concepÇÕes de doenÇa mental: um estudo de campo · procura do prazer que tolera uma segurança...
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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
CONCEPÇÕES DE DOENÇA MENTAL: UM ESTUDO DE CAMPO
JUNG, Letícia1
SANTOS, Alana Avozani dos1
TEIXEIRA, Bruna Caroline1
ZANELLATO, Karoline1
COSTA, Gisele Tonin da2
LONGO, Patrícia Di Francesco2
FABIANI, Nadine T. Pilotto2
CALCING, Jordana2
BONINI, Elvis Herrmann2
1Discentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2 - Faculdades IDEAU – Getúlio Vargas/RS. 2Docentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2 - Faculdades IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
RESUMO: O presente artigo, teve como ponto de partida, o aprofundamento da concepção de doença mental.
Para tanto, esse artigo objetivou apresentar os resultados de uma pesquisa teórico-prática a qual visou identificar
as diferentes concepções de doença mental por acadêmicos do 4º Nível do Curso de Medicina Veterinária da
Faculdade Ideau – Campus Getúlio Vargas. A efetivação deste artigo foi realizada através de uma pesquisa
bibliográfica visando o objetivo do projeto, uma pesquisa qualitativa e quantitativa e estudo de campo, onde se
aplicou um questionário aos acadêmicos. Depois de realizada a análise das respostas e compilação de dados
obtidos, pode-se concluir através das respostas dos acadêmicos, que certas concepções sobre doença mental, são
feitas sem conhecer o contexto que permeia a vida dos indivíduos com transtornos mentais, bem como a origem
da mesma e seu tratamento, e suas condições psicológicas em meio à sociedade. Apesar da complexidadee do
contexto, o doente mental necessita ser visto como igual, e estimado por suas diferenças, sendo que todos os
sujeitos têm diferenças e são estas que tornam todos semelhantes.
Palavras-chave: Doença mental; Concepções de doença mental; Convívio social.
ABSTRACT: The following work with has as its starting point the deeper study about mental diseases
conception. Therefore, this article aims to present the results of a theoretical-practical research, which wanted to
identify the different conceptions of mental diseases by the university students of the Ideau University
Veterinary Course 4th level – Getúlio Vargas Campus. The completion of this work was through a bibliographic
research in order to achieve the objective of the project, a qualitative and quantitative research, and field study,
using a questionnaire application to the university students. After the answers analysis and the collection of the
obtained data, it is possible to conclude, based on the students` answers that certain conceptions about mental
diseases are made without knowing either the context around the life of the individuals who have the disorders,
or the cause, the treatment and their psychological condition among the society. Despite the context complexity,
the individual with mental diseases needs to be seen as equal, and appreciated for having differences. Every
individual has differences and these differences make everybody similar.
Key words: Mental disease; Conceptions mental diseases; Social life.
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Esse estudo faz parte da proposta apresentada aos acadêmicos do Curso de Psicologia
do IV semestre para o Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático, tendo como assunto a
“Concepção de Doença Mental por Acadêmicos da Faculdade Ideau”. Como ponto de partida,
o aprofundamento da concepção de doença mental. Sendo que as doenças mentais, podem se
apresentar de diversas maneiras, e comprometem o funcionamento do cérebro. Podem alterar
a forma de pensar, o comportamento, os sentimentos e a habilidade de compreensão. Elas se
apresentam diferentemente, do que se pode sentir no cotidiano, como tristeza e alteração de
humor, a doença mental torna a vida do indíviduo complexa.
Para tanto, esse artigo objetivou apresentar os resultados de uma pesquisa teórico-
prática a qual visou identificar as diferentes concepções de doença mental por acadêmicos do
4º Nível do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ideau – Campus Getúlio Vargas.
Este artigo com base na Concepção de Doença Mental, primeiramente desenvolveu os
conteúdos que se apresentam no referencial teórico: às ideias de psicopatologia – apresenta
referências teóricas sobre doença mental, a história da doença mental e as concepções atuais,
bem como as formas de tratamento e intervenções; os processos grupais – mostra o referencial
sobre funcionamento e processos grupais na atuação com Doença Mental; medidas e
avaliação psicológica – onde é apresentado os processos básicos de construção e validação
de instrumentos de medida de fenômenos psicológicos, e as normas básicas e éticas de
aplicação, levantamento, interpretação e devolução dos resultados; e por fim, teorias e
técnicas psicanalíticas – trazendo uma reflexão entre relação entre sofrimento humano e a
psicopatologia, e o que é normal e o que patológico usando de uma perspectiva histórica e
política a partir de uma instrumentalização básica metapsicológica.
Desse modo, foi percebido através das respostas dos acadêmicos, que algumas
concepções sobre doença mental, são feitas sem conhecer o contexto que permeia a vida dos
indivíduos com transtornos mentais, bem como a origem da mesma e seu tratamento, e suas
condições psicológicas em meio à sociedade. Apesar da complexidade do contexto, o doente
mental necessita ser visto como igual, e estimado por suas diferenças, sendo que todos os
sujeitos têm diferenças e são estas que tornam todos semelhantes.
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2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Psicopatologia – conceito e visão
A loucura não é um fenômeno oposto ao que hoje se concebe como racional ou
normal. Sob a ótica do senso comum a loucura é vista de dois diferentes aspectos: de um lado
a concepção da loucura no sentido de alguém ter uma experiência corajosa, sem medo, de não
se preocupar com as consequências do ato em questão, saindo muitas vezes do que por muitos
é considerado normal; de outro lado, a loucura no sentido de uma falha da forma pessoal,
consciente, normal, equilibrada e sadia de ser, nesta tendência a pessoa “louca” é vista como
perigosa para os demais e em certos casos para si mesma (FRAYZE-PEREIRA, 1982).
Ao longo da história da humanidade nota-se que os lugares destinados aos loucos
estavam associados ao contexto social vigente na época. Na obra “História da Loucura”,
Foucault relata que antes do século XVIII os loucos não eram internados, eles eram
considerados seres de saberes inacessíveis se comparados com os demais, razão essa, dos
mesmos habitarem os mesmos espaços coletivos da vida social, sem necessidade de privá-los
de liberdade. O autor destaca que neste período, os ditos loucos eram tidos como uma espécie
de erro ou ilusão, visto que pertenciam as próprias diferenças de cada um no mundo. Com o
advento do hospital psiquiátrico e do saber médico mais evoluído no decorrer do século
XVIII, a loucura passa a ser considerada uma enfermidade, devendo ser tratada nos hospitais
psiquiátricos. (FOUCAULT, 1996; 1997).
Avançando um pouco mais no texto de Foucault sobre a História da Loucura,
encontra-se a contribuição de Rene Descartes que com seu pensamento cartesiano constituiu
um modelo decisivo na historia, com o método da dúvida, que segundo ele liberta de todo erro
e engano, preparando o inconsciente a desligar-se das coisas que podem levar ao erro. É neste
período que Descartes declara a incompatibilidade existente entre loucura e razão e de certa
forma, afirma a cisão (junção) entre pensamento e desatino (DESCARTES, 1996).
Enquanto maestro da racionalidade, Descartes marcou sua importância para a
compreensão da loucura, bem como, o processo de enclausuramento da loucura praticado no
período. As razões para a inserção nas instituições destinadas aos loucos se davam por
critérios da época pelo convívio destes nos meios sociais, com a prática de confinamento, a
loucura era retirada de circulação, pois feria as leis da razão e da moralidade (MACHADO,
1988).
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No século XVIII a psiquiatria se constitui a partir da necessidade médica em cuidar de
um determinado grupo; também surge um personagem nesse novo contexto, o médico clínico
Pinel, que em sua obra apresentou no princípio da dúvida metódica a única forma de
compreensão dos sintomas apresentados pelos loucos, este método apresentado por Pinel
queria evitar as distorções das causas e da natureza das doenças mentais, que na época eram
pouco precisos (PESSOTTI, 1996).
Partindo das concepções do pós-moderno com relação ao tema tratado, deve-se ter
consciência que não há saída para as incertezas da vida e que muitas vezes a fuga do eventual,
torna o acaso uma forma de fuga da realidade do referido momento; os homens e mulheres do
pós-moderno acabam se acostumando com uma parcela muito reduzida de liberdade em busca
da felicidade individual, os mal-estares deste período proveem de uma espécie de liberdade de
procura do prazer que tolera uma segurança individual muito pequena (BAUMAN, 2001).
Assim, Berlinck (2000) acredita que a doença mental seja sinônimo de doença e assim
sugere duas concepções ao “estudo da doença”. A primeira seria a loucura como uma doença
propriamente dita, associada à morbidez; a segunda advém da origem etimológica da palavra
patologia, pathos como “paixão”, “passividade”, desta forma, o autor propõe que uma pessoa
com uma patologia, não é nem racional nem agente e senhor de suas ações.
O processo doença/saúde deve ser visto surgindo em razão de diversos fatores que
podem ser produzidos historicamente; sendo assim, a saúde deve ser vista de maneira
dinâmica e que pode se modificar, em razão de eventos e interações cotidianas dos seres
humanos (SCASS, 1994; BOCK, 2005).
Um dos principais objetivos defendidos pela psiquiatria na atualidade é o de colocar a
doença entre parênteses, o que quer dizer no dia a dia do paciente, identificar suas
necessidades, escutar suas angústias e sofrimentos, buscar transformar a vida desse paciente,
com possibilidades concretas, a partir de uma construção diária, alicerçada na afirmação da
liberdade (NICÀCIO, 2007).
2.2 Falando sobre grupos na psicopatologia
O ser humano é um ser sociável por natureza, e existe em função de inter-
relacionamentos grupais, ou seja, está inserido em grupos desde o seu nascimento, através da
família, e com o passar do tempo, em outros grupos, como os amigos, a escola, entre outros.
Nos relacionamentos que o indivíduo vai desenvolvendo no decorrer de sua vida, ao inserir-se
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na sociedade, passa a se conhecer e a conhecer outras pessoas, e dessa forma, constitui sua
personalidade. Sendo assim, a criança tão ingênua e livre de preocupações, com o passar do
tempo, vai cedendo lugar ao adulto preocupado, rígido e perdendo o encantamento da
infância, ao mesmo tempo em que vai constituindo aos poucos outros grupos, uma nova
família, grupo associativo, profissional, esportivo e social. (ZIMERMAN, 1997).
Dessa forma, pode-se dizer sobre o conceito de grupo que “um grupo consiste de duas
ou mais pessoas que interagem e partilham objetivos comuns, possuem uma relação estável,
são mais ou menos independentes e percebem que fazem de fato parte de um grupo”
(RODRIGUES; JABLONSKY; ASSMAR, 1999, p.371).
Enfatizando esta ideia, Zimerman (1997) menciona que, ainda que sejam várias as
orientações teóricas, é adequado partir da visão de que, necessariamente, a profundeza dos
fenômenos grupais, a interdependência entre seus elementos, é igual em qualquer tipo de
grupo e o que gera as diferenças entre os caracterizados grupos é o objetivo e finalidade para
os quais foram designados e compostos e a variedade da cultura.
Assim, ainda Zimerman (1997), refere-se sobre a relevância que o objetivo do grupo
possui para sua existência, onde se diferem por suas características. Existindo, portanto, os
grupos operativos e os psicoterápicos. Os operativos abrangem o setor institucional,
organizacional, comunitário, com enfâse psico-educativos, deste modo, na mudança desses
setores. Os psicoterápicos são considerados por sua abordagem teórica e apresenta perspectiva
terapêutica. No último caso, apresentam-se as perspectivas psicodramática, psicanalítica,
cognitivo-comportamental e teoria sistêmica.
Nesse caso, é proporcionado o conceito de grupo terapêutico, por Ribeiro (1994), que
se refere como um grupo de indivíduos distinto por uma associação ou colaboração cara a
cara. Sendo este, a decorrência de uma integração e de apropriada síntese de individualidade
em todo comum, de tal maneira que a meta e o intento do grupo são a vida em comum, fins
comuns e um sentido de pertença, com um sentimento de simpátia e analogia.
Como já citado, anteriomente, o ser humano está inserido em um grupo desde o seu
nascimento até a sua morte, nesse sentido, a psicoterapia em grupo é um dos recursos
utilizados como forma de tratamento e é válida porque o grupo terapêutico reúne pessoas
diferentes cada um com suas particularidades, facilidades e dificuldades. (ZIMERMAN,
1997).
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A psicoterapia em grupo é a utilização das técnicas psicoterapêuticas a um grupo de
pacientes. Nesta terapia, tanto nas interações paciente-paciente quanto paciente-terapeuta, é
usada a aplicação de técnicas e intervenções específicas pelo terapeuta, servindo como um
instrumento para a mudança. (VINOGRADOV; YALOM, 1992).
Independente da orientação teórica, a maneira de intervenção grupal presta três
características maleáveis e inter-relacionadas: o setting, os objetivos e a estrutura do tempo.
Os settings clínicos dos grupos de psicoterapias são bastante variados, algumas vezes afetam
o funcionamento do grupo, dependendo muito do tipo de grupo, por exemplo, os grupos de
pacientes internados e ambulatoriais representam uma das diferenças de faixas de settings, já
que a terapia de grupo também é utilizada em uma vasta variedade de situações clínicas. Esta
varia, desde pequenos grupos diários até as reuniões semanais da equipe e os grupos de apoio,
conforme coloca Vinogradov e Yalom (1992).
Nas terapias de grupo, é essencial que o terapeuta explique a importância de manter
confidencial tudo que é manifestado no grupo e que os membros não devem levar para fora do
grupo às informações recebidas, a fim de preservar a identidade e não expor nenhum dos
participantes e suas histórias. (POLSTER; POLSTER, 2001).
Segundo Zimerman (1997) o coordenador do grupo terapêutico torna-se agente
fundamental, sendo uma figura transferível, um importante modelo de identificação para os
membros do grupo, ele deve ser verdadeiro, ter empatia, uma boa comunicação, senso de
humor, capacidade de juízo crítico, respeitar a maneira de ser de cada um, e cabe, ainda,
enfatizar que é imprescindível gostar de grupo e que tenha capacidade de integração.
Pode-se dizer que a psicoterapia de grupo é vista como fundamental no tratamento em
saúde mental, harmonizando o ambiente para falar e para ouvir. Dessa forma, a potencialidade
terapêutica e a coragem para a transformação procedem da influência entre os componentes
do grupo, assim o fator terapêutico gerado pelo grupo, colabora para a melhora da condição
de cada um. (ZIMERMAN, 1997).
2.3 Avaliação Psicológica e Testagem Psicológica
A medição é vista como um dos aspetos cruciais no processo científico, contudo a
avaliação psicológica, no método torna-se independente da medição. Nesse sentido, Michell
(1990 apud PAIS-RIBEIRO, 2013) coloca que no contexto a psicologia quantitativa moderna
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está mais interessada com a prática de programas quantitativos do que com a resposta a
demandas científicas essenciais sobre essas problemáticas quantidades.
A avaliação psicológica, conforme refere-se a Cartilha Avaliação Psicológica,
conceitua-se como vasto processo de averiguação, no qual se reconhece o sujeito e sua
necessidade, com a finalidade de delinear a determinação mais adequada do psicólogo. Faz
referência à coleta e análise dos elementos alcançados por meio de contíguos processos
seguros, compreendidos como aqueles adotados pela ciência psicológica. Assim, é função do
psicólogo planejar e realizar o procedimento avaliativo fundamentado em aspectos técnicos e
teóricos (CFP/CRP, 2013).
Segundo o Conselho Federal de Psicologia, pode-se diferenciar avaliação psicológica
de testagem psicológica levando em consideração que, avaliação compreende um processo de
coleta, estudo e interpretação de dados a respeito de fenômenos psicológicos voltados a uma
finalidade específica. A testagem por sua vez é parte componente da avaliação onde são
utilizados alguns instrumentos para uma coleta mais específica de dados (CFP/CRP, 2013).
Segundo Hogan (2006), os testes podem ser definidos como instrumentos ou processos
padronizados que fornecem informações sobre uma amostra de comportamentos e processos
cognitivos. Os mesmos também podem ser classificados em categorias, apresentados como,
testes mentais, de conhecimento, personalidade, de interesses e neuropsicológicos.
Assim, a utilização de testes psicológicos, ao lado da averiguação de outros elementos,
unifica o procedimento de avaliação psicológica. Nesse sentido, Pasquali (2001) determina os
testes como um contíguo de afazeres predeterminados que o indíviduo necessita satisfazer em
certa ocasião, do qual procedem em apropriada forma de medida.
O Conselho Federal de Psicologia (2013) destaca que apenas psicólogos
regulamentados e inscritos em um CRP podem fazer uso de testes psicológicos. Noronha e
Firmino (2006) ainda destaca a importância da atualização constante nas avaliações
psicológicas, bem como em todas as outras atividades do psicólogo para que cada vez mais
possa oferecer um trabalho preciso e de qualidade.
Para fazer uso dos instrumentos psicológicos de medida, os mesmos devem apresentar
certas peculiares que abonem a confiança que é assentada nos resultados que causam. Para
que sejam considerados e adotados como autênticos e seguros, necessitam proporcionar dados
favoráveis de fidedignidade e legitimidade.
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Portanto, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), através resolução Nº002/2003
determinou em seu artigo 5º que são requisitos mínimos e obrigatórios para todos os
instrumentos de avaliação psicológica:
I - apresentação da fundamentação teórica do instrumento com especial ênfase na
definição do construto a ser avaliado e dos possíveis propósitos do instrumento e os
contextos principais para os quais ele foi desenvolvido;
II - apresentação de evidências empíricas de validade e precisão das interpretações
propostas para os escores do teste, com justificativas para os procedimentos
específicos adotados na investigação, com especial ênfase na precisão de
avaliadores, quando o processo de correção for complexo;
III - apresentação do sistema de correção e interpretação dos escores, explicitando a
lógica que fundamenta o procedimento, em função do sistema de interpretação
adotado, que pode ser:
a) referenciada à norma, devendo, nesse caso, relatar as características da
amostra de padronização de maneira clara e exaustiva, preferencialmente
comparando com estimativas nacionais, possibilitando o julgamento do nível de
representatividade do grupo de referência usado para a transformação dos
escores;
b) diferente da interpretação referenciada à norma, devendo , nesse caso ,
explicar o embasamento teórico e justificar a lógica do procedimento de
interpretação utilizado;
IV - apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção e das condições
nas quais o teste deve ser aplicado para garantir a uniformidade dos procedimentos
envolvidos na sua aplicação;
V - compilação das informações indicadas acima, bem como outras que forem
importantes, em um manual contendo, pelo menos, informações sobre:
a) o aspecto técnico-científico, relatando a fundamentação e os estudos empíricos
sobre o instrumento;
b) o aspecto prático, explicando a aplicação, correção e interpretação dos
resultados do teste e c) a literatura científica relacionada ao instrumento,
indicando os meios para a sua obtenção.
Ainda, a Resolução CFP n° 002/2003, em seu Art. 11º, orienta que “As condições de
uso dos instrumentos devem ser consideradas apenas para os contextos e propósitos para os
quais os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis” (CFP, 2003). Nesse sentido, o
artigo coloca que é responsabilidade do psicólogo escolher qual o teste mais indicado para
cada finalidade.
Para tanto, a Cartilha Avaliação Psicológica, cita os princípios éticos básicos que
regem o uso da avaliação psicológica, os quais os psicólogos precisam estar atentos:
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• o psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento
profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo
científico de conhecimento e prática;
• utilização, no contexto profissional, apenas dos testes psicológicos com parecer
favorável do CFP que se encontram listados no Sistema de Avaliação de Testes
Psicológicos (Satepsi);
• emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais o profissional
esteja qualificado;
• realização da avaliação psicológica em condições ambientais adequadas, de modo
a assegurar a qualidade e o sigilo das informações obtidas;
• guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros e de acesso
controlado;
• disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas àqueles com o
direito de conhecê-las;
• proteção da integridade dos testes, não os comercializando, divulgando-os ou
ensinando-os àqueles que não são psicólogos. (CFP/CRP, 2013, p.16).
A sugestão para a utilização específica precisa ser encontrada nos estudos realizados
com o instrumento, especialmente nos estudos de legitimidade e nos de exatidão e de
padronização. De tal modo, as condições fundamentais para certo uso são os resultados
adequados de estudos norteados para as questões específicas arroladas às exigências de cada
area e finalidade (CFP/CRP, 2013).
2.4 Doença mental na visão Psicanalitica
Segundo Garcia-Roza (2009) no século XVII foi realizado a partilha entre a razão e a
desrazão, foi o momento de emergência da loucura, ou melhor, foi o momento em que a razão
produziu a loucura. É importante destacar que no estudo de Foucault o fato de que a loucura
não se apresenta como uma substância que, tendo permanecido longo tempo oculta pela
ignorância, fez finalmente seu aparecimento sob a visada aguda da racionalidade do século
XVIII.
Para Garcia-Roza (2009) a loucura literalmente não existia, o que existia era a
diferença e o lugar da diferença. O que se tinha era a denúncia da loucura, mas não a
definição de sua especificidade ou das formas de sua aparição. Foi a visão cartesiana do
mundo a que impôs que a denúncia da loucura fosse seguida de uma partilha tornando
irredutíveis os termos da oposição razão-desrazão.
Segundo Garcia-Roza (2009) Moreau de Tours propicia a possibilidade de
compreensão da loucura através dos seus experimentos sobre o haxixe. Já há algum tempo se
faziam experimentos com o ópio no sentido de se determinar a verdade ou a falsidade da
loucura do paciente.
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Moreau de Tours então inverte o procedimento: ele aplica a droga (o haxixe) em si
próprio. O objetivo era produzir os mesmos sintomas da loucura e poder retornar ao estado
normal, adquirindo dessa forma um saber direto sobre a loucura e não indireto como o obtido
pela observação do outro ou pelo interrogatório. (GARCIA-ROZA, 2009).
Para Garcia-Roza (2009) foi a partir de Moreau de Tours, que a relação do psiquiatra
com a loucura deixa de ser uma relação de exterioridade para ser uma relação com a própria
loucura, e este era o caminho para a sua compreensão. Fica criado um espaço comum ao
normal e ao patológico, espaço esse produzido pela ingestão experimental da droga.
Segundo Garcia-Roza (2009) para Moreau de Tours esse fundo homogêneo ao normal
e ao patológico nem sequer precisava ser produzido artificialmente. Encontra-se no se
humano cada vez que sonham. O sonho é a loucura do indivíduo adormecido enquanto os
loucos são sonhadores acordados. Dessa forma, o sonho é o acontecimento que, mais do que
qualquer outro, aproxima-se da loucura e permite sua compreensão.
Quebra-se, então, a heterogeneidade entre o normal e o patológico. O que Freud fez foi
tomar esse fato como um princípio de análise. Ele concebe o psiquismo como um aparelho
que é capaz de transmitir e de transformar uma energia determinada. É renúncia à anatomia e
a formulação de uma metapsicologia. (GARCIA-ROZA, 2009).
Para Freud o psiquismo é concebido como um “aparelho” capaz de transmitir e de
transformar uma energia determinada. O funcionamento desse “aparelho” é explicado a partir
de duas hipóteses: quantidade (Q), e a identificação dessas partículas materiais com os
neurônios. Essas duas hipóteses supõem um princípio de regulação do aparelho psíquico, que
é o Princípio de Inércia Neurônica, segundo o qual os neurônios tendem a descarregar
completamente toda a quantidade (Q) que recebem. (GARCIA-ROZA, 2009).
Segundo Ceccarelli (2005) o psiquismo é concebido como uma organização que se
desenvolveu para proteger o ser humano contra os ataques, internos e externos, que punham
sua vida em perigo. O psiquismo é parte integrante do sistema imunológico: da mesma forma
que um sujeito pode ser mais suscetível em contrair doenças por possuir um sistema de defesa
debilitado, ele pode também estar menos equipado para responder aos ataques, internos
(pulsionais, passionais) e externos (mudanças ambientais, perdas diversas), que encontra ao
longo da vida e, por conseguinte, “adoecer” psiquicamente.
O ser humano traz um sofrimento psíquico, geneticamente herdado, causado pelo
excesso. Freud resgata a noção grega de pathos colocando-a como ingrediente central da
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essência do humano de tal forma que a particularidade da organização psíquica de cada um
deve ser compreendida como uma criação singular e única para garantir a sobrevivência da
espécie. (CECCARELLI, 2005)
Para Garcia-Roza (2009) a função principal dos dois sistemas neurônicos é manter
afastadas as grandes excitações externas através da descarga. Essa função, que é a de evitar a
dor ou desprazer resultante de um acúmulo excessivo de Q no sistema formado pelos
neurônios, faz com que Freud identifique no Projeto, o princípio de prazer com o princípio de
inércia, já o desprazer é identificado com a tensão decorrente do acúmulo.
2.5 Metodologia
Para efetivação deste artigo realizou-se quanto à abordagem uma pesquisa qualitativa
que conforme Minayo (2001) trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. E
ainda, com pesquisa quantitativa, que segundo Fonseca (2002, p.20):
A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo,
considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados
brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa
quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um
fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa
qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia
conseguir isoladamente.
Em relação aos procedimentos, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica que segundo
Marconi e Lakatos (1992), sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato
direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando-o na análise de
suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. O uso dessa pesquisa foi necessário
para fundamentar o assunto proposto, e assim utilizar livros e artigos para referenciar os
objetivos propostos. E, um estudo de campo, onde se aplicou um questionário aos alunos do
4º semestre do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ideau de Getúlio Vargas, com a
intenção de saber suas concepções sobre doenças mentais. A pesquisa de campo caracteriza-se
pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta
de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (FONSECA, 2002).
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E por fim, apresentou-se os resultados para a problemática proposta a esse Projeto de
Aperfeiçoamento Teórico Prático, através da análise das respostas e compilação de dados
obtidos através do questionário aplicado.
3 RESULTADOS E ANÁLISE
Analisou-se através da pesquisa deste artigo, um total de 24 respostas (número de
alunos presentes no dia em que se realizou a pesquisa) apresentadas pelos acadêmicos do 4º
semestre do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ideau de Getúlio Vargas. O
questionário proposto possuía questões abertas e fechadas. Verificou-se que alguns
acadêmicos estavam dispostos a colaborar e se interessaram sobre o assundo, e além de
assinalar as alternativas propostas, também realizaram comentários enriquecendo o
questionamento, já outros acadêmicos se limitaram a somente assinalar as alternativas,
restringindo suas opiniões e visões.
Primeiramente, os acadêmicos foram questionados sobre o sexo de cada um. Desses
79% eram do sexo feminino e 21% do sexo masculino, conforme se apresenta no gráfico 1.
Esses dados mostram que a Educação é respaldada pelo rompimento de paradigmas. E é
justamente por este caminho que a presença feminina no Ensino Superior e no mercado de
trabalho está contribuindo para a formação de uma sociedade mais civilizada e igualitária.
Gráfico 1: Sexo dos entrevistados.
Fonte: Autores da pesquisa, 2016.
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Como segundo questionamento a faixa etária dos participantes, sendo que a mesma
apresenta-se de forma distinta, em que 79% possuem idade entre 17 e 21 anos, 13% idade
entre 22 a 26 anos, e 4% idades entre 27 a 31 anos e 47 anos, conforme gráfico 2. Percebe-se
assim, que os jovens estão saindo do ensino médio e se inserido diretamente na graduação,
pois há uma necessidade crescente no mercdo de trabalho de pessoas com maiores formações.
Gráfico 2: Idade dos entrevistados.
Fonte: Autores da pesquisa, 2016.
A terceira pergunta realizada foi: Você já ouviu falar sobre o assunto “doença mental”.
Se sim, comente o que você entende. Para tanto, 87% dos entrevistados afirmaram que sim,
que haviam ouvido falar e 13% que não. Aos que afirmaram que sim, 46% apesar de já terem
ouvido sobre o assunto não sabiam do que se tratava, 42% acreditam se tratar de distúrbios ou
doenças, e 12% acreditam ter uma ligação com o comportamento do seu humano.
A seguir serão apresentadas algumas respostas coletadas na pesquisa:
Concepção coloquial: Distúrbio cerebral que ocorre nas pessoas; Doença em que a
pessoa não age racionalmente tanto quanto as normais; Distúrbio, algo relacionado à dupla
personalidade; e Doenças ou distúrbios mentais localizados na cabeça que afetam a sua vida.
Concepção formal: Disfunção mental, caracterizada por oscilações
comportamentais em alguns casos. São doenças que merecem atenção, cuidado e dedicação;
Doença que desencadeia transtornos para a pessoa, a qual precisa de ajuda e ser ouvida, para
superar a doença; Doença que atinge o comportamento; Disfunção neurológica que leva uma
pessoa a agir fora dos parâmetros normais; e Disfunções neurológicas congênitas ou
adquiridas, que sofrem transtorno devido a acidentes ou traumas.
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Concepções ultrapassadas: Pessoa psicopata, com bipolaridade de comportamento,
ação muito agressiva; Problemas psicológicos (envolvendo o cérebro), algumas deficiências; e
Distúrbios mentais, deficiências.
Concepção que identificam a realidade dos portadores e algumas ideias metódicas:
Já ouvi, porém com muita descriminação; Entendo que a doença mental pode desencadear
várias dificuldades para o portador, até sofrer preconceito na sociedade, bem como
dificuldade de conseguir emprego, ter amizades etc.; A pessoa com doença mental é igual as
demais. Entendo que seja algum tipo de colapso nervoso que confunde a pessoa, fazendo-a
ficar sem noção das coisas; e Entendo que são pessoas especiais, pois não conseguem se
defender sozinhas, poucos tem acesso a empregos ou a faculdades, sendo assim dependentes
de suas famílias o que muitas vezes é algo que prejudica o convívio com outras pessoas.
Acredito que se houvesse um método de diagnóstico antes de nascer, acredito que o melhor
seria o aborto, pois ninguém merece viver dependente.
Através das respostas pode-se verificar uma disparidade nas mesmas, alguns trazem
como resposta um conceito mais formal de definir doenças mentais, outros uma maneira
coloquial e até um pouco ultrapassada para o estágio em que a ciência vive hoje, e ainda
algumas respostas um tanto que metódicas em relação a um assunto tão delicado.
Como quarta pergunta, questionou-se: Em sua opinião, uma pessoa que possui uma
doença mental pode frequentar Faculdade e/ou trabalho normalmente, e na opinião deles 75%
afirmaram que sim e 25% que não, um dos acadêmicos completou que “depende do grau e
tipo de doença mental”. Pode-se dizer que, qualquer sujeito pode trabalhar se achar que possui
condições para tal atividade, contudo, é essencial procurar algo que lhe seja satisfatório. O
trabalho pode auxiliar de maneira expressiva a sua performance intelectual, além de abrandar
sintomas da doença, como o abatimento e o isolamento social.
Também foi questionado se os acadêmicos conheciam alguém que possuía ou já tinha
possuído alguma doença mental. E para tanto, obteve-se a mesma porcentagem, 50%
conhecem e 50% não conhecem. A doença mental é um mau funcionamento das atividades
psíquicas, sendo esta, logo própria ao sujeito, no entanto que pode ser influenciada de certa
froam pelo meio em que este se introduz, bem como pelas ocasiões emocional ou social as
quais este se encontra submetido. A doença mental é semelhante à doença cerebral, sua raiz é
endógena, dentro do organismo, e refere-se a certa lesão de natureza anatômica ou distúrbio
fisiológico cerebral (BOCK, 2002).
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Gráfico 3: Conhece alguém que possui ou já possuiu alguma doença mental?
Fonte: Autores da pesquisa, 2016.
Em enfatizando o questionamento acima, como penúltima questão foi perguntado que
tipo de doenças mental, estes conheciam, e para tanto 50% afirmaram não conhecer ou não se
lembrar de nenhuma doença, 29% ressaltaram a esquizofrenia, o autismo, Sindrome de Down
e 21% afirmaram conhecer como depressão, isso realizado um levantamento sucinto. Mas
ainda, obteve-se outras respostas, como segue: Retardo mental; Síndrome de Down; Altismo;
Depressão; Bipolaridade; Síndrome do Pânico; Ansiedade; Epilepsia; Síndrome de Tourette;
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC); Esquizofrenia; Transtorno de Déficit de Atenção
(TDA); e Psicopatia.
Observou-se que apesar de não possuírem conhecimentos científicos sobre os tipos de
doenças mentais, ou que as classificam como tais, já ouviram falar ou conhecem alguém que
apresentam esse transtorno. Contudo, tem-se uma visão errônea de algumas doenças citadas
pelos acadêmicos, como: A Síndrome de Down é deficiência intelectual que não é o mesmo
que deficiência mental; O Autismo é uma deficiência e não uma doença mental.
Este se deve a um problema neurológico ou cerebral que se distingue por uma diminuição da
comunicação e das influências sociais a uma confusão psiquiátrica em que o sujeito se recolhe
dentro de si mesmo, não reage a fatores externos e mostra apatia relativamente a outros
sujeitos ou a episódios exteriores a ele próprio; e A Epilepsia que acontece coligada a
diferentes outras alterações ou patologias do sistema nervoso central.
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Por fim, foi perguntado também se os mesmos teriam dúvidas ou curiosidades sobre
esse assunto, e 58% afirmaram que não; e 42% que sim. As dúvidas e questionamentos
levantados pelos acadêmicos são: Saber mais a respeito das doenças e que doenças podem ser
classificadas como doença mental; Se existe tratamento; Grau de gravidade; Saber como as
doenças se desencadeia; De que maneira a sociopatia e TOC influenciam na vida das pessoas;
Existe cura para a Síndrome de Tourette; Saber qual a atual situação dos portadores de doença
mental na sociedade atual; e Como desmistificar a palavra doença, que acaba por rotular as
pessoas.
Ao final deste estudo, pode-se perceber que o conhecimento sobre essas doenças é
muito escasso entre os acadêmicos, isto percebido pelas respostas apresentadas pelos mesmos,
pois alguns não sabiam como opinar sobre o assunto. E apesar de já terem ouvido falar sobre
tais, e saber alguns tipos, não tinham saber para aprofundar quanto as suas características.
Mas além de não conhecerem, o interesse em saber mais é menor do que os que estão
interessados em saber, como se pode perceber no último apontamento das respostas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo fez parte da proposta apresentada aos acadêmicos do Curso de Psicologia
do IV semestre para o Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático, tendo como assunto a
“Concepção de Doença Mental por Acadêmicos da Faculdade Ideau”. Para tanto, esse artigo
objetivou apresentar os resultados de uma pesquisa teórico-prática a qual visou identificar as
diferentes concepções de doença mental por acadêmicos do 4º Nível do Curso de Medicina
Veterinária da Faculdade Ideau – Campus Getúlio Vargas.
No contexto estudado, observou-se que ainda hoje, o indíviduo que possui doenças
mentais é visto com preconceito. A concepção da doença sugere um estado de inabilidade
instituída pela não valorização das analogias entre o sujeito e a sociedade.
Assim, como visto através das respostas dos acadêmicos, certas concepções sobre
doença mental, são feitas sem conhecer o contexto que permeia a vida dos indivíduos com
transtornos mentais, bem como a origem da mesma e seu tratamento, e suas condições
psicológicas em meio à sociedade.
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E por último, coloca-se que em tempos de tecnologia e informações mais rápidas e
detalhadas, e estudos mais humanizados, observa-se ainda um enorme vazio de saber como
pessoas com doenças mentais vivem e estão inseridas na sociedade. A ciência busca cada vez
mais, proporcionar uma vida de qualidade e com mais igualdade para estas pessoas, com
tratamentos eficientes.
Convive-se, diariamente, com pessoas que possuem transtornos leves ou de tratamento
eficazes. Isso demonstra que o doente mental necessita ser reconhecido como igual, e
estimado por suas diferenças, sendo que todos os sujeitos têm diferenças e são estas que
tornam todos semelhantes.
Dessa forma, como futuros profissionais de psicologia, nota-se a necessidade de
fornecer a estes acadêmicos, e além deles, a sociedade em geral, informações mais sucintas
sobre o que é doença mental e sua classificação, pois algumas doenças são identificadas como
transtorno mental, porém são na realidade, transtorno intelectual. E ainda, mostrar que esses
doentes mentais, podem fazer parte da sociedade, convivendo e se relacionando conforme
suas possibilidades.
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