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Escravo, nem pensar! Concurso da Abolição Tocantins 2011 ‘09

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Escravo, nem pensar!Concurso da Abolição

Tocantins 2011

‘09

Expediente ApresentaçãoCONCURSO DA ABOLIÇÃO - Escravo, nem pensar!Araguaína, Colinas do Tocantins, Santa Fé do Araguaia e XambioáTocantins - 2009

OrganizaçãoComissão Pastoral da Terra Araguaia - TocantinsRepórter BrasilSECIJU-TO - Secretaria de Cidadania e Justiça do TocantinsCOETRAE - Comissão Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo

ApoioMinistério Público do Trabalho & Governo Federal (Secretaria dos Direitos Humanos)

Poemas e DesenhosEstudantes do Tocantins, dos Ensinos Fundamental, Médio e de Jovens e Adultos

Projeto GráficoGustavo Ohara

Impresso no Brasil2000 exemplaresDistribuição Gratuita2011

Em pleno século 21, milhares de trabalhadores permanecem relegados aos porões de um navio chamado Brasil. Apertados pela necessidade imediata, são aliciados por gente sem escrúpulo, travestida de empregador ou de gato, e partem para trabalhar, muitas vezes longe de sua terra, em carvoarias, canaviais, lavouras de soja ou fazendas de gado, nas terras do pujante agronegó-cio. E ali se tornam os modernos escravos, sacrificados no altar da ganância, vítimas do chamado tráfico de pessoas. Sim, é preciso que se diga, que se mostre e que acordemos para essa cruel re-alidade: o trabalho escravo hoje continua no campo brasileiro, afrontando diretamente o direito à vida e à dignidade dos nossos semelhantes. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, a Organização Internacional do Trabalho e o Governo Federal, estima-se em, no mínimo, 25 mil o número anual de pessoas submetidas no Bra-sil a condições análogas às de escravo. No mundo inteiro, segundo a ONG Free the Slaves, esse número pode alcançar os 27 milhões. De 2003 até hoje, aqui no Brasil, mais de 35 mil escravos foram libertados pelos grupos móveis de fiscalização do Ministério do Trabalho. Nesses 8 anos, 2.400 deles foram encontrados no Tocantins, em 140 propriedades, principalmente no roço de ju-quira. Fiscalizando todas as denúncias registradas neste período (foram 210), quem sabe para onde subiria este número. Além destes, são muitos os trabalhadores tocantinenses a sofrer igual humilhação quando vão tentar a sorte no Pará, Mato Grosso, Goiás ou mesmo em São Paulo. Toda forma de trabalho escravo é trabalho degradante. Quando a lei fala de trabalho es-cravo, fala de um crime que atenta ao direito fundamental da pessoa ao cercear a sua liberdade ou lhe impor condições degradantes de trabalho. São vários os meios empregados para este fim: promessa enganosa (aliciamento); transporte clandestino; apreensão dos documentos; presença de guardas e “fiscais de turma” armados, de comportamento ameaçador; processo ilegal de endividam-ento; isolamento geográfico no local de trabalho; retenção de salários; imposição de condições insalubres; tratamento “pior que animal”... São elementos que negam a dignidade da pessoa e, não raro, impedem sua livre saída do serviço: funcionam como ‘modernas’ correntes da escravidão.

Trabalho escravo é assim...

Legenda:Ensino Fundamental 1 - EF1Ensino Fundamental 2 - EF2Ensino Médio - EMEnsino de Jovens e Adultos - EJA

A escravidão contemporânea opera na clandestinidade. É marcada pelo autoritarismo; per-petua-se graças à corrupção, à segregação social, ao racismo, ao desrespeito generalizado aos direitos humanos. Em geral,vem associada a outros crimes de natureza ambiental, fundiária, pre-videnciária, beneficiando-se de uma tradição de larga impunidade. Só basta lembrar que políticos notórios, inclusive tocantinenses, já foram flagrados mantendo escravos em suas propriedades. Na “Lista Suja” do Governo Federal, o Estado do Tocantins é atualmente classificado em 3° lugar nacional com 22 proprietários incluídos. Essa vergonha recai sobre todos nós. Por serem clandestinas e muitas vezes negadas, as armadilhas da escravidão moderna são difíceis de combater. Só as venceremos se houver mobilização de toda a sociedade. A duras penas, foi se conquistando no Tocantins a construção de uma política estadual de combate ao trabalho escravo: a partir de 2007, o Estado assumiu o compromisso de alinhavar sua ação com a política nacional de erradicação do trabalho escravo adotada pelo Governo Federal desde março de 2003, tendo como principais instrumentos o Plano Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo, a atu-ação da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo e a Lei nº 1726.2006. Esse esforço não pode parar. A boa notícia é que, em nosso Estado, escolas, educadores e educadoras, estudantes e comu-nidades foram se unindo para dar um basta definitivo a esse crime. Doa a quem doer, condições tão desumanas não mais serão toleradas em nosso meio. Esta é a mensagem eloqüente desta publicação, preparada a partir de uma seleção de desenhos e poemas sobre o trabalho escravo rural nos dias de hoje, escolhidos dentre centenas de obras dos participantes no Concurso da Abolição realizado em 2009 em quatro dos principais municípios afetados no Estado: Araguaína, Colinas do Tocantins, Santa Fé do Araguaia e Xambioá. Mais do que competir, estes artistas – meninos e meninas, jovens e adultos – não fogem à luta para combater um crime que envergonha toda a sociedade. O relato da violência e da de-gradância flagradas em terras tocantinenses convoca a cada um de nós para ficarmos “de olho aber-to” contra essa brutal afronta aos direitos humanos: uma vergonha cujas raízes devemos e podemos extirpar. Apoiado pela Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, a idéia deste livrinho é que a valiosa iniciativa dos estudantes, professores e professoras ultrapasse os limites das suas salas de aula e as fronteiras dos seus municípios, levando informação e reflexão e servindo de base para novas iniciativas em outras escolas e comunidades. Com eles, vamos todos juntos levantar voz e assumir o compromisso: “Escravo, nem pensar!”

Prisão de carne e de sentimentosClaudenice de Oliveira Souza, 9º ano, 14 anosE. M. Eurípia Pereira Lopes, Santa Fé do Araguaia

Lá vão eles, Com o sorriso nos lábios,Levando consigopromessa de uma boca falsaA chegada é inesperadade um lugar desconhecidomas o que vêem láNão é o esperadoé o pouco dos poucosque se é de esperar.Quando trabalhandoo suor no rosto e as mãos calejadaspassadas nos rostos tristes e abatidos,Barrigas roncando,E quando na hora de comero pouco que hádá tristeza até de contar. E no final do mês o esperado de todos os diasnão é a metade do pouco.

Quando começado tudo de novoa cada dia que passa mais lágrimas e prantosdo mal passo feito,e na cabeça lembranças,de tudo que amater sido deixado para trás,O coração apertadocom o medo de não ter mais notícias nunca mais.Mas o pior não isto é ter que agüentar a tristeza daquele lugare talvez a liberdade nunca mais ver.

Ato sem noçãoRafael Pereira da SilvaEscola Municipal Domingos de Souza Lemos, EJAAraguaína

O CansaçoDelizete Pereira LimaEscola Severino da Rocha, EF1Xambioá

Vontade de viverEliane Sousa Araujo, 3º ano, 17 anosCEM Presidente Castelo BrancoColinas do Tocantins

Hoje é dia da criançaNão importa o lugarNão posso sorrir nem brincarTenho mesmo é que trabalhar.

Choro lágrimas de tristezaPor não poder estudar,a minha vida entrego a Deussei que ele vai me ajudar.

Trabalhando de sol a solsem direito de sonhar,meus passos não posso construirpois estou preso neste lugar.

Tenho grandes desejosVontade de viverViajar pelo mundoOs lugares conhecer.

Enquanto nada acontecePor aqui vou ficandoTrabalhar mais um diaO dever está me chamando.

A escravidãoRebeca, 9º ano, 16 anosColégio Estadual Norte Goiano, Araguaína

Certo dia no sertãoum fazendeiro bem durãoTinha fama de ladrãomas não ligava não.

Foi a uma cidadezinhaprocurar uns bóias friaspra levar para sua fazendae aumentar sua renda.

Prometeu aos bóias friasque ia ajudar suas famíliasdando uma bela quantiapara todas as famílias.

Iam todos enganadospor aquele tal fazendeironão sabendo que iam ser escravosdaquele tal emprego.

Aquele tal fazendeirolhes prometeu muito dinheiroprendeu seus documentose aí começou o tormento.

Grande arrependimentodaqueles pobres bóias friastrabalhando noite e diae pagando sua própria comida.

Foi dando o fim do dialá ia o bóia friareceber aquela quantia.Não sabendo que aonde iaum susto ele levaria.

Em vez dele receberEle ia era devertinha que pagar sua comidae também a sua dormida

E agora o que ele vai fazer?sem documentos e sem receber.

Fugir nem pensarnem pensar senão vão os matarO certo é denunciar ofazendeiro daquele lugar.

Para que outras pobres famílias ele não possa enganar.

Sem TítuloCristiane de Sousa LimaColégio Silvandira Sousa Silva, EF2Araguaina

Foi enganoJosé Filho Luiz Soares F. de Sousa7º ano, 12 anos Escola Municipal Domingos de Souza LemosAraguaína

No começo eram rosasE depois vem a dorE a história de umhomem trabalhador

Muitos se enganaramEntão, preste muita atençãosenão pode voltara escravidão.

Homens trabalhamO dia inteiroMas no dia dereceber, cadê o dinheiro?

Todo homem sonhaEm ser feliz e trabalharÉ bem diferente de quemé forçado a se escravizar Trabalho escravo também é trabalhar na mira da pistola

Michael Rodrigues Primo Escola. M. Lacerdino Campos, EM

Colinas do Tocantins

Fique de olho abertoEdvagno Benigno dos Santos

9º ano, 14 anos Escola Municipal Dom Cornélio

Colinas do Tocantins

Depois de muitos anos de liberdadeTrabalho escravo ainda háPois muitos fazendeiros

Vivem a escravizar!

Cuidado, trabalhadores!Para um “gato” não te enganar.

Prometem muitas coisas boasMas so querem te explorar!

Se você for enganado, por um “gato” mal encarado.Não tenha medo de denunciar

Ligue para a CPT e conte tudoPois trabalho escravo, nem pensar!

Destruindo sem quererVitória da Conceição AmorimEscola Municipal Emanuel, EF1Santa-fé do Araguaia

O trabalho escravoAmanda Pereira Laura, 8º ano, 13 anosColégio Estadual Professora Silvandira Sousa LimaProfessora: Christiane Saraiva, Araguaína

O sorriso no rostoA esperança de uma vida melhorMal sabia o pobre homemque o que lhe esperava era pior.

Com a esperança de ganhar bemchega muito animadoDiferente do que lhe disseramo trabalho é duro, está esgotado.

Chega a noite enfime com ela vem a fomeA comida é um horrormas é o que tem, ele come.

As ferramentas de trabalhodo seu salário vão descontarno final das contaspra sua família nada vai sobrar.

Tentou fugir uma vezo patrão o ameaçou de morteteme por sua famíliaentão, agüenta, é forte!

No frio deitado no chãoonde lhe arranjaram pra dormirde tristeza pulsa o coraçãoele adormece sob o luare sonha em um diapra sua família voltar...

Daniela Santos BarrosEscola D. Cornélio, EF2Xambioá

A realidade da escravidão contemporâneaLetícia Abreu, 8º ano, 12 anosEscola Paroquial São MiguelColinas do Tocantins

O trabalho escravoÉ de intensa exploração,Muito desgaste físico E sem remuneração

São aliciados por gatosA mando do chefãoCom propostas tentadoras,Mas, na verdade, é só ilusão.

Os trabalhadores ao Chegar lá,Ficam na maior decepção:O alojamento é precário,A rotina é degradante, Acontece os maus tratos,E o salário está muitoDistante.

Os equipamentos que utilizam Eram pra ser cedidos peloEmpregador.

Mas tudo ocorre ao contrárioTudo o que eles usam É bem anotado peloVendedor.

No final do mês,Se deparam com o horror:Ficam devendo, mais do que Deviam ganhar.

A dívida é imensaO gato não deixa escaparEles não têm saída.O único jeito é voltar A trabalhar.

O trabalho escravoÉ um crime, isso deve acabarAjude a combaterEsse ato tão covarde de explora-ção. Que “dó” é essa de não pagarCarteira assinada ao cidadão?Coopere, colaborando, O melhor jeito éDenunciando.

Sem TítuloJaísa, 1° anoCEM. José Aluisio, EMProfessora: Edite CarlosAraguaína

A escravidão não devia permanecer, mas ainda existeLuciano Teotônio da Silva, 9 anosEscola José Teodoro Rodrigues, EF1

Colinas do Tocantins

Sem TítuloRonaldo da S. Sousa

Escola Francisco de Oliveira, EF1Xambioá

O trabalho escravo no campoMaiza Araújo dos Santos 9º ano, 14 anos

Colégio João XXIII, EF2Professora: Maria Rufino

Colinas do Tocantins

Indignação...

Legenda:Ensino Fundamental 1 - EF1Ensino Fundamental 2 - EF2

Ensino Médio - EMEnsino de Jovens e Adultos - EJA

O que se passa no coração de um escravoWisley da Silva, 7º anoEscola Estadual Lacerdino O. CamposProfessora: Maria Sônia Pereira LimaColinas do Tocantins

O escravo solitárioA escravidão é notávelA solidão do escravoSem poder fazer nadaO trabalhador e seu lugar

Inotável a escravidãoNinguém nota a escravidãoDo cidadão. Todos tem seusDireitos de ser cidadão

Sem poder fazer nada paraSair do trabalho cansadoAs lembranças da sua famíliaA saudade bate mais forteno peito cansado de escravo

O patrão malvado nemSabe o que acontece no Coração do escravoEm solidão.

Você tome cuidado!Felipe Soares de Oliveira, 9º ano

Escola Estadual Francisco Pereira Felício, EF2Professor: Dário Lima Nascimento

Colinas do Tocantins

Escravos jamaisHenrique Machado Pereira , 4º ano, 9 anosE. M. Dr. Simão Lutz Kossobutzki, EF1Araguaína

Vida de escravoMadalena Lopes, 8ª série , 52 anosEscola municipal Teodomiro R. da RochaProfessor: Rosalvo, Colinas do Tocantins

Como sofre o pobre coitadoTrabalha duro...Doente sem salárioMuitas vezes humilhado.

Toma solChuva e frioSofre a famíliaTodos são judiados...AbandonadosNinguém faz nadaPara salvarOu ajudarOs coitados

Nós precisamos ajudarVamos denunciar.Não podemos permitirQue isso continue acontecendoVamos por fim À escravidão.

Pena não, ação simBonayre Araújo Silveira, 9º ano, 14 anos

Colégio Estadual São Judas Tadeu, Colinas do Tocantins

A falta de dignidade121 anos nos atrasouPois ainda há muitas vitimas da escravidãoAto que proibido nunca cessou

Por falta de conhecimento e orientação Trabalhadores são iludidos e enganadosConfiam na palavra do homem desconhecidoE para a escravidão são levados

Muitos deles pensam não ser escravosAcham que a escravidão teve fimA ignorância quanto a esse assuntoContribui para um trabalho ruim.

Trabalhadores desempregadosVão na esperança de melhorarem suas vidasPor fim são enganadosCondenados a falsas dívidas.

Em um mundo de milhares de descobertasE milhões de objetos super avançadosÉ vergonhoso existir pessoas sem liberdadeQue ainda vivem escravizados.

A escravidão rural contemporâneaJosé Paulo , 5º anoEscola Municipal Paraíso, EF1Professora: Alice Cristina Tavares FerreiraColinas do Tocantins

Escravidão?José Aparecido, 8° ano, 37 anosColégio Estadual Norte Goiano, Araguaína

Vivemos nos tempos modernosNa era do desenvolvimentoMas com tudo issoAinda tenho um descontentamento

Eis de acreditar que nos diasDe hoje ainda temos irmãosQue por maldade ou desconsideração Fazem o próximo reviver a época da escravidão

O governo está tentandoFazendo algumas reformasPorque o povo não aceitaSer tratado dessa forma

O grande fazendeiroTem que mudar o conceitoDe que com o pobre não seDeve ter respeito

Isso é preconceitoE não cai no meu conceitoNão podemos aproveitar Da humildade de ninguémPois um dia o dinheiro acaba E você vira humilde também.

Escravizando a Natureza!Divino Felipe Silva da Costa, 6º ano, 11 anosEscola Euripia Pereira, EF2Santa Fé do Araguaia

O empregado escravo e o patrão senhorJoão Vicente Alves Filho, 8º ano, 27 anosE.E São Judas Tadeu, EJAXambioá

O trabalho escravo!Daniela Queiroz Leite, 4º ano, 10 anosEscola Municipal Dr. Simão Lutz Kossobutzky

Professora: Maria Gizele Alves Lima, Araguaína

Fiquei ontem sabendode um tal trabalho escravoÉ que nos dias de hojeNão está acostumado.

Passa fome, passa sedee maus tratos tambémO trabalho escravoNão faz bem pra ninguém

O trabalho escravo existeestá acontecendo láDeve ser contra leiVou tentar ajudar

Vou em qualquer lugarPara tentar ajudarPorque a escravidãoNão é coisa de se brincar.

Trabalho escravoDeuzina P. Ribeiro, 8º ano, 53 anosColégio Estadual Norte Goiano, Araguaína

O Brasil em que vivemosÉ um brasil de ilusãoOs ricos sempre mais ricosE os pobres de pés no chão

O Brasil há muitos anosSe considera libertoTrabalho escravo e infantilainda existe aqui por perto

Em fazenda no Brasilchamada de Conceição tem gentede toda parte, e muito mais do Maranhão,Sofrendo em várias fazendas, atrás de seu ganha pão

Tem gente do Piauí, Maranhão, CearáForam escravos de fazenda no estado do Pará.No Tocantins, eu conheci um rapaz que morreu lá.

O Agricultor OprimidoJosiel Matos da Silva, 4º ano, 10 anosEscola Otacilio Cardoso, EF1Xambioá

Escravo do mundoMaria Lúcia de Sousa Santos, 9º ano, EJA, 37 anosEscola Municipal Francisco Bueno de Freitas, Ara-guaína

Escravizar o ser humanoEm um mundo de liberdadeTudo posso, tudo queroE não tem fraternidade

Ser escravo é trabalharSem nenhuma condiçãoÉ dormir e acordarEm meio à humilhação

O homem escravizadoBusca paz e dignidadeQuer além de um trabalhoTer a sua liberdade

Que a justiça seja feitaPois trabalhar sem receberÉ o mesmo que viverApenas para comer.

Diga não a escravidãoKamila Miranda de Souza, 8° ano, 15 anosEscola Norte Goiano, EF2Araguaina

A escravidão do século XXIAna Maria Karolliny, 8ª série, 14 anos

Colégio Estadual Profª Silvandira Sousa, EF2Professora: Pedrina

Araguaina

Estou trabalhando de graça com risco de perder a minha vidaFrancisco Rodrigues da Silva, 8º ano, 18 anosEscola Municipal Emanuel, EF2Santa Fé do Araguaia

Trabalho escravo!Uma vergonha para nossos governantes.

Nailtom Ferreira do Nascimento, 9° anoE.M. Francisco Bueno, EJA

Araguaína

Liberdade é direito, escravismo é crimeMarcos Antonio CardosoEscola Municipal Domingos Souza Lemos, EF2Araguaína

O Brasil contra a escravidãoEliene do Nascimento Mourão, 8º ano

Escola E. Lacerdino Campos. EF2Colinas do Tocantins

Ação!

Legenda:Ensino Fundamental 1 - EF1Ensino Fundamental 2 - EF2

Ensino Médio - EMEnsino de Jovens e Adultos - EJA

Esforço sem retornoArthur Carneiro de Souza, 4ª sérieE. M. Tereza Hilário Ribeiro, EF2Professora: Maria de Fátima, Araguaína

Combate ao trabalho escravoMaísa Juliana S. Cardoso, 9º ano, 15 anosEscola Municipal Cristiano Ramiro da SilvaSanta Fé do Araguaia

O trabalho escravo hoje em dia,Judia de muitas faces humildes;Mas graças à lei do nosso Brasil,O fim dessa injustiça traz sorrisos e alegria.

O receio de não conseguir o emprego na cidade,Deixa desnorteado o humilde trabalhador; Mas com a grande ajuda da CPT, No final o trabalhador é presenteado com sua liberdade,

O vilão do trabalho escravo,Merece uma justa punição;Com coragem e respaldo,O trabalhador combate a opressão

A opulência do patrão,É vinda do suor do trabalhador;A frieza do vilão.Não sabe o que é trabalhar com amor.

Hoje escrevo esse poema em busca de mudanças,Que tragam o fim do oportunismo dos ladrões.Que o Tocantins venha a brilhar e nos traga esperanças,E que os patrões enchem de amor os seus pétreos corações.

Escravidão não, Liberdade simAna Paula Pereira dos Santos, 8º ano, 13 anosE. M. Pedro Ludovico TeixeiraColinas do Tocantins É ousadocomo o aliciadorengana o trabalhadorum pobre homem honestoque o “gato” pensa que é bestae não vai denunciarque o trabalho em que está é escravo.O patrão é bravoe manda matarquem o tentar denunciar.

Não tem como erradicarporque ninguém ajuda a acabarcom o trabalho escravo.Isso é um descasocom a população. Temos que ter açãoe não só falar.Temos é que trabalharem prol de uma boa causa.

O desconhecimento do trabalhoWanderson Pontes, 18 anosCEM Presidente Castelo Branco, EMColinas do Tocantins

Direitos HumanosJoão Matheus dos Santos, 8º ano, 13 anos

Escola Paroquial São Miguel, EF2Xambioá

Isso é liberdade.Andréia Barbosa Pimentel, 5ªsérie/ 6º ano

Escola Municipal ParaísoProfessor: Claudionor Miranda de Farias

Colinas do Tocantins

Ele quer pular, quer sumir.Mas ele está preso.

Preso nos braços, nas pernas, nas alegrias

Sua cabeça dói.Já ouviu falar dos quilombos,

Cidades negras no meio da mata.Negros fugidos, soltos felizes. (...)

Cidade cercada fortificada.E lá dentro a África pura,

Chefes feiticeiros, guerreiros

Eles querem ser livresSer livre é andar por campos, prado

Cantar, retratar, ler, crerSer livre é valorizar meu direito

É respeitar meu deverViver de verdade

Isso que é liberdade

À procura de liberdadeThaís de Souza, 2º ano, 16 anosEsc. Estadual Lacerdino O. CamposProfessor: Eonilson Antonio de LimaColinas do Tocantins

Conto para vocês como é a escravidão, É a história mais triste que se passa em vão. É a fome, miséria e desamparo,Eu digo a verdade, há falta de vontade.De abrir os braços atrás da liberdade.À procura da felicidade.

São homens sonhadores, enganados por promessas.Que caem nos “gatos”, como ratos.É no Pará, Tocantins, Piauí e Maranhão,Os estados aonde é maior a escravidão,Que precisam ser libertados.

Mas como todo o fim, existe um final feliz!Não faço diferente, conto a batalha do seu Antônio.Homem de origem pobre, analfabeto e escravo.Testemunha de vários fatos e de alguns “gatos”.Vivia como cigano, de estado em estado.Mas lutou por seus direitos e tornou-os validados.

Agora seu Antônio conta o seu dinheiro,de grão em grão.E não acredita na libertação!E eu deixo o meu recado,Abra o olho para não ser escravizado.

A luta pela liberdadeSamuel Mendes Freire, 9º ano, 14 anosE. E. São Judas Tadeu, EF2Xambioá

As pessoas estão se libertando aos poucosKarolayne Costa Cosmo, 3º ano

E M José Teodoro Rodrigues, EF2Colinas do Tocantins

EscravidãoEdna Aparecida Oliveira, 8º ano, 31 anos

E. M. Pedro Ludovico TeixeiraColinas do Tocantins

O Brasil é tão grandeE vive em meio a confusão...Embora, seja um país lindo

Ainda tem escravidão.

Da vida a esperança Do branco da pazSerá que um dia

Viveremos em paz.

Escravo, escravidãoMuitas pessoas passamNeste mundo vivendoEm plena exclusão...

Escravidão...

Missão de PazAnatália Carvalho da Silva, 3° anoColégio Estadual Ada Assis TeixeiraAraguaína

Nosso objetivo é formar cidadãosTransformar a vida em uma linda missãoEliminando do mundo a escravidão.

Um sujeito conhecido como peão Foi levado de sua regiãoQuis mudar de vida arrumou um patrãoQue só vivia de exploração.Essa história não é ficçãoÉ um triste dilema sem opção,De quem ainda vive na escravidão.

A nossa missão é denunciarPra esses patrões se conscientizaremE os seus peões da escravidão libertarTirar de muitos rostos a expressão de dorPara alegrar a vida do trabalhador.

Direitos HumanosJoão Matheus dos Santos, 8º ano, 13 anos

Escola Paroquial São Miguel, EF2Xambioá

Abra o olhoRonaldo Rodrigues de Sousa, 8º ano, 32 anos Escola Estadual Judas TadeuXambioá

Meu amigo, ouça agoraO que eu vou te falarDiga não à escravidãoPois tá na hora de acabar

Por incrível que pareçaA escravidão minha genteNão pára de aumentarPor isso, meu amigoJuntos vamos lutar

Juventude, abra o olhoConheça os seus direitosPra que isso não aconteçaA escravidão tem seu preço

A escravidão pela leiHá muito tempo acabouE por isso vamos juntosLutar com muito vigor.

Trabalho EscravoCristhiane Reis Santos, 4° ano, 9 anosEscola Pedro Ludovico TeixeiraColinas do Tocantins

A escravidãoCíntia Yndiara Borges Araújo, 6º série

Escola Estadual Presbiteriana, EF2Colinas do Tocantins

Todos nós somos contra a escravidão no BrasilRoberto Oliveira, 38 anosEsc. Norte Goiano, EJAAraguaína

Escravo Nem PensarKauanny Michelle da Silva Rodrigues, 5º anoE. M. João de Sousa Lima, EF1Prof: MafaldaAraguaína

Impressa com o apoio do Governo Federal esta publicação é uma coletânea de desenhos e poemas sobre o trabalho escravo ruralcontemporâneo produzidos em 2009 por escolas de Araguaína, Colinas, Santa Fé e Xambioá que participaram do Concurso da Abolição, promovido pela Comissão Estadual pelaErradicação do Trabalho Escravo do Tocantins.