da temperatura

da secadora

Fazer aferição do ruído e

temperatura

Adquirir fardamentos apropriados

Implementação de sistema de

circulação do ar

Instalação de um extintor de

incêndio

Instalação de um banheiro e

bebedouro

O que não vai

bem:

A alta

temperatura e o

ruído excessivo

impedem um

melhor

rendimento no

trabalho; A

máquina de

secar gera muito

calor e a

centrífuga

provoca grandes

ruídos.

Em que situação

melhorar:

Diminuição do ruído e

da temperatura.

Com que

alcance:

Tornar o

ambiente

favorável ao

desempenho do

trabalhador.

Como ser feito:

Estabelecer período de manutenção

preventiva das máquinas

Palestras e reuniões

Adquirir equipamentos que façam

aferição

Pesquisar a respeito de fardamentos

apropriados

Estabelecer uma melhor forma de

circulação de ar

Compra de um extintor e estudo a

respeito do seu melhor

posicionamento

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Estudo sobre layout do espaço para

construção

Quais os critérios de

melhoria:

Funcionários expostos

a uma quantidade de

ruídos inferior a 115

Db para um período de

tempo de 7 minutos.

Limites de tolerância

para exposição ao

calor, período de

descanso em outro

local com temperatura

mais amena.

Quem pode fazer:

Gerência e/ou contratação de terceiros.

Tabela 3 – Plano de Recomendações

6. Considerações Finais

Afirma-se que as condições do ambiente de trabalho as quais as lavadeiras estão submetidas

não são apropriadas para uma plena desenvoltura das atividades realizadas por estas, devido,

em quase sua totalidade, à elevada temperatura do local e ao excesso de ruído. Com isso,

deve-se buscar minimizar os riscos de acidentes e conscientizar gerência e funcionárias à

respeito das conseqüências a curto e longo prazo provocadas pela demanda selecionada.

Através desse estudo, percebe-se a importância da metodologia da Análise Ergonômica do

Trabalho para identificação das problemáticas de um posto de trabalho e sua consequente

proposta de modificação positiva, gerando satisfação e bem estar do trabalhador em sua

atividade realizada.

Recomenda-se a aferição do ruído e da temperatura do local para a verificação da exposição

diária das lavadeiras a estes fatores. Deve-se evitar que as lavadeiras aumentem a temperatura

da máquina de secar já que este fato eleva o desconforto do ambiente e a instalação de

extintor de incêndio como forma de prevenção à possíveis acidentes. É necessária a

implantação de um sistema de circulação de ar, aquisição de um fardamento diferenciado para

o pessoal da área, com roupas leves que facilitem a ventilação e deslocamento do operador, e

a instalação de um banheiro e bebedor de água, para diminuir a incidência de saídas do posto

de trabalho. É preciso à implementação de manutenções preventivas e regulares de todas as

máquinas para evitar quebras e mau funcionamento destas, o que implicará em redução das

variabilidades dos processos.

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