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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS FARMACOCINÉTICA: Conceitos básicos aplicados à medicina veterinária (Revisão de literatura) Líria Queiroz Luz Hirano Orientador: Prof. Dr. Juan Carlos Duque Moreno GOIÂNIA 2011

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Page 1: Conceitos básicos aplicados à medicina veterinária …...fato de que ao ser administrado, o princípio ativo migra do sítio de entrada para o local de ação e para outros tecidos,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

FARMACOCINÉTICA:

Conceitos básicos aplicados à medicina veterinária

(Revisão de literatura)

Líria Queiroz Luz Hirano

Orientador: Prof. Dr. Juan Carlos Duque Moreno

GOIÂNIA

2011

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LÍRIA QUEIROZ LUZ HIRANO

FARMACOCINÉTICA:

Conceitos básicos aplicados à medicina veterinária

(Revisão de literatura)

Área de Concentração:

Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Linha de Pesquisa:

Técnicas Cirúrgicas e Anestésicas, Patologia Clínica

Cirúrgica e Cirurgia Experimental

Orientador:

Prof. Dr. Juan Carlos Duque Moreno - UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. André Luiz Quagliatto Santos – FAMEV/UFU

Profª Drª Rosangela Gonçalves Peccini Machado – FCF/UNESP

GOIÂNIA

2011

Seminário apresentado junto à Disciplina de

Seminários Aplicados do Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás. Nível: Doutorado

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... . 3

2.1 Noções gerais sobre farmacocinética ...................................................... . 3

2.2 Absorção .................................................................................................. 5

2.3 Disposição ................................................................................................ 7

2.3.1 Distribuição ............................................................................................ 8

2.3.2 Eliminação ............................................................................................. 11

2.3.2.1 Metabolização .................................................................................... 11

2.3.2.2 Excreção ............................................................................................ 12

2.4 Técnicas analíticas aplicadas à farmacocinética ...................................... 14

2.5 Delineamento do perfil farmacocinético.................................................... 15

2.5.1 Tipos de cinética ................................................................................... 15

2.5.2 Representação gráfica .......................................................................... 17

2.5.3 Meia-vida ............................................................................................... 18

2.5.4 Concentração plasmática máxima e área sob a curva .......................... 19

2.5.5 Biodisponibilidade e dose efetiva .......................................................... 20

2.6 Particularidades farmacocinéticas na medicina veterinária ...................... 21

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 24

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 25

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Curva de decaimento de um fármaco no modelo

monocompartimental de distribuição, em que o logaritmo natural

da concentração (lnC) varia em função do tempo (t) ...................... 9

FIGURA 2 - Curva de decaimento de um fármaco com modelo

tricompartimental de distribuição, na qual o logaritmo natural da

concentração (lnC) varia em função do tempo (t). Os caracteres

Kdπ, Kdβ e Kel representam as constantes de velocidade de

distribuição rápida, lenta e de eliminação, respectivamente ........... 10

FIGURA 3 - Representação gráfica das fases de absorção, concentração

sistêmica máxima (Cmax) e eliminação de um fármaco com

modelo cinético de 1ª ordem ........................................................... 16

FIGURA 4 - Representação gráfica semi-logarítmica (esquerda) e cartesiana

(direita) da concentração plasmática dos fármacos A (vermelho) e

B (preto), em função do tempo ........................................................ 17

FIGURA 5 - Representação gráfica da concentração plasmática em função do

tempo, da cetamina associada ao midazolam, administrada em

cães hígidos. A área tracejada representa uma divisão do método

trapezóide para o cálculo da área sob a curva ................................ 20

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LISTA DE ABREVIATURAS

AT quantidade de substância que resta a ser transportada

ASC área sob a curva de concentração plasmática

ASC1,2 área sob a curva de concentração plasmática entre uma e duas horas

B biodisponibilidade

C concentração plasmática inicial

CE concentração plasmática efetiva

Cl depuração

Clh depuração hepática

Clr depuração renal

Cmax concentração plasmática máxima

DE dose eficaz

-dT quantidade transportada

dt intervalo de tempo

ELISA ensaio imunoenzimático

EV extravascular

fe fração do fármaco excretado inalterado na urina

h hora

IV intravascular

K constante de velocidade

Ka constante de velocidade de absorção

Kd constante de velocidade de distribuição

Kel constante de velocidade de eliminação

L litro

ln logaritmo natural

lnC logaritmo natural da concentração

mg miligrama

µmol micromol

min minuto

mL mililitros

n número de meias-vidas

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v

pKa cologaritmo da constante de dissociação do fármaco

PM peso molecular

t tempo

t1/2 meia-vida

tmax tempo para atingir a concentração plasmática máxima

v velocidade de transporte

Vd volume aparente de distribuição

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1 INTRODUÇÃO

Frequentemente os profissionais da área da saúde se deparam com

dúvidas acerca do emprego correto de termos farmacológicos. Dentre esses está

a utilização da palavra fármaco ou droga, que de acordo com a portaria 344 da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 1998), são sinônimos que

designam qualquer substância ou matéria-prima que tenha finalidade

medicamentosa ou sanitária. Entretanto, alguns farmacologistas contra indicam o

emprego do termo droga, pois afirmam que esse é popularmente utilizado para

determinar substâncias entorpecentes ou que causam dependência química

(EDWARDS & LADER, 1994).

Na literatura científica, ao abordar os compostos utilizados na terapia

de pacientes, se preconiza a indicação da palavra fármaco ou princípio ativo, que

corresponde à substância responsável pela ação terapêutica, com composição

química e ação farmacológica conhecidas. Já o produto farmacêutico

tecnicamente elaborado com finalidades profilática, curativa, paliativa ou para fins

de diagnóstico é denominado como medicamento (ANVISA, 1998).

Em relação ao termo dosagem, esse significa o ato de dosar ou

quantificar determinada matéria e não deve ser empregado como sinônimo da

palavra dose, que é de origem grega dósis e expressa a ação de dar ou o que

pode ser dado. Na farmacologia, a posologia é utilizada para se referir à

frequência de administração de um fármaco e à dose estabelecida (REZENDE,

2004).

Determinar a posologia dos fármacos pelo método de tentativa e erro é

uma prática antiga que, por vezes, produzia resultados indesejados, seja pela

ineficácia clínica devido à quantificação insuficiente, ou pela ocorrência de

intoxicações (DOKOUMETZIDIS & MACHERAS, 2006). Ao correlacionar a

concentração orgânica dos princípios ativos em função do tempo, estudos

farmacocinéticos permitiram o estabelecimento de doses seguras e elucidaram o

comportamento dos diferentes fármacos no organismo animal (BANAKAR, 1992;

GINSKI & POLLI, 1999).

Observa-se um avanço nas pesquisas que visam substituir os métodos

in vivo de determinação da absorção de fármacos por técnicas in vitro, esse

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progresso ocorreu principalmente como reflexo do desenvolvimento na cultura de

células e de sistemas acoplados de dissolução e permeação. Entretanto, os

métodos in vitro requerem estudo e padronização para o cultivo celular, além de

não reproduzirem adequadamente os mecanismos de transporte ativo das

substâncias (SOUZA et al., 2007).

Quatro processos fundamentais compõem o perfil farmacocinético no

organismo: absorção, quando a via de administração é extravascular (EV),

distribuição, biotransformação e excreção (RAMOS & SILVEIRA, 2001). A partir

da compreensão desses eventos é possível estabelecer a relação cronológica da

dose, forma farmacêutica, frequência, via de administração e a concentração

sistêmica do fármaco, sendo que a farmacocinética clínica envolve a aplicação

desses dados na terapia de pacientes (TOZER & ROWLAND, 2009).

Apesar dos avanços no conhecimento global sobre farmacocinética e

farmacodinâmica, alguns desafios remanescem no âmbito da medicina

veterinária, principalmente em relação às diferenças entre espécies, raças,

linhagens, sexo e idade. A ocorrência das particularidades inter e intra espécies

se explica por diversas razões, como diferenças anatômicas, fisiológicas,

comportamentais e até mesmo pelas variações genéticas (TOUTAIN et al., 2010).

A necessidade de se estabelecer posologias ideais para a otimização

da ação dos fármacos faz com que a farmacocinética seja uma ferramenta

importante para a prática da medicina veterinária. Por meio da compreensão do

comportamento das substâncias no organismo animal é possível promover

terapias eficazes e prever a cinética de fármacos de constituição e metabolização

semelhantes em diversas espécies.

Para a utilização correta dos dados obtidos pelo estudo

farmacocinético, os principais processos devem ser compreendidos. Esta revisão

de literatura foi elaborada com o objetivo de discorrer acerca dos conceitos

básicos da farmacocinética, abordando suas aplicações na rotina do médico

veterinário.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Noções gerais sobre farmacocinética

A associação de pesquisas sobre a farmacodinâmica (que evidencia a

magnitude dos efeitos dos fármacos no organismo) com dados farmacocinéticos,

proporciona diversas vantagens. Dentre essas podem-se citar a compreensão dos

motivos de ocorrência de efeitos inesperados, antecipação de dados sobre a

metabolização e vias de transporte de substâncias semelhantes às que foram

previamente estudadas, determinação da dose ideal para um paciente singular e

a previsão de eventos que podem ocorrer devido à mudança da posologia

(TOZER & ROWLAND, 2009).

REZENDE (2003) define a janela terapêutica como os limites de

concentração de um fármaco no organismo em que este exerça sua ação

desejável, sendo que a segurança na utilização das substâncias é proporcional ao

tamanho desse intervalo. Valores acima da margem superior aumentariam a

probabilidade de ocorrência ou intensificariam os efeitos adversos, e abaixo do

limite inferior não seriam suficientes para a obtenção da resposta pretendida.

É o tamanho da janela terapêutica e a velocidade de eliminação que

irão determinar a dose de manutenção e a frequência de administração dos

medicamentos. Após definida a posologia ideal para atingir o intervalo de

concentração sistêmica pré-estabelecido, poucos eventos inesperados são

observados, entretanto, esses podem ocorrer devido a fatores como, por

exemplo, a variabilidade genética (GOUVEIA, 2009).

Atualmente, são utilizados estudos in vivo e in vitro que evidenciam o

fato de que ao ser administrado, o princípio ativo migra do sítio de entrada para o

local de ação e para outros tecidos, principalmente para os órgãos nos quais será

eliminado, como o fígado e o rim. Raramente se consegue determinar a

concentração do fármaco diretamente no sítio de ação, por isso são utilizadas

amostras alternativas, dentre as quais se destaca o plasma sanguíneo. Pela

ampla utilização da amostra plasmática no delineamento do perfil farmacocinético

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das substâncias, esta será considerada como a base amostral nesta revisão

(STORPIRTIS & CONSIGLIERI, 1995).

Praticamente todos os fluidos orgânicos podem ser utilizados para

análise farmacocinética, como é o caso do plasma, sangue, soro, leite e a urina.

Em relação à amostra sorológica, sua obtenção inclui a etapa de coagulação

sanguínea, o que pode envolver processos de hemólise e alterar os resultados. Já

o sangue total possui grande quantidade de células e proteínas que também

dificultam a predição da concentração específica do princípio ativo (TOZER &

ROWLAND, 2009).

De modo geral, consideram-se dois sítios de administração dos

princípios ativos na farmacocinética. Na via intravascular (IV), a aplicação da

substância é realizada diretamente no sangue arterial ou venoso. Já o acesso EV,

inclui as demais vias (intramuscular, oral, pulmonar, subcutânea, entre outras),

nas quais após a introdução sistêmica, é necessário que o fármaco seja absorvido

para que atinja o local de medida (TOZER & ROWLAND, 2009).

A quantificação total do fármaco é composta pelos valores da fração

ligada a proteínas e a livre, contudo, sabe-se que somente a última é

farmacologicamente ativa. Esse fato ocorre porque apenas a porção não ligada

do princípio ativo é capaz de atravessar as membranas biológicas, se distribuir

pelo organismo e alcançar os receptores nos quais deve exercer sua atividade

farmacológica (TOZER & ROWLAND, 2009). Assim, frequentemente as amostras

são submetidas a técnicas para a determinação específica da fração livre do

fármaco, como a ultrafiltração e a diálise (QUEIROZ et al., 2001).

Em condições normais, a relação percentual entre a fração do fármaco

ligada a proteínas e a livre é fixa, por isso, quando esse valor foi previamente

estimado, é possível quantificar qualquer uma dessas frações. Entretanto, em

situações como na presença de outra substância que desloca as ligações do

fármaco com proteínas plasmáticas, hipoproteinemia, gravidez e doenças

hepáticas e renais, a determinação da fração livre é fundamental (TOZER &

ROWLAND, 2009).

A indústria farmacêutica preconiza a produção de formulações

compostas por fármacos essencialmente puros e utiliza técnicas analíticas

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específicas para a determinação de seus perfis farmacocinéticos, de modo a

assegurar a eficácia terapêutica, segurança do paciente e a facilidade no

processo de reprodução do produto. Além disso, os métodos analíticos

empregados devem especificar a substância em questão de modo a diferenciá-la

de seus metabólitos, que podem ou não ter propriedades semelhantes ao fármaco

original (TOZER & ROWLAND, 2009).

Recomendações acerca da pureza dos fármacos são indicadas,

inclusive, para isômeros ópticos, como é o caso do agente anestésico cetamina,

um esteroisômero comercializado principalmente na forma de racemato, com

concentrações equivalentes dos dois enantiômeros puros R(-) e S(+). Em acordo

com as indicações, trabalhos experimentais e ensaios clínicos demonstraram

vantagens na utilização do composto puro de cetamina S(+), com relatos do dobro

da potência anestésica e analgésica desse enantiômero, quando comparado à

forma racêmica e à cetamina R(-), em ratos (PROESCHOLDT et al., 2001) e

ovelhas (STRUMPER et al., 2004).

2.2 Absorção

TOZER & ROWLAND (2009) definem a absorção como o processo no

qual um fármaco deixa seu local de administração e alcança o fluxo sanguíneo e

pode ser avaliado por quatro parâmetros farmacocinéticos obtidos a partir da

construção de uma curva da concentração do fármaco pelo tempo: constante de

velocidade de absorção (ka), concentração plasmática máxima (Cmax), tempo

para atingir a concentração plasmática máxima (tmax) e área sob a curva de

concentração plasmática pelo tempo (ASC) (BOROUJERDI, 2002).

Esse evento atrasa e reduz a Cmax do princípio ativo, pois a

velocidade de alteração da concentração de uma substância administrada EV

será influenciada pelas velocidades de absorção e de eliminação (BOROUJERDI,

2002). A maior parte dos fatores que influenciam a amplitude e a velocidade de

absorção dos fármacos ocorre na via oral, que, além de ser a base para o estudo

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farmacocinético de substâncias administradas pela via EV, é a mais utilizada na

clínica veterinária (TOZER & ROWLAND, 2009).

Dentre os fatores de variabilidade destacam-se os aspectos fisiológicos

como o tempo de esvaziamento gástrico e de trânsito intestinal, pois a presença

de alimento atrasa a taxa de passagem e ainda pode alterar a biodisponibilidade

(B) pela ocorrência de ligações entre o fármaco e os compostos alimentares

(AULTON, 1996; MACHERAS & ARGYRAKIS, 1997). Outras fontes de variações

são a extensão da área da superfície de contato, a atividade enzimática e a

microbiota presente (ROUGE et al., 1996).

Após a administração oral, a passagem da substância pelo trato

digestório pode acarretar perda, principalmente pelo efeito de primeira passagem,

que envolve vários fatores como a decomposição e metabolização enzimática do

fármaco no lúmen gastrointestinal ou mesmo pelo metabolismo hepático, antes de

sua absorção e ação farmacológica sistêmica. Nos casos em que essa perda é

muito extensa observa-se que o medicamento necessita de doses orais bastante

superiores às intravenosas para alcançar o mesmo efeito terapêutico (TOZER &

ROWLAND, 2009).

O transporte de fármacos para o interior da membrana intestinal pode

ocorrer por mecanismos ativos, via transportadores, ou de forma passiva através

dos enterócitos (transcelular) ou de suas junções (paracelular) (BALIMANE et al.,

2000). De acordo com KATSURA & INUI (2003) há várias famílias de

transportadores de fármacos que promovem a absorção, das quais se podem

ressaltar os responsáveis pelo transporte de di e tripeptídeos e antibióticos β-

lactâmicos, os transportadores de ácido monocarboxílico que atuam na

permeação de ácido lático e ácido salicílico, os transportadores de ânions e íons

orgânicos e os que atuam no transporte de nucleosídeos purínicos e pirimidínicos.

A passagem passiva de substâncias pelas membranas está

diretamente relacionada ao pH, à capacidade de dissociação do fármaco,

representada pelo seu cologaritmo (pKa) e ao coeficiente de lipossolubilidade.

Isso ocorre porque a maioria dos fármacos são ácidos ou bases orgânicas fracas

que se dissociam nos líquidos corporais de acordo com o pH do meio e o pKa.

Após a dissociação, a forma não dissociada dos compostos, que possui carga

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neutra e é lipossolúvel, migra através das membranas, a favor de um gradiente de

concentração até atingir o estado de equilíbrio entre os meios (FERNANDES

1994).

Além disso, o tamanho das partículas também afeta a extensão e a

velocidade de absorção de um fármaco sempre que este é transportado

passivamente (DESESSO & JACOBSON, 2001). Em relação às formas

farmacêuticas sólidas, administradas por via oral, essas sofrem influência da

velocidade e extensão de desintegração e dissolução dos compostos para que

posteriormente possam ser transportadas (AULTON, 1996).

Há também os transportadores de efluxo, que funcionam como barreira

à absorção uma vez que carreiam os fármacos da membrana intestinal de volta

para o lúmen (KATSURA & INUI, 2003). Dentre os transportadores já conhecidos,

muitos pertencem à superfamília que utiliza a energia proveniente do ATP para

secretar fármacos contra um gradiente de concentração. A mais importante

dessas proteínas, identificada no intestino é a glicoproteína-P, devido à sua ampla

seletividade e significativa expressão entérica, além disso, esta representa o

produto da expressão do gene de multiresistência a fármacos (JULIANO & LING,

1976).

2.3 Disposição

A disposição pode ser definida como todo processo cinético que ocorre

com o fármaco após sua absorção sistêmica, quando a administração ocorre por

via EV ou após a aplicação, nos casos em que a introdução foi IV. Pode-se dividi-

la em dois eventos cinéticos distintos, a distribuição e a eliminação (TOZER &

ROWLAND, 2009).

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2.3.1 Distribuição

Após a administração IV ou a absorção, o fármaco se distribui de

maneira reversível, do fluxo sanguíneo para outros tecidos, que são denominados

na farmacocinética de compartimentos. A velocidade de transporte das

substâncias para esses locais varia conforme a constante de velocidade de

distribuição (Kd) e sofre interferência de fatores fisiológicos como a perfusão

sanguínea e características da membrana, assim como das propriedades físico-

químicas do fármaco. Quanto maior a afinidade e extensão de ligação do fármaco

às proteínas plasmáticas, por exemplo, menor será seu acesso a outros

compartimentos do organismo (WINTER, 2009).

Para quantificar o processo de distribuição de um fármaco, deve-se

calcular seu volume aparente de distribuição (Vd) que é definido como a relação

entre a concentração plasmática inicial (C) de uma substância, logo após sua

distribuição e a dose total (DOSE) administrada (WINTER, 2009). Quando o Vd é

alto significa que a concentração sanguínea está diluída em função da distribuição

do fármaco, provavelmente muito lipossolúvel, para outros compartimentos. Se

por outro lado a substância demonstra Vd baixo é porque a quantidade no sangue

permaneceu alta, o que caracteriza um fármaco hidrossolúvel (FERNANDES,

1994). O valor de Vd, geralmente expresso em litros (L), pode ser calculado a

partir da seguinte equação (TOZER & ROWLAND, 2009):

Vd =

FERNANDES (1994) afirma que o Vd influencia na determinação do

número de compartimentos para o perfil farmacocinético das substâncias. O

compartimento central é composto pelos órgãos de alta perfusão sanguínea como

o coração e os pulmões. Em seguida, de acordo com a capacidade de dispersão

dos fármacos, que depende de fatores como a lipossolubulidade, ligação às

proteínas plasmáticas, tamanho da molécula e pKa, esses penetrarão nos

compartimentos periféricos, ou seja, órgãos de menor perfusão sanguínea como a

gordura e os músculos.

Dose

C

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Assim, o Vd total é a somatória dos Vds de distribuição central e

periférico. Em associação com a concentração alvo, o Vd pode ser utilizado para

calcular a dose de ataque e a quantidade do fármaco no organismo em qualquer

momento, e para estimar a viabilidade de se utilizar as técnicas de hemoperfusão

ou hemodiálise na remoção de fármacos do organismo (BOROUJERDI, 2002).

De acordo com a distribuição entre compartimentos, pode-se classificar

a cinética do fármaco em três modelos. O modelo monocompartimental (Figura 1)

é definido sempre que após a administração de uma substância, sua

concentração inicial declinar de acordo com a constante de velocidade de

eliminação (Kel), pois ao possuir características hidrossolúveis marcantes, não há

passagem do princípio ativo para outros compartimentos (TOZER & ROWLAND,

2009).

FIGURA 1 - Curva de decaimento de um fármaco no modelo monocompartimental de distribuição, em que o logaritmo natural da concentração (lnC) varia em função do tempo (t) (FERNANDES, 1994)

Em se tratando de um único compartimento, a distribuição do fármaco

seguirá uma equação uniexponencial que ao ser transposta para uma escala

Fármaco

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semi-logarítmica de concentração, formará uma reta o que indica que há apenas

uma meia-vida (t1/2) de decaimento (FERNANDES, 1994).

Os modelos bi e tricompartimental possuem gráficos semelhantes,

entretanto, no primeiro, o fármaco é administrado diretamente no sangue ou

compartimento central e a partir desses locais, há a distribuição também para o

compartimento periférico, com duas meias-vidas distintas em uma equação

biexponencial. Em relação ao modelo tricompartimental (Figura 2), após a

aplicação do fármaco, ocorre uma fase inicial de distribuição rápida e

posteriormente, uma de distribuição lenta, seguindo-se à fase de eliminação, com

uma equação triexponencial. Após serem colocadas na forma logarítmica, as

equações de ambos os modelos passam a ser de 1º grau (FERNANDES, 1994).

FIGURA 2 - Curva de decaimento de um fármaco com modelo tricompartimental de distribuição, na qual o logaritmo natural da concentração (lnC) varia em função do tempo (t). Os caracteres Kdπ, Kdβ e Kel representam as constantes de velocidade de distribuição rápida, lenta e de eliminação, respectivamente (FERNANDES, 1994)

Fármaco

Kel Kd

Kd

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2.3.2 Eliminação

A perda irreversível do fármaco do fluxo sanguíneo é denominada

como eliminação e há dois processos que definem essa etapa cinética. No caso

da metabolização, ou biotransformação, ocorre a conversão de uma espécie

química em outra, já a excreção consiste na supressão irreversível do fármaco

inalterado do organismo (TOZER & ROWLAND, 2009).

Os parâmetros farmacocinéticos relacionados ao processo de

eliminação são a Kel e a depuração, ou clearance (Cl) (WINTER, 2009).

Depuração é um termo indicativo da capacidade do organismo remover

completamente uma determinada substância de um volume específico de sangue

na unidade de tempo, representada ml/min ou L/h (TOUTAIN et al., 2010). A Cl é

calculada a partir da dose administrada e de ASC, que de acordo com TOZER &

ROWLAND (2009) é dada por:

Cl =

A Cl total é avaliada pela somatória da sua ocorrência em todos os

locais do organismo, como fígado, rim, bile e outros.

2.3.2.1 Metabolização

O metabolismo pode originar produtos farmacologicamente ativos,

inativos ou mesmo potencialmente tóxicos, os quais, de maneira geral, são mais

facilmente eliminados pelo organismo por possuir maior hidrossolubilidade. No

processo de metabolização o fármaco é submetido a reações químicas,

geralmente mediadas por enzimas, e convertido em um ou mais metabólitos

diferentes do original, que também podem ser metabolizados. As reações mais

comuns do metabolismo de fármacos são classificadas como de fase I e de fase II

(WINTER, 2009).

Dose

ASC

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As reações de fase I englobam a oxidação, redução ou hidrólise e

originam metabólitos mais polares do que os fármacos originais. Na oxidação

observam-se os processos de dealquilação, hidroxilação, N oxidação e N

hidroxilação, formação de sulfóxido, desaminação, dessulfuração e passagem do

radical -SH para –SOH. Na hidrólise de ésteres e amidas ocorre o rompimento da

ligação éster, com formação de ácido e álcool. Já na etapa de redução há

azorredução ou nitrorredução (FERNANDES, 1994).

A maior polarização do metabólito resultante da fase I nem sempre é

suficiente para garantir sua excreção. Portanto, na fase II do metabolismo, esses

compostos são submetidos a reações de conjugação com pequenas moléculas

endógenas de alta polaridade e formam assim, conjugados altamente

hidrossolúveis que são excretados principalmente pela urina. Dentre os processos

que englobam a fase II estão a glicuroconjugação, acetilação, conjugação com

glicina e com sulfato e a O-, S- e N- metilação (FERNANDES, 1994).

O fígado é o principal e algumas vezes o único sítio de metabolização

de fármacos, todavia também pode ocorrer biotransformação em outros locais

como nos rins, pele, pulmões, sangue e trato gastrointestinal. O complexo

enzimático CYP450 é o principal responsável pelo metabolismo de fármacos no

organismo, mais propriamente pelas reações de oxidação da fase I (CUMMINS et

al., 2001).

Segundo NELSON et al. (1996), as enzimas do citocromo P450 são

classificadas de acordo com sua relação evolutiva. São conhecidas 18 famílias e

43 sub-famílias no homem, das quais apenas as famílias 1, 2 e 3 parecem estar

envolvidas na biotransformação de fármacos (CUMMINS et al., 2001). A família

CYP3A consiste em quatro sub-famílias, dentre as quais, a CYP3A4 é a principal

para o metabolismo hepático e mais abundante no fígado e no intestino humanos

e equivale à derivação CYP3A12 no cão (SHIMADA et al., 1994).

2.3.2.2 Excreção

Na maioria das espécies, substâncias com peso molecular (PM) inferior

a 300 mg/mol são eliminadas por depuração renal, principalmente por filtração

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13

glomerular, já as superiores a 600 mg/mol são tipicamente excretadas pela bile.

Para fármacos com PM entre 300 e 600 mg/mol, a forma de eliminação varia

largamente entre as espécies que, em geral, são classificadas em três grupos de

acordo com a eficiência na excreção biliar. Coelhos, porquinhos-da-índia e o

homem são pouco eficientes na excreção de substâncias via bile, em

contraposição estão os ratos, cães e as galinhas que possuem essa via de

eliminação altamente desenvolvida. O grupo intermediário é composto pelos

gatos e os ovinos (TOUTAIN et al., 2010).

Para garantir alta depuração pela bile, o fármaco deve ser polar,

apresentar secreção ativa e ter peso molecular (PM) superior a 350 g/mol. O

fármaco, juntamente com a bile, é transferido via ducto biliar para o intestino

delgado onde pode ser reabsorvido e completar o ciclo entero-hepático,

entretanto, se permanecer no ambiente intestinal, será eliminado juntamente com

as fezes (TOZER & ROWLAND, 2009).

Não há diferenças anatômicas e fisiológicas importantes entre as

espécies de mamíferos em relação à função renal, contudo variações são

encontradas em relação à capacidade de concentração e o pH urinário. A

capacidade de concentração da urina é relativamente baixa em suínos, na razão

de 3:1 de plasma, já em gatos é de 10:1, o que faz com que esses felídeos sejam

propensos para formar cálculos de oxalato de cálcio (HOUSTON et al. 1985).

Os rins são a principal via de excreção dos fármacos no organismo e

os mecanismos envolvidos na eliminação renal são a filtração glomerular,

secreção tubular ativa e a difusão passiva (WINTER, 2009). Relacionadas ao

processo de eliminação, a Kel e a Cl podem se alterar na presença da

insuficiência renal, em caso de fármacos excretados fundamentalmente pelos

rins, com consequências sobre a t1/2 da substância.

A taxa de excreção renal é facilmente determinada mediante a

quantificação da fração excretada inalterada do fármaco na urina (fe). A partir

dessa variável há suporte para reajustar a posologia de medicamentos em

pacientes com diferentes graus de alteração na função renal. Os valores de fe

situam-se entre 0, para fármacos que não sofrem excreção renal, e 1, como é o

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14

caso da gentamicina, que possui excreção unicamente pelos rins. A fe pode ser

estimada a partir de (TOZER & ROWLAND, 2009):

fe =

Em relação à depuração renal (Clr), pode-se determiná-la em L/h ou

ml/min, por meio de fe e de Cl (TOZER & ROWLAND, 2009):

Clr =

A partir da determinação de fe, consegue-se também obter a

depuração hepática (Clh) em L/h ou mL/min (TOZER & ROWLAND, 2009):

Clh = (1-fe) x Cl

2.4 Técnicas analíticas aplicadas à farmacocinética

Dentre as técnicas utilizadas em estudos farmacocinéticos com animais

pode-se destacar a cromatografia líquida ou gasosa. Esses processos consistem

na separação de componentes de misturas moleculares através de duas fases

imiscíveis, uma delas deslocando-se (fase móvel) em relação à outra, que

permanece estacionária e se constitui por um meio líquido, sólido ou gelatinizado.

Dentre os tipos de cromatografias, destaca-se a cromatografia líquida de alta

eficiência, por sua precisão e rapidez nos resultados (SILVA, 2010).

A partir da ionização da amostra e de sua posterior filtração, a

espectometria fornece informações estruturais e moleculares dos solutos

avaliados. Outra vantagem é a sensibilidade do espectômetro, que permite obter

dados quantitativos em análise vestigial, com elevada precisão e exatidão.

quantidade total excretada na urina

DOSE

fe

Cl

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15

Atualmente, utiliza-se com frequência a associação desse método com as

cromatografias (SILVA, 2010).

Pela importância da farmacocinética na medicina veterinária, estão

sendo realizados estudos acerca da validação de novos métodos bioanalíticos

para a detecção e quantificação precisa de compostos. Um exemplo é a técnica

de ensaio imunoenzimático (ELISA), utilizada de forma rotineira na determinação

de fármacos em exames antidoping e avaliada por SOARES et al. (2007), na

quantificação de cafeína em plasma equino. Os autores compararam os

resultados do teste ELISA com os obtidos na croamtografia gasosa e relataram

coeficiente de correlação superior a 0,95.

2.5 Delineamento do perfil farmacocinético

Previamente à realização de um estudo farmacocinético, alguns fatores

devem ser determinados, como a via e frequência de administração do fármaco,

tipo de amostras e intervalo de tempo em que serão colhidas, método analítico,

espécie animal e inclusão ou exclusão de critérios adicionais, como por exemplo,

a aplicação concomitante de outra substância ou avaliação de indivíduos

enfermos (URSO et al., 2002).

2.5.1 Tipos de cinética

Para a maioria dos fármacos, observa-se que os eventos de absorção

e eliminação se manifestam de acordo com a chamada cinética de primeira

ordem. Esse perfil cinético se caracteriza pelo fato de que a velocidade de

transporte (v) das substâncias, expressa em mg/min ou ml/min, é dependente da

quantidade que resta para ser transportada (A) e de uma constante de velocidade

(K) (FERNANDES, 1994):

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16

v = K x A

FIGURA 3 - Representação gráfica das fases de absorção, concentração sistêmica máxima (Cmax) e eliminação de um fármaco com modelo cinético de 1ª ordem

No caso da cinética de primeira ordem para um fármaco administrado

EV, por exemplo, à medida que o princípio ativo é absorvido do sítio de

administração (fase de absorção), a velocidade de absorção diminui, e

simultaneamente, eleva-se a velocidade de eliminação devido ao aumento da

concentração da substância no fluxo sanguíneo. No momento em que essas duas

variáveis se igualam ocorre o platô ou Cmax e quando a velocidade de eliminação

excede a de absorção, observa-se um declínio na concentração plasmática (fase

de eliminação) (TOZER & ROWLAND, 2009).

O comportamento dos fármacos também pode ocorrer com base na

cinética de ordem zero, de forma que a velocidade de transporte da substância

permaneça de forma constante, independente da quantidade que resta a ser

absorvida. Do ponto de vista clínico, fármacos com absorção e eliminação do tipo

cinética de ordem zero são mais difíceis de serem utilizados, pois a ocorrência de

efeitos adversos por intoxicação ou mesmo devido à perda de eficácia são mais

comuns e imprevisíveis (YACUBIAN, 2004).

2.5.2 Representação gráfica

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17

Na representação gráfica da concentração plasmática do fármaco pelo

tempo, os dois principais métodos utilizados são o papel milimetrado (cartesiano),

no qual a disposição das variáveis forma uma curva, e a forma semi-logarítmica

(Figura 3). Dentre as duas formas, a mais empregada é a representação semi-

logarítmica, na qual apenas os dados da ordenada são dispostos em escala de

logaritmos. Esse método facilita prever as concentrações em diferentes tempos

uma vez que o decaimento da concentração se dá de forma linear (TOZER &

ROWLAND, 2009).

De acordo com URSO et al. (2002), a utilização da plotagem semi-

logarítmica se justifica pela ampliação da escala de concentrações, permitindo-se

um melhor esboço dos dados, mesmo quando há faixas variadas de magnitude.

Adicionalmente, a linearização da curva de concentração do fármaco pelo tempo

auxilia na compreensão dos resultados e na determinação do modelo

farmacocinético.

FIGURA 4 – Representação gráfica semi-logarítmica (esquerda) e cartesiana (direita) da concentração plasmática dos fármacos A (vermelho) e B (preto), em função do tempo (TOZER & ROWLAND, 2009)

2.5.3 Meia-vida

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Para se estabelecer os intervalos e o período total de avaliação

farmacocinética deve-se levar em conta a escala de tempo dos eventos cinéticos.

Geralmente, realiza-se o acompanhamento da concentração sistêmica do

fármaco por meio da sua meia-vida, que é o tempo decorrido para que a

concentração do princípio ativo seja reduzida à metade (BARCELLOS et al.,

2009).

A t1/2 é um parâmetro expresso em unidade de tempo (min, h, dias,

semanas, etc), utilizado para expressar a evolução cronológica dos eventos

farmacocinéticos. A partir do gráfico da curva de concentração plasmática pelo

tempo é possível estimar-se a t1/2 de um fármaco e o número de t1/2s presentes

em seu perfil farmacocinético, que variam de acordo com a via de administração e

número de compartimentos de sua distribuição (TOZER & ROWLAND, 2009).

Contudo, dentre as diferentes t1/2s do fármaco, a principal é a de eliminação,

representada pela reta linear terminal de decaimento, conforme ilustrado na fase

de eliminação da Figura 2 (URSO et al., 2002).

Por meio das diferentes t1/2s expressas pelo fármaco, é possível

determinar-se suas respectivas constantes de velocidade (Ka, Kd e Kel), uma vez

que esses parâmetros são estabelecidos pela equação (TOZER & ROWLAND,

2009):

k =

Em que k é expressa na unidade de h-1 e representa as constantes de

velocidade em geral. Já o número 0,693 é o logaritmo natural (ln) de 2, obtido por

meio da integração da equação de v, elaborada a partir da derivada da

quantidade já transportada (-dT) em um pequeno intervalo de tempo (dt) (TOZER

& ROWLAND, 2009):

velocidade de transporte = - = K x A

0,693

t1/2

dT

dt

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19

Após estimar a t1/2 de um fármaco, é possível determinar o número de

meias-vidas (n) que ocorreram em um determinado tempo e assim, estimar a

fração que ainda resta a ser transportada AT, em mg ou µmol (TOZER &

ROWLAND, 2009):

AT = (1/2)n

Geralmente, atribui-se que 10% da dose seja o percentual

remanescente quando praticamente todo o fármaco foi removido do organismo e

assim, esse tempo seria de 3,32 meias-vidas após atingir Cmax (TOZER &

ROWLAND, 2009).

2.5.4 Concentração plasmática máxima e área sob a curva

A Cmax do fármaco é estimada a partir da curva de concentração pelo

tempo e varia de acordo com a via de administração, dose utilizada, tempo

decorrido do início da exposição, sua distribuição e eliminação. De acordo com a

obtenção das curvas de concentração plasmática do princípio ativo em função do

tempo, é possível obter dados fundamentais para a análise farmacocinética,

dentre as variáveis destacam-se a Cmax, tmax e ASC, que é a medida da

exposição sistêmica total (TOZER & ROWLAND, 2009).

Em geral, a ASC, com unidade convencional em mg.h/L, é obtida por

meio do método trapezoidal, no qual a concentração total do fármaco é dividida

em partes de acordo com os tempos avaliados. Cada área dividida é calculada a

partir da concentração média multiplicada pelo seu intervalo de tempo e a

somatória de todas as áreas individuais determina a ASC total, que é medida a

partir do tempo zero ao infinito, representado pelo limite no qual a área é

insignificante (TOZER & ROWLAND, 2009). Como exemplo, no caso da Figura 5,

a área do intervalo de tempo entre t1 e t2 (ASC1,2) seria calculada conforme a

equação:

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20

ASC1,2 = (C2 – C1) x (t2 – t1)

2

FIGURA 5 - Representação gráfica da concentração plasmática em função do tempo, da cetamina associada ao midazolam, administrada em cães hígidos. A área tracejada representa uma divisão do método trapezóide para o cálculo da área sob a curva (Adaptado de AMORIM et al., 2008)

2.5.5 Biodisponibilidade e dose efetiva

A partir das características de migração dos fármacos pode-se

determinar sua B, que é o primeiro dos muitos fatores que determinam a relação

entre sua dose e a intensidade de ação. De acordo com RANG et al. (2004), a

biodisponibilidade é a proporção da substância que permanece no fluxo

sanguíneo em uma aplicação IV ou que alcança a circulação sistêmica após a

administração EV. Seu valor é obtido por meio da equação (TOZER &

ROWLAND, 2009):

B = Cl x ASC

Dose

C2 C1

C2

C1

t

1

t

2

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21

TOUTAIN et al. (2010) citam que a partir da estimativa de Cl, B e da

concentração plasmática efetiva (CE) de um fármaco é possível pressupor sua

dose eficaz (DE), em mg, para determinada espécie, de acordo com a equação:

DE = Cl x CE

B

2.6 Particularidades farmacocinéticas na medicina veterinária

Na clínica veterinária a variedade de espécies atendidas e,

consequentemente, os diferentes padrões farmacodinâmicos e farmacocinéticos

desencadeiam a necessidade de se elaborar métodos seguros para a elaboração

de posologias específicas para cada grupo. Na extrapolação alométrica, uma das

técnicas mais utilizadas, se obtêm a dose e a frequência de administração

desejadas a partir do peso metabólico do paciente e de dados conhecidos de

outras espécies. Não obstante, esse método somente é válido para fármacos

previamente adequados para outras espécies, além de não prever diferenças

individuais causadas por fatores extra metabólicos como a variabilidade genética,

a idade e o sexo (RIVIERE et al.,1997).

A maior variabilidade genética dos cães em relação aos gatos é

diretamente proporcional ao tempo de domesticação desses animais. Há

atualmente mais de 400 raças caninas no mundo, número relacionado,

principalmente à criação e seleção de linhagens pelo homem (RIVIERE &

PAPICH, 2009). Tal seletividade também desencadeou o aparecimento de

diversidades em animais de laboratório, como exemplo, PAULSON et al. (1999)

citam a ocorrência de disparidades na depuração do anti-inflamatório celecoxibe

em cães da raça beagle de diferentes linhagens laboratoriais e correlacionam tal

fato principalmente à variabilidade genética devido a programas de reprodução

laboratoriais.

Dentro de uma mesma classe observam-se fortes similaridades entre

seus representantes, porém dentre as diferenças marcantes entre os mamíferos

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está o conteúdo e atividade das isoformas do CYP450. Um exemplo é que os

cães possuem o dobro da quantidade desse citocromo quando comparado aos

ratos, mas a atividade enzimática nos roedores é superior àquela dos caninos

(BARIRIAN et al., 2006).

Na prática clínica, casos de óbito por intoxicação podem ocorrer em

cavalos expostos à monensina, um coccidiostático ionóforo administrado em

aves. Uma provável razão para essa alta suscetibilidade é a relativa incapacidade

dos equinos em desmetilar compostos que não são substratos do citocromo

CYP2D (NEBBIA et al., 2001).

Variações anatômicas denotam diferenças nos perfis farmacocinéticos

dos princípios ativos. A presença do sistema porta-renal em aves e répteis faz

com que o sangue da região caudal ou inferior do organismo seja drenado

diretamente para os rins, o que pode diminuir a biodisponibilidade dos fármacos

pelo efeito de primeira passagem. Por isso, a administração de fármacos nesses

animais deve ser realizada nos músculos da parte anterior ou superior do corpo

(RIVIERE & PAPICH, 2009).

Há grande proximidade do perfil farmacocinético entre as espécies em

relação à via subcutânea, entretanto os gatos possuem predisposição em

desenvolver sarcomas induzidos por vacinas, devido à formação de reações

fibrogranulomatosas locais. Esses eventos estão relacionados a transformações

malignas das células fibroblásticas associadas a uma reação inflamatória

persistente (SÉGUIN, 2002).

As diferenças farmacocinéticas entre espécies de animais também

estão associadas a seu comportamento. Na Suécia, foi relatada alta incidência de

colite em éguas que praticavam coprofagia das fezes de seus potros, quando

esses eram medicados com eritromicina para o tratamento contra Rodococcus

equi (BAVERUD et al., 1998).

Em um estudo sobre a biodisponibilidade da selamectina, um

ectoparasiticida tópico, SARASOLA et al. (2002) observaram 4,4% de

biodisponibilidade em cães, enquanto que nos gatos, essa foi de 74%. Os

autores relacionaram a diferença principalmente ao hábito dos felinos em realizam

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23

a lambedura individual, o que provocou a ingestão do fármaco depositado na

pele.

Análogos da prostaglandina são utilizados na indução do parto em

animais por até três dias. Nos suínos, a progesterona produzida pelo corpo lúteo

é necessária para manter a gravidez, já no caso de ovinos, este hormônio

originado pela placenta é suficiente para estabelecer a prenhez por até dois

meses, o que explica a possibilidade da utilização de substâncias que suprimem a

liberação de progesterona pelo corpo lúteo para provocar abortos em porcas, mas

que não funcionam em ovinos em um período menor que 55 dias (TOUTAIN et

al., 2010).

Foram realizados estudos sobre as diferenças de biodisponibilidade de

43 fármacos com variações físico-químicas e farmacológicas entre o homem e o

cão. Observou-se que a correlação dessa variável era insignificante para as duas

espécies, o que indica que informações farmacocinéticas obtidas em um grupo

não devem ser aplicadas ao outro (CHIOU et al. 2000).

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24

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A farmacocinética clínica é uma ferramenta importante na clínica

veterinária para auxiliar no alcance da posologia ideal, além de possibilitar a

compreensão da ocorrência de variações entre as espécies. Mediante a

elaboração de uma curva de concentração sistêmica de um fármaco pelo tempo,

é possível definir dados importantes como sua t1/2, Cmax e tmax.

Análises de fluidos orgânicos como a urina permitem estimar o tipo

predominante de excreção das substâncias e o tempo em que estas são

eliminadas. Adicionalmente, o emprego da farmacocinética na área de produção é

importante, por exemplo, para garantir a qualidade do leite em animais que estão

sendo medicados.

Visto a gama de aplicações da farmacocinética em medicina

veterinária, vários são os estudos acerca de novos métodos analíticos para a

detecção e quantificação de fármacos. Atualmente, as principais técnicas

empregadas são a cromatografia, gasosa e líquida, e a espectometria, mas

processos como o teste elisa possuem grande potencial para esse fim.

Sabe-se que a ocorrência de variações inter e intra espécie se justifica

por vários fatores como a história de domesticação, comportamento, genética,

variações fisiológicas e anatômicas, dentre outras. Por isso, o desenvolvimento de

técnicas farmacológicas que possibilitam o entendimento dos mecanismos e

causas dessas diferenças é essencial para a segurança na determinação de

posologias em grupos pouco estudados ou mesmo no emprego de novos

fármacos na medicina veterinária.

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