consequências do conhecimento
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Consequências acidentaisQUARTA, 03 MARÇO 2010 00:56
Ambos os “insights” jazem sobre a ideia seminal de que intenções e resultados não são a mesma coisa.
Pensar que deveríamos fazer algo não significa que obteremos os resultados que motivam esse “dever”.
Com relação aos lucros, temos que reconhecer que porque alguém faz algo em benefício próprio, isso
não significa que a acção não beneficia outros também. Em ambos os casos, o conceito-chave
frequentemente ignorado é: consequências acidentais. Reconhecer que intenções não são o mesmo que
resultados e que precisamos considerar a possibilidade de consequências acidentais é o que separa a
boa análise social da má.
A questão das consequências acidentais está interrelacionada com um aspecto mais geral da existência
social humana: a omnipresença da incerteza. O futuro não está disponível para nós no presente. Não
podemos conhecer o curso da natureza, mas também não podemos conhecer o curso das escolhas
humanas.
Estamos sempre agindo com base nas nossas melhores estimativas sobre o que os outros vão fazer, e
como as nossas acções vão se coordenar com as deles, algo que nunca se pode saber com certeza. A
incerteza estrutural da condição humana significa que nunca poderemos conhecer todas as
consequências das nossas escolhas, o que implica que algumas dessas consequências serão diferentes
das pretendidas. Qualquer um que acredite que as consequências das suas acções serão exactamente
as pretendidas, está cego para o facto de que as suas escolhas precisam interagir com as de outros,
criando resultados que nenhum dos actores pretendeu.
Consequências acidentais são de dois tipos: positivas e negativas. O conceito de consequência acidental
negativa é reconhecido em algumas análises sociais e na moralidade, mas é certamente subdesenvolvido
no entendimento de políticas económicas. Consequências acidentais positivas raramente são
reconhecidas em conversas “sérias” sobre políticas públicas, embora estejam no fundamento da
economia moderna.
Considere as relações abaixo
Consequência negativa e desejada: vício
Consequência positiva e desejada: virtude
Consequência negativa e acidental: negligência
Consequência positiva e acidental: ???
Temos a linguagem moral para três das quatro possíveis combinações de intenção e resultado. Vício e
virtude são fáceis, são os nossos termos comuns para discutir a moralidade ou conveniência das nossas
acções quando os resultados correspondem às intenções. E quando não correspondem? Temos a
categoria de “negligência” quando causamos resultados negativos que não pretendíamos, como por
exemplo ao esquecer de puxar o freio de um carro que por isso escorrega montanha abaixo e danifica
uma propriedade. Mas não temos uma palavra para as boas acções acidentais! Essa célula vazia da
tabela é preenchida pela economia e pela ciência social de qualidade quando explicam como, no modelo
institucional certo, a busca dos próprios interesses leva a benefícios não pretendidos para a sociedade
como um todo.
Dando nome à boa acção acidental
De Adam Smith, no séc. XVIII, passando por Carl Menger, no XIX, a Ludwig von Mises e F. A. Kayek, no
XX, a missão central da economia tem sido entender como podemos produzir resultados benéficos que
não são intencionais. Smith capturou essa ideia com a “mão invisível” que leva o açougueiro, o padeiro e
o cervejeiro a nos oferecer o nosso jantar não por altruísmo, mas por “amor a si mesmos”. Smith entendia
como as trocas orientadas por preços e lucros harmonizariam (para usar um termo associado a Frédéric
Bastiat, séc. XIX) o auto-interesse de produtores com o auto-interesse dos consumidores. Mesmo se não
nos importamos nem um pouco com as pessoas com quem comerciamos, vamos satisfazer mesmo assim
os seus desejos, na nossa tentativa de satisfazer os nossos. Olhar somente para os lucros dos
vendedores sem traçar toda a cadeia de consequências benéficas, ainda que acidentais, que o auto-
interesse produz é uma abordagem “não científica” do entendimento da sociedade.
Menger coloca o conceito de consequência acidental (e a ideia intimamente relacionada de ordem
“espontânea” ou “não pretendida”) no centro da sua concepção das ciências sociais. Com o que é
frequentemente chamado de “pergunta de Menger”, ele inquire: “Como pode ser o caso em que as
instituições que servem o bem comum e são extremamente significativas para o seu desenvolvimento
surgem sem uma vontade comum direccionada a estabelecê-las?”. Menger reconhece que as muitas
instituições sociais não são produto de planos humanos, mas que emergem conforme as pessoas
buscam o seu próprio interesse. O clássico trabalho do próprio Menger sobre a evolução do dinheiro
explica como este surgiu dessa forma do escambo.
Mises e Hayek aprofundaram esse argumento em mais uma camada, ao reconhecerem, ambos, com
ênfases um pouco diferentes, o papel desempenhado pelo conhecimento na centralidade das
consequências acidentais no pensamento social. Mises ofereceu o que podemos chamar de
“microfundações” para a mão invisível de Smith, explicando cuidadosamente como vamos das
percepções subjectivas das pessoas para resultados no nível do mercado através dos preços que
facilitam os nossos cálculos sobre a efectividade do uso dos recursos. Mises também explorou como o
lucro e a perda conferem mais sinais que servem como “auxílio para a mente” no guiar o nosso
comportamento. Empreendedores são levados a usar os recursos sabiamente, lucrando para si mesmos,
mas também melhorando o bem-estar de outros, graças aos sinais do mercado.
A obra de Hayek em economia, o conhecimento e os problemas do socialismo permitiram que víssemos o
lado oposto da análise de Mises, ao explorar como os planeadores socialistas seriam incapazes de
replicar os engenhos dos empreendedores. Hayek defendeu que, sem os sinais do mercado, os
planeadores do governo não só não poderiam gerar as consequências acidentais benéficas na sua
própria busca pelo seu auto-interesse, como causariam de facto outras maléficas por serem incapazes de
ver como os seus erros levariam a outros — para não falar na acumulação do poder estatal. Tanto Mises
quanto Hayek viram que independentemente das boas intenções dos planeadores socialistas, a sua
incapacidade de usar o conhecimento do mercado levaria a consequências muito diferentes das
planeadas — com efeito, como a história claramente demonstrou, consequências devastadores para
milhões.
Instituições cortra incerteza
A linha de pensamento Smith-Menger-Mises-Hayek pode ser relacionada à discussão anterior de
incerteza. Essa tradição defende que usamos instituições sociais evoluídas, incluindo o mercado, para ter
expectativas mais acuradas do comportamento dos outros e reagir contra a incerteza que ameaça fazer
descarrilar os nossos planos. No nível mais simples, vemos isso com preços: os preços de bens e
serviços em particular são “auxílio à mente” com relação às preferências, ao conhecimento e às
expectativas dos outros, permitindo que melhor antecipemos as consequências de nossas escolhas para
assim fazer outras melhores. Instituições que emergem como resultado de processos sociais
evolucionários sem entraves desempenham todos essa função de redução da incerteza.
Considere, por exemplo, a instituição da propriedade. Quando alguém diz que é “dono” de um certo bem,
sabemos que isso lhe dá um conjunto de direitos ao bem e impõe certas obrigações, em grande parte
negativas, sobre nós. Saber que o bem tem dono significa que podemos formar expectativas, em
particular, sobre o que a outra pessoa pode ou não pode fazer com aquele objecto, e ela, por sua vez,
pode ter expectativas confiáveis sobre o que nós faremos ou não faremos.
Uma ironia das instituições sociais é que, ao limitar as nossas escolhas, tornam-nos mais capazes de
executar os nossos planos e antecipar as suas prováveis consequências. No entanto, para desempenhar
essa função coordenadora em questões complexas e ajudar-nos a superar a incerteza, as instituições
precisam emergir das interacções voluntárias das pessoas, geralmente ao longo de um período longo o
suficiente para incorporar as melhores formas de fazer as coisas. É por isso que os mercados são tão
bons em gerar consequências positivas desejadas, e por que as instituições impostas pela força, de cima
para baixo, tendem a gerar consequências negativas. Assim como somos muito mais produtivos como
sociedade quando os empreendedores e consumidores têm acesso a preços competitivamente
determinados, em geral, a acção humana produz consequências benéficas não pretendidas quando as
instituições sociais em geral são o resultado de processos evolucionários desimpedidos.
Até mesmo de formas menos dramáticas, a economia moderna permanece enfocada em consequências
não desejadas, particularmente em como economistas gostam de defender argumentos altamente contra-
intuitivos. Por exemplo, há alguns anos houve uma demanda para que o governo exigisse que crianças
muito pequenas sentassem em cadeiras de bebé para veículos, e não no colo de seus pais, ao voar em
aviões. Essa demanda veio de uma preocupação com o facto de que, em algumas circunstâncias,
crianças de colo poderiam machucar-se ou machucar outros. Os críticos, especialmente economistas,
rapidamente responderam que uma assim se mataria mais crianças do que se salvaria.
Para entender porquê, é preciso explorar as consequências acidentais. Sob a lei, os pais teriam que
comprar passagens para crianças que antes voariam no seu colo. Diante do custo adicional, algumas
famílias à margem deixariam de viajar de avião para viajar de carro. Mas as chances de ser ferido ou
morto num automóvel são muito maiores por milha viajada do que num avião. Felizmente, essa
consequência acidental foi prevista antes que fosse tarde demais, salvando-se muitas crianças no
processo.
A
ideia de consequências acidentais também ajuda a entender um dos processos pelos quais o governo
cresceu nos últimos dois séculos. Da mesma maneira que intervenções bem-intencionadas produzem
consequências que os actores políticos não podiam prever e não haviam planeado, toda a vez que o
governo age, cria um novo conjunto de problemas que, por sua vez, levam a uma demanda por mais
soluções do governo.
Uma observação final: negligenciar as consequências indesejadas é enfocar os motivos nos levam a
celebrar as vidas e lamentar as mortes dos políticos, embora eles talvez tenham causado consequências
acidentais indesejáveis, enquanto inventores, e empresários que beneficiam a humanidade ao perseguir
os seus próprios fins passam despercebidos. Como sugeri, simplesmente não temos uma categoria moral
para as pessoas que acidentalmente beneficiam outras na busca dos seus próprios interesses. Além
disso, supervalorizamos muito as intenções como medida de valor moral, levando ao louvor daqueles
cujos corações “estavam no lugar certo”, mesmo quando causaram danos incalculáveis à prosperidade e
à liberdade.
Um entendimento melhor da ideia de consequências indesejadas não apenas nos dará as ferramentas de
que precisamos para analisar mais precisamente questões sociais, mas também vai oferecer-nos uma
forma diferente de fazer julgamentos sociais. Afinal, são os resultados que contam, e, como diz o ditado
inglês, o caminho do inferno é pavimentado com boas intenções
TIPOS DE
CONHECIM
ENTOCon
hecer é elab
orar um mod
elo de realid
ade" e"proj
etar ordem
onde havi
a caos".Trê
s elemento
ssão nece
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que haja conh
ecimento:
a) O sujeito,
que é o ser
que conhece;
b) O objeto,
aquilo que
o sujeito
investiga para
conhecer;
c) A imagem
mental em
forma de o
pinião, idéia
ouconceito
que resultam
da relação
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o eque pass
a a habitar a
subjetividad
e daquele
queconhece.
Os tipos de c
onhecimento
e saberes:
a) O Senso
Comum: b
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vênciae
spontânea
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e o surgi
mentodo
homem. É o
saber a
dquirido atra
vés dee
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vividas ou
ouvidas
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Engloba c
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os, tradições,
normas,éti
cas e tudo
aquilo que
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Não é s
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, não usa
deproce
dimentos met
odológicos
nem é um
conhecim
ento aprof
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sultando em
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que muitos
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empírico,
vulgar
ou, ainda,
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senso c
omum não é
necessário
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comprove o
que édito;
é um sabe
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mal que e
ngloba até
opiniões,
estereótip
os e preco
nceitos. É
um saber
imediato,
subjetivo,
heterogê
neo e a
crítico, pois
se conform
acom o
que é dito.
ex: o conhecimen
to de um pesca
dor, um agric
ultor,uma cozin
heira, um jogad
or de futebol,
umpedreiro,
um índio sobre
o segredo
das plantas e
animais da selva,
o racismo, a
homofobia, o
geocentris
mo, etc.
b) O conhecim
ento mítico:
Trata-se de u
m conhecimen
to que tent
a explicar
osfenômen
os da natur
eza através
de represent
açõessobr
enaturais que
não são logic
amenteracio
cinadas nem
resultantes
de experimen
taçõescient
íficas. Usa li
nguagem
simbólica e
imaginária,
baseando-se
na crença
em seres
fantásticos e
suashistórias
sobrenaturais
, como send
o responsá
veispela razã
o de ser
do existente.
Ex: a mitol
ogiagrega,
escandinava,
indígena, etc.
C) Conhec
imento teoló
gico:Fund
amenta-se
na fé e tam
bém no uso
da razão.
Usa a d
edução, p
artindo de
uma realidad
e universal
para dar s
entido a reali
dades p
articulares.
Parte dac
ompreensão
e da aceit
ação da exist
ência de
umadivind
ade, que seria
a razão
de ser de
todas asc
oisas. A d
ivindade revel
a-se aos h
umanos e
concede-
lhe suas v
erdades. Des
sa maneir
a, a razão
não precis
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der esses
dogmas,
masaceitá
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que o c
onhecimento
teológico inve
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nta explic
ar. Essec
onhecimento
também vem
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cher umala
cuna no ser
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a não c
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solver: as
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se, aesper
ança em uma
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ível, etc.
d) Conhecim
ento filosófico
: É racional e
tem como
objetivo a busc
a da verda
de. Ele é
sistemático e
procura a
raiz das cois
as, usando o
rigor lógico. O
conhecimento
filosófico busc
a os "porquês
" detudo o
que existe. É
ativo, pois
coloca o hum
anoem busc
a de respo
stas para as
inúmerasperg
untas que
ele próprio
pode formula
r.Exemplo
s: Quem é o
homem? De
onde ele veio
?Para ond
e ele vai? Qual
é o valor da vi
da humana?
O que é o
tempo? O
que é o senti
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a-se perigoso
para apolíti
ca, ciência e
economia, por
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poisvem a
desmascara
r suas reais
intenções, ne
msempre
éticas.
e) Conheci
mento cient
ífico: Também
é racional,
mas utiliza-se
de experimen
tos, observaç
ões,comprov
ações e indu
ções. É siste
mático, prev
endoaind
a a experime
ntação, valid
ação e com
provaçãodaq
uilo a que
pretende
provar. Não
estápreocupa
do com ques
tões morais
ou éticas, ou
seja, se será
usada para o
mal, ou para
desempregar
milhares de p
essoas, ou
para poluir.
Está sempre
em mudança
, pois uma
nova verdade
vem reprovar
ou aperfeiço
ar uma verd
ade anterior.
ex: na medi
cina, alguns
remédios
que no pass
adoeram
dados c
omo eficaze
s, hoje são
descartad
ospor c
onterem ou
provocare
m danos
à s
aúde.
f) Conheci
mento técni
co:Está volta
do para a
aplicação práti
ca e aoper
acionalização
do conhecim
ento científico.
Esteconhecim
ento objetiva o
domínio do
mundo e da
natureza. É
especializado
e específic
o e se esme
rana aplica
ção de todos
os outros
saberes que
lhepodem
ser úteis. Tra
ta-se de u
m tipo de sabe
r queauxil
ia o homem
a agir no
mundo, leva
ndo-os às
mais diversas
atividades
visando à
produçãotécni
ca da vida.
Este conhecim
ento só é estu
dadoem
escolas técni
cas (ex: SEN
AI, Cefet,
escolas de
enfermagem
, faculdad
es de enge
nharia, etc).
ex: o engenh
eiro e o técni
co mecânico e
stãovoltados
para produzir
e manter
padrões de
engenharia
já desenvol
vidos pela
ciência, ou
seja,não estã
o criando
nenhum novo
saber, que
éexclusiv
o do conhecim
ento científico.
g) Conhecim
ento artístico:
É mais volta
do paranoss
os sentimen
tos e para as
questões estét
icas.Se o sabe
r da vida b
usca ordem
para preenche
r ovazio
de sentido do
caos, o conh
ecimento artís
ticobusca a
beleza da vi
da, valoriza
as experiênc
iasestéticas,
proporcionan
do refiname
nto do espírit
oao ofer
ecer uma relaç
ão com sens
o do gosto,
dobelo e
do feio. Exp
erimentar a
beleza e extr
air delaa
matéria fund
amental para
o refiname
nto de simes
mo é a finali
dade maior
de tudo aquil
o que se
produz em
termos de a
rtes e sem
as quais o
serhumano
se vê empo
brecido cultur
almente.ex: a
música e sua
aplicação em
diversas área
s davida, a
nossa preo
cupação com
nossa apar
ência, ouso
de adornos, a
música e outr
as artes
comoform
a de se ex
pressar, gan
har a vida
ou deden
unciar injus
tiças soci
ais, etc.