concurso literário da alla 2015

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Em sua segunda edição, o Concurso Literário promovido pela Academia Leopoldinense de Letras e Artes premiou obras nos gêneros POESIA, CONTO, CRÔNICA E CARTUM, nas modalidades Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e Ensino Superior e Público.

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Page 1: Concurso Literário da ALLA 2015
Page 2: Concurso Literário da ALLA 2015

Apresentação

Em sua segunda edição, o Concurso Literário promovido pela Academia

Leopoldinense de Letras e Artes premiou obras nos gêneros POESIA, CONTO, CRÔNICA E

CARTUM, nas modalidades Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e Ensino Superior e

Público. Além disso, o COLÉGIO EQUIPE DE LEOPOLDINA foi homenageado pelo mérito de

incentivo na participação dos alunos.

Antes de tudo, gostaríamos de agradecer a participação de todos os alunos inscritos e

o empenho e incentivo das escolas e dos professores. Nosso objetivo com esse concurso é

que haja o envolvimento de toda a comunidade escolar do município e que o sentimento de

amor e apego a nossa cidade seja cultivado para que todos queiram cuidar cada vez com

mais carinho de toda nossa terra.

Escolher dentre todos os trabalhos inscritos não foi tarefa fácil, pois a qualidade dos

textos inscritos está ainda melhor. Para essa tarefa, contamos com a participação de

diversos acadêmicos.

Seguem os textos premiados na íntegra, ou seja, não sofreram nenhuma intervenção

para a publicação.

Boa Leitura!

Acaba de sair o resultado do Concurso Literário, promovido pela ALLA. Louvável foi a

participação de muitas escolas, com empenho dos professores e adesão dos alunos. Trata-se

de um evento de suma importância no que tange ao desenvolvimento de habilidades dos

jovens. Não basta ater-se ao conhecimento básico dos conteúdos da grade curricular

estabelecida pelo sistema. Algo mais pode ser descoberto e desenvolvido. Educação,

formação, desenvolvimento, isto é um processo. É crescente e dinâmico. Tem que se

encontrar alguma habilidade em potencial no jovem. Seja na Literatura, na Pintura, na

Escultura, na Música e outras modalidades de saber e arte. Encontrar e cultivar. Isto

depende do interesse e empenho das pessoas envolvidas no processo educacional. Não se

pode contar com a atenção do "sistema". No caso presente, foi a Literatura. E foi um

sucesso. E merecem louvores todos os participantes.

Professor Luiz de Melo Sobrinho

Page 3: Concurso Literário da ALLA 2015

ÍNDICE

A carta, crônica de Fernanda Rayol Campana Pires ................................................................. 16

A casa dos 1991 demônios, conto de Walace Carvalho Guida .................................................. 4

Ao nosso Museu, poesia de Mariana de Almeida Thomaz Barbosa .......................................... 8

Cartum de Lucas Benício Lourenço Melo ................................................................................. 11

Cruz Queimada, poesia de Jhúlia Cunha Macedo .................................................................... 18

Escalada, poesia de Ana Carolina da Silva Medeiros Correia ................................................... 19

História, poesia de Miguel Domingues Klimek ........................................................................... 3

Leopoldina, mineira gostosa, poesia de Denis Cunha .............................................................. 24

Leopoldina, poesia de Ana Clara Almeida Paulino de Andrade ................................................. 1

Leopoldina, poesia de Ana Laura de Souza Ribeiro .................................................................... 2

Mineira gostosa, crônica de Lucas Benício Lourenço Melo ..................................................... 12

Minha cidade querida, poesia de Letícia Zangirolani Cerqueira ................................................ 7

Minha Leopoldina, poesia de Micaela Mendonça de Oliveira da Silva ...................................... 9

Modesta Leopoldina, poesia de Camila de Souza Castro ......................................................... 21

Que saudades de um tempo que não vivi!, crônica de Ana Cristina Miranda Fajardo ............ 23

Page 4: Concurso Literário da ALLA 2015

1

Ana Clara Almeida Paulino de Andrade Pseudônimo: Melzinha

Instituto Metodista Arca de Noé Ensino Fundamental I

Poesia 1º lugar

Leopoldina

Minha cidade é pequenina,

Mas eu gosto muito dela,

Aqui é legal e sensacional.

As paisagens são belas e maravilhosas!

Tenho muitos amigos por aqui.

Que cidade querida,

Queria todos aqui.

O Morro do Cruzeiro

Com a sua maravilha

Nos ensina a natureza respeitar.

Por aqui tem muita novidade

Nunca quero me mudar,

Eu amo essa cidade

Porque aqui e o meu lar.

Page 5: Concurso Literário da ALLA 2015

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Ana Laura de Souza Ribeiro Pseudônimo: LP

Instituto Metodista Arca de Noé Ensino Fundamental I

Poesia 2º lugar

Leopoldina

Minha cidade querida,

Escondida entre os montes,

É a minha Leopoldina!

Tem tantas coisas legais,

Igreja do Rosário,

Antigo cinema,

Igreja Catedral,

E muito mais!

Eu amo minha cidade,

Leopoldina,

E nunca quero me mudar.

Page 6: Concurso Literário da ALLA 2015

3

Miguel Domingues Klimek Pseudônimo: Miguelito

Colégio Imaculada Conceição Ensino Fundamental I

Poesia 3º lugar

História

Muitas coisas são memórias

Que fizeram história,

Como o Museu Augusto dos Anjos.

Pois lá viveu alguém famoso,

Inteligente e glorioso.

Foi Augusto,

Um poeta de verdade,

Pois os poemas dele,

Foram história para a cidade.

Que pena que a vida o levou,

Sem piedade,

Morto por uma doença ainda jovem,

Mas viveu com bênção.

Ainda morreu com só um livro feito,

Mas foi extraordinário, sem defeito

Muitas pessoas acharam e acham,

Seus poemas perfeitos.

O histórico de Augusto dos Anjos foi guardado

Em sua casa, que tudo lá foi aprimorado.

E então, tudo isso virou um museu,

E foi assim que tudo aconteceu.

Page 7: Concurso Literário da ALLA 2015

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Walace Carvalho Guida Pseudônimo: Lalo

Colégio Equipe Leopoldina Ensino Fundamental II Conto 1º lugar

A casa dos 1001 demônios

Era uma vez um lugar sombrio, frio e escuro que ficava situado em uma das praças

mais macabras e pouco movimentada de uma cidade chamada Leopoldina. Havia uma casa

também misteriosa, que nos dias atuais é conhecida como CASA DE LEITURA.

Essa casa estava abandonada no ano de 1986 e uma legião de demônios com cerca

de 1001 entidades maléficas assombravam aquele local.

Um dia, alunos de uma escola LEOPOLDINENSE tentaram pichar essa casa, mas

quando a primeira gota de tinta bateu na parede tudo começou a tremer e de repente a

casa começou a afundar no chão de terra macia e fofa. Os alunos se viram em um momento

aterrorizante, então uma voz começou a gritar seus nomes: Alex, Luciano, Pedro e por fim

Daniel. Eles, obviamente, começaram a correr, mas as portas da casa se fecharam e bateram

com muita força fazendo um barulho BBBRRRRRRAAAAAAAAMMM!!!!!!!!!! Eles ficaram

aterrorizados de medo. Então Luciano falou que era a morte indo lhes buscar e ele acertou,

pois assim que ele disse isso 5 demônios possuíram Pedro, um de seus amigos. Assim os três

outros amigos ficaram apavorados e começaram a rezar a AVE MARIA e o PAI NOSSO e assim

os cinco demônios saíram do corpo de Pedro e voltaram para seu grupo que se fortalecia a

cada minuto com o medo dos pobres garotos indefesos.

Naquele momento, Daniel que era de família de médiuns, começou um ritual de

expulsão para os demônios. E ele conseguiu expulsar cerca de 30 demônios, mas ainda

faltavam 970 entidades do mal e esses rituais estavam tomando toda a sua força. Assim ele

se cansou, Alex tomou a iniciativa de fazer uma prece em voz alta fazendo os 970 demônios

ficarem mais fracos. Então Pedro e Luciano começaram a ajudá-lo e assim as entidades iam

sumindo até que chegaram ao número de 503 demônios.

Quando eles tiveram um breve período de calmaria, a casa inteira começou a tremer

e após alguns minutos a casa saía do chão flutuando como se algo a puxasse para o espaço e

assim os meninos se viram em um momento de muita alegria: as portas se abriram e eles

puderam sair daquela casa de horrores.

Page 8: Concurso Literário da ALLA 2015

5

Mas tudo estava prestes a piorar ainda mais, pois eles esqueceram a porta aberta e

os 503 demônios acabaram escapando e possuíram Luciano e Alex fazendo os dois pularem

na frente de um ônibus que estava passando.

Agora só havia duas entidades: o ÓDIO e a VINGANÇA. O ÓDIO possuiu Pedro e a

VINGANÇA não conseguiu possuir Daniel, pois Daniel era um médium. Então a VINGANÇA

saiu vagando por aí se tornando uma alma penada, quanto a Pedro, o ÓDIO o fez suicidar se

jogando de um prédio de 32 andares.

Daniel estava caído no chão feito um saco de batatas chorando e lamentando a

morte de seus melhores amigos, mas no dia do enterro de seus amigos estava chovendo e

quando os três caixões foram enterrados um raio da grossura de uma árvore centenária caiu

no chão e com a intensidade da descarga elétrica os seus amigos voltaram à vida em um

piscar de olhos. Eles levantaram as mãos direitas e seus corpos destroçados pelos acidentes

saíram do chão, dessa forma todos ali presentes saíram correndo desesperados de tanto

medo e assim os três zumbis saíram perambulando pela cidade a fora, começando uma

caçada que deixou os cidadãos de LEOPOLDINA exauridos.

Então quando acharam os zumbis os aprisionaram em uma cúpula de vidro à prova

de balas e após 97 dias eles comeram uns aos outros e a pequena cidade pôde viver em paz

novamente.

E assim, Daniel, finalmente pôde ter um minuto de paz antes de conhecer a pessoa

por quem iria se apaixonar. Aline era seu nome, e no momento em que ele bateu seus olhos

cinza, no rosto dela, sabia que aquela era sua alma gêmea. Ele sentiu-se nas nuvens quando

pôde avistá-la. Seus olhos pretos como se fossem feitos do mais puro carvão, seu longo

cabelo loiro com as pontas rosa choque, seu corpo alto e seu lindo rosto que foi obviamente

a primeira coisa que ele viu e foi o suficiente para ele se apaixonar. Assim nos oito anos

seguintes a amizade foi ficando mais intensa até o ponto que eles começaram a namorar, e

aos vinte e nove anos eles se casaram.

Nos dez anos que se passaram eles tiveram dois filhos gêmeos: Bélgica e Victor Hugo.

Nos dias atuais Daniel é um rico advogado e nas horas vagas se dedica a meditação e

a exercícios espirituais (nunca tocou no assunto nos 39 anos que se passaram, exceto com

sua esposa).

Page 9: Concurso Literário da ALLA 2015

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Hoje ele tem uma família muito feliz, seus filhos têm seis anos e eles se divertem

muito. Daniel se lembra daquele dia como se fosse ontem e nunca mais entrou na casa onde

tudo aconteceu.

Page 10: Concurso Literário da ALLA 2015

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Letícia Zangirolani Cerqueira Pseudônimo: Lele Cerqueira

Colégio Equipe de Leopoldina Ensino Fundamental II Poesia 1º lugar

Minha cidade querida

Leopoldina, minha cidade querida,

Atenas da zona da Mata,

É uma cidade pequena, mas muito camarada.

Aqui temos o Ginásio, patrimônio municipal,

E também o conservatório, com seu lindo toque musical.

A Praça Félix Martins já foi lugar dos namorados,

O Cine Brasil e o Alencar, cinemas admirados

A Exposição, a melhor da região,

E a cooperativa de leite, sempre manteve seu padrão.

Catedral de São Sebastião representa nossa fé.

E o Espaço dos Anjos tem poesia para quem quiser.

E assim como diz o poeta e vai ficar para a eternidade:

“Mineira gostosa, minha cidade”.

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Mariana de Almeida Thomaz Barbosa Pseudônimo: Lili

Colégio Equipe de Leopoldina Ensino Fundamental II Poesia 2º lugar

Ao nosso Museu

Nosso Museu, nossas histórias

Ele é o guardião de nossa memória.

Ele faz parte de nossa identidade,

Joia rara de nossa cidade.

Casa de Cultura, poesia e diversão

Pintura, arte e emoção.

Luiz Raphael, o mago das cores,

Em nossa cidade despertou amores.

Cuidou de nossa memória,

Com sua luta, conseguimos a vitória.

Vitória Leopoldinense.

O poeta da morte ficou para sempre presente.

Augusto dos Anjos, nosso poeta,

Seus restos mortais ficaram para sempre em nossa terra.

Viva, viva o poeta!

De versos difíceis, versos inesquecíveis.

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Micaela Mendonça de Oliveira da Silva Pseudônimo: Gaúcha

Colégio Equipe de Leopoldina Ensino Fundamental II Poesia 3º lugar

Minha Leopoldina

Minha agradável Leopoldina,

do Morro do Cruzeiro,

da simpatia leopoldinense,

e do povo mineiro.

Minha bela Leopoldina,

uma Atenas da Zona da Mata,

da arquitetura grega,

sempre pacata.

Minha cultural Leopoldina,

dos azulejos pintados à mão,

da Praça Félix Martins,

da Catedral de São Sebastião.

Das lendas e histórias,

surgiu o Feijão Cru,

dos carnavais animados,

a Praça do Urubu.

Minha atual Leopoldina,

da emancipação,

do desenvolvimento econômico,

da independência sem revolução.

Minha agradável Leopoldina,

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10

bela, cultural e atual.

minha grande cidadezinha,

minha terra natal.

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Lucas Benício Lourenço Melo Pseudônimo: Benner

Colégio Imaculada Conceição ENSINO MÉDIO

Cartum 1º lugar

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Lucas Benício Lourenço Melo Pseudônimo: Ben Belo

Colégio Imaculada Conceição ENSINO MÉDIO

Crônica 1º lugar

“Mineira gostosa”

Um dia, eu estava andando pelas ruas da minha cidade, Leopoldina, no estado de

Minas Gerais, quando avistei o Morro do Cruzeiro, grande obra da natureza, que só nós,

habitantes, podemos ver todos os dias, mas acabamos não dando importância.

Nossa cidade tem uma bela estrutura natural, porém, a maioria da população não se

importa com o potencial desse espaço.

Primeiro, dominada por tribos indígenas e utilizada por contrabandistas de ouro e

proibida pela coroa, essa terra estava escondida na mata. Com a escassez do ouro nas

demais regiões mineiras, a zona da mata foi “aberta ao público” e começou a ser explorada

por desbravadores, que pararam nas margens de um córrego, atualmente denominado

Feijão Cru, cujo nome faz referência aos tropeiros, que perderam sua refeição que foi jogada

nas águas depois de uma forte chuva. Eles fundaram uma vila nessas mesmas margens, a vila

de São Sebastião do Feijão Cru, que mais tarde viria a ser chamada de Leopoldina,

homenageando a segunda filha do então imperador Dom Pedro II.

A vila virou cidade e rapidamente prosperou em razão do café e depois da estrada de

ferro. Ela chegou a ter o segundo maior número de escravos do estado de Minas Gerais,

famílias muito influentes, educação que atraía pessoas de todas as partes e muitos outros

destaques.

Mas, com a crise do café e seus abalos, o nosso município perdeu grande destaque

na economia, e uma cidade que tanto prosperou, estagnou no tempo, apresentando poucas

mudanças ao longo dos anos. Hoje, possui apenas algo em torno de sessenta mil habitantes.

Muitos chegam a criticar a sorte por terem nascido aqui, ou terem vindo parar em

um lugar tão pequeno e atrasado, sem Mc Donald’s ou Burger King, ou outras futilidades

que acabam escondendo a verdadeira essência da cidade, a história.

Entretanto, alguns veem o potencial do nosso berço e estão, por meio de

investimentos culturais, comerciais e educacionais, complementando o trabalho dos

cafeicultores, mesmo sem a presença do café.

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Paloma Greiciana Pseudônimo: Kiara Mello

Colégio Equipe Leopoldina ENSINO MÉDIO

Crônica 2º lugar

A primeira crônica

Lá está ela. O tema desta primeira crônica. A casa da família Botelho. Depois das

incontáveis vezes que a visitei, só agora a torno o assunto de minha escrita. Refiro-me à Casa

de Leitura Lya Botelho, à casa que pertencia ao engenheiro Ormeu Junqueira Botelho e que

hoje se tornou um lugar aberto ao público, às imaginações, às idéias.

Em uma nova visita, entrei pelo portão verde escuro e já me deparei com a

construção que teve como base a casa do filme “E o vento levou”. As próprias pilastras

brancas na parte da frente denunciavam as semelhanças. Dirigi-me à recepção, onde estava

a escada de madeira que dava para o segundo andar, e, depois de assinar o meu nome em

um caderno com uma grande lista de visitantes, cheguei na pequena sala dirigida ao Dr.

Ormeu e sua história. Havia ali imagens em preto e branco dele e de sua família, com

identificação de cada pessoa que fazia parte dela, além de um texto (tinha uma parede

dedicada somente a ele) que relata a vida do engenheiro. Enquanto eu lia a biografia de

Ormeu, percebi que uma pequena menina passara correndo, alegre, em direção à área atrás

da casa. Corria abraçada a um livro como se ele fosse um presente que ela acabara de

receber. Provavelmente, a criança estava vindo da sala que tinha prateleiras com livros.

Fui até a parte de trás da casa e, como se fosse a primeira vez que a visitasse, fiquei

admirando todo aquele espaço e, depois, corri em direção ao verde gramado. Comecei a

rodar e então deitei no chão. Sentia-me de um jeito diferente. Eu estava feliz por ter todo

aquele contato com a natureza. Levantei-me e olhei para o orquidário, para as árvores e

para todo aquele tapete verde em que fiz questão de pisar descalça. Foi então que percebi

uma família fazendo um piquenique e, entre aquelas pessoas, estava a criança que corria

enquanto eu estava na saleta. Sentei-me em um dos bancos que havia naquela área e

observei que no colo da mãe se encontrava o livro levado pela pequenina enquanto corria.

Esta ficava atenta aos gestos feitos pela mãe à medida que a história era contada. Senti que

precisava ler.

Page 17: Concurso Literário da ALLA 2015

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Logo, corri de volta para a recepção e do lado havia sala onde estavam os livros.

Imediatamente entrei e passei a olhar as prateleiras. Comecei a pegar vários livros, olhar

seus títulos, autores, resumos, até que encontrei um que chamou a minha atenção. Na capa,

havia a ilustração de uma menina em um jardim, era o jardim de Monet. Comecei a folheá-lo

e senti a necessidade de lê-lo para aquela garotinha. Voltei ao jardim atrás da casa e

carinhosamente perguntei à pequena se poderia ler aquele livro para ela. A criança não me

respondia. Fique desanimada. Expliquei à menina que aquele livro tratava de uma garota

que visitou o jardim de um pintor chamado Monet. Mas ela parecia não entender e virou o

rosto. Depois que eu entendi o porquê daquela situação, e antes que a mãe pudesse me

explicar, comecei a fazer gestos. A menina passou a me olhar com atenção. Pedi ajuda à

mãe. Eu queria me comunicar com a garotinha. Afinal, ela era surda-muda. Mesmo assim,

sua deficiência não a impediu de entrar no mundo dos livros. Ela não podia falar, não podia

escutar, mas podia imaginar.

Page 18: Concurso Literário da ALLA 2015

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Fernanda Rayol Campana Pires Pseudônimo: Benito

Colégio Equipe Leopoldina ENSINO MÉDIO

Crônica 3º lugar

A carta

Era domingo. Como de costume, eu e meus pais iríamos à casa da minha bisavó Iná.

Dona Iná mora em Leopoldina mesmo, próximo à Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Então,

chegaríamos lá em menos de vinte minutos.

Assim que chegamos, a bisa veio toda alegre abrir o portão para entrarmos.

Almoçamos. E agora começa o mesmo tédio de todos os domingos na casa da Dona Iná. Eu

não tinha o que fazer. Fiquei olhando um bom tempo para o teto, observando como parecia

que este cairia sobre minha cabeça a qualquer momento.

Estava indo para o quarto, para poder dormir um pouco, quando eu vi uma porta

embaixo da escada. Como eu não estava fazendo nada, decidi conferir e, por sorte, estava

aberta. Entrei e tinha alguns degraus para descer. Desci procurando um interruptor em meio

à escuridão. Acendi a luz e diante dos meus olhos estava o que parecia um quarto antigo.

Tinha uma mesa perto da escada, com várias folhas escurecidas e lápis desgastados. Logo ao

lado, havia uma espécie de guarda-roupa entreaberto, com várias coisas velhas, espalhadas

e bagunçadas como se tivesse passado um furacão. Até que avistei uma coisa que me

chamou atenção: um baú gigante e dourado, parecido com o de um pirata. Fui explorar esse

tesouro! E, de novo, por sorte, estava aberto. Havia bastante joias, algumas penas, livros e,

no meio disso tudo, uma carta. Uma única carta. Abri-a e comecei a ler:

“Caro alguém, quem vos escreve é Marieta. Estou, neste exato momento, em pé

diante da construção do ‘Gymnásio Leopoldinense’. Ainda não tem nada além de uma grade,

algumas árvores e uma haste com uma bandeira na ponta. Ao decorrer do tempo volto a lhe

escrever como este patrimônio ficará depois de pronto.”

Virei para a outra folha, louca de curiosidade para saber o fim dessa história.

“Estive conversando com meus amigos e descobri a razão da realização desta

grandiosa construção: os irmãos Custódio e o sr. José Monteiro Ribeiro Junqueira estão

querendo educar os filhos da oligarquia da Zona da mata Mineira, construindo uma escola.

Vamos ver o que irá acontecer.”

Page 19: Concurso Literário da ALLA 2015

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Fui para a outra folha.

“Passaram-se três meses, e no dia 3 de junho de 1906, a Escola Normal do Ginásio

Leopoldinense foi inaugurada. Magnífica, deslumbrante, uma escola com um excelente

ensino. Mal vejo a hora de ter um ensino digno!”

Continuei lendo...

“Estamos em 1918, e já estou formada. Passei em frente à minha antiga escola e me

deparei com a construção do lado esquerdo da mesma. Agora sim está ficando bonita por

demais. Quero só ver o término disso...”.

“Ano de 1926, já estou com 36 anos, tenho família. Moro na mesma casa quando era

criança, então passo todo dia em frente ao Ginásio. Fiquei sabendo que em 1921 o curso de

odontologia foi suprimido e, logo em seguida, o curso de farmácia. Mas que lástima, não?!

Em mais uma passagem pela fachada daquela escola, vi que o lado direito estava sendo

construído. Belíssimo!!!

Enfim 1946, já estou na fase idosa, e não deixo de assentar na praça para observar e

relembrar os velhos tempos na minha escola. A mesma, que fez com que Leopoldina se

destacasse trazendo para a cidade, centenas de estudantes de toda a redondeza, foi

adquirido pelo bispado.

Já estou no hospital escrevendo esta carta, entregá-la-ei à minha filha Iná para que

ela guarde com carinho. É 1955, o patrimônio que eu tanto observava já mudou de nome.

Agora se chama ‘Colégio Estadual Professor Botelho Reis’, em homenagem ao diretor.

Espero também que minha filha repasse esta carta para a filha dela e assim por diante para

elas notarem a diferença, como ocorreu a construção e que fique guardado para sempre na

memória de cada descendente desta família.

Assim a carta acabou. Então saí em disparada para ver de perto a escola. Chegando à

praça, fiquei imóvel, observando e imaginando minha tataravó ali sentada, como eu estou,

vendo tudo aquilo acontecer. Desde as primeiras paredes até a última. Se a dona Marieta

estivesse viva, ficaria decepcionada com a transformação que a sua escola passou. Continua

com uma belíssima fachada, porém com várias pichações, vandalismo e janelas quebradas.

Infelizmente, nem todo patrimônio pode ser conservado. Mas garanto que vou levar

esta história e este aprendizado para todos da minha futura família e meus amigos.

Page 20: Concurso Literário da ALLA 2015

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Jhúlia Cunha Macedo Pseudônimo: Docinho

Colégio Equipe Leopoldina Ensino Médio

Poesia 1º lugar

Cruz Queimada

Um homem sem coração

uma maldade quis fazer

uma cruz ardendo em chamas

para toda se desfazer.

Mas felizmente não conseguiu

porque não tinha fé

ela hoje ainda existe

e ainda está de pé.

Um símbolo religioso

que existe naquele lugar

uma cruz que pegou fogo

e queimada agora está.

De longe vêm pessoas

para uma promessa cumprir

onde viajantes e turistas

vão se redimir.

No distrito de Piacatuba

ela ainda via ficar

existente há muito tempo

pra sempre vai estar.

Page 21: Concurso Literário da ALLA 2015

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Ana Carolina da Silva Medeiros Correia Pseudônimo: Dália

Colégio Equipe Leopoldina Ensino Médio

Poesia 2º lugar

Escalada

Pedaço de terra amontoada;

Aventura para desbravadores;

Diversão para turistas;

Lugar de muitos amores.

Lembrança da mata amada

Cuidada com emoção

Ó, Cruzeiro querido,

Estará sempre em meu coração!

Almas são relembradas

Por elas ali passadas

Lembranças, energias e poesias,

Anonimatos em demasia!

Vista bela, haja energia!

Pista de artistas no voo.

Antenas dão o sinal

Sem elas nada afinal!

Pessoas desesperadas,

Segredos que pra si guarda,

Peregrinações iluminadas

Que são abençoadas.

Destinos, caminhos

Page 22: Concurso Literário da ALLA 2015

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Montes e horizontes

Tropeços e arremessos

De muitos desfechos

Mistérios sem fim.

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Camila de Souza Castro Pseudônimo: Joana

Colégio Equipe Leopoldina Ensino Médio

Poesia 3º lugar

Modesta Leopoldina

As tuas iniciais,

São nome de princesa.

São dez letras legítimas,

Que expressam sua grandeza.

Tenho gosto e orgulho

Por ter nascido em Leopoldina

Sou desta linda cidade

Tão singela e pequenina.

Sou da Athenas da Zona da Mata

Famosa mineira gostosa

Terra de muitas culturas

Que no mundo é formosa.

Quem passa por aqui,

Não consegue se esquecer.

Se encanta com a simplicidade

E com o amor que se pode ter.

E do velho ribeirão

Nasceu este lugar

Um pequeno pontinho no mapa

Cheio de história pra contar.

Ambiente que traz a paz

Page 24: Concurso Literário da ALLA 2015

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Situado num ponto culminante,

Rodeados de montanhas

E de eternos viajantes.

Page 25: Concurso Literário da ALLA 2015

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Ana Cristina Miranda Fajardo Pseudônimo: Habela

Público em geral Crônica 1º lugar

Que saudades de um tempo que não vivi!

Pouco mais de cem anos. Muito tempo? Pouco, para tantas transformações, ou

melhor dizendo, tantas destruições. Luiz Botelho Rousseau, em seu magnífico livro de

memórias, Alto Sereno, escrito quando ele já havia passado dos oitenta anos, apresenta-nos

uma Leopoldina do final do século XIX e início do XX única, mágica, bela. Sobrados e mais

sobrados, com suas incontáveis janelas. Fazendas suntuosas onde se produzia de tudo, onde

havia água límpida e abundante. Reuniões familiares com muita fartura nas mesas e boa

música vinda dos pianos. Linha férrea com estação onde hoje é o centro da cidade. Áreas

verdes de fauna e flora bastante diversificadas. Um frio que chega a dar arrepios!

Época boa, mas pouco restou dela. Os sobrados se foram, o trem de ferro com seu

“piui, piui” já não passa mais aqui. A água, cada vez mais escassa, já traz prejuízo às poucas

fazendas que persistem em continuar suas atividades. O Feijão Cru, onde se nadava, hoje é

um esgoto a céu aberto. As reuniões familiares foram trocadas pelas conversas virtuais

intermináveis e a boa música, essa nem se fala, foi trocada por umas batidas

incompreensíveis.

O patrimônio da época do menino Luizinho se foi. A infância que ele viveu não

voltará, pois o progresso, acompanhado da tecnologia, não permite. Brincadeiras como

bilosca, pião, carro de boi de sabugo de milho, nadar em “trajes de Adão” nos inúmeros

córregos que por aqui singravam, andar quilômetros e mais quilômetros em busca de

aventuras, como descascar cana com os dentes, só mesmo lendo memórias.

Resta-nos preservá-las e para isso precisamos divulgá-las. Não há como não se

apaixonar por uma Leopoldina outrora tão majestosa.

“Quem ama, cuida”. Clichê? Sim, mas nossa cidade precisa de cuidado. Disseminar

nossas memórias para preservar o patrimônio que ainda nos resta é o que deve ser feito

hoje, agora. Uma história tão rica não pode se esvair como fumaça. Não pode ser destruída

por um tão controverso progresso.

Page 26: Concurso Literário da ALLA 2015

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Denis Cunha Pseudônimo: Kirana

Público em geral Poesia 1º lugar

Leopoldina, mineira gostosa

É preciso cantá-la, seja em versos ou prosas

Com rimas ou desafinado

Pois pulsa na alma de seu povo seu perpétuo legado

Athenas da Zona da Mata

Assim cantada pelo seu filho do rock

O Serginho: mas não só ele

Aqui tem Helenas, Yaras, Valentines e Licas

Yolandas, Ninis, Inêz também tem

Tem Chiquinhos, Biras, Botelhos

Felipes, Eugênios, Cícero também tem

Tem Fontes que não jorram água

Mas é onde todo o povo se mistura feito ondas do mar

Tem lindas mulheres cheias de charme nas manhãs de sábado

Não há mais os trilhos da linha férrea mas tem o trenzinho da alegria

Tem bandas, kung fu e nostalgias

Não é Liverpool mas tem Hey Joe

Não tem Cinédia ou Atlântida ou Luiz Severiano Ribeiro

Mas tem o grande, o Telo

Tem imponente Catedral e Amor ao Próximo

Tem Cotegipe sensual

Tem médico escritor e escritor radialista

Tem a pedra do Cruzeiro e a pedrada do Caial

Tem tanto, tanto, que deixar algo ou alguém de fora é normal

E se aqui não fosse assim tão celestial

Não haveria de vir viver aqui e aqui até morrer um anjo do céu

O Augusto, poeta nacional.