conhecimento em tecnologia da informação crise … …depois de uma estagnação em 2014, o pib...
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Conhecimento em Tecnologia da Informação
Crise Econômica de 2015/16:
Papel da TI Corporativa
Como a TI pode ser um elemento estratégico para que as
organizações atinjam a eficiência operacional?
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Há alguns anos, os principais indicadores econômicos do Brasil projetavam um futuro
de crescimento para o país. Em 2010, a expansão de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o
maior desde o início do Plano Real, grandes programas de investimentos em infraestrutura e
o grau de investimento com selo de confiança para estrangeiros interessados era a prova de
que estávamos na direção correta. Além disso, a expectativa de sediar a Copa do Mundo de
2014 e as Olimpíadas em 2016 tornava o cenário ainda mais promissor.
Fonte: Boletim Focus – Indicadores de mercado – Banco Central/Focus
No entanto, o cenário atual se mostrou diferente e o Brasil atravessa uma crise das
mais desafiadoras para o mundo dos negócios. Depois de uma estagnação em 2014, o PIB
deve cair no mínimo 3% até o final de 2015, enquanto a economia internacional tem crescido
acima de 2,9%. O setor mais atingido tem sido a indústria, fazendo do Brasil um exemplo de
desindustrialização precoce. Mesmo com a desvalorização cambial o país continua
apresentando déficit nas transações de produtos industrializados com o resto do mundo.
Nesse cenário, o Brasil está entrando em uma situação definida pelo mercado como
“tempestade perfeita”: crise hídrica, energética, queda dos investimentos, aumento da
inflação, elevação do desemprego etc. Além do impacto na própria população brasileira, esse
cenário apresenta uma grande virada na estratégia das organizações que se instalam no Brasil.
O aumento dos custos em toda cadeia produtiva, a alta nos juros e inflação, endividamentos
de curto prazo, baixa na margem de lucro, dentre outros fatores, criam um grande alvoroço
nas organizações.
Por exemplo, para 2015, as expectativas de vendas do setor automobilístico já foram
revistas pela terceira vez em outubro desse ano. Em janeiro, a Associação Nacional de
Introdução
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Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) previa um aumento de 1,4% na produção de
carros até dezembro em relação a 2013. Hoje, a expectativa é fechar o ano com um volume de
vendas 27,4% menor em relação às vendas de 2014.
“Até o fim do ano, a situação será difícil. Com o pessimismo do mercado e a retirada de
incentivos fiscais do governo, não vejo muita perspectiva de recuperação no curto prazo”,
Stephan Keese, sócio da Roland Berger sobre o setor automotivo no Brasil.
A falta de visão de futuro e as incertezas fazem com que as organizações revejam as
estratégias projetadas nos anos anteriores para que sobrevivam ao momento apresentado no
país. A necessidade de cortar custos e aumentar a sua eficiência operacional pressiona o
posicionamento de diversos executivos de negócios.
Dentro de um cenário de incertezas, em que empresas estão precisando rever suas
estratégias, qual o papel da TI nas organizações?
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Em um pequeno espaço de tempo saímos de um momento promissor no Brasil, com
perspectivas econômicas que nos sinalizavam um futuro grandioso, para um momento no qual
estamos brigando pela sobrevivência. É um período em que todos os indicadores e fatos
relevantes sinalizam ser um dos mais difíceis dos últimos tempos e que alguns já cogitam ser
uma nova década perdida. Margens de lucro confortáveis que encobriam ineficiências
espalhadas nas operações ficaram no passado e agora uma melhor gestão dos custos, dentro
da máxima capitalista “fazer mais com menos”, se tornou uma diretriz para que as
organizações sobrevivam a esse período.
Um dos reflexos da situação financeira em que as organizações se encontram é a taxa
de desemprego. O índice subiu até agosto deste ano e chegou a 8,7%, segundo dados
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este conjunto de fatores
negativos faz com que 2016 seja um ano onde se deva olhar para “dentro de casa”, executando
ajustes e melhorias em quatro importantes pilares: despesas (as realmente necessárias),
processos (eficientes e seguros), caixa (saudável) e pessoas (engajadas aos valores e
estratégia).
Qualquer que seja o momento do ciclo econômico, a maioria dos executivos
concordaria com a afirmação de que uma posição de custo ajustada é no mínimo importante,
se não fundamental, para o sucesso duradouro do negócio. Se, por um lado, a redução da
atividade econômica associada à escassez de crédito obriga empresas a postergarem
investimentos e focarem em ações que poupem caixa para permitir que sobrevivam à
tempestade, por outro lado a crise cria oportunidades únicas para empresas com posição de
custo mais favorecida.
Dessa forma, seja pela sobrevivência do negócio, ou para aproveitar as oportunidades
que surgem, a revisão de custos torna-se prioridade absoluta, e a maior parte das empresas,
considera-se aquém do desejado em termos de eficiência. Uma pesquisa realizada pela Bain &
Company com executivos de grandes empresas brasileiras e multinacionais durante a crise
mundial de 2008 ilustra justamente isso:
Posicionamento das empresas frente à crise
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Fonte: Bain & Company
É importante ressaltar que manter uma posição de custo controlada não significa
simplesmente cortar custos. Segundo especialistas, é preciso uma visão holística dos processos
da organização, de forma alinhada à sua estratégia, para que melhores decisões sejam
tomadas. De acordo com Michele Cantara, vice-presidente de pesquisas da Gartner, “quando
as empresas estão em “modo de sobrevivência”, elas tendem a cortar totalmente
financiamentos de projetos para cortar custos. Essa abordagem pode tirar dos trilhos alguns
processos de negócios e, na prática, acabar fazendo a companhia gastar ainda mais dinheiro”.
Tendo isso em vista, podemos afirmar que muitas das iniciativas das empresas para o ano de
2016 estarão, como já estão, focadas na busca de redução de custos de maneira estruturada
e no ganho de produtividade e eficiência operacional. A questão que fica no ar é: Como a área
de TI pode agregar valor às essas iniciativas?
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"O ano de 2015 tem se mostrado extremamente difícil e exigido muito sacrifício de
vários setores da economia, em especial o de tecnologia. A valorização do dólar frente às
moedas latino-americanas, a inflação e o baixo desempenho econômico vêm impactando
diretamente nos investimentos feitos pela indústria de uma forma geral e o nosso desafio é
descobrir como se manter forte diante deste cenário", afirmou o country manager da IDC Brasil,
Denis Arcieri, durante a primeira edição do IDC Brasil President’s Dinner.
Ainda em uma visão global, onde o PIB brasileiro despenca frente ao mundial, os
investimentos de TI precisam ser sustentados para que esse cenário seja revertido. Para
Ricardo Villate, vice-presidente da IDC América Latina, há uma clara relação entre o
desempenho do PIB e os investimentos de TI, como mostra o gráfico abaixo:
Observação: a linha laranja representa o aumento em investimentos de TI e a linha azul
a variação do PIB.
Fonte: Correlação do Crescimento de Investimentos de TI e o PIB na América Latina, IDC Brasil 2015
De acordo com a IDC, ao analisar o percentual que a tecnologia representa no PIB em
cada um dos países da América Latina nota-se que, no Brasil, por exemplo, esse índice chega a
2,5%. Em países desenvolvidos, como os EUA, os gastos com tecnologia representam 3,9% do
PIB.
De forma complementar, a Huawei divulgou seu Índice Global de Conectividade 2015
(GCI, na sigla em inglês), com base na análise de 50 economias em relação à conectividade,
uso de TIC e transformação digital. No geral, o GCI 2015 demonstra que um aumento de 20%
no investimento em TIC aumentará o PIB de um país em 1%. Esse cenário reforça a necessidade
Posicionamento da TI Corporativa frente à crise
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de se manter os investimentos de TI no país e, consequentemente, nas organizações que aqui
operam.
Assim, entendemos que períodos de crise e de baixo crescimento econômico
impulsionam e pressionam as empresas a buscarem reduções de custos e outros ganhos em
gestão e desempenho operacional. Para isto, as empresas precisam cada vez mais de soluções
de tecnologia da informação que possam de forma integrada garantir estes ganhos e auxiliar
na ampliação da competitividade e na manutenção das margens e do crescimento.
Gestão se faz por fatos e não por percepções. Para o executivo tomar boas decisões e
não simplesmente seguir o clima cinzento que paira sobre a economia em geral, é necessário
que ele acompanhe a rentabilidade de cada operação, conheça os seus custos e ataque seus
gargalos. Portanto, sem uma estrutura de TI que sustente a operação do negócio para gerar
dados que embasem a tomada de decisão e se alinhe à estratégia da organização, ficará difícil
não cair em “achismos”.
Portanto, as soluções voltadas para Business Intelligence e SMACIT (Social, Mobile,
Analytics, Cloud and Internet of Things) são cada vez mais exploradas. A demanda por
ferramentas que disponibilizem informações estratégicas para tomada de decisão, bem como
àquelas que visam endereçar as novas necessidades de seus clientes e acionistas se
apresentam como uma saída para novos investimentos. As empresas buscam maneiras de ter
uma visão holística do seu negócio, bem como uma análise cada vez mais assertiva dos dados
do negócio, de seus processos e de seus clientes, além de meios de como interagir com estes
clientes exigem uma composição diferenciada que suportem algo que vem sendo chamado de
Digital Strategy.
A criação de uma Digital Strategy é resultado de um processo de transformação digital
que a TI de diversas organizações estão liderando. Vemos no caso das empresas de varejo, por
exemplo, a necessidade de inclusão de uma estratégia digital que contemple soluções que
atendam à crescente demanda por soluções M-Commerce, que vão além do E-commerce
tradicional e que possibilitam, através de dispositivo móvel a navegação nos catálogos de
produtos, realização de check-outs e pagamentos eletrônicos integrados à rede bancária, além
da retirada da mercadoria em uma localidade próxima ou mesmo na casa do cliente.
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Entretanto, para que a TI seja capaz de transformar o negócio com uma visão de estratégia
digital e aplicar de forma correta as soluções tecnológicas presentes no mercado, é
indispensável que haja um alinhamento dos investimentos de TI com as demandas de operação
e constante evolução do negócio. Dessa forma, a seguir são enumeradas as principais
movimentações que as áreas de TI deverão realizar para viabilização de uma capacidade de
transformação digital em suas organizações:
Em tempos de crise, além do uso da Tecnologia da Informação nos mais variados mercados
e indústrias, torna-se necessário repensar o papel que a TI ocupa nas organizações. Além das
empresas estarem modificando sua própria forma de se posicionar no mercado, o papel da TI
nesta evolução também tende a mudar, fazendo com que seja necessária uma transição do
posicionamento da TI frente à organização. Ou seja, além de uma mudança na estratégia de
negócio, está ocorrendo, na maioria das organizações, uma mudança no papel estratégico que
a TI ocupa nestas empresas.
Esta transição será única para cada empresa, porém, existem alguns fatores que podem
auxiliar no correto posicionamento da TI frente às novas estratégias de negócio, mantendo o
alinhamento TI-negócio e fazendo com que a TI impulsione ainda mais esta evolução.
Apesar dos conceitos sobre Gerenciamento de Portfólio de Projetos de TI estarem bem
sólidos nas organizações, o direcionamento para implementação efetiva do processo ainda é
pouco difundido no mercado, o que dificulta o alinhamento estratégico entre TI e as áreas de
negócio das empresas. A Gestão de Portfólio eficaz deve levar em consideração variáveis
tangíveis como custos e recursos e variáveis intangíveis como impacto em cultura e clima
organizacional e alinhamento com os objetivos estratégicos.
Em tempos de crise, é de extrema importância que as escolhas de investimentos em TI
sejam certeiras e, para isso, é imprescindível que os métodos utilizados para a gestão do
Alinhar estrategicamente os objetivos de TI aos objetivos da organização.
Construir (ou atualizar) o método de Portfólio de Projetos.
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portfólio de serviços de TI utilizem critérios claros e tangíveis para que a tomada de decisão
esteja alinhada às reais necessidades do negócio.
Diferentemente do processo de orçamento tradicional, também conhecido como
Orçamento Base Histórica (OBH), o OBZ tem como principal característica a avaliação de todas
as despesas propostas e não apenas as que cresceram acima da meta orçamentária. São
analisadas premissas relacionadas com a função de cada gasto e as necessidades estratégicas
da empresa. Não é simplesmente cortar, é identificar oportunidades de fazer o que é
necessário de forma melhor e com menos. O OBZ assegura a correta alocação de recursos com
foco nos fatores chave do negócio, fundamentais para garantir o crescimento sustentável tão
desejado por acionistas e controladores.
Em tempos de corte de custos, é importante que a TI tenha maior eficiência e eficácia nos
níveis de serviços entregues ao negócio. É preciso rever os níveis de serviços acordados com
áreas de negócio de forma que sejam definidos SLA mais realistas, que custem menos para
prover a entrega.
Idem para fornecedores externos (Contratos de Apoio). É recomendada a revisão dos
contratos com fornecedores, separando fornecedores estratégicos dos utility, conduzir
alterações contratuais nos itens não estratégicos e fortalecer parcerias de negócio. Para
qualquer mudança contratual é importante analisar impactos nos times de atendimento que,
em geral, são terceirizados.
Após a renegociação dos SLA e UC é preciso revisar/atualizar o Catálogo de Serviços de TI,
inserindo e publicando os novos Acordos de Nível de Serviço e Operacionais.
Rever orçamento com método Base Zero (OBZ).
Renegociar níveis de serviço com áreas de negócio.
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Em busca da eficiência da operação de TI e de acordo com as revisões dos SLA e UC,
redimensionar a capacidade e revisar critérios de disponibilidade dos serviços. Garantir que
não está sendo entregue 0,1% a mais do que o vital para o negócio.
Nesse momento, os custos operacionais de TI estão em fase de reavaliação e otimização
de modo que seja entregue valor para o negócio através da otimização de recursos de TI.
Garantir que haja apenas a configuração necessária para entregar os níveis de serviço. É
necessário abster-se do ímpeto de sempre ter a melhor tecnologia em momentos de crise. O
mindset agora é “apenas o real necessário para o negócio”.
Redimensionar a capacidade e revisar critérios de disponibilidade dos serviços.
Revisar o inventário de configuração.
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Ao longo do artigo podemos perceber que um dos principais segredos para sobreviver
a períodos de crise como este é não abrir mão de bons investimentos. Ou seja, não fazer o que
a maioria das empresas faz: não se planejar e economizar no curto prazo. Na ânsia por
melhorar os resultados, muitas companhias buscam a redução de custos a qualquer preço e
deixam de enxergar boas oportunidades. Vislumbram apenas o corte de gastos e o resultado
imediato já no balanço do mês seguinte. Este, certamente, não é o melhor caminho. Existem
sim, boas alternativas de investimento em épocas de crise.
É preciso ir além quando o assunto é reduzir custos e promover o corte de gastos. O
"pensar fora da caixa" tem que ser usado nestes períodos, não somente para criar novos
produtos. É possível ser inovador em investimentos que reduzam custos e aumentem a
eficiência das empresas e a tecnologia pode ser o principal aliado. Processos bem desenhados
e enxutos impactam diretamente nos negócios de qualquer empresa, mas no médio/longo
prazo. O retorno de investimento é perceptível quando são realizados aportes assertivos em
tecnologia, mas é preciso ter calma para atingir os resultados e conseguir combinar as
expectativas dos envolvidos.
Os motivos para apostas em tecnologia são inúmeros, entretanto, é preciso coragem
para levantar esta bandeira e defender os investimentos mesmo com cortes dentro das
organizações. O ano de 2015 e, daqui a alguns meses o ano de 2016, exigirão esta coragem e
as empresas que a tiverem sairão na frente nos anos seguintes. Somente com a união de
processos e tecnologia será possível melhorar os procedimentos e, por consequência,
descobrir as melhores oportunidades de negócios, sobreviver e crescer neste cenário de
incertezas.
Conclusão
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GAZETA DO POVO. Em crise, mercado automotivo encolhe.
Disponível: < http://www.gazetadopovo.com.br/economia>. Acesso em: 13 de novembro de 2015
VALOR ECONÔMICO. Mercado piora previsões para inflação e PIB em 2015 e 2016.
Disponível em: < http://www.valor.com.br/brasil/4275530>. Acesso em: 13 de novembro de 2015.
COMPUTERWORLD. Gartner: crise econômica incentiva o uso de BPM para reduzir os custos.
Disponível em: <www.gartner.com/newsroom/id/2889424>. Acesso em: 20 de novembro de 2015
IDC 2015. IDC Brasil discute o atual cenário do mercado latino-americano de TI com líderes da indústria. Disponível em: < http://br.idclatin.com/releases/news.aspx?id=1854>. Acesso em: 20 de novembro de 2015
Referências Bibliográficas