conceitos de campo e fora de campo na imagem fotográfica e no cinema

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  • 8/16/2019 Conceitos de Campo e Fora de Campo Na Imagem Fotográfica e No Cinema

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    Universidade Federal Fluminense – UFF

    Teoria da Percepção

    Cinema e Audiovisual

    Professora: Edinamária Mendonça

    Aluna: Débora Pereira Lopes Vieira

    Conceitos de campo e fora de campo na imagem fotográfica e no cinema

    Em seu livro A Imagem , Jacques Aumont trabalha com os conceitos de campo e fora-de-

    campo. Toda representação pictória, seja ela pintura, desenho, gravura, fotografia ou cinema, é

    também um recorte, a imagem é construída dentro dos limites de um quadro, assim opera uma

    seleção do que vai ser mostrado e do que não será revelado para o observador/espectador. Para oautor foi o cinema que deixou isso mais evidente, que deixou mais visível as relações entre

    enquadramento e campo. Este é uma parte de um espaço recortado de um espaço mais amplo da

    realidade, escolhido por um olhar, do sujeito que filma, que vai enquadrar algo do espaço por meio

    do quadro da câmera. O campo presupõe um ponto de vista sobre algo, ao dar a ver aspectos de um

    espaço, o enquadramento escolhido deixa várias outras partes invisibilizades, portato, toda criação

    de um campo cria também um fora-de-campo que se relaciona com o primeiro.

    O fora-de-campo no cinema é desejável e contribui para a criação de uma narrativa, já na

    fotografia e pintura, muitas vezes, tenta-se esconder a existência dele, fazendo-se equivaler a

    representação construída no campo fotográfico ou no quadro da pintura a uma representação geral e

    ampla do espaço. Porém, algumas fotografias e pinturas evidenciam a presença do fora de campo,

    ao colocar sujeitos e objetos cortados pelas bordas do quadro, indicando que há um prolongamento

    do mesmo e que foi operado um corte, que foram feitas escolhas do que seria mostrado e do que

    ficaria de fora. Na pintura e na fotografia o fora-de-campo sempre estará ausente, podendo apenas

    ser indicado no campo por meio de sujestões de prolongamento, jogo de olhares, jogo de reflexos, e

    de evidências do corte. Já no cinema o fora-de-campo se faz presente em uma constante relação

    com o campo. Por meio da montagem somos apresentados a diversos planos que são colocados em

    sequência, o plano A em um primeiro momento é campo, e pressupõe um fora de campo B, que em

    seguida pode ocupar o papel de campo enquanto o A fica fora de campo. A noção de fora-de-campo

    no cinema é fundamental para a construção da narrativa, pois possibilita que várias ações

    aconteçam e sejam mostradas e se relacionem entre si, mesmo que não aconteçam dentro de um

    mesmo campo. Segundo Aumont (p.227) no cinema: “... o fora -de-campo é sempre suscetível de ser

    desvelado, seja por um enquadramento móvel (um reenquadramento), seja pelo encadeamento com

    outra imagem (por exemplo em um campo- contracampo cinematográfico)”.