conceito_dispositivo

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Uma introdução ao estudo do Dispositivo de Sexualidade, a partir da leitura da obra “Historia da Sexualidade – A vontade de saber” de Michel Foucault Maria Camila Gabriele Mariana Alves de Oliveira Rebecca Holanda Arrais Resumo Os escritos que aqui seguem derivam de um grupo de estudos promovido pelo Programa de Educação Tutorial (PET) do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará. Intencionamos abordar de maneira introdutória, dado o nosso ainda incipiente conhecimento, uma temática cara à obra de Michel Foucault, o dispositivo da sexualidade. Com tal finalidade, partimos da leitura do livro A História da Sexualidade – A Vontade de Saber , do autor supracitado, buscando auxílio também em excertos de outras obras. Palavras-chave: Sexualidade. Foucault. Dispositivo.

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Conceito foucaultiano, necessário para entender o que é a sexualidade

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Uma introduo ao estudo do Dispositivo deSexualidade, a partir da leitura da obra Historia daSexualidade A vontade de saber de Michel oucaultMaria Camila GabrieleMariana Alves de OliveiraRebecca Holanda ArraisResumoOs escritos que aqui seguem derivam de um grupo de estudos promovido peloPrograma de Educao Tutorial (PET) do Curso de Psicologia da Universidade Federaldo Cear. ntencionamos a!ordar de maneira introdut"ria# dado o nosso aindaincipiente con$ecimento# uma temtica cara % o!ra de &ic$el Foucault# o dispositivo dase'ualidade. Com tal (inalidade# partimos da leitura do livro A Histria da Sexualidade A Vontade de Saber# do autor supracitado# !uscando au')lio tam!*m em e'certos deoutras o!ras.Palavras-chave: +e'ualidade. Foucault. ,ispositivo.&ic$el Foucault iniciaote'to-.ist"riada+e'ualidade/ 0vontadedesa!er1 introdu2indoodiscurso!astantedi(undidodarepressose'ual# supostomodo(undamental deligaoentrepoder#sa!er e se'ualidade na sociedade ocidental# represso que s" poderia ser transposta por transgressodas leis# suspenso das interdi3es# irrupo da palavra# restituio do pra2er ao real e toda uma novaeconomia dos mecanismos de poder. ,e acordo com tal discurso# a origem da dade da 4epresso secoloca no s*culo 56# coincidindo com o inicio da ordem capitalista e (a2endo parte# dessa (orma# daordem !urguesa. 0 e'plicao disso seria que o se'o (oi e * reprimido para que a (ora de tra!al$o nose dissipe nos pra2eres# redu2indo/o a umm)nimo para reproduo. 0compan$ando a supostarepresso moderna# est a 7n(ase em um discurso destinado a di2er a verdade so!re o se'o e# dessa(orma# su!verter a lei que o rege.O autor tam!*m (ala so!re o pra2er sentido por aqueles que acreditamna $ip"tese repressiva e (alam de (orma solene so!re o se'o# com um ar de transgresso deli!erada esentimentodeque#assim#estopossi!ilitandoum(uturode li!erdadeeplenodego2o. 0 tal pra2ersupostamente transgressor 8 atingido ao se (alar so!re o interdito 8 Foucault denomina benefcio dolocutor e atri!ui papel (undamental na sustentao da $ip"tese repressiva.O que Foucault pretende com a -.ist"ria da se'ualidade/ 0 vontade de sa!er1 * interrogar essasociedadeque(alaproli'amentedeseupr"priosil7ncioeprometeli!erar/sedasleisquea(a2em(uncionar. O autor !usca# desta (orma# determinar o regime de sa!er/poder/pra2er que sustenta# entren"s# o discurso da se'ualidade $umana. Para ele# todos os elementos negativos da interdio do se'o 8proi!i3es# censuras 8 so somente algumas peas entre outras que tem uma (uno local e ttica numacolocao discursiva# numa t*cnica de poder.0inda $o9e# se mant*m uma concepo de poder ligada ao direito# a lei e a so!erania.O autorno adere a esta conceituao de poder em que o mesmo * compreendido como e'terno# assume uma(orma geral# $omog7nea e possui uma relao negativa com o se'o. Critica a concepo de que o podersomente coloca ao se'o regras de interdio e censura# acreditando na e'ist7ncia de uma verdadeiratecnologia do se'o# comple'a e positiva. Para ele# o poder mascara uma parte importante de si mesmo 8seupoderprodutivo8parasertolerado# aceito. Foucault compreendeopodercomocorrela3esde(oras imanentes ao dom)nio onde se e'ercem e constitutivas de sua organi2ao: (oras que encontramapoio entre si# (ormam cadeias ou contradi3es e se cristali2am nos aparel$os estatais e na (ormulaoda lei. Essas (oras indu2em continuamente estados de poder# sempre locali2ados e instveis. Pode/sedi2er que o poder * onipresente# pois se produ2 a cada instante em todas as rela3es entre um ponto eoutro. Tem/se que sempre onde $ poder# $ resist7ncia# mas esta nunca se encontra em posio dee'terioridade# sendo o outro termo da relao de poder# representando o papel de adversrio# na (ormade pontos m"veis e transit"rios.0 partir destaconceituaodepoder Foucault ir# aolongodao!ra# questionar a$ip"teserepressivaepropor umaanlisepositivadas (ormas deproduodase'ualidadena$ist"riadasociedade ocidental nos ;ltimos s*culos. 0!ordar em seu te'to diversos discursos e di(erentes (ormasdearticulaopoder/sa!er quemarcaramesta$ist"ria. Tratar# emsuaimensacomple'idadedodispositivo de se'ualidade e de suas modi(ica3es.,e acordo com a anlise desenvolvida v7/se que nos ;ltimos tr7s s*culos# em lugar da supostacensura ligada % $ip"tese repressiva# $ouve uma e'ploso discursiva# uma incitao % multiplicao dosdiscursos so!re ose'o nopr"prio campo dee'erc)ciodopoder# mas utili2ando umvoca!ulriodepurado# decente# numa ret"rica da aluso e da met(ora. Um e'emplo * a con(isso religiosa# no qualo cristo * instado a contar todas as insinua3es da carne# toda a inquietao do dese9o e a partir daqual o $omem ocidental (oi atado % tare(a de di2er tudo so!re o seu se'o# !uscando de (orma incansvelsua verdade# em um procedimento de individuali2ao. Por volta do s*culo 56# nasce uma incitaopol)tica# econ a $isteri2ao do corpo da mul$er# a pedagogi2ao do se'odacriana# asociali2aodascondutas deprocriaoeapsiquiatri2aodopra2er perverso. 0se'ualidade*onomequesepodedaraumdispositivo$ist"rico# emqueencadeiam/se# segundoestrat*gias de sa!er e poder# a estimulao dos corpos# a intensi(icao dos pra2eres# a incitao aodiscurso# a (ormao dos con$ecimentos e o re(oro dos controles e das resist7ncias.Para entendermos o dispositivo da se'ualidade atentaremos primeiro % de(inio que Foucaulttrs do termo dispositivoem Microfsica do Poder. O (il"so(o (ranc7s o de(ine como um agrupamento$eterog7neo que a!arca desde discursos (se9amestes cient)(icos# morais# (ilos"(icos# religiosos)#passando por organi2a3es arquitet o dispositivode se'ualidade ser um deles# e dos mais importantes1 (ABEE# p. AFD). Contrariando a $ip"tese repressiva# o autor di2 que o que est acontecendo $o9e# ao inv*s deumarevoluodose'o# resultadodeumalutaanti/repressiva# *apenasumdeslocamentoeumareverso ttica no grande dispositivo da se'ualidade.0o pensarmos no termo dispositivo aplicado % inst=ncia da se'ualidade e# como sempre# ligadoao poder# o!teremos segundo nos orienta Foucault# a produo de um o!9eto> o se'o. O discurso quepermeia a se'ualidade se deu primeiramente no =m!ito do corpo# nos "rgos# da se'ualidade. 0penasposteriormentediscursou/seso!reose'o# maisespeci(icamentedepoisdos*culo56. +egundooautor# -a noo de -se'o1 permitiu agrupar# de acordo com uma unidade arti(icial# elementos anat Edi3es Kraal# ABEE.LLLLLLLLLLL. 'icro()sica "o *o"er. 4io de Janeiro> Kraal# ABCB.,EIEUME# K. O mis+rio "e Aria$a. Iis!oa> Ed. 6e9a 8 Passagens#ABBG.