condição jurídica do estrangeiro no brasil - constitucional - Âmbito jurídico

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  • 7/25/2019 Condio Jurdica Do Estrangeiro No Brasil - Constitucional - mbito Jurdico

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    05/05/2016 Condio jurdica do estrangeiro no Brasil - Constitucional - mbito Jurdico

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    Condio jurdica do estrangeiro no BrasilDebora Eugnio Gonzaga

    Resumo: Na seara internacional e constitucional, a condio jurdica do estrangeiro um tema de extrema relevncia. Tanto os estrangeiros como os nacionais compem

    aquilo que se chamam de indivduos no Direito Internacional pblico. Assim, pela supremacia do Estado este possui jurisdio sobre os seus nacionais e estrangeiros que estoem seu territrio por isso de tal importncia o estudo do tema, pois junto aos cidados nacionais circulam indivduos estrangeiros que residem, trabalham, passeiam e etc.,em nosso solo. Desta forma, possuem certa condio jurdica em direitos, responsabilidades, podendo at ser excludos do territrio nacional atravs de trs modalidades deportao, extradio e excluso. Portanto, apriori, buscouse versar sobre a nacionalidade das pessoas, colocando aspectos sintticos dos Direitos Humanos e Internacional.Em posterior anlise se enfatizou os critrios estatudos na Suprema Norma aos indivduos nacionais e naturalizados. Posto isto, em narrao minuciosa relatouse sobre oestrangeiro na legislao brasileira at ao ponto de abordagem ao atual Estatuto, disciplinado ao final sua condio de admissibilidade e sua eventual dispensa compulsria poriniciativa estatal luz da le i 6.815/1980.[1]

    Palavraschaves: Nacionais. Estrangeiros. Norma Constitucional. Direito Internacional. Estatuto do Estrangeiro.

    Abstract: In international and constitutional context, juridical condition of foreignerborn people is a very relevant subject. Both foreigner people and national citizenscompose what has been called Individuals in Public International Law. Thus, in supremacy of the state, Public International Law has jurisdiction over national citizens andforeigner people who live in its territory. There are foreigner individuals who live, work, walk, etc in our country among national citizens. For this reason, is very important

    to study this theme. Nevertheless, they( foreigners) have some juridical condition about rights, responsibilities. However, they can be expelled from national territorythrough 3 modalities: Deportation, extradition and exclusion. Therefore, a priori, we decided to discuss about people nationality highlighting synthetic aspects of humanrights and Public International Law. Subsequently, we emphasized the criteria established by the Supreme Norm to national citizens and naturalized people. Finally, wenarrated in more detail about foreigner individual according to the brazilian legislation including present statute. In the end, we focussed on admissibility and eventualexpulsion of foreigner by initiative of state in the light of the law 6.815/1980.

    Keywords:National citizens. Foreigner people. Constitutional Norm. Public International Law. Statute of Foreigner

    1 INTRODUO

    A condio jurdica do estrangeiro no Brasil luz do atual Estatuto o tema a ser abordado neste estudo. Inicialmente buscouse abordar a questo da nacionalidade dosindivduos e suas questes relevantes de cooperao, no modo que se mesclaram abordagens histricas de grande importncia no contexto internacional.

    Desta forma, nacionalidade o lao que une o indivduo ao Estado, fazendo deste o componente de sua dimenso territorial, de modo a desencadear direitos e obrigaes. De

    tal modo, a nacionalidade indica uma srie de caractersticas que demarcam a presena do indivduo no Estado, como a religio, cultura e lngua. Em palavras acrescidas, asoberania de uma Nao reina de forma que discipline sobre as condies jurdicas de aquisio e perda da nacionalidade. Mazzuoli (2008)

    Portanto no somente as regras incumbidas no ordenamento interno so o bastante para a tutela jurdica das pessoas. As diretrizes traadas na Declarao Universal dosDireitos dos Homens expressa a importncia de que ningum ser privado de sua prpria nacionalidade e nem do direito de mudla mesmo que o Estado seja o titular dodireito de legislar sobre. Sendo a nacionalidade desta forma, um assunto que nos remete a naturalizao, ao estrangeiro, passaportes e etc., ela determinar quais so os seusindivduos e quem compem o cenrio nacional.

    Em busca de avistar melhores compreenses remeteuse a abordagem de passagens histricas de grande relevncia nos Direitos Humanos, observando fatores preponderantesdas civilizaes no Mundo Antigo at aos dias atuais, cuja imensurvel relevncia possuiu, sobretudo a tutela dos considerados nacionais.

    Destarte que, com os movimentos das pessoas de um lugar para o outro, se ocasionou fatores que aos olhos do Direito Internacional devem ser cautelosos. Assim, podese

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    relatar sobre os conflitos de nacionalidade apresentados pela polipatridia e apatridia. A primeira hiptese decorrente do indivduo possuir mais de uma nacionalidade, ouseja, esta se d quando o indivduo, filho de pais estrangeiros, nasce em Estado que adota o critrio do jus soli, enquanto que o Estado de origem dos pais obedece ao do jussanguinis(MAZZUOLI, 2008. p. 616). possvel a hiptese do indivduo poliptrida, e este ter seu devido respaldo pelo Ordenamento Internacional. A conceituao do casoaptrida quando o indivduo no possui vncu lo com nenhum Estado, vista como perigosa tanto para sociedade quanto ao prprio indivduo. (CAHALI, 2010) p. 20. Estasituao tem que ser evitada de todas as formas possveis.

    Atravs da Conveno de 1961 que se firmaram regras mais concretizadas para a concesso da nacionalidade, salvaguardando implementos que muitos Estados passaram aaderir. O jurista Cahali apudPontes de M iranda cita que No h nenhum preceito que obrigue o ser humano a ter uma nacionalidade, o que se d que ele precisa ter umestatuto por que reja nas relaes de direito privado, mas estatuto tm os aptridas. (2010, p. 20).

    A Declarao Universal dos Direitos Humanos declara que o direito a nacionalidade um pressuposto fundamental e tm o Estado o condo de disciplinar sobre. Neste fatoque existem na seara internacional inmeras Convenes, Tratados e Acordos, expondo a importncia dos Estados disciplinarem medidas para aquisio da nacionalidade econsequentemente a perda em casos que atentem contra o interesse nacional.

    A nacionalidade por ser um vnculo jurdico poltico do indivduo na seara Estatal faz com que este seja parte integrante do seu povo, possuindo direitos e deveres a exemplodos direitos polticos vinculo de cidadania de votar e ser votado o exerccio do servio militar a sntese de exemplos, possuindo tambm vinculao de carterpermanente do Estado para com o nacional sendo ento o vnculo de natureza pblica de direito interno.

    O termo cidado um pouco mais abrangente que nacional, pois seu detentor gozar de direitos polticos, neste sentido, pode se afirmar que a nacionalidade umpressuposto da cidadania, ressaltando que existem indivduos que possuem a nacionalidade brasileira mais no participam da vida poltica de um Estado.

    Integrando as normas de nacionalidade, fundouse transcrever em linhas seguintes os casos de nacionalidade originria pelos critrios ius sanguiniseius soli. Assim, osistema ius sanguinis quando a nacionalidade dos pais determina a nacionalidade dos filhos critrio utilizado desde a antiguidade lembrando que esta modalidade adotada por pases de emigrao e o ius soli que ao contrrio do exposto anteriormente une o indivduo ao local de nascimento a hiptese que deriva de fato natural, ou

    seja, o indivduo j nasce com ela o brasileiro nato estabelecido no art. 12, inciso I, CF. Este critrio geralmente adotado por pases de imigrao.

    Neste nterim, adentrouse ao assunto disposto na CF/88 atravs do art. 12 e incisos, que apesar da exposio sucinta coube ao intrprete complementao do assuntofrente ao percurso de mudanas atuais.

    Neste sentido tanto a proteo nacionalidade quanto a proteo dos direitos humanos de modo geral integra normas internacionais ao passo que no se reserveexclusivamente ao direito interno. O que ser derrogado ao ordenamento interno a instituio de preceitos fundamentais de modo a preservar o rol de pessoas tuteladasprivando a Unio prerrogativa de legislar sobre aspectos de naturalidade e cidadania (art. 22, inc. XIII, CF).

    A nacionalidade adquirida ser atribuda por meio da naturalizao hiptese tambm exposta na nico artigo da Norma Constitucional que aborda sobre o assunto. Portantono inciso primeiro as regas so para nacionalidade originria: ius solis eius sanguinis e no inciso segundo: naturalizao.

    curioso dispor que no inciso primeiro, dissertando ainda sobre a nacionalidade originria so dispostas trs hipteses no art. 12. A primeira diz que so brasileiros natos osnascidos na Repblica Federativa do Brasil critrio ius soli desde que os genitores no estejam a servio de seu pas. A segunda hiptese diz que so brasileiros natos os

    filhos de brasileiros no exterior a servio da Repblica Federativa do Brasil. Por fim a terceira hiptese reformada pela Emenda Constitucional 54/2007 que diz nascido noestrangeiro se o genitor no estiver a servio o indivduo ter duas hipteses para ser brasileiro: a primeira o registro da criana no Consulado do pas onde reside ou emlugar mais prximo, ou pela segunda possibilidade pela residncia a qual ter de seguir todo um procedimento burocrtico na Justia Federal que o rgo competente (art.109 da CF/88).(Cahali, 2010)

    No somente pela Norma Constitucional que abordado o tema de aquisio e perda da nacionalidade. Existe a norma infraconstitucional que trata sobre o assunto que oEstatuto do Estrangeiro lei 6.815 de 1980 legislao objeto do presente estudo que aborda os casos de aquisio de vistos, medidas compulsrias de sada do estrangeiro,sendo elas a extradio, expulso e deportao, bem como outros temas correlatados.

    A naturalizao um processo e acontece quando um estrangeiro quer optar por outra nacionalidade por exemplo, um estrangeiro que venho ao Brasil e resolver aquifincar suas razes por identificarse com nossa cultura, clima e por diante, dever iniciar um procedimento de naturalizao ser um brasileiro naturalizado (art. 12, II

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    CF/88). Disciplina tambm a referida norma os casos de perda.

    No panorama brasileiro frente aos acontecimentos aps abolio da escravatura o que se observava nas legislaes eram apontamentos que favoreciam a abertura daimigrao. Isto foi perceptvel aos anos seguintes e restritiva com a chegada do atual Estatuto do Estrangeiro criado pela lei n 6.815 de 1980 alterada pela lei 6. 964/1981.Embora a CF/88 mencione apenas os estrangeiros residentes aos de carter permanente imigrantes a tutela tambm imperativa.

    Assim, com o advento do atual Estatuto embora merea reforma como questo discutida perante o projeto de lei n. 5655/09 no Congresso Nacional o contexto socialmodificou e as dinmicas migratrias no mesmo fato. A proposta do projeto de lei vem com a percepo de globalizao dos entes, principalmente a acessibilidade deestrangeiros que queiram permanecer no territrio nacional, quele indivduo que vem para ficar.

    2 A NACIONALIDADE DAS PESSOAS

    A nacionalidade o que une o indivduo a um territrio num vnculo jurdicopoltico a qual decorre obrigaes e direitos. Sua definio engloba no somente a esta condio,como tambm a finalidade do Direito Internacional que etimologicamente ir distinguilo dos demais pelos laos sociolgicos que este estabeleceu atravs da cultura, raa,religio, lngua e etc. (MASSUOLI, 2008).

    Sendo o direito fundamental do homem outorgado a este a nacionalidade sem que afete o direito que tem de optar pela troca de outra, sobretudo por ser juridicamentepossvel. Assim, cada Estado deve ter a competncia exclusiva de legislar sobre a nacionalidade de seus entes dentro dos interesses nacionais, lembrando que importante para a existncia e fortalecimento de uma nao a busca da formao de povos, pois estes faro ligao direta com o Pas para exercitar direitos polticos gerando desta feitaprotees perante o sistema interno.

    Neste sentido a figura do nacional se contrape com a figura de estrangeiro, pois aos nacionais diz respeito aqueles seres pelos quais a Constituio tem maio apreo, ao passoque o estrangeiro aquele indivduo natural de outro pas no podendo o Estado estabelecer distines em certos aspectos.

    Desta forma, podese dizer que o papel da nacionalidade de dependncia dos indivduos perante o Estado que segundo entendimento do jurista Mazzuoli (2008) tratase dequesto de soberania do Estado em aspectos que se repartem em trs:

    a) somente o Estado soberano pode atribuir ao indivduo, pelo simples fato do nascimento, a sua nacionalidade; b) somente o Estado pode conceder a condio de nacionalaos estrangeiros, por meio de naturalizao; e c) tambm, s ele pode estabelecer os casos em relao aos quais seu nacional (seja nato ou naturalizado) perde a suanacionalidade (MAZZUOLI, 2008, p.607).

    A incumbncia do vnculo jurdico poltico que o indivduo estabelece com o Estado recebido pelo ente estatal em seu ordenamento interno sobre o qual legislar arespeito da nacionalidade, observando aspectos rudimentos pelo dispositivos internacionais a qual o Brasil faa parte. Assim, o que consagra a exemplo a Conveno de Haiasobre conflitos de Nacionalidade de 12 de abril de 1930, a Declarao Universal dos Direitos dos Homens de 1948, a Conveno Americana sobre Direitos Humanos de 1969 etantas outras perante o foro internacional.

    Neste parmetro coloquemos as regras fundamentais insculpidas no art. 15, 1 e 2 da Declarao Universal dos Direitos Humanos que dispe que toda pessoa possuir odireito a nacionalidade e ningum ser privado de sua prpria nacionalidade e nem do direito de mudla mesmo que o Estado seja o titular do direito de legislar sobre. No

    Brasil este poder conferido a Unio que conforme a luz do art. 22, inc. XIII, da Constituio Federal disciplina que Compete privativamente Unio legislar sobre (EC n19/98): nacionalidade, cidadania e natural izao.

    Assim, procedendo no sentido disposto, ratificase dizer que a nacionalidade no deve ser confundida com a naturalidade de forma que esta onde o indivduo nasce ao passoque a segunda onde ser dependente da discricionariedade do governo para ser detentor de uma srie de obrigaes. nesta prudente demonstrao que Mazzuoli (2008)expe seu ponto de vista.

    O nascimento um simples fato para o mundo jurdico, que no ultrapassa uma dimenso territorial local. De sorte que a naturalidade da pessoa designada pela localidadedo nascimento, que normalmente o municpio ou a regio do pas onde nasceu. Assim, nascido em Presidente Prudente, municpio do interior de So Paulo, pode ter oindivduo: a) naturalidade e nacionalidade exclusivamente brasileiras (pois nasceu nesta cidade e brasileiro nato, tendo ento naturalidade prudentina e nacionalidadebrasileira); b) naturalidade brasileira e nacionalidade exclusivamente italiana (pois nasceu em cidade brasileira mas filho de pais italianos a servio da Itlia no Brasil), ou

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    ainda, c) naturalidade e nacionalidade brasileiras e nacionalidade e cidadania italianas concomitantemente (pois nasceu em territrio brasileiro, sendo filho de pai italianoque no est no Brasil a servio do seu pas). Neste ltimo caso, tendo em vista aceitar a Itlia a regra do jus sanguinis, ocorre a chamada dupla nacionalidade ou polipatria(MAZZUOLI, 2008, p. 610).

    2.1 Nacionalidade e cidadania.

    Juridicamente estes termos no devem ser confundidos, pois versam sobre matrias distintas apesar de estarem inter relacionadas.

    A nacionalidade como relatada anteriormente o vnculo entre o indivduo e o Estado, ao passo que a cidadania a roupagem de direitos civis e polticos a qual aquela pessoapossui. Desta maneira, antes de aprofundar a esta distino, primordial a relevante compreenso de acontecimentos histricos, sobretudo ao nosso estudo, pois alis, ahistria em si possui este objetivo.

    Conhecerse a si mesmo significa saber o que se pode fazer. E como ningum sabe o que pode antes de tentar, a nica indicao para aquilo que o homem pode fazer aquilo que j fez. O valor da histria est ento e ensinanos o que o homem tem feito e, deste modo, o que o homem (COLLIGWOOD, 1972, p. 29).

    A valorizao ao homem em seu contexto amplo o que gerar a gradativa formao de vrios elementos essencias para o desenvolvimento de uma Nao, seja atravs dacultura, economia, pelas lutas sociais e religiosas todos esses processos esto agregados na histria. O desejo dos mais fracos aos mais fortes, sobretudo aos direitos deliberdade, igualdade e fraternidade louvados pela Revoluo Francesa, que culminou com grandes mudanas no somente pela Europa como pelos demais continentes, reinaquando so postas a mesa empecilhos para que os indivduos de quaisquer classe social se desenvolvam alis imensurveis foram os legados trazidos pela Revoluo Francesae demais manifestaes revolucionrias consideradas de primeira gerao dos direitos humanos que prestigiou os indivduos menos favorecidos.

    A esta compreenso atravs de lutas obstinadas de forma direta ou indireta, seja no mundo antigo ou ainda hoje, se v que muitos direitos principalmente dos estrangeiros ainda esto a caminho de almejos ou enquadres na realidade atual, frente ao que contriburam a muitas civilizaes.

    Acontece que desde os tempos remotos esta busca de cidadania vem se debatendo pelo fato das pessoas se deslocarem de regio para regio, tornando as comunidades cadavez mais miscigenadas, tendo assim o condo dos Estados de adotar polticas internas para abraar seus cidados, como alinha Cahali (2010).

    O desenvolvimento do conceito de cidadania vem seguindo mudanas, mas ao certo pacfico dizer que cidado aquele indivduo pela qual possui o gozo de direitos civis epolticos de um determinado Estado, segundo Rezek (2008). Alm do mais, a nomenclatura contemporaneamente ativa desde a Grcia antiga, no entanto, seu contedo esua simbologia modificaram ao longo das dcadas de modo a buscar o almejo considerveis aos interesses Estatais.

    No mundo antigo em analise notvel na Grcia e Roma apenas os cidados eram vistos como titulares de direitos, j aos estrangeiros eram auferidos alguns e de formasuprimida. Em consoante destaque, Filho (2012) menciona que os povos estrangeiros que sofreram mais perseguio foram os judeus, e tal episdio registrado em um doslivros bblicos mais antigos de que se tem conhecimento. Em trecho transcrito no livro de xodo, contado histria dos povos israelitas que aprisionados na terra do Egitoficaram por quatrocentos e trinta anos, observe tal episdio:

    E os egpcios puseram sobre eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Fara as cidades celeiros, Pitom e Ramesss. E lhes fizeramamargar a vida com dura servido, em barro, e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o servio em que na tirania os serviam (BIBLIA..., 2008, p. 58 e 59).

    Atravs do profeta Moiss por intermdio de Deus, este retira o povo israelita da terra estrangeira e livre seu povo da aflio.

    Assim, partiram os filhos de Israel de Ramesss para Sucote, cerca de seiscentos mil a p, somente de homens, sem contar mulheres e crianas [...] Ora, o tempo que osfilhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos [..]. Disse mais o Senhor a Moises e a Aro: Essa a ordenana da Pscoa: nenhum estrangeiro comerdela. Porm todo escravo comprado por dinheiro, depois de o teres circuncidado, comer dela. O estrangeiro e o assalariado no comer dela. Porm, se algum estrangeiro sehospedar contigo e quiser celebrar a Pscoa do Senhor, sejalhe circuncidado todo macho e, ento, se chegar e a observar, e ser como o natural da terra, mas nenhumincircunciso comer dela.[...] A mesma lei haja para o natural e para o forasteiro que peregrinar entre vs. Assim fizeram todos os filhos de Israel; como o Senhor ordenara aMoises e a Aro, assim fizeram (BIBLIA..., 2008, p. 71 e 72).

    Em tais versculos frisase que em terras egpcias os direitos dos israelitas no foram totalmente salvaguardados, alis, houve mais imposio de deveres, sobretudo pela

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    iseno de privilgios, principalmente por terem sido escravos por longa data. Ademais, seus direitos eram restritos de modo que os deveres mais exemplares, ficavam acargo dos considerados cidados, no cabendo aos estrangeiros a tomada de cargos ou funes exercidas por aqueles que o Estado impunha seu poder de proteo. (FILHO,2012)

    No entanto, apesar das colocaes supramencionadas, o respeito aos povos de vrias culturas e geraes foram testemunhados em muitas passagens bblicas, pois esta foi ideia que se baseou na explanao de que Deus criou o homem sua imagem e semelhana, o mesmo que em outras palavras em cada ser humano h um pouco da imagemde Deus, o que o torna digno de respeito, o que assegura a pregao dos direitos humanos consagrados a vrias categorias, pois somos iguais perante Deus e a lei. (PEARLMAN,2006, p.8, 27 e 43).

    Em meados do ano de 400 a.C., davase nfase a questo da igualdade e da liberdade entre os homens, ainda que exclusivamente aqueles considerados cidados na Grcia. Ovenervel filsofo Aristteles em seu livro tica a Nicmano, j distinguia a noo de justo por natureza e justo por lei, distino esta que consistia nas leis particulares dascomuns, observando que as primeiras eram aquelas que cada polis aceitava para si, ao passo que as segundas, embora no escritas eram admitidas em todas as partes doglobo terrestre. Muitas concepes ocorridas na Grcia Antiga serviram de fundamento para o conceito de democracia atual, pois foram enormes passos para a defesa dedireitos e desenvolvimento de teorias justas e princpios ticos que nortearam o mundo social. (FILHO, 2012, p. 23 a 27)

    interessante notarmos que estas teorias de justias no se englobavam as mulheres, aos estrangeiros e aos escravos no considerados cidados, e que viviam margem dasociedade e to suprimida era sua participao na vida poltica. Ora, aqui se falava muito em justia, mas tapada aos outros componentes da sociedade que afinal participavamindiretamente do contexto de composio, sem considerar sua participao nas questes sociais e polticas. (CANDIDO 2008, p.17 a 20).

    Em Roma, segundo Filho (2012, p.25 e 26) atravs das leis chamadas XII tbuas as primeiras escritas no direito romano, originadas das revoltas dos plebeus de 494 a.C., estes"reinvidicavam mais clareza em relao as leis que estavam submetidos". Desta forma, sob a concepo, de Marco Tlio Ccero uma das mentes mais versteis da Roma Antiga,sustentou o entendimento que as leis naturais no poderiam ser abolidas, nem pelo poder pblico e to menos pelo povo, pois por meio destas lei que a justia de fatoseria realizada. Assim as leis naturais serviam de princpios norteadores para a edificao das estruturas organizacionais de todas as sociedades.

    Por conseguinte, os romanos concediam alguns direitos aos estrangeiros embora inferiores aos dos indivduos que habitavam em Roma ou em cidades fronteirias, como via deexemplo, a garantida do direito de exercer o comrcio, o casamento com pessoas que residissem em territrio adjacente e beneficirio de testamentos. Em meados dos anosde 354 430 a.C., a doutrina de Santo Agostinho teve uma grande importncia na formao da noo de Direito natural absoluto, dividindo as normas existentes em leisterrenas e leis eternas sendo as ltimas s oriundas da divindade. (FILHO, 2012, p.11)

    No entanto, a Igreja como guardi da lei de Deus, poderia intervir nas instituies da lei terrena quando julgasse oportuna e caso suas disposies contivessem leis contrriass leis eternas. Por consequncia tempos aps, o sculo XIII So Toms de Aquino classificouas em trs categorias: leis divinas, leis naturais e leis humanas permaziando queas primeiras seriam aquelas ditadas por Deus e presentes nos Evanglicos bblicos, as leis naturais sendo normas produzidas pela razo divina e conhecidas pela razo humanae finalmente as leis humanas que eram as leis que surgiam de uma juno com as leis divinas e as leis naturais. Neste fato a juno destas ltimas no deveria ser negadapelas leis Humanas, pois nestas estariam vontade de Deus, e neste ponto que Santo Toms d importncia ao livre arbtrio do homem, mas precisamente a ideia de ir evir, de pensamento, religio, cultura e etc., em busca sua interao na coletividade. Da pela difuso de novos pensamentos e o forte movimento cristo emitido no ocidentena Idade Mdia, a cidadania passou a ser vinculo poltico de base religiosa e no nacional e os estrangeiros, de agora em diante, eram todos os infiis. (FILHO, 2012)

    Diante do exposto, So Toms de Aquino, estabeleceu distines entre os cidados discutindo a questo se poderia ter ou no comunho com os infiis. Em condizenteexplanao, Filho (2012, p.12) e Oliveira e Lessa (2008) expe conforme o pensamento do telogo que a Igreja no proibia aos fiis a comunho com os desleais, pagos oujudeus, mas se cometessem alguma transgresso seriam punidos pelos fiis. Logo, constatouse que a religio no aproximava, mas dissociava o gnero humano, desprezandoos preceitos sagrados da similitude divina com o homem. Em aluso a exposio de Hugo Grcio, ao reconhecer a necessidade de ressuscitar a compreenso do direito natural,sustentou a ideia de segurana e no de f religiosa como o verdadeiro fundamento da paz e respeito entre as naes. Prosseguindo ao sculo XVIII com os movimentosiluministas, comearam a se contornados conceitos de cidadania mais enraizados, isto se enfatizou mais pela Revoluo Francesa e posterior surgimento da Declarao dosDireitos do Homem e do Cidado de 1799 que sobre a influncia dos burgueses lanou ideias contemporneos de cidadania no art. 16 da Declarao.

    Em analise ao proposto na Declarao segundo Mazzuoli apudBarile:

    Que no h Constituio onde no se tem assegurada a garantia dos direitos individuais nem determinada a separao dos poderes. Buscouse, ento, colocar em primeiroplano os direitos dos indivduos, transformando os sditos em cidados, em repdio monarquia absolutista, sob o manto de uma repblica constitucional (MAZZUOLI,

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    2008 apudBARILE, 1984, p. 611)

    Mas o que se pronunciou nesta declarao cujo entendimento relevante condiz com a ciso dos direitos do homem e do cidado significando o conjunto de direitosindividuais ao passo que o termo Direito do Cidado expressou o conjunto dos direitos polticos de votar e ser votado como institutos fundamentais e essenciais a umademocracia. (MAZZUOLI, 2OO8, p. 611)

    No Brasil, na Constituio de 1824 falavase em cidados brasileiros como querendo significar o nacional, ao passo que tambm designava cidados aqueles que poderiam votare ser votados chamados de cidados ativos, pois gozavam de direitos polticos medida que aos inativos restava destituio destes direitos. (BARALDI, C., 2011)

    Assim, os termos Homem e Cidado recebiam significados diversos. Quer dizer, o cidado teria um plus em relao ao homem, consciente na titularidade de direitos naordem poltica, na participao da vida da sociedade e na deteno de riqueza, formando, ento, uma casta especial e mais favorecida, distinta do resto da grande e carentemassa popular, por sua vez considerados como simples indivduos (MAZZUOLI, 2008, p. 612).

    A meno aos cidados ativos era para d iferenciar do cidado de modo geral, pois incumbia aos cidados ativos como descrito os direitos polticos que a Norma Constitucionalreferia. Atualmente, a distino terminolgica de cidado e nacional desnecessria, pois a nacionalidade a referncia ao vinculo estatal seja por nascimento ounaturalizao, melhor esclarecendo, o vnculo jurdico poltico e a cidadania o status de ligao ao regime poltico de um pas.

    Cidadania[...], qualifica os participantes da vida do Estado, atributo das pessoas integrantes na sociedade estatal, atributo poltico decorrente do direito de participar nogoverno e direito de ser ouvido pela representao poltica. Cidado, no Direito Brasileiro, o indivduo que seja titular dos direitos polticos de votar e ser votado, e suasconsequncias. Nacionalidade conceito mais amplo do que cidadania, e pressuposto desta, uma vez que s o titular da nacionalidade brasileira pode ser cidado (SILVA,2007, p. 211).

    Ao que refere a ideia de internacionalizao dos direitos humanos proclamados pela Declarao Universal dos Direitos Humanos passou a considerar os cidados no somentepor deterem direitos civis e polticos como tambm habitantes no mbito da soberania de um Estado, de um sistema global, trazendo assim uma gama de direitos civis,

    polticos, vida, sociais, econmicos, a sade, culturais e etc., enfim primordialmente a uma sadia qualidade de v ida (art. 1, inciso III CF/88). No mbito interno todospossuem direitos, a soberania de cada Estado indescritvel em determinar quem so seus nacionais para o exerccio de seus respectivos direitos.

    A Declarao Americana dos Direitos do Homem (1948), assim preceitua:

    Considerando: Que os povos americanos dignificaram a pessoa humana e que suas Constituies nacionais reconhecem que as instituies jurdicas e polticas, que regem avida em sociedade, tm como finalidade principal a proteo dos direitos essenciais do homem e a criao de circunstncias que lhe permitam progredir espiritual ematerialmente e alcanar a felicidade; [...]

    Art 1. Todo ser humano tem direito vida, liberdade e segurana de sua pessoa.

    Artigo 2. Todas as pessoas so iguais perante a lei e tm os direitos e deveres consagrados nesta Declarao, sem distino de raa, lngua, crena, ou qualquer outra. [...]

    Artigo 8. Toda pessoa tem direito de fixar sua residncia no territrio do Estado de que nacional, de transitar por ele livremente e de no abandonlo seno por sua

    prpria vontade. [...]Artigo 19. Toda pessoa tem direito nacionalidade que legalmente lhe corresponda, podendo mudla, se assim o desejar, pela de qualquer outro pas que estiver disposta aconcedla.

    Ter direito vida significa assegurar a fruio de todos os meios necessrios que possam garantir a existncia digna de uma pessoa.

    A Conveno Amer icana Sobre Direitos Humanos (1969) dispe:

    Prembulo: Os Estados Americanos signatrios da presente Conveno, Reafirmando seu propsito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituiesdemocrticas, um regime de liberdade pessoal e de justia social, fundado no respeito dos direitos humanos essenciais.

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    Reiterando que, de acordo com a Declarao Universal dos Direitos Humanos, s pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da misria, se forem criadascondies que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econmicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e polticos; Convieram o seguinte: [..]

    Art.4. Toda pessoa tem o direito que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepo. Ningum pode ser privado davida arbitrariamente. [...]

    Artigo 20 Direito nacionalidade

    1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

    2. Toda pessoa tem direito nacionalidade do Estado em cujo territrio houver nascido, se no tiver direito a outra.

    3. A ningum se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudla. [...]

    Artigo 22 Direito de circulao e de residncia

    1. Toda pessoa que se encontre legalmente no territrio de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir, em conformidade com as disposies legais.

    2. Toda pessoa ter o direito de sair livremente de qualquer pas, inclusive de seu prprio pas.

    3. O exerccio dos direitos supracitados no pode ser restringido, seno em virtude de lei, na medida indispensvel, em uma sociedade democrtica, para prevenir infraespenais ou para proteger a segurana nacional, a segurana ou a ordem pblicas, a moral ou a sade pblicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

    4. O exerccio dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tambm ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo de interesse pblico.

    5. Ningum pode ser expulso do territrio do Estado do qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.

    6. O estrangeiro que se encontre legalmente no territrio de um Estadoparte na presente Conveno s poder dele ser expulso em decorrncia de deciso adotada emconformidade com a lei.

    7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em territrio estrangeiro, em caso de perseguio por delitos polticos ou comuns conexos com delitos polticos, deacordo com a legislao de cada Estado e com as Convenes internacionais.

    8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro pas, seja ou no de origem, onde seu direito vida ou liberdade pessoal esteja em risco de violaoem virtude de sua raa, nacionalidade, religio, condio social ou de suas opinies polticas.

    9. proibida a expulso coletiva de estrangeiros.

    Artigo 23 Direitos polticos

    1. Todos os cidados devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades:

    a) de participar da conduo dos assuntos pblicos, diretamente ou por meio de representantes livremente eleitos;

    b) de votar e ser eleito em eleies peridicas, autnticas, realizadas por sufrgio universal e igualitrio e por voto secreto, que garantam a livre expresso da vontade doseleitores; e

    c) de ter acesso, em condies gerais de igualdade, s funes pblicas de seu pas.

    2. A lei pode regular o exerccio dos direitos e oportunidades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo de idade, nacionalidade, residncia, id ioma,instruo, capacidade c ivil ou mental, ou condenao, por juiz competente, em processo penal.

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    Artigo 24 Igualdade perante a lei

    Todas as pessoas so iguais perante a lei. Por conseguinte, tm direito, sem discriminao alguma, igual proteo da lei.

    Assim das anlises conjunturais transcritas anteriormente, contidas nos tratados e convenes do qual o Brasil signatrio inerente para a dignidade da pessoa humana omnimo existencial. No obstante os textos constitucionais trazem todo o arcabouo de tutela aos seus indivduos.

    Jesus (2011) no seu artigo na Revista sobre a Reforma do Estado menciona trecho do o brilhante e refinado jurista Miguel Reale, veja:

    Toda pessoa nica e que nela j habita o todo universal, o que faz dela um todo inserido no todo da existncia humana; que por isso, ela deve ser vista antes comocentelha que condiciona a chama e a mantm viva, e na chama a todo instante crepita, renovandose criadoramente, sem reduzir uma outra; e que afinal, embora precria

    a imagem, o que importa tornar claro que dizer pessoa dizer singularidade, intencionalidade, liberdade, invocao e transcendncia, o que impossvel em qualquerconcepo transpersonalista, a cuja luz a pessoa perde os seus atributos como valorfonte da experincia tica para ser vista como simples momento de um sertranspessoal ou pea de um gigantesco mecanismo, que sob vrias denominaes, pode ocultar sempre o mesmo monstro frio: coletividade, espcie, nao,classe, raa, ideia, esprito universal, ou conscincia coletiva.

    Na compreenso conceitual entre nacionalidade e cidadania a Constituio Federal de 1988 um bom exemplo, pois refere a estas expresses em diversos dispositivos. Comoexemplo do direito cidadania temos os direitos polticos que formam a base do regime democrtico do Estado atravs de seu exerccio de escolher os seus governantes ereivindicao de direitos. (SILVA, A., 2000)

    Desse modo podese considerar como nacionalidade o sentido de ligao de um indivduo a determinado Estado e a cidadania a condio de exerccio dos direitosconstitucionalmente assegurados que no se limitam apenas a atividade eleitoral mais a uma gama muito mais abrangente. A nacionalidade sendo assim consistente aosaspectos internacionais de vnculo que liga o indivduo ao Estado. (ACCIOLY et al., 2009).

    As prerrogativas conferidas pela cidadania aos nacionais deste modo excluem a participao dos estrangeiros principalmente pelas questes polticas que protegem o pasperante o cenrio nacional, mas incluindoos em outros aspectos, sobretudo por expressar na Suprema Norma, art. 5, caputque todos perante a lei (estrangeiros residentese brasileiros) tm a tutela da inviolabilidade de seus direitos fundamentais. Haja vista que independente da nacionalidade do indivduo so considerados necessrios dignidade da pessoa humana a proteo destes onde quer que estejam, contudo alguns direitos, porm so dirigidos aqueles cidados e no caso do Brasil aos brasileirosnatos ou naturalizados tendo em conta situao em que esto ligados diretamente ao Estado, pressupondo que de modo geral deve este disciplinar atravs de normas sformas pelas quais os que indiretamente participam da formao da sociedade brasileira. (MAZZUOLI, 2009, p. 612)

    H que se mencionar que, a vida em sociedade englobada de conflitos interpessoais e no plano internacional isto se intensifica, tendo em vista as inmeras disputas entreos sujeitos, por isto o Estado deve proteger aqueles que so seus nacionais atravs de seu poder de soberania.

    2.2 Jurisdio do Estado

    O Estado possui jurisdio sobre todos os indivduos que se encontram sobre seu territrio, no cabendo a outro Estado impor medidas que violam a normas fundamentais deoutro espao que no seja seu. por este entendimento que a autoridade do Estado exercida sobre os seus nacionais e aos no nacionais que ali esto, sejam residentes e

    domiciliados de forma legalizada ou no, de sorte que seu imprio coercitivo reina. tambm pelo seu poder de soberania, independncia em relao a outros Estados.(SILVA, R. 2002, p.164)

    As normas legais como num todo so destinadas a respeitar a supremacia e funcionam para concretizar direitos. O que uma Constituio faz normatizar algumas regras defundamento do seu territrio.

    Em sentido geral, amplo, constituio a estrutura fundamental ou a maneira de ser de qualquer coisa. Em teoria poltica e direito, Constituio, em letra maiscula,referese a Estado, podendo ser empregada em sentido amplo ou restrito. Em sentido amplo, genrico, a prpria organizao estatal. Todos os pases possuem suasConstituies, que lhes so prprias. Em sentido restrito, definese a Constituio como o conjunto de normas jurdicas necessrias e bsicas estruturao de uma sociedadepoltica, geralmente agrupadas em uma nica Lei Fundamental (MASCARENHAS, 2010, p. 16).

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    Sendo assim a jurisdio maior que o Estado possui est escancarada na Norma Maior de seu territrio. No entanto, os direitos nela inseridos devem ser observados aos direitosexternos, ou seja, aos direitos internacionais, que atravs de tratados, convenes, acordos, resolues e etc., so formalizados, a sintetizar como exemplo, a DeclaraoUniversal dos Direitos Humanos que protegem contra violaes estatais oriundas do prprio Estado, ou oriundas do plano internacional.

    2.3 A nacionalidade e o Direito Internacional

    O objeto de regulamentao do Direito interno primordialmente a nacionalidade e esta concedida atravs do poder soberano que o Estado obtm, deferindo atravs dasnormas que pautaro acerca da sua obteno. (CAHALI, 2010)

    a regra da Conveno de Haia Concernente a Certas Questes Relativas aos Conflitos de leis sobre nacionalidade, de 1930, que define expressamente que Cabe a cadaEstado determinar por sua legislao quais so os seus nacionais e que Toda questo relativa ao ponto de caber se um indivduo possui a nacionalidade de um Estado ser

    resolvida de acordo com a legislao desse Estado (PORTELA, 2009, p. 234).

    A soberania de um Estado em definir quem so os seus nacionais seu papel estritamente primordial e no aos demais Estados em interferir na legislao interna. Mas aodeixar o Estado responsvel por tal atributo sem sombra de dvidas os indivduos podem ser prejudicados pelas decises dos entes Estatais, de maneira a ficar sem anacionalidade ou com mais de uma. Assim, a este fato pode acarretar problemas aos interesses pessoais dos indivduos que esperam a discricionariedade do governo emdeferir ou no o pedido de naturalizao (por exemplo), segundo apontamento de Mazzuoli (2008) e Ramos (2012, p.69 e 70).

    Assim que o Direito Internacional estabelece sobre a matria princpios que so anexos importantes e afirmatrios em no modificar a soberania do Estado que determinamquem so os seus indivduos, limitando a proteo e a estabilidade destes perante a sociedade internacional. o que se ratifica a Declarao Universal dos Direitos Humanosque determina que Toda pessoa tem direito uma nacionalidade (art. XV, 1), secundada pelo Pacto dos Direitos Civis e Polticos dispondo que Toda criana tem direito deadquirir uma nacionalidade (art. 24, 1), pelo Pacto de San Jos no art. 20, 2 Toda pessoa tem direito nacionalidade do Estado em cujo territrio houver nascido se notiver direito a outra. O direito a nacionalidade imposto como preceito de que todo indivduo deve ter sua nacionalidade, no entanto, em ditas regras internacionais,segundo explanao do jurista Portela (2009) determina a ideia destes adotarem somente uma nacionalidade de modo a evitar quaisquer conflitos que advenham da

    polipatria."Com efeito, com fulcro nas premissas relativas dignidade humana, a possibilidade de mudana de nacionalidade pode permitir a vinculao a um Estado que melhorresguarde os direitos da pessoa." (PORTELA, 2009, p. 235) No artigo xv, 2 da Declarao Universal dos Direitos Humanos determina que ningum ser arbitrariamenteprivado de sua nacionalidade. Haja vista, que h exceo a este fato, pois, existentes regras internas (em conformidade com o art. 12, II da Constituio Federal de 1988)pode o indivduo perder a nacionalidade, ressaltando que tal conduta no concernente se for por motivos raciais e religiosos.

    Em breves palavras a nacionalidade deve ser efetivada e fundamentada em laos sociais entre o indivduo e o Estado de modo que da se enraze o carter nacional dedomnio ou conhecimentos considerveis de grande parte dos componentes que surgiro em decorrncia deste vnculo, e no a gosto de achar agradvel, vista em escolhermudar de nacionalidade ou adquirir outra por questes irrelevantes que podero ser prejudiciais ao prprio posteriormente.

    A Conveno de Haia, de 1930 Decreto 21. 798, de 06/09/1932 determina que a nacionalidade somente ser oponvel a outros Estados se tiver um mnimo de efetividade,conforme menciona Portela (2009, p. 235) no pretendendose que a nacionalidade seja dada de forma mercantil, confirma Mazzuoli (2008).

    regra geral de que os filhos de agentes de Estados estrangeiros, como os diplomatas, herdem a nacionalidade dos pais, no importam onde nasam. Com base na presunode que esses filhos tero um vnculo maior com o ente estatal da nacionalidade dos genitores (PORTELA, 2009, p. 236).

    Assim, caso esteja pautada nas reais necessidades do indivduo e da discricionariedade do governo estatal, tem aquele o direito a sua nacionalidade ou naturalidade pordireito.

    2.4 Conflitos de nacionalidade: polipatria e aptrida

    Da competncia estatal em definir quem so seus nacionais surgem questes aos que no so nacionais.

    Pois bem, Mazzuoli (2008) explica que a polipatria surge por fatores diversos dentre elas do indivduo possuir duas ou mais nacionalidades, a exemplo, menciona o filho de

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    cidado italiano que nasce no Brasil e que ser brasileiro nacionalidade em regra atribuda queles que nascem em territrio de nosso pas e italiano visto que a lei italianaconfere a nacionalidade a filhos de italianos. Ainda neste entendimento pode surgir a ocorrncia de possuir trs nacionalidades sendo, por exemplo, uma decorrente da me,a outra do pai e por derradeiro pelo local de seu nascimento ou uma decorrente do nascimento, dos pais e do casamento.

    Em Relao aos aptridas, so indivduos que no possuem nenhum lao que os vinculem a um territrio ferindo drasticamente o direito nacionalidade que tanto aclama asnormas internacionais. o mesmo em comparar que o homem deve ter uma ptria, como tem ele uma famlia (CAHALI, 2010).

    Assim, conferindo maiores protees a estes indivduos foram concludos os seguintes documentos dispostos no Decreto 21. 798, de 06/09/1932 e na Conveno sobre oEstatuto dos aptridas de 1954 (Decreto 4.246, de 22/05/2002) que incentiva os Estados a facilitarem a naturalizao, alm de diversas normas internacionais de direitoshumanos que consagraram amparos e garantidas de forma a evitar a situao anmala do aptrida, vista como perigosa a qualquer ser humano (CAHALI, 2010). Estatui, nestesentido a Conveno de 1961, Conveno Internacional sobre a Eliminao de todas as Formas de Discriminao Racial, a Conveno sobre os Direitos da Criana que garante odireito de toda criana a adquirir uma nacionalidade, a Conveno sobre eliminao de todas as formas de discriminao contra a mulher, clamando a igualdade entre homense mulheres em diversos aspectos, mas sobretudo a respeito da aquisio da nacionalidade e transmisso s crianas, como tambm outras normas regionais fazem a mesmaobservao. (ALTO COMISSARIADO DAS NAES UNIDAS PARA OS REFUGIADOS ACNUR, 2010).

    O artigo 6 da Carta Africana sobre os direitos e bem estar da criana, o artigo 20 da Conveno Americana sobre os Direitos Humanos, o artigo 7 da Conveno sobre osDireitos da Criana do Isl e uma srie de provises na Conveno Europia sobre nacionalidade. Muitos Estados j cumpriram obrigaes internacionais importantes para apromoo do direito a nacionalidade. Estas obrigaes so complementares quelas da Conveno de 1961. No entanto, a Conveno de 1961 permanece sendo o nicoinstrumento que oferece salvaguardas comuns universais para evitar a apatridia. Ela trata de problemas de nacionalidade que podem ocorrer dentro de uma regio especficaquanto de problemas que requerem a aplicao de regras comuns pelos Estados em diferentes regies. (ACNUR, 2010)

    2.4.1 A especial situao da Apatridia

    A ausncia da nacionalidade pode ser prejudicial e por que no dizer devastadora a qualquer ser humano.

    O termo utilizado para definila apatridia vem da palavra alem Heimatlos, que pelas circunstncias em que o indivduos nasce, nenhum lao o vincula ao Pas, haja vista quepara Cahali (2010) percebida como perigosa sociedade, devendo ao mximo evitar sua existncia, de modo que o direito deve produzir meios para a sua inexistncia. Sobreo surgimento do termo aptrida, Mello (2002) dispe que atual nomenclatura somente foi consagrada quando passaram a ser usadas nas convenes internacionais, veja noseguinte trecho:

    A denominao de apatridia para as pessoas sem nacionalidade foi criada por Charles Claro, advogado no Tribunal de Apelao de Paris, em 1918. Na Alemanha, eles eramdenominados de heimatlos, sem ptria, ou destaatenlose (sem Estado). Na Inglaterra, de statelessness. Outras denominaes foram propostas, com a deapolidi (Ilmar PennaMarinho), etc. Entretanto, a de aptrida e de apatridia foram consagradas nas convenes internacionais e por grande parte da doutrina (Franois, Vichniae, etc.). (MELLO,2002, p.1000).

    A apatridia pode acontecer quando uma pessoa perda a nacionalidade que tinha por no seguir o procedimento adotado pelo pas, ou por choques de legislaes ou atmesmo por outros fatores. Um bom exemplo a ser dito, o caso dos filhos de pais estrangeiros nascidos em pases que adotam ojus sanguinis, quando o Estado de origem dospais adota o sistema dojus soli, sem quaisquer temperamentos. (CARTAXO, 2010)

    Esse um assunto que gera grave preocupao. A conveno de 1961 para reduzir os casos de Apatridia uma importante ferramenta para combater o problema. MuitosEstados j possuem legislao em conformidade com as disposies da Conveno. (ACNUR, 2010, p. 2)

    Acontece que tal anomalia muitas vezes nasce de medidas polticas repressivas, como na Segunda Guerra Mundial (CARTAXO, 2010, p. 112) quando privaram milhares deindivduos das suas respectivas nacionalidades.

    O Estado nazista aplicou, sistematicamente, a poltica de supresso da nacionalidade alem a grupos minoritrios, sobretudo a pessoas consideradas de origem judaica. Logoaps a guerra, Hannah Arendt chamou a ateno para a novidade perversa desse abuso, mostrando como a privao de nacionalidade fazia das vtimas pessoas excludas detoda proteo jurdica no mundo. Ao contrrio do que se supunha no sculo XVIII, mostrou ela, os direitos humanos no protegidos independentemente da nacionalidade oucidadania. [...] aquele que foi despojado de sua nacionalidade, sem ser opositor poltico, pode no encontrar nenhum Estado disposto a receblo: ele simplesmente deixa de

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    ser considerado uma pessoa humana. Numa frmula tornada clebre, Hannah Arendt conclui que a essncia dos direitos humanos o direito a ter direitos. (COMPARATO,2008, p. 238)

    Por isso a extrema importncia de tratados, convenes, acordos internacionais. O Programa de Reduo dos Casos de Apatridia da Organizao das Naes Unidas atravs doACNUR na ajuda de implementaes aos casos aptridas. O oferecimento de assistncia tcnica, refora o dever que reza a Conveno de 1961 e todas as subsequentes.Aderir o Estatuto dos Aptridas de 1954 ou a Conveno de 1961 um grande passo fundamental para auxiliar os Estados a enfrentar os casos de apatridia. (ACNUR, 2010)

    2.5 A nacionalidade de origem: Ius Sanguinis e Ius Solis

    A definio da nacionalidade originria vinculada a dois critrios: ojus solise ojus sanguinis.

    Nojus solio indivduo adquire a nacionalidade em cujo territrio ele nasa independentemente da nacionalidade de seus ascendentes. Interessante que tal critrio foiadotado aos territrios em que necessitavam obter a formao de novos povos permanentes imigrantes, segundo Cahali (2010).

    Ojus sanguinis, a nacionalidade atribuda de acordo com a nacionalidade de seus ascendentes independentemente do local onde nasceram sendo este o critrio maisantigo de que se tem conhecimento, sobretudo para os povos israelitas que em linhas preliminares foram retratados. Assim, o jus sanguinis adotado de modo a mantervnculo com a cultura, religio e etc., permitindo o enraizamento dos indivduos com o Estado de origem. (CAHALI, 2010)

    3 NACIONALIDADE BRASILEIRA

    De forma essencial mencionado que os Estados possuem soberania para tratarem da nacionalidade de seus indivduos. Pois ento, nesta viso os nacionais so aquelaspessoas submetidas autoridade do Estado, conforme Mazzuoli (2008).

    Salienta dizer que as hipteses constitucionais de atribuio da condio de brasileiro nato so numerus clausus, ou seja, no so passveis de mudanas sejam para ampliaoou restrio. Mune aos Estados as ferramentas para evitar s controvrsias relativas nacionalidade, melhorando a estabilidade e as relaes internacionais, evitando a

    marginalizao e apatridia de indivduos, promovendo a sua insero na sociedade. Assim, o imperativo que se v perante a CF/88 cuida dos brasileiros natos e naturalizadosque perfazem o universo do povo brasileiro escancarados no dispositivo do art. 12 e incisos. (MASCARENHAS, 2010)

    3. 1 Brasileiros natos

    O conceito de brasileiro nato para Mazzuoli (2008) aquele indivduo que ao nascer seja no Brasil ou eventualmente no exterior optem pela nacionalidade brasileira. Tratasede critrio que determina o aspecto territorial (jus soli)a fim de reconhecimento do Estado e dos indivduos que nele se compe. Neste fato trs hipteses qualificam osbrasileiros natos em conformidade com o art. 12, inciso I da Constituio brasileira de 1988:

    I natos: a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros , desde que estes no estejam a servio de seu pas; b) os nascidos no estrangeiros,de pai brasileiro ou me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mebrasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois deatingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

    So considerados tambm brasileiros natos os nascidos a bordo de navios ou aeronaves brasileiras que estiverem em terras neutras. Neste sentido, Mazzuoli (2008) expe emtrecho seguinte o primeiro caso de nacionalidade ocasionado pelo nascimento do indivduo no territrio brasileiro, episdio este registrado na alnea ado artigo em exposio:

    O primeiro caso de nacionalidade originria previsto na Constituio diz respeito aos nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde queestes no estejam a servio de seu pas. Consagrouse, aqui, o critrio jus soli, que autoriza considerase brasileiros natos os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, emnada importando a nacionalidade dos pais a priori. A primeira indagao que fica desta primeira hiptese aventada pela Constituio, que alis a mais comum de ocorrer, dizrespeito ao que se considera Repblica Federativa do Brasil para efeito de nacionalidade. Em termos tcnicos, Repblica Federativa do Brasil pertence ao territriobrasileiro (espao fsico, onde o Estado exerce a sua soberania sobre pessoas e bens, aqui contemplados os Estados Federados e os Municpios), nele se incluindo os rios,mares, ilhas e golfos brasileiros, o mar territorial e os navios e aeronaves de guerra brasileiros, onde quer que se encontrem. Frisese que a Constituio de 1988 se abstevede tratar, ainda que implicitamente, do problema atinente aos espaos areos hdricos ou mesmo terrestres, imunes soberania de qualquer Estado (o mar, o espao areo e

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    tambm o continente antrtico). Sem embargo disso, cremos reputarse nascidos no Brasil os nascidos a bordo de aeronaves e navios de guerra brasileiro (onde quer que seencontrem), bem como nas aeronaves e navios mercantes de bandeira brasileira quando em trnsito por espaos neutros, como no alto mar, no ocorrendo semelhantehiptese caso o espao de trfego esteja afeto soberania de outro Estado, ainda que a embarcao ou aeronave seja natureza pblica. Atentese que os navios e aeronavesde natureza pblica no so obrigatoriamente de guerra. Apenas os nascidos em navios e aeronaves de guerra so brasileiros natos, onde quer que se encontre a embarcaoou a aeronave. O mesmo j ocorre com os nascidos em navios ou aeronaves de natureza pblica (que no so de guerra) quando atracados ou estacionados em espaopertencente outra soberania (MAZZUOLI, 2008, p. 624).

    H tambm a hiptese estabelecida na alnea bdo mencionado artigo. So brasileiros natos independentemente de qualquer formalidade os nascidos no estrangeiro degenitor ou me genitora brasileira, desde que qualquer um deles esteja a servio no Brasil, deixando de abrir espao para o critrio jus solie estabelecendo ojussanguinis(Mazzuoli, 2008, p.626). Portanto, a expresso a servio do Brasil h de ser compreendida como atividades que aufere ao Poder Executivo como qualquer funoassociada s atividades da Unio, Estado, Distrito Federal ou Municpios ou autarquias, sendo de importncia o fato do brasileiro estar para fins constitucionais o que assimdetermina a servio do Brasil.

    A regra constitucional em comento acaba com a polmica que j se firmou outrora no Brasil, sobre o que se considera brasileiro nato: se o efetivamente nascido emterritrio brasileiro ou se tambm o nascido brasileiro, no importando o local de nascimento. A Constituio de 1988, entendendo dessa segunda maneira, considera tambmbrasileiro nato aquele nascido alhures, quando qualquer dos pais esteja a servio do nosso pas. O servio a que se refere o texto constitucional como j se falou deve serentendido em sentido largo, compreendendo qualquer encargo derivado dos poderes da Unio, dos Estados e dos Municpios, bem como as autarquias. Ampliase tambm oconceito aos servios que o Brasil participa nas Organizaes Internacionais das quais parte (MAZZUOLI, 2008, p. 627).

    Desse modo, perfazendo a ideia proposta, Mazzuoli (2008) indaga a pergunta se poder o Presidente da Repblica Brasileira ser um parisiense como sntese de exemplo.Interessante tal exposio, pois h de ser analisado os fatores de nacionalidade e naturalidade que possuem concepes distintas, de sorte que evidentemente possvelum indivduo nascer em outro pas e ter os mesmos direitos daquele que nasceu no Estado a qual queira fixar suas razes. O fato de nascer em outro pas no quer dizer queseja nacional daquele pas, h uma srie de fatores que o fez estar naquele local e por inmeros motivos no so cabveis mencionlos, haja vista, pela inerncia pessoal decada indivduo.

    (...) caso seja filho de pai brasileiro ou me brasileira a servio do Brasil na Frana (ou na Itlia ou na Inglaterra etc.) Ser parisiense (que a naturalidade do indivduo) nosignifica ser obrigatoriamente francs (assim como ter nascido em Florena no induz ter o indivduo nacionalidade italiana, e assim por diante). Como anteriormente j sefalou, os conceitos de naturalidade e nacionalidade no se confundem, nada impedindo que uma pessoa natural de cidade europeia seja um nacional brasileiro nato, podendoassim ascender a qualquer um dos cargos que a Constituio reserva exclusivamente a essa classe de nacionais (MAZZUOLI, 2008, p. 627).

    A regra constitucional clara e diz ser brasileiros natos os filhos de pai ou me brasileiros, se qualquer um deles estiver a servio do Brasil, a base para que os filhos nosejam considerados aliengenas dentro do prprio lar, sobretudo pelo motivo determinante que fez com que seus pais se deslocassem para outro pas a servio do Brasil.(CAHALI, 2010) Por fim, estatui ainda aos brasileiros natos nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasileira desde que sejam registrados em repartio brasileira ouque venham a residir no Brasil e optem a qualquer tempo depois de atingida maioridade a nacionalidade brasileira (CF, art. 12, I, c redao da EC DE Reviso n. 3, de1994).

    Pela nova redao do art. 12, inc. I, alnea c, da Constituio, existem duas possibilidade para que os filhos de brasileiros, nascidos no exterior, sejam considerados brasileirosnatos. Nos termos do dispositivo, so brasileiros natos nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira

    competente ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Assim, aprimeira possibilidade existente j registrar o filho nascido no exterior em repartio consular brasileira, a fim de que o mesmo passe, a partir desse momento, a j estargarantido na condio de brasileiro nato, ainda que jamais venha a residir no Brasil, no fale o nosso idioma, no conhea a nossa cultura etc. A segunda possibilidade dizrespeito aos filhos de brasileiros nascidos no exterior que, por qualquer motivo, no tiverem seu registro ali efetuado. Nesse caso, exige a segunda parte do dispositivo duascondies para que a nacionalidade brasileira de origem opere: a) a vinda ao pas (antes ou depois de atingida a maioridade), b) a opo, em qualquer tempo (mas depois deatingida a maioridade), pela nacionalidade brasileira. Assim, os filhos de brasileiros nascidos no exterior que j alcanaram a maioridade e vierem depois dela residir no Brasil,j podero (de imediato) ingressar em juzo (justia federal), a fim de exercer o direito de opo pela nacionalidade brasileira. Os que vierem residir no Brasil enquantomenores tero que aguardar a maioridade para o exerccio do direito de opo pela nacionalidade brasileira, em qualquer tempo, aps atingida a maioridade aos 18 anos(MAZZUOLI, 2008, p. 629 e 630).

    Mazzuoli (2008) perfazendo a esta regra o quadro jurdico instaurado pela ECR 3/94, reconhece que o filho de brasileiro nascido no exterior e que menor viesse domiciliar no

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    pas dever ser considerado como brasileiro nato fazendo jusao registro provisrio como estabelecido na lei de Registros Pblicos (art. 32, 2). Haja vista que tal situaotem sensveis repercusses ao que concerne o reconhecimento dos direitos ao brasileiro nato. Veja bem, o caso da no extraditabilidade, pois pendente a nacionalidadebrasileira do extraditando suspendese o processo extradicional (CPC, art. 265, IV, a), conforme Mendes (2010) menciona em acrdo transcrito em sua obra.

    [...] tendo em vista o carter protetivo e no restritivo da norma constitucional e os efeitos severos da apatria, afiguravase inevitvel que se reconhecesse ao menor filhode brasileiro, nascido e residente no estrangeiro, a nacionalidade brasileira com eficcia plena at p advento da maioridade quando poderia decidir, livre e validamente,sobre a fixao de residncia no Brasil ou alhures e sobre a opo pela nacionalidade brasileira. Se antes de completar a maioridade no poderia ele decidir, autnoma evalidamente sobre a fixao da residncia no Brasil, no haveria como no se lhe reconhecer a condio de brasileiro nato (MENDES et al., 2010, p.842).

    3. 1.1 Justia Federal nas causas referentes nacionalizao

    A competncia para julgar aes e processlas referentes nacionalizao dos juzes federais conforme o que dispe na (em conformidade com a CF/88, art. 109, X).

    Art. 109. Os juzes federais compete processar e julgar: 9EC n45/2004): X Os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a execuo e carta rogatria, apso exequator, e de sentena estrangeira, aps a homologao, as causas referentes nacionalizao, inclusive a respectiva opo, e naturalizao.

    Os eventuais recursos que ocasionarem devero ser apreciados pelos Tribunais Regionais Federais (em conformidade com a CF/88, art. 108, II) art. 108. Compete aos TribunaisRegionais Federais: II Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juzes federais e pelos juzes estaduais no exerccio da competncia federal da rea de suajurisdio.

    3. 2 Naturalizao no Brasil

    Ao que diz respeito, a obteno da nacionalidade brasileira por meio do art. 12, II da Constituio Federal de 1988 (redao determinada pela ECR/1994) como tambm pelalei 6.815 de 19/08/1980 (Estatuto do Estrangeiro) regulamentada pelo Decreto 86.715 de 10/12/1981 e demais que disciplinam sobre o assunto.

    3. 2.1 Aquisio da naturalidade

    So brasileiros naturalizados aqueles que vierem a adquirir a nacionalidade brasileira, conforme a previso legal (em conformidade com o art. 12, inc. II da CF/88). Ao que estdisposto no Estatuto do Estrangeiro concesso da naturalizao interesse exclusivo do Executivo devendo obedecer a certos requisitos, por exemplo, ao interesse nacional.Alis, nenhum Estado obrigado a atribuir a nacionalidade em face do prprio princpio do interesse estatal de evitar at mesmo a incluso de um elemento que possa serperigoso para a sociedade.

    Neste entendimento conforme os arts. 111 a 124 (lei 6.815 de 19/08/1980) do Estatuto do Estrangeiro e detalhados nos arts. 119 a 134 do Decreto 86.715.e sendo os requisitospara a naturalizao o disposto no art. 112.

    Art. 112. So condies para a concesso da naturalizao: I capacidade civil, segundo a lei brasileira; II ser registrado como permanente no Brasil; III residncia contnuano territrio nacional, pelo prazo mnimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalizao; IV ler e escrever a lngua portuguesa, consideradas ascondies do naturalizando; V exerccio de profisso ou posse de bens suficientes manuteno prpria e da famlia; VI bom procedimento;

    VII inexistncia de denncia, pronncia ou condenao no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mnima de pri so, abstratamente considerada,superior a 1 (um) ano; e VIII boa sade.

    1 no se exigir a prova de boa sade a nenhum estrangeiro que residir no Pas h mais de dois anos. 2 verificada, a qualquer tempo, a falsidade ideolgica ou materialde qualquer dos requisitos exigidos neste artigo ou nos arts. 113 e 114 desta Lei, ser declarado nulo o ato de naturalizao sem prejuzo da ao penal cabvel pela infraocometida 3 A declarao de nulidade a que se refere o pargrafo anterior processarse administrativamente, no Ministrio da Justia, de ofcio ou mediante representao

    fundamentada, concedido ao naturalizado, para defesa, o prazo de quinze dias, contados da notificao.

    O art. 113 (lei 6.815 de 19/08/1980) faz uma reduo ao prazo de residncia no Brasil nas seguintes condies:

    I ter filho ou cnjuge brasileiro; II ser filho de brasileiro;

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    III haver prestado ou poder prestar servios relevantes ao Brasil, a juzo do Ministro da Justia; IV recomendarse por sua capacidade profissional, cientfica ou artstica; ouV ser proprietrio, no Brasil, de bem imvel, cujo valor seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de Referncia; ou ser industrial que disponha de fundos de igualvalor; ou possuir cota ou aes integralizadas de montante, no mnimo, idntico, em sociedade comercial ou civi l, destinada, princ ipal e permanentemente, explorao deatividade industrial ou agrcola.

    Pargrafo nico. A residncia ser, no mnimo, de um ano, nos casos dos itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de trs anos, no do item V.

    A naturalizao ser requerida por aquele interessado em forma de petio direcionada ao Ministro da Justia e apresentada no departamento da Polcia Federal queproceder ao inqurito de investigao da vida pregressa do estrangeiro de acordo com todas as informaes que forem apresentadas (em conformidade com a lei 6.815/1980,art. 119). Por fim o Ministro da Justia que a entidade competente neste aspecto conceder a nacionalidade brasileira ao estrangeiro ou no cabendo pedido dereconsiderao. Agora caso deferido por fim, em cerimnia solene ser entregue o certificado pelo juiz federal da cidade onde o estrangeiro esteja domiciliado. No entanto,

    caso o certificado no seja solicitado pelo interessado dentro do prazo de doze meses, salvo por motivos de fora maior a naturalizao perder seu efeito. (MAZZUOLI, 2008)

    Concerne especificar que a formulao do pedido de naturalizao impede a deportao do estrangeiro com vencimento do visto de permanncia quando o exame do pedidode obteno da nacionalidade brasileira estiver em atraso, caracterizando se houver eventual deportao constrangimento ilegal. Quanto ao estrangeiro menor admitido noBrasil e aqui se estabelecendo de forma definitiva, poder requerer ao Ministro da Justia por seu representante legal a emisso de certificado provisrio a qual poder serconvertida em permanncia aps sua maioridade caso seja expressa sua deciso em fixar no territrio nacional brasileiro. (MAZZUOLI, 2008)

    Existem tambm outras hipteses de naturalizao brasileira. A primeira dos indivduos originrios de pases lusfonos e que no territrio brasileiro esto de formaininterrupta por um ano com idoneidade moral (CF, art 12, II, a). So os seguintes pases, espalhados pelos cinco continentes: Repblica de Angola, a Repblica Federativa doBrasil, a Repblica de Cabo Verde, a Repblica de GuinBissau, a Repblica de Moambique, a Repblica Portuguesa, a Repblica Democrtica de So Tom e Prncipe e aRepblica Democrtica de TimorLeste. [2]

    Porm a segunda hiptese so para aqueles indivduos que vivem no Brasil h mais de quinze anos chamado de naturalizao extraordinria (CF/88, art. 12, II, b). Por sua

    vez aos demais estrangeiros exigese quatro anos de residncia no Brasil, idoneidade moral e domnio da lngua portuguesa, podendo tal prazo ser reduzido por um ano noscasos que houver filho ou cnjuge brasileiro (a), ou ainda puder prestar servios relevantes ao Brasil (segundo a lei 6.815/1980 em seu art. 113).

    3. 3 Perda da nacionalidade brasileira

    A atual norma Constitucional brasileira (CF/88) taxa os casos de perda de nacionalidade.

    Conforme dispe o art. 12, 4, da Constituio, ser declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I tiver cancelada a sua naturalizao, por sentena judicial, emvirtude de atividade nociva ao interesse nacional; II adquirir outra nacionalidade, salvos nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originria pela lei estrangeira; b)de imposio de naturalizao, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condio para permanncia em seu territrio ou para exerccio dedireitos civis (inc. II com redao determinada pela ECR 3/1994) (CAHALI, 2010, p. 66).

    Assim, temos a dplice modalidade de perda da condio de nacional. A perda punio e a perda incompatibilidade absoluta.

    J no prevalece, portando, a especiosa causa de perda da nacionalidade brasileira, tradicionalmente prevista no direito anterior, para o brasileiro que, sem licena doPresidente da Repblica, aceitasse comisso, emprego ou penso de governo estrangeiro, hiptese que configuraria uma quase incompatibilidade. O nosso direito noreconhece a perda abdicao, caracterizada pelo rompimento do vnculo da nacionalidade a pedido expresso ou presumido do brasileiro, sem concomitante aquisio de novanacionalidade (CAHALI, 2010, p. 66).

    3. 3.1 Perda da nacionalidade como pena

    Darse em decorrncia do disposto no art. 12, 4, I, da CF/88. A perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua naturalizao, por sentena judicial, emvirtude de atividade nociva ao interesse nacional.

    Tratase de caso especfico de perda da nacionalidade secundria, no compreendendo, evidncia, o brasileiro nato, cuja atividade nociva ao interesse nacional poder

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    sujeitlo apenas a sanes de natureza diversa (CAHALI, 2010, p. 66).

    Ao que tange a prtica de atividade nociva ser incumbncia do Executivo a decretao da perda da nacionalidade, j que o Estado tem a prerrogativa de disciplinar sobremedidas de imposio e aceitao de quem so seus nacionais. Inadmissvel manter em seu territrio indivduos que ameaam a integridade dos interesses Estatais.

    3. 3.2 Perda por incompatibilidade absoluta. Naturalizao voluntria.

    Os diretos reconhecidos aos indivduos ao que diz respeito possibilidade de mudana de nacionalidade um dos princpios informadores do instituto da nacionalidade. Osujeito que tem os atributos de obter este direito seja desde o nascimento ou por outras circunstncias, ter uma srie de direitos e deveres pelas quais ir vincullo adeterminado Estado. (CAHALI, 2010)

    O indivduo que escolhe um Estado para abriglo deseja ali unir a cultura, idioma, direitos, etc. Mais atravs do descumprimento de deveres ou por incompatibilidadeabsoluta, por exemplo, temse a cominao estatuda no art. 12 4, II, da CF/88 em que poder perder a nacionalidade o brasileiro que por naturalizao adquirir outranacionalidade.

    3. 4 Reaquisio da nacionalidade brasileira

    O cancelamento da naturalizao faz com que o status de nacional brasileiro no tenha o mesmo plus anterior, ao menos que o cancelamento da naturalizao seja desfeitopor meio de ao rescisria, segundo entendimento do jurista Cahali (2008). No entanto, aquele que perdeu a nacionalidade brasileira por naturalizao voluntria poderreavla, caso esteja domiciliado no Brasil, por Decreto do Presidente da Repblica. (Mazzuoli, 2008, p. 641)

    O brilhante professor Gutier (2011) expe, a possibilidade de requerimento ao Ministrio da Justia por Decreto do Presidente da Repblica nas seguintes, colocando tambmas posies majoritrias e minoritrias.

    Quem perdeu a nacionalidade brasileira pode readquirir a nacionalidade brasileira, uma vez que a Lei 818/49 (revogado em grande parte pelo Estatuto do Estrangeiro, mas

    com o art. 36 em vigor) diz que possvel a reaquisio da nacionalidade brasileira fazendose um requerimento ao Ministrio da Justia por Decreto do Presidente daRepblica.

    Com qual status?

    1 Posio (Minoritria Jos Afonso da silva): volta com o mesmo status que perdera. Se era nato, volta como nato, se era naturalizado, como naturalizado.

    2 Posio (Majoritria Pontes de Miranda, Mirt Fraga, Jos Francisco Rezek, dentre outros): entende que a pessoa no volta com o mesmo status. Se era brasileiro nato,volta como naturalizado, no podendo concorrer aos cargos privativos a brasileiros natos. Se era naturalizado, volta como renaturalizado, e assim sendo, ele pode serextraditado, deportado ou expulso. um processo mais fac ilitado, no precisando passar por um procedimento judicial.(GUTIER, 2011, p. 27)

    3.5 Distino entre brasileiro nato e naturalizado

    A Norma Maior probe a distino entre os brasileiros natos e os naturalizados, porm existem excees pelas quais esto perante o art. 12, 2 da CF/88. Por compreenso

    deste artigo so privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice Presidente da Repblica Federativa Brasileira, Presidente da Cmara dos Deputados, Presidentedo Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Carreira Diplomtica, Oficial das Foras Armadas e o Ministro de Estado da Defesa. Entendese tambm nestenterim a proibio de substitutos e titulares dos cargos ditos anteriormente.

    Aplicase a garantia da no extraditabilidade ao brasileiro. Considerando que ao brasileiro naturalizado poder ocorrer a extradio por crime praticado antes danatural izao, no caso de envolvimento com trfico ilcito, por crimes praticados aps a naturalizao (em conformidade com CF/88, art. 5, LI).

    3.6 O Estatuto da Igualdade entre brasileiros e portugueses

    O Brasil e Portugal em 7 de setembro de 1971 celebraram a Conveno aprovada pelo Decreto legislativo n. 82, de 24/11/1971 e promulgada pelo Decreto n. 70.391, de12/04/1972 (regulamentado pelo Decreto n. 70.436, de 18/04/1972), tendo entrado em vigor em 22 de abril do mesmo ano dispondo sobre a Igualdade de Direitos Deveres

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    entre brasileiros e portugueses. A alterao clssica da aquisio da nacionalidade, conforme preceitua Mazzuoli (2008) foi modificada pela afirmao deste acordo de modoque tais indivduos exercessem no outro Estado os direitos inerentes cidadania.

    O Decreto n. 3.927, de 19/09/2001, promulgou o Tratado da Amizade (Estatuto da Igualdade) substituindo a Conveno de 1971. Este Estatuto contemplou os direitos eobrigaes civis e a igualdade de direitos polticos dos indivduos destes pases. Conforme o art. 12 da norma os brasileiros em Portugal e os portugueses no Brasil,beneficirios do estatuto de igualdade, gozaro dos mesmos direitos e estaro sujeitos aos mesmos deveres dos nacionais destes Estados e no implicar em perda dasrespectivas nacionalidade (art. 13), salvo aqueles que ofenderem a soberania nacional e a ordem pblica do Estado de residncia (art. 13, 2). (CAHALI, 2010)

    Porm, a Constituio no deixa de proteger os direitos daqueles que so seus nacionais originrios, como apresentada no 1, do art. 12 que aos portugueses com residnciapermanente no Pas, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, sero atribudos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituio. Ora, opacto de amizade entre o Brasil e Portugal faz com que regras estabelecidas sejam cumpridas por ambos e no privilgios apenas a um e prejuzos perante outro. O

    acolhimento tem de ser para ambos, como dito. O brasileiro tem que chegar a Portugal e sentirse amparado da mesma forma que o portugus no territrio brasileiro. Notese o critrio da reciprocidade.

    A Constituio brasileira permite que um portugus residente no Brasil ascenda (se houver reciprocidade) aos cargos de Ministro de Estado, Senador, Deputado Federal eEstadual, Governador de Estado, Prefeito e Vereador. Entretanto, o acesso a esses cargos e funes pblicas est vedado aos portugueses aqui residentes, porque aConstituio de Portugal no permite que brasileiros l residentes ascendam a cargos e funes correspondentes (MAZZUOLI, 2008. p. 644).

    A igualdade de direitos e deveres ser reconhecida por deciso do Ministrio da Justia do Brasil e pelo Ministrio da Administrao em Portugal aos brasileiros e portuguesesque requeiram a igualdade de tais direitos e deveres (art. 15). Os portugueses tero prerrogativas que no so impostas a outros estrangeiros como exemplo o direito de abrirempresa jornalstica. A extino acontecer da nacionalidade ou com a cessao da autorizao de permanncia no territrio do Estado de residncia (art. 16). (MAZZUOLI)

    Em relao aos direitos polticos reconhece a Conveno que tal prestgio se dar para os que estiverem trs anos de residncia permanente, mas no ser abrangida caso ooutro pas no garanta os mesmos privilgios.

    A importncia prtica em se atender o art. 15 do tratado (que corresponde ao antigo art. 5 do Estatuto da Igualdade de 1971) ficou bem caracterizada em dois pedidos deextradio de portugueses julgados pelo Supremo Tribunal Federal no Brasil, ainda gide da conveno de 1971. No primeiro, julgado em 1996, o STF deferiu a solicitao daFrana, extraditando portugus que aqui se encontrava e que no demonstrava estar no gozo do benefcio mediante prova de que o requerera e obtivera (Extradio n. 674,in RTJ 161/11). No, segundo, o STF negou pedido extradicional requerido pela Itlia, pelo fato de estar a requerente juridicamente amparada pelo Tratado firmado entreBrasil e Portugal conforme certificado expedido pelo Ministrio da Justia, que concede nos termos dos artigos 2, 3 e 5 do Decreto n. 70. 436, de 18 de abril de 1972, osdireitos de cidado brasileira requerente (Extradio n. 302, in RTJ 167/742) (DOLINGER, 2001, p. 180).

    O princpio da reciprocidade primordial em todos os aspectos de direitos estabelecidos no acordo, caso ao contrrio no h a necessidade de firmamento de tal pacto.

    Porventura haja eventuais modificaes devem estas ser comunicadas entre os Estados que pactuaram o acordo, bem como a perda de sua validao.

    4 BREVE RELATO DO ESTRANGEIRO NA LEGISLAO BRASILEIRA

    A sociedade h muito tempo comeou a ser assim, miscigenada de culturas, raas, religio, lngua e assim por diante. As misturas dos povos indgenas, espanhis, ingleses,africanos enfim fizeram a cara do povo brasileiro, mas tal detalhe no somente observado no Brasil, tambm perceptvel mistura dos povos, sobretudo nos pases emque sofreram com a guerra, com o desemprego e a fome.

    O exmio escritor e jornalista Eduardo Galeano nascido em Montevidu, viveu exilado na Argentina e a Catalunha, na Espanha e escreveu vrios textos pelos quais dispe arealidade de muitas situaes cotidianas despercebida aos nossos olhos. Em um de seus textos, em especial o titularizado Paradoxo, expe em sntese a mistura de raas queconfunde o que a histria tende a nos contar.

    Se a contradio for o pulmo da histria, o paradoxo dever ser, penso eu, o espelho que a histria usa para debochar de ns. [...] Napoleo Bonaparte, o mais francs dosfranceses, no era francs. No era russo Josef Stalin, o mais russo dos russos; e o mais alemo dos alemes, Adolf Hitler, tinha nascido na ustria. Margherita Sarfatti, amulher mais amada pelo antissemita Mussolini, era jud ia [...] (GALENO,1989, p. 67).

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    No Brasil, aps abolio da escravatura para que o pas fosse limpado da presena dos negros e recebessem novos ares promoveuse a imigrao europeia para povoar ebranquear o territrio brasileiro. Tal meno bastante evidente, conforme cita Ferreira (2013), pois grande parte da populao era composta de negros provenientes docontinente africano que chegaram em navios negreiros para serem escravizados. Assim, posterior escravido e pelos novos ideais de mudanas, ao invs de beneficiar os exescravos com uma vida digna, dando a estes trabalho e educao, o Brasil fez o favor de exclulos deste rol criando legislaes que favorecessem a vinda de europeus entendendo por debaixo dos panos que o Brasil precisava de uma nova roupagem. A imigrao aumentou pressionada pelo trmino do trfico internacional de escravos, pelobranqueamento da populao como dito e depois pela expanso da economia, principalmente no perodo das grandes plantaes de caf. No obstante aos negros sobraram asmigalhas de sonhos de liberdade, prazeres e trabalho. Foram escolhidos por serem fortes e capazes de formarem a Nao atual e por merecimento receberam adiscriminao que at hoje presente.

    Enquanto os imigrantes chegavam deparavam com o que o Brasil queria e a estes eram reservados os especficos espaos centrais, ao passo que aqueles a beirada do prato. por isso que percebemos o grande acmulo de favelas no Brasil cuja grande presena de negros, haja vista que muitos conseguiram se sobressair e lutar pelos seus

    devidos espaos.

    Miguel Calmon, ministro de 0609, pela lei do povoamento do solo, proporciona a maior massa imigratria que jamais teve o pas (quase um milho de europeus, 927.802imigrantes de 1906 a 1914, quando o total, de um sculo, de 1820 a 1920, foi de 3.461.615); (PEIXOTO, 2008, p. 233).

    Deste modo, importante foi colocao anterior, pois tal fato foi comprovado nas legislaes brasileiras. Atravs do art. 1 do Decreto 528 de 1890 percebeu que a exceopara entrar no territrio era referente aos indgenas da sia e os Africanos.

    Assim, o art. 1 do Decreto 528 de 1890 dispunha que era inteiramente livre a entrada de trabalhadores, exceo feita aos indgenas da sia ou da frica, que necessitavamautorizao do Congresso Nacional. [...]

    As Constituies seguintes de 1934 e 1937 se mostraram mais restritivas. A concentrao de imigrantes de mesma nacionalidade e isolados nos ncleos coloniais gerava o temorno governo central do desenvolvimento de comunidades paralelas.

    O art. 121 da Constituio de 1934 respondia a esta preocupao e previa:

    6 A entrada de imigrantes no territrio nacional sofrer as restries necessrias garantia da integrao tnica e capacidade fsica e c ivil do imigrante, no podendo,porm, a corrente imigratria de cada pas exceder, anualmente, o limite de dois por cento sobre o nmero total dos respectivos nacionais f ixados no Brasil durante os ltimoscinqenta anos.

    7 vedada a concentrao de imigrantes em qualquer ponto do territrio da Unio, devendo a lei regular a seleo, localizao e assimilao do aliengena. (BARALDI, p.4, 2011 ).

    No obstante, novos ideais referentes ao trabalho comearam a surgir anos aps e isto preocupava o governo brasileiro visto que a manifestao vinha dos imigrantes,principalmente italianos. O Decreto lei n. 406 de 1938 foi primeira legislao sobre os estrangeiros e concedia pouqussimos direitos. J o Decreto lei 7.967 de 1945 foi segunda norma a disciplinar sobre o assunto e reiterava o branqueamento que as legislaes anteriores enfatizavam acobertadas pelo interesse nacional. (FERREIRA, D, 2013)

    [...] toda a legislao referente imigrao , basicamente, uma ordenao legal visando proteger os imigra