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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP
Regina Lucia da Silva
Conhecimentos Prévios Revelados por Estudantes de
Sexto e Sétimo anos do Ensino Fundamental Relativos à
Proporcionalidade
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA
São Paulo
2013
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP
Regina Lucia da Silva
Conhecimentos Prévios Revelados por Estudantes de
Sexto e Sétimo anos do Ensino Fundamental Relativos à
Proporcionalidade
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como
exigência parcial para obtenção do título de MESTRE
PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA,
sob a orientação da Professora Doutora Célia Maria
Carolino Pires.
São Paulo
2013
Banca Examinadora
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura ______________________________ Local e Data _______________
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pois, sem sua ajuda, nada teria sido possível.
À querida professora Dra. Célia Maria Carolino Pires, por aceitar
a orientação deste estudo, com muita sabedoria e paciência.
À professora Dra. Barbara Lutaif e à professora Dra. Cristina
Dalva Van Berghem Motta, pelas valiosas sugestões, na banca de
qualificação.
Aos meus sobrinhos Bruna e Wesley, pelo apoio e paciência.
Às professoras amigas Vera, Sandra e Simone, pelas palavras de
incentivo.
À direção da escola Padre Aristides e aos alunos pela colaboração
e participação deste trabalho.
Agradeço também à Secretaria de Educação do Estado de São
Paulo pela concessão da Bolsa Mestrado.
A Autora
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo investigar as conexões que podem ser
estabelecidas entre conhecimentos prévios dos alunos, suas hipóteses e o plano
de atividades proposto pelos professores em relação à proporcionalidade, como
elemento vital para o desenvolvimento curricular. Este assunto permeia ideias
presentes na exploração de diferentes conteúdos matemáticos ao longo da
Educação Básica. A investigação é de natureza qualitativa, caracteriza-se como
estudo de caso e baseia-se nas resoluções de situações-problema realizadas por
dois alunos de escola pública estadual paulista. Como resultados, destacamos: os
alunos pesquisados mostraram capacidade de: estabelecer relações, de analisar
e sintetizar as informações, de organizar os dados para a solução dos problemas;
evidenciaram, ainda, bom domínio da linguagem natural, bom domínio numérico,
sendo capazes de identificar operações adequadas, fazendo uso de cálculos
mentais ou escritos, exatos ou aproximados. As dificuldades apresentadas se
relacionaram aos números racionais e aos conceitos envolvendo grandezas e
medidas.
Palavras-Chave: Educação Matemática. Conhecimentos Prévios.
Proporcionalidade.
ABSTRACT
This work aims to investigate the connections which can be established between
the students’ previous knowledge, their hypothesis and the activity plan suggested
by the professors, regarding the proportionality as a vital element to the curricular
development. This topic pervades ideas that are presented in the exploring of
different mathematical subjects throughout Basic Education. The investigation has
a qualitative nature, is characterized as a case study and is based upon problem-
situation solving by two students from a São Paulo state public school. As for the
results, we highlight: the students researchers displayed the capacity to: establish
relations, analyze and synthetize information, organize data targeting the
resolution of the problems; they demonstrated, as well, considerable skill in natural
language, good numerical abilities, being able to identify operations adequately,
making use of mental or written calculations, exact or approximated. The
difficulties presented related to rational numbers and to the concepts involving
quantities and measurements.
Keywords: Mathematics Education. Previous Knowledge. Proportionality.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................ 13
I. Inserção deste trabalho no projeto de pesquisa ............................................... 13
II. A proporcionalidade nos currículos prescritos e apresentados ........................ 15
III. Pesquisas em outros trabalhos ....................................................................... 22
VI. Objetivo do nosso trabalho ............................................................................. 27
V. Escolhas metodológicas .................................................................................. 28
IV. Cenário da Pesquisa ....................................................................................... 30
VII. Os sujeitos de pesquisa ................................................................................. 33
VIII. As sessões realizadas .................................................................................. 35
XI. A análise, sistematização e apresentação dos resultados ............................. 36
X. Estruturação do trabalho ................................................................................. 37
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................. 39
FUNDAMENTOS TEÓRICOS CONSIDERADOS ............................................... 39
1.1 Formas de uma Aprendizagem Significativa ................................................. 39
1.2 Distinções dos tipos de Aprendizagem Receptiva Significativa .................... 44
1.2.1 Algumas Particularidades dos três tipos de Aprendizagem Receptiva
Significativas ........................................................................................
44
1.3 Aprendizagem por Descoberta ...................................................................... 46
1.4 Processos que surgem no Percurso da Aprendizagem Significativa ............ 47
1.5 O Papel dos Organizadores Prévios ............................................................. 48
1.6 As Possibilidades para uma Programação Facilitadora Pedagógica na
Introdução do Conteúdo ...............................................................................
49
1.7 Síntese de Fatores que Influenciam a Aprendizagem .................................. 50
1.8 Outros Teóricos Descrevendo sobre Aprendizagem Significativa ................ 54
1.8.1 Complementaridade entre Memorização e Significados ...................... 58
1.9 Características dos Conhecimentos Prévios ................................................. 60
1.10 A Abordagem do Conteúdo numa Perspectiva, Conceitual, Procedimental
e Atitudinal ...................................................................................................
65
1.10.1 Conteúdo de Fatos e Conceitos .............................................. ......... 67
1.10.2 Procedimental ................................................................................... 68
1.10.3 Atitudinal ........................................................................................... 68
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 71
AS ATIVIDADES PROPOSTAS .......................................................................... 71
Situação 1 ............................................................................................................ 72
Situação 2 ............................................................................................................ 73
Situação 3 ............................................................................................................ 74
Situação 4 ............................................................................................................ 75
Situação 5 ............................................................................................................ 77
Situação 6 ............................................................................................................ 78
Situação 7 ............................................................................................................ 79
Situação 8 ............................................................................................................ 81
Situação 9 ............................................................................................................ 82
Situação 10 .......................................................................................................... 82
CAPÍTULO 3 ............................................................................................................. 85
JOÃO E PEDRO: SUAS ATITUDES E PROCEDIMENTOS ............................... 85
3.1 Análise de resultados da situação 1 .............................................................. 85
3.2 Análise de resultado da situação 2 ............................................................... 88
3.3 Análise de resultado da situação 3 ............................................................... 92
3.4 Análise de resultado da situação 4 ............................................................... 94
3.5 Análise de resultado da situação 5 ............................................................... 99
3.6 Análise de resultado da situação 6 ............................................................... 103
3.7 Análise do resultado da situação 7 ............................................................... 107
3.8 Análise de resultado da situação 8 ............................................................... 111
3.9 Análise de resultados da situação 9 .............................................................. 115
3.10 Análise de resultado da situação 10 ........................................................... 122
CAPÍTULO 4 ............................................................................................................. 129
SISTEMATIZANDO OS DADOS COLETADOS .................................................. 129
Análise dos procedimentos dos alunos ................................................................ 130
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................... 139
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 145
ANEXOS ................................................................................................................... 149
Anexo A - Instrumento de coleta de dados .......................................................... 149
Anexo B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................... 158
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Os fatos e os Conceitos como Conteúdos da Aprendizagem ................... 59
Quadro 2. Diferenças entre Fatos e Conceitos sob o ponto de vista da
Aprendizagem ..........................................................................................
67
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Condições da Aprendizagem Construtiva ................................................... 56
Figura 2. Protocolo da Situação 1-a de João ............................................................. 86
Figura 3. Protocolo da Situação 1-a-b-c de Pedro ..................................................... 87
Figura 4. Protocolo da Situação 1-b de João ............................................................. 87
Figura 5. Protocolo da Situação 1-c de João ............................................................. 88
Figura 6. Protocolo da Situação 2-a-b-c-d-e de Pedro ............................................... 89
Figura 7. Protocolo da Situação 2-a de João ............................................................. 90
Figura 8. Protocolo da Situação 2-b de João ............................................................. 91
Figura 9. Protocolo da Situação 2-c de João ............................................................. 91
Figura 10. Protocolo da Situação 2-d de João ........................................................... 91
Figura 11. Protocolo da Situação 2-d. Segunda explicativa de João ......................... 92
Figura 12. Protocolo da Situação 3 de João .............................................................. 93
Figura 13. Protocolo da Situação 3 de Pedro ............................................................ 94
Figura 14. Protocolo da Situação 4-a de João ........................................................... 95
Figura 15. Protocolo da Situação 4-a-b-c-d-e-f-g de Pedro ....................................... 96
Figura 16. Protocolo da Situação 4-b de João ........................................................... 96
Figura 17. Protocolo da Situação 4-c de João ........................................................... 97
Figura 18. Protocolo da Situação 4-d de João ........................................................... 97
Figura 19. Protocolo da Situação 4-e de João ........................................................... 97
Figura 20. Protocolo da Situação 4-f de João ............................................................ 98
Figura 21. Protocolo da Situação 4-g de João ........................................................... 98
Figura 22. Protocolo explicativo da Situação 4 de João ............................................ 99
Figura 23. Protocolo da Situação 5-a de Pedro ......................................................... 100
Figura 24. Protocolo da Situação 5-a de João ........................................................... 100
Figura 25. Protocolo da Situação 5-b de Pedro ......................................................... 100
Figura 26. Protocolo da Situação 5-b de João ........................................................... 100
Figura 27. Protocolo da Situação 5-c de Pedro ......................................................... 101
Figura 28. Protocolo da Situação 5-c de João ........................................................... 101
Figura 29. Protocolo da Situação 5-d de Pedro ......................................................... 102
Figura 30. Protocolo da Situação 5-d de João ........................................................... 102
Figura 31. Protocolo da Situação 5-e de Pedro ......................................................... 102
Figura 32. Protocolo da Situação 5-e de João ........................................................... 103
Figura 33. Protocolo da situação 6-a de Pedro .......................................................... 104
Figura 34. Protocolo da Situação 6-a de João ........................................................... 104
Figura 35. Protocolo da Situação 6-b de Pedro ......................................................... 105
Figura 36. Protocolo da Situação 6-b de João ........................................................... 105
Figura 37. Resposta da Situação 6-c de Pedro ......................................................... 106
Figura 38. Protocolo da Situação 6-c De João ........................................................... 106
Figura 39. Protocolo da Situação 6-d de Pedro ......................................................... 106
Figura 40. Protocolo da Situação 6-d de João ........................................................... 107
Figura 41. Protocolo da situação 7-1 de Pedro .......................................................... 108
Figura 42. Protocolo da Situação 7-1 de João ........................................................... 109
Figura 43. Protocolo da questão 7-1 e questão 7-2 de João na linguagem escrita ... 109
Figura 44. Protocolo da questão 7-2 de Pedro .......................................................... 110
Figura 45. Protocolo da questão 7-2 de João ............................................................ 110
Figura 46. Protocolo da Situação 8-a de Pedro ......................................................... 112
Figura 47. Protocolo da Situação 8-a de João ........................................................... 112
Figura 48. Protocolo da Situação 8-b de Pedro ......................................................... 113
Figura 49. Protocolo da Situação 8-b de João ........................................................... 114
Figura 50. Protocolo da Situação 9-1 de Pedro ......................................................... 116
Figura 51. Protocolo da Situação 9-1 de João ........................................................... 116
Figura 52. Protocolo da Situação 9-2 de Pedro ......................................................... 117
Figura 53. Protocolo da Situação 9-2 de João ........................................................... 118
Figura 54. Protocolo da Situação 9-3 de Pedro ......................................................... 119
Figura 55. Protocolo da Situação 9-3 de João ........................................................... 120
Figura 56. Protocolo da Situação 9-4 de Pedro ......................................................... 121
Figura 57. Protocolo da Situação 9-4 de João ........................................................... 121
Figura 58. Protocolo da Situação 10-1 de Pedro ....................................................... 124
Figura 59. Protocolo da Situação 10-1 de João ......................................................... 125
Figura 60. Protocolo da Situação 10-2a de Pedro ..................................................... 125
Figura 61. Protocolo da Situação 10-2a de João ....................................................... 126
Figura 62. Protocolo da Situação 10-2b de Pedro ..................................................... 126
Figura 63. Protocolo da Situação 10-2b de João ....................................................... 127
13
APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
I. Inserção deste trabalho no projeto de pesquisa
Durante meus estudos no Ensino Médio, já sentia predileção por
Matemática, sendo assim, escolhi o curso de Licenciatura em Matemática, no qual
ingressei no ano de 1989, concluindo-o em 1992. Em junho de 1993, fui
convidada a ministrar aula para o Ensino Fundamental em uma escola pública
estadual paulista. Em alguns anos, também trabalhei em escola particular
concomitantemente com a escola pública; hoje, porém, continuo lecionando
somente em uma escola pública, como professora efetiva. Atualmente, ministro
aulas de Matemática para cinco classes, pertencentes ao 2º ano do Ensino Médio.
Com relação à trajetória de aprimoramento profissional, por algum tempo
ficou estagnada, pois não havia uma oportunidade de voltar aos estudos. Mas, em
2006, surgiu uma abertura para reiniciar novos estudos e, assim, fiz o curso de
Especialização em Educação Matemática para Professores de Matemática na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Novamente, houve
outra interrupção e, embora durante esse intervalo, a ideia de procurar novos
conhecimentos persistisse, somente tive oportunidade de voltar em 2011, para
ingressar no Mestrado Profissional em Educação Matemática na PUC-SP.
Ao longo de meu percurso profissional, alguns questionamentos foram
surgindo, como por exemplo: Quais são as diferentes possibilidades
metodológicas para ensinar a Matemática? Qual a melhor forma de abordar um
determinado conteúdo?
14
Provavelmente, como vários de meus colegas professores, esperava
conhecer algumas sugestões, de preferência infalíveis, que levassem meus
alunos a aprender Matemática, a ficarem motivados por ela, a minimizar as
dificuldades deles (de aprender) e as minhas (de ensinar).
De certo modo, essas inquietações e o desejo de buscar outras pessoas
para discutir minha preocupação com elas, levaram-me a buscar um curso em
nível de pós-graduação, particularmente o Mestrado Profissional em Ensino de
Matemática. No curso, certifiquei-me de que as sugestões para melhorar a
aprendizagem dos alunos não são infalíveis, e que seria preciso aprender a
construí-las.
Mais do que apenas atender às minhas necessidades de atuação
profissional, aprendi, cursando as disciplinas e, especialmente, participando do
grupo de estudos, pois que a produção de conhecimentos didáticos é um
processo em construção, e que eu deveria, ao realizar meu trabalho de
conclusão, também contribuir para a compreensão do processo de ensino e
aprendizagem da Matemática nas salas de aula, no meu caso, do Ensino
Fundamental.
Já a partir do primeiro semestre do curso comecei a fazer parte das
reuniões do Grupo de Pesquisa “Desenvolvimento Curricular em Matemática e
Formação de Professores”, liderado pela Profa. Dra. Célia Maria Carolino Pires. O
grupo desenvolve diferentes projetos de pesquisa e dentre eles, pude me inserir
no projeto denominado “Estudos sobre conhecimentos prévios de estudantes em
relação a conceitos e procedimentos matemáticos: implicações curriculares”.
Esse projeto tem como objetivo investigar as conexões que podem ser
estabelecidas entre conhecimentos prévios dos alunos, suas hipóteses e o plano
de atividades proposto pelos professores em relação a diferentes conteúdos
matemáticos, como elemento vital para o desenvolvimento curricular.
Toma, como ponto de partida, a concepção ausubeliana, segundo a qual, a
aprendizagem significativa é o processo em que uma nova informação recebida
pelo sujeito interage com uma estrutura de conhecimento específica, orientada
por conceitos relevantes, os conceitos subsunçores – ou conceitos
15
incorporadores, integradores, inseridores, âncoras – determinantes do
conhecimento prévio que ancora novas aprendizagens.
Nosso trabalho focaliza os conhecimentos prévios de alunos do sexto ano
e sétimo ano do ensino fundamental relativos à proporcionalidade.
O motivo de escolha da proporcionalidade reside no fato de que esse tema
estabelece conexões matemáticas com outros conteúdos matemáticos, por tratar-
se de uma ideia comum, transversal ao currículo de matemática, que aparece no
tratamento de problemas do campo multiplicativo, da porcentagem, da
probabilidade, como também em problemas geométricos ligados à semelhança de
figuras, entre outros mais.
II. A proporcionalidade nos currículos prescritos e apresentados
Documentos curriculares oficiais como os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Fundamental destacam que o tema proporcionalidade
permite fazer ligações com situações da vida cotidiana e que as suas leis
estimulam o desenvolvimento do raciocínio proporcional, sendo úteis para a
interpretação de fenômeno do mundo real.
Um aspecto a ser considerado no processo de aprendizagem é que nossos
alunos, ao adquirirem as habilidades e os conhecimentos, saibam transferir as
teorias adquiridas para outros contextos. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais+,
A necessária articulação entre as disciplinas da área do
conhecimento para as competências gerais certamente inclui o
desenvolvimento de instrumentos de investigação comuns, como
conceitos e procedimentos partilhados pelas várias ciências, na
investigação e compreensão de diferentes processos naturais (por
exemplo: escala). (BRASIL, 2002, p. 28).
Em 2011, ministrando aulas nos 1º anos do Ensino Médio, antes de
introduzir o conteúdo Funções, buscamos o assunto proporcionalidade com
atividades selecionadas que envolviam Grandezas Diretamente e Inversamente
16
Proporcionais. Verificamos que a única possibilidade de análise feita pelos alunos
abrangia “aumentar e diminuir”. Questionados sobre o significado de uma
constante de proporcionalidade nenhum aluno conseguiu explicar, caracterizando
o pouquíssimo conhecimento sobre o conteúdo “proporção”.
Trouxemos para a sala de aula algumas questões contidas no Caderno do
aluno, 7º ano / 3º bimestre, do Estado de São Paulo (2008) e constatamos muitas
dificuldades, principalmente quando, no contexto, existem situações em que a
variação numérica envolve proporcionalidade, mas que, na realidade, não são
viáveis ou possíveis. Portanto, surge a ideia de investigar o conhecimento de
proporcionalidade de alguns alunos do Ensino Fundamental, para ter alguns
indícios sobre o que ocorre na introdução desse assunto.
Neste caso, resolvemos consultar os Parâmetros Curriculares Nacionais na
área de Matemática (Ensino de 1ª a 4ª série) e, neste documento, já enuncia a
relevância de estudar proporcionalidade, além de outro aspecto envolvendo o
ensino e a aprendizagem que é o de levar-se em conta o que o aluno já sabe, ou
seja, os seus conhecimentos prévios.
Destacamos um trecho dos Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino de
1ª a 4ª série) (1997, p. 29) com referência ao aluno e o saber matemático:
As necessidades cotidianas fazem com que os alunos
desenvolvam uma inteligência essencialmente prática, que
permite reconhecer problemas, buscar e selecionar informações,
tomar decisões e, portanto, desenvolver uma ampla capacidade
para lidar com a atividade matemática. Quando essa capacidade é
potencializada pela escola, a aprendizagem apresenta melhor
resultado.
Com o destaque do trecho citado, podemos comentar que, ao ensinar um
conteúdo de Matemática, o professor deve obter informações sobre os
conhecimentos informais que os alunos já possuem, para poder direcionar suas
práticas pedagógicas.
Segundo o PCN (1997), quando a atividade tem significado para o aluno,
este estabelece conexões, dentro da própria disciplina e com outras áreas do
conhecimento. O documento também relata que, ao relacionar ideias matemáticas
17
entre si, princípios gerais podem ser reconhecidos, como por exemplo, a
proporcionalidade.
Esse Parâmetro (1ª a 4ª séries) refere-se à relevância de selecionar os
conteúdos; assim, reproduzimos esta descrição com relação ao tema
proporcionalidade:
Também algumas ideias ou procedimentos matemáticos, como
proporcionalidade, composição e estimativa, são fontes naturais e
potentes de inter-relação e, desse modo, prestam-se a uma
abordagem dos conteúdos em que diversas relações podem ser
estabelecidas.
A proporcionalidade, por exemplo, está presente na resolução de
problemas multiplicativos, nos estudos de porcentagem, de
semelhança de figuras, na matemática financeira, na análise de
tabelas, gráficos e funções. O fato de que vários aspectos do
cotidiano funcionam de acordo com leis de proporcionalidade
evidencia que o raciocínio proporcional é útil na interpretação de
fenômenos do mundo real. Ele está ligado à inferência e à
predição e envolve métodos de pensamento qualitativos e
quantitativos (Essa resposta faz sentido? Ela deveria ser maior ou
menor?). Para raciocinar com proporções é preciso abordar os
problemas de vários pontos de vista e também identificar
situações em que o que está em jogo é a não proporcionalidade.
(BRASIL, 1997, p. 38)
No documento citado, também verificamos como são apresentadas as
Orientações Didáticas nesses dois primeiros ciclos e, em particular, a abordagem
com os Números naturais envolvendo a multiplicação e a divisão, pois que são as
bases para o conceito de proporcionalidade.
Segundo esse Parâmetro (1997), a multiplicação não pode ser apresentada
somente como soma de parcelas iguais. Tal abordagem não é suficiente, pois
existem outras situações relacionadas à multiplicação.
O documento (1997, p. 72-73) relata que existem quatro grupos, em que as
situações se relacionam à multiplicação e divisão:
1º grupo: situações associadas ao que se poderia denominar
multiplicação comparativa. Exemplo: Pedro tem R$ 5,00 e Lia tem o
dobro dessa quantia. Quanto tem Lia?
18
2º grupo: situações associadas a comparar entre razões, que, portanto,
envolvem a ideia de proporcionalidade. Os problemas que envolvem
essa ideia aparecem bastante nas situações cotidianas do aluno e,
assim, favorecem uma melhor compreensão. Exemplo: Marta vai
comprar três pacotes de chocolate. Cada pacote custa R$ 8,00. Quanto
ela vai pagar pelos três pacotes? (A ideia de proporcionalidade: 1 está
para 8, assim como 3 está para 24). Cita-se, também, que a partir de
algumas situações de proporcionalidade existe uma maneira de se
relacionar com a divisão, associadas às ações “repartir (igualmente)” e
“determinar quanto cabe”.
3º grupo: situações associadas à configuração retangular. Exemplo:
Num pequeno auditório, as cadeiras estão dispostas em 7 fileiras e 8
colunas. Quantas cadeiras há no auditório?
4º grupo: situações associadas à ideia de combinatória. Exemplo: Tendo
duas saias – uma preta (P) e uma branca (B) – e três blusas – uma rosa
(R), uma azul (A), e uma cinza (C) –, de quantas maneiras diferentes
posso me vestir? Aqui está representado um conceito, o produto
cartesiano. Na ideia de combinação, existem situações relacionadas
com a divisão.
Na Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2010), o tema “proporção”
tem seu destaque. Menciona-se que a ideia de proporcionalidade é fundamental,
quando abordamos frações, noção de semelhança, nas grandezas diretamente
proporcionais, nas funções, entre outras. Também temos o fato de que a ideia de
proporcionalidade que se encontra no mundo físico é base para apoiar o estudo
de outras disciplinas como a Geografia, a Física, a Biologia e outras, estando em
conexão com outras áreas do conhecimento. Sendo assim, esta Proposta
Curricular apresenta ideias de proporcionalidade que têm início no Ensino
Fundamental, e amplia-se no Ensino Médio, mostrando a sua extrema
importância.
Em nossa consulta ao Caderno do professor (2008, p. 9), 6ª série / 3º
bimestre, no material didático que integra a Proposta Curricular do Estado de São
Paulo, existe a seguinte descrição: “Tradicionalmente, o ensino da
19
proporcionalidade era feito de forma pragmática e descontextualizada,
privilegiando o uso da regra de três e a formalização algébrica das relações de
proporcionalidade”.
Desse mesmo texto, destacamos um parágrafo sobre nova proposta
relatada pelos autores: “propomos uma abordagem que prioriza a construção da
noção de proporcionalidade pelo aluno, incentivando sua capacidade de
interpretar problemas e identificar o tipo de proporcionalidade envolvida”.
Quanto aos conteúdos revelados nesse caderno, o quadro geral é
composto de oito unidades: 1) Explorando a noção de proporcionalidade; 2)
Proporcionalidade direta e proporcionalidade inversa; 3) Problemas envolvendo
variação diretamente ou inversamente proporcional; 4) A razão de
proporcionalidade; 5) Principais tipos de razão (escala, probabilidade, velocidade,
densidade demográfica, PIB per capita); 6) A porcentagem como razão; 7)
Razões na geometria (razão entre a diagonal e o lado do quadrado ou a razão
entre o comprimento da circunferência e seu diâmetro); 8) Gráficos de setores e
porcentagem.
Ressaltamos que, para este 3º bimestre, é feita uma sugestão com a
proposta de quatro Situações de Aprendizagem: Situação 1- A noção de
proporcionalidade; Situação 2- Razão e proporção; Situação 3- Razões na
Geometria; Situação 4- Gráficos de setores e proporcionalidade.
Existe, também, o tempo previsto em semanas para cada situação, mas os
colaboradores descrevem que cabe ao professor dimensioná-lo segundo a
necessidade.
Consideramos, ainda, em nossas leituras, o uso do livro didático, uma vez
que este instrumento, de modo geral, é uma das opções didáticas consultadas
pelo professor em sala de aula. A primeira sondagem nossa foi identificar qual o
livro adotado, que chamaremos de livro A, pela Escola na qual nossos sujeitos de
pesquisas estudavam e, em seguida, questionamos os professores que
ministravam aula a esses alunos, qual o outro livro – que denominamos de livro B
– eles mais utilizam para a retirada de atividades. Ao examinar o teor do conteúdo
20
desses livros, nossa intenção foi verificar de que forma o tema em questão é
apresentado.
Na estrutura do livro A, no capítulo sobre proporção do 7º ano, o autor
apresenta um texto que descreve a obra de Leonardo da Vinci, enfatizando que o
pintor usou a “proporção áurea” ou “divina proporção”. Em seguida, faz menção à
“grandeza diretamente proporcional” por meio de uma situação-problema que está
dentro do contexto social da criança, como por exemplo, a quantidade de alimento
(grandeza massa em gramas) e o preço (grandeza valor monetário em reais).
Com essa situação de aprendizagem, o autor, procura fazer com que o aluno
observe a variação entre as grandezas e estabeleça uma relação entre elas.
Este elaborador menciona que podem existir exemplos em que as
grandezas não são proporcionais. O escritor procura mostrar mais atividades para
que os alunos resolvam com assuntos aproximados ao cotidiano. Em uma
atividade ele aborda sobre razão entre duas grandezas. Logo após, surgem
“grandezas inversamente proporcionais”, continuando a enfatizar as relações
multiplicativas que envolvem as relações proporcionais, mas observamos que
possui somente cinco atividades. O tópico “Escala” é iniciado com o desenho de
uma quadra de vôlei, utilizando a multiplicação para a solução do problema e o
autor não entra em detalhes sobre o tema. Finaliza seu trabalho desenvolvendo o
procedimento convencional com a “regra de três simples” dividida em duas
etapas: “Regra de três e grandezas diretamente proporcionais” e “Regra de três e
grandezas inversamente proporcionais”.
As situações-problema demonstram relações com a vida diária dos alunos.
Com a observação que realizamos sobre o livro A, percebemos que o tema
“Proporção” é introduzido com base em procedimentos não convencionais e,
somente após problemas que envolvem “Grandezas diretamente proporcionais” e
“Grandezas inversamente proporcionais” é que o autor traz o procedimento
convencional à “Regra de Três”.
Quanto ao livro B, inicialmente o autor apresenta situação do cotidiano para
fazer explicações sobre “Razão”, na qual cita um exemplo envolvendo a escola,
com o assunto relação de candidatos por vagas. A próxima abordagem
exemplifica a razão entre duas grandezas por meio de uma situação na qual a
21
comparação é feita com grandezas de mesma natureza e, logo após, apresenta
atividades já resolvidas sobre o tema mencionado. O terceiro tópico explicita
“Razões Especiais” como “escala”, “velocidade média” e “densidade”; todos estes
conceitos começam com uma situação-problema e, em seguida, têm suas razões
definidas. As atividades que se seguem trazem assuntos com proximidade ao dia
a dia do aluno.
Próximo tópico “Proporção”: a situação apresentada envolve as razões
entre suco concentrado e água. Ao continuar a sequência desse assunto, o autor
indica a Propriedade fundamental das proporções, exemplificando-a com uma
situação-problema e colocando a seguinte descrição: “Numa proporção, o produto
dos extremos é igual ao produto dos meios”. No item cinco, registra “Grandezas
Proporcionais” referindo-se à análise da relação entre a variação das medidas de
duas grandezas, trazendo uma situação-problema (quantidade de café (kg) e
preço (R$)) traduzida na representação de uma tabela; define “Grandezas
diretamente proporcionais” e transforma os dados da tabela para outra
representação, o gráfico.
Observam-se colocações sobre a razão constante, chamada fator de
proporcionalidade; ao tratar de “grandezas inversamente proporcionais” utiliza-se
da mesma apresentação (situação-problema, tabela, gráfico, fator de
proporcionalidade e a definição). Na sequência das atividades, nos deparamos
com a representação de tabelas em quase todos os exercícios e, em apenas uma
das atividades, o autor faz menção à construção de gráfico. Para finalizar, o
elaborador expõe a necessidade de utilizar a regra de três para resolver alguns
problemas, e mostra duas atividades resolvidas, empregando essa regra de três.
Mediante nossas observações em relação aos livros em análise,
verificamos que ambos procuram contemplar o estudo de razão e
proporcionalidade, iniciando a introdução com situação-problema de forma que
esses problemas estão presentes no dia a dia dos alunos e em conexão com
outras áreas do conhecimento. Sendo assim, tais livros contemplam o eixo
organizador (resolução de problemas) do processo de ensino e aprendizagem de
Matemática estabelecida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais.
22
O documento descreve que um dos princípios relacionados à situação-
problema considera este eixo, como ponto de partida a ser explorado para a
introdução de um tema matemático. Podemos citar outros aspectos vistos nesse
livro A, relacionados às atividades: os estudantes são induzidos a interpretar os
problemas; existe uma preocupação em justificar de que forma foi efetuado um
procedimento convencional (regra de três). Quanto às atividades proporcionadas
no livro B observamos que a grande maioria não possui questionamentos para
análise na qual o aluno seja levado a refletir sobre as suas resoluções.
Salientamos que os autores deste livro ficam mais atentos para uma conceituação
de uma maneira mais formal, ao abordar a proporcionalidade.
Ao alicerçar os estudos sobre o tema do nosso trabalho, estes orientaram a
nossa opção. Assim sendo, dentro de uma sala de aula, na qual estamos
presentes, necessitamos adquirir respostas sobre quais as possibilidades para
melhor ensinar e assim iluminar a nossa prática de atuação profissional visando
uma aprendizagem significativa para o nosso aluno. Desse modo estabelecemos
os nossos objetivos.
III. Pesquisas em outros trabalhos
Neste subcapítulo, o objetivo é conhecer quais as dissertações que
discutem a introdução à Proporcionalidade e os conceitos relacionados aos
Conhecimentos Prévios de nossos alunos.
No período de desenvolvimento desta pesquisa, fizemos um levantamento
de trabalhos científicos realizados na área de Educação Matemática, a respeito
dos temas já citados. Este levantamento bibliográfico foi efetivado com base em
dissertações publicadas no Programa de Estudos de Pós-Graduados em
Educação Matemática da Pontifícia Católica de São Paulo (PUC-SP).
O motivo da escolha dessa fonte de pesquisa foi por temos localizado
dissertações que compreenderam pesquisas realizadas em Educação Matemática
no Brasil com o tema proporcionalidade. A justificativa para eleger esse material
foi o fato de termos encontrado um trabalho que contém o nosso aporte teórico e
23
seu foco em conhecimentos prévios dos alunos, além de fazer parte da primeira
publicação do trabalho de nosso grupo de pesquisa; a outra dissertação de que
vamos apresentar uma síntese, já fez uma varredura em todos os programas que
estão voltados para a área de Educação Matemática até o ano de 2007, sobre o
conteúdo proporção; e o terceiro trabalho procura analisar Situações de
Aprendizagem contidas no material elaborado pela Secretaria de Educação do
Estado de São Paulo.
Dentre os trabalhos selecionados, realizaremos uma síntese desses
estudos. Com o intuito de compreender e direcionar os nossos estudos
enfatizamos os trabalhos de Miranda (2009), Paula (2009) e Ribeiro (2011). O
primeiro trabalho, de Miranda (2009), intitulado “Pensamento proporcional: uma
metanálise qualitativa de dissertações” teve por objetivo o enfoque em fazer uma
síntese de investigações, que focalizam as expressões matemáticas, geradas (ou
reflexos) da manifestação e desenvolvimento do pensamento proporcional.
Segundo Miranda (2009), o objeto de seu estudo está baseado em
atividades realizadas e explicitadas em dissertações de mestrado produzidas no
Estado de São Paulo, que visam melhorar o ensino e aprendizagem de aspectos
do pensamento proporcional.
Quanto à sua metodologia, a pesquisa, é um estudo documental
denominado metanálise qualitativa. A autora descreve que essa metodologia
procura fazer uma revisão sistemática de um conjunto de pesquisas, visando à
produção de novos resultados, ou síntese. Sendo assim, a opção foi por uma
abordagem qualitativa.
A elaboradora expõe que o primeiro momento para a realização de sua
pesquisa, constituiu-se de um levantamento de dissertações e teses em
Educação Matemática no Brasil, cujos títulos continham o termo raciocínio
proporcional, ou o termo proporcionalidade ou, ainda, proporções ou proporção,
nas listagens do Banco de teses da Edumat da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinas (FE-UNICAMP) publicadas na revista
Zetetiké.
24
O período abrangido por esse levantamento foi de 1971 a 2007, com total
de 22 pesquisas produzidas no Brasil sobre proporcionalidade. Houve uma
seleção para este trabalho, que incluiu seis dissertações e uma tese para os
estudos pertinentes.
Para responder a questão de pesquisa: Quais questões têm sido colocadas
nas dissertações e teses do Estado de São Paulo nesse tema? A autora no
resumo aponta os seguintes resultados:
Como resultados de nossa pesquisa, verificamos que a realização
de atividades propostas em duas dissertações do Estado de São
Paulo favoreceu a expressão desenvolvimento do pensamento
proporcional em estudantes, e os aspectos privilegiados foram os
que tiveram como objetivo representar situações proporcionais por
meio de gráficos, tabelas, símbolos, desenhos ou diagramas;
utilizar ideias centrais associadas aos sentidos do número
racional, ou de relações e operações entre eles, além de suas
representações, para resolver problemas envolvendo funções ou
ideias associadas às funções e suas representações e utilizar
multiplicação ou divisão para resolver problemas envolvendo
ideias de razão ou proporção.
O outro trabalho que vamos mencionar tem como titulo: “Proporcionalidade:
uma análise do caderno do professor – 7º ano (antiga 6ª série) – da proposta
implementada pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no ano de
2008”, cujo objetivo é realizar uma análise do caderno do professor do 3º bimestre
do 7º ano (antiga 6ª série) do Estado de São Paulo no ano de 2008, enfocando o
tema proporcionalidade.
Segundo Paula (2009), a metodologia do trabalho é de cunho documental e
bibliográfico. O embasamento teórico para as análises está contido na Teoria dos
Campos Conceituais das Estruturas Multiplicativas, proposta por Gérard
Vergnaud (1991).
A autora afirma que, para realizar a pesquisa, foram feitos os seguintes
estudos: dados do SARESP/2008 (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar),
leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais Ciclo II, leitura das propostas
Curriculares do Estado de São Paulo de 1986 e 2008, e levantamento
25
bibliográfico, com o propósito de verificar as contribuições de outros pesquisas
sobre o tema proporcionalidade.
Segundo Paula (2009) após esses levantamentos, selecionou as atividades
contidas no Caderno do professor, já mencionado, as Situações de Aprendizagem
1 e 2. A autora relata que, para as análises destas Situações de Aprendizagem,
foram criadas seis categorias.
Nas conclusões finais, Paula (2009) descreve em relação às questões de
pesquisa:
1- Questão: “O caderno do professor de 7º ano (antiga 6ª série) do 3º
bimestre privilegia todos os tipos de problemas multiplicativos?”. Na
Situação de Aprendizagem 1, notamos uma diversidade de problemas
multiplicativos (isoformismo e produtos de medidas). Quanto à Situação
de Aprendizagem 2, observamos o envolvimento com problemas
multiplicativos (produtos de medidas).
2- Questão: “O objetivo proposto pelos autores em cada Situação de
Aprendizagem foi atingido através do desenvolvimento das atividades
propostas?” A autora afirma que o objetivo foi atingido na Situação de
Aprendizagem 1, nas cinco primeiras atividades, tendo, porém, a sexta
atividade ficado desarticulada das demais. Com relação à Situação de
Aprendizagem 2, o objetivo não foi atingido no desenvolvimento das
atividades, pois se tratava do cálculo de razão e proporção. A autora
relata que apenas uma atividade evidencia o cálculo de proporção,
enquanto as outras evidenciaram o cálculo de razão.
3- Questão: “Os tipos de problemas propostos aos alunos possuem qual
tipo de abordagem?” Paula (2009) refere-se à Situação de
Aprendizagem 1, cujo trabalho está voltado para grandezas diretamente
proporcionais e inversamente proporcionais, enquanto que, na Situação
de Aprendizagem 2 observamos a abordagem de razão e proporção
como objeto de estudo, segundo a análise realizada por Bernal (2004).
26
Encerramos, apresentando o trabalho de Ribeiro (2011): “Possibilidades e
dificuldades no desenvolvimento de situações de aprendizagem envolvendo
funções trigonométricas”.
O objetivo de sua pesquisa, relatado por Ribeiro (2011), foi o de
compreender as possibilidades e as dificuldades em utilizar o material distribuído
aos alunos da rede pública do Estado de São Paulo, focando os conhecimentos
prévios desses estudantes, em relação ao conteúdo funções trigonométricas e
identificar dificuldades que possam surgir durante a execução dessas atividades e
verificando as necessidades de intervenção, para a promoção da construção de
conhecimento relativo ao tema.
Segundo Ribeiro (2011), as questões de pesquisa seriam: Quais as
possibilidades e as dificuldades em utilizar o caderno do aluno, em uma
perspectiva construtivista, em relação ao conteúdo Funções trigonométricas? A
partir desta surgiram outras questões:
Quais são os conhecimentos prévios revelados por um grupo de
estudantes em relação ao conteúdo Funções trigonométricas?
Quais são as dificuldades que esse grupo de estudantes apresenta no
estudo das Funções Trigonométricas?
Que intervenções do professor podem promover a construção de
conhecimentos relacionados às Funções Trigonométricas, visando a
uma aprendizagem significativa?
Quanto à metodologia utilizada nessa pesquisa, ela é qualitativa, cuja
estratégia emprega um estudo de caso. O trabalho foi realizado com três alunos
do 2º ano do ensino médio, que estudam em uma escola pública estadual.
Com relação ao material utilizado para a pesquisa, a autora selecionou dez
atividades do Caderno do aluno: Matemática, Ensino Médio – 1º ano, 2º
bimestre/Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Além disso, outras
seis atividades foram proporcionados aos estudantes dessa pesquisa.
Nas considerações finais, Ribeiro (2011), ao retomar as suas questões de
pesquisa, afirma que são muitas as possibilidades de trabalho que o caderno do
27
aluno oferece ao professor, pelo motivo de as atividades não apresentarem um
modo sequencial. Com esta característica o professor poderá enfatizar
superficialmente ou aprofundar esse conteúdo, mas, deverá levar em
consideração os conhecimentos prévios dos alunos.
Ribeiro (2011) descreve que, quanto às dificuldades, elas estão
relacionadas à compreensão do professor sobre a perspectiva construtivista. A
maioria dos conhecimentos prévios identificados, está relacionada ao conteúdo de
fatos e de conceitos. Quanto às dificuldades, constatou-se que se relacionam com
conteúdos de procedimentos e de atitudes.
Em síntese, na dissertação de Miranda (2009) foram investigadas sete
pesquisas com o foco em atividades, cujo tema é o pensamento proporcional,
enquanto a dissertação de Paula (2008) envolvia atividades com o conteúdo
proporcionalidade e o trabalho de Ribeiro (2011) discute os conhecimentos
prévios, relacionados a funções trigonométricas.
VI. Objetivo do nosso trabalho
Tendo em vista a relevância do tema proporcionalidade, ao estudar
conhecimentos prévios de alunos de 6º e 7º anos do Ensino Fundamental, em
relação ao assunto, temos como objetivo investigar uma contribuição para um
melhor entendimento sobre o objeto de nosso estudo (conhecimentos prévios).
O nosso trabalho guia-se pela seguinte questão norteadora: Quais são as
possibilidades e as dificuldades encontradas na introdução de situações de
aprendizagem, elaboradas com base em propostas apresentadas nos anos
iniciais e propostas que os professores de 7º ano (antiga 6ª série) costumam
oferecer a seus alunos, numa perspectiva ausubeliana, em relação às noções de
proporcionalidade?
28
Essa questão desdobra-se em outras mais específicas, a saber:
(I) Quais conhecimentos prévios podemos identificar em alguns
estudantes, em relação às noções de proporcionalidade?
(II) Que procedimentos os estudantes utilizam para resolver situações-
problema que envolvem ideia de proporcionalidade?
(III) Que atitudes os estudantes revelam nas resoluções de situações-
problema mobilizando conhecimentos prévios?
Reiteramos que esta pesquisa tem a intenção de revelar alguns
conhecimentos prévios dos estudantes em relação a proporcionalidade.
Acreditamos que, ao diagnosticar quais os conhecimentos prévios que nossos
alunos possuem sobre proporcionalidade, os professores que ensinam
Matemática passem a refletir um pouco mais sobre a relevância de construir
novos conhecimentos em cima de etapas prévias já adquiridas pelos estudantes,
e com isso, facilitar a criação de condições de aprendizagens significativas.
V. Escolhas metodológicas
Nossa investigação utiliza uma metodologia qualitativa, já que
necessitamos averiguar todo o processo com riqueza de descrição. Conforme
Bodgan e Bidklen (1994, p. 47-51) expõem, a investigação qualitativa possui cinco
características:
1. Na investigação qualitativa a fonte direta de dados é o
ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento
principal.
2. A investigação qualitativa é descritiva.
3. Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo
processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos.
4. Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados
de forma indutiva.
5. O significado é de importância vital na abordagem qualitativa.
29
Uma qualidade sobre o estudo de caso, citada por André (2008, p. 34):
Os estudos de caso também são valorizados pela sua capacidade
heurística, isto é, por jogarem luz sobre o fenômeno estudado, de
modo que o leitor possa descobrir novos sentidos, expandir suas
experiências ou confirmar o que já sabia. Espera-se que o estudo
de caso ajude a compreender a situação investigada e possibilite
a emersão de novas relações variáveis, ou seja, que leve o leitor a
ampliar suas experiências. Espera-se também que revele pistas
para aprofundamento ou para futuros estudos.
Na visão de Ludke e André (2005, p. 17), com relação ao estudo de caso
descrevem: “Quando queremos estudar algo singular, que tenha um valor em si
mesmo, devemos escolher o estudo de caso”.
Algumas colocações já evidenciaram, sobre estudo de caso, em nosso
trabalho; entretanto, encontramos uma proposta de André (1984, p. 52), que
contribui para organizar o nosso entendimento sobre como utilizar o estudo de
caso em nosso trabalho.
Sendo assim, destacamos, a seguir, as características associadas a esse
tipo de estudo:
1. Os estudos de caso buscam descobertas.
2. Os estudos de caso enfatizam a interpretação em contexto.
3. Estudos de casos procuram representar diferentes e, às vezes,
conflitantes pontos de vista presentes numa situação social.
4. Os estudos de caso usam uma variedade de fontes de
informação (estratégia de triangulação).
5. Os estudos de caso revelam experiência vicária e permitem
generalizações naturalísticas (desenvolvimento no âmbito do
individuo e em função do seu conhecimento pessoal).
6. Os estudos de casos procuram retratar a realidade de forma
completa e profunda (focalizam o todo, mas com detalhes).
7. Os relatos de estudo de caso são elaborados numa linguagem
e numa forma mais acessível do que os outros tipos de
relatórios de pesquisa (estilo informal, citações, exemplos e
descrições).
A partir dessas colocações, informamos que a base das coletas de dados
de nossos estudos será constituída por meio dos seguintes instrumentos que
30
envolverão nossas análises: a) observação; b) protocolos; c) registros em áudio
(entrevista com os alunos); d) registros escritos pela pesquisadora durante a
entrevista.
Tendo por base as afirmações citadas, realizamos o nosso trabalho no
âmbito de uma escola, lugar de ocorrência dos fundamentos do ensino e
aprendizagem, havendo uma interação aluno e conhecimento. Assim, nossa
pesquisa situa-se na metodologia estudo de caso, que vem ao encontro de nosso
interesse em investigar, com detalhes, os conhecimentos prévios dos estudantes.
De forma coerente com a opção pela pesquisa qualitativa, não temos a intenção
de generalizar os resultados citados nesta pesquisa e sim utilizar a reflexão que
envolve certas situações, sinalizando as possibilidades de analogias que podem
acontecer com as diversas realidades.
IV. Cenário da Pesquisa
Nosso estudo de caso foi realizado em uma escola da rede pública
estadual de São Paulo, situada no município de Santo André. Essa unidade
escolar oferece Ensino Fundamental e Ensino Médio, funcionando em três turnos,
sendo 02 turnos diurnos e 01 noturno. A escola no Ensino Fundamental possui
912 alunos com 26 classes em funcionamento. Com relação ao Ensino Médio são
693 alunos com 20 classes. Até a data de 25/01/2012 essa unidade escolar tinha
um total geral de 1605 alunos matriculados, com 46 classes em funcionamento.
Os recursos físicos são compostos de: 26 salas de aula; 02 laboratórios; 01
sala de leitura; 02 auditórios; 01 sala de vídeo; 01 quadra coberta; 02 quadras; 01
teatro; 01 refeitório e 01 “acessa” (sala de computadores dirigidas por pessoas
contratadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo).
Identificamos que o local de nossos estudos possui os seguintes Índices de
Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo-IDESP: em 2011 o 9º ano
do Ensino Fundamental ficou em 2,57; o Ensino Médio atingiu uma meta de 2,09.
As metas a serem alcançadas no ano de 2011 eram: o 9º ano seria 2,95 e o
Ensino Médio com 2,31. Comparando os resultados obtidos pela escola e as
31
metas definidas pela Secretaria da Educação esta unidade escolar ficou abaixo
das metas a serem atingidas e o fator que mais pesou para não atingir a meta em
2011 foi a evasão escolar.
A direção da escola também nos informou que, ao aplicar um questionário
com a finalidade de obter dados para um Projeto intitulado “Projeto Jovem do
Futuro”, os alunos responderam ter escolhido estudar nessa escola por considerá-
la boa; que gostam de ler e que as disciplinas com que mais têm afinidade são
Português e Matemática.
Essa opinião que os estudantes têm sobre a escola “boa” advém de
julgamentos revelados por irmãos, tios e até pais que ali já estudaram. Observou-
se, ainda, que 60% dos alunos são moradores da cidade de São Paulo, portanto,
não moram nas proximidades da escola. Quanto ao perfil familiar: a grande
maioria dos pais possui Ensino Médio, em torno de 54%; a renda familiar,
segundo os alunos, varia de R$ 1.500,00 a R$ 3.000,00; muitos possuem casa
própria; a mão de obra está qualificada no setor industrial.
Quanto ao corpo Docente é constituído por 76 professores. Nota-se,
também, que os educadores que ministram aula no Ensino Médio já estão na
escola por um período compreendido entre 5 a 20 anos. O quadro de professores
dessa unidade escolar é completo. Constatamos que, em relação às aulas, estas
são regularmente ministradas pelos docentes e as faltas decorrentes dos
professores estão relacionadas com o abono de ponto.
A escolha dessa escola deveu-se tanto ao fato de que realizar nossos
estudos neste lugar seria de fácil acesso para a pesquisadora, pois trabalha neste
local, quanto para a escolha dos alunos para a pesquisa. Há também outro
motivo: a pesquisadora tem um bom relacionamento com os alunos e os
professores, tendo a possibilidade de pedir que nos auxiliassem em nosso
trabalho de pesquisa caso houvesse necessidade.
Conversamos com a direção e com professores da escola, apresentamos
nossa pesquisa e pedimos a colaboração de todos. Solicitamos aos professores
de Matemática da escola que nos indicassem alunos que pudessem participar de
nossos estudos.
32
As professoras fizeram o convite e explicavam o motivo dele. Também
pediram o telefone das residências desses estudantes para que pudéssemos
entrar em contato com os responsáveis e explicar-lhes o objetivo do trabalho e a
importância de seus filhos fazerem parte desse projeto, além de pedir a
permissão para que os alunos dele participassem.
A princípio, seis pais garantiram que gostariam que seus filhos fizessem
parte desta pesquisa, conforme o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
que se encontra em anexo no final deste trabalho. Consideramos isso satisfatório,
pois no planejamento do projeto havíamos proposto selecionar alunos em função
de algumas características. De inicio, pretendíamos trabalhar com um grupo de
alunos de 6º ano e outro grupo de alunos de 7º ano, variando o gênero e seu
desempenho em Matemática na avaliação de seus professores.
No entanto, o grupo previsto não se constituiu. Como precisávamos realizar
as entrevistas em horário especial, foram muitas as dificuldades para obter
autorização dos pais, a fim de que os alunos ficassem na escola em outro período
que não o das aulas. Alguns dos responsáveis entraram em contato por telefone e
disseram que ficaria difícil levar os seus filhos, fora do horário escolar.
Começamos com quatro estudantes, mas já a partir do terceiro encontro
tínhamos apenas dois – a quem chamaremos de João e Pedro (nomes fictícios).
Fizemos novas tentativas para convidar outros alunos, mas não conseguimos
mais adesões.
Destacamos que a pesquisa teve a permissão da Direção, pois nossas
reuniões foram feitas em uma sala de aula pertencente a esse domínio escolar.
João, com 11 anos de idade no período da pesquisa, cursava o 6º ano do
Ensino Fundamental de nove anos. Pedro, com 12 anos de idade no período da
pesquisa cursava o 7º ano do Ensino Fundamental. Ambos estudavam no período
vespertino, das 13h às 18h20min, e se reuniram conosco, antes do horário das
aulas.
Com relação ao tema Proporcionalidade, João não havia estudado
formalmente com o tópico do currículo geralmente identificado como Razões e
33
Proporções. Pedro ao contrário, já havia estudado este tópico de maneira
intencional.
Na sequência, descrevemos algumas características desses alunos que
podem exercer uma influência no desempenho de cada um.
VII. Os sujeitos de pesquisa
No primeiro encontro, pedimos a João que nos contasse sobre a sua
trajetória na escola e assim transcrevemos a nossa conversa: João conta que
passou por várias escolas. E contou que os colegas o “xingavam” de orelhudo,
por isso mudou-se para outras escolas, em torno de três ou quatro vezes. Mas,
depois, com o tempo ele não se importava mais. Com essa experiência, ele veio
estudar na escola na qual se encontra atualmente e que, segundo ele, é boa.
João acha que a escola é um caminho para conseguir um trabalho bom. Ele diz
que na Matemática se sai bem, pois quando vai ao mercado com os pais efetua
os cálculos e, geralmente, consegue chegar próximo do valor em dinheiro de que
o pai dispõe.
Ele continua: As contas são feitas na minha cabeça. A Matemática é a
matéria mais usada na minha vida diária. Ah, Ciências, eu também utilizo, eu
expliquei para o meu primo o que ocorre com os vulcões, pois a professora havia
explicado em uma de suas aulas.
João relata que em sua casa ele estuda às quartas, quintas e sextas-feiras.
E conta que a mãe o lembra para estudar, pois podem ocorrer algumas provas
surpresas. Estudando, ele já se prepara para a prova antes de surgirem as
avaliações.
João nos conta ainda: as aulas de Matemática eu entendo bem, mas se eu
tenho alguma dúvida, pergunto para a professora. As professoras sempre estão
dizendo que ele é bom aluno. Esta característica “bom aluno” utilizado pelos
professores traz uma afetividade que auxilia a sua aprendizagem.
34
Ao longo das sessões de trabalho, João mostra-se tranquilo e seguro em
suas colocações sobre a escola. Apesar de constantes mudanças nesta trajetória
escolar, isso não afetou o seu interesse pelos estudos, visto que no decorrer
deste trabalho não faltou em nenhum encontro estabelecido por esta
pesquisadora.
Em relação à disciplina Matemática, João manifesta uma “Matemática
auxiliadora”, como podemos notar em sua fala: “sou eu que faço os cálculos”;
“uso na vida diariamente”. João estabelece uma ponte entre a disciplina
Matemática e as possibilidades de ser inserido no campo profissional e poder
utilizar os conhecimentos adquiridos nesta disciplina. João traz a ideia de ter uma
vida com sucesso, no qual a escola é um meio para obter uma trajetória vitoriosa.
Quanto ao aluno Pedro, veio ao segundo encontro agendado e nos
pareceu tímido, pois suas respostas foram curtíssimas em nossa entrevista.
Pedi para que o aluno falasse sobre sua pessoa, então ele começou a
monologar: eu tenho doze anos, estou no Brasil há dois anos, sou chileno, gosto
de Matemática, de tecnologia (computadores e celulares); andar de skate; gosto
de videogame; jogar bola e andar de bicicleta. Perguntei se ele tinha um
determinado tempo para estudar, assim ele respondeu: “quando eu chego da
escola, vou fazer lição. A minha mãe sempre me manda estudar”, revelando que
estuda em torno de uma hora e meia por dia. Pedro afirma que gosta de
Matemática utilizando o termo “tenho que usar a cabeça”. Quando fez referência à
disciplina de Matemática ele disse: “uso quando eu saio com meus amigos, eu
divido a conta” e em alguns momentos com a mãe, ela pede para ele fazer contas
de dividir e de multiplicar.
Com base em nossos diálogos percebemos que a Matemática faz parte do
cotidiano de Pedro, verificamos isto em sua fala: “quando saio com os meus
amigos divido a conta e tem que dar justinho a conta”. Também podemos relatar
que, segundo sua professora de Matemática, ele apresenta um bom nível de
desenvolvimento nessa disciplina.
35
VIII. As sessões realizadas
Os estudos com os alunos já mencionados ocorreram na escola em uma
sala de aula tranquila, às quintas-feiras, no período das 11h30min às 12h45min,
antes do horário de aula.
Em cada encontro semanal pretendíamos explorar duas atividades. Mas
verificamos que não era possível, pois deveríamos falar sobre as resoluções
efetuadas pelos alunos no mesmo encontro e o tempo escolhido foi curto. Por
isso apresentamos uma atividade por semana. Os momentos de realização dos
estudos totalizaram dez encontros.
Os dias deste trabalho foram planejados em etapas. Na primeira etapa, a
pesquisadora propôs aos alunos que lessem e respondessem a situação-
problema que envolve o tema proporcionalidade. Na segunda etapa, os
questionamentos sobre os procedimentos que cada aluno realizou em suas
atividades.
As atividades foram desenvolvidas sem tempo determinado e procuramos
deixá-los à vontade dizendo a eles que não estávamos preocupados com o acerto
ou erro das questões. Explicamos que a nossa intenção seria estudar as suas
ideias e compreender os pensamentos que seriam mobilizados para as soluções
dessas tarefas e com estes estudos auxiliar a aprendizagem de outros alunos.
Em relação ao material a ser utilizado para a pesquisa, esse foi impresso e
entregue aos alunos, conforme o modelo elaborado que se encontra na parte
anexa deste trabalho.
A partir da definição de objetivos de aprendizagem, organizamos uma
sequência de atividades que foi previamente apresentada aos alunos e discutida
com minha orientadora e com colegas do grupo de pesquisa.
Optamos por registrar a coleta de informações fazendo gravações,
registros pessoais, com os quais, posteriormente, ao transcrever as entrevistas,
acabamos fazendo um confronto com estes outros dois instrumentos. Além disso,
ao observar os protocolos das tarefas realizadas pelos estudantes, procuramos
36
questionar os alunos sobre suas estratégias para melhor compreender suas
soluções.
XI. A análise, sistematização e apresentação dos resultados
Mesmo com razoável experiência profissional como professora, pudemos
sentir o grande desafio de analisar as produções dos alunos. Estamos sempre
preocupados com a quantidade de acertos e não fazemos nenhuma análise dos
porquês dos erros. Seria melhor refletir sobre os erros como um começo para
iniciar um novo planejamento sobre o tema avaliado.
Podemos relatar que, a partir da segunda atividade deste estudo, passou a
existir uma proximidade entre a pesquisadora e os sujeitos de pesquisa que se
tornou natural, pois nossas conversas sobre as soluções realizadas por João e
Pedro não tinham critérios rígidos de questionamentos. À medida que surgiram as
questões, João e Pedro já se dispuseram a explicar suas ações, com o intuito de
nos ajudar a compreender suas estratégias.
Acreditamos que essa ligação pesquisador-aluno deveu-se à clareza do
objetivo do nosso trabalho e à liberdade de expressar verbalmente sem críticas e
à valorização dos pensamentos de Pedro e João. É importante registrar que, em
nossa última atividade, estávamos os três, em pé, diante do quadro negro,
discutindo sobre a resolução das atividades. Após o término desta décima sessão
tivemos a certeza que as nossas concepções sobre ensinar se tornaram cada vez
mais críticas.
Assim sendo, por meio de nossos diálogos, tentamos entender as ações
realizadas na prática por Pedro e João, com o apoio de nossos estudos vindos do
aporte teórico. Ao considerar os nossos questionamentos e observações
buscamos identificar os conhecimentos prévios dos alunos e qual a melhor forma,
após identificar as dificuldades, de fornecer um apoio para conceber a construção
do tema proporção, para que o autor deste conhecimento seja o próprio aluno.
37
Por intermédio do processo de estudo empregado, para as análises dos
resultados tentamos organizar algumas categorias que foram retiradas, após
nossas descrições dos procedimentos da resolução utilizadas por João e Pedro.
Portanto temos as seguintes categorias:
Características dos conhecimentos prévios
Análise de estratégias realizadas pelos estudantes
Dificuldades que surgiram durante a realização das tarefas
Inicialmente, pensamos em organizar tabelas com as categorias de análise
para simplificar a visualização e, assim, auxiliar os nossos propósitos para as
análises. A primeira tabela, por exemplo, em sua apresentação, contém acertos e
erros que foram constatados nos protocolos de nossos sujeitos de pesquisa que
vamos expor no capítulo 4. Para a construção dessas tabelas resolvemos xerocar
todas as atividades de João e Pedro e colocar as atividades lado a lado,
montando um quadro geral para podermos observar melhor os procedimentos
realizados por esses alunos. Desse modo, fizemos um mapeamento de quais
conhecimentos prévios, estratégias, atitudes e dificuldades surgiram no
desenvolvimento desse trabalho, para assim esclarecer as perguntas que
incitaram a nossa pesquisa. Portanto, no capítulo 4, utilizaremos uma síntese dos
detalhes observados em nossa pesquisa.
X. Estruturação do trabalho
Para apresentar os resultados de nossos estudos e investigações,
organizamos o presente texto em cinco capítulos.
Nosso trabalho inicia-se com um relato sobre o percurso profissional desta
pesquisadora; a inserção deste trabalho no projeto de pesquisa e os motivos que
nos levaram a investigação deste estudo. Além disso, são descritas algumas
considerações sobre o posicionamento do objeto matemático Proporção dentro do
currículo prescrito e apresentado. Também neste espaço são mostrados os
objetivos que guiaram esta pesquisa, as pontuações que são envolvidas no
38
planejamento e na execução deste trabalho, análise, sistematização e a
apresentação dos resultados.
No Capítulo 1, é descrito o “aporte teórico” que sustentou a pesquisa, no
qual apresentamos em linhas gerais as concepções dos autores Ausubel, Pozo e
Coll, sobre aprendizagem significativa. Procurou-se, também, dar ênfase às
características dos conhecimentos prévios dos alunos, nos quais se concentraram
nossas observações para responder aos questionamentos deste trabalho.
Com referência ao segundo capítulo houve o detalhamento das dez
situações-problema que organizamos para a coleta de dados.
No terceiro capítulo trazemos a apresentação descritiva de algumas pré-
análises das dez sessões, com destaque às observações relativas a atitudes e
procedimentos de João e Pedro.
No capítulo 4, é apresentada a sistematização dos dados coletados de uma
forma mais simples com relação ao objeto de estudo, para traçar um caminho
para as conclusões finais.
Completamos o nosso trabalho, apresentando as conclusões e
considerações finais, nas quais se ponderam os resultados, mantendo a conexão
com o referencial teórico e as questões que direcionaram este estudo.
39
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTOS TEÓRICOS CONSIDERADOS
As considerações teóricas formadas neste capítulo envolvem,
primeiramente, a Teoria de Ausubel: a Teoria da Aprendizagem Significativa da
qual apresentaremos pontos relevantes e as condições para que ocorra uma
aprendizagem significativa.
Ausubel procura estudar o conhecimento que o aluno adquire, ponderando
a maneira pela qual o indivíduo interage com o meio físico e social e as causas
que têm importância nas organizações das estruturas cognitivas. Com a
amplitude de ideias que constam na Teoria de Ausubel, relacionadas ao processo
de ensino-aprendizagem, a sua teoria tornou-se uma forte influência no contexto
educacional. Por isso, optamos por ela como referência para o desenvolvimento
do nosso trabalho, e estará em conjunto com outras ideias que auxiliam a área da
Educação e, em particular, da Educação Matemática.
1.1 Formas de uma Aprendizagem Significativa
Em nossas leituras, tivemos a noção de que uma das contribuições da
teoria ausubeliana foi a de esclarecer a distinção entre aprendizagem significativa
e a aprendizagem mecânica e, além disso, enfatizar que grande parte da
aprendizagem ocorre de forma receptiva. A aprendizagem em sala de aula,
40
salientam Ausubel e seus colaboradores (1980), possui duas dimensões
independentes: a dimensão automática – significativa, e a dimensão receptiva –
descoberta.
Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 6) citam que, no passado, existiu
uma confusão entre toda a aprendizagem receptiva, a qual estava baseada no
ensino expositivo, ao considerá-la como automática, ao mesmo tempo em que
toda aprendizagem por descoberta seria significativa. Mas os autores, na mesma
página, afirmam que essas duas aprendizagens podem ser significativas, a partir
de algumas características:
(1) se o estudante utilizar o acervo de aprendizagem significativa
(uma tendência a relacionar novas informações aprendidas
significativamente à sua estrutura de conhecimento existente), e
(2) se a tarefa de aprendizagem em si mesma for potencialmente
significativa (se ela própria consiste de material plausível ou
sensível e se pode estar relacionada de uma forma não arbitrária
e essencial à estrutura cognitiva de um estudante em particular).
Na aprendizagem receptiva (automática ou significativa), segundo os
autores, o foco principal está no conteúdo apresentado ao aluno, requerendo dele
apenas que relacione esse conteúdo aos enfoques proeminentes de sua estrutura
cognitiva e o integre à aprendizagem de novos conhecimentos. Quanto cita a
aprendizagem receptiva significativa, a matéria apresentada ao aluno é
potencialmente significativa, durante o processo de internalização. Na
aprendizagem receptiva automática, no entanto, não existe potencial significativo
e tampouco se torna significativa no processo de internalização.
Citando os autores (1980, p. 20):
Grande parte da confusão nas discussões de aprendizagem
escolar tem origem na deficiência de se reconhecer que as
aprendizagens automática e significativa não são completamente
dicotomizadas. Embora sejam qualitativamente descontínuas em
termos dos processos psicológicos subjacentes a cada uma e,
portanto, não possam estar situadas em polos opostos do mesmo
contínuo, há dois tipos intermediários de aprendizagem que
compartilham algumas das propriedades, tanto da aprendizagem
automática como da significativa (por exemplo, a aprendizagem
representacional ou aprendizagem de nomes de objetos, eventos
e conceitos). Além disto, ambos os tipos de aprendizagem podem
ocorrer concomitantemente na mesma tarefa de aprendizagem.
41
Ao descrever sobre a aprendizagem por descoberta, Ausubel, Novak e
Hanesian (1980) relatam que o conteúdo principal a ser aprendido não é dado,
deverá ser descoberto pelo aluno. Afirmam os autores (1980, p. 21) que, neste
caso, o processo por descoberta é bem diferente da aprendizagem receptiva,
alegando:
O aluno deve reagrupar informações, integrá-las à estrutura
cognitiva existente e reorganizar e transformar a combinação
integrada, de tal forma que dê origem ao produto final desejado ou
à descoberta entre meios e fins. Concluída a aprendizagem por
descoberta, o conteúdo descoberto torna-se significativo, da
mesma forma que o conteúdo apresentado torna-se significativo
na aprendizagem receptiva.
Logo, podemos inferir que, para existir uma aprendizagem receptiva
significativa, além de implicar uma aquisição de novos conceitos, deverá existir
uma apresentação para o aluno de um material potencialmente significativo. Esse
material não deve ser arbitrário, tem que haver interação com os conhecimentos
já existentes na estrutura cognitiva do aluno, através da qual o sujeito estabeleça
uma ponte com as novas informações.
1.2 Distinções dos tipos de Aprendizagem Receptiva Significativa
Os autores da teoria ausubeliana mencionam que a aprendizagem receptiva
significativa, no processo de obtenção de informações, provoca modificações em
ideias que estão presentes na estrutura cognitiva. Sendo assim vamos mencionar
os três tipos três aprendizagem receptiva significativa:
Aprendizagem representacional (significado de palavras ou símbolos
unitários). Ocorre ao estabelecer uma equivalência de significado entre
os símbolos arbitrários e seus correspondentes referentes (objetos,
exemplos, conceitos), que passam, então, a remeter o aluno ao mesmo
significado.
42
Aprendizagem de conceitos. Nessa aprendizagem, os atributos
essenciais segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 47) “são
adquiridos por meio de experiência direta e através de estágios
sucessivos de formulação de hipóteses, teste ou generalização”.
Aprendizagem proposicional (significado de ideias expressas por grupos
de palavras combinadas em proposições ou sentenças) pode ser:
subordinativa ou superordenada ou combinatória. Citaremos a definição
de Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 33):
A aprendizagem subordinativa ocorre quando uma proposição
“logicamente” significativa de uma determinada disciplina
(plausível, mas não necessariamente válida lógica ou
empiricamente, no sentido filosófico) é relacionada
significativamente a determinadas proposições superordenadas
(ou sobreordenadas) na estrutura cognitiva do aluno. Esta
aprendizagem pode ser derivativa se o material de aprendizagem
simplesmente exemplifica ou reforça a ideia já existente na
estrutura cognitiva. É chamada de correlativa se for uma
extensão, elaboração, modificação, ou qualificação de
proposições anteriormente adquiridas.
A aprendizagem proposicional superordenada (ou sobreordenada)
ocorre quando uma nova proposição pode ser relacionada a
determinadas ideias subordinadas na estrutura cognitiva existente;
mas é relacionável a um conjunto amplo de ideias geralmente
relevantes que podem ser subordinadas a elas. Finalmente, a
aprendizagem proposicional combinatória refere-se aos casos em
que uma proposição potencialmente significativa não pode ser
relacionada às ideias superordenadas nem às subordinativas na
estrutura cognitiva do aluno, mas é relacionável a um conjunto de
conteúdos relevantes a essa estrutura.
Segundo os autores, a aprendizagem subordinativa, superordenada e a
combinatória são processos cognitivos. Vamos citar outra explicação que
Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 57) descrevem sobre aprendizagem
subordinativa, superordenada e a combinatória:
43
1- Aprendizagem Subordinativa:
1.a. Subordinação derivativa
Nesta aprendizagem, a informação nova (d) está ligada à ideia
superordenada (D) e representa outro exemplo ou extensão de D. Os atributos
essenciais do conceito D não sofreram modificações, mas os novos exemplos são
considerados relevantes.
1.b. Subordinação correlativa
A Aprendizagem Subordinativa Correlativa, a nova informação (c) está
ligada à ideia (C), mas não é uma extensão, modificação ou quantificação de C.
Os atributos essenciais do conceito subordinativo podem ser ampliados ou
modificados com a nova subordinação correlativa.
2- Aprendizagem Superordenada:
Nesta aprendizagem superordenada, as ideias que já estão presentes na
estrutura cognitiva do aluno são consideradas como exemplos mais específicos
da nova ideia de A e passam a associar-se a A. A ideia superordenada A é
definida por um novo conjunto de atributos essenciais que abrange as ideias
subordinativas.
3- Aprendizagem Combinatória:
Quando ocorre aprendizagem combinatória, a nova ideia A é vista como
relacionada às ideias existentes X, Y e Z, mas não é mais abrangente nem mais
específica do que as ideias X, Y e Z. Portanto, considera-se que a nova ideia A
tem alguns atributos em comum com as ideias preexistentes.
44
1.2.1 Algumas Particularidades dos Três Tipos de Aprendizagem Receptiva
Significativas
Quanto se trata de aprendizagem representacional, temos que levar em
consideração o desenvolvimento da capacidade de uma criança para a
aprendizagem, ou seja, qual o significado que as palavras isoladas representam
para uma criança? Assim, citamos um exemplo em que Ausubel, Novak e
Hanesian (1980, p. 39) destacam:
“Por exemplo, quando a criança aprende pela primeira vez que o
significado da palavra “cachorro”, o objetivo é que o som da
palavra (que é potencialmente significativo, mas que ainda não
possui significado para a criança) represente, ou seja, equivalente
a um objeto-cachorro particular que está sendo percebido naquele
momento e, portanto, significa a mesma coisa (uma imagem
desse objeto-cachorro) que o objeto propriamente dito”.
Os elaboradores (1980, p. 47) apresentam que:
O tipo de processo cognitivo significativo envolvido na
aprendizagem representacional é nitidamente básico e
responsável pela aprendizagem de estruturas significativas em
qualquer sistema simbólico. Além disso, é somente na medida em
que o significado de palavras isoladas pode ser aprendido dessa
forma que, através da combinação de tais significados, torna-se
possível gerar verbalmente conceitos e proposições que, por sua
própria natureza, são menos arbitrários e consequentemente
podem ser adquiridos de forma mais significativa.
Conforme esclarecem os autores (1980, p. 33), a aprendizagem
representacional é significativa:
porque as proposições da equivalência representacional podem
ser relacionadas (de forma não arbitrária), enquanto exemplos, a
uma generalização presente na estrutura cognitiva de quase todas
as pessoas, em torno do primeiro ano de vida – tudo tem um
nome e o nome significa aquilo que seu referente significa para
uma determinada pessoa.
A aprendizagem de conceitos é um caso particular de aprendizagem
representacional, ou seja, o conceito definido por Ausubel, Novak e Hanesian
(1980, p. 47): “são objetos eventos, situações ou propriedades que possuem
45
atributos essenciais comuns que são designados por algum signo ou símbolo”. Os
autores descrevem que existem dois métodos de aprendizagem de conceito:
(1) formação de conceito, que ocorre primordialmente em crianças
em idade pré-escola; (2) assimilação de conceito, que é a forma
dominante de aprendizagem de conceito em crianças em idade
escolar e adultos.
Os autores expõem que, na formação de um conceito, as características
principais advêm de experiência direta e de estágios sucessivos de formulação de
hipóteses, teste ou generalização. Eles afirmam que, com o aumento do
vocabulário, os novos conceitos surgem pelo processo de assimilação de
conceitos.
Ao fazer uma referência sobre assimilação de conceitos Ausubel, Novak e
Hanesian (1980, p. 82) citam: [...] “assimilação de conceito é, em geral,
caracterizada por um processo ativo de relação, diferenciação e integração com
os conceitos relevantes existentes”.
Segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 82), aprender um conceito:
“depende, em alguma medida, das propriedades da estrutura cognitiva existente e
do estado geral do desenvolvimento e capacidade intelectual do aluno, tanto da
natureza do conceito propriamente dito e da forma pela qual é apresentado”.
Na obtenção de aprendizagem proposicional Ausubel, Novak e Hanesian
(1980, p. 48) descrevem:
[...] a tarefa da aprendizagem, ou uma proposição potencialmente
significativa, consiste de uma ideia composta expressa
verbalmente numa sentença contendo tanto um sentido denotativo
como um conotativo e as funções sintáticas e relações entre
palavras. O conteúdo cognitivo diferenciado resultante do
processo de aprendizagem significativa, e constituindo seu
significado, é um produto interacional da maneira particular pela
qual o conteúdo da nova proposição é relacionado ao conteúdo de
ideias relevantes estabelecidas na estrutura cognitiva.
Os autores descrevem que, quando se relaciona a informação de um
conteúdo a outro elemento que já existe na estrutura cognitiva, a isso se chama
de aprendizagem subordinada. Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 49)
argumentam que: “Isso implica a subordinação de proposições potencialmente
46
significativas a ideias mais gerais e abrangentes na estrutura cognitiva existente,
e isto, por sua vez, resulta na organização hierárquica da estrutura cognitiva”.
Consideramos, também, que na relação superordenada ao aprender uma
nova proposição, esta será a origem de várias outras ideias. Citando palavras dos
autores, quando a aprendizagem significativa de proposições novas não
apresentar particularidades com a relação subordinativa e superordenada que já
estão na estrutura cognitiva, ou seja, quando não podem condicionar novas
ideias, estará originando um significado combinatório.
1.3 Aprendizagem por Descoberta
Quando se trata de uma aprendizagem por descoberta, Ausubel, Novak e
Hanesian (1980) afirmam que esta se enquadra na aprendizagem proposicional.
Segundo os autores (1980, p. 51), a diferença principal entre aprendizagem
proposicional, considerada, por um lado, como aprendizagem receptiva e, por
outro lado, como situação de aprendizagem por descoberta seria assim analisada:
Se o conteúdo principal do material a ser aprendido vai ser
apresentado ao aluno, ou pode ser descoberto por ele. Na
aprendizagem receptiva esse conteúdo é apresentado sob a
forma de uma proposição que não exige raciocínio e que
necessita apenas ser compreendida ou memorizada. Na
aprendizagem por descoberta, por sua vez, o aluno deve
primeiramente descobrir este conteúdo através de produção de
proposições que representem ou a solução para problemas
sugeridos ou a sequência de etapas para a sua solução.
Outro aspecto citado por Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 21) sobre a
primeira fase da aprendizagem por descoberta, diz que:
O aluno deve reagrupar informações, integrá-las à estrutura
cognitiva existente e reorganizar a combinação integrada, de tal
forma que dê origem ao produto final desejado ou à descoberta.
Ausubel e seus colaboradores explicam que a característica essencial da
aprendizagem por descoberta, seja a formação de conceitos ou a solução
47
automática do problema, estabelece que o conteúdo a ser aprendido pelo
educando não é exposto; este será descoberto pelo aluno, antes que possa ser
significativamente incorporado à sua estrutura cognitiva.
1.4 Processos que surgem no percurso da Aprendizagem
Significativa
Podemos entender que, dentro da Teoria da Aprendizagem Significativa,
uma nova informação que está relacionada ao conteúdo ou proposição sofre
modificações. O autor relata que esse processo de inclusão, que ocorre uma ou
mais vezes, determina a diferenciação progressiva do conceito ou da proposição
que engloba novas informações.
Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 104) defendem que:
Na aprendizagem sobreordenada ou combinatória, as ideias
estabelecidas na estrutura cognitiva podem tornar-se
reconhecíveis enquanto relacionadas, no curso da nova
aprendizagem. Consequentemente, adquire-se a nova informação
e os elementos existentes da estrutura cognitiva podem assumir
uma nova organização e, portanto, novo significado. Esta
recombinação dos elementos existentes na estrutura cognitiva
denomina-se reconciliação integradora.
Os autores exemplificam, comparando o tomate e a ervilha que os alunos
ordenam como vegetais, mas em biologia são classificados como frutos.
Somente para uma maior compreensão, citaremos as definições sobre
Reconciliação Integrativa e Diferenciação progressiva, segundo Ausubel e seus
colaboradores (1980, p. 523 e p. 526):
Diferenciação progressiva: parte do processo da aprendizagem
significativa, da retenção e da organização que resulta numa
elaboração hierárquica anterior de conceitos ou proposições na
estrutura cognitiva do “topo para baixo”.
Reconciliação integrativa; parte do processo da aprendizagem
significativa que resulta na delineação explícita de semelhanças e
diferenças entre ideias relacionadas.
48
Com base nos esclarecimentos relacionados aos processos da
aprendizagem significativa, interpretamos que é mais fácil construir o
conhecimento, quando uma ideia mais geral e inclusiva da disciplina é
apresentada em primeiro lugar.
1.5 O papel dos Organizadores Prévios
Muitas vezes pensamos: O que fazer para introduzir um conteúdo, sabendo
que os nossos alunos não possuem ancoragem para um novo conhecimento?
Para responder a esta questão, temos suporte nas ideias de Ausubel, Novak e
Hanesian (1980), que relatam a principal estratégia para manipular a estrutura
cognitiva e assim facilitar introdução de novas ideias: o uso de “organizadores
prévios”. Esses organizadores aparecem, em primeira instância, antes do próprio
material de aprendizagem, com o objetivo de facilitar o estabelecimento de uma
disposição significativa para a aprendizagem.
Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 143) especificam que:
Com o objetivo de funcionar para uma variedade de aprendizes,
cada qual com uma estrutura cognitiva um tanto idiossincrática, e
de fornecer ideias de esteio num nível superordenado, os
organizadores são apresentados num nível de abstração mais
elevado, maior generalidade e inclusividade, do que o novo
material a ser aprendido.
Colocando mais um conceito dos autores (1980, p. 144) em relação à
função dos organizadores:
A função do organizador é oferecer uma armação para a
incorporação estável e retenção do material mais detalhado e
diferenciado que se segue no texto a aprender. Outra função é
aumentar a discriminalidade entre este último material e ideias
similares ou ostensivamente conflitantes na estrutura cognitiva.
Assim sendo, o principal objetivo dos organizadores prévios é manipular as
ideias pré-existentes na estrutura cognitiva do aluno de tal forma que o novo
material tenha sentido para ele.
49
1.6 As Possibilidades para uma Programação Facilitadora
Pedagógica na lntrodução do Conteúdo
Ao nos apropriarmos da teoria ausubeliana, relatamos os facilitadores
pedagógicos que auxiliam a apresentação de uma nova informação. Neste caso
eles estariam dispostos das seguintes maneiras:
(1) Diferenciação progressiva. Os assuntos são planejados no primeiro
momento de ideias mais gerais e mais inclusivas. Ausubel, Novak e
Hanesian (1980, p. 159) alegam que:
Uma maneira mais explícita de apresentar a mesma proposição é
afirmar que as novas ideias e informações são aprendidas e
retidas mais eficientemente quando ideias mais inclusivas e
especificamente relevantes já estão disponíveis na estrutura
cognitiva para desempenhar um papel subordinador ou para
oferecer esteios ideacionais. Os organizadores, naturalmente,
exemplificam o princípio da diferenciação progressiva e
preenchem esta função em relação a qualquer tópico ou subtópico
com o qual são usados.
(2) Reconciliação integrativa. Ocorre uma reorganização na estrutura
cognitiva.
(3) Organização Sequencial. Os autores declaram que, sempre que for
possível, a relevância da ordem dos tópicos terá importância, pois
algumas vezes a compreensão de um determinado tópico é
estabelecida por outro tópico anterior. Sendo assim, esta variável é
decisiva na aprendizagem sequencial. Para Ausubel, Novak, Hanesian
(1980, p. 164): “A organização sequencial das tarefas de aprendizagem
se apoia, em parte no efeito facilitador geral da disponibilidade das
ideias de esteio relevantes na estrutura cognitiva sobre a aprendizagem
significativa e a retenção”.
(4) Consolidação. Os mesmos autores (1980) expõem que uma nova
informação somente deveria ser dada após averiguar, se todas as
etapas prévias tivessem sido dominadas pelo aluno. Referindo-se à
consolidação Ausubel e seus colaboradores (1980, p. 165): “A
consolidação, naturalmente, se obtém mediante a confirmação,
50
correção, clarificação, prática diferencial e revisão no decurso da
exposição repetida, com retroalimentação, ao material de
aprendizagem”.
1.7 Fatores que também Influenciam a Aprendizagem
Os autores também procuram descrever a existência de fatores que
influenciam a aprendizagem, que classificaram em categorias cognitivas e afetivo-
sociais. As categorias cognitivas incluem os fatores intelectuais relativamente
objetivos e as afetivo-sociais incluem os determinantes subjetivos e interpessoais
(fatores internos do aluno) da aprendizagem. A primeira categoria considera as
variáveis da estrutura cognitiva, o desenvolvimento do estágio do funcionamento
intelectual, o êxito para o aluno aprender as matérias para as quais depende de
algumas aptidões e a prática e os instrumentos de ensino. A segunda categoria
está envolvida com as variáveis motivacionais e atitudinais (vontade de saber,
envolvimento do ego, atenção, persistência, concentração), fatores da
personalidade, fatores sociais e grupais, e características do professor.
Podemos citar um trecho na qual Ausubel, Novak, Hanesian (1980, p. 26)
descrevem sobre as variáveis que podem influenciar no processo de
aprendizagem escolar:
A aprendizagem escolar não se dá num vácuo social, mas
somente em relação a outros indivíduos que geram reações
emocionais pessoais, ou serve como representações impessoais
da cultura. Durante o curso do desenvolvimento da personalidade,
o individuo adquire também uma orientação motivacional
característica para a aprendizagem. Isto afeta não somente o
modo de aquisição de novos valores pessoais, mas também a
amplitude, profundidade e eficácia do processo de aprendizagem.
Todavia, para fins de análise teórica ou investigação empírica,
grupos de fatores podem variar sistematicamente.
51
Ausubel, Novak e Hanesian (1980) declaram que os fatores cognitivos
influenciam na aprendizagem, mas que podem ser manipulados de diversas
maneiras práticas, procurando facilitar a aprendizagem em sala de aula. Neste
caso, estamos fazendo referência às áreas da teoria de ensino e da metodologia.
Mas, eles procuram mostrar que as características motivacionais de
personalidade, de grupos sociais e do professor têm uma relativa importância na
aprendizagem escolar.
Ausubel, Novak, Hanesian (1980, p. 331) salientam que:
A motivação, embora não indispensável à aprendizagem limitada
a curto prazo, é absolutamente necessária para o tipo de
aprendizagem continuada envolvida na tarefa de dominar o tema
de uma dada disciplina. Seus efeitos são amplamente mediados
através de variáveis intervenientes tais como focalização da
atenção, persistência e crescente tolerância à frustração.
Os autores afirmam que, apesar de a motivação ter um peso considerável,
por facilitar a aprendizagem, ela não é uma condição indispensável, considerando
que, à medida que as crianças vão crescendo, a aprendizagem se torna menos
trabalhosa, devido ao desenvolvimento da capacidade cognitiva. Os autores
fazem a colocação de que a motivação tem relevância para a aprendizagem de
recepção significativa (particularmente em bases não organizadas a curto prazo).
Ausubel e seus colaboradores consideram três componentes na situação
escolar relacionados com a motivação:
O primeiro componente é o “impulso cognitivo” (o desejo de
conhecimento, de saber e compreender de formular e resolver
problemas) seria o mais importante tipo de motivação dentro de uma
aprendizagem significativa. Esse componente, possivelmente, deriva de
tendências de curiosidade e com predisposição a elas relacionada para
explorar, manipular e compreender. Sendo assim, os fatores
motivacionais e de atitudes ativam os campos de aprendizagem. Este
componente está ligado à “orientação para a tarefa”.
52
O segundo componente, denominado “engrandecimento do ego”, tem
como característica o interesse no status conquistado. Seria a forma
como o individuo se sente (autoestima), tendo envolvimento relacionado
com a obtenção de realização ou prestigio acadêmicos. Podemos
esclarecer que a aprovação dos professores é uma fonte para alimentar
o “engrandecimento do ego”.
O terceiro componente é o “afiliativo” e está orientado para a realização,
na qual o individuo garante a aceitação de determinada pessoa ou um
grupo com quem se identifica e com o qual tenha alguma dependência.
Enfatizamos que esse componente não é determinado pelo nível de
realização, mas pelo nível de aceitação. O impulso afiliativo tem
predominância na infância, pois está baseado na dependência dos pais
e na sua aceitação. Nesta fase, como a realização acadêmica possui
uma reflexão da expectativa dos pais, os indivíduos lutam para ter a
aprovação de seus genitores. Portanto, quando surge a ameaça da
retirada dessa aprovação, com base em um desempenho desfavorável,
o individuo tende a trabalhar mais, para recuperar aquela aprovação.
Durante a fase final da infância e na adolescência, esse impulso afiliativo
vai decrescendo e o indivíduo estará voltado, agora, para os colegas da
mesma faixa etária.
Ausubel e seus colaboradores citam que os fatores cognitivos e os afetivos
têm uma responsabilidade sobre as atitudes positivas e negativas das pessoas. O
ponto é que a escola deverá transmitir aos alunos os valores principais que
envolvem a cultura, tais como a igualdade social de todas as pessoas
independente de sua raça, religião e origem étnica. A justificativa deve-se a que o
aluno tenderá a uma assimilação de valores, em que está delineado o
desenvolvimento para a motivação.
A atitude em relação à escola esta pautada com o “material” em relação ao
qual o aluno pode ter uma atitude favorável, estabelecendo ideias claras, estáveis
para atuar sobre o material novo.
53
Partindo de uma das orientações da motivação, na qual os pais aceitam e
valorizam a criança, ou seja, amando-a por si própria, essa criança adota uma
atitude de satélite em relação a eles. Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p.360)
descrevem: “Não fica, pois, na dependência de sua competência relativa ou
habilidade de desempenho para sentimentos de autoestima”. Tendo dessa forma,
um desejo de se destacar com um bom aproveitamento na escola, pois aceita os
valores dos pais de modo não crítico. Caso aconteça de uma forma desfavorável,
o aluno terá um sentimento de culpa e deslealdade, por isso incluirá o valor de
bom desempenho na escola.
Mas, quando a motivação de engrandecimento do ego é mais forte que a
motivação de afiliação, não tem sua base na lealdade pessoal para com os pais e
os professores. Essas crianças possuem uma ansiedade neurótica, vivendo uma
situação nada agradável, pois, ao fracassar, têm a sua autoestima deteriorada.
Isso poderá ocorrer, quando o aluno perceber que sua aprendizagem está
ameaçada, pois ele não consegue resolver um problema. Sua autoconfiança para
realizar novas tarefas fica abalada, resultando num desempenho desfavorável.
As variáveis de personalidade às quais Ausubel e seus colaboradores dão
relevância são: a orientação motivacional para a aprendizagem, o nível de
ansiedade, o dogmatismo, o autoritarismo, a tendência para o conformismo e o
ajustamento da personalidade.
Outro aspecto, que os autores procuram apontar, é o de que a
aprendizagem também está relacionada a fatores sociais e grupais. Ausubel,
Novak e Hanesian (1980) relatam que as variações sociais e grupais, devem ser
consideradas na aprendizagem escolar, pois, certamente, influenciam a
aprendizagem da matéria, dos valores e das atitudes. Esta influência que ocorre
na aprendizagem da matéria é largamente mediada por variáveis motivacionais.
Em citação dos autores (1980, p. 386)
Uma vez que a aprendizagem escolar tem lugar num contexto
social, os professores obviamente devem se preocupar com
fatores sociais e de grupo que colidem com o processo de
aprendizagem. Uma vez que os alunos são membros de um grupo
de sala de aula, sua motivação para aprender, as espécies de
motivações apresentadas e seu comportamento social, o
desenvolvimento de sua personalidade e os valores e atitudes que
54
aprendem são afetados por seu relacionamento com o professor e
com outros alunos.
Sendo assim, Ausubel, Novak e Hanesian (1980) descrevem que, em sala
de aula, existem muitas variações que podem influenciar na aprendizagem, tais
como: trabalhar com e na presença de indivíduos da mesma idade, cooperação e
competição, conformidade a normas de grupo, receptividade relativa a seus
semelhantes versus expectativas adultas, e clima emocional social da sala de
aula. Segundo os autores (1980), estes fatores exercem influência, indiretamente,
afetando o grau e o tipo de motivação dos alunos, danificando o grau e o tipo de
motivação para obter o conhecimento da matéria, e sua maneira de assimilar
normas e valores culturais.
1.8 Outros Teóricos descrevendo sobre Aprendizagem Significativa
Com os estudos realizados, enfatizamos que uma aprendizagem
construtiva necessita de um conteúdo que tenha um significado para que nossa
memória estabeleça uma ligação lógica e conceitual, no momento em que tiver
que ser ativada. Segundo Pozo, temos que formar uma “ideia” geral sobre o
conteúdo. Em citação sobre “ideia” o autor (2002, p. 126) descreve: “Essa ideia
deverá ser extraída de sua bagagem conceitual de conhecimentos prévios”.
O autor observa, e ainda, que:
Essa é a ideia central da aprendizagem construtiva: trata-se de
um processo em que o que aprendemos é o produto da
informação nova interpretada à luz de, ou a através do que, já
sabemos. Não se trata de reproduzir informação, mas de assimilá-
la ou integrá-la em conhecimentos anteriores. Somente assim
compreendemos e somente assim adquirimos novos significados
ou conceitos. De alguma forma, compreender é traduzir algo para
as próprias ideias ou palavras. Aprender significados é mudar
minhas ideias como consequência de sua interação com a nova
informação. (2002, p. 126).
55
Podemos citar uma passagem em que Coll (1994, p. 127) se refere à
distinção que Ausubel (1968; 1973) faz entre aprendizagem significativa e
aprendizagem repetitiva:
No contexto de uma tentativa de construir uma teoria da
aprendizagem escolar, concerne ao vínculo entre o novo material
de aprendizagem e os conhecimentos prévios do aluno: se o novo
material de aprendizagem relaciona-se de forma substantiva e não
cognoscitiva, estamos na presença de uma aprendizagem
significativa; se, pelo contrário, esta relação não se estabelece,
estamos na presença de uma aprendizagem memorística,
repetitiva ou mecânica.
Ao refletir sobre as citações acima referidas, entendemos que é preciso
atentar ao escolher situações de aprendizagem, pois estas têm que estabelecer
uma ponte para a introdução de uma nova informação nesse processo do
aprender.
Existem condições para gerar as aprendizagens construtivas, aplicadas a
uma concepção de entendimento que requer mais exigência do aluno.
Reproduzimos abaixo um quadro, encontrado em “Aprendizes e Mestres” (POZO,
2002, p. 127), baseado nas ideias de Ausubel, Novak e Hanesian (1978).
Observamos que o material utilizado, precisa ter uma estrutura cujo conceito e
vocabulário têm que se apresentar de um modo compreensível para o educando.
56
Figura 1. Condições da Aprendizagem Construtiva
Fonte: Pozo (2000, p. 127)
Pozo (2002, p. 62) salienta que, “Em geral, a aprendizagem construtiva
tende a produzir resultados mais estáveis ou duradouros, e, portanto, segundo
critérios estabelecidos, melhores aprendizagens”.
Sendo assim, o desejo do saber colabora para uma aprendizagem
construtiva, pois aluno estabelece um sentido ao que faz e para o que faz.
Pozo (2002, p. 60) descreve: “Para a Teoria construtivista, a ideia de partir
das aprendizagens anteriores é ainda mais central, já que a aprendizagem é
concebida, precisamente, como uma reestruturação dos conhecimentos e
comportamentos presentes no aprendiz”. Então, vamos nos atrever a conjecturar
que, se o aluno tiver um conceito estruturado sobre as ideias multiplicativas, por
exemplo, não sentirá muitas dificuldades para assimilar um novo conteúdo à
proporção, pois conseguirá associar e reconstruir este novo conceito.
Podemos considerar a descrição de Mauri (1996, p. 88): “A aprendizagem,
entendida como construção de conhecimento, pressupõe entender tanto sua
57
dimensão como produto quanto sua dimensão como processo, isto é, o caminho
pelo qual os alunos elaboram pessoalmente os conhecimentos”. Concordamos
com Mauri, pois os educadores devem estar cientes de que o aluno tem que estar
apto para fazer, pensar, compreender e continuar neste processo de
aprendizagem que é contínuo e possui um caráter pessoal. O aluno tem sua
própria construção e maneira de desenvolver a aquisição de seu conhecimento.
Sendo assim, entendemos que os conteúdos escolares, assimilados pelos
alunos estão vinculados a um processo de construção pessoal dos mesmos.
Outro ponto sobre aprendizagem citado por Solé e Coll (1996, p. 19):
A aprendizagem contribui para o desenvolvimento na medida em
que aprender não é copiar ou reproduzir a realidade. Para a
concepção construtivista, aprendemos quando somos capazes de
elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade
ou conteúdo que pretendemos aprender. Essa elaboração implica
aproximar-se de tal objeto ou conteúdo com a finalidade de
aprendê-lo; não se trata de uma aproximação vazia, a partir do
nada, mas a partir das experiências, interesses e conhecimentos
prévios que presumivelmente, possam dar conta da novidade.
Em nosso ponto de vista, é um desafio constante ensinar, porque o motivo
para processar um conhecimento de uma maneira significativa nunca termina,
pois dependerá, sempre, das condições que certas atividades para o aprendizado
são apresentadas; se o momento para esta tarefa é adequado; se ela traz
elementos que possam mobilizar aprendizagens anteriores para facilitar a
compreensão de um novo conteúdo. Percebemos que o sentido de aprender de
nossos alunos, tem que estar em função de critérios presentes em suas
experiências que os conduzirão ao caminho de um novo conhecimento.
Ao observarmos uma descrição de Pires (2000, p. 138):
A escola não pode, desse modo, deixar de considerar que
compreender é aprender o significado. Mais que isso, deve levar
em conta que aprender o significado de um objeto ou de um
acontecimento é vê-lo em suas relações com outros objetos ou
acontecimentos. Ou seja, os significados constituem feixes de
relações. Essas relações se articulam em teias, em redes,
construídas socialmente e individualmente, e estão em
permanente estado de atualização. Enfim, seja em nível individual
ou social, a ideia de conhecer assemelha-se à de enredar.
58
Entendemos que a educação escolar tem que promover uma
aprendizagem significativa na qual o aluno possa construir, transformar, ordenar,
ou seja, fazer um diagrama no qual se entrelacem as informações adquiridas
pelos aprendizes.
Com a necessidade de fazer um paralelo entre uma aprendizagem
memorística e uma aprendizagem significativa, por se tratar de um processo
importante na educação do aluno, iremos sintetizar estas duas aprendizagens em
nossa visão de pesquisadora.
1.8.1 Complementaridade entre Memorização e Significados
Segundo Coll et al. (2000), os conceitos estão relacionados com os
conhecimentos prévios que os alunos já adquiriram. Sendo assim, os conceitos
estão baseados na compreensão. Mas para a aquisição de dados e fatos existe o
enquadramento na memorização.
Coll et al. (2000, p. 27) relatam que:
Isso faz com que o ensino de fatos factuais possa ser feito sem
levar muito em conta os conhecimentos prévios; no entanto, o
ensino de conceitos somente será eficaz se partir dos
conhecimentos prévios dos alunos e conseguir ativá-los e vinculá-
los adequadamente com o material de aprendizagem.
Ao expor as diferenças entre essas duas aprendizagens, podemos
entender que a memorística está preocupada de uma forma quantitativa “sabe-se
ou não se sabe”, e que a significativa delineia “como se compreende”.
Reproduzimos um quadro, em que os autores apresentam um resumo das
diferenças existentes entre Aprendizagem de Fatos (Memorística) e
Aprendizagem de Conceitos (Significativa):
59
Quadro 1. Os fatos e os Conceitos como Conteúdos da Aprendizagem
Aprendizagem de fatos Aprendizagem de conceitos
Consiste em... Cópia literal Relação com conhecimentos
anteriores
É alcançada por... Repetição (aprendizagem
memorística)
Compreensão (aprendizagem
significativa)
É adquirida... De uma só vez Gradativamente
É esquecida Rapidamente sem revisão Mais lenta e gradativamente
Fonte: Coll et al. (2000, p. 27)
Verificamos, nesta síntese, que toda a compreensão com sentido caminha
de uma maneira gradativa; isto nos remete a entender que a cada momento de
estudo, temos um entendimento diferente sobre o que é ensinado. Sendo assim,
o conteúdo conceitual deverá ser abordado com uma relevância que o currículo
deve privilegiar.
Segundo Coll et al. (2000, p. 28), “os fatos e conceitos não diferem
somente na sua aprendizagem, mas também no seu esquecimento”. O autor
explica que algo visto sem entendimento, o conteúdo, ao ser abandonado acaba
caindo no esquecimento pelos alunos. Mas o assunto, abarcado no entendimento,
deixa um teor de qualidade, sendo mais fácil o resgate do tema quando solicitado.
De certa forma, os profissionais da educação sempre ficam em um dilema
“decorar” ou “não decorar”, mas selecionamos um parágrafo no qual Coll et al.
(2000, p. 29) trazem um ponto esclarecedor sobre esta dúvida [...] “a
aprendizagem factual e a aprendizagem conceitual não têm motivo para serem
incompatíveis, mas podem ser complementares”. Contudo não é fácil estabelecer
em que momento se deve memorizar.
Coll et al. (2000, p. 29) fazem referência ao assunto, em um trecho
interessante sobre o dilema memorizar ou não:
Da mesma forma, nas séries iniciais, os alunos devem aprender a
multiplicar, o que envolve uma aprendizagem dupla: uma
aprendizagem conceitual (compreender a multiplicação) e uma
aprendizagem de dados (memorizar a tabuada). Terá pouca
utilidade para a criança saber esta última se não compreender em
que consiste multiplicar; mas tampouco servirá de muito tal
60
compreensão se ignorar os resultados das operações
multiplicativas básicas. Assim, se uma criança compreende
(conceito) que quatro vezes cinco é igual a 4 x 5, mas ignora o
produto dessa operação (dado), deverá limitar-se a somar e não
multiplicar. O problema é determinar até que número a criança
deverá aprender a tabuada de multiplicar. A resposta deve ser
guiada por critérios pragmáticos. A aprendizagem de dados deve
restringir-se àqueles casos nos quais facilite uma posterior
compreensão ou ajude na utilização de procedimentos.
Os autores mencionam, ainda, que uma das dificuldades para diferenciar
Fatos e Conceitos depende das condições de aprendizagem, pois existirão
momentos em que a informação será adquirida como dado ou como conceito.
Eles exemplificam, mencionando a tabela periódica, que é um sistema conceitual,
mas que a grande maioria dos alunos acaba decorando, por não obter os
conceitos necessários para a compreensão dos dados ali organizados. Citamos a
reflexão de Coll et al. (2000, p. 30): “Quando as condições para a aprendizagem
significativa de conceitos não são cumpridas em uma situação escolar, os alunos,
ao invés de compreenderem, tendem a aprender literalmente a informação”.
Estando os conhecimentos prévios, como objeto de estudo deste trabalho,
ligados à aprendizagem significativa, vamos assinalar as suas características.
1.9 Características dos Conhecimentos Prévios
Na perspectiva de Teixeira e Sobral (2010, p. 669):
Os conhecimentos prévios podem ser considerados como produto
das concepções do mundo da criança, formuladas a partir das
interações que ela estabelece com o meio de forma sensorial,
afetiva e cognitiva, ou ainda, como resultado de crenças culturais
e que, na grande maioria das vezes, são de difícil substituição por
um novo conhecimento.
Sempre que aprendemos um tema novo, vamos buscar uma ideia que
poderá ser retirada dos conceitos assimilados anteriormente, ou seja, buscamos
os conhecimentos prévios que estão armazenados em nossa memória. Trata-se
da concepção fundamental da aprendizagem significativa: o fruto de um novo
61
conhecimento é entendido mediante aquilo que já se sabe. Citamos Coll et al.
(2000, p. 39):
[...] os conhecimento prévios dos alunos em cada uma dessas
áreas diferem não somente no conteúdo ao qual fazem referência,
mas também na sua natureza (alguns conhecimentos são mais
conceituais e outros mais procedimentais; uns mais descritivos e
outros mais explicativos; uns mais gerais e outros, mais
específicos, etc.). Além disso, esses fatores podem variar
segundo a idade e a instrução prévia dos alunos. Apesar da
diversidade, podemos tentar extrair alguns dos traços mais
característicos dos conhecimentos prévios dos alunos, embora
devamos entender que se trata de uma generalização limitada e
pouca precisa.
Outro aspecto especificado por Coll et al. (2000, p. 40):
Portanto, vemos que, se entendemos a aprendizagem de
conceitos com um processo baseado pelo menos parcialmente, na
mudança e na evolução dos conhecimentos prévios dos alunos, é
preciso saber como se formam esses conhecimentos prévios.
Assim sendo, enfatizaremos, segundo Coll et al. (2000, p. 39-40) as
características dos conhecimentos prévios:
Construções pessoais dos alunos, ou seja, os conhecimentos foram
elaborados de modo mais ou menos espontâneo na sua interação
cotidiana com o mundo;
São compartilhados por outras pessoas que proporcionam
conhecimento para decodificar os seus desejos, intenções e sentimentos
percebidos pelos alunos;
Bastante estáveis e resistentes à mudança os alunos, em sua
maioria, têm a sua intuição sobre algum tema e quando vão à escola e
aprendem de uma forma mais científica não modificam suas ideias;
Procuram a utilidade mais que a “verdade”, por exemplo, se um objeto
se movimenta tudo bem, não há necessidade de entender as
propriedades que o fazem movimentar-se;
62
Possuem coerência do ponto de vista do aluno, não do ponto de
vista cientifico. Na sala de aula, os conhecimentos são gerais,
enquanto que suas ideias e conhecimentos prévios são específicos.
Nesse caso, o aluno não consegue transferir este conhecimento escolar
para a sua realidade, como por exemplo, o arquét ipo, “peixes respiram,
portanto têm pulmões”;
Possuem um caráter implícito. São descobertos nas atividades ou
previsões dos alunos, constituindo teorias ou ideias “em ação”.
Sobre a origem de tipos de ideias ou concepções prévias que os alunos
adquirem, dizem Coll et al. (2000, p. 41):
Desde o predomínio do perceptivo, ou o uso de um raciocínio
causal simples, até a influência da cultura e da sociedade,
canalizada especialmente através da linguagem e dos meios de
comunicação, sem esquecer os efeitos indesejados do ensino
que, às vezes, não somente não modifica as ideias dos alunos,
mas, além disso, gera novas ideias cientificamente errôneas.
Verificamos que o nosso pensamento está em constante mudança, pois
existem informações que surgem de várias formas e vão sendo guardadas. Esses
registros precisam ser analisados e utilizados, a fim de que sejam agregados a
mudanças que auxiliem o bom funcionamento dos processos de aprendizagem.
Citado em Pozo (2002, p. 130) sobre conhecimentos prévios:
Esses conhecimentos prévios são, em sua imensa maioria, se não
em sua totalidade, resultado de aprendizagens anteriores,
abarcando toda a gama de aprendizagens sejam elas:
Aprendizagem de fatos e comportamentos; Aprendizagem Social;
Aprendizagem Verbal e Conceitual; Aprendizagem de
Procedimentos. A maior parte desses conhecimentos prévios tem
uma natureza implícita, mais que explicita (POZO et al.,1991,
1992: RODRIGO, 1994b).
Com o destaque selecionado acima sobre conhecimentos prévios,
sintetizamos as aprendizagens citadas pelo autor:
63
Aprendizagem de fatos e Comportamentos: a aprendizagem de fatos
é elementar, ancestral, uma habilidade cognitiva muito antiga. Segundo
Pozo (2000), essa aprendizagem baseia-se em associar fatos, permite
que o aprendiz antecipe certas situações a partir de estímulos que
costumam antecedê-los. O autor cita um exemplo, desse tipo de
aprendizagem: aprender a nos emocionar é outra resultante de associar
fatos (o aluno antecipa ansiedade frente ao exame, quando o coração
dispara ao ver o professor entrar na sala carregando as provas); a
aprendizagem de comportamento baseia-se em quatro variedades de
condicionamento instrumental: recompensa quando o comportamento
aumenta a probabilidade de obter um prêmio (se a criança come toda a
sopa, lhe contamos uma história antes de dormir), castigo (ex: avançar o
sinal causa multa de 500 reais), omissão (ex: se a criança vira o prato de
sopa fica sem história antes de dormir) e finalmente a aprendizagem de
evitação aumentará a probabilidade de que efetuemos os
comportamentos que impedem ou terminam um castigo.
O autor descreve sobre aprendizagem de comportamento mencionando,
que o aluno deve interiorizar: sua autoestima, além, de considerar seus esforços
para aprender.
Aprendizagem Social todas as aprendizagens são sociais ou
culturalmente mediadas, pois estão inseridas nas relações familiares, na
escola, no ambiente de trabalho e profissionais. Segundo Pozo (2002), a
forma mais simples da aprendizagem social é, possivelmente, a
aquisição de habilidades sociais. Exemplos: solicitar um favor; integrar-
se num grupo de iguais.
Habilidades Sociais são adquiridas de modo implícito. Ao estarmos em
sociedade, temos modelos (pais, professores, personagens célebres e outros)
dos quais adquirimos habilidades sociais e nos espelhamos nelas;
64
Aprendizagem de Atitudes exemplificando dentro do contexto escolar,
citando Coll et al. (2000, p. 148) “Assim, um aluno pode considerar que o
seu papel o obriga a obter boas qualificações, mas não a mostrar-se
participativo em aula ou a procurar manter uma relação de cooperação
com seus colegas”. Na visão do autor, mais importante do que o papel
do aluno está em sua responsabilidade. Pois, se ele argumentar que
está na escola por obrigação, o que está dizendo, é que este o libera de
toda responsabilidade pelo seu rendimento e pelas qualificações que
venha a obter.
Não poderíamos deixar de enfatizar que um clima afetivo nas aulas traz
uma interação professor-aluno que favorece um bom relacionamento e a
consequência é adquirir o gosto pela Matemática, por exemplo.
Aprendizagem Verbal e Conceitual segundo Pozo (2002, p. 205):
“Quase todas as nossas aprendizagens, sejam mais ou menos
explícitas, ou mais ou menos sociais, costumam implicar também a
aquisição de informação, que, na maior parte dos casos, é de natureza
verbal”. A informação verbal possui as seguintes características: incide
em uma cópia literal; estudo por repetição; adquire-se de uma vez;
avalia-se tudo ou nada; esquece-se rapidamente sem repetição. Quanto
à aprendizagem de conceitos, o autor, afirma que os conceitos são
aprendidos relacionando-os com os conhecimentos prévios que cada um
possui.
Pozo (2002, p. 210) cita as particularidades da aprendizagem conceitual:
relação com conhecimentos anteriores; aprende-se por compreensão
(aprendizagem significativa); adquire-se gradualmente; avalia-se por muitos níveis
intermediários; esquece-se mais lenta e gradualmente.
Aprendizagem de Procedimentos descreve Pozo (2002, p. 228): “Os
procedimentos se diferenciam do conhecimento verbal, pois implicam
saber fazer algo, não apenas dizê-lo ou compreendê-lo”. Segundo Coll
et al. (2000, p. 77) “O conjunto de ações ou decisões que compõem a
65
elaboração ou a participação é o que chamamos de procedimento”.
Citando Coll et al. (2000, p. 77), “Trabalhar os procedimentos significa,
então, revelar a capacidade de saber fazer, de saber agir de maneira eficaz”.
A partir de estudos realizados nesta pesquisa sobre a Aprendizagem
Significativa, compreendemos que essa aprendizagem é adquirida por meio de
conhecimentos que são individuais e possui um intercâmbio com o meio físico e
social. Ausubel e seus colaboradores (1980) relatam que o aluno tem um papel
ativo e criativo o processo dessa aprendizagem; com esse sentido, obter o
conhecimento também é de sua responsabilidade. Espera-se que o estudante se
esforce para assimilar os novos conhecimentos.
Nessa perspectiva, não poderíamos deixar de ressaltar que o conteúdo
significativo tem início na sua exposição, ou seja, na aprendizagem receptiva
verbal. Segundo os autores (1980), essa aprendizagem ocorre, quando o
conteúdo verbal potencialmente significativo é relacionado e incorporado pela
estrutura cognitiva, por meio de produção de um conteúdo cognitivo novo e
diferenciado.
Já que o desenvolvimento humano não se situa no vazio, mas dentro de
um contexto, existe a necessidade de ampliar a nossa compreensão sobre
algumas dimensões do conteúdo, para entender o que ocorre com a
aprendizagem na escola.
1.10 A abordagem do Conteúdo numa Perspectiva, Conceitual,
Procedimental e Atitudinal
Para a abertura deste subtítulo selecionamos a descrição de Pires (2000,
p. 58) com relação a uma das mudanças na área de Matemática, que constam
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1988):
66
Um aspecto inovador diz respeito à necessidade de explorar os
conteúdos não apenas em sua dimensão conceitual (saber o
conceito de adição, de fração...), mas também na dimensão de
procedimentos (saber fazer uma estimativa, a medição de um
comprimento, o traçado de uma reta paralela...) e de
desenvolvimento de atitudes (ser perseverante na busca de
soluções, ter espírito de colaboração etc.) Procedimentos e
atitudes são interpretados como “conteúdos” que precisam ser
trabalhados de forma sistemática em sala de aula.
É significativo fazer algumas considerações com referência aos conteúdos
escolares. O que sempre ocorre é uma importância, com certo grau de excesso,
envolvendo o tipo de conteúdo relativo a fatos e conceitos. Assim sendo, tem que
haver uma proporcionalidade em considerar os outros tipos de conteúdos (os
procedimentos e as atitudes). Este pensamento está em concordância com relato
de Coll et al. (2000, p. 15):
Tudo ocorre acreditando-se implicitamente que, ao contrário do
que acontece com os fatos e conceitos, os alunos possam
aprender os procedimentos e os valores, as atitudes e as normas
por si mesmos, sem necessidade de uma ajuda pedagógica
planejada. Tal crença, nem é preciso dizer, carece totalmente de
justificativa teórica e de apoio empírico. Com a diferenciação e a
inclusão dos três tipos de conteúdos nas propostas curriculares,
pretende-se combater essa falsa crença.
Isto nos traz uma conscientização de que, para construir o conhecimento
escolar, tem que haver o apoio do profissional do ensino, não só quando se trata
de fatos e conceitos, mas também com relação aos procedimentos e atitudes. O
educador tem que procurar trabalhar os diversos tipos de conteúdos. Segundo
Zabala (1996), as ideias que envolvem a aprendizagem significativa, os vários
conteúdos, têm a necessidade de ser desenvolvidos de forma que se entrelacem,
constituindo uma grande conexão entre eles. Portanto, faremos algumas
pontuações sobre estes três tipos de conteúdos, já que poderão auxiliar nos
processos de análises de nosso trabalho.
67
1.10.1 Conteúdo de Fatos e Conceitos
Coll et al. (2000) relatam que todo conhecimento em qualquer área
(científica ou da vida diária), requer informação. Estas informações consistem em
dados ou em fatos representados algumas vezes por datas, nomes, símbolos.
Coll et al. (2000, p. 20) afirmam: “o que caracteriza a aprendizagem de fatos ou
dados é que eles devem ser lembrados ou devem se reconhecidos de modo
literal”.
Quando entendemos, por estabelecermos relações significativas sobre um
determinado conceito com outros conceitos, estamos trabalhando uma
aprendizagem conceitual. É claro que ambos os conteúdos fazem parte do nosso
conhecimento. Vejamos um quadro em que estabelecemos algumas diferenças
entre Fatos e Conceitos, exposto por Coll et al. (2000):
Quadro 2. Diferenças entre Fatos e Conceitos sob o ponto de vista da Aprendizagem
Fatos Conceitos
Caráter Reprodutivo Relacionar (conceitos)
Processo Repetição Assimilação
Nível de entendimento Única vez Gradativa
Fonte: própria pesquisadora
Coll et al. (2000) explicam que, muitas vezes, existe uma confusão entre
conceitos e procedimentos, pois estes dois conteúdos acabam tendo um grau de
dependência bastante próximo. Essa dependência possui uma caracterização, em
vista de a utilização de um determinado procedimento já adquirido, induzir à
obtenção dos conceitos.
Assim sendo, podemos citar os verbos “conceituais” especificados por Coll
et al. (2000): descrever, conhecer, explicar, relacionar, lembrar, analisar, inferir,
interpretar, tirar conclusões, enumerar, resumir, entre outros.
Outra consideração citada por Coll et al. (2000, p. 91): “Os conteúdos
referentes a fatos, conceitos e princípios designam conjuntos de objetos,
68
acontecimentos e símbolos com características comuns ou definem relações
entre conceitos”.
1.10.2 Procedimental
Com relação aos conteúdos procedimentais, Coll et al. (2000, p. 92)
apontam que eles: “designam conjuntos de ações, de formas de agir e de chegar
a resolver as tarefas. Trata-se de conhecimentos referentes ao saber fazer coisas
(com as coisas ou sobre as coisas, as pessoas, a informação, as ideias, os
números, a natureza, os símbolos, os objetos, etc.)”.
O autor também seleciona os verbos “procedimentais” que seriam:
manejar, usar, construir, aplicar, coletar, observar, experimentar, elaborar,
simular, demonstrar, planejar, compor, avaliar, representar, entre outros.
Entendemos que a consequência dessa aprendizagem de conteúdo
procedimental significa às ações para solucionar problemas, atingir objetivos, e,
assim, obter novas aprendizagens.
1.10.3 Atitudinal
Começamos descrevendo a definição de atitudes por Coll et al. (2000, p.
122): “as atitudes como tendências ou disposições adquiridas e relativamente
duradouras a avaliar de um modo determinado um objeto, pessoa, acontecimento
ou situação e a atuar de acordo com essa avaliação”.
Para complementar o trabalho de formação do aluno, as atitudes e valores
têm a sua importância no conhecimento. Coll et al. (2000, p. 135-136) reportam:
Os novos currículos introduzem as atitudes como conteúdo
educacional concreto. E, da mesma forma que ocorre com os
conceitos e os procedimentos, os planos educacionais se referem
tanto ao ensino como à aprendizagem pelos alunos.
Como conteúdo de ensino, as atitudes, do mesmo modo que os
conceitos e os procedimentos, não constituem uma disciplina
separada, mas são partes integrantes de todas as matérias de
aprendizagem. Ou seja, em cada uma das matérias exige-se a
69
aprendizagem de uma série de atitudes que, em alguns casos,
serão comuns a todas as disciplinas – como, por exemplo, o
respeito pelo material, a participação em aula ou nas atividades
recreativas, a atitude de diálogo e debate, etc. – enquanto que em
outros serão específicas de uma matéria concreta – como, por
exemplo, o interesse pelas contribuições da ciência à sociedade.
Dentre os valores e atitudes, podemos enfatizar a iniciativa para buscar
informações, demonstrar responsabilidade, ter segurança ao argumentar suas
ideias, além de compreender que a Matemática procura trazer vários benefícios
ao aluno, inclusive subsídios para a sua leitura e interpretação da sua realidade e,
assim, auxiliá-lo com um preparo adequado para a sua introdução no universo do
trabalho e da informação. Além de tudo, podemos citar que a importância da
Matemática como uma disciplina acaba estimulando a formação geral dos alunos
quanto à capacidade de raciocinar, formular conjecturas, observar regularidades,
incentiva a curiosidade e o espírito de investigar entre outras.
Após termos tentado expor alguns pontos sobre Aprendizagem Significativa
envolvendo Ausubel e seus colaboradores, Pozo e Coll e o ponto de partida da
aprendizagem significativa, os conhecimentos prévios, reiteramos que a
orientação destes estudos está respaldada na Teoria de Ausubel, que tem na sua
ideia central a aprendizagem significativa, por isso o nosso trabalho permeia
atividades elaboradas possivelmente dentro de um contexto significativo para o
aluno.
70
71
Capítulo 2
AS ATIVIDADES PROPOSTAS
Neste capítulo, apresentamos as atividades propostas a João e Pedro ao
longo das 10 sessões de trabalho. Optamos por oferecer 10 situações-problema,
cada uma com objetivo de identificar certo tipo de conhecimento que envolvesse a
ideia de proporcionalidade. Procuramos usar contextos possivelmente familiares
aos alunos, para que o desconhecimento da situação não se tornasse um
possível impedimento para a realização da tarefa. Também buscamos formular as
questões de forma simples e com o uso de termos mais comuns.
As quatro primeiras situações foram inspiradas em propostas apresentadas
aos alunos dos anos iniciais, quando trabalham com problemas do campo
multiplicativo, em casos que envolvem a ideia de proporcionalidade.
As seis situações finais buscam aproximar-se das propostas que os
professores de 7º ano (antiga 6ª série) costumam oferecer a seus alunos, quando
tratam de razões e proporções, abordando grandezas diretamente ou
inversamente proporcionais. Para não estender demais as sessões realizadas
com os estudantes, não incluímos a análise de situações envolvendo grandezas
que não fossem diretamente ou inversamente proporcionais.
Como nosso propósito era mais o de identificar o raciocínio dos alunos ao
resolverem as situações e não seu domínio de estratégias de cálculo, buscamos
72
trabalhar com números que facilitassem o cálculo, podendo ser acionado o
cálculo mental para obter grande parte das respostas.
Passamos a apresentar as situações organizadas para a coleta de dados.
Situação 1
A primeira situação tratava de um problema do campo multiplicativo,
envolvendo a ideia de proporcionalidade. Sabendo o preço de 1 ingresso para
entrar no Horto, era preciso saber quanto seria pago por um grupo de 33 e outro
de 36 alunos. Sabendo que o aluguel de um ônibus para 36 passageiros custava
360 reais, era preciso saber o que aconteceria se esse valor fosse rateado entre
33 alunos. Esperava-se que os alunos respondessem algumas perguntas usando
o cálculo mental e outras, usando cálculo escrito. Os cálculos envolviam números
inteiros. A situação formulada está apresentada na sequência:
Situação 1 - Fazendo cálculos para uma excursão
Objetivo: identificar procedimentos de solução em situação que envolve a
análise, interpretação e solução de uma situação-problema do campo
multiplicativo com a ideia de proporcionalidade.
Fazendo cálculos para uma excursão
Algumas turmas do sétimo ano de uma escola decidiram fazer uma
excursão ao Horto. As primeiras providências foram marcar as datas, ver preço de
ingresso, ver o preço dos ônibus para levar os alunos da escola ao Horto e trazê-
los de volta.
73
Os alunos que irão à excursão são de duas turmas. Observe a tabela com
o número de alunos de cada turma:
Para entrar no Horto, cada estudante deve pagar R$ 5,00.
O aluguel de um ônibus para 36 passageiros custa R$ 360,00
Cada turma vai alugar 1 ônibus.
Agora, responda às perguntas.
a) Quanto será gasto com ingresso da turma da Professora Regina?
b) Quanto cada aluno da Professora Regina terá que pagar para o aluguel
do ônibus?
c) Cada um dos alunos da Professora Tereza vai gastar mais ou menos
que os da Professora Regina para alugar o ônibus? Por quê?
Situação 2
A segunda situação também explorava um problema do campo
multiplicativo, envolvendo a ideia de proporcionalidade. Nesse caso, era
apresentado em uma tabela, o preço de determinadas quantidades de mudas de
árvores, solicitando-se nas questões, que eles fizessem uma leitura de dados da
tabela, calculassem preços de quantidades não explicitadas na tabela e, também,
quantas mudas poderiam comprar com certa quantia em dinheiro. Esperava-se
que os alunos respondessem as perguntas usando o cálculo mental,
preferencialmente. Os cálculos envolviam números inteiros.
Situação 2 - Fazendo cálculos para o plantio de árvores
Objetivo: identificar procedimentos de solução em situação que envolve a
análise, interpretação e solução de uma situação-problema do campo
multiplicativo, com a ideia de proporcionalidade, a partir da leitura de dados
apresentados numa tabela.
74
Fazendo cálculos para o plantio de árvores
No Horto, as crianças ficaram sabendo que, num bairro da cidade de São
Paulo, a população organizou um movimento para plantar árvores nas ruas.
Fizeram uma campanha para arrecadar dinheiro e compraram as mudas. Veja a
tabela de preços das mudas vendidas no horto.
Responda às questões de acordo com a tabela:
a) Qual o preço de cada muda de árvores?
b) E de 6 mudas?
c) Quanto deve pagar quem comprar 12 mudas?
d) Quantas mudas podem ser compradas com R$ 150,00?
e) Quantas mudas podem ser compradas com R$ 6,00?
Situação 3
A terceira situação, mais uma vez explorava um problema do campo
multiplicativo, envolvendo a ideia de proporcionalidade. Desta vez, tratava-se de
escolher a situação mais vantajosa na compra de goiabas, um contexto frequente
nas situações de compra e venda do comércio. Os cálculos envolviam números
75
racionais na forma decimal. Esperava-se que os alunos usassem cálculo mental.
A situação formulada está apresentada na sequência.
Situação 3 - Fazendo cálculos na barraca de frutas
Objetivo: identificar procedimentos de solução em situação que envolve a
análise, interpretação e solução de uma situação-problema do campo
multiplicativo com a ideia de proporcionalidade.
Fazendo cálculos na barraca de frutas
Na saída do Horto, havia uma lanchonete e uma barraca de frutas. Na
barraca de frutas, estavam afixadas as placas:
O que você nota no preço de seis goiabas, comparando-o com o preço de
três? O que é mais vantajoso comprar? Por quê?
Situação 4
A quarta situação também explorava um problema do campo multiplicativo,
envolvendo a ideia de proporcionalidade. Desta vez, tratava-se de calcular o
gasto de um grupo hipotético de alunos numa lanchonete, conhecendo preços
unitários apresentados numa tabela. Os cálculos envolviam números racionais, na
forma decimal. Esperava-se que os alunos usassem cálculo mental. Nesta
atividade o aluno terá a possibilidade de encontrar soluções variadas. A situação
formulada está apresentada na sequência.
76
Situação 4 - Fazendo cálculos na lanchonete
Objetivo: identificar procedimentos de solução em situação que envolve a
análise, interpretação e solução de uma situação-problema do campo
multiplicativo com a ideia de proporcionalidade.
Fazendo cálculos na lanchonete
Alguns alunos foram à lanchonete. Um grupo sentou à mesa e pediu a
tabela de preços.
Eles pediram: 2 sanduíches de queijo, 3 sanduíches de atum e 4
sanduíches mistos. Pediram também 3 águas, 3 sucos de fruta e 3 refrigerantes.
a) Quanto pagaram pelos sanduíches de queijo?
b) E pelos sanduíches mistos?
c) E pelos sanduíches de atum?
d) Quanto pagaram pelos sucos de frutas?
e) E pelos refrigerantes?
f) E pelas águas?
g) André pediu um sanduíche misto e um suco de frutas. Ele gastou o
dobro do que gastou Camila. O que Camila deve ter pedido?
77
Situação 5
A quinta situação pretendia verificar como os alunos fazem para identificar
em situações-problema grandezas diretamente proporcionais como, por exemplo,
o tempo gasto para percorrer uma distância, mantendo-se a mesma velocidade,
Os cálculos envolviam números inteiros e alguns fracionamentos do tempo.
Esperava-se que os alunos usassem cálculo mental. A situação formulada está
apresentada na sequência.
Situação 5 - Fazendo cálculos para o ciclista
Objetivo: identificar procedimentos de solução de situações-problema que
incluem grandezas diretamente proporcionais, por meio de estratégias pessoais.
Fazendo cálculos para o ciclista
Na volta da excursão, os alunos foram para tomar um lanche, numa
lanchonete que fica bem na saída do horto. Lá, eles encontraram com um atleta
de ciclismo que estava treinando nessa estrada, para uma competição, saindo do
Marco Zero. Ele foi explicando:
Nas ruas e estradas paulistas, as placas indicativas da quilometragem
marcam a distância do Marco Zero, que fica na Praça da Sé, no centro de São
Paulo até esse local.
Se estivermos, por exemplo, no km 60 da Rodovia Bandeirantes, que liga
São Paulo a Campinas, isso da significa que estamos a 60 km da Praça da Sé.
78
Agora leia com atenção.
O atleta contou que, ao iniciar o treino, acionou o cronômetro e, durante o
trajeto, marcou o tempo gasto para cumprir determinados trechos da estrada.
Veja a tabela e resolva as questões:
Se o ciclista mantiver o mesmo ritmo de corrida (quer dizer, a mesma
velocidade) e as condições da estrada também permanecerem boas:
a) Quanto tempo levará para passar pelo marco 30 km?
b) Quanto tempo levará para passar pelo marco 60 km?
c) E para chegar ao marco que fica a 90 km de São Paulo?
d) Qual será a posição desse ciclista 1 hora e 30 minutos após sua partida?
e) E depois de 3 horas?
Situação 6
A sexta situação pretendia verificar como os alunos fazem para relacionar
duas grandezas como espaço percorrido e tempo gasto, traduzindo-a numa
grandeza derivada que é a velocidade. Os cálculos envolviam números inteiros e
alguns fracionamentos do tempo. Esperava-se que os alunos usassem cálculo
mental. A situação formulada está apresentada na sequência.
Situação 6 - Fazendo cálculos da velocidade do ônibus
Objetivo: identificar procedimentos de solução de situações-problema que
incluem grandezas diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais, por
meio de estratégias variadas.
79
Fazendo cálculos da velocidade do ônibus
Depois de ter conversado bastante com o ciclista Paulo, que é muito
curioso, fez várias perguntas ao motorista do ônibus.
a) Por que o motorista respondeu que “depende”?
b) Se ele levar 1 hora como previu, qual a velocidade média do ônibus
durante o percurso?
c) O que aconteceria se o motorista fizesse o percurso a 80 km por hora?
Aumentaria ou diminuiria o tempo?
d) E se, por causa do trânsito, ele desenvolvesse uma velocidade média de
50 km por hora? Aumentaria ou diminuiria o tempo?
Situação 7
A sétima situação pretendia verificar se e como os alunos fazem distinção
entre grandezas diretamente proporcionais como a quantidade de produtos
vendidos e o preço pago por eles e grandezas inversamente proporcionais como
o número de pintores que pintam uma dada metragem de parede e o tempo gasto
para fazê-lo. Os cálculos envolviam números inteiros e alguns fracionamentos do
tempo. Esperava-se que os alunos usassem cálculo mental. A situação formulada
está apresentada na sequência.
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Situação 7 - Fazendo cálculos na escola
Objetivo: identificar procedimentos de solução de situações problema que
incluem grandezas diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais, por
meio de estratégias variadas.
Fazendo cálculos na escola
No dia seguinte ao do passeio no Horto, na turma da Professora Regina
foram propostas as seguintes tarefas na aula de Matemática.
1) Na tabela abaixo, foram anotadas as quantidades vendidas e o valor
recebido pela venda de um mesmo produto. Mas alguns valores não
foram registrados. Preencha a tabela sabendo que o valor unitário do
produto se mantém independente da quantidade vendida.
2) Se um pintor demora, em média, 2 horas para pintar uma parede de 10
m2, qual o tempo gasto nas outras situações apresentadas na tabela?
81
Situação 8
A oitava situação pretendia verificar como os alunos resolveriam uma
situação-problema com grandezas diretamente proporcionais, novamente
envolvendo a quantidade de produtos vendidos e o preço pago por eles, desta
vez apresentados por meio de números racionais na forma decimal. Esperava-se
que os alunos usassem cálculo mental ou registros escritos. A situação formulada
está apresentada na sequência.
Situação 8 - Fazendo cálculos na escola
Objetivo: identificar procedimentos de solução de situações-problema que
incluem grandezas diretamente proporcionais, por meio de estratégias variadas.
Fazendo cálculos na escola
Na turma da Professora Tereza, foram propostas as seguintes tarefas na
aula de Matemática.
1) Seu Aquiles é dono da padaria da esquina. Ele faz a seguinte tabela
para indicar o preço a ser pago pela compra dos pãezinhos.
a) Qual o preço de 4 pãezinhos? E de 39?
b) Quantos pães são possíveis comprar com R$ 6,58? E com R$ 4,14?
82
Situação 9
A nona situação envolvia resolução de problemas, geralmente
apresentados em livros didáticos e em avaliações, com situações diversas de
exploração de grandezas diretamente proporcionais.
Situação 9 - Fazendo cálculos na escola
Objetivo: identificar procedimentos de solução de situações problema que
incluem grandezas diretamente proporcionais, por meio de estratégias variadas.
Fazendo cálculos na escola
Na turma da Professora Célia, foram propostas as seguintes tarefas:
1) Os cofres de Tiago e Miguel estavam vazios. Tiago começou hoje a
colocar 3 reais, diariamente e Miguel, 5 reais. Quando Tiago tiver 21
reais, quanto terá o Miguel?
2) Joana usou exatamente 15 latas de tinta para pintar 18 cadeiras.
Quantas cadeiras podem ser pintadas com 20 latas de tinta?
3) Dois bilhetes de ônibus intermunicipais custam 16 reais. Quanto custam
6 bilhetes? E 7?
4) Quinze alunos pintaram 35 m2 da parede do ginásio da escola. Sabendo
que cada aluno pinta a mesma área, quantos metros quadrados de
parede serão pintados no mesmo tempo por uma turma de 27 alunos?
Situação 10
A décima situação também envolvia resolução de problemas geralmente
apresentados em livros didáticos e em avaliações, com situações diversas de
exploração de grandezas diretamente proporcionais.
Situação 10 - Fazendo cálculos com Alice
Objetivo: identificar procedimentos de solução de situações-problema que
incluem grandezas diretamente proporcionais, por meio de estratégias variadas.
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Fazendo cálculos com Alice
1. Alice fez 36 salgados. Ela está em dúvida quanto às embalagens que vai
usar para guardá-los. Se escolher embalagens em que cabem 2
salgados, de quantas ela vai precisar? E se usar embalagens de três?
Para responder, preencha a tabela:
2. Alice fez um bolo para oito pessoas, e sua receita incluiu três xícaras (de
chá) de açúcar e seis ovos.
a) Se ela quiser fazer esse bolo para quatro pessoas, quantas xícaras
de açúcar e quantos ovos ela usará?
b) E se fizer para doze pessoas?
84
85
Capítulo 3
JOÃO E PEDRO: SUAS ATITUDES E PROCEDIMENTOS
Neste capitulo, apresentamos uma descrição e algumas análises
preliminares do que ocorreu ao longo das dez sessões, destacando nossas
observações relativas a atitudes e procedimentos de João e Pedro nos momentos
do desenvolvimento e da entrevista.
3.1 Análise de resultados da situação 1
Observação de atitudes
Ao entregar esta atividade aos alunos, pedimos que eles a resolvessem da
forma como soubessem e achassem melhor e que, não apenas colocassem os
resultados, mas também deixassem registrados no papel os cálculos realizados.
Observamos que:
João, no decorrer desta atividade, optou pelo silêncio, resolveu as
questões sem perguntar nada. Podemos afirmar que o aluno é participativo,
característica essa que fica comprovada em nossas discussões, pois o aluno
sempre esteve disposto a explicar o seu ponto de vista sobre as atividades
propostas. João demonstrou perseverança, quando realizou as tarefas,
procurando sempre resolver toda a atividade não deixando nenhuma questão sem
86
responder e revelando uma atitude positiva em relação à aprendizagem. Percebe-
se que João buscou estratégias mesmo não encontrando soluções adequadas.
Pedro também não fez nenhum questionamento sobre a atividade.
Procurou resolver sozinho; percebe-se nele uma concentração para realizar a
tarefa. Em seu protocolo, houve pouquíssimas explicações, ou seja, ele não
utilizou o registro para calcular, portanto, ele faz uso do cálculo mental para obter
os resultados. Citamos que, nesse dia, Pedro declarou não estar se sentindo
bem.
Observação de procedimentos
Itens a, b, c
Para responder a questão – “Quanto será o gasto com ingressos da turma
da Professora Regina”, João imediatamente passou a fazer o cálculo 36 x 5, por
meio da técnica operatória, mostrando usar a ideia de proporcionalidade do preço
de 5 ingressos em relação a 1 ingresso e, também, o domínio de fatos básicos e
de uma técnica operatória da multiplicação.
Figura 2. Protocolo da Situação 1-a de João
Pedro, ao responder – “Quanto será gasto com ingressos da turma da
Professora Regina?”, acaba se confundindo, pois responde: R$ 360,00, se 36
passageiros custam R$ 360,00. Neste caso não utiliza nenhuma descrição sobre
alguma técnica operatória em todo o seu protocolo. O item “b” escreve R$ 5,00.
No item “c” ele expressa: vai gastar a mesma coisa, porque não faz diferença.
Sua colocação sobre o item “d” faz a mesma referência do item anterior: vai
gastar a mesma coisa, porque não faz diferença.
87
Figura 3. Protocolo da Situação 1-a-b-c de Pedro
Ao questionar o aluno sobre a questão “a”, Pedro disse que inverteu as
respostas desta solução. Denota-se que Pedro neste dia, realmente não estava
muito bem e por isso não deu importância a esta atividade, em vista do que não
conseguimos obter um diálogo sobre as questões; decidimos, então, obter
informações no decorrer de nossas pesquisas. Mas em razão de sua resposta
relativa à questão “c”, pudemos notar que o aluno somente considerou uma única
variável o preço do ônibus para cada aluno, não considerou a quantidade de
alunos, na qual houve uma variação. Isto está qualificado em sua escrita: “vai
gastar a mesma coisa, porque não faz diferença”.
No caso da pergunta – “quanto cada aluno da Professora Regina terá que
pagar para o aluguel do ônibus?”, João escreveu R$ 10,00, obtendo esse
resultado por meio do cálculo mental e caracterizando o uso da ideia de
proporcionalidade no qual utiliza o valor unitário: se 36 têm que pagar 360 reais,
então 1 tem que pagar 10 reais.
Figura 4. Protocolo da Situação 1-b de João
Em relação à questão – “Cada um dos alunos da Professora Tereza vai
gastar mais ou menos que os da Professora Regina para alugar o ônibus? Por
quê?”, podíamos esperar que eles respondessem apenas que os alunos da
88
professora Tereza gastariam mais que os da professora Regina, porque eram
menos alunos a pagar a mesma quantidade.
João explica esse fato corretamente, o que seria suficiente. Mas registra o
cálculo 360: 33 e não o cálculo 360: 36, o que poderia ser usado por ele para
mostrar o que afirmava. No cálculo registrado, podemos observar que ele faz uso
de uma técnica operatória, embora não chegando ao resultado correto.
Figura 5. Protocolo da Situação 1-c de João
3.2 Análise de resultado da situação 2
Observação de atitudes
João, ao receber a atividade, faz uma leitura silenciosa, demonstra
interesse ao resolver a atividade e logo escreve sobre a sua solução. João é
bastante atento ao nosso pedido, pois faz uso da escrita para justificar os
procedimentos.
Pedro faz a leitura e logo começa a resolver as questões. Antes de
dialogar, percebemos que o aluno resolveu as questões com facilidade,
mostrando um bom desempenho.
89
Observação de procedimentos
Itens A, B, C, D (respostas de Pedro)
Pedro revela o mesmo pensamento de João respondendo: R$ 1,50 cada
muda, na tabela está escrito 1 muda corresponde a R$ 1,50. Traz consigo a
competência leitora, ao interpretar os dados apresentados na tabela.
Figura 6. Protocolo da Situação 2-a-b-c-d-e de Pedro
No registro do item b, – “E de 6 mudas?” Pedro escreve, 6 mudas = 9,00.
Em seu Registro, há existência de falhas: uma, em relação ao não colocar o cifrão
na frente de 9,00 e o outro relacionado ao sinal de igual (6 mudas = 9,00,
representação incorreta). Essa falha com relação ao significado do “sinal de igual”
ocorre outras vezes neste protocolo. Na questão c, – “Quanto deve pagar quem
comprar 12 mudas?”, Pedro, utiliza a operação de adição no caso possui uma
característica a decomposição, sendo representado por ele, 10 + 2 = 12, antes ele
registra “R$ 18,00, 10 mudas correspondem a R$ 15,00 e 2 mudas = R$ 3,00”.
Pedro tem o seu pensamento apoiado na tabela: já que 10 mudas correspondem
ao preço de R$ 15,00 e 2 mudas correspondem a R$ 3,00, ele adiciona 15,00
mais 3,00 resultando em R$ 18,00. Nesse momento, ele prefere utilizar a técnica
de adição, pois, segundo Pedro é mais fácil.
90
Na questão “d” – “Quantas mudas podem ser compradas com R$ 150,00?”,
Pedro responde:
100 mudas = R$ 150,00, 15,00 X 10 = 150,00, 10 X 10 = 100.
Pedro faz uso de seu raciocínio relacionado com o conteúdo, múltiplos de 10.
Em relação ao item e ”Quantas mudas podem ser compradas com R$ 6,00,
ele escreve: 4 mudas, 2 mudas = R$ 3,00
4 mudas = R$ 6,00 x 2
Na questão “e” quando Pedro simboliza “x 2”, conduz o seu raciocínio
relacionando com o “dobro” de um número. Nesta sua colocação estabelece a
relação de grandezas, dobrando o número de mudas também dobrara o preço,
indicando um pensamento proporcional que aparece em todas as resoluções das
questões apresentadas, cujas grandezas são diretamente proporcionais. Neste
processo de resolução, Pedro evidencia em suas estratégias as técnicas
operatórias envolvendo a adição e multiplicação. Não podemos deixar de
enfatizar que ele faz a utilização de sua habilidade em cálculo mental, pois em
seu protocolo não constam cálculos.
Item A
João, em relação à questão – “Qual o preço de cada muda de árvores?”,
escreve R$ 1,50 revelando sua competência para fazer uma leitura adequada dos
dados da atividade que estão contidos na tabela.
Figura 7. Protocolo da Situação 2-a de João
Item B
Voltando para os procedimentos de João, em relação ao item b “E de 6
mudas?” João, realiza sua interpretação de leitura tomando por base as
91
informações que aparecem na tabela, respondendo: R$ 9,00, pois o valor também
já esta na tabela.
Figura 8. Protocolo da Situação 2-b de João
Item C
Quanto à questão c – “Quanto deve pagar quem comprar 12 mudas?”,
João descreve qual a sua opção para solucionar este item, revelando que a
adição é o primeiro pensamento que surge para obter o resultado adequado.
Figura 9. Protocolo da Situação 2-c de João
Item D
Em relação ao “item d” desta situação: – “Quantas mudas podem ser
compradas com R$ 150,00?” João já sabe, mesmo antes de efetuar a divisão,
que aparece em seu protocolo que dez vezes 15 é cento e cinquenta. Neste caso,
João utiliza as técnicas operátorias da multiplicação somente para registrar o seu
pensamento, pois nesse momento, é a única técnica que tem proximidade de
seus conhecimentos e resulta em uma resposta apropriada para a sua resolução.
Deduzimos que João possui um pensamento pertinente à proporcionalidade. Ele
também mostra uma organização de pensamentos, quando relaciona o número
de mudas com o preço e faz relação com os múltiplos de 10.
Figura 10. Protocolo da Situação 2-d de João
92
João, ao solucionar o item “e” –“Quantas mudas podem ser compradas
com R$ 6,00?”, afirma por meio do processo multiplicativo, 4 mudas. A sua
explicação reside no fato de que se 2 mudas custam R$ 3,00, ou seja se o preço
dobra dobra-se, portanto, a quantidade de mudas. Em sua explicação, está
conectada a noção de proporcionalidade.
Figura 11. Protocolo da Situação 2-d. Segunda explicativa de João
3.3 Análise de resultado da situação 3
Observação de atitudes
João demorou um pouco mais do que habitualmente em comparação com
as outras tarefas. No caso, registramos que a entrega da atividade foi feita
às11h40min e João devolveu às 12h10min. Notamos que a expressão facial de
João traduz uma maior atenção na leitura dessa tarefa, pois a escrita não
caminhou rapidamente como o usual. Com a abertura para a discussão da
questão, João, utiliza a expressão “eu acho”, deixando transparecer dúvidas
relacionada às suas conclusões na situação 2.
Pedro também prolongou o tempo dessa atividade em relação às outras
atividades resolvidas em outros dias. Foi entregue a atividade ao Pedro por volta
das 11h37min e ele a devolveu às 12h13mim. Nesse momento temos a
confirmação, com base no tempo utilizado por Pedro, de que a atividade provocou
grandes dúvidas. Fazemos essa observação porque Pedro tem facilidade para
raciocinar rapidamente.
Observação de procedimentos
João, ao responder – “O que você nota no preço de seis goiabas,
comparando com o preço de três? O que é mais vantajoso comprar? Por quê?”, o
93
seu pensamento possui uma relação com sua prática ao utilizar a palavra
“vendedor”; emprega o cálculo para comprovar a sua resposta; a sua
representação interpretativa faz referência com os dados apresentados nas
placas e responde: O vendedor aumenta o número de goiabas e abaixa o preço; 6
goiabas. Porque você gasta menos e compra mais. Nesta questão João, tentou
fazer a sua justificativa de uma maneira própria, por meio da escrita. João realça
o seu pensamento usando o conhecimento técnico operatório, por meio da divisão
e a multiplicação:
Figura 12. Protocolo da Situação 3 de João
Quanto a Pedro, –“O que nota de seis goiabas, comparando-o com o preço
de três? O que é mais vantajoso comprar? Por quê?”, a sua resposta é: ela é
mais barata, a de seis goiabas, porque ela tem um desconto de R$ 0,30. Pedro
faz o cálculo mentalmente, pois consegue verificar que o preço de 6 goiabas
deveria ser R$ 1,50, fazendo uso da técnica da subtração, ou seja, R$ 1,50
menos R$ 1,20 resultando em uma diferença de R$ 0,30.
94
Figura 13. Protocolo da Situação 3 de Pedro
3.4 Análise de resultado da situação 4
Observação de atitudes
João sempre está tranquilo. Hoje, ao apresentar a tarefa, procurou ler com
atenção e resolver imediatamente a proposta. Ele demonstra segurança ao
resolver este problema. Acreditamos que João não sentiu nenhuma dificuldade na
interpretação dessa situação.
Pedro demonstra uma quietude na entrega da tarefa, mas faz uma leitura
rápida e começa a registrar os seus pensamentos. Deduzimos que a tarefa possui
clareza na proposta, tornando-se fácil sua compreensão por Pedro.
Neste dia Pedro e João resolveram esta situação rapidamente, por isso
logo começamos a nossa conversa.
Observação de procedimentos
Item A
João, quando faz referências à questão – “Quanto pagaram pelos
sanduíches de queijo?” rapidamente faz uso de a técnica operatória multiplicar:
95
Figura 14. Protocolo da Situação 4-a de João
Pedro, na questão “a”, – “Quanto pagaram pelos sanduíches de queijo?”,
procurou somente registrar o valor R$ 16,00. Mas ele pensou em utilizar a
quantidade de sanduíche que faz correspondência com o preço: se 1 sanduíche
custa R$ 8,00, 2 sanduíches custaram R$ 16,00. Pedro ao responder sobre o item
“c”: “E pelos sanduíches de atum?” considera que 1 sanduíche corresponde R$
7,00 portanto, Pedro conclui que 3 sanduíches correspondem a R$ 21,00. Pedro,
neste item “c”, percebe a existência do fator multiplicador 7. No item “d” –“Quanto
pagaram pelos sucos de frutas?” ele traz o mesmo pensamento de
proporcionalidade: se um suco de frutas custa R$ 7,00 deduzo que iremos pagar
por três sucos o valor R$ 21,00. Com a observação em seu protocolo, Pedro
apenas registra os valores numéricos nas questões “e”, “f”. Quando questionado o
sobre o resultado da questão “e” Pedro disse que fez quatro vezes três e a
questão “f” eu fiz três vezes um e cinquenta (R$ 1,50) que é igual a quatro e
cinquenta (R$ 4,50).
Pedro, ao mencionar sobre a questão “g” diz: eu somei dez mais sete que é
igual a dezessete, quantidade que o André gastou e dividi por dois que é igual a
oito e cinquenta. Pedro conclui: metade do que ele tinha gastado. Em seguida,
perguntado sobre o que Camila pediu afinal? Rapidamente respondeu: atum e
água. Em nossa conversa perguntamos por que ele não havia registrado o seu
pensamento em relação a – “O que Camila deve ter pedido”?, ele respondeu que
não havia observado. Fizemos esse questionamento quando olhamos o protocolo
dele e estavam apenas registrados dois cálculos envolvendo a adição. Nota-se,
ainda, que ao representar 8,50 + 8,50 = 17,00, entende-se que o aluno apenas
fez uma confirmação do seu cálculo mental, uma vez que a metade de dezessete
é 8,50.
96
Figura 15. Protocolo da Situação 4-a-b-c-d-e-f-g de Pedro
Item B
Agora voltamos a indagar João quanto à pergunta: – “E pelos sanduíches
mistos?” Ele faz representação formal da multiplicação. Em nossa conversa ele
relata que é “só multiplicar dez mistos por 4 que é igual a quarenta”.
Figura 16. Protocolo da Situação 4-b de João
Item C
Com relação à questão “c” João menciona que todas as contas são de
multiplicação. Portanto, ele representou a técnica operatória que constitui a
multiplicação.
97
Figura 17. Protocolo da Situação 4-c de João
Na questão “d”, João diz que pegou sete vezes três que é igual a vinte um
reais, fazendo referência à tabuada.
Item D
Figura 18. Protocolo da Situação 4-d de João
Item E
Quanto à questão “e” sua menção também se aplica a uma mu ltiplicação:
ele somente responde que três vezes quatro é igual a doze reais.
Figura 19. Protocolo da Situação 4-e de João
Item F
Ao ser questionado sobre o item “f” João responde: fiz um e cinquenta
vezes três que é igual a quatro e cinquenta. Nesse protocolo, João faz referência
ao número decimal, assinalando a vírgula no lugar correto.
98
Figura 20. Protocolo da Situação 4-f de João
Item G
Protocolo de João em relação ao item “g”, destina-se a dez mistos mais
sete sucos resultando dezessete, dividido por dois que deu oito e cinquenta. João
demonstra que teve mais atenção com este item, pois respondeu mencionando
que o sanduíche de atum é sete e a água, um e cinquenta. Com isto, ele faz uma
argumentação sobre sua resposta usando os valores numéricos que constam na
tabela.
Figura 21. Protocolo da Situação 4-g de João
João, nesse momento, faz um comentário: esta atividade é bem fácil.
Estava tudo na tabela. Poderíamos descrever que João possui clareza em sua
comunicação, quando conversamos sobre a atividade. Ele também foi capaz de
encontrar as soluções corretamente. Em seu protocolo na escrita, existe certa
organização, pois do lado do cálculo da soma ele escreveu André. Observamos,
então, que a resposta pertence à pergunta sobre o que Camila pediu. Para
auxiliar as nossas análises João procura justificar como foram feitos os seus
99
cálculos por meio da escrita, e notamos que ele procurou apoiar-se nos cálculos
para fazer sua análise.
Vejamos o protocolo de João:
Figura 22. Protocolo explicativo da Situação 4 de João
3.5 Análise de resultado da situação 5
Observação de atitudes
Como sempre, fomos encontrar os meninos e, em seguida, dirigimo-nos à
sala onde costumamos ministrar aula todos os dias. Deveria ser perto das
11h40min. Conversamos para saber se estava tudo bem e a seguir foi-lhes
passada a tarefa. Passaram-se 15 minutos. Os meninos começaram a ler a nossa
proposta sem fazer qualquer pergunta e isso aconteceu durante toda a nossa
trajetória de investigação, pois já tínhamos conversado que a pesquisadora não
iria intervir na resolução das atividades. Pedro terminou a sua tarefa às 12h07min;
deduzimos que para ele a atividade era de entendimento fácil. João finalizou às
12h10min, confirmando, portanto a facilidade em resolver as questões.
Observação de Procedimentos
João é quem começa a nossa conversa dizendo que a atividade foi fácil,
estava na tabela, continua dizendo que só usou a adição. Posiciona-se afirmando:
tem que saber horas, pois se não soubesse dificultaria a resolução.
Item A
A pesquisadora pede para Pedro explicar a questão “a” – “Quanto tempo
levará para passar pelo marco 30 km?”, Sendo assim, ele responde: estava na
100
tabela quanto tempo, olha até 30 km e chega em 2h e meia. Em seu protocolo
está escrito “2h e meia”
Figura 23. Protocolo da Situação 5-a de Pedro
João por sua vez, faz a mesma referência que Pedro sobre – “Quanto
tempo levará para passar pelo marco 30 km?”, “tá na tabela e em seu registro a
escrita é 2h e meia”.
Figura 24. Protocolo da Situação 5-a de João
Item B
Mencionando o item “b” – Quanto tempo levará para passar pelo marco 60
km? Questionamos Pedro e ele disse que, na tabela, ele procurou 60 km.
Figura 25. Protocolo da Situação 5-b de Pedro
João ao responder o item “b” – “Quanto tempo levará para passar pelo
marco 60 km?” ele registra em seu trabalho 5h, ou seja, faz sua leitura
observando a tabela.
Figura 26. Protocolo da Situação 5-b de João
101
Item C
Pedro na questão “c”, que pergunta: – “E para chegar ao marco que fica a
90 km de São Paulo?” afirma: é noventa, 30 km soma 3 vezes, caracterizando
uma soma de parcelas iguais: adição. Então ele associa 2h e meia que
corresponde a 30 km, contido na tabela, e conclui que também é três vezes o
tempo. Ao observarmos o cálculo 2,30 + 2,30 + 2,30 = 7,30, Pedro traz em seu
relato que soma 30 + 30 = 60, explicando que corresponde à 1 hora e depois volta
a somar 30 resultando em 1 hora e 30 minutos. Chegando ao valor correto 7
horas e 30 minutos. Portanto, no registro de Pedro existe um problema (2,30 +
2,30 + 2,30), que merece uma intervenção.
Figura 27. Protocolo da Situação 5-c de Pedro
João revela neste item “c” – “E para chegar ao marco que fica a 90 km?”
Ele soma 60 km mais 30 km cujo resultado é 90 km e associa com os valores da
tabela (60 km corresponde 2 h e meia; 30 km corresponde 5 horas resultando 7h
e meia).
Figura 28. Protocolo da Situação 5-c de João
Item D
Quanto ao item “d” – “Qual será a posição desse ciclista 1 hora e 30
minutos após a partida?” Pedro explica que: se 1 hora corresponde a 12 km, 30
minutos será 6 km então 12 km mais 6 km é igual a 18 km.
102
Figura 29. Protocolo da Situação 5-d de Pedro
Ao conversarmos com João, sobre o item “d” – “Qual será a posição
desse ciclista 1 hora e 30 minutos após sua partida?” Ele revela que o seu olhar
esteve na tabela cujos valores seriam correspondentes. Dessa forma: 1 hora são
12 km e meia hora são 6 km, concluindo que 12 km mais 6 km é igual a 18 km.
Figura 30. Protocolo da Situação 5-d de João
Item E
Pedro nos traz em sua fala as seguintes conclusões em relação ao item “e”
– “E depois de 3 horas?” Se 2 horas e meia são 30 km e meia hora são 6 km aí
2h30min mais 30 min. é igual a 3 horas, aí tem 36 km”. Observa-se em seu
protocolo uma representação inadequada (2,30 + 0,30). Ele tem a ideia de que as
grandezas horas e distância possuem uma relação, mas sua análise está contida
na tabela.
Figura 31. Protocolo da Situação 5-e de Pedro
103
João traduz outro procedimento observado na tabela com relação ao item
“e” E depois de 3 horas? Ele utiliza a relação 2 horas - 24 km e 1 hora - 12 km no
qual se utiliza da técnica operatória da adição, ou seja, 24 km mais 12 km
resultando em 36 km. Nesse caso, João relaciona a grandeza horas com a
distância de forma diferente se comparada com a resolução de Pedro. Sendo
assim, podemos observar que ambos possuem caminhos de resolução diferentes,
mas chegam a um resultado adequado.
Figura 32. Protocolo da Situação 5-e de João
Nesta atividade, procuramos fazer alguns questionamentos, por exemplo,
se eles observaram o que acontecia com o tempo. João, no começo, manifestou-
se, dizendo que multiplicou por 2, exemplificando 0,30 x 2 = 1 hora. Novamente
se constata que a sua ideia está correta e o registro incorreto. Mas João também
diz que tirou algo da tabela no momento de 12 para 24. Perguntei novamente a
João e a Pedro sobre o que acontece com o tempo. E João diz: ele está andando
0,30 minutos. Pedro logo faz outra observação sobre a tabela: de 0 vai para 12,
18, 24, 30, 36, 42, 48, 54, 60. Ele diz que tinha a ver com a tabuada do 6.
3.6 Análise de resultado da situação 6
Observação de atitudes
São agora, 11h40min. Nossa reunião começa tranquila e somente com a
presença de João. Ele, como sempre, concentra-se na atividade e leva 15
minutos para efetuar a sua tarefa. Perguntando a sua opinião sobre a atividade,
João comentou que para fazer a “questão b” foi difícil, pois tinha que resolver uma
conta de dividir e os valores eram altos, por isso demorou um pouco.
104
Quanto a Pedro realizamos esta atividade no encontro seguinte; em nossa
entrevista, disse que a atividade foi fácil e rápida, por isso terminou logo.
Nesta atividade, João cita que não tinha noção de velocidade, menciona
que o símbolo km já havia visto no carro, mas não entendia o que significava.
Enquanto que Pedro comenta que sua noção de velocidade vinha de quando ele
andava de carro e olhava as placas nas estradas.
Observação de procedimentos
Item A
Agora, ao verificarmos os protocolos dos nossos sujeitos de pesquisa
relacionados com “Fazendo cálculos da velocidade do ônibus”, citamos que
Pedro, na questão “a” – Por que o motorista respondeu que “depende”? Pedro
escreve: “porque pode ser que tenha muito trânsito e demora mais”.
Figura 33. Protocolo da situação 6-a de Pedro
O aluno João refere-se à questão “a” – “Por que o motorista respondeu
que “depende”?” Citando, “pois talvez tenha trânsito”. Em nossa conversa João
disse que: só isto veio à minha cabeça. E completa: Quando tem trânsito reduz a
velocidade, vai demorar mais para chegar.
Figura 34. Protocolo da Situação 6-a de João
Item B
Em relação a “questão b” – “Se ele levar 1 hora como previu, qual a
velocidade média do ônibus durante o percurso?” Pedro responde: 70 kh.
105
Perguntando a ele como chegara a esse resultado ele disse: – no problema já tem
a velocidade de 70 quilômetros por hora. Em seguida, perguntei por que escreveu
kh, ele simplesmente respondeu que sabia que o símbolo é km apenas se
confundiu.
Figura 35. Protocolo da Situação 6-b de Pedro
João, na “questão b” – “Se ele levar 1 hora como previu, qual a velocidade
média do ônibus durante o percurso?” Ele escreve: “100 kh”. Eu dividi 70 por 60
que deu numa quilometragem aproximada de 100. Nota-se em nossas conversas
com João, que ele não tem conhecimento sobre velocidade média. Ao iniciar um
cálculo, de divisão comete um erro na segunda casa decimal (valor zero), no qual
não obtém o valor correto do cálculo, e também não consegue relacionar a
velocidade com o tempo. Ainda relatando nossa conversa, diz que esta atividade
é média, pois comenta que ficaria mais fácil quando se retira o zero e com isto
poderia usar a tabuada do 6 ou do 7. Perguntando a João se ele não havia
compreendido alguma coisa em sua leitura, ele responde duas coisas: “em torno
de” e “km por hora”. Nesta questão, no final dos questionamentos, foi-lhe dado um
auxílio depois, relendo o texto calmamente com João e explicando o significado
de km por hora. Antes fizemos nosso aprendiz pensar se ele nunca havia visto
este símbolo “km/h”. E logo se recordou do velocímetro do carro de seu pai onde
existe essa notação.
Figura 36. Protocolo da Situação 6-b de João
106
Item C
Pedro, ao discutirmos o “item c” – “O que aconteceria se o motorista
fizesse o percurso a 80 km por hora? Aumentaria ou diminuiria o tempo?” Pedro
escreve: diminuiria. Porque se ele andar mais rápido ele demoraria menos.
Figura 37. Resposta da Situação 6-c de Pedro
Na descrição de João, no “item c” – “O que aconteceria se o motorista
fizesse o percurso a 80 km por hora? Aumentaria ou diminuiria o tempo?” Esse
nosso aluno escreve: aumentaria. Na verdade diminuiria, pois ele andaria mais
rápido.
Figura 38. Protocolo da Situação 6-c De João
Quando tratamos do item “d” – “E se por causa do trânsito ele
desenvolvesse uma velocidade média de 50 km por hora. Aumentaria ou
diminuiria?” Pedro registra: aumentaria, porque se ele andar mais devagar ele
demora mais.
Figura 39. Protocolo da Situação 6-d de Pedro
107
João, neste item “d”–“E se por causa do trânsito ele desenvolvesse uma
velocidade média de 50 km por hora. Aumentaria ou diminuiria?” Ele anota:
aumentaria. Pois o ônibus andaria mais devagar.
Figura 40. Protocolo da Situação 6-d de João
3.7 Análise do resultado da situação 7
Observação de atitudes
Nesta reunião perguntamos a João e Pedro se eles estavam bem. Cada
um deles respondeu que estava bem. Como sempre, foram distribuídas as folhas
com a situação-problema para que eles resolvessem a nossa proposta.
Percebemos que a leitura durou cerca de dois minutos, pois sempre olhamos no
relógio para ter uma ideia de tempo de leitura e interpretação de ambos os
alunos. Assim, observamos que é imediata a escrita para solucionar essa
questão. Pedro começa a resolver um pouquinho antes de João as questões
propostas. João, além de resolver por meio de cálculos, também procura detalhar
os seus registros, anotando seu raciocínio, para o que se utiliza da linguagem
escrita e, por isso, termina alguns minutos depois de Pedro. Percebemos que
Pedro somente faz algumas observações em seu protocolo. Não se preocupa em
escrever da mesma forma que João, ou seja, com pormenores. Pedro é bem
objetivo no uso da escrita.
Questão 1
Nossas observações começam com o Pedro. Esta situação solicita: –
“Preencha a tabela sabendo que o valor unitário do produto se mantém
independente da quantidade vendida.” Na tabela, foram anotadas as quantidades
108
vendidas e o valor recebido pela venda de um mesmo produto. Mas alguns
valores, no entanto, não foram registrados.
Pedro mostra por meio de setas (registro ao lado da tabela) o número pelo
qual chegou ao resultado e descreve: é diretamente, eu fui multiplicando cada um
deles para dar o resultado. Também registra um cálculo que traduz a técnica
operatória no campo multiplicativo.
Figura 41. Protocolo da situação 7-1 de Pedro
Com referência à questão 1, já mencionada acima, João preenche a
tabela, representa os cálculos utilizando-se da técnica operatória no campo
multiplicativo. E procura descrever o seguinte: – Eu percebi que o resultado
estava na tabuada do 3, então quando já se tinha o valor em reais eu dividi por 3
e quando se tinha a quantidade eu multiplicava.
109
Figura 42. Protocolo da Situação 7-1 de João
Protocolo abaixo faz menção a escrita de João com relação à questão 1 e
à questão 2.
Figura 43. Protocolo da questão 7-1 e questão 7-2 de João na linguagem escrita
Questão 2
Vamos verificar o protocolo da questão 2, envolvendo o Pedro, cuja
questão envolve a pergunta: “Se um pintor demora, em média, 2 horas para pintar
uma parede de 10 m2 qual o tempo gasto nas outras situações apresentadas na
110
tabela?” Pedro preenche a tabela, indicando os números que faltam e explica que:
nessa daqui eu só fui raciocinando na minha cabeça.
Figura 44. Protocolo da questão 7-2 de Pedro
João, ao responder a pergunta: – “Se um pintor demora, em média, 2
horas para pintar uma parede de 10 m2, qual o tempo gasto nas outras situações
apresentadas na tabela?” Ele registra os números descreve: Na cabeça eu fiz as
contas que se um pintor pinta a parede em 2 h, para ele pintar 2 demorará o
dobro e se 2 pintores forem pintar 1 parede vão demorar metade do tempo de 1
pintor. Nessa tabela, a característica do procedimento de João foi fazer os
cálculos mentalmente.
Figura 45. Protocolo da questão 7-2 de João
111
3.8 Análise de resultado da situação 8
Observação de atitudes
Nossa reunião começou às 11h35min. No caso, é sempre perguntado se
tudo está bem e os nossos alunos demonstram que está tudo bem. Questionamos
se eles estavam estudando e quem se manifesta primeiro é Pedro: – Eu fiz prova
de Matemática e acho que tirei dez. Perguntando a Pedro, qual a matéria da
prova, ele pensou... e disse: é aquela “três”. Insistimos: Pedro, não seria “Regra
de Três”? Ele responde: é isso, professora. Em seguida as tarefas são entregues
as tarefas, por volta das 11h45min. João e Pedro fazem o que habitualmente tem
ocorrido em todos os encontros: uma leitura e a escrita. Alguns minutos depois,
perguntamos a João se ele havia terminado, pois ele já não estava escrevendo.
Ele respondeu que já havia resolvido as questões. Olhando para o relógio, esse
marcava 12h02min. Em seguida, Pedro também diz que terminou, naquele
momento era 12h03min. Deduzimos que João e Pedro encontraram os resultados
com facilidade.
Observação de procedimentos
Item A
Antes de verificar o protocolo de Pedro o item “a” – “Qual o preço de 4
pãezinhos? E de 39?” Mas, antes de discutirmos a nova questão, Pedro faz uma
observação com relação a essa atividade: ele diz que pulou alguns números na
tabela e cita alguns números 4, 6, 9, 8, 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 19. Em seu
protocolo, registra: É de R$ 0,56, é de R$ 4,86. No caso, Pedro multiplica 0,14 por
4, e encontra R$ 0,56 mentalmente. Quanto aos 39 pãezinhos ele escreve: eu tirei
R$ 0,14 de R$ 5,60, ou seja, retira da tabela o valor de 40 pãezinhos que
corresponde a R$ 5,60 e subtrai o valor de 1 pãozinho cujo valor é de R$ 0,14.
112
Figura 46. Protocolo da Situação 8-a de Pedro
Quanto a João, neste item “a”, – “Qual o preço de 4 pãezinhos? E de 39?”,
João escreve: 4 pãezinhos são R$ 0,56 e 39 pãezinhos são R$ 5,46. Eu usei a
multiplicação em ambas as contas vendo o preço de um pão e a quantia de pães
que se pedia. Além disso, João utiliza as técnicas operatórias no campo
multiplicativo para realçar suas respostas.
Figura 47. Protocolo da Situação 8-a de João
Item B
Na resposta de Pedro, no item “b” – “Quantos pães são possíveis comprar
com R$ 6,58? E com R$ 4,14?” Pedro descreve: É possível comprar 47 pães, dá
113
pra comprar 29 pãezinhos e sobra R$ 0,08 (refere-se a 4,14 menos 4,06). Neste
item b Pedro usa dois tipos de cálculos para expressar o seu pensamento, nos
quais a representação está no campo aditivo e multiplicativo. No cálculo 0,14 x
29, ele utiliza o valor de 1 pãozinho, observando-se que este estudante não utiliza
o cálculo na posição vertical. Quanto à somatória, repete o valor 2,10 três vezes e
depois soma novamente o valor 0,28. Ele explica que seria mais fácil para somar
este número e descobrir que faltavam 0,28. Em seguida ele relaciona o nº de
pães (15 e 2) respectivamente com o preço (R$ 2,10 e R$ 0,28).
Figura 48. Protocolo da Situação 8-b de Pedro
114
No item “b”, – “Quantos pães são possíveis comprar com R$ 6,58? E com
R$ 4,14?”, João coloca em sua escrita: com R$ 6,58 dá pra comprar 46 pães e
com R$ 4,14 da para se comprar 29 pães. Nas duas contas eu dividi o valor em
dinheiro pelo preço de um pão. Existem dois registros que estão no campo
multiplicativo, sendo que o cálculo de 6,58 : 0,14 está incorreto.
Vamos ver agora protocolo de João.
Figura 49. Protocolo da Situação 8-b de João
115
3.9 Análise de resultados da situação 9
Observação de atitudes
Nesse dia, a reunião, começou às 12h46min, os meninos estavam com
uma aparência tranquila e isto se confirmou após a nossa conversa de uma
maneira informal, sobre se eles estavam gostando de participar de nosso
trabalho. Pedro cita que é bom, pois discutimos sobre as atividades e com isso
eles procuravam ler e reler as atividades para entender as questões. Após essa
conversa, recebem nossa atividade 9. Nossa percepção sobre João e Pedro é a
de que sempre estão dispostos a resolver as questões para realizar os debates
sobre as soluções das propostas apresentadas. Nesse dia, foi possível descobrir
por que Pedro não emprega algumas vezes a técnica operatória de divisão. Pedro
explica que: “quando era pequeno sempre eu errava e tirava nota vermelha, aí
quando resolvi usar multiplicação eu acertei, agora só multiplico”.
Observação de procedimentos
Questão 1
Na abordagem da questão 1: – “Os cofres de Tiago e Miguel estavam
vazios. Tiago Começou hoje a colocar 3 reais, diariamente e Miguel, 5 reais.
Quando Tiago tiver 21 reais, quanto terá o Miguel?” Pedro registra em seu
protocolo a multiplicação em uma disposição horizontal. E quando questionado
sobre a sua solução, ele diz que foi sorteando, foi escolhendo as opções dizendo
da seguinte maneira 3 vezes 5 igual 21 não deu: 3 vezes 6 não deu 21; 3 vezes 7
ai deu 21. No caso, Pedro escreveu como resposta: terá R$ 35,00.
116
Figura 50. Protocolo da Situação 9-1 de Pedro
Em se tratando da resposta de João, na questão 1: – “Os cofres de Tiago e
Miguel estavam vazios. Tiago Começou hoje a colocar 3 reais, diariamente e
Miguel, 5 reais. Quando Tiago tiver 21 reais, quanto terá o Miguel?” Ele descreve:
Miguel terá 35 reais. Antes eu vi quantos dias Tiago ficou colocando dinheiro no
cofre numa conta de divisão, depois multipliquei essa quantia de dias por 5. Pedro
também utiliza as técnicas operatórias da divisão e multiplicação.
Figura 51. Protocolo da Situação 9-1 de João
Questão 2
Quanto à questão 2: “Joana usou exatamente 15 latas de tinta para pintar
18 cadeiras. Quantas cadeiras podem ser pintadas com 20 latas de tinta? Pedro
117
anota: dá para pintar 24 cadeiras.” Em sua representação numérica, ele privilegia
a técnica “regra de três” e efetua os cálculos envolvendo a multiplicação e a
divisão.
Figura 52. Protocolo da Situação 9-2 de Pedro
Na representação de João, relacionada à questão 2: “Joana usou
exatamente 15 latas de tinta para pintar 18 cadeiras. Quantas cadeiras podem ser
pintadas com 20 latas de tinta?” Ele relata que: Joana pintará 24 cadeiras. Eu
dividi 18 por 15 para saber quantas latas se usa para pintar uma cadeira e depois
multipliquei essa quantia por 20. Neste caso tem a ideia do valor unitário que
permeia a noção de proporcionalidade. João em sua folha de respostas enfatiza o
algoritmo da divisão e multiplicação.
118
Figura 53. Protocolo da Situação 9-2 de João
Questão 3
Ao verificarmos a questão 3: – “Dois bilhetes de ônibus intermunicipais
custam 16 reais. Quanto custam 6 bilhetes? E 7?”, Pedro decidiu utilizar a técnica
“regra de três” e os outros cálculos foram representados pela multiplicação e
divisão. Em sua escrita, representa a multiplicação no primeiro momento, sendo
que essa multiplicação se encontra na horizontal. As suas respostas são: 6
bilhetes é R$ 48,00 e 7 bilhetes é R$ 56,00.
119
Quando Pedro vai calcular o valor de 7 bilhetes, ele utiliza a mesma técnica
“regra de três” representada acima, mas não descreve todo o processo.
Abaixo, a representação de alguns cálculos para auxiliar as suas
respostas.
Figura 54. Protocolo da Situação 9-3 de Pedro
120
A representação de João na questão 3: – “Dois bilhetes de ônibus
intermunicipais custam 16 reais. Quanto custam 6 bilhetes?” João responde: 6
bilhetes custam R$ 48,00 e 7 bilhetes custam R$ 56,00. Eu dividi o valor de dois
bilhetes por dois para saber o valor de um e depois multipliquei pelos valores
pedidos. Em seus registros constam as operações de divisão e multiplicação.
Figura 55. Protocolo da Situação 9-3 de João
Questão 4
A análise da questão 4: – “Quinze alunos pintaram 35 m2 da parede do
ginásio da escola. Sabendo que cada aluno pinta a mesma área, quantos metros
quadrados de parede serão pintados no mesmo tempo por uma turma de 27
alunos?” Pedro escreve a técnica da “regra de três” e coloca ao lado os cálculos
envolvendo a divisão e a multiplicação.
121
Representação de alguns cálculos:
Figura 56. Protocolo da Situação 9-4 de Pedro
122
João, por sua vez, na questão 4: – “Quinze alunos pintaram 35 m2 da
parede do ginásio da escola. Sabendo que cada aluno pinta a mesma área,
quantos metros quadrados de parede serão pintados no mesmo tempo por uma
turma de 27 alunos?” João responde: 26 m2 e em seu protocolo usa a técnica da
divisão. Ele procura utilizar o mesmo valor referente à área (35 m2) tanto para a
quantidade de 15 alunos como para quantidade de 27 alunos. Nesse caso, João
não tinha a ideia de relação entre essas duas grandezas; segundo ele, não
entendia o significado de área.
Figura 57. Protocolo da Situação 9-4 de João
3.10 Análise de resultado da situação 10
Observação de atitude
Esse foi o nosso último encontro para realizar as nossas atividades. Pedro
e João estavam, como sempre, dispostos em colaborar com os estudos propostos
e durante toda a nossa pesquisa. Eles demonstraram interesse em resolver as
atividades que foram parâmetros para as análises dos objetivos mencionados
neste trabalho, envolvendo os conhecimentos prévios. O caminho para obtenção
de informações sempre começa com uma conversa informal, perguntando se eles
estão bem; eles respondem tudo bem e, em seguida, recebem a nossa tarefa.
123
Pode-se perceber que a leitura da tarefa por parte de Pedro e de João
demonstra, em seus rostos, uma satisfação em resolver a atividade selecionada.
Nesta atividade, João e Pedro levaram em torno de 10 minutos para solucionar a
questão, cujo tempo foi cronometrado no relógio. Segundo Pedro e João, a
característica dessa atividade é a de ser fácil, pois pelas palavras deles “na tabela
descobrimos os três primeiros números e descobriremos os três que vêm”. João
relata que a parte de baixo é idêntica à de cima, só que ela corta a parte 18 x 2
pois é o final”. Paulo observa que 6 divide a tabela ao meio “crescendo em cima e
diminuindo em baixo”, segundo palavras dele.
Observação de procedimentos
Questão 1
Na questão 1: – “Alice fez 36 salgados. Ela está em dúvida quanto às
embalagens que vai usar para guardá-los. Se escolher embalagens em que
cabem 2 salgados, de quantas ela vai precisar?”, Pedro completa a tabela com os
valores que são reflexo de suas técnicas operatórias decorrentes da multiplicação
e divisão. Pedro efetua todos os cálculos, usando o número total de salgados 36,
sendo o dividendo 36, que é comum para todos os divisores apresentados na
tabela (2, 3, 4, 6, 9, 12).
124
Figura 58. Protocolo da Situação 10-1 de Pedro
João, ao responder a questão 1, mostra-nos a técnica de divisão, na qual
visualizamos vários cálculos, cujo fator que se repete em todas as divisões é o
dividendo 36, que representa o total de salgados feitos por Alice.
Desta forma, João preenche a tabela e, ao lado, ele mostra seus cálculos:
125
Figura 59. Protocolo da Situação 10-1 de João
Questão 2
Em relação à questão 2: – “Alice fez um bolo para oito pessoas, e sua
receita inclui três xícara (de chá) de açúcar e seis ovos”, item “2.a” se ela quiser
fazer esse bolo para quatro pessoas, quantas xícaras de açúcar e quantos ovos
ela usará?”Pedro somente escreve: 2 xícaras, 3 ovos. Depois, em nossa
conversa, ele percebeu que sua resposta foi inadequada em relação à quantidade
de açúcar.
Figura 60. Protocolo da Situação 10-2a de Pedro
João, nesta questão “2.a”: – “Se ela quiser fazer esse bolo para quatro
pessoas, quantas xícaras de açúcar e quantos ovos ele usará?” João escreve 1,5
xícaras de açúcar e de 3 ovos. Além disso, mostra os cálculos envolvendo
divisão. Ele constata que a receita foi reduzida pela metade quando dividiu por
dois a quantidade de açúcar e a quantidade de ovos. Estabelece uma relação de
proporcionalidade entre as grandezas.
126
Vejamos os seus cálculos e protocolo:
Figura 61. Protocolo da Situação 10-2a de João
Com relação ao item “2.b”: – “E se fizer para doze pessoas?”, Pedro
escreve: 10 xícaras, 9 ovos. Não apresenta nenhum cálculo para justificar sua
resposta.
Figura 62. Protocolo da Situação 10-2b de Pedro
No protocolo de João, quando resolve a questão “2.b”: –“ E se fizer para
doze pessoas?” Ele registra: 4,5 xícaras de açúcar e 9 de ovos. Mas faz as suas
127
justificativas por meio de cálculos que envolvem a multiplicação, 1,5 x 3 = 4,5 e 3
x 3 = 9. Neste caso ele percebe o fator 3.
Figura 63. Protocolo da Situação 10-2b de João
128
129
CAPÍTULO 4
SISTEMATIZANDO OS DADOS COLETADOS
Neste capítulo, apresentaremos uma sistematização dos dados coletados,
relacionados com procedimentos na resolução de situações-problema que foram
apresentadas no capítulo anterior, o desempenho individual e global de João e
Pedro, organizando, também, nossas considerações finais e conclusões.
Inicialmente vamos organizar os acertos e erros dos dois alunos.
130
Ao observar a tabela anterior, podemos afirmar que o desempenho de
ambos os estudantes em termos de acertos e erros é bom, pois nas respostas
apresentadas por João e Pedro, existe um grande número de acertos. Mas o
desempenho individual de João se sobressai em relação ao desempenho
individual de Pedro. João obteve mais acertos. Sendo assim, podemos observar
que esses alunos possuem vários subsunçores dentro de sua estrutura cognitiva,
com a capacidade de: estabelecer relações; analisar e sintetizar as informações;
organizar os dados possibilitando a solução dos problemas; domínio de
linguagem; certo domínio numérico; identificar técnicas operatórias que favorecem
a solução; cálculos (mentais ou escritos, exatos ou aproximados) que envolvem
operações com números naturais e racionais. Quanto aos poucos erros que
ocorreram, podem estar associados a um conhecimento conceitual deficiente no
campo multiplicativo, relacionado aos números racionais e também no campo de
Grandezas e Medidas (reconhecimento de grandezas como comprimento e
velocidade) que acabam dificultando o caminho para um procedimento correto.
Análise dos procedimentos dos alunos
Lembramos que as quatro primeiras situações foram inspiradas em
propostas apresentadas aos alunos dos anos iniciais, quando trabalham com
problemas do campo multiplicativo, nos casos que envolvem a ideia de
proporcionalidade.
A situação 1 apresentada, tem o objetivo de identificar procedimentos de
solução em situação que envolve a análise, interpretação e solução de uma
situação problema do campo multiplicativo com a ideia de proporcionalidade.
Sendo assim, João, por meio de técnicas operatórias que estão presentes
em sua estrutura cognitiva, teve subsídios para analisar e solucionar o problema
corretamente, indicando um pensamento de proporcionalidade. O aluno traz um
procedimento de cálculo escrito que lhe proporciona uma escolha favorável para
resolver a situação-problema.
131
Quanto a Pedro, sua resposta foi incorreta. O aluno interpreta que não há
uma relação entre o valor do aluguel do ônibus e o número de alunos que o
ocupariam. Existe a possibilidade de Pedro não estar atento às informações
apresentadas na situação-problema. Em nossa conversa, lembramos que,
naquele dia, Pedro admite não estar bem.
Com relação à situação 2, essa expõe o objetivo de identificar
procedimentos de solução em situação que envolve a análise, interpretação e
solução de uma situação-problema do campo multiplicativo, com a ideia de
proporcionalidade, a partir da leitura de dados apresentados numa tabela.
João acerta as respostas da situação 2. O aluno apresenta um subsunçor
relacionado à capacidade de ler e interpretar adequadamente. Essa observação
está declarada em seu protocolo, com a seguinte afirmação: R$ 1,50, pois a
tabela já havia revelado isso. Constatamos, em nossas conversas, que trabalhar
com tabelas já fazia parte do seu conhecimento. Acreditamos que o sucesso
dessa situação deveu-se ao fato de o aluno ter uma estrutura cognitiva
organizada, por isso conseguiu vincular a sua análise com os procedimentos
adequados que envolvem as operações de multiplicação e divisão. Em seu
protocolo, quando o analisamos, verifica-se que o aluno exibe o conceito sobre
múltiplos que fazem parte do raciocínio multiplicativo. Podemos dizer que existe
uma harmonia entre o conhecimento existente em sua estrutura cognitiva e a
informação nova – a proporcionalidade – ou seja, o aluno possui um ancoradouro
para a introdução desse novo conceito, no qual haverá uma reestruturação em
suas futuras etapas de aprendizagem.
Quanto à observação sobre Pedro, ele resolve corretamente a situação 2.
O aluno faz uma leitura correta da tabela, obtendo sucesso na resolução dessa
situação. Notamos que a nossa expectativa com relação à técnica que implica o
cálculo mental aparece neste aluno, o que auxilia bastante para a construção e
seleção de um procedimento apropriado para solucionar os itens apresentados.
Essa constatação sobre o cálculo mental vem de nossas observações, quando
realizadas as reuniões, e em seu relato quando nos disse que nos anos iniciais do
Ensino Fundamental sua professora sempre insistiu nesse procedimento. O
procedimento lhe deu possibilidade de analisar e interpretar, favorecendo uma
132
resolução satisfatória e mais rápida. Sendo assim, constatamos a relevância de
uma aprendizagem significativa, cujas análises de uma situação-problema estão
vinculadas a aspectos existentes na estrutura cognitiva da criança, e que ampliam
a sua avaliação perante a abordagem de uma resolução.
Ao referir à situação 3, o objetivo proporciona identificar procedimentos
de solução em situação que envolve a análise, interpretação e solução de uma
situação-problema do campo multiplicativo com a ideia de proporcionalidade.
Nesta situação, João acerta o questionamento. A resposta correta consiste
na possibilidade de estar relacionado a um aspecto caracterizado em sua vivência
pessoal, expressa na palavra “vendedor” registrado em seu protocolo. Neste
caso, podemos citar Coll et al. (2000), descrevem que uma das características
dos conhecimentos prévios são construções que cada aprendiz realiza com
significado idiossincrático. João traz uma informação que está contida em seu
ambiente do cotidiano, no qual busca semelhança com a situação apresentada no
ambiente escolar.
Pedro, na situação 3, responde corretamente. O aluno apresenta um
subsunçor presente em sua estrutura cognitiva com a capacidade de reconhecer
uma escolha razoável e efetuar uma boa união com as técnicas operatórias no
campo aditivo. Nesta situação 3, caberia a citação de Coll et al. (2000): quando
uma atividade é apresentada aos alunos, eles a decodificam com o apoio em
conhecimentos anteriores. Ressaltamos novamente a ideia de Ausubel, Novak e
Hanesian (1980), relatam que a aprendizagem significativa tem por base
considerar os conhecimentos que o aluno já traz consigo. Portanto. Pedro e João
realizam suas soluções mediante seus conhecimentos prévios, obtendo sucesso.
Ao analisarmos a situação 4, o objetivo situa-se em identificar
procedimentos de solução, em situação que envolve a análise, interpretação e
solução de uma situação-problema do campo multiplicativo com a ideia de
proporcionalidade.
Essa situação 4, João responde corretamente. O nosso aluno faz uma
análise advinda da leitura de uma tabela, na qual reconhece uma proporção cujo
procedimento está ligado à técnica de um valor unitário. Quando se trata do
133
conteúdo de proporção, chamamos o valor unitário de constante de
proporcionalidade, por isso identificamos em nosso aluno a ideia de
proporcionalidade. João, nessa situação, deixa prevalecer o saber da contagem,
buscando apoio na tabuada e por meio deste amparo o aluno tem uma boa
habilidade em cálculos. Em seu protocolo, está presente a técnica operatória da
adição simbolizada por um procedimento de cálculo escrito.
Pedro, na situação 4, também responde corretamente. O aluno não
registra seus cálculos por meio da escrita, caracterizando o procedimento do
cálculo mental. Percebemos a existência que envolve o valor unitário, portanto
indícios da ideia de proporcionalidade. Aplica uma técnica operatória (adição) na
resolução do item “g”, assinalando um cálculo escrito.
Nosso julgamento, diante do sucesso da situação 4, nos permite colocar
que aconteceu pelo fato de selecionarmos um material com potencial, que foi
buscar os conhecimentos preexistentes na estrutura cognitiva de nossos
estudantes. Recordamos que Ausubel, Novak e Hanesian (1980) fazem menção
ao fato de que a tarefa de aprendizagem tem que ter um potencial significativo, ou
seja, deve revelar ao aluno algo familiar que motive este aluno a buscar uma
estratégia que seja correspondente e, assim, realizar o seu procedimento para
uma solução adequada.
As próximas seis situações buscam aproximar-se das propostas que os
professores de 7º ano / antiga 6ª séries costumam oferecer a seus alunos,
quando tratam de razões e proporções.
Ao examinar a situação 5, o objetivo é identificar procedimentos de
solução de situações-problema que incluem grandezas diretamente proporcionais
por meio de estratégias pessoais.
João responde corretamente a situação 5. O aluno corresponde a nossas
expectativas, privilegiando a técnica do cálculo mental. Faz uma boa leitura na
tabela. Percebe-se que João tem essa compreensão quanto é trabalhado o
fracionamento da unidade de tempo, que está evidenciada em seu cálculo escrito
e em sua fala “tem que saber horas, pois se não soubesse dificultaria a
resolução”. Sendo assim, notamos a existência de um subsunçor, que se
134
encontra em sua estrutura cognitiva, capaz de reconhecer a utilização de
unidades de tempo usuais. Em sua representação escrita, aparece a técnica
operatória da adição. Nota-se que em sua interpretação, João faz uma relação
entre grandezas (tempo e distância).
Com relação à solução apresentada por Pedro na situação 5, sua
resposta também é correta. O aluno faz menção ao procedimento do cálculo
mental. Utiliza a técnica operatória da adição, cujos valores aparecem com uma
repetição relacionada ao fator multiplicador 3 (30 + 30 + 30 no qual é a grandeza
distância e para a sua resposta final utiliza a repetição 2,30 + 2,30 + 2,30 que é a
grandeza tempo). Notamos que, por meio dos cálculos descritos, Pedro
estabelece a relação entre grandezas e consegue demonstrar o seu
conhecimento em relação à fragmentação do tempo. Mas, nesta situação,
reiteramos que o registro (2,30 + 2,30 + 2,30) está incorreto, pois se trata da
grandeza tempo. Nesse caso, ele deveria ter registrado 2,5 + 2,5 + 2,5 para poder
realizar uma somatória correta, quando a grandeza tempo é “horas”.
A partir dos resultados que foram expressos por João e Pedro nessa
situação cinco, pode-se inferir que os alunos apresentam subsunçores
relacionados à habilidade de identificar a natureza da variação de duas grandezas
diretamente proporcionais, por meio de procedimentos não convencionais, ou
seja, utilizam meios aritméticos, cujo procedimento é construído cada qual a sua
maneira, ou seja, fizeram uso de estratégias pessoais.
Com relação à situação 6 o objetivo é identificar procedimentos de
solução de situações-problema que incluem grandezas diretamente proporcionais
ou inversamente proporcionais por meio de estratégias variadas.
João acerta os itens a, c, d, mas quanto ao item b não obtém sucesso.
Notamos em seu protocolo, no “item c”, que o aluno tem dúvidas com a resposta,
pois escreve “diminuiria” e sobrescreve a palavra, mudando para “aumentaria”.
Neste caso consideramos a resposta como correta, pelo motivo que, ao
questionarmos João, ele explica que o tempo deveria diminuir e volta a
argumentar com a expressão que consta no protocolo: e ele andaria mais rápido.
Pode-se entender que João não apresenta, em sua estrutura cognitiva,
subsunçores relacionados com a formação do conceito de velocidade. O fato está
135
enfatizado em nossa entrevista, quando: Perguntando a João se ele não
compreendeu alguma coisa em sua leitura, ele responde que foram duas coisas:
“em torno de” e “km por hora”. Notamos que, para as suas respostas corretas,
utiliza a Matemática prática, que se faz presente em seu dia a dia. Também
citamos que, em nossa conversa, acabamos por fazer uma intervenção sobre o
conceito de velocidade. Perante a curiosidade de João, foi-lhe explicado o
significado de velocidade, começando esse conteúdo ao solicitar ao aluno, se ele
não havia visto esse símbolo “km/h”, que logo o fez recordar-se do velocímetro do
carro de seu pai, onde existe tal notação.
Pedro, na situação 6, responde corretamente. Com as respostas
expressas pelo aluno pode-se inferir que Pedro apresenta ideias organizadas que
lhe proporcionam estabelecer relação entre grandezas. O seu procedimento ao
responder as questões tem por base a Matemática prática, exemplificada em seu
protocolo com as palavras: trânsito; andar mais rápido ligado com demoraria
mais; andar mais devagar unido com demora mais.
Na análise da situação 7, pretende-se verificar se e como os alunos fazem
distinção entre grandezas diretamente proporcionais como a quantidade de
produtos vendidos e o preço pago por eles e grandezas inversamente
proporcionais como o número de pintores que pintam uma dada metragem de
parede e o tempo gasto. O objetivo é identificar procedimentos de solução de
situações-problema que incluem grandezas diretamente proporcionais ou
inversamente proporcionais por meio de estratégias variadas.
João, responde corretamente a situação 7. A nossa análise conclui que o
aluno tem conhecimentos prévios suficientes que dão suporte para reconhecer a
diferença entre os tipos de grandezas diretamente e inversamente proporcionais.
Podemos observar que, em relação ao valor unitário que está entre grandezas
(quantidade vendida e valor recebido) na questão 1, cujo valor é 3, seu
julgamento busca apoio na tabuada. Tais conclusões têm por base descrições
expressas da seguinte maneira por João: quando eu já tinha o valor em reais eu
dividia por 3 e quando se tinha a quantidade eu multiplicava. Também podemos
reproduzir mais elementos que estão contidos na questão 2 para justificar nossa
conclusão, que seriam: se um pintor pinta a parede em 2h, para ele pintar 2
136
demorar o dobro e se 2 pintores forem pintar 1 parede vão demorar metade do
tempo de 1 pintor.
Pedro, por sua vez, acerta as questões dessa situação; então entendemos
que Pedro apresenta os conhecimentos prévios necessários que fazem distinção
entre os tipos de grandezas (diretamente e inversamente proporcionais). Pela
primeira vez, ele demonstra indícios de uma aprendizagem proporcionada pela
escola ao escrever em seu protocolo “é diretamente” na questão 1 e representa o
operador na tabela da mesma questão. A observação que podemos inferir na
questão 2, é quanto ao procedimento, Pedro, ao descrever os valores na tabela,
utiliza-se do cálculo mental ultrapassando as nossas expectativas.
A apreciação da situação 8 tem por objetivo identificar procedimentos de
solução de situações-problema que incluem grandezas diretamente proporcionais
por meio de estratégias variadas.
João responde essa situação com acertos e erros. Em relação aos acertos,
faz uso da leitura na tabela que já lhe fornecia o valor unitário. O aluno possui
conceitos relacionados com os números racionais, seus procedimentos estão
envolvidos com técnicas de calcular, levando a um relativo sucesso ao obter os
resultados. No item “b” (Quantos pães é possível comprar com R$ 6,58?), apesar
de optar por uma técnica convencional correta, acaba cometendo um erro ao
efetuar a divisão (6,58 : 0,14), ou seja, a habilidade de trabalhar a operação de
divisão no campo numérico dos racionais não foi bem sucedida.
Pedro, na situação 8, também tem acertos e erros. Na estrutura cognitiva
de nosso aluno, está presente um subsunçor que estabelece um apoio para
reconhecer um número racional por isso, auxilia nos significados das operações
que resultaram em uma boa escolha, com estratégias pessoais para solucionar
esta questão. Neste caso, podemos exemplificar, Pedro representa dois
procedimentos diferentes
(5,60 + 0,98 = 6,58 e 2,10 + 2,10 + 2,10 = 6,30 + 0,28 = 6,58)
para obter os resultados. No entanto com relação ao erro pode-se inferir que
quando vai calcular o preço de 39 pães fez uma troca de valores. Na troca de 39
137
pães por 29, apesar de perceber seu equívoco, faz a tentativa de concertar o
cálculo por meio do cálculo mental, mas não obtém sucesso.
Nossa expectativa com a situação 9 tem por objetivo: identificar
procedimentos de solução de situações-problema, os quais incluem grandezas
diretamente proporcionais, por meio de estratégias variadas.
O aluno João, tem três acertos e um erro nessa situação 9 que contém
quatro questões. O aluno resolve os problemas mobilizando conceitos
relacionados a valores monetários (reais). Em seu procedimento, percebe-se que
os cálculos estão apoiados na tabuada, pois procura estabelecer a relação de um
para muitos que está caracterizada na “questão 2” quando representa 18 dividido
por 15. Quanto ao erro que ocorreu na “questão 4” pode-se concluir que os
conceitos que envolvem a questão não estão armazenados na sua estrutura
cognitiva, por isso não lhe forneceram dados suficientes para obtenção do
sucesso. Com os resultados expostos pelo aluno, concluímos a não presença de
conhecimentos prévios pertinentes à medida de comprimento e a utilização da
unidade m2.
Pedro, na situação 9, responde corretamente todas as quatro questões.
Confirma-se nesta situação que Pedro possui conhecimentos conceituais
relacionados à proporcionalidade. Ele escolheu uma técnica que lhe trouxe êxito
em relação aos diferentes problemas apresentados, mas cujo conteúdo é o
mesmo. Além de demonstrar conhecimento das técnicas operatórias no campo
multiplicativo, Pedro utiliza um procedimento convencional para resolver as
“questões 3 e 4”: a regra de três. Nesse caso, caracteriza uma aprendizagem
adquirida na escola.
Percebemos, nesta questão, que o aluno busca elementos que estão
disponíveis em sua estrutura cognitiva para avaliar e determinar a melhor
estratégia para solucionar a situação-problema. A observação nos permite
descrever que o processo de aprender está vinculado a uma aprendizagem
significativa. Para esta explanação, podemos citar uma descrição de Coll (1994,
p. 128): “A significância de aprendizagem está muito diretamente vinculada com a
sua funcionalidade”. Sendo assim, quanto mais ricos forem os conhecimentos que
o aluno tiver aprendido, mais rica a funcionalidade da aprendizagem, pois ele
138
conseguirá fazer ligações com um grau de amplitude que atingirá as novas
situações e os próximos temas a serem conhecidos.
A situação 10 tem o objetivo de identificar procedimentos de solução de
situações-problema que incluem grandezas diretamente proporcionais por meio
de estratégias variadas.
João responde corretamente a situação 10, formada por duas questões.
Os subsunçores existentes em sua estrutura cognitiva estão ancorados em
operações no campo multiplicativo. Tal situação mostra a possibilidade de
trabalhar as duas situações, com abordagens no trabalho com a multiplicação e a
divisão. Isto ficou comprovado por João, quando trabalha paralelamente as duas
operações já mencionadas, traduzindo uma compreensão mais ampla sobre
multiplicação. Estes conhecimentos prévios permitirão mais facilidade ao aluno
quando houver a formalização da proporcionalidade, pois já existem
ancoradouros. Citamos, ainda, que João utiliza o cálculo escrito para representar
seus conhecimentos com os números racionais, e isto está exposto na “questão
2” desta situação.
O nosso aluno Pedro, nesta situação 10, composta de duas questões,
acerta a 10-1 e erra a 10-2a e 10-2b. O aluno possui em sua estrutura cognitiva
subsunçores relacionados aos números naturais que deram suporte para uma
estratégia que o levou a um procedimento de cálculo escrito cuja operação de
divisão prevaleceu. Quanto ao erro ocorrido na questão10-2a e na 10-2b, temos
que fazer uma colocação: em relação à grandeza quantidade de ovos, cuja
representação se encontra no conjunto dos números naturais, Pedro acertou. Mas
com relação à grandeza quantidade de açúcar no qual os valores estão
representados com números racionais cometeu erros. Como não há registros
escritos que façam menção a essa questão, a sua tentativa para realizar a
solução foi com base no cálculo mental. Mas, vamos elucidar que a divisão com
números racionais realizados por este aluno apresentou dificuldades. Depois, em
nossas discussões sobre essa situação, o aluno analisou novamente e faz suas
reflexões descobrindo o seu erro.
139
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir nosso trabalho, em primeiro lugar gostaríamos de relatar que
em nosso pensamento permeava a ideia que os alunos não seriam capazes de
resolver situações-problemas com o conteúdo proporcionalidade, sem antes obter
a formalização sobre esse tema. No decorrer desta pesquisa, notamos o nosso
equívoco. João nos surpreendeu com a sua maneira espontânea ao resolver as
atividades propostas. Ele foi capaz de apresentar soluções com base nas quatro
operações que havia aprendido nas séries iniciais. Ao comparar as atividades de
Pedro e João, percebemos que as soluções de João possuem mais acertos, fato
que fortalece a relevância de se conhecer as ideias que nossos alunos possuem e
assim valorizar suas estratégias pessoais, pois, por meio de procedimentos não
convencionais, existe a possibilidade de solucionar um problema obtendo sucesso
e isto está revelado pelos estudantes em nosso trabalho.
Relatamos, também, que agora, com a necessidade de critérios para as
análises deste estudo, percebemos o quanto nosso pensamento examinou
pouquíssimas vezes o trabalho dos nossos alunos durante os anos que
lecionamos.
A crença de que os alunos não sabem nada, entendemos que vem da
dificuldade que sentimos ao analisar os protocolos. Efetuando as correções das
provas de nossos alunos, observávamos as análises voltadas paras as técnicas e
não para as estratégias, preocupando-nos com os cálculos e não com o processo.
Nunca havíamos feito análises baseadas em compreender os porquês dos erros.
Com os estudos realizados acreditamos que, o ponto-chave deste nosso
trabalho, está em refletir sobre “o praticar ouvir”, por nós, professores. Faz-se
140
necessário saber ouvir o que nossos alunos tenham a nos dizer sobre os seus
conhecimentos adquiridos em sua vida. Essa prática, presente em nosso trabalho
de campo, nos apontaram os saberes em relação à disciplina de matemática. A
partir deste momento de comunicação identificamos algumas lacunas existentes
na estrutura cognitiva de João e Pedro. Juntando as observações dos protocolos
e as entrevistas com os alunos é que conseguimos entender quais as dificuldades
que permeiam os seus pensamentos. Julgamos ser esse caminho fundamental
para a prática de ensino, pois será ele que permitirá novas reformulações para
outras atividades que se relacionem com a defasagem e o conteúdo a ser
aprendido.
A nossa sugestão é a de que o professor procure situações-problemas
que casem essas duas situações. Em nosso caso, pensando em João e Pedro, as
dificuldades notadas estão no campo dos números racionais com a operação da
divisão, poderíamos, então, privilegiar situações-problemas, cujo conteúdo é
proporcionalidade, envolvendo as soluções com essa operação, podendo intervir
no momento que se fizer necessário, com uma abordagem que tenha
significados, ou seja, o conceito de divisão.
A partir das pesquisas realizadas por nós e das observações que faço no
meu ambiente de trabalho, detectando que nós professores, somente discutimos
sobre o que os alunos não sabem fazer e nunca que caminho pode-se orientar
estes estudantes para facilitar uma aprendizagem significativa. Verificamos que é
muito difícil para o professor dialogar e entender o raciocínio dos alunos, por isso,
sugerimos algumas reflexões: Por que os professores não têm a prática de saber
ouvir? O que fazer a partir do momento em que diagnosticamos as dificuldades de
nossos alunos? Quais os tratamentos que uma equipe escolar, na disciplina de
Matemática, deveria pôr em prática diante das dificuldades apresentadas pelos
alunos?
Retomando as seguintes questões que nortearam os nossos estudos:
Quais são as possibilidades e dificuldades na introdução de situações de
aprendizagem elaboradas com base em propostas apresentadas nos anos
iniciais e propostas que os professores de 7º ano (antiga 6ª série)
costumam oferecer a seus alunos, numa perspectiva ausubeliana, em
relação às noções de proporcionalidade?
141
Podemos perceber que a seleção de atividades de aprendizagem tem que
procurar facilitar uma aprendizagem significativa. De acordo com Ausubel e seus
colaboradores (1980), de todas as condições possíveis de aprendizado, o que
mais pode afetar a estrutura cognitiva é a organização do material de ensino.
Para isto, essas atividades têm que se conectar com as ideias existentes na
estrutura cognitiva dos alunos e, assim, conseguir realizar uma ponte para um
novo conceito.
Portanto, se os objetivos não estiverem claros para o professor, isso pode
tornar-se um obstáculo para a orientação da aprendizagem, pois é ele quem
organiza as atividades. Notamos que foi possível resolver a grande maioria das
situações-problema envolvendo proporcionalidade, por meio das quatro
operações aprendidas nas séries iniciais. As dificuldades estão relacionadas com
a operação de divisão no conjunto dos números racionais, e o campo envolvendo
grandezas e medidas (área e velocidade).
Quais foram os conhecimentos prévios que pudemos identificar em alguns
estudantes, em relação às noções de proporcionalidade?
Identificamos alguns conceitos, entre eles as quatro operações
representadas no conjunto dos números naturais e racionais, mais especialmente,
as que estão no campo multiplicativo de ambos os conjuntos, pois são os
ancoradouros para uma nova informação em relação à proporcionalidade.
Que procedimentos os estudantes utilizam para resolver situações-problema
que envolvem ideia de proporcionalidade?
Os dados evidenciam que nas situações 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9-1 e 10 os
procedimentos utilizados pelos alunos têm por base as técnicas operatórias
representadas no cálculo escrito. Podemos identificar, por exemplo, que na
situação 1-a João utiliza o algoritmo convencional, caracterizado pela
disposição vertical, situação em que se utiliza a operação de multiplicação.
Ainda com relação ao cálculo escrito, Pedro é quem traz o procedimento
convencional na situação-problema 9-2; 9-3 e 9-4: a técnica “regra de três” que
está presente na proporcionalidade adquirida na aprendizagem escolar.
142
Outro aspecto que podemos citar está localizado na situação-problema 2-d,
em que os dois alunos trabalham com os múltiplos de 10. Nessa mesma situação,
no item “e”, destacamos que os resultados estão iguais e corretos, mas as
representações escritas por Pedro têm a sua preferência pelos valores numéricos
e João apresenta sua justificativa de resposta, descrevendo o seu pensamento.
Destacamos que, sendo as atividades selecionadas situações-problemas,
Pedro e João apresentaram: suas habilidades de leitura e interpretação de
textos; habilidades de leitura e interpretação de dados expressos nas
tabelas (evidenciadas nas situações 2, 4, 5, 7 e 8); argumentação de suas
ideias que surgiram em nossos diálogos quando realizamos as entrevistas e
estabelece relação entre grandezas (surgem nas situações 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9
e 10) outra característica de proporcionalidade.
Nas situações-problema 4, 7, 9 e 10, por exemplo, destacamos um bom
desempenho, pois em seus protocolos estão valores numéricos vinculados à
“tabuada”, caracterizando um processo memorístico.
Quanto às situações-problema relativas ao cálculo escrito, que não
possuem desempenho satisfatório, nossas observações centram-se nas técnicas
operatórias da divisão situadas no campo dos números racionais. Na situação-
problema 8 (6,58 : 0,14) João tem falhas nessa técnica operatória. Observamos,
também, que Pedro tem um bloqueio em utilizar a técnica de divisão e declarou,
em nossas conversas, que ao fazer uso da divisão em anos anteriores, errava os
cálculos, por isso, preferiu buscar alternativas e estratégias que algumas vezes
não permeiam o caminho da divisão. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (1998) é importante que os alunos compreendam as regularidades das
multiplicações de números racionais na forma decimal por 10, 100, 1000,...
Notamos que, Pedro e João não têm esse domínio de conhecimento, o que causa
uma dificuldade para desenvolver o procedimento de cálculo envolvendo, por
exemplo, números citados acima, na situação 8.
Sendo assim, compartilhamos com Ausubel e seus colaboradores (1980),
ao descrever sobre Consolidação, que um material novo na sequência, nunca
deveria ser introduzido até que todas as etapas prévias tivessem sido
completamente dominadas. João apresenta mais uma dificuldade notada nas
143
situações 6 e 9-4 situada no campo de Grandezas e Medidas. João não tem o
conceito que envolve as áreas: uma geométrica (aplicação da unidade no
comprimento a ser medido) e outra aritmética (contagem de quantas unidades
couberam) além da compreensão de velocidade. Ele não entende este conceito
que relaciona tempo, espaço e velocidade. Segundo Nunes e Bryant (1997),
estudos indicam que as crianças possuem dificuldade quando aparecem
quantidades intensivas (quando quantidades se referem às relações em vez de à
quantidade real) tanto em tarefas de comparação como de adição.
Os dados mostraram dificuldades em evidenciar seus conhecimentos
também ocorridos na situação-problema 2, que está representado no protocolo de
Pedro, por exemplo, 1 muda = R$ 1,50 a sua análise está correta mas a forma de
registro está errada. Notamos também que Pedro, na situação-problema 5-c faz
outro registro indevido relacionado a horas (2,30 + 2,30 + 2,30 = 7,50). A
representação correta deverá ser 0,5 da hora e não 0, 30, pois, 0,5 da hora = 30
minutos.
Ao identificar falhas na resolução 10-2b de Pedro tivemos a certeza de que
a comunicação entre professor-aluno é muito importante. Em especial, nessa
última atividade, ficou claro que saber ouvir tem que permear o ambiente do
saber. Relatamos esse ponto, pois assim que Pedro, João e a pesquisadora
começaram a discutir sobre esta questão, Pedro logo se manifestou identificando
o seu erro na solução da situação abordada.
Outra observação está relacionada com o cálculo mental. Pedro é o nosso
aluno que mais utiliza este procedimento, por exemplo, na situação-problema 4,
não aparecem os registros escritos somente os resultados. Também nesta
atividade, destacamos o uso de parcelas iguais (8,50 + 8,50) no item 4-g e na
situação-problema 5-c. Paulo também se utiliza do cálculo mental, evidenciado na
situação-problema 7-2. E em seus registros ele menciona: “Na cabeça eu fiz as
contas...”.
Outra evidencia observada nos protocolos das situações 8 e 10 tanto de
Paulo como o de Pedro mostra o cálculo exato.
144
Que atitudes os estudantes revelam nas resoluções de situações-problema
mobilizando conhecimentos prévios?
Uma das atitudes que notamos foi a curiosidade revelada por João, em
uma das situações em que aparecia o conceito sobre velocidade. Esta ideia foi
questionada por ele; a atitude com respeito à Matemática fica demonstrada nas
entrevistas, os estudantes sentem-se motivados para estudar Matemática, não
apenas como uma disciplina, mas a Matemática lhes oferecerá oportunidades no
campo profissional e pessoal; a atitude com relação à aprendizagem
Matemática, neste caso, verificou que esses alunos buscam “compreender”,
nota-se essa atitude na busca em resolver as situações-problemas; atitude de
perseverança, Pedro e João não deixaram nenhuma questão em branco; atitude
de cooperação, os alunos não faltaram a nenhuma reunião; atitude de
participação, os estudantes estavam sempre prontos para expor os seus
pensamentos, pois sabiam da relevância de nossa pesquisa cujo objetivo era
investigar os pensamentos dos estudantes.
Segundo Pozo e Crespo (2009, p. 36), auxiliando-nos sobre a atitude de
curiosidade colocam que:
[...] essa atitude de indagação e curiosidade já existe nas
crianças, de fato, desde que elas são muito pequenas e, portanto,
tudo o que é preciso fazer é mantê-la viva e enriquecê-la com o
ensino de métodos adequados de aproximação à realidade.
Finalizando este trabalho, ressaltamos que esta investigação nos fez
adquirir compreensões relacionadas a vários conhecimentos, possibilitando-nos
um desenvolvimento profissional, além de colocar reflexões para que esta
pesquisa não se encerre aqui. Gostaríamos que os trabalhos de pesquisa
tivessem um campo maior de divulgação e que chegassem aos ambientes
escolares. Quem sabe os professores pudessem fazer uma leitura desses
trabalhos e, assim, ter mais subsídios que possam direcionar uma aprendizagem
com resultados significativos.
145
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Ática, 1996. P. 10-29.
TEIXEIRA, F. M.; SOBRAL, A. C. B. Como novos conhecimentos podem ser
construídos a partir dos conhecimentos prévios: um estudo de caso. Ciência &
Educação. Bauru, v. 16, n. 3, p. 667-677, dez. 2010.
ZABALA, A. Os enfoques didáticos. Construtivismo na Sala de Aula. Tradução
de Claudia Sclilling. São Paulo: Editora Ática, 1996. p. 153-195.
149
ANEXOS
Anexo A - Instrumento de coleta de dados
Situação 1 - Fazendo cálculos para uma excursão.
Algumas turmas do sétimo ano de uma escola decidiram fazer uma
excursão ao Horto. As primeiras providências foram marcar as datas, ver preço de
ingresso, ver o preço dos ônibus para levar os alunos da escola ao Horto e trazê-
los de volta.
Os alunos que irão à excursão são de duas turmas. Observe a tabela com
o número de alunos de cada turma;
150
Para entrar no Horto cada estudante deve pagar R$ 5,00.
O aluguel de um ônibus para 36 passageiros custa R$ 360,00
Cada turma vai alugar 1 ônibus.
Agora, responda às perguntas.
a) Quanto será o gasto com ingressos da turma da Professora Regina?
b) Quanto cada aluno da Professora Regina terá que pagar para o aluguel
do ônibus?
c) Cada um dos alunos da Professora Tereza vai gastar mais ou menos
que os da Professora Regina para alugar o ônibus? Por quê?
Situação 2 - Fazendo cálculos para o plantio de árvores
No Horto, as crianças ficaram sabendo que num bairro da cidade de São
Paulo a população organizou um movimento para plantar árvores nas ruas.
Fizeram uma campanha para arrecadar dinheiro e compraram as mudas. Veja a
tabela de preços das mudas vendidas no horto.
Número de mudas Preço (em R$)
1 1,50
2 3,00
6 9,00
10 15,00
151
Responda às questões de acordo com a tabela:
a) Qual o preço de cada muda de árvores?
b) E de 6 mudas?
c) Quanto deve pagar quem comprar 12 mudas?
d) Quantas mudas podem ser compradas com R$ 150,00?
e) Quantas mudas podem ser compradas com R$ 6,00?
Situação 3 - Fazendo cálculos na barraca de frutas
Na saída do Horto havia uma lanchonete e uma barraca de frutas. Na
barraca de frutas, estavam afixadas as placas:
Goiabas
COMPRE 3
Por R$ 0,75
Goiabas
COMPRE 6
Por R$ 1,20
O que você nota no preço de seis goiabas, comparando-o com o preço de
três? O que é mais vantajoso comprar? Por quê?
Situação 4 - Fazendo cálculos na lanchonete
Alguns alunos foram à lanchonete. Um grupo sentou-se a uma mesa e
pediu a tabela de preços.
152
Lanchonete do Horto
Sanduíches Preço
De queijo R$ 8,00
De atum R$ 7,00
Misto R$ 10,00
Bebidas Preço
Suco de frutas R$ 7,00
Refrigerante em latas R$ 4,00
Água R$ 1,50
Eles pediram: 2 sanduíches de queijo, 3 sanduíches de atum e 4
sanduíches mistos. Pediram também 3 águas, 3 sucos de fruta e 3 refrigerantes.
a) Quanto pagou pelos sanduíches de queijo?
b) E pelos sanduíches mistos?
c) E pelos sanduíches de atum?
d) Quanto pagou pelos sucos de frutas?
e) E pelos refrigerantes?
f) E pelas águas?
g) André pediu um sanduíche misto e um suco de frutas. Ele gastou o
dobro do que gastou Camila. O que Camila deve ter pedido?
Situação 5 - Fazendo cálculos para o ciclista
Na volta da excursão, os alunos foram para tomar um lanche, numa
lanchonete que fica bem na saída do Horto. Lá, eles encontraram com um atleta
de ciclismo que estava treinando nessa estrada para uma competição, saindo do
Marco Zero. Ele foi explicando:
153
Nas ruas e estradas paulistas, as placas indicativas
da quilometragem marcam a distância do Marco Zero,
que fica na Praça da Sé, no centro de São Paulo até
esse local.
Se estivermos, por exemplo, no Km 60 da rodovia
Bandeirantes, que liga São Paulo a Campinas, isso
da significa que estamos a 60 km da Praça da Sé.
Agora leia com atenção.
O atleta contou que ao iniciar o treino, acionou o cronômetro e, durante o
trajeto, marcou o tempo gasto para cumprir determinados trechos da estrada.
Veja a tabela e resolva as questões:
Tempo (em horas)
0 Meia hora
1 hora 2 horas 2h e meia
5 horas
Distância (em Km)
0 6 12 24 30 60
Se o ciclista mantiver o mesmo ritmo de corrida (quer dizer, a mesma
velocidade) e as condições da estrada também permanecerem boas:
a) Quanto tempo levará para passar pelo marco 30 km?
b) Quanto tempo levará para passar pelo marco 60 km?
c) E para chegar ao marco que fica a 90 km de São Paulo?
d) Qual será a posição desse ciclista 1 hora e 30 minutos após sua partida?
e) E depois de 3 horas?
Situação 6 - Fazendo cálculos da velocidade do ônibus
Depois de ter conversado muito com o ciclista Paulo, que é muito curioso,
fez várias perguntas ao motorista do ônibus.
154
Quantos quilômetros há da escola ao horto?
Deve dar uns 70 km
Quantos tempos vão levar até lá?
Depende. Mas acho que em torno de uma hora.
a) Por que o motorista respondeu que “depende”?
b) Se ele levar 1 hora como previu, qual a velocidade média do ônibus
durante o percurso?
c) O que aconteceria se o motorista fizesse o percurso a 80 km por hora?
Aumentaria ou diminuiria o tempo?
d) E se por causa do trânsito ele desenvolvesse uma velocidade média de
50 km por hora. Aumentaria ou diminuiria o tempo?
Situação 7 - Fazendo cálculos na escola
No dia seguinte ao do passeio no Horto, na turma da Professora Regina
foram propostas as seguintes tarefas na aula de Matemática.
1) Na tabela abaixo, foram anotadas as quantidades vendidas e o valor
recebido pela venda de um mesmo produto. Mas alguns valores não
foram registrados. Preencha a tabela sabendo que o valor unitário do
produto se mantém independente da quantidade vendida.
Quantidade vendida Valor recebido
(em reais)
10 30
15
1 3
7
42
140
155
2) Se um pintor demora, em média, 2 horas para pintar uma parede de 10
m2, qual o tempo gasto nas outras situações apresentadas na tabela?
Número de pintores 1 1 2 2
Nº de paredes de 10 m2 1 2 1 2
Tempo gasto (horas) 2 ? ? ?
Situação 8 - Fazendo cálculos na escola
Na turma da Professora Tereza foram propostas as seguintes tarefas na
aula de Matemática.
1) Seu Aquiles é dono da padaria da esquina. Ele faz a seguinte tabela
para indicar o preço a ser pago pela compra dos pãezinhos
Nº de
pães 1 2 3 5 7 10 15 20 25 40
Preço
(R$) 0,14 0,28 0,42 0,70 0,98 1,40 2,10 2,80 3,5 5,6
a) Qual o preço de 4 pãezinhos? E de 39?
b) Quantos pães são possíveis comprar com R$ 6,58? E com R$ 4,14?
156
Situação 9 - Fazendo cálculos na escola
Na turma da Professora Célia, foram propostas as seguintes tarefas:
1) Os cofres de Tiago e Miguel estavam vazios. Tiago começou hoje a
colocar 3 reais, diariamente e Miguel, 5 reais. Quando Tiago tiver 21
reais, quantos reais terá o Miguel?
2) Joana usou exatamente 15 latas de tinta para pintar 18 cadeiras.
Quantas cadeiras podem ser pintadas com 20 latas de tinta?
3) Dois bilhetes de ônibus intermunicipais custam 16 reais. Quanto custam
6 bilhetes? E 7?
4) Quinze alunos pintaram 35m2 da parede do ginásio da escola. Sabendo
que cada aluno pinta a mesma área, quantos metros quadrados de
parede serão pintados no mesmo tempo por uma turma de 27 alunos?
Situação 10 - Fazendo cálculos com Alice
1. Alice fez 36 salgados. Ela está em dúvida quanto às embalagens que vai
usar para guardá-los. Se escolher embalagens em que cabem 2
salgados, de quantas ela vai precisar? E se usar embalagens de três?
Para responder, preencha a tabela:
Número de salgados por embalagem
2 3 4 6 9 12
Número de embalagens necessárias
157
2. Alice fez um bolo para oito pessoas, e sua receita usava três xícaras (de
chá) de açúcar e seis ovos.
a) Se ela quiser fazer esse bolo para quatro pessoas, quantas xícaras
de açúcar e quantos ovos ela usará?
b) E se fizer para doze pessoas?
158
Anexo B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Senhores responsáveis pelo aluno (a) _________________________________________
Seu (Sua) filho (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa
Conhecimentos prévios de um grupo estudantes do Ensino Fundamental relacionados
com noção de proporcionalidade que está sendo realizada pela mestranda Regina Lucia
da Silva, do curso de mestrado profissional em Educação Matemática da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
A finalidade deste estudo é contribuir com as pesquisas em Educação
Matemática, auxiliando os professores de Matemática na identificação de conhecimentos
prévios dos alunos, considerando a história de conhecimento já percorrida por eles.
Participarão deste estudo a mestranda citada, sua orientadora Professora Doutora
Célia Maria Carolino e mais cinco alunos da escola na qual serão realizadas as
pesquisas. Serão efetuadas filmagens e gravações durante a execução das atividades
selecionadas para abordagem destes estudos.
Esses encontros ocorrerão em uma sala de aula da E. E. ___________________,
às quintas-feiras, no período das 11h30min às 12h45min. Serão realizados no mínimo
dez encontros. As filmagens e gravações destes encontros ficarão sob a custódia da
mestranda e estarão disponíveis para consulta dos participantes da pesquisa (os alunos
envolvidos), dos seus responsáveis e dos interessados no estudo, ou seja, orientador e
professores doutores da banca examinadora.
A participação de seu (sua) filho (a) no estudo é voluntária. Ele (a) pode escolher
não fazer parte do estudo, ou pode desistir a qualquer momento. Em caso de dúvida
poderá entrar em contato com a pesquisadora pelo telefone _______________ ou ainda
pelo e-mail ______________.
Declaro que li e entendi este formulário de consentimento e todas as minhas
dúvidas foram esclarecidas e que sou voluntária a tomar parte neste estudo.
Desde já agradeço a sua colaboração para a realização este trabalho.
Assinatura do (a) voluntário (a) e data:_________________________________________
Assinatura da pesquisadora e data:___________________________________________
RG: ________________________ CPF: ________________________________
Assinatura do responsável pelo (a) voluntário (a) e data: __________________________
RG: ________________________ CPF: ________________________________