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FORMAÇÃO DOS CONSELHEIROS TUTELARES DE MOGI DAS CRUZES Julho 2016 MANDATO 2016/2020 MM MMM COLETÂNEA DE DOCUMENTOS PARA CONTRIBUIR NO APERFEIÇOAME NTO DA AÇÃO CONSELHEIRA EM SUA FUNÇÃO DE ZELAR PELOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E Lei Federal 8.069/90

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FORMAÇÃO DOSCONSELHEIROS TUTELARES DE MOGI DAS CRUZESJulho 2016

MANDATO2016/2020

MMMMM

COLETÂNEA DEDOCUMENTOS

PARACONTRIBUIR NOAPERFEIÇOAMENTO DA AÇÃOCONSELHEIRA

EM SUA FUNÇÃODE ZELAR

PELOS DIREITOSHUMANOS DECRIANÇAS E

Lei Federal8.069/90

Secretaria Municipal de Assistência Social de Mogi das CruzesRua Francisco Franco, nº 133 – Centro – Mogi das CruzesTelefone: (19) 4798-6926Secretária: Eliana Aparecida Prado ManginiEmail: [email protected] de gabinete: Patricia Costa Machado

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e doAdolescente de Mogi das CruzesCasa dos ConselhosRua Francisco Franco, 133 – Centro

Conselhos Tutelares de Mogi das Cruzes

Conselho Tutelar - CentroGenilson R. Aguiar (exonerou-se)Cristiane Paiva Silva (assumiu a titularidade)Edna Regina TeixeiraMaria Aparecida Ferreira de OliveiraRita de cássia OliveiraRosenilda F. da Silva

Conselho Tutelar – Brás CubasAna Rosa Elias ApolinárioGeorgia Patricia da Silva MarianoMaria da Penha Daniel da SilvaMaria de Fátima MoreiraMaria de Fátima Paulino

SuplentesDeilma CarvalhoImaculada LimaMaria Aparecida Pinto da SilvaRaquel MarquesSuhayla Orra

Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudose Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente - NECARua Lincoln Albuquerque, 328 – PerdizesCEP: 05004-010 - Perdizes – São Paulo – SPTel: (55 11) 3673 4971Site: www.neca.org.brEmail: [email protected]

Professora responsável:Alice Duarte de Bittencourt

Professora convidada:Ana Paula Araripe Fragoso Pinke

Este caderno foi elaborado pela equipe do NECA nobojo do projeto “Formação Continuada dos

Conselheiros Tutelares de Mogi das Cruzes”, firmado com aSecretaria Municipal de Assistência Social de Mogi das Cruzes em 2016.

Apresentação

A Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o

Adolescente – NECA1 apresenta esta compilação de documentos dentro do projeto deformação inicial dos conselheiros tutelares eleitos para a gestão 2016/2010 de Mogi dasCruzes no intuito de contribuir para o aperfeiçoamento da ação conselheira em sua funçãode zelar pelos direitos humanos de crianças e adolescentes no município.

A proposta de formação continuada foi construída considerando a relevância social e acomplexidade da função dos conselheiros tutelares enquanto atores do Sistema de Garantiade Direitos da Criança e do Adolescente, bem como as diretrizes do CONANDA – ConselhoNacional dos Direitos da Criança e do adolescente para que os municípios promovam aformação e a capacitação continuada dos conselheiros tutelares para o exercício de suasfunções no eixo da defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

Apresentamos o Manual de Procedimentos da Ação Conselheira da cidade de São Paulocomo um exemplo de organização interna a ser perseguida; a cartilha da Campanha dePrevenção à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes como uma boa prática deprevenção por meio do diálogo com crianças e adolescentes a respeito deste delicadoassunto; uma publicação do UNICEF a respeito da Violência Doméstica contra Crianças eAdolescentes: Um cenário em (des)construção revelando o difícil quadro dos castigos físicosna educação de crianças e adolescentes no Brasil; o provimento nº 32/2013 do CNJ –Conselho Nacional de Justiça que explicita o funcionamento das audiências concentradas aserem realizadas pelas Varas da Infância e Juventude nas comarcas e, por último, a resoluçãonº 23/2013 do CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social que define as normas para aexpansão qualificada e o reordenamento dos serviços de acolhimento institucional e familiarde crianças e adolescentes em todo o Brasil.

Desejamos que estes textos auxiliem na prática diária dos conselheiros tutelares de Mogi dasCruzes, tanto contribuindo para o aprimoramento de seu conhecimento quanto para omonitoramento e acompanhamento das políticas públicas do município em parceria com oCMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Equipe do NECAJulho de 2016

1 O NECA é uma organização social fundada em 2005 que tem como missão gerar e difundirconhecimentos e metodologias para o aprimoramento, a inovação e a articulação de políticas deintervenção na defesa de direitos da criança, do adolescente, do jovem e de suas famílias.

www.neca.org.br

Prefeitura da Cidade de São Paulo

Secretaria Municipal de Participação e Parceria

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

Manual de Procedimentos da Ação Conselheira

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Sumário

IntroduçãoTíTulo I – Normas Gerais da Atuação Conselheira Capítulo I – Do Conselheiro Tutelar Capítulo II – Do Conselho Tutelar Capitulo III – Da relação Conselho Tutelar com Subprefeitura

TíTulo II – Colegiado Capítulo I – Da Administração do Conselho Capítulo II – Das Denúncias Capítulo III – Do Atendimento

TíTulo III – Procedimentos Específicos Capítulo I - Violência, Maus Tratos e Abuso Sexual. Capítulo III – Educação Capítulo III – Abandono/Perda de Contato com a Família/Desaparecimento Capítulo IV – Desaparecimento de Criança / Adolescente Capítulo V – Da Exploração do Trabalho Infantil Capítulo VI – Crianças e Adolescentes com deficiência Capítulo VII – Crianças, Adolescentes e Situação de Conflitos Familiares Capítulo VIII – Criança ou Adolescentes em Situação de Rua Capítulo IX – Crianças e Adolescentes oriundos de outras localidades que não tenham Responsáveis na Cidade de São Paulo

TíTulo III – Das Normas Gerais de Atuação em Segurança e da Relação com a Segurança Pública

TíTulo V – Da Fiscalização

TíTulo VI –Disposições Gerais

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INTRODUÇÃO

“o Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.” (ECA: artigo 131). É um órgão público municipal, que tem sua origem na lei, integrando-se ao conjunto das instituições públicas nacionais e subordinando-se ao ordenamento jurídico brasileiro. Após ser criado por lei municipal e efetivamente implantado, passa a inte-grar de forma definitiva o quadro das instituições públicas municipais. Desenvolve uma ação contínua e ininterrupta: não deve sofrer suspensão, sob qualquer pretexto. uma vez criado e implantado, não desaparece; apenas renovam-se seus membros. Não depende de autorização de ninguém para funcionar – nem do prefeito, nem do juiz -, para o exercício das suas atribuições legais, previstas pelo ECA. Em matéria técnica de sua competência, delibera e age aplicando as medi-das protetivas pertinentes, sem interferência externa. Exerce suas funções com independência, inclusive para denunciar e corrigir distorções existentes na própria administração municipal, relativas ao atendimento às crianças e aos adolescentes. Suas decisões podem ser revistas pelo Juizado da Infância e da Juventude, a partir de requerimento do cidadão que se sentir prejudicado ou do Ministério Público. Exerce funções de caráter administrativo, vinculando-se ao Poder Executi-vo. Não integra o Poder Judiciário. Sua atuação não é subordinada à Justiça da Infância e da Juventude, ao contrário do que ocorre com os comissários de vigilância, agentes de proteção da infância e da adolescência, com os quais suas atribuições não se confundem. o juiz da infância e da juventude não pode acionar o CT para que este cum-pra as funções da equipe interprofissional prevista no art.150 do ECA, ou para que exerça as funções dos comissários, de responsabilidade do próprio Poder Judiciá-rio. De acordo com o artigo 135 do ECA, o exercício efetivo da função de con-selheiro tutelar é caracterizado como serviço público relevante. o Conselheiro Tutelar é um agente público investido de um mandato con-cedido pela comunidade, com autonomia para o exercício das suas atribuições, definidas pelo ECA. o Conselho tutelar é um órgão inovador no contexto da sociedade brasi-leira, criado com a missão de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. o Conselho Tutelar tem uma atuação restrita ao âmbito municipal, consi-derando-se a regra de competência definida pelos artigos 138 e 147 do Estatuto. Isso significa que ele é vinculado administrativamente à prefeitura – sem prejuízo, no entanto, à sua autonomia nas decisões. Essa vinculação ao Poder Executivo exige que haja uma relação ética e responsável entre os conselhos e toda a ad-

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ministração municipal, além da necessidade de cooperação técnica envolvendo as secretarias, departamentos e programas municipais voltados para a criança e o adolescente. Como um dos operadores da política de atendimento, o Conselho Tutelar deve contar com o acompanhamento do CMDCA, da Justiça da Infância e da Juven-tude, do Ministério Público, da Defensoria Pública, das entidades civis que traba-lham com a população infanto-juvenil e, principalmente, dos cidadãos em geral. As principais atribuições do Conselho Tutelar são:

- Atender denúncias feitas pela crianças, adolescente, famílias, comunidades e cidadãos.- Exercer as funções de escutar, orientar,aconselhar, encaminhar e acompanhar os casos.- Aplicar as medidas protetivas pertinentes a cada caso a crianças, adolescentes e suas respectivas famílias.- Fazer requisições de serviços públicos necessários à efetivação do atendimento adequado de cada caso.- Contribuir para o planejamento e a formulação de políticas públicas e planos mu-nicipais de atendimento à criança, ao adolescente e às suas famílias.- Acompanhar a elaboração do orçamento público municipal, visando a assegurar a previsão dos recursos necessários à implementação e/ou adequação de programas e serviços destinados a atender as principais demandas existentes.- Fiscalizar entidades governamentais e não-governamentais.- Comunicar ao Ministério Público, Poder Judiciário, Defensoria Pública e autoridade policial os casos que exijam a intervenção desses órgãos.

Faz-se necessário salientar que o exercício consciente da autonomia do CT é fundamental para o bom cumprimento de seu papel. um aspecto fundamental a ser compreendido nesse contexto é que o CT é responsável pela aplicação, mas não pela execução, das medidas de proteção previstas no ECA. Para tanto, cabe ao conselho requisitar aos órgãos públicos com-petentes o atendimento necessário à resolução dos problemas enfrentados pela população infanto-juvenil local, tanto no plano individual quanto coletivo. o Conselho Tutelar é órgão que surgiu para mudar hábitos, usos e costu-mes, o que significa efetivar o novo paradigma da criança e do adolescente como sujeitos de direito, prioridade absoluta nacional. A Ação Conselheira na Cidade de São Paulo deve se dar nos três eixos do Sistema de Garantia de Direitos:- Promoção, Defesa e Controle Social, no dever de zelar pelo cumprimento dos direitos estabelecidos no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente- Lei Federal nº 8.069/90. o Conselheiro Tutelar e o Colegiado deverão zelar pelo cumprimento dos procedimentos e orientações contidos neste Manual da Ação Conselheira.

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TíTUlO I – Normas Gerais da Atuação Conselheira

Capítulo I – Do Conselheiro Tutelar

Art. 1º. O presente Manual de Procedimentos tem por finalidade orientar a atua-ção dos Conselheiros Tutelares da cidade de São Paulo, de forma a garantir o per-feito respeito e aplicabilidade das normas de proteção à criança e ao adolescente constantes da legislação em vigor.

Capítulo II – Do Conselho Tutelar

Art. 2º. São atribuições dos Conselhos Tutelares:I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;II - atender e aconselhar os pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII do Estatuto;III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, assistência social, pre-vidência, trabalho e segurança, observados os procedimentos fixados neste Manual;b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injus-tificado de suas deliberações; IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração adminis-trativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente, observada a sistemáti-ca estabelecida nos artigos 38, 47, 48, 50, 51, 53 §3º, 59, 61 e 62 do presente; V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; VI - providenciar para o adolescente autor de ato infracional a medida estabele-cida pela autoridade judiciária, dentre as previstas nos artigos 101, incisos I a VI do Estatuto e 20, II, “a” a “g” da Lei Municipal nº 11.123/91; VII - expedir notificações; VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário1;IX - assessorar o Poder Executivo na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, parágrafo único 39º, inciso II, da Constituição Federal;XI - representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspen-são do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou adolescente junto à família natural, bem como solicitar o afastamento da crian-ça e do adolescente do convívio familiar, nas hipóteses do artigo 136, parágrafo único do ECA com a nova redação dada pela lei federal nº 12.010 de 29/07/09.XII - atender às crianças e adolescentes cujos direitos forem ameaçados ou violados:a) por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;b) por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis;c) em razão de sua conduta;XIII - aplicar às crianças e adolescentes, quando o caso, as seguintes medidas:a) encamihamentos aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

o conselheiro tute-lar, tão logo inicie o atendimento ou di-álogo com a crian-ça, adolescente ou

seu responsável, deverá preliminar-mente, e antes de

qualquer providên-cia, certificar-se

quanto ao fato de possuir a criança ou

adolescente regis-tro de nascimento. Caso seja consta-

tada a inexistência de tal registro,ou

mesmo a sua incorreção, deverá ele imediatamente

expedir ofício ao juízo competente,

a fim de que o assento em questão

seja providenciado ou retificado.

Caso a criança ou adolescente encontre-se em

situação de risco pessoal ou social, a

competência para expedição ou retifi-cação dos assentos de nascimento será da Vara da Infância e Juventude; caso contrário, a comu-nicação deverá ser efetivada em face da Vara de Regis-

tros Públicos.

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b) orientação, apoio e acompanhamento temporários;c) matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino funda-mental, observados os trâmites constantes dos artigos 45 a 59 do presente; d) inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente, observados os trâmites constantes dos artigos 62 a 66 do presente;e) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospita-lar ou ambulatorial, observados os trâmites constantes do artigo 36 do presente;f) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos, observados os trâmites constantes do artigo 40 do presente;g) O Conselho Tutelar deverá adotar a medida de acolhimento, comunicando à Vara da Infância e Juventude, num prazo de vinte e quatro horas, conforme mo-delo de anexo I: Ofício, Comunicação e/ou Solicitação, observados os trâmites constantes dos artigos 60, V e 72 do presente, esgotadas as possibilidades de permanência com a família extensa.XIV - fiscalizar as entidades governamentais e não-governamentais de atendimento referidas no artigo 90 do Estatuto da Criança e Adolescente; XV - representar à autoridade judiciária para fins de instauração de procedimen-to para apuração de irregularidades em entidade de atendimento à criança e/ou adolescente (governamental ou não governamental) e também para fins de ins-tauração de procedimento para apuração de infração administrativa;XVI - promover representação criminal à autoridade competente, quando ne-cessário suprir a ausência dos pais ou responsável legal, para a apuração e processamento dos crimes que dela dependam. XVII - os Conselheiros que provarem fundado temor ou exposição a risco em virtude da atuação referida neste inciso XVI poderão solicitar à autoridade o pro-cedimento contemplado no Provimento nº 32 de 2000, da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo, para manter o sigilo sobre seus dados.

Art. 3º. Para a efetivação de suas atribuições, poderão os Conselheiros Tutelares, dentre outros procedimentos, requisitar dados, levantamentos e informações, bem como examinar registros e quaisquer documentos que se fizerem necessários.§1º. O disposto neste artigo não implica em outorga de poder jurisdicional aos Conselheiros Tutelares, nem tampouco a autorização para que os mesmos proce-dam as vistorias em ambientes privados sem autorização judicial.§2º. O acesso às informações solicitadas tornam o Conselheiro Tutelar responsável civil, penal e administrativamente pela preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem da criança ou adolescente, no que tange à destinação de tais informações.

Art. 4º. A competência dos Conselhos Tutelares será determinada:I – pelo domicílio dos pais ou responsáveis;II – pelo lugar onde se encontre a criança ou o adolescente, na falta dos pais ou responsável.§ 1º. Caso o responsável pela criança ou adolescente venha a solicitar atendi-mento a outro Conselho que o de seu domicílio, deverá o mesmo proceder seu imediato encaminhamento ao Conselho Tutelar competente.

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§ 2º. O encaminhamento de que trata o parágrafo anterior somente será consi-derado concluído no momento em que o Conselheiro competente tomar ciência e efetivamente assumir o caso, momento em que cessará a responsabilidade do primeiro atendente.§3º. No caso de dúvida quanto à área de competência do Conselho, deverá o Conselheiro consultar o sítio http://smspgbc0001/sis/busca.asp. §4º. No caso de conflito de competência do Conselho, deverão os Conselheiros resolvê-lo:I - pela prevenção, se houver qualquer atendimento anterior por qualquer Con-selho Tutelar;II - pela continência, quando ainda que em local diverso dos previstos nos incisos I e II deste Artigo, o Conselho acionado já tenha atendido ocorrência envolvendo a criança ou adolescente ou as pessoas com eles envolvidas.

Art. 5º. Os Conselhos Tutelares funcionarão de segunda a sexta-feira, das 8h00 às 18h00, cabendo a seus Conselheiros promover, durante este horário, o atendi-mento ao público, o cumprimento de plantões e a execução de suas demais ativi-dades, conforme Resolução 82/2006 do CMDCA-SP. § 1º. A escala semanal dos plantões deverá ser encaminhada mensalmente à Coordenadoria de Administração e Finanças, ao Centro de Referência da Assis-tência Social/ CRAS e CREAS Regional de atuação do Conselho, conforme artigos 4º e 5º do Decreto nº 50.365/2008, bem como à Comissão Permanente de Ga-rantia de Direitos e Conselhos Tutelares do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – CMDCA/SP.§ 2º. O Plantão é de responsabilidade de cada Conselho Tutelar, sendo que, quan-do necessário, o plantonista titular acionará o suporte.§ 3ª Os Conselheiros Tutelares plantonistas deverão, até o final do seu plantão, concluir as rotinas de encaminhamento das situações que estão repassando a novos plantonistas. Não sendo possível, pelo horário, deixarão todas as guias prontas, com relato detalhado dos procedimentos executados.§ 4ª O atendimento à criança e adolescente no período noturno se dará conforme o Art. 147 inciso II do ECA.§ 5ª O Conselho onde a criança ou adolescente se encontra, deverá realizar todos os procedimentos previstos no Art. 101 Incisos I ao VII e posteriormente encami-nhar ao conselho de domicilio dos pais ou responsável no período de atendimento ao publico.(8:00 às 18:00hs).

Capítulo III – Da relação Conselho Tutelar com Subprefeitura

Artigo 6º. Toda e qualquer reivindicação ou necessidade dos Conselhos deverá ser apresentada à Subprefeitura correspondente por meio de ofício assinado pela maioria simples do colegiado.§1º. As requisições de materiais, de compras ou de qualquer outra contratação devem ser realizadas junto à Coordenadoria de Administração e Finanças . § 2º. Na impossibilidade de atendimento por ausência de recursos deverá o Con-selho recorrer à instância superior (Subprefeito), a qual contará com o prazo de

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quinze dias para manifestação acerca da requisição. No caso da referida autori-dade manter-se silente após este prazo ou ratificar a negativa, deverá o Conselho acionar o Ministério Público.

Artigo 7º. Caberá à Supervisão de Gestão de Pessoas de cada uma das Subpre-feituras:I – assegurar o controle, execução e integração das atividades das Divisões de Remuneração e Folha de Pagamento, de Desenvolvimento e Acompanhamento Profissional, e de Ingresso, Movimentação e Desligamento, de acordo com as po-líticas e diretrizes fixadas; II – gerenciar, através da Divisão de Remuneração e Folha de Pagamento, a frequ-ência dos Conselheiros (FFI), benefícios, processos indenizatórios, afastamentos e dispensas de ponto.Parágrafo único. A presença dos Conselheiros Tutelares também deve ser atestada através da Folha de Frequência Individual, cujo controle é afeto à Coordenadoria de Administração e Finanças da Supervisão de Gestão de Pessoas, e que deverá necessariamente contar com a assinatura de pelo menos três Conselheiros.

Artigo 8º. Os Conselhos Tutelares devem participar da elaboração da proposta orçamentária da Subprefeitura, encaminhando suas estimativas à Coordenadoria de Administração e Finanças no prazo estabelecido pela divisão responsável da Subprefeitura correspondente. § 1º. Trinta dias antes do prazo a ser fixado anualmente pela Coordenadoria, a Divisão responsável pela elaboração da proposta orçamentária deverá traçar as orientações básicas aos Conselheiros, a fim de habilitá-los a elaborar a proposta na medida de suas necessidades.§ 2º. Vencido o prazo estabelecido, se não apresentada a proposta, será elabo-rada uma estimativa pela Coordenadoria de Administração e Finanças.

Art. 9º. O pagamento da remuneração dos Conselheiros Tutelares deverá ser realizado na mesma data dos funcionários públicos, a fim de padronização.

Art. 10. A autonomia dos Conselhos Tutelares não exime os Conselheiros do dever de justificar as ligações interurbanas ou gastos exorbitantes com ligações celula-res, uma vez que é medida padronizada para a Coordenadoria de Administração e Finanças justificar o dispêndio de dinheiro público, ainda que oriundo da dotação orçamentária dos conselhos tutelares. Parágrafo Único: A justificativa a que alude o artigo anterior deverá respeitar o parágrafo único do Art. 143 da Lei 8.069/90.

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TITUlO II – Colegiado

Capítulo I – Da Administração do Conselho

Artigo 11 - Não serão estabelecidos cargos dentro do Conselho Tutelar como: Presi-dente, Secretário ou Coordenador, pois se trata de um órgão colegiado onde todos têm o mesmo poder de decisão, não havendo razão para hierarquias internas e sim distribuição de tarefas e responsabilidades para o bom desempenho das atribuições.

Artigo 12 - Deverão ocorrer reuniões semanalmente, priorizando a discussão de caso, aplicação de medidas, encaminhamentos, funcionamento e organização. Se necessário, deverão acontecer reuniões extraordinárias do colegiado para decidir alguma questão. O encaminhamento deverá ficar registrado em ata, conforme artigo 14 do Regimento Interno dos Conselhos Tutelares da cidade de São Paulo.Parágrafo único: Durante a realização das reuniões é necessária a permanência do colegiado. Diante da necessidade de se atender emergências, via telefone ou comparecimento no Conselho Tutelar, designar um Conselheiro Tutelar para atender cada situação. o Conselheiro Tutelar deverá ser objetivo, de modo a retornar o quanto antes, retomando a discussão com o grupo.

Artigo 13 - Todas as deliberações deverão ser registradas em ata, indicando-se os responsáveis e prazos para execução.

Artigo 14 - O colegiado deliberará, e fará constar em ata, o nome dos representan-tes às comissões, À coordenação, em reuniões e para quaisquer outros Fóruns.Parágrafo único - os indicados deverão retornar ao colegiado o relato da participação em quaisquer fóruns que o Conselho Tutelar entenda que deva ter representantes.

Artigo 15 - O colegiado deverá ter clareza de que o Conselho Tutelar:I - Não é subordinado a nenhum órgão publico ou privado;II - Tem autonomia decisional em suas ações; eIII - Administrativamente vinculado à municipalidade.

Artigo 16 - as reuniões do colegiado deverão ser realizadas com a presença única e exclusiva dos Conselheiros Tutelares.

Capítulo II – Das Denúncias

Artigo 17 - Se a denúncia for por telefone, colher o maior número de elementos possíveis. Formalizar a denúncia, porém respeitando o direito ao anonimato.

Artigo 18 - Se a denúncia for efetuada pessoalmente, os relatos deverão ser o mais completo possível obedecendo a uma ordem cronológica dos fatos que de-sencadearam o atendimento e qual a providência sugerida pelo usuário, a fim de, possivelmente, envolvê-los na efetiva proteção da criança/adolescente. Cabendo ao colegiado aplicar a medida adequada.

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Artigo 19 - Constatar a veracidade das denúncias pessoalmente ou mediante no-tificação.

Artigo 20 - Será utilizado formulário de recebimento de denúncia, quando a de-núncia for por telefone, quando os dados forem insuficientes, ou quando for reali-zada por pessoa não diretamente envolvida. Caso contrário, abrir-se-á expedien-te. Quando a denúncia não for constatada será feito registro no próprio formulário de denúncia em campo específico.Parágrafo único - Depois de constatada a veracidade da denúncia, a mesma deverá ser registrada no SIPIA (Sistema de Informação para a Infância e Adolescência).

Artigo 21 - O horário e o local a ser efetuada a averiguação da denúncia deverão cons-tar no documento da mesma, para que esta aconteça no prazo mais curto possível.

Artigo 22 - Registrará o fato ocorrido, verificando se existem direitos violados, classificando ao máximo o tipo da denúncia e estabelecendo prioridades.

Artigo 23- O Conselheiro Tutelar deverá definir os objetivos que deseja alcançar com suas perguntas, nunca perdendo o enfoque da denúncia e fazendo-as sem postura de intimidação.

Capítulo III – Do Atendimento

Artigo 24 - Não deverá ser permitida a participação de outras pessoas no mo-mento da entrevista, exceto se autorizada pela própria pessoa entrevistada. Se autorizada, não deverá permitir a intromissão nas declarações, exceto quando o Conselheiro Tutelar avaliar a necessidade das informações.

Artigo 25 - Atentará para a possibilidade de serem ouvidas as pessoas separada-mente, em ambiente que proporcione tranqüilidade e que não tenha interrupção externa.Parágrafo único - o Conselheiro Tutelar deverá tranqüilizar o entrevistado, no que se refere às declarações, afim de que a entrevista possa ocorrer em clima de fran-queza e confiança, contudo deverá colocar para o entrevistado que as informações poderão ser utilizadas numa representação, se necessário.

Artigo 26 - É importante deter-se nos objetivos da entrevista, não questionando diretamente os assuntos a respeito da intimidade da pessoa entrevistada, tendo em vista a construção do vínculo. o Conselheiro Tutelar poderá abordá-la dentro do interesse para instrução do caso e para promover orientação ou encaminha-mento para atendimento especializado.

Artigo 27 - Sempre que possível o Conselheiro Tutelar deverá procurar envolver o entrevistado, a fim de resgatar a identidade e autonomia da família, buscando soluções conjuntas, sendo todas correspondentes aos encaminhamentos.

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Artigo 28 - Na entrevista com criança, o Conselheiro Tutelar deverá estabelecer um vínculo e encontrar uma forma de comunicação com a mesma, não devendo obrigá-la a colaborar para obter informações, nem fazer promessa de benefícios. Também deverá estar atento a situação peculiar de desenvolvimento, não fazendo acordos familiares.

Artigo 29 - Na entrevista com adolescentes, o Conselheiro Tutelar precisará ter presente a situação peculiar de desenvolvimento, ou seja, a busca e experimen-tação de modos de vida, variação de atitudes, crenças religiosas e políticas, em-pregos e profissões, distrações e atividades, objeto amoroso e relacionamento sexual, enfim, a busca da identidade e normalmente a negação de qualquer tipo de autoridade.

Artigo 30 - O Conselheiro Tutelar ao registrar o conteúdo de uma entrevista de-verá ter cuidado com o relato, utilizando algumas palavras como “se refere, cita, argumenta etc.” para diferenciar a descrição do Conselheiro Tutelar e o relato do entrevistado.

Artigo 31 - Nas verificações de denúncias, o Conselheiro Tutelar deverá procurar afastar amigos ou vizinhos curiosos, salvo expressa solicitação do entrevistado, quando deverá ficar registrada tal solicitação. Não havendo expressado pedido ou não sendo acolhido, limita-se a transmitir informações e solicitar comparecimento ao Conselho Tutelar.

Artigo 32 - Após a entrevista com as partes interessadas, se necessário, o colegiado em reunião elaborará o plano de ação para o atendimento da situação que ficará registrado no expediente.

Artigo 33 - No que se refere à aplicação de medidas, o Conselheiro Tutelar deverá construir um plano de ação junto à criança/adolescente, família, agente violador, sempre que os maus tratos forem intra-familiares, respeitando as possibilidades e limites dessas pessoas, desmistificando falsas expectativas em relação à ação, que possam aumentar as frustrações.

Artigo. 34 - As medidas e determinações adotadas pelos Conselheiros Tutelares deverão ser sempre resultado de discussão e fechamento de entendimento do Conselho respectivo, motivo pelo qual deverão ser trazidos semanalmente à dis-cussão do colegiado os casos com relação aos quais não haja postura definida.§ 1º. As reuniões semanais de que trata este artigo terão o escopo de cristalizar o entendimento do colegiado a respeito das diversas situações apresentadas, de forma a evitar a atuação díspar e contraditória dos Conselheiros.§ 2º. As orientações construídas a partir das reuniões semanais serão remetidas a Comissão Permanente de Conselhos Tutelares da Cidade de São Paulo, que en-caminhara a cada mês ao CMDCA-SP para publicação no Diário Oficial da Cidade, devendo, ao final de cada bimestre, ser objeto de consolidação, da qual deverão tomar ciência todos os Conselheiros da cidade.

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§ 3º. Serão realizadas semestralmente assembléias envolvendo todos os Con-selhos da cidade, ocasião em que, caso haja dissenso entre as posturas ado-tadas pelos diversos Conselhos, proceder-se-á à uniformização de condutas e procedimentos, a partir da manifestação da maioria.§ 4º. A convocação e realização das assembléias referidas no parágrafo ante-rior, será de responsabilidade da Comissão Permanente de Conselhos Tutelares da Cidade de São Paulo segundo o regimento interno dos Conselhos Tutelares da Cidade de São Paulo.

Artigo 35 - Ao final de cada mandato, cada um dos Conselheiros deverá apresentar relatório de atividades e processos pendentes de tramitação para a nova gestão. § 1º. Havendo atraso considerável nas pendências relatadas pelos Conselheiros, deve-rão, no mesmo ato, justificar o tempo decorrido a fim de afastar responsabilidades. § 2º. Sendo observada qualquer irregularidade das obrigações funcionais, deverá ser oficiado o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo.

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TíTUlO III – Procedimentos Específicos

Capítulo I - Violência, Maus Tratos e Abuso Sexual

Artigo 36 - o Conselho Tutelar que recepcionar ou atender criança ou adolescente vítima de violência física, sexual, psicológica ou negligência deverá, imediatamen-te, comunicar ao pai/mãe ou responsável, não sendo este(s) o(s) agressor(es), e, em seguida, sempre que necessário, entrar em contato com a unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da moradia da criança ou adolescente (conforme endereços no sítio www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saúde/estabeleci-mento_saude), oportunidade em que repassará ao profissional da saúde todas as peculiaridades do caso e encaminhamento sugerido. Deverá o Conselho, ainda, e se o caso requerer, noticiar à Autoridade Policial o crime ou contravenção penal, para que se lavre o competente Boletim de ocorrência, de forma a garantir, ainda, a realização do exame de corpo de delito, quando o caso assim o exigir.I. o Conselho Tutelar deverá adotar a medida de acolhimento, comunicando à Vara da Infância e Juventude, num prazo de vinte e quatro horas, conforme modelo de anexo I: Ofício, Comunicação e/ou Solicitação, observados os trâmites constantes dos artigos 60, V e 71 do presente, esgotadas as possibilidades de permanência com a família extensa. II. No caso em que o pai/mãe ou responsável não se confundir com a figura do agressor e não for com ele conivente, o encaminhamento à unidade Básica de Saúde – UBS – ficará a cargo dos mesmos, assim como a notícia do crime ou con-travenção penal para a lavratura do respectivo Boletim de ocorrência e realização do exame de corpo de delito.III. Nas hipóteses em que se verificar a necessidade de uma intervenção urgente, ou de a ocorrência se der em horário não coberto pelo atendimento das uBS, o encaminhamento deverá ser feito diretamente às unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) ou ao Pronto Socorro (PS) mais próximo, observada a com-plexidade do caso.IV. No caso de suspeita de violência sexual decorrente de estupro2, o encaminha-mento deverá ser feito à unidade de saúde de referência para violência sexual mais próxima da moradia da criança/adolescente, conforme endereço no sítio (www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saúde/saude_da_mulher).V. o encaminhamento referido no caput e no parágrafo primeiro deverá ser implemen-tado independentemente da competência territorial do Conselho Tutelar acionado. VI. Caso a criança ou adolescente resida em local não abrangido pela circunscri-ção de atuação do Conselho acionado, a responsabilidade deste cessará tão logo o Conselho Tutelar competente receba a criança/adolescente.VII. A responsabilidade pela condução da criança/adolescente até o Conselho competente será exclusiva do Conselho originariamente abordado, o qual deverá lavrar, no momento da transferência da criança/adolescente, termo de entrega.VIII. Tomadas as providências referidas nos incisos anteriores, deverá o Conselho Tutelar entrar em contato com o Centro de Referência Especializado de Assistên-cia Social – CREAS da circunscrição do domicílio da criança/adolescente, ao qual caberá avaliação técnica e o efetivo acompanhamento do caso, inclusive por meio

2 Alterada pela lei nº 12015 de

07/08/2009.

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de visitas domiciliares. Caso não haja CREAS na região, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região. (www.prefeitura.sp.gov.br/secre-tarias/assistencia_social)XI. No caso da requisição referida no inciso anterior restar desatendida após o prazo de 72 horas, deverá o respectivo Conselho reiterá-la à Coordenação do Centro de Referência da Assistência Social – CRAS. Passadas novas 72 horas da reiteração sem adoção das providências cabíveis, a Coordenadoria de Assistência Social – CAS Regional deverá ser comunicada. Decorridos cinco dias úteis desta ultima comunicação, e em persistindo a falta de atendimento à família, o Ministé-rio Público deverá ser comunicado.Parágrafo único. Nos casos dos incisos anteriores, quando não estiverem presen-tes pais ou responsáveis, deverá o Conselho Tutelar proceder conforme o inciso V do artigo 60.

Artigo 37 - A efetivação do encaminhamento de que trata o artigo anterior não isentará o Conselho competente do acompanhamento de todo atendimento a ser realizado, no sentido, inclusive, de mobilizar outros órgãos cuja atuação seja eventualmente necessária.Parágrafo único. Caberá ao Conselho Tutelar comunicar e abastecer o Poder Judi-ciário de informações sobre o desenrolar do caso.

Artigo 38 - No caso da tentativa de contato e encaminhamento para a Unidade de Saúde referida no artigo 36 restar frustrada, deverá o Conselho Tutelar acionar todas as outras possibilidades da região para a garantia do atendimento, dentre as quais: gerência das Unidades Básicas ou Especializadas de Saúde, Supervisões Técnicas de Saúde, Coordenadorias Regionais de Saúde ou Unidades Hospitalares Municipais e Estaduais, Conselhos Gestores da unidade, ouvidoria Municipal ou Estadual, Conselho Municipal ou Estadual de Saúde e Disque Saúde.Parágrafo único. Paralelamente às medidas referidas no caput, deverá o Conselho Tutelar, quando necessário, tomar todas as providências cabíveis no sentido de acionar o Juízo da Infância e da Juventude e o Ministério Público, observados os seguintes critérios:I - No caso de risco/violação a direitos individuais, o representante do Ministério Público Estadual junto ao Fórum Regional será o competente para conhecer da questão; II - Na hipótese de conflitos difusos, ou em se tratando de ineficiência ou insuficiên-cia do serviço público, a Promotoria de Justiça de Interesses Difusos e Coletivos.

Artigo 39 - De todas as iniciativas previstas neste capítulo lavrar-se-á registro próprio, o qual deverá ser regularmente assinado por representante das unidades acionadas, devidamente identificado com registro funcional ou Registro Geral e carimbo.Parágrafo único. No caso de negativa de assinatura por parte dos profissionais re-feridos no caput, poderá o Conselho consignar o ocorrido no momento do impasse e colher assinaturas de pelo menos duas testemunhas devidamente individualiza-das com nome e número de Registro Geral e endereço.

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Artigo 40 - Efetivadas todas as iniciativas referidas nos artigos 36 e 38, e quando for o caso, caberá ao Conselho Tutelar o encaminhamento da criança/adolescente aos serviços especializados, dentre os quais: I - Centros de Atenção Psicossocial (CAPS/CAPS Infantil) - São serviços de saúde mental do SuS para o tratamento das pessoas com transtornos mentais graves, na fase aguda da doença; casos persistentes e recorrentes; egressos de interna-ção psiquiátrica ou primeiro surto psicótico, bem como o acompanhamento desses casos após o período de crise. o encaminhamento referido neste inciso poderá ser feito diretamente ao CAPS Infantil, que atende a faixa etária de 0 a 18 anos dependendo da gravidade do caso. As equipes de saúde mental das uBS atendem a demanda de transtornos leves em saúde mental. Os CAPS funcionam de 2ª a 6ª feira, das sete às dezoito horas. II - Centros de Convivência e Cooperativa em Saúde / CECCoS - São equipa-mentos de saúde formados por equipes interdisciplinares de saúde mental, que oferecem oficinas e práticas culturais, esportivas, educativas integradas ao ter-ritório, promovendo ações de promoção à saúde e reinserção social destinadas à população em geral e/ou em situação de vulnerabilidade. Funcionam de 2ª a 6ª feira, das sete às dezoito horas.III – CAPS Álcool e Drogas - indicados para usuários que apresentem uso inde-vido, abuso ou dependência de álcool e/ou outras drogas. A partir dos 12 anos de idade, os encaminhamentos podem ser feitos diretamente ao CAPS Álcool e Droga. Abaixo dos 12 anos, encaminhar para o CAPS Infantil. Funciona de 2ª a 6ª feira das sete às dezoito horas.IV - Rede Municipal Especializada em DST – Aids - composta por unidades de Prevenção e Assistência (SAE e CR) e por Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Unidades de Testagem e Prevenção. São unidades de prevenção onde se po-dem realizar exames para detecção de HIV/Sífilis/Hepatites B e C. Oferecem orien-tação, preservativos e outros insumos de prevenção, além de realizarem teste rápi-do para HIV. Os Serviços de Assistência Especializada (SAE) e Centros de Referência (CR) são unidades assistenciais voltadas à promoção da qualidade de vida dos pacientes portadores de HIV/Aids, adultos e crianças, proporcionando assistência clínica, terapêutica e psicossocial de qualidade, em nível ambulatorial, fixando o pa-ciente a uma equipe multidisciplinar que o acompanhará integralmente ao longo de seu tratamento. o SAE é referência regional para acidentes com material biológico, ações preventivas, assim como os CTA, e educativas para multiplicação de conhe-cimentos em DST/HIV/AIDS. Presta assistência aos portadores de doenças sexual-mente transmissíveis (DST) mais resistentes, servindo de referência para a Atenção Básica. Todas as unidades da Rede Municipal Especializada em DST/Aids funcionam de 2ª a 6ª feira, das 7h00 às 19h00. Os endereços das unidades constam no site: www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saúde/estabelecimento_saude. V. No caso de adolescentes com orientação LGBTTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), em se constatando o nexo causal entre essa sua orientação e a situação de risco em que se encontrem, o Conselheiro deverá, ainda, e tão logo o primeiro atendimento seja efetivado, entrar em con-tato com a Coordenadoria dos Assuntos da Diversidade Sexual, da Secretaria Municipal de Participação e Parceria.

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Artigo 41 - Os encaminhamentos e acompanhamentos de que tratam os artigos 36 a 40 deverão ser devidamente registrados em formulário de requisição de serviços, sendo que os encontros entre o Conselheiro e a criança/adolescente se darão em periodicidade a ser recomendada por deliberação fundamentada pelo Colegiado. Parágrafo único. o formulário referido neste artigo serão mensalmente encami-nhados ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente da cidade de São Paulo.

Artigo 42 - Efetivadas todas as medidas previstas neste capítulo, caberá ao Conselho, quando constatada situação de criança ou adolescente em risco de morte, entrar em contato com o PPCAAM – Programa de Proteção às Crianças e Adolescentes Ameaça-dos de Morte, por meio de comunicação à Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, ainda, com o Poder Judiciário – Juiz Administrador e Corregedor.

Artigo 43 - Nos casos de criança ou adolescente em risco de morte sem acompa-nhamento de pais ou responsável, deverá o Conselho buscar vaga para acolhimen-to provisório em Serviço de Acolhimento Institucional, localizado em ponto distante do local da ameaça, acionando o Centro de Referência da Assistência Social – CRAS da região de origem. Caso a criança ou adolescente esteja acompanhado pelos pais ou responsável, deverá o Conselho requisitar avaliação junto ao PPCAAM.§ 1º. As comunicações ao PPCAAM devem ser instruídas com as seguintes informações:I – Dados do ameaçado;II – Designação do representante legal da criança/adolescente ameaçado de morte;III – Dados ou descrição disponíveis do autor das ameaças;IV – Motivos da ameaça;V – locais onde existe ameaça;VI – Histórico e data em que ocorreu a ameaça;VII – Necessidade – ou não – de a proteção se estender a outros familiares, com indicação de quais seriam eles;VIII – Esclarecimentos quanto à impossibilidade de a proteção se efetivar pelos meios convencionais.§ 2º. Nas hipóteses em que seja imperiosa a proteção imediata, em tempo in-compatível com a sistemática de funcionamento do PPCAAM, deverá o Conselho Tutelar acionar diretamente os órgãos de Segurança Pública e Justiça, providen-ciando a inclusão da criança ou adolescente no Programa Provita, da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania da cidade de São Paulo e comunicar ainda ao Grupo Especial de Investigações sobre Crimes contra Criança e Adolescente do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP da Polícia Civil do Es-tado de São Paulo.

Artigo 44 - Todo e qualquer atendimento realizado nos moldes previstos neste Capítulo será formalmente comunicado à Comissão Municipal de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, por meio de relatório enviado à Coordenadoria de Assistência Social – CAS Regional.

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Capítulo III – Educação

Seção I – Matrículas na rede pública de ensinoArtigo. 45 - o Conselho Tutelar, tomando conhecimento de ação ou omissão do Poder Público que possa acarretar ausência ou dificuldade de obtenção de vagas para crianças ou adolescentes na rede pública de ensino, deverá providenciar a comunicação formal da ocorrência aos órgãos regionais de Educação, por meio do setor de demanda das Secretaria de Estado de Educação e Secretaria Municipal de Educação para que prestem os esclarecimentos pertinentes.

Subseção I - Educação InfantilArtigo 46 - No caso de o Conselho Tutelar ser acionado em razão de dificuldades na matrícula de criança em CEIs (Centros de Educação Infantil) e EMEIs (Escolas Municipais de Educação Infantil), deverá verificar primeiramente, e nos termos do artigo 53, se o pleiteante está cadastrado no Sistema Informatizado Escola on line – Eol, da Secretaria Municipal de Educação, em unidade educacional próxima a sua residência.

Artigo 47 - Caso a criança ainda não esteja cadastrada, deverá o Conselho Tutelar orientar os pais ou responsável a procurar a unidade educacional mais próxima da residência da criança, com vistas à promoção do cadastramento em unidade educacional pretendida e sua posterior matrícula, conforme diretrizes constantes de Portaria específica da Secretaria Municipal de Educação.§1º. Na hipótese de as medidas previstas no caput deste artigo não surtirem efei-to, o Conselho Tutelar lavrará relatório circunstanciado de todo o ocorrido, o qual dará origem ao processo relativo à criança, e do qual se encaminhará cópia à Dire-toria Regional de Educação competente com a advertência de que as providências necessárias deverão ser adotadas no prazo máximo de 15 dias. §2º. Transcorrido o prazo de 15 dias sem a regular adoção pela Diretoria Regional de Educação das medidas previstas no caput, o fato deverá ser concomitantemen-te noticiado à ouvidoria Geral da Cidade de São Paulo e ao Ministério Público.

Artigo 48 - Caso a criança esteja cadastrada no Sistema Informatizado Escola On Line – EOL, da Secretaria Municipal de Educação, o Conselho Tutelar deverá oficiar a Diretoria Regional de Educação para que, no prazo de 15 (quinze) dias, informe os motivos da não efetivação da matrícula até aquele momento, bem como a exis-tência de previsão para sua ocorrência.§1º. Prestadas as informações pela Diretoria Regional de Educação, o Conselho Tu-telar, após analisá-las, cientificará os pais ou responsável da situação da criança.§2. Deverá o Conselho Tutelar, na hipótese de entender que as informações pres-tadas não são suficientes, ou na falta delas, encaminhar ao Ministério Público a notícia do fato, na conformidade do parágrafo único do Art. 38.

Subseção II - Ensino FundamentalArtigo 49 - No caso do Conselho Tutelar ser acionado em razão de dificuldades na matrícula de criança ou adolescente em Escolas Estaduais ou Municipais que ofe-

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reçam o Ensino Fundamental, deverá, primeiramente, verificar, conforme informa-ção obtida nos termos do artigo 45, se o pleiteante consta do Sistema de Cadastro de Alunos do Estado, na unidade escolar próxima à sua residência.

Artigo 50 - Caso a criança ou adolescente ainda não esteja cadastrado, deverá o Conselho Tutelar orientar os pais ou responsável a procurar a escola mais próxima à residência para que efetue o cadastramento da criança ou adolescente na unida-de escolar pretendida, com vistas à posterior matrícula, observadas as diretrizes previstas em Portaria Conjunta das Secretarias Estadual e Municipal de Educação.§1º. Não obtendo sucesso no cadastro na forma prevista no caput, o Conselho Tute-lar lavrará relatório circunstanciado, que dará origem ao processo relativo à criança ou adolescente, e do qual se encaminhará cópia ao órgão regional de educação (conforme relação constante do Anexo xxx), com a advertência de que as providên-cias necessárias deverão ser adotadas no prazo máximo de 10 (dez) dias.§2º. Transcorrido o prazo acima sem a regular matrícula da criança, o Conselho Tutelar determinará, no prazo de 5 (cinco) dias ao órgão regional de educação, com base no art. 136, I c/c arts. 98 e 101, III, do Estatuto da Criança e do Adoles-cente, a matrícula obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental.§3. Ultrapassado o prazo sem qualquer providência, o Conselho Tutelar deverá comunicar concomitantemente a ouvidoria Geral da Cidade de São Paulo e o Mi-nistério Público.

Seção II - Das dificuldades relativas à frequência dos alunos da rede de ensinoArtigo 51 - Em conformidade com o que prevê a Lei Federal nº 10.287, de 20 de setembro de 2001, a escola deverá encaminhar as informações com a relação dos alunos, o número de dias/aulas previstas para cada componente curricular, a quantidade de faltas que ultrapassem de 12,5% (doze e meio por cento) do total dos dias letivos previstos e as medidas adotadas no sentido de resgatar o aluno, nos termos do art. 12, VII, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

Artigo 52 - De posse dos dados referidos no artigo 51, deverá o Conselho Tu-telar notificar os pais/responsáveis que deverão comparecer acompanhados da criança/adolescente para o atendimento e aplicação das medidas necessárias à reversão da situação, inclusive junto à escola.§ 1º. Esgotadas todas as providências passíveis de serem adotadas, deverá o Conselho Tutelar implementar uma das medidas de proteção constantes do artigo 101, I a VI do Estatuto da Criança e do Adolescente. § 2º. Com relação aos pais/responsáveis, deverá o Conselho Tutelar aplicar uma das medidas previstas no artigo 129, I a VII do mesmo Estatuto.§ 3º Sem prejuízo das ações referidas dos parágrafos anteriores, o Conselho, ao verificar que os pais ou os responsáveis pela criança ou adolescente não propiciaram a frequência destes à escola, ou problema constatado ser relativo à escola, deverá o Conselho Tutelar encaminhar ao Ministério Público (Promotoria de Justiça de Inte-resses Difusos e Coletivos) notícia do fato nos termos do parágrafo único do Art. 38

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Seção III - Do Transporte EscolarArtigo 53 - Aos Conselhos Tutelares caberá zelar para que os alunos das escolas estaduais de ensino fundamental e das escolas municipais de educação infantil e de ensino fundamental gozem de transporte escolar gratuito entre as suas resi-dências e a escola, de forma a assegurar a observância do contido, respectiva-mente, na Resolução SEE 33, de 15 do 05 de 2009 e na Lei Municipal nº 13.697, de 22 de dezembro de 2003, bem como nos Comunicados da Secretaria Municipal de Educação publicados anualmente.

Artigo 54 - Aos alunos regularmente matriculados na Rede Estadual de Ensino poderá ser concedido, pela Coordenadora de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo – CoGESP, transporte quando for constatada a existência de barreiras físicas, ou quaisquer entraves ou obstáculos, no caminho entre a resi-dência do aluno e a unidade escolar, que limitem ou impeçam o acesso, a liberda-de de movimento, a circulação com segurança e a integridade, tais como:1. Rodovias e ferrovias sem passarela ou faixa de travessia sem semáforo;2. Rios, lagos, lagoas, brejos, ribeirões, riachos, braços de mar, sem pontes ou passarelas;3. Trilhas em matas, serras, morros ou locais desertos;4. Divisórias físicas fixas (muros ou cercas);5. Linhas eletrificadas;6. Vazadouros (lixões)Parágrafo Único – o Transporte será garantido ao aluno que optar por matricula em escola que não tenha sido indicada pela Diretoria de Ensino.

Artigo 55 - Aos alunos regularmente matriculados na Rede Municipal de Ensino, poderá ser concedido o transporte escolar gratuito – TEG, conforme segue:I - Prioridade no atendimento aos alunos com deficiências/necessidades especiais, observada a disponibilidade de vagas em veículos adaptados, quando for o caso;II - Existência de problemas crônicos de saúde que impeçam a deambulação do aluno;III - Atendimento aos alunos que residam a mais de 2 (dois) quilômetros de dis-tância da escola, priorizando os de menor idade;IV - Atendimento aos alunos que residam a menos de 2 (dois) quilômetros de distância da escola, porém tenham que transpor barreiras físicas/geográficas que, comprovadamente, ofereçam risco à sua integridade física, priorizados os de me-nor idade.V - Menor renda familiar.obs. Consulta referente ao Transporte Escolar pela Secretaria Estadual para cons-trução de parágrafo

Artigo 56 - Para a efetivação das atribuições referidas no artigo anterior, poderá o Conselho, tão logo tenha notícia de demanda de transporte escolar gratuito não atendida, verificar junto à escola na qual o aluno estiver matriculado se a criança/adolescente em questão encontra-se cadastrada no Sistema Informatizado Escola on line – Eol, da Secretaria Municipal de Educação, como pleiteante de tal serviço.

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Artigo 57 - Caso o aluno não esteja cadastrado, deverá o Conselho Tutelar orientar os pais ou responsáveis a dirigir-se à escola na qual está matriculado, a fim de preencher a ficha de solicitação, para fins de cadastro.

Artigo 58 - Constatado o não atendimento pelo Programa, o Conselho Tutelar poderá oficiar a respectiva Diretoria Regional de Educação, objetivando os escla-recimentos necessários, bem como se há previsão para o atendimento no prazo 10 dias.

Artigo 59 - Prestadas as informações pela Diretoria Regional de Educação, o Con-selho Tutelar cientificará os pais ou responsáveis sobre a situação da criança. Parágrafo único. Deverá o Conselho Tutelar, na hipótese de entender que as in-formações prestadas não são suficientes, ou na falta delas, encaminhar notícia do fato concomitantemente à ouvidoria Geral da Cidade de São Paulo e ao Ministério Público.

Capítulo III – Abandono/Perda de Contato com a Família/Desapareci-mento

Artigo 60 - Na hipótese de chegar ao conhecimento do Conselho Tutelar a existên-cia de criança ou adolescente abandonado ou perdido, deverá o Conselho acionar a delegacia de Policia para registrar a ocorrência. No documento deverão constar todos os dados referentes à criança/adolescente, local onde foi encontrada, infor-mações disponíveis dos familiares/responsáveis, e dados completos do noticiante. I – Tomar as anotações referidas no caput deste artigo;II – Acolher e orientar a criança/adolescente, podendo para tanto, inclusive, solicitar auxílio, por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CRE-AS da circunscrição, ao qual caberá avaliação técnica e o efetivo acompanhamento do caso. Caso não haja CREAS na região, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o Centro de Referência de Assistência Social - CRAS da região.CRAS/CREAS da região os quais são a porta de entrada de toda a demanda da assistência social – local de referência e contra-referência.III – Tentar localizar algum familiar ao qual, comprovando documentalmente o pa-rentesco, será entregue a criança/adolescente, após assinatura do competente ter-mo de responsabilidade;IV – Acompanhar, se o caso requerer, a criança/adolescente, para o fim de avalia-ção médica ou exame de corpo de delito;V – Caso não seja localizado qualquer parente da criança/adolescente em con-dições de assumir a responsabilidade sobre ela, encaminhá-la (o), juntamente com cópia do relatório de todo o ocorrido e a documentação referente ao Boletim de ocorrência e exame de corpo de delito ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da circunscrição. Caso não haja CREAS na região, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região, que enca-minhará para o acolhimento institucional da região devendo nesta mesma ocasião informar ao Conselho em qual unidade a criança/adolescente será acolhido. No caso de a disponibilização da documentação referida neste inciso não se dar con-

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comitantemente à condução da criança/adolescente, contará o Conselho Tutelar com o prazo de 24 horas para a sua apresentação;VII – Esgotadas as diligências para a manutenção da criança/adolescente na fa-mília de origem/responsáveis, caso a criança/adolescente seja encaminhado ao serviço de acolhimento institucional, o Conselho comunicará à Vara da Infância e Juventude regional, em até 24 horas, a inclusão no serviço de acolhimento insti-tucional, enviando relatório do atendimento efetivado.

Capítulo IV – Desaparecimento de Criança/Adolescente

Artigo 61 - Na hipótese de desaparecimento de criança/adolescente, deverá o Conselho acionado orientar os pais/responsáveis a registrar a ocorrência junto a DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa), no sentido de garantir a promoção de efetiva investigação do ocorrido;I - Diligenciar junto à Polícia Civil para registrar no sentido de garantir a promoção de efetiva investigação do ocorrido;II – Comunicar o fato aos seguintes órgãos:a) Central de Atendimento Permanente e Emergência – CAPE, por meio dos tele-fones 3228-5554 ou 3228-5668. b) Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da circuns-crição do domicílio da criança/adolescente, ao qual caberá avaliação técnica e o efetivo acompanhamento do caso, inclusive por meio de visitas domiciliares. Caso não haja CREAS na região, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região. Centro de Referência de Assistência Social – CRAS/CREAS.

Capítulo V – Da Exploração do Trabalho Infantil

Artigo 62 - Ao tomar conhecimento da ocorrência de trabalho infantil (Decreto Fe-deral 6481/20083; inciso XXXIII do art.7º da Constituição Federal4; e lei Federal nº 15.276/20105), O Conselho Tutelar deverá:a) Se a criança/adolescente estiver na rua:1 - Requisitar a abordagem imediata dos Agentes de Proteção Social que atuam nas ruas do território, através do Centro de Referência Especializado de Assistên-cia Social – CREAS da circunscrição. Caso não haja CREAS na região, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região. 2 - Retorno do relatório do serviço realizado, em até 96 horas;3 - Encaminhamento do relatório ao Conselho Tutelar de origem, no caso de criança/adolescente residente em outra região e/ou cidade, nos termos do artigo 147 do ECA;4 - Adotar os procedimentos dispostos nos artigos 101 e 136 do ECA;b) Quando identificável, de imediato, um explorador e/ou empregador:1 - Realizar procedimento verificatório e sendo constatada situação de trabalho infantil ou de adolescente em condições contrárias à legislação, adotar os proce-dimentos dispostos nos artigos 101 e 136 do ECA;2 - Nos casos de criança/adolescente residente em outra região e/ou cidade, pro-ceder na forma do n.3, letra “A”.

3 Regulamenta os artigos 3º, alínea “d”, e 4º da Con-

venção 182 da Or-ganização Interna-cional do Trabalho (OIT) que trata da

proibição das piores formas de trabalho

infantil e ação imediata para sua

eliminação.4 Artigo 7º, inciso XXXIII, da Cons-

tituição Fede-ral:- “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,

além de outros que visem à melhoria de sua condição

social:XXXIII - proibi-ção de trabalho

noturno, perigoso ou insalubre a

menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição

de aprendiz, a partir de quatorze

anos.”5 Art. 2º o foco de

todas as iniciati-vas tomadas com

base nas diretrizes estabelecidas nesta

lei deverá ser a ação preventiva e o combate às

seguintes violações de direitos:

I – crianças e adolescentes em

situação de traba-lho infantil, com

desrespeito à proi-bição de trabalho até os 16 (dezes-seis) anos, exceto

na condição de aprendiz, que deve ocorrer a partir dos 14 (quatorze) anos,

conforme disposto pela Constituição

Federal;II – crianças e ado-lescentes engajadas

nas piores formas de trabalho infantil, especialmente nas atividades vedadas

pela Constituição Federal ou em

situação de rua, de inserção no tráfico de drogas e de ex-

ploração sexual, ou, ainda, em outras

descritas na legisla-ção pertinente.

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§ 1º. No caso de inscrição de criança ou adolescente no PETI não se efetivar no prazo de 72 horas, deverá o Conselheiro Tutelar entrar em contato com o coor-denador do Centro de Referência da Assistência Social – CRAS Regional, ao qual caberá providenciar a inscrição em novas 72 horas. § 2º. Decorridos os prazos referidos no parágrafo anterior, deverá o conselheiro co-municar o ocorrido à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social – SMADS /Coordenadoria de Assistência e Desenvolvimento Social – CAS e, após, ao Mi-nistério Publico, observados os parâmetros constantes no parágrafo único Artigo 38.

Artigo 63 - Não sanadas as violações ou descumpridas, injustificadamente, as de-liberações do Conselho Tutelar, comunicar ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério Público Estadual, nos termos do disposto no artigo 38, parágrafo único.

Capítulo VI – Crianças e Adolescentes com deficiência

Artigo 64 - Para avaliação da necessidade de reabilitação e/ou do fornecimento de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, procurar a unidade Básica de Saúde / uBS mais próxima da residência que encaminhará o usuário para o Núcleo Integrado de Reabilitação/NIR que avaliará as necessidades específicas.§1. A dispensação de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção pela Se-cretaria Municipal de Saúde está vinculada ao atendimento em reabilitação.

Artigo 65 - Para as pessoas com perdas de audição que necessitam de diagnós-tico, indicação, adaptação e fornecimento de aparelho auditivo, acompanhado de terapia fonoaudiológica, procurar a uBS mais próxima à residência do usuário que encaminhará para o Núcleo Integrado de Saúde Auditiva / NISA que avaliará as necessidades específicas.

Capítulo VII – Crianças, Adolescentes e Situação de Conflitos Familiares

Artigo 66 - No caso do Conselho Tutelar ser procurado em razão de conflitos fa-miliares referidos no artigo 98 do ECA (criança/adolescente em risco de vida, à integridade física etc. em razão de ação ou omissão dos responsáveis), deverá, primeiramente, proceder a uma análise fundamentada da situação concreta, le-vando em conta, inclusive, a gravidade da situação e a existência de risco efetivo, a partir da qual adotará uma das seguintes medidas:I – Encaminhamento da criança/adolescente de volta para casa, mediante a assi-natura, pelo pai/mãe/responsável de termo de responsabilidade, o qual deverá ser acompanhado do compromisso de retorno, em prazo a ser fixado em no máximo 30 trinta dias. Nesta hipótese, deverá o Conselho, ainda, acionar a rede de proteção integral, a qual auxiliará na avaliação, atendimento e acompanhamento da evolução do caso, junto ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da circunscrição do domicílio da criança/adolescente. Caso não haja CREAS na re-gião, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da regiãoII – Encaminhamento direto ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da circunscrição. Caso não haja CREAS na região, deverá o Con-

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selheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região.§ 1º. Constatada a hipótese de conflito familiar relativo à guarda de filhos, alimen-tos, regulamentação de visitas, deverá o Conselheiro Tutelar encaminhar a família à Vara da Família e à Defensoria Pública do Estado de São Paulo, se for o caso.§ 2º Na reincidência de maus tratos, violência física/sexual, após o Conselho Tu-telar ter aplicado as medidas protetivas (UBS, exame de corpo de delito, oitiva de família, relatório escolar), sem confirmação dos fatos, comunicar à Vara da Infân-cia e Juventude local o histórico de atendimento para avaliação pelo setor técnico, bem como ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da circunscrição de origem. Caso não haja CREAS na região, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região.

Capítulo VIII – Criança ou Adolescentes em Situação de Rua

Artigo 67 - Nas hipóteses de chegar ao conhecimento do Conselho Tutelar a exis-tência de criança ou adolescente em situação de rua, deverá ser adotado o se-guinte procedimento:I – Requisitar atuação do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da circunscrição. Caso não haja CREAS na região, deverá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região. No período com-preendido entre as 18h00 e as 08h00, aos finais de semana e feriados deverá ser acionada a Central de Atendimento Permanente e Emergência – CAPE tele-fones: 3228-2092.II – Fiscalizar a satisfatória atuação dos serviços referidos no inciso anterior, por meio, inclusive, de requisição de relatórios, garantido o respeito ao princípio do direito à convivência familiar e comunitária;III – Constatada a ineficiência ou insuficiência dos serviços requisitados, levar o fato ao conhecimento da CAS (Coordenadoria de Assistência Social) e no prazo de 72 horas sem reposta satisfatória, comunicação ao Ministério Público – Pro-motoria de Justiça de Interesses Difusos e Coletivos.

Capítulo IX – Crianças e Adolescentes oriundos de outras localidades que não tenham Responsáveis na Cidade de São Paulo

Artigo 68 - Caso o Conselho Tutelar seja acionado em razão de criança ou ado-lescente de outras localidades sem responsáveis no município, deverá adotar o seguinte procedimento:I – Acolher e orientar a criança/adolescente em relação aos riscos aos quais está exposto;II – Entrar em contato com o Conselho Tutelar do município do qual a criança ou adolescente é oriundo, ao qual caberá comunicar os responsáveis para buscá-lo. Na impossibilidade de localização dos responsáveis ou de inviabilidade dos mesmos se deslocarem para acolher a criança/adolescente, deverá o Conselho promover o seu encaminhamento ao Centro de Referência Especializado de As-sistência Social – CREAS da circunscrição. Caso não haja CREAS na região, de-verá o Conselheiro Tutelar contatar diretamente o CRAS da região, o qual caberá

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tomar as providências necessárias ao recâmbio e, se for o caso, providenciar o acolhimento por curto período junto ao serviço de atendimento institucional.Parágrafo único. o encaminhamento ao Centro de Referência da Assistência Social – CRAS ou serviço de acolhimento institucional de que trata o caput deste artigo deverá ser acompanhado, necessariamente, de relatório que contemple todo o contexto fático envolvido, além de todas as informações disponíveis acerca da criança/adolescente, sua família e origem, no prazo de 24 horas.

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TíTUlO III – Das Normas Gerais de Atuação em Segurança e da Relação com a Segurança Pública

Artigo 69 - Deverá o Conselho Tutelar manter um bom relacionamento e atuar de forma integrada com os órgãos da Segurança Pública, por meio, inclusive, da participação em reuniões dos CoNSEG – Conselhos Comunitários de Segurança, da aproximação dos Delegados de Polícia Titulares dos Distritos Policiais de sua circunscrição e respectivas Delegacias de Defesa da Mulher, bem como dos Co-mandantes de Companhias de Área da Polícia Militar e os Inspetores Chefes das Inspetorias Regionais, sempre com vistas ao melhor atendimento às necessidades da criança e adolescente.

Artigo 70 - Poderá o Conselho Tutelar acionar a Guarda Civil Metropolitana ou a Polícia Militar do Estado de São Paulo sempre que houver fundada situação de ris-co pessoal, violência ou grave ameaça, no exercício de suas atribuições.

Artigo 71 - Deverá o Conselheiro Tutelar, sempre que houver suspeita de crime ou contravenção penal contra a criança ou adolescente e exija investigação policial, acionar a Polícia Civil do Estado de São Paulo, observado o seguinte procedimento:I - Promover a representação criminal à Autoridade competente, quando necessá-rio suprir ausência dos pais ou responsável legal, para a apuração e processamen-to de crimes que dela dependam. os Conselheiros que provarem fundado temor ou exposição a risco em virtude da atuação referida neste inciso poderão solicitar à Autoridade policial a adoção do procedimento contemplado no Provimento 32 de 2000, da Corregedoria da Justiça do Estado de São Paulo, para manter o sigilo sobre seus dados. II - Noticiar à Autoridade Policial a ocorrência de crime ou contravenção penal, a fim de que se lavre o competente Boletim de ocorrência e se garanta a realização do exame de corpo de delito, nos casos em que o infrator não permaneça apreendido.III - Noticiar à Autoridade Policial a omissão dos responsáveis pela criança ou adolescente, nos casos de não providenciarem a submissão destes aos exames requisitados na ocorrência;IV - lavrar junto ao sítio da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Pau-lo no link delegacia eletrônica (http://www.policiacivil.sp.gov.br/2008/del_eletro-nica.asp), o boletim de desaparecimento, na ausência dos pais ou responsáveis; V – Comparecer com a vítima obrigatoriamente, na ausência dos pais ou respon-sáveis, e caso haja suspeita de abuso sexual, a uma Delegacia e indicar referida situação, de forma que o encaminhamento ao Instituto Médico legal seja provi-denciado junto ao Programa Bem Me Quer (Hospital Pérola Byington);VI – o encaminhamento e recepção de adolescente infrator não apreendido quan-do não houver pais ou responsável legal, ficará a cargo do CRAS conforme Decreto Municipal 50.365/08 e Portaria SMADS 44/09.Parágrafo único. À parte das comunicações de praxe referidas neste artigo, deverá o Conselheiro Tutelar responsável pelo caso, após registrado o Boletim de ocor-rência, levá-lo ao conhecimento do Delegado de Polícia da Delegacia Especializada competente, tais como DHPP, DENARC, DDMs, cobrando-se eficácia de atuação.

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Artigo 72 - A condução da pessoa violenta, alcoolizada ou drogada, ficará sob a res-ponsabilidade do profissional de segurança (Guarda Civil Metropolitana, Policia Militar, Polícia Civil), que saberá usar de suas atribuições dentro dos parâmetros legais.

Artigo 73 - Não é atribuição do Conselho Tutelar acompanhar ações policiais em bares, estabelecimentos comerciais, boates, motéis, zonas de prostituição, espetáculos.Parágrafo único - Em caso de ameaça ou violação de direitos pelas autoridades o Con-selho Tutelar encaminhará notícia de fato ao Poder Judiciário ou ao Ministério Público para as providências necessárias. (Artigo 136, inciso III, alínea “a” e “b” do ECA)

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TíTUlO V – Da Fiscalização

Artigo 74 - O Conselho Tutelar deverá fiscalizar as entidades governamentais e não-governamentais, verificando o cumprimento de suas obrigações legais e a adequação dos programas desenvolvidos. No caso de constatação de irregula-ridade, o Conselho Tutelar deverá orientar o responsável, para providenciar a adequação concedendo-lhe o prazo razoável, se após a segunda visita em que for reiterada a orientação, permanecer a entidade com a irregularidade constatada, deverá o Conselho Tutelar representar o responsável (Artigo 191-ECA).

Artigo 75 - Cabe ao Conselho Tutelar fiscalizar as unidades, programas e convê-nios que desenvolva as medidas sócio-educativas para verificar se estão sendo aplicadas de acordo com artigo 95 do ECA.

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TíTUlO VI – Disposições Gerais

Artigo 76 - O Conselheiro Tutelar deverá, quando não obtiver resposta ou solução satisfatória juntos aos órgãos municipais, sentir-se mal-atendido ou julgar ter vio-lado seus direitos, no exercício da função, sem prejuízo de eventual representação ao Ministério Público, noticiar os fatos à ouvidoria Geral da Cidade de São Paulo.§ 1º - O Conselheiro Tutelar deverá questionar o atendimento recebido dos órgãos municipais por meio da ouvidoria Geral da Cidade de São Paulo, ainda, quando houver ausência ou prolação de informação incorreta, prazos legais não forem cumpridos, entre outras situações que impliquem no comprometimento ou relativização dos direito e da defesa da criança e do adolescente.§ 2º - As denúncias e reclamações serão formalmente encaminhadas à Ouvidoria Geral da Cidade de São Paulo, por intermédio de ofício em que se narrará todo o ocorrido, e em que se mencionará todos os servidores ou prestadores de serviços envolvidos direta ou indiretamente no fato relatado, o qual deverá se encaminha-do juntamente com cópias da documentação disponível, se houver.

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Estatuto da Criança e do Adolescente

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Parte Geral (Livro I)

Título IDas Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais ine-rentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facili-dades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionali-zação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a pro-teção à infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de ne-gligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamen-tais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvi-

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mento.

Título IIDos Direitos Fundamentais

Capítulo IDo Direito à Vida e à Saúde

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, me-diante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendi-mento pré e perinatal. § 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema.§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem.§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser também prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para ado-ção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individu-ais, pelo prazo de dezoito anos;II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as inter-corrências do parto e do desenvolvimento do neonato;V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

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Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e iguali-tário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Re-dação dada pela Lei nº 11.185, de 2005)§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento especializado.§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar con-dições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respec-tiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infân-cia e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.

Capítulo IIDo Direito à liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignida-de como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;II - opinião e expressão;III - crença e culto religioso;IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;VI - participar da vida política, na forma da lei;VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psí-

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quica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Capítulo IIIDo Direito à Convivência Familiar e Comunitária

Seção IDisposições Gerais

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhi-mento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em rela-tório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)§ 2º A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada ne-cessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta inclu-ída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discrimina-tórias relativas à filiação.

Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos me-nores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer

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cumprir as determinações judiciais.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio.

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alu-de o art. 22.

Seção IIDa Família Natural

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qual-quer deles e seus descendentes. Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se es-tende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vín-culos de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação.Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suce-der-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indispo-nível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.

Seção IIIDa Família Substituta

Subseção IDisposições Gerais

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta lei.§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente

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considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu con-sentimento, colhido em audiência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a rela-ção de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mes-ma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmen-te com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de co-munidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompa-tíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropó-logos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça am-biente familiar adequado.

Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.

Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcio-nal, somente admissível na modalidade de adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.

Subseção IIDa Guarda

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Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a tercei-ros, inclusive aos pais. § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou res-ponsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados.§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para ado-ção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 34. o poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adoles-cente afastado do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)§ 2º Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adolescente mediante guar-da, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.

Subseção IIIDa Tutela

Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoi-to) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. o deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda.

Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, con-forme previsto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando

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o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previs-tos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.

Subseção IVDa Adoção

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nes-ta lei. § 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na famí-lia natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e pa-rentes, salvo os impedimentos matrimoniais.§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o ado-tante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados ci-vilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o ado-tando.§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visi-tas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do pe-ríodo de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade

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e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionali-dade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifes-tação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotan-do e fundar-se em motivos legítimos.

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando.§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiari-dades do caso.§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convi-vência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do

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adotado. § 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Re-gistro Civil do Município de sua residência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo. (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. o acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de prepa-ração psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe-cução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,

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supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela exe-cução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilita-dos nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) ho-ras, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta ali-mentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 10. A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vín-culos de afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência compro-ve a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrên-cia de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

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(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá compro-var, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal pos-tulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto legisla-tivo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou ado-lescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros menciona-dos no art. 50 desta Lei; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informa-ções sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade

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Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia au-tenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acom-panhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complemen-tação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a com-patibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pe-didos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de orga-nismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habili-tação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da inter-net. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º omente será admissível o credenciamento de organismos que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam de-vidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, ex-periência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela Lei nº 12.010, de

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2009) I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida ido-neidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprova-das pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, fun-cionamento e situação financeira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das ado-ções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Depar-tamento de Polícia Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (In-cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste artigo pelo organis-mo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6º O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos. (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimen-to protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias an-teriores ao término do respectivo prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 8º Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacio-nal, não será permitida a saída do adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expe-dição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passa-porte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solici-tar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não es-tejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, na-cionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem ado-tados, sem a devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a con-cessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o re-passe de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de in-termediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformi-dade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alí-nea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Con-venção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Con-venção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de

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habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Natura-lização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para res-guardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providên-cias à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Capítulo IVDo Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao lazer

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno de-senvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II - direito de ser respeitado por seus educadores;III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias es-colares superiores;IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo peda-gógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não ti-veram acesso na idade própria;II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, prefe-rencialmente na rede regular de ensino;IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de ida-de;V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

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VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente tra-balhador;VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola.

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pu-pilos na rede regular de ensino.

Art. 56. os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:I - maus-tratos envolvendo seus alunos;II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;III - elevados níveis de repetência.

Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilita-rão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

Capítulo VDo Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998)

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação espe-cial, sem prejuízo do disposto nesta lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.

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Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;III - horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de apren-dizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governa-mental, é vedado trabalho:I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;II - perigoso, insalubre ou penoso;III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.

Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob respon-sabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevale-cem sobre o aspecto produtivo.§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a partici-pação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.

Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

Título IIIDa Prevenção

Capítulo IDisposições Gerais

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

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Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, es-portes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção especial ou-tras decorrentes dos princípios por ela adotados.

Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta lei.

Capítulo IIDa Prevenção Especial

Seção IDa informação, Cultura, lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos

Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre ina-dequada.Parágrafo único. os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informa-ção destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.

Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públi-cos classificados como adequados à sua faixa etária.Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.

Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomen-dado para o público infanto juvenil, programas com finalidades educativas, artís-ticas, culturais e informativas.Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição.

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que ex-plorem a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, no invólucro, in-formação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.

Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a

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crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensa-gens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não pode-rão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas al-coólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bi-lhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realize apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a en-trada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação do público.

Seção IIDos Produtos e Serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:I - armas, munições e explosivos;II - bebidas alcoólicas;III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido po-tencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;V - revistas e publicações a que alude o art. 78;VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pen-são ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

Seção IIIDa Autorização para Viajar

Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desa-companhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.§ 1º A autorização não será exigida quando:a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;b) a criança estiver acompanhada:1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documen-talmente o parentesco;2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

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§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adoles-cente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estran-geiro residente ou domiciliado no exterior.

Parte Especial (Livro II)

Título IDa Política de Atendimento

Capítulo IDisposições Gerais

Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamen-tais, da união, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: I - políticas sociais básicas;II - políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem;III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às víti-mas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adoles-centes desaparecidos;V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afasta-mento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: I - municipalização do atendimento;

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II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações re-presentativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentraliza-ção político-administrativa;IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos res-pectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de ado-lescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.

Capítulo IIDas Entidades de Atendimento

Seção IDisposições Gerais

Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das pró-prias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de pro-teção e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:I - orientação e apoio sócio-familiar;II - apoio sócio-educativo em meio aberto;III - colocação familiar;IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) V - liberdade assistida;VI - semi-liberdade; VII - internação.§ 1º As entidades governamentais e não governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-

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cente, o qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção dos programas re-lacionados neste artigo serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adoles-cente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituin-do-se critérios para renovação da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - o efetivo respeito às regras e princípios desta lei, bem como às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - em se tratando de programas de acolhimento institucional ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da res-pectiva localidade.§ 1º Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, hi-giene, salubridade e segurança;b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios desta Lei;c) esteja irregularmente constituída;d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº

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12.010, de 2009) I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar; (Re-dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manuten-ção na família natural ou extensa; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;V - não desmembramento de grupos de irmãos;VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;VII - participação na vida da comunidade local;VIII - preparação gradativa para o desligamento;IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.§ 1ºO dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucio-nal é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento fa-miliar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou ado-lescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo e Judiciário, pro-moverão conjuntamente a permanente qualificação dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judici-ário, Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º alvo determinação em contrário da autoridade judiciária competente, as en-tidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º As entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institu-cional somente poderão receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e finalidades desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional po-derão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciária, ouvido o Mi-nistério Público e se necessário com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre outras:I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na deci-são de internação;III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos redu-zidos;IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao ado-lescente;V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos fa-miliares;VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mos-tre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higie-ne, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;X - propiciar escolarização e profissionalização;XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação pro-cessual;XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes por-tadores de moléstias infecto-contagiosas;XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos;XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do aten-dimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences e de-mais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimen-to.

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§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste artigo às enti-dades que mantêm programas de acolhimento institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as entidades utiliza-rão preferencialmente os recursos da comunidade.

Seção IIDa Fiscalização das Entidades

Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tute-lares.

Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das dotações orçamentárias.

Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: I - às entidades governamentais:a) advertência;b) afastamento provisório de seus dirigentes;c) afastamento definitivo de seus dirigentes;d) fechamento de unidade ou interdição de programa.II - às entidades não-governamentais:a) advertência;b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;c) interdição de unidades ou suspensão de programa;d) cassação do registro.§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades de atendimen-to, que coloquem em risco os direitos assegurados nesta lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou representado perante autoridade judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º As pessoas jurídicas de direito público e as organizações não governamentais responderão pelos danos que seus agentes causarem às crianças e aos adolescen-tes, caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores das atividades de proteção específica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Título IIDas Medidas de Proteção

Capítulo IDisposições Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre

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que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;III - em razão de sua conduta.

Capítulo IIDas Medidas Específicas de Proteção

Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades peda-gógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familia-res e comunitários. Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas: (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e ado-lescentes são os titulares dos direitos previstos nesta e em outras leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos di-reitos de que crianças e adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescentes por esta lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabi-lidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da mu-nicipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve aten-der prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e ade-quada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no

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momento em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou reinte-grem na sua família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que promovam a sua integração em família substituta; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais ou respon-sável devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, observado o dis-posto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilida-de;II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fun-damental;IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hos-pitalar ou ambulatorial;VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e trata-mento a alcoólatras e toxicômanos;VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência ex-clusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencio-so, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório

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e da ampla defesa.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referên-cia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entida-de responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judi-ciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6º Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o ado-lescente acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à re-sidência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facili-tado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. (Inclu-ído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo progra-ma de acolhimento familiar ou institucional fará imediata comunicação à autori-dade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender ne-cessária a realização de estudos complementares ou outras providências que en-tender indispensáveis ao ajuizamento da demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a im-plementação de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante re-quisição da autoridade judiciária.§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado procedimento espe-cífico destinado à sua averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministério Público se, após o não compa-recimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Título IIIDa Prática de Ato Infracional

Capítulo I

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Disposições Gerais

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contra-venção penal.

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei.Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, deve ser considerada a idade do ado-lescente à data do fato.

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas pre-vistas no art. 101.

Capítulo IIDos Direitos Individuais

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhi-do serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo má-ximo de quarenta e cinco dias.Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios su-ficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Capítulo IIIDas Garantias Processuais

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido pro-cesso legal.

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação

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ou meio equivalente;II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e teste-munhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;III - defesa técnica por advogado;IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

Capítulo IVDas Medidas Sócio-EducativasSeção IDisposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:I - advertência;II - obrigação de reparar o dano;III - prestação de serviços à comunidade;IV - liberdade assistida;V - inserção em regime de semi-liberdade;VI - internação em estabelecimento educacional;VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão trata-mento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pres-supõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.

Seção IIDa Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Seção IIIDa obrigação de Reparar o Dano

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Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autorida-de poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substi-tuída por outra adequada.

Seção IVDa Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescen-te, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a fre-qüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Seção VDa liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade com-petente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente, promo-vendo, inclusive, sua matrícula;III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;IV - apresentar relatório do caso.

Seção VIDo Regime de Semi-liberdade

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de ativida-

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des externas, independentemente de autorização judicial.§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

Seção VIIDa Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princí-pios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe téc-nica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente im-posta.§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses.§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescen-tes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obri-gatórias atividades pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os se-guintes:I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;III - avistar-se reservadamente com seu defensor;

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IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;V - ser tratado com respeito e dignidade;VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao do-micílio de seus pais ou responsável;VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;XI - receber escolarização e profissionalização;XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensá-veis à vida em sociedade.§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicia-lidade aos interesses do adolescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

Capítulo VDa Remissão

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infra-cional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autorida-de judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou compro-vação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, ex-ceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmen-te, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu repre-sentante legal, ou do Ministério Público.

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Título IVDas Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamen-to a alcoólatras e toxicômanos;III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e apro-veitamento escolar;VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializa-do;VII - advertência;VIII - perda da guarda;IX - destituição da tutela;X - suspensão ou destituição do poder familiar. Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste arti-go, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.

Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impos-tos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos ali-mentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)

Título VDo Conselho Tutelar

Capítulo IDisposições Gerais

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:I - reconhecida idoneidade moral;II - idade superior a vinte e um anos;III - residir no município.

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Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar.

Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão espe-cial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.

Capítulo IIDas Atribuições do Conselho

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, pre-vidência, trabalho e segurança;b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injus-tificado de suas deliberações.IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração admi-nistrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as pre-vistas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;VII - expedir notificações;VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescen-te;X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspen-são do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendi-mento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela au-toridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.

Capítulo IIIDa Competência

Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do art. 147.

Capítulo IVDa Escolha dos ConselheirosArt. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será esta-belecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Munici-pal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

Capítulo VDos Impedimentos

Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascenden-tes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunha-dio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro re-gional ou distrital.

Título VIDo Acesso à Justiça

Capítulo IDisposições Gerais

Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Públi-ca, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.§ 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.

Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou cura-dores, na forma da legislação civil ou processual.Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou ado-lescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou res-ponsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que

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eventual.

Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracio-nal.Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a crian-ça ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade.

Capítulo IIDa Justiça da Infância e da Juventude

Seção IDisposições Gerais

Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e ex-clusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.

Seção IIDo Juiz

Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei de organização judiciária local.

Art. 147. A competência será determinada:I - pelo domicílio dos pais ou responsável;II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou res-ponsável.§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção.§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.

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Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coleti-vos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209;V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimen-to, aplicando as medidas cabíveis;VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medi-das cabíveis.Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em rela-ção ao exercício do poder familiar; e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representa-ção, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;g) conhecer de ações de alimentos;h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nas-cimento e óbito.

Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou au-torizar, mediante alvará:I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em:a) estádio, ginásio e campo desportivo;b) bailes ou promoções dançantes;c) boate ou congêneres;d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.II - a participação de criança e adolescente em:a) espetáculos públicos e seus ensaios;b) certames de beleza.§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, dentre outros fatores:a) os princípios desta Lei;b) as peculiaridades locais;c) a existência de instalações adequadas;

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d) o tipo de freqüência habitual ao local;e) a adequação do ambiente a eventual participação ou freqüência de crianças e adolescentes;f) a natureza do espetáculo.§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser fundamenta-das, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral.

Seção IIIDos Serviços Auxiliares

Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a asses-sorar a Justiça da Infância e da Juventude.

Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.

Capítulo IIIDos Procedimentos

Seção IDisposições Gerais

Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente. Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos nesta lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público.Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.

Seção IIDa Perda e da Suspensão do Poder Familiar(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá iní-cio por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.

Art. 156. A petição inicial indicará:I - a autoridade judiciária a que for dirigida;II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público;III - a exposição sumária do fato e o pedido;IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemu-nhas e documentos.

Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Minis-tério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os meios para a citação pessoal.

Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir advogado, sem pre-juízo do próprio sustento e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de nomeação.

Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará de qualquer repar-tição ou órgão público a apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público.Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo.§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Mi-nistério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equi-pe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº

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12.010, de 2009) § 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. (Inclu-ído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estive-rem em local conhecido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo social ou, se pos-sível, de perícia por equipe interprofissional.§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresen-tado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, ex-cepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias.

Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder fami-liar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adoles-cente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Seção IIIDa Destituição da Tutela

Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que couber, o disposto na seção an-terior.

Seção IVDa Colocação em Família Substituta

Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de colocação em família substituta:I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companhei-ro, com expressa anuência deste;II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou compa-nheiro, com a criança ou adolescente, especificando se tem ou não parente vivo;III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conheci-dos;IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível,

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uma cópia da respectiva certidão;V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão também os requisitos específicos.

Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. (Re-dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, tomando-se por termo as declarações. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º O consentimento dos titulares do poder familiar será precedido de orienta-ções e esclarecimentos prestados pela equipe interprofissional da Justiça da In-fância e da Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º O consentimento dos titulares do poder familiar será colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garantida a li-vre manifestação de vontade e esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4º O consentimento prestado por escrito não terá validade se não for ratificado na audiência a que se refere o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5º O consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitu-tiva da adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6º O consentimento somente terá valor se for dado após o nascimento da crian-ça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 7º A família substituta receberá a devida orientação por intermédio de equi-pe técnica interprofissional a serviço do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Mi-nistério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência. Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Públi-co, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.

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Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o disposto no art. 35.

Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Seção VDa Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente

Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente.Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as provi-dências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.

Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;II - apreender o produto e os instrumentos da infração;III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e res-ponsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manuten-

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ção da ordem pública.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao represen-tante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no pará-grafo anterior.

Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará ime-diatamente ao representante do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na prática de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investigações e demais docu-mentos.

Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Pú-blico notificará os pais ou responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar.

Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Público poderá:I - promover o arquivamento dos autos;II - conceder a remissão;III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educati-va.

Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo re-presentante do Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá o

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resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para homolo-gação.§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determi-nará, conforme o caso, o cumprimento da medida.§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representa-ção, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obri-gada a homologar.

Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não pro-mover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação à au-toridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemu-nhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autorida-de judiciária.§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da autoria e materiali-dade.

Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, es-tando o adolescente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da re-presentação, e notificados a comparecer à audiência, acompanhados de advoga-do.§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá manda-do de busca e apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não po-derá ser cumprida em estabelecimento prisional.§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remo-ção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com insta-lações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob

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pena de responsabilidade.

Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado.§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o represen-tante do Ministério Público, proferindo decisão.§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou coloca-ção em regime de semi-liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o ado-lescente não possui advogado constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo do caso.§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias conta-do da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na repre-sentação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do Ministério Pú-blico e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida pro-ferirá decisão.

Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustifi-cadamente à audiência de apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva.

Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reco-nheça na sentença:I - estar provada a inexistência do fato;II - não haver prova da existência do fato;III - não constituir o fato ato infracional;IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade.

Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de internação ou regime de semi-liberdade será feita:I - ao adolescente e ao seu defensor;II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unicamente na pessoa do defensor.§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.

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Seção VIDa Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento

Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em entidade governa-mental e não-governamental terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, ne-cessariamente, resumo dos fatos.Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão fundamentada.Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a autoridade judici-ária designará audiência de instrução e julgamento, intimando as partes.§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão cin-co dias para oferecer alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de enti-dade governamental, a autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a substituição.§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento de mérito.§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou programa de atendimento.

Seção VIIDa Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente

Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade administrativa por infra-ção às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início por representa-ção do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser usadas fórmu-las impressas, especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos do retardamento.

Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de defesa, contado da data da intimação, que será feita:I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presença do reque-rido;

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II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido ou seu representante legal;IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.

Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual pra-zo.Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na conformi-dade do artigo anterior, ou, sendo necessário, designará audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o Minis-tério Público e o procurador do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.

Seção VIII(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Da Habilitação de Pretendentes à Adoção

Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período de união estável; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (In-cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarre-gada de elaborar o estudo técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) II - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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III - requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos postu-lantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º É obrigatória a participação dos postulantes em programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude preferencialmente com apoio dos técnicos res-ponsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, que inclua preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória da preparação re-ferida no § 1o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em re-gime de acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento familiar ou institucional e pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação no programa re-ferido no art. 197-C desta Lei, a autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audi-ência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferi-das, a autoridade judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros refe-ridos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observa-da pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do adotando. (Incluí-do pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes indicados im-portará na reavaliação da habilitação concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Capítulo IV

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Dos Recursos

Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude fica ado-tado o sistema recursal do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e suas alterações posteriores, com as seguintes adap-tações:I - os recursos serão interpostos independentemente de preparo;II - em todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento e de embargos de declaração, o prazo para interpor e para responder será sempre de dez dias;III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor;IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte e quatro horas, independente-mente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos depen-derá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.

Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de apelação.

Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito devolu-tivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de destituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para jul-gamento sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. o Ministério Público será intimado da data do julgamento e po-

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derá na sessão, se entender necessário, apresentar oralmente seu parecer. (Inclu-ído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar o descumprimento das providên-cias e do prazo previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Capítulo VDo Ministério Público

Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.

Art. 201. Compete ao Ministério Público:I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes;III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de sus-pensão e destituição do poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades munici-pais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promo-ver inspeções e diligências investigatórias;c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas;VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabí-veis;IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indispo-níveis afetos à criança e ao adolescente;

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X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os pro-gramas de que trata esta lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Cons-tituição e esta lei.§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que com-patíveis com a finalidade do Ministério Público.§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou adolescente.§ 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o competente pro-cedimento, sob sua presidência;b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou acertados;c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevân-cia pública afetos à criança e ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obriga-toriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoal-mente.

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessa-do.

Art. 205. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.

Capítulo VIDo Advogado

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Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide poderão intervir nos procedimen-tos de que trata esta lei, através de advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.

Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ain-da que ausente ou foragido, será processado sem defensor.§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência.§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor no-meado ou, sido constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.

Capítulo VIIDa Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos

Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: I - do ensino obrigatório;II - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino fundamental;VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;VII - de acesso às ações e serviços de saúde;VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberda-de.IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção social de fa-mílias e destinados ao pleno exercício do direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de 2005)§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realiza-da imediatamente após notificação aos órgãos competentes, que deverão comu-

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nicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transpor-te interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a compe-tência originária dos tribunais superiores.

Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consi-deram-se legitimados concorrentemente:I - o Ministério Público;II - a união, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territórios;III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que inclu-am entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta lei, dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá assumir a titularidade ativa.

Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compro-misso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são admis-síveis todas as espécies de ações pertinentes.§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Código de Pro-cesso Civil.§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.

Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará provi-dências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando o réu.§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compa-tível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença fa-vorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o

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descumprimento.

Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos Di-reitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Ministério Público, nos mes-mos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.

Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.

Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenató-ria sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Minis-tério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os honorários advo-catícios arbitrados na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados ao décu-plo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e danos.

Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de cus-tas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas.

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre fatos que constituam ob-jeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tiverem conheci-mento de fatos que possam ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autori-dades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.

Art. 223. o Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito ci-

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vil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se conven-cer da inexistência de fundamento para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão reme-tidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério público, poderão as associações legiti-madas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Con-selho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu regimento.§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.

Título VIIDos Crimes e Das Infrações Administrativas

Capítulo IDos Crimes

Seção IDisposições Gerais

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adoles-cente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Pe-nal.

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada

Seção IIDos Crimes em Espécie

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na

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forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:Pena - detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Se o crime é culposo:Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:Pena - detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Se o crime é culposo:Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:Pena - detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem ob-servância das formalidades legais.

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilân-cia a vexame ou a constrangimento:Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997)

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Con-selho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função pre-vista nesta Lei:Pena - detenção de seis meses a dois anos.

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Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à vio-lência.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o ter-ceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consen-timento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que con-tenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

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Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divul-gar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemá-tico, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às foto-grafias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalida-des institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notí-cia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do mate-rial relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)§ 3º As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o mate-rial ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: (Incluído pela

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Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, dispo-nibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou arma-zena o material produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comu-nicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir crian-ça a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer for-ma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos com-ponentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida:Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer for-ma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

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Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas refe-ridas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de locali-zação e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condu-tas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Capítulo IIDas Infrações Administrativas

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de aten-ção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à auto-ridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, admi-nistrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infra-cional:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de

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criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televi-são, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação.(o excluído deste parágrafo foi declarado como Expres-são Inconstitucional pela ADIN 869-2).

Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autorida-de judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou respon-sável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade ju-diciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o es-tabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservân-cia do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação desta-cada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

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Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetá-culos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reinci-dência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulga-ção ou publicidade.

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reinci-dência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetá-culo:Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimen-to por até quinze dias.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de di-versão, ou sobre sua participação no espetáculo: Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e ope-racionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de

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atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou co-munitário destinado à garantia do direito à convivência familiar que deixa de efe-tuar a comunicação referida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Disposições Finais e Transitórias

Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publicação deste Estatu-to, elaborará projeto de lei dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do livro II.Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princípios estabelecidos nesta lei.

Art. 260. Os contribuintes poderão deduzir do imposto devido, na declaração do Imposto sobre a Renda, o total das doações feitas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente - nacional, estaduais ou municipais - devidamente com-provadas, obedecidos os limites estabelecidos em Decreto do Presidente da Repú-blica. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) § 1º (Revogado pela Lei 9.532 de 10/10/1997)§ 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos capta-dos pelos Fundos Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, serão consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar, bem como as regras e princípios relativos à garantia do direito à convivência fami-liar previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente fixarão critérios de utilização, através de planos de aplicação das do-ações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente, ór-fãos ou abandonado, na forma do disposto no art. 227, § 3º, VI, da Constituição Federal.§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de fiscaliza-ção da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescen-te, dos incentivos fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)§ 5º A destinação de recursos provenientes dos fundos mencionados neste artigo não desobriga os Entes Federados à previsão, no orçamento dos respectivos ór-gãos encarregados da execução das políticas públicas de assistência social, edu-

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cação e saúde, dos recursos necessários à implementação das ações, serviços e programas de atendimento a crianças, adolescentes e famílias, em respeito ao princípio da prioridade absoluta estabelecido pelo caput do art. 227 da Constitui-ção Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescen-te, os registros, inscrições e alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a entidade.Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes aos programas e atividades previs-tos nesta lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.

Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judiciária.

Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:1) Art. 121 ................................................................................................§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente dei-xa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos. 2) Art. 129 ................................................................................................§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 3) Art. 136 ................................................................................................§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos. 4) Art. 213 ................................................................................................Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: Pena - reclusão de quatro a dez anos. 5) Art. 214 ................................................................................................Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: Pena - reclusão de três a nove anos.»

Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte item:“Art. 102 ...................................................................................................6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “

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Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular do texto integral deste Estatuto, que será posto à dis-posição das escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 266. Esta lei entra em vigor noventa dias após sua publicação.Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser promovidas ativida-des e campanhas de divulgação e esclarecimentos acerca do disposto nesta lei.

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República.FERNANDo ColloR Bernardo Cabral Carlos Chiarelli Antônio Magri Margarida Procópio

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Um país que quer ser grandetem que proteger quem

não terminou de crescer.

Campanha de Prevenção à Violência Sexual contraCrianças e Adolescentes – Cartilha Educativa

PRESIDENTA DA REPÚBLICADilma Vana Rousseff

MINISTRA DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOSDA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Maria do Rosário Nunes

SECRETÁRIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇAE DO ADOLESCENTE

Carmen Silveira de Oliveira

DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS TEMÁTICAS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTEMarcia Ustra Soares

COORDENADORA DO PROGRAMA NACIONAL DE ENFRENTAMENTODA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Leila Regina Paiva de Souza

DIRETORA EXECUTIVA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA TERRA DOS HOMENSClaudia Cabral

Ficha Técnica

RealizaçãoPROGRAMA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

ParceriaASSOCIAÇÃO BRASILEIRA TERRA DOS HOMENS

Equipe de elaboração e organização dos textos (em ordem alfabética)Fernando Luz Carvalho

Leila Regina Paiva de SouzaRômulo FariasTatiara Lima

Valéria BrahimVera Cristina Souza

Esta cartilha faz um panorama sobre os principais conceitos que envolvem a violência contra crianças e adolescentes, especialmente quando o que ocorre é a violência sexual. O objetivo é difundir esse tema para cada vez mais pessoas, aumentando a consciência sobre o assunto, sobretudo nos espaços corporativos.

A cartilha faz parte de uma ação da Campanha de Prevenção à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, uma iniciativa conjunta do poder público, setor empresarial e sociedade civil.

Trata-se de uma realização do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (PNEVSCA) – uma área da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, que é vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Em parceria inédita com o PNEVSCA, participam também da campanha importantes empresas brasileiras dos mais diversos setores, bem como o Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, a Associação Brasileira Terra dos Homens (ABTH) e o Centro de Referência Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria).

apresentando

Por que falar em violência sexual contra crianças e adolescentes?

Por dois importantes motivos : Primeiro, porque a violência sexual contra crianças e adolescentes é uma prática que infelizmente ainda acontece em todo o Brasil. Segundo, para que o país enfrente e supere essa grave situação, é preciso conhecer muito bem o problema. E é aqui que entra esta cartilha: ela reúne as principais informações que você precisa saber sobre o tema. Isso vai ajudar você a proteger os direitos de crianças e adolescentes!

ConheCendo

Existem princípios que orientam a proteçãodas crianças e adolescentes no Brasil?

A resposta é SIM. O art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei Nº 8069/90), assegurado pelo art. 227 da Constituição Federal de 1988, aponta que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito:à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

O Estatuto ainda garante que crianças e adolescentes devem ser protegidos de toda forma de:negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Você sabia? Crianças e adolescentes são:

Sujeitos de Direitosou seja, são pessoas que têm direitos garantidos pelas leis brasileiras, que devem ser respeitadas por todos.

Pessoas em desenvolvimentoou seja, ainda não atingiram a maturidade de uma pessoa adulta, nem fisicamente e nem psicologicamente. Vale o mesmo para a sua sexualidade, que também não deve ser tratada como a sexualidade de uma pessoa adulta.

Pessoas que precisam ser protegidas integralmenteOu seja, a proteção de crianças e adolescentes precisa ocorrer em todos os aspectos da sua vida. Não basta, por exemplo, garantir apenas a alimentação. É necessário garantir também a saúde, a educação, a segurança e todos os direitos.

As crianças e adolescentes sofrem várias formas de violência.Conheça quais são:

As principais violações de direitos contra crianças e adolescentes são: a exploração econômica (trabalho infantil), negligência, o abandono, e as violências física, sexual, psicológica, institucional.

O que é a exploração Econômica (também chamada de trabalho Infantil)?É quando crianças e adolescentes são constrangidos, convencidos ou obrigados a exercer funções e a assumir responsabilidades de adulto, inapropriadas à etapa de desenvolvimento em que se encontram.

O que é a negligência?É a falta de cuidados com a proteção e o desenvolvimento da criança ou adolescente.

O que é o abandono?É a ausência da pessoa de quem a criança ou o adolescente está sob cuidado, guarda, vigilância ou autoridade.

O que é a violência física?É o uso da força física utilizada para machucar a criança ou adolescente de forma intencional, não-acidental. Por vezes, a violência física pode deixar no corpo marcas como hematomas, arranhões, fraturas, queimaduras, cortes, entre outros.

O que é a violência psicológica?É um conjunto de atitudes, palavras e ações que objetivam constranger, envergonhar, censurar e pressionar a criança ou o adolescente de modo permanente, gerando situações vexatórias que podem prejudicá-lo em vários aspectos de sua saúde e desenvolvimento.

O que é a violência institucional?É qualquer manifestação de violência contra crianças e adolescentes praticada por instituições formais ou por seus representantes, que são responsáveis pela sua proteção.

O que é a omissão institucional?É a omissão dos órgãos em cumprir as suas atividades de assegurar a proteção e defesa de crianças e adolescentes.

O que a violência sexual?É a violação dos direitos sexuais, no sentido de abusar ouexplorar do corpo e da sexualidade de crianças e adolescentes.

Traduzindo a violência sexual

A violência sexual pode ocorrer de duas formas: pelo abuso sexual ou pela exploração sexual.

O abuso sexualÉ a utilização da sexualidade de uma criança ou adolescente para a prática de qualquer ato de natureza sexual.O abuso sexual é geralmente praticado por uma pessoa com quem a criança ou adolescente possui uma relação de confiança, e que participa do seu convívio. Essa violência pode se manifestar dentro do ambiente doméstico (intrafamiliar) ou fora dele (extrafamiliar).

A exploração sexualÉ a utilização de crianças e adolescentes para fins sexuais mediadapor lucro, objetos de valor ou outros elementos de troca.A exploração sexual ocorre de quatro formas: no contexto daprostituição, na pornografia, nas redes detráfico e no turismo com motivação sexual.

Exploração sexual no contexto da prostituiçãoÉ o contexto mais comercial da exploração sexual, normalmente envolvendo rede de aliciadores, agenciadores, facilitadores e demais pessoas que se beneficiam financeiramente da exploração sexual. Mas esse tipo de exploração sexual também pode ocorrer sem intermediários.

Pornografia infantilÉ a produção, reprodução, venda, exposição, distribuição, comercialização, aquisição, posse, publicação ou divulgação de materiais pornográficos (fotografia, vídeo, desenho, filme etc.) envolvendo crianças e adolescentes.

Tráfico para fins de exploração sexualÉ a promoção ou facilitação da entrada, saída ou deslocamento no território nacional de crianças e adolescentes com o objetivo de exercerem a prostituição ou outra forma de exploração sexual.

Turismo com motivação sexualÉ a exploração sexual de crianças e adolescentes por visitantes de países estrangeiros ou turistas do próprio país, normalmente com o envolvimento, cumplicidade ou omissão de estabelecimentos comerciais de diversos tipos.

Mitos e verdades

Mito: Toda pessoa que abusa de uma criança ou adolescente é pedófilo.Verdade: Nem todas. A pedofilia é um transtorno de personalidade caracterizado pelo desejo sexual por crianças pré-púberes, geralmente abaixo de 13 anos. Para que uma pessoa seja considerada pedófila, é preciso que exista um diagnóstico de um psiquiatra. Muitos casos de abuso e exploração sexual são cometidos por pessoas que não são acometidas por esse transtorno. O que caracteriza o crime não é a pedofilia, mas o ato de abusar ou explorar sexualmente uma criança ou um adolescente.

Mito: Quem comete abuso sexual quase sempre é homossexual.Verdade: Passa longe disso. Os autores de crimes sexuais têm perfis muito distintos.

Mito: Adolescentes que sabem o que estão fazendo não são vítimas de exploração sexual.Verdade: Não é verdade. A legislação brasileira prevê que crianças e adolescentes são indivíduos em “condição peculiar de desenvolvimento”, sendo, portanto, vítimas em qualquer situação de abuso ou exploração. O autor da agressão tem inteira responsabilidade pela violência.

Mito: As vítimas de violência sexual são normalmente de origem pobre.Verdade: Embora os indicadores apontem isso, é mais comum que famílias de baixa renda procurem os serviços de proteção a crianças e adolescentes do que as famílias de renda mais elevada. Por essa razão, os casos registrados em famílias de baixa renda aparentam ser mais numerosos.

aprendendo a não errar

Mito: A criança muitas vezes inventa que sofreu violência sexual.Verdade: Raramente a criança mente. Apenas 6% dos casos são fictícios.

Mito: É proibido dar carona a crianças e adolescentes nas estradas.Verdade: Quando alguma criança ou adolescente pede carona nas estradas, pode estar precisando de ajuda ou em alguma situação de risco. Para garantir a sua proteção, deve-se comunicar o fato às autoridades competentes ou conduzi-lo ao posto mais próximo da Polícia Rodoviária Federal.

Mito: Para denunciar uma violência contra crianças e adolescentes, é preciso se identificar e ter certeza absoluta do que viu.Verdade: De jeito nenhum. Há vários canais de denúncia em que o anonimato é assegurado: é o caso do Disque 100 e dos conselhos tutelares. Além disso, as denúncias podem se basear em suspeitas.

O que você tem a ver com isso?

Toda as formas de violência, especialmente a sexual, afetam o crescimento saudável das nossas crianças e adolescentes. E isso incide sobre o próprio país, cujo desenvolvimento não depende apenas da área econômica, mas também da área social e de direitos humanos. É por isso que a Constituição Federal deu a responsabilidade de garantir os direitos dos meninos e meninas do país a toda a sociedade, à família, à comunidade e ao Estado. E você faz parte disso!

Como agir em caso de violência contra crianças e adolescentes?

Se você tiver suspeita ou conhecimento de alguma criança ou adolescente que esteja sofrendo violência, a sua atitude deve ser denunciar! Isso pode ajudar meninas e meninos que estejam em situação de risco. As denúncias podem ser feitas a qualquer uma dessas instituições: • Conselho Tutelar da sua cidade; • Disque 100 (por telefone ou pelo e-mail [email protected]) – canal gratuito e anônimo; • Escola, com os professores, orientadores ou diretores; • Delegacias especializadas ou comuns; • Polícia Militar, Polícia Federal ou Polícia Rodoviária Federal; • Número 190; • Casos de pornografia na internet: denuncie em www.disque100.gov.br.

Entenda como funciona a rede de proteção dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil

Portas de EntradaAtende demanda imediata e encaminha / comunica ao CT

DISQUE DENÚNCIA

Abordagem de Rua

CREAS

Abrigo(24h p/ comunicar CT

e a autoridade judiciária(Art. 93 do ECA)

Unidade de Saúde(Arts. 13 e 245 ECA)

Escola (Arts. 56 e 245 ECA)

CRAS

Comunidade / ONG(Art. 18 - ECA)

Medidas destinadas a família(Art. 129, I a VII - ECA)

Medidas Protetivas(Art. 101, I a VII)

Acolhimento(Art. 101, VII e VIII)

Autoridade Judiciária(Juiz(a) da Infância e Juventude

(Art. 148, VI e VII)

Autoridade Judiciária(Juiz(a) Criminal)

Vara Especializada

Polícia Civil (abuso ou exploração sexual

inquérito Policial)Ministério Público(Estudual ou Federal)

(Art. 24 do Código PenalArt. 201, VII do ECA)

Denúncia ProcessualDelegacia

RESPONSABILIZAÇÃO

RECEBE

DENÚNCIA

PROTEÇÃO

Polícia Federal (Pornografia na internet.

Tráfico interestadual e Internacional) Inquérito Policial

Conselho Tutelar(Art. 136, I a IX - ECA)

Traduzindo a violência sexual: O que diz a LEI

O Brasil possui leis que punem com rigor quem comete violência sexual contra crianças e adolescentes. O Código Penal prevê penas nas seguintes situações:

EstuproArt. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena: reclusão de 6 (seis) a 10 (dez) anos.§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 a 12 anos.§ 2º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 a 30 anos.

Violação sexual mediante fraudeArt. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

Assédio sexualArt. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. § 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2º (VETADO) <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm> § 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Crimes sexuais contra vulnerável:

Estupro de vulnerávelArt. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2º (VETADO) § 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Corrupção de menoresArt. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescenteArt. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerávelArt. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2º Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

Lenocínio e tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexualMediação para servir a lascívia de outremArt. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de um a três anos.§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena - reclusão, de dois a cinco anos.§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexualArt. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Casa de prostituiçãoArt. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

RufianismoArt. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.

Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexualArt. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. § 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. § 2º A pena é aumentada da metade se: I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. § 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexualArt. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. § 2º A pena é aumentada da metade se: I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. § 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

Anexo - Especificidades no Distrito Federal*

*Conteúdo elaborado pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes - NEVESCA - do MPDFT.Exemplos de fluxo de notificação:

Quando o agressor não for integrante da família

Quando o agressor for integrante da família

Suspeita

Conselho Tutelar

DPCA*

Responsabilizaçãodo autor da violência

* Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

Atendimento de Saúde

AtendimentoSocial

Suspeita

Conselho Tutelar

DPCA*

Responsabilizaçãodo autor da violência

* Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

** Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude / 1ª Vara da Infância e da Juventude.

PJDIJ/1ª VIJ**Atendimento

Social e de saúde. Medidas

judiciais (afastamento

do autor, suspensão de visitas etc.)

EM CASO DE SUPEITA E/OU OCORRÊNCIA DE ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO DISTRITO FEDERAL PROCURE ALGUMA DAS SEGUINTES INSTITUIÇÕES:

Disque Direitos Humanos DISQUE 100

Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente - DPCA

(61) 3362.5944 e 3362.5644

Setor de Áreas Isoladas SUDOESTELt.23 Bl. “D” Complexo DPE

70.810-200 - Brasília-DFMPDFT – Núcleo de Enfrentamento à Violência e

Exploração Sexual contra a Criança e o Adolescente (NEVESCA)

(61) 3343.9625, 3343. 9840 e 3343.9998

Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 02, Ed. Sede do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Sala 125, CEP: 70.091-900, Brasília - DF

MPDFT – Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e Juventude (PJDIJ)

(61) 3348.9000

SEPN 711/911, Bloco B, Asa Norte, CEP: 70.790-115

Centro de Referência para Proteção Integral da Criança e do Adolescente em Situação de Violência

Sexual - CEREVS

(61) 3103.3314 e 3103.3315

SGAN 909, Bloco C, Brasília - DF, CEP: 70.790-090

Crimes praticados na internet www.safernet.org.br

CONSELHOS TUTELARES DO DISTRITO FEDERAL

ÁGUAS CLARAS

Administração Regional de Águas Claras, Rua Manacá, Lote 2, Bloco 1, Águas Claras - DF,CEP: 71936-500

[email protected]

(61) 3905.1616 / 3905.1610 / 3383.8950

BRASÍLIA NORTE

SEPN 515, Bloco A, Edifício Banco do Brasil, 2º andar, Sala 202, Asa Norte, Brasília – DF, CEP: 70.770-501

[email protected]

(61) 3905.1341 / 3905.1356

BRASÍLIA SUL

SETOR CULTURAL SUL - SCtS - Zona Cívica Administrativa (antigo Touring Club), Brasília – DF, CEP: 70.070-150

[email protected]

(61) 3905.1349 / 3905.1354

BRAZLÂNDIA

Quadra 24, Lotes 6/7, Setor Tradicional,Brazlândia - DF, CEP 72720-240

[email protected]

(61) 3905.1246 / 3905.1248 / 0800 644 2031

CANDANGOLÂNDIA

Administração Regional da Candangolândia, Rua dos Transportes, Área Especial 1, Candangolândia - DF, CEP: 71725-000

[email protected]

(61) 3301.9317 / 3301.9316

CEILÂNDIA NORTE

QNN 13, Área Especial, Módulo “B”, Sala 1,Centro Cultural, Ceilândia Oeste - DF, CEP: 72225-130

[email protected]

(61) 3905.1359 / 3905. 4291

CEILÂNDIA SULQNN 17, Conjunto O, Lote 01

(61) 3371.2585

CRUZEIRO

SRES, Lote 03, Área Especial C, Setor Escolar do Cruzeiro Velho, CEP: 70.640-680

[email protected]

(61) 3905.6397 / 3905.6396 / 3905.5537

GAMA I (OESTE)

EQ. 13/17, Área Especial, Setor Oeste (ao lado da 20ª Delegacia de Polícia), Gama – DF, CEP: 72.425-135

[email protected]

(61) 3905.1361 / 3905.1362

GAMA II (LESTE)

Área Especial, s/n., Setor Central (ao lado da Administração Regional), Gama – DF, CEP: 72.405-610

[email protected]

(61) 3905.6419 / 3484.9913

GUARÁ

Colônia Agrícola Águas Claras, Chácara 20, Guará II, CEP: 71.090-235

[email protected]

(61) 3905.1486

ITAPOÃ

Administração Regional do Itapoã, Quadra 378, Conjunto A, Área Especial 4, Lote 4, Fazendinha, Itapoá - DF, CEP: 71590-000

[email protected]

(61) 3369.9418 / 0800 644 2034

LAGO NORTE

Administração Regional do Lago Norte, CA 5, Conjunto J, Blocos A-B, Lago Norte - DF,CEP: 71010-515

[email protected]

(61) 3468.9453 / 3468.9455 / 3468.6873

LAGO SULQI 11, Área Especial 01, Administração Regional do Lago Sul, Lago Sul – DF, CEP: 71625-205

(61) 3366.8340

NÚCLEO BANDEIRANTE

Avenida Contorno, Projeção 11, Praça Padre Roque, Núcleo Bandeirante – DF, CEP: 71.701-970

[email protected]

(61) 3552.0437 / 3338.5597 / 3486.1056

PARANOÁQuadra 21, Área Especial (ao lado do Posto de Saúde), Paranoá - DF, CEP: 71570-121

(61) 3905.1363

PLANALTINA I

Área Especial 6, Módulo “H”, CREAS, Sala 11,Planaltina - DF, CEP: 73301-970

[email protected]

(61) 3905.4794 / 3905.1475 / 0800 644 2027

PLANALTINA II

Administração Regional do Planaltina,Avenida WI 02, Setor Administrativo, Planaltina - DF, CEP: 73301-970

[email protected]

(61) 3389.0619 / 3389.0996

RECANTO DAS EMASAvenida Vargem da Benção, Chácara 3, CEP: 72.605-030

(61) 3334.1100

RIACHO FUNDO I

AC 03, Lote 06, Praça Central (ao lado da Administração Regional), Riacho Fundo I – DF, CEP: 71.810-300

[email protected]

(61) 3404.6183 / 3404.5052 / 3404.5022

RIACHO FUNDO II

QN 15, Galpão Comunitário, Riacho Fundo II, CEP: 72.601-972

[email protected]

(61) 3333.1901 / 3333.1867 / 3333.1972

SAMAMBAIA SUL

QR 301, Conjunto 4, Lote 1, Samambaia Sul – DF, CEP: 72300-537

[email protected]

(61) 3905.1368 / 3905.1369

SAMAMBAIA NORTE

QS 409, Área Especial 2, Samambaia Norte – DF, CEP: 72.321-530

[email protected]

(61) 3359.0939 / 3459.1493 / 3905.1973

SANTA MARIA NORTE

Administração Regional de Santa Maria, QR 211 - Área Especial Central, Av. dos Alagados, Santa Maria – DF, CEP: 72511-100

[email protected]

(61) 3392.8416 / 3392.1506 / 3393.1153

SANTA MARIA SUL

Área Especial “B”, EQ 209-309, Santa Maria Sul – DF, CEP: 72.592-301

[email protected]

(61) 3905.4298 / 3905. 4297

SÃO SEBASTIÃO

Área Especial, Quadra 101, Conj. 08, Administração Regional de São Sebastião - Residencial Oeste, São Sebastião – DF, CEP: 71.692-090

[email protected]

(61) 3905.7194 / 3905.7192 / 3905. 5580

SOBRADINHO IQuadra 04, Área Especial 1, Sobradinho I – DF, CEP: 73.020-000

[email protected]

TAGUATINGA NORTE

QNA 39, Área Especial 19, Taguatinga Norte – DF, CEP: 72.110-390

[email protected]

(61) 3352.0111 / 3352.0027 / 3352.0032

TAGUATINGA SUL

C 12, Área Especial, Centro, Taguatinga – DF, CEP: 72.010-120

[email protected]

(61) 3905.1418 / 3905.1417 / 0800 644 2024

VARJÃOSHTQ, Qd. 01, Conjunto D, Lote 01, CEP: 71.540-400

(61) 3468.5022

VICENTE PIRES

Rua 04-D, Chácara 03 (dentro da obra social Nossa Senhora de Fátima), Vicente Pires – DF, CEP: 72.110-800

[email protected]

(61) 3567.3079 / 3435.1839

Links úteis:

Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes:

www.direitoshumanos.gov.br

Hot Line Federal (denúncias on line):www.disque100.gov.br

Portal do PAIR:http://obscriancaeadolescente.org.br/pair

Portal do PAIR Mercosul:http://ninosur.ledes.net

Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes:

www.comitenacional.org.br

Campanha contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes:http://www.empresascontraexploracao.com.br

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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“Eu quero a morte, porque esta é a pior educação que os pais podem dar para as crianças”,diz Igor, de 11 anos, autor do desenho extraído do Concurso de Desenho Infantil do LACRI, em 2003

Atualmente, 40,16% da população brasileira tem de 0 a 19 anos. Apesar da gran-deza desse dado, o país integra o triste contingente das nações que não possu-em estatísticas confiáveis relacionadas ao fenômeno da violência doméstica

contra os jovens, ao lado de países como Equador, Bangladesh, Paquistão e Tunísia. Osdados são esparsos, fragmentários, quase episódicos. Dizem respeito mais à incidênciae quase nunca à prevalência. Cobrem a realidade de algumas modalidades do fenôme-no (violência física e sexual), enquanto outras continuam maquiavelicamente ocultas(violência psicológica e negligência). Mesmo a violência doméstica fatal, aquela que levaa criança ou o jovem à morte, recebe outras denominações e acaba encoberta.

Diante desse quadro, a construção do perfil contemporâneo da violência domésti-ca contra crianças e adolescentes no país tem de se apoiar em dados de pesquisa, assimcomo em relatos de casos, depoimentos e outras fontes. O retrato emergente revela umfenômeno extenso, grave, desigual e endêmico.

Um cenário em(des)construçãoApesar das enormes dificuldades, a luta pela (des)construção da violência doméstica contra a criança e o adolescente está em marcha no Brasil

Por Maria Amélia Azevedo, coordenadora do Laboratório de Estudos da Criança (LACRI/IPUSP),e Viviane N. de Azevedo Guerra, pesquisadora do LACRI/IPUSP. Colaboraram: Cristiano da Silveira Longo, bolsista CNPq junto ao LACRI, Simone Gonçalves de Assis, doCLAVES, Antonio Augusto Pinto Jr., do CRIA/UNISAL, e Dalka Ferrari, do CNRVV, do Instituto Sedes Sapientiae

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Um fenômeno de grande extensãoConsiderando que o Brasil não mantém estatísticas oficiais sobre casos notificadosde violência doméstica contra crianças e adolescentes, assim como não realiza estu-dos sistemáticos sobre incidência e prevalência do fenômeno e que o tradicional com-plô de silêncio sempre cercou essa modalidade de violência, o Laboratório de Estu-dos da Criança (LACRI), ligado ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo,começou, a partir de 1996, a investigá-la de modo mais sistemático.

Por ser um país de grande territorialidade, torna-se muito difícil realizar levantamentosbaseados em probabilidades. Por isso, a entidade optou por executar estudos possibilísti-cos com a participação anual de equipes que vêm realizando o Telecurso de Especializa-

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Violência doméstica contra crianças e adolescen-tes: atos e/ou omissões praticados por pais, parentesou responsável em relação à criança e/ou adolescen-te que sendo capaz de causar à vítima dor ou dano denatureza física, sexual e/ou psicológica implica, de umlado, uma transgressão do poder/dever de proteçãodo adulto e, de outro, numa coisificação da infância.Isto é, numa negação do direito que crianças e ado-lescentes têm de ser tratados como sujeitos e pes-soas em condição peculiar de desenvolvimento.Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Violência Doméstica na In-

fância e na Adolescência, SP, Robe, 1995.

Violência física: toda ação que causa dor físicanuma criança, desde um simples tapa até o espan-camento fatal.Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Violência Doméstica na In-

fância e na Adolescência, SP, Robe, 1995.

Violência sexual: configura-se como todo ato oujogo sexual, relação hétero ou homossexual, entre umou mais adultos (parentes de sangue ou afinidade e/ouresponsáveis) e uma criança ou adolescente, tendopor finalidade estimular sexualmente uma criança ouadolescente ou utilizá-los para obter uma estimulaçãosexual sobre sua pessoa ou outra pessoa. Ressalte-se que em ocorrências desse tipo a criança é semprevítima e não poderá ser transformada em ré. Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Violência Doméstica na In-

fância e na Adolescência, SP, Robe, 1995.

Violência fatal: atos e/ou omissões praticados porpais, parentes ou responsáveis em relação à criançae/ou adolescente que, sendo capazes de causar-lhesdano físico, sexual e/ou psicológico podem ser consi-derados condicionantes (únicos ou não) de sua morte.Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Infância e Violência Fatal

em Família, SP, Iglu, 1998.

Negligência: representa uma omissão em termosde prover as necessidades físicas e emocionais de umacriança ou adolescente. Configura-se quando os pais(ou responsáveis) falham em termos de alimentar, devestir adequadamente seus filhos etc. e quando talfalha não é o resultado de condições de vida além doseu controle. A negligência pode se apresentar comomoderada ou severa. Nas residências em que os paisnegligenciam severamente os filhos observa-se, demodo geral, que os alimentos nunca são providencia-dos, não há rotinas na habitação e, para as crianças,não há roupas limpas, o ambiente físico é muito sujo,com lixo espalhado por todos os lados. As criançassão, muitas vezes, deixadas sozinhas por diversosdias, chegando a falecer em conseqüência de aciden-tes domésticos, de inanição. A literatura registra, entreesses pais, um consumo elevado de drogas ilícitas ede álcool e uma presença significativa de desordensseveras de personalidade.Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Infância e Violência Fatal

em Família, SP, Iglu, 1998.

O que é e quais as formas de violência domésticacontra a criança e o adolescente

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1 Esse critério foi definido com base em levantamentos significativos, realizados nos Estados Unidos e Cana-dá. Cf. Finkelhor, D. Sourcebook on Child Sexual Abuse. Newbury Park, CA; Sage Publicantions, 1986.

2 Do ponto de vista internacional, a manutenção de registros oficiais de morte devido à violência doméstica é umfato: 55% dos 21 países europeus pesquisados para o trabalho World Perspectives on Child Abuse. 6ª edição/2004mantém esse tipo de registro assim como 36% dos 11 países africanos pesquisados. “Além de documentar asmortes por violência doméstica, alguns países criaram equipes para conduzir investigações aprofundadas acer-ca das circunstâncias da morte”. Fonte: Daro, D. World Perspectives on Child Abuse, ISPCAN, 2004, 6ª edição.

ção na Área da Infância e Violência Doméstica, o TELELACRI, um curso de educação con-tinuada ministrado à distância. Há um formulário-padrão de coleta de dados que, após trei-namento, é aplicado pelas equipes a instituições das suas respectivas localidades. As infor-mações recolhidas referem-se à incidência do fenômeno em suas várias modalidades: vio-lência física, sexual, fatal e também aquela que se dá por pura omissão, a negligência.

Claro que a violência verificada nas denúncias é apenas a ponta do iceberg das incon-táveis agressões cometidas contra crianças e adolescentes em qualquer sociedade. Há mui-tos casos não notificados e o número deles depende do tamanho do complô de silêncio,do qual muitas vezes participam profissionais, vizinhos, parentes, familiares e até a pró-pria vítima. Por isso, não basta pesquisar apenas a violência doméstica denunciada. É pre-ciso estudar também a sua prevalência para que se possa ter uma idéia aproximada dasdimensões da cifra oculta. Ou seja, de quantos casos acabam fora das estatísticas.

A prevalência pode ser pesquisada ou estimada. O LACRI decidiu estimá-la para umadas modalidades de violência doméstica: a sexual. O critério utilizado foi proposto porFinkelhor :1 20% das mulheres e 10% de homens teriam sido vítimas de violência sexualantes dos 18 anos. As informações já disponíveis estão organizadas em um banco dedados na home page: www.usp.br/ip/laboratorios/lacri, link estatísticas brasileiras.

No período de 1996 a 2004, a negligência aparece como a violência mais freqüente-mente notificada, o que demonstra a tese defendida por alguns historiadores brasileirosde que há uma cultura camuflada do abandono infantil no país (veja quadro abaixo).

Na ausência de critérios consolidados internacionalmente2 sobre a gravidade diretada violência doméstica contra crianças e adolescentes, optamos por estimá-la a partir dapesquisa qualitativa de casos que acompanhamos em todo o Brasil, com a colaboraçãodos estudantes do TELELACRI. Eles tiveram que buscar exemplos de casos graves ocor-ridos em seus municípios no ano 2000. Os casos encontrados dão clara noção da cruel-dade e da periculosidade desse mal ainda considerado banal no nosso cotidiano.

Modalidade Número totalde Violência Incidência Pesquisada de casosDoméstica 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 notificados

Violência Física 525 1.240 2.804 2.620 4.330 6.675 5.721 6.497 6.066 36.478

Violência Sexual 95 315 578 649 978 1.723 1.728 2.599 2.573 11.238

Violência Psicológica 0 53 2.105 893 1.493 3.893 2.685 2.952 3.097 17.171

Negligência 572 456 7.148 2.512 4.205 7.713 5.798 8.687 7.799 44.890

Violência Fatal - - - - 135 257 42 22 17 473

Total 1.192 2.064 12.635 6.674 11.141 20.261 15.974 20.757 19.552 110.250

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Conseqüências para o desenvolvimentoPara entender como se processa no âmbito psicológico do adolescente a vivência comdiferentes formas de violência, o estudo Labirinto de Espelhos: A Formação da Auto-Estima na Infância e Adolescência, da doutora em Saúde Pública Simone de Assis, co-ordenadora-executiva do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde JorgeCareli (CLAVES), investigou durante dois anos consecutivos (2002 e 2003) estudantesdo curso diurno das 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e 1º e 2º anos do ensinomédio de escolas públicas e particulares do município de São Gonçalo na região me-tropolitana do Rio de Janeiro, que conta com 309.216 crianças e adolescentes entre 0e 19 anos.

Os resultados deixam claro a elevada freqüência com que a violência ocorre no âm-bito da família e das pessoas próximas aos adolescentes. Quase um quinto desses jovens

sofre agressões severas, que envolvem chutes, mordidas, espancamento e até ameaçascom arma de fogo ou faca. Quanto à violência psicológica, cerca de metade dos adoles-centes convive com ela direta ou indiretamente. Os adultos os humilham, não os elo-giam quando agem corretamente e não os estimulam para os desafios que precisam en-frentar. Também quase um quinto desses adolescentes já passou por experiências sexuaistraumáticas ou perturbadoras; já testemunhou violência sexual sofrida por algum mem-bro da família; já teve medo de sofrer violência sexual quando um dos pais estava sobefeito de álcool ou drogas; e já se envolveu em relação sexual com os pais.

Ficou constatado que adolescentes que sofreram maus-tratos familiares sofrem maisepisódios de violência na escola, vivenciam mais agressões na comunidade e transgri-dem mais as normas sociais, fechando assim um círculo de violência. Eles também têmmenos apoio social, menor capacidade de resiliência e uma baixíssima auto-estima. Aviolência psicológica, por sua vez, mostrou-se mais presente entre aqueles com menosresiliência – capacidade de seguir em frente superando as dificuldades impostas pelavida, essencial para o desenvolvimento pessoal e para uma boa qualidade de vida doindivíduo consigo mesmo e com a sociedade. Percebe-se, assim, como essa forma deviolência pouco valorizada pela sociedade é capaz de fragilizar a posição do adolescen-te e dos futuros adultos no mundo.

A pesquisa constatou também que adolescentes de diferentes padrões socioeconô-micos estão igualmente submetidos à violência familiar praticada por pais e irmãos, re-

A negligência aparece como a violênciamais freqüentemente notificada, o que de-monstra a tese de que há uma cultura ca-muflada do abandono infantil no país

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forçando a introjeção da violência nas relações familiares como estratégias de comuni-cação e resolução de conflitos, histórica e culturalmente arraigadas na sociedade.

A desigualdade na violência domésticaA violência incide desigualmente sobre crianças e adolescentes, em função de idade,pobreza, gênero, etnia e outros fatores. Embora não existam dados sistemáticos paratodas essas condições, alguns estudos realizados levam a reflexões. A pesquisa A Pontado Iceberg, realizada pelo LACRI, com números referentes à violência notificada, demons-trou um aumento crescente de notificações – o que não significa que esteja ocorrendomais violência. Também mostra que existem vítimas de ambos os sexos, embora as dofeminino sejam a maioria, o que está de acordo com a literatura científica internacional(veja quadro abaixo).

Entre as parcelas da população infantil tratadas com mais violência, destaca-se aspessoas portadoras de deficiência física ou mental. Segundo Viviane Nogueira de Aze-vedo Guerra, estudos científicos internacionais3 vêm demonstrando que essas criançassão mais vulneráveis à violência doméstica do que as demais. Adultos portadores dedeficiência, que foram vítimas de violência doméstica em sua infância ou de violênciaperpetrada por terceiros, colocaram, por exemplo, que as suas dificuldades de mobili-dade física ou sua inabilidade para a defesa pessoal contribuíram para que o quadro deviolência se instalasse e se perpetuasse.

Existe em relação a esse aspecto não só uma resistência da vítima como uma incre-dulidade dos profissionais e até mesmo pouca vontade de investir seriamente na ques-

Sexo

Ano Masculino Feminino Total Sem Informação Total

1996 8 68 76 19 95

1997 7 80 87 228 315

1998 18 174 192 386 578

1999 113 536 649 0 649

2000 192 786 978 0 978

2001 350 1.373 1.723 0 1.723

2002 326 1.402 1.728 0 1.728

2003 522 2.077 2.599 0 2.599

2004 589 1.984 2.573 0 2.573

Total 2.125 8.480 10.605 633 11.238

Síntese de Violência Sexual Doméstica Notificada

3 Petré, A. K.; Nomura, B. (coord.) Crianças com Deficiência e o Abuso Sexual – Estudo Exploratório no Perue no Paraguai. Save the Children Suécia, Escritório do Peru, 2002; Platt, D. & Shemmings, D. Making En-quires into Child Abuse and Neglect – Partnerships with Families. Brighton: Pennant Professional/NSPCCSeries, 1996; Wescott, H. Abuse of Children and Adults with Disabilities. Londres: NSPCC, 1993.

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tão. Os estudos internacionais demonstram que as oportunidades de tratamento para oproblema oferecidas às vítimas portadoras de deficiências são, em geral, mais restritas,uma vez que demandam profissionais treinados para a abordagem conjunta de dois fe-nômenos: a deficiência e a violência. Assim, implicam maiores recursos financeiros, alémevidentemente da necessidade de que os serviços se conscientizem da importância doestabelecimento de medidas de proteção à infância.

Para Viviane Guerra, o que se depreende do panorama internacional é que existempreconceitos e discriminações importantes, sendo que a opressão enfrentada pelas cri-anças com deficiência deve ser desafiada e os seus direitos de cidadania resgatados. Me-didas de proteção efetiva dessas vítimas devem ser adotadas, e os adultos encarregadosde prover o seu bem-estar precisam atuar de forma a não sonegar esses direitos.

Um fenômeno enraizado no paísA violência relacionada à infância faz parte da cultura brasileira, mas não há registros his-tóricos comprovando esse fato. A escassez de dados obrigou-nos a uma incursão pela li-teratura brasileira, a fim de se buscar evidências indiretas sobre a ocorrência de violênciade natureza física contra crianças e adolescentes. As muitas faces desse fenômeno estão vi-vidamente descritas em relatos autobiográficos que nos legaram escritores brasileiros.

No livro Mania de Bater – A Punição Corporal Doméstica de Crianças e Adoles-centes no Brasil, de Maria Amélia Azevedo e Viviane Azevedo Guerra (Iglu, 2001), écitado o levantamento feito por Maria Helena Palma Oliveira, Lembranças do Passa-do: A Infância na Vida dos Escritores Brasileiros (USF, 2001). Ela identificou 536 es-critores ao longo dos 500 anos de nossa história, distribuídos por diversos períodosliterários. Apenas 47 deixaram autobiografias. Desses, 43 enfocaram a própria infân-cia, e desse grupo, 14 narraram episódios de espancamento. Os episódios de puni-ção corporal relatados ocorreram 30 a 80 anos atrás. Se permaneceram vivos por tantotempo em suas lembranças, é porque as marcas foram profundas, como reafirma Gra-ciliano Ramos, no emblemático episódio “Um Cinturão”, do romance Infância:4 “Asminhas primeiras relações com a justiça foram dolorosas e deixaram impressão. Eudevia ter quatro ou cinco anos...”

Mesmo admitindo que a memória humana é sempre uma reconstrução e jamais umareprodução, impossível negar autenticidade aos episódios rememorados. Daí porque eles,se são testemunhos de vida, são também esforços de alcançar uma inteligência do pas-sado vivido como criança, numa certa família, numa certa sociedade, num certo tempo.As lembranças dos escritores são documentos privilegiados para compreender a infân-cia brasileira de outrora, um mundo no qual a punição corporal dos filhos pelos paisera uma espécie bem concreta de “mania pedagógica”.

Esses escritores falam de um tempo em que bater nos filhos era extremamente fre-qüente e quase sempre sinônimo de surrá-los com cipó, chicote, corda, cinturão, chi-nelo, relho, rebenque, côvado ou até mesmo com escova de roupa. Também era sinô-nimo de pancadas na cabeça (croques, cascudos, cocorotes e piparotes), bem como depuxões e torções de orelha, tapas e palmadas. Tratava-se da resposta punitiva por ex-

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

4 Ramos, G. Infância. Rio de Janeiro, Record, 1995:29.

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celência para travessuras, choros, rebeldia, desatenção na escola. Podia ser uma práti-ca vingativa e despótica, funcionando absurdamente como verdadeiro dispositivo de tor-tura física e psicológica. Contraditoriamente ao que se poderia supor, a punição corpo-ral nem sempre despertou na vítima sentimentos de raiva e injustiça. Em alguns casos,chegou a ser considerada não apenas necessária, mas abençoada. Bater nos filhos erauma prática suportada não apenas pela tradição, mas, às vezes, por uma firme convic-ção em sua eficácia pedagógica.

Todas essas características são indicativas de um tempo no qual a punição corporaldos filhos pelos pais era considerada absolutamente natural, ainda que acarretasse dorfísica e mental às crianças. Exatamente por ser considerado um direito dos pais, nenhumescritor chegou a considerá-la uma prática violenta, podendo e devendo ser abolida.

É interessante observar que os escritores estudados viveram sua infância em noveestados brasileiros do Nordeste, três do Sudeste e dois do Sul, num período que coin-cide com a emergência da República (últimos anos do século XIX e os primeiros do sé-culo XX). Embora o interesse literário autobiográfico pela infância tenha surgido no Ro-mantismo, é a partir do Realismo que as várias facetas do cotidiano familiar, inclusiveas práticas de punição corporal, são, finalmente, reveladas.

Tapa educa?Pesquisas realizadas a partir do final do século passado confirmaram que a violência fí-sica contra crianças e adolescentes continua sendo muito freqüente no Brasil contem-porâneo. O estudo de Simone Gonçalves de Assis, Crianças, Violência e Comportamen-to: Um Estudo em Dois Grupos Sociais Distintos (1992), buscou reconhecer a prevalên-cia de violência física pesquisando 1.328 adolescentes, estudantes de escolas públicase particulares, do município de Duque de Caxias (RJ).

Nessa investigação, descobriu-se que o pai era o agressor dos filhos em uma pro-porção um pouco mais ampla entre os adolescentes que freqüentavam a escola pú-blica em relação à particular, o mesmo podendo-se dizer quanto à violência mater-na. Comparando pai e mãe, descobriu-se que havia um número maior de casos im-putados à conduta violenta materna entre os jovens estudantes, tanto de escolas pú-blicas quanto particulares.

O LACRI reuniu os mais significativos estudos bra-sileiros produzidos nas últimas três décadas sobreviolência doméstica contra crianças e adolescentes.São 402 livros, monografias, teses, estudos acadê-micos, documentos de instituições oficiais, artigose sites. O levantamento verificou que o tema pas-sou a ganhar mais espaço e notoriedade na comu-nidade científico-acadêmica e entre os profissionais

das áreas de Saúde, Educação e Direito a partir dadécada de 1990. Além do aumento do interesse emse pesquisar o fenômeno, o LACRI constatou quea indexação das publicações em bases de dadoeletrônicas contribuiu para maior divulgação e aces-so aos trabalhos, fazendo circular a informaçãoentre os pesquisadores, gerando assim a dissemi-nação em rede do assunto.

Estudos em destaque

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Outro estudo (Marques, 1986),5 realizado com um grupo de 43 mães de uma favela dazona sul do Rio de Janeiro, constatou a aceitação generalizada da punição física, sendo que41,9% declarou ter maltratado os filhos. Dessas, 23,3% reconheceram ter lhes ferido em al-guma época e 27,9% disseram que usaram, algumas vezes, objetos duros para discipliná-los.Esses dados indicam que esse tipo de punição é comumente utilizado como prática educativa.

Alguns estudos brasileiros indicam, ainda, que a violência física é a mais comumen-te praticada e/ou notificada em certas localidades. Uma investigação no Centro Regio-nal de Atenção aos Maus-Tratos à Infância e Adolescência (CRAMI) – Campinas, de marçode 1988 a março de 1992, encontrou 1.220 casos confirmados de violência doméstica,

sendo que a física ocorreu em 43,1% dos casos. O abandono e a negligência foi respon-sável por 23,5%, a violência psicológica por 16,4%, e a sexual por 7,7%.6

Consultando-se também o Suplemento Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(PNAD-1988), no período de um ano, é possível verificar que, em todo o país, mais de ummilhão de pessoas se declararam vítimas de violência física. Desse total, 20% são criançase adolescentes, sendo 61% meninos e 39% meninas, na faixa etária de 0 a 17 anos. Dezoi-to por cento dos casos estão relacionados a agressões de parentes, sendo que, sob tais cir-cunstâncias, as meninas sofreram mais violência do que os meninos. Enquanto as criançaspardas foram mais agredidas por parentes, as brancas o foram por pessoas desconhecidas.7

É importante salientar que ainda temos de avançar muito para estabelecer estatísticas maisaprofundadas sobre esse fenômeno. Os números, por mais falhos que sejam, podem nos ori-entar a encontrar políticas de atendimento compatíveis com o problema. Só recentemente oBrasil começou a encarar essa questão. Em 1984, saiu o primeiro livro sobre o tema: Violên-cia de Pais Contra Filhos: Procuram-se Vítimas, de Viviane Nogueira de Azevedo Guerra (Edi-tora Cortez). Daí para a frente, surgiram outras publicações e o final dos anos 1980 e o iníciodos anos 1990 marcam o princípio de uma luta mais consistente contra esse fenômeno.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Adolescentes que sofreram maus-tratos fa-miliares sofrem mais episódios de violência naescola, vivenciam mais agressões na comuni-dade e transgridem mais as normas sociais

5 Marques, M.A.B., An Exploratory Study on Violence Against Children in a Favela in Rio de Janeiro. New York:Columbia University, 1986. (Tese de Doutorado)

6 Deslandes, S.F. Maus-Tratos na Infância: Um Desafio para o Sistema Público de Saúde. Análise da atuaçãodo CRAMI – Campinas. Rio de Janeiro: Fiocruz/ensp, 1993. (Dissertação de Mestrado em Saúde Pública)

7 Crianças e Adolescentes. Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, v.4, 1992.

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Os pontos críticos para enfrentar a realidadeEmbora há décadas se lute para acabar com a violência doméstica contra crianças e ado-lescentes, vários pontos ainda precisam ser enfrentados com maior eficiência. O primei-ro deles é o descompromisso da universidade, especialmente nos cursos de Saúde, Edu-cação, Justiça, Ciências Sociais etc., quanto à compreensão e eliminação do fenômeno.O resultado disso é a sua naturalização e banalização no cotidiano de todos nós e aconvivência pacífica dos profissionais com uma realidade, no mínimo trágica e ultrajan-te, da infância e da adolescência.

Vale a pena lembrar uma pesquisa realizada pelo LACRI, em 1991, com estudantesdo primeiro e do último ano8 dos cursos de Pedagogia, Psicologia, Medicina, Direito, Odon-tologia, Serviço Social, História e Enfermagem,9 para fazer uma avaliação sobre o graude compreensão e a prioridade que a universidade dá a esse assunto. Foram feitas di-versas perguntas a estudantes que fatalmente terão de lidar um dia com essa questão. Amaioria das respostas indicou lacunas ou impropriedades. Muitas vezes eles explicam osproblemas sociais não como decorrentes das condições materiais de existência, mas, sim,como produto de patologias individuais geralmente hereditárias. Buscam nos genes a res-posta para o fracasso escolar, seja para a pobreza, seja para a criminalidade.

As famosas teorias sobre a vítima também apareceram nos discursos dos alunos. Fala-se em ninfetas demoníacas, por exemplo. É o modelo da patologização social, que apre-senta uma forma de explicar o fenômeno culpando não mais o agressor ou a vítima, mas afamília, especialmente a pobre, que seria portadora de déficits culturais, educacionais, mo-rais. De qualquer forma, o modelo explicativo continua tendo a doença como metáfora: nãomais doença inata, herdada por alguns indivíduos, mas doença social, doença da pobreza.

No discurso de muitos alunos evidencia-se a crença na cultura da pobreza como fator de-terminante para ocorrer, por exemplo, o incesto pai-filha. Aceitar isso seria admitir tacitamen-te que todas as famílias pobres seriam famílias incestogênicas, o que não é verídico. São ex-plicações ideologizantes porque mascaram o fato de que o fenômeno está longe de ser umaexceção, algo que só existe no universo dos psicopatas e dos pobres. Muito pelo contrário. Éamplo e irrestrito, e nenhuma classe social, nenhum credo religioso ou etnia estão imunes.

A leitura das respostas dos alunos evidenciou algumas das reações perversas que oprofissional pode ter face ao incesto pai-filha. Elas vão desde a aprovação até o simpleslavar as mãos (não faria nada), a “empurroterapia” até a completa falta de senso ético(depende do lado que me contratar, neutralidade etc.).10

Esse cenário de descompromisso exige que a temática da violência doméstica con-tra a criança e o adolescente seja parte obrigatória dos currículos de graduação decertos cursos universitários. Os profissionais precisam estar capacitados para enten-der o problema e ajudar as vítimas.

8 A opção pelo primeiro e último ano deveu-se ao interesse em verificar se, num período de quatro a cincoanos, houve alguma modificação significativa na formação dos alunos.

9 Como a USP não dispõe de um curso de Serviço Social, a pesquisa foi aplicada neste curso ministrado pela PUC-SP.

10 Azevedo, M.A. op. cit., 1992.

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Boas notíciasApesar de todas as dificuldades, há iniciativas muito bem-sucedidas no combate à violência doméstica contra cri-anças e adolescentes. Conheça algumas delas:

Ministério da Saúde: notificação obrigatória O órgão governamental instituiu a Portaria GM/MS1968/2001, que dispõe sobre a notificação obrigatóriade suspeita ou confirmação de maus-tratos contra crian-ças e adolescentes aos Conselhos Tutelares. É um com-promisso do setor de saúde para com a população bra-sileira de não ser omisso diante da violência. Recente-mente, destaca-se a implantação do Plano Nacional dePrevenção da Violência e Promoção da Saúde e o iní-cio dos preparativos para implantação e implementa-ção de Núcleos de Prevenção à Violência em Estadose Municípios (Portaria MS/GM 936, 19/05/04).

CNRVV: pólos de prevençãoA implantação de pólos de prevenção é uma das prin-cipais ações do Centro de Referência às Vítimas de Vio-lência (CNRVV), do Instituto Sedes Sapientiae, em SãoPaulo. Está voltada para a sensibilização, a mobilizaçãoe a instrumentalização da população contra a violênciadoméstica. Os núcleos realizam oficinas de prevençãocom crianças e adolescentes e com pais e responsáveis.Entre agosto de 2004 e julho de 2005, os 20 pólos aten-deram 7.513 pessoas. Atualmente, o CNRVV está forman-do uma rede de serviços articulados para que atuem naproteção da infância e da juventude. Participam da redediversas secretarias municipais e conselheiros tutelares.

Sociedade de Pediatria: capacitação de médicosO Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Ado-lescentes da Sociedade de Pediatria de São Paulo tempromovido cursos de capacitação para profissionais daárea da saúde e da educação lidarem com o proble-ma e participar das estratégias de prevenção.

Conexão Médica: programa no arCriada em 2001, essa empresa promove a conexão entrecentros médicos e universitários de todo o país e atéfora dele, promovendo uma interação nunca antesvista no país. Ela possui um canal que fica 24 horas noar e, por meio dele, foi exibido o programa Crescer semPalmada – pela Abolição da Punição Corporal Domés-

tica de Crianças e Adolescentes. Contou com a parti-cipação de médicos, estudiosos do tema da violênciacontra crianças, jovens vitimizados por esse problemae adultos que já vivenciaram essa terrível experiência.

LACRI: capacitação de profissionais e mudança na leiO Laboratório de Estudos da Criança (LACRI) tem rea-lizado a capacitação de profissionais por meio do Tele-lacri, um curso de educação continuada ministrado àdistância. Iniciado em 1994, ele já formou 4.853 profis-sionais no Brasil, Peru e Argentina. A entidade tambémrealizou em 2003 um concurso de desenho infantilCrescer sem Palmada, do qual participaram 8.640 cri-anças e adolescentes de 9 a 12 anos. Também vem de-senvolvendo, desde 1994, uma campanha nacionalcom o objetivo de aprovar o Projeto de Lei nº 2.654, de2003, que propõe uma reforma legal no Brasil paraabolir a punição corporal doméstica de crianças e ado-lescentes. Em 2004 foram colhidas 17.405 assinaturasà moção de apoio ao projeto, às quais vieram somar-se a 182.674 pessoas que de 1994 a 2003 já assinarama petição por uma pedagogia não violenta, outra inicia-tiva do LACRI. A luta mundial pela abolição de castigosimoderados e moderados (inclusive o famigerado ta-pinha no bumbum) já é vitoriosa em 11 países: Sué-cia/1979; Finlândia/1983; Dinamarca/1983; Noruega/1987;Áustria/1989; Chipre/1994; Letônia/1998; Croácia/1999;Alemanha/2000; Israel/2000 e Islândia/2003).

CRIA: pesquisas e diagnósticoSediado em Guaratinguetá (SP), desde 1999 o Centro deReferência à Infância e Adolescência (CRIA) desenvol-ve projetos de intervenção clínica, pesquisa e preven-ção da violência doméstica contra a criança e o adoles-cente. Sempre a partir de um referencial psicanalítico,trabalha por meio de atendimento individualizado e ofi-cinas terapêuticas com as vítimas e os agressores, en-caminhados à entidade pelo Conselho Tutelar. Na áreade pesquisa, desenvolve, em parceria com o LACRI e como Laboratório de Saúde e Psicologia Clínica Social da Uni-versidade de São Paulo, um instrumento de diagnósti-co de crianças e adolescentes vítimas de violência do-méstica. Também iniciou pesquisa sobre a representa-ção do Conselho Tutelar pelas crianças e adolescentesvítimas de violência doméstica atendidas pelo CRIA.

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RecomendaçõesO relato oferecido permite afirmar que ainda são muitos os desafios a enfrentar e inú-meros os nós na direção de um país chamado infância, no qual crianças e adolescen-tes possam crescer sem violência no seio da família ou fora dela. Para que isso seja pos-sível, porém, há necessidade de assumirmos alguns compromissos.

Antes de tudo, os direitos das crianças devem ser efetivamente considerados direi-tos humanos, para que a violência sobre essa fatia da população seja reconhecida comouma séria violação dos mesmos e um dos principais problemas do Brasil a esse respei-to no âmbito das Comissões Internacionais de Direitos Humanos.11

Essa problemática também terá de estar inclusa nas políticas públicas brasilei-ras nos níveis federal, estadual e municipal, com a necessária e correspondente prio-rização orçamentária.

Ao mesmo tempo, o movimento de iniciativas públicas e privadas de combate a essemal deve contar com o fortalecimento de levantamentos de dados representativos e con-fiáveis, para assegurar sua ampliação e aprofundamento controlados. Além disso, deve-se apoiar projetos e intervenções com indispensável qualidade técnico-científica e pre-ferencialmente articulados em redes.

As iniciativas envolvendo ações qualificativas de protagonismo infanto-juvenil e todasaquelas destinadas a abolir a punição corporal doméstica de crianças e adolescentes me-recem total apoio. Só assim deixará de ser verdade a triste notícia apontada pelo Comitêdos Direitos da Criança, da ONU, sobre o relatório do Brasil em termos do cumprimentoda Convenção. Em outubro de 2004, ele expressou sua preocupação com a constataçãode que não há leis que proíbam essa prática usada em escolas e na família. O Comitê re-comendou que o governo brasileiro coibisse explicitamente esse tipo de atitude e colo-casse na mídia campanhas educativas para os pais falando sobre as alternativas para levardisciplina à criança.

Uma recomendação valiosa é a criação de uma central nacional que congreguetodas as informações relativas a notificações de violência doméstica contra criançase adolescentes, permitindo o monitoramento sobre o andamento dos processos e avigilância sobre os agressores. Essa central não deve descartar iniciativas já existen-tes no Brasil, como o programa Aviso por Maus-Tratos Contra Crianças e Adolescen-tes (APOMT), ligado ao Ministério Público do estado de Santa Catarina. As vítimasprecisam ser ouvidas e suas informações devem ser usadas para reflexões e criaçõesde políticas. Para isso, os profissionais precisam estar mais capacitados. Daí a ne-cessidade de incluir a discussão sobre esse triste fenômeno na grade curricular dediferentes cursos universitários. As linhas de capacitação que já existem, aliás, me-recem ser fortalecidas.

As pesquisas e a criação de centros de referência que atendam vítimas de violênciaé a última recomendação, assinalando-se que sempre deve-se atentar aos condicionan-tes culturais e sociais atrelados ao fenômeno.

11 Isso não ocorreu no Relatório de 1997 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CEJIL) confor-me Relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos: Crianças e Adolescentes, RJ, CEJIL: Sué-cia, Save the Children, 2004, pág. 13.

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

1988 Constituição Federal (05 de outubro)

1990 Convenção dos Direitos da Criança

1990 Estatuto da Criança e doAdolescente – ECA(Lei nº 8.069 de 13 de julho)

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.§ 8°. O Estado assegurará a assistência à família, na pessoa de cada um dos que aintegram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e aoadolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade ao respeito, àliberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de todaforma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 4°. A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.

Brasil ratifica a Convenção dos Direitos da Criança de 20/11/1989 (Cf. art. 19.1)em 26/01/1990.

Art. 5. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,punido na forma da lei qualquer atentado por ação ou omissão, aos seusdireitos fundamentais.Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra crianças e adolescentes serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar darespectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.Art. 18. É dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente,pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,vexatório ou constrangedor.Art. 232. Submeter criança ou adolescente a vexame ou a constrangimento.Art. 233. Revogado pela Lei da Tortura. Submeter criança ou adolescente sobsua autoridade, guarda ou vigilância a tortura:Pena: reclusão de 1 a 5 anos.§ 1º. Se resultar lesão corporal grave:Pena: reclusão de 2 a 8 anos.§ 2º. Se resultar lesão corporal gravíssima:Pena: reclusão de 4 a 12 anos.§ 3º. Se resultar morte:Pena: reclusão de 15 a 30 anos.Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento deatenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escolar ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de maus-tratos contra criança ou adolescente.Art. 263. Agrava a penalidade para maus-tratos (art. 136 do Código Penal).** Maus-tratos: Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob suaautoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis,quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando demeios de correção ou disciplina:

A violência contra crianças e adolescentes na legislação brasileira

ANO LEGISLAÇÃO ARTIGOS

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1990

Lei dos Crimes Hediondos(Lei nº 8.072 de 25 de julho)

1997 Lei da Tortura(Lei nº 9.455 de 07 de abril)

2002 Código Civil(Lei nº 10.406 de10/01/2002)

2004 Lei nº 10.886,de 17 de junho(acrescentaparágrafos ao Código Penal, criando o tipo especial denominado“ViolênciaDoméstica”)

Pena: detenção de 2 meses a 1 ano ou multa;§ 1º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:Pena: reclusão de 1 a 4 anos.§ 2º. Se resulta morte:Pena: reclusão de 4 a 12 anos.§ 3º. Aumenta-se a pena de um terço se o crime é praticado contra pessoamenor de 14 anos.Fonte: Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848 de 07/12/1940.

a. Altera o art. 263 do Estatuto da Criança e do Adolescente no caso das penasimpostas aos crimes de estupro, atentado violento ao pudor.b. Altera também os artigos 213 e 214 do Código Penal de 1940, ficando assimestatuído:Estupro: reclusão de 6 a 10 anos.Atentado violento ao pudor: reclusão de 6 a 10 anos.c. Se da violência resultar lesão grave ou morte, as penas serão as seguintesacrescidas de metade (respeitado o limite superior de 30 anos) se a vítimaestiver em condições de violência presumida pelo art. 224 do CP (for menorde 14 anos, alienada ou débil mental).c1. Se resultar lesão corporal grave: reclusão de 8 a 12 anos.c2. Se resultar morte: reclusão de 12 a 25 anos.

Art. 1º. Constitui crime de tortura:II – Submeter alguém sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, comoforma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.Pena: reclusão de 2 a 8 anos.§ 2º. Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de 1 a 4 anos.§ 4º. Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:II – Se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente.Revoga art. 233 do ECA.

Art. 1634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:VII. Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.

O Art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penalpassa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos 9º e 10º:§ 9º. Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjugeou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitaçãoou de hospitalidade:Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.§ 10º. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (NR)

ANO LEGISLAÇÃO ARTIGOS

Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do AdolescenteProvimento CNJ nº 32/2013, de 24 de junho de 2013

Download - texto original: provimento_cnj_n32_2013.pdf

Corregedoria Nacional de Justiça

PROVIMENTO Nº 32

Dispõe sobre as audiências

concentradas nas Varas da Infância e

Juventude.

O CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTlÇA, no uso de suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO o disposto no art. 8°, X do Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça;

CONSIDERANDO a experiência exitosa das "Audiências Concentradas", iniciada em todos os tribunais

do país após o 1º Encontro Nacional das Coordenadorias de Infância e Juventude em 2010;

CONSIDERANDO a Instrução Normativa nº 02/2010 desta Corregedoria Nacional;

CONSIDERANDO o art. 19, § 1º do ECA, que dispõe sobre a reavaliação semestral obrigatória dos casos

de crianças e adolescentes acolhidos,

CONSIDERANDO as inúmeras sugestões e informações coletadas no processo "CUMPRDEC" que

tramita nesta Corregedoria Nacional de Justiça sob nº 0005552-24.2010.2.00.0000,

CONSIDERANDO as sugestões colhidas após o Encontro Nacional dos Coordenadores da Infância do

Ministério Público e do Poder Judiciário ocorrido em Brasília, nas dependências do CNMP, aos

16/05/2013;

RESOLVE:

Art. 1º. O Juiz da Infância e Juventude, sem prejuízo do andamento regular, permanente e prioritário dos

processos sob sua condução, deverá realizar, em cada semestre, preferencialmente nos meses de abril e

outubro, os eventos denominados "Audiências Concentradas", a se realizarem, sempre que possível, nas

dependências das entidades de acolhimento, com a presença dos atores do sistema de garantia dos

direitos da criança e do adolescente, para reavaliação de cada uma das medidas protetivas de

acolhimento, diante de seu caráter excepcional e provisório, com a subsequente confecção de atas

individualizadas para juntada em cada um dos processos.

§ 1º Nas varas de grandes comarcas, com excessivo número de acolhidos, reserva-se ao magistrado a

possibilidade da seleção dos processos mais viáveis para audiência, desde que mantenha absoluto

controle da situação dos demais.

§ 2º Sugere-se o seguinte roteiro para a realização das audiências:

I - conferência pela vara, no Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA),

dos dados cadastrais da(s) entidade(s) de acolhimento a ela submetida(s), com a atualização

completa dos seus dados;

II - levantamento prévio, a ser feito diretamente perante a(s) entidade(s) de acolhimento ou por ela

encaminhado, da lista dos nomes das crianças e adolescentes ali acolhidos;

III - conclusão ao gabinete de todos os processos dos infantes listados no inciso anterior onde foi

aplicada a medida protetiva de acolhimento, autuando-se desde já novos processos em favor dos

acolhidos que, eventualmente, se encontrarem na instituição de forma irregular, ou seja, sem guia

de acolhimento ou qualquer decisão judicial respaldando a institucionalização;

IV - designação das audiências e intimação do Ministério Público, Defensoria Pública, e

representantes dos seguintes órgãos, onde houver, para fins de envolvimento único e tomada de

medidas efetivas que visem abreviar o período de institucionalização:

a) Equipe interdisciplinar atuante perante a vara da infância e juventude;

b) Conselho Tutelar;

c) Entidade de acolhimento e sua equipe interdisciplinar;

d) Secretaria Municipal de Assistência Social;

e) Secretaria Municipal de Saúde;

f) Secretaria Municipal de Educação;

g) Secretaria Municipal de Trabalho/Emprego;

h) Secretaria Municipal de Habitação

i) Escrivão(ã) da própria Vara.

VI - Intimação prévia dos pais ou parentes do acolhido que com eles mantenham vínculos de

afinidade e afetividade, ou sua condução no dia do ato.

VII - Confecção de ata de audiência individualizada para cada acolhido ou grupo de irmãos, com

assinatura dos presentes e as medidas tomadas, com a sua juntada aos respectivos autos.

VIII - Anotação final das medidas tomadas nas audiências, para fins estatísticos, a ser incluída no

Sistema CNCA, em campo criado exclusivamente para este fim, separado por entidade de

acolhimento, com os seguintes dados fundamentais:

a) semestre a que se referem (1º ou 2º) / ano;

b) local onde as audiências se realizaram;

c) total geral de acolhidos na entidade;

d) total de acolhidos com genitores falecidos ou desconhecidos;

e) total de acolhidos com consentimento ou a pedido dos genitores para colocação em

família substituta;

f) total de audiências realizadas;

g) total de reintegrados à família de natural (pai e/ou mãe);

h) total de reintegrados à família extensa;

i) total de reintegrados à família substituta;

j) total de mantidos acolhidos;

k) total de acolhidos há mais de 2 (dois) anos ininterruptamente;

l) total de acolhidos há mais de 6 (seis) meses sem ação de destituição do poder familiar

ajuizada;

m) total de acolhidos há mais de 6 (seis) meses com ação de destituição do poder familiar

em andamento;

n) total de acolhidos há mais de 6 (seis) meses com ação de destituição do poder familiar

com sentença transitada em julgado;

Art. 2º. Na audiência, sem prejuízo do uso deste roteiro na condução rotineira do processo antes e depois

da audiência, sugere-se seja observado e regularizado minimamente o seguinte:

a) Há nos autos alguma tarja específica identificando que se trata de processo com infante

acolhido?

b) Há nos autos foto(s) da criança ou do adolescente, de preferência na primeira página

após a capa?

c) O acolhimento foi realizado por decisão judicial ou ao menos por ela ratificado?

d) Foi expedida a competente Guia de Acolhimento no Sistema CNCA com juntada de

cópia nos autos?

e) O infante possui certidão de nascimento com cópia juntada aos autos?

f) O infante está matriculado na rede oficial de ensino?

g) O infante, se o caso, recebeu atendimento médico necessário aos eventuais problemas

de saúde que possua?

h) O infante recebe visita dos familiares? Com qual frequência?

i) Já foi elaborado o PIA de que trata do art. 101, § 4º do ECA?

j) A criança, respeitado seu estagio de desenvolvimento e capacidade de compreensão, ou

o adolescente, bem como seus pais, já foram ouvidos em juízo e informados dos seus

direitos e dos motivos que determinaram a intervenção nos termos do que dispõe os

incisos XI e XII do parágrafo único do art. 100 do ECA?

k) O acolhido e/ou seus pais ou responsáveis foram encaminhados a programas oficiais ou

comunitários de orientação, apoio e promoção social com vistas a futura reintegração

familiar?

l) É possível no momento a reintegração do infante à família de origem?

m) Em caso negativo, foram esgotadas as buscas de membros da família extensa que

possam ter o infante sob sua guarda?

n) Se o caso, já foi ajuizada a ação de destituição do poder familiar? Em que data?

o) Em caso positivo, está ela tendo o andamento adequado?

p) Se já transitou em julgado a ação de destituição, o nome do infante já foi inserido

adequadamente no Cadastro Nacional de Adoção?

q) Foi tentada, pelo Cadastro Nacional de Adoção, a busca de eventuais pretendentes?

Qual a última vez que foi tentada a busca?

Art. 3º. Concluídas as audiências, será de responsabilidade do magistrado o preenchimento eletrônico

das estatísticas de que trata o art. 1º, parágrafo segundo, inciso VIII deste Provimento no Cadastro

Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA) em campos próprios lá criados para este fim.

Art. 4º. O processo de "medida de proteção" ou similar, referente ao infante em situação de risco,

acolhido ou não, deve preferencialmente ser autônomo em relação a eventual ação de destituição do

poder familiar de seus genitores, bem como à ação de adoção ou quaisquer outros procedimentos onde

se deva observar o contraditório, podendo ser arquivado ou desarquivado por decisão judicial sempre que

a situação de risco subsistir, para preservar, num só feito, o histórico do infante e, ao mesmo tempo,

manter o processo sempre acessível, enquanto as outras ações, com rito próprio, possam se encontrar

em carga com quaisquer das partes ou vir a ser objeto de recurso para os tribunais.

Art. 5º. Nos casos de crianças ou adolescentes acolhidos há mais de 6 (seis) meses, constatado pelo

magistrado que diante das peculiaridades haja possível excesso de prazo no acolhimento sem o

ajuizamento de ação de destituição do poder familiar dos pais biológicos, recomenda-se seja concedida

vista imediata dos autos ao Ministério Público para manifestação expressa sobre tal situação.

Parágrafo único. Caso o entendimento do Ministério Público seja pela não propositura da ação de

destituição do poder familiar dos pais biológicos e a manutenção do acolhimento, ante o risco da

perpetuação da indefinição da situação, recomenda-se ao magistrado, diante da excepcionalidade e

provisoriedade da medida protetiva de acolhimento, que, encaminhe cópia dos autos ao Procurador Geral

de Justiça para eventual reexame, podendo, para tanto, se utilizar da analogia com o disposto no art. 28

do CPP.

Art. 6º. Este Provimento entrará em vigor após 40 (quarenta) dias da data da sua publicação.

Brasília, 24 de junho de 2013

MINISTRO FRANCISCO FALCÃO

Corregedor Nacional de Justiça

Legislação – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) - 1/8

RESOLUÇÃO Nº 23, DE 27 DE SETEMBRO DE 2013. DOU 30/09/2013

Aprovar critérios de elegibilidade e partilha dos recursos do cofinanciamento federal para expansão qualificada e do Reordenamento de Serviços de Acolhimento para crianças, adolescentes e jovens de até vinte e um anos, no âmbito dos municípios e Distrito Federal.

O CONSELHO NACIONAL DE ASSISTENCIA SOCIAL – CNAS, em reunião ordinária realizada

nos dias 17, 18 e 19 de setembro de 2013, no uso da competência conferida pelo art. 18 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS;

Considerando a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS;

Considerando a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA;

Considerando o Plano Brasil Sem Miséria, instituído pelo Decreto nº 7.492, de 2 de junho de 2011, cujo fundamento é superar a situação de extrema pobreza da população em todo o território nacional por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações;

Considerando a Política Nacional de Assistência Social - PNAS, aprovada pela Resolução

CNAS nº 145, de 15 de outubro de 2004, que dispõe sobre as diretrizes e princípios para a implantação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS;

Considerando a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de

Assistência Social – NOB-RH/SUAS, aprovada pela Resolução CNAS nº 269, de 13 de dezembro de 2006;

Considerando o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e

Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, aprovado pela Resolução Conjunta CNAS/CONANDA nº 1, de 13 de dezembro de 2006;

Considerando as Diretrizes de Cuidados Alternativos à Criança, aprovada pelo Conselho

dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas em 15 de junho de 2009;

Legislação – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) - 2/8

Considerando o documento Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, aprovado pela Resolução Conjunta CNAS/CONANDA nº 01, de 18 de junho de 2009;

Considerando a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, aprovada pela Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009;

Considerando a Resolução CNAS nº 17, de 20 de junho de 2011, que ratifica a equipe de referência definida pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH/SUAS e reconhece as categorias profissionais de nível superior para atender as especificidades dos serviços socioassistenciais e das funções essenciais de gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS;

Considerando o Pacto de Aprimoramento do SUAS, aprovado pela Resolução CNAS nº 18, de 15 de julho de 2013;

RESOLVE:

CAPÍTULO I Conceitos e Parâmetros dos Serviços de Acolhimento para Crianças, Adolescentes e Jovens

Art. 1º Aprovar critérios de elegibilidade e partilha dos recursos do cofinanciamento

federal para expansão qualificada ou reordenamento de Serviços de Acolhimento para crianças, adolescentes e jovens de até vinte e um anos de idade no âmbito dos municípios e Distrito Federal.

Parágrafo único. Entende-se por: I. Expansão qualificada: a implantação de novos Serviços de Acolhimento de

acordo com as normativas vigentes. II. Reordenamento: o processo gradativo que envolve a gestão, as unidades de

oferta do serviço e os usuários, visando à qualificação da rede de Serviços de Acolhimento existentes e a adequação desses às normativas vigentes.

Art. 2º Os serviços de acolhimento, objeto da presente Resolução, são aqueles definidos e

regulados pela Resolução Conjunta nº 01, de 18 de junho de 2009, do Conselho Nacional da Assistência Social - CNAS, e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente -CONANDA, e pela Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009, do CNAS, a saber:

I. Serviços de Acolhimento Institucional ofertados nas modalidades de:

a) Abrigo institucional para crianças e adolescentes, com capacidade máxima de 20 (vinte) acolhidos;

b) Casa-lar para crianças e adolescentes, com capacidade máxima de 10 (dez) acolhidos;

II. Serviços de Acolhimento em Família Acolhedora, com limite máximo de 15

(quinze) famílias acolhedoras para cada equipe técnica do serviço e com capacidade de acolhimento de uma criança ou adolescente por família, exceto quando se tratar de grupo de irmãos, situação em que esse número poderá ser ampliado;

Legislação – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) - 3/8

III. Serviços de Acolhimento em República para jovens de até 21 anos, com capacidade máxima de 6 (seis) acolhidos.

CAPÍTULO II

Dos Critérios de Elegibilidade

Art. 3º Poderão receber os recursos do cofinanciamento federal dos serviços de acolhimento de que trata o art. 2º desta Resolução os municípios e Distrito Federal que realizarem o aceite, assumindo os compromissos e as responsabilidades dele decorrentes, e atenderem aos seguintes critérios pactuados:

I. municípios com população igual ou superior a 50 (cinquenta) mil habitantes, que sejam sede de Comarca e que não ofertem Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes e Jovens; e

II. que ofertem serviços de acolhimento para crianças e adolescentes e jovens e possuam:

a) população superior a 20.000 (vinte mil) habitantes que tenham formalizado o aceite para implantação do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS;

b) população inferior a 20.000 (vinte mil) habitantes que tenham formalizado o aceite para implantação do CRAS e recebam cofinanciamento do Piso Alta Complexidade I – PAC I;

§1º Para referência de identificação dos serviços de acolhimento às crianças, adolescentes

e jovens serão utilizados os dados do Censo do Sistema Único de Assistência Social - Censo SUAS 2012 e do Levantamento Nacional de Crianças e Adolescentes em Serviços de Acolhimento, de 2009.

§2º A identificação da implantação de CRAS e CREAS dar-se-á por meio do Censo SUAS 2012 ou do Cadastro Nacional do Sistema Único de Assistência Social – CadSUAS, independentemente da fonte de financiamento.

Art. 4º Os estados enviarão ao MDS, em até 30 (trinta) dias a partir da pactuação da CIT, ocorrida no dia 5 de setembro de 2013, as informações referentes aos serviços executados pela gestão estadual, de forma direta ou indireta, em parceria com entidades de assistência social, contendo:

I. o número de serviços existentes com a respectiva capacidade de atendimento;

II. a indicação dos municípios nos quais há oferta de serviços; e III. a indicação dos municípios das famílias de origem das crianças e

adolescentes.

Parágrafo único. A oferta a ser disponibilizada aos municípios será ajustada a partir das informações enviadas pelo estado em relação à execução de serviços por aquele ente e ao processo de municipalização ou regionalização pactuado na CIT.

Legislação – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) - 4/8

CAPÍTULO III Da Implantação e do Reordenamento dos Serviços de Acolhimento para Crianças,

Adolescentes e Jovens

Art. 5º As novas unidades implantadas para oferta de serviços de acolhimento deverão observar as capacidades de atendimento dispostas no art. 2º e as normativas vigentes.

Art. 6º Os gestores municipais e do Distrito Federal que já desenvolvem serviços de acolhimento deverão reordená-los conforme preveem as Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais e a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS- NOB-RH, assim como deverão elaborar e executar Plano de Acolhimento.

Art. 7º O reordenamento dos serviços de acolhimento envolve as seguintes dimensões:

I - porte e estrutura, que compreende: a) adequação da capacidade de atendimento, observados os parâmetros de oferta para

cada modalidade, com redução anual de no mínimo ¼ do número de crianças e adolescentes que ultrapasse o limite estabelecido em cada serviço;

b) condições satisfatórias de habitabilidade, salubridade e privacidade; c) localização do imóvel em áreas residenciais, com fácil acesso ao transporte público,

cuja fachada não deve conter identificação externa; e d) acessibilidade.

II - recursos humanos, que compreende as equipes de referência, conforme previsão na NOB-RH/SUAS e Resolução CNAS nº 17/11; III - gestão do serviço, que compreende:

a) elaborar o projeto político-pedagógico do serviço; b) elaborar, sob a coordenação do órgão gestor, e implementar as ações de

reordenamento propostas no Plano de Acolhimento; e c) inscrever-se no conselho de direitos da criança e do adolescente e, no caso de serviço

de acolhimento da rede socioassistencial privada, no respectivo conselho de assistência social.

IV - metodologias de atendimento, que consiste em:

a) elaborar o Plano Individual de Atendimento de cada criança e adolescente; b) elaborar e enviar ao Poder Judiciário relatórios semestrais de acompanhamento de

cada criança e adolescente; c) atender os grupos de irmãos sempre que houver demanda; d) manter prontuários individualizados e atualizados de cada criança e adolescente; e e) selecionar, capacitar de forma presencial e acompanhar no mínimo mensalmente as

famílias acolhedoras para o serviço ofertado nessa modalidade. f) acompanhar as famílias de origem das crianças e adolescentes nos CRAS, por meio do

Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família- PAIF, e nos CREAS, por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI, conforme situações identificadas;

V – gestão da rede, que compreende: a) elaborar diagnóstico socioterritorial e Plano de Acolhimento com previsão de

estratégias de reordenamento ou implantação de novas unidades de oferta; b) gerir as capacidades de atendimento dos serviços e apoiá-los;

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c) estabelecer fluxos e protocolos de atenção, na aplicação da medida protetiva aplicada pelo poder judiciário, que fortaleçam o papel da gestão da Assistência Social na coordenação dos encaminhamentos para os serviços de acolhimento;

d) gerir e capacitar os recursos humanos; e e) articular com os serviços da rede socioassistencial, com as demais políticas públicas e

com os órgãos de defesa de direitos.

Parágrafo único. Em hipótese alguma, as ações de reordenamento poderão justificar a perda da qualidade dos serviços já prestados a partir das dimensões supracitadas.

Art. 8º São responsabilidades dos gestores municipais e do Distrito Federal: I. realizar diagnóstico socioterritorial sobre a demanda e a oferta de serviços

de acolhimento executados pelo poder público ou em parceria com as entidades de assistência social;

II. elaborar, de forma participativa e democrática, e implementar o Plano de Acolhimento com ações e metas de implantação ou reordenamento de serviços e adequação da rede, conforme a necessidade, priorizando a implantação de novas modalidades, com ênfase, no caso de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos, na garantia de oferta de acolhimento familiar, conforme preconizado nas Diretrizes de Cuidados Alternativos à Criança;

III. cofinanciar, de acordo com a disponibilidade orçamentária, os serviços de acolhimento, em observância ao Plano de Acolhimento;

IV. ofertar capacitação para as equipes dos serviços de acolhimento; V. assegurar o acompanhamento das famílias das crianças, adolescentes e

jovens acolhidos por meio do PAIF ou PAEFI por todo o período do acolhimento e pelo menos seis meses após a possível reintegração familiar da criança, do adolescente e do jovem;

VI. realizar a gestão dos encaminhamentos para os serviços de acolhimento em diálogo com o sistema de justiça;

VII. articular o atendimento das crianças, adolescentes, jovens e suas famílias com serviços da rede socioassistencial e com as demais políticas públicas; e

VIII. reportar as informações sobre o processo de reordenamento e implantação ao órgão gestor estadual e, quando solicitado, ao MDS.

§1º Os municípios e Distrito Federal que possuírem número significativo de adolescentes

sem vínculos familiares prestes a completar 18 (dezoito) anos acolhidos em Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes devem priorizar estratégias de fortalecimento da autonomia e vida independente para esses jovens, incluindo a implantação de repúblicas para jovens.

§2º Os municípios de grande porte e metrópoles deverão garantir equipe de supervisão e apoio aos serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, conforme previsto nas Orientações Técnicas, tendo, dentre outras atribuições:

I. gerir os encaminhamentos para os serviços de acolhimento em diálogo com o sistema de justiça;

II. acompanhar os diferentes serviços de acolhimento no território; e III. articular com as demais políticas públicas, a fim de garantir o cumprimento

das normativas vigentes.

Legislação – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) - 6/8

Art. 9º São responsabilidades dos gestores estaduais:

I. prestar apoio técnico e financeiro, observada a disponibilidade orçamentária, aos municípios no processo de reordenamento de suas redes de acolhimento ou implantação de novos serviços de acolhimento, de acordo com suas disponibilidades orçamentárias;

II. ofertar capacitação para as equipes da gestão municipal e dos serviços de acolhimento por meio do CapacitaSUAS e demais iniciativas de capacitação; e

III. sistematizar as informações sobre o processo de reordenamento e implantação dos serviços nos municípios do seu território e encaminhá-las ao MDS.

Art. 10. São responsabilidades do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome: I. cofinanciar, de acordo com a presente Resolução e dentro de seus limites

orçamentários, o processo de reordenamento e expansão dos serviços de acolhimento, em conformidade com as normativas do SUAS;

II. apoiar tecnicamente os estados, Distrito Federal e municípios no processo de expansão e reordenamento dos serviços de acolhimento;

III. sistematizar as informações e registros oriundos dos serviços ofertados; e IV. apoiar as ações de capacitações dos gestores do Distrito Federal e dos

estados para a oferta dos serviços de acolhimento de crianças, adolescentes e jovens.

CAPÍTULO IV

Do Cofinanciamento

Art.11. O cofinanciamento federal para oferta de Serviços de Acolhimento de Crianças, Adolescentes e Jovens dar-se-á por meio do PAC I, observando os valores de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para capacidade de atendimento de até 10 (dez) pessoas.

§1º O aumento na capacidade de atendimento no montante de até 10 pessoas será proporcional ao do cofinanciamento no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

§2º Para implantação de novos serviços, a capacidade de atendimento máxima será limitada à razão de 0,75 por 1.000 crianças e adolescentes da população daquela localidade.

§3º A capacidade de atendimento máxima a ser cofinanciada será limitada à razão de 1 por 1.000 crianças e adolescentes na população daquela localidade, limitando-se o cofinanciamento federal à capacidade instalada de atendimento máxima de 1.500 por município.

§4º A capacidade atendimento mínima a ser cofinanciada será fixada a partir da razão de 0,5 por 1000 crianças e adolescentes na população da localidade.

§5º Em todos os casos previstos nesta Resolução, a capacidade de atendimento cofinanciada não será menor do que 10 (dez) vagas por município ou Distrito Federal.

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Art.12. O limite de serviços cofinanciados pelo MDS levará em consideração a disponibilidade orçamentária.

CAPÍTULO V Dos Prazos e Procedimentos

Art.13. O início do repasse de recursos da expansão do cofinanciamento federal dar-se-á

no mês subsequente ao preenchimento do Termo de Aceite.

§1º O termo de aceite incluirá os compromissos e responsabilidades dele decorrentes.

§2º Após sua devida formalização, o Termo de Aceite passará a integrar o Plano de Ação do respectivo município e Distrito Federal.

Art.14. O Plano de Acolhimento é o instrumento de planejamento da gestão municipal ou do Distrito Federal que contém ações, estratégias, metas e cronograma, visando a adequação da oferta de serviços de acolhimento para crianças e adolescentes no território, devendo englobar o reordenamento dos serviços que estiverem em desacordo com os parâmetros legais, a implantação de novos serviços e/ou novas modalidades de serviços.

§1º O Plano de Acolhimento deverá ser elaborado pelo gestor local em até seis meses após a formalização do aceite ao cofinanciamento de que trata esta Resolução e conter estratégias e prazos estabelecidos para serem concluídos até dezembro de 2017.

§2º O Plano de Acolhimento municipal deverá ser encaminhado ao órgão gestor estadual e, no caso do Distrito Federal, ao MDS.

§3º Os gestores dos municípios e do Distrito Federal deverão apresentar Plano de Acolhimento para ciência e acompanhamento pelos respectivos Conselhos de Assistência Social, dispondo, necessariamente, sobre as estratégias para adequação dos serviços, em conformidade com as dimensões estabelecidas no art. 7º da presente Resolução.

Art.15. A continuidade do repasse de recursos federais para oferta dos Serviços de Acolhimento, de que trata o art. 2º, observará a demonstração da implantação dos novos serviços e do reordenamento dos existentes.

Art.16. Os estados deverão realizar o monitoramento e o acompanhamento da implantação das novas unidades, do reordenamento e da oferta dos serviços, conforme aceite realizado nos termos desta Resolução, observando os prazos estipulados.

§1º Os estados realizarão os devidos registros de monitoramento e acompanhamento em aplicativo posteriormente disponibilizado pelo MDS.

§2º No caso do Distrito Federal, o monitoramento e o acompanhamento será realizado diretamente pelo MDS.

Art.17. Os municípios e Distrito Federal que aderirem ao processo de expansão e reordenamento dos serviços descritos na presente Resolução deverão registrar as informações

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sobre todos os serviços de acolhimento para crianças, adolescentes e jovens nos sistemas a serem disponibilizados pelo MDS.

Art. 18. O MDS disponibilizará no sítio eletrônico a lista de municípios e Distrito Federal que atendem aos critérios previstos nesta Resolução.

Art. 19. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

LUZIELE MARIA DE SOUZA TAPAJÓS Presidenta do Conselho