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Curso de Gestão de Recursos Humanos Artigo Original CONDUTAS DE UM GESTOR DE RECURSOS HUMANOS (RH) DIANTE DE UM COLABORADOR COM ALTERAÇÃO COMPORTAMENTAL: UM ESTUDO DE CASO CONDUCT OF A MANAGER OF HUMAN RESOURCES (HR) BEFORE AN EMPLOYEE WITH BEHAVIORAL CHANGES: A CASE STUDY Francisca Leonildes de Santana Rodrigues 1 , Geysanna Brito de Sá 1 , Luiz Augusto Rocha do Nascimento 2 1 Aluna do Curso de Gestão de Recursos Humanos 2 Professor do Curso de Gestão de Recursos Humanos Resumo O presente trabalho aborda o tema que se refere a alterações comportamentais. O objetivo do trabalho foi dar sugestões aos Gestores da área de Recursos Humanos como lidar com colaboradores que apresentam essas alterações comportamentais. Baseou-se em um estudo de caso em que segundo a farmacêutica, sofreu um assédio moral no ambiente de trabalho. Os pontos estabelecidos para o estudo foram: assédio moral; estresse; e pânico, por serem considerados fatores relevantes às alterações comportamentais apresentadas pela farmacêutica. Inicialmente a metodologia utilizada para o presente trabalho foi uma pesquisa bibliográfica onde verificou-se conceitos sobre os pontos relevantes e opiniões de diferentes autores. Em seguida utilizou-se a pesquisa documental através de laudos médicos fornecidos pela farmacêutica que atestam sua alteração comportamental. E por fim utilizou-se uma pesquisa de campo na qual teve como instrumento de pesquisa a entrevista. Nas entrevistas extraíram-se informações da farmacêutica que segundo ela, sofreu o assédio moral, como também de profissionais da área da saúde mental que expõem seu ponto de vista clínico sobre o assunto. Palavras-Chave: alterações comportamentais; assédio moral; estresse; pânico; recursos humanos. Abstract This paper addresses the issue referred for behavioral change. The objective was to give advice to Managers of Human Resources and dealing with employees who exhibit these behavioral changes. Was based on a case study in which according to pharmaceutical, suffered bullying in the work environment. Points established for the study were: bullying; stress; and panic because they are considered relevant factors to behavioral changes brought by the pharmaceutical. Initially the methodology used for this study was a literature where there was about concepts relevant points and opinions of different authors. Then we used the documentary research through medical reports provided by pharmaceutical attesting his behavioral change. Finally, we used a field survey in which she had as a research tool to interview. In the interviews were extracted information from pharmaceutical which she suffered bullying, as well as professionals in the field of mental health that expose their clinical point of view on the subject. Keywords: behavioral changes; bullying; stress; panic; human Resources. Contato: [email protected] Introdução Este trabalho originou-se de um fato ocorrido em uma das unidades que pertence a uma rede de farmácias com lojas distribuídas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Ocorreu na farmácia localizada no Jardim Esmeralda na cidade de Goiânia-GO. A farmácia é composta por dezenove colaboradores, dentre eles: uma farmacêutica, uma Gerente da farmácia, três operadores de caixas, cinco atendentes e dois técnicos em enfermagem além de outros funcionários que fazem parte da organização e conservação da farmácia. O Setor de RH tem sua matriz localizada na cidade de São Paulo (capital) e conta com filiais localizadas nas capitais das regiões mencionadas que cuidam das farmácias de todo o estado. A filial do Setor de RH na cidade de Goiânia fica situada no setor Nova Suíça. É composto por seis colaboradores: um Gestor de RH; uma psicóloga; dois assistentes; um auxiliar; e uma secretária. O fato se iniciou em janeiro de 2011, logo que a farmacêutica começou a trabalhar na empresa. Ela relata que a Gerente da farmácia começou a fazer críticas maldosas sobre sua aparência física, sua forma de trabalho e sua capacidade para desenvolvê-lo. Tais atitudes rotineiras da Gerente da farmácia causaram na farmacêutica, reações como: desmotivação; momentos de tristeza; angústia; e dificuldades de concentração nas atividades. Em maio de 2011 no momento em que a farmacêutica atendia um cliente, a Gerente da farmácia criticou seu modo de atendimento. Sentindo a sua identidade social abalada em meio a mais uma atitude abusiva por parte da Gerente da farmácia, a farmacêutica entrou em situação de pânico. Neste momento a Gerente da farmácia pediu para a farmacêutica que se retirasse e se dirigisse ao Setor de RH para que solicitasse sua demissão. Ao sair da farmácia, a farmacêutica se dirigiu ao Setor de RH. Chegando ao local, a farmacêutica procurou o Gestor de RH e relatou- lhe todo o caso. Devido seu estado emocional só conseguiu ouvir do Gestor que deveria procurar a Gerente geral da rede de farmácias, porque esse assunto não poderia ser resolvido por aquele setor.

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Curso de Gestão de Recursos Humanos Artigo Original

CONDUTAS DE UM GESTOR DE RECURSOS HUMANOS (RH) DIANTE DE UM

COLABORADOR COM ALTERAÇÃO COMPORTAMENTAL: UM ESTUDO DE CASO CONDUCT OF A MANAGER OF HUMAN RESOURCES (HR) BEFORE AN EMPLOYEE WITH BEHAVIORAL CHANGES: A CASE STUDY Francisca Leonildes de Santana Rodrigues1, Geysanna Brito de Sá1, Luiz Augusto Rocha do Nascimento2

1 Aluna do Curso de Gestão de Recursos Humanos 2 Professor do Curso de Gestão de Recursos Humanos Resumo O presente trabalho aborda o tema que se refere a alterações comportamentais. O objetivo do trabalho foi dar sugestões aos Gestores da área de Recursos Humanos como lidar com colaboradores que apresentam essas alterações comportamentais. Baseou-se em um estudo de caso em que segundo a farmacêutica, sofreu um assédio moral no ambiente de trabalho. Os pontos estabelecidos para o estudo foram: assédio moral; estresse; e pânico, por serem considerados fatores relevantes às alterações comportamentais apresentadas pela farmacêutica. Inicialmente a metodologia utilizada para o presente trabalho foi uma pesquisa bibliográfica onde verificou-se conceitos sobre os pontos relevantes e opiniões de diferentes autores. Em seguida utilizou-se a pesquisa documental através de laudos médicos fornecidos pela farmacêutica que atestam sua alteração comportamental. E por fim utilizou-se uma pesquisa de campo na qual teve como instrumento de pesquisa a entrevista. Nas entrevistas extraíram-se informações da farmacêutica que segundo ela, sofreu o assédio moral, como também de profissionais da área da saúde mental que expõem seu ponto de vista clínico sobre o assunto. Palavras-Chave: alterações comportamentais; assédio moral; estresse; pânico; recursos humanos.

Abstract This paper addresses the issue referred for behavioral change. The objective was to give advice to Managers of Human Resources and dealing with employees who exhibit these behavioral changes. Was based on a case study in which according to pharmaceutical, suffered bullying in the work environment. Points established for the study were: bullying; stress; and panic because they are considered relevant factors to behavioral changes brought by the pharmaceutical. Initially the methodology used for this study was a literature where there was about concepts relevant points and opinions of different authors. Then we used the documentary research through medical reports provided by pharmaceutical attesting his behavioral change. Finally, we used a field survey in which she had as a research tool to interview. In the interviews were extracted information from pharmaceutical which she suffered bullying, as well as professionals in the field of mental health that expose their clinical point of view on the subject. Keywords: behavioral changes; bullying; stress; panic; human Resources.

Contato: [email protected]

Introdução

Este trabalho originou-se de um fato ocorrido em uma das unidades que pertence a uma rede de farmácias com lojas distribuídas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Ocorreu na farmácia localizada no Jardim Esmeralda na cidade de Goiânia-GO. A farmácia é composta por dezenove colaboradores, dentre eles: uma farmacêutica, uma Gerente da farmácia, três operadores de caixas, cinco atendentes e dois técnicos em enfermagem além de outros funcionários que fazem parte da organização e conservação da farmácia.

O Setor de RH tem sua matriz localizada na cidade de São Paulo (capital) e conta com filiais localizadas nas capitais das regiões mencionadas que cuidam das farmácias de todo o estado. A filial do Setor de RH na cidade de Goiânia fica situada no setor Nova Suíça. É composto por seis colaboradores: um Gestor de RH; uma psicóloga; dois assistentes; um auxiliar; e uma secretária.

O fato se iniciou em janeiro de 2011, logo que a farmacêutica começou a trabalhar na empresa. Ela relata que a Gerente da farmácia

começou a fazer críticas maldosas sobre sua aparência física, sua forma de trabalho e sua capacidade para desenvolvê-lo. Tais atitudes rotineiras da Gerente da farmácia causaram na farmacêutica, reações como: desmotivação; momentos de tristeza; angústia; e dificuldades de concentração nas atividades.

Em maio de 2011 no momento em que a farmacêutica atendia um cliente, a Gerente da farmácia criticou seu modo de atendimento. Sentindo a sua identidade social abalada em meio a mais uma atitude abusiva por parte da Gerente da farmácia, a farmacêutica entrou em situação de pânico. Neste momento a Gerente da farmácia pediu para a farmacêutica que se retirasse e se dirigisse ao Setor de RH para que solicitasse sua demissão.

Ao sair da farmácia, a farmacêutica se dirigiu ao Setor de RH. Chegando ao local, a farmacêutica procurou o Gestor de RH e relatou-lhe todo o caso. Devido seu estado emocional só conseguiu ouvir do Gestor que deveria procurar a Gerente geral da rede de farmácias, porque esse assunto não poderia ser resolvido por aquele setor.

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A farmacêutica saiu do local e sofreu um acidente, pois não estava em condições de dirigir seu carro. Ao ser socorrida e acordar apenas no hospital, a farmacêutica não conseguiu reconhecer seus familiares. Iniciou ali mesmo um tratamento psicológico ficando afastada das suas funções por seis meses.

Com o estado de saúde apresentado pela farmacêutica, a família dirigiu-se a unidade em que ela trabalhava para saber o que realmente estava acontecendo, já que a mesma não tinha condições de falar. Chegando ao local de trabalho da filha o pai da farmacêutica não conseguia nenhuma resposta sobre o acontecido, já que os colegas de trabalho tinham receio em falar sobre o assunto. A Gerente que participou do acontecido não quis falar sobre o assunto, pedindo que o pai se retirasse da farmácia.

A família da farmacêutica não se conformava com o seu estado de saúde, começando assim uma preocupação para saber realmente o que havia acontecido. Resolveram procurar a polícia, já que o pai da vítima também é um policial. Com a presença da polícia dentro da farmácia e com toda atenção que chamavam dentro da unidade, conseguiram com que a gerente relatasse o acontecido.

Segundo a Gerente da farmácia, houve uma discussão entre ela e a farmacêutica.

Neste momento ela pediu que a farmacêutica se dirigisse ao setor de Recursos Humanos e solicitasse sua demissão, já que não seria possível que as duas trabalhassem juntas. A partir daí a família da farmacêutica iniciou um processo judicial contra a Gerente da farmácia e contra a empresa por assédio moral.

Por causa da repercussão dentro da empresa e para que a imagem da empresa não fosse comprometida, a empresa se preocupou em providenciar as mudanças necessárias como, por exemplo: a demissão da Gerente da farmácia; a reestruturação do Setor de RH; a demissão do próprio Gestor de RH; e a preparação da nova equipe. Sabe-se dessas mudanças por meio de informações repassadas pela farmacêutica, pois o Setor de RH não permitiu o acesso das autoras deste trabalho para comprovação do que foi relatado.

Até março de 2014 a farmacêutica ainda passava por tratamento psicológico, e não se pode afirmar neste trabalho que esse tratamento é exclusivamente pelo caso acontecido, já que pelo relato de um profissional da saúde mental ele diz que todo surto tem várias causas. Pode ser causado por problemas hereditários, medos ou receios devido a novas responsabilidades ou que possua propensão ao manifesto dessas alterações.

O caso se estendeu para uma situação considerada grave pela empresa. A família da farmacêutica abriu um processo contra a Gerente da farmácia e contra a empresa por considerarem

que a Farmacêutica sofreu assédio moral. Mas o processo está parado por decisão da farmacêutica por continuar prestando serviço para a empresa.

Diante de tudo o que foi relatado, ficando ciente que o caso está na justiça não afirmando neste trabalho que se trata de um assédio moral, já que o processo não foi julgado ainda. Surgiu o interesse de pesquisar sobre a conduta desse Gestor de RH. Este trabalho tem por finalidade sugerir aos Gestores da área de RH, ações preventivas para lidar com situações em que um colaborador apresenta alteração comportamental nas organizações. Acredita-se que ao adotar essas ações pode-se evitar que fatos como este ocorram dentro da empresa.

Sabe-se que durante a vida acadêmica ninguém é preparado profissionalmente para todas as situações. Mas, com pesquisas a respeito desse assunto, podem-se encontrar formas para lidar com seus colaboradores que apresentam um transtorno emocional. Baseando-se nesta afirmação, surge a importância do estudo e da preparação desses Gestores de RH para saber como conduzir a situação no momento em que requer toda a sua dedicação.

O mundo externo do indivíduo se distribui em vários aspectos, tais como: família; trabalho; e vida social. Seu entendimento é algo mais visível para a humanidade. Porém, o mundo interno é caracterizado por fatores abstratos que se referem a sentimentos; medos; angústias; e frustrações que quando mal interpretados causam grandes impactos nas relações com esse mundo externo. Na busca da compreensão do mundo interno notou-se a importância do estudo de alguns fatores que poderão influenciar no mundo externo.

Este artigo se originou a partir da ocorrência de um fenômeno psicológico causado pela instabilidade emocional, da vulnerabilidade e ao estresse que a farmacêutica sofreu. Esse fenômeno psicológico foi definido como: [...] seja qual for sua conceituação, aparece descolado da realidade na qual o indivíduo se insere e, mais ainda, descolado do próprio indivíduo que o abriga. Esta é a noção: algo que se abriga em nosso corpo, do qual não temos muito controle; visto como algo que em determinados momentos de crise nos domina sem que tenhamos qualquer possibilidade de controla-lo; algo que inclui ‘segredos’ que nem mesmo nós sabemos; algo enclausurado em nós que é ou contém um ‘verdadeiro eu’. (BOCK, 2001, p. 21).

Para o desenvolvimento desse trabalho conceituam-se três fatores: assédio moral; estresse; e pânico. No entendimento das autoras deste trabalho, o estudo desses fatores tornou-se necessário para o entendimento das questões emocionais e comportamentais aqui relatadas. Esses fatores influíram diretamente no caso que originou este trabalho.

ASSÉDIO MORAL

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De acordo com Maria Cristina Irigoyen

Peduzzi, Ministra do Tribunal Superior do Trabalho e Presidente Honorária da Academia Nacional de Direito do Trabalho sobre lei de assédio moral:

No Brasil, não há previsão em lei federal acerca do assédio moral. Há, pelo menos, 11 (onze) projetos de lei atualmente tramitando no Congresso Nacional sobre o tema. Entre eles, destacam-se os seguintes: a) Projeto de lei federal nº 5.970/2001 (introduz disposições aos arts. 483 e 484 da CLT); b) Projeto de lei federal nº 2.593/2003 (introduz alíneas ao art. 483, da CLT); c) Projeto de lei federal nº 2.369/2003 (define, proíbe o assédio moral, impõe dever de indenizar e estabelece medidas preventivas e multas); d) Projeto de lei federal nº 5.887/2001 (tipifica como crime a conduta enquadrada como assédio moral, introduzindo alínea “A” ao art. 146 do Código Penal, impondo pena de detenção de três meses a um ano e multa); e) Projeto de lei federal nº 4.742/2001 (também introduz o tipo no Código Penal); f) Projeto de lei federal nº 4.591/2001 (introduz alterações na Lei nº 8.112/1990, proibindo aos servidores públicos a prática de assédio moral contra seus subordinados, com a fixação de penalidades disciplinares). (PEDUZZI, 2007, p. 30).

No progresso da responsabilidade civil, a sociedade percebeu que os danos sofridos possuem reparos a partir dos seus atos. A teoria da responsabilidade civil passa a ter importância acentuada no âmbito jurídico, onde os danos que geram prejuízo material e moral a outra pessoa, seriam possíveis de indenização pelo autor, como afirma Dower: [...] a responsabilidade civil consiste na obrigação de uma pessoa indenizar o prejuízo causado a outrem quando há prática do ato ilícito. [...] A teoria da responsabilidade civil foi criada para alcançar as ações ou omissões contrárias ao direito, que geram para o seu autor a obrigação de reparar o dano ocasionado. Nasce, assim, a teoria da responsabilidade civil, que constitui a obrigação pelo qual o agente fica obrigado a reparar o dano causado a terceiro. (DOWER, 2001, p. 339).

O Código Civil Brasileiro caracteriza ato ilícito:

Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Na Constituição Federal está previsto no artigo 5º, incisos V e X, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por

dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida

privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Já no âmbito do trabalho, diante de uma conduta abusiva do empregador para com o empregado a qual se refere ao abuso de direito, como um ato ilícito, tal atitude se enquadra no art.187 do Código Civil, in verbis: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

Segundo Cabete (2011), advogado, pós-graduado em Direito do Trabalho e especialista em relações trabalhistas, em entrevista, esclarece algumas questões sobre assédio moral no ambiente de trabalho. São elas:

a) Humilhações constantes e atitudes abusivas durante um tempo prolongado causam um transtorno psicológico na vítima. Essas atitudes podem ser, por exemplo: pedidos de relatórios em momentos que seria impossível de atender o pedido ou metas de serem impossíveis de serem alcançadas e ofensas constantes. Muitas vezes acontece na presença de outras pessoas. Então a vítima passa a ter sua identidade social abalada e daí começa uma série de transtornos.

b) A vítima provará esse assédio de duas formas: documentais e testemunhais. As provas documentais podem ser as requisições de relatórios que são solicitados no final do expediente e que levariam o dia todo para serem feitos. Já as provas testemunhais, podem ser as pessoas que presenciam essas atitudes. Caso a vítima não tenha provas, ela terá que tentar resolver a situação antes que se torne algo mais grave.

c) Existe uma diferença entre dano moral e assédio moral. O dano moral é uma atitude isolada em que a pessoa sofre perante outras pessoas e se sente constrangida. O assédio moral são atitudes constantes e rotineiras em que a pessoa sofre na presença ou não de outra pessoa. Toda vez que ocorre o assédio moral, consequentemente ocorrerá um dano moral para esta pessoa. Mas, quando ocorre o dano moral não necessariamente ocorrerá o assédio moral.

d) O assédio é uma prática constante. Quando as empresas entenderem que um ambiente saudável funciona melhor e traz resultados mais positivos, essas atitudes mudarão. A empresa teria que solucionar esse problema internamente para não perder o profissional. Os Gestores e o RH precisarão ficar atentos, pois essas situações só trarão problemas para as organizações.

O fenômeno é tão antigo quanto a própria divisão do trabalho, mas sua prática tem se intensificado e alcançado proporções tão elevadas

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que já é considerado uma epidemia. O assédio moral, caracterizado por condutas e atitudes abusivas de chefias em relação aos seus subordinados, tem transformado o ambiente de trabalho num lugar de sofrimento e tortura psicológica. De forma sutil – manifestada por meio de apelidos, piadinhas, ironias e insinuações maldosas – ou explícita, marcadas por ameaças de demissão, ofensas e constrangimento públicos, essa violência, frequente e repetitiva, está cada vez mais presente na rotina de milhões de trabalhadores. Na verdade, esse chamado “psicoterrorismo” tem como objetivo desestabilizar emocionalmente a vítima visando sua demissão. (REVISTA PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO - DIÁLOGO, 2007, p. 12).

A Revista Psicologia: Ciência e Profissão - Diálogo (2007) traz um artigo que diz que o assédio moral é uma realidade cruel e com graves consequências. Pessoas que passam por este tipo de problema podem sofrer danos à saúde física e psíquica. Mas por medo de perder o emprego, muitos se calam diante do que está passando. Além disso, mudam seu comportamento no âmbito social e familiar, se isolando dos amigos e se tornando mais agressivos com parentes mais próximos.

O artigo traz declarações de vários pesquisadores como da psicóloga e médica do trabalho Margarida Barreto, que aborda um problema até então desconhecido pelos brasileiros. Não porque esse problema não existisse, mas sim porque era invisível. “As pessoas achavam que era normal um chefe humilhar o funcionário. Não havia a compreensão de que essas agressões configuram uma violação dos direitos fundamentais.”

O assédio moral não faz distinção entre empresas públicas ou privadas. Essa violência psicológica está espalhada em todas as áreas e pode acontecer om qualquer tipo de profissional. Os abusos cometidos no ambiente de trabalho nem sempre são percebidos pelas vítimas, pois as piadas e brincadeiras são consideradas normais até evoluir para brincadeiras mais explícitas e provocativas. Desse modo a vítima passa a se isolar do grupo e tem seu trabalho comprometido.

O assédio moral, na realidade, decorre de atitude deliberada de um perverso cujo objetivo é destruir a vítima e afastá-la do mundo do trabalho, [...] é toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se, sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho. (GUEDES, 2003, p. 32).

Outra forma de sofrer o assédio moral no ambiente de trabalho é ser obrigado a fazer tarefas inferiores ou até mesmo ter que executar tarefas que excedem sua capacidade. Tudo isso com o objetivo de levar o colaborador a pedir

demissão. Os danos causados por essa violência psicológica podem provocar traumas e mesmo estando fora do ambiente opressor, muitos ainda continuam a carregar a angustia de ter passado por este tormento. Muitos não conseguem retornar ao ambiente de trabalho, e se culpam pelo que aconteceu.

Por causa da competitividade no ambiente de trabalho, os empregadores tratavam seus subordinados como peças que faziam parte da sua equipe apenas para cumprir metas não dando importância para o esgotamento físico e mental dos seus trabalhadores. “É um fenômeno destruidor do ambiente de trabalho, não só diminuindo a produtividade, como também favorecendo ao absenteísmo, devido aos desgastes psicológicos que provoca.” (HIRIGOYEN 2002, p.65).

Acrescentando o artigo divulgado no site do Ministério do Trabalho e Emprego (2014) o assédio moral “É toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, escritos, comportamento, atitude, etc.) que, intencional e frequentemente, fira a dignidade e a integridade física ou psíquica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.” (ASSÉDIO..., 2014).

Também é visto no mesmo site as condutas mais comuns, dentre outras. São elas:

a) Instruções confusas e imprecisas ao(à) trabalhador(a);

b) Dificultar o trabalho; c) Atribuir erros imaginários ao(à)

trabalhador(a); d) Exigir, sem necessidade, trabalhos

urgentes; e) Sobrecarga de tarefas; f) Ignorar a presença do(a) trabalhador(a),

ou não cumprimentá-lo(a) ou, ainda, não lhe dirigir a palavra na frente dos outros, deliberadamente;

g) Fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto ao(à) trabalhador(a) em público;

h) Impor horários injustificados; i) Retirar-lhe, injustificadamente, os

instrumentos de trabalho; j) Agressão física ou verbal, quando estão

sós o(a) assediador(a) e a vítima; k) Revista vexatória; l) Restrição ao uso de sanitários; m) Ameaças; n) Insultos; e o) Isolamento. No Diário Oficial do Distrito Federal está

exposta a Lei Nº 2.949 de 2002, contra assédio moral em Brasília - DF, aprovada em 19 de abril de 2002 de autoria da Deputada Distrital Lucia Carvalho do Partido dos Trabalhadores (PT-DF). Neste artigo será apresentado apenas os artigos 1°, 2° e 3° da referida lei:

O Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal promulga nos termos do § 6º do art. 74 da Lei Orgânica do Distrito Federal, a

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seguinte Lei, oriunda de Projeto vetado pelo Governador do Distrito Federal e mantido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal:

Art. 1º - A qualquer pessoa física ou jurídica e aos órgãos e entidades da administração pública do Distrito Federal que, por seus agentes, empregados, dirigentes, propaganda ou qualquer outro meio, promoverem, permitirem ou concorrerem para a prática de assédio moral contra seus subordinados, serão aplicadas as sanções previstas nesta Lei, sem prejuízo de outras de natureza civil ou penal.

Parágrafo único. Entende-se por subordinado o servidor público ou empregado celetista sujeito a vínculo hierárquico de qualquer nível funcional ou trabalhista.

Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, configura prática de assédio moral:

I. Desqualificar o subordinado por meio de palavras, gestos ou atitudes;

II. Tratar o subordinado por apelidos ou expressões pejorativas;

III. Exigir do subordinado, sob reiteradas ameaças de demissão, o cumprimento de tarefas ou metas de trabalho;

IV. Exigir do subordinado, com o intuito de menosprezá-lo, tarefas incompatíveis com as funções para as quais foi contratado.

Art. 3º A infração aos preceitos desta Lei por entidade privada sujeitará o infrator às seguintes sanções:

I. Advertência; II. Multa de cinco a dez mil reais, dobrada

na reincidência; III. Suspensão do alvará de funcionamento

por trinta dias; IV. Cassação do alvará de funcionamento. O assédio moral é caracterizado como algo

intencional pela necessidade de alguns chefes se sentirem poderosos diante de seus subordinados. Essa atitude de menosprezo faz com que eles sintam a necessidade de deixar bem claro o seu poder. Esses agressores possuem traços de pessoas polêmicas e ambiciosas. Procuram aproveitar do trabalho que exigem dos colaboradores, como metas a cumprir para se autopromoverem e com isso serem vistos como chefes eficientes.

Para o melhor entendimento do artigo, as autoras deste trabalho corroboram com os conceitos relatados acima. Julgando necessários os pontos escolhidos como base para identificar as causas que regem o fato que se relata no início deste trabalho. O interesse em conhecer as causas que levaram a vulnerabilidade em que se encontra a vítima, como consequência do suposto assédio moral e os danos causados à saúde formando um conjunto de sintomas levando a alterações no seu comportamento e agressões em sua identidade social, tornando-se assim o principal interesse deste trabalho.

ESTRESSE Este trabalho utilizou a palavra ESTRESSE

por fazer parte da língua portuguesa. Porém utilizou-se também a palavra STRESS para seguir a nomenclatura utilizada pelos autores. Desta forma, as duas palavras possuem o mesmo significado, no contexto desta pesquisa.

O significado da palavra estresse: “[Ingl. stress.] sm. Med. Conjunto de reações do organismo a agressões de origem diversas, capazes de perturbar-lhe o equilíbrio interno”. (FERREIRA, 2012, p. 322)

Segundo Bateman e Strasser (1983 apud ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2007, p. 9) o estresse organizacional tornou-se um assunto merecedor de preocupação e afeta seriamente o bem-estar do indivíduo. Para Pelletier (1984 apud ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2007, p. 9) dentre as doenças causadas no ambiente de trabalho, o estresse põe em risco a saúde dos colaboradores tornando-se uma doença psicossomática. [...] são as que têm um componente psíquico em sua origem. É uma manifestação orgânica, mas provocada por problemas emocionais, como a tensão nervosa e a depressão, entre outros.

Entretanto, alguns ainda guardam a ideia errônea de que são pura simulação, ou que se trate de hipocondria, ou seja, mania de doença. Nada disso. A cada dia surgem mais evidências de que corpo e alma estão tão estreitamente ligados, de que aquilo que afeta um, acaba afetando, também, o outro. Por exemplo: quando se somatiza, o corpo coloca para fora as emoções, por meio de um resfriado, diarreia, herpes, enxaqueca ou, na maioria dos casos, por meio de gestos, mímicas, contraturas, calor, tremor, dores de barriga, sustos, travamento dos dentes etc. Enfim, mediante tantas e tantas demonstrações físicas. (MOROMIZATO, 2008).

De acordo com Quick et al., (1997) e Parkinson (1982 apud ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2007, p. 11) o estresse causado no ambiente de trabalho vem desenvolvendo distúrbios funcionais, doenças degenerativas e psicossomáticas. Baseando-se nessa informação, sugere-se que as organizações desenvolvam programas de gerenciamento do estresse para manter a saúde de seus colaboradores.

“O estresse é uma condição dinâmica na qual o indivíduo é confrontado com uma oportunidade, limitação ou demanda em relação a alguma coisa que ele deseja e cujo resultado é percebido, simultaneamente, como importante e incerto.” (ROBBINS, 2002, p. 548 apud FIDELIS; BANOV, 2006, p. 139).

O estresse pode ser entendido como o ponto em que o indivíduo não consegue controlar os seus conflitos internos, gerado um excesso de energia, originando, consequentemente, fadiga, cansaço, tristeza, euforia, etc. Seu processo orgânico sofre alteração diante das

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transformações químicas ocorridas diante deste estado emocional. (CARVALHO, 2002, p. 125 apud FIDELIS; BANOV, 2006, p. 139).

São novas situações que o indivíduo se depara e no primeiro instante não sabe como reagir. Esse estresse pode ser entendido como uma situação ameaçadora cobrando desse indivíduo uma resposta imediata fazendo com que os conflitos internos afetem as atitudes e comportamentos desse indivíduo. Conforme afirma Beehr:

A curto prazo, o stress percebido pode afetar as atitudes e comportamentos de um indivíduo, mas é a partir de um período mais prolongado que esses efeitos mais frequentemente assumem tons negativos. Este é o motivo para o conceito de tensão, que se refere às consequências do stress com o passar do tempo. (BEEHR, 1995; BEEHR; NEWMAN, 1978 apud JEX et al., 2007, p. 105).

O estresse pode gerar resultado positivo, desde que cause reações moderadas a ponto de incentivar o enfrentamento de certas situações. O grau de cobrança e euforia poderá estimular e não obrigar a fazer algo que o ser humano interprete como ameaçador.

O stress no trabalho e a reação dos funcionários aos estressores são igualmente influenciados pela emoção. Portanto, a fim de se entender plenamente o stress ocupacional, impedir seu impacto negativo e promover um ambiente seguro, é preciso abordar a questão da emoção e do gerenciamento emocional. (QUICK, et al., 2007, p. 150).

Os estressores nas organizações variam desde uma tomada de decisão até o modo de como cada um se adapta ao ambiente de trabalho ou até mesmo o modo de avaliar sua capacidade de exercer sua função. A maneira que cada indivíduo reage a esses estressores é o que vai dizer o nível de estresse que ele se encontra e a forma que seu organismo reagirá para enfrentar essa situação. A forma de se enfrentar esses estressores virá por meio de respostas fisiológicas, comportamentais e psicológicas.

O stress contínuo relacionado ao trabalho constitui um importante fator determinante dos transtornos depressivos. Tais transtornos constituem a quarta principal causa do ônus global da doença. Estima-se que, no ano 2020, eles ocuparão o segundo lugar, atrás de doença cardíaca isquêmica, mas à frente de todas as doenças (Organização Mundial da Saúde, 2001). (LEVI, 2007, p. 168).

“O conceito de estresse, criado pelo cientista canadense Hans Selye, modificou profundamente a visão de saúde e doença em vários setores da Medicina. Sua força esclarecedora ainda está para ser assimilada por novas teorias na saúde mental.” (SELYE apud SCARPATO, 2001).

Mudanças no estilo de vida, adaptações

bruscas e as constantes necessidades que vivem as pessoas de se realizar tanto na vida profissional quanto na vida pessoal, fazem com que enfrentem desafios nas sucessivas fases da vida. Diante dessas exigências as pessoas atraem para si cargas excessivas de compromissos e responsabilidades podendo desencadear uma ansiedade elevada ocasionando o estresse.

Stanley Keleman, em sua abordagem formativa, recorre constantemente à noção de estresse para pensar os seus efeitos sobre o processo formativo como, por exemplo, a interferência das experiências excessivas na capacidade de criação contínua de formas somáticas no processo de vida. (KELEMAN apud SCARPATO, 2001).

De acordo com Scarpato (2001) estresse é uma reação que todo ser vivo apresenta diante de diferentes situações. Quando se está triste, alegre, recebe-se uma notícia, se aborrece, fica-se preocupado ou tenso, ou seja, várias são as causas que pode desencadear um estresse. Nosso corpo reage de forma que o sistema nervoso fique alerta e o cérebro saiba que algo está errado. A resposta comportamental e biológica para lidar com esse desequilíbrio interno produzido sobre o estado anterior do indivíduo é o que se denomina estresse.

As situações estressantes são várias. Como o medo ou uma ansiedade que toma conta do ser humano a ponto de tirar-lhe o equilíbrio emocional e comportamental. Quando essas situações tornam-se excessivas exigem do ser humanos atitudes que fogem do seu controle e o corpo responde como forma de defesa e fuga. A questão é como algo nos afeta a partir de mudanças necessárias para ativar nossos limites. São enfrentamentos de decisões e tarefas que a pessoa rejeita para evitar conflitos.

Quando se vive situações que mexem com o ser humano, desestabilizando-o, o corpo reage ativando sua defesa a essas situações. O corpo recebe essas informações como um susto exigindo respostas para aquela situação. A forma de como lidar com o novo desencadeia uma série de reações. “Quando a carga de estresse é excessiva, além do que uma pessoa é capaz de suportar, pode se iniciar um processo que desencadeia várias reações emocionais e sintomas próprios; os estados de ansiedade e pânico fazem parte desse processo.” (SCARPATO, 2001).

Num primeiro momento há um aumento dos sentidos do corpo, o organismo fica em alerta. Reage de várias formas tentando avisar o tempo todo que está ameaçado por algo surgindo ansiedade, confusão, pânico e medo. Diante dessa confusão interna surge o conflito entre fugir e enfrentar a situação. O ser humano se desorganiza, tenta recuar e como resposta ao desconhecido ele pensa que não poderá mudar a situação e se entrega ao sentimento de fracasso.

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PÂNICO

Para Richard (2005) o pânico caracteriza-se

pela presença de ataques de ansiedade gerando em seguida sofrimentos físicos e emocionais. Dá-se também por uma mudança repentina de comportamento após um período de estresse mais prolongado, causando transtorno que prejudica a qualidade de vida e o funcionamento das suas atividades rotineiras.

No ambiente de trabalho, geralmente esse pânico acontece após um período de estresse em que os colaboradores passam por exigências de metas a cumprir e estipulando obstáculos cada vez mais elevados.

Varella (2014), médico cancerologista, formado pela USP entrevista o Dr. Márcio Bernik, médico psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Nessa entrevista, Dr. Márcio Bernik esclarece alguns pontos sobre a síndrome do pânico. São elas:

a) A síndrome do pânico na linguagem psiquiátrica chamada de transtorno do pânico (TP) é uma enfermidade que se caracteriza por crises absolutamente inesperadas de medo e desespero. São sintomas que refletem no corpo e sem nenhum problema aparente. Por ser uma doença psicológica, muitos médicos não conseguem diagnosticar no primeiro instante a causa que levou aquele indivíduo a procurar ajuda médica.

b) Existem dois tipos de ansiedade no ser humano: a ansiedade que vem de um estado emocional normal; e a ansiedade patológica.

c) A primeira é considerada normal e sadia, gera expectativa e toda pessoa passa por este momento. Esta ansiedade mesmo causando um desconforto, considera-se uma alteração emocional esperada, desenvolvida pelo psicológico do ser humano. Essa ansiedade pode ser causada, por exemplo: pela espera de uma notícia; a véspera de uma viagem; o dia que antecede uma prova; ou o dia de uma entrevista de emprego.

d) A segunda é uma ansiedade que caracteriza a síndrome do pânico. Quem sofre dessa síndrome tem a impressão que vai morrer de um ataque cardíaco a cada crise apresentada. Sofre também nos intervalos dessas crises, pois não sabe quando virá a próxima. Nesse momento de perturbação e conflitos de sentimentos algumas pessoas costumam acreditar que estão enlouquecendo. Para os médicos o diagnóstico é o Transtorno do Pânico.

Para as autoras deste trabalho é de grande importância observar o comportamento de seus colaboradores nas organizações e como desenvolvem suas tarefas para que possa evitar que apresentem um grau de estresse mais elevado ocasionando algum tipo de doença como

a síndrome do pânico. O transtorno ou síndrome do pânico implica

a vivência inadequada de um elevado estado de excitação equivalente ao que o corpo produziria na preparação para enfrentar um perigo real ou fugir dele. Essa resposta hiper-reativa do sistema nervoso autônomo pode levar a pessoa a sentir sintomas físicos associados à reação de ‘lutar ou fugir’ em situações cotidianas completamente inofensivas. (SHEEHAN, 2000, p. 15).

De acordo com Richard (2005) o esgotamento físico e mental são fatores que podem causar crises de pânico no ambiente de trabalho. Para alcançar bons resultados que são exigidos pelas empresas, os colaboradores acabam passando horas no ambiente de trabalho e muitas vezes deixando de lado a vida particular. A pressão psicológica às vezes é tão grande que o nível de estresse pode ser tão alto ao ponto de chegar a desenvolver a síndrome do pânico. Conforme vemos em Holmes:

É importante não confundir ataques de pânico com os períodos intensos de estimulação que estão associados a esgotamento ou estresse físico devido a situações reais ameaçadoras da vida. Além disso, durante muitos anos, os ataques de pânico foram erroneamente diagnosticados como problemas cardíacos ou respiratórios e tratados como tanto sem, é claro, qualquer benefício. Felizmente, agora que os ataques de pânico são reconhecidos como um transtorno psicológico, estão recebendo atenção amplamente difundida na imprensa médica e pública, e a propensão para o diagnóstico errôneo foi reduzida de forma significativa (HOLMES, 2001, p. 88).

Scarpato (2001) diz que o pânico é uma reação diante de uma experiência excessiva em que a pessoa não consegue dar conta. Quando a sensação de pânico chega a um grau mais elevado, o corpo reage provocando crises que seus sintomas mais comuns são: taquicardia; dificuldades de respirar; sensação de irrealidade; sudorese; sensação de iminência de morte; náusea ou desconforto abdominal; boca seca; perda do foco visual; formigamento; vertigem; tontura; medo de perder o controle; medo de enlouquecer e tremores. Conforme Hollander e Simeon:

As mulheres apresentaram um índice de prevalência ao longo de um mês de 0,7% que foi significativamente mais elevado do que o índice de 0,3% encontrado entre os homens; as mulheres também tenderam a apresentar um maior aumento do transtorno de pânico entre os 25 e os 44 anos de idade, e seus ataques tendiam a perdurar mais tempo até a idade avançada. (HOLLANDER; SIMEON, 2004, p.19).

O pânico é uma expressão caracterizada pelo surgimento de uma situação de angústia que é vista pelo indivíduo como enfrentamento, desespero e ausência de ajuda. É um momento em que se instala o medo, fazendo com que este

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indivíduo se sinta em condições de desamparo, perdendo seu equilíbrio físico e emocional. Segundo afirmam Salum; Blaya e Manfro:

Além do sofrimento psíquico e o prejuízo funcional vivenciados pelos pacientes com o TP, ele está associado a uma série de outros desfechos que, empiricamente, justificam seu tratamento com um problema de saúde pública. Pacientes com TP têm maiores taxas de absenteísmo e menor produtividade no trabalho. (SALUM; BLAYA; MANFRO, 2009, p. 87).

Segue abaixo um caso em que uma colaboradora desenvolveu a síndrome do pânico no ambiente de trabalho. O caso foi julgado e caracterizado como assédio moral. Publicado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região:

Na 2ª Vara do Trabalho de Montes Claros, o magistrado julgou a ação proposta por uma bancária, que apresentou um quadro de ansiedade e síndrome do pânico, em virtude das constantes perseguições e intimidações do gerente no ambiente de trabalho. [...] A prova testemunhal confirmou a existência de situação estressante no ambiente de trabalho, por conta das atitudes do gerente. As testemunhas já presenciaram cenas em que o gerente xingava a bancária, chamando-a de "múmia" e "lesma". [...] Segundo relatos, a empregada chorava muito por causa das ofensas e perseguições e, inclusive, já procurou o sindicato para reclamar do assédio moral. [...] O laudo pericial atestou que os fatores estressantes enfrentados pela bancária durante o período contratual desencadearam um quadro de síndrome do pânico, que acarretou a sua incapacidade temporária para o trabalho.

Nesse contexto, diante da comprovação da existência do nexo causal entre as condições desfavoráveis de trabalho e o surgimento da doença, o magistrado entendeu que ficou evidenciada a culpa do empregador. [...] ‘No caso presente, a molestação injurídica perpetrada pelo réu causou danos á autora no âmbito moral. Demonstrado o fato, com a consequente visualização do sofrimento da autora, a responsabilidade de reparação se impõe’ completou o julgador. (SÍNDROME..., 2011).

O ambiente de trabalho também influencia na saúde dos colaboradores. A competitividade pelas promoções e horas excessivas de trabalho acarreta em fatores que podem desencadear um estresse nos colaboradores. E se esse estresse se torna prolongado, consequentemente os colaboradores podem desencadear o pânico diante de uma pressão no trabalho ou até mesmo no âmbito social.

Materiais e Métodos

Para abordar o tema deste trabalho, utilizou-se o processo do estudo de caso, que conforme Cervo e Bervian (2002, p. 67) “é a pesquisa sobre

um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida.” Por meio do caso específico estudado realizou-se toda a pesquisa para o desenvolvimento deste trabalho.

O presente estudo possui uma abordagem qualitativa, que “[...] comporta algo da subjetividade do próprio ser humano que tende a abordá-los e analisa-los orientados por matrizes filosóficas e ideológicas exteriores aos próprios fatos.” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 55). A pesquisa é do tipo exploratória e também descritiva. “A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma.” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 69).

Ainda de acordo com Cervo e Bervian, quanto à pesquisa descritiva: [...] observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. [...] desenvolve-se, principalmente, nas ciências humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não consta de documentos. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 66).

FASES DA PESQUISA

Em cada fase buscou-se identificar o

objetivo, os dados a serem coletados, o tipo de pesquisa e o instrumento utilizado. São elas:

Na 1ª fase, realizou-se uma pesquisa bibliográfica que “[...] procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos [...] constitui geralmente o primeiro passo de qualquer pesquisa científica.” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 65-66). Essa pesquisa se fez necessária para identificar conceitos sobre assédio moral, estresse e pânico. Tais conceitos são essenciais para embasar o caso específico abordado neste trabalho.

Os critérios considerados relevantes para as autoras deste trabalho utilizados para a escolha dos autores pesquisados foram as indicações dos professores; a quantidade de artigos encontrados com citações destes autores; facilidade no qual pode-se ter acesso a tais livros nas bibliotecas e livrarias visitadas e a clareza na qual tais autores expõem sua opinião.

Na 2ª fase realizou-se uma pesquisa documental, onde “[...] são investigados documentos a fim de se poder descrever e comparar usos e costumes, tendências e outras características. Estuda a realidade presente, e não no passado [...].” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 67). Com o objetivo de identificar os fatos ocorridos a partir do assédio moral, estresse e

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pânico e suas consequências. Além de coletar mais informações para auxiliar nos métodos de pesquisas.

Os documentos nos quais foram retiradas tais informações foram os laudos médicos produzidos durante o tratamento da farmacêutica com o diagnóstico de estresse e pânico e o processo judicial que caracterizou o assédio moral. Ambos fornecidos pela pessoa que vivenciou o caso especifico estudado. Mas não serão expostos por uma questão de confidencialidade. Esta fase da pesquisa proporcionou conhecimento mais aprofundado sobre o assunto.

Na 3ª fase utilizou-se uma pesquisa de campo realizada através de uma entrevista com psicólogos. “A entrevista não é simples conversa. É conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a pesquisa [...] Esses dados sertão utilizados tanto para o estudo de fatos como de casos ou de opiniões.” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 46). Com o objetivo de adquirir informações sobre os efeitos e tratamento do estresse e pânico em uma pessoa que sofreu assédio moral e o que o RH poderá fazer para mediar a situação quando este assédio moral ocorre no ambiente de trabalho.

Resultados

Na 1ª fase da pesquisa, identificaram-se três conceitos para o entendimento do fator principal que rege este trabalho. São eles: assédio moral; estresse; e pânico.

Na 2ª fase da pesquisa identificaram-se eventos sobre assédio moral; estresse; e pânico da farmacêutica a partir do processo movido por sua família.

Na 3ª fase da pesquisa a partir de entrevistas feitas com a farmacêutica e com profissionais da área da saúde mental. Estes trazem seu ponto de vista clínico sobre assédio moral; estresse; e pânico e em relação ao sofrimento passado pela farmacêutica. Também deram sugestões para o Gestor de RH lidar com esse tipo de situação.

Discussão 1ª fase da pesquisa:

a) Assédio moral: atitudes repetitivas e desagradáveis que uma pessoa tem perante outra, que a expõe a situações humilhantes e constrangedoras. Tais atitudes são capazes de ocorrer no ambiente de trabalho, em casa ou na escola. A pessoa que sofre esse tipo de assédio se torna vulnerável a outras doenças psicológicas e físicas, fazendo com que ela se sinta incapaz e desmotivada para suas atividades diárias.

b) Estresse: resposta comportamental ou biológica que todo ser humano possui ao enfrentar situações consideradas desestabilizadoras. A avaliação quanto ao grau de estresse em que a pessoa se encontra é que vai dizer até que ponto esse estresse prejudicará o indivíduo a ponto de desencadear doenças físicas e mentais e qual o tipo de tratamento poderá ser o mais adequado.

c) Pânico: momento de ansiedade extrema em que ocorre um elevado estado de excitação emocional. A pessoa desenvolve crises recorrentes de forte ansiedade ou medo. Essas crises são intensas, repentinas e inesperadas. A pessoa passa a acreditar que possui algum problema físico, procurando ajuda médica, por desencadear sintomas como: dores no peito, no estômago, tonturas, taquicardia e outras.

d) 2ª fase da pesquisa:

a) Processo: o processo judicial movido pela família da farmacêutica contra a Gerente da farmácia teve como base as leis específicas sobre danos morais. A família não autorizou a inclusão do processo judicial anexado ao presente trabalho por motivos pessoais e por estar ainda em andamento. Porém, permitiu a reprodução de trechos do processo.

b) Laudo 1: datado no dia 31/08/2011 diz que a paciente iniciou tratamento especializado na presente data com HD de F44.1 (CID-10), necessitando de afastamento de suas atividades laborativas por 15 (quinze) dias para tratamento de saúde.

c) Laudo 2: datado no dia 12/09/2011 diz que a paciente iniciou tratamento especializado no dia 31/08/2011 com HD de F44.1 (CID-10), sendo medicada com Escitalopram 7,5 mg/dia e Diazepam 10 mg/dia, apresentando resposta parcial até o momento, necessitando afastamento de suas atividades laborais por mais 30 (trinta) dias, para tratamento de saúde.

Na Classificação Internacional de Doenças – CID 10, o código F44.1 significa: Fuga dissociativa - Uma fuga apresenta todas as características de uma amnésia dissociativa: comporta além disto, um deslocamento motivado maior que o raio de deslocamento habitual cotidiano. Embora exista uma amnésia para o período de fuga, o comportamento do sujeito no curso desta última pode parecer perfeitamente normal para observadores desinformados. Na amnésia dissociativa os pensamentos, sensações ou memórias são ocultadas por serem muito chocantes para a mente consciente integrar.

Os laudos médicos fornecidos atestaram as alterações comportamentais adquiridas pela farmacêutica após o estresse sofrido no ambiente de trabalho. Assim como o afastamento de suas funções. Os laudos médicos não estão anexados a este trabalho para preservar a identidade das pessoas envolvidas, a pedido da farmacêutica.

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3ª fase da pesquisa: a) Entrevista com a farmacêutica: disse que

começou a sentir certa rejeição por parte da Gerente, principalmente no que diz respeito a suas características físicas. Havia acabado de iniciar no novo emprego e queria saber sobre a forma de trabalho da farmácia. Eram nesses momentos que a Gerente lhe respondia: “Não estou aqui para ensinar, se vire sozinha!” Quando havia cliente, era sua principal plateia para desmoralizá-la como profissional, colocando em dúvida tudo o que construiu com esforço e dificuldade.

Palavras da farmacêutica: “Com o passar do tempo comecei a sofrer mais pressões e críticas. Não queria ir mais ao trabalho, chorava no caminho e já chegava com dor de cabeça, minha pressão subia e todas as vezes que a Gerente chegava perto de mim, sentia desespero e sabia que alguma crítica seria feita em função das minhas atitudes. Um dia ela me disse que não estava ali para ensinar e que se eu não tivesse capacidade para exercer minhas funções, que eu pedisse demissão, já que eu tinha imagem e atitudes de fracassada.”

A farmacêutica contou que o trabalho ficou cada dia mais penoso e já não havia mais vontade nem de levantar da cama, o percurso entre sua casa e o trabalho era de tensão e nervosismo, seus dias já eram insuportáveis, rezava para acabar logo o horário de trabalho. As críticas sobre a sua forma de atender os clientes, de como se vestir e até mesmo sobre a cor do seu cabelo levaram a farmacêutica a pensar muitas vezes em desistir.

Disse que tinha consciência que tudo que a Gerente da farmácia fazia era para intimidá-la. Sempre falava coisa do tipo: “Você é incompetente e muito burra”. Era assim que ela fazia com que eu me sentisse cada dia pior. Meus colegas de trabalho não podiam fazer nada, tinham medo de perder o emprego, assim como eu, relata a farmacêutica.

b) Entrevista com a psicóloga Maria do Socorro Batista CRP 09/2583: disse que é muito importante a observação do grau que se encontra esse estresse. Quando começa a afetar o sono e a memória, o corpo sempre estará cansado e o desânimo fará parte de seus dias, afetando sua saúde e desempenho profissional e pessoal. Dentro da empresa pode existir vários motivos para esse estresse, como por exemplo: jornada de trabalho exaustiva, cobranças com cumprimentos de metas e produtividade, demissões, relacionamentos interpessoais.

Em relação ao pânico, já considerado resposta em alto nível do estresse em que a pessoa está no limite de suas emoções os cuidados são mais delicados. O pânico é uma doença considerada como sofrimento psíquico. A pessoa reage a este medo com crises que acreditam estar morrendo. Neste momento seu sistema nervoso fica tão abalado a ponto de sentir

que estar tendo um ataque cardíaco. Após a descoberta, o tratamento será com psicólogos e psiquiatras, ou seja, com psicoterapias e medicamentos.

A psicóloga relata que o assédio moral dentro das organizações é uma das causas dessas doenças mentais. As pessoas que passam por problemas mentais, são encaminhadas para psicólogos com o intuito de melhorar, porém o trabalho do profissional da área é tentar achar o problema em que se encontra no momento, ouvir esta pessoa e procurar a causa da sua aflição. São usadas várias técnicas neste processo de tratamento, cabe ao profissional escolher a melhor que se encaixará conforme as necessidades e respostas do paciente.

“Procuramos trazer de volta a personalidade da pessoa, aquela que sempre existiu, mas por um momento adormeceu. Nosso papel é fazer com que ela acorde. Fazer com que ela acredite em suas qualidades, é entender e compreender que existem prioridades em sua vida e que ninguém poderá escolher se não ela mesma.”, disse a psicóloga.

“A psicoterapia é um método que apresenta resultados, dependendo do grau que se encontra o psicológico do indivíduo. É um tratamento baseado em conversas, sem medicamentos. É uma análise da vida particular desta pessoa, onde iremos encontrar todos os desarranjos emocionais e vivenciais que podem estar em momentos críticos. São feitas em seções, não podemos dizer quantas, isso dependerá também do paciente.”, afirmou.

A psicóloga disse que existem casos em que somente o psicólogo não conseguirá o resultado esperado do paciente. Sua resposta ao tratamento será muito vaga. Nesses casos, entrará o psiquiatra. Somente ele poderá receitar medicamentos que poderão auxiliar no tratamento juntamente com as seções psicológicas. Esses medicamentos ajudarão no estado de ansiedade e depressivo, caso a doença já esteja nesse grau.

Quanto aos profissionais que trabalham com pessoas que apresentam este tipo de distúrbio, é necessário um acompanhamento por parte do Gestor de RH. Verificar como anda as relações entre seus colaboradores. O interessante é que se faça reuniões de convivência e esteja presente nas unidades das organizações. O ideal seria que participasse mais do dia a dia dos colaboradores. A observação é muito importante para resolver algo que esteja errado e assim poder resolver no início, antes que se estenda para algo mais grave.

Conclusão:

O objetivo do presente trabalho foi sugerir ações para os Gestores da área de RH diante de um colaborador com alteração comportamental a

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partir do estresse e pânico causados pelo assédio moral. Para isso procuraram-se conceitos sobre assédio moral; estresse; e pânico por meio de pesquisas bibliográficas e documentais, além de entrevistas com a farmacêutica, que segundo ela, sofreu o assédio moral e com profissionais da área de saúde mental.

Na 1ª fase verificou-se que o assédio moral são condutas abusivas e recorrentes que uma pessoa tem para com a outra, deixando-a constrangida, causando-a reações como o estresse e em casos mais elevados o pânico. O estresse é uma reação natural que o corpo tem ao enfrentar situações do dia a dia. O pânico é um nível de ansiedade extrema na qual a pessoa não consegue controlar e ao passar por crises inesperadas, passam a ter a sensação de morte iminente.

Na 2ª fase verificaram-se os acontecimentos sobre assédio moral; estresse; e pânico. No processo judicial movido pela família da farmacêutica contra a gerente da farmácia verificou-se que se baseou nas leis sobre danos morais e que ainda está em andamento, mas não foi possível o acesso ao documento físico, apenas informações fornecidas pela farmacêutica. Nos laudos médicos da farmacêutica verificou-se a sua alteração comportamental após ter sofrido o suposto assédio moral.

Na 3ª fase verificaram-se atitudes características de assédio moral da Gerente da farmácia para com a farmacêutica. Nessa entrevista, a farmacêutica relatou como era tratada pela Gerente da farmácia na presença de clientes e colegas de trabalho. Na entrevista com profissionais da área de saúde mental verificou-se através do seu ponto de vista clínico, como acontece o estresse e o pânico e suas consequências e uma pessoa que sofreu o assédio moral. Assim como sugestões de ações preventivas para o Gestor de RH lidar esse tipo de situação.

Tendo em vista o que foi exposto neste trabalho sugere-se aos Gestores da área de RH as seguintes ações:

a) Participar de cursos de desenvolvimento gerencial para proporcionar o aprimoramento das habilidades técnicas, conceituais e humanas, o aperfeiçoamento de atitudes gerenciais (chefia, liderança, delegação, motivação, comunicação etc.)

b) Sempre que possível, participar do dia a dia dos colaboradores;

c) Convidar os colaboradores para conversas particulares, deixando-os a vontade para expressarem sua insatisfação;

d) Avaliar o grau de satisfação entre seus colaboradores;

e) Deixar claro para os colaboradores que o RH da empresa está de portas abertas para ouvir seus colaboradores; e

f) Que profissionais capacitados realizem as entrevistas com os colaboradores, pois existem pessoas que possuem um alto poder de convencimento e se essas entrevistas não forem feitas por profissionais, o comportamento alterado pode não ser percebido.

O Setor de Recursos Humanos é responsável pela saúde da empresa, portanto não poderá deixar que doenças organizacionais se instalem dentro dela. Faça com que sua empresa se preocupe com a qualidade de vida de seus colaboradores, desse modo a produtividade será maior. Lembrando que a saúde dos seus colaboradores influencia no sucesso da sua empresa.

Agradecimentos: Agradeço primeiramente a Deus, ao meu orientador Luiz Augusto pelo empenho, dedicação e disponibilidade em ajudar na preparação do trabalho, aos professores que ao longo do curso me transmitiram seus conhecimentos, a minha família por me ajudar com palavras de conforto e a todos que ajudaram direto ou indiretamente e de alguma forma contribuíram para que este trabalho se tornasse realidade. A todos meu muito obrigada!!! Francisca Leonildes de Santana Rodrigues Primeiramente a DEUS pela saúde, pela vida e pelos dons a mim concebidos, ao meu orientador Luiz Augusto, pela dedicação e empenho, aos professores que passaram pela minha vida com seus ensinamentos e experiências para o enriquecimento da minha formação acadêmica, aos meus avós, que tanto rezaram pelas realizações dos meus sonhos, a minha mãe, pelo amor que sempre dedicastes a mim, ao meu pai, pela preocupação com minha saúde, aos meus tios, tias, primos, primas, comadres e compadres que sempre tinham uma palavra de conforto e ânimo, aos meus afilhados que tanto amo, que me consideram uma segunda mãe e me enchem de beijos, aos meus irmãos e irmãs, que me doaram todo o amor que necessitei e ainda necessito, aos meus sobrinhos, razão das minhas alegrias, ao meu marido Leandro, por entender os momentos de distância, preocupações com as responsabilidades acadêmicas e pelo companheirismo nas horas mais difíceis da minha vida, por cuidar de mim com amor e dedicação, a minha filha Lyandra que é a razão pela qual me esforço em querer sempre crescer e evoluir, não somente como profissional, mas como ser humano e por me fazer experimentar um amor incondicional e a todos que fizeram parte desta conquista, direta ou indiretamente. O meu muito obrigada! Geysanna Brito de Sá

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Referências:

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