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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: Conectivos no gênero Crônica: novas perspectivas de análise linguística para o Ensino Médio

Autora: Adegmar Vendramini Figueiredo

Disciplina/Área: Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Cianorte. Localizado na Avenida São Paulo, 269

Município da escola: Cianorte - PR

Núcleo Regional de Educação: Cianorte - PR

Professora-Orientadora: Prof.ª Me. Juliana Carla Barbieri Steffler

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí (UNESPAR).

Relação Interdisciplinar: Não há.

Resumo: Este trabalho elegeu como tema o estudo das práticas discursivas de oralidade, leitura, escrita e o aprimoramento dos conhecimentos linguísticos visando à formação do educando. Tendo em vista que há um novo aluno e uma nova escola, os meios utilizados para o ensino da Língua Portuguesa devem ser repensados. Assim, o desafio maior do professor hoje é criar um modo de ensinar a língua de tal maneira que atinja este aluno contemporâneo melhorando seu desempenho quanto às habilidades discursivas. Dessa forma, este projeto apresenta uma nova proposta de trabalho com o gênero discursivo Crônica e também quanto a análise dos usos das funções dos conectivos, rompendo assim com o estudo puramente estruturalista/formalista, mostrando que o

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aprimoramento da competência linguística irá ocorrer se o aluno tiver acesso às práticas de leitura, escrita e oralidade. Assim, o objetivo central deste trabalho é aprimorar as habilidades discursivas, a partir da análise linguística dos conectivos no gênero Crônica. Gênero este que apresenta textos curtos, leves, com o objetivo de divertir ou desenvolver reflexões críticas sobre a vida e o comportamento humano, com humor, poesia, ironia, a partir de fatos cotidianos. No que se refere aos resultados, o objetivo é levar o aluno à apropriação do gênero Crônica, por meio da leitura e da escrita, desenvolvendo assim a capacidade de pensamento crítico e ampliando seus conhecimentos linguístico-discursivos.

Palavras-chave: Crônica; conectivos; análise linguística; ensino médio.

Formato do Material Didático: Unidade didática

Público: Alunos da 2ª série do Ensino Médio

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APRESENTAÇÃO

O ensino de língua materna (Língua Portuguesa) deve pautar-se, segundo

Bakhtin (2006), pela preocupação com o desenvolvimento das habilidades

discursivas, entendidas como a capacidade de interação/comunicação em toda e

qualquer situação de interação. Dessa forma, o trabalho com as práticas de

linguagem deve apresentar como ponto central o discurso, a partir do qual se

estruturam os gêneros, reflexos das mais diversas esferas sociais, e buscar

desenvolver a competência comunicativa dos seus falantes, capacidade esta que

possibilita ao usuário empregar adequadamente.

Levando em consideração o exposto acima e o fato de que há um novo aluno

e uma nova escola, os meios utilizados para o ensino da língua portuguesa devem

ser repensados. Assim, o grande desafio do professor hoje é ensinar a língua de tal

maneira que atenda as demandas do aluno contemporâneo e, por extensão,

melhore seu desempenho quanto às habilidades discursivas. Desse modo, o

objetivo central deste trabalho é aprimorar as habilidades discursivas, a partir da

análise linguística dos conectivos no gênero Crônica.

A par dessas considerações, esse material didático pedagógico, a ser

implementado na 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Cianorte – EFMNP,

no município de Cianorte – PR, apresenta uma nova proposta de trabalho com o

gênero discursivo “Crônica” e com as funções dos conectivos nesse tipo de texto. O

número mínimo de aulas necessárias para aplicação desta produção didático-

pedagógica é de (32) trinta e duas aulas.

Destacaremos o fato de que “o aprimoramento da competência linguística do

aluno acontecerá com maior propriedade se lhe for dado conhecer, nas práticas de

leitura, escrita e oralidade, o caráter dinâmico dos gêneros discursivos.” (PARANÁ,

2008, p.53).

Nesta unidade didática, pretende-se mostrar ao aluno que em todo texto há a

necessidades de conectores e estes proporcionarão as relações de sentido, a

continuidade e a conexão entre os enunciados. Além disso, serão valorizados os

seguintes aspectos na produção de texto: quem escreve, para quem escreve, o que

escreve e qual o objetivo.

Para que isso ocorra, o primeiro módulo privilegiará o conhecimento prévio

dos alunos acerca do gênero discursivo crônica. No segundo módulo, será

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aprofundada a capacidade de pensamento crítico, por meio do acesso a diferentes

tipos de crônicas (jornalísticas, esportivas, literárias, humorística, argumentativa,

etc.) permitindo a expansão da oralidade e da escrita. No terceiro módulo será

promovida a análise do contexto de produção de crônicas. Na sequência, no quarto

módulo, buscar-se-á o aprimoramento dos conhecimentos linguísticos, de maneira a

propiciar acesso às ferramentas de expressão e compreensão de processos

discursivos, proporcionando ao aluno condições para adequar a linguagem aos

diferentes contextos sociais, apropriando-se, também, da norma culta/padrão. O

quinto e último módulo buscará mediar a compreensão de que as relações de

sentido, a continuidade do texto e a conexão entre os enunciados, ocorrem,

principalmente, em se tratando de textos escritos, pelas conjunções.

UNIDADE DIDÁTICA

CONECTIVOS NO GÊNERO CRÔNICA: NOVAS PERSPECTIVAS DE ANÁLISE

LINGUÍSTICA PARA O ENSINO MÉDIO.

1º MÓDULO

Objetivo: Nesta seção, cabe ao professor ativar os conhecimentos prévios dos alunos para compreendermos o que eles sabem a respeito do gênero Crônica.

Policia, Um Salto Muito Azarado Bia Lira

O ladrão já estava preso há mais de cinco anos (...) e, pela primeira vez, ele havia recebido a oportunidade de ficar em casa por conta do beneficio do indulto de páscoa.

Fonte: Clipart

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Assim que o criminoso saiu da cadeia, ele resolveu viajar para uma pequena cidade do interior. Ali, (...) na primeira oportunidade que ele teve roubou a carteira e o celular de uma garota.

Depois do roubo à moça começou a gritar muito alto pedindo socorro. Logo apareceu um policial para ajudá-la. Prontamente, o policial saiu em perseguição ao rapaz. Depois de correr atrás do gatuno por mais de quatro quarteirões o policial ficou muito impressionado com a atitude do esperto ladrão.

O Bandido, correndo em altíssima velocidade, estava fugindo do policial, assim que ele entrou numa rua ele viu um grande muro e, pensando ser a área de uma empresa ou outra propriedade qualquer, ele rapidamente escalou o paredão e saltou para o outro lado.

O policial, ao ver aquilo parou de correr imediatamente. Meio atônito e bastante surpreso com a atitude do picareta. O policial (...) foi até o portão daquela propriedade onde o marginal havia pulado para ver o que é que estava acontecendo lá dentro.

Ao chegar, a primeira coisa que o policial viu foi que o assaltante já havia sido completamente imobilizado por outro homem, que não por acaso, era outro policial, pois aquele ladrão pra lá de azarado, pra não dizer outra coisa, havia pulado justamente dentro do Batalhão da Policia Militar daquela pequena cidade do interior.

Disponível online em: <https://pensador.uol.com.br/autor/bia_lira/>. Acesso em 31 out 2016.

Momento da Discussão 1. Agora, com seus colegas e com ajuda do seu professor, discuta em grupos as

seguintes questões: Que tipo de texto é esse que você acabou de ler? Que traços permitem você

chegar a esta conclusão?

Vocês costumam ler crônicas em jornal, revista ou em blogs de Internet?

De que assuntos tratam as crônicas?

Qual é a sua importância em nossa sociedade? E em sua vida?

Quem produz a crônica?

Para quem o texto Crônica é destinado?

Qual a finalidade da crônica?

Quais são os profissionais que trabalham diretamente e indiretamente com a

crônica?

Você conhece algum autor de crônica? Qual? (Quais)

Onde podemos encontrar esse tipo de textos?

( ) radio ( ) televisão ( ) jornal ( ) panfletos ( ) internet ( ) revistas especializadas

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Após essa discussão, já é possível vocês apresentarem o que entendem por Crônica. No quadro abaixo, redija sua resposta: Agora vamos ler a definição de crônica proposta por Ivan Ângelo, no texto “Sobre a Crônica”. Após, comparem as definições:

Sobre a crônica

18.set.2009 | Atualizada em 7.dez.2010 por Ivan Angelo

Uma leitora se refere aos textos aqui publicados como "reportagens". Um leitor os chama de "artigos". Um estudante fala deles como "contos". Há os que dizem: "seus comentários". Outros os chamam de "críticas". Para alguns, é "sua coluna". Estão errados? Tecnicamente, sim – são crônicas –, mas... Fernando Sabino, vacilando diante do campo aberto, escreveu que "crônica é tudo que o autor chama de crônica". A dificuldade é que a crônica não é um formato, como o soneto, e muitos duvidam que seja um

gênero literário, como o conto (...). Leitores, indiferentes ao nome da rosa, dão à crônica prestígio, permanência e força. Mas vem cá: é literatura ou é jornalismo? Se o objetivo do autor é fazer literatura e ele sabe fazer... Há crônicas que são dissertações, como em Machado de Assis; outras são poemas em prosa, como em Paulo Mendes Campos; outras são pequenos contos, como em Nelson Rodrigues; ou casos, como os de Fernando Sabino; outras são evocações, como em Drummond e Rubem Braga; ou memórias e reflexões, como em tantos. A crônica tem a mobilidade de aparências e de discursos que a poesia tem – e facilidades que a melhor poesia não se permite. Está em toda a imprensa brasileira, de 150 anos para cá. O professor Antonio Candido observa: "Até se poderia dizer que sob vários aspectos é um gênero brasileiro, pela naturalidade com que se aclimatou aqui e pela originalidade com que aqui se desenvolveu". Alexandre Eulálio, um sábio, explicou essa origem estrangeira: "É nosso familiar essay, possui tradição de primeira ordem, cultivada desde o amanhecer do periodismo nacional pelos maiores poetas e prosistas da época". Veio, pois, de um tipo de texto comum na imprensa inglesa do século XIX, afável, pessoal, sem cerimônia e no entanto pertinente.

Por que deu certo no Brasil? (...) Talvez por ser a obra curta e o clima, quente. A crônica é frágil e íntima, uma relação pessoal. Como se fosse escrita para um leitor, como se só com ele o narrador pudesse se expor tanto. Conversam sobre o momento, cúmplices: nós vimos isto, não é leitor?, vivemos isto, não é?, sentimos isto, não é? O narrador da crônica procura sensibilidades irmãs.

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Se é tão antiga e íntima, por que muitos leitores não aprenderam a chamá-la pelo nome? É que ela tem muitas máscaras. Recorro a Eça de Queirós, mestre do estilo antigo. Ela "não tem a voz grossa da política, nem a voz indolente do poeta, nem a voz doutoral do crítico; tem uma pequena voz serena, leve e clara, com que conta aos seus amigos tudo o que andou ouvindo, perguntando, esmiuçando".

A crônica mudou, tudo muda. (...) Não é preciso comparar grandezas, botar Rubem Braga diante de Machado de Assis. É mais exato apreciá-la desdobrando-se no tempo, como fez Antonio Candido em "A vida ao rés-do-chão": "Creio que a fórmula moderna, na qual entram um fato miúdo e um toque humorístico, com o seu quantum satis de poesia, representa o amadurecimento e o encontro mais puro da crônica consigo mesma". Ainda ele: "Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas". Elementos que não funcionam na crônica: grandiloquência, sectarismo, enrolação, arrogância, prolixidade. Elementos que funcionam: humor, intimidade, lirismo, surpresa, estilo, elegância, solidariedade.

Cronista mesmo não "se acha". As crônicas de Rubem Braga foram vistas (...) como "forma complexa e única de uma relação do Eu com o mundo". Muito bem. Mas Rubem Braga não se achava o tal. Respondeu assim a um jornalista que lhe havia perguntado o que é crônica: – Se não é aguda, é crônica. Disponível em: http://vejasp.abril.com.br/materia/sobre-cronica Acesso em: 21 out.2016.

Ampliando conhecimentos! Observe a tela:

Fonte: Wikipédia: free encyclopedia. Disponível on line em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Saturno_devorando_um_filho. Acesso em 21 nov 2016.

SATURNO DEVORANDO

UM FILHO

Autor: Francisco de Goya Data: 1819 -1823

Técnica: Óleo sobre Tela Dimensões: 146cm x 83

cm Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha.

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Discuta com os colegas: 1. Esta tela representa o deus grego Cronos, (Saturno na mitologia Romana).

Qual a ligação entre o deus Cronos e a Crônica? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Na Mitologia Grega o deus Cronos comia os filhos recém-nascidos de Reia, sua mulher, por temor a ser destronado por um deles. Qual o significado desta ação?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Você Sabia???

palavra crônica deriva do Latim chronica que significava, no início do Cristianismo, o relato de acontecimentos em sua ordem temporal (cronológica). Era, portanto, um registro cronológico de eventos.

No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal des Débats, publicado em Paris. A crônica literária, surgida a partir do folhetim, na

França, tomou características próprias no Brasil.

A crônica é (...) um texto escrito para ser publicado em jornais e revistas. Assim o fato de ser publicada nesses meios já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições. Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como: ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém.

(...) a crônica situa-se entre o jornalismo e a literatura, e o cronista pode ser considerado o

poeta dos acontecimentos do dia-a-dia. A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam.

Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.

Fonte: Wikipédia: free encyclopedia. Disponível on line em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B4n ica_(g%C3%AAnero>.

A

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Construindo conhecimentos! Agora juntos vamos definir Crônica, no quadro abaixo:

Momento da pesquisa e discussão: Pessoal, a carta de Pero Vaz de Caminha, escrita ao Rei de Portugal em

1500, registrando o contato direto com os índios e seus costumes, é considerada por alguns autores como a primeira crônica escrita em terras brasileiras, tendo em vista que registrou o “circunstancial”, característica inicial deste texto.

Agora, vocês receberão um trecho da carta para cada grupo e após a leitura, expliquem aos demais sobre o que é narrado no trecho. Após, faremos um debate sobre as características gerais do texto; interesses econômicos e religiosos dos colonizadores; dificuldade em valorizar o outro, tendo em vista a diferença cultural.

Assistindo a um vídeo! Agora, vamos assistir a um vídeo produzido para um comercial dos Correios

do Brasil, que apresenta a leitura da Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel, com imagens do que é o Brasil atualmente. É muito interessante que vocês ouçam também, um áudio narrado por Leonardo Rossi e produzido por Iba Mendes que apresenta a leitura da Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel. Discutam agora, em grupos, o que a carta e o vídeo têm em comum.

Produção: Correios do Brasil

Fonte da imagem: Clipart Fonte do áudio: Disponível no youtube em:

https://www.youtube.com/watch?v=F60szJm7yPE Fonte do vídeo: Disponível on-line em:

www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=8572#

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Abaixo, vocês veem a imagem da Carta de Pero Vaz de Caminha, primeiro documento da história e da literatura brasileira. Escrita num estado de euforia diante de tipos humanos novos, que ele considera belos, Caminha revela-se já tocado pela nova visão do mundo e do homem, típica do Renascimento.

Fonte da imagem: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/9/thumb_cartaperovaz.jpg

2ºMÓDULO

Objetivo: Nesta seção trataremos sobre a organização geral do texto, ou seja, de que forma o texto está organizado. Será analisado o contexto de produção: quem escreve, para quem, o que e qual o objetivo.

Aprendendo um pouco mais...

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Fonte do texto: Roberta Carrilho. Disponível on-line em: http://robertacarrilho-div.blogspot.com.br/2012/01/um-

homem-inteligente-falando-das.html

Começando a entender a crônica...

crônica, quase sempre é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "conversando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente “pessoal” de um determinado assunto: a visão do

cronista. Devido a isso, o cronista transmite ao leitor a sua visão de mundo, pois expõe sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que os cercam. No geral, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária, o que contribui para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.

Características da Crônica:

Fonte: Clipart

Relata algum fato ou situação usando o tempo cronológico e a descrição dos acontecimentos;

Texto curto e leve que tem o objetivo de divertir e refletir sobre a vida

Apresenta texto ligado à vida cotidiana (acontecimentos familiares, corriqueiros ou fatos de interesse público);

Número reduzido de personagens;

Uso da oralidade na escrita: narrador-observador ou narrador-personagem;

Tempo e espaço limitados: (a crônica se passa em um

A

Em todo o texto aparecem fatos do dia a dia, utilizados para problematizar um assunto. Nesse caso predomina o humor!

Narração. O ponto de partida para uma crônica é sempre uma observação ou uma experiência mais pessoal.

Título

Geralmente a partir do 2º parágrafo o autor introduz sua experiência pessoal. Há um debate crítico do assunto.

No último parágrafo, o autor apresenta a Conclusão .

O autor procurou explicar melhor o seu ponto de vista.

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CRÔNICA curto período de tempo, por isso os fatos não podem ter grandes desdobramentos);

Diz coisas sérias através de uma aparente conversa fiada;

uso do humor;

brevidade; geralmente é um texto curto.

No Brasil a Crônica tem muitos tons... A crônica retrata os acontecimentos da vida em tom despretensioso, ora poético,

ora filosófico, muitas vezes divertido. Nossas crônicas são bastante diferentes daquelas que circulam em jornais de outros países, pois lá são relatos objetivos e sintéticos e não costumam expressar sentimentos pessoais do autor. Os cronistas brasileiros exprimem vivências e sentimentos próprios do universo cultural do país.

Desta forma, no Brasil, há vários modos de escrevê-las. O autor pode produzir uma Prosa Poética se usar o tom poético, como algumas crônicas escritas por Paulo Mendes Campos. Mas elas podem ser escritas de forma mais próxima ao ensaio, como as de Lima Barreto; ou ser narrativas, como as de Fernando Sabino. As crônicas podem puxar a reflexão do leitor pelo jeito humorístico, sendo engraçadas, característica de Moacyr Scliar, ou ter um tom sério. Já as crônicas esportivas ou políticas podem ser próximas de comentários. Fonte: Texto adaptado de: A ocasião faz o escritor: caderno do professor: orientação para a produção de textos – São Paulo: Cenpec, 2010, p. 21.

Contexto de Circulação As crônicas geralmente circulam em espaço jornalístico, onde são publicadas

todos os dias e geralmente contam com espaço e autor fixo. Há também crônicas publicadas em revistas semanais. Nestes casos, aparecem

no início, como uma espécie de introdução às notícias principais ou no fim, como se fosse conclusão. Geralmente, esses textos levam o leitor a refletir sobre o assunto veiculado.

Nas revistas mensais, destinadas a um público definido (feminino, masculino, adolescente) também há espaço para crônicas, mas estas quase sempre trazem temas gerais, geralmente ligadas à vida cotidiana ou enfocam questões próprias para cada faixa etária.

Livros, sites, blogs, também são meios de circulação bastante comuns para as crônicas, pois são espaços onde os autores reúnem conjuntos de textos que julgam mais importantes e representativos.

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Vejamos outro texto:

Clic

Luis Fernando Veríssimo

Cidadão se descuidou e roubaram seu

celular. Como era um executivo e não

sabia mais viver sem celular, ficou

furioso. Deu parte do roubo, depois teve

uma idéia. Ligou para o número do

telefone. Atendeu uma mulher.

— Aloa.

— Quem fala?

— Com quem quer falar?

— O dono desse telefone.

— Ele não pode atender.

— Quer chamá-lo, por favor?

— Ele esta no banheiro. Eu posso anotar

o recado?

— Bate na porta e chama esse

vagabundo agora.

Clic. A mulher desligou. O cidadão

controlou-se. Ligou de novo.

— Aloa.

— Escute. Desculpe o jeito que eu falei

antes. Eu preciso falar com ele, viu? É

urgente.

(...)

— Você é a...

— Uma amiga.

— Como é seu nome?

— Quem quer saber?

O cidadão inventou um nome.

— Taborda. (...) Sou primo dele.

— Primo do Amleto?

Amleto. O safado já tinha um nome.

— É. De Quaraí.

(...)

— Carol.

— Hein?

— Meu nome. É Carol.

— Ah. Vocês são...

— Não, não. Nos conhecemos há pouco.

— Escute Carol. Eu trouxe uma

encomenda para o Amleto. De Quaraí.

Uma pessegada, mas não me lembro do

endereço.

— Eu também não sei o endereço dele.

— Mas vocês...

— Nós estamos num motel. Este telefone

é celular.

— Ah.

— Vem cá. Como você sabia o número

do telefone dele? Ele recém-comprou.

(...)

O cidadão não se conteve.

— Porque ele não comprou, não. Ele

roubou. Está entendendo? Roubou. De

mim!

— Não acredito.

— Ah, não acredita? Então pergunta pra

ele. Bate na porta do banheiro e

pergunta.

— O Amleto não roubaria um telefone do

próprio primo.

E Carol desligou de novo.

O cidadão deixou passar um tempo,

enquanto se recuperava. Depois ligou.

— Aloa.

— Carol, é o Tobias.

— Quem?

— O Taborda. Por favor, chame o

Amleto.

— Ele continua no banheiro.

— Em que motel vocês estão?

— Por que?

— Carol, você parece ser uma boa moça.

Eu sei que você gosta do Amleto...

— Recém nos conhecemos.

— Mas você simpatizou. Estou certo?

Você não quer acreditar que ele seja um

ladrão. Mas ele é, Carol. (...) O Amleto

pode Ter muitas qualidades, sei lá. Há

quanto tempo vocês saem juntos?

— Esta é a primeira vez.

— Vocês nunca tinham se visto antes?

— Já, já. Mas, assim, só conversa.

— E você nem sabe o endereço dele,

Carol (...). Não sabia que ele é de

Quaraí.

— Pensei que fosse goiano.

— Ai esta, Carol. Isso diz tudo. Um cara

que se faz passar por goiano...

— Não, não. Eu é que pensei.

— Carol, ele ainda está no banheiro?

— Está.

— Então sai daí, Carol. (...) Esse negocio

pode acabar mal. Você pode ser

envolvida. — Saia daí enquanto é tempo,

Carol!

— Mas...

Fonte: clipart

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— Eu sei. Você não precisa dizer. Eu sei.

Você não quer acabar a amizade. (...)

Mas ele é um ladrão, Carol. Um bandido.

Quem rouba celular é capaz de tudo. Sua

vida corre perigo.

— Ele esta saindo do banheiro.

— Corra, Carol! Leve o telefone e corra!

Daqui a pouco eu ligo para saber onde

você está.

Clic.

Dez minutos depois, o cidadão liga de

novo.

— Aloa.

— Carol, onde você está?

— O Amleto está aqui do meu lado e

pediu para lhe dizer uma coisa.

— Carol, eu...

— Nós conversamos e ele quer pedir

desculpas a você. Diz que vai devolver o

telefone, que foi só brincadeira. Jurou

que não vai fazer mais isso.

O cidadão engoliu a raiva. Depois de

alguns segundos falou:

— Como ele vai devolver o telefone?

— Domingo, no almoço da tia Eloá. Diz

que encontra você lá.

— Carol, não...

Mas Carol já tinha desligado.

O cidadão precisou de mais cinco

minutos para se recompor. Depois ligou

outra vez.

—Aloa.

Pelo ruído o cidadão deduziu que ela

estava dentro de um carro em

movimento.

— Carol, é o Torquatro.

— Quem?

— Não interessa! Escute aqui. Você está

sendo cúmplice de um crime. (...) Esse

telefone que agora tem suas impressões

digitais. É meu! Esse salafrário roubou

meu celular!

— Mas ele disse que vai devolver na...

— Não existe Tia Eloá nenhuma! Eu não

sou primo dele. Nem conheço esse

cafajeste. Ele esta mentindo para você,

Carol.

— Então você também mentiu!

— Carol...

Clic.

Cinco minutos depois, quando o cidadão

se ergueu do chão, onde estivera

mordendo o carpete, e ligou de novo,

ouviu um "Alô" de homem.

— Amleto?

— Primo! Muito bem. Você conseguiu,

viu? A Carol acaba de descer do carro.

— Olha aqui, seu...

— Você já tinha liquidado com o nosso

programa no motel, o maior clima e você

estragou, e agora acabou com tudo. Ela

está desiludida com todos os homens,

para sempre. Mandou parar o carro e

desceu. (...) Parabéns primo. Você

venceu. Quer saber como ela era?

— Só quero meu telefone.

— Morena clara. Olhos verdes. Não

resistiu ao meu celular. Se não fosse o

celular, ela não teria topado o programa.

E se não fosse o celular, nós ainda

estaríamos no motel. Como é que chama

isso mesmo? Ironia do destino?

— Quero meu celular de volta!

— Certo, certo. Seu celular. Você tem

que fechar negócios, impressionar

clientes, enganar trouxas. Só o que eu

queria era a Carol...

— Ladrão

— Executivo

— Devolve meu...

Clic.

Cinco minutos mais tarde. Cidadão liga

de novo. Telefone toca várias vezes.

Atende uma voz diferente.

— Ahn?

— Quem fala?

— É o Trola.

— Como você conseguiu esse telefone?

— Sei lá. Alguém jogou pela janela de

um carro. Quase me acertou.

— Onde você está?

— Como eu estou? Bem, bem. Catando

meus papéis, sabe como é. Mas eu já fui

de circo. É. Capitão Trovar. Andei até

pelo Paraguai.

— Não quero saber de sua vida. Estou

pagando uma recompensa por este

telefone. Me diga onde você está que eu

vou buscar.

— Bem. Fora a Dalvinha, tudo bem.

Sabe como é mulher. Quando nos vê por

baixo, aproveita. Ontem mesmo...

— Onde você está? Eu quero saber onde!

— Aqui mesmo, embaixo do viaduto. De

noitinha. Ela chegou com o índio e o

Marvão, os três com a cara cheia, e...

Extraído do livro "As Mentiras que os Homens Contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 41.

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Quem é Luis Fernando Veríssimo?

uis Fernando Veríssimo é um escritor, humorista,cartunista, tradutor, roteirista de televisão, autor de teatro e romancista bissexto. Já foi publicitário e revisor de jornal. É ainda músico,

tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo. Nascido em Porto Alegre em 26 de setembro de 1936, Luis Fernando viveu parte de sua infância e adolescência nos Estados Unidos, com a família (...) Aos 14 anos produziu, com a irmã Clarissa e um primo, um jornal periódico com notícias da família, que era pendurado no banheiro de casa e se chamava "O Patentino" (patente é como é conhecida a privada no Rio Grande do Sul).

Fonte: Wikipédia: free encyclopedia. Disponível on-line em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Fernando_Verissimo. Acesso em

26 out 2016.

Compreendendo o texto...

Em equipe, respondam as questões abaixo: Qual é o assunto da crônica?

Para quem a crônica é destinada?

Qual o objetivo do autor?

Onde poderia circular esses textos? Por quê?

O que chamou mais sua atenção? (linguagem, humor, fatos...)

Quantos e quais são os personagens?

Que tipo de narrador o texto apresenta?

Qual a principal característica?

Lendo mais!

Em grupo, leia a crônica que será entregue pelo seu professor. Após a leitura,

preencham o quadro a seguir. Na sequência, socialize seu texto com a turma,

falando do que se trata, resumidamente, bem como o quadro preenchido.

L a

Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/9/normal_1verissim.jpg

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Textos que podem ser utilizados pelo professor:

1. A mentira – Luis Fernando Veríssimo

2. O brinco – Luis Fernando Veríssimo

3. O homem trocado – Luis Fernando Veríssimo

4. Crônica: o futebol do Brasil – Marc Souza

5. A luta e a lição - Carlos Heitor Cony

6. A política na vida de cada um – Luiz Carlos Amorim

7. Crônicas sobre política municipal: O Brasil sob um olhar provocativo e bem

humorado – Humberto Dantas e Eder Brito

8. Crônica inteligente de Arnaldo Jabor – Brasileiro...

9. Pequena crônica policial – Por Mario Quintana

10. Jornalismo policial, pero sin perder La ternura jamás – Denise Britto

11. Barbárie – Fabricio Carpinejar

12. Felicidade sem ilha deserta – Antonio Prata

Título:

Autor:

Tema (sobre o que trata

o texto):

A quem está dirigido o

texto? Quem são os

possíveis leitores?

Qual o objetivo do autor

ao escrever o texto?

Suporte onde é ou pode

ser veiculado o texto?

Vamos nos divertir??? Acesse o site https://www.escrevendoofuturo.org.br/blog/especial-cronica2016/ e vamos brincar. No jogo Crogodó, os jogadores estão na cidade fictícia de Crogodó,

Fonte: Clipart

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onde percorrem diversos ambientes e são convidados a buscar situações que possam render boas crônicas. O jogo assume uma dinâmica de competição em que o vencedor passa a integrar a equipe de um blog de cronistas:

JOGO: CROGODÓ Uma boa crônica não pode se limitar à descrição de espaços e fatos. É muito importante que os alunos consigam, em seus textos, iluminar um episódio do cotidiano a fim de gerar emoção, graça, reflexão ou até estranhamento. O jogo Crogodó ajudará a turma a compreender melhor esses aspectos de literariedade e ficção do gênero Crônica.

Endereço: https://www.escrevendoofuturo.org.br/blog/especial-cronica2016/

Momento criativo! 1ª Proposta:

Conte um fato do dia a dia, algo engraçado que aconteceu com você em algum momento da vida. Daqueles que você não sai espalhando nas redes sociais e que possa oferecer ao seu leitor uma nova perspectiva sobre o que geralmente não é percebido pelo senso comum.

Obs.: Não esqueça que o cronista produz crônicas captando acontecimentos do cotidiano (questões sociais, ações e comportamento das pessoas.

Fonte: Clipart

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3º Módulo

Objetivo: Nesta seção o objetivo maior é aprofundar a capacidade de pensamento crítico, através da leitura de crônicas diversas, permitindo a expansão da oralidade e da escrita.

Momento da Pesquisa Agora que você já conhece um pouco da história do gênero Crônica pesquise sobre os tipos de crônicas. Registre no espaço abaixo.

Assistindo a um vídeo! Pessoal, Vocês sabem que a melhor forma de aprender a fazer alguma coisa é

observar um mestre no assunto em ação. O mestre será Fernando Sabino. Agora, vamos assistir a um vídeo que retrata uma Crônica.

O vídeo, realizado em 2008, apresenta o curta-metragem A última crônica, baseado no conto de Fernando Sabino. O curta foi dirigido por Jorge Monclar, e tem como elenco: Roberto Rodrigues, André Ramiro e André Gonçalves.

Fonte da imagem: Clipart Fonte do vídeo: Youtube. Disponível on-line em: https://www.youtube.com/watch?v=FgH8XuTv3ZM

Vamos ouvir, utilizando um CD ou acessando o site: https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/colecao-da-olimpiada/artigo/252/audio-dos-textos-da-colecao-da-olimpiada, o texto que deu origem ao Curta-Metragem:

TIPO DE CRÔNICA CARACTERÍSTICAS

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A ùltima Crônica Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. (...) Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. (...) Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". (...) Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica. Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se (...). A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome. Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom (...) e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve (...) o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim. São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, (...) cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso. Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

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Texto extraído do livro "A Companheira de Viagem", Editora Record – São Paulo, 2002,

pág. 169.

Quem é Fernando Sabino?

Vamos analisar? Como vimos, o curta-metragem foi baseado no conto de Fernando Sabino. Vamos fazer uma relação entre o texto original e a adaptação. Em duplas, comentem os pontos apresentados a seguir: Como posso classificar esta crônica? Qual o tipo? ___________________________________________________________________ Esse título chama a atenção do leitor? Por quê? ___________________________________________________________________ Pelo título dá para imaginar o assunto da crônica? ___________________________________________________________________________

Cronista, romancista, contista, editor e documentarista. Nasceu em 12 de outubro de 1923 e aos 13 anos, começou a escrever contos. Sua primeira publicação, uma história policial, aconteceu na revista Argus, uma publicação da polícia de MG. Durante a adolescência, enviava com regularidade, crônicas para a revista Carioca, que promovia um concurso permanente, o qual Sabino vencia com frequência, tanto que chegava a receber o dinheiro adiantado. (...) Em 1940 entrou na faculdade de Direito e publicou seu primeiro livro “Os grilos não cantam mais”, em 1941, uma reunião de contos. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1944. Tornou-se colaborador regular do jornal Correio da Manhã, onde conheceu Vinicius de Moraes, de quem se tornou amigo. No mesmo ano, publicou sua segunda obra, a novela A marca. Em 1945, conheceu a escritora Clarice Lispector, no Rio, de quem tornou-se amigo e mais tarde, correspondente. Depois de se formar em Direito na Faculdade Nacional de Direito, em 1946, viajou com Vinicius de Moraes aos Estados Unidos e morou por dois anos em Nova Iorque, onde exercia função burocrática no consulado brasileiro. (...) O encontro marcado, uma de suas obras mais conhecidas, foi lançada em 1956. Sabino decidiu, então (1957), viver exclusivamente como escritor e jornalista. Iniciou uma produção diária de crônicas para o Jornal do Brasil, escrevendo mensalmente também para a revista Senhor. Em 1960, Fernando Sabino publicou o livro O homem nu, pela Editora do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta. Publicou, em 1962, A mulher do vizinho, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia, do Pen Club do Brasil. Em 1964, muda-se para Londres, onde passa a exercer função da adido cultural junta à embaixada brasileira. (...) Fernando Sabino faleceu em sua casa no Rio de Janeiro, às vésperas do 81º aniversário. Seu epitáfio, escrito a seu pedido, é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!"

Texto e imagem: Disponível em Wikipédia.

Free Encyclopedia. Disponível on line em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino

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Trabalhando em grupo Agora que já conhece um pouco sobre a história, a origem e as principais

características da Crônica é hora de pôr em prática o seu conhecimento. Para isso, junte-se com seu colega e responda por escrito as questões abaixo.

a) Qual a origem da Crônica?

b) O que caracteriza o texto Crônica?

c) O que torna a Crônica diferente do conto? E do relato?

d) Por que se pode dizer que a Crônica é um texto literário?

e) Como é caracterizada a linguagem do texto Crônica?

f) Escreva duas características que marcam o estilo do texto Crônica?

g) Um dos pontos marcantes da Crônica é que ela apresenta uma crítica.

O que leva o autor a tomar essa posição em seus escritos?

h) Recorra ao texto da seção “Você Sabia” e escreva alguma informação

que traduza algo sobre a história do gênero Crônica?

Pesquisando... Na biblioteca, utilizando o material disponibilizado pelo

professor, ou ainda utilizando jornais, revistas, livros ou em canais de Internet onde mais comumente se encontra crônicas, pesquise textos com as características de crônicas discutidas nas aulas até então. Selecione uma crônica que chame sua atenção pelo assunto, humor, pelo modo que foi escrita ou simplesmente por você ter gostado dela. Considere o público que vai ouvir a leitura. O assunto vai chamar a atenção deles? Fonte: Clipart

Roda de Leitura... Vamos realizar a leitura das crônicas pesquisadas. Para isso, será interessante preparar-se para ler sua crônica:

1. Leia a crônica várias vezes, se atentando para a pontuação, parágrafos, pronúncia das palavras, até se sentir seguro;

2. Na leitura, não se esqueça de dar o tom adequado: mais irônico, humorístico, sentimental, conforme o que achar necessário;

3. Busque entendê-la bem e destaque o trecho que você considera mais interessante;

4. Descubra a intenção do cronista: humor, crítica, etc.

Fonte: Clipart

Fonte: Clipart

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No momento de fazer a leitura é muito importante, falar o título, o autor da crônica e em que suporte ela foi publicada.

Comente também o motivo que o levou à escolha. Leia com calma e em um tom de voz que possa ser ouvido por todos. Depois da leitura, o grupo deverá escolher a melhor crônica.

Sites disponíveis para leituras de crônicas: http://carpinejar.blogspot.com.br/ http://www.opovo.com.br/jornaldoleitor/cronicas/ http://sitenotadez.net/cronicas Sugestões de crônicas:

Crônica argumentativa: Exigências

da vida moderna (Quem aguenta tudo isso?) – Luis Fernando Veríssimo.

Crônica humorística: Papos – Luis

Fernando Veríssimo

Crônica jornalística: Meninos, eu vi...

Vocês viram também, mas acho que esqueceram. – Arnaldo Jabor

Crônica lírica: Furto de uma flor –

Carlos Drummond de Andrade

Outra sugestão:

Em 1979 foi lançada pela Editora Ática os primeiros 5 volumes da coleção “Para Gostar de Ler”, trazendo crônicas de escritores consagrados como Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga, falando sobre o cotidiano dos brasileiros de maneira cômica, trágica ou melancólica. Ótima opção em sua biblioteca.

Atividade escrita... Em seguida, em duplas, escolham uma das crônicas lidas por vocês dois e

preencha o quadro abaixo com os dados retirados do texto:

Quem é o produtor do texto e qual o papel social (função) do emissor ao escrever a crônica?

Quem é o destinatário e qual o papel social do receptor?

Fonte: Clipart

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Quais são os objetivos do enunciador?

Qual é a instituição social em que o texto circula?

Qual o suporte em que é veiculado?

Qual o assunto?

O que mais chamou atenção (texto curto, linguagem informal, fatos do cotidiano, engraçada, etc.)

Qual o tipo de narrador?

Qual a principal característica?

Agora é com vocês! Que tal uma escrita

coletiva? Vamos escrever? Mas antes, temos que levar em conta alguns pontos: 1º) Tendo em vista o estudado até aqui através de leituras, análises, atividades, vocês puderam observar que há elementos essenciais em uma crônica, como:

Título sugestivo e criativo Cenário curioso Foco narrativo (o autor escolhe o ponto de vista que irá adotar, será autor–

personagem ou autor-observador) Terá uma ou várias personagens, fictícias ou não (o autor pode ser uma

delas) Enredo que trata de um acontecimento banal, cotidiano e a partir daí passa

uma ideia ou provoca uma emoção. O Tom pode ser humorístico, irônico, reflexivo, poético Linguagem coloquial (indica uma conversa com o leitor) Tem sempre um desfecho

2º) Teremos que escolher um assunto, uma situação e o tom da narrativa: Para isso, é necessário que vocês falem sobre os assuntos que estão em voga na cidade, nas conversas com amigos, nos bate-papo nos finais de semana com a

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família, nas discussões sobre futebol, no pátio. Agora, vamos escolher entre estes temas que vocês levantaram uma situação que mereça uma boa crônica. Não se esqueça: a crônica pode acontecer a partir de uma simples observação! 3º) Escolha o foco narrativo e o tom que você usará: poético; bem-humorado; irônico, etc. 4º) Agora vamos colocar a mão na massa. Esse texto que vocês escreverão será uma primeira versão e servirá para avaliarmos o que já sabem sobre o gênero. Também o utilizaremos para realizar uma autoavaliação e descobrirmos assim os aspectos que precisam ser melhorados. Obs.: O título pode ser criado depois de a crônica ser escrita. Lembre-se, na escrita colaborativa, cada contribuinte tem a mesma habilidade de adicionar, editar e remover texto. No processo de escrita, cada alteração impele outros a fazerem mais mudanças. Isto é mais fácil se o grupo tem um fim específico em mente e mais difícil se o objetivo é ausente ou vago.

4º Módulo

Objetivo: Esse módulo refere-se ao aprimoramento dos conhecimentos linguísticos, de forma a proporcionar ao aluno condições para adequar a linguagem e uma maneira de se apropriar da norma culta/padrão.

Aprimorando os conhecimentos linguísticos!

VAGA-LUMES E POKÉMONS

Quando a mãe nos via muito tempo trancados no quarto, ela já esmurrava a porta:

- Não vão para a rua hoje? O que aconteceu? Olha que vão virar mofo, ácaro, cupim... Deflagrava uma campanha terrorista para que eu e os três irmãos tomássemos ar. Não sei se ela tinha medo do que estávamos arquitetando, quietinhos, ou se realmente vinha de uma preocupação sincera. Naquela época, filhos na rua significavam saúde, filhos confinados em casa indicavam sinal de depressão.

Mas existia uma sentença mágica que nos impelia a abrir imediatamente o esconderijo e girar a chave na fechadura: quando ela dizia que estava anoitecendo e perderíamos a chance de caçar vaga-lumes.

(...) Gritávamos, brigávamos para cruzar o capacho primeiro e partir em busca dos tesouros nos quintais do mundo.

Fonte: Clipart

Fonte: Clipart

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Levávamos potes de vidro com um buraco na tampa e ziguezagueávamos (...) com os olhos em alerta. Bastava identificar o brilho peculiar, que cercávamos o inseto e colocávamos em um vidro (...). Era o equivalente a capturar estrelas. Depois de uma hora observando o facho luminoso dos besouros e procurando entender aquela estranha eletricidade, devolvíamos os bichinhos aos canteiros e árvores.

Quando vejo turmas perseguindo pokémons nas praças, (...) eu não identifico o novo jogo como alienação. Não irei chamá-los de zumbis digitais, não reclamarei de que eles desprezam a realidade e só pensam em jogar, não farei cara de cegonho quando explicarem que estão no pokéstop e que usam pokébola para capturar os monstros ou que sonham em prender o Pikachu e chocar ovos.

Como pai, fico imensamente feliz, repetindo a atitude de minha mãe há três décadas. Finalmente os adolescentes estão saindo do quarto, caminhando, fazendo exercícios, conhecendo espaços públicos, decorando o nome de ruas, começando amizades com quem também gosta do game, entrando em museus e prédios históricos que jamais conheceriam por sua espontânea vontade. E ainda desfrutam do lucro ecológico, diferente da minha infância, de não torturar vaga-lumes. Publicado em Zero Hora. Coluna Semanal. 16.08.2016 Disponível on line em: <http://carpinejar.blogspot.com.br/search?updated-max=2016-09-05T10:09:00-03:00&max-results=10&start=30&by-date=false>. Acesso em 23 nov2016

ERA FELIZ COM TÃO POUCO

No meu primeiro apartamento, formei a minha estante de tijolos e tábuas colhidas na rua, e eu era feliz.

Tinha dois bancos feitos de engradados (...), decorados com almofadas coloridas, e era feliz.

Tinha de cama simplesmente um colchão no chão, e era feliz. Tinha quatro pratos e quatro pares de talheres e não podia receber mais

gente, e era feliz. Tinha um ventilador que funcionava melhor sem a tampa, e era feliz. Tinha Bombril na antena da televisão, desespero para capturar três canais,

um com tempestade na tela, o segundo com chuvisco e o terceiro com neblina, e era feliz.

Tinha vasos pintados a partir de garrafas de suco, e era feliz. Tinha um lençol que servia de cortina, a claridade não me permitia dormir

depois das 8h, e era feliz. Tinha como lixo uma sacola plástica presa na torneira do tanque, e era feliz. Tinha a mania de somente beber água de graça, e era feliz. Tinha a tática de atrasar o condomínio a cada dois meses, e era feliz. Tinha como arara as pernas de mesas viradas de escritório, (...), e era feliz. Tinha que secar o banheiro depois do banho com o rodo, pois não havia

cortina no box, e era feliz. Tinha abajur informe de papelão, que aprendi na aula de educação artística, e

era feliz. Tinha duas tomadas que produziam choque, e era feliz. Tinha que esperar acumular mudas sujas por uma semana para lavar na mãe,

e era feliz.

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Tinha uma geladeira vazia, com lâmpada queimada. Ela imitava o ronco de meu estômago, e era feliz.

Tinha um chuveiro que se assemelhava a uma bomba-relógio, ninho de fios coloridos soltos junto à parede, e era feliz.

Tinha palito de dente como fio dental, prendedor de roupa como pegador de massa, uma panela multifuncional, e era feliz.

Tinha o papel-toalha com vocação de guardanapo e papel higiênico, e era feliz.

Tinha que colocar as cuecas e meias na janela da sala, único lugar em que batia sol, e era feliz.

Tinha um cinzeiro de vidro de maionese, e era feliz. Tinha uma faca cega, (...) e era feliz. Tinha um tapete que embolava quando saía com pressa, e era feliz. Tinha um gás com sete vidas. Quando acabava, deitava o botijão, e era feliz. Sobreviver me transbordava de humor. Sempre dava um jeito, não perdia tempo reclamando, ia me adaptando. Ria

de meus problemas para não os fazer importantes. A verdade é que a pobreza nunca me roubou a felicidade.

Publicado em Zero Hora. Coluna Semanal. 05.07.2016 Disponível on line em: <http://carpinejar.blogspot.com.br/search?updated-max=2016-07-21T01:00:00-03:00&max-results=10&start=50&by-date=false> Acesso em 23 nov 2016.

Quem é Fabrício Carpinejar?

Fonte: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Disponível on line em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fabr%C3%ADcio_Carpinejar&oldid=46798296>. Acesso em: 24 set. 2016. Imagem: Disponível em http://blogs.oglobo.globo.com/fabricio-carpinejar/

Fabrício Carpi Nejar, nascido em 23 de outubro de 1972 em Caxias do Sul - RS, ou Fabricio Carpinejar, como passou a assinar a partir de 1998, é um poeta, cronista e jornalista brasileiro. É filho dos poetas Maria Carpi e Carlos Nejar. Após a separação dos pais, em 1981, passou a ser criado pela mãe. Ingressou em 1990 no curso de jornalismo, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde formou-se em 1995. Pela mesma instituição tornou-se mestre em Literatura Brasileira, em 2002. Lançou As solas do sol, em 1998. A partir desse momento une seus sobrenomes e passa a assinar: Carpinejar. Em 2003 publicou, pela editora Companhia das Letras, a antologia Caixa de sapatos, que lhe conferiu notoriedade nacional. (...) Desde maio de 2011, mantém a coluna que antes era ocupada por Moacyr Scliar no jornal Zero Hora. Foi caracterizado por Luis Fernando Veríssimo como "usina de lirismo". Fabrício Carpinejar tem prosa absolutamente desconcertante e confessional.

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Assistindo a um vídeo...

Entrevistando Carpinejar! Pessoal, vamos assistir a uma entrevista realizada pela apresentadora

Fernanda Ribeiro para o Programa “Breve História”, veiculada na Rede Minas em 15 de julho de 2013.

O programa recebe o poeta, escritor e jornalista Fabrício Carpinejar. Ele conversa com a apresentadora Fernanda Ribeiro sobre a vida e carreira, lembrando os primeiros trabalhos como escritor. Os dois ainda discutem como estão os relacionamentos na atualidade, já que esse é um tema recorrente nos trabalhos de Carpinejar. O autor comenta a escolha pelo assunto e relembra casos de relacionamentos de sua própria vida.

Licença: Licença padrão do YouTube

Música : "Fedime's Flight" por Jazzanova (Google Play • iTunes)

Fonte da imagem: Clipart

Fonte do vídeo: Youtube.

Disponível on-line em: https://www.youtube.com/watch?v=UAovGBDG-Vg Continuação - Fabrício Carpinejar - Parte 2: http://youtu.be/E9MpTvR56sk

Entendendo a língua escrita!

Atividade 1: Releia os trechos dos textos apresentados e atente-se ao fato de que existem palavras que unem as frases e estabelecem diferentes sentidos para um texto. Em seguida, assinale a alternativa cujo sentido foi por ela estabelecido:

1. (...) Não sei se ela tinha medo do que estávamos arquitetando, quietinhos, ou se realmente vinha de uma preocupação sincera. (...) ( X )estabelece uma ideia de condição e alternância ( )estabelece uma ideia de oposição e alternância ( )estabelece uma ideia de condição e adição

2. Mas existia uma sentença mágica que nos impelia a abrir imediatamente o esconderijo e girar a chave na fechadura: quando ela dizia que estava anoitecendo e perderíamos a chance de caçar vaga-lumes. ( )estabelece uma ideia de alternância. ( )estabelece uma ideia de oposição, contraste. ( )estabelece uma ideia de condição.

3. E ainda desfrutam do lucro ecológico, diferente da minha infância, de não torturar vaga-lumes. ( )estabelece uma ideia de condição. ( )estabelece uma ideia de adição. ( )estabelece uma ideia de oposição.

4. Tinha de cama simplesmente um colchão no chão, e era feliz.

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( )estabelece uma ideia de condição. ( )estabelece uma ideia de adição. ( )estabelece uma ideia de oposição.

5. Tinha que secar o banheiro depois do banho com o rodo, pois não havia cortina no Box. ( )estabelece uma ideia de causa. ( )estabelece uma ideia de adição. ( )estabelece uma ideia de oposição.

6. Sempre dava um jeito, não perdia tempo reclamando, ia me adaptando. Ria

de meus problemas para não fazê-los importantes. ( )estabelece uma ideia de alternância ( )estabelece uma ideia de oposição. ( )estabelece uma ideia de finalidade

Atividade 2: Leia o texto abaixo e identifique os elementos responsáveis pela conexão dos períodos e em seguida indique o sentido que eles estabelecem:

IDADE DE MEU PAI

Vejo fotos de meu pai com quarenta e três anos e me incomodo. Naquela época, eu tinha dez anos e achava o meu pai velho de verdade. Na mentalidade de criança, ele já estava prestes a morrer, entrava naquele terreno licencioso das mágoas físicas (barriga e queda dos cabelos).

Raciocinava que demoraria muito para chegar onde ele estava. Suas palavras cheiravam a dicionário. Eu queria que ele parasse de envelhecer. Fonte: Clipart

Lembro que o observava com medo mais do que orgulho: medo de perdê-lo. Eu subia centímetros dia por dia com a minha cabeça de papel e ele diminuiria como fogo – todo idoso se encurva.

Hoje com a idade de meu pai (...), não sei se me engano. Eu não me sinto passado, compreendo que estou na metade jovem de minha vida. Mas quem diz que ele não se via assim? Custamos a reparar nas próprias rugas e doenças. (...)

A imponência do pensamento vem traindo o corpo a cada noite. Eu não sou o mesmo, nem parte do mesmo que fui, apenas não desacelerei a minha imaginação invencível de menino, que me confunde a jurar que não envelheci.

Ainda não aprendi a morrer. Ainda não aprendi a me despedir. Ainda não aprendi a me desapegar do que acho que sou. Não consigo me perceber chegando ao fim.

Há o desconto do aumento da longevidade nestas três décadas. Vivemos mais do que os oitenta enquanto antes os adultos de minha meninice fechavam reza e davam o amém com sessenta anos.

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(...) Eu me tornei aquela imagem para os meus filhos e não há como alterar a mentalidade complacente e assustada deles comigo. Por mais que não reclame, por mais que acumule gírias, por mais que pareça moderno, por mais que ande de skate e dance a madrugada inteira.

Sou agora a parede das fotos.

Publicado no portal Vida Breve. Coluna Semanal. 28.09.2016 Disponível em: http://carpinejar.blogspot.com.br/search?updated-max=2016-10-13T23:14:00-03:00&max-results=10&reverse-paginate=true. Acesso em 23 nov 2016.

Atividade 3: Essas palavras que vimos até agora são consideradas conectoras e servem para ligar uma frase ou uma palavra à outra, inclusive aferindo-lhes novo sentido. Realize a atividade abaixo:

1. Agora vamos voltar aos textos que você escreveu. Retire uma frase da crônica que você produziu na penúltima aula que apresenta um conectivo (se não houver, acrescente mais uma frase no seu texto, desde que não modifique e nem atrapalhe o sentido do mesmo), grife o conectivo e diga qual o sentido que ele estabelece na frase:

Ex. Tinha um cinzeiro de vidro de maionese, e era feliz. Conectivo “e” – dá ideia de adição, acréscimo.

2. Substitua o conectivo da frase que você utilizou na atividade acima, por outro que dê um igual e outro com sentido diferente, especificando o outro sentido:

Ex. Tinha um cinzeiro de vidro de maionese, ademais era feliz. Tinha um cinzeiro de vidro de maionese, portanto era feliz. Conectivo “portanto” – dá ideia de conclusão.

Frase: Sentido:

Frase: Sentido:

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Aperfeiçoando sua produção...

Utilizando o quadro abaixo, vamos juntos com seu professor aperfeiçoar algumas das produções coletivas.

Agora é a sua vez...

Releia o primeiro texto que você produziu e os apontamentos feitos pelo seu professor. Utilizando um olhar crítico, preencha o roteiro avaliativo abaixo e após, reescreva seu texto, colocando em prática todos os conhecimentos adquiridos e melhorando os pontos que achar necessário:

Segue abaixo um roteiro auto avaliativo sobre o gênero CRÔNICA:

ITENS A SEREM OBSERVADOS

SIM

NÃO

ÀS VEZES

1. A crônica narra um acontecimento atual?

2. O texto apresenta marcas (características) do tempo presente?

3. Há a presença de realidade e ficção?

4. A situação que o texto apresenta, há elementos como personagens e uma breve situação (contexto) onde esses personagens possam estar inseridos?

5. A linguagem do texto é adequada ao gênero?

6. A crônica apresenta algo engraçado e irônico?

7. Os parágrafos que compõem a crônica estão distribuídos de forma que o leitor possa compreender o seu sentido?

8. A crônica lida é agradável ao ponto de conseguir prender a atenção do leitor?

Refletindo e discutindo...

1. Qual das duas produções você gostou mais? Por quê?

2. Podemos dizer que um texto ficou melhor que o outro? Se isso aconteceu,

o que colaborou para isso?

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3. As leituras realizadas até aqui, ajudaram no momento de sua produção textual? Por quê?

4. Foi importante a realização do aprofundamento com leituras sobre o

gênero no momento da produção? Explique.

5º Módulo

A língua em foco...

Objetivo: Possibilitar ao aluno a compreensão de que as relações de sentido, a continuidade do texto e a conexão entre os enunciados ocorrem pelas conjunções.

Explorando a linguagem e seus recursos

linguísticos

odemos perceber nos estudos anteriores que existem diversos tipos de

crônicas, tais como: narrativas, descritivas, jornalísticas, poéticas,

humorísticas, etc. Elas podem ser encontradas nos jornais, revistas,

livros, Internet e podem utilizar diversos temas, como amor, política, futebol, etc.,

além de humor e fatos cotidianos, analisados até então.

Com as informações recebidas, analisaremos uma crônica para melhor

compreendermos como esse tipo de texto se estrutura, focando nos elementos

conjuntivos, que são evidentes e essenciais para a coesão e progressão do texto.

O diabo e a política Carlos Heitor Cony

Sempre que leio os jornais, lembro uma historinha que nem sei mais quem

me contou. Naquela aldeia, todos roubavam de todos, matava-se, fornicava-se, jurava-se em falso, todos caluniavam todos. Horrorizado com os baixos costumes, o frade da aldeia resolveu dar o fora, pegou as sandálias, (...) e se mandou.

Pouco adiante, já fora dos muros da aldeia, encontrou o Diabo encostado numa árvore, chapéu de palha cobrindo seus chifres. Tomava água de coco por um canudinho, na mais completa sombra e água fresca. (...)

O frade ficou admirado e interpelou o Diabo:

P

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- O que está fazendo aí nesta boa vida? Eu sempre pensei que você estaria lá na aldeia, infernizando a vida dos outros. Tudo de ruim que anda por lá era obra sua - assim eu pensava até agora. Vejo que estava enganado. Você não quer nada com o trabalho. Além de Diabo, você é um vagabundo!

Sem pressa, (...) o Diabo olhou para o frade com pena: - Para quê? Trabalho desde o início dos tempos para desgraçar os homens e

confesso que ando cansado. Mas não tinha outro jeito. Obrigação é obrigação, sempre procurei dar conta do recado. Mas agora, lá na aldeia, o pessoal resolveu se politizar. É partido pra lá, partido pra cá, todos têm razão, denúncias, inquéritos, invocam a ética, a transparência, é um pega-pra-capar generalizado, eu estava sobrando, não precisavam mais de mim para serem o que são, viverem no inferno em que vivem.

Jogou o coco fora e botou um charuto na boca. Não precisou de fósforo, bastou dar uma baforada e de suas entranhas saiu o fogo que acendeu o charuto:

- Tem sido assim em todas as aldeias. Quando entra a política eu dou o fora, não precisam mais de mim.

Conhecendo o autor!

Carlos Heitor Cony, nascido em 14 de março de 1926, é um jornalista e escritor brasileiro. Romancista e cronista, Cony foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2000. Texto disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult505u223.shtml. Acesso em 09/11/2016.

Assistindo a um vídeo! Vamos agora assistir a dois vídeos de apenas 30 segundos cada, produzidos

para a Fundação Uma vida melhor. Fonte da imagem: Clipart

Fonte do vídeo: Fundação Uma vida Melhor. Disponível on-line em: Vídeo 1: http://www.umavidamelhor.org/inspirational-stories-tv-spots/21-garrafas Vídeo 2: http://www.umavidamelhor.org/inspirational-stories-tv-spots/17-sala-de-aula

Discutindo e Compreendendo... Em duplas, responda por escrito:

Sobre o texto: Em que veículo de comunicação, quando e onde o texto foi escrito? Por que o texto foi escrito?

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Sobre o que trata o texto? A quem é dirigido o texto? Quem são os possíveis leitores do texto? Qual a atitude do autor em relação ao assunto apresentado no texto? (crítico,

irônico, indiferente, incisivo)

Sobre os vídeos: Em que veículo de comunicação foi veiculado? Sobre o que trata o vídeo? Qual a função social do vídeo? O que os vídeos e o texto têm em comum?

Quanto ao léxico:

Que tipo de vocabulário é utilizado: formal, distante ou informal, coloquial? Existem marcadores de linguagem oral no texto escrito? São utilizadas metáforas no texto? Quais?

Recursos linguísticos:

“Sempre que leio os jornais, lembro uma historinha que nem sei mais quem me contou.” ( ) No trecho acima, foi utilizado o conectivo “que” e ao utilizá-lo o autor quis acrescentar algo, sendo que a última frase tem sentido independente. ( ) No trecho acima, foi utilizado o conectivo “que” e ao utilizá-lo o autor quis concluir algo, sendo que a última frase tem sentido independente. ( ) No trecho acima, foi utilizado o conectivo “que” e ao utilizá-lo o autor quis acrescentar algo, sendo que a última frase depende da frase anterior para ter sentido completo.

“Tomava água de coco por um canudinho, na mais completa sombra e água fresca desde que se revoltara contra o Senhor, no início dos tempos.” ( ) a locução “desde que” indica uma causa ( ) a locução “desde que” indica uma consequência. ( ) a locução “desde que” indica circunstância de tempo.

Pesquisando... Em duplas, vamos pesquisar nas três últimas provas do ENEM e do Pas/Uem, como foi abordado o gênero discursivo Crônica e os conectivos. Comente sobre:

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Explorando a linguagem... Marque X na resposta correta:

1. “(...) O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. (...)”

Arnaldo Jabor. Crônica do amor. Disponível em https://www.mensagenscomamor.com/mensagem/113734. Acesso em 09/11/2016

( ) o conectivo “porque” estabelece uma relação entre as duas frases dando ideia de conclusão. ( ) o conectivo “porque” estabelece uma relação entre as duas frases dando ideia de explicação. ( ) o conectivo “porque” estabelece uma relação entre as duas frases dando ideia de oposição.

2. “(...) O material escolar mais barato que existe na praça é o professor! É jovem, não tem experiência; É velho, está superado! Não tem automóvel, é um pobre coitado; Tem automóvel, chora de "barriga cheia'!. (...)” O aluno é aprovado, deu 'mole'! É, o professor está sempre errado... Mas se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!!!

Jô Soares. O professor está sempre errado. Disponível em http://www.udemo.org.br/Avisos-notas/homenagemProfessor.htm. Acesso em 09/11/2016

( ) o conectivo “mas” poderia ser substituído por palavras como mas, contudo, porém e continuaria a passar a ideia de oposição, contraste. ( ) o conectivo “mas” poderia ser substituído por palavras como mas, contudo, porém e manteria o sentido de conclusão. ( ) o conectivo “mas” poderia ser substituído por palavras como mas, contudo, porém e continuaria a passar a ideia de causa.

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No exercício acima existem palavras que foram empregadas para auxiliar

nas relações de sentido. Ao escrever, muitos se perguntam se estão empregando corretamente as palavras conectoras em seu texto. O uso correto dessas palavras é fundamental para garantir coerência e coesão em um texto, contribuindo para uma maior qualidade, pois os conectivos são elementos coesivos que auxiliam na costura das ideias que produzem o texto.

Podemos dividir essas palavras em grupos, de acordo com a ideia que as mesmas estabelecem. Abaixo vamos listar os grupos mais usados em textos:

1- Adição: palavras que servem para dar a ideia de acréscimo. Exemplos: “e”, “nem”, “também”, “não só... mas também”...

2 – Alternância: passa a ideia de mudança. Exemplos: “ou...ou”, “quer...quer”, “seja...seja”...

3 – Causa: exprimem a ideia de causa servem para justificar determinada ocorrência. Exemplos: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de...

4 – Conclusão: Usados normalmente para elaborar um desfecho a determinada ideia. Exemplos: logo, portanto, pois...

5 – Condição: estabelece uma hipótese. Exemplos: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que...

6 – Comparação: Como o próprio nome já diz, serve para comparar um objeto/pessoa/ acontecimento ao outro. Exemplos: como, assim como...

7- Conformidade: expressam a ideia de “estar de acordo com” alguma coisa ou pessoa. Exemplos: conforme, segundo...

8 – Consequência: expressam ideia de efeito ou resultado. Exemplos: tão... que, tanto...que, de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que...

9 – Explicação: são empregadas para explicar determinado acontecimento. Exemplos: pois, porque, porquanto...

10 – Finalidade: são usados para expressar a ideia de objetivo, intenção. Exemplos: para que, a fim de que, para (+ verbo no infinitivo)...

11- Oposição: expressam a ideia de contraste. Exemplos: mas, porém, entretanto, embora, mesmo que, apesar de (+ verbo no infinitivo)...

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12 – Proporção: indicam intensidade. Exemplos: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos...

13 – Tempo: servem para marcar determinado momento. Exemplos: quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto...

Notícia pode virar crônica???

Esperando o Homem-Aranha - MOACYR SCLIAR

O alpinista francês Alain Robert, 45, conhecido como o Homem-Aranha, conseguiu driblar a segurança do edifício Itália, na República, centro de São Paulo, e escalar o prédio pelo lado de fora. Robert, que já subiu nos cinco edifícios mais altos do mundo, havia sido detido no último domingo, tentando fazer a escalada do edifício, que tem 151 metros de altura. Ontem ele também acabou na delegacia e teve o passaporte apreendido. Quando foi preso, segundo a PM, uma multidão gritava para que ele fosse solto. Cotidiano, 28 de fevereiro de 2008

QUE O PAI ERA AUTORITÁRIO, isto ela sabia desde a infância. De família tradicional, implacável disciplinador (os empregados da empresa que administrava temiam-no) (...), submetera a filha única a rígidas regras de conduta. Que ela, no entanto, não aceitava: era uma adolescente rebelde, desafiava abertamente (...) a autoridade paterna. Tingia os cabelos de roxo, usava trapos, voltava para casa de madrugada, e aí era briga atrás de briga.

O clímax do conflito ocorreu quando tentou fugir com o namorado. O pai foi buscá-la na casa de praia em que o casalzinho havia se refugiado. E anunciou: dali por diante seria linha dura.

E foi, mesmo, linha dura. Linha dura, não; duríssima. Todas as proibições anteriores vigoravam, mais uma, que ele fez questão de salientar: a partir daquele momento a garota simplesmente não poderia mais sair de casa. Teria de ficar trancada em seu quarto, (...) no centro da cidade.

A mãe, tradicional mediadora de conflitos, tentou intervir, mas sem resultado. A garota ficou presa mesmo. Claro, com todo o conforto; tinha som, tinha tevê, tinha computador, tinha DVD. (...) Mas ela não podia sair do quarto. A reclusão era por período indeterminado.

E ali ficou ela. Olhava pela janela daquele décimo andar (...). O que fazer? Gritar por socorro? De nada adiantaria. Afinal, se o carcereiro era o próprio pai, quem poderia libertá-la?

Foi então que leu a notícia sobre o Homem-Aranha, que, (...) acabara de escalar um prédio ali perto. Isto deu-lhe uma nova esperança (...): a esperança de que o Homem-Aranha resolvesse escalar o prédio em que ela era prisioneira. E aí, quando ele passasse pela janela, ela gritaria, no seu ótimo francês (...): Au secour,

Fonte: Clipart

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Monsieur! Sauvez-moi! Ele a salvaria, claro, e a levaria em seus fortes braços até o solo, onde seriam saudados com aplausos pela multidão. Talvez até um romance nascesse daí.

Bem, mas se isto acontecesse, a carreira dele estaria encerrada. Ela não poderia tolerar um namorado escalando prédios e olhando mulheres pela janela. De jeito nenhum. O Homem-Aranha pode ser poderoso e ágil, mas da implacável teia da Mulher-Aranha ninguém escapa.

Disponível em: http://cronicasbrasil.blogspot.com.br/2008/04/esperando-o-homem-aranha-moacyr-scliar.html

Quem é Moacyr Scliar?

Moacyr Scliar: ficções baseadas em notícias do cotidiano

“Penso no leitor que eu fui em minha juventude e que procurava nos livros prazer, encanto e respostas para os problemas da vida. Espero que os leitores encontrem a mesma coisa em meus livros.” Moacyr Scliar

Discutindo...

O que vem à cabeça de vocês ao ouvir a palavra “cobrança”?

O que será que veio na cabeça de Moacyr Scliar ao ver a notícia abaixo?

Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), em 23 de março de 1937. Seus pais, José e Sara, eram

europeus que migraram para a América em busca de melhor sorte. Judeus, haviam sido vítimas de perseguições em sua terra natal, e o Brasil se apresentava como nação acolhedora, que de modo amistoso e promissor recebia os que a procuravam. Datam deste tempo as primeiras experiências com a literatura. Também por essa época recebe um prêmio literário, o primeiro de muitos que se sucederiam ao longo de sua vida. Mas, profissionalmente, decide-se pela medicina, ingressando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1955. A medicina constitui igualmente a matéria de seu livro inaugural, Histórias de um médico em formação, de 1962, ano em que

concluiu o curso universitário. Doravante, as duas carreiras – a de escritor e a de médico – são percorridas juntas, complementando-se mutuamente. Fonte: Disponível on line em: http://www.scliar.org/moacyr/sobre/o-escritor/. Acesso em 10/11/2016

O escritor gaúcho Moacyr Scliar foi colaborador do caderno Cotidiano do jornal Folha de S. Paulo no período de 1993 a 2011, ano em que faleceu. Ali, na coluna Cotidiano Imaginário, publicou crônicas de ficção com ideias extraídas de uma notícia já veiculada pelo referido meio de comunicação. Scliar selecionava fatos cotidianos, menos relevantes, para compor um novo texto (este, ficcional) marcado por ironias e críticas sociais.

“Atrás de muitas notícias esconde-se uma história pedindo para ser contada. É a história virtual que complementa ou amplia a história real (se é que sabemos exatamente o que é uma história real). A partir daí eu tinha uma nova fonte de inspiração – e de prazer” (SCLIAR)

Os textos de Moacyr Scliar ilustram de maneira eficiente a estrutura narrativa da crônica. São escritos em linguagem formal com marcas de oralidade, envolta em reflexões, comentários ou evasivas. Através de recursos como a ironia e o humor, o autor tece críticas sociais ligadas ao tema em questão. Fonte: Disponível on line em: https://www.usp.br/cje/jorwiki/exibir.php?id_texto=32. Disponível em 10/11/2016.

Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/gal

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Fonte: Folha de São Paulo. Disponível on line: http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/2001/09/10/15/. Acesso em 11 set 2016.

Agora vamos ler a crônica “Cobrança”, escrita por Moacyr Scliar,

originada da notícia de jornal acima e publicada posteriormente no livro “O imaginário cotidiano”.

“Cobrança” Moacyr Scliar

Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: "Aqui mora uma devedora inadimplente". ― Você não pode fazer isso comigo ― protestou ela. ― Claro que posso ― replicou ele. ― Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não pagou. ― Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise... ― Já sei ― ironizou ele. ― Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu? Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. E é o que estou fazendo. ― Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta... ― Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia. Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta que nada tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar aqui, carregando este cartaz, até você saldar sua dívida. Neste momento começou a chuviscar. ― Você vai se molhar ― advertiu ela. ― Vai acabar ficando doente. Ele riu, amargo: ― E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve. ― Posso lhe dar um guarda-chuva... ― Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um guarda-chuva. Ela agora estava irritada: ― Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, você é meu marido, você mora aqui. ― Sou seu marido ― retrucou ele ― e você é minha mulher, mas eu sou cobrador profissional e você é devedora. Eu avisei: não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E agora o

Fonte: Clipart

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pessoal lá da empresa de cobrança quer o dinheiro. O que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito nenhum. Vou ficar aqui até você cumprir sua obrigação. Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz.

O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2001 Fonte: Folha de São Paulo. Disponível on line em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2409200104.htm. Acesso em 10 nov 2016.

Vamos analisar o texto: 1. O que caracteriza o texto acima como crônica? 2. O autor é observador ou personagem? 3. Existe um elemento surpresa? Qual? 4. Quais aspectos do cotidiano foram abordados? Como? 5. Em que parte aparece o conflito? E o desfecho?

3º Momento criativo...

Essa noticia merece uma crônica!!!

Escolha uma notícia nos materiais disponibilizados pelo seu professor. A partir desse fato e das considerações acerca das características da crônica, escreva uma crônica, contando, de forma mais detalhada, o acontecimento acima, deixando transparecer uma certa opinião.

Para tanto, é importante que você apresente na crônica:

1. Identidade do personagem 2. Quando e onde o fato ocorreu. 3. O que aconteceu durante o caso. 4. Qual foi o desfecho.

Obs. Durante a escrita, atente-se aos elementos coesivos, pois eles serão

de grande importância em seu texto.

Aprimorando sua produção...

Releia o texto que você produziu e os apontamentos feitos pelo seu professor. Utilizando um olhar crítico, preencha o roteiro avaliativo abaixo e após, reescreva seu texto, colocando em prática todos os conhecimentos adquiridos e melhorando os pontos que achar necessário:

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Segue abaixo um roteiro auto avaliativo sobre o gênero CRÔNICA:

QUADRO DE AVALIAÇÃO – GÊNERO CRÔNICA

Critérios:

Adequado

Requer

aprimora-

mento

Você deu um título à sua crônica que mobiliza o leitor para leitura?

O cenário da crônica reflete o lugar onde você vive?

Ele cumpre o objetivo a que se propõe: emocionar, divertir, provocar reflexão, enredar o leitor?

Organizou a narrativa em primeira ou terceira pessoa?

As marcas de tempo e lugar que revelam fatos cotidianos estão presentes?

Utilizou uma linguagem simples, espontânea, quase uma conversa informal com o leitor?

O enredo da crônica está bem desenvolvido, coerente?

No desenrolar do texto as características da narrativa (personagem, cenário, tempo, elemento surpresa ou conflito e desfecho) estão presentes?

Faz uso de verbos de dizer?

Os diálogos das personagens são pontuados corretamente?

Seu texto utiliza adequadamente as convenções da língua escrita, em especial a pontuação?

Você utilizou em seu texto recursos coesivos?

Seu texto usa recursos adequados para prender a atenção do leitor?

Quadro adaptado do Caderno do Professor: A ocasião faz o escritor. Olímpiada de Língua Portuguesa – Escrevendo o Futuro. São Paulo: Cenpec, 2010.

Agora, divulgaremos o seu texto no site do colégio.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração deste trabalho teve como finalidade contribuir para que os

alunos compreendam como o emprego de determinadas conjunções interfere na

produção de sentidos de um texto. Nas atividades sugeridas, o objetivo foi trabalhar

os conectivos e o texto em que ela aparece sem desconsiderar a linguagem como

função social. Levando em conta que o conhecimento linguístico é (re)construído no

processo permanente de discussão e reflexão entre leitor-autor; professor-aluno;

aluno-aluno, buscou-se formular atividades que permitam que professor e aluno

compartilhem suas reflexões sobre a produção de textos e o uso das conjunções.

Este material é uma proposta, desta forma, você poderá sugerir, intervir, adaptar de

acordo com sua realidade ou fazer as considerações que achar necessárias.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Esta produção didático-pedagógica, no formato de unidade didática, foi

elaborada visando contribuir no desenvolvimento da ação prática pedagógica do

doce crente e da equipe pedagógica que atua na educação básica. Este material

didático apresenta uma parte do conteúdo, com textos para leitura e atividades a

serem realizadas, a saber:

1º módulo

o Iniciar com a leitura do texto de Bia Lira. Após, propor uma discussão

em grupos, buscando ativar o conhecimento prévio dos alunos sobre

crônicas e solicitar aos grupos que socializem suas respostas. Na

sequência, pedir que os mesmos definam crônica.

o Leitura do texto de Ivan Ângelo: “Sobre a Crônica” e conversa sobre o

mesmo. Após, projetar a tela “Saturno devorando o filho” e discussão

sobre a mesma. Na sequência, fazer a leitura do texto da seção “Você

Sabia” e pedir para os alunos melhorarem a definição de crônica que

fizeram na primeira aula.

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o Neste momento, o professor deve explicar aos alunos que a Carta de

Pero Vaz de Caminha é considerada a primeira crônica escrita no

Brasil e a característica desse texto. Projetar o vídeo produzido para

um comercial dos Correios e também a imagem da carta. Separar a

sala em grupos e distribuir um trecho da Carta de Pero Vaz para cada

grupo de alunos e solicitar que os mesmos a leiam e socializem com os

demais, o que é narrado no trecho, resumidamente. Promover um

debate sobre as características do texto; quais os interesses

econômicos e religiosos dos colonizadores; a dificuldade em valorizar o

outro, tendo em vista a cultura diferente da nossa.

2º módulo:

o Leitura da crônica “Um homem inteligente falando das mulheres” –

fazendo um levantamento das características do texto. Na sequência,

trabalhar as seções: Começando a entender a crônica; Características

da Crônica; No Brasil a crônica tem muitos tons e Contexto de

circulação.

o Fazer a leitura dramatizada do texto “Clic”. Questionar os alunos sobre

o que eles sabem sobre Luis Fernando Veríssimo. Após ouvi-los, ler a

seção “Quem é LFV?”. Na sequência solicitar que os alunos, em

equipe, respondam as questões sobre o texto.

o Dividir a sala em grupos e entregue para cada grupo uma crônica (na

produção há sugestão de diferentes tipos de crônicas). Solicite que os

alunos façam a leitura, preencham o quadro e após socializem o texto

lido com a turma, falando resumidamente sobre o que trata o texto e

respondendo as questões do quadro.

o Levar os alunos para o Laboratório de Informática e pedir para os

alunos em duplas, se divertirem no site “escrevendo o futuro”, onde

está disponibilizado o jogo Crogodó.

o Este será o momento da primeira produção, onde o aluno começará a

produzir crônicas. Tranquilize-os, dizendo que este é o início e

somente será lida pelo professor nesta ocasião. O objetivo maior é

fazer uma avaliação inicial para descobrir os aspectos que necessitam

ser melhorados.

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3º módulo:

o Solicitar aos alunos que pesquisem, em duplas, no laboratório de

Informática, na Biblioteca ou no material a ser disponibilizado pelo

professor os diferentes tipos de crônicas existentes e suas

características, preenchendo um quadro a ser disponibilizado pelo

professor.

o Projetar o Curta-metragem “A última crônica” baseada no conto de

Fernando Sabino. Na sequência, entregar também uma cópia do texto

para cada aluno e colocar o áudio com a leitura da crônica. Explorar o

autor, sempre iniciando a conversa questionando os alunos sobre o

que eles sabem sobre o autor, se conhecem alguma obra, para depois

ler a seção: Quem é Fernando Sabino? Após, solicite aos alunos, para

que em duplas respondam as questões disponibilizadas, em seguida,

professor e alunos devem fazer uma relação entre o texto original e a

adaptação. Na primeira questão espera-se que eles cheguem à

seguinte conclusão ou vão além:

O curta-metragem baseado na “Última crônica” muda alguns fatores, como por exemplo, a narrativa de que quando o autor está andando para chegar no botequim, o Rio de Janeiro apodrece em meio à violência, onde todo tipo de selvageria acontece ao redor do observador, porém, ele está alheio a tudo aquilo ao se deparar com o comportamento da família. Há crianças e não apenas uma como no texto, a bolsa da mãe não é preta e sim colorida. No final, o autor paga a conta daquelas pessoas, mas a desigualdade social, o preconceito e a sutileza da narração continua entranhada no roteiro do Curta que não difere tanto do conto. Mesmo com toda mudança, continua retratando um fato corriqueiro.

Na última questão levar os alunos a descobrir as características de um

bom título e aprender a criá-lo para as crônicas que eles produzirão. Na

questão C do Trabalhando em grupo, pontuar as características do

conto e do relato.

o Trazer revistas, jornais, livros que contenham crônicas e disponibilizá-

las aos alunos. Solicitar que os mesmos individualmente pesquisem

crônicas, inclusive utilizando Internet e selecionem uma que chame sua

atenção pelo assunto, humor, modo como foi escrita ou simplesmente

porque tenha gostado dela, considerando o público que vai ouvi-la.

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o Roda de Leitura: aproveite este momento para tirar o aluno da sala de

aula. Leve-o para um ambiente diferente, de preferência silencioso

para a realização das leituras. Antes do início do trabalho, ler para os

alunos o texto abaixo:

Para ler um texto não basta identificar letras, sílabas e palavras: é preciso buscar o sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante. Quando lemos algo, temos sempre um objetivo: buscar informação, ampliar o conhecimento, meditar, entreter-nos. O objetivo da leitura é que vai mobilizar as estratégias que o leitor vai utilizar. Sendo assim, ler um artigo de jornal é diferente de ler um romance, uma história em quadrinhos ou um poema. Ler textos traz desafios. Algumas estratégias podem facilitar essa conquista, uma delas é a leitura cativante, emocionada. Contudo, ouvir textos lidos em voz alta não pode substituir a leitura dos alunos, pois são jeitos diferentes de conhecer um mesmo texto. Além disso, é papel da escola desenvolver habilidades de leitura.

Texto adaptado da Revista Olimpíada de Língua Portuguesa)

o Em duplas, os alunos escolherão uma das crônicas lidas por eles e

preencherão o quadro disponibilizado na produção.

o Produção de texto coletiva: neste momento, haverá mais uma escrita

de crônica, mas, o professor fará a mediação. Iniciando, com a ajuda

dos alunos, fará um cartaz em papel craft, escrevendo os elementos

essenciais da crônica. Após, utilizando sugestões dos alunos, fazer

uma relação de possíveis temas, que auxiliará os alunos na escrita.

Dividir a sala em grupos de 3 a 4 alunos e após os mesmos

escolherem o foco narrativo e o tom que usarão, solicitar que façam a

escrita coletiva. É muito importante que após a produção, o professor

recolha as crônicas e leia-as, sem fazer correção gramatical, apenas

fazendo um parecer quanto ao conteúdo, utilizando as seguintes

questões: O tema é adequado? Há apenas descrição, relato de uma

situação? Ou o relato é a base para a interpretação, que faz pensar? O

tom da narrativa foi bem escolhido? Não esquecer de enaltecer o aluno

e dar pistas quanto as características. Guardá-las para utiliza-las no

próximo módulo.

4º módulo:

o Iniciar a aula com a leitura das crônicas “Vaga-lumes e Pokémons” e

“Era feliz com tão pouco” de Fabrício Carpinejar. Explorar o autor,

questionando os alunos sobre o que eles sabem sobre o autor, se

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conhecem alguma obra, para depois ler a seção: Quem é Fabrício

Carpinejar? Projetar o vídeo: Entrevistando Carpinejar. O objetivo

desta aula é os alunos conheçam melhor o autor e suas

características.

o Trabalhar com os alunos a seção “Entendendo a língua escrita”, onde

deverá ser frisada ao aluno qual a ideia expressa pelos conectivos. Na

sequencia, explicar aos alunos que há palavras que costuram o texto

dando ideias diferentes. Nesse momento, disponibilizar aos alunos

outra crônica de Carpinejar, solicitando que os alunos identifiquem os

elementos conectivos do texto.

o Realizar atividades de análise linguísticas, utilizando os textos

produzidos.

o Disponibilizar um roteiro autoavaliativo e junto com os alunos,

reescrever alguns textos produzidos durante e escrita coletiva do 3º

módulo, após solicitar aos alunos que reescrevam o primeiro texto

produzido.

o Discussão e reflexão sobre os textos produzidos.

5º módulo:

o Leitura da crônica “O diabo e a política”. Após, solicitar aos alunos que

foquem nos elementos conjuntivos, que são evidentes e essenciais

para a coesão e progressão do texto. Falar um pouco sobre o autor

Carlos Heitor Cony. Em seguida, projetar os vídeos do site Fundação

para uma vida melhor. Frisar que estes vídeos poderiam facilmente ser

transformados em crônicas. A seguir, o professor deve realizar as

atividades sobre o texto e sobre o vídeo, da seção “Discutindo e

compreendendo”, em conjunto com os alunos. Levá-los a perceber que

o tema da crônica e dos vídeos tem algo em comum: a necessidade de

melhorar o ser humano. Após, solicitar aos alunos que, em duplas,

respondam as questões sobre o léxico e sobre os recursos linguísticos.

o Solicitar aos alunos que pesquisem e tragam para a próxima aula, as

últimas provas do ENEM e do PAS/UEM. Utilizando as provas trazidas

pelos alunos, solicitar aos mesmos, para que em pequenos grupos,

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pesquisem como foi abordado o gênero Crônica e os conectivos e

comentem sobre isso.

o Realizando atividades sobre os conectivos. Para fechar, entregar aos

alunos a ficha com os grupos de conectivos mais usados em textos e

sua classificação.

o Notícia pode virar crônica: mostrar aos alunos que o autor Moacyr

Scliar é um expert no assunto. Iniciar mostrando a notícia e como a

mesma virou crônica. Explorar o autor, questionando os alunos sobre o

que eles sabem sobre o mesmo, se conhecem alguma obra, para

depois ler a seção: Quem é Moacyr Scliar?

o Inicie a aula questionando os alunos sobre o que vem a cabeça ao

ouvir a palavra cobrança. Mostre a notícia do jornal. Na sequência, leia

o texto “Cobrança” de forma dramatizada. Solicite que os alunos

analisem o texto, em duplas. Na primeira questão espera-se que os

alunos evidenciem fatos cotidianos, aspectos de oralidade na escrita,

verbos na primeira pessoa, discurso direto no diálogo, marcas de

tempo e de lugar que revelam fatos cotidianos.

o Produzindo o texto: disponibilizar material aos alunos que contenha

notícias diversas. Solicite que os alunos escolham um tema, pense

sobre ele e escreva uma crônica a partir de uma notícia. Após a

produção, os alunos devem entregar ao professor a produção,

juntamente com a notícia. Durante a escrita, atente-se aos elementos

coesivos, pois eles serão de grande importância em seu texto.

o Aprimorando sua produção. Solicite ao aluno que releia o texto

produzido e os apontamentos feitos pelo seu professor. Utilizando um

olhar crítico, preencha o roteiro avaliativo disponível na produção e

após, reescreva o texto, colocando em prática todos os conhecimentos

adquiridos e melhorando os pontos que achar necessário. Após a

rescrita, é interessante que o professor divulgue as melhores crônicas

no site da escola e/ou no edital.

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AVALIAÇÃO

A avaliação deve acompanhar o desenvolvimento do aluno, orientar as

possibilidades de desempenho futuro e mudar as práticas insuficientes, apontando

novos caminhos para superação de problemas, fazendo emergir novas práticas

educativas. Assim, o processo de aprendizagem deve ser contínua e dar prioridade

à qualidade e ao desempenho do aluno ao longo da implementação, ou seja, as

questões que, no decorrer dos módulos forem trabalhadas com os alunos, terão

caráter de averiguação e orientação da aprendizagem, objetivando a qualidade.

Desta forma, ao término de cada módulo, será verificado, através das

atividades propostas se houve a apropriação dos conteúdos e se esta foi satisfatória,

sendo que no último módulo, pretende-se fazer uma revisão geral acerca dos

módulos trabalhados.

Em relação aos textos produzidos, serão avaliadas as circunstâncias de sua

produção, o resultado dessa ação e o posicionamento do aluno como avaliador de

seus textos como forma de autonomia.

.

REFERÊNCIAS

A ocasião faz o escritor: Caderno do Professor: Orientação para a produção de textos. São Paulo: Cenpec, 2010. ANGELO, Ivan. Sobre a crônica. Disponível em: http://vejasp.abril.com.br/materia/sobre-cronica. Acesso em: 21 out.2016. BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. de Michel Lahud e Yara Frateschi. 12ª Ed. São Paulo: Hucitec. 2006. CARILLHO, Roberta. Um homem inteligente falando das mulheres - Luis Fernando Veríssimo. Disponível em: http://robertacarrilho-div.blogspot.com.br/2012/01/um-homem-inteligente-falando-das.html. Acesso em 2 nov 2016

CARPINEJAR, Fabricio. Vagalumes e Pokémons. Disponível em http://carpinejar.blogspot.com.br/. Acesso em 23 nov 2016.

____. Idade de meu pai. Disponível em http://carpinejar.blogspot.com.br/. Acesso em 23 nov 2016.

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____. Era feliz com tão pouco. Disponível em http://carpinejar.blogspot.com.br/. Acesso em 23 nov 2016.

CONY, Carlos Heitor. O Diabo e a política. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult505u223.shtml. Acesso em 09/11/2016. CRÔNICA (GÊNERO). In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Cr%C3%B4nica_(g%C3%AAnero)&oldid=47267172>. Acesso em: 20 nov. 2016.

Especiais por gênero | Crônica 2016. Jogo: Crogodó. Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/blog/especial-cronica2016/. Acesso em 10 nov 2016. FABRÍCIO CARPINEJAR. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fabr%C3%ADcio_Carpinejar&oldid=46798296>. Acesso em: 24 set. 2016. FERNANDO SABINO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fernando_Sabino&oldid=47155796>. Acesso em: 8 nov. 2016. LIRA, Bia. Policia, Um Salto Muito Azarado - Cronicas Engraçadas e Textos Engraçados. Disponível online em: <https://pensador.uol.com.br/autor/bia_lira/>. Acesso em 31 out 2016. LUIS FERNANDO VERISSIMO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Luis_Fernando_Verissimo&oldid=47167769>. Acesso em: 26 out. 2016. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação em Língua Portuguesa. Paraná: 2008. SATURNO DEVORANDO UM FILHO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2015. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Saturno_devorando_um_filho&oldid=43015959>. Acesso em: 2 nov. 2016. SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. 14ª Edição, São Paulo: Editora Record, 2002. SCLIAR, Moacyr. Esperando o Homem-Aranha. Disponível em: http://cronicasbrasil.blogspot.com.br/2008/04/esperando-o-homem-aranha-moacyr-scliar.html. Acesso em 10 nov 2016.

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