concepÇÕes de doenÇa mental: um estudo de campo · procura do prazer que tolera uma segurança...

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__________________________________________________________________________________________ Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 1 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI FACULDADES IDEAU CONCEPÇÕES DE DOENÇA MENTAL: UM ESTUDO DE CAMPO JUNG, Letícia 1 [email protected] SANTOS, Alana Avozani dos 1 [email protected] TEIXEIRA, Bruna Caroline 1 [email protected] ZANELLATO, Karoline 1 [email protected] COSTA, Gisele Tonin da 2 [email protected] LONGO, Patrícia Di Francesco 2 [email protected] FABIANI, Nadine T. Pilotto 2 [email protected] CALCING, Jordana 2 [email protected] BONINI, Elvis Herrmann 2 [email protected] 1 Discentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2 - Faculdades IDEAU Getúlio Vargas/RS. 2 Docentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2 - Faculdades IDEAU Getúlio Vargas/RS. RESUMO: O presente artigo, teve como ponto de partida, o aprofundamento da concepção de doença mental. Para tanto, esse artigo objetivou apresentar os resultados de uma pesquisa teórico-prática a qual visou identificar as diferentes concepções de doença mental por acadêmicos do 4º Nível do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ideau Campus Getúlio Vargas. A efetivação deste artigo foi realizada através de uma pesquisa bibliográfica visando o objetivo do projeto, uma pesquisa qualitativa e quantitativa e estudo de campo, onde se aplicou um questionário aos acadêmicos. Depois de realizada a análise das respostas e compilação de dados obtidos, pode-se concluir através das respostas dos acadêmicos, que certas concepções sobre doença mental, são feitas sem conhecer o contexto que permeia a vida dos indivíduos com transtornos mentais, bem como a origem da mesma e seu tratamento, e suas condições psicológicas em meio à sociedade. Apesar da complexidadee do contexto, o doente mental necessita ser visto como igual, e estimado por suas diferenças, sendo que todos os sujeitos têm diferenças e são estas que tornam todos semelhantes. Palavras-chave: Doença mental; Concepções de doença mental; Convívio social. ABSTRACT: The following work with has as its starting point the deeper study about mental diseases conception. Therefore, this article aims to present the results of a theoretical-practical research, which wanted to identify the different conceptions of mental diseases by the university students of the Ideau University Veterinary Course 4 th level Getúlio Vargas Campus. The completion of this work was through a bibliographic research in order to achieve the objective of the project, a qualitative and quantitative research, and field study, using a questionnaire application to the university students. After the answers analysis and the collection of the obtained data, it is possible to conclude, based on the students` answers that certain conceptions about mental diseases are made without knowing either the context around the life of the individuals who have the disorders, or the cause, the treatment and their psychological condition among the society. Despite the context complexity, the individual with mental diseases needs to be seen as equal, and appreciated for having differences. Every individual has differences and these differences make everybody similar. Key words: Mental disease; Conceptions mental diseases; Social life.

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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

CONCEPÇÕES DE DOENÇA MENTAL: UM ESTUDO DE CAMPO

JUNG, Letícia1

[email protected]

SANTOS, Alana Avozani dos1

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TEIXEIRA, Bruna Caroline1

[email protected]

ZANELLATO, Karoline1

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COSTA, Gisele Tonin da2

[email protected]

LONGO, Patrícia Di Francesco2

[email protected]

FABIANI, Nadine T. Pilotto2

[email protected]

CALCING, Jordana2

[email protected]

BONINI, Elvis Herrmann2

[email protected]

1Discentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2 - Faculdades IDEAU – Getúlio Vargas/RS. 2Docentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2 - Faculdades IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

RESUMO: O presente artigo, teve como ponto de partida, o aprofundamento da concepção de doença mental.

Para tanto, esse artigo objetivou apresentar os resultados de uma pesquisa teórico-prática a qual visou identificar

as diferentes concepções de doença mental por acadêmicos do 4º Nível do Curso de Medicina Veterinária da

Faculdade Ideau – Campus Getúlio Vargas. A efetivação deste artigo foi realizada através de uma pesquisa

bibliográfica visando o objetivo do projeto, uma pesquisa qualitativa e quantitativa e estudo de campo, onde se

aplicou um questionário aos acadêmicos. Depois de realizada a análise das respostas e compilação de dados

obtidos, pode-se concluir através das respostas dos acadêmicos, que certas concepções sobre doença mental, são

feitas sem conhecer o contexto que permeia a vida dos indivíduos com transtornos mentais, bem como a origem

da mesma e seu tratamento, e suas condições psicológicas em meio à sociedade. Apesar da complexidadee do

contexto, o doente mental necessita ser visto como igual, e estimado por suas diferenças, sendo que todos os

sujeitos têm diferenças e são estas que tornam todos semelhantes.

Palavras-chave: Doença mental; Concepções de doença mental; Convívio social.

ABSTRACT: The following work with has as its starting point the deeper study about mental diseases

conception. Therefore, this article aims to present the results of a theoretical-practical research, which wanted to

identify the different conceptions of mental diseases by the university students of the Ideau University

Veterinary Course 4th level – Getúlio Vargas Campus. The completion of this work was through a bibliographic

research in order to achieve the objective of the project, a qualitative and quantitative research, and field study,

using a questionnaire application to the university students. After the answers analysis and the collection of the

obtained data, it is possible to conclude, based on the students` answers that certain conceptions about mental

diseases are made without knowing either the context around the life of the individuals who have the disorders,

or the cause, the treatment and their psychological condition among the society. Despite the context complexity,

the individual with mental diseases needs to be seen as equal, and appreciated for having differences. Every

individual has differences and these differences make everybody similar.

Key words: Mental disease; Conceptions mental diseases; Social life.

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Esse estudo faz parte da proposta apresentada aos acadêmicos do Curso de Psicologia

do IV semestre para o Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático, tendo como assunto a

“Concepção de Doença Mental por Acadêmicos da Faculdade Ideau”. Como ponto de partida,

o aprofundamento da concepção de doença mental. Sendo que as doenças mentais, podem se

apresentar de diversas maneiras, e comprometem o funcionamento do cérebro. Podem alterar

a forma de pensar, o comportamento, os sentimentos e a habilidade de compreensão. Elas se

apresentam diferentemente, do que se pode sentir no cotidiano, como tristeza e alteração de

humor, a doença mental torna a vida do indíviduo complexa.

Para tanto, esse artigo objetivou apresentar os resultados de uma pesquisa teórico-

prática a qual visou identificar as diferentes concepções de doença mental por acadêmicos do

4º Nível do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ideau – Campus Getúlio Vargas.

Este artigo com base na Concepção de Doença Mental, primeiramente desenvolveu os

conteúdos que se apresentam no referencial teórico: às ideias de psicopatologia – apresenta

referências teóricas sobre doença mental, a história da doença mental e as concepções atuais,

bem como as formas de tratamento e intervenções; os processos grupais – mostra o referencial

sobre funcionamento e processos grupais na atuação com Doença Mental; medidas e

avaliação psicológica – onde é apresentado os processos básicos de construção e validação

de instrumentos de medida de fenômenos psicológicos, e as normas básicas e éticas de

aplicação, levantamento, interpretação e devolução dos resultados; e por fim, teorias e

técnicas psicanalíticas – trazendo uma reflexão entre relação entre sofrimento humano e a

psicopatologia, e o que é normal e o que patológico usando de uma perspectiva histórica e

política a partir de uma instrumentalização básica metapsicológica.

Desse modo, foi percebido através das respostas dos acadêmicos, que algumas

concepções sobre doença mental, são feitas sem conhecer o contexto que permeia a vida dos

indivíduos com transtornos mentais, bem como a origem da mesma e seu tratamento, e suas

condições psicológicas em meio à sociedade. Apesar da complexidade do contexto, o doente

mental necessita ser visto como igual, e estimado por suas diferenças, sendo que todos os

sujeitos têm diferenças e são estas que tornam todos semelhantes.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Psicopatologia – conceito e visão

A loucura não é um fenômeno oposto ao que hoje se concebe como racional ou

normal. Sob a ótica do senso comum a loucura é vista de dois diferentes aspectos: de um lado

a concepção da loucura no sentido de alguém ter uma experiência corajosa, sem medo, de não

se preocupar com as consequências do ato em questão, saindo muitas vezes do que por muitos

é considerado normal; de outro lado, a loucura no sentido de uma falha da forma pessoal,

consciente, normal, equilibrada e sadia de ser, nesta tendência a pessoa “louca” é vista como

perigosa para os demais e em certos casos para si mesma (FRAYZE-PEREIRA, 1982).

Ao longo da história da humanidade nota-se que os lugares destinados aos loucos

estavam associados ao contexto social vigente na época. Na obra “História da Loucura”,

Foucault relata que antes do século XVIII os loucos não eram internados, eles eram

considerados seres de saberes inacessíveis se comparados com os demais, razão essa, dos

mesmos habitarem os mesmos espaços coletivos da vida social, sem necessidade de privá-los

de liberdade. O autor destaca que neste período, os ditos loucos eram tidos como uma espécie

de erro ou ilusão, visto que pertenciam as próprias diferenças de cada um no mundo. Com o

advento do hospital psiquiátrico e do saber médico mais evoluído no decorrer do século

XVIII, a loucura passa a ser considerada uma enfermidade, devendo ser tratada nos hospitais

psiquiátricos. (FOUCAULT, 1996; 1997).

Avançando um pouco mais no texto de Foucault sobre a História da Loucura,

encontra-se a contribuição de Rene Descartes que com seu pensamento cartesiano constituiu

um modelo decisivo na historia, com o método da dúvida, que segundo ele liberta de todo erro

e engano, preparando o inconsciente a desligar-se das coisas que podem levar ao erro. É neste

período que Descartes declara a incompatibilidade existente entre loucura e razão e de certa

forma, afirma a cisão (junção) entre pensamento e desatino (DESCARTES, 1996).

Enquanto maestro da racionalidade, Descartes marcou sua importância para a

compreensão da loucura, bem como, o processo de enclausuramento da loucura praticado no

período. As razões para a inserção nas instituições destinadas aos loucos se davam por

critérios da época pelo convívio destes nos meios sociais, com a prática de confinamento, a

loucura era retirada de circulação, pois feria as leis da razão e da moralidade (MACHADO,

1988).

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No século XVIII a psiquiatria se constitui a partir da necessidade médica em cuidar de

um determinado grupo; também surge um personagem nesse novo contexto, o médico clínico

Pinel, que em sua obra apresentou no princípio da dúvida metódica a única forma de

compreensão dos sintomas apresentados pelos loucos, este método apresentado por Pinel

queria evitar as distorções das causas e da natureza das doenças mentais, que na época eram

pouco precisos (PESSOTTI, 1996).

Partindo das concepções do pós-moderno com relação ao tema tratado, deve-se ter

consciência que não há saída para as incertezas da vida e que muitas vezes a fuga do eventual,

torna o acaso uma forma de fuga da realidade do referido momento; os homens e mulheres do

pós-moderno acabam se acostumando com uma parcela muito reduzida de liberdade em busca

da felicidade individual, os mal-estares deste período proveem de uma espécie de liberdade de

procura do prazer que tolera uma segurança individual muito pequena (BAUMAN, 2001).

Assim, Berlinck (2000) acredita que a doença mental seja sinônimo de doença e assim

sugere duas concepções ao “estudo da doença”. A primeira seria a loucura como uma doença

propriamente dita, associada à morbidez; a segunda advém da origem etimológica da palavra

patologia, pathos como “paixão”, “passividade”, desta forma, o autor propõe que uma pessoa

com uma patologia, não é nem racional nem agente e senhor de suas ações.

O processo doença/saúde deve ser visto surgindo em razão de diversos fatores que

podem ser produzidos historicamente; sendo assim, a saúde deve ser vista de maneira

dinâmica e que pode se modificar, em razão de eventos e interações cotidianas dos seres

humanos (SCASS, 1994; BOCK, 2005).

Um dos principais objetivos defendidos pela psiquiatria na atualidade é o de colocar a

doença entre parênteses, o que quer dizer no dia a dia do paciente, identificar suas

necessidades, escutar suas angústias e sofrimentos, buscar transformar a vida desse paciente,

com possibilidades concretas, a partir de uma construção diária, alicerçada na afirmação da

liberdade (NICÀCIO, 2007).

2.2 Falando sobre grupos na psicopatologia

O ser humano é um ser sociável por natureza, e existe em função de inter-

relacionamentos grupais, ou seja, está inserido em grupos desde o seu nascimento, através da

família, e com o passar do tempo, em outros grupos, como os amigos, a escola, entre outros.

Nos relacionamentos que o indivíduo vai desenvolvendo no decorrer de sua vida, ao inserir-se

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na sociedade, passa a se conhecer e a conhecer outras pessoas, e dessa forma, constitui sua

personalidade. Sendo assim, a criança tão ingênua e livre de preocupações, com o passar do

tempo, vai cedendo lugar ao adulto preocupado, rígido e perdendo o encantamento da

infância, ao mesmo tempo em que vai constituindo aos poucos outros grupos, uma nova

família, grupo associativo, profissional, esportivo e social. (ZIMERMAN, 1997).

Dessa forma, pode-se dizer sobre o conceito de grupo que “um grupo consiste de duas

ou mais pessoas que interagem e partilham objetivos comuns, possuem uma relação estável,

são mais ou menos independentes e percebem que fazem de fato parte de um grupo”

(RODRIGUES; JABLONSKY; ASSMAR, 1999, p.371).

Enfatizando esta ideia, Zimerman (1997) menciona que, ainda que sejam várias as

orientações teóricas, é adequado partir da visão de que, necessariamente, a profundeza dos

fenômenos grupais, a interdependência entre seus elementos, é igual em qualquer tipo de

grupo e o que gera as diferenças entre os caracterizados grupos é o objetivo e finalidade para

os quais foram designados e compostos e a variedade da cultura.

Assim, ainda Zimerman (1997), refere-se sobre a relevância que o objetivo do grupo

possui para sua existência, onde se diferem por suas características. Existindo, portanto, os

grupos operativos e os psicoterápicos. Os operativos abrangem o setor institucional,

organizacional, comunitário, com enfâse psico-educativos, deste modo, na mudança desses

setores. Os psicoterápicos são considerados por sua abordagem teórica e apresenta perspectiva

terapêutica. No último caso, apresentam-se as perspectivas psicodramática, psicanalítica,

cognitivo-comportamental e teoria sistêmica.

Nesse caso, é proporcionado o conceito de grupo terapêutico, por Ribeiro (1994), que

se refere como um grupo de indivíduos distinto por uma associação ou colaboração cara a

cara. Sendo este, a decorrência de uma integração e de apropriada síntese de individualidade

em todo comum, de tal maneira que a meta e o intento do grupo são a vida em comum, fins

comuns e um sentido de pertença, com um sentimento de simpátia e analogia.

Como já citado, anteriomente, o ser humano está inserido em um grupo desde o seu

nascimento até a sua morte, nesse sentido, a psicoterapia em grupo é um dos recursos

utilizados como forma de tratamento e é válida porque o grupo terapêutico reúne pessoas

diferentes cada um com suas particularidades, facilidades e dificuldades. (ZIMERMAN,

1997).

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A psicoterapia em grupo é a utilização das técnicas psicoterapêuticas a um grupo de

pacientes. Nesta terapia, tanto nas interações paciente-paciente quanto paciente-terapeuta, é

usada a aplicação de técnicas e intervenções específicas pelo terapeuta, servindo como um

instrumento para a mudança. (VINOGRADOV; YALOM, 1992).

Independente da orientação teórica, a maneira de intervenção grupal presta três

características maleáveis e inter-relacionadas: o setting, os objetivos e a estrutura do tempo.

Os settings clínicos dos grupos de psicoterapias são bastante variados, algumas vezes afetam

o funcionamento do grupo, dependendo muito do tipo de grupo, por exemplo, os grupos de

pacientes internados e ambulatoriais representam uma das diferenças de faixas de settings, já

que a terapia de grupo também é utilizada em uma vasta variedade de situações clínicas. Esta

varia, desde pequenos grupos diários até as reuniões semanais da equipe e os grupos de apoio,

conforme coloca Vinogradov e Yalom (1992).

Nas terapias de grupo, é essencial que o terapeuta explique a importância de manter

confidencial tudo que é manifestado no grupo e que os membros não devem levar para fora do

grupo às informações recebidas, a fim de preservar a identidade e não expor nenhum dos

participantes e suas histórias. (POLSTER; POLSTER, 2001).

Segundo Zimerman (1997) o coordenador do grupo terapêutico torna-se agente

fundamental, sendo uma figura transferível, um importante modelo de identificação para os

membros do grupo, ele deve ser verdadeiro, ter empatia, uma boa comunicação, senso de

humor, capacidade de juízo crítico, respeitar a maneira de ser de cada um, e cabe, ainda,

enfatizar que é imprescindível gostar de grupo e que tenha capacidade de integração.

Pode-se dizer que a psicoterapia de grupo é vista como fundamental no tratamento em

saúde mental, harmonizando o ambiente para falar e para ouvir. Dessa forma, a potencialidade

terapêutica e a coragem para a transformação procedem da influência entre os componentes

do grupo, assim o fator terapêutico gerado pelo grupo, colabora para a melhora da condição

de cada um. (ZIMERMAN, 1997).

2.3 Avaliação Psicológica e Testagem Psicológica

A medição é vista como um dos aspetos cruciais no processo científico, contudo a

avaliação psicológica, no método torna-se independente da medição. Nesse sentido, Michell

(1990 apud PAIS-RIBEIRO, 2013) coloca que no contexto a psicologia quantitativa moderna

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está mais interessada com a prática de programas quantitativos do que com a resposta a

demandas científicas essenciais sobre essas problemáticas quantidades.

A avaliação psicológica, conforme refere-se a Cartilha Avaliação Psicológica,

conceitua-se como vasto processo de averiguação, no qual se reconhece o sujeito e sua

necessidade, com a finalidade de delinear a determinação mais adequada do psicólogo. Faz

referência à coleta e análise dos elementos alcançados por meio de contíguos processos

seguros, compreendidos como aqueles adotados pela ciência psicológica. Assim, é função do

psicólogo planejar e realizar o procedimento avaliativo fundamentado em aspectos técnicos e

teóricos (CFP/CRP, 2013).

Segundo o Conselho Federal de Psicologia, pode-se diferenciar avaliação psicológica

de testagem psicológica levando em consideração que, avaliação compreende um processo de

coleta, estudo e interpretação de dados a respeito de fenômenos psicológicos voltados a uma

finalidade específica. A testagem por sua vez é parte componente da avaliação onde são

utilizados alguns instrumentos para uma coleta mais específica de dados (CFP/CRP, 2013).

Segundo Hogan (2006), os testes podem ser definidos como instrumentos ou processos

padronizados que fornecem informações sobre uma amostra de comportamentos e processos

cognitivos. Os mesmos também podem ser classificados em categorias, apresentados como,

testes mentais, de conhecimento, personalidade, de interesses e neuropsicológicos.

Assim, a utilização de testes psicológicos, ao lado da averiguação de outros elementos,

unifica o procedimento de avaliação psicológica. Nesse sentido, Pasquali (2001) determina os

testes como um contíguo de afazeres predeterminados que o indíviduo necessita satisfazer em

certa ocasião, do qual procedem em apropriada forma de medida.

O Conselho Federal de Psicologia (2013) destaca que apenas psicólogos

regulamentados e inscritos em um CRP podem fazer uso de testes psicológicos. Noronha e

Firmino (2006) ainda destaca a importância da atualização constante nas avaliações

psicológicas, bem como em todas as outras atividades do psicólogo para que cada vez mais

possa oferecer um trabalho preciso e de qualidade.

Para fazer uso dos instrumentos psicológicos de medida, os mesmos devem apresentar

certas peculiares que abonem a confiança que é assentada nos resultados que causam. Para

que sejam considerados e adotados como autênticos e seguros, necessitam proporcionar dados

favoráveis de fidedignidade e legitimidade.

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Portanto, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), através resolução Nº002/2003

determinou em seu artigo 5º que são requisitos mínimos e obrigatórios para todos os

instrumentos de avaliação psicológica:

I - apresentação da fundamentação teórica do instrumento com especial ênfase na

definição do construto a ser avaliado e dos possíveis propósitos do instrumento e os

contextos principais para os quais ele foi desenvolvido;

II - apresentação de evidências empíricas de validade e precisão das interpretações

propostas para os escores do teste, com justificativas para os procedimentos

específicos adotados na investigação, com especial ênfase na precisão de

avaliadores, quando o processo de correção for complexo;

III - apresentação do sistema de correção e interpretação dos escores, explicitando a

lógica que fundamenta o procedimento, em função do sistema de interpretação

adotado, que pode ser:

a) referenciada à norma, devendo, nesse caso, relatar as características da

amostra de padronização de maneira clara e exaustiva, preferencialmente

comparando com estimativas nacionais, possibilitando o julgamento do nível de

representatividade do grupo de referência usado para a transformação dos

escores;

b) diferente da interpretação referenciada à norma, devendo , nesse caso ,

explicar o embasamento teórico e justificar a lógica do procedimento de

interpretação utilizado;

IV - apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção e das condições

nas quais o teste deve ser aplicado para garantir a uniformidade dos procedimentos

envolvidos na sua aplicação;

V - compilação das informações indicadas acima, bem como outras que forem

importantes, em um manual contendo, pelo menos, informações sobre:

a) o aspecto técnico-científico, relatando a fundamentação e os estudos empíricos

sobre o instrumento;

b) o aspecto prático, explicando a aplicação, correção e interpretação dos

resultados do teste e c) a literatura científica relacionada ao instrumento,

indicando os meios para a sua obtenção.

Ainda, a Resolução CFP n° 002/2003, em seu Art. 11º, orienta que “As condições de

uso dos instrumentos devem ser consideradas apenas para os contextos e propósitos para os

quais os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis” (CFP, 2003). Nesse sentido, o

artigo coloca que é responsabilidade do psicólogo escolher qual o teste mais indicado para

cada finalidade.

Para tanto, a Cartilha Avaliação Psicológica, cita os princípios éticos básicos que

regem o uso da avaliação psicológica, os quais os psicólogos precisam estar atentos:

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• o psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento

profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo

científico de conhecimento e prática;

• utilização, no contexto profissional, apenas dos testes psicológicos com parecer

favorável do CFP que se encontram listados no Sistema de Avaliação de Testes

Psicológicos (Satepsi);

• emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais o profissional

esteja qualificado;

• realização da avaliação psicológica em condições ambientais adequadas, de modo

a assegurar a qualidade e o sigilo das informações obtidas;

• guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros e de acesso

controlado;

• disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas àqueles com o

direito de conhecê-las;

• proteção da integridade dos testes, não os comercializando, divulgando-os ou

ensinando-os àqueles que não são psicólogos. (CFP/CRP, 2013, p.16).

A sugestão para a utilização específica precisa ser encontrada nos estudos realizados

com o instrumento, especialmente nos estudos de legitimidade e nos de exatidão e de

padronização. De tal modo, as condições fundamentais para certo uso são os resultados

adequados de estudos norteados para as questões específicas arroladas às exigências de cada

area e finalidade (CFP/CRP, 2013).

2.4 Doença mental na visão Psicanalitica

Segundo Garcia-Roza (2009) no século XVII foi realizado a partilha entre a razão e a

desrazão, foi o momento de emergência da loucura, ou melhor, foi o momento em que a razão

produziu a loucura. É importante destacar que no estudo de Foucault o fato de que a loucura

não se apresenta como uma substância que, tendo permanecido longo tempo oculta pela

ignorância, fez finalmente seu aparecimento sob a visada aguda da racionalidade do século

XVIII.

Para Garcia-Roza (2009) a loucura literalmente não existia, o que existia era a

diferença e o lugar da diferença. O que se tinha era a denúncia da loucura, mas não a

definição de sua especificidade ou das formas de sua aparição. Foi a visão cartesiana do

mundo a que impôs que a denúncia da loucura fosse seguida de uma partilha tornando

irredutíveis os termos da oposição razão-desrazão.

Segundo Garcia-Roza (2009) Moreau de Tours propicia a possibilidade de

compreensão da loucura através dos seus experimentos sobre o haxixe. Já há algum tempo se

faziam experimentos com o ópio no sentido de se determinar a verdade ou a falsidade da

loucura do paciente.

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Moreau de Tours então inverte o procedimento: ele aplica a droga (o haxixe) em si

próprio. O objetivo era produzir os mesmos sintomas da loucura e poder retornar ao estado

normal, adquirindo dessa forma um saber direto sobre a loucura e não indireto como o obtido

pela observação do outro ou pelo interrogatório. (GARCIA-ROZA, 2009).

Para Garcia-Roza (2009) foi a partir de Moreau de Tours, que a relação do psiquiatra

com a loucura deixa de ser uma relação de exterioridade para ser uma relação com a própria

loucura, e este era o caminho para a sua compreensão. Fica criado um espaço comum ao

normal e ao patológico, espaço esse produzido pela ingestão experimental da droga.

Segundo Garcia-Roza (2009) para Moreau de Tours esse fundo homogêneo ao normal

e ao patológico nem sequer precisava ser produzido artificialmente. Encontra-se no se

humano cada vez que sonham. O sonho é a loucura do indivíduo adormecido enquanto os

loucos são sonhadores acordados. Dessa forma, o sonho é o acontecimento que, mais do que

qualquer outro, aproxima-se da loucura e permite sua compreensão.

Quebra-se, então, a heterogeneidade entre o normal e o patológico. O que Freud fez foi

tomar esse fato como um princípio de análise. Ele concebe o psiquismo como um aparelho

que é capaz de transmitir e de transformar uma energia determinada. É renúncia à anatomia e

a formulação de uma metapsicologia. (GARCIA-ROZA, 2009).

Para Freud o psiquismo é concebido como um “aparelho” capaz de transmitir e de

transformar uma energia determinada. O funcionamento desse “aparelho” é explicado a partir

de duas hipóteses: quantidade (Q), e a identificação dessas partículas materiais com os

neurônios. Essas duas hipóteses supõem um princípio de regulação do aparelho psíquico, que

é o Princípio de Inércia Neurônica, segundo o qual os neurônios tendem a descarregar

completamente toda a quantidade (Q) que recebem. (GARCIA-ROZA, 2009).

Segundo Ceccarelli (2005) o psiquismo é concebido como uma organização que se

desenvolveu para proteger o ser humano contra os ataques, internos e externos, que punham

sua vida em perigo. O psiquismo é parte integrante do sistema imunológico: da mesma forma

que um sujeito pode ser mais suscetível em contrair doenças por possuir um sistema de defesa

debilitado, ele pode também estar menos equipado para responder aos ataques, internos

(pulsionais, passionais) e externos (mudanças ambientais, perdas diversas), que encontra ao

longo da vida e, por conseguinte, “adoecer” psiquicamente.

O ser humano traz um sofrimento psíquico, geneticamente herdado, causado pelo

excesso. Freud resgata a noção grega de pathos colocando-a como ingrediente central da

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essência do humano de tal forma que a particularidade da organização psíquica de cada um

deve ser compreendida como uma criação singular e única para garantir a sobrevivência da

espécie. (CECCARELLI, 2005)

Para Garcia-Roza (2009) a função principal dos dois sistemas neurônicos é manter

afastadas as grandes excitações externas através da descarga. Essa função, que é a de evitar a

dor ou desprazer resultante de um acúmulo excessivo de Q no sistema formado pelos

neurônios, faz com que Freud identifique no Projeto, o princípio de prazer com o princípio de

inércia, já o desprazer é identificado com a tensão decorrente do acúmulo.

2.5 Metodologia

Para efetivação deste artigo realizou-se quanto à abordagem uma pesquisa qualitativa

que conforme Minayo (2001) trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,

crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos

processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. E

ainda, com pesquisa quantitativa, que segundo Fonseca (2002, p.20):

A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo,

considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados

brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa

quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um

fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa

qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia

conseguir isoladamente.

Em relação aos procedimentos, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica que segundo

Marconi e Lakatos (1992), sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato

direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando-o na análise de

suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. O uso dessa pesquisa foi necessário

para fundamentar o assunto proposto, e assim utilizar livros e artigos para referenciar os

objetivos propostos. E, um estudo de campo, onde se aplicou um questionário aos alunos do

4º semestre do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ideau de Getúlio Vargas, com a

intenção de saber suas concepções sobre doenças mentais. A pesquisa de campo caracteriza-se

pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta

de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (FONSECA, 2002).

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E por fim, apresentou-se os resultados para a problemática proposta a esse Projeto de

Aperfeiçoamento Teórico Prático, através da análise das respostas e compilação de dados

obtidos através do questionário aplicado.

3 RESULTADOS E ANÁLISE

Analisou-se através da pesquisa deste artigo, um total de 24 respostas (número de

alunos presentes no dia em que se realizou a pesquisa) apresentadas pelos acadêmicos do 4º

semestre do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ideau de Getúlio Vargas. O

questionário proposto possuía questões abertas e fechadas. Verificou-se que alguns

acadêmicos estavam dispostos a colaborar e se interessaram sobre o assundo, e além de

assinalar as alternativas propostas, também realizaram comentários enriquecendo o

questionamento, já outros acadêmicos se limitaram a somente assinalar as alternativas,

restringindo suas opiniões e visões.

Primeiramente, os acadêmicos foram questionados sobre o sexo de cada um. Desses

79% eram do sexo feminino e 21% do sexo masculino, conforme se apresenta no gráfico 1.

Esses dados mostram que a Educação é respaldada pelo rompimento de paradigmas. E é

justamente por este caminho que a presença feminina no Ensino Superior e no mercado de

trabalho está contribuindo para a formação de uma sociedade mais civilizada e igualitária.

Gráfico 1: Sexo dos entrevistados.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

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Como segundo questionamento a faixa etária dos participantes, sendo que a mesma

apresenta-se de forma distinta, em que 79% possuem idade entre 17 e 21 anos, 13% idade

entre 22 a 26 anos, e 4% idades entre 27 a 31 anos e 47 anos, conforme gráfico 2. Percebe-se

assim, que os jovens estão saindo do ensino médio e se inserido diretamente na graduação,

pois há uma necessidade crescente no mercdo de trabalho de pessoas com maiores formações.

Gráfico 2: Idade dos entrevistados.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

A terceira pergunta realizada foi: Você já ouviu falar sobre o assunto “doença mental”.

Se sim, comente o que você entende. Para tanto, 87% dos entrevistados afirmaram que sim,

que haviam ouvido falar e 13% que não. Aos que afirmaram que sim, 46% apesar de já terem

ouvido sobre o assunto não sabiam do que se tratava, 42% acreditam se tratar de distúrbios ou

doenças, e 12% acreditam ter uma ligação com o comportamento do seu humano.

A seguir serão apresentadas algumas respostas coletadas na pesquisa:

Concepção coloquial: Distúrbio cerebral que ocorre nas pessoas; Doença em que a

pessoa não age racionalmente tanto quanto as normais; Distúrbio, algo relacionado à dupla

personalidade; e Doenças ou distúrbios mentais localizados na cabeça que afetam a sua vida.

Concepção formal: Disfunção mental, caracterizada por oscilações

comportamentais em alguns casos. São doenças que merecem atenção, cuidado e dedicação;

Doença que desencadeia transtornos para a pessoa, a qual precisa de ajuda e ser ouvida, para

superar a doença; Doença que atinge o comportamento; Disfunção neurológica que leva uma

pessoa a agir fora dos parâmetros normais; e Disfunções neurológicas congênitas ou

adquiridas, que sofrem transtorno devido a acidentes ou traumas.

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Concepções ultrapassadas: Pessoa psicopata, com bipolaridade de comportamento,

ação muito agressiva; Problemas psicológicos (envolvendo o cérebro), algumas deficiências; e

Distúrbios mentais, deficiências.

Concepção que identificam a realidade dos portadores e algumas ideias metódicas:

Já ouvi, porém com muita descriminação; Entendo que a doença mental pode desencadear

várias dificuldades para o portador, até sofrer preconceito na sociedade, bem como

dificuldade de conseguir emprego, ter amizades etc.; A pessoa com doença mental é igual as

demais. Entendo que seja algum tipo de colapso nervoso que confunde a pessoa, fazendo-a

ficar sem noção das coisas; e Entendo que são pessoas especiais, pois não conseguem se

defender sozinhas, poucos tem acesso a empregos ou a faculdades, sendo assim dependentes

de suas famílias o que muitas vezes é algo que prejudica o convívio com outras pessoas.

Acredito que se houvesse um método de diagnóstico antes de nascer, acredito que o melhor

seria o aborto, pois ninguém merece viver dependente.

Através das respostas pode-se verificar uma disparidade nas mesmas, alguns trazem

como resposta um conceito mais formal de definir doenças mentais, outros uma maneira

coloquial e até um pouco ultrapassada para o estágio em que a ciência vive hoje, e ainda

algumas respostas um tanto que metódicas em relação a um assunto tão delicado.

Como quarta pergunta, questionou-se: Em sua opinião, uma pessoa que possui uma

doença mental pode frequentar Faculdade e/ou trabalho normalmente, e na opinião deles 75%

afirmaram que sim e 25% que não, um dos acadêmicos completou que “depende do grau e

tipo de doença mental”. Pode-se dizer que, qualquer sujeito pode trabalhar se achar que possui

condições para tal atividade, contudo, é essencial procurar algo que lhe seja satisfatório. O

trabalho pode auxiliar de maneira expressiva a sua performance intelectual, além de abrandar

sintomas da doença, como o abatimento e o isolamento social.

Também foi questionado se os acadêmicos conheciam alguém que possuía ou já tinha

possuído alguma doença mental. E para tanto, obteve-se a mesma porcentagem, 50%

conhecem e 50% não conhecem. A doença mental é um mau funcionamento das atividades

psíquicas, sendo esta, logo própria ao sujeito, no entanto que pode ser influenciada de certa

froam pelo meio em que este se introduz, bem como pelas ocasiões emocional ou social as

quais este se encontra submetido. A doença mental é semelhante à doença cerebral, sua raiz é

endógena, dentro do organismo, e refere-se a certa lesão de natureza anatômica ou distúrbio

fisiológico cerebral (BOCK, 2002).

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Gráfico 3: Conhece alguém que possui ou já possuiu alguma doença mental?

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

Em enfatizando o questionamento acima, como penúltima questão foi perguntado que

tipo de doenças mental, estes conheciam, e para tanto 50% afirmaram não conhecer ou não se

lembrar de nenhuma doença, 29% ressaltaram a esquizofrenia, o autismo, Sindrome de Down

e 21% afirmaram conhecer como depressão, isso realizado um levantamento sucinto. Mas

ainda, obteve-se outras respostas, como segue: Retardo mental; Síndrome de Down; Altismo;

Depressão; Bipolaridade; Síndrome do Pânico; Ansiedade; Epilepsia; Síndrome de Tourette;

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC); Esquizofrenia; Transtorno de Déficit de Atenção

(TDA); e Psicopatia.

Observou-se que apesar de não possuírem conhecimentos científicos sobre os tipos de

doenças mentais, ou que as classificam como tais, já ouviram falar ou conhecem alguém que

apresentam esse transtorno. Contudo, tem-se uma visão errônea de algumas doenças citadas

pelos acadêmicos, como: A Síndrome de Down é deficiência intelectual que não é o mesmo

que deficiência mental; O Autismo é uma deficiência e não uma doença mental.

Este se deve a um problema neurológico ou cerebral que se distingue por uma diminuição da

comunicação e das influências sociais a uma confusão psiquiátrica em que o sujeito se recolhe

dentro de si mesmo, não reage a fatores externos e mostra apatia relativamente a outros

sujeitos ou a episódios exteriores a ele próprio; e A Epilepsia que acontece coligada a

diferentes outras alterações ou patologias do sistema nervoso central.

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Por fim, foi perguntado também se os mesmos teriam dúvidas ou curiosidades sobre

esse assunto, e 58% afirmaram que não; e 42% que sim. As dúvidas e questionamentos

levantados pelos acadêmicos são: Saber mais a respeito das doenças e que doenças podem ser

classificadas como doença mental; Se existe tratamento; Grau de gravidade; Saber como as

doenças se desencadeia; De que maneira a sociopatia e TOC influenciam na vida das pessoas;

Existe cura para a Síndrome de Tourette; Saber qual a atual situação dos portadores de doença

mental na sociedade atual; e Como desmistificar a palavra doença, que acaba por rotular as

pessoas.

Ao final deste estudo, pode-se perceber que o conhecimento sobre essas doenças é

muito escasso entre os acadêmicos, isto percebido pelas respostas apresentadas pelos mesmos,

pois alguns não sabiam como opinar sobre o assunto. E apesar de já terem ouvido falar sobre

tais, e saber alguns tipos, não tinham saber para aprofundar quanto as suas características.

Mas além de não conhecerem, o interesse em saber mais é menor do que os que estão

interessados em saber, como se pode perceber no último apontamento das respostas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo fez parte da proposta apresentada aos acadêmicos do Curso de Psicologia

do IV semestre para o Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático, tendo como assunto a

“Concepção de Doença Mental por Acadêmicos da Faculdade Ideau”. Para tanto, esse artigo

objetivou apresentar os resultados de uma pesquisa teórico-prática a qual visou identificar as

diferentes concepções de doença mental por acadêmicos do 4º Nível do Curso de Medicina

Veterinária da Faculdade Ideau – Campus Getúlio Vargas.

No contexto estudado, observou-se que ainda hoje, o indíviduo que possui doenças

mentais é visto com preconceito. A concepção da doença sugere um estado de inabilidade

instituída pela não valorização das analogias entre o sujeito e a sociedade.

Assim, como visto através das respostas dos acadêmicos, certas concepções sobre

doença mental, são feitas sem conhecer o contexto que permeia a vida dos indivíduos com

transtornos mentais, bem como a origem da mesma e seu tratamento, e suas condições

psicológicas em meio à sociedade.

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E por último, coloca-se que em tempos de tecnologia e informações mais rápidas e

detalhadas, e estudos mais humanizados, observa-se ainda um enorme vazio de saber como

pessoas com doenças mentais vivem e estão inseridas na sociedade. A ciência busca cada vez

mais, proporcionar uma vida de qualidade e com mais igualdade para estas pessoas, com

tratamentos eficientes.

Convive-se, diariamente, com pessoas que possuem transtornos leves ou de tratamento

eficazes. Isso demonstra que o doente mental necessita ser reconhecido como igual, e

estimado por suas diferenças, sendo que todos os sujeitos têm diferenças e são estas que

tornam todos semelhantes.

Dessa forma, como futuros profissionais de psicologia, nota-se a necessidade de

fornecer a estes acadêmicos, e além deles, a sociedade em geral, informações mais sucintas

sobre o que é doença mental e sua classificação, pois algumas doenças são identificadas como

transtorno mental, porém são na realidade, transtorno intelectual. E ainda, mostrar que esses

doentes mentais, podem fazer parte da sociedade, convivendo e se relacionando conforme

suas possibilidades.

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