conexões brasil-frança; uma rede de sociologia tecida do rural ao ambiental - padilha, 2014

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    CONEXES BRASIL-FRANA: UMA REDE DE SOCIOLOGIA TECIDA DO

    RURAL AO AMBIENTAL

    Douglas Ochiai Padilha1

    Inspirado na sociologia da cincia sigo conexes entre pesquisadores, instituies

    e pesquisas da sociologia rural e da sociologia ambiental procurando desenhar um mapa

    de rede cientfica. Os primeiros traos desse mapa comeam na Universidade Federal do

    Paran (UFPR), no tte--tte com meu orientador, as linhas do mapa cruzam o

    Atlntico rastreando pesquisadores e textos da sociologia rural e da sociologia

    ambiental (francesa e brasileira) e seguem at a influncia dessa rede em minha

    pesquisa de doutorado. Aqui apresento um esboo, com imprecises e reas em branco,

    de um mapa que no se confunde com a realidade e que nunca estar pronto, pois a rede

    dinmica.2

    UM MAPA DA REDE SOCIOLGICA DO RURAL AO AMBIENTAL

    Em meados do ano de 2012 cursava o primeiro ano do programa de doutorado em

    sociologia da UFPR. Entrei na sala de meu professor orientador Alfio Brandenburg j

    com a pergunta: h possibilidade de eu realizar um doutorado sanduche? A resposta foi

    positiva, ele me informou sobre um acordo de fomento pesquisa entre agncias que

    possibilita o intercmbio de pesquisadores em misses de trabalho e misses de estudo.

    Tratava-se do programa CAPES-COFECUB, criado a partir do acordo de cooperao

    1Agradeo CAPES pelo apoio atravs de bolsa de doutorado no Brasil e do financiamento de misso deestudo na Frana nas condies do programa CAPES-COFECUB. Agradeo tambm aos professoresAlfio Brandenburg, Maria de Nazareth Baudel Wanderley e Jean-Paul Billaud pelas contribuies paraeste texto.2 Alinhado com a recomendao de Bruno Latour (2012, p. 187) comeo a praticar uma escrita maisobjetiva e condimentada. Para o autor, no o fato de o texto ser inspido e aborrecido que o tornaacurado. Muitas vezes, os cientistas sociais acreditam que utilizar uns poucos truques gramaticais como avoz passiva, o ns majesttico camuflar milagrosamente a falta de objetos. Latour ressalta que o maisimportante produzir um relato textual que seja acurado, fiel, interessante, objetivo e se o cientistadesejar condimentado. O autor aprofunda a questo ao tratar da objetividade na cincia. Para ele osfatos cientficos so construdos e fabricados, mas essas caractersticas no se opem objetividade danatureza. Os fatos cientficos so to mais objetivos quanto mais e melhor forem construdos. Quanto

    mais artificial e melhor organizado for um laboratrio, mais fidedigno ser o relato do cientista sobreaquilo que o no-humano lhe diz. Se fabricao e artificialidade no so opostas de verdade e realidade, oautor prope que as cincias sociais siga esta mesma objetividade em relatos textuais sobre os atores-rede.

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    cientfica interuniversitria entre o Brasil e a Frana em 5 de outubro de 1978;

    caracteriza-se pelo apoio binacional a projetos de pesquisa e a formao de recursos

    humanos de alto nvel, vinculados a Programas de Ps-Graduao de Instituies de

    Ensino Superior (IES) e de Pesquisa. (CAPES, 2006).

    De acordo com Schmidt e Martins (2005), as origens do programa CAPES-

    COFECUB constituem um desdobramento da visita de um grupo de reitores franceses a

    universidades brasileiras, em 1973, particularmente em instituies da regio nordeste.

    O propsito na fase inicial do acordo visou impulsionar o desenvolvimento das

    universidades da regio nordeste do Brasil que apresentavam, em determinadas reas do

    conhecimento, deficincia de pessoal docente qualificado e pequena produtividade

    acadmica. Na dcada de 1990 o acordo foi ampliado para cobrir outras regies como

    resultado de presses de universidades do sudeste do pas que tambm queriam

    participar no processo de cooperao. Nesta segunda fase do programa passaram a

    integrar o acordo grupos em estgios de consolidao j bem adiantados, isso abriu

    caminho para parcerias mais simtricas entre equipes brasileiras e francesas em estgios

    equivalentes de desenvolvimento. Para Schmidt e Martins (2005), estamos hoje em uma

    terceira fase do programa CAPES-COFECUB em que as caractersticas centrais no

    tipificam assistncia, mas trabalho conjunto em programas de pesquisa (laboratrios

    compartilhados) e intercmbio de docentes e estudantes conectados a tais projetos.

    Nesse contexto foi aprovado em 2010 o projeto CAPES-COFECUB n 716/11

    Agroecologia na Frana e no Brasil: entre redes cientficas, movimentos sociais e

    polticas pblicas, tendo como coordenadores os professores Alfio Brandenburg

    (UFPR) e Jean-Paul Billaud (Universit Paris 10 - Nanterre). O projeto n 716/11 tem

    como objetivo analisar, em uma perspectiva interativa, as pesquisas realizadas pela

    sociologia sobre o campo cientfico e sobre os movimentos sociais, com especial nfase

    para o conjunto da produo cientfica relacionada Agroecologia. Alm disso, oprojeto tem ainda o objetivo de analisar a interao entre as redes cientficas, os

    movimentos sociais e a construo de polticas pblicas para o setor. Para realizar uma

    misso de estudo foi necessrio, entre outros requisitos, apresentar um projeto de

    pesquisa individual alinhado aos objetivos gerais do projeto n 716/11. Devido a minha

    pesquisa de doutorado sobre o Mercado de Orgnicos de Curitiba j compartilhar com o

    professor Brandenburg um tema de pesquisa (a agroecologia), encontrava-me a um

    passo de me conectar formalmente ao programa CAPES-COFECUB.

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    O projeto n 716/11 rene atores brasileiros das IES UFSCar/CCA-PPGADR3

    (Luiz Antonio Cabello Norder e Andra Eloisa Bueno Pimentel), UFPR4 (Alfio

    Brandenburg, Osvaldo Heller da Silva, Moacir Roberto Darolt e Luciano de Almeida,

    ngelo de S Mazarotto, Jlio Carlos Veiga da Silva e Douglas Ochiai Padilha) e do

    programa de pesquisa Embrapa Meio Ambiente/Jaguarina (Lucimar Santiago de

    Abreu, Maria de Clofas Faggion Alencar); e atores franceses ligados a Universit Paris

    10/LADYSS5(Jean Paul Billaud) e ao instituto de pesquisa INRA/Avignon 6(Stphane

    Bellon, Claire Lamine, Olivier Guilhaume, Pascal Aventurier). Certamente h muitos

    outros atores humanos e no-humanos que, internos e externos aos laboratrios e

    departamentos, so parte dessa rede sociotcnica. Seguindo as ideias de Bruno Latour

    (2000), fica claro que o trabalho de fazer cincia acontece tanto no ambiente interno

    quanto externo ao laboratrio. O conhecimento cientfico confivel o produto final

    de um complexo curso de ao que envolve numerosas e variadas interaes com outros

    seres humanos, instituies e coisas. Faz parte do fazer cincia, tecer alianas

    polticas, estratgias institucionais com outros cientistas, alianas com laboratrios,

    agncias governamentais e pblico em geral. A teoria de Latour no limita o conceito de

    ator a humanos individuais mas estende a palavra ator , ou actante, para no-humanos

    e entidades no individuais. (LATOUR, 1996, p. 370).

    O projeto n 716/11 possibilitava misses para Paris ou Avignon, o professor

    Luciano de Almeida (DERE/UFPR) escolheu viajar para Avignon em misso de estudo

    de ps-doutorado, eu, por sugesto do professor Alfio, fui estudar sob orientao do

    professor Jean Paul Billaud na Universit Paris 10. Embarquei nessa misso em

    setembro de 2013, aps me instalar na Maison du Brsil7contatei o professor Billaud e

    3 Programa de Ps-Graduao em Agroecologia e Desenvolvimento Rural (PPGADR) do Centro deCincias Agrrias (CCA) da Universidade Federal de So Carlos (UFSCar).4

    Os professores e pesquisadores da Universidade Federal do Paran (UFPR) esto ligados ao Programade Ps-Graduao em Sociologia (PGSOCIO) e ao Departamento de Economia e Extenso Rural(DERE).5OLaboratoire Dynamiques Sociales et Recomposition des Espaces(LADYSS) esta sediado em quatrocampi universitrios da grande Paris: Universit Paris 1, Universit Paris 7, Universit Paris 8 eUniversit Paris 10. Estes campi hoje possuem denominaes especficas, mas por questo de estticatextual aqui me refiro a eles de forma abreviada.6Institut National de la Recherche Agronomique (INRA), Unit de Recherche Ecodeveloppementlocalizada na cidade de Avignon.7 Fundada em 1959, a Maison du Brsil uma das 23 residncias nacionais da Cit InternationaleUniversitaire de Paris, tambm conhecida por seus habitantes e pelos parisienses como CitU. Desde suafundao a Maison du Brsil vem recebendo estudantes, professores e pesquisadores brasileiros e no

    brasileiros que vo Paris em um programa universitrio. Price e Beaver (1966) apud Balancieri et al.

    (2005) mostraram que pesquisadores mantm encontros em congressos, conferncias, reunies, visitam-sepor meio de intercmbios institucionais ou realizam trabalhos em colaborao. Esse tipo de organizaoabrange cientistas de todos os lugares do mundo onde houver atividade cientfica relevante na rea ou na

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    agendamos um rendez-vousno prdio T daParis 10, mais especificamente em sua sala

    no LADYSS. Da CitU at a Paris 10 deve-se pegar o trem RER B e depois troc-lo

    pelo RER A em Chtelet, trajeto que demora aproximadamente 45 minutos, um bom

    tempo para observao participante na intensa vida parisiense.

    Hugues Lamarche (1998), na poca directeur-adjointdo LADYSS, descreve esse

    laboratrio como uma unidade mista de pesquisa (UMR) multidisciplinar distribuda ao

    longo de quatro campi universitrios. Atualmente ligado a dois institutos (INSHS e

    INEE) do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), o LADYSS foi

    formado em 1997 a partir da fuso voluntria entre trs unidades de pesquisa que

    haviam estabelecido relao de trabalho por vrios anos: o Groupe de Recherches sur

    les Mutations des Socits Europennes (GRMSE) da Paris 10; a unidade de pesquisa

    Stratgies territoriales et dynamiques des espaces(STRATES) da Paris 1; e o Groupes

    de recherches sur les agro-industries et en cologie humaine et applique da Paris 8.

    Ao frequentar as universidades e flanar por Paris,pas pasfui registrando nomes

    de ruas, placas, auditrios, lpides e cartazestais como Jean-Jacques Rousseau, Alexis

    de Tocqueville, Auguste Comte, mile Durkheim, Louis Dumont, Louis Althusser,

    Claude Lvi-Strauss, Marcel Mauss, Raymond Aron, Henri Lefebvre, Henri Mendras,

    Marcel Jollivet, Michel Foucault, Pierre Bourdieu, Raymond Boudon, Alain Touraine,

    Edgar Morin, Bruno Latour, Alain Badiou, Michel Maffesoli, entre outros. Encantado

    com as luzes da cidade demorei a perceber as conexes entre pensadores basilares da

    sociologia francesa, pesquisadores brasileiros, meus professores da UFPR e eu. Em tom

    jocoso alardeei aos meus amigos daMaison du Brsilque eu confirmara o "problema do

    mundo pequeno"8 em relao aos fundadores da sociologia francesa: apenas quatro

    pessoas me ligam a Durkheim!

    Criado em 1950, o Groupe de Recherche de Sociologie Rurale(GRSR ou GSR)

    do CNRS contava com Henri Lefebvre como animador e organizador de reunies queatraiam os melhores ruralistas franceses. Lefebvre foi professor na Universit Paris

    10entre 1965 e 1971 e entre seus principais trabalhos consta o livro Du rural l'urbain

    (1970). Alguns anos aps a criao, Lefebvre abandona o GSR o qual passa a ser

    especialidade em questo. Os autores concluram que a maior parte das colaboraes em pesquisa inicia-se com relaes informais, vrias delas estabelecidas durante o perodo de treinamento do pesquisador. A

    Maison du Brsil, a CitU e o LADYSS so locais de intenso intercmbio onde se formam redesacadmicas e de amizades fortes.8

    No artigoAn Experimental Study of the Small World Problem (1967) Jeffrey Travers e Stanley Milgramapresentam o modelo do "mundo pequeno" ao afirmar que cada ator em uma rede, independentemente doseu tamanho e da densidade, pode encontrar outro ator com seis passos em mdia.

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    dirigido por Henri Mendras. (GROUPE DE SOCIOLOGIE RURALE, 1964). Em texto

    que homenageia Mendras, aps sua morte em 2003, a revista tudes ruraleso aponta

    como fundador da sociologia rural na Frana. Em 1967, Mendras lanou seu livro La

    Fin des paysans que rapidamente ficou conhecido pelo grande pblico. Por meio do

    GSR, e com a colaborao de Marcel Jollivet9, deu continuidade por dez anos ao

    trabalho sobre o fim dos camponeses, mas tambm direcionou as pesquisas do grupo

    sobre a segunda revoluo francesa e a entrada da Frana na modernidade . (TUDES

    RURALES, 2003). Ressalto aqui o importante livro de Mendras, Socits Paysannes

    (1976), o qual seria lanado no Brasil pela Zahar Editores apenas dois anos depois da

    edio original, e a grande obra coletiva do GSR editada por Mendras e Jollivet, titulada

    Les Collectivits rurales franaises(1971). Essa obra coletiva pode ser lida como uma

    continuidade dos estudos sobre o campesinato, visto, no mais pelo seu fim, mas

    pelas suas transformaes. Embora com discordncias internas, essa obra, sobretudo o

    tomo II -tude comparative de changement social, constri o campo do debate francs

    da poca. As tenses e discordncias internas so melhor compreendidas quando

    lembramos que os tomos foram escritos logo aps maio de 1968, que comeou

    justamente na Universit Paris 10 - Nanterre.

    Reunindo pesquisadores do CNRS, do Laboratoire de Sociologie Rurale e

    estudantes de doutorado, os estudos do GSR concentravam-se sobre mudanas nas

    sociedades rurais francesas, principalmente: atitudes relacionadas profisso, terra, s

    mudanas tcnicas e econmicas, cidade e sociedade global; mecanismos e canais de

    informao; influncia e funes das instituies locais e nacionais; transformaes das

    estruturas familiares e mtodos de educao. Estas pesquisas tratavam da mudana

    global em certo nmero de sociedades locais buscando compreender como estas

    diferentes sociedades rurais reagiam e se transformavam sob presso da sociedade

    moderna e quais eram os mecanismos envolvidos. (GROUPE DE SOCIOLOGIERURALE, 1965).

    Jollivet, hoje aposentado, mas ainda atuante nessa rede, produziu importantes

    contribuies para a sociologia rural. Maria de Nazareth Baudel Wanderley, primeira

    orientanda de Jollivet, ressaltou que:

    9 Jollivet contribuiu de forma ativa e cmplice no GSR, muito embora tenha ocupado posio tericaoposta a Mendras. Nos dois tomos da obra Collectivits Rurales Franaises possvel observar estaoposio terica: o primeiro tomo Etude comparative de changement social possui inspirao

    funcionalista mendrasiana; o segundo tomo, Socits paysannes ou lutte de classes au village?Problmesmthodologiques et thoriques de l'tude locale en sociologie rurale, dirigido por Jollivet, possui claradirecionamento marxista.

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    [...] sua obra foi fundamental para marcar dois grandes saltos qualitativos naSociologia Rural. Por um lado, ao deslocar o eixo da interpretao, centradono prprio mundo rural, para a prpria dinmica das foras sociais gestadas

    pelo capitalismo, sua reflexo desvenda os significados que assumem a

    agricultura, os agricultores e o meio rural nas sociedades modernas. Aidentificao destes novos lugares muito contribuiu para a afirmao daagricultura familiar como um fato social do mundo moderno, ultrapassandoassim, a velha concepo da decomposio do campesinato, quedesautorizaria qualquer interesse pelo seu estudo. [...] O segundo saltoqualitativo corresponde contribuio mais recente de Marcel Jollivetreferente nova percepo do rural como um espao privilegiado deinterao entre sociedade e natureza, isto , o rural, enquanto meio ambiente.(WANDERLEY, 2002, p. 185-186).

    Esse segundo salto qualitativo pode ser percebido no texto Du rural

    l'environnement: la question de la nature aujourd'hui (1992).Jollivet e Nicole Mathieu

    sustentam nesse texto que o meio ambiente uma questo nova, mesmo que muito de

    seus antecedentes sejam encontrados na sociologia rural. Embora no tenha sido a partir

    da agricultura e do campo que as preocupaes ambientais tomaram corpo (na Frana as

    primeiras vieram com a indstria e suas poluies), a agricultura, os recursos naturais

    renovveis (a gua, os solos, as florestas, etc.), a qualidade dos produtos agrcolas e do

    espao rural passaram a ocupar um lugar especial no tema meio ambiente. (JOLLIVET,

    1998).

    Para Jean-Paul Billaud (2004), as ligaes entre o rural e o ambiental esto em

    duas particularidades da sociologia rural que a empurram para a temtica ambiental.

    Primeiramente sua inscrio em uma tradio emprica com o desenvolvimento de

    monografias de villages como o Esquisse d'un plan de recherches pour une

    monographie de communaut rurale de Albert Soboul ou sua Maison rurale franaise

    e, especialmente, a obra La valle de Campan: tude de sociologie ruralede Lefebvre

    (1963). Billaud qualifica Lefebvre como o primeiro socilogo rural. Em segundo, a

    limitao da sociologia rural questo agrcola levou-a a estudar as formas de gesto

    dos recursos naturais, muitas vezes, a partir de uma perspectiva interdisciplinar propcia

    para a cincia ambiental.

    Philippe Boudes aponta que nessa herana rural na base da sociologia ambiental

    francesa h uma predominncia do LADYSS. Encontra-se em seus pesquisadores tais

    como Marcel Jollivet, Jean-Paul Billaud e Florence Pinton trabalhos que abordam o

    ambiente atravs da paisagem, do territrio, dos agricultores europeus alternativos, dos

    impactos das tcnicas agrcolas e agronmicas, etc. (BOUDES, 2006).

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    Boudes e outros pesquisadores franceses aqui mencionados deixam clara a

    profunda influncia do GSR e do LADYSS nas sociologias rural e ambiental francesas.

    Essa influncia do GSR e do LADYSS tambm se lana atravs do Atlntico at

    algumas IES brasileiras e alguns atores. Ao longo de dcadas tem se formado e se

    transformado uma rede cientfica de trocas, movimentaes, influncias, parcerias,

    dilogos, que ocorrem entre pesquisadores, burocratas, instituies de ensino, agncias

    de pesquisa e laboratrios franceses e brasileiros. A influncia da sociologia rural e

    ambiental francesa esta registrada em pesquisadores brasileiros que se conectaram ao

    GSR e ao LADYSS, dentre eles esto atores importantes na sociologia rural e ambiental

    brasileira, uma referncia incontornvel Maria de Nazareth Baudel Wanderley.10

    Wanderley foi Universit Paris 10para realizar seu doutorado11sob orientao

    de Mendras e Jollivet, entre os anos 1969 e 1975. Naquela poca o GSR ainda no

    cultivava intensivamente a questo ambiental os pesquisadores tratavam

    principalmente sobre a reproduo das sociedades camponesas no interior das

    sociedades capitalistas modernas. Ainda hoje Wanderley segue com pesquisas

    relacionadas agricultura familiar e ao mundo rural, dentre elas destaca-se o texto

    Razes Histricas do Campesinato Brasileiro no qual, apoiando-se em ideias de

    Mendras, Jollivet, Lamarche, entre outros, a autora sustenta que o campesinato, mesmo

    tendo perdido a significao e a importncia que tinha nas sociedades tradicionais,

    continua a se reproduzir nas sociedades atuais integradas ao mundo moderno.

    (WANDERLEY, 1996, p. 6). Neste estudo Wanderley agrega um novo elemento aos de

    seus colegas e professores franceses, a saber, diferenas do campons brasileiro em

    relao ao modelo clssico do campons europeu. No Brasil a grande propriedade se

    imps poltica e economicamente bloqueando o campons, impossibilitando que

    desenvolvesse suas potencialidades, alm disso, o campons brasileiro dispe de

    10No caberia nos limites deste texto uma histria da sociologia rural brasileira ou dar conta da influnciada sociologia francesa no Brasil, porm, no posso deixar de mencionar outra rede de cientistas sociaisfranceses e brasileiros que antecede essa no tempo. Entre as dcadas de 1930 e 1950, cientistas sociaisfranceses vieram ao Brasil compor o quadro de professores na Escola Livre de Sociologia e Poltica(ELSP) e na Faculdade de Filosofia Cincias e Letras da USP (FFCL-USP). Entre os franceses quevieram ao Brasil estavam Roger Bastide, Claude Lvi-Strauss, Fernand Braudel, Paul Arbousse-Bastide,entre outros. Entre os brasileiros conectados a estas IES destacaram-se Florestan Fernandes, Maria IsauraPereira de Queiroz, Antnio Candido, Fernando de Azevedo, Gilda de Mello e Souza. (JACKSON,2007). Do ponto de vista histrico, Schmidt e Martins (2005) afirmam que a influncia francesa naacademia brasileira anterior dcada de 1930. Para os autores, a criao da USP, em 1934, resultadode uma cooperao tradicionalrevestida de assistncia e prestao de servios tcnicos para a instalaode instituies em pases novos e est fortemente ancorada na Misso Francesa presente j na criao

    da Escola Real de Cincias, Artes e Ofcios, em 1816, na cidade do Rio de Janeiro.11 A tese de Wanderley, apresentada em 1975, intitula-se L'conomie sucrire de Pernambuco:contribution ltude des rapports entre la proprit foncire et le capital.

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    mobilidade resultante da presso direta da grande propriedade e da migrao para a

    enorme fronteira de terras livres.

    Ao seguir os passos de Wanderley percebi um ator (ou actante) relevante nessa

    rede: o programa CAPES-COFECUB. Muitos atores dessa rede de sociologia rural-

    ambiental que descrevo tm atuado junto ao programa desde sua fase inicial o projeto

    CAPES-COFECUB n 09 Scio-economia do mundo rural, de 1979, coordenado por

    Jos Heleno Rotta (UFPB), Michel Gervais (Paris 10) e Marcel Jollivet (Paris 10)

    aproximou atores da Universidade Federal da Paraba (UFPB), campus de Campina

    Grande, e da Universit Paris 10. A UFPB encaixou-se no propsito inicial do

    programa: impulsionar o desenvolvimento das universidades da regio nordeste do

    Brasil (SCHMIDT; MARTINS, 2005) o que se realizou atravs da titulao de

    professores do Programa de Ps-Graduao em Sociologia da UFPB em Universidades

    francesas, na formao dos alunos atravs de cursos e seminrios ministrados por

    professores franceses em visita ao Brasil e no intenso intercmbio de experincias de

    pesquisa realizado em diversas misses de trabalho de parte a parte. (CANIELLO,

    2003). Esse intercmbio de experincias pode ser rastreado nos textos da revista Razes,

    editada pela UFPB. Desde seu primeiro volume, em 1982, pesquisadores franceses, tais

    como Marcel Jollivet, Michel Gervais, Hugues Lamarche, Nicole Eyzner, Jean-Charles

    Szurek, publicaram artigos individuais e em coautoria. Dentre os professores da UFPB

    que fizeram realizaram ps-graduao na Frana destaco Olvio Alberto Teixeira12, pois

    sua dissertao em sociologia titulada L'interdisciplinarit dans la recherche sur

    l'environnement: de la thorie la pratique(1994)realizada sob orientao de Marcel

    Jollivet e Raphal Larrrematerializa uma filiaorural-ambiental entre socilogos

    franceses e brasileiros. Nesse processo de cooperao cientfica preciso ainda lembrar

    a participao ativa das professoras brasileiras Norma Montalvo de Soler, Josefa Salete

    Barbosa Cavalcanti e da belga, radicada h muitos anos em Campina Grande, GhislaineDuqu13. Claramente a UFPB, especialmente os atores do Programa de Ps-Graduao

    12Olvio Alberto Teixeira realizou Mestrado em Economia Rural e Regional na Universidade Federal daParaba [campus Campina Grande] (1990), Mestrado em Sociologia Rural DEA Socites Rurales

    Europennes - Universit Paris 10 (1994) e Doutorado em Sociologia - Universit Paris10 (2000). Foiprofessor de 1989 a 2002 do Departamento de Economia da Universidade Federal de Campina Grande(UFCG) e atualmente docente na Universidade Federal do Sergipe (UFS).13Ghislaine Duqu realizou ps-doutorado na Universit Paris 10 Nanterreentre os anos de 1988 e

    1990. Duqu professora desde 1992, primeiramente na UFPB campus Campina Grande e em seguida naUniversidade Federal de Campina Grande (UFCG), criada a partir de desmembramento da UniversidadeFederal da Paraba (UFPB) pela Lei n 10.419, de 9 de abril de 2002.

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    em Sociologia, realizou e ainda hoje realiza papis importantes na sociologia rural e

    ambiental brasileira.

    Entre os anos de 1985 e 2005, Wanderley participou do projeto CAPES-

    COFECUB n 076/85/91 "Novas Perspectivas do Desenvolvimento Agrcola na Frana,

    na Europa e no Brasil". Naquele momento, conta Wanderley (2014), eu estava

    envolvida na pesquisa internacional sobre a agricultura familiar, sob a coordenao de

    Hugues Lamarche, da qual tambm participavam Anita Brumer (UFRGS), Ghislaine

    Duque (UFPB/Campina Grande) e Fernando Antonio Loureno (UNICAMP). Alm

    disso, Jos Vicente Tavares dos Santos14 (UFRGS) estava fazendo seu doutorado de

    estado em Nanterre, orientado por Jollivet. Foram esses dois fatos que levaram o lado

    francs a propor a ampliao do projeto de cooperao em 1991. O projeto n 076 foi,

    ento, profundamente reformulado ampliando-se do lado brasileiro, com a incluso da

    UNICAMP e da UFRGS, e tambm o lado francs, com a incorporao, entre outros, de

    Hlne Delorme e Bernard Roux. Nessa reformulao a coordenadoras do projeto

    passaram a ser Hlne Dlorme (Universit Paris 10) e Wanderley (UNICAMP at

    1997, posteriormente professora visitante na Universidade Federal de Pernambuco -

    UFPE). (WANDERLEY, 2014). Essas transformaes do projeto n 076 coincidem com

    a segunda e terceira fases do programa CAPES-COFECUB descritas por Schmidt e

    Martins (2005), a segunda quando IES do sudeste e sul do Brasil passaram a integrar o

    programa e a terceira quando as caractersticas centrais passam a ser o trabalho conjunto

    em programas de pesquisa (laboratrios compartilhados) e intercmbio de docentes e

    estudantes conectados a tais projetos.

    De acordo com Wanderley (2007), os impactos do projeto n 076 sobre a

    sociologia rural brasileira foram sentidos em diversos nveis. Em primeiro lugar o

    projeto ofereceu misses de estudo e de trabalho em Nanterre, professores e alunos

    como Alfio Brandenburg e Jadir de Moraes Pessoa puderam ir para a Frana em missode estudo. Em segundo lugar o projeto assegurava a doao anual de livros franceses.

    Em terceiro lugar, durante todo o perodo de vigncia do projeto houve seminrios no

    Brasil com a participao de professores e pesquisadores franceses, especialmente

    Marcel Jollivet, Jacques Chonchol, Hlne Delorme, Hugues Lamarche, Jean-Paul

    14

    Jose Vicente Tavares dos Santos realizou sua teseMATUCHOS, LE REVE DE LA TERRE: Etude sur leprocessus de colonisation agricole et les luttes des paysans mridionaux au Brsil (1930-1984),entre osanos de 1982 e 1987, sob orientao de Marcel Jollivet.

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    Billaud, Bernard Roux e Magda Maria Zanoni esta, brasileira, professora em Paris.

    Nas palavras de Wanderley:

    o Projeto Capes/Cofecub teve um efeito extremamente estimulante dos

    contatos entre pesquisadores brasileiros e franceses, para alm das equipesdiretamente envolvidas. [...] em diversas ocasies, nossos colegas franceses

    participaram das reunies do GT Estado e Agricultura, da Anpocs.(WANDERLEY, 2007, p. 23).

    No texto Ser sociloga do mundo rural na Unicamp. Memrias muito vivas

    Wanderley registra alguns de seus orientandos no Programa de Ps-graduao em

    Sociologia da Unicamp que se destacaram em instituies de ensino e pesquisa

    brasileiras. Reproduzo aqui os nomes e instituies: Alfio Brandenburg (professor da

    UFPR), Joo Carlos Tedesco (professor da UPF), Ricardo Abramovay (professor da

    FEA/USP), Srgio Schneider (professor da UFRGS), Leonilde Srvolo de Medeiros

    (professora do CPDA/UFRRJ), Leila de Meneses Stein (professora da

    Unesp/Araraquara), Fernando Antnio Loureno (professor do IFHC/Unicamp),

    Digenes Pinheiro, Srgio Luiz de Oliveira, Regina Bruno (professora do

    CPDA/UFRRJ). Alguns destes pesquisadores brasileiros seguiram uma trajetria de

    pesquisa que acompanhou uma tendncia internacional, a de ecologizao do rural

    (BRANDENBURG, 2010).No Brasil, de forma anloga aos casos francs e estadunidense15, diversos estudos

    em sociologia rural foram considerados pioneiros do que viria a se constituir como uma

    sociologia ambiental. Autores como Alonso e Costa (2002), Ferreira e Ferreira (2002),

    reconhecem que muitas das primeiras contribuies para a atual sociologia ambiental

    vieram de estudos em sociologia rural. Alonso e Costa so enfticos ao afirmarem que

    a ateno dos cientistas sociais brasileiros para a questo ambiental nasceu como

    desdobramento de temas vizinhos, sobretudo na sociologia rural e na sociologia dosmovimentos sociais. (ALONSO; COSTA, 2002, p. 7).

    15O surgimento da sociologia ambiental no Brasil possui semelhanas como o surgimento da sociologiaambiental nos Estados Unidos. Frederick Howard Buttel (1996) descreve as contribuies da sociologiarural e de socilogos do rural para a formao da sociologia ambiental nos Estados Unidos. Estaimportante subrea da sociologia no foi criada como algo novo nos anos 70, mas se forma a partir doamlgama de algumas subreas pr-existentes que contriburam para ou receberam contribuies dasociologia rural. Buttel cita uma breve lista de autores que hoje so associados sociologia ambiental eque nos anos 60 e 70 estavam associados sociologia rural, so eles: D. Morrison, D. Field, R. Burdge, S.

    Albrecht, W. Andrews, W. Burch, W. Catton, R. Dunlap, A. Schnaiberg, R. Gale e W. Firey. Emcomunicao informal, Jean-Paul Billaud informou que Jollivet e Buttel se conheciam e eram muitoprximos.

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    Os estudos sociolgicos que tratam do rural ecologizado brasileiro surgiram

    principalmente nos anos 80. Julia Silvia Guivant (1994, p. 56) afirma que Francisco

    Graziano Neto (1982), embora seja agrnomo de formao, escreveu uma das

    primeiras anlises que, de perspectiva social, introduziram a crtica ecolgica ao modelo

    de modernizao agrcola no Brasil. Outras contribuies pioneiras aparecem no livro

    organizado por Martine e Garcia (1987), ali diversos autores de origens disciplinares

    diversas discutem os impactos sociais e ambientais da modernizao agrcola.

    Ainda nos anos 80 Jalcione Pereira de Almeida16 (1989), doutor em sociologia

    rural na Universit Paris 10, produz artigo sobre o surgimento de propostas de

    agricultura e tecnologia alternativa como reaes chamada agricultura moderna.Ilse

    Scherer-Warren17(1990) realizou um primeiro mapeamento dos movimentos sociais no

    campo no intuito de compreender a articulao entre preservao dos recursos naturais e

    luta pela sobrevivncia. Brandenburg (1999) identifica nestas reaes a agricultura

    moderna um contramovimento em favor da agricultura alternativa que contesta o padro

    tcnico de produo fomentado pelas polticas de modernizao que viam a agricultura

    como atrasada em relao aos demais setores da economia. Atualmente, Brandenburg

    desenvolve suas pesquisas inspirado no pensamento da sociologia rural francesa e na

    sociologia ambiental de Marcel Jollivet. No artigo Do rural tradicional ao rural

    socioambiental Brandenburg (2010) apoia-se na sociologia ambiental francesa e nos

    trabalhos de estudiosos brasileiros, como Maria Isaura Pereira de Queiroz, Antnio

    Candido e Maria de Nazareth Baudel Wanderley.18

    16Sob orientao de Marcel Jollivet, Jalcione Almeida apresentou em 1993 a tese Les agriculteurs de ladeuxime chance: les (re)actions de contestation et la mouvance alternative dans l'agriculture du Brsilmridional. Desde de 1989 Almeida estava produzindo textos na temtica rural-ambiental e com seudoutorado na Paris 10 ele passa a atuar diretamente nessa rede franco-brasileira de sociologia tecida do

    rural ao ambiental. Entre os anos 2000 e 2004, j professor da UFRGS, Jalcione Almeida coordenou,juntamente com Lovois de Andrade Miguel (UFPR) e Hugues Lamarche (LADYSS), o projeto CAPES-COFECUB n 330 Evoluo e Diferenciao da Agricultura, Transformao do Meio Natural eDesenvolvimento Sustentvel em Espaos Rurais do Sul do Brasil. Nesta fase do programa CAPES-COFECUB as relaes entre pesquisadores e instituies de ensino e pesquisa j eram claramente maissimtricas, no se tratava apenas de formar professores para as IES brasileiras mas sim de estimular

    parcerias entre equipes brasileiras e francesas com igual nvel de maturidade acadmica (SCHMIDT;MARTINS, 2005).17Scherer-Warren realizou seu doutorado na Universit Paris 10,sob orientao de Alain Touraine, ondedefendeu em 1973 a teseLe syndicat et le Changement de la Socit Agraire du Rio Grande do Sul.18 preciso aqui lembrar a maravilhosa professora Angela Duarte Damasceno Ferreira (UFPR). Emborano tenha participado do programa CAPES-COFECUB ou realizado ps-graduao em Naterre, mas simna Universit Sorbonne Nouvelle - Paris 3, a professora Angela conecta-se de muitas formas a essa rede

    de sociologia rural: Maria de Nazareth Wanderley foi banca na defesa de sua tese Agriculteurs et agro-industries au Brsil: stratgies, adaptations et conflits (1995); participa ativamente dos seminrios eencontros com pesquisadores do Ladyss; segue produzindo textos em cooperao com Brandenburg,

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    Essas construes cientficas envolvendo pesquisadores brasileiros e franceses

    tm produzido o aprimoramento das anlises e dos instrumentos cientficos. Como bem

    apontou Jollivet no Sminaire franco-brsilien: dialogues contemporains sur la

    question agraire et lagriculture familiale au Brsil et en France19:

    Ns nascemos em dois universos que ao mesmo tempo soextraordinariamente diferentes, mas que ao mesmo tempo possuemencontros. [...] Qual o sentido de fazer essa comparao entre Brasil eFrana? Certamente h uma longa tradio de comparao, mas o que ela

    produz para alm do reconhecimento da riqueza um do outro? Ela permitecompreenso a partir de uma viso mais geral, pois so dois casos

    particulares, permite alcanarmos fenmenos gerais. (JOLLIVET, 2013,traduo minha).

    Para alm do avano na produo e construo da cincia, os frutos dosentrelaamentos entre os atores da sociologia rural brasileira e da sociologia rural

    francesa alcanam tambm a poltica brasileira. De acordo com Ademir Antonio

    Cazella, Yannick Sencb e Jacques Rmy (2014) no artigo Transformaes no

    modelo francs de agricultura familiar: lies para o caso brasileiro? , trabalhos

    inspirados na sociologia rural francesaproduzidos por Maria de Nazareth Wanderley,

    Ricardo Abramovay, Jos Eli da Veiga, Maria Isaura Pereira de Queiroz, entre outros

    auxiliaram, por caminhos diferentes, no s a reflexo terica sobre os temas do

    desenvolvimento rural e da agricultura familiar no Brasil, como tambm a discusso de

    polticas pblicas associadas a esses temas. Jos Eli da Veiga, por exemplo, teve grande

    parte de sua formao acadmica na Frana e, quando presidiu o Conselho Nacional de

    Desenvolvimento Rural Sustentvel, teve suas ideias incorporadas na formatao da

    Wanderley, Almeida, Billaud, Raynaut, Zanoni, entre outros pesquisadores franceses e brasileiros dasociologia rural-ambiental.19O Seminrio Internacional Franco Brasileiro realizado no Auditrio Tisserand (AgroParisTECH) em

    Paris nos dias 24 e 25 abril de 2013 reuniu diversos pesquisadores e representantes de movimentossociais interessados nos temas rurais, agrcolas e ambientais. Entre os debatedores e palestrantes estavamLovois de Andrade Miguel (PGDR/UFRGS/BR), Maristela Simes do Carmo (FCA/UNESP/BR), SoniaMaria Pereira Bergamasco (FEAGRI/UNICAMP/BR), Osmar Tomaz de Souza (PUCRS/BR), PauloMoruzzi Marques (PGEA/CENA/ESALQ/USP/BR), Magda Zanoni (NEAD-MDA/LADYSS-CNRS/FR/BR), Jean-Paul Billaud (LADYSS/FR), Hubert Cochet (AgroParisTech/FR), Philippe Bonnal(Cirad/Fr), Bernard Roux (AgroParisTech/Acadmie dAgriculture/FR), Maria de Nazareth BaudelWanderley (UNICAMP UFPE/BR), Marcel Jollivet (LADYSS/CNRS/FR), Delma Pessanha(UFF/UFOPA/BR), Jacques Rmy (UMR SADAPT/quipe Proximit Inra/FR), Caio Frana (GovernoFederal/BR), Gilles Bazin (SADR/AgroParisTech/FR), ric Sabourin (Cirad/FR), Leonilde SrvoloMedeiros (CPDA/UFRRJ/BR), Yannick Sencb (Inra-Dijon/FR), Guy Durand (Agrocampus Ouest/FR),Stphane Bellon (INRA/SADAvignon/FR), Michel Streith (LADYSS/CNRS/FR), Claude Raynaut(CNRS/FR), Nadge Garambois (SADR/AgroParisTech/FR), Julien Blanc (MNHN/FR), Philippe Lna

    (IRD-MNHN/FR), Marc Dufumier (SADR/AgroParisTech/FR), Gilles Marchal (AMAR/FR), GuyKasteler (Confdration paysanne/FR), Sergio Pereira Leite (CPDA/UFRRJ/Br), Afrnio Raul GarciaJnior (EHESS/FR/BR), Roberto Nascimento (NEAD/MDA/BR).

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    atual poltica de desenvolvimento territorial do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio.

    (CAZELLA; SENCB; RMY, 2014, p. 4).

    UMA TESE CONSTRUDA EM REDE

    At aqui desenhei uma rede que conecta pesquisadores, um programa binacional,

    agncias de pesquisa, um laboratrio, projetos e objetos de pesquisa cientfica nas reas

    de sociologia rural e sociologia ambiental. Agora procuro traar o impacto da rede em

    minha pesquisa de doutorado, ou ainda, como pesquisadores franceses e brasileiros me

    auxiliaram a construir um caminho para compreender melhor as redes que atravessam o

    Mercado de Orgnicos de Curitiba.Em misso de estudo entre Curitiba e Paris, com escalas em Nanterre e Avignon,

    bati porta das academias, bibliotecas e instituto de pesquisa com um esboo de tese

    em baixo do brao. Em cada ville encontrei quadros tericos e obras monumentais

    erigidas por cientistas dedicados a compreender o mundo rural, a agricultura biologique,

    o(s) mercado(s) e o meio ambiente. As opes tericas ampliavam-se em cada

    seminrio, livro, conversa, feira e mercado de alimentos bio. Elaborar uma tese como

    lutar com a Hidra de Lerna corta-se uma das cabeas e no lugar nascem duas. O objetode pesquisa vai se conectando a outros objetos, temas, teorias, as ideias vo se somando

    e vo crescendo cabeas as cincias sociais e a produo de base agroecolgica so

    to deliciosas e complexas que fica difcil parar.

    Nesse esforo em construir uma tese em sociologia devo muito a Brandenburg,

    Billaud e Lamine. O primeiro me orienta na UFPR do mestrado ao doutorado, o

    segundo me orientou no LADYSS e a terceira me apontou um caminho terico a partir

    do INRA-Avignon. No LADYSS, Billaud e os pesquisadores brasileiros Osmar Tomazde Souza (ps-doutor na Paris 10) e Renata de Souza Seidl (doutoranda na Paris 10) me

    impulsionaram s reflexes sobre o rural, o ambiental, a agricultura e os produtos biona

    Frana. Em Avignoncidade onde o medieval e o ps-moderno se imbricam mesmo

    sob a chuva de novembro fui calorosamente recebido por Claire Lamine e Stphane

    Bellon na Unit de Recherche Ecodeveloppementdo INRA, ou simplesmenteEcodev, e

    por Luciano de Almeida em sua residncia aconchegada no intramuros medieval.

    Explorar o INRA foi instigante, entre alamedas e pomares encontrei

    pesquisadores e pesquisas dans ltat de l'art. No Ecodevconversei longamente com

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    Claire Lamine sobre minha pesquisa no Mercado de Orgnicoslocalizado no Mercado

    Municipal de Curitibae quais eram minhas intenes em relao a Pierre Bourdieu e a

    nova sociologia econmica de Mark Granovetter, Harrison C. White e Viviana Zelizer.

    Sa de l com diversos textos de Lamine convencido a mudar meu ponto de vista em

    favor da anlise de rede sociotcnica fundamentada nas ideias de Bruno Latour, Michel

    Callon e John Law. A mudana de perspectiva pode parecer para alguns falta de

    objetividade, mas Latour a considera parte inerente da prtica cientfica: Si je veux tre

    un scientifique et atteindre lobjectivit je dois tre capable de naviguer dun cadre de

    rfrence lautre, dun point de vue lautre. Sa ns de tels dplacements, je serais

    limit pour de bon dans mon point de vue troit.(LATOUR, 2004, p. 160).

    A teoria ator-rede prope um princpio de simetria generalizada no qual tanto a

    natureza quanto a sociedade devem ser explicadas a partir de um quadro de

    interpretao comum e geral, onde humanos e no-humanos devem ser estudados

    simultaneamente. Law (1992) argumenta que:

    analytically, what counts as a person is an effect generated by a network ofheterogeneous, interacting, materials. [...] people are who they are becausethey are a patterned network of heterogeneous materials. [...] The argument isthat thinking, acting, writing, loving, earning all the attributes that wenormally ascribe to human beings, are generated in networks that pass

    through and ramify both within and beyond the body. Hence the term, actor-networkan actor is also, always, a network. (LAW, 1992, p. 384).

    Considerar seriamente a teoria ator-rede me levou a perceber que em geral os

    estudos sociolgicos sobre a produo orgnica e de base agroecolgica, o movimento

    agroecolgico e o consumo de alimentos orgnicos tm focado os atores humanos,

    relegando os no-humanos a cenrio das aes sociais. No Brasil, so poucos os estudos

    que tratam os alimentos orgnicos e outros entes no-humanos como atores-rede.

    Ao assumir a tarefa proposta pela teoria ator-rede comprometi-me a descrever umarede heterognea, a desdobraros atores como redes de mediaes. (LATOUR, 2012,

    p. 198). Se o social visvel atravs da concatenao de mediadores isso o que tem de

    ser reproduzido, cultivado, deduzido e comunicado por meio de relatos textuais. Latour

    insiste que a tarefa do socilogo simplesmente descrever a rede de mediaes, as

    definies e ordenaes do social devem ser deixadas aos prprios atores, no ao

    analista. J no basta restringir os atores ao papel de informantes de acasos de tipo bem

    conhecidos, preciso devolver aos atores a capacidade de elaborar suas prprias teoriassobre a constituio do social. A tarefa do socilogo no consiste mais em impor a

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    ordem, em revelar aos atores o que eles so ou em acrescentar alguma lucidez sua

    prtica cega. A tarefa seguir os prprios atores, tentar entender suas inovaes, a

    fim de descobrir o que a existncia coletiva se tornou em suas mos, que mtodos

    elaboraram para sua adequao, quais definies esclareceriam melhor as novas

    associaes que eles se viram forados a estabelecer. (LATOUR, 2012, p. 31).

    Se os atores definem e ordenam os grupos, por onde comear a pesquisa? Latour

    aponta que a pesquisa sociolgica no deve iniciar determinando um ou mais tipos de

    agrupamentos justificando-se na necessidade de restringir o alcance da investigao

    ou no direito que tem o cientista de definir seu objeto. O ponto de partida tem de ser

    as controvrsias acerca do agrupamento a que algum pertence. A partir de uma

    controvrsia o socilogo segue o fluxo de conexes entre controvrsias deixando os

    atores desdobrarem o leque inteiro de controvrsias nas quais se meteram.

    A partir de uma controvrsia sobre o fomento produo e consumo de produtos

    orgnicos com a elaborao do Mercado de Orgnicos de Curitiba, passei a rastrear

    conexes com outras controvrsias relacionadas aos alimentos orgnicos e a formao

    de grupos entorno delas. Nesse processo de pesquisa, decididamente a sociologia

    francesa de Latour, Callon e Law me levou a relativizar a viso sobre os alimentos

    orgnicos e de base agroecolgica. Considerados atores-rede, os alimentos so mais que

    cenrio para as aes humanas, eles so reconhecidos como mediadores importantes na

    formao de mercados, na construo da cincia agroecolgica, nas aes do

    movimento agroecolgico, na formulao de polticas pblicas, etc.

    COMO TERMINAR UM ARTIGO

    Quando iniciei a produo deste texto eu ainda no havia me familiarizado com as

    ideias da teoria ator-rede. Meu tempo era escasso, ento, precisava comear a luta comesse texto. A proposta que me foi feita era escrever sobre a contribuio de minha

    misso de estudo (doutorado sanduche) na Frana para minha tese. Parte do trabalho

    neste laboratrio que o texto, onde realizei experincias e testei teorias, se traduziu em

    relatar conexes entre pesquisadores que conheci pessoalmente ou atravs de textos.

    medida que fui me aproximando da teoria ator-rede esse texto foi se modificando e,

    indubitavelmente, nele passei a imprimir o modo como tenho lidado com a

    controvertida teoria ator-rede de Latour, Callon e Law.

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    H meses tenho me dividido entre produzir este texto, estudar a teoria ator-rede,

    ministrar aulas de sociologia para engenheiros, cuidar de meu beb recm-nascido,

    cozinhar e realizar a pesquisa de campo no Mercado de Orgnicos. Tenho a clareza de

    que esta descrio que produzi em rede e sobre uma rede de sociologia rural e ambiental

    revela muito sobre as condies em que venho tecendo meu caminho na rede. O prazo

    para produo deste artigo acaba hoje. Mas como terminar a descrio de uma rede?

    Quando a descrio estaria completa? Latour nos auxilia respondendo estas e outras

    questes no esclarecedor e hilariante artigo Comment finir une thse de sociologie. Petit

    dialogue entre un tudiant et un professeur (quelque peu socratique):

    E: Esse justamente meu problema: interromper. Preciso terminar meu

    doutorado. S faltam oito meses. O senhor fala sempre em mais descries,mas isso me lembra as curas do Freud: anlise sem fim. Quando parar?Meus atores esto por a! Aonde devo ir? O que vem a ser uma descriocompleta?P: tima pergunta. Prtica. Como no me canso de dizer: Tese boa tesefeita Mas h outra maneira de parar, alm de acrescentando umaexplicao ou inserir um quadro.E: E qual ?P: Pare depois de escrever suas cinquenta mil palavras ou qualquer que seja aexigncia aqui, nunca me lembro qual .E: Oh! Mas isso maravilhoso! Portanto, minha tese estar terminada quandoela estiver completa. Grande ajuda, muito obrigado. Que alvio!P: Muito bom que voc tenha gostado. Falando srio agora, no acha que

    qualquer mtodo depende do tipo e do tamanho do texto prometido?E: Isso, porm, um limite textual, no tem nada haver ver com o mtodo.P: Por isso, mais uma vez, discordo da maneira como so preparados osdoutorandos. Redigir textos tem tudoa ver com o mtodo. Voc redige umcom tantas palavras em tantos meses com base em vrias entrevistas, emlongas horas de observao, em tais e tais documentos. tudo. No h outracoisa a fazer.E: No, fao mais que isso. Estudo, aprendo, explico, critico...P: No entanto, alcana esses objetivos grandiosos por meio de um texto, no?E: claro. Mas o texto uma ferramenta, um meio, uma forma de meexpressar.P: No existem ferramentas, ou meios, apenas mediadores. O texto compacto. Este um postulado da ANT, caso haja algum. (LATOUR, 2004,

    p. 9).

    O texto termina quando eu envi-lo ao meu orientador. E se eu entendi a

    explicao de Latour, posso terminar afirmando que este texto que voc esta lendo um

    mediador entre eu e voc, entre eu e meu orientador, entre atores da rede que descrevi.

    O texto no se limita a transportar informaes e significados sem transform-los, ao

    contrrio, ele um ator dotado da capacidade de traduzir aquilo que ele transporta, de

    redefini-lo e tambm tra-lo.

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