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FORMAÇÃO PERMANENTE LESTE II Belo Horizonte MG - 25 -28 de Agosto de 2014 Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil: testemunho de fé e de esperança Pe. Jésus Benedito dos Santos ([email protected]) 1

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Page 1: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

FORMAÇÃO PERMANENTE – LESTE II

Belo Horizonte – MG - 25 -28 de Agosto de 2014

Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil: testemunho de fé e de esperança

Pe. Jésus Benedito dos Santos ([email protected])

1

Page 2: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

15º. Encontro

Nacional dos

Presbíteros

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A primeira Encíclica do

Papa Francisco (LUMEN

FIDEI) veio completar a

doutrina do papa Bento XVI

sobre a trilogia fé,

esperança (SPE SALVI) e

caridade (DEUS CARITAS

EST ). Trata-se de um texto

escrito a quatro mãos

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- Depois de 20 anos,

aproximadamente, o Vaticano II

tornou-se objeto de história.

- No final dos anos 80, o

Instituto de Ciências Religiosas

de Bolonha deu início a um

vasto projeto de história do

Concílio Vaticano II.

Um pouco de história

Page 5: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

- Publicação de 5 volumes,

traduzidos em várias línguas, sob a

responsabilidade do prof. Giuseppe

Alberigo (Bolonha, 1995-2001).

- Primeiros 20 anos depois do

Concílio: publicação de crônicas,

monografias e obras coletivas

dedicadas ao estudo dos

documentos conciliares.

Um pouco de história

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Segunda metade dos anos 80: estudo sobre o Concílio sob o ponto de vista e com os métodos da história. - Grande congresso sobre os 20 anos do Vaticano II, realizado em Roma, em 1986, sob a coordenação da Escola Francesa de Roma: ponto de partida.

Um pouco de história

Dois são os critérios de interpretação que guiam o estudo do Concílio Vaticano II: o concílio como “evento” e o concílio como “ruptura”.

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- 1º Congresso Internacional: estudiosos franceses e italianos contexto histórico, eclesial e científico. - 1985 (21/11 a 8/12): Sínodo Extraordinário dos Bispos, por ocasião dos 20 anos de encerramento do Vaticano II.

Um pouco de história

- Conclusões do Sínodo: despertou muitas discussões – processo de recepção do Vaticano II. - Livro-entrevista do cardeal J. Ratzinger: Rapporto sulla fede (1985).

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- J. Ratzinger: exortava a Igreja a “redescobrir o verdadeiro Vaticano II”, a “voltar aos textos autênticos do Concílio”, contra os defensores de um suposto “espírito do Concílio” origem de todas as crises do período pós-conciliar.

Um pouco de história

- Tratava-se de voltar à “letra” dos textos conciliares, interpretados à luz da grande tradição da Igreja. - Sínodo: fez suas as exortações de J. Ratzinger. - Relatio Finalis: rejeição de uma “leitura parcial e seletiva do Concílio, bem como uma interpretação superficial da sua doutrina num sentido ou noutro”.

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Enquanto isso, a história da Igreja contemporânea conhecia um novo impulso, graças sobretudo a atividade de duas instituições ligadas à memória de dois papas do Concílio: o Instituto Internacional Paulo VI (Brescia), 1979 e o Instituto para as Ciências Religiosas de Bolonha, 1953.

Um pouco de história

Depois do Concílio: a escola de Bolonha se mostrou fiel ao programa de reforma concebido segundo a ideia de um “novo Pentecostes” da Igreja, cara ao papa João XXIII. - Essa convicção foi expressa num Memorandum per il sinodo straordinario (fevereiro de 1985), destinado a contrastar com a vontade de restauração atribuída a João Paulo II e ao cardeal Ratzinger. - No discurso à Cúria Romana, aos 22 de dezembro de 2005, Bento XVI fez uma distinção entre duas interpretações do Concílio: a) Hermenêutica da descontinuidade: errônea b) Hermenêutica da reforma, da renovação na continuidade: justa e fecunda.

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João XXIII pedia pelo

surgimento de homens sábios,

que fossem capazes de

iluminar com a luz de Cristo as

descobertas do mundo

moderno. Ser um presbítero

de fé, esperança e amor, à luz

Concílio Vaticano II, é

procurar ser um homem sábio,

capaz de colocar o mundo

moderno frente ao Evangelho

de Cristo.

Page 11: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O Concílio proposto por

João XXIII não tinha tanto

a missão de discutir a

Igreja, mas discutir os

problemas do mundo e,

através da "luz dos povos"

que é Cristo, iluminar

"todos os homens,

anunciando o Evangelho a

toda a criatura"

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João XXIII pedia pelo surgimento

de sábios, que fossem

audaciosos e fortes o bastante

para que humanizassem "as

novas descobertas dos homens".

Por isso, na formação teológica

dos presbíteros, os padres

conciliares deram a Santo Tomás

de Aquino a primazia dos

estudos. Uma posição nunca

antes dada ao Doutor Angelicus,

nem mesmo no Concílio de

Trento.

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João XXIII estava convencido da

necessidade de recristianizar o mundo,

dando a todos os corações a Palavra de

Deus. João XXIII dedicava a oração de

seu rosário a qualquer um, cristão ou

não cristão, e em especial, às crianças.

Mariano, entregou aos pés da Virgem de

Loreto os trabalhos do Concílio,

suplicando à Mãe de Deus as graças

necessárias para "entrar na sala

conciliar da Basílica de São Pedro como

entraram no Cenáculo os Apóstolos e os

primeiros discípulos de Jesus: um só

coração, uma pulsação única de amor a

Cristo e pelas almas, um propósito

único de viver e de nos imolarmos pela

salvação de cada pessoa e dos povos."

Page 14: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O Compêndio do Concílio Vaticano

II é semelhante a uma Suma

Teológica para nossos dias. Sobre

tudo se falou e com todos se

procurou dialogar. Dedes a

presença dos padres conciliares,

peritos e observadores não

católicos, a Assembleia Conciliar

foi um Pentecostes com

eclesiologias diversas, línguas e

grupos distintos, diferenças e

riquezas milenares

Estamos diante de um Concílio marcadamente eclesiológico-pastoral, que é um convite à constante conversão, no vigor do Espírito Santo

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O Vaticano II abre de

par em par as portas

da Igreja para o

mundo todo,

abraçando a ordem de

Jesus: “Vão pelo

mundo todo, anuncie

o Evangelho”

Os objetivos do Concílio Vat. II se resumem em, em última análise, num só intento: tornar a Igreja do século XX mais apta para anunciar o Evangelho à humanidade do mesmo século XX

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A instituição torna inevitáveis as

tensões

Entre a sacralização e anomia

(esterilidade) – Karl Rhner – Inverno

Eclesial – Weber disse da

buroclatização: “noite polar de

escuridão gelada”

Vaticano II – Volta às raízes

O Vat. II foi uma explosão de liberdade e um reconhecimento oficial da necessidade de mudança e atualização da Igreja – Volta às fontes

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Nos tempos anteriores ao Vat.

II, a teologia falou de uma

volta às fontes. Daí a volta à

teologia dos Padres da Igreja,

e sobretudo, à Escritura.

Vaticano II – Volta às raízes

Seus protagonistas encontraram muitas vezes fortes resistências. Mas o clima os dinamismos suscitado por esse enorme e múltiplo esforço, foram os que tornaram possível o Concílio Vaticano II

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A Gaudium et Spes assinala o

outro polo: A volta à fonte não pode

ser uma repetição arqueológica,

mas um translado atualizado, trazer

para o presente o que ali está

descoberto e rememorando.

Vaticano II – Volta às raízes

Depois da revolução cultural convoca toda Igreja a uma tarefa tão difícil como exaltante: mostrar que a Igreja é solidária com o mundo, com o mundo atual, compartilhando “suas alegrias e esperanças, suas tristezas e angústias” (GS 1).

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Cinco décadas já se passaram do

término do Vat. II. Como evento do

Espírito Santo para a vida da Igreja, ele

constitui um marco fundamental do

processo de passagem de época. Os

tempos hoje são diferentes. O clima

cultural de recepção já se revelou

outro. No processo de recepção já

falam as vozes das Igrejas da periferia,

do Terceiro mundo e da diversidade

cultural – Diante disto, alguns falam de

um novo Concílio (Vat. III)

Sinto, ainda, mais intensamente, o dever de indicar o concílio como a grande graça que beneficiou a Igreja do sec. XX, nele se encontra a bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa” (João Paulo II, Novo Millennio Ineunte, 57)

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Para onde aponta a bússola?

A preocupação marcante do

Vaticano II foi nos indicar

caminhos para evangelizar o

mundo de hoje.

Como anunciar o Evangelho na

nova época?

O Concílio responde com duas palavras-chave: Aggionamento (atualização, renovação e rejuvenescimento da Igreja) e diálogo consigo mesma e com o mundo (comunhão e participação)

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O Vaticano II foi um concílio

pastoral-eclesiológico. Ele nos

oferece duas constituições

sobre a Igreja. A primeira é

dogmática e se denomina Lumen

Gentium (Luz dos povos), que

nos apresenta ensinamentos

sobre o que a Igreja é e sua

missão. A segunda é pastoral e

chama Gaudium et Spes (Alegria

e Esperança), que nos fala a

respeito da Igreja no mundo de

hoje

Page 22: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

Toda a renovação das estruturas

eclesiais no que tem de reformável

deve evidentemente ser feita para

atender às exigências de situações

históricas concretas, mas não

perdendo de vista a própria natureza

da Igreja. A revisão que hoje se deve

levar a cabo em nossa situação

continental há de ser inspirada e

orientada pelas ideias muito

sublinhadas no concílio: a da

comunhão e a da catolicidade (Cf LG

13) – Medellin, p.152-153

Page 23: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

A)Teologia do

Vaticano II

B)O Sínodo dos bispos

e a colegialidade

C)Espírito do Concílio:

sua força simbólica

D)Recepção na

América Latina

Page 24: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

A teologia depois do Concílio já não é a

mesma. Enterrou-se definitivamente a

neoescolástica que reinava nas Escolas

teológicas onde se formava o clero católico.

Ruiu esse sistema bem estruturado, rigoroso

e extremamente formal, ensinado em Latim,

que apresentava um conjunto completo de

perguntas e respostas fechadas, gerando

uma sensação de totalidade, de segurança,

de clareza, de rigor. As últimas gerações

formadas nessa Escola estão

desaparecendo, deixando atrás de si uma

quase total ignorância do que tenha sido

essa pirâmide teológica que enfrentou

impávida o embate de séculos.

Contexto teológico do Vat. II: a) Articulação entre fé e razão; b) Zelo pela escritura e dogmática; c) Surgimento da doutrina social da Igreja

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Ganhou-se em atualidade, em variedade

de temas e de abordagem, em diálogo

com as ciências modernas, em alcance

existencial, em repercussão pastoral e

força querigmática. Uma primeira

geração pós-conciliar mergulhou nas

águas novas dessa teologia e produziu

profunda renovação na pregação, na

catequese, no ensino da teologia, na

pastoral. Como o tema mais importante

do Concílio foi a eclesiologia, começou-

se por aí. Paulo VI no início da Segunda

Sessão tinha confiado especialmente

aos Padres conciliares a tarefa de

responder à pergunta sobre a

consciência da Igreja, no fundo, sobre o

que ela diz de si mesma.

Page 26: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O Concílio não apresentou novidade

doutrinal. O eixo estava em aplicar a

doutrina plasmada há séculos pela

Igreja à luz da Palavra revelada e

assegurada pela Tradição

apostólica e o Magistério, de

maneira a torná-la viva e eficaz:

“Um concílio conscientemente

pastoral procura perceber as

relações entre os valores eternos da

verdade cristã e sua inserção na

realidade dinâmica, hoje

extremamente mutável, da vida

humana tal qual é” (Introdução

Geral do Vat. II)

Page 27: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

“A Igreja está no meio

da vida contemporânea

para iluminá-la,

sustentá-la, consolá-la”

Contexto teológico de hoje - Este contexto está marcado por um estado de espírito de produção teológica renovada, inserida no contexto histórico, eclesial e filosófico da era contemporânea, iniciando um processo de busca de superação dos impasses presentes na relação entre cristianismo e modernidade, religião e ateísmo, fé e razão – consumismo, totalitarismo político, guerras, positivismos científico, filosofias de vida, surgimento da consciência dos direitos humanos

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A principal instituição eclesiástica

pós-conciliar, o Sínodo, como

expressão da colegialidade, ficou a

meio caminho. Exprimiu já um sinal de

comunhão dos bispos com a Sé

romana, mas se restringiu a um

simples papel consultivo. Os seus

resultados permanecem em nível de

confidencialidade e terminam num

documento de autoria pessoal do

Papa com a liberdade de trabalhar, a

seu modo, as sugestões recebidas.

Com isso, desaparece a colegialidade

no sentido mais pleno e de novo

predomina o polo central.

Page 29: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

As conferências

episcopais precederam e

sucederam às direções

conciliares. Já existiam

antes do Concílio, mas

assumem depois dele um

caráter de

universalidade. É o lado

positivo de continuação

do Concílio.

Page 30: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

À medida que os bispos, que

estiveram no Concílio e que

beberam lá o espírito, a vivência

e a prática colegiais, foram

saindo de cena, seja pela morte,

seja pela renúncia, substitui-os

uma nova geração que não fez tal

experiência. Estes facilmente se

adaptam a uma visão de Igreja

menos colegial e mais

diretamente centrada no polo

romano e na autonomia de cada

bispo. Assim a colegialidade

modifica sua forma de atuação.

Page 31: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

No espírito colegial, agilizaram-se

conselhos presbiterais, pastorais e

órgãos semelhantes nas igrejas

particulares. Algumas ensaiaram a

experiência da Assembleia do

Povo de Deus com maior liberdade

e agilidade canônica em lugar dos

Sínodos diocesanos, previstos e

armados de legislação própria.

Talvez desponte aí uma luz nova

para a maior participação dos

leigos e das leigas na vida interna

da Igreja particular até o nível das

decisões fundamentais.

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O Vaticano II continua marcando

a vida eclesial e para além dela

por meio da teologia de seus

documentos, pelas instituições

que diretamente criou, pelo

espírito que gerou, pelos

contínuos resgates possíveis de

sua riqueza, pelas reações

favoráveis ou opostas que ainda

provoca, pela força simbólica que

significa.

“A força do Concílio é incoercível. Pode-se travar ligeiramente o seu ímpeto, mas não se pode bloqueá-lo. É mais um ponto de partida que um ponto de chegada” – Canonista Le Monde

Page 33: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O Concílio Vaticano é mais que

os documentos, do que o

evento histórico encerrado. É

um espírito, é um novo símbolo

da Igreja católica. Cria um

imaginário eclesial que

adquire força própria e

autônoma até mesmo em

confronto com alguns textos

conciliares. O imaginário

seleciona e configura uma

representação da realidade

em questão.

Page 34: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O imaginário tridentino primou pela

afirmação da identidade católica em

oposição às Igrejas nascidas da

Reforma e aos princípios e práticas da

modernidade. Destarte a Igreja católica

provocou dentro de si maior coesão

interna em torno de três elementos

visíveis: o batismo, a confissão externa

do conjunto da fé cristã e a obediência

à hierarquia e, de modo especial, ao

Romano Pontífice. A Reforma introduzia

elementos diferentes em sua

identidade: sola fide (a fé fiducial), sola

gratia (a graça atribuída pelos méritos

de Cristo) e sola scriptura (a Escritura

lida pelo fiel sob a ação do Espírito).

Page 35: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O Concílio Vaticano II entra no processo

de dissolução desse imaginário já em

andamento, de modo lento, gradual e

progressivo, por obra de fatores que

penetravam a Igreja, sobretudo dos

movimentos bíblico, litúrgico, da Ação

Católica, social, querigmático,

missionário, artístico, catequético e de

uma teologia renovada. O Concílio

Vaticano II entrou na onda de tais

movimentos, assumindo-os em seus

documentos, seja no teor teórico

quanto no prático-histórico. Assim ele

começou a construir outro imaginário

teológico-pastoral.

Page 36: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

Resultados:

a) Após anos as novidades e experiências

foram substituídos por um processo de

triagem e enquadramento de algumas

experiências selecionadas e sancionadas

pela burocracia eclesiástica.

b) As celebrações litúrgicas ganharam em

vida, em participação, em beleza, em

espontaneidade e em criatividade.

c) O fiel médio adquiriu uma autonomia

interior diante de normas e preceitos

eclesiásticos

d) A formação do clero passou por vários

estágios.

e) Mais consistentes parecem as

transformações da Vida Consagrada por

força do espírito do Concílio. As vidas

religiosas ativas despojaram-se de sua

veste monacal.

Page 37: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

a) Já é um lugar comum entre teólogos da

América Latina dizer que Medellín foi a

recepção original do Concílio Vaticano

II.

b) A recepção latino-americana do

Vaticano II conflitou com uma recepção

dita católica, mas que excluía a

dimensão de libertação.

c) A teologia chamou-se da libertação, as

estruturas eclesiais foram as

comunidades de base, as práticas

pastorais se desenvolveram no campo

da leitura militante da Escritura com os

círculos bíblicos e nas pastorais

sociais, no interior de movimentos de

luta e reivindicação populares.

Page 38: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

Temos que ter cuidado para não fazer uma

Igreja de acordo com a nossa visão, mas a

Igreja de Jesus. No Brasil tivemos muitos

filtros sobre o Concílio Vaticano II. É

importante ver o texto no original e não nas

suas releituras. Podemos destacar quatro

fases:

a) Entusiasmo e otimismo – até os anos

1970

b) Esperança frustrada – Os progressistas

lamentam a inércia e falam do “inverno da

Igreja” . Os conservadores denunciam a

dissolução da identidade Católica - 1970-

1990 –

c) As discussões eclesiológicas caem no

vazio – Vão morrendo quem fez parte do

Vat. II – 1990 – Recentramento da Igreja

d) As potencialidades do Vat. II ainda não se

esgotaram – Início do novo Milênio

Page 39: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O Vat. II promoveu uma nova

autocompreensão da Igreja. A

eclesiologia clássica nasceu

jurídica, para defender o poder

eclesiástico na disputa entre o

Papa Bonifácio VIII e o rei

francês Filipe, o Belo (1294-

1303) – Bula Unam Sanctam.

Depois se desenvolveu no

período pós-tridentino, como

apologética antiprotestante e

antimoderna, na defesa da

Vera Ecclesia

Page 40: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

Para superar de vez a abordagem jurídica, o

Vat. II situa a Igreja, na Lumen Gentium, no

seu devido lugar:

a) Primeiro coloca os grandes princípios

norteadores: o cristocentrismo, a

dimensão sacramental e a dimensão

missionária dessa Igreja (LG 1)

b) Segundo, explicita a relação da Igreja com

o mistério trinitário desenvolvendo uma

reflexão fundamental da Igreja como

mistério no contexto da vontade salvífica

de Deus (LG 1)

A eclesiologia deixa o âmbito imediato do direito para situar-se dentro da teologia – No horizonte do mistério

trinitário, fora das relações imediata do poder

Page 41: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

Concílio Vaticano II foi um Evento

a) De renovação e reforma

contínua da Igreja, pela ação

do Espírito Santo, com a força

do Evangelho

b) Releitura paradigmática das

fontes bíblicas e patrísticas

c) Discernimento programático

de uma “nova evangelização’

para todos os sujeitos e

agendas eclesiais

d) Expressão eficaz da Koinonia

eclesial

Page 42: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

Os reformadores afirmam uma Igreja

“invisível”, da Palavra, contra uma Igreja

“visível”, dos sacramentos, que é a Igreja

Católica. Com Belarmino, a Igreja Católica

tende a se afirmar seguindo a eclesiologia de

“sociedade perfeita”, que não deve nada ao

Estado secular e laico – A Igreja Católica inicia

um processo de “duplicação” de serviços na

sociedade (Escolas, hospitais, partidos

católicos), para fazer frente à evolução do

mundo moderno e assim se firmar como única

tábua de salvação – Sociedade perfeita foi a

eclesiologia dominante até 1940 – Sendo

ultrapassa pela encíclica Mystici Corporis

Christi, de Pio XII (1943)

À apologética antiprotestante acrescenta-se, no novo contexto, a apologética antimoderna, anti-racionalista do

século XIX

Page 43: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

a) Igreja da Palavra de Deus – O Vat. II se

alimentou da Palavra de Deus e elaborou a

constituição dogmática: Dei Verbum – Deus se

comunica ao mundo por sua palavra

Somos convidados a acolher a Palavra de Deus,

respondendo sim, na fé.

b) Igreja Eucarística – Sacrossanctum Concilium –

Encontramos nesta constituição os princípios

gerais da reforma e da liturgia – Sobre a eucaristia

e demais sacramentos

DAp (18): “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça e transmitir esse tesouro aos outros é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher”

Page 44: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

O Concílio Vaticano II, seguindo as

orientações de João XXIII, vai

assumir uma Igreja aberta ao mundo

contemporâneo, aos cristãos não-

católicos e ao mundo dos pobres –

Foi, sobretudo, com a constituição

Gaudium et Spes que o Vat. II

operou a passagem de uma Igreja

mais voltada sobre si para uma

Igreja voltada para o mundo como

lugar próprio de sua missão – Padre

Congar – A terra prometida do

Concílio

A Igreja passa do confronto ao diálogo crítico com o mundo e busca se atualizar e se adaptar aos novos tempos.

Page 45: Concílio Vaticano II e os Presbíteros no Brasil ... · Trento. João XXIII estava convencido da necessidade de recristianizar o mundo, dando a todos os corações a Palavra de Deus

Para operar o deslocamento o

Vat II parte de uma nova

abordagem do mundo. O

mundo é visto agora não

apenas como lugar da

negatividade, “mistério da

iniquidade”, mas como história

e lugar da autocomunicação

de Deus – Sinais dos tempos

Tudo isso sinaliza a busca de uma nova relação com a sociedade, como formas históricas de entrada da Igreja para o “todo social” – Paulo VI: “A igreja é servidora da

humanidade”

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A compreensão da Igreja como Povo de Deus, dos

primeiros séculos, perde seu vigor a partir do

século IV, coincidindo com a oficialização do

cristianismo como religião do Império. No

Vaticano II, há uma retomada dessa expressão

para uma definição ideal de Igreja: “Igreja Povo de

Deus”. Tal expressão expressa melhor a

autoconsciência de Igreja, ajudando a superar a

visão jurídica, clericalista e triunfalista que vinha

da Idade Média. A expressão Povo de Deus é uma

oportunidade necessária para recuperar a real

identidade da Igreja. O Concílio Vaticano II já

mostrara sua intenção de mudar a face da Igreja

nas constituições anteriores, na Dei Verbum, no

que tange a revelação, e na Sacrosanctum

Concilium, no que tange a liturgia.

Com a opção pela categoria Povo de Deus os padres conciliares sinalizaram o desejo de mudança de uma eclesiologia jurisdicista, clericalista e triunfalista para uma eclesiologia, comunhão e sacramento de salvação para toda humanidade (Lumen Gentium, 9).

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A Igreja povo de Deus que nasce do

Vaticano II é uma Igreja de irmãos com

três realidades comuns a todos:

a) Vocação à santidade – Todos são

chamados à santidade

b) Missão: Pelo batismo e pela crisma

somos feitos discípulos missionários

de Jesus, a serviço da construção do

Reino de Deus

c) Dignidade: na Igreja, todos temos a

mesma dignidade, somos todos

irmãos, filhos e filhas de Deus

O Vaticano II nos oferece 16 documentos, entre os quais, duas constituições sobre a Igreja. A primeira, dogmática – Lumen Gentium (Luz dos povos), nos apresenta ensinamentos sobre o ser da Igreja e sua missão. A segunda, pastoral – Gaudium et Epes (Alegria e esperança), nos fala da Igreja no mundo de hoje

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Segundo Y. Congar, a eclesiologia

clássica era um “hierarcologia”. O

Vat. II opera a inversão, falando do

Povo de Deus e depois da hierarquia

(LG). Assim, a categoria Povo de

Deus se tornou chave eclesiológica

do Vat. II. Pensando uma Igreja

como acontecimento salvífico de

Deus em Cristo, acolhida na fé, abre-

se o caminho para um Teologia da

Igreja.

No centro dessa nova eclesiologia estão aqueles bens do Reino aos quais todos somos chamados: a graça da fé e o chamado à

santidade, à comunhão de vida com Deus, em Cristo, pelo Espírito, e à missão no mundo

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A eclesiologia do “Corpo Místico”

constitui um notável avanço em

relação à eclesiologia jurídica

clássica. Já garante a igualdade de

todos os fieis, mas no plano do

mistério. No mistério de Cristo todos

somos iguais – Esse passo exige a

passagem da teologia do laicaito

para a teologia da Igreja Povo de

Deus – sem o dualismo: a Igreja para

o clero e o mundo para os leigos

Este modo de ser Igreja está em sintonia com a eclesiologia do Concílio Vaticano II, no qual, a ação do Espírito Santo convoca todo batizado a ser sujeito na Igreja conforme a diversidade de vocações,

carismas e ministério.

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O Vat. II convida a passagem de compreensão de

uma Igreja “universalista” para uma Igreja local

ou particular que tem sua origem na virada

gregoriana do séc. XI. Gregório reivindicava para

a Igreja uma liberdade e autonomia soberana e

ilimitada, no interesse da “glória de Deus” – Só a

Igreja romana foi fundada por Deus. Só o bispo de

Roma tem o direito de ser chamado de universal –

Esta eclesiologia foi reforçada ao longo dos

século culminando no Vat. I (1869-1870), sobre o

primado da infabilidade papal – Contexto de

movimento de restauração do séc. XIX – A Igreja

Universal só existe, mas a partir das Igreja

particulares (LG 23)

A Eclesiologia gregoriana transforma a Igreja em Estado do Papa. A linguagem da Igreja passa a ser a linguagem do direito – a canonística

das decretais – A eclesiologia passa a ser a doutrina do poder eclesiástico

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O Vat. II retoma a eclesiologia

eucarística e comunial do

primeiro milênio e valoriza o

episcopado dentro da Igreja local

e particular. A Igreja é sempre

acontecimento da fé que se toma

corpo em dado tempo e lugar. É

acontecimento da palavra no

mundo. Nisto há a superação de

uma eclesiologia jurídica,

centralizadora, por uma

eclesiologia “Povo de Deus”

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Mas imediatamente a eclesiologia provocou

uma profunda transformação na cristologia,

em sempre crescente valorização do Jesus

palestinense, diferentemente de uma

dogmática centrada na união hipostática.

Surgirá excelente série de Cristologias, na

Europa, nos EUA, na América Latina. Na

compreensão da Trindade vai prevalecer a

intuição rahneriana de que a Trindade

imanente, das relações entre as pessoas

divinas, é a Trindade econômica, de sua

presença na história da salvação. A teologia

sacramental se enriquece da compreensão

da liturgia como celebração do Mistério

pascal, do significado profundo do símbolo,

do princípio de inteligibilidade dos ritos e

sinais, do incentivo à participação dos fiéis.

O Vaticano II impulsiona com

sua eclesiologia a teologia ecumênica, a do

diálogo inter-religioso e com os não crentes.

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Sendo o Concílio fruto de

compromisso das

tendências divergentes de

cunho tridentino-Vaticano I e

da nova teologia emergente,

não foi difícil a setores

tradicionais resgatar dos

documentos do Concílio

elementos teológicos

tradicionais, sobretudo no

campo da eclesiologia.

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Segundo Hans U. Baltasar, “ao

assumir batizar crianças, ‘o

cristianismo tomou a decisão

mais cheia de consequências

da história da Igreja’, pois,

então, idosos, adultos, jovens

e crianças, homens e

mulheres, ricos e pobres,

letrados e ignorantes, santos e

pecadores... todos, sem

distinção, consolidam a Igreja

como Povo de Deus”.

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Com a categoria Povo de

Deus, o sonho é de

mudar a imagem de

Igreja piramidal e

tradicional de Igreja

para outra de forma

circular, em que todos

participam ativamente.

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Uma Igreja povo de Deus é uma Igreja

comunhão e participação, realizando

concretamente, na história, a Igreja de

Jesus Cristo. Uma Igreja assim é a

Igreja dos Sonhos, a Igreja do futuro.

Segundo Karl Rahner: “A Igreja do

futuro será uma Igreja que constituirá

de baixo para cima, por meio de

comunidades de base de livre iniciativa

e associação. Temos de fazer todo o

possível pra não impedir esse

desenvolvimento, mas antes promovê-lo

e orientá-lo corretamente”.

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a) A data simbólica de 1968 preparada por

grandes movimentações estudantis em

todos os lugares – crítica a toda instituição

estabelecida, todo sistema de autoridade, à

sociedade tradicional, aos sistemas de

pensamento

b) Sínodo de 1985 que, na redação final

menciona uma vez só a categoria Povo de

Deus, propondo a eclesiologia de comunhão,

entendendo que está é a ideia central e

fundamental dos documentos do Concílio –

Tal conceito é simpático e oportuno, mas

“Povo” tem a vantagem de ser um conceito

bíblico, tanto do AT quanto do NT, e tem

forte influência simbólica na vida coletiva

das comunidades

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A missionariedade tão fortemente repisada no

Documento de Aparecida, torna-se para a Igreja

no Brasil uma estrela que conduz a vida da Igreja.

Ela existe para evangelizar. A evangelização exige

uma conversão pastoral. Conversão nos modos,

nos meios, nas estruturas: “Espero que todas as

comunidades se esforcem por atuar os meios

necessários para avançar no caminho duma

conversão pastoral e missionária, que não pode

deixar as coisas como estão. Neste momento, não

nos serve uma ‘simples administração’.

Constituamo-nos em ‘estado permanente de

missão’, em todas as regiões da terra” (EG 25)

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A Igreja no Brasil, com o Concílio Vaticano II,

recebeu um novo impulso. As conferências

episcopais tornaram-se decisivas para a ação

evangelizadora. A convite de João XXIII, os bispos

brasileiros apresentaram o seu primeiro plano

pastoral e, “desde daquele início, cresceu uma

verdadeira tradição pastoral no Brasil, que fez com

que a Igreja não fosse um transatlântico à deriva,

mas tivesse sempre uma bússola” (Papa Francisco,

encontro com o episcopado brasileiro – JMJ).

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Além da tradição pastoral, a Igreja do

Brasil buscou, na sua vida e ação,

tornar-se a Igreja do Concílio Vaticano II.

A participação das diversas

conferências latino-americanas e

caribenha e a tentativa de expressar na

cotidianidade as conclusões e

ensinamentos dessas conferências

foram visibilizando um rosto próprio.

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Uma Igreja-comunidade, comunidade de

comunidades, tem caracterizado a busca

da Igreja do Brasil. Apesar de todas as

buscas e reflexões, discussões e

tentativas, a Igreja no Brasil não

encontrou um modo para enfrentar a

realidade urbana na sua evangelização.

Vale lembrar, neste sentido, o

esquecimento das periferias.

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Seguindo as orientações de Aparecida, os bispos do

Brasil encontraram um modo significativo de

colocar diante dos olhos a sua ação evangelizadora:

“Evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do

Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e

profética, alimentada da Palavra de Deus e pela

Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial

pelos pobres, para que todos tenham vida (Jo

10,10), rumo ao Reino definitivo (CNBB, 94 –

Objetivo geral)

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A renúncia de Bento XVI é muito mais

do que um gesto pessoal e pontual,

pois desmistificou a figura do papado

e sinalizou o imperativo do perfil do

primado, essencialmente um bispo de

Roma, com o múnus de ser primus

inter pares, mais pastoral do que

jurídico.

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A Igreja do Brasil vem dando passos significativos na recepção do Vat.

II.

a) Consciência da pobreza numa sociedade injusta e desigual –

Caminhar na direção do pobre significa recuperar o profetismo -

relação entre fé e cultura e fé e sociedade - Medellin (1968) –

Percurso Popular

b) Uma Igreja mais participativa e fraterna – CEBS e a Teologia da

Libertação - na qual a comunhão é o modo fundamental de relação

na Igreja, sendo a participação o modo pedagógico para se chegar

a ser sujeito na Igreja – Igreja Missionária

c) Nova consciência eclesial a partir da Igreja Local – Importância da

Colegialidade

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De um lado, o espírito do Vaticano II, em busca

de novas experiências, de responder melhor à

contemporaneidade dos problemas, prossegue

seu caminho. Há inúmeros sinais que

apontamos. O Concílio Vaticano II capitalizou

um acúmulo de forças inovadoras de pelo

menos dois séculos.

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A Igreja no Brasil, nessas cinco décadas pós-concílio,

viveu um grande momento. Como na LG, 8, podemos

dizer que a Igreja no Brasil avança peregrina ente as

perseguições do mundo e as consolações de Deus.

A imagem que nesses anos foi se delineando é de uma

Igreja Povo de Deus, pobre e servidora, missionária e

profética, em comunhão com a tradição e a grande

igreja, mas em ruptura com modelos e práticas da

cristandade.

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O Concílio Vaticano II foi um

acontecimento extraordinário e frutuoso

na bimilenar História da Igreja. O fato

marcou profundamente o coração de

cada homem e mulher de boa vontade, e,

sobretudo, fincou no mais íntimo de nós

cristãos uma absoluta confiança.

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Segundo o Vaticano II, o papel da

igreja é estar no mundo e com ele

dialogar simultaneamente

anunciando Jesus Cristo e os

valores do Reino de Deus presentes

no Evangelho por Ele proclamado.

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O papa Paulo VI em 1966, assim escreve: “A tarefa do Concílio

Ecumênico não está completamente terminada com a promulgação de

seus documentos”. Em 1965 perguntava: “Findo o concílio, volta tudo ao

que era antes? As aparências e os hábitos responderão que sim. O

espírito do Concílio responderá que não. Alguma coisa, e não pequena,

deverá ser, também para nós- antes, sobretudo para nós – nova. As

mudanças de tantas coisas exteriores? Sim, mas não é a estas que ora

aludimos. Aludimos ao modo de considerar a Igreja, modo que o

concílio cumulou tanto de pensamentos, de temas teológicos,

espirituais e práticos, de deveres e de confortos, a ponto de exigir de

nós um novo fervor, um novo amor, como que um novo espírito”.

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a)Quais as implicâncias eclesiológicas do

Concílio Vaticano II para a evangelização no

mundo de hoje?

b)Como anunciar o Evangelho na nova época?

c) Qual a nossa consciência de Igreja e como a

conduzimos em nosso ministério presbiteral?

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