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CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIPOTENSÃO PÓS- EXERCÍCIO AERÓBIO João Henrique Fregueto LONDRINA – PARANÁ 2009

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Page 1: CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIPOTENSÃO PÓS- EXERCÍCIO … · hipotensivo do exercício, e o que todos eles apontam são resultados não conclusivos a respeito da magnitude da hipotensão

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO AERÓBIO

João Henrique Fregueto

LONDRINA – PARANÁ

2009

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JOÃO HENRIQUE FREGUETO

CONSIDERAÇÕES SOBRE A HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO AERÓBIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para sua conclusão.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Esp. Allan Bussman Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Ms. Vilma Schwald Babboni Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Esp. Maria de Lourdes Ferreira Universidade Estadual de Londrina

Londrina, ____ de____________ de 2009.

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A Deus; A meu pai, Divomar S. Fregueto;

A minha sobrinha, Ana L. Fregueto; Sem eles, nada teria sentido.

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AGRADECIMENTOS

A minha Família, pelo apoio; Aos colegas de classe, pela ajuda em todos os momentos, e pelo incentivo a

sempre buscar a superação; Aos amigos, por me incentivarem a sempre prosseguir, em especial: Franciele Marconi, Kley Cavalcante, Ricardo Trevisan, Sayuri Yabuki, Tadao Nishida; e

tantos outros que se fizeram presentes durante a graduação; Ao professor orientador Allan Bussmann; e aos membros da banca avaliadora:

Professora Maria de Lourdes Ferreira e Professora Vilma Shwald Babboni A todos os professores que se fizeram presentes durante a graduação, nas disciplinas de modo geral, nos estágios obrigatórios e monitoria acadêmica.

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FREGUETO, João Henrique. Considerações sobre a Hipotensão Pós-Exercício Aeróbio. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2009.

RESUMO

Dados recentes mostram alta incidência de hipertensão arterial em indivíduos

adultos, e principalmente em idosos, sendo esta um importante fator de risco

para o aparecimento de doenças cardiovasculares. Estudos demonstram um

efeito benéfico da atividade física para redução dos níveis de pressão arterial

em repouso após o exercício, fenômeno este denominado hipotensão pós-

exercício. A hipotensão pós-exercício é a redução dos níveis pressóricos, após

a prática do exercício, a valores abaixo dos verificados antes do inicio de sua

prática e pode ser benéfica tanto para hipertensos e pré-hipertensos, quanto

para normotensos. O objetivo do presente trabalho foi o de reunir estudos que

avaliaram a ocorrência de hipotensão pós-exercício aeróbio, e verificar as

principais considerações para que se observe essa redução dos níveis de

pressão arterial. O que ficou evidenciado é que o exercício de baixa ou

moderada intensidade e longa duração demonstra ser o mais indicado para

que ocorra a redução pressórica esperada. Não é possível precisar quais as

condições ideais para que ocorra hipotensão pós-exercício, devido às

diferenças entre os protocolos de cada estudo.

Palavras chave: hipotensão pós-exercício, exercício aeróbio, pressão arterial.

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FREGUETO, João Henrique. Considerations about Dynamic Post-exercise Hypotension. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2009.

ABSTRACT Recent data showed a high incidence of arterial hypertension in adults, and

mainly elderly, being an important risk factor for the appearance of

cardiovascular diseases. Studies established beneficial effect of physical

activity to reduce levels of blood pressure in rest after exercise, a phenomenon

called post-exercise hypotension. The post-exercise hypotension is the

reduction in the pressure levels, after the exercise training, to values below

those recorded before the start of practice and it can be beneficial both for

hypertensive and pre-hypertensive, as for normotensive. The objective of this

work was to gather studies evaluated the occurrence of aerobic post-exercise

hypotension, and check the main considerations that reduction of blood

pressure. Which evidenced is that the exercise of low and moderate intensity

and long duration is shown to be the most indicated to occurrence of blood

pressure reduction expected. Can not specify what the conditions ideal to occur

post-exercise hypotension, due to differences between the protocols of each

study.

Keywords: Post-exercise hypotension, dynamic exercise, blood pressure.

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Sumário 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................... 08

2 – JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 10

3 – OBJETIVOS ....................................................................................................... 11

3.1 – Objetivo Geral ................................................................................................. 11

3.2 – Objetivo Específico .......................................................................................... 11

4 – MÉTODOS ......................................................................................................... 12

5 – REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 13

5.1 – Hipertensão Arterial ......................................................................................... 13

5.2 – Exercício Físico e Hipotensão ......................................................................... 13

5.3 – Exercício Aeróbio e Hipotensão Pós-exercício ................................................ 14

5.4 – Efeito da duração do exercício sobre a hipotensão pós-exercício .................. 16

5.5 – Hipotensão pós-exercício e intensidade do exercício ..................................... 18

5.6 – Resposta da pressão arterial ao treinamento físico ........................................ 20

5.7 – Efeito do tipo de exercício aeróbio sobre a resposta hipotensiva .................... 21

5.8 – Fatores associados à hipotensão pós-exercício .............................................. 22

5.9 – Hipotensão pós-exercício em pessoas com cardiopatia ou doença renal ....... 23

5.10 – Hipotensão pós-exercício em idosos ............................................................. 23

5.11 – Hora da sessão de exercício e resposta pressórica; horários de maior

hipotensão pós-exercício ................................................................................. .24

5.12 – Hipotensão pós-exercício em mulheres ........................................................ 25

5.13 – Etnia e hipotensão pós-exercício .................................................................. 26

5.14 – Hipotensão pós-exercício em atletas............................................................. 26

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 27

7 - CONCLUSÕES ................................................................................................... 31

8 - REFERÊNCIAS ................................................................................................... 33

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1 – Introdução

Segundo dados recentes, cerca de 20 a 30% da população adulta, e

50% da população idosa estão enquadrados em um estágio de hipertensão

arterial. Sendo este um importante fator de risco para manifestação de doenças

coronárias, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral e

doenças renais, as quais apresentam alta morbi-mortalidade (AIRES, 2008).

Trata-se de uma síndrome com causas múltiplas, caracterizada por níveis

tensionais elevados, normalmente associados a distúrbios metabólicos,

hormonais e hipertrofias cardíaca e vascular (BRUM et al. in NEGRÃO e

BARRETTO, 2006). Uma redução na pressão arterial sistólica de apenas

2mmHg pode reduzir até 6% das mortes por acidente vascular cerebral e até

4% por cardiopatia. Além disso, uma queda da pressão arterial alta pode

também reduzir a progressão da demência e a deterioração cognitiva, que são

mais comuns nas pessoas com hipertensão (McARDLE, KATCH e KATCH,

2008).

A partir disso estudos na literatura têm procurado meios para o controle

da pressão arterial, a fim de reduzir a prevalência destes problemas. Esses

podem ser farmacológicos e não-farmacológicos. Não-farmacológicos estão

diretamente relacionados à mudança no estilo de vida, como hábitos

alimentares e aumento dos níveis de atividade física (Joint National Committee

on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure,

apud FARINATTI et al., 2005).

Sendo assim, modificações no estilo de vida têm-se mostrado eficientes

na prevenção e no controle dos níveis tensionais elevados e são indicados a

todos os hipertensos e a indivíduos normotensos com historia familiar de

doença cardiovascular. As modificações que tem se mostrado eficientes na

redução dos níveis de pressão arterial são principalmente: redução do peso

corporal, diminuição da ingestão de sal e bebidas alcoólicas, não utilização de

drogas que elevem a pressão arterial e prática regular de exercício físico

(BRUM et al. in NEGRÃO e BARRETTO, 2006).

Dentre esses meios, a prática de exercícios físicos pode levar a

reduções na pressão arterial pós-exercício, dessa maneira a realização de

exercício moderado como um tratamento não-farmacológico para a hipertensão

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tem sido bastante elucidado (McARDLE, KATCH e KATCH, 2008). Estudos que

utilizaram o exercício físico como forma de redução da pressão arterial tem

demonstrado bons resultados (URATA et al., 1987; MEDIANO et al., 2005),

tanto em indivíduos hipertensos (MEDIANO et al., 2005) quanto em indivíduos

normotensos (FORJAZ et al., 1998).

Os mecanismos responsáveis por essa redução na pressão arterial após

o término de uma atividade ainda não estão completamente claros (NEGRÃO e

RONDON, 2001). Principal motivo disso são as diferentes respostas

encontradas (NEGRÃO e RONDON, 2001; KULICS, COLLINS e DICARLO,

1999; BRUM et al., 2000) tanto nos mecanismos responsáveis por isso, quanto

na duração e intensidade do efeito hipotensor relacionado à duração e

intensidade do exercício (FORJAZ et al., 1998). Além da intensidade, duração,

tipo (aeróbio ou força), os quais podem influenciar as respostas obtidas e

dessa maneira torna-se difícil verificar as respostas hipotensoras.

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2 – Justificativa

Sabe-se que existem diversos estudos de revisão a respeito do efeito

hipotensivo do exercício, e o que todos eles apontam são resultados não

conclusivos a respeito da magnitude da hipotensão pós-exercício, bem como

os mecanismos responsáveis por esta resposta (NEGRÃO e RONDON, 2001).

Sendo assim, revisões adicionais poderiam corroborar para melhores

esclarecimentos a respeito do tema, reunindo as principais considerações

sobre os mecanismos responsáveis pela redução da pressão arterial de

repouso, e também quais os tipos e intensidades de exercícios trouxeram mais

benefícios para que ocorresse essa redução nos níveis pressóricos. Esta

revisão reuniu estudos que avaliaram a hipotensão pós-exercício em diferentes

situações ou populações, a fim de facilitar a prescrição de treinamentos para

populações com hipertensão arterial ou grupos de risco para o surgimento

desta síndrome. Existe também a pretensão de que os diferentes estudos

apresentados neste trabalho respondam possíveis dúvidas a respeito do

tratamento da hipertensão arterial através do exercício aeróbio.

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3 – Objetivos 3.1 – Objetivo Geral

Buscar na literatura os resultados a respeito da hipotensão pós-exercício

e os possíveis mecanismos responsáveis por isso.

3.2 – Objetivo Específico

Reunir estudos que compreendam o exercício físico e a hipotensão após

a sua prática de forma aguda ou crônica e suas principais considerações

quanto a intensidade, tipo, duração, mecanismos responsáveis e outros

possíveis fatores, em indivíduos hipertensos ou normotensos, e demonstrar os

principais resultados a respeito da redução da pressão arterial após a prática

de atividade física aeróbia tanto em curto prazo (exercício agudo), como em

longo prazo (exercício crônico) e como a atividade física ou o exercício físico

pode ser um importante meio para a redução dos níveis de pressão arterial de

repouso.

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4 – Métodos

Foi realizada busca de estudos que se propuseram a avaliar o efeito

hipotensor do exercício aeróbio, a fim de reunir informações sobre este

fenômeno, por meio de pesquisas na internet em sites de busca de artigos,

livros e revistas de educação física e áreas relacionadas. Os principais termos

adicionados às buscas foram hipotensão pós-exercício; atividade física;

exercício físico e hipertensão arterial; respostas da pressão arterial, e suas

correspondentes na língua inglesa, de forma isolada ou combinada. Foram

utilizados estudos publicados nos idiomas português e inglês sem restrição de

data.

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5 – Revisão da Literatura

5.1 – Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial (HA) constitui sério problema de saúde pública em

todo o mundo, particularmente no Brasil, pela alta prevalência e por destacar-

se como importante fator de risco cardiovascular (AMADO e ARRUDA, 2003).

O tratamento não-medicamentoso pode controlar a hipertensão leve;

quando associado com o tratamento farmacológico, pode melhorar o controle

do paciente com hipertensão moderada / grave (LOPES, BARRETO FILHO e

RICCIO, 2003).

5.2 – Exercício físico e hipotensão

Hipotensão pós-exercício é definida como uma redução na pressão

arterial sistólica e/ou diastólica abaixo dos níveis de controle após uma única

sessão de exercício (KENNEY e SEALS, 1993).

O exercício físico agudo e crônico, desde que adequadamente planejado

quanto a sua duração e intensidade, pode ter um efeito hipotensor importante,

em animais geneticamente hipertensos e em humanos com hipertensão arterial

essencial (NEGRÃO e RONDON, 2001).

Estudos realizados nas últimas décadas mostram que existem poucas

dúvidas quanto ao efeito benéfico do exercício físico crônico na hipertensão

arterial (URATA et al., 1987; MEDIANO et al., 2005). Quanto ao efeito agudo

também são encontrados resultados positivos quanto à redução da pressão

arterial (NEGRÃO e RONDON, 2001; FORJAZ et al., 1998).

Reduções relativamente prolongadas da pressão arterial pós-exercício

justificam as recomendações de múltiplos períodos de atividade física

entremeados durante o dia inteiro (McARDLE, KATCH e KATCH, 2008).

O tipo de atividade executada e intensidade também são fatores que vão

influenciar a observação ou não de hipotensão pós-exercício, assim como o

tempo de permanência. Tomasi et al. (2008) e Bermudes et al. (2003)

encontraram redução significativa da pressão arterial pós-exercício em

exercícios aeróbios quando comparados com exercícios de força, Negrão e

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Rondon demonstraram que intensidades moderadas são mais eficazes para

ocasionar hipotensão pós-exercício do que intensidades altas, Forjaz et al.

(1998) demonstraram que quanto maior for o tempo que o individuo permanece

em atividade, maior será o efeito hipotensor e a duração desse efeito.

Cléroux et al. (1992) demonstraram que uma sessão de exercício em

bicicleta ergométrica, em intensidade moderada, é eficiente para reduzir de

forma significativa o nível pressão arterial de hipertensos, o que não foi

observado nos indivíduos normotensos que realizaram a mesma sessão de

exercício.

Pacientes hipertensos apresentam diminuição mais acentuada da

pressão arterial após a prática de exercícios físicos quando comparados com

indivíduos normotensos (NEGRÃO e FORJAZ, 1994).

Ao longo da última década aumentaram progressivamente o número de

estudos que mostram o efeito hipotensor do exercício físico no período pós-

exercício (NEGRÃO e FORJAZ,1994).

Estudos têm demonstrado um efeito benéfico do exercício de

força (MEDIANO et al, 2005) e aeróbio (BERMUDES et al., 2003) sobre a

redução da pressão arterial pós-exercício. Segundo Hamer (2006) o exercício é

associado com benefícios anti-hipertensivos, mas apesar das longas pesquisas

sobre a dose ótima de exercício (aspectos como frequência de treino,

intensidade e tempo), necessária para reduzir a pressão arterial ou manter o

nível pressórico normal, os resultados ainda permanecem obscuros.

5.3 – Exercício aeróbio e hipotensão pós-exercício

Negrão e Rondon (2001) analisando os mecanismos hipotensores

pós-exercício, evidenciaram que o efeito agudo hipotensivo encontrado após a

realização de exercícios físicos está relacionado mais ao tempo de execução

do que a intensidade. Segundo estes autores, os mecanismos que são

responsáveis por esta resposta hipotensiva ao exercício físico ainda não estão

totalmente claros, porém, acredita-se que essa se deva a uma redução no

débito cardíaco, associado a um menor volume sistólico.

Por sua vez o treinamento crônico a 50% do consumo de oxigênio pico,

foi mais eficiente para causar a hipotensão pós-exercício que um treinamento a

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85% do consumo de oxigênio pico, pois em seu estudo realizado com ratos

espontaneamente hipertensos Negrão e Rondon (2001) observaram que a alta

intensidade não provocou a resposta esperada, ou seja, a queda na pressão

arterial, o que é contrário ao encontrado no treinamento moderado. Estudando

o controle autonômico da pressão arterial destes ratos, estes autores

encontraram que a diminuição da freqüência cardíaca, após o exercício

moderado, se deu por uma redução do tônus simpático no coração, o que na

verdade foi uma normalização deste tônus.

Kulics, Collins e Dicarlo (1999) submeteram ratos espontaneamente

hipertensos a um protocolo de exercícios a fim de observar quais mecanismos

seriam responsáveis pela hipotensão pós-exercício, divididos em dois

protocolos, onde no primeiro grupo foram determinados o débito cardíaco e a

resistência periférica total, antes, durante e depois do exercício. No segundo

grupo foi registrada a atividade nervosa simpática lombar antes e após o

exercício. O exercício dinâmico leve (9-12 m/min, 10%, por 40 minutos)

resultou em uma redução da pressão arterial média após o exercício,

associado a isso ocorreu uma redução na resistência periférica total, e uma

elevação do débito cardíaco. As reduções na pressão arterial e resistência

periférica total foram associadas com uma redução da atividade nervosa

simpática lombar. Estes resultados sugerem que a hipotensão pós-exercício é

mediada por reduções na resistência periférica total e atividade nervosa

simpática.

O treinamento físico atenua a hipertensão e aumenta a sensibilidade

barorreflexa na hipertensão espontânea. Um período de treinamento físico com

duração de 13 semanas aumentou o ganho de sensibilidade do barorreceptor

aórtico em ratos normotensos e espontaneamente hipertensos, melhorando

assim a sensibilidade barorreceptora, que resultará em uma regulação da

pressão arterial mais eficiente através do barorreflexo (BRUM et al., 2000).

O decréscimo no tônus simpático cardíaco e na frequência cardíaca

depois de um treinamento físico de baixa intensidade provavelmente tem

consequências hemodinâmicas em ratos espontaneamente hipertensos. Véras-

Silva et al. (1997) analisaram os efeitos do treinamento físico de baixa e alta

intensidade na pressão arterial de repouso, débito cardíaco, e resistência

periférica total em ratos espontaneamente hipertensos. Foram designados três

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grupos, sedentários, treinados em alta intensidade (85% do consumo máximo

de oxigênio) e treinados em baixa intensidade (55% do consumo máximo de

oxigênio), em um treino com frequência semanal de cinco dias, e duração de

60 minutos, num período de 18 semanas. O treino de baixa intensidade, ao

contrario do de alta, demonstrou uma redução na frequência cardíaca e no

débito cardíaco e, por consequência, atenuou a hipertensão em ratos

espontaneamente hipertensos.

Apesar de muito estudada, ainda não se sabe ao certo quais são os

mecanismos responsáveis pela hipotensão pós-exercício. Evidências apontam

que reduções nas atividades nervosas simpáticas cardíacas e periféricas sejam

responsáveis por tal resposta pressórica ao exercício (FORJAZ, RONDON e

NEGRÃO, 2005).

5.4 – Efeito da duração do exercício sobre a hipotensão pós-exercício

Com relação à duração do exercício ainda não se tem conhecimento de

qual o tempo da sessão é ideal para que ocorra hipotensão pós-exercício.

Christofaro et al. (2008) utilizaram-se de normotensos para demonstrar o

efeito da duração da sessão de exercício sobre a magnitude da hipotensão

pós-exercício. Com três grupos, sendo um deles realizando 20 minutos de

atividade em esteira (75% da frequência cardíaca máxima prevista), o segundo

grupo realizando 40 minutos de mesma atividade e mesma intensidade e o

terceiro grupo não realizando nenhuma atividade, estes autores demonstraram

efeito da duração da sessão de exercício sobre a magnitude da resposta

pressórica, indicando que atividades com maior duração (40 minutos) são mais

eficientes para que se observe a ocorrência do fenômeno hipotensão pós-

exercício.

O que também é demonstrado através do estudo de Forjaz et al. (1998)

que comparou o efeito da duração do exercício sobre a magnitude e duração

da hipotensão pós-exercício. O exercício com duração de 45 minutos resultou

uma hipotensão pós-exercício de maior magnitude e duração que a sessão

com duração de 25 minutos, quando comparados com o grupo controle.

Jones et al. (2007) submeteram um grupo de normotensos fisicamente

ativos a sessões de exercício com as seguintes durações e intensidades: 30

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minutos em bicicleta ergométrica semi-inclinada e intensidade de 70% do VO2

pico, 30 minutos de mesmo exercício com intensidade de 40% do VO2 pico e

uma terceira sessão com intensidade de 40% do VO2 pico, porém com duração

correspondente ao trabalho total feito no primeiro teste (70% do VO2 pico). A

pressão arterial sistólica foi significativamente mais baixa após os exercícios

realizados na intensidade de 70% do VO2 pico, e 40% do VO2 pico com

trabalho total correspondente à primeira sessão. O que demonstra que o

exercício de intensidade mais elevada e duração mais curta, têm o mesmo

efeito hipotensor que um exercício de intensidade mais baixa e duração

prolongada em indivíduos normotensos e fisicamente ativos.

A duração mínima de uma sessão de exercício necessária para que

ocorra a hipotensão pós-exercício ainda não foi estabelecida. Guidry et al.

(2006) compararam o efeito da duração da sessão de exercício na resposta

hipotensiva após a sua prática em 45 homens com pressão arterial elevada. De

forma aleatória os sujeitos realizaram duas sessões com intensidades de 40 ou

60% do consumo máximo de oxigênio em bicicleta, sendo uma sessão com

duração de 15 e outra com duração de 30 minutos. A pressão arterial foi

aferida através da MAPA (Monitoração Ambulatorial da Pressão Arterial).

Durante 9 horas a pressão arterial sistólica aumentou após todas as condições,

mas quando comparado com o dia controle foi verificado redução após ambas

as durações de exercício com as duas intensidades. A pressão arterial

diastólica reduziu depois de todas as condições de exercício durante 9 horas

após as sessões. O efeito hipotensivo do exercício de baixa intensidade e curta

duração pode ser comparado ao efeito de uma sessão com intensidade mais

elevada e maior duração.

MacDonald, MacDougall e Hogben (2000) utilizaram dois protocolos

para determinar o efeito da duração na resposta hipotensiva do exercício

aeróbio. No primeiro protocolo, 13 normotensos realizaram sessões de

exercício em bicicleta ergométrica com durações de 15, 30 e 45 minutos a 70%

do VO2 pico. Após o exercício, a pressão arterial sistólica demonstrou reduções

semelhantes entre os três testes. A redução da pressão arterial diastólica

também não foi afetada pela duração do exercício. No segundo protocolo, oito

hipertensos realizaram o mesmo exercício, com mesma intensidade, porém

com durações de 10 e 30 minutos. A pressão arterial sistólica apresentou

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reduções similares após os dois testes. A pressão arterial diastólica também

não foi afetada pela duração do exercício, apresentado reduções semelhantes

após as duas durações.

Rebelo et al. (2001) analisaram o efeito de diferentes volumes de

intensidade sobre a resposta pressórica pós-exercício em indivíduos

hipertensos controlados, com idades entre 35 e 65 anos, praticantes de

exercícios físicos regulares. Foram realizados exercícios em ciclo ergômetro,

em intensidade de 75% da frequência cardíaca máxima, as sessões tiveram

duração de 25 ou 45 minutos. A pressão arterial foi verificada antes, logo após

e 30 minutos após a realização das sessões experimentais e controle. Foi

verificado reduções nos níveis pressóricos após as sessões experimentais

quando comparadas com as sessões controle, sem exercício físico. Foi

observado também que a duração do exercício tem efeito sobre a hipotensão

pós-exercício, sendo observado maiores reduções da pressão arterial após a

sessão de 45 minutos quando comparada com a sessão de 25 minutos,

quando comparadas com a sessão controle.

Segundo Negrão e Forjaz (1994) o exercício aeróbio de baixa

intensidade e duração prolongada é mais benéfico ao individuo hipertenso.

5.5 – Hipotensão pós-exercício e intensidade do exercício

Ainda não existe um consenso na literatura sobre qual intensidade do

exercício aeróbio é mais eficiente para que ocorra hipotensão pós-exercício,

diversos estudos têm analisado o efeito de diferentes intensidades sobre a

reposta hipotensiva que se observa após o exercício aeróbio.

Pescatello et al. (2004) analisaram o efeito da intensidade sobre a

hipotensão pós-exercício, em normotensos e hipertensos estágio 1. Em

intensidades moderadas e leves, em exercícios realizados em bicicleta, foi

relatada hipotensão pós-exercício. O que levou os autores a concluírem que

ambas as intensidades (leve 40% e moderado 60% do consumo máximo de

O2) provocaram hipotensão pós-exercício durante o dia (monitorado durante 9

horas após o término da sessão) e que exercícios dinâmicos de baixa

intensidade, como caminhar, contribuem para o controle da pressão arterial em

homens hipertensos.

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Segundo Roger et al. (1996) o stress psicológico vem sendo associado

com o desenvolvimento de hipertensão. O exercício aeróbio aparenta reduzir

as respostas cardiovasculares ao stress psicológico. O objetivo foi determinar a

eficácia do treino de baixa e moderada intensidade na redução da pressão

arterial e das respostas cardiovasculares ao stress psicológico, em hipertensos.

Após 12 semanas de treinamento, os autores demonstram que a pressão

arterial média, no grupo treinado em intensidade baixa (em torno de 45% do

consumo máximo de oxigênio), foi reduzida, assim como a resposta da pressão

arterial sistólica e da pressão arterial diastólica ao exercício, ocorrendo também

uma redução na pressão arterial de repouso, demonstrando assim que o

exercício de baixa intensidade é aparentemente mais efetivo que o exercício de

intensidade moderada na redução da pressão arterial em repouso e às

respostas da pressão arterial ao stress.

Com o objetivo de avaliar o efeito hipotensor de diferentes intensidades

de exercício (50 e 75% do VO2 máximo) com mesma duração (30 minutos),

Quinn (2000) testou homens e mulheres hipertensos e normotensos em duas

sessões de exercício. A pressão arterial foi mensurada através da MAPA,

durante 24 horas após as sessões de exercício. Para os indivíduos

normotensos não foram verificadas diferenças significativas na pressão arterial

após exercício, em ambas as intensidades, quando comparada com os valores

do dia controle. Para os indivíduos hipertensos foi verificada hipotensão pós-

exercício em ambas as intensidades, com reduções de até 9mmHg para

pressão arterial sistólica após o exercício com intensidade de 75% do VO2

máximo.

Forjaz et al. (2004) verificaram o papel da intensidade do exercício na

hipotensão pós-exercício em sujeitos normotensos exercitando-se em ciclo

ergômetro. Foi observado que a hipotensão pós-exercício é maior e mais

duradoura após exercícios de intensidade mais elevada (75% e 50%, quando

comparados com 30% do VO2 pico). O aumento no débito cardíaco é causado

por um aumento no volume de ejeção após o exercício de intensidade baixa, e

por um aumento na frequência cardíaca depois de exercícios aeróbicos

moderados ou mais intensos.

Em contrapartida a estudos que demonstram diferença entre

intensidades na resposta hipotensiva, Forjaz et al. (1998) não encontraram tal

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20

relação, em exercícios realizados por normotensos durante 45 minutos, em

intensidades de 30, 50 e 80% do VO2 pico, demonstrando que as intensidades

utilizadas no estudo resultaram em uma hipotensão de mesma magnitude.

Quanto às variações de intensidade do exercício, e a resposta

hipotensiva, Cunha et al. (2006) analisando hipertensos em duas situações:

uma em exercícios de intensidade variável, e outra em exercícios de

intensidade contínua, encontraram que exercícios de intensidade continua

potencializam mais a resposta hipotensiva do exercício, quando comparados

com intensidades variáveis, os autores concluíram também que aquele tipo de

exercício resultou em hipotensão pós-exercício de pressão arterial diastólica e

redução mais duradoura de pressão arterial média quando comparado a

intensidades variadas.

5.6 – Resposta da pressão arterial ao treinamento físico

Laterza, Rondon e Negrão (2007) sugerem o treinamento físico como

um elemento importante na prevenção do desenvolvimento da hipertensão

arterial, assim como pode influenciar de forma eficiente no controle e no

tratamento da hipertensão já estabelecida.

A hipotensão pós-exercício pode funcionar como um mecanismo

benéfico para redução do aumento da pressão arterial, que é verificado com o

tempo. Estudos longitudinais parecem confirmar o efeito hipotensivo do treino

dinâmico aeróbio (SERRATOSA e FERNÁNDEZ, 1997).

Assim como ocorre com uma única sessão de exercício, o treinamento

físico também é capaz de reduzir os níveis da pressão arterial no decorrer do

tempo de prática (NEGRÃO e FORJAZ, 1994).

Viecili et al. (2009) avaliaram o número de sessões de exercício

necessárias para causar efeito hipotensor em indivíduos hipertensos. Durante

três meses os sujeitos se exercitaram em uma frequência de três vezes por

semana, durante 40 minutos, com intensidade de 70% do VO2 máximo. Logo

na primeira sessão já foram constatadas reduções na pressão arterial, porém a

maior parte das reduções foi verificada até a quinta sessão. Após o treinamento

observou-se reduções de 15 mmHg na pressão arterial sistólica e de 7 mmHg

na pressão arterial diastólica.

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21

Urata et al. (1987) relataram que ao final do período de treino, composto

de 10 semanas com duração de 60 minutos três vezes por semana e

intensidade leve, ocorreu uma redução nos valores de pressão arterial média

do grupo treinado, sendo encontrado antes do período de treinamento o valor

médio de 120.7 ± 3.3 mm Hg e após o período de treino decresceu para 113.1

± 5.3 mm Hg. Esses resultados aparentemente estariam associados com a

redução das concentrações plasmáticas de norepinefrina encontrada neste

estudo.

Monteiro et al. (2007) estabeleceram um programa de condicionamento

físico individualizado, focado em pessoas hipertensas sob tratamento

farmacológico regular, pacientes da Unidade Básica de Saúde, e logo após

quatro meses de treinamento, avaliaram os efeitos deste programa no

condicionamento físico, perfil metabólico e níveis de pressão arterial. Os

resultados indicaram uma queda na pressão arterial sistólica de 6%, assim

como melhoras no condicionamento cardiorrespiratório, flexibilidade, e

conteúdo de glicose plasmática, o que confirma que programas de exercícios

são efetivos quanto à redução da pressão arterial.

O exercício aeróbio tem se mostrado muito útil no tratamento da

hipertensão arterial, através da redução da pressão arterial que se observa

logo após a sua prática. A hipotensão pós-exercício tem implicações clinicas,

pois a sua magnitude e duração são significativos. Sendo que em longo prazo

a prática de exercício aeróbio pode reduzir cronicamente os níveis de pressão

arterial de hipertensos (FORJAZ, RONDON e NEGRÃO, 2005).

5.7 – Efeito do tipo de exercício aeróbio sobre a resposta hipotensiva

Lizardo et al. (2007) compararam o efeito hipotensivo do exercício

realizado em esteira e ciclo ergômetro. Os sujeitos, normotensos do sexo

masculino, fisicamente ativos, se exercitaram durante 20 minutos a 85% da

frequência cardíaca máxima (obtida previamente em teste máximo) em ciclo

ergômetro ou em esteira. Os resultados demonstraram que nas condições

estudadas, exercícios realizados em esteira ergométrica são mais eficientes

para promover a hipotensão pós-exercício, quando comparados com exercícios

realizados em ciclo ergômetro.

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22

5.8 – Fatores associados à hipotensão pós-exercício

Forjaz et al. (1998) se basearam na afirmativa de que uma única sessão

de exercício físico pode promover reduções nos valores de pressão arterial

com relação aos valores pré-exercício. Com o objetivo de identificar os fatores

que predispõem os hipertensos a apresentarem queda da pressão arterial após

uma sessão de exercício, eles verificaram que o VO2 Max se correlaciona de

forma positiva com as diferenças da pressão arterial diastólica e média entre as

sessões de exercício (ciclo ergômetro a 50% do consumo máximo de oxigênio -

VO2 Max) e controle. Foi verificado também que a idade e o peso se

correlacionam de forma negativa com as diferenças da pressão arterial sistólica

entre as sessões de exercício e controle. A conclusão dos autores foi a de que

hipertensos jovens, com menor peso, maior VO2 Max e maiores níveis de

pressão arterial apresentam maior hipotensão pós-exercício após uma única

sessão de exercício.

Forjaz et al. (2000) avaliaram o efeito de uma sessão de exercício na

redução da pressão arterial ambulatória (MAPA) a fim de identificar possíveis

fatores que influenciam esta redução pressórica. Os sujeitos, normotensos e

hipertensos, realizaram 45 minutos de exercício em bicicleta, a 50% do VO2

pico. A analise dos dados revelaram que aproximadamente 65% dos sujeitos

em ambos os grupos tiveram uma redução na pressão arterial após o exercício.

Nos sujeitos normotensos esta redução foi significante e negativamente

correlacionada com o peso e o índice de massa corporal. A resposta da

pressão arterial também foi maior nas mulheres. Nos hipertensos a redução da

pressão arterial foi negativamente correlacionada à idade e ao índice de massa

corporal. O que demonstra que a hipotensão pós-exercício depende de

características individuais, tanto em normotensos, quanto em hipertensos. As

reduções da pressão arterial após o exercício foram maiores em sujeitos com

pressão arterial inicial mais elevada nos dois grupos.

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23

5.9 – Hipotensão pós-exercício em pessoas com cardiopatia ou doença renal

A hipotensão pós-exercício também pode ser benéfica para portadores

de alguma cardiopatia. Em estudo realizado com pacientes portadores de

doença coronariana e hipertensão (Grupo I), insuficiência cardíaca (Grupo II) e

pacientes com hipertensão (Grupo III), Masson et al. (2006) observaram

hipotensão pós-exercício em todos os grupos de sujeitos, sendo que no Grupo

I a pressão arterial sistólica inicial de 125,17±14,36mmHg reduziu para

116,20±13,57mmHg, já no Grupo II foi de 112,57±20,67mmHg para

107,23±16,76mmHg, e no Grupo III foi de 126,85±12,76mmHg para

115,64±9,78mmHg. O efeito anti-hipertensivo do exercício aeróbio também já foi testado em

sujeitos com doença renal crônica. Como demonstrado no estudo de Headley

et al. (2008), o exercício aeróbio realizado em intensidades médias de 50-60%

do VO2 pico por sujeitos com doença renal crônica reduziu significativamente a

pressão arterial sistólica e diastólica quando comparado com o período

controle. O que demonstra que o exercício aeróbio também é eficaz para

reduzir a pressão arterial de indivíduos com alguma patologia renal.

5.10 – Hipotensão pós-exercício em idosos

Hagberg, Montain e Martin (1987) demonstraram reduções na pressão

arterial sistólica de idosos hipertensos após sessões de exercício com

intensidades de 50 ou 70% do VO2 máximo, sendo os resultados semelhantes

após ambas as sessões. Já a pressão arterial diastólica não sofreu alterações

após as duas sessões de exercício. Estes resultados demonstram que a

atividade física também é eficaz para redução da pressão arterial de pessoas

com idades mais avançadas.

Em mulheres de terceira idade, normotensas e hipertensas limítrofes o

efeito de uma sessão de exercício com intensidade de 75% da frequência

cardíaca máxima também é capaz de reduzir os níveis pressóricos até oito

horas após a prática do exercício. Foi o que Corazza et al. (2003)

demonstraram em seu estudo envolvendo mulheres com faixa etária de 46 a 68

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24

anos, demonstrando que a sessão de exercício foi capaz de provocar

hipotensão pós-exercício tanto nas mulheres normotensas, quanto nas

hipertensas limítrofes.

Brandão Rondon et al. (2002) estudaram o efeito hipotensivo do

exercício em 24 idosos hipertensos, através da MAPA, após 45 minutos de

exercício em bicicleta a 50% do consumo máximo de oxigênio. Os resultados

demonstraram redução da pressão arterial sistólica, média e diastólica durante

as 22 horas de acompanhamento após a sessão de exercício, durante o dia e a

noite. Esta redução demonstra a relevância clínica da hipotensão pós-exercício

em idosos hipertensos.

Rodriguez et al. (2008) verificaram se 60 minutos de caminhada

semanal, dividido em duas sessões, com intensidade entre 50 e 60% do VO2

máximo, em um período de 12 semanas, eram suficientes para reduzir a

pressão arterial de idosas hipertensas, previamente sedentárias. Os resultados

demonstraram reduções na pressão arterial sistólica, diastólica e média. Os

valores de pressão arterial média iniciais eram de 95,33±8,46 mmHg, e após as

12 semanas de caminhada reduziram para 88,47±8,34 mmHg.

5.11 – Hora da sessão de exercício e resposta pressórica; horários de maior hipotensão pós-exercício

Jones et al. (2009) reportam que existe uma variação circadiana na

resposta da pressão arterial seguido de uma sessão de exercício ininterrupta. A

resposta usual do fenômeno da hipotensão pós-exercício é ausente ou

revertida quando o exercício é realizado entre 04h00min e 08h00min horas. Os

autores se destinaram a comparar reduções na pressão arterial após

protocolos de exercícios constantes e intermitentes realizados as 08h00min e

16h00min horas. Nesses dois períodos do dia, oito homens normotensos

completaram 30 minutos de exercício continuo em ciclo ergômetro, e três

períodos de dez minutos separados por dez minutos de repouso no protocolo

de exercício intermitente. O resultado foi de que o exercício intermitente media

uma maior hipotensão pós-exercício quando comparado com o exercício

continuo, e esta diferença é ainda mais acentuada no período da tarde. O que

leva a pressupor que exercícios realizados no período vespertino, com

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25

pequenos intervalos durante a realização são recomendados para se obter

menores valores de pressão arterial.

Wallace et al. (1999) observaram a magnitude e a duração da redução

da pressão arterial após uma sessão de exercício e os intervalos pico dessa

redução no período de 24 horas. Participaram do estudo sujeitos normotensos

e hipertensos, que realizaram 50 minutos de exercício a 50% do VO2 máximo.

Foram observadas reduções na pressão arterial apenas dos sujeitos

hipertensos, e o pico de redução foi observado das 11.00 – 21.00 horas para a

pressão arterial sistólica e das 11.00 – 15.00 horas para pressão arterial

diastólica.

Segundo estudo de Negrão e Forjaz (1994) a pressão arterial

permanece abaixo dos níveis pré-exercício num período de 24 horas após a

sessão de exercício físico, este fato se deve, em grande parte, ao descanso

noturno, demonstrando assim que o exercício físico agudo tem importância

clínica na hipertensão arterial.

5.12 – Hipotensão pós-exercício em mulheres

Pescatello et al. (1999) examinaram mulheres hipertensas e

normotensas, a fim de determinar se a hipotensão pós-exercício ocorre em

mulheres e elucidar possíveis mecanismos hemodinâmicos e hormonais. As

pacientes foram submetidas a exercício em ciclo ergômetro durante 40

minutos, a 60% do consumo máximo de oxigênio. Foi observada hipotensão

pós-exercício apenas nas mulheres hipertensas. A pressão arterial sistólica,

diastólica e média reduziram nas mulheres hipertensas por mais de 7 horas

depois do exercício, ao passo que a pressão arterial foi similar nas mulheres

normotensas. Os autores concluíram que a hipotensão pós-exercício não foi

justificada por ajustes hemodinâmicos e hormonais que ocorreram depois do

exercício. A magnitude e a duração da hipotensão pós-exercício pode ser

suficientes para normalizar a pressão arterial de mulheres hipertensas durante

a maior parte do dia.

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26

5.13 – Etnia e hipotensão pós-exercício

Pescatello et al. (2003) avaliaram a influência da etnia sobre a resposta

hipotensiva após exercício, em mulheres negras e brancas na pré-menopausa,

normotensas ou hipertensas, através da MAPA. Foram realizados 40 minutos

de exercício de intensidade moderada. Entre as mulheres brancas hipertensas

foi observada redução da pressão arterial sistólica e diastólica. Entre as

mulheres negras, foi observada hipotensão pós-exercício de pressão arterial

sistólica, ao passo que a pressão arterial diastólica não diferenciou após o

exercício. Nas mulheres brancas normotensas a pressão arterial não

demonstrou diferenças após o exercício, já nas mulheres negras normotensas

a pressão arterial sistólica apresentou redução após o exercício, o que não foi

verificado na pressão arterial diastólica.

5.14 – Hipotensão pós-exercício em atletas

Dujić et al. (2006) analisaram os mecanismos responsáveis pela

Hipotensão pós-exercício depois de um curto exercício máximo em atletas de

futebol, com capacidade de resistência maior que as reportadas na literatura

em estudos de hipotensão pós-exercício. Os resultados deste estudo

demonstraram reduções na pressão arterial sistólica e diastólica, no débito

cardíaco, considerando que a frequência cardíaca aumentou nos dois

momentos pós-exercício (30 e 60 minutos após a sessão curta de exercício).

Reduções na pressão arterial diastólica foram maiores em sujeitos com menor

VO2 máx., ao passo que as maiores reduções na pressão arterial sistólica

foram observadas na linha de base. A resistência periférica total não foi

alterada significativamente após o exercício. Os autores concluíram que em

atletas moderadamente treinados, a hipotensão pós-exercício é associada

primeiramente com reduções no débito cardíaco. A ocorrência de hipotensão

pós-exercício é mais frequente em indivíduos treinados com menores níveis de

aptidão cardiorrespiratória ou maior pressão arterial sistólica de repouso.

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6 – Considerações Finais A hipotensão pós-exercício é definida como uma redução da pressão

arterial após a prática de uma sessão de exercício, ou mesmo após um período

de treinamento.

Em estudos que utilizaram ratos espontaneamente hipertensos, foi

observada a ocorrência de hipotensão pós-exercício em intensidades mais

baixas (NEGRÃO e RONDON, 2001; VÉRAS-SILVA et al., 1997). Estudos

realizados com esse tipo de animais são de grande utilidade para avaliar

mudanças no sistema nervoso e cardiovascular, através de método invasivo, a

fim de elucidar os mecanismos responsáveis pela redução dos níveis

pressóricos. Nestes animais, de acordo com os estudos apresentados nesta

revisão, os mecanismos responsáveis por tal redução foram diminuições do

tônus simpático no coração (na verdade foi a normalização deste tônus, que se

apresenta alterado em animais espontaneamente hipertensos) (NEGRÃO e

RONDON, 2001), reduções na resistência periférica total e atividade nervosa

simpática (KULICS, COLLINS e DICARLO, 1999), aumento do ganho de

sensibilidade do barorreceptor aórtico (BRUM et al., 2000), redução na

frequência cardíaca e no débito cardíaco (VÉRAS-SILVA et al., 1997). Ainda não se tem um consenso sobre a duração mínima do exercício

para que ocorra hipotensão pós-exercício. Sugere-se que a sessão deve ser de

baixa intensidade e maior duração (FORJAZ, 1994), porém também existem

estudos demonstrando que menores durações são suficientes para que ocorra

a redução pressórica após o exercício (JONES et al., 2007). Diferenças nas

intensidades utilizadas em cada estudo não permitem comparar os resultados

de forma mais direta. Estudos que utilizaram a mesma intensidade para

durações diferentes demonstram que a duração prolongada é mais eficiente

para que ocorra a hipotensão pós-exercício (CHRISTOFARO et al., 2008;

REBELO et al., 2001). De forma contrária, também existem estudos que

demonstram que a duração não é responsável pela ocorrência ou não de

hipotensão pós-exercício, em normotensos e hipertensos (MACDONALD,

MACDOUGALL e HOGBEN, 2000).

Quanto ao efeito da intensidade do exercício, mesmo com uma quantia

significante de estudos analisando este fator sobre a ocorrência de hipotensão

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pós-exercício, ainda não se pode afirmar qual intensidade é a mais indicada.

Pode-se verificar resultados demonstrando maior hipotensão pós-exercício

após sessões de baixa intensidade (PESCATELLO et al. 2004; ROGER et al.

1996), alguns demonstrando que a intensidade não tem efeito sobre a

magnitude da hipotensão pós-exercício (QUINN, 2000; FORJAZ et al. 2004;

FORJAZ et al, 1998). Diferenças nos resultados podem ser atribuídas aos

diferentes protocolos utilizados em cada estudo, tais como diferenças nas

intensidades analisadas, ou nos sujeitos testados (normotensos, hipertensos

ou ambos). O que dificulta conclusões sobre a intensidade adequada do

exercício para reduções da pressão arterial. O treinamento físico é capaz, assim como uma única sessão de

exercício, de reduzir os níveis pressóricos, ou prevenir o surgimento da

pressão arterial relacionada com o tempo (idade) (LATERZA, RONDON e

NEGRÃO, 2007; SERRATOSA e FERNÁNDEZ, 1997; NEGRÃO e FORJAZ,

1994). São conhecidos os benefícios em longo prazo do treinamento físico na

redução da pressão arterial (FORJAZ, RONDON e NEGRÃO, 2005). Em

hipertensos, após um período de três meses, foram verificadas reduções de até

15 mmHg na pressão arterial sistólica (VIECILI et al., 2009). Em hipertensos

sob controle farmacológico, o exercício também auxilia no controle da pressão

arterial (MONTEIRO et al., 2007).

Segundo o estudo de Lizardo et al. (2007) o tipo de exercício aeróbio

também influencia a magnitude da hipotensão pós-exercício. Assim, de acordo

com este estudo, o exercício aeróbio em esteira é mais eficiente para promover

a redução dos níveis pressóricos após o exercício, quando comparados com

exercícios realizados em bicicleta. Em determinados sujeitos a hipotensão pós-exercício pode ser mais

significativa. Esta diferença se relaciona com alguns fatores como idade

(indivíduos mais jovens apresentam maior hipotensão pós-exercício), peso

(pessoas mais leves apresentam maiores reduções da pressão arterial), maior

Vo2 Max (FORJAZ et al., 1998), e maiores níveis pressóricos pré-exercício

(FORJAZ et al., 1998; FORJAZ et al., 2000). Em cardiopatas (doença coronariana com hipertensão, ou com

insuficiência cardíaca), o exercício também é capaz de provocar alterações

importantes para a redução da pressão arterial (MASSON et al., 2006). Em

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indivíduos com doença renal crônica, o efeito do exercício também é benéfico

na resposta da pressão arterial (HEADLEY et al. 2008). Tanto nestes

indivíduos, como em pessoas apenas hipertensas, ou diabéticas, além da

redução da pressão arterial o treinamento físico melhora a capacidade aeróbia,

diminui os lipídeos e glicose plasmáticos (IRIGOYEN et al., 2003),

proporcionando, desta maneira, benefícios à saúde desses indivíduos. Em idosos hipertensos, de ambos os sexos, uma única sessão de

exercício é suficiente para reduzir os níveis de pressão arterial (HAGBERG,

MONTAIN e MARTIN, 1987; CORAZZA et al., 2003; BRANDÃO RONDON et

al., 2002). O treinamento físico também apresentou reduções importantes na

pressão arterial, após um período de 12 semanas, mesmo com duas sessões

semanais com durações de 30 minutos (RODRIGUEZ et al., 2008).

A hora da prática da sessão de exercício também pode influenciar a

ocorrência ou não de reduções pressóricas (JONES et al., 2009), pelo que foi

demonstrado, exercícios no período vespertino são mais eficientes para

reduções da pressão arterial, quando comparados com exercícios realizados

logo no inicio da manhã. Num período de 24 horas, o exercício é eficaz para

reduzir a pressão arterial (WALLACE et al., 1999), sendo que o período de

hipotensão pós-exercício de pressão arterial sistólica é mais extenso que o de

pressão arterial diastólica, sendo esta redução relacionada ao descanso

noturno (FORJAZ, 1994). Em mulheres, assim como no caso dos atletas, existem poucos estudos

que se predispõem a estudar uma amostra tão específica. Exceto por estudos

que se utilizam apenas de mulheres, mas para observar algum outro fator, e

não para observar se ocorre hipotensão pós-exercício em mulheres de

determinada idade. Com base no estudo apresentado, em exercícios de

intensidades moderadas, apenas mulheres hipertensas apresentam reduções

pressóricas após o exercício (PESCATELLO et al., 1999). Contudo, apesar de

não se observar hipotensão pós-exercício em mulheres normotensas, é

importante manter um nível de exercício físico, pois como sugerem Laterza,

Rondon & Negrão (2007) o treinamento físico é importante na prevenção do

aumento da pressão arterial, e também um aliado no tratamento da hipertensão

arterial estabelecida.

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Com relação à etnia, existem poucos estudos, porém o que demonstra

PESCATELLO et al. (2003), é que a hipotensão pós-exercício ocorre tanto em

mulheres hipertensas negras quanto nas brancas, já nas mulheres

normotensas, foi observada hipotensão pós-exercício de pressão arterial

sistólica apenas nas mulheres negras.

Em atletas, a hipotensão pós-exercício é observada em indivíduos com

menor Vo2 máx., ou maiores níveis pressóricos pré-exercício (DUJIĆ et al.,

2006). Pelo baixo número de estudos que relatam hipotensão pós-exercício em

atletas (e no caso desta revisão, apresentado apenas um), não é possível

afirmar se a redução pressórica após o exercício é significante neste tipo de

sujeitos, uma vez que o estudo apresentado utilizou atletas de futebol, o que

não permite associações a outras modalidades.

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7 – Conclusões De acordo com a literatura revisada, uma única sessão de exercício é

capaz de reduzir de forma significativa os níveis pressóricos pós-exercício em

hipertensos, normotensos, cardiopatas, portadores de doença renal crônica,

idosos, mulheres, mulheres brancas e negras, e em atletas. O efeito de apenas

uma sessão de exercício, sobre a pressão arterial, não é suficiente para

melhora da qualidade de vida dessas pessoas, e de outras que possivelmente

se beneficiariam com a hipotensão pós-exercício, mas estes resultados

demonstram que, em longo prazo, o exercício traria muitos benefícios para

esses indivíduos, com melhoras na saúde e reduções nos níveis de pressão

arterial. É demonstrado nos estudos de efeito do treinamento físico sobre a

pressão arterial, que o exercício físico praticado de forma regular, e prescrito

de forma correta, é uma importante forma de tratamento da hipertensão

arterial, ou mesmo uma forma de evitar o desenvolvimento do aumento da

pressão arterial que é observado com o avançar da idade.

Com relação à intensidade, não se tem um consenso nos resultados

apresentados, o que se tem sugerido, e que alguns estudos têm demonstrado

é que intensidades mais baixas são mais indicadas para que ocorra redução

pressórica. Alguns autores não encontraram efeito da intensidade sobre a

resposta da pressão arterial após o exercício, o que dificulta ainda mais a

possibilidade de se concluir qual a intensidade mais adequada. Porém isso

ainda pode ser alvo de pesquisas, para tentar demonstrar qual a intensidade

mais adequada de fato. A duração do exercício também não é bem definida,

sendo sugerido, e até mesmo demonstrado, em alguns estudos que durações

prolongadas combinadas com intensidades médias ou baixas são mais

indicadas para reduções pressóricas. Encontram-se autores que relatam o

inverso, menores durações associadas a maiores intensidades são mais

benéficas para hipertensos ou mesmo normotensos. Existem também estudos

que não demonstram efeito desta variável nas respostas do nível de pressão

arterial. O que pode justificar os resultados tão discrepantes são as diferenças

metodológicas de cada estudo, alguns utilizando hipertensos como sujeitos,

outros normotensos, e até mesmo os dois, por exemplo. O que não permite

comparações diretas entre os estudos.

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Finalmente, pode-se inferir que a hipotensão pós-exercício tem

significância para diversas populações, hipertensas ou não, demonstrando

assim que o treinamento físico é um importante meio de prevenção, ou mesmo

de tratamento da hipertensão arterial.

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