condiÇÕes de vida, educaÇÃo ambiental e … · 2orientador e professor do departamento de...

20
15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 1/20 ISSN 1678-0701 Número 51, Ano XIII . Março/2015. Números anteriores ... Início Cadastre-se! Procurar Submeter artigo Contato Apresentação Artigos Dicas e Curiosidades Reflexão Textos de sensibilização Dinâmicas Entrevistas Saber do Fazer Culinária Divulgação de Eventos O que fazer para melhorar o meio ambiente Sugestões bibliográficas Educação Você sabia que... Plantas medicinais Folclore Colaboradores antigos Sementes Relatos de Experiências Artigos 12/03/2015 CONDIÇÕES DE VIDA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE Com base na legislação e reflexões teóricas publicadas sobre a relação sociedade-conservação de recursos ambientais em unidades de conservação, particularmente, em Áreas de Proteção Ambiental (APA). CONDIÇÕES DE VIDA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE Fábio dos Santos Massena 1 , Salvador Dal Pozzo Trevisan 2 , Christiana Cabicieri Profice 3 1 Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). E-mail: [email protected] 2 Orientador e professor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da UESC. Email: [email protected] 3 Co-orientadora e professora do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESC. Email: [email protected] RESUMO Com base na legislação nacional e em reflexões teóricas publicadas sobre a relação sociedade-conservação de recursos ambientais em unidades de conservação, particularmente, em Áreas de Proteção Ambiental (APA), assim como em observações de campo, busca-se, neste artigo, estabelecer vínculos ou vislumbrar as distâncias que persistem entre a teoria/o discurso e a prática sobre o assunto. Resultante dessas relações traz-se uma caracterização de como se encontram as condições de vida e a relação com o ambiente das comunidades do Retiro e da Tibina, situadas na APA da Lagoa Encantada e Rio Almada, localizadas no município de Ilhéus, BA. A partir deste diagnóstico apresenta-se uma análise sob o olhar da Educação Ambiental. Os dados foram coletados através de um questionário e de observação in loco, que possibilitaram o desenvolvimento descritivo e analítico desta pesquisa. O fato das comunidades estarem inseridas em uma Unidade de Conservação não tem afetado a forma como os indivíduos interagem com o ambiente. A falta de informação, de orientação, de projetos ou programas de educação ambiental podem ser fatores geradores desta situação. Para que os aspectos teóricos e ideais sejam colocados em prática a realização de propostas e ações de sensibilização para uma mudança de valores éticos e morais frente aos problemas socioeconômicos e ambientais.

Upload: vuanh

Post on 08-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 1/20

ISSN 1678-0701

Número 51, AnoXIII.Março/2015.

Números anteriores

...

Início Cadastre-se! Procurar Submeter artigo

Contato Apresentação Artigos Dicas e Curiosidades Reflexão Textos

de sensibilização Dinâmicas Entrev istas Saber do Fazer Culinária Div ulgação de Ev entos O que fazer para melhorar o meio ambiente Sugestões bibliográficas Educação Você sabia que... Plantas medicinais Folclore Colaboradores antigos Sementes Relatos de Experiências

Artigos

12/03/2015

CONDIÇÕES DE VIDA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESUSTENTABILIDADECom base na legislação e reflexões teóricas publicadas sobre a relação sociedade-conservação de recursos ambientais em

unidades de conservação, particularmente, em Áreas de Proteção Ambiental (APA).

CONDIÇÕES DE VIDA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

Fábio dos Santos Massena1, Salvador Dal Pozzo Trevisan2, Christiana Cabicieri

Profice3 1Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de SantaCruz (UESC). E-mail: [email protected] e professor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da UESC.Email: [email protected] e professora do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESC.Email: [email protected]

RESUMO

Com base na legislação nacional e em reflexões teóricas publicadas sobre a relaçãosociedade-conservação de recursos ambientais em unidades de conservação,particularmente, em Áreas de Proteção Ambiental (APA), assim como emobservações de campo, busca-se, neste artigo, estabelecer vínculos ou vislumbrar asdistâncias que persistem entre a teoria/o discurso e a prática sobre o assunto.Resultante dessas relações traz-se uma caracterização de como se encontram ascondições de vida e a relação com o ambiente das comunidades do Retiro e daTibina, situadas na APA da Lagoa Encantada e Rio Almada, localizadas no municípiode Ilhéus, BA. A partir deste diagnóstico apresenta-se uma análise sob o olhar daEducação Ambiental. Os dados foram coletados através de um questionário e deobservação in loco, que possibilitaram o desenvolvimento descritivo e analítico destapesquisa. O fato das comunidades estarem inseridas em uma Unidade deConservação não tem afetado a forma como os indivíduos interagem com o ambiente.A falta de informação, de orientação, de projetos ou programas de educação ambientalpodem ser fatores geradores desta situação. Para que os aspectos teóricos e ideaissejam colocados em prática a realização de propostas e ações de sensibilização parauma mudança de valores éticos e morais frente aos problemas socioeconômicos eambientais.

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 2/20

Palavras-chave: Área de Proteção Ambiental, Qualidade de Vida, Comunidades

Rurais.

ABSTRACT

Based on national legislation and in theoretical reflections published on the society-conserving environmental resources in conservation units, particularly in EnvironmentalProtection Areas (APA), as well as in field observations , search, in this article, establishties or glimpse the distances that exist between the theory/discourse and practice on thesubject. Resulting from these relations brings a characterization of how are theconditions of life and the relationship with the environment of the communities of theRetiro and Tibina, situated in the APA of "Lagoa Encantada" and "Rio Almada",located in Ilheus, BA. From this diagnosis presents an analysis under the gaze ofEnvironmental Education. The data were collected through a questionnaire andobservation spot, which enabled the development descriptive and analytical research.The fact that the communities are inserted in a Conservation Unit has not affected theway in which individuals interact with the environment. The lack of information, guidanceand projects or programs of environmental education can be factors generating thissituation.For the theoretical aspects and ideals are put into practice the realizationof proposals and awareness-raising for a change of ethical and moral values across thesocioeconomic and environmental problems. Keywords: Environmental Protection Area, Quality of Life, Rural Communities.

1 Introdução

Problemas ambientais e sociais, crises econômicas e políticas, são cada vez

mais divulgados e popularizados, pelas diversas mídias disponíveis. Esses problemas

afetam a qualidade de vida de diversas populações, tanto no Brasil quanto no mundo.

“As pressões diárias das dinâmicas urbanas e rurais colocam em questão o atual

estado de desenvolvimento psicossocial das pessoas que nelas vivem e seus

desdobramentos aos próprios limites naturais que as subsidiam” (PASSIG, 2011, p.7).

É nessa relação com o ambiente que o ser humano se desenvolve,

estabelecendo conexões de interdependência, que afetam sua vida cotidiana bem

como resultam em alterações no próprio ambiente (FERNANDES, 2002).

Embora seja um equívoco estabelecer uma relação de causalidade entre

conservação do meio ambiente e pobreza, inúmeros estudos destacam a importância

de se ultrapassar a fantasia da conservação desvinculada das condições de vida das

populações humanas que vivem nessas áreas ou no seu entorno (SANTOS, 2004;

ROMÃO et al. 2005; SCHERL et al.,2006; SACHS, 2008; entre outros). Neste sentido,

a redução da pobreza das comunidades localizadas nas áreas de proteção ambiental,

embora esta não seja uma função expressamente prevista na Lei é um mecanismo que

pode trazer importantes contribuições para a conservação dos recursos ambientais

dessas unidades.

Estudos desenvolvidos por The World Conservation Union (Apud SCHERLS et al.,

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 3/20

2006) ressaltam a importância em se estabelecer uma relação entre criação e gestão

dessas áreas com a pobreza em países em desenvolvimento. Por questões práticas,

uma vez que as populações mais pobres, inseridas nestas áreas, estabelecem um

grau de maior dependência com a terra, o que deve ser levado em consideração na

gestão desses locais. Também por uma questão ética, pois não se pode falar em

justiça social se as aspirações e os direitos daquelas comunidades, não forem

incorporados nas estratégias de conservação. É a partir desta perspectiva que a

educação ambiental se enuncia como uma estratégia de gestão de territórios,

atualizando junto à comunidade seus riscos e oportunidades, integrando-as de fato à

iniciativa de proteção e manejo de seus recursos.De acordo com as recomendações

da International Union for Conservation of Nature (IUCN), no seu V Congresso Mundial

de Parques, “as áreas protegidas não devem ser concebidas como ilhas de

conservação isoladas do contexto social, cultural e econômico na qual estão inseridas”

(SCHERL et al., 2006).

Com base na legislação nacional e em reflexões teóricas publicadas sobre a

relação sociedade-conservação de recursos ambientais em unidades de conservação,

particularmente, em Áreas de Proteção Ambiental (APA), assim como em

observações de campo, busca-se, neste artigo, estabelecer vínculos ou vislumbrar as

distâncias que persistem entre a teoria/o discurso e a prática sobre o assunto.

Resultante dessas relações traz-se uma caracterização de como se encontram as

condições de vida e a relação com o ambiente das comunidades do Retiro e da

Tibina, situadas na APA da Lagoa Encantada e Rio Almada, localizadas no município

de Ilhéus, BA. A partir deste diagnóstico apresenta-se uma análise sob o olhar da

Educação Ambiental.

Para a coleta de dados ocorreu através da aplicação de um questionário e de

observação in loco, que possibilitaram o desenvolvimento dos aspectos descritivos e

analíticos deste estudo.

2 Áreas de Proteção Ambiental e sua função socioambiental

A lei 9985/00 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC) estabelece que as unidades de conservação, criadas pelo Poder Público, são

territórios com limites definidos, compostos por recursos naturais especiais e tem o

objetivo primordial de conservá-los. Outros instrumentos legais como o Novo Código

Florestal (Lei 12651/651) que revoga as Leis 4.771/65, 7.754/89 e a Medida

Provisória 2.166/67, de 24 de agosto de 2001, que altera ainda a Política Nacional de

Meio Ambiente (Lei 6.938/81), o próprio SNUC (Lei 9.393/96) e a Lei da Mata

Atlântica (Lei 11.428/06), também dão atenção especial à conservação e preservação

dos recursos naturais.

Estes e outros documentos corroboram a ideia controversa da atenção especial

aos recursos naturais, muitas vezes, sem considerar a realidade das pessoas e grupos

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 4/20

humanos que vivem no local. Controversa, pois a preocupação com os recursos

naturais é, muitas vezes, objeto apenas de leis e discursos, porém, muitas vezes, estas

proposições teóricas não são colocadas em prática.

Evidentemente que a proteção dos recursos naturais é de fundamental

importância para a manutenção de todos os sistemas ambientais do planeta, porém,

pensar na conservação ambiental sem considerar o homem é, a nosso ver, uma

escolha equivocada de planejamento e consequentemente de gestão.

A Agenda 21[1]

, em seu terceiro capítulo, destaca que “uma política de meio

ambiente voltada sobretudo para a conservação e a proteção dos recursos deve

considerar devidamente aqueles que dependem dos recursos para sua sobrevivência,

ademais de gerenciar os recursos de forma sustentável” (CONFERÊNCIA DAS

NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE, 1997, p. 31).

As APAs, que estão inseridas no Grupo de Unidades de Conservação de Uso

Sustentável pelo SNUC, são áreas geralmente extensas com características naturais,

paisagísticas e culturais especiais (BRASIL, 2000). Para o Ministério do Meio

Ambiente, considerar essas características é de fundamental importância quando se

trata da manutenção da qualidade de vida e bem-estar das comunidades nela

inseridas. Além disso, devem primar pela proteção da biodiversidade, pelo

ordenamento do uso do solo e pela sustentabilidade dos recursos naturais (MMA,

2014).

Scherl et al (2006) ressaltam que avaliar a relação entre criação e gestão de

áreas protegidas com a pobreza é algo de fundamental importância, principalmente em

países em desenvolvimento, tanto por questões práticas quanto por questões éticas.

Os autores referem-se aos aspectos práticos, em função do alto grau de dependência

que as populações mais pobres estabelecem com a terra nestas áreas e aos aspectos

éticos devido à necessidade de se considerar as aspirações e os direitos daquelas

comunidades nas estratégias de conservação.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente

(1997) dá ênfase a essa mesma linha de pensamento, quando reconhece e

recomenda que planos estratégicos voltados para a redução da pobreza devem ser

traçados, uma vez que é um fator determinante para o alcance do desenvolvimento

sustentável.

A pobreza é considerada não apenas em casos onde há insuficiência de renda,

pois fatores como más condições de educação e saúde, a falta de acesso a ambas,

restrição do uso e disponibilidade a comunicação, a ausência de confiança e

autorrespeito e o exercício da cidadania devem ser inseridos quando se pretende

conceituar e/ou pesquisar parâmetros referentes à pobreza (SALAMA e

DESTREMAU, 2001 e SEN, 2000; 2001). A percepção sobre pobreza é algo bastante

particular e poderá variar de acordo com cada indivíduo ou grupo humano, ou seja, não

se pode simplificar ou classificar uma determinada pessoa ou grupo como em certa

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 5/20

escala de pobreza, apenas pela sua capacidade de consumo.

Scherl et al (2006, p. 15) ressaltam que a concepção de pobreza “é uma

condição multifacetada envolvendo diversas, e normalmente interconectadas,

dimensões econômicas e sociais”. Por isto, a falta de estratégias e ações que levem

estes aspectos em consideração, principalmente em comunidades inseridas em áreas

protegidas, poderá ameaçar a própria conservação dos recursos naturais, que é o

objetivo principal das APAs e de outras Unidades de Conservação. McNeely (1992)

ressalta que as populações locais devem ser inseridas tanto no processo de

planejamento e gestão das áreas protegidas quanto nos benefícios gerados por esta

relação.

Phillips (2003) destaca que existe uma evolução nos planos de criação e gestão

nas categorias de áreas protegidas, onde a responsabilidade dessas áreas,

perspectivas e necessidades das populações locais estão sendo levadas em

consideração. Esse envolvimento das comunidades locais na gestão de áreas

protegidas, já vem acontecendo e é fortemente incentivado em diversos países do

mundo (WESTERN e WRIGHT, 1994; HULME e MURPHREE, 2001).

Diversos são os estudos, documentos e relatórios que recomendam e ressaltam

a importância de inserir as comunidades locais no planejamento e gestão das áreas

protegidas, bem como de estender a elas os seus benefícios (McNEELY e MILLER,

1984; WESTERN e WRIGHT, 1994; HULME e MURPHREE, 2001; PHILLIPS, 2003).

No IV Congresso Mundial de Parques (Declaração de Caracas) foi unânime o

reconhecimento de que a gestão de áreas protegidas deve ser realizada considerando

as necessidades e preocupações das comunidades locais (McNEELY, 1993).

O Plano de Ação de Caracas fortalece esse argumento quando reconhece em

suas recomendações que os interesses das comunidades locais devem ser levados

em consideração, principalmente daquelas inseridas em áreas protegidas. Dentre

estas orientações, ressaltam que os governantes devem garantir que os processos de

planejamento de áreas protegidas, estejam integrados com as propostas de

desenvolvimento sustentável das economias e culturas locais, bem como utilizem e

aumentem “os conhecimentos locais e mecanismos de tomada de decisão [...] e

encontrem formas inovadoras e efetivas de incluir as áreas protegidas nas estratégias

de desenvolvimento sustentável e redução da pobreza” (SCHERL et al, 2006, p. 5).

Em meio a esta discussão, surgem os seguintes questionamentos: O que se

endente por sustentabilidade ambiental? Como tornar a sustentabilidade ambiental um

conceito relevante para as comunidades inseridas em APAs?

Entendendo que as discussões avançam para a necessidade de entendimento

da interconexão entre os elementos que compõem o ambiente, cabendo um destaque

para colocação feita por Behrens (1999), quando diz que pensar ciência enquanto

paradigma quântico, é reconhecer a total interdependência entre todos os seres.

Assim, a forma como o indivíduo se comporta e consequentemente interage com o

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 6/20

ambiente, são fatores importantes e determinantes na construção da realidade

estudada. Este novo paradigma de sustentabilidade deve primar pelo coletivo e não

pelo individual, levando a construções sociais sólidas e responsáveis (TRISTÃO, 2010;

BOSSEL, 1999). Faz-se necessário uma ruptura com os padrões de desenvolvimento

atual, para que seja possível priorizar o equilíbrio ambiental, a qualidade de vida e a

justiça social. Esta interação sociedade/natureza, só será possível com a valorização

dos saberes locais, da participação social e do respeito aos valores éticos em todos

os sentidos e por todos (JACOBI, 2003; RUSCHEINSKY, 2010). As colocações de

Max-Neef, Elizalde e Hopenhayn (2010) tornam-se pertinentes para este estudo uma

vez que destacam que, não se pode pensar em sustentabilidade ambiental, sem que

haja melhoria da qualidade de vida dos indivíduos em todos os seus aspectos.

Partindo dessas premissas, adota-se para esta pesquisa a concepção de

comunidades sustentáveis estabelecida por Egan (2004), que a concebe a partir de

sete dimensões que foram adaptadas em três, da seguinte forma: Dimensão

Econômica (disponibilidade de empregos, trabalho e renda para todos; possibilidades

de incremento na produção, no comércio e nos serviços locais; disponibilidade de

serviços bancários, empréstimos, financiamentos, comércio em geral (farmácias,

mercados, mercearias, padarias etc); condições do transporte público, das vias de

acesso, dos meios de comunicação); Dimensão Social (senso de identidade da

comunidade e de pertencimento local; Comportamento amigável e cooperativo entre

vizinhos; baixos níveis de crime e comportamento antissocial com policiamento visível,

eficaz; todas as pessoas com oportunidades de vida semelhantes; disponibilidade e

oportunidade de serviços de saúde pública, recreação e lazer, educação formal,

serviços sociais, esportes e habitação para todos; sistemas de governo responsáveis

que permitam a participação ativa e eficaz dos indivíduos e organizações; liderança e

parcerias que levem a uma comunidade forte e informada; um senso de valores cívicos,

responsabilidade e orgulho local); Dimensão Ambiental (espaços públicos e verdes

bem conservados e acessível para todos; alta qualidade do ambiente construído;

eficiência energética, do uso da terra, dos recursos hídricos e minimização de resíduos

visando a mitigação dos impactos negativos e aumento dos positivos).

O nosso segundo questionamento, o de como tornar a noção de

sustentabilidade relevante para as comunidades orientando suas concepções e

práticas referentes aos recursos do território, será abordado ao longo de nossa

discussão sobre os desafios que se colocam para a educação ambiental.

3 Percepção como uma dimensão primordial de sustentabilidade

Sobre a percepção e compreensão da realidade, Siqueira e Osório (2001),

descrevem que a compreensão do mundo a nossa volta é determinada pela percepção

que temos dele. Além disso, afirmam que somente percebê-lo não é suficiente, ações

sobre ele são necessárias. Por fim, destacam que o nosso sistema nervoso central se

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 7/20

desenvolveu, em sua maior parte, interagindo com o ambiente e através das interações

socioculturais nele estabelecidas. Portanto, percepção e ação se encontram

intimamente vinculadas não sendo possível tratar de uma sem abordar a outra.

Vasco e Zakrzevski (2010) ressaltam que a forma como cada indivíduo irá

perceber, reagir e responder as alterações sobre o local em que vivem é particular,

pois a percepção é um processo psicológico complexo, que sofre influências culturais

que irão moldar a história de cada pessoa e serão responsáveis pelas expectativas

construídas por cada um. Contudo, isso não significa que a percepção seja um

processo exclusivamente individual, há uma dimensão social que faz com que as

pessoas percebam e ajam de forma semelhante em um mesmo ambiente. Estas

mesmas autoras destacam ainda que “estudos da percepção ambiental são de

fundamental importância para compreender as inter-relações entre o homem e o

ambiente, suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e

condutas em relação ao espaço onde está inserido” (p. 18). Conhecer essa inter-

relação possibilita que estratégias para a resolução de problemas socioambientais

sejam implantadas e implementadas com maior potencial de eficiência e sucesso.

Ainda tomando como referência o estudo de Vasco e Zakrzevski (2010),

corroboramos a ideia de que a forma como o indivíduo sente e percebe os estímulos

irá variar em função da sua história de vida, que é construída nas relações sociais por

ele estabelecidas. As mudanças ambientais, segundo Harris (1979) e Laraia (2007),

irão resultar em mudanças comportamentais, assim como os atributos da linguagem,

dos valores e do comportamento são dependentes do ambiente, sendo ele um

produtor de cultura.

Importante destacar as colocações de Loureiro (2007) quando ressalta a

premência de se enfatizar uma educação voltada para construção de valores e práticas

mais sustentáveis, considerando a integridade ambiental, a viabilidade econômica e a

justiça social. Esta abordagem educacional possibilitará o entendimento da

complexidade e das inter-relações de problemas relacionados à pobreza, degradação

dos recursos naturais, violação dos direitos humanos entre outros aspectos que

ameaçam o futuro de todos.

Nasce desse contexto a necessidade de dar ênfase a uma perspectiva

psicológica quando se discute sustentabilidade de comunidades, uma vez que cada

grupo humano é único, assim como cada indivíduo que o compõe. Mendes (2009)

considerara esse aspecto como uma Dimensão Psicológica, que deve compor as

dimensões de sustentabilidade.

Esta dimensão é descrita por Mendes (2009) como aquela que leva em

consideração as emoções do indivíduo, indo além do aspecto social, pois é particular

e pode ser determinante entender a forma com que a pessoa se identifica no espaço e

no tempo. A percepção tem um papel preponderante para a consolidação dessa

proposta, pois é através dela que as interações ocorrerão, como já foi descrito.

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 8/20

Estudos dessa natureza podem ser verificados em Kuhnen (2009), que discutiu

a inter-relação entre os contextos ambientais, políticos, sociais, econômicos, culturais,

institucionais e os conhecimentos psicológicos, sociais e físicos com foco na

sustentabilidade, riscos e vulnerabilidade ambiental.

A dinamicidade que existe entre homem e ambiente é explicada quando “os

indivíduos agem sobre o ambiente (por exemplo, construindo-o), mas esse ambiente,

por seu turno, modifica e influencia as condutas humanas. Logo, não estamos

estudando nem o indivíduo per se, nem o ambiente per se” (MOSER, 1998, p. 122).

Quando se trata desta relação, o espaço físico e a dimensão temporal devem ser

considerados, por terem relevância e por serem importantes para o estudo das

percepções ambientais.

A forma como o indivíduo projeta seu futuro e entende e reconhece sua história,

são componentes importantes quando se discute a dimensão temporal, pois é através

disso que ele constrói sua identidade local, que também irá influenciar em todo o

contexto que será estabelecido na relação do homem com o ambiente.

Wiesenfeld (2005) e Moser (2003) entre outros, enfatizam essa questão,

ressaltando a importância de se conceber o desenvolvimento sustentável a partir das

percepções dos indivíduos em relação ao ambiente e entre si, considerando suas

emoções, aspirações, desejos, visões de mundo, perspectivas de vida, que entre

outros fatores, moldam seu comportamento e que influenciam toda a relação sistêmica

homem/ambiente.

O desenvolvimento sustentável poderia vir a ser uma referência,desde que servisse para construir novas formas de relação entre osseres humanos e desses com o ambiente. [...] o grande paradoxo dodesenvolvimento sustentável é manter a sustentabilidade, uma noçãodas ciências da natureza, com o permanente avanço na produçãoexigida pelo desenvolvimento, cuja matriz está na sociedade(RIBEIRO, 2001 apud PAULISTA, VARVAKIS e MONTIBELLER-FILHO, 2008, p. 192).

Essa relação paradoxal é a responsável pela discussão em debate. Portanto,

conhecer/identificar como o indivíduo percebe seu ambiente, como o avalia, como se

sente em relação a ele, é fator preponderante para o estudo e implica levar em

consideração os comportamentos associados a esta inter-relação, bem como

considerar as inúmeras combinações entre fatores que podem existir (bem-estar,

qualidade de vida etc), que são específicas para cada indivíduo e ou família (MOSER,

2003).

Segundo Moser (2003), não há desenvolvimento sustentável sem que as

necessidades do indivíduo sejam satisfeitas, ou seja, deve haver congruências entre

sustentabilidade e qualidade de vida e bem estar das pessoas.

A discussão sobre este tema, está fundamentada no entendimento de que

comunidades sustentáveis são construídas a partir da forma com que os indivíduos que

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 9/20

nela residem, sentem, percebem e consequentemente inter-relacionam-se com aquele

ambiente. Sendo assim, documentos, leis, e quaisquer outras diretrizes só terão

eficiência quando os grupos humanos ao qual foram dirigidos estiverem sensíveis ao

que se propõe e entenderem que fazem parte de toda a dinâmica do sistema.

4 Material e Métodos

O Município de Ilhéus, localizado ao Sul da Bahia e a 456 km da Capital

Salvador, possui uma área territorial de 1.760,111 Km2, 94 estabelecimentos de

Saúde (SUS) para uma população de residente de 184.236 pessoas, sendo 89.440

homens e 94.796 mulheres, do total 146.114 são alfabetizadas. O valor médio de

rendimento per capita dos domicílios particulares da área rural é de 246,25 reais

(1.104,83 reais por situação domiciliar) e do meio urbano de 400,00 reais (2.081,58

reais por situação domiciliar) (IBGE, 2010).

No dia 14 de julho de 1993 foi formalizada a criação da Unidade de

Conservação na categoria de Área de Proteção Ambiental (APA), denominada APA

da Lagoa Encantada e Rio Almada, através do Decreto n° 2.217/93. Além da lagoa,

sua poligonal abrangia os povoados de Castelo Novo, Juerana, Areias, Sambaituba,

Urucutuca e Aritaguá, todos pertencentes ao município de Ilhéus. Em função dos

aspectos geográficos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos e climáticos, a APA

possui um aspecto sui generis apresentando em um único espaço uma grande

quantidade de ecossistemas com alta diversidade, que são o centro dos debates em

torno da crise ambiental, por serem proporcionalmente frágeis (V&S, 1996).

Supõe-se que as comunidades inseridas no contexto da APA, deveriam possuir

em sua essência (principalmente por orientações e intervenções do poder público, que

estabeleceu essas áreas) a proposta de sustentabilidade, na sua perspectiva mais

ampla, aliando conservação do ambiente, justiça social, equilíbrio econômico e

respeito a cultura dos povos locais. Sendo assim, este estudo, que se propõe a ser

descritivo e analítico, envolveu as comunidades do Retiro e da Tibina, pertencentes ao

Distrito de Aritaguá, do município de Ilhéus – Bahia - Brasil. Povoados com

características muito singulares, se comparados às demais comunidades pertencentes

ao mesmo Distrito.

Retiro e Tibina, que são compostas por 162 domicílios e um contingente

populacional de 571 pessoas, possuem um acesso restrito ao centro urbano e a

influência externa do que se refere aos aspectos social, político, ambiental, cultural

entre outras é de baixa intensidade. Não há evidências de fluxo turístico, muito menos

industrial de grande porte em nenhuma delas. Nas duas comunidades selecionadas,

seus moradores se autoclassificam como pertencentes a uma comunidade rural. Em

função do número de domicílios[2]

identificados e do entendimento de que a opção por

levantamento populacional e não por amostra traria maior precisão ao estudo, em

ambos os povoados optou-se pelo N Total. Assim, o questionário foi aplicado a 162

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 10/20

pessoas maiores de 18 anos, sento 66% do gênero feminino e 34% do masculino.

Cada aplicação levou em média 20 minutos.

A coleta de dados[3]

foi realizada através de um questionário e de observações

in loco, o que possibilitou desenvolver os aspectos descritivos deste estudo. Os dados

que são apresentados por meio de escala, possuem valores crescentes que vão de 0

a 4. Proposição alicerçada no trabalho de Likert, Roslow e Murphy, conhecida como

Escala de Likert, que é recomendada por White, et al (2005). Os valores foram

definidos da seguinte forma: o zero (0) representou o nível menos aceitável, ou seja, de

total insatisfação ou discordância e o quatro (4) representou o mais aceitável, ou seja,

de total satisfação ou concordância. Aqueles contidos entre zero e quatro foram

apresentados como: insatisfação ou discordância (1), média satisfação ou

concordância (2) e satisfação ou concordância (3).

Os autores acima mencionados referem-se principalmente ao uso de um

número ímpar de escalas. Neste estudo optou-se pelo intervalo de 0 a 4 e não de 1 a 5

ou qualquer outro intervalo, porque na realização do pré-teste, verificou-se que alguns

indivíduos sentiam-se contrariados ou insatisfeitos em ter que pontuar como 1 (um),

uma determinada situação que, na sua opinião, era totalmente ruim, ou seja, o número

um (1) ainda representava alguma coisa e o zero (0), para ele não significava nada, o

que refletiria melhor sua resposta/opinião.

5 Condições de vida das comunidades rurais inseridas em APA

Os dados discutidos a seguir, têm como base, além dos aspectos teóricos já

apresentados, a concepção de Comunidade Sustentável estabelecida por Egan

(2004), com as devidas adaptações.

Pesquisas realizadas em órgãos Municipais, Estaduais e Federais

demonstraram que inexistem informações referentes às comunidades estudadas,

portanto, todos os dados apresentados são resultado desta pesquisa.

Percebe-se que as casas construídas no povoado possuem características

diversas, tanto em relação ao tipo de material utilizado quanto ao tamanho. Quanto à

matéria prima utilizada, verifica-se o uso de madeira, alvenaria e até mesmo de pau a

pique. Referente ao tamanho dos domicílios é possível encontrar casas que possuem

desde um cômodo apenas até domicílios com mais de 3 quartos, mas todos com

características bastante simples.

Inexiste qualquer tipo de unidade de saúde, fazendo com que as demandas

neste sentido exijam um deslocamento ao centro urbano, uma vez que na Ponta da

Tulha, local mais próximo que dispõe de um Posto de Saúde, a presença de médico é

rara e imprevisível. Não há um local de recreação e encontro dos moradores (com

exceção dos templos religiosos).

Quando se faz referência ao consumo de produtos por parte da comunidade, é

importante destacar que no povoado não há estabelecimentos comerciais como

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 11/20

mercados, farmácias, padarias ou mercearias. Observam-se apenas alguns bares que

suprem necessidades mínimas da comunidade. Além disso, não existe nenhuma

unidade de policiamento ou qualquer outro tipo de serviço que seja oferecido ou

disponibilizado para a comunidade, além de uma unidade escolar que é gerida pelo

município.

Referente à unidade escolar as comunidades possuem “salas Isoladas” de

Educação Infantil e Ensino Fundamental nas séries iniciais, que pertencem à Escola

Sede de Aritaguá II, localizada na Ponta da Tulha. A denominação “sala isolada” é

assim definida, pois são pequenas unidades escolares pertencentes a escolas

matrizes, mas apesar do nome, são estruturalmente compostas por duas salas, dois

banheiros, uma cozinha e um local que serve como biblioteca, sala de professores

entre outras funções.

A aparente proximidade que as comunidades possuem do centro urbano de

Ilhéus (em média 35 quilômetros, sendo 7 de uma estrada de terra), apresenta

estradas em condições precárias, que raramente recebem manutenção. Na maioria

das vezes, os trechos mais críticos são recuperados pelos próprios moradores. Esta

precariedade transforma o acesso a estas comunidades uma tarefa demorada e, a

depender das condições climáticas, uma missão quase impossível, experiência

vivenciada na ocasião de coleta de dados desta pesquisa. Por ser a principal via que a

comunidade possui para acessar outras localidades, inclusive o centro urbano de

Ilhéus, gera uma forte dependência quanto a sua acessibilidade, ou seja, se a estrada

está inacessível, o morador não consegue sair ou entrar na comunidade,

características essas que refletem na forma com que os moradores a qualificam,

gerando um índice de percepção de 0,43, que de acordo com a escala adotada e se

avaliada isoladamente, expressa a total insatisfação dos locais.

Aliado às condições ruins da estrada, o povoado conta com apenas três

horários de transporte coletivo, distribuídos da seguinte forma: um pela manhã, um no

início da tarde e outro ao final da tarde. O nível de 1,18 representa a insatisfação dos

moradores quanto à disponibilidade deste serviço.

Foi possível identificar a existência de Associações de Moradores,

reconhecidas por alguns dos entrevistados como representantes de seus anseios e

necessidades. Porém o índice de participação é muito pequeno, ou seja, apenas

18,5% dos indivíduos participam.

Com relação à fonte de renda, o resultado que merece destaque é a

multiplicidade de atividades desenvolvidas pelos moradores, não havendo uma

predominância de agricultores, o que era de se esperar em um contexto rural. Apenas

14% possuem algum vínculo com a agricultura; mais de 23% são aposentados; 4,3%

são assalariados; 9,3% não possuem um emprego fixo, realizando prestações de

serviços diversos; 3,1 % tem atividades no comércio; 19,8% tem como única fonte de

renda o Bolsa Família; 2,5% são pescadores e os demais não possuem qualquer tipo

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 12/20

de renda. Esta realidade vem corroborar as colocações de Abramovay (2000), quando

ressalta que são fortes as evidências de uma multiplicidade de atividades econômicas

desenvolvidas no meio rural, que não estão necessariamente vinculadas à agricultura.

Bispo; Mendes (2012), Oliveira; Mendes (2012) e Wanderley (2001), entendem

que a complexidade do rural, vai além da compreensão dos aspectos econômico,

político e urbanístico, ou seja, deve-se levar em conta o modo de vida, as

representações sociais e os aspectos culturais de cada espaço. Abramovay (2000)

coloca ainda que uma comunidade rural não é definida necessariamente pela sua

atividade produtiva, até mesmo porque, apesar da oportunidade de emprego e renda

que são geradas pelas atividades agrícolas nas comunidades rurais, existem fortes

evidências de que nestes locais sejam realizadas diversas atividades econômicas, não

necessariamente voltadas para o uso da terra.

Os aspectos acima descritos poderão facilitar a compreensão dos dados

apresentados a seguir, pois a criação de animais praticamente inexiste nas

comunidades, seja para consumo ou para a venda, chegando a apenas 2% do total de

domicílios. Apesar de existir espaço disponível para criação de animais, mesmo que

reduzido em algumas situações, não foi possível perceber um desejo por parte dos

indivíduos em dar início a este tipo de prática.

Das culturas produzidas nas comunidades a mandioca é a que predomina. Esta

predominância pode ser percebida em um primeiro contato na área, pois está

presente em diversas residências. A respeito do tamanho dos imóveis, a peculiaridade

dos locais é que não existem grandes áreas produtivas, mas sim pequenos espaços

que normalmente estão associados aos limites da residência.

Algumas características da mandioca (Manihot esculenta) podem explicar esta

predominância, pois além da grande importância econômica na região; é uma fonte de

carboidratos na alimentação humana; é uma planta perene, ou seja, pode ser cultivada

e produzir o ano todo; possui uma boa adaptabilidade a diversos tipos de solo e clima;

não tolera temperaturas abaixo de 15ºC, o que praticamente não ocorre na região;

quando atendidas as necessidades nutricionais e de tratos culturais, apresenta boa

produtividade, porém, mesmo sem o manejo adequado ainda produz em quantidade

significativa, pois é tolerante a seca e solos com baixa fertilidade; possui múltiplas

utilidades, que vão desde a produção da farinha, da fécula, do beiju, do carimã entre

outros.

Bananas, hortaliças, cacau e coco, depois da mandioca estão entre os mais

produzidos, pois apesar de necessitarem de tratos culturais mais rigorosos, produzem

mesmo sem esse manejo adequado. Em quaisquer que sejam as espécies

apresentadas, em nenhuma delas há utilização de máquinas, equipamentos agrícolas

movidos a combustíveis fósseis, nem uso de insumos (adubos, inseticidas, herbicidas)

em larga escala. Em raros casos e de forma esporádica os insumos agrícolas são

utilizados. Estas últimas características podem refletir positivamente na conservação

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 13/20

dos recursos naturais.

Todos os aspectos descritos influenciam na renda das famílias e com base no

Decreto 8.232/14, que foi um dos critérios utilizados como referência para estabelecer

os parâmetros a respeito da renda, é possível verificar que pelo menos 18,9% da

população encontra-se em situação de pobreza e extrema pobreza (4,5% extrema

pobreza e 13,5% pobreza). Além disso, 68,5% não possuem renda per capita acima

de ½ salário mínimo.

Em relação às condições sociais e econômicas, os aspectos mais críticos

presentes nas comunidades estão relacionados à total inexistência de serviços de

saúde no local, ao atendimento das reivindicações das comunidades, à

disponibilidade de emprego, a pouca participação na Associação de Moradores e na

Cooperativa, à qualidade das vias de acesso, à frequência dos indivíduos na escola já

que 89% deles não frequentam a escola.

A figura 1 apresenta os aspectos socioeconômicos das comunidades, a partir

da percepção local e das condições de renda. O que chama à atenção é que, apesar

da baixa renda, da inexistência de serviços de saúde, das péssimas condições de

emprego no povoado, do descaso do poder público no atendimento às necessidades

locais, os moradores expressam grande prazer em viver na comunidade, refletindo nas

suas pretensões em continuarem vivendo ali. Além disso, há uma sensação de

segurança, mesmo sem policiamento local.

Figura 1 – Nível de satisfação e condição de vida dos moradores em relação aos aspectos

socioeconômicos.

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 14/20

Fonte: Dados de pesquisa (2014)

Na figura 2 apresenta-se um panorama geral sobre o uso dos recursos e a

gestão dos resíduos pela comunidade, identificando os aspectos referentes ao uso da

água, de energia, da gestão dos resíduos e seu destino final.

Figura 2 – Nível de satisfação e condição de vida dos morados em relação aos aspectos

ambientais.

Fonte: Dados de pesquisa (2014)

A principal fonte de água disponível no povoado são as cisternas (88,2% dos

casos), que abastecem as casas de forma coletiva, e a depender da sua vazão pode

abastecer entre 3 a 6 famílias. Suas construções são realizadas sem um planejamento

adequado, inclusive no que se refere a melhor localização. Algumas estão próximas a

locais onde criam animais, em outros casos estão próximas a fossas construídas pelos

próprios moradores. Por estes motivos, é uma água passível de diversas

contaminações. Ainda que de fonte duvidosa, seu volume disponível é bom e por isto

são poucos os momentos em que falta este recurso nas residências. Isso ocorre

basicamente quando as bombas que exercem a função de levar a água até os

domicílios sofre algum tipo de dano. Por isso o alto nível de satisfação dos moradores,

expressado pelo índice de 3,52.

Apesar da quantidade de espaço e de recursos disponíveis para que a

comunidade possa fazer uso de plantas medicinais, ainda é mínima a sua utilização.

Situação que merece atenção, pois, se fosse gerida de uma forma adequada, reduziria

a necessidade de deslocamento da comunidade para o centro da cidade em busca de

resolução de problemas simples de saúde, potencializando o uso do tempo e de

recursos financeiros.

Os resíduos orgânicos gerados na residência praticamente não são perdidos,

sendo disponibilizados aos animais e plantas (85,8%) o que reduz os potenciais

impactos que gerariam ao ambiente (3,10). É uma prática adotada pela maioria dos

moradores.

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 15/20

Materiais inorgânicos não são reaproveitados e raramente ocorre a coleta por

parte do poder público, levando os moradores a enterrarem (1,9%) ou queimarem

(75,9%) o lixo. Esse comportamento faz com que o índice da variável destino final seja

de 2,04 e uma Moda de 2, ou seja, é um comportamento adotado pela maioria dos

moradores.

Uma boa parte (77,2%) dos domicílios faz o uso de lâmpadas fluorescente

(3,12), porém alguns indivíduos relatam que, mesmo entendendo que as lâmpadas

fluorescentes sejam mais econômicas, as incandescentes duram mais tempo. Esta

situação gera neles impressão de economia, uma vez que não precisam estar

comprando novas lâmpadas com frequência. No que se refere ao consumo, é

percepção equivocada, pois segundo o Ministério de Minas e Energia, as lâmpadas

fluorescentes podem chegar a 80% de economia em relação às incandescentes e

apresentarem uma vida útil 25 vezes maior. Porém, sobre a compra de novas

lâmpadas, pode existir certa coerência, uma vez que certas marcas fluorescentes

possuem uma durabilidade duvidosa.

O fornecimento de energia é feito pela concessionária responsável pela

distribuição no Estado da Bahia e segundo os moradores não há uma falta constante

de energia, o que leva o nível desta variável para 2,90. Os moradores que estão

localizados em áreas mais isoladas sofrem um pouco mais, alegando que a

descontinuidade do fornecimento ocorre às vezes.

O destino dado ao esgoto gerado na residência é basicamente reduzido a dois

tipos: fossas sem tratamento (62,3%) e in natura em 37,7% dos casos. Isso gera um

baixo nível de sustentabilidade de uso do ambiente (0,69).

6 Considerações Finais

Diante das discussões apresentadas, um destaque especial merece ser dado à

Bolsa Família, recurso que compõe a renda de muitas das famílias do local e que

demonstrou ser um instrumento interessante de comando e controle da melhoria das

condições de qualidade de vida das crianças, pelos seguintes motivos: os moradores

declaram que anualmente são obrigados a comprovar que a carteira de vacinação da

criança beneficiada está em dia, que a frequência escolar está sendo cumprida e que

demandam a atenção e o cuidado necessário quanto a nutrição e manutenção das

condições físicas do filho ou filha. As primeiras exigências são comprovadas através

de documentação e as duas últimas através de pesagem e da observação por parte

de técnicos (alguns moradores relatam até que as mãos das crianças são avaliadas

para verificar a existência de calos - o que poderia significar trabalho infantil). Com

base nestas observações urge o seguinte questionamento para debates vindouros:

Este programa social e os pré-requisitos por ele estabelecidos, contribuindo para a

melhoria da qualidade de vida das crianças beneficiadas, é potencialmente benéfico

para manutenção da sustentabilidade ambiental?

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 16/20

Quanto aos aspectos que se referem especificamente à APA, a comunidade

nunca foi consultada ou informada quanto a sua criação; desde sua implementação,

nenhum tipo de orientação foi oferecida aos moradores; não bastasse a falta de

informações prévias, não se verificou a realização de qualquer projeto ou programa; a

única percepção que os locais tem sobre a criação da Unidade de Conservação, é o

fato de saber que ela existe, mais nada.

Nota-se na realidade posta que, um dos objetivos principais da educação

ambiental que segundo Loureiro (2012) deveria ser a mudança comportamental e de

atitudes a partir da compreensão do ambiente, não foi atendido na implantação da

APA. Corrobora-se com o autor que esta seria uma ação importante, pois assim

haveria a possibilidade de que a realidade fosse problematizada potencializando

assim os comportamentos e atitudes mais sustentáveis.

Pode-se inferir, portanto, que a instalação da APA em nada influenciou nas

condições de vida das comunidades que vivem dentro dos seus limites. Esta

observação demonstra a verticalidade com que são feitos esses planejamentos, sem

levar em consideração as necessidades, os anseios e até mesmo sem conhecer o uso

que as comunidades fazem dos recursos ali existentes. Loureiro (2007) destaca que no

processo de gestão ambiental pública é necessário que haja uma educação que

fortaleça o processo participativo dos sujeitos e dos grupos sociais, possibilitando a

apropriação das políticas públicas e a reversão das desigualdades no uso e domínio

dos recursos naturais.

Urge a necessidade de realização de propostas e ações de sensibilização para

uma mudança de valores éticos e morais frente aos problemas socioeconômicos e

ambientais. A novidade da questão aqui posta, é que esta sensibilização não deve ser

somente direcionada aos moradores das comunidades que estão inseridas em APAs,

mas sim para os gestores em todos os níveis e áreas, que são os responsáveis pelas

leis, propostas, empreendimentos e gestão dessas áreas e que, consequentemente

afetam as vidas de todos.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, R. Do setor ao território: funções e medidas da ruralidade nodesenvolvimento contemporâneo. Rio de Janeiro: IPEA, 2000.

BEHRENS, M, A. A prática pedagógica e o desafio do paradigma emergente. Revistabrasileira Estudos pedagógicos, Brasília, v. 80, n. 196, p. 383-403, 1999. Disponível

em: < http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/167/166>. Acesso em: 24dez. 2014.

BISPO, C. L. S e MENDES, E. P. P. Rural/Urbano e Campo/Cidade: características ediferenciação em debate. XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária. Território

em Disputa: Os desafios da Geografia Agrária nas contradições do desenvolvimentobrasileiro. Uberlândia – MG, Universidade Federal de Uberlândia, 15 a 19 de outubro

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 17/20

de 2012.

BOSSEL, H. Indicators for Sustainable Development: Theory, Method,

Applications. International Institute for Sustainable Development: Canadá, 1999.

BRASIL. Lei 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades deConservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,19 de set. de 2000.

CHAMBERS, R. Sustainable livelihoods. Institute of Social Studies. Universidad of

Susses, 1986 (mimeo).

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE EDESENVOLVIMENTO. Agenda 21. 2 ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria deEdições Técnicas, 1997. EGAN, John (Coord.). The Egan Review: Skills for Sustainable Communities. London:Office of the Deputy Prime Minister (ODPM), April, 2004. 108p. Disponível em:http://dera.ioe.ac.uk/11854/1/Egan_Review.pdf. Acesso: 06 de junho de 2013. FERNANDES, J. P. A política e o ambiente. Lisboa: Instituto Piaget, 2002.

HARRIS, M. Cultural Materialism: The struggle for a science of culture. New York:

Random House, 1979. HULME, D. e MURPHREE, M. (Org.). African Wildlife and Livelihoods: The Promise

and Performance of Community Conservation. James Currey Ltd: Oxford, 2001. JACOBI, P. Poder local, políticas sociais e sustentabilidade. Saúde e Sociedade, São

Paulo, v. 8., n. 1, p. 31-48. jan./fev., 1999. KUHNEN, A. Meio Ambiente e vulnerabilidade: a percepção ambiental de risco e o

comportamento humano. Geografia (Londrina) v. 18, n. 2, 2009. Disponível em:http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/. Acesso: maio de 2014. LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. LOUREIRO, C. F. B. Sustentabilidade e educação: um olhar da ecologia política.

São Paulo: Cortez, 2012.

MAX-NEEF, M., ELIZALDE, A., HOPENHAYN, M. Desarrollo a escala humana:opciones para el futuro.2. ed. Madrid: Biblioteca CF + 5, 2010. Disponível em:<http://habitat.aq.upm.es/deh/adeh.pdf>. Acesso em: 24 set. 2014. McNEELY, J. A. Contributions of Protected Areas to Sustaining Society. In: IVCongresso Mundial de Parques Nacionais e Áreas Protegidas. IUCN, 1992. MENDES, J. M. G. Dimensões da sustentabilidade. Revista das Faculdades SantaCruz, v. 7, n. 2, julho/dezembro 2009. MMA (Ministério do Meio Ambiente). Unidades de Conservação. Brasília – DF.

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 18/20

Disponível em: http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/unidades-de-conservacao/categorias. Acesso: abril de 2014. MOSER, G. Examinando a congruência pessoa-ambiente: o principal desafio para

a Psicologia Ambiental. Estudos de Psicologia, 2003, 8(2), 331-333. ______. Psicologia Ambiental. Estudos de Psicologia 1998, 3(1), 121-130

OLIVEIRA, M. F. e MENDES, E. P. P. Campo/Cidade – Rural/Urbano: Os Equívocos naDelimitação e na Leitura. XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária. Território

em Disputa: Os desafios da Geografia Agrária nas contradições do desenvolvimentobrasileiro. Uberlândia – MG, Universidade Federal de Uberlândia, 15 a 19 de outubrode 2012. PAULISTA, G., VARVAKIS, G. e MONTIBELLER-FILHO, G. Espaço Emocional e

Indicadores de Sustentabilidade. Ambiente & Sociedade. Campinas, v. XI, n.1, p.185-200, jan-jun. 2008. PHILLIPS, A. Turning Ideas on their Head: the New Paradigm for Protected Areas.The George Wright Forum, 20 (2): 8-32, 2003.ROMÃO, A. D.; CHABARIBERY, D., CARVALHO, M. e ROTH, M. Fortalecimento de

Comunidades Rurais no Brasil: um estudo regional. Informações Econômicas, SP,v.35, n.2, fev. 2005. RUSCHEINSKY, A. Sustentabilidades: Concepções, Práticas e Utopia. In: GUERRA.A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.(Org) Sustentabilidades em Diálogos. Itajaí: Univali,

2010, p.194. SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro:

Garamond, 2008. SALAMA, P. e DESTREMAU, B. O tamanho da Pobreza: Economia política da

distribuição de renda. Tradução: Heloísa Brambatti. Petrópolis: Garamond, 2001. SANTOS, R. F. dos. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de

textos, 2004. SCHERL, L. M.; WILSON, A.; WILD, R.; BLOCKHUS, J.; FRANKS, P.; MCNEELY, J. A.e MCSHANE, T. O. As Áreas Protegidas podem contribuir para a redução dapobreza? Oportunidade e Limitações. IUCN (The World Conservation Union), Suiça,

2006. SEN, A. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras,

2000. ______. Desigualdade Reexaminada. Rio de Janeiro: Record, 2001.

TRISTÃO, M. A. A educação ambiental e o paradigma da sustentabilidade em temposde globalização. In: GUERRA. A. F. S. FIGUEIREDO. M. L.(Org). Sustentabilidades

em diálogos. Itajaí: Univali. 2010, p. 157-169.

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 19/20

UICN/PNUMA/WWF. Estratégia mundial para conservação. São Paulo: CESP,1990. VASCO, A. P. e ZAKRZEVSKI, S. B. B. The state of the art in research onenvironmental perception in Brazil. PERSPECTIVA, Erechim. v.34, n.125, p. 17-28,

março/2010. V&S Engenheiros Consultores S/A. Plano de Manejo da Área de Proteção

Ambiental da Lagoa Encantada. Diagnóstico Ambiental. Volume 1. Ilhéus, Bahia,1996. WANDERLEY, M. N.B. A ruralidade no Brasil moderno. Por um pacto social pelodesenvolvimento rural. In: ¿Una nueva ruralidad en América Latina?. Norma

Giarracca.CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, Ciudad Autónoma deBuenos Aires, Argentina. 2001. Disponível em:<http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/rural/wanderley.pdf>. Acesso em: 28 deset. de 2014. WESTERN, D. e WRIGHT, M. (Org). Perspectives in Community – BasedConservation. Island Press. Natural Connections: Washington, DC, 1994. WHITE, P. C. L., JENNINGS, N. V., RENWICK, A. R. e BARKER, N. H. L.Questionnaires in ecology: a review of past use and recommendations for best practice.Journal of Applied Ecology, 42, 421–430, 2005.

WIESENFELD, E. A psicologia ambiental e as diversas realidades humanas.Psicologia USP, 2005, 16(1/2), 53-69. Instituto de Psicologia -Universidade Central deVenezuela. Disponível em www.scielo.br. Acesso em 22 de setembro/2010.

[1] Documento resultante da conferência realizada em 1992 no Rio de Janeiro, conhecida como Eco 92

ou Rio 92. Seu conteúdo está pautado em propostas de comprometimento dos países participantes daconferência, para a solução dos problemas socioambientais globais, regionais e locais.[2]

O critério estabelecido para a seleção dos indivíduos por domicílio foi o de que ele ou ela deveria serum dos responsáveis pela residência. Na maioria dos casos o outro representante também estavapresente (Quando existia).[3]

A coleta de dados só foi iniciada após a emissão do Parecer Consubstanciado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Estadual de Santa Cruz, em 14 de março de 2014, sob o CAAE:14034713.8.0000.5526

15/3/2015 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1986#_ftn2 20/20

Início Cadastre-se! Procurar Submeter artigo Contato Apresentação Artigos Dicas e

Curiosidades Reflexão Textos de sensibilização Dinâmicas Entrev istas Saber do Fazer Culinária Div ulgaçãode Ev entos O que fazer para melhorar o meio ambiente Sugestões bibliográficas Educação Você sabia que... Plantas medicinais Folclore Colaboradores antigos Sementes Relatos de Experiências