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CONFERÊNCIA DE BERLIM GUIA Carolina Andreosi diretora de imprensa Gabriel Rosas diretor Gabriella Costa diretora João Pedro diretor Nicholas Cozman - diretor

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CONFERÊNCIA DE BERLIM

GUIA

Carolina Andreosi – diretora de imprensa

Gabriel Rosas – diretor

Gabriella Costa – diretora

João Pedro – diretor

Nicholas Cozman - diretor

INDICE

1. A partilha da África e o novo imperialismo: exame das diferentes

teorias

1.1. Teoria Econômica

1.2. Teorias Psicológicas

I – Darwinismo Social

II – Cristianismo Evangélico

III – Ativismo Social

IV – Missão Civilizatória

1.3. Teorias Diplomáticas

I – Prestígio Nacional

II – Equilíbrio de Forças

III – Estratégia Global

1.4. Teoria da Dimensão Africana

2. A Conferência de Berlim sobre a África ocidental (1884-1885)

3. Países do Comitê

3.1. França

3.2. Inglaterra

3.3. Alemanha

3.4. Império Austro-Húngaro

3.5. Império Otomano

3.6. Portugal

3.7. Espanha

4. Bibliografia

1. A partilha da África e o novo imperialismo: o exame das

diferentes teorias

O bom senso se faz necessário, portanto, para que se possa

introduzir um pouco de ordem na confusão de teorias a que essa

mutação capital da história africana deu origem. Essas teorias podem

ser classificadas em: teoria econômica, teorias psicológicas, teorias

diplomáticas e teoria da dimensão africana.

1.1. Teoria Econômica

Essa teoria conheceu vicissitudes de toda sorte. Quando o

comunismo ainda não constituía ameaça ao sistema capitalista

ocidental, ninguém punha realmente em dúvida a base econômica da

expansão imperialista. Não é, pois, casual o sucesso da crítica de

Schumpeter da noção de imperialismo capitalista entre especialistas

não marxistas. Os repetidos ataques a essa teoria apresentam hoje

resultados cada vez menos concludentes. Em consequência, a teoria do

imperialismo econômico, modificada, volta a encontrar aceitação.

Que se deve entender por imperialismo econômico? As origens

teóricas da noção remontam a 1900, quando os socialdemocratas

alemães colocaram na ordem do dia do congresso anual do seu partido,

realizado naquele ano em Mainz, a Weltpolitik, ou seja, a política de

expansão imperialista em escala mundial. Foi lá que, pela primeira vez,

Rosa Luxemburgo apresentou o imperialismo como o ultimo estágio do

capitalismo. Foi lá também que George Ledebour fez observar que a

essência da Weltpolitik era o impulso profundo que conduz todo o

capitalismo a uma política de pilhagem, a qual leva o capitalismo

europeu e o americano a instalarem-se no mundo inteiro.

A formulação clássica dessa teoria, no entanto, – aliás, a mais

clara – é a de John Atkinson Hobson. Afirma ele que "a superprodução,

os excedentes de capital e o subconsumo dos países industrializados

levaram-nos a colocar uma parte crescente de seus recursos

econômicos fora de sua esfera política atual e a aplicar ativamente uma

estratégia de expansão política com vistas a se apossar de novos

territórios".

Para ele, estava aí “a raiz econômica do imperialismo”. Embora

admitindo que forças de caráter não econômico desempenhassem certo

papel na expansão imperialista, Hobson estava convicto de que, mesmo

que um estadista ambicioso ou um negociante empreendedor

pudessem sugerir e até iniciar uma nova etapa da expansão

imperialista, ou contribuir para sensibilizar a opinião pública de sua

pátria no sentido da urgente necessidade de novas conquistas, a

decisão final ficaria com o poder financeiro.

Adotando livremente as teses centrais dos socialdemocratas

alemães, assim como as de Hobson, V. I. Lenin salientava que o novo

imperialismo caracterizava-se pela transição de um capitalismo de

orientação “pré-monopolista”, “no qual predomina a livre concorrência”,

para o estágio do capitalismo monopolista “intimamente ligado à

intensificação da luta pela partilha do mundo”.

Assim como o capitalismo de livre concorrência prosperava

exportando mercadorias, o capitalismo monopolista prosperava

exportando capitais, derivados dos super lucros acumulados pelo cartel

dos bancos e da indústria. Segundo Lenin, é esse o estágio final do

capitalismo. Concordando com Rosa Luxemburgo e em contradição a

Hobson, Lenin acreditava que o capitalismo estava destinado à

autodestruição; pois, tendo finalmente partilhado o mundo entre si, os

capitalistas, convertidos em pessoas que vivem de rendas, parasitas,

sustentados pelos lucros de seus investimentos, estariam ameaçados

pelas nações jovens, que exigiriam uma nova partilha do mundo. Os

capitalistas, sempre ávidos, recusariam. O conflito, portanto, não

poderia ser atalhado senão por uma guerra, no fim da qual os

capitalistas seriam obrigatoriamente vencidos. A guerra, portanto, seria

a consequência inevitável do imperialismo e traria consigo a morte

violenta do capitalismo.

Não surpreende que esta propaganda entusiástica tenha sido

aceita por numerosos especialistas marxistas. Nacionalistas e

revolucionários do Terceiro Mundo também adotaram, sem sombra de

hesitação, as doutrinas de Hobson e de Lenin. Aliando-se aos

intelectuais de esquerda do Ocidente, que descreviam o imperialismo e

o neo-colonialismo como resultado de uma exploração econômica

descarada.

Contudo, apesar de Hobson e Lenin não terem se preocupado

diretamente com a África, está claro que suas análises têm implicações

fundamentais no estudo da partilha do continente. Ainda assim, um

enorme exército de especialistas não marxistas demoliu em grande

parte a teoria marxista do imperialismo econômico aplicada à África.

Uma reação típica dos especialistas marxistas a essa aparente

vitória consiste em dizer que, ainda que as críticas a Hobson e a Lenin

sejam basicamente justas, estão mal direcionadas. “O alvo” escreve

Bob Sutcliffe, “é muitas vezes uma miragem, e as armas utilizadas não

são adequadas”, pois o imperialismo, concebido como fenômeno global,

considera o valor do império como um todo e, portanto, “um balanço de

nível nacional não faz o menor sentido”.

Um argumento mais convincente, no entanto, é o de que, embora

a teoria clássica do imperialismo econômico seja aniquilada, isso não

permite necessariamente refutar sua conclusão de que o imperialismo,

no nível mais profundo, é essencialmente econômico. Diminuir as outras

teorias econômicas do imperialismo e depois correr a condenar seus

partidários em função da simpatia deles pelas opiniões de Hobson e de

Lenin nada tem de científico. À luz de pesquisas mais aprofundadas

sobre a história africana desse período, parece claro que aqueles que

persistem em reduzir a importância da dimensão econômica da partilha

o fazem por sua conta e risco.

1.2. Teorias Psicológicas

Preferimos analisar aqui em termos psicológicos as teorias que

comumente se classificam como darwinismo social, cristianismo

evangélico, atavismo social e a missão civilizatória, pois seus adeptos

acreditam na supremacia da “raça branca”.

I. O darwinismo social

A obra de Darwin, "Sobre A Origem das espécies por Meio da

Seleção Natural, ou a Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela

Vida", publicada em inglês em novembro de 1859, parecia fornecer

caução científica aos partidários da supremacia da raça branca, tema

que, depois do século XVII, jamais deixou de estar presente, sob

diversas formas, na tradição literária europeia.

Os pós-darwinianos ficaram, portanto, encantados: poderiam

justificar a conquista do que eles chamavam de “raças sujeitas”, ou

“raças não evoluídas”, pela “raça superior”, invocando o processo

irrefutável da “seleção natural”, em que o forte domina o fraco na luta

pela existência. Pregando que “a força prima sobre o direito”, eles

achavam que a partilha da África punha em relevo esse processo

natural e inevitável. O que nos interessa neste caso de flagrante

chauvinismo racista – já qualificado, e com muita razão, de “albinismo” –

é que ele afirma a responsabilidade das nações imperialistas.

Resta concluir que o darwinismo social, aplicado à conquista da

África, é mais uma racionalização tardia que o móvel profundo do

fenômeno.

II. Cristianismo evangélico

O cristianismo evangélico, para o qual "A Origem das Espécies"

era uma heresia diabólica, não tinha, por sua vez, o menor escrúpulo

em aceitar as implicações racistas da obra. As conotações raciais do

cristianismo evangélico eram moderadas, todavia, por uma boa dose de

“zelo humanitário e filantrópico”, sentimento muito disseminado entre os

estadistas europeus durante a conquista da África.

Sustentava-se, assim, que a partilha da África se devia, em parte

não desprezível, a um impulso “missionário”, em sentido lato, e

humanitário, com o objetivo de “regenerar” os povos africanos. Já se

afirmou, além disso, que foram os missionários que prepararam o

terreno para a conquista imperialista na África oriental e central, assim

como em Madagascar. No entanto, se é verdade que os missionários

não se opuseram a conquista da África e que, em certas regiões,

participaram ativamente desta, por si só, não se sustenta como uma

teoria geral do imperialismo, em razão de seu caráter limitado.

III. Ativismo social

Joseph Schumpeter foi o primeiro a explicar o novo imperialismo

em termos sociológicos. Para ele, o imperialismo seria a consequência

de certos elementos psicológicos imponderáveis e não de pressões

econômicas. Seu raciocínio, exposto em termos antes humanistas do

que de preponderância racial europeia, funda-se no que ele considera

ser um desejo natural do homem: dominar o próximo pelo prazer de

dominá-lo.

Essa pulsão agressiva inata seria comandada pelo desejo de

apropriação, próprio do ser humano. O imperialismo seria, portanto, um

egoísmo nacional coletivo: “a disposição, desprovida de objetivos, que

um Estado manifesta de expandir-se ilimitadamente pela força”. O novo

imperialismo, consequentemente, seria de caráter atávico, quer dizer,

manifestaria uma regressão aos instintos políticos e sociais primitivos

do homem, que talvez se justificassem em tempos antigos, mas

certamente não no mundo moderno. Schumpeter demonstra então

como, pela sua própria natureza, o capitalismo seria “anti-imperialista” e

benevolente. Dirigido por empresários inovadores, seria totalmente

oposto às motivações agressivas e imperialistas das antigas

monarquias e classes de guerreiros, cujas ambições não teriam

objetivos precisos. Ao contrário destas, o capitalista teria objetivos

claramente definidos e por isso seria inteiramente hostil aos

comportamentos atávicos próprios de antigos regimes.

Assim, conclui Schumpeter, a explicação econômica do novo

imperialismo, baseada no desenvolvimento lógico do capitalismo, é

falsa. Por mais sedutora que seja essa tese apresenta um defeito grave:

é nebulosa e não está presente na história. As teorias psicológicas,

embora possam conter algumas verdades que ajudam a compreender a

partilha da África, não conseguem explicar por que essa partilha se deu

num determinado momento histórico. No entanto, fornecem elementos

para explicar por que a partilha foi possível e considerada desejável.

IV. Missão civilizatória

As ideias Darwinistas foram apropriadas indevidamente pelos

europeus e passaram a explicar diferenças culturais. Os europeus

ocupavam a mais elevada posição em uma hierarquia que colocava

africanos e asiáticos como povos atrasados e selvagens, assim sendo,

tornando direito e dever dos europeus civilizar esses povos atrasados,

por meio da colonização.

Na prática, o discurso imperialista acabou legitimando uma série

de atrocidades e injustiças contra as populações dominadas. Afinal, se

essa missão civilizadora tivesse sido aplicada, os dois continentes

afetados não teriam os graves problemas socioeconômicos que tem

hoje. Em conclusão, observamos que a missão civilizatória acabou

ressaltando a diferencia entre os povos e abrindo espaço para uma

exploração indiscriminada.

1.3. Teorias Diplomáticas

Essas teorias oferecem a explicação puramente política da

partilha, talvez a mais comumente aceita. Mas – é interessantíssimo –

fornecem suporte específico e concreto às teorias psicológicas.

Permitem ver os egoísmos nacionais dos Estados europeus, seja em

conflito uns com os outros, seja agindo em acordo para se defenderem,

seja ainda reagindo de maneira decisiva contra as forças dos

nacionalistas africanos radicais. Propomos, assim, tratar essas teorias

abordando sucessivamente o prestígio nacional, o equilíbrio de forças e

a estratégia global.

I. Prestígio nacional

O principal defensor desta teoria é Carlton Hayes que, num texto

de grande lucidez, sustenta: "A França procurava uma compensação

para as perdas na Europa com ganhos no ultramar. O Reino Unido

aspirava compensar seu isolamento na Europa engrandecendo e

exaltando o império britânico. A Rússia, bloqueada nos Bálcãs, voltava-

se de novo para a Ásia. Quanto à Alemanha e à Itália, queriam mostrar

ao mundo que tinham o direito de realçar seu prestígio, obtido à força

na Europa por façanhas imperiais em outros continentes. As potências

de menor importância, que não tinham prestígio a defender, lá

conseguiram viver sem se lançarem na aventura imperialista, a não

serem Portugal e Holanda que demonstraram renovado interesse pelos

impérios que já possuíam esta última principalmente, administrando os

seus com redobrado vigor".

Hayes conclui dizendo que, fundamentalmente, “o novo

imperialismo era um fenômeno nacionalista” e que seus defensores

tinham sede ardente de prestígio nacional. Em suma, tendo consolidado

e redistribuído as cartas diplomáticas no seu continente, os dirigentes

europeus eram propelidos por uma força obscura, atávica, que se

exprimia por uma “reação psicológica, um desejo ardente de manter ou

de restaurar o prestígio nacional”. Conclui Carlton Hayes, portanto, que

a partilha da África não foi um fenômeno econômico.

II. Equilíbrio de forças

F. H. Hinsley sublinha, por sua vez, que o desejo de paz e de

estabilidade dos Estados europeus foi a causa principal da partilha da

África. Segundo diz, a data decisiva, de verdadeira passagem para a

era extraeuropeia – a era do imperialismo –, foi 1878. A partir daí, no

congresso de Berlim, a rivalidade russo-britânica nos Bálcãs e no

Império Otomano quase levou as nações europeias a um conflito

generalizado. Mas os estadistas, voltando atrás, souberam evitar essa

crise na política de poder. Dai em diante, até a crise da Bósnia, em

1908, tal política, banida da Europa, correu livremente na África e na

Ásia. Quando os conflitos de interesses na África ameaçaram a paz na

Europa, as potências europeias não tiveram outra escolha senão

retalhar a África. Era o preço para se salvaguardar o equilíbrio

diplomático europeu, estabilizado nos anos de 1880.

III. Estratégia global

Uma terceira escola sustenta que o interesse da Europa pela

África – o qual provocou a invasão e a partilha – era de fato ditado por

uma estratégia global e não pela economia. Os grandes defensores

dessa teoria, Ronald Robinson e John Gallagher, que acentuam a

importância estratégica, para o Reino Unido, do eixo África-Índia,

atribuem a responsabilidade da partilha à influência dos movimentos

atávicos “protonacionalistas” na África, que ameaçavam os interesses

estratégicos globais das nações europeias. Essas “lutas românticas e

reacionárias”– galantes anacronismos, na opinião deles – teriam

compelido os relutantes estadistas europeus, até então contentes com o

exercício de uma discreta hegemonia e o recurso da persuasão a

partilhar e conquistar a África contra sua vontade. Portanto, a África

teria sido ocupada, não porque tivesse riquezas materiais a oferecer

aos europeus – pois então não tinham valor do ponto de vista

econômico –, mas porque ameaçava os interesses dos europeus

alhures.

Um objetivo básico tanto das teorias psicológicas como das

diplomáticas, é acabar com a ideia de que a partilha da África se deve a

motivos econômicos. Mas a tese do prestígio nacional mostra-se pouco

convincente precisamente quando os fatores econômicos a ele

concomitantes são eliminados ou minimizados demais. Carlton Hayes,

por exemplo, documentou pormenorizadamente a guerra tarifaria a que

se lançaram as nações europeias durante o período crucial da partilha.

“Admite que o que desencadeou, de fato, a corrida econômica para o

‘Continente Negro’ e para as ensolaradas ilhas do Pacífico não foi tanto

a superprodução de bens manufaturados na Europa como uma

escassez de matérias- primas” e que, em consequência, “para impedir

que uma parte demasiadamente grande do mundo fosse [...]

monopolizada pela França, Alemanha, Itália ou outra potência

protecionista, a Grã Bretanha interveio vigorosamente para juntar a

parte do leão a seu império livre cambista".

Por outras palavras, uma vez estabelecido, o neomercantilismo

teve importantes consequências para a emergência das rivalidades

imperialistas. No entanto, na pagina seguinte, ele contesta com

bastante segurança, como já vimos, as bases econômicas do novo

imperialismo!

H. Brunschwig, propondo uma interpretação não econômica do

imperialismo Francês, também se viu obrigado, diante da inegável

dimensão econômica do imperialismo, a reconhecer-lhe afinal um papel.

Ao mesmo tempo, que qualificava o imperialismo anglo-saxão como

econômico e filantrópico, o da França lhe parecia motivado pelo

prestígio nacional.

Já a tese da estratégia global suscitou entre as especialistas

reações bastante negativas, mas atraiu irresistivelmente historiadores

não africanistas e o grande público. Sabemos, no entanto, que essa

tese, elaborada a partir das hipóteses de Langer, mais ecléticas, e de

Hinsley, mais ponderadas, é demasiado categórica e circunstancial para

ser admissível. Na África ocidental, central, austral e oriental

demonstrou-se falha. No tocante ao Egito e a África do Norte, mostrou-

se que havia fortes razões para a presença britânica naquela área sem

ligação com a estratégia imperialista do Reino Unido relativa à Índia.

É gratificante notar que, por sua vez, Robinson começa a atribuir

menos importância às exageradas repercussões do baton egyptien nas

lutas coloniais em toda a África.

1.4.Teoria da Dimensão Africana

As teorias sobre a partilha expostas até agora tratam da África no

quadro ampliado da história europeia. É claro que isso é um grave erro.

Mesmo a abordagem “protonacionalista” do atavismo feita por Robinson

ou Gallagher não foi totalmente desenvolvida, exatamente por terem

eles seu interesse voltado para a Europa e a Ásia.

É, portanto, necessário, fundamental mesmo, examinar a partilha

da África da perspectiva histórica africana. Ao contrário do que

comumente se acredita esta forma de abordar o tema não é uma

inovação engenhosa da “nova” historiografia africana. Em obra notável,

"The partition of África", publicada em 1893, J. S. Keltie assinalava com

muita argúcia que a corrida dos anos de 1880 foi consequência lógica

da roedura progressiva do continente, iniciada trezentos anos antes.

Admitia, de passagem, os motivos econômicos da partilha – eles não

eram centrais na sua tese. Nos anos de 1930, George Hardy, o prolífico

especialista da história colonial francesa, também demonstrou a

importância dos fatores africanos locais da partilha, tratando a África

como uma unidade histórica. O exemplo de Keltie, afirmava que,

embora a causa imediata da partilha fossem as rivalidades econômicas

entre os países industrializados da Europa, ela constituía ao mesmo

tempo uma fase determinante nas relações de longa data entre a

Europa e a África. Hardy julgava que a resistência africana à crescente

influência europeia precipitou a conquista efetiva, tal como as

rivalidades comerciais cada vez mais exacerbadas das nações

industrializadas levaram à partilha.

Durante muito tempo, essas análises não tiveram eco. Mas, com a

publicação, em 1956, da obra clássica de K. Onwuka Dike, "Trade and

politics in the Niger Delta", a dimensão africana da partilha foi retomada.

Embora a obra de Dike trate de um período e de uma área geográfica

limitada, ela encorajou toda uma geração de historiadores a abordar o

estudo da partilha no contexto de um longo período de contatos entre

raças e culturas diferentes. Lamentavelmente, embora R. Oliver e J. D.

Fage demonstrem a antiguidade de tais relações em sua conhecida

obra, "A short history of Africa", mantém-se presos demasiadamente

ainda ao contexto europeu da partilha, em detrimento da dimensão

africana. É encorajador, se bem que trate apenas de uma zona

geográfica limitada, o importante estudo de A. G. Hopkins, na medida

em que este autor se esforça por apresentar uma reinterpretação

africana do imperialismo na África ocidental. Sua conclusão merece ser

citada: “Por um lado, é possível conceber regiões onde o abandono do

comércio de escravos se deu sem choques, nem perda de rendimentos

e onde as tensões internas foram controladas”. Em casos tais, a

explicação do retalhamento colonial devera salientar os fatores

externos, como as considerações mercantis e as rivalidades anglo-

francesas.

No outro extremo, é possível imaginar casos em que os chefes

nativos adotaram atitudes de reação, não hesitando em recorrer a

métodos predatórios, na tentativa de manter os rendimentos, e em que

os conflitos internos eram pronunciados. Nesses casos, peso maior

deve ser dado, na análise do imperialismo, às forças de desintegração

ativas no seio das sociedades africanas, sem negligenciar, todavia, os

fatores externos.

A consequência lógica de um processo de devoração da África

pela Europa, iniciado bem antes do século XIX. Admite-se que foram

motivos de ordem essencialmente econômica que animaram os

europeus e que a resistência africana a invasão crescente da Europa

precipitou a conquista militar efetiva. Parece, de fato, que a teoria da

dimensão africana oferece um quadro global e histórico que explana

melhor a partilha do que todas as teorias puramente eurocêntricas.

O início da corrida, malgrado a considerável influência que, no

final do terceiro quartel do século XIX, exerciam as potências francesa,

inglesa, portuguesa e alemã, bem como os interesses comerciais que

detinham em diferentes regiões da África, seu controle político direto era

muito reduzido. A Alemanha e, sobretudo, o Reino Unido, exerciam sua

influência como queriam, e nenhum estadista em sã- consciência

optaria espontaneamente por incorrer em gastos e se expor aos riscos

imprevistos de uma anexação formal, podendo extrair as mesmas

vantagens de um controle indireto.

“Recusar-se às anexações não significa relutar ao exercício do

domínio”, já se disse com boa razão. Isso explica tanto a conduta de

Salisbury e Bismarck, como a da maior parte dos protagonistas da

partilha. Essa conduta, porém, começa a mudar depois de três

importantes acontecimentos verificados entre 1876 e 1880.

O primeiro foi o novo interesse que o duque de Brabante, coroado

rei dos belgas em 1865 (sob o nome de Leopoldo I), demonstrava pela

África, o que se expressou na chamada Conferência Geográfica de

Bruxelas, por ele convocada em 1876, a qual redundou na criação da

Associação Internacional Africana e no recrutamento de Henry Morton

Stanley, em 1879, para explorar os Congos. Essas medidas culminaram

na criação do Estado Livre do Congo, cujo reconhecimento por todas as

nações europeias Leopoldo obteve antes do término das deliberações

da Conferência de Berlim sobre a África ocidental.

As atividades de Portugal, a partir de 1876, constituíram a

segunda série de acontecimentos importantes. Melindrado por só ter

sido convidado para a conferência de Bruxelas no último minuto,

Portugal deu início a uma série de expedições que levaram a coroa

portuguesa a anexar, em 1880, as propriedades rurais afro-portuguesas

de Moçambique, até então quase independentes. Assim, para os

portugueses e para o rei Leopoldo, a Corrida começou em 1876.

O terceiro e último acontecimento a rematar a partilha foi, sem

dúvida alguma, o caráter expansionista da política francesa entre 1879

e 1880, manifestado pela participação da França junto com o Reino

Unido no controle do Egito (1879), pelo envio de Savorgnan de Brazza

ao Congo, pela ratificação de tratados com Makoko, chefe dos Bateke,

bem como pelo restabelecimento da iniciativa colonial francesa tanto na

Tunísia como em Madagascar.

A ação de Portugal e França entre 1876 e 1880 indicava

claramente que estavam comprometidos na exploração colonial e na

instauração de um controle formal na África. Isto obrigou finalmente o

Reino Unido e a Alemanha a abandonar sua preferência pelo controle

informal em favor de um domínio efetivo, o que os levou a anexar

territórios na África oriental, ocidental e meridional a partir do final de

1883. A Alemanha anexou, por exemplo, o Sudoeste Africano, o Togo,

Camarões e a África Oriental Alemã, contribuindo com isso para

acelerar o processo da partilha.

No início da década de 1880, no auge da partilha dos territórios,

Portugal, receando ser alijado da África, propôs a convocação de uma

conferência internacional com o fito de resolver os litígios territoriais na

África central. Parece evidente, a luz do que acabamos de dizer, que

não foi a ocupação inglesa do Egito em 1882 que desencadeou a

corrida, como afirmaram Robinson e Gallagher, mas os acontecimentos

que se desenrolaram em diferentes partes da África entre 1876 e 1880.

2. - A Conferência de Berlim sobre a África ocidental (1884-1885)

A ideia de uma conferência internacional que permitisse resolver

os conflitos territoriais engendrados pelas atividades dos países

europeus na região do Congo foi lançada por iniciativa de Portugal, mas

retomada mais tarde por Bismarck, que depois de ter consultado outras

potências, foi encorajado a concretizá-la.

A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de novembro de 1884

a 26 de novembro de 1885. A partir da notícia de que seria realizada, a

corrida a conquista e domínio da África intensificou-se. A conferência

não discutiu a sério o tráfico de escravos, nem os grandes ideais

humanitários que se supunha terem a inspirado. Adotaram-se

resoluções vazias de sentido, relativas à abolição do tráfico escravo e

ao bem-estar dos africanos.

A conferência, que, inicialmente, não tinha por objetivo a partilha

da África, terminou por distribuir territórios e aprovar resoluções sobre a

livre navegação no Níger, no Benue e seus afluentes, e ainda por

estabelecer as regras a serem observadas no futuro em matéria de

ocupação de territórios nas costas africanas.

Por força do artigo 34 do Ato de Berlim, documento assinado

pelos participantes da conferência, toda nação europeia que, dai em

diante, tomasse posse de um território nas costas africanas ou

assumisse aí um “protetorado”, deveria informá-lo aos membros

signatários do Ato, para que suas pretensões fossem ratificadas. Era a

chamada doutrina das esferas de influência.

De fato, reconhecendo o Estado Livre do Congo, permitindo

o desenrolar de negociações territoriais, estabelecendo as regras e

modalidades de apropriação “legal” do território africano, as potências

europeias se arrogavam o direito de sancionar o princípio da partilha e

da conquista de outro continente.

Semelhante situação não tem precedentes na história: jamais um

grupo de Estados de um continente proclamou, com tal arrogância, o

direito de negociar a partilha e a ocupação de outro continente. Para a

história da África, esse foi o principal resultado da conferência.

Dizer, ao contrário da opinião geral, que ela não retalhou a África

só é verdade no sentido mais puramente técnico.

As apropriações de territórios deram-se praticamente no quadro da

conferência, e a questão das futuras apropriações foi claramente

levantada na sua resolução final.

De fato, em 1885, já estavam traçadas as linhas da partilha

definitiva da África.

3. PAÍSES DO COMITÊ:

3.1. França

Em 1815, Napoleão Bonaparte cai na França, após perder a

Batalha de Waterloo. No congresso de Viena participaram Inglaterra,

Áustria, Prússia, e Rússia os países que se opuseram a Bonaparte.

Neste congresso foi assinado um tratado que obrigava a França a

devolver todos os territórios ocupados no Império de Bonaparte, além

de ser desarmada e ter que pagar uma indenização aos ganhadores da

guerra. Nessa conferência também se foram reestabelecidas as

fronteiras a partir de da divisão de 1789.

As antigas Dinastias que Bonaparte havia derrubado voltaram ao

poder, como a família Bragança [Portugal], Orange [Holanda],

Habsburgo [Áustria] entre outras. Em toda Europa as antigas

monarquias são restauradas e a nobreza recupera todos seus direitos,

cargos, terras e privilégios. Na França, reassume a família Bourbon com

Luis XVIII.

Enquanto isso, a burguesia que havia acabado de perder o poder,

já que Napoleão era aliado dessa classe, começa a se recuperar ao

retomar ideais iluministas e investir no setor industrial, preparando-se

para voltar ao poder.

Em 1850, começa a se espalhar pela França uma onda

revolucionaria que derruba o antigo regime e coloca a burguesia no

poder através de monarquias revolucionarias ou republicas, é

estabelecido o voto censitário [por renda] e assim as massas populares

foram marginalizadas.

Nesse momento, as massas operárias organizavam-se em

sindicatos, não somente na França, mas por toda Europa com o

surgimento das teorias socialistas e anarquistas. Na década de 40, as

pressões pelo voto universal, pela democracia, aumento salarial e

melhores condições de trabalho crescem, o que leva a uma onda

revolucionaria [revoluções de 1848; primavera dos povos].

Cai monarquia parlamentar sob o comando de Luis Felipe de

Orleans e a França se torna uma a Republica com voto universal, o que

faz com que o número de eleitores cresça muito. A ameaça popular leva

a burguesia a apoiar a candidatura de Luis Bonaparte [sobrinho de

Napoleão], que é eleito em 1848. Após quatro anos de mandato,

Bonaparte dá um golpe militar e inicia o segundo império, se

autonomeando Napoleão III, e tomando atitudes semelhantes a seu tio,

como reprimir a oposição, ação típica de uma ditadura.

Napoleão III invade o Egito e constrói o canal de Suez, uma via

para melhor acesso Europa e Ásia, obrigando todos os navios que por

lá passam a pagar impostos à frança. Ao investir nas indústrias, a

França entra na Segunda Revolução Industrial e investe na expansão

imperialista sobre áfrica e Ásia.

O imperador segue os passos de Napoleão I ao envolver a França

em diversas guerras, com o objetivo de impedir que novas potências

surgissem. Na primeira guerra em 1852, se aliou á Áustria para

enfrentar a Prússia. Para depois se aliar á Itália em 58 para enfrentar a

Áustria, e em 60 usou do apoio do papa e sua influência para enfrentar

a Itália.

Em 1870, a Prússia invade a Alsácia e Lorena, território

pertencente à França, e Napoleão III reage e incitando a guerra Franco-

prussiana. Contudo a França é derrotada e forçada á assinar o tratado

de Versalhes, importante ressaltar que existem três tratados de

Versalhes diferentes, pelo qual entrega a região da Alsácia e Lorena á

recém-unificada Alemanha, que é reconhecida pelo mesmo tratado.

Napoleão III então renuncia e a França adota a terceira república, pouco

tempo depois a classe operaria toma Paris no que foi a primeira

experiência socialista no mundo, a Comuna de Paris.

Após a guerra Franco-Prussiana, perdurou um ressentimento

entre França e Alemanha. Enquanto a França recuperou a Alsácia e

Lorena após a derrota na 1ª Guerra Mundial, a Alemanha não mediu

esforços para invadir a França na 2ª Guerra Mundial.

3.2. Inglaterra

Em 1750, a Inglaterra foi o país pioneiro na 1ª Revolução

Industrial, criando também o operariado, uma classe submetida á

péssimas condições de trabalho, baixos salários e jornadas extensas, o

que levou á rebeliões. O primeiro foi o movimento Ludista, onde o

operariado atacava as fábricas, por acreditarem que elas fossem as

causadoras de seu sofrimento até perceberem que as máquinas eram

repostas pelo dono da fábrica, o verdadeiro culpado.

Em 1830, nasce o movimento Cartista, baseado na Carta ao Povo,

que defendia interesses do povo como o voto universal, mas fracassa.

Logo após o fracasso dos movimentos Ludista e Cartista, nascem os

Sindicatos (Trade Unions), que tem o objetivo de organizar greves e

politizar o movimento operário, assimilando-se novas ideologias como

as anarquistas de Proudhon e Baukimin, e as socialistas de Fourier

(socialismo utópico) e Marx.

Em 1850, tem início a 2ª Revolução Industrial, como solução para

a crise de retração de mercado, levou a modernização das máquinas,

um investimento na indústria siderúrgica, busca por novas fontes de

energia, aperfeiçoamento da divisão de trabalho e padronização de

produção (Fordismo). Com isso o capitalismo entra em sua 3ª fase, com

a abertura de capital de investimento (bolsas de valores), oligopolização

de mercados, ou seja, grandes empresas que absorvem empresas

menores e passam a controlar mercados (holdings, trusts e cartéis) e o

mais importante: uma nova crise causada pela saturação do mercado,

gerando excedentes.

O recurso que as potências utilizaram foi a expansão neocolonial,

a Inglaterra por ser a maior potência da época ficou com as melhores

regiões.

3.3. Alemanha

Depois de uma série de guerras, em 1864, Otto Von Bismarck

levou a Prússia a uma guerra vitoriosa contra a Dinamarca pela posse

do Schleswig-Holstein (que ate hoje pertence à Alemanha). Duas

etapas para atingir a unificação definitiva. Conseguiu, depois da guerra

de 1866 contra a Áustria, que Viena cedesse a Berlim á preponderância

no mundo germânico (1ª etapa). Na segunda etapa, precipitou com o

despacho de EMS, o seu país na guerra Franco-Prussiana de 1870, que

terminou com a vitória da Prússia. A unificação foi estabelecida no

tratado de Versalhes, o mesmo que deu á Alemanha o território da

Alsácia e Lorena, que estava sob poder da França napoleônica ate

então. Em 21 de março de 1871, Bismarck, considerado um herói, foi

nomeado príncipe e chanceler imperial do Reich.

Após a unificação, iniciou várias reformas administrativas internas,

criou uma moeda comum para todo o estado, instituiu um banco central

e promulgou um código civil e um código comercial comuns à toda

Alemanha.

Garantido o sentido de nação com essas medidas, Bismarck

necessitava industrializar a Alemanha, daí a Alemanha ser considerada

uma nação atrasada, apesar da vitória contra a França na Guerra

Franco-Prussiana. Tal processo de industrialização ainda está

ocorrendo durante a Conferência de Berlim. Além disso, a

industrialização alemã contou com características exclusivas a ela: a

relação e de favores entre o setor privado e estatizado, ou seja, uma

harmonia entre os ideais liberalistas e estatistas. Esse cenário favorecia

a industrialização, acelerando-a.

Os resultados da industrialização alemã teriam os mesmos

problemas de outros países. Sendo eles a produção de excedentes, a

necessidade de achar novos mercados consumidores e regiões para

explorar, assim a África se encaixa bem como solução, especialmente

na última questão. Por isso o interesse da Alemanha em ser o anfitrião

da Conferência e convocá-la, sem contar a oportunidade de novamente

mostrar para o mundo o seu poder e influência.

3.4. Império Austro-Húngaro

O Império Austro-Húngaro toma forma em 1867. Entretanto,

existem inúmeras diferenças étnicas em seu território, o que faz com

que a idéia de nação Austro-Húngara, ainda que já fosse existente, não

fosse tão presente quanto à de outros países já consolidados. Essa

situação de diferenças étnicas e conflitos, especialmente nos Balcãs,

leva o Império Austro-Húngaro a se aproximar da jovem Alemanha,

garantindo a proteção (vide bloqueio russo no sudoeste da Europa) e a

manutenção da unidade do Império Austro-Húngaro, tornando as

diferenças étnicas deixem de ser um problema, apesar de ainda não

termos uma identidade austro-húngara. Em troca, o Império localizado

no leste europeu apoiaria a Alemanha em suas decisões diplomáticas.

Ainda no século XVIII, não temos sequer Império Austríaco, mas a

região já tinha interesse e domínio em certas áreas da África, se

destacando Madagascar e áreas estratégicas para o comércio como a

Baía de Lagoa. No entanto, esse domínio é passageiro, já que outras

nações assumem tais áreas; já o interesse, permanece.

Combinando os fatos de que o Império Austro-Húngara possui

uma elite mais presente e fortalecida do que outros países e um

movimento operariado atrasado, a diplomacia Austro-Húngara irá seguir

de modo mais determinado as vontades e as determinações de quem é

mais influente ou detém os meios de produção. Além disso, tentará

recuperar certas regiões que em sua história dominou.

3.5. Império Otomano

O império perdeu território em todas as frentes, e não houve

estabilidade administrativa, devido às avarias do governo centralizado,

apesar dos esforços de reforma e reorganização, como a Tanzimat.

O Tanzimat caracterizava-se como uma forma de modernizar o Império

Otomano, para assegurar sua integridade territorial contra movimentos

nacionalistas e forças que pudessem ameaçar o Estado. As reformas

encorajadas pelo Otomanismo contra diversos grupos étnicos do

Império possibilitou o surgimento de um movimento nacionalista

otomano. As reformas possibilitaram a integração de não-muçulmanos e

não-turcos de uma forma maior na sociedade otomana, asegurando de

forma maior suas liberdades civis e garantindo sua equalidade dentro

do Império.

Durante este período, o império enfrentou desafios ao se defender

contra a invasão e ocupação estrangeira. O império começou a forjar

alianças com países europeus, como França, Países Baixos, Reino

Unido e Rússia e com isso entrando em algumas guerras Como

exemplo, em 1853 a Guerra da Crimeia, A Guerra da Crimeia foi um

conflito que se desdobrou de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no

mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs.

Envolveu de um lado a Rússia e, de outro, uma coligação integrada pelo

Reino Unido, França, Piemonte-Sardenha (na atual Itália) - formando a

Aliança Anglo-Franco-Sarda - e o Império Turco-Otomano (atual

Turquia). Esta coligação foi formada com o objetivo de conter a

expansão russa. A Guerra da Crimeia causou um êxodo dos tártaros da

Crimeia em ondas massivas de imigracao em direção ao império

otomano. No fim da Guerra do Cáucaso A Guerra do

Cáucaso' de 1817-1864, também conhecida como conquista russa

do Cáucaso, foi uma invasão comandada pelo império russo

ao Cáucaso que terminou com a anexação áreas do Norte

do Cáucaso para a Rússia. Esta invasão foi constituída por uma serie

de ações militares comandadas pela Rússia contra os territórios e

grupos tribais do Cáucaso, para expandir a Rússia em direção ao Sul.

Outros territórios do Cáucaso (Geórgia, Armênia e Azerbaijão)

foram incorporados ao império russo varias vezes ao longo do

século XIX resultado de guerras russas com o Império

Otomano e Pérsia.

muitos circassianos fugiram de suas terras no Cáucaso e se

estabeleceram no Império Otomano. Desde o século XIX, um êxodo

pela grande parte dos povos muçulmanos (que são chamados de

"muhacir" sob uma definição geral) dos Balcãs,

Cáucaso, Crimeia e Creta, refugiou-se na atual Turquia e moldou as

características fundamentais do país até hoje.

O período reformista culminou com a constituição, o

chamado Kanun-ı esası (que significa "Lei Básica", em turco otomano),

escrito por membros do grupo "Jovens Otomanos", que foi promulgada

em 23 de novembro de 1876. Ela estabeleceu a liberdade de crença e a

igualdade dos cidadãos perante a legislação. A primeira era

constitucional do império (ou Birinci Mesrutiyet Devri em turco) teve vida

curta, porém, a ideia por trás dele (Otomanismo), mostrou-se influente

como um grupo amplo de reformadores conhecido como o jovens

otomanos, educados principalmente em universidades ocidentais,

acreditava que uma monarquia constitucional seria dar uma resposta à

crescente agitação social do império.

Através de um golpe militar em 1876, forçaram o

sultão Abdülaziz (1861-1876) a abdicar em favor de Murad V. Entanto,

Murad V tinha doenças mentais e foi deposto em poucos meses. Seu

herdeiro aparente Abdulhamid II (1876-1909) foi convidado para

assumir o poder sobre a condição de que ele iria declarar uma

monarquia constitucional, o que ele fez em 23 de novembro de 1876.

No entanto, o parlamento sobreviveu por apenas dois anos. O sultão

suspendeu, mas não eliminou o parlamento até que ele foi forçado a

reuni-lo. A eficácia do Kanun-ı esası foi depois amplamente minimizada.

A ascensão do nacionalismo varreu vários países durante o século

XIX, e o Império Otomano não foi imune. A consciência crescente

nacional, juntamente com um crescente sentimento de nacionalismo

étnico, o pensamento nacionalista fez uma das ideias mais significativas

ocidentais importadas para o Império Otomano, que foi forçado a lidar

com o nacionalismo, tanto dentro como fora das suas fronteiras. Houve

um aumento significativo no número de partidos políticos

revolucionários.

Levantes em território otomano tiveram muitas consequências de

longo alcance durante o século XIX e determinaram grande parte da

política otomana durante o século XX. Muitos turcos otomanos

questionavam se as políticas do Estado não eram culpadas. Alguns

sentiram que as fontes de conflitos étnicos eram externos e não

relacionados a questões de governança. Apesar de esta época não foi

sem alguns sucessos, a capacidade do Estado Otomano para ter

qualquer efeito sobre revoltas étnicas foi seriamente posta em dúvida.

Apoiadas pelo Império Russo, Sérvia e Montenegro declararam guerra

ao Império Otomano, no dia seguinte.

As reformas Tanzimat não detiveram a ascensão do nacionalismo

nos principados do Danúbio e Sérvia, que haviam sido semi-

independentes por quase seis décadas. Em 1875, os principados

afluentes da Sérvia,Montenegro e Romênia (que incluem

a Valáquia e Moldávia) declararam unilateralmente a sua independência

do império, e após a Guerra russo-turca de 1877-1878, a independência

foi formalmente concedida a todas as três nações beligerantes.

A Bulgária também alcançou a independência (como o Principado da

Bulgária), cujos voluntários haviam participado da guerra russo-turca, no

lado das nações se rebelando.

O vilaiete da Bósnia e da Sanjak de Novi Pazar foram

parcialmente ocupados pelas forças do Império Austro-Húngaro na

sequência do Congresso de Berlim em 1878, mas permaneceram

nominalmente como territórios otomanoss (Bósnia e Herzegóvina até a

crise da Bósnia em 1908, Novi Pazar até a Primeira Guerra

Balcânica em 1912), com a presença permanente de soldados

otomanos.

Os armênios, que tiveram a sua constituição própria e de sua

assembleia nacional com as reformas Tanzimat, começaram a

pressionar o governo otomano para uma maior autonomia após

a Guerra russo-turca (1877-1878) e o Congresso de Berlim em 1878.

Um número de levantes armênios ocorreu nas cidades da Anatólia,

levando o sultão Abdul Hamid II a responder a estas rebeliões e

ataques, que estabelece os regimentos Hamidiye no leste da Anatólia,

formadas principalmente de unidades de cavalaria irregular de curdos

recrutados. De 1894-96 algo entre 100.000 a 300.000 armênios que

viviam por todo o império foram mortos no que ficou conhecido como o

massacre Hamidiano. Militantes armênios tomaram a sede do Banco

Otomano em Constantinopla em 1896 para trazer a atenção da Europa

para os massacres, mas eles falharam nesse esforço.

3.6. Portugal

No início do século XIX, era regente de Portugal o futuro Dom

João VI, por incapacidade de sua mãe, a Rainha Dona Maria I, e que só

viria se tornar rei em 1816. Portugal era considerado uma média

potência.

As manufaturas de valor na metrópole supriam o déficit na

agricultura e a marinha conseguia manter as relações com o Brasil, sua

principal colônia, assim como a presença da potência na Índia e em

outros cinco continentes. A estrutura econômica é abalada pelas

invasões francesas, que acarretam na perda de parte de sua indústria e

seu comércio desarticulado.

Com a eclosão das invasões de Napoleão, a família real e parte

da elite portuguesa fogem para o Rio de Janeiro, onde passa a

funcionar o governo de Portugal. Também entra a ajuda da Inglaterra,

ao condicionar a abertura de portos brasileiros para o comércio com o a

mesma e a entrada de tropas inglesas em Portugal para combater as

tropas napoleônicas. O ódio aos ingleses e ideais revolucionários se

propagam e obriga a volta da corte á Metrópole, D. Pedro deixa seu

filho no trono da colônia americana.

Em 1834, D. Pedro IV, abdica da coroa de Portugal em favor de

sua filha, D. Maria, que lança o país em diversos movimentos de

reforma, destaca-se a extinção das Ordens Religiosas. Com divisões

populares e continua debilidade econômica, Portugal mergulha em

crises político-sociais que levam á Guerra Civil Portuguesa entre liberais

constitucionalistas e absolutistas, na qual D. Miguel pelos absolutistas

lutou contra seu irmão, D. Pedro IV, pelo trono de Portugal. A vitória é

dos constitucionalistas.

3.7. Espanha

No início do século XIX, a Espanha ainda possuía resquícios do

pensamento medieval, feudalismo tardio, e a inquisição ainda

funcionava. Na Europa, o Império de Napoleão Bonaparte se espalhava

pelo continente e em 1808 a Espanha é invadida pelas tropas

napoleônicas e Fernando VII é deposto, sendo colocado em seu lugar

José I, irmão de Bonaparte. Assim o país insular forma um aliança com

a França, acarretando no Tratado de Fontainebleu, que estabeleceu a

divisão do Reino de Portugal depois de sua invasão e delegou uma das

três parcelas á Espanha.

A política econômica da Espanha era baseada no mercantilismo,

buscava desenvolver as metrópoles explorando as riquezas produzidas

nas colônias. A presença de tropas francesas no país enfraquece o

controle da Metrópole sobre seus territórios, ocorrendo diversas

tentativas de independência das colônias. Diante dessa situação, o Rei

pede auxilio á Santa Aliança, mas as potências Inglesa e Norte-

Americana se opõe á uma intervenção e reconhecem a independência

de diversas colônias, assim terminando o domínio espanhol nas

Américas.

Durante os séculos XVI e XVII, a Espanha chegou a ser a primeira

potência mundial, em disputa com Portugal, França, Inglaterra e o

Império Otomano. Sempre em disputas constantes com as potências

rivais por motivos de cunho territorial ou religioso. Após a perda de suas

colônias, o Império decaiu e uma Guerra de Independência, uma

monarquia absolutista, conflitos dinásticos e pronunciamentos liberais

foram o que conseguiu manter o controle dos últimos fragmentos do

Império espanhol até a incrementação de um novo nacionalismo e a

reconstrução do país.

3.8. Bélgica

A Bélgica é um dos países mais avançados industrialmente

falando, muito devido à sua grande colônia, dona de diversas riquezas

naturais e vítima de uma exploração absurda: Congo. Essa colonização

se deu, no início, por missões exploradoras que buscavam matéria-

prima de baixo custo e que possuíam a fachada de estarem em uma

“missão civilizadora”. Nessas idas e vindas pinceladas pela missão

civilizadora, a Bélgica conquista a região hoje conhecida como

República Democrática do Congo, onde, nos dias de hoje, se tem

conhecimento de que ocorreu o maior genocídio da história da

humanidade, durante o período em que Leopoldo II estava no poder. Na

Conferência de Berlim, O Estado Livre do Congo, conhecido na época

como jardim de Leopoldo II por ser uma propriedade privada dele, é

uma das áreas mais cobiçadas devido à sua enorme riqueza natural e

potencial exploratório.

Obs.: Há de se lembrar da antiga rixa entre Bélgica e Espanha, que

data desde a Independência Belga.

Bibliografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarck

Caderno de História do 3º ano

Livro: The Cambridge Historical Encyclopedia of Great Britain and Ireland

http://www.brasilescola.com/historiag/a-ideologia-imperialista.htm

Caderno de história da 3ª série;

Livro: Historia Geral Da África vol. VII - África sob dominação colonial 1880-

1935

-Documento da UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de História

Disciplina: História Contemporânea

ATA GERAL REDIGIDA EM BERLIM EM 26 DE FEVEREIRO EM 1885

http://carloshistoria.blogspot.com.br/2011/08/franca-no-seculo-xix.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim

http://www.infoescola.com/historia/conferencia-de-berlim/

http://www.infoescola.com/historia/partilha-da-africa/

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/africa-do-sul/partilha-da-africa.php

http://pt.wikibooks.org/wiki/B%C3%A9lgica/Hist%C3%B3ria

-http://pt.wikipedia.org/wiki/Leopoldo_II_da_B%C3%A9lgica

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81ustria-Hungria

http://oolhodahistoria.org/n11/textos/joserenato.pdf

http://www.bepeli.com.br/educacional/historia_paises/historia_franca.html

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/9977/hoje+na+historia+1885++confer

encia+de+berlim+da+fim+aos+conflitos+coloniais+na+africa.shtml

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/africa-do-sul/partilha-da-africa.php

http://www.scribd.com/doc/101116886/Processo-de-ocupacao-territorial-de-africa