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LILIANA RUTE FERREIRA CRISTINA PALMA ADVOGADAS Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa Exmo. Senhor Dr. Juiz de Direito CONSELHO FEDERATIVO DOS COLÉGIOS DOS PROFISSIONAIS DA MEDICINA TRADICIONAL, NIPC com sede na Vem requerer a, SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DA PORTARIA 181/2014, de 12 de setembro (doc. nº 1) Contra Ministério da Saúde, sito na Com os fundamentos seguintes: 1 - Dispõe o artigo 112º Código de Processo nos Tribunais Administrativos (doravante designado por CPTA), no seu número um que: “Quem possua legitimidade para intentar um processo junto dos tribunais administrativos pode solicitar a adopção da providência ou das providências cautelares, antecipatórias ou conservatórias, que se mostrem adequadas a assegurar a utilidade da sentença a proferir nesse processo”, e, entre outras, poderá requerer, nos termos da alínea a) do nº 2. “Suspensão da eficácia de um acto administrativo ou de uma norma ”. 2 – Nos termos do artº 9º, nº 2 do CPTA: «2 - Independentemente de ter interesse pessoal na demanda, qualquer pessoa, bem como as associações e fundações defensoras dos interesses em causa, as autarquias locais e o Ministério Público têm legitimidade para propor e intervir, nos termos previstos na lei, em processos principais e cautelares destinados à defesa de valores e bens constitucionalmente protegidos , como a saúde pública, o ambiente, o urbanismo, o ordenamento do território, a qualidade de vida, o património Escritório: Rua Luciano Cordeiro, nº 89-1º, 1150-213 Lisboa 21 314 26 54/5 Fax: 21 315 69 13 Telemóvel: 918692726 / 917215591

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C R I S T I N A P A L M A

ADVOGADAS

Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa

Exmo. Senhor Dr. Juiz de Direito

CONSELHO FEDERATIVO DOS COLÉGIOS DOS PROFISSIONAIS DA MEDICINATRADICIONAL, NIPC com sede na

Vem requerer a,

SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DA PORTARIA 181/2014, de 12 de setembro (doc. nº 1)

Contra

Ministério da Saúde, sito na

Com os fundamentos seguintes:

1 - Dispõe o artigo 112º Código de Processo nos Tribunais Administrativos(doravante designado por CPTA), no seu número um que: “Quem possualegitimidade para intentar um processo junto dos tribunais administrativos podesolicitar a adopção da providência ou das providências cautelares,antecipatórias ou conservatórias, que se mostrem adequadas a assegurar autilidade da sentença a proferir nesse processo”, e, entre outras, poderárequerer, nos termos da alínea a) do nº 2. “Suspensão da eficácia de um actoadministrativo ou de uma norma”.2 – Nos termos do artº 9º, nº 2 do CPTA: «2 - Independentemente de terinteresse pessoal na demanda, qualquer pessoa, bem como as associações efundações defensoras dos interesses em causa, as autarquias locais e oMinistério Público têm legitimidade para propor e intervir, nos termos previstosna lei, em processos principais e cautelares destinados à defesa de valores ebens constitucionalmente protegidos, como a saúde pública, o ambiente, ourbanismo, o ordenamento do território, a qualidade de vida, o património

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cultural e os bens do Estado, das regiões autónomas e das autarquias locais.»(sublinhado nosso)

3 – Nos termos dos seus Estatutos , a requerente visa a defesa e a promoçãodos interesses dos seus associados em tudo quanto respeita ao exercido daatividade de terapêuticas não convencionais, devendo intervir junto dasautoridades competentes, para a defesa desses interesses.

4 - A requerente tem interesse pessoal na demanda, como representante, paraalém, da sua legitimidade como defensora dos valores e bensconstitucionalmente protegidos.

5 – A requerente possui legitimidade para intentar um processo junto dosTribunais Administrativos, pelo que, possui legitimidade para a presenteprovidência.

Índice:I - Dos FactosII – Da Providência Cautelar III - Da ação de que depende a presente providência - fumus boni júrisIV – Requisitos para o Decretamento da Providência Cautelar – fumus boni júris – periculum in mora - prejuízo irreparávelV – Do decretamento provisório da providência

I - Dos Factos1.

Em 22 de agosto de 2003, foi publicada a Lei nº 45/2003, designada por Lei doenquadramento base das terapêuticas não convencionais. (doc. nº 2)

2.Em 02 de setembro de 2013, foi publicada a Lei 71/2013, que veio regulamentara lei supra identificada. (doc. nº 3)

3.Em 12 de setembro de 2014, foi publicada a Portaria 181/2014 (doc. nº 1), queveio regulamentar o acesso à cédula profissional dos terapeutas, que à data dapublicação da Lei 71/2013, se encontram a exercer atividade em alguma das

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áreas de terapêuticas não convencionais, a que se refere o artº 2º (da referidaLei e que iremos ver), e, não tendo o correspondente grau de licenciado numadessas áreas, possam candidatar-se à atribuição de cédula profissional.

4.Para que se possa compreender melhor, a vasta legislação, recentementepublicada, relativa a esta atividade, refere-se que em 12 de setembro de 2014,foi ainda publicada, a Portaria 182/2014, a qual veio regulamentar aorganização e funcionamento, recursos humanos e instalações técnicas, para oexercício da atividade das terapêuticas não convencionais; Foram aindapublicadas, a Portaria nº 200/2014 - de 03/10/2014, relativa ao seguroprofissional e nºs 207-A a 207-G de 08/10/2014, relativas à caracterização econteúdo funcional de cada uma das terapêuticas. (Docs. nºs 4 a 12)

5.O que está em causa nos presentes autos, não é toda a vasta legislação que veioregulamentar a atividade ligada às terapêuticas não convencionais, e que atéera exigida pelos próprios profissionais, mas e tão só, a ausência de proteçãodos profissionais que há muito exercem esta atividade e que não são portadoresde uma licenciatura em qualquer uma das áreas de terapêuticas nãoconvencionais.

6.Logo, o que está aqui em causa é a Portaria 181/2014, de 12.09, que,aparentemente, protege esses profissionais. Como iremos ver, isso nãocorresponde à verdade.

7.Vejamos antes de mais, a Lei 71/2013, de 02.09, designadamente o seu artº 2º,que descreve como terapêuticas não convencionais: Acupuntura; Fitoterapia;Homeopatia; Medicina Tradicional Chinesa; Naturopatia; Osteopatia;Quiropráxia.

8.A caracterização e conteúdo funcional de cada uma, foram estabelecidas pelasPortaria já supra referidas, publicadas no dia 08.10.2014.

9.

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No artº 5º da Lei 71/2013, é estabelecido o acesso à profissão das terapêuticasnão convencionais, impondo a titularidade do grau de licenciado numa dasáreas referidas no artº 2º, já descrito, obtido na sequência de um ciclo deestudos compatível com os requisitos fixados, para cada uma, por portaria dosmembros do Governo.

10.E, é da leitura deste artigo 2º, conjugado com o artº 19º do mesmo diploma ecom a Portaria 181/2014, de 12.09, que surge a total desproteção de quemexerce há muito estas atividades. Vejamos então, a Portaria 181/2014, de 12.09

11.Nesta portaria encontramos a nomeação de um grupo de trabalho, que iráproceder à apreciação curricular da documentação apresentada pelosrequerentes nos termos do nº 1 do artº 19º da Lei 71/2013, de 02.09.

12.Determina o referido nº 1 do artº 19º que: «quem, à data da entrada em vigorda presente lei, se encontrar a exercer a atividade em alguma das terapêuticasnão convencionais a que se refere o artº 2º, deve apresentar na ACSS, no prazode 180 dias a contar da data da entrada em vigor da regulamentação a que sereferem os artigos 5º e 6º e o nº 2 do presente artigo.»

13.Isto é, no prazo de 180 dias a contar da data da entrada em vigor da Portaria181/2014, de 12.09.

14.Esta última Portaria, no seu nº 2 do artº 3º, refere que: «competente ao Grupode Trabalho emitir parecer que informe a decisão de atribuição de cédulaprofissional, de atribuição de cédula profissional provisória ou de não atribuiçãode cédula profissional.»

15.Estabelece ainda o seu nº 3 que: «As propostas do Grupo de Trabalho sãosubmetidas ao Presidente do Conselho Diretivo da ACSS para decisão, devendoo requerente ser notificado da mesma, para que, caso entenda, possa recorrerda decisão nos prazos legalmente estipulados.»

16.A referida Portaria, em causa nos presentes autos, define os critérios para aapreciação curricular no artº 4º.

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17.Permitindo no seu artº 5º, o recurso a outros critérios para atribuição de cédulaprofissional provisória, sempre que o Grupo de Trabalho considere relevante,como exame escrito, oral ou prático, discussão curricular, entrevista ou outros.

18.Neste caso, será nomeado um júri, pelo Conselho Diretivo da ACSS, medianteproposta do Grupo de Trabalho, composto por peritos no exercício daterapêutica não convencional em apreço ou a instituições nacionais ouestrangeiras que tenham reconhecidamente capacidade de avaliação dosprofissionais da área.

19.Em caso de atribuição de cédula profissional, será fixado o número de créditos aobter em cada componente de formação do ciclo de estudos da licenciaturacorrespondente, bem como o período para conclusão dessa formaçãocomplementar com aproveitamento, para que seja possível a atribuição dacédula profissional.

20.Define o nº 1 do artº 4º da Portaria em causa, que o Grupo de Trabalho, apósavaliar os créditos estabelecidos atribui a correspondente classificação, nosmoldes seguintes: «

a) Escolaridade9º ano – 1 ponto12º ano – 2 pontosLicenciatura – 3 pontosMestrado ou Doutoramento - 4 pontos

b) Experiência ProfissionalAté 3 anos – 1 ponto3 a 6 anos – 2 pontos6 a 9 anos – 3 pontos10 ou mais anos – 4 pontos

c) Formação escolar na áreaAté 1000 horas – 1 ponto1000-1500 horas – 2 pontos1500-2000 horas – 3 pontosMais de 2000 horas – 4 pontos

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d) Formação ou estágios complementares50-100 horas – 1 ponto101-150 horas – 2 pontos151-200 horas – 3 pontosMais 200 horas – 4 pontos.

e) Critérios suplementaresUma publicação em revista ou livro indexado – 1 pontoTrês ou mais publicações em revista ou livro indexado – 2 pontos»

21.Nos termos do referido artº 4º da Portaria em causa: «2 - Se a classificaçãoapurada for igual ou superior a 14 pontos, será emitido parecer no sentido daatribuição da cédula profissional.»

22.«3 - Se a classificação apurada for entre 8 e 13 pontos, será emitido parecer nosentido da atribuição da cédula profissional provisória e fixado o número decréditos a obter em cada componente de formação do ciclo de estudos dalicenciatura correspondente, bem como o período para conclusão dessaformação complementar com aproveitamento, para que seja possível aatribuição da cédula profissional.»

23.«4 – Se a classificação apurada for de menos de 8 pontos, os requerentes serãosujeitos a outros critérios de avaliação, de acordo com o disposto no artigoseguinte.»

24.Esta é a legislação publicada nos últimos, mais de 10 anos, que visaregulamentar o exercício profissional das atividades de aplicação deterapêuticas não convencionais.

25.A injustiça que se pretende por a descoberto com a presente providência,começa logo com o tempo decorrido entre a publicação da Lei de Bases (nº45/2003) e a Lei que a regulamente (Lei 71/2013), 10 anos.

26.

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Foi este o tempo, que os profissionais das Terapêuticas Não Convencionais,aguardaram pelo esclarecimento da sua situação profissional e pelo seureconhecimento.

27.Espera, que se prolongou durante mais um ano, com a publicação das Portariassupra referidas em 2014.

28.Logo aqui, ressalta que tal situação, só poderia originar o que aqui se impugna,uma grande divergência entre a Lei de Bases (45/2003) e a Lei e Portarias que aregulamentam.

29.Na verdade, todo o trabalho que foi construído com a lei publicada em 2003,que implicou e exigiu uma grande concertação de trabalhos entre todos osinteressados, foi destruído com a publicação das mencionadas Portarias,conforme se demonstrará.

30.E dois pontos ressaltam logo: a inexistência de um tronco comum aosprofissionais das diversas terapêuticas não convencionais e o sistema declassificação utilizado na avaliação curricular, para os profissionais que exerciama atividade na área das terapêuticas não convencionais, antes da entrada emvigor da Lei 71/2013. II – Da Providência Cautelar

31.A legislação produzida e supra referida, constitui um importante passo noreconhecimento desta área da saúde.

32.A Leis nºs 45/2003, de 22 de agosto e 71/2013, de 2 de setembro, obtiveramlargo consenso. Porém, o mesmo já não se poderá afirmar relativamente àsPortarias publicadas em 2014, sobretudo a Portaria ora impugnada, nº181/2014, de 12.09. Senão vejamos,

33.Os projetos das portarias foram disponibilizados aos vários interessados e sobreos mesmos foram solicitados diversos pareceres por parte da AdministraçãoCentral do Sistema de Saúde (ACSS).

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34.Por outro lado, foi realizado um trabalhado prévio da Comissão TécnicaConsultiva das Terapêuticas Não Convencionais, nomeada por despachoconjunto nº 261/2005.

35.Surpreendentemente, porém, a Portaria publicada altera o próprio texto que aACSS construiu e propôs em discussão pública e ignora em larga medida aspropostas dos profissionais.

36.Assim, e relativamente à Portaria nº 181/2014 de 12 de setembro, constata-seque foram introduzidas significativas alterações que nunca constaram, seja nosdocumentos elaborados pela ACSS, seja nas propostas de redação preparadaspelas associações do setor, num processo que durou um ano e incluiu consultapública.

37.Conforme já supra exposto, a referida Portaria regula o acesso à cédulaprofissional dos terapeutas que, à data da entrada em vigor da Lei nº 71/2013,se encontravam a exercer atividade nalguma das terapêuticas nãoconvencionais e contém alguns pontos que, no entender destes profissionaisdesvirtuam e contradizem a Lei que pretendem regulamentar.

38.É referido no preâmbulo da Portaria nº 181/2014, que o artigo 19º da Lei nº71/2013 vem regular “o acesso à cédula profissional dos terapeutas”.

39.Ora, o termo “terapeuta” aplica-se a profissionais sem “autonomia técnica edeontológica”. Esta expressão não é utilizada na Lei nº 45/2003 nem na Lei nº71/2013. Não é aceitável que esta expressão não seja utilizada nos principaisdiplomas, para depois, ser utilizada em diplomas que regulamentam aquelas leise que, nessa medida, devem necessariamente subordinar-se aquelas. Nestes

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termos, deveria ter sido utilizado o termo “profissionais”, tal como consignadonas duas leis referidas.

40.Mas a principal preocupação daqueles profissionais, prende-se com o processode apreciação curricular constante da Portaria ora impugnada (artº 4º daPortaria).

41.Relativamente às pontuações referidas no artº 4º, [das quais os interessadosapenas tomaram conhecimento com a publicação da presente portaria], apontuação atribuída aos profissionais que tenham frequentado os 9º e12º anos, não toma em consideração os profissionais que, face à sua idade,frequentaram o ensino secundário antes da atual organização escolar, isto é,quando apenas era obrigatório o 4º ano de escolaridade e não existia sequer, o12º ano.

42.Impõe-se assim, uma alteração das classificações constantes do artº 4º, agorano que respeita à classificação atribuída aos 9º e 12º anos, na qual sejaconsiderada uma correspondência entre a organização escolar anterior e atual eos correspondentes limites mínimos de frequência existentes no ano em que oprofissional frequentou o ensino.

43.Por outro lado, no que respeita às licenciaturas, mestrados ou doutoramentos,não se compreende como pode ser valorizado qualquer um destes graus, emáreas que em nada contribuem para o reconhecimento como profissional dasterapêuticas não convencionais.

44.Com efeito, não podemos deixar de questionar a qualificação, como profissionaldas terapêuticas não convencionais, um candidato detentor de umalicenciatura, por exemplo, em engenharia civil ou em literatura.

45.

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É, igualmente, questionável, a majoração neste critério de 2 pontos, atribuídaem nota de rodapé a “Quem tiver um grau académico numa profissão de saúdede acordo com a definição da Classificação Portuguesa das Profissões INE 2010”.

46.Na verdade, sendo as terapêuticas não convencionais, áreas que secaracterizam porque “partem de uma base filosófica diferente da medicinaconvencional e aplicam processos específicos de diagnóstico e terapêuticaspróprias.” (cfr. Lei 45/2003), não parece fazer qualquer sentido que osprofissionais da saúde convencional (e só eles) usufruam de uma valoraçãoextra. Esta valorização é indubitavelmente uma perversão da própria lei, que acontraria, não devendo, consequentemente, ser incorporada num diploma que,por visar, justamente, regulamentá-la, não pode deixar de a ela se subordinar.

47.Também na pontuação atribuída aos critérios suplementares constantes daalínea e) do referido artigo 4º (valorização da publicação de artigos em revistasou livros), consideramos que deverá ser clarificado que apenas serãovalorizados artigos relacionados com temas de terapêuticas não convencionais,uma vez que é essa, e não qualquer outra, a área que se encontra em processode avaliação.

48.O sistema de avaliação curricular constante da presente portaria deverá assimser urgentemente alterado sob pena de levar a situações de extrema injustiçapara os profissionais das terapêuticas não convencionais, que às mesmas sededicam há muitos anos, que tanto trabalharam para que esta atividade fosseregulamentada, e que agora se vêm na eminência de não serem reconhecidosna avaliação da atividade desenvolvida ao longo de anos.

49.Vejamos então agora a questão da inexistência de um “tronco comum”.

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50.Para que a legislação produzida se adequasse à realidade existente há muitosanos, deveria ter sido considerado um plano de estudos em naturologia visandoa formação de naturologistas.Vejamos então, o que é a naturologia ou medicina natural, também designadapor medicina alternativa complementar.

51.«A medicina natural (também chamada de naturopatia) é uma medicinaalternativa complementar, que enfatiza a capacidade intrínseca do corpopara curar-se e manter-se. Naturopatas utilizam recursos naturais como ervas ealimentos ao invés de fármacos sintéticos e cirurgias. A naturopatia incluimuitas modalidades de tratamento, tendo uma abordagem holística daassistência ao paciente, que pode ser acompanhada juntamente coma medicina alopática. O termo naturopatia foi utilizado pela primeira vez peloDr. John Scheel, em 1885.» (cfr. in Wikipédia)

52.

Este tipo de prática, aborda o paciente como se fosse único e os tratamentossão específicos para cada pessoa.

53.Os médicos naturopatas não se limitam a tratar apenas os sintomas de seuspacientes. Desenvolvem uma série de técnicas para encontrarem uma causaparalela à doença. No consultório, observam também a conduta emocional, ocaráter e são utilizados diversos exames clínicos tais como: palpação, avaliaçãodas unhas, pulso, observação da fala, língua, ouvidos, entre outros.

54.Naturologista é o profissional que reúne em si, todas as possibilidadesterapêuticas das terapêuticas não convencionais, utilizando-as em conjunto deuma forma holística e individualizada. Assim tem sido milenarmente, desde quese conhece a arte de curar.

55.

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Todas as profissões eram designadas como: Acupunctor-naturologista;Naturopata-naturologista; Homeopata-naturologista, etc... Existe assim, desdesempre, um "tronco comum" o que no nosso entender, fazia e continua a fazertodo o sentido.

56.A naturologia e o profissional naturologista é o "tronco comum".

57.Pretendendo-se, como se pretende com a legislação publicada, que osprofissionais das terapêuticas não convencionais, sejam reconhecidos comoprofissionais da área da saúde, impondo-se exigências, como o seguroprofissional, determinados requisitos para a instalação de clinicas e umaformação académica específica e exigente, não podem ser diferentes no querespeita ao reconhecimento de uma profissão única, com diversasespecialidade. Vejamos,

58.A formação de um médico é comum a todos os profissionais,independentemente da especialidade que escolha. Um médico obtém alicenciatura em medicina, onde recebe toda a formação base e posteriormente,escolhe uma especialidade ou até mais do que uma, segundo a sua vocação eserá nesta área ou áreas, que exercerá a sua profissional. Porém, nunca deixaráde ser um médico, a que hoje designamos por clinico geral.

59.Um psicólogo obtém uma única licenciatura, em psicologia, independentementeda especialização que faça, à posteriori, seja psicologia clínica, social ouestatística, etc.

60.Um enfermeiro obtém uma única licenciatura, em enfermagem,independentemente da especialização que faça, à posteriori, seja elaenfermeiro instrumentista, pediátrico ou geriátrico, etc.

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61.O reconhecimento da Naturologia vem do mérito que os Naturologistasconquistaram ao longo de séculos devido à forma como abordam os seuspacientes.

62. O Naturologista considera o ser humano como um todo e portanto podecomeçar um tratamento manipulativo (Osteopatia ou Quiroprática) mas dá-lhetambém umas "ervas" para tomar (Fitoterapia), pode fazer-lhe banhos e saunasde alguidar (Naturopatia) pode colocar-lhe umas agulhas e até associar-lhesremédios homeopáticos (Homeo-punctura), enfim pode fazer tudo isto numaúnica consulta e/ou repetir constantemente este tipo de tratamento, durantevárias sessões até libertar o paciente das suas dores e sintomas.

63. O que é que vai restar deste conhecimento global, quando daqui a 5 anoscomeçarem a sair as primeiras "fornadas de jovens" sem nenhum conhecimentode abordagem Global-Holistica do paciente?

64. O que tem ajudado as pessoas que procuram o Naturologista,independentemente do nome pelo qual o procuram, é a forma com esteprofissional aborda a situação clínica do paciente, ou seja: A Individualização (opaciente é único - tratamento único)A Globalização do tratamento (o paciente é um todo Mental-Emocional-Físico) ecomo tal deve ser tratado como um todo.

65. Este meio alternativo de tratamento tem hoje grande importância na nossasociedade, conclusão que facilmente se pode alcançar pela vasta legislaçãopublicada.

66.

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ADVOGADAS

Esta forma de medicina natural/complementar/alternativa, é reconhecida pelaOMS e pela Unesco e pode ajudar a recuperar, num futuro próximo, a saúde dodas populações, mas só se for praticada holisticamente.

67. Antevendo que a falta de conhecimentos sobre a medicina natural oualternativa, iria gerar situações, como as que efetivamente se estão a verificar, arequerente apresentou uma proposta para a Portaria ora impugnada, a qualassentava nos pressupostos seguintes: «

Artigo 1.ºObjeto

A presente portaria regula os requisitos gerais que devem ser satisfeitos pelociclo de estudos conducente ao grau de licenciado em Naturologia.

Artigo 2.ºFim

O ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado em Naturologia visapreparar para o exercício das atividades constantes do perfil profissional donaturologista aprovado pela Portaria nº --*--.

Artigo 3.ºMinistração do ciclo de estudos

1 - O ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado em Naturologia éministrado em instituições de ensino superior, escolas ou universidades, desdeque respeitem integralmente o conteúdo dos programas do ciclo de estudos deNaturologia.2 – Para efeitos do disposto no nº 1 do presente artigo as instituições de ensinoou formação não superior que se encontrem legalmente constituídas na áreadas TNC, legalmente reconhecidas, dispõem de um período não superior a 5anos para efeitos de adaptação ao regime jurídico das instituições de ensinosuperior.

Artigo 4.ºReferencial de competências

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ADVOGADAS

As competências a adquirir através do ciclo de estudos conducente ao grau delicenciado em Naturologia são as descritas na portaria que regulamenta oconteúdo funcional do naturologista.

Artigo 5.ºComponentes de formação

O plano de estudos do ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado emNaturopatia integra as seguintes componentes de formação:

a) Ciências fundamentais;b) Ciências clínicas;c) Ciências de naturologia;d) Competências práticas.

Artigo 6.ºComponente de formação em ciências fundamentais

A componente de formação em ciências fundamentais abrange,designadamente, a formação nos domínios de:

a) Anatomia e Fisiologiab) Biologia celular e imunologia;c) Bioquímica geral, analítica e orgânica; d) Neurofisiologia e genética; e) Toxicologia;f) Botânica;g) Ecologia e Cronobiologia;h) Ética, deontologia e legislação;i) Psicologia, desenvolvimento pessoal, social e profissional;j) Educação para a Saúde; a Naturologia desde Hipocrates.k) Promoção para a Saúde; a profilaxia e o Ponto de Vista da Naturologia.l) Ciências da Comunicação;m) Ciências sociais;n) Dietética, nutrição e suplementação clínica.o) Biotecnologia alimentar e bioengenharia.

Artigo 7.ºComponente de formação em ciências clínicas

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ADVOGADAS

A componente de formação em ciências clínicas abrange, designadamente, aformação nos domínios de:

a) Fisiopatologia;b) Epidemiologia e saúde pública;c) Imagiologia e análises clínicas;d) Farmacologia galénica;e) História clínica;f) Medicina clínica;g) Terapêutica integrada;h) Endocrinologia e metabolismo;i) Psiconeuroimunologia (PNI);j) Princípios gerais da Acupunctura;k) Princípios gerais da Fitoterapia;l) Princípios gerais da Homeopatia;m) Principios gerais da Medicina Tradicional Oriental (MTC, Ayurveda, entre

outras);n) Princípios gerais de Osteopatia;o) Princípios gerais de Quiroprática;p) Princípios gerais de Auricoloterapia;q) Técnicas de Diagnóstico: Quinesologia/

Iridologia/Pulsologia/Morfologia/Termografia;r) Segurança e higiene;s) Primeiros socorros e suporte básico de vida.

Artigo 8.ºComponente de formação em ciências de Naturologia

A componente de formação em ciências de Naturologia abrange,designadamente, a formação nos domínios de:

a) Teorias da Naturologia;b) Farmacognosia e dispensário naturológico;c) História da Naturologia, da saúde e das terapêuticas não

convencionais;d) Métodos de diagnóstico em Naturologia, que abrange,

designadamente, a formação em:i) Anamnese holística e bio-energética do paciente;

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ADVOGADAS

ii) Interrogatório de acordo com as diferentes valências daNaturologia;

iii) Exame físico; Exame de Saúde Naturologista;iv) Avaliação da constituição e da vitalidade; Diferenciação dos

factores quedeterminam os padrões de desequilíbrio sistémico e as suas relaçõesno contexto do utente de acordo com o raciocínio específico dasdiferentes valências e teorias da naturopatia.

e) Ciências clínicas da Naturologia, que abrange, designadamente, a formação em:

i) Métodos de diagnóstico em Naturologia;ii) Ciências da Naturologia.

e) Ciências da Naturologia, que abrange, designadamente, a formação em:

i) Utilização dos diferentes elementos naturais (ar, água, terrae sol), tais como a Aeroterapia, a hidroterapia, a geoterapia e ahelioterapia; Higienismo, terapia anti-aging e longevidade;

ii) Terapias energéticas, acupunctura e electroterapia;iii) Homeopatia, principios gerais;iv) Oligoterapia, principios gerais;v) Bromatologia e nutrição natural;vi) Suplementos nutricionais;vii) Fitoterapia, aromaterapia e florais;viii) Hidroterapia;ix) Massagem e reflexologia;x) Aconselhamento nutricional, dietético e de estilo de

vida.g) Investigação em Naturologia, que abrange, designadamente, a

formação em:i) Métodos quantitativos e bioestatística;ii) Metodologia da investigação;iii)Monografia de investigação.

Artigo 9.º

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Componente de formação em competências práticas 1 – A componente de formação em competências práticas abrange,designadamente:

a) Capacidade de avaliar holisticamente e individualizadamente opaciente; b) Capacidade de realizar o diagnóstico e o prognóstico terapêutico; c) Capacidade de estabelecer os princípios e estratégias terapêuticas e derealizar e gerir o plano de tratamento em Naturologia;d) Capacidade de realizar o tratamento combinando todos os recursos daNaturologia, nomeadamente, higienismo, alimentação natural,suplementação, tratamentos externos, estilos de vida de acordo com osprincípios e plano de tratamento;e) Capacidade de respeitar as normas de prática segura, ética edeontologia.

2 – A componente de formação em competências práticas tem uma duraçãonão inferior a 1000 horas, das quais 750 horas devem ser de estágio sob asupervisão de um naturologista.3 – Tendo em vista a realização do estágio, as instituições de ensino superiorcelebram protocolos de cooperação com entidades adequadas, dos quaisconstam obrigatoriamente as condições de realização do estágio e as funções,responsabilidades e competências de todos os intervenientes.

Artigo 10.º Duração

O ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado em Naturologia tem aduração de 8 semestres curriculares.

Artigo 11.ºCréditos

1 – O número de créditos do ciclo de estudos conducente ao grau de licenciadoem Naturologia é de 240. 2 – Os créditos a que se refere o número anterior são distribuídos pelascomponentes de formação nos seguintes termos:

a) Ciências fundamentais……………………………..mínimo de 45 créditos;b) Ciências clínicas ………...………………………...mínimo de 30 créditos;

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c) Ciências de Naturologia……………………….…...mínimo de 95 créditos;d) Competências práticas…….……………….............mínimo de 40 créditos.

Artigo 12.ºCondições de ingresso

Para o ingresso no ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado emNaturologia, é obrigatória a prova de ingresso na área de Biologia.»

68. Da leitura singela da proposta supra descrita, verifica-se que um curso superiorde naturologia, abrangeria todas as terapêuticas não convencionais

69. Esta proposta tem aliás por base, a Lei 45/2003, de 22.08, que a portaria oraimpugnada atropela.

70. É que, assim não sendo, e prosseguindo a legislação do Governo, umprofissional da medicina natural não tem uma classe com 7 especialidades, masantes 7 especialidades sem classe.

71. Para que o profissional da medicina natural possa exercer a sua profissão noâmbito das 7 especialidades, terá de frequentar o ensino superior durante 28anos, isto porque, cada um dos cursos tem a duração de 4 anos!

72. Tal situação é incomportável!

73.O Naturologista tem utilizado estas 7 especialidades ao longo da história.

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74.Conforme supra se expôs, o tratamento com recurso a profissionais denaturologia, envolve o conhecimento de todas as terapêuticas e só umprofissional com formação base e comum, poderá decidir qual a terapia maisadequada.

75. Mais, em que especialidade, vão ser reconhecidos os profissionais que exercemestas atividades há anos?

76.Na portaria ora em causa, nada é referido. Antes pelo contrário, é referido que:«(…) o acesso à cédula profissional dos terapeutas que, à data da entrada emvigor da Lei 71/2013, de 02.09, se encontram a exercer atividade em alguma dasáreas de terapêuticas não convencionais (…) (sublinhado nosso)

77.E aqueles que exercem a atividade em todas as áreas de terapêuticas nãoconvencionais?

78.Sendo certo que, a maioria dos profissionais não exerce, exclusivamente, umaárea de terapêuticas não convencionais.

79.Uma vez mais, os profissionais que exerciam a atividade em exercício dasterapêuticas não convencionais à data da entrada em vigor da Lei 71/2013, de12.09, ficam desprotegidos no acesso à profissão que nalguns casos, exerce hámais de 30 anos!

III – Da ação de que depende a presente providência - fumus boni júris80.

De forma clara verifica-se que a Portaria 181/2014, de 12.09, está ferida deilegalidade por:

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- Violação do Principio da Igualdade e da Proporcionalidade (artº 13º da CRP eartº 5º do CPA);- Violação do Principio da Legalidade (artº 3º do CPA);- Violação do Principio da Proteção da Confiança (artº 2º);- Violação do Direito à Livre Escolha da Profissão (artºs 47º, nº 1 e 58º, nº 3, b)da CRP);- Violação do Princípio da Boa-Fé (art.º 206, n.º 2, da CRP e 6-A, n.º 1, do CPA);- Falta de Fundamentação (artºs 124º e 125º do CPA)

81.A Administração Pública atua e funciona para prossecução do interesse público(art.266º/1 da Constituição da República Portuguesa).

82.“Interesse Público é o interesse geral de uma determinada comunidade, o bem-comum” (Diogo Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, Vol. II,Almedina, Coimbra, 2001, pág. 35).

83.Os interesses públicos são os definidos pela lei e só estes podem constituirrazão determinante de qualquer ato da Administração.

84.Ao prosseguir o interesse público, a Administração está sujeita a limites evalores.

85.Desde logo, ao princípio do respeito e interesses legalmente protegidos dosparticulares, que impõe à Administração a não violação das situaçõesjuridicamente protegidas dos particulares.

86.

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Os direitos e interesse legalmente protegidos dos particulares são “todas asposições jurídicas das particulares merecedoras de protecção, e não apenas osclássicos direitos subjectivos” (Gomes Canotilho e Vital Moreira, ConstituiçãoAnotadas, 3ª Edição Revista, 1993, pág.922).

87.A prossecução do interesse público está limitada pela salvaguarda dos direitosprotegidos dos particulares, sob pena de ilegalidade do ato praticado pelaAdministração Pública.

88.O ato suspendendo é, pelas razões expostas, manifestamente ilegal, porquanto,viola Princípios Constitucionalmente consagrados, como o Princípio daIgualdade (artº 13º da CRP), o Direito à Livre Escolha da Profissão (artºs 47º, nº1 e 58º, nº 3, b) da CRP); o Princípio da Boa-Fé (art.º 206, n.º 2, da CRP).

89.O ato suspendendo viola ainda os princípios consagrados no Código deProcedimento Administrativo, designadamente:- O Principio da legalidade (artº 3º do CPA), principalmente o seu nº 2 queestabelece que: «Os atos administrativos praticados em estado de necessidade,com preterição das regras estabelecidas neste Código, são válidos, desde que osseus resultados não pudessem ter sido alcançados de outro modo, mas oslesados terão o direito de ser indemnizados nos termos gerais daresponsabilidade da Administração.» (sublinhado nosso)- O Princípio da prossecução do interesse público e da protecção dos direitos einteresses dos cidadãos (artº 4º do CPA). Compete aos órgãos administrativosprosseguir o interesse público, no respeito pelos direitos e interesseslegalmente protegidos dos cidadãos;- O Principio da Igualdade e da Proporcionalidade (artº 5º do CPA), sobretudo oseu nº 2 que estabelece que: «2 - As decisões da Administração que colidamcom direitos subjectivos ou interesses legalmente protegidos dos particulares sópodem afectar essas posições em termos adequados e proporcionais aosobjetivos a realizar.»; (sublinhado nosso). Há uma clara violação do Principio daProporcionalidade, na sua vertente da adequação.

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- O Principio da Boa Fé, (artº 6º do CPA) mormente o seu nº 2 que determinaque: «2 - No cumprimento do disposto nos números anteriores, devemponderar-se os valores fundamentais do direito, relevantes em face dassituações consideradas, e, em especial:a) A confiança suscitada na contraparte pela atuação em causa;b) O objectivo a alcançar com a actuação empreendida.»;- O Princípio da colaboração da Administração com os particulares (artº 7º doCPA);- Princípio da participação (artº 8º do CPA);- O Princípio da decisão (artº 9º do CPA);- O ato suspendendo, viola ainda, o Principio da Proteção da Confiança,podendo existir um regime transitório que não fosse tão retrospectivo a pontode lesar seriamente situações subjetivas dignas de proteção.Por fim, O ato suspendendo está, igualmente, ferido do vício de falta de fundamentação,conforme iremos demonstrar.

90.Os profissionais que exercem a atividade nas áreas das terapêuticas nãoconvencionais, são discriminados e colocados numa situação de totaldesigualdade, em relação aos profissionais licenciados, doutorados ou mestres,ou autores de livros e publicações, mesmo que, noutras áreas que nada tenhama ver com as terapêuticas não convencionais, em clara violação do Principio daIgualdade.

91.Os profissionais que exercem a atividade nas áreas das terapêuticas nãoconvencionais, são discriminados em relação aos profissionais que tenham umgrau académico numa profissão de saúde.

92.Os profissionais que exercem a atividade nas áreas das terapêuticas nãoconvencionais, são confrontados com exigências legais, que em nada valorizamo seu trabalho prático na área.

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93.Assim como, são confrontados com critérios de avalização e classificações quedesconheciam, em total violação do Principio da Confiança, do Principio daDecisão e da Participação do Principio da Boa Fé.

94.O ato suspendendo, está ferido do vício de falta de fundamentação pois, égenérico, não contendo elementos que fundamentem os critérios de avaliação eas classificações, para a apreciação curricular, constantes do artº 4º.

95.Enferma de vício de forma - falta de fundamentação - porque não invocouquaisquer razões de facto ou de direito como se exige no artº 268º, nº 3 daConstituição da República Portuguesa e os artºs 124º e 125º do CPA.

96.A fundamentação do ato administrativo deve ser entendida como a obrigaçãode enunciar expressamente os motivos de facto e de direito que determinaramo seu agente.

97.A falta de fundamentação implicará violação de lei e, consequentemente,determinará a anulabilidade do ato.

98.Nos termos do artº 124º do CPA: «Para além dos casos em que a leiespecialmente o exija, devem ser fundamentados os actos administrativos que,total ou parcialmente: a) Neguem, extingam, restrinjam ou, afectem porqualquer modo direitos ou interesses legalmente protegidos, ou imponham ouagravem deveres, encargos ou sanções.»

99.«1 - A fundamentação deve ser expressa, através de sucinta exposição dosfundamentos de facto e de direito da decisão, podendo consistir em meradeclaração de concordância com os fundamentos de anteriores pareceres,

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informações ou propostas, que constituirão, neste caso, parte integrante dorespectivo acto.2 - Equivale à falta de fundamentação a adopção de fundamentos que, porobscuridade, contradição ou insuficiência, não esclareçam concretamente amotivação do acto.» Artº 125º do CPA

100.O dever de fundamentação, resulta, por um lado, e na sequência do princípio daequiparação dos interesses legítimos aos direitos subjetivos, para efeitos deprotecção jurídico-administrativa.

101.Neste sentido, José Osvaldo Gomes, In Fundamentação do Acto Administrativo,2ª ed., refere que «…os actos praticados no exercício de poderes vinculadosdeverão ser fundamentados, sempre que, por qualquer modo, afectem direitosou deveres ou imponham encargos ou sanções, os actos praticados no exercíciode poderes discricionários têm ainda se ser fundamentados, quando afecteminteresses legalmente protegidos….»

102.Entende ainda o referido autor que, «nos casos de conteúdo complexo oumúltiplo, a fundamentação tem de abranger todas as decisões.

103.Acresce que, a fundamentação deve, antes do mais, ser clara e suficiente isto é,deve permitir que, através dos seus termos, se possa ter um perfeitoconhecimento do processo lógico e jurídico que conduziu à decisão, de modo aque o interessado, possa conhecer as razões determinantes da conduta doagente, bem como, invocar os preceitos legais violados pelo administrado.

104.Face ao exposto, o ato administrativo, cuja suspensão da eficácia dos efeitos serequer, enferma de um vício de falta de fundamentação.

105.

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Face ao supra exposto, verifica-se o fumus boni iúris.

106.O critério em causa apela a um juízo de não evidência da falta de fundamentoda pretensão formulada ou a formular no processo principal, pelo que, cabeapenas avaliar se não é manifesta a falta de razão da requerente, por não serpatente que não tenha razão sobre a pretensão a decidir na ação principal.

107.

Assim, deve o Tribunal proceder à sumario cognitio, quer de facto, quer dedireito, da pretensão da requerente e do grau de probabilidade de procedênciada ação principal, pois tratando-se os presentes autos de um processo denatureza cautelar, cujo fim se destina o de assegurar a utilidade da decisãodefinitiva que vier a ser proferida no processo principal, os seus efeitos sãonecessariamente provisórios, não se destinando a resolver definitivamente olitígio jurídico-administrativo em presença.

108.

Nessa medida, não cabe na presente instância decidir definitivamente sobre apretensão material, nomeadamente se são ou não procedentes as causas deinvalidade do ato suspendendo invocadas, caso em que seria antecipar o juízocognitivo da decisão a proferir no processo principal, para o presente processosumário e urgente.

109.

Assumindo o conhecimento na presente instâncianatureza sumária e perfunctória e não sendo finalidade própria da instânciacautelar concluir pela verificação ou não dos vícios alegados, assim julgando alegalidade do ato suspendendo, já que essa apenas caberá ao processoprincipal, não é de exigir do tribunal a quo uma tomada de posição expressa einequívoca sobre cada uma das diferentes causas de pedir alegadas comofundamento da ilegalidade do ato suspendendo, mas tão só que aprecie, nestecaso, sobre o caráter não manifesto da falta de fundamento da pretensão.

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110.

Como salienta a doutrina “a alínea b) satisfaz-se (…) com uma formulaçãonegativa, nos termos da qual basta que “não seja manifesta a falta defundamento da pretensão formulada ou a formular” pelo requerente noprocesso principal (…) para que uma providência conservatória possa serconcedida. Consagra-se, deste modo, o que já foi qualificado comum fumus non malus iuris: não é necessário um juízo de probabilidade quantoao êxito do processo principal, basta que não seja evidente a improcedência dapretensão de fundo do requerente ou a falta do preenchimento depressupostos dos quais dependa a própria obtenção de uma pronúncia sobre omérito da causa.” –vide Mário Aroso de Almeida e Carlos Alberto FernandesCadilha, in “Comentário ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos”,2005, Almedina, pág. 609.

IV – Requisitos para o Decretamento da Providência Cautelar: fumus boni júris – periculum in mora - prejuízo irreparável

111.As providências cautelares conservatórias serão concedidas desde que severifiquem os seguintes requisitos: que não seja manifesta a falta defundamento da pretensão formulada, ou formular (fumus boni juris) – já supradescrito; que haja fundado receio de constituição de uma situação de factoconsumado ou de produção de prejuízos de difícil reparação para os interessesque o requerente visa assegurar no processo principal (periculum in mora); queda ponderação dos interesses em presença se conclua que os danos queresultam da concessão não são maiores de que os danos que resultam da recusada providência (proporcionalidade e adequação da providência – art.º 120.º, n.º1, al. b) e 2 do CPTA. (( ) Cfr. Acórdão do STA, de 25.8.04, proferido no processon.º 870/04)

112.Estão assim verificados os pressupostos essenciais para a suspensão do atoadministrativo, objecto do presente requerimento de suspensão de eficácia doato administrativo.

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a) A execução do ato causa prejuízos de difícil reparação para ascentenas de profissionais que exercem a atividade na área dasterapêuticas não convencionais, há muito anos e que arequerente pretende acautelar e proteger;

b) Estes profissionais podem, de imediato, ser impedidos deexercer a profissão, caso não preencham os requisitos deavaliação e classificação, estabelecidos na Portaria ou, ficarsujeitos a uma cédula provisória;

c) Estes profissionais, caso preencham tais requisitos, ficamlimitados ao exercício da profissão apenas a uma das áreas dasterapêuticas não convencionais, com graves prejuízos para osmesmos, que possuem clinicas onde exercem há muitos anos,todas as terapêuticas não convencionais;

d) Estes profissionais, vão interromper dezenas, centenas detratamentos, caso fiquem limitados ao exercício de uma eapenas uma das terapêuticas;

e) No limite, perderão clientes, com elevados prejuízoseconómico-financeiros;

f) Isto, apesar de exercerem a atividade em todas as áreas dasterapêuticas nalguns casos há mais de 30 anos;

* Entendeu o legislador - ao utilizar o advérbio de modo, provavelmente -que, o julgador deverá fazer um juízo de prognose e prever se, é ou nãoprovável que executado o ato administrativo, cuja suspensão se requer,advenham prejuízos de difícil reparação para o requerente da suspensão daeficácia do ato administrativo.* A produção dos danos, como consequência da execução do atoadministrativo, podem ser imediatos ou, podem até não surgir imediatamente,mas muito tempo depois da execução do ato ou, num momento anterior àexecução do ato ou quando muito contemporâneo.* Pelo que, o julgador deverá prever a existência de prejuízos, dorequerente da suspensão do ato, são prováveis.* Neste sentido, Fernando Brandão Ferreira Pinto, Juiz ConselheiroJubilado do S.T.A. e Guilherme Frederico Dias Pereira da Fonseca, JuizConselheiro do S.T.A. e do T.C., In Direito Processual Administrativo

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Contencioso, 3ª Ed. 1996, o legislador «não disse qual o grau de certeza exigívele nem nos parece possível concretizá-lo numa bitola ou padrão exacto. Olegislador perante a impossibilidade de estabelecer aquele grau, limitou-se a darao julgador um critério de probabilidade alicerçado no que é normal acontecer:se da execução do ato e de acordo com o curso normal dos acontecimentos, forde presumir que certos prejuízos surgem para o requerente da suspensão,temos que a sua execução causa “provavelmente” prejuízos.»

113.Ora, dos factos supra descritos vislumbra-se que da execução do ato, resultamprejuízos para os representados pela requerente. Prejuízos esses que, são dedifícil reparação, cuja determinação rigorosa não é possível e, portanto de umaavaliação pecuniária exacta.

114.A suspensão do ato não determina grave lesão do interesse público; Bem antespelo contrário!

115.O ato administrativo goza da presunção de legalidade, isto é, de que estáconforme à lei até que se venha a declará-lo ilegal e anulá-lo, através de umadecisão transitada dos tribunais administrativos. Esta é uma consequênciapositiva do princípio da legalidade, trave mestra da actuação da Administraçãoao prosseguir o interesse público, no respeito pelos direitos e interesseslegalmente protegidos dos cidadãos.

116.Da presunção de que o ato administrativo está conforme à lei, decorre oprivilégio da execução prévia do ato e em consequência a sua obrigatoriedade eexecutoriedade.

117.Em consequência das referidas presunções, decorre que o legislador tenhaprevisto certas medidas para defesa dos administrados, das quais uma das mais

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relevantes é a suspensão da eficácia dos atos, que se traduz numa suspensãotemporária dos seus efeitos.

118.Tal suspensão ocorre quando, os interesses públicos considerados fundamentaisnão são gravemente lesados por essa mesma suspensão da eficácia do atoadministrativo.

119.Importa recordar que o interesse público, são os interesses consideradosfundamentais para a existência, conservação e desenvolvimento da sociedadepolitica.

120.Da suspensão da eficácia da Portaria em causa, não decorre uma lesão para osinteresses fundamentais da sociedade, porquanto, o interesse público estásalvaguardado, que é a regulamentação de todos os aspetos mais importantesdo exercício da atividade pelos profissionais da área das terapêuticas nãoconvencionais, com toda a vasta legislação publicada desde a Lei 45/2003, Lei71/2013 e ainda as Portarias relativas ao seguro profissional, instalações erecursos humanos, estas sim, matérias fundamentais para a saúde pública.

121.Ao contrário, a Portaria em causa, refere-se apenas aos profissionais que estãona profissão há muito tempo, pessoas que há muitos anos tratam doentes, semque haja notícia de qualquer problema. Não se coloca pois, um problema desaúde pública no imediato!

122.Por outro lado, o prejuízo sofrido por estes profissionais, uma consequência daexecução do ato administrativo, isto é, entre a execução do ato e o preditoprejuízo, há um anexo de causa e efeito.

123.

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Do processo não resulta fortes indícios da ilegalidade da interposição da ação deimpugnação da Portaria ora impugnada.

V – Do Decretamento Provisório da Providência

124.Atendendo à iminência da prática do ato visado na presente providência, umavez que, o prazo dos 180 dias para que os profissionais entreguem toda adocumentação exigida no artº 19º da Lei 71/2013, de 02.09, está a decorrer,deve a presente providência ser decretada provisoriamente.

125.O decretamento provisório da providência cautelar, nos termos do artº 131º doCPTA, tem como âmbito de aplicação, a tutela de direitos, liberdades e garantiasque de outro modo não possam ser exercidos em tempo útil ou quando seentenda existir uma outra situação de especial urgência (cfr. nºs 1 e 3).

126.Nos termos em que a doutrina e a jurisprudência têm caracterizado o presentemeio de tutela urgente, decorre que a concessão da providência no âmbito dodisposto no artº 131º do CPTA destina-se a evitar o periculum in mora dopróprio processo cautelar, evitando os prejuízos que possam resultar dadelonga desse próprio processo.

127.A necessidade de tutela urgentíssima há de reportar-se aos casos em que napendência do processo cautelar, não fosse o decretamento provisório, haverialesão iminente e irreversível do objeto litigioso, tornando desprovida deutilidade a adoção da providência cautelar requerida e, por sua vez, a própriasentença a proferir no processo principal.

128.

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Constitui, por isso, pressuposto ou requisito da tutela urgentíssima conferidapela lei de processo no artº 131º do CPTA, que se mostre configurada umasituação de lesão iminente a um direito ou interesse legítimo.

129.Tal lesão, por ser iminente, pode ocorrer a qualquer momento, sendo deverificação em curtíssimo período de tempo ou de forma imediata.

130.Ora, em face da alegação das partes, é possível compreender que se mostracaracterizada de facto uma situação de especial urgência, que permitaenquadrar a pretensão requerida no âmbito da factie species do artº 131º doCPTA.Pois,

1.A conduta do requerido, de obrigar os profissionais que se encontrem aexercer a profissão, às regras impostas pela Portaria ora impugnada, numcurto prazo de tempo, e assim impedir os mesmos de continuarem a exerceratividade na área da terapêutica não convencional, é lesiva dos direitos einteresses legítimos dos mesmos, aqui representados pela requerente e colocaem causa a utilidade da eventual decisão favorável, ou seja, a manutenção dosprofissionais no exercício da profissão, até que sejam discutidos e reformuladosos critérios de avaliação e classificação destes profissionais, dado que, se assimnão for, a situação será irreparável para os mesmos.

131.A lesão é iminente e não se compadece com a delonga própriado decretamento de uma providência cautelar.

132.Está a acontecer. Pois estamos em pleno prazo de inscrições.

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Termos em que, deverá a presente providência se decretada e, emconsequência, ser suspensa a eficácia da Portaria nº 181/2014, de 12.09e ora impugnada e ainda, ser o Ministério da Saúde, intimado a abster-seda prática de qualquer ato executório da mesma e consequentemente,ser permitido que os profissionais que exercem a atividade na área dasterapêutica não convencionais, continuem a exercer a mesma, nosprecisos termos em que a exerceram até à presente data, até que sejamreformulados os critérios de avaliações e as classificações constantes daPortaria, assim como, esclarecidas todas as questões supra expostas,relativas à ausência de uma classe de profissionais com diversasespecialidades. Mais se requerer, desde já, o decretamento provisório da providênciarequerida.

Para tanto requer-se a notificação do Ministério da Saúde para responder,querendo, seguindo-se os ulteriores termos.

TESTEMUNHAS:

Valor: €30.000,01 (art.º 34º, nº 1 CPTA). Junta: Procuração forense, documentos. A Requerente está isenta de custasnos termos do artº 4º, nº 1, alínea f) do Regulamento das Custas Judiciais.AGUARDA ESTATUTOS – SE NÃO ESTIVER ISENTA A TAXA DE JUSTIÇA É DE €

E.D. A Advogada,

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