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COMUNIDADES DE AVES DE SUB-BOSQUE NA REGIÃO LESTE DE MATO GROSSO DO SUL TESE DE DOUTORADO AUGUSTO JOÃO PIRATELLI UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA INSTITUTO DE BIOLOGIA RIO CLARO - SP AGOSTO, 1999

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COMUNIDADES DE

AVES DE SUB-BOSQUE NA

REGIÃO LESTE DE

MATO GROSSO DO SUL

TESE DE DOUTORADO

AUGUSTO JOÃO PIRATELLI

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

INSTITUTO DE BIOLOGIA

RIO CLARO - SP

AGOSTO, 1999

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ii

COMUNIDADES DE AVES DE SUB-BOSQUE NA REGIÃO

LESTE DE MATO GROSSO DO SUL

AUGUSTO JOÃO PIRATELLI

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Departamento de Ciências

Naturais/CEUL - Caixa Postal 210 - Três Lagoas -MS

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ OCTAVIO MARCONDES-MACHADO

Universidade Estadual de Campinas - Depto. de Zoologia/IB - Caixa Postal 6109 -

Campinas - SP

Rio Claro (SP), Agosto de 1999

Tese apresentada ao Instituto de Biologia da

Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio

Claro (SP), como parte dos quesitos para a

obtenção do título de Doutor em Ciências

Biológicas, área de concentração Zoologia.

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iii

Aos meus filhos por opção, Anna, Felipe e Mayra

À minha companheira Fatima

A meus pais Antonio e Marlene

A meus irmãos Toninho e Telma

Dedico

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iv

Cuitelinho

“Cheguei na beira do porto onde as ondas se ‘espaia’As garças dão meia volta e ‘senta’ na beira da praia

E o cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia

quando eu vim da minha terra despedi da ‘parentaia’eu entrei no Mato Grosso dei em terras paraguaias

Lá tinha revolução Enfrentei fortes ‘bataias’

a tua saudade corta como aço de ‘navaia’o coração fica aflito bate uma outra ‘faia’

e os olhos se enchem d’água que até a vista se ‘atrapaia”(folclore popular)

Assum preto

“Tudo em volta é só belezaCéu de abril e mata em flor

mas assum-preto cego dos olhosnão vendo a luz ai, canta de dor

Talvez por ignorânciaou maldade das piores

furaram os olhos do assum-pretoprá ele assim, ai, cantar melhor

assum-preto vive soltomas não pode voar

mil vezes a sina de uma gaioladesde que o céu pudesse olhar

assum-preto o meu cantaré tão triste quanto o teu

também roubaram o meu amorque era a luz dos olhos meus”

(Luiz Gonzaga)

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v

AGRADECIMENTOS

É extremamente difícil agradecer a todos que contribuíram de alguma forma para que

este trabalho se tornasse possível, uma vez que ele envolveu muita gente. Gostaria entretanto

de lembrar daquelas, pessoas e instituições, cuja ausência teria tornado sua realização muito

mais difícil, senão impossível. A ordem aqui apresentada não implica em ordem de

importância. Me perdoem aqueles que não entraram nesta lista!!!

• Prof. Dr. Luiz Octavio Marcondes-Machado (UNICAMP), pelo modo com que

permitiu que eu conduzisse este trabalho, transmitindo experiência e orientação

segura, sobretudo nas horas mais críticas; oferecendo sugestões precisas e oportunas.

Obrigado também pela amizade já antiga.

• Prof. Dr. João Augusto A. M. Neto (UFV) e Prof.a. Eliane L. Jacques (UFMS) pela

identificação do material botânico.

• Profs. Drs. Edwin Willis, Ildemar Ferreira, João Semir, José C. Motta-Júnior, Luiz

dos Anjos e Mauro Galetti, pela leitura crítica e criteriosa por ocasião da pré-banca.

• Estagiárias, bolsistas e amigas: Elaine Cícero, Fernanda Melo, Márcia Pereira,

Márcia Siqueira, Mariana Mello e Roslaine Caliri, que se revezaram ao longo do

trabalho, auxiliando-me em todas as etapas do estudo. E que sobreviveram aos

carrapatos, pernilongos, “porvinhas” e mutucas.

• Aos colegas do Departamento de Ciências Naturais/Centro Universitário de Três

Lagoas que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho,

especialmente à laboratorista Nereida Vilalba, pelo auxílio inestimável.

• Bióloga Alessandra D. Caliente, pela atenção, profissionalismo, boa vontade e por

toda a infra-estrutura oferecida.

• Motoristas Pedro e Lázaro, trabalhadores de campo Paulo, Jair e Juvenir e aos

demais funcionários da Chamflora, por toda a ajuda prestada durante os trabalhos de

campo.

• Chamflora Três Lagoas Agroflorestal Ltda., Empresa que forneceu todo o apoio

logístico necessário, como suporte financeiro, transporte, alimentação e

equipamentos; e que sempre incentivou meu trabalho.

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vi

• UNESP - Rio Claro, pela forma objetiva como atende estudantes de pós-graduação

que trabalham em outras instituições.

• PICD CAPES/UFMS, pela bolsa de Doutoramento concedida durante os dois

primeiros anos.

• CEMAVE/IBAMA, pelas anilhas e permissões para anilhamento.

• PROPP/UFMS, pelo material de consumo fornecido.

• PIBIC - CNPq/UFMS - pelas bolsas de Iniciação Científica concedidas.

• Fatima, pela companhia em vários momentos e pelas sugestões e correções no

trabalho; e cujo carinho diversas vezes me deu forças para suportar a ausência e a

distância.

• Crianças (Anna Letícia, Felipe e Mayra), já não tão crianças, agora amigos; que os

percalços da vida não me permitiram uma convivência mais intensa. Obrigado por

entrarem assim na minha vida e me darem tantos momentos felizes.

• E, como de praxe, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para este

trabalho!

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vii

ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................ix

ÍNDICE DE TABELAS ...........................................................................................................xii

RESUMO....................................................................................................................................1

ABSTRACT................................................................................................................................4

INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA...................................................................7

1. A DEGRADAÇAO AMBIENTAL E AS COMUNIDADES DE AVES..........................7

2. MATO GROSSO DO SUL E O CERRADO ...................................................................10

3. A VEGETAÇÃO ..............................................................................................................14

4. OS ESTUDOS EM COMUNIDADES DE AVES ...........................................................15

OBJETIVOS.............................................................................................................................19

MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................................20

1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS ..........................................................20

2. CAPTURAS......................................................................................................................26

3. AVALIAÇAO DA OFERTA DE ALIMENTO................................................................30

RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................32

1. CLIMA..............................................................................................................................32

2. ECOLOGIA DE COMUNIDADES .................................................................................34

2.1 Eficiência das redes ....................................................................................................34

2.2. Locais de coletas........................................................................................................36

2.3. Espécies e locais de captura ....................................................................................40

2.4. Abundância e diversidade de espécies.......................................................................55

2.5. Similaridade de espécies............................................................................................74

3. MORFOMETRIA .............................................................................................................77

3.1. Biometria ...................................................................................................................77

3.2. Biomassa....................................................................................................................95

4. AS PLANTAS......................................................................................................................................101

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viii

4.1 Espécies vegetais amostradas...................................................................................101

4.2. Síndromes de dispersão ............................................................................................10

4.3. Fenologia ...................................................................Erro! Indicador não definido.1

4.4. Mapas fenológicos......................................................................................................................115

5. HÁBITOS ALIMENTARES - GUILDAS DE ALIMENTAÇÃO .................................120

5.1. Material fecal...........................................................................................................121

5.2. Guildas de alimentação ...........................................................................................127

5.3.Variações nos hábitos alimentares ...........................................................................133

6. REPRODUÇÃO E MUDA DE PENAS.........................................................................143

6. 1. Reprodução.............................................................................................................144

6.2. Muda de penas .........................................................................................................154

6.3. Reprodução x muda de penas ..................................................................................165

CONCLUSÕES......................................................................................................................170

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................172

ANEXOS................................................................................................................................190

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ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1. Localização da região estudada............................................................................21

Figura 1.2. Aspecto de alguns dos pontos estudados. ..............................................................25

Figura 1.3. Medidas de: A - tarso; B - largura do bico; C - altura do bico e D - comprimento

total; E - muda de penas nas retrizes; F - placa de incubação. .......................................28

Figura 1.4. Esquema de uma parcela.......................................................................................31

Figura 2. Dados climatológicos para a região estudada........................................................ 33

Figura 2.1. Eficiência de redes de malhas 36 e 61mm na captura de aves, com relação ao

comprimento total (A) e ao peso (B)..................................................................................35

Figura 2.2. Abundância relativa das famílias capturadas .......................................................42

Figura 2.3. Curva de coletor para as espécies capturadas na região de Três Lagoas (MS)...50

Figura 2.4. Abundância de espécies de aves de sub-bosque capturadas com redes

ornitológicas na região de Três Lagoas............................................................................55

Figura 2.5. Análise de Cluster para os locais estudados. ........................................................62

Figura 2.6. Cladograma para os 4 setores definidos pela análise de Cluster.........................68

Figura 2.7. Abundância de espécies nos setores amostrados.................................................69

Figura 2.8. Proporções de ocorrências estatisticamente significativas de espécies de sub-

bosque com relação aos ambientes...................................................................................73

Figura 3.1. Variação do peso médio das espécies com maior número de capturas e até 25g ao

longo do ano. .....................................................................................................................91

Figura 3.2 .Variação do peso médio das espécies com maior número de capturas e com mais

de 25g ao longo do ano. ....................................................................................................91

Figura 3.4. Variação média mensal no percentual de gordura acumulada em aves capturadas

na região de Três Lagoas (MS). ........................................................................................94

Figura 4.1. Proporção de ocorrência de síndromes de dispersão de sementes nas espécies

amostradas na região de Três Lagoas (MS)....................................................................107

Figura 4.2. Proporções de ocorrência de síndromes de dispersão de sementes nas espécies

amostradas em (A) Cerrado; (B) Cerradão; (C) Pesqueiro e (D)

Lajeado............................................................................................................................109

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x

Figura 4.3. Síndromes de dispersão de sementes: A- Solanum sp. (Mastozoocoria); B -

Alibertia sessilis (Mastozoocoria); C - Unonopsis lindmanii (Ornitocoria); D -

(ornitocoria).....................................................................................................................110

Figura 4.4. Épocas de frutificação e florescimento de espécies ornitocóricas amostradas e

identificadas.....................................................................................................................112

Figura 4.5. Estimativa mensal de frutos na mata ciliar. .......................................................114

Figura 4.6. Total de indivíduos amostrados nas diferentes fenofases ao longo do ano. .......119

Figura 5.1. Guildas de alimentação das espécies capturadas. ..............................................128

Figura 5.2. Guildas de alimentação por indivíduos capturados e amostrados. ....................128

Figura 5.3. Proporção das guildas de alimentação de acordo com suas respectivas

biomassas.........................................................................................................................132

Figura 5.4. Percentual de biomassa de aves consumidoras primárias, secundárias e outras na

região de Três Lagoas (MS). ...........................................................................................132

Figura 5.5. Variação nos valores médios mensais dos hábitos alimentares ao longo de doze

meses................................................................................................................................134

Figura 5.6. Composição da dieta de Saltator similis............................................................135

Figura 5.7. Principais itens alimentares encontrados em fezes de Momotus momota...........137

Figura 5.8. Fêmea de Pipra fasciicauda capturada transportando fruto de Curatella

americana. .......................................................................................................................139

Figura 5.9. Composição da dieta de Turdus leucomelas. ......................................................140

Figura 6.1. Variação mensal do percentual de indivíduos jovens (% JOV) e de adultos com

placa de incubação (%PLA) ao longo do desenvolvimento do estudo...........................144

Figura 6.2. Valores médios mensais (%) de indivíduos com placa de incubação e de

jovens...............................................................................................................................146

Figura 6.3. Número de espécies reproduzindo-se ao longo do ano na região de Três Lagoas,

entre 1994 e 1996. ...........................................................................................................147

Figura 6.4. Ciclo reprodutivo de aves relacionado com temperatura e pluviosidade médias

anuais na região de Três Lagoas.....................................................................................150

Figura 6.5. Abertura do ninho de Monasa nigrifrons............................................................152

Figura 6.6. Período reprodutivo das espécies de sub-bosque da região de Três Lagoas

conforme seus hábitos alimentares..................................................................................154

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Figura 6.7. Valores percentuais mensais de indivíduos com muda de penas de asa (MAS),

cauda (MCA) e asa e cauda simultaneamente (MA&C) ao longo do estudo. .................155

Figura 6.8. Ciclos de muda de penas de contorno (muda corpo) e de vôo (muda vôo) em

indivíduos capturados entre 1994 e 1996........................................................................156

Figura. 6.9. Ciclo de muda de penas em aves de sub-bosque na região de Três Lagoas

(MS)..................................................................................................................................158

Figura 6.10. Valores médios mensais do percentual de indivíduos trocando penas de asa,

cauda, asa e cauda simultaneamente e de corpo.............................................................159

Figura 6.11. Relação entre oferta de frutos ornitocóricos e reprodução e mudas em espécies

frugívoras.........................................................................................................................163

Figura 6.12. Ritmo de muda de penas em machos e fêmeas de Pipra fasciicauda. ..............164

Figura 6.13. Ciclos de muda de penas e reprodução durante o período de estudos. ............166

Figura 6.14. Valores médios mensais do percentual de indivíduos com muda de penas de vôo,

contorno e com placa de incubação (dados de julho/94 a dezembro/96). ......................167

Figura 6.15. Relações entre muda de penas e reprodução em espécies de sub-bosque na

região de Três Lagoas (MS). ...........................................................................................167

Figura 6.16. Ciclos reprodutivos e de muda de penas em aves de sub-bosque na região de

Três Lagoas divididos por setores...............................................................................169

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Denominação adotada e localização dos pontos utilizados durante as coletas de

dados..................................................................................................................................24

Tabela 2.1. Espécies, indivíduos, capturas e recapturas por Hortos e pontos de coleta. ........37

Tabela 2.2. Esforço amostral (horas-redes) empregados em todos os locais de coleta...........38

Tabela 2.3. Índice de Densidade (IDENS*) por pontos de coleta. ..........................................39

Tabela 2.4. Espécies capturadas por grupos taxonômicos, com nomes comuns. A

classificação adotada, bem como os nomes populares, seguem Sick (1997). .................43

Tabela 2.5. Espécies capturadas, com número de indivíduos nos locais de coleta e

abundância relativa. ..........................................................................................................51

Tabela 2.6. Diversidade de espécies nos ambientes estudados, calculada pelo índice de

Shannon-Weaver (H’) e pela proporção de espécies/horas-rede x 100. ..........................57

Tabela 2.7. Distâncias Euclidianas para comparações de todos os locais estudados entre

si.........................................................................................................................................60

Tabela 2.8. Comparações entre os quatro setores por espécies, indivíduos, capturas e

recapturas..........................................................................................................................63

Tabela 2.9. Ocorrência de espécies nos quatro setores amostrados.......................................64

Tabela 2.10. Resultados do teste de Qui-Quadrado para as 31 espécies com mais de dez

capturas e suas preferências pelos setores amostrados....................................................70

Tabela 2.11. Composição taxonômica (%) das aves capturadas nos quatro setores

amostrados.........................................................................................................................74

Tabela 2.12. Associação das 20 espécies com maior número de capturas.............................75

Tabela 2.13. Associação entre pares de espécies e sua significância estatística....................76

Tabela 3.1. Dados de peso (g), comprimentos de asa, cauda, total, tarso, cúlmem, largura e

altura do bico (mm) de aves da região leste de Mato Grosso do Sul, com tamanho de

amostra (entre parênteses) e valores mínimo e máximo. ..................................................78

Tabela 3.2. Dados morfológicos (médias) comparados de Nystalus maculatus ......................87

Tabela 3.3. Variação de valores médios de peso (g), comprimento de asa, cauda, total, tarso,

cúlmen, largura e altura do bico (mm) comparada entre machos e fêmeas e jovens e

adultos................................................................................................................................88

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xiii

Tabela 3.4. Pesos médios (g) de algumas aves da região de Três Lagoas comparados com

dados obtidos em outras regiões do país...........................................................................90

Tabela 3.5. Peso médio (g) e biomassa (g) das espécies capturadas. .....................................96

Tabela 4.1 Espécies vegetais amostradas nos Horto Barra do Moeda e Rio verde, por

famílias e locais de ocorrência........................................................................................101

Tabela 4.2. Distâncias euclidianas obtidas para quatro locais pela presença/ausência de

espécies vegetais. .............................................................................................................106

Tabela 4.3. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no cerrado........................115

Tabela .4.4. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no cerradão.....................117

Tabela 4.5. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas na mata ciliar...................117

Tabela 4.6. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no Lajeado. .......................118

Tabela 5.1. Resultado das análises de fezes por espécies: .....................................................123

Tabela 5.2. Percentual de itens alimentares encontrados nas amostras de fezes por locais.130

Tabela 5.3. Variação nas proporções (%) das guildas de alimentação nos 4 setores. ..........131

Tabela 5.4. Composição da dieta de machos e fêmeas de Thamnophilus punctatus.............136

Tabela 5.5. Proporção dos itens alimentares encontrados em fezes de machos e fêmeas de

Pipra fasciicauda............................................................................................................138

Tabela 5.6 Proporção dos itens alimentares encontrados em fezes de machos e fêmeas de

Tachyphonus rufus..........................................................................................................140

Tabela 6.1. Proporção de indivíduos jovens e adultos capturados durante o estudo por

setores. .............................................................................................................................146

Tabela 6.2. Período reprodutivo de espécies de sub-bosque na região de Três Lagoas. ......148

Tabela. 6.3. Ciclo de muda de penas em aves de sub-bosque na região de Três Lagoas

(MS)..................................................................................................................................160

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vi

SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS____________________________________________________ viii

ÍNDICE DE FIGURAS ______________________________________________________ x

RESUMO _________________________________________________________________ 1

ABSTRACT _______________________________________________________________ 4

INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA _________________________________ 7

1. A DEGRADAÇAO AMBIENTAL E AS COMUNIDADES DE AVES___________________ 7

2. MATO GROSSO DO SUL E O CERRADO________________________________________ 10

3. A VEGETAÇÃO _____________________________________________________________ 14

4. OS ESTUDOS EM COMUNIDADES DE AVES____________________________________ 15

OBJETIVOS _____________________________________________________________ 20

1. OBJETIVOS GERAIS _________________________________________________________ 20

2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS____________________________________________________ 20

MATERIAL E MÉTODOS __________________________________________________ 21

1. CARACTERIZAÇãO DA ÁREA DE ESTUDOS____________________________________ 21

2. CLIMA_____________________________________________________________________ 25

3. CAPTURAS_________________________________________________________________ 29

4. AVALIAÇÃO DA OFERTA DE ALIMENTO______________________________________ 31

RESULTADOS E DISCUSSÃO_______________________________________________33

1. ECOLOGIA DE COMUNIDADES_______________________________________________ 331.1 Eficiência das redes _______________________________________________________________ 331.2. Locais de coletas _________________________________________________________________ 411.3. Espécies e locais de captura _______________________________________________________ 461.4. Abundância e diversidade de espécies_________________________________________________ 611.5. Similaridade de espécies ___________________________________________________________ 79

2. MORFOMETRIA ____________________________________________________________ 832.1. BIOMETRIA____________________________________________________________________ 932.2. Peso ___________________________________________________________________________ 962.3. Biomassa ______________________________________________________________________ 102

3. AS PLANTAS ______________________________________________________________ 1063.1 Espécies vegetais amostradas_______________________________________________________ 1063.2. Síndromes de dispersão __________________________________________________________ 1113.3. Fenologia______________________________________________________________________ 1133.4. Mapas fenológicos_______________________________________________________________ 120

4. HÁBITOS ALIMENTARES - GUILDAS TRÓFICAS ______________________________ 1244.1. Material fecal___________________________________________________________________ 1244.2. Guildas tróficas _________________________________________________________________ 1264.3. Variações nos hábitos alimentares___________________________________________________ 138

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vii

5. REPRODUÇÃO E MUDA DE PENAS_________________________________________ 1475.1. Reprodução ____________________________________________________________________ 1485.2. Muda de penas__________________________________________________________________ 1575.3. Reprodução x muda de penas ______________________________________________________ 1665.4. Variação nos setores _____________________________________________________________ 169

CONCLUSÕES___________________________________________________________171

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________ 173ANEXOS_________________________________________________________________191

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viii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Denominação adotada e localização dos pontos utilizados durante

as coletas de dados.___________________________________________________26

Tabela 1.1. Indivíduos (incluindo recapturas) e espécies capturadas com redes de

malhas 36 e 61mm.___________________________________________________33

Tabela 1.2. Tipos de vegetação, esforço amostral e número de capturas com redes

de 36 e 61mm.________________________________________________________37

Tabela 1.3. Espécies, indivíduos, capturas e recapturas por Hortos e pontos de coleta ._41

Tabela 1.4. Esforço amostral (horas-redes) empregados em todos os locais de coleta. __43

Tabela 1.5. Índice de Densidade (IDENS*) por pontos de coleta. __________________45

Tabela 1.6. Espécies capturadas por grupos taxonômicos, com nomes comuns________48

Tabela 1.7. Espécies capturadas, com número de indivíduos (1a. captura) nos locais

de coleta e abundância relativa. _________________________________________55

Tabela 1.8. Diversidade de espécies nos ambientes estudados, calculada pelo

índice de Shannon-Weaver (H’) e pela proporção de espécies/horas-rede x 100 ___62

Tabela 1.9. Distâncias Euclidianas para comparações de todos os locais estudados ___65

Tabela 1.10. Comparações entro os quatro setores ______________________________68

Tabela 1.11. Ocorrência de espécies nos quatro setores __________________________69

Tabela 1.12. Resultados de teste de Qui-Quadrado para 31 espécies ________________75

Tabela 1.13. Composição taxonômica (%) nos quatro setores amostrados____________79

Tabela 1.14. Associação de 20 espécies com maior número de capturas _____________81

Tabela 1.15. Associação entre pares de espécies________________________________82

Tabela 2.1. Dados de peso (g), comprimentos de asa, cauda, total, tarso, cúlmem,

largura e altura do bico (mm )___________________________________________84

Tabela 2.2. Variação de valores médios de peso (g), comprimento de asa, cauda,

total, tarso, cúlmem, largura e altura do bico (mm) comparada entre machos e

fêmeas e jovens e adultos. ______________________________________________93

Tabela 2.3. Dados morfológicos (médias) comparados de Nystalus maculatus ________95

Tabela 2.4. Pesos médios (g) de algumas aves da região de Três Lagoas

comparados com dados obtidos em outras regiões do país.____________________96

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ix

Tabela 2.5. Peso médio (g) e biomassa (g) das espécies capturada em todos

os locais estudados .__________________________________________________103

Tabela 31. Espécies vegetais amostradas, por famílias e locais de ocorrência________106

Tabela 3.2. Distâncias euclidianas para quatro locais___________ _______________110

Tabela 3.3. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no cerrado__________120

Tabela 3.4. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no cerradão_________121

Tabela 3.5 Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas na mata ciliar _______122

Tabela 3.4. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no cerradão

degradado _________________________________________________________123

Tabela 4.1. Resultado das análises de fezes por espécies.________________________127

Tabela 4.2. Percentual de itens alimentares encontrados nas amostras de fezes por

locais ________________________________________________________________136

Tabela 4.3. Variação nas proporções (%) das guildas tróficas nos 4 setores _________137

Tabela 4.4. Composição da dieta de machos e fêmeas de Thamnophilus punctatus ____141

Tabela 4.5. Proporção dos itens alimentares encontrados em fezes de machos e

fêmeas de Pipra fasciicauda.___________________________________________143

Tabela 4.6 Proporção dos itens alimentares encontrados em fezes de machos e

fêmeas de Tachyphonus rufus.__________________________________________144

Tabela 5.1. Proporção de indivíduos jovens e adultos capturados durante o estudo

por setores _________________________________________________________150

Tabela 5.2. Período reprodutivo de aves na região de Três Lagoas ________________151

Tabela. 5.3. Ciclo de muda de penas em aves na região de Três Lagoas ___________ 162

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Localização da região estudada. ______________________________________ 22

Figura 2. Aspecto de alguns dos pontos estudados ________________________________ 27

Figura 3. Medidas de Temperatura, umidade relativa e pluviosidade __________________28

Figura 4. Esquema de uma parcela____________________________________________ 32

Figura 1.1. Eficiência de redes de malhas 36 e 61mm na captura de aves, com

relação ao comprimento total (A) e ao peso (B). ______________________________ 39

Figura 1.2. Abudância relativa das famílias capturadas ____________________________47

Figura 1.3. Curva cumulativa de espécies novas __________________________________ 54

Figura 1.4. Abundância de espécies ____________________________________________61

Figura 1.5. Análise de Agrupamento para os locais estudados. ______________________ 66

Figura 1.6. Abundância de espécies nos setores amostrados_________________________74

Figura 1.7. Proporções de ocorrência de espécies em relação aos ambientes____________78

Figura 2.1. Variação do peso médio das espécies com maior número de capturas e até

25g ao longo do ano. ____________________________________________________ 98

Figura 2.2 .Variação do peso médio das espécies com maior número de capturas

e com mais de 25g ao longo do ano. ________________________________________ 98

Figura 2.3. Variação média do peso de oito espécies ao longo do dia_________________100

Figura 2.4. Variação média mensal no percentual de gordura acumulada em aves

capturadas na região de Três Lagoas (MS)__________________________________102

Figura 3.1. Proporção de ocorrência de síndromes de dispersão de sementes nas

espécies amostradas em dois hortos florestais na região de Três Lagoas (MS). ____ _112

Figura 3.2. Proporções de ocorrência de síndromes de dispersão de sementes por

locais amostrados______________________________________________________114

Figura 3.3. Síndromes de dispersão de sementes _________________________________115

Figura 3.4. Épocas de frutificação e florescimento de espécies ornitocóricas

amostradas e identificadas. ______________________________________________ 117

Figura 3.5. Estimativa mensal de frutos na mata ciliar. ___________________________ 119

Figura 3.6. Total de indivíduos amostrados nas diferentes fenofases ao longo do ano. ___ 123

Figura 4.1. Guildas tróficas das espécies capturadas.(n=103) ______________________ 133

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Figura 4.2. Guildas tróficas por indivíduos capturados e amostrados (n=419). ________ 133

Figura 4.3. Proporção das Guildas tróficas de acordo com suas respectivas biomassas. _ 137

Figura 4.4. Percentual de biomassa de aves consumidoras primárias, secundárias e

outras na região de Três Lagoas (MS). _____________________________________ 138

Figura 4.5. Variação nos valores médios mensais dos hábitos alimentares ao longo

de 12 meses ______________________________________________________________ 138

Figura 4.6. Composição da dieta de Saltator similis. _____________________________ 140

Figura 4.7. Principais itens alimentares encontrados em fezes de Momotus momota. ____ 142

Figura 4.8. Composição da dieta de Turdus leucomelas. __________________________ 143

Figura 5.1. Variação mensal do percentual de indivíduos jovens e de adultos com

placa de incubação ao longo do estudo ____________________________________148

Figura 5.2. Valores médios mensais (%) de indivíduos com placa de incubação e

de jovens. ____________________________________________________________ 150

Figura 5.3. Número de espécies reproduzindo-se ao longo do ano na região de

Três Lagoas, entre 1994 e 1996. __________________________________________ 151

Figura 5.4. Ciclo reprodutivo de aves relacionado com temperatura e pluviosidade

médias anuais na região de Três Lagoas. __________________________________ 154

Figura 5.5. Período reprodutivo das espécies de sub-bosque da região de Três

Lagoas conforme seus hábitos alimentares. _________________________________ 157

Figura 5.6. Valores percentuais mensais de indivíduos com muda de penas de

asa, cauda e asa e cauda simultaneamente ao longo do estudo._________________ 158

Figura 5.7. Ciclos de muda de penas de contorno (muda corpo) e de vôo (muda vôo)

em indivíduos capturados entre 1994 e 1996. ________________________________ 159

Figura. 5.8. Ciclo de muda de penas em aves de sub-bosque na região de Três

Lagoas (MS). _________________________________________________________ 160

Figura 5.9. Valores médios mensais do percentual de indivíduos trocando penas de asa,

cauda, asa e cauda simultaneamente e de corpo. _____________________________ 161

Figura 5.10. Relação entre oferta de frutos ornitocóricos e reprodução e mudas em

espécies frugívoras. ____________________________________________________ 165

Figura 5.11. Ritmo de muda de penas em machos e fêmeas de Pipra fasciicauda.______ 166

Figura 5.12. Ciclos de muda de penas e reprodução durante o período de estudos. _____ 167

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Figura 5.13. Valores médios mensais do percentual de indivíduos com muda de penas de

vôo, contorno e com placa de incubação ___________________________________ 168

Figura 5.14. Relações entre muda de penas e reprodução em espécies de sub-bosque

na região de Três Lagoas (MS). __________________________________________ 168

Figura 5.15. Ciclos reprodutivos e de muda de penas na região de Três Lagoas

divididos por setores____________________________________________________170

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RESUMO

Comunidades de aves de sub-bosque foram estudadas na região de Três Lagoas, leste

do estado de Mato Grosso do Sul entre agosto de 1994 e dezembro de 1996, tendo sido

obtidos dados em 14 pontos de coleta, em área de vegetação de cerrado senso stricto, floresta

de galeria, eucaliptais, mata secundária e cerradão. Utilizaram-se 10 a 16 redes ornitológicas

de malhas 36 e 61mm, dispostas em transectos lineares, totalizando 13467,9 horas-rede. As

redes foram abertas nas primeiras horas do dia e fechadas às 15h00min.

As aves capturadas, após identificadas, foram marcadas com anilhas metálicas

fornecidas pelo Cemave/Ibama e tiveram seu sexo e idade determinados quando possível.

Foram obtidos dados morfométricos (peso, comprimentos total, de asa, cauda, cúlmem,

largura e altura do bico).

Os períodos de reprodução e muda de penas foram determinados pela presença de

placa de incubação de canhões de penas novas, respectivamente. Com dados de capturas e

recapturas, estimaram-se abundância e diversidade de espécies, similaridade entre

comunidades e entre locais estudados. A dieta predominante foi determinada através da

contenção dos indivíduos capturados e coleta e triagem de fezes. A disponibilidade de frutos

foi verificada através de um levantamento fenológico em quatro locais a partir de parcelas

medindo 10x50m.

As famílias com maior abundância relativa foram Tyrannidae (23,5%) e Emberizidae

(17,5%), repetindo o padrão que tem sido encontrado freqüentemente em estudos

avifaunísticos em regiões tropicais. A maioria das espécies teve reduzido número de

indivíduos capturados; algumas como Basileuterus flaveolus e Cnemotriccus fuscatus

entretanto, apresentaram grande número de indivíduos e alta abundância relativa (85 - 8,11%

e 72 - 6,87% respectivamente).

Com relação aos locais de coleta, o cerradão (Horto Buriti) apresentou o maior IDENS

(Índice de Densidade) (10,66), enquanto o eucaliptal comercial (Horto Barra do Moeda) teve

o menor (1,95). Já o maior índice de diversidade foi obtido no cerradão (Horto Barra do

Moeda) (3,63), seguido da mata ciliar (3,31), ambos ambientes florestais que forneceriam

maior quantidade de microhabitats, pela estrutura da vegetação, diversidade de fauna de

invertebrados e locais para nidificação. Pelos mesmos motivos, o eucaliptal comercial

apresentou o menor índice (1,71). Os locais mais semelhantes, pela distância euclidiana,

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foram o cerrado degradado (Horto Matão) e o eucaliptal comercial, refletindo o efeito da

fragmentação sobre a diversidade de espécies.

Pela Análise de Agrupamento, quatro setores (A, B, C e D) foram delimitados,

agrupando-se os locais conforme a presença de espécies e número de indivíduos. Com este

procedimento, ficaram próximos os ambientes florestais (A), os cerrados (B) , os locais mais

degradados (D) e, por fim, o denso cerrado do Horto Buriti (B). Destes setores, o com maior

diversidade foi o de florestas (A - 6,36) e, o com menor, o dos ambientes degradados (D -

0,65).

Pela presença/ausência de espécies, determinaram-se características ecológicas de 31

espécies. Assim por exemplo, foram reconhecidas espécies típicas de áreas abertas e/ou

alteradas (Saltator similis, Coryphospingus cucullatus e Columbina talpacoti), e espécies

típicas de ambientes florestais (Pipra fasciicauda e Leptopogon amaurocephalus),

recomendando-se seu uso como bioindicadores de fragmentação. As espécies mais

semelhantes e positivamente correlacionadas foram Basileuterus flaveolus e Cnemotriccus

fuscatus, ambas abundantes e ocorrentes em vários tipos de ambientes.

Quanto à análise morfométrica, verificou-se uma grande variação entre os dados

obtidos e os disponíveis em literatura, o que pode estar relacionado à variações quanto ao

sexo, idade, status reprodutivo, época do ano ou período do dia, entre outros fatores. As

espécies com maiores biomassas foram Momotus momota (6080,9g) e Turdus leucomelas

(4092,5g).

Os estudos sobre oferta de frutos produziram uma listagem com 67 espécies vegetais,

com ampla maioria de espécies zoocóricas (77%), havendo predominância da ornitocoria em

três dos quatro locais amostrados. Não foram constatados picos de frutificação evidentes para

as espécies ornitocóricas. Em relação aos indivíduos, tem-se um pico de frutificação e de

outras fenofases em setembro, o que coincidiu com o início da estação chuvosa.

Por meio de 503 amostras de fezes, as aves capturadas foram agrupadas em nove

guildas tróficas, sendo a de insetívoros a mais numerosa, em relação às espécies (62%),

indivíduos (63%) e biomassa (13503,8g). O mesmo foi verificado para os quatro setores

estabelecidos anteriormente. Os resultados podem refletir uma tendência em aumento de

insetívoros e redução de frugívoros, efeitos da fragmentação da vegetação sobre as

comunidades de aves. Ao longo do ano, observou-se que os insetívoros sempre estiveram

mais representados que as demais guildas, com um pico em outubro que pode estar associado

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à estação reprodutiva. Houve um aumento no percentual de frugívoros em abril, o que pode

ser associado às estações do ano e/ou tipo de ambiente (A, B, C e D).

Constatou-se no presente estudo, que as aves da região apresentaram picos

reprodutivos que se repetiram por três anos entre setembro e novembro, que coincidem com o

período de início das chuvas. Após os ciclos reprodutivos ocorreram aumentos nas proporções

de indivíduos jovens, que declinavam até então. Espécies onívoras apresentaram o mais longo

período reprodutivo, pela menor suscetibilidade à escassez de recursos. A estação reprodutiva

em frugívoros coincidiu com o auge da frutificação; a dos insetívoros, embora algo mais

prolongada, teve seu apogeu na estação chuvosa.

Houve pouca sobreposição entre reprodução e muda de penas. Os ciclos de muda de

penas de vôo sucederam os de reprodução nos três anos estudados, estando fortemente

correlacionados com a troca de penas de contorno. Os gastos energéticos envolvidos tanto na

reprodução quanto na substituição das penas explicariam a pouca sobreposição detectada

entre estes dois eventos. Os ciclos mantiveram um padrão para toda a região, sendo que o

período reprodutivo foi mais longo nos setores A (florestas) e C (cerradão denso).

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4

ABSTRACT

Understory bird communities were studied in the region of Três Lagoas, eastern Mato

Grosso do Sul state between August 1994 and December 1996, having been obtained data in

14 collection points, in areas of cerrado stricto sensu, gallery forest, eucalyptus plantation,

secondary forests and cerradão. Ten to sixteen 12-m mist nets, 36- and 61-mm mesh were

used, arranged in straight lines (13,467.9 net-hours). Nets were opened just before first light

and operated until 15h00min. Captured and identified birds were banded with metallic bands

supplied by Cemave/Ibama, weighed, sexed and aged if possible, and had their morphometric

data obtained (wing, tail and culmen total lengths; beak width and height).

Reproductive status was verified by incubation patches and moulting cycle by the

presence of new feathers. Capture data were also used to determine species abundance and

richness, similarity among species and studied places. To determine the predominant diet,

individuals were held for collection of fecal samples. Fruit offer was verified through

phenology studies in four places, by means of 10x50m quadrants.

The 36-mm mesh nets were more efficient in captures, as in absolute number (619

captures - 59.92% of the captures), as when weight and total length were considered.

Families with larger relative abundance were Tyrannidae (23.5%) and Emberizidae (17.5%),

repeating the pattern that has frequently been found in tropical bird studies. Most species had

small individuals captured number; Basileuterus flaveolus and Cnemotriccus fuscatus

however, presented great number of individuals and high relative abundance (85 - 8.11% and

72 - 6.87% respectively).

In relation to sampled sites, cerradão (Horto Buriti) presented largest IDENS (Density

Index) (10.66), while commercial eucalyptus plantation (Horto Barra do Moeda) showed the

smallest one (1.95). Largest diversity index was obtained in cerradão (Horto Barra do Moeda)

(3.63), followed by gallery forest (3.31), both forest that would supply larger amount of

microhabitats, for the vegetation structure, insect fauna diversity and nest sites. Absence of

those characteristics would influence smallest index (1.71) of commercial eucalyptus

plantation. According to Euclidean Distance, the most similar places were degraded cerrado

(Horto Matão) and commercial eucalyptus plantation, reflecting fragmentation effects on

species diversity.

Using Cluster Analysis, four sections (A, B, C and D) were defined, assembling

landscapes according to species presence/absence and individuals number. By means of this

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procedure, were joined forest habitats, cerrados, degraded places and, finally, dense cerrado

(Horto Buriti). From these sections, the larger diversity index was find in forests habitats (A -

6.36) and the smallest one, in degraded landscapes (D - 0.65).

For the species presence/absence, ecological characteristics from 31 species were

observed. For example, opened and/or altered areas typical species (Saltator similis,

Coryphospingus cucullatus and Columbina talpacoti), and forest habitats typical species

(Pipra fasciicauda and Leptopogon amaurocephalus) were recognized. The most similar

species, with positive correlation were Basileuterus flaveolus and Cnemotriccus fuscatus, both

abundant in several habitats.

A great variation was found among morphometric data here obtained and that

available in literature, what can be related to sex, age, reproductive status, season or day

period, among other factors. The species with larger biomass were Momotus momota (6080.9

g and Turdus leucomelas (4092.5 g).

Fruit offer of 67 plant species was observed, with prevalence of zoocory (77%), and

ornithocory in three of four sampled places. No remarkable picks of fruit offer was verified

for the ornithocory species, what can be due to several factors, as the competition among

plants for disperses and the need of fruit offer to those animals during the whole year. In

relation to individuals, a fructification pick occurred on September, which coincided with the

beginning of the rainy season.

Analysis of 503 feces samples showed that captured birds were separated in nine

trophic guilds, and insectivores were more common, in relation to species (62%), individuals

number (63%) and biomass (13503.8g). The same was verified for the four sections

previously established. The results can reflect a tendency in insectivores increase and

frugivores reduction, fragmentation effects on bird communities. Along the year, insectivores

were always more represented than other guilds, with a pick in october that can be associated

to reproductive station. An increase in frugivores percentage was observed in april, what can

be associated to season and/or habitat type.

Birds of Três Lagoas region showed repeated reproductive picks for three years among

september and november, which coincides to beginning of rainy season. After than, an

increase in young individuals' proportions was observed, that declined until then. Omnivores

species showed the longest reproductive period, probably because their less susceptible to

resources scarcity. Reproductive station in frugivores coincided with the peak of fruit offer;

and the insectivores, with the rainy season.

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There was little overlapping between reproduction and feathers moult. Flight feathers moult

cycles occurred before reproduction in the three studied years, being strongly correlated with

body feathers moult. The energy expenses involved as in reproduction as in the substitution of

the feathers would explain the little overlapping detected between these two events. In general

way, the cycles maintained a pattern for the whole region, and the reproductive period was

longer in the sections A and C.

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INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA

1. A DEGRADAÇAO AMBIENTAL E AS COMUNIDADES DE AVES

As atividades humanas causam inúmeras alterações no ambiente. Dentre elas, a

fragmentação florestal, com a criação de novas bordas e clareiras, que levam ao

desaparecimento de espécies vegetais secundárias, com conseqüente invasão de pioneiras

(Lovejoy et alii, 1986). A fragmentação florestal é um dos fenômenos mais graves do

processo de expansão da atividade agropecuária no Brasil, presente desde as etapas mais

antigas, na Mata Atlântica nordestina, até as mais recentes, no cerrado do Centro-Oeste e na

Floresta Amazônica. Áreas de vegetação nativa contínuas vêm sendo transformadas em

fragmentos florestais isolados (Viana et alii, 1992).

Com o desenvolvimento da tecnologia, a degradação ambiental tornou-se muito mais

rápida. Nas nações em desenvolvimento, normalmente situadas em regiões tropicais, a

vegetação nativa está cada vez mais devastada e restrita a fragmentos, e os conseqüentes

danos para a avifauna são óbvios. Por exemplo, segundo a portaria no. 1522 do IBAMA, em

1989 havia 207 espécies brasileiras oficialmente ameaçadas de extinção. Somente de aves,

eram 85 as espécies nesta categoria. Segundo o ICBP/IUCN Red Data Book (Collar et alii,

1992), este número seria de 97 e dentre estas, 64 (65,97%) são endêmicas do território

brasileiro. Conforme dados do IBGE de 1993, haveria no Brasil 159 aves ameaçadas de

extinção. Neste cenário, espécies como aves predadoras de topo de cadeia alimentar ou

predadores/dispersores de sementes, que invariavelmente necessitam de milhares de hectares

para sobreviverem, rapidamente são afetadas (Terborgh, 1992).

Os efeitos da fragmentação da vegetação nativa sobre a biodiversidade não são ainda

claramente compreendidos. A teoria de biogeografia de ilhas proposta por MacArthur &

Wilson (1967) argumenta que existe diminuição exponencial no número de espécies de

acordo com a diminuição da superfície da ilha. Entretanto, Wiens (1995) adverte que a

dinâmica de fragmentos florestais depende sobremaneira do mosaico de ambientes no qual ele

está inserido, e entender fragmentos como ilhas é uma visão relativamente simplista.

Preston (1962) sugeriu que, uma vez ocorrida a fragmentação, o desaparecimento de

espécies é um fato consumado, mesmo em não mais ocorrendo interferência humana. De

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acordo com Terborgh (1992), o número de espécies presente em um ambiente seria reduzido

à metade sempre que se retirasse 90% dessa vegetação. Por exemplo, no caso da Mata

Atlântica, onde restam menos de 0,1% da cobertura vegetal original, a capacidade de

manutenção da diversidade seria de apenas 1/8 de suas condições originais.

Há de se levar em conta também que a extinção é um fenômeno complexo,

dependendo de uma série de fatores. Assim, estudos em regiões tropicais têm verificado que a

maioria das comunidades apresenta muitas espécies com poucos indivíduos, enquanto que

somente algumas são abundantes (Wong, 1986; Bierregaard, 1990). Portanto, estas espécies

pouco abundantes, e que seriam sempre maioria, é que sofreriam primariamente os impactos

da degradação. Além disso, a extinção de cada espécie provoca efeitos diferenciados nos

demais elos da cadeia alimentar da comunidade (Stiles, 1985), afetando a disponibilidade de

recursos alimentares no ambiente, entre outros. Loiselle & Blake (1991) e Blake & Loiselle

(1991a; 1992a) constataram este fato investigando variações nas taxas de capturas de aves

frugívoras conforme a disponibilidade de frutos ao longo do ano.

Alternativas para estratégias de conservação têm sido propostas nos últimos anos.

Uma questão que tem sido levantada é a de como deveriam ser estruturadas as áreas de

preservação, se em vários fragmentos isolados ou se em grandes áreas (Lovejoy & Oren,

1981; Wilcox & Murphy, 1985; Bierregaard et alii, 1992).

Simberloff & Abele (1982) questionaram o ‘dogma´ de que, para fins de conservação,

uma extensa área seria mais interessante do que pequenas áreas isoladas que, no total,

tivessem o mesmo tamanho. Os autores colocam várias vantagens e desvantagens das duas

situações, e concluem que existem numerosas variáveis que devem ser levadas em conta

quando se pretende traçar um programa de unidades de conservação. Em todos os casos

discutidos entretanto, parece claro que, quanto maior o tamanho da área preservada, mais

propícias as condições para a continuidade das espécies. Sobre este assunto, Zuidema et alii

(1996) concluíram que a conservação de áreas de tamanho médio, estrategicamente colocadas

pode ser a opção mais eficiente para a conservação da biodiversidade, levando-se em conta as

limitações financeiras, sociais e logísticas.

A conservação de aves envolve a preservação dos habitats e de outros recursos

requeridos durante sua vida (Stiles, 1985). Outro fator vital na sobrevivência de muitas

espécies de aves, principalmente para aquelas mais exigentes, seria também a manutenção

daqueles ambientes e recursos explorados ainda que eventualmente (Karr, 1982). O sucesso

dos esforços para a preservação depende do conhecimento das causas e extensão da variação

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nas populações, bem como na detecção das espécies mais sensíveis às alterações em seus

habitats (Loiselle & Blake, 1992).

Buscando a conservação, pode-se avaliar o estado de degradação de um ambiente,

utilizando-se para isso os indicadores ecológicos. Em florestas do norte da Patagônia

(Argentina), por exemplo, Pietri (1992) utilizou três categorias como indicadores ecológicos:

espécies-chaves (que indica a ocorrência do processo de degradação); a cobertura vegetal

(indicando o estádio do processo de degradação), e o biovolume vegetal (indicando quando o

processo de degradação torna-se crítico). Uma grande sobreposição na dieta de frugívoros na

Mata de Santa Genebra (Campinas - SP), foi interpretada por Galetti & Pizo (1996) como

indicativo do alto grau de descaracterização da mata e da comunidade de aves.

Os levantamentos avifaunísticos são ferramentas bastante úteis, tanto na avaliação da

qualidade de ecossistemas terrestres como em monitoramentos de alterações provocadas, em

função da grande diversidade de aves e de nichos ecológicos que exploram (Andrade 1993;

Sick 1997). Estudos em comunidades de aves podem detectar variações em populações e

espécies, acarretadas por alterações provocadas no ambiente (Almeida, 1987).

Existem diversas formas de se estudar as comunidades de aves; todas eles envolvendo

levantamentos qualitativos e quantitativos. No Brasil, tem sido empregadas amostragens por

pontos, sendo estes pontos definidos por sorteio (Vielliard & Silva, 1990); por transectos, que

são percorridos a intervalos regulares (ex. Aleixo & Vielliard, 1995; Monteiro & Brandão,

1995); por marcação e recaptura, com uso de redes ornitológicas (Lovejoy et alii, 1986;

Bierregaard. et alii, 1992).

Todos estes métodos apresentam seus problemas, tais como a familiaridade com as

aves e possíveis erros de estimativa de número de indivíduos para os métodos de pontos e

transectos. Whitman et alii (1997) compararam, em floresta subtropical, a eficiência da

metodologia de redes com a de pontos sob diversos aspectos. As redes amostraram 25% das

espécies supostamente presentes no local, principalmente aves de sub-bosque, de tamanho

menor. Os pontos detectaram 60% das espécies, com maior número/ponto e mais eficiência

na detecção de espécies raras. Os dois métodos mostraram-se semelhantes nas proporções das

famílias, abundância, status migratório, dieta, uso de habitats e guildas. Por fim, estes autores

concluem que os pontos são mais eficientes quando se almeja um recenseamento de aves.

MacArthur & MacArthur (1974) ressalvam as dificuldades de se fazer estimativas de

populações de aves baseando-se em marcações-recapturas, porque os indivíduos, após

capturados, tendem a evitar as redes (tendência esta variável entre as espécies) e também pela

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presença das espécies em trânsito, que sempre trazem novas capturas. Os autores propuseram

um método para que se estimem separadamente estes dois grupos de espécies, por regressão

não-linear. Manly (1977) propôs método semelhante, através de demonstração gráfica e de

duas tabelas.

Críticas ao uso de redes também são feitas por Poulsen (1996) que ressalta entretanto,

a possibilidade de seu uso para comparar a riqueza de espécies em diferentes locais. Remsen

& Good (1996) chamaram a atenção para os possíveis erros em se associar diretamente

proporção de capturas com proporção de indivíduos na comunidade, lembrando por exemplo,

das diferenças de movimentação horizontal e vertical das aves e das diferentes freqüências e

distâncias de vôo, o que pode resultar em taxas de capturas distintas para espécies com mesma

abundância.

Desenvolvida no Japão inicialmente para a captura de aves para alimentação, as redes

ornitológicas revolucionaram a ornitologia quando passaram a ser empregadas para fins

científicos (Ibama, 1994). Apesar de existirem restrições, seu uso traz uma série de vantagens;

entre elas a de não requerer familiaridade com as aves do local e padronizar o esforço

amostral (Karr, 1981). Para Wong (1986), o uso de redes representa o método mais eficiente e

confiável para estimar densidade relativa e movimentos em aves de sub-bosque de florestas

tropicais.

2. MATO GROSSO DO SUL E O CERRADO

Com uma área de 901.420.7 km2 (10,59% do território nacional), o atual estado de

Mato Grosso do Sul só foi efetivamente povoado em meados do século XIX, após a Guerra

do Paraguai, quando então desenvolveram-se núcleos populacionais a partir de fortificações

erguidas em Dourados, Miranda e Coxim. Após 1912, com o advento da estrada de ferro,

surgiram surtos expansionistas nas vilas de Campo Grande, Cuiabá e Aquidauana. Em sua

porção leste, predomina o pantanal; a oeste o domínio é do bioma Cerrado.

A província do cerrado tem um clima tropical com precipitação variando de 750-2000

mm/ano em média, com estação seca durando cerca de cinco meses (meados de maio a

meados de outubro), podendo ser enquadrado no clima Aw e Cwa de Köppen (Pinto, 1994).

Em relação à fauna do cerrado, Sick (1965) já relatava as dificuldades em se definir

uma “fauna típica do cerrado”, já que, no caso das aves, mesmo as mais características de

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cerrado também vivem em outras paisagens abertas muito diferentes. Para Sick (1966) as aves

do cerrado seriam, em boa parte, fauna arborícola de mata. Silva (1995a) reconhece para a

região do Cerrado 837 espécies de aves, distribuídas em 64 famílias, das quais 759 (90,7%) aí

se reproduzem. Esta grande diversidade de espécies teria sido favorecida principalmente pelo

intercâmbio biótico com os ecossistemas vizinhos, como a região dos chacos, por ocasião das

flutuações climático-vegetais do Quaternário. Em um estudo no cerrado do Paraná, Scherer-

Neto et alii (1991) encontraram 155 espécies, muitas delas peculiares aos campos planálticos

paranaenses e florestas com araucária da porção leste do estado. Dentre as típicas do cerrado

do Brasil Central, registraram Neothraupis fasciata e Cyanocorax cristatellus.

Quanto à distribuição desta avifauna, Silva (1995b) descreve sete padrões, sendo o

mais comum, aquele com espécies de ampla ocorrência, seguido do de espécies peri-

atlânticas. Em relação aos endemismos, seriam 16 as com este status. Sick (1965) inferiu que,

quando se restringe o termo cerrado à vegetação típica (excluindo-se as espécies de matas e

campos de gramíneas), o número de espécies de aves não chegaria a 200.

Rocha et alii (1994) relatam que Snethlage em 1928 primeiramente coletou aves na

região e, somente 50 anos depois, quando da construção de Brasília, uma equipe do Museu

Nacional do Rio de Janeiro visitou o local novamente. As aves do Brasil Central são bem

mais conhecidas pelos estudos realizados no Distrito Federal (ex.: Antas & Cavalcanti, 1988).

Rocha et alii (1994) consideram que na capital do Brasil a avifauna é bastante rica, o que foi

atribuído à diversidade do ambiente e à manutenção de áreas preservadas na região.

A ocupação do cerrado deu-se principalmente após a construção de grandes cidades

(Brasília) e estradas (Belém-Brasília), em função de sua grande oferta ambiental e potencial

agrícola. Explora-se atualmente neste ecossistema minérios, agropecuária, carvão (com

grandes reflorestamentos de eucalipto) e a energia dos rios (com grandes lagos artificiais).

Como sempre entretanto, esta ocupação e exploração tem se dado de maneira

desordenada e visando lucros imediatos, com sérias conseqüências para a biodiversidade deste

ecossistema (Verdésio, 1994). Hoje, estima-se a perda de 37% da cobertura vegetal primitiva,

restando 7% de paisagem natural preservada e 56% de áreas com manejo. Crê-se que a erosão

destrói mais de 50 toneladas por ano por hectare de terras férteis (Pinto, 1994).

O modo desordenado como as terras do cerrado vêm sendo ocupadas não difere

daquele observado em outras regiões, já que a tecnologia agrícola que está sendo adotada no

cerrado responde a um modelo de agricultura voltado para o lucro imediato, com pouca

preocupação conservacionista a longo prazo. Extensas áreas contínuas estão sendo

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desmatadas para a implantação de monoculturas agrícolas, sem reserva de amostras dos

ecossistemas naturais, que possam funcionar como banco genético e refúgio da fauna e da

flora (Pinto, 1994).

A instabilidade ambiental criada pelo desmatamento e pela ação periódica do fogo

pode acelerar o empobrecimento da avifauna, ocasionando o desaparecimento de mais

espécies residentes no cerrado, com exigências ecológicas bem definidas, ao mesmo tempo

que permite a entrada no sistema de espécies oportunistas, ecologicamente pouco exigentes

(Silva, 1992).

Extensas monoculturas, como os reflorestamentos com eucalipto produzem impacto

sobre a fauna florestal, já que a manutenção necessária envolve limpezas regulares com

tratores, impedindo a existência de sub-bosque, criando um ambiente extremamente pobre.

Motta-Júnior (1990) comparou avifaunas de mata, cerrado e eucaliptal, constatando a pobreza

de espécies neste último, mesmo com a presença de pequeno sub-bosque de cerrado.

Marcondes-Machado & Piratelli (1992) compararam um eucaliptal com sub-bosque e um

reflorestamento com nativas, observando que as duas situações seriam propícias, pelo menos

para a manutenção de aves insetívoras. Piratelli et alii (1997) estudaram um eucaliptal

comercial, comparando-o a outro com sub-bosque, verificando a maior diversidade de aves

nesse último.

A pecuária é feita de forma extensiva, com grandes latifúndios. Quase metade dos

latifúndios do país (definidos como propriedades com mais de 1000 ha) estão na região

Centro-Oeste. Desmatamentos e queimadas ilegais, seguidos de plantio de espécies exóticas

para formação de pastos são eventos comuns, principalmente em função da fiscalização

ineficaz, conforme relatos da Polícia Florestal local. Justamente pela falta de fiscalização,

torna-se difícil até mesmo saber-se o quanto de vegetação nativa já foi destruída no Estado de

Mato Grosso do Sul.

Além da questão agropecuária, a construção de grandes represas também acarreta

prejuízos para o ambiente, promovendo alterações sobre os fatores abióticos, como clima,

solos e cursos d’água; e sobre fatores bióticos, como a vegetação e a fauna, tanto terrestre

como aquática (Espanha, 1989). Como exemplo, a construção da hidrelétrica de Balbina, no

Amazonas, acarretou alterações profundas em vários microambientes, afetando um grande

número de aves locais e das circunvizinhanças (Willis & Oniki, 1988). Na região de Três

Lagoas, o problema mais iminente é a Usina de Porto Primavera, cujo lago artificial inundará

vastas áreas de vegetação nativa, além de áreas habitadas por famílias que vivem da pesca e

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da extração do barro (oleiros) às margens do Rio Paraná, o que provavelmente acarretará

graves problemas ambientais e sociais. Os benefícios para o estado serão mínimos, já que a

maior parte da energia gerada irá para os grandes centros industriais do sudeste do Brasil.

Pouco se conhece a respeito das aves silvestres em Mato Grosso do Sul. Contreras et

alii (1993) mapearam a Serra de Maracaju (sul do estado), registrando 176 espécies. Silva

(1995c) relacionou 85 localidades na região do cerrado consideradas “minimamente

amostradas” (com mais de 80 espécimes de aves coletadas durante os últimos dois séculos).

Dentre elas, apenas seis para Mato Grosso do Sul: Rio Anambaí, Fazendas Harmonia e

Pitangueiras e municípios de Aquidauana, Campo Grande e Coxim.

Para o pantanal, Antas et alii (1993) e Antas & Nascimento (1996) monitoraram a

distribuição e os deslocamentos de Jabiru mycteria. No relatório do Censo Neotropical de

Aves Aquáticas de 1994 (Blanco & Canevari, 1994), há o registro da Estância Cayman, em

Miranda (19º51’; 19º58’ S; 56º17’; 56º24’W), tendo sido observados nesta ocasião, 678

indivíduos de 20 espécies de aves. Tubelis & Tomás (1999) estudaram a distribuição de aves

em manchas de cerradão na região da Nhecolândia, obtendo uma listagem de 147 espécies,

sendo 72 restritas a um único habitat.

Os conhecimentos são mais pobres ainda para a região de Três Lagoas, no extremo

leste do estado. Mesmo os grandes naturalistas do século passado e início deste quase não se

aventuraram por estas paragens, dadas as grandes dificuldades que outrora se encontravam

para lá chegar. Dubs (1992) relata uma das raras exceções, a passagem de Olivério Pinto em

1931 por Três Lagoas, Paranaíba e Aquidauna. Olivério Pinto publicaria em “Catálogo das

aves do Brasil” (Pinto 1938; 1944), os resultados desta sua viagem de pesquisa.

No “Inventario de humedales de la región neotropical”, Scott & Carbonell (1986) não

conseguiram informações sobre as aves da bacia do Paraná. Silva (1995a) realizou dois

períodos de um mês de estudos na região periférica da Bacia do Paraná, tendo sugerido que as

matas secas seriam mais importantes do que as matas ciliares na manutenção de espécies que

dependem de ambientes florestais nesta região. Buzeti (1997), Piratelli (1998) e Piratelli et

alii (1998a) apresentaram listagens de espécies da avifauna da região de Três Lagoas em

Congressos de Ornitologia.

Em trabalho apresentado durante o II Congresso Brasileiro de Ornitologia em Campo

Grande (MS), Willis & Oniki (1992) discutiram a utilização de ambientes interioranos pelo

homem e conseqüente desaparecimento de aves nestes ambientes. Os autores colocam como

prioridade em conservação os estudos no Mato Grosso do Sul. Também Silva (1995c) ressalta

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que cerca de 70% da região de cerrado nunca foi satisfatoriamente amostrada em termos de

avifauna; colocando Mato Grosso do Sul entre aqueles estados prioritários para estudos em

ornitologia. Ainda, este autor sugere que, para a definição de áreas de conservação nesta

região, são necessárias análises mais amplas, a nível de ecossistemas, em detrimento aqueles

estudos que foquem apenas espécies e/ou subespécies.

3. A VEGETAÇÃO

Nas comunidades vegetais, a redução da diversidade de espécies nos fragmentos

florestais pode se dar pela ausência de polinizadores e dispersores e pela extinção local de

populações restritas. Outros problemas que sofrem os fragmentos seriam a perda da

variabilidade genética pela redução do fluxo gênico; crescimento excessivo de algumas

populações em detrimento de outras; ação do vento (efeito de borda) e risco de incêndios;

presença maciça de espécies vegetais pioneiras e invasoras, impedindo o processo de sucessão

ecológica (Leitão Filho, 1992). O efeito de borda consiste na alteração das condições

microclimáticas de temperatura e umidade, afetando o meio físico por dezenas de metros,

reduzindo a fauna de invertebrados e a diversidade de plantas, acarretando por sua vez a

diminuição na abundância e diversidade de espécies de aves, principalmente grandes

frugívoros e especialistas (Willis, 1979; Bierregaard & Hoppes, 1986).

Muitas plantas dependem de animais para transferência de pólen ou dispersão de suas

sementes. Em contrapartida, as plantas oferecem “recompensas” para os animais, como pólen

e néctar para os polinizadores (Piña-Rodrigues & Piratelli, 1993) e frutos com polpa carnosa

ou sementes nutritivas para os dispersores e predadores (Morelatto & Leitão Filho, 1992).

Conforme Howe (1984), a redução na oferta de frutos poderia ocasionar redução na

biodiversidade da fauna dispersora, gerando por conseguinte, uma diminuição nas populações

de plantas que dependem destes animais para disseminar suas sementes.

Estudos das relações planta-animal-dispersor fornecem importantes informações para

a conservação e manejo das áreas (Howe, 1984). Frutos maduros apresentam diferentes

características morfológicas (síndromes de dispersão) como: cor, presença de alas, deiscência

de cápsula e apresentação de sementes com arilo, que indicam adaptações para a dispersão por

diferentes vetores (Van der Pijl, 1982). Os frutos de acordo com seu agente dispersor, são

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classificados em vários grupos, entre eles, anemocóricos (dispersão pelo vento) e zoocóricos

(dispersão por animais).

As síndromes de dispersão apresentam-se como parâmetros promissores para a análise

mais detalhada dos processos ecológicos. A presença de dominância de uma síndrome indica

que estão ocorrendo condições que propiciam seu estabelecimento. É possível pois,

diagnosticar as condições de conservação de fragmentos florestais com base na proporção das

síndromes de dispersão das espécies vegetais presentes nestes fragmentos (Piña-Rodrigues,

1994). Segundo Gentry (1982) e Stiles (1985), até 98% das plantas de sub-bosques tropicais

podem ser zoocóricas, e cerca de 1/3 das aves residentes em muitas florestas tropicais

dependem de frutos para sua alimentação (Terborgh, 1980).

4. OS ESTUDOS EM COMUNIDADES DE AVES

Comunidades ecológicas são coleções de espécies que co-ocorrem no tempo e no

espaço e que potencialmente interagem entre si. O estudo em ecologia de comunidades

focaliza os padrões entre e dentre estas coleções, bem como os processos que os geram

(McPeek & Miller, 1996).

A primeira linha de estudos em comunidades identificável na literatura é aquela que

trabalha com ecologia teórica. No início dos anos 60, Hairston et alii (1960) comentaram

sobre a estrutura de comunidades, versando sobre os fatores que limitam as populações de

diferentes níveis tróficos. Segundo os autores, embora existam fatores limitantes

característicos de cada nível, os recursos e, consequentemente, a competição normalmente

interferem nos tamanhos de populações tanto de produtores, como de herbívoros e

predadores. Ainda nesta época, MacArthur & MacArthur (1961) discutiram fatores que

afetariam a diversidade de aves. Opinam que a diversidade de plantas por si só em nada afeta

a diversidade das aves, exceto para casos como frugivoria. O perfil da vegetação (alturas

diferentes) porém, formaria mosaicos diferentes que favoreceriam a diversidade.

Também Tramer (1969) publicou uma resenha sobre diversidade em comunidades de

aves ainda nesta década. Baseado em dados obtidos em literatura, o autor procurou avaliar

comunidades de aves em fase reprodutiva em nove tipos de vegetação diferentes, sugerindo

que a variação na diversidade de espécies seria uma estratégia útil em ambientes previsíveis;

enquanto a riqueza de espécies poderia ser ajustada para ambientes imprevisíveis.

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O conceito de competição em comunidades ecológicas voltou a ser abordado por

Roughgarden (1983). Neste trabalho, o autor critica fortemente uma corrente do fim dos anos

70 e começo dos 80, quando diversos artigos questionaram a existência da competição nos

processos evolutivos de comunidades ecológicas. Roughgarden (1983) discorda deste ponto

de vista e afirma que tanto competição quanto coevolução entre competidores são forças

evolutivas importantes e atuantes, existindo diversos casos que comprovariam isto.

Voltando ao assunto de competição, Lockwood & Moulton (1994) verificaram que nas

aves introduzidas no arquipélago de Bermudas que conseguiram se estabelecer, as diferenças

morfológicas entre espécies eram maior do que se poderia esperar do acaso. Estas diferenças

então, teriam sido causadas pela competição interespecífica e que as diferenças morfológicas

teriam sido estratégias para atenuar o processo competitivo.

Cotgreave & Harvey (1994) procuraram verificar se a uniformidade da abundância em

comunidades de aves estaria relacionada com fatores bióticos e/ou abióticos. A partir de

dados obtidos em literatura de 90 comunidades de aves, analisando parâmetros de tamanho do

corpo, estrutura das guildas de alimentação e filogenia, os autores sugerem que a competição

poderia explicar os padrões encontrados.

Abrams (1996) discutiu as possíveis conseqüências de introdução e remoção de

espécies em uma comunidade sobre as demais espécies competidoras, questionando sobre a

possibilidade de se prever as alterações quanto a utilização de recursos. As alterações

evolutivas esperadas seriam basicamente no sentido de explorar recursos adicionais e/ou

especializações na exploração dos recursos de maior valor nutritivo Adicionalmente, o autor

observou que esperam-se mudanças na densidade populacional em um sistema predador-presa

quando se removem os predadores.

McPeek & Miller (1996) argumentam que os padrões observados em comunidades

naturais são resultantes tanto dos processos ecológicos como de sua história evolutiva. Ainda,

conforme estes autores, o conhecimento dos eventos evolutivos em comunidades pode

contribuir para o desenvolvimento de práticas de conservação.

Recentemente também debates teóricos sobre metodologias têm sido incrementadas

com uso de simulações. Assim, Remsen & Good (1996) abordam os problemas de se estimar

parâmetros de comunidades de aves, principalmente abundância, somente com os resultados

de capturas com redes ornitológicas.

Estudos em campo perfazem a outra linha de trabalhos envolvendo comunidades de

aves tropicais. Nesta linha, a disponibilidade de recursos alimentares para aves frugívoras tem

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sido recentemente alvo de diversas investigações. Willson (1974), rescenseando aves em

reprodução, encontrou correlação linear entre diversidade de espécies e altura e formação da

vegetação, e que a presença de espécies arbóreas seria fundamental, permitindo novas

possibilidades de exploração do ambiente e, portanto, maior diversidade de aves .

Karr (1976) associou a diversidade de aves em comunidades tropicais com a

sazonalidade e abundância dos recursos alimentares. Loiselle & Blake (1990; 1991a) fizeram

esta relação para frutos e aves frugívoras, observando a influência do ritmo de frutificação e

do gradiente altitudinal sobre a variação temporal de aves, em aspectos como abundância e

ciclos de muda e reprodução.

Blake et alii (1990a) revisaram comparativamente três métodos freqüentemente usados

para avaliar a oferta de frutos para aves, a fenologia, a estimativa de frutos caídos e a análise

da quantidade residual (frutos que permanecem na planta), ressaltando a necessidade de que

estudos sobre ciclos de abundância entre frutos e frugívoros sejam simultâneos. Blake &

Loiselle (1991b) observaram a existência de flutuações nas taxas de capturas com redes

ornitológicas relacionadas com a variação na disponibilidade de frutos em floresta tropical na

América Central.

Bierregaard (1990) e Stouffer & Bierregaard (1995) classificaram as aves de sub-

bosque capturadas com redes ornitológicas em fragmentos florestais na Amazônia, em

diversas guildas tróficas, correlacionando-as com o tamanho dos fragmentos. Verificaram a

predominância de insetívoros, que representaram até 92,8% de todos os indivíduos

amostrados, quando se incluem todos aqueles que consomem estes artrópodes, seja primária

ou secundariamente.

Diversos fatores abióticos também afetam a estrutura de comunidades de aves. Karr

(1980), comparou em termos de riqueza de espécies e estrutura trófica a avifauna de sub-

bosques tropicais, observando variações entre e dentre continentes. A maior riqueza de

espécies foi encontrada na região neotropical. Quanto às guildas, observou-se que a

distribuição de indivíduos e espécies por guildas era relativamente estável na mesma região

geográfica, mas diferente entre os continentes.

Blake et alii (1990b) e Blake & Loiselle (1992b) relacionaram a estrutura trófica de

comunidades de aves com o habitat. Constataram, em estudos na América Central, que a

diversidade de habitats influencia fortemente o número de espécies que nele podem ocorrer.

Quanto às guildas tróficas, a estação reprodutiva altera sua composição, promovendo

principalmente um aumento de insetívoros.

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A questão da fragmentação florestal e suas conseqüências para as comunidades de

aves tem sido abordada diversas vezes em trabalhos de campo após Simberloff & Abele

(1982), quase sempre voltados para conservação. Blake & Hoppes (1986) traçaram uma

relação entre a exploração de clareiras em matas fragmentadas e a oferta de alimentos nestes

ambientes. Bolger et alii (1991) discorreram sobre alguns fatores que determinam os padrões

de ocorrência de espécies de aves em fragmentos. Harris & Silva-Lopez (1992) discutiram

diretamente as conseqüências da fragmentação sobre a conservação da biodiversidade. Kattan

et alii (1994) traçaram um histórico da fragmentação florestal e extinções de espécies de aves

no oeste dos Andes na Colômbia, relatando a perda de 31% da avifauna original a partir de

1911.

Um fragmento florestal bem estudado é a Reserva Mata de Santa Genebra, em

Campinas (SP). Neste local, Silva et alii (1992) avaliaram a avifauna, comparando seus

dados, obtidos a partir de 1982, com aqueles coletados na década de 70 (Willis, 1979). Foi

verificado que a maioria das aves que desapareceram neste período era de espécies insetívoras

que exploram o estrato intermediário e o sub-bosque da mata. Em contrapartida, a maior parte

das colonizadoras era formada por aves que exploram a periferia das matas a procura de

alimentos diversos, bem mais generalistas que as primeiras. Neste mesmo local, mais

recentemente, Aleixo & Vielliard (1995) relataram a redução de 54% da avifauna de interior

de mata, com a extinção local de 30 espécies, restando apenas 65 espécies (48,5%) residentes

na mata. O fato foi associado ao grau de isolamento e à degradação da cobertura vegetal nesta

Reserva.

Em recenseamentos de aves realizados no Estado de São Paulo, Willis (1979) e Willis

& Oniki (1993) constataram a redução mesmo no número de espécies que habitam áreas

abertas naturais (clareiras e bordas de matas), lembrando que espécies que exploram estes

ambientes não necessariamente se adaptam a pastos e plantações, já que estes são ambientes

recentes criados pelo homem.

Na região amazônica, Lovejoy et alii (1986) e Bierregaard et alii (1992) observaram

que, após a fragmentação de uma área de vegetação nativa, havia um súbito aumento nas

taxas de capturas com redes ornitológicas, notadamente nos menores fragmentos restantes,

mostrando o afluxo de novos indivíduos para estes fragmentos. Posteriormente entretanto,

ocorria uma drástica diminuição no número de capturas, principalmente dos antigos

residentes, o que refletiria a redução de suas populações, provavelmente em função do contato

com estes novos indivíduos, gerando processos competitivos mais intensos.

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Hagan et alii (1996) desenvolveram e testaram um modelo visando explicar os

primeiros efeitos da fragmentação sobre a densidade de aves em reprodução. Verificaram um

aumento inicial na densidade, provocada pelo deslocamento dos indivíduos para os habitats

restantes. A seguir, houve correlação inversa entre densidade e sucesso reprodutivo, o que os

autores explicaram pelas alterações orgânicas e comportamentais causadas pela alta

densidade. Por fim, ressaltam a importância da manutenção de grandes áreas contínuas de

vegetação nativa, cujos interiores estariam livres dos efeitos da dinâmica de borda.

Também com uso de redes ornitológicas durante vários anos seguidos, Peach et alii

(1996) estimaram o sucesso reprodutivo de diversos Passeriformes na Inglaterra e Irlanda.

Neste estudo, os autores observaram as variações anuais nas populações de adultos e na taxa

de recrutamento (proporção de jovens capturados) durante cinco anos.

Com esforço mais concentrado (18 meses), Wunderle (1995) monitorou uma

comunidade de aves em Porto Rico avaliando as conseqüências de uma grande perturbação

natural - a passagem de um furacão - sobre aquela comunidade. Entre outros resultados,

mostrou que a descaracterização da vegetação levou a alterações nos padrões das guildas das

comunidades, que só se restabeleceria com a recuperação natural da floresta.

Estrada et alii (1997) estudaram no México os efeitos da ação antrópica sobre as aves,

comparando áreas perturbadas com não-perturbadas. Entre seus resultados, detectaram que

80% das espécies amostradas ocorriam em agriculturas, e 79% em ambientes florestais, e que

a riqueza de espécies estava associada à distância de isolamento e à continuidade da ação

humana nos fragmentos florestais.

Com a utilização de ninhos e ovos artificiais, Keyser et alii (1998) avaliaram os efeitos

da fragmentação sobre a predação de ovos, concluindo que a atividade dos grandes

predadores aumentou conforme a floresta tornava-se mais fragmentada. Este fato poderia

então ser parcialmente responsável pelo declínio das populações de Passeriformes

neotropicais que aninham no solo, quando ocorre a fragmentação.

Petit et alii (1999) estudaram comunidades de aves no Panamá, amostrando um

gradiente desde floresta densa até áreas agrícolas. Com seus resultados, os autores concluíram

que mesmo áreas alteradas teriam valor ecológico para diversas espécies de aves, e que

programas de conservação em regiões tropicais deveriam também dar atenção às áreas

agrícolas, observando principalmente condições de reprodução e sobrevivência das espécies

que habitam estes ambientes.

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OBJETIVOS

1. OBJETIVOS GERAIS

Este trabalho tem como objetivos avaliar características ecológicas (abundância,

diversidade, guildas de alimentação, oferta de recursos alimentares) e biológicas (épocas de

reprodução e muda de penas e dados morfométricos) em comunidades de aves de sub-bosque

de várias formações vegetais na região de Três Lagoas (MS) e suas relações com a vegetação

(disponibilidade de alimentos), ambiente físico (clima) e fatores antrópicos (descaracterização

da cobertura vegetal nativa).

2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Verificar a eficiência das redes de malha 36 mm na captura de aves de sub-bosque da

região

• Conhecer a avifauna de sub-bosque da região, estimando tamanho das populações

• Determinar a abundância relativa das espécies e famílias capturadas

• Comparar diversos tipos de ambientes quanto à abundância e riqueza de espécies

• Verificar associação de aves (especificidade) com os diferentes ambientes

• Observar similaridade entre espécies conforme ambientes que exploram

• Obter dados morfométricos das aves da região

• Determinar guildas tróficas e suas variações entre locais e estações do ano

• Avaliar oferta de alimento para aves frugívoras

• Determinar as estações de reprodução e substituição de penas ao longo do ano

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MATERIAL E MÉTODOS

1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS

Os trabalhos de campo ocorreram entre agosto de 1994 e dezembro de 1996, tendo

sido realizados em Hortos Florestais administrados pela Empresa Chamflora Três Lagoas

Agroflorestal Ltda., abrangendo um total de 14 pontos de coletas (Figura 1.1). Os limites

geográficos da área foram, aproximadamente, os seguintes: 20o 16’ S e 51o 14’ W (norte); 21o

00’ S e 52o 25’ W (oeste) e 21o 17’ S e 51o 51’ W (sul). O extremo leste foi o Rio Paraná..

Para a denominação destes locais, foram adotados os nomes dos tipos vegetacionais, a partir

da descrição proposta por Marília Noronha (manuscrito não publicado).

As coletas foram realizadas em duas etapas (Tabela 1). Na primeira etapa, de agosto

de 1994 a outubro de 1995, foram marcados cinco locais diferentes, visitados mensalmente,

sendo quatro pertencentes ao Horto Barra do Moeda, no município de Três Lagoas - MS,

cujas coordenadas geográficas são 20o 59’ S; 51o 46’ W e um situado no Horto Rio Verde, no

município de Brasilândia (MS), cujas coordenadas geográficas são 20o 55’ S; 52o 08’ W

(Figura 1).

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22

Figura 1. Localização da região estudada.

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23

No Horto Barra do Moeda, área de 5698 ha, existem várias formações vegetais

nativas, como matas ciliares, cerrado, cerradão, campos sujos, (cerca de 2000 ha de área de

preservação), além de cerca de 40 talhões de eucalipto (Eucalyptus spp. – 2980 ha). Neste

horto, os pontos foram definidos em áreas de cerrado sensu lato e vegetação associada a curso

d’água (conforme descrição de Marília Noronha – manuscrito não publicado):

1. Cerrado: cerrado sensu stricto - situado em um fragmento com cerca de 340 ha, com

árvores esparsas, cobrindo mais de 10% da área do solo; com alturas médias de 4 m

aproximadamente. Os arbustos (plantas lenhosas com altura total entre 0,5 e 2 m, cobrindo

mais de 40% da área do solo. O transecto foi lançado a partir de 20 m da borda em uma

inclinação de 30º aproximadamente.

2. Cerradão: vegetação com predomínio de árvores, com altura de cerca de 8 m, sendo que a

projeção vertical das copas ultrapassa 60%. Foi delimitado um transecto paralelo à borda, a

cerca de 50 m. Está situado no mesmo fragmento onde se localiza o Cerrado.

3. Mata ciliar: floresta que acompanha o Rio Paraná, cujo dossel apresenta árvores mais altas

que o cerradão, com certo grau de caducidade. A localização desta floresta a situa dentre

aquela vegetação que desaparecerá com o advento do lago artificial da Usina Hidrelétrica

de Porto Primavera, prevista para os próximos anos. Trata-se de uma faixa estreita de mata,

cortada por uma estrada vicinal. Foram lançados transectos nos dois lados da estrada, a

uma distância de 20 m um do outro, nos quais faz-se um revezamento. Dada a sua

proximidade, foram considerados como um único ponto de coleta.

4. Eucaliptal: talhão de eucaliptos comercial, no qual são efetuadas limpezas periódicas com

uso de tratores. A 50 m da borda, definiu-se um transecto paralelo à esta.

No Horto Rio Verde (36784 ha), além dos talhões de eucalipto (27338 ha), encontram-

se também áreas de preservação, onde predominam cerrado, matas secundárias, cerradão e

matas ciliares. Foi estudado neste Horto:

5. Cerradão degradado: existência de algumas árvores altas (“testemunhas”), com predomínio

de árvores baixas e arbustos. A degradação desta área pode ser constatada principalmente

pelas marcas de queimadas deixadas na vegetação. O local situa-se em uma reserva de

cerca de 800 ha, cortada por uma estrada vicinal precária. A 50 m desta estrada e paralelo a

ela, lançou-se um transecto.

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A segunda etapa do trabalho foi iniciada em novembro de 1995 e concluída em

dezembro de 1996. Foram amostrados dez pontos diferentes, visitados bimensalmente. Os

locais estudados nesta segunda etapa foram os seguintes (Figura 2):

a) Horto Barra do Moeda - com dois pontos de coleta.

3. Mata ciliar: foi dada continuidade nas coletas neste local.

6. Cerradão - na mesma reserva de 340 ha, em condições semelhantes ao cerradão da primeira

etapa. O transecto foi lançado paralelamente à borda, a 300 m no interior da vegetação.

b) Horto Buriti (4020 ha) (20º 50’ S; 51º 40’ W)

7. Cerradão: no Horto Buriti, foi estabelecido um ponto de coleta, situado a 300 m da borda

da mata de uma reserva de cerca de 400 hectares. Trata-se de um cerrado denso, onde se

observa uma grande quantidade de espécies vegetais com frutos carnosos.

c) Horto Matão (16903 ha) (20º 20’S; 51º 40’W)

8. e 9. Dois pontos de coleta foram delimitados neste horto, em uma mesma reserva

caracterizada por vegetação baixa e tortuosa, típica dos ambientes de cerrado. Há marcas

de fogo no local. Os pontos situavam-se a aproximadamente 300 m da borda da mata.

d) Horto Palmito (2081 ha) (20º 50’S; 51º 40’W)

10. Eucaliptal com sub-bosque: talhão de eucalipto onde o sub-bosque desenvolveu-se

plenamente, ocorrendo espécies nativas como Miconia e Xylopia. A distância da borda

era de aproximadamente 100m.

e) Horto Rio Verde. Existiram dois pontos de coleta neste local.

11. Cerradão degradado (20º 50’ S; 51º 40 W): a vegetação mescla árvores baixas com outras

mais altas. A presença de fogo recente era evidenciada pelas marcas de mais de 2 m de

altura deixadas nas árvores e pela grande quantidade de cipós e bambus. O transecto

situava-se a 300 m no interior da vegetação.

12. Mata degradada (20º 40’ S; 51º 40’ W). Um pequeno fragmento próximo à margem

esquerda do Rio Verde, tendo sido isolado da mata ciliar que acompanha este rio; bastante

alterado e descaracterizado. Dado o tamanho exíguo deste fragmento, o transecto tinha

início a 20 m da bordadura da mata.

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f) Horto Santa Luzia (3690 ha) (21º 00’ S; 51º 50’ W).

13. Cerrado: Situado a 200 m no interior da vegetação, cortado paralelamente à borda.

14. Cerrado degradado: local sujeito à fogo recente, com marcas de queimada nas árvores e

uma grande quantidade de bambus evidenciam a degradação deste local. A distância deste

transecto, paralelo à borda, era de cerca de 50m.

2. CLIMA

Na região de Três Lagoas, para o período amostrado, registrou-se a temperatura média

de 30,97oC. Entre os meses de julho/94 e julho/95, registraram-se as condições climáticas nos

Hortos Barra do Moeda e Rio Verde descritas nas Figuras 3. A, B e C), que enquadram-se na

climatologia descrita por Pinto (1994) para o cerrado.

Em relação à temperatura, este último Horto apresentou valores mais elevados.

Constatou-se um padrão onde as menores temperaturas ocorreram em junho e julho e as mais

elevadas, em dezembro. O mês mais chuvoso foi dezembro e o mais seco, julho. Assim,

ficaram caracterizadas duas estações bem definidas, inverno seco e com temperaturas mais

amenas, de maio a setembro; e verão quente e chuvoso entre outubro e abril.

A província do cerrado tem um clima tropical com precipitação variando de 750-2000

mm/ano em média, com estação seca durando cerca de cinco meses (meados de maio a

meados de outubro), podendo ser enquadrado no clima Aw e Cwa de acordo com o sistema de

Köppen (Pinto, 1994). No período de outubro a abril as precipitações em suas áreas podem

variar entre 1000 a 1500 mm de chuvas, com distribuição relativamente uniforme. Durante a

estação seca, que se estende por cerca de 5 meses, as chuvas são escassas, provendo umidade

irregular. A temperatura média anual neste ecossistema, segundo Freitas (1971), seria de

22ºC.

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Tabela 1. Denominação adotada e localização dos pontos utilizados durante as coletas de dados.

NÚME

RO

DENOMINA

ÇÃO

VEGETAÇÃO HORTO MUNICÍPIO PERÍODO DE COLETA

01 CERRADO Cerrado Barra do Moeda Três Lagoas Julho/94 a Outubro/95

02 CERRADÃO Cerradão Barra do Moeda Três Lagoas Julho/94 a Outubro/95

03 PESQUEIRO mata ciliar Barra do Moeda Três Lagoas Julho/94 a Outubro/95

04 EUCALIPTAL eucaliptal limpo Barra do Moeda Três Lagoas Agosto/94 a Outubro/95

05 LAJEADO Cerradão degradado Rio Verde Brasilândia Agosto/94 a Outubro/95

06 HBM1 Cerradão Barra do Moeda Três Lagoas Novembro/95 a Dezembro/96

07 HBUR Cerradão Buriti Três Lagoas Novembro/95 a Dezembro/96

08 HMAT1 Cerrado Matão Selvíria Novembro/95 a Dezembro/96

09 HMAT2 Cerrado Matão Selvíria Novembro/95 a Dez/96 Dezembro/96

10 HPAL Eucaliptal sujo Palmito Três Lagoas Novembro/95 a Dezembro/96

11 HRV1 Cerradão degradado Rio Verde Brasilândia Novembro/95 a Dezembro/96

12 HRV2 Mata degradada Rio Verde Brasilândia Novembro/95 a Dezembro/96

13 HSL1 Cerrado Santa Luzia Três Lagoas Novembro/95 a Dezembro/96

14 HSL2 Cerrado degradado Santa Luzia Três Lagoas Novembro/95 a Dezembro/96

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Figura 2. Aspecto de alguns dos pontos estudados. A = Horto Matão (HMAT); B = Horto Santa Luzia (HSL1); C = Horto Buriti (HBUR); D =Horto Rio Verde (Lajeado); E = Horto Santa Luzia (HSLUZ).

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27

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Set/94 ou

tno

vde

z jan fev mar abr

mai jun jul ago set

Out/95 no

vde

z

Um

idad

e re

lati

va d

o ar

(%

)

B. Moeda R. Verde

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Jul/9

4

Ago/94

Set/94

Out/94

Nov/94

Dez/94

Jan/9

5

Fev/95

Mar/

95

Abr/95

Mai/

95

Jun/9

5

meses do ano

tem

pera

tura

(ºC

)

B. Moeda R. Verde

0

50

100

150

200

250

300

Jul/9

4

Ago/94

Set/94

Out/94

Nov/94

Dez/94

Jan/9

5

Fev/95

Mar

/95

Abr/95

Mai/

95

Jun/9

5

meses do ano

Plu

vios

idad

e (m

mH

g)

B. Moeda R. Verde

Figura 3. Medidas de (A) temperatura (ºC); (B) umidade relativa

do ar (%) e (C) precipitação (mmHg) médias registradas nos

Hortos Barra do Moeda e Rio Verde, de Julho/94 a Junho/95.

Fonte: Chamflora Três Lagoas Agroflorestal Ltda.

A B

C

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3. CAPTURAS

Foram efetuadas capturas utilizando-se em cada local de 10 a 16 redes ornitológicas

(“mist nets”) de 12 x 2 m, dispostas em transectos lineares (adaptado da metodologia de

Bierregaard, 1990), totalizando de 100 a 188 m de redes em cada local, desde cerca de 20 m

da borda até a 300 m no interior da vegetação. Para fins de comparações, foi utilizado o

índice de horas-rede1.

Com o propósito inicial de se reduzir a seleção de aves pelo porte, e para fins de

comparação, dois tipos de malhas foram utilizadas, 36 mm e 61 mm, sempre dispostas

alternadamente. As redes eram abertas ao nascer do sol, em horários que variaram conforme

as estações do ano, e fechadas às 15h00min. Para se comparar a eficiência (aqui definida

como o maior número de capturas e maior diversidade de espécies capturadas), consideram-se

o peso e o comprimento total dos indivíduos amostrados.

As anilhas metálicas utilizadas na marcação das aves foram cedidas pelo

CEMAVE/IBAMA e colocadas no tarso das aves com alicate de ponta fina. Quando

necessária, a identificação dos indivíduos capturados foi feita com auxílio de guias de campo

(Frisch, 1981; Dunning, 1982; Meyer de Schauensee, 1982, Hilty & Brown, 1986; Dubs

1992 e Sick, 1985 e 1997), além de documentação fotográfica e coleta e taxidermia dos

espécimes que morreram acidentalmente nas redes. As aves taxidermizadas foram depositadas

no Laboratório de Zoologia do Departamento de Ciências Naturais da Univ. Fed. Mato

Grosso do Sul, em Três Lagoas (MS). A nomenclatura e a seqüência das espécies segue o

adotado por Sick (1997).

Dados morfométricos como comprimentos de asa, cauda e total foram obtidos com

régua metálica. Medidas de cúlmem, largura e altura do bico, e tarso foram registradas com

paquímetro metálico. O peso foi obtido pesando-se as aves acondicionadas em sacos de pano,

descontando-se depois o peso do mesmo, com auxílio de dinamômetros (“pesolas”), com

capacidade de 50, 100, 300 e 1000g. Para anotações destes eventos, foi utilizada uma ficha de

campo padrão.

A diversidade de espécies foi estimada pelo Índice de Diversidade de Shannon-

Weaver. Para determinação de similaridade entre os ambientes foi empregada a Distância

Euclidiana e Análise de Cluster (Ludwig & Reynolds, 1988). As correlações entre diversos

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eventos foram avaliadas através dos coeficientes de Spearman e de Pearson. O teste de

aderência adotado foi o Qui-quadrado e, para comparações de médias, utilizaram-se t-Student

e Análise de Variância (Vieira & Hoffman, 1980; Ludwig & Reynolds, 1988; Fowler &

Cohen, 1995; Sokal & Rohlf, 1995).

Para determinação da dieta, as aves capturadas foram mantidas por cerca de 10

minutos em sacos de pano contendo papel filtro em seu interior. As fezes e regurgitos obtidos

com este procedimento foram acondicionas em recipientes de plástico etiquetados contendo

nome da espécie, sexo, data e local de coleta e trazidas para laboratório, onde foram triadas

com auxílio de microscópio estereoscópico e estiletes de ponta fina. O material em bom

estado foi acondicionado em formol a 10%, enquanto o material muito fragmentado foi

descartado após analisado.

Em relação àquelas espécies capturadas das quais não se obtiveram amostras de sua

dieta, foi considerado como hábito alimentar principal o descrito por Sick (1997). Também,

espécies de beija-flores de hábitos preferencialmente nectarívoros assim foram considerados,

mesmo em não se encontrando néctar em suas fezes, alimento de rápida digestão.

A determinação do período reprodutivo (fase de incubação) foi feita pela constatação

de placa de incubação no ventre das aves, tendo sido utilizadas duas fases adaptadas do

Manual de Anilhamento de Aves Silvestres (IBAMA, 1994):

1. a vascularização é evidente, algumas pregas estão presentes, e algum fluído abaixo da pele

começa a tornar-se perceptível, dando à área uma coloração rosácea-opaco, contrária à

coloração vermelha-escura dos músculos.

2. a vascularização é extrema, a placa de incubação é espessa e enrugada, há muito mais

fluído embaixo da pele. Este é o grau máximo de extensão da placa de incubação e

corresponde, aproximadamente, ao período em que a ave está de fato incubando os ovos.

A muda de penas foi constatada pela presença de canhões de penas novas nas rêmiges

secundárias, nas retrizes e nas penas de contorno. Considerando-se que a muda das primárias

abrange todo o período individual, a substituição destas penas foi considerada como base para

análise da muda de asa, tendo sido levado em conta somente mudas simétricas (mudas não-

acidentais) (Mallet-Rodrigues et alii, 1995).

1 O índice horas-rede é calculado multiplicando-se o número de horas de trabalho de cada sessão de anilhamento

pelo número de redes utilizadas.

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A maturação sexual foi determinada pela presença da comissura labial (apresentada

nos jovens), estrutura de cor clara e sensível, localizada na base da maxila e da mandíbula,

tendo os indivíduos sido classificados em jovens ou adultos.

4. AVALIAÇÃO DA OFERTA DE ALIMENTO

Para estes estudos, apenas dois hortos foram amostrados, Horto Barra do Moeda (três

pontos de coleta), e Horto Rio Verde (um ponto de coleta), no período de julho de 1994 a

junho de 1995. Foram utilizadas as seguintes áreas, cujos nomes e números entre parênteses

correspondem aos locais anteriormente descritos:

(a) reserva de cerca de 380 ha, onde se amostrou uma área de cerrado (Cerrado - 1)

e outra de cerradão (Cerradão - 2), no Horto Barra do Moeda.

(b) mata ciliar (Pesqueiro - 3), às margens do Rio Paraná, no Horto Barra do

Moeda.

(c) Horto Rio Verde, onde foi amostrada uma reserva de cerca de 950 ha, com

instalação de uma parcela em área de cerradão degradado (Lajeado - 5).

Nestes locais, inicialmente foi efetuado um levantamento florístico preliminar,

instalando-se em cada área uma parcela medindo 50 x 10 m dividida em sub-parcelas de 5 m

de largura e 10 m de comprimento, perfazendo um total de quatro parcelas (Figura 4).

Foram realizadas coletas de material botânico com podão e tesoura de poda, com os

quais confeccionaram-se excicatas para posterior identificação. Este material foi enviado para

especialista na Universidade Federal de Viçosa, tendo sido depositado no herbário daquela

Instituição. Duplicatas foram entregues ao Departamento de Ciências Naturais/CEUL/UFMS,

sendo incorporadas ao herbário local. As síndromes de dispersão foram estabelecidas com

base em observações de campo e literatura (Van der Pijl, 1982; Lorenzi, 1992).

Os estudos de fenologia foram realizados nas plantas ocorrentes nas parcelas

anteriormente citadas, em indivíduos marcados com plaquetas plásticas numeradas. Os

registros de acompanhamento fenológico foram realizados em plantas com menos de três m

de altura (Loiselle & Blake, 1994). Os seguintes eventos fenológicos foram registrados

(adaptado de Gribel & Hay, 1993): (a) frutos em desenvolvimento; (b) frutos maduros.

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Figura 4. Esquema de uma parcela

10m

50m

10m5m

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. ECOLOGIA DE COMUNIDADES

1.1 Eficiência das redes

Após 13468 horas-rede, obtiveram-se 1295 capturas válidas1, das quais 784 (60,6%)

com redes de 36mm e 511 (39,4%) com redes de 61mm (X2 = 28,96; p = 0,01).

Considerando-se 101 espécies capturadas, 92 (91,2%) foram apanhadas nas redes de malha

menor, enquanto as redes de 61mm amostraram 69 (67,6%) destas espécies (Tabela 1.1).

Tabela 1.1. Indivíduos (incluindo recapturas) e espécies capturadas, ordenadas conforme

número de capturas, com redes de malhas 36 e 61mm. (s1% = significativo a

1%; s0,5% = significativo a 0,5%; ns = não-significativo).

ESPÉCIES 36mm 61mm total X2 Significância

Basileuterus flaveolus 103 43 146 12,329 s0,5%

Cnemotriccus fuscatus 58 24 82 7,049 s0,5%

Pipra fasciicauda 47 20 67 5,440 s1%

Dysithamnus mentalis 18 3 21 5,357 s1%

Leptotila verreauxi 3 14 17 3,559 s1%

Poecilurus scutatus 12 1 13 4,654 s1%

Vireo chivi 11 2 13 3,115 s1%

Platyrhinchus mystaceus 12 0 12 6,000 s1%

Camptostoma obsoletum 10 1 11 3,682 s1%

Amazilia fimbriata 8 1 9 2,722 s1%

Piaya cayana 0 7 7 3,500 s1%

Thamnophilus punctatus 51 34 85 1,700 ns

Saltator similis 42 38 80 0,100 ns

1 Não se registrou o número da rede onde ocorreram algumas das capturas, sendo então desconsideradas paraesta análise.

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ESPÉCIES 36mm 61mm total X2 Significância

Turdus leucomelas 44 35 79 0,513 ns

Momotus momota 31 43 74 0,973 ns

Turdus amaurochalinus 23 27 50 0,160 ns

Casiornis rufa 21 16 37 0,338 ns

Myiarchus tyrannulus 18 16 34 0,059 ns

Tachyphonus rufus 19 10 29 1,397 ns

Sittasomus griseicapillus 13 11 24 0,083 ns

Cyclarhis gujanensis 13 6 19 1,289 ns

Leptotila rufaxilla 7 12 19 0,658 ns

Claravis pretiosa 6 11 17 0,735 ns

Eucometis penicillata 11 5 16 1,125 ns

Dendrocolaptes platyrostris 9 6 15 0,300 ns

Hemitriccus margaritaceiventer 12 3 15 2,700 ns

Leptopogon amaurocephalus 11 4 15 1,633 ns

Columbina talpacoti 5 9 14 0,571 ns

Thamnophilus doliatus 6 8 14 0,143 ns

Coryphospingus cucullatus 10 3 13 1,885 ns

Nonnula rubecula 7 6 13 0,038 ns

Lepidocolaptes angustirostris 6 6 12 - ns

Taraba major 4 8 12 0,667 ns

Cyanocorax chrysops 5 6 11 0,045 ns

Automolus leucophthalmus 4 6 10 0,200 ns

Arremon flavirostris 4 5 9 0,056 ns

Elaenia mesoleuca 7 2 9 1,389 ns

Myiodinastes maculatus 4 5 9 0,056 ns

Campylorhamphus trochilirostris 2 6 8 1,000 ns

Corythopis delalandi 5 3 8 0,250 ns

Nystalus maculatus 2 6 8 1,000 ns

Lathrotriccus euleri 4 2 6 0,333 ns

Basileuterus hypoleucus 5 0 5 2,500 ns

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35

ESPÉCIES 36mm 61mm total X2 Significância

Elaenia flavogaster 2 3 5 0,100 ns

Empidonomus varius 2 3 5 0,100 ns

Monasa nigrifrons 2 3 5 0,100 ns

Pitangus sulphuratus 3 2 5 0,100 ns

Synallaxis frontalis 4 1 5 0,900 ns

Thraupis sayaca 4 1 5 0,900 ns

Elaenia parvirostris 2 2 4 - ns

Galbula ruficauda 3 1 4 0,500 ns

Hylocharis chrysura 4 0 4 2,000 ns

Myiopagis viridicata 4 0 4 2,000 ns

Tangara cayana 3 1 4 0,500 ns

Veniliornis passerinus 3 1 4 0,500 ns

Antilophia galeata 2 1 3 0,167 ns

Chloroceryle americana 3 0 3 1,500 ns

Nyctidromus albicollis 2 1 3 0,167 ns

Pachyramphus polychopterus 2 1 3 0,167 ns

Picumnus sp. 3 0 3 1,500 ns

Thalurania furcata 3 0 3 1,500 ns

Thlypopsis sordida 2 1 3 0,167 ns

Thraupis palmarum 2 1 3 0,167 ns

Brachygalba lugubris 2 0 2 1,000 ns

Chlorostilbon aureoventris 1 1 2 - ns

Colaptes melanochloros 1 1 2 - ns

Coccyzus melacoryphus 1 1 2 - ns

Crypturellus tataupa 0 2 2 1,000 ns

Formicivora rufa 2 0 2 1,000 ns

Neopelma palescens 2 0 2 1,000 ns

Oryzoborus angolensis 2 0 2 1,000 ns

Picumnus guttifer 1 1 2 - ns

Serpophaga subcristata 2 0 2 1,000 ns

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36

ESPÉCIES 36mm 61mm total X2 Significância

Tyrannus melancholicus 1 1 2 - ns

Zonotrichia capensis 2 0 2 1,000 ns

Antrachothorax nigricollis 1 0 1 0,500 ns

Campephilus melanoleucos 1 0 1 0,500 ns

Chrysolampis mosquitus 1 0 1 0,500 ns

Colibri serrirostris 1 0 1 0,500 ns

Columbina minuta 1 0 1 0,500 ns

Cranioleuca vulpina 0 1 1 0,500 ns

Dendrocolaptes picumnus 0 1 1 0,500 ns

Geotrygon montana 1 0 1 0,500 ns

Glaucidium brasilianum 0 1 1 0,500 ns

Habia rubica 1 0 1 0,500 ns

Hydropsalis brasiliana 0 1 1 0,500 ns

Myiarchus ferox 0 1 1 0,500 ns

Myiophobus fasciatus 1 0 1 0,500 ns

Phaethornis pretrei 1 0 1 0,500 ns

Phyllomyias fasciatus 1 0 1 0,500 ns

Picumnus cirratus 1 0 1 0,500 ns

Piranga flava 1 0 1 0,500 ns

Polioptila domicola 1 0 1 0,500 ns

Ramphocelus carbo 1 0 1 0,500 ns

Rupornis magnirostris 1 0 1 0,500 ns

Synallaxis albescens 1 0 1 0,500 ns

Tityra cayana 0 1 1 0,500 ns

Tolmomyias sulphurescens 1 0 1 0,500 ns

Trichothraupis melanops 0 1 1 0,500 ns

Turdus nigriceps 1 0 1 0,500 ns

Xiphorhynchus guttatus 1 0 1 0,500 ns

TOTAL DE CAPTURAS 784 511 1295

TOTAL DE ESPÉCIES 92 69 101

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37

Portanto, redes de malha 36mm capturaram o maior número de indivíduos e de

espécies. Por exemplo, Platyrhinchus mystaceus, uma das menores espécies, somente foi

capturada com este tipo de rede. Entretanto, para as maiores espécies, as redes de 61mm

foram mais eficientes, como é o caso de Piaya cayana (capturada apenas nestas redes),

Momotus momota, Leptotila verreauxi, L. rufaxilla e Claravis pretiosa, além de alguns

Passeriformes como Taraba major e Automolus leucophthalmus. Pode-se assumir que as

redes de malha 36mm foram mais eficientes para a maioria das espécies capturadas.

Para nove espécies detectaram-se diferenças estatisticamente significativas quanto ao

número de indivíduos capturados nos dois tipos de rede. Destas, sete foram mais capturadas

com redes de 36mm (Amazilia fimbriata, Dysithamnus mentalis, Cnemotriccus fuscatus,

Camptostoma obsoletum, Platyrhinchus mystaceus, Pipra fasciicauda, Basileuterus flaveolus,

Vireo chivi e Poecilurus scutatus) e duas com malha de 61mm (Piaya cayana e Leptotila

verreauxi).

Quanto aos tipos de vegetação estudados, em praticamente todos eles as redes de

36mm obtiveram o maior número de capturas, embora nem sempre as diferenças tivessem

sido estatisticamente significativas (Tabela 1.2).

Tabela 1.2. Tipos de vegetação, esforço amostral e número de capturas com redes de 36 e

61mm.

VEGETAÇÃO Horas-

rede

36mm 61mm TOTAIS X2 Signifi

cância

Cerradão 3341,1 232 115 347 19,72 1%

Mata ciliar 2378,0 132 123 255 0,16 ns

Cerrado 3074,2 198 124 322 8,50 1%

Eucaliptal comercial 770,4 8 8 16 - -

Eucaliptal com sub-bosque 632,9 19 22 41 0,11 ns

Cerradão degradado 1958,0 128 80 208 5,54 5%

Floresta degradada 708,8 30 20 50 1,00 ns

Cerrado degradado 602,0 38 19 57 3,17 ns

TOTAIS 13465,4 785 511 1296 5%

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38

Jenni et alii (1996), trabalhando somente com redes de 36mm, discutiram fatores que

poderiam favorecer o escape das redes, considerando-se a fuga após a captura e a evitação em

vôo. Os autores concluem que espécies diferentes (morfologia e massa corporal) e condições

climáticas (vento, sombra) podem proporcionar respostas de fuga distintas. Em contrapartida,

o tipo de ambiente não teria influenciado, embora em áreas abertas as aves teriam mais

facilidade em enxergar e evitar as redes.

Em relação à morfologia, as redes de 36mm capturaram aves de comprimento total

variando de 10 a 450 mm (média = 164; d.p. = 64,7), tendo sido mais eficiente para aquelas

entre 100 e 149 mm. O segundo tipo de malha amostrou indivíduos variando de 83 a 490 mm

(média = 199; d.p. = 80,3), com maior eficiência entre 100 e 249mm. Mesmo nesta última

classe entretanto, as redes de 36mm foram mais eficientes (Figura 1.1).

Quanto à massa corporal, aves de 2,5g a 265g foram capturadas com as redes de malha

menor (média = 24,5; d.p. = 25,5). Com as redes de malha 61mm, as massa corporais

extremas foram 4,5g e 186g (média = 36g; d.p. = 33,8g). Ambos os tipos foram mais

eficientes para aves de 10 a 20g, classe em que as redes de 36mm capturaram o maior

número de indivíduos.

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39

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

menos

de 99

100-

149

150-

199

200-

249

250-

299

300-

349

350-

399

400-

449

450-

500

comprimento total (mm)

mero

de c

ap

tura

s36m m

61m m

0

50

100

150

200

250

300

350

400

menos

de 10

g

10-2

0g

20-3

0g

30-4

0g

40-5

0g

50-6

0g

60-7

0g

70-8

0g

80-9

0g

90-1

00g

mais d

e 100

g

peso (g)

núm

ero

de

captu

ras

36m m

61m m

Figura 1.1. Eficiência de redes de malhas 36 e 61mm na captura de aves, com relação ao

comprimento total (A) e ao peso (B).

A

B

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MacArthur & MacArthur (1974) sugeriram que um dos motivos pelos quais uma ave

pode não ser amostrada quando se usam redes é o tamanho; ela pode ser grande ou pequena

demais para se emaranhar nas malhas das redes. Jenni et alii (1996) argumentaram que a

massa corporal e o tamanho do crânio seriam mais importantes do que o comprimento total na

determinação das taxas de capturas, considerando-se a probabilidade de um indivíduo ter sua

cabeça emaranhada nas malhas.

Karr (1981) propôs que as redes de malha 36mm seriam mais efetivas na captura de

aves para a maior parte dos ecossistemas terrestres. De fato, estas redes têm sido amplamente

utilizadas em trabalhos mais recentes (Karr, 1980; Blake & Loiselle, 1991a; Loiselle & Blake,

1994). Paulo T. Z. Antas (com. pessoal) pondera que redes de malha 61mm incrementariam

particularmente a captura de aves de maior porte, como Columbídeos, cujo número de

capturas seria subestimado utilizando-se somente redes de 36mm.

Pardieck & Waide (1992) entretanto, observaram que na maioria dos trabalhos

envolvendo capturas, o tipo de malha não é citado. De 20 estudos sobre comunidades de aves

que os autores revisaram, em apenas três o tamanho da malha foi especificado. Estes mesmos

autores compararam redes de 30 e 36mm em Porto Rico, considerando somente a massa dos

indivíduos capturados. Obtiveram 530 capturas, sendo 56% delas nas malhas de 30mm.

Houve também diferenças quanto às classes de peso e os autores concluem que, para estudos

sobre comunidades, o tipo de malha deve efetivamente ser considerado, o que seria um fator a

reduzir os erros de amostragem envolvidos nesta metodologia.

O uso simultâneo de dois tipos de redes tem a vantagem de aumentar a estimativa de

abundância para algumas espécies, embora na maioria dos casos, as redes de malha 36mm

foram mais eficientes. Quanto à diversidade de espécies, o uso isolado das redes de 36mm

pode produzir praticamente os mesmos resultados do que quando do uso simultâneo de

ambas. Utilizando-se somente redes de 36mm, pode-se aumentar as taxas de capturas de uma

maneira geral, particularmente quando existe grande densidade de aves de menor tamanho, o

que é o caso de sub-bosques tropicais. O uso das redes de 61mm não aumentou as taxas de

capturas, exceto para algumas espécies maiores e com maior massa. Neste caso particular, o

uso das duas redes simultaneamente é recomendado.

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41

1.2. Locais de coletas

Foi realizado um esforço amostral de 13468 horas-rede, tendo sido obtidas 1306

capturas, das quais 258 (19,75%) recapturas, somando 1048 indivíduos capturados. Destes, 84

(8,01%) não foram anilhados. Portanto, 964 indivíduos (91,98%) foram efetivamente

anilhados (Tabelas 1.3 e 1.4)

Tabela 1.3. Espécies, indivíduos, capturas e recapturas por Hortos e pontos de coleta.

LOCAL PONTO ESPÉCIES INDIVÍDUOS

CAPTURAS

RECAPTURAS

% RECAPT

Cerrado 56 179 219 40 18,26Cerradão 29 130 180 50 27,78

HORTO BARRA DOMOEDA - HBM

Pesqueiro 49 188 257 69 26,85

HBM1 18 54 62 8 12,90Eucaliptal 6 15 16 1 6,25

Lajeado 29 131 160 29 18,13HORTO RIOVERDE - HRV

HRV1 22 49 51 2 3,92

HRV2 17 37 50 13 26,00

HORTO BURITI -HB

HBUR 24 87 107 20 18,69

HORTO SANTALUZIA - HSL

HSL1 20 58 61 3 4,92

HSL2 18 46 57 11 19,30

HORTO PALMITO– HP

HPAL 16 35 41 6 14,63

HORTO MATÃO –HM

HMAT1 12 29 34 5 14,71

HMAT2 7 10 11 1 9,09

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Dos locais estudados, obtiveram-se os maiores percentuais de recapturas no cerradão

(27,8%) e pesqueiro (26,85%). Segundo Marini & Cavalcanti (1996), poderia ser considerada

como amostragem ideal de uma comunidade, aquela onde houvesse uma estabilização do

número de espécies capturadas, ou o número de recapturas ultrapassasse 50% dos indivíduos.

As recapturas do presente estudo estariam então aquém então do que se poderia esperar como

“ideal”. Também o índice geral de recapturas (19,75%) ficou abaixo dos 50% sugeridos por

estes autores. Na Amazônia, após sete anos de estudos, Bierregaard (1990) efetuou 24957

capturas, das quais 10931 (43,8%) recapturas, também abaixo do índice “ideal”.

Este índice na verdade, depende muito dos locais, das espécies envolvidas e até

mesmo do status reprodutivo. Segundo MacArthur & MacArthur (1974) existe uma tendência

em as aves evitarem as redes após a primeira captura, e esta tendência varia conforme a

espécie. Além disso, espécies migrantes estão sempre acrescentando novas recapturas em um

trabalho desta natureza. Em locais onde exista trânsito destas espécies, pode ocorrer um

menor número relativo de recapturas. Além disso, indivíduos temporariamente territoriais na

estação reprodutiva tendem a ser recapturados com mais freqüência quando, por exemplo,

estão se deslocando em busca de alimento para os ninhegos, conforme pôde ser observado no

presente estudo para Nyctidromus albicollis.

O Cerrado (1) apresentou o maior número de espécies entre todos os pontos de coleta.,

o que não necessariamente espelha qualidade, pois as espécies respondem diferentemente às

alterações ambientais (Berg, 1997). Ambientes degradados podem atrair diversas espécies de

aves, normalmente generalistas e oportunistas (Willis & Oniki, 1993). Pela sua proximidade

com a borda do fragmento onde está inserido, este local pode ser utilizado também por aves

de ambientes abertos, o que explicaria em parte esta relativamente grande diversidade de

espécies. Seria a diferença entre o que se conhece como espécies do interior da mata, com

maior sensibilidade à fragmentação florestal, e espécies de borda, favorecidas pela

fragmentação (Berg, 1997).

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Tabela 1.4. Esforço amostral (horas-redes) empregados em todos os locais de coleta.

LOCAL Cerrado Cerradão Pesqueiro Eucalip Lajeado HBM1 HBUR HMAT1 HMAT2 HPAL HRV1 HRV2 HSL1 HSL2 TOTALJul/94 72 84 156ago/94 96 96 96 96 384set/94 96 96 96 96 84 468out/94 108 120 114 108 96 546nov/94 114 114 120 108 96 552dez/94 120 120 120 120 90 570jan/95 120 120 120 120 480fev/95 120 120 114 110,4 96 560,4mar/95 114 108 117 108 90 537abr/95 108 108 105 96 417mai/95 102 108 105 102 417jun/95 102 108 102 84 396jul/95 102 108 96 96 402ago/95 111,6 108 99 103 421,6set/95 108 114 114 102 438out/95 123,6 111,6 96 108 439,2nov/95 127,5 135 113,1 123 90 588,6dez/95 115,5 140 100 355,5jan/96 105 126 133 113,75 130,6 95 703,35fev/96 107,2 113,7 220,9mar/96 110,5 110,5 107,2 111 119 90 648,2abr/96 119 133 104 119 475mai/96 119 107,4 116,2 91 112 85 630,6jun/96 104 120 94,2 318,2jul/96 86,7 104 110,5 110,5 110,5 85 607,2ago/96 97,5 119 216,5set/96 119 119 97,5 99,7 80 515,2out/96 96 90 60 246nov/96 96,25 111,6 108 93,5 90 76,5 575,85dez/96 80,3 102,3 182,6

TOTAL 1717,2 1743,6 2377,95 770,4 1339 813,5 787,9 319 253 632,85 619 708,2 784,8 601,5 13467,9

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A mata ciliar (Pesqueiro - 3) teve o segundo maior número de espécies

capturadas. Apresenta um dossel bem formado, tendo maior umidade em função do Rio

Paraná. Assim, torna-se um local importante para a avifauna, provavelmente oferecendo

recursos alimentares, sítios de reprodução e microhabitats variados. Kellman et alii

(1994) consideram que matas tropicais ciliares teriam sido importantes refúgios

ecológicos durante o Pleistoceno, e que poderiam ter um papel semelhante no futuro, em

função da fragmentação florestal causada por atividades antrópicas. Silva (1996) ressalta

a importância das matas ciliares por introduzirem no bioma do cerrado elementos

avifaunísticos atlânticos (79 taxa) e amazônicos (202 taxa), o que certamente enriquece a

biodiversidade desta região.

Em função do reservatório da Usina Hidroelétrica de Porto Primavera (Porto

Primavera –SP), esta mata deverá desaparecer. As conseqüências de inundação de uma

mata foram discutidas por Willis & Oniki (1988). O alagamento de uma área afeta

primariamente as aves locais, que forçosamente deslocar-se-ão para áreas vizinhas. Estas

áreas tendem a ficar saturadas, já que haverá forte processos competitivos e predatórios

entre os antigos residentes e os novos ocupantes. A tendência, a médio prazo, é a redução

nas populações também neste local.

Fazendo-se uma analogia com a retirada de uma mata para pastoreio, podem-se

citar os casos estudados por Lovejoy et alii (1986) e Bierregaard et alii (1992) na região

amazônica. Estes autores verificaram que os fragmentos remanescentes recebiam um

grande afluxo de indivíduos, tornando-se então superpovoados. Com o passar do tempo,

a maioria das espécies tinham suas populações reduzidas, inclusive das antigas

residentes.

Para compensar diferenças no esforço amostral, distribuíram-se as capturas pelo

número de horas-rede, utilizando-se o Índice de Densidade (IDENS) (Berndt, 1992 apud

Hasui, 1994), encontrando-se a situação apresentada na Tabela 1.5:

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45

Tabela 1.5. Índice de Densidade (IDENS*) por pontos de coleta.

*IDENS: número de capturas (incluindo recapturas)x100/horas-rede

CAPTURAS x

100

HORAS-

REDE

IDENS*

HBUR 8400 788 10,66

Cerrado 18000 1717,2 10,48

Lajeado 13100 1339 9,78

HMAT1 2900 319 9,09

HRV1 5200 619 8,40

Pesqueiro 18900 2378 7,95

HSL2 4600 602 7,64

Cerradão 13000 1743,6 7,46

HRV2 5200 708,8 7,34

HSL1 5600 785 7,13

HBM1 5500 813,5 6,76

HPAL 3500 632,85 5,53

HMAT2 1000 253 3,95

Eucaliptal 1500 770,4 1,95

Por este critério, o local com maior número relativo de capturas passa a ser o

cerradão (HBUR), seguido pelo cerrado do Horto Barra do Moeda (1). O Lajeado neste

caso, teve a terceira maior proporção.

O mais alto IDENS encontrado no presente estudo (10,66) foi menor do que o

detectado em um fragmento de mata no Rio de Janeiro (13,84) e para uma floresta

ombrófila mista no Paraná (Gonzaga, 1986 e Berndt, 1992, apud Hasui, 1994). Seis

pontos de coleta apresentaram valores de IDENS maiores do que o encontrado em um

fragmento de mata na Universidade de São Paulo (Hasui, 1994).

No outro extremo, ressalta-se o eucaliptal comercial pelo pequeno número de

capturas relativamente ao esforço amostral empregado. Isso, como será discutido adiante,

reflete a ausência de sub-bosque neste tipo de ambiente, impossibilitando a presença, a

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não ser de passagem, de aves no interior da plantação. A vizinhança deste eucaliptal com

uma reserva com cerca de 340 hectares (onde se situaram três pontos de coleta, cerrado,

HBM1 e cerradão), pode explicar o afluxo de aves. Entretanto, o que se verificou no

campo foram espécies como Columba picazuro, Vireo chivi e diversos Trochilidae,

principalmente no dossel, quase não se observando aves nos estratos mais baixos desta

plantação.

1.3. Espécies e locais de capturas

Representantes de 103 espécies, 12 sub-famílias, 21 famílias e 10 ordens foram

detectados durante o transcorrer deste estudo (conforme classificação proposta por Sick,

1997). As 103 espécies capturadas representam aproximadamente 45% das cerca de 230

espécies amostradas na região de Três Lagoas (Piratelli et alii, 1998a). Considerando-se

todo o Bioma do Cerrado, capturaram-se 12,3% das 837 espécies e 32,8% das famílias

registradas para esta região (Silva, 1995a). Também trabalhando como redes, Whitman et

alii (1997) amostraram em floresta subtropical, 25% das espécies do local.

As famílias mais abundantes foram Tyrannidae (24 espécies, abundância relativa

de 23,5%), Emberizidae (18 espécies; abundância relativa de 17,5%), Trochilidae (8

espécies; abundância relativa de 7,8%) e Dendrocolaptidae (6 espécies; abundância

relativa de 5,8%) (Figura 1.2). Segundo Machado et alii (1998), a riqueza de espécies em

ambiente de cerrado varia conforme a latitude e a longitude, e apenas as famílias/sub-

famílias Tyrannidae, Emberizinae e Furnariidae seriam bem representadas em quaisquer

regiões.

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47

1,01,01,01,01,01,0

1,91,91,9

1,92,9

2,9

3,9

4,9

5,85,85,85,8

7,817,5

23,3

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

abundância relativa (%)

Tinamidae

Strigidae

Momotidae

Cuculidae

Vireonidae

Bucconidae

Muscicapidae

Columbidae

Furnariidae

Trochilidae

Tyrannidae

Figura 1.2. Abundância relativa das famílias capturadas

De acordo com Sick (1997), Tyrannidae é a maior família do hemisfério

ocidental; suas 413 espécies representam aproximadamente 18% dos Passeriformes da

América do Sul. Por isso, é comum esta família ser a mais representativa em estudos

sobre aves terrestres no Brasil. No Sudoeste de Mato Grosso, Willis & Oniki (1990)

levantaram 488 espécies de aves, das quais 82 (16,8%) Tyrannidae. Willis & Oniki

(1991) encontraram 69 Tiranídeos (21,3% de abundância relativa) no norte de Minas

Gerais. Motta-Júnior (1990) amostrou 115 espécies de aves na região central do estado de

São Paulo, obtendo 27 (23,48%) Tiranídeos. No maciço do Itatiaia, estados do Rio de

Janeiro e Minas Gerais, Pineschi (1990) estudou a frugivoria por aves em quatro espécies

de Rapanea, observando 104 espécies se alimentando de seus frutos. Neste caso, também

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os Tiranídeos predominaram (26 espécies; 25%), mesmo sobre os Thraupinae,

tipicamente mais frugívoros (21 espécies; 20,19%). Na Mata de Santa Genebra,

Campinas (SP), Aleixo & Vielliard (1995) registraram 134 espécies, sendo que os

Tyrannidae estiveram representados por 27 espécies (20,15%). Das 837 espécies que

Silva (1995a) reconhece para a região do Cerrado, 122 (14,57%) são Tyrannidae.

As espécies capturadas, por ordens e famílias são apresentadas na Tabela 1.6.

Tabela 1.6. Espécies capturadas por grupos taxonômicos, com nomes comuns. A

nomenclatura científica adotada, bem como os nomes populares, seguem Sick

(1997).

ORDEM FAMÍLIA SUBFAMÍLIA

ESPÉCIE NOME COMUM

Tinamiformes Tinamidae Crypturellus tataupa inhambu-chintãFalconiformes Accipitridae Rupornis magnirostris gavião-carijóColumbiformes Columbidae Columbina minuta rolinha-de-asa-

canelaColumbina talpacoti rolinhaClaravis pretiosa pomba-de-espelhoLeptotila rufaxilla gemedeiraLeptotila verreauxi juritiGeotrygon montana pariri

Cuculiformes Cuculidae Coccyzus melacoryphus papa-lagartasPiaya cayana alma-de-gato

Strigiformes Strigidae Glaucidium brasilianum caburéCaprimulgiformes Caprimulgidae Nyctidromus albicollis curiango

Hydropsalis brasiliana bacurau-tesouraApodiformes Trochilidae Phaethornis pretrei rabo-branco-de-

sobre-amareloColibri serrirostris beija-flor-de-

orelha-violetaAntrachothorax nigricollis beija-flor-pretoChrysolampis mosquitus beija-flor-

vermelhoThalurania furcata beija-flor-tesoura-

verdeChlorostilbon aureoventris besourinho-de-

bico-vermelhoHylocharis chrysura beija-flor-douradoAmazilia fimbriata beija-flor-de-

garganta-verdeCoraciiformes Alcedinidae Chloroceryle americana martin-pescador-

pequenoMomotidae Momotus momota udu

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ORDEM FAMÍLIA SUBFAMÍLIA

ESPÉCIE NOME COMUM

Piciformes Galbulidae Brachygalba lugubris ariramba pretaGalbula ruficauda bico-de-agulha-

de-rabo-vermelhoBucconidae Nystalus maculatus rapazinho-dos-

velhosNonnula rubecula macuruMonasa nigrifrons bico-de-brasa

Picidae Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado

Picumnus albosquamatus guttifer pica-pau-anão-escamado

Picumnus sp. pica-pau-anãoColaptes melanochloros pica-pau-verde-

barradoVeniliornis passerinus pica-pauzinho-

anãoCampephilus melanoleucos pica-pau-de-

topete-vermelhoPasseriformes Thamnophilidae Taraba major choró-boi

Thamnophilus doliatus choca-barradaThamnophilus punctatus choca-bate-caboDysithamnus mentalis choquinha-lisaFormicivora rufa formigueiro-de-

barriga-pretaFurnariidae SynallaxinaeSynallaxis frontalis petrim

Synallaxis albescens uipíSynallaxis gujanensis pichororóCranioleuca vulpina arredio-do-rioPoecilurus scutatus estrelinha-preta

Philydorinae Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco

Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus arapaçu-verdeDendrocolaptes platyrostris arapaçu-grandeDendrocolaptes picumnus arapaçu-meio-

barradoCampylorhamphus trochilirostris arapaçu-beija-florXiphorhynchus guttatus arapaçu-de-

garganta-amarelaLepidocolaptes angustirostris arapaçu-do-

cerradoTyrannidae Elaeninea Phyllomyias fasciatus piolhinho

Camptostoma obsoletum risadinhaMyiopagis viridicata guaracava-de-

olheirasElaenia flavogaster guaracava-de-

barriga-amarelaElaenia parvirostris guaracava-de-

bico-pequenoElaenia mesoleuca tuqueSerpophaga subcristata alegrinhoLeptopogon amaurocephalus cabeçudoCorythopis delalandi estalador

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50

ORDEM FAMÍLIA SUBFAMÍLIA

ESPÉCIE NOME COMUM

Hemitriccus margaritaceiventer sebinho-de-olho-de-ouro

Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta

Platyrhinchus mystaceus patinhoFluvicolinae Myiophobus fasciatus Filipe

Lathrotriccus euleri enferrujadoCnemotriccus fuscatus guaracuvuçu

Tyranninae Casiornis rufa caneleiroMyiarchus ferox maria-cavaleiraMyiarchus tyrannulus maria-cavaleira-

de-rabo-enferrujado

Pitangus sulphuratus benteviMyiodinastes maculatus bem-te-vi-rajadoEmpidonomus varius peiticaTyrannus melancholicus siriri

Tityrinae Pachyramphus polychopterus caneleiro-pretoTityra cayana anambé-branco-

de-rabo-pretoPipridae Pipra fasciicauda uirapuru-laranja

Antilophia galeata soldadinhoNeopelma palescens fruxu-do-cerrado

Corvidae Cyanocorax chrysops gralha-picaçaMuscicapidae Sylvinae Polioptila domicola balança-rabo-de-

máscaraTurdinae Turdus nigriceps sabiá-ferreiro

Turdus leucomelas sabiá-barrancoTurdus amaurochalinus sabiá-poca

Vireonidae Cyclarhis gujanensis pitiguariVireo chivi juruviara

Emberizidae Parulinae Basileuterus flaveolus canário-do-matoBasileuterus culicivorushypoleucus

pichito

Thraupinae Thlypopsis sordida canário-sapéNemosia pileata saíra-de-chapéu-

pretoEucometis penicillata pipira-da-taocaTachyphonus rufus pipira-pretaTrichothraupis melanops tiê-de-topeteHabia rubica tiê-do-mato-

grossoPiranga flava sanhaço-fogoRamphocelus carbo pipira-vermelhaThraupis sayaca sanhaço-cinzentoThraupis palmarum sanhaço-do-

coqueiroTangara cayana saíra-amarela

Emberizinae Zonotrichia capensis tico-ticoOryzoborus angolensis curió

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ORDEM FAMÍLIA SUBFAMÍLIA

ESPÉCIE NOME COMUM

Arremon flavirostris tico-tico-do-mato-de-bico-amarelo

Coryphospingus cucullatus tico-tico-reiCardinalinae Saltator similis trinca-ferro-

verdadeiro

Destas espécies aqui capturadas, Sick (1966) classificou como típicas de cerrado,

Synallaxis albescens, Turdus amaurochalinus, Coryphospingus cucullatus e

Lepidocolaptes angustirostris. Entre as observadas mas não capturadas, citam-se nesta

categoria, Saltator atricollis e Cariama cristata. Daquelas consideradas mais típicas de

mata úmida, destacam-se Crypturellus tataupa e Saltator similis, além de Amazona

aestiva (observada). Formicivora rufa é descrita por Sick (1965) para cerradões e bordas

de matas de galeria.

Como ocorrentes no cerrado, mas típicas de outros biomas (conforme Sick, 1965),

tem-se na região Columba picazuro (mais típico das caatingas do nordeste), Tyrannus

savana (migratória) e Ara ararauna (buritizais e ambientes abertos). Antilophia galeata

tem sua maior ocorrência no Brasil Central, sendo considerada por alguns autores (Marini

et alii, 1997) como “quase endêmica” desta região.

Dentre as espécies capturadas, detectaram-se quatro tipos de distribuição

geográfica, dos sete padrões gerais propostos por Silva (1995b), que agrupou a avifauna

da região do Cerrado segundo a forma e orientação de sua distribuição. Entre as espécies

de ampla distribuição, Rupornis magnirostris, Columbina minuta, Columbina talpacoti,

Synallaxis albescens, Camptostoma obsoletum, Pitangus sulphuratus, Tyrannus

melancholicus e Oryzoborus angolensis. Quanto às peri-atlânticas, têm-se Chrysolampis

mosquitus, Formicivora rufa e Neothraupis fasciata. Apenas uma espécie pode ser

considerada como tendo padrão meridional de distribuição, Hydropsalis brasiliana e

nenhuma das que este autor considera como endêmica foi captura, embora duas tivessem

sido observadas, Saltator atricollis e Cyanocorax cristatellus.

Silva (1996) pondera que as matas de galeria introduzem elementos de

ecossistemas vizinhos à avifauna do Cerrado, notadamente Mata Atlântica e Floresta

Amazônica. Desta forma, como elementos atlânticos, encontrou-se no presente estudo,

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Picumnus albosquamatus guttifer, Automolus leucophthalmus, Dysithamnus mentalis,

Corythopis delalandi e Habia rubica.

Três espécies de Elaenia foram aqui capturadas, das oito que Cavalcanti &

Medeiros (1986) descrevem como presentes no Brasil Central: Elaenia flavogaster E.

parvirostris e E. mesoleuca. Estes autores observaram no Distrito Federal, agregações de

espécies deste gênero, das quais faziam parte E. flavogaster, nas bordas das matas de

galeria, alimentando-se de frutos.

Algumas espécies observadas, como Buteogallus meridionalis, Polyborus

plancus, Cathartes aura, Cariama cristata, Rhea americana e Tyrannus melancholicus

podem seguir queimadas, capturando presas que se deslocam em função do fogo (Sick,

1965).

Com relação a Vireo chivi, Machado (1997) considerou-a como espécie

migratória, componente de bandos mistos de setembro a março no sudeste brasileiro,

explorando partes intermediárias entre o sub-bosque e o dossel.

Cyclarhis gujanensis na região de Três Lagoas é mais comum à média altura, ou

mesmo no sub-bosque. Já Aleixo (1997), estudando a composição de bandos mistos no

estado de São Paulo, classificou-a como espécie de dossel. Piaya cayana, Sittasomus

griseicapillus, Dysithamnus mentalis, Leptopogon amaurocephalus, Platyrhinchus

mystaceus, Tolmomyias sulphurescens e Basileuterus hypoleucus habitam o sub-bosque e

o extrato intermediário, corroborando neste caso, as observações deste autor.

Marini & Cavalcanti (1996) capturaram aves em mata ciliar no Distrito Federal,

separando as espécies em várias categorias em relação à sua presença neste tipo de

vegetação. No presente estudo, das que esses autores consideram “típicas de mata ciliar”,

encontrou-se no Pesqueiro (mata ciliar), Leptopogon amaurocephalus e Eucometis

penicilata que na região entretanto, ocorrem também em outros ambientes, inclusive não

florestais, como o cerrado. Para a região de Três Lagoas, pode-se incluir nesta categoria,

Thriotorus leucotis (não capturada), Ramphocelus carbo, Campyloramphus

trochilirostris e Brachygalba lugubris.

Das consideradas “principalmente” de matas de galeria (mais comumente

encontradas neste ambiente, embora ocorram também em outros), tem-se Poecilurus

scutatus, Turdus amaurochalinus, Basileuterus flaveolus, B. culicivorus hypoleucus e

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Arremon flavirostris. Incluem-se ainda, no presente estudo, Momotus momota, Taraba

major e Automolus leucophthalmus.

Na terceira categoria, ocorrendo em mata ciliar, mas sendo mais “comuns em

habitats abertos”, encontrou-se em comum, Sittasomus griseicapillus, Cnemotriccus

fuscatus, e Turdus leucomelas. Salienta-se a ausência de Saltator similis, que em Três

Lagoas, ocorre em vários locais e ambientes, principalmente no cerrado.

Nenhuma das espécies capturadas/observadas na região constam do Livro

Vermelho de Aves Ameaçadas das Américas (Collar et alii, 1992); porém chama-se a

atenção para a presença de Sarcorhamphus papa, avistada em pequenos bandos por duas

vezes. Segundo Sick (1997), esta espécie é mais comum no norte, longe de centros

urbanos em matas e áreas abertas, com populações geralmente pequenas. Sua observação

aqui pode ser o primeiro registro de sua ocorrência na região.

Segundo a curva de coletor (curva cumulativa de espécies novas), a continuidade

dos estudos aumentaria a quantidade de espécies capturadas, já que, após 28 meses de

coletas, não foi verificada ainda a existência de um patamar (Figura 1.3), embora seja

perceptível uma curva tendendo à estabilização. Em outras palavras, várias espécies que

freqüentam os sub-bosques da região podem não ter sido amostradas.

Detectaram-se algumas espécies muito abundantes, com alto percentual de

ocorrência. Paralelamente, várias espécies foram pouco abundantes, com baixo

percentual de capturas (Tabela 1.7). Remsen & Good (1996), apresentam várias restrições

ao se relacionarem taxas de capturas com abundância, discutindo vários fatores que

influenciam nas capturas; entre eles, o clima, a localização e a tensão das redes e as

diferenças em distância e freqüência de vôo. Estudos de longa duração, associados ao

conhecimento da ecologia e do comportamento das espécies envolvidas poderiam atenuar

o efeito destas variáveis, fazendo com que os resultados obtidos se aproximem da

abundância relativa real. Ainda segundo estes autores, a estabilização na curva de

capturas representaria aproximadamente a abundância relativa das espécies capturadas.

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Basileuterus flaveolus, Cnemotriccus fuscatus, Saltator similis e Turdus

amaurochalinus foram espécies com grande número de capturas em diversos ambientes.

Uma espécie que ocorre em diversos ambientes, muitos deles distintos entre si, não teria

exigências ecológicas muito grandes, podendo ocorrer mesmo em ambientes perturbados,

aí provavelmente encontrando recursos alimentares e locais para abrigo e reprodução.

Villard & Taylor (1994) levantam a hipótese que algumas espécies florestais evitam

atravessar áreas abertas entre fragmentos, mesmo tendo habilidade física para estes

deslocamentos, o que afetaria sua distribuição. Também, algumas espécies são mais

tolerantes à fragmentação, detectando e colonizando novos habitats mais rápido que as

assim chamadas intolerantes. Este fator poderia também contribuir para a distribuição

observada das espécies.

0

20

40

60

80

100

120

Jul/9

4 set

nov

Jan/9

5mar mai jul se

tno

v

Jan/9

6mar mai jul se

tno

v

meses de estudo

núm

ero

espé

cies

nov

as

Figura 1.3. Curva de espécies novas para aves capturadas na região de Três Lagoas

(MS).

.

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Tabela 1.7. Espécies capturadas, com número de indivíduos (1a. captura) nos locais de coleta e abundância relativa (ordenadas pelo

número total de capturas).

ESPECIE CERRA

DÃO

PESQUEI

RO

CERRADO

LAJEADO

HBUR

HRV1

HSL1 HBM1

HSL2 HRV2 HPAL HMAT1

HMAT2

EUCALIPTAL

TOTAL

AB.RELA(%)

Basileuterus flaveolus 8 2 18 8 6 10 2 10 6 8 0 5 2 0 85 8,11Cnemotriccus fuscatus 16 6 1 17 10 7 4 3 6 0 0 2 0 0 72 6,87Saltator similis 5 0 0 21 23 2 3 0 5 3 2 2 1 0 67 6,39Turdus leucomelas 10 16 14 1 0 2 0 5 0 7 0 4 0 3 62 5,92Thamnophilus punctatus 13 3 6 8 3 5 9 4 0 2 5 1 0 0 59 5,63Momotus momota 3 30 11 0 0 1 0 7 0 2 0 0 0 0 54 5,15Pipra fasciicauda 2 23 22 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 51 4,87Turdus amaurochalinus 13 3 4 7 9 0 6 0 0 1 4 2 1 0 50 4,77Casiornis rufa 5 1 0 8 0 1 5 1 4 0 1 4 3 0 33 3,15Myiarchus tyrannulus 8 3 0 8 1 0 2 0 4 0 3 1 0 0 30 2,86Tachyphonus rufus 4 0 0 10 4 2 2 0 2 0 0 0 0 0 24 2,29Sittasomus griseicapillus 4 4 4 2 0 0 1 0 0 3 0 0 0 0 18 1,72Leptotila rufaxilla 2 8 1 0 0 1 0 1 0 0 3 0 0 0 16 1,53Claravis pretiosa 3 3 1 0 0 0 0 5 0 2 0 0 0 2 16 1,53Dysithamnus mentalis 0 5 8 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 15 1,43Leptotila verreauxi 2 5 2 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 3 15 1,43Columbina talpacoti 8 1 0 1 1 0 1 1 1 0 0 0 0 0 14 1,34Cyclarhis gujanensis 2 0 0 7 2 1 0 0 2 0 0 0 0 0 14 1,34Hemitriccusmargaritaceiventer

4 0 0 3 1 0 5 0 0 0 0 0 0 0 13 1,24

Coryphospingus cucullatus 3 0 0 0 0 0 1 0 0 0 4 0 0 4 12 1,15Eucometis penicillata 1 4 5 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 12 1,15Thamnophilus doliatus 2 4 0 0 3 0 1 0 2 1 0 0 0 0 13 1,24Vireo chivi 5 0 0 3 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 12 1,15Camptostoma obsoletum 4 0 0 1 2 0 0 0 1 0 0 2 0 1 11 1,05Cyanocorax chrysops 1 1 1 0 1 0 0 0 0 0 6 0 1 0 11 1,05Lepidocolaptes 0 0 0 4 3 0 0 0 0 0 0 4 0 0 11 1,05

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ESPECIE CERRA

DÃO

PESQUEI

RO

CERRADO

LAJEADO

HBUR

HRV1

HSL1 HBM1

HSL2 HRV2 HPAL HMAT1

HMAT2

EUCALIPTAL

TOTAL

AB.RELA(%)

angustirostrisDendrocolaptesplatyrostris

1 5 1 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 11 1,05

Nonnula rubecula 1 5 3 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 11 1,05Leptopogonamaurocephalus

0 7 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0,95

Taraba major 0 6 0 0 3 0 0 0 1 0 0 0 0 0 10 0,95Platyrhinchus mystaceus 1 0 8 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 10 0,95Amazilia fimbriata 2 1 0 0 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 9 0,86Myiodinastes maculatus 1 1 1 2 1 0 1 0 2 0 0 0 0 0 9 0,86Poecilurus scutatus 0 1 4 0 0 0 2 1 0 1 0 0 0 0 9 0,86Elaenia mesoleuca 5 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 8 0,76Nystalus maculatus 2 0 0 2 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 7 0,67Piaya cayana 1 0 0 0 0 4 0 0 0 1 1 0 0 0 7 0,67Arremon flavirostris 2 1 0 0 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 6 0,57Automolus leucophthalmus 0 5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0,57Basileuterus c. hypoleucus 0 1 3 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0,57Corythopis delalandi 0 0 2 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 5 0,48Elaenia flavogaster 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0,48Empidonomus varius 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 2 5 0,48Lathrotriccus euleri 1 0 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0,57Monasa nigrifrons 0 1 1 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 5 0,48Pitangus sulphuratus 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0,48Thraupis sayaca 3 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0,48Campylorhamphustrochilirostris

0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0,38

Galbula ruficauda 1 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 4 0,38Myiopagis viridicata 0 0 0 0 1 1 2 0 0 0 0 0 0 0 4 0,38Synallaxis frontalis 2 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0,38Tangara cayana 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 4 0,38Veniliornis passerinus 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 4 0,38Antilophia galeata 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29

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ESPECIE CERRA

DÃO

PESQUEI

RO

CERRADO

LAJEADO

HBUR

HRV1

HSL1 HBM1

HSL2 HRV2 HPAL HMAT1

HMAT2

EUCALIPTAL

TOTAL

AB.RELA(%)

Elaenia parvirostris 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29Hylocharis chrysura 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29Pachyramphuspolychopterus

2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3 0,29

Picumnus sp. 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29Thalurania furcata 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29Thlypopsis sordida 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29Thraupis palmarum 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29Brachygalba lugubris 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Chloroceryle americana 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,29Chlorostilbon aureoventris 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0,19Colaptes melanochloros 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Coccyzus melacoryphus 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Crypturellus tataupa 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Formicivora rufa 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Nyctidromus albicollis 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Oryzoborus angolensis 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Picumnus guttifer 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Serpophaga subcristata 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0,19Tyrannus melancholicus 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0,19Zonotrichia capensis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2 0,19Antrachothorax nigricollis 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Rupornis magnirostris 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0,10Campephilusmelanoleucos

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0,10

Chrysolampis mosquitus 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Colibri serrirostris 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0,10Columbina minuta 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Cranioleuca vulpina 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Dendrocolaptes picumnus 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Geotrygon montana 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Glaucidium brasilianum 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10

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ESPECIE CERRA

DÃO

PESQUEI

RO

CERRADO

LAJEADO

HBUR

HRV1

HSL1 HBM1

HSL2 HRV2 HPAL HMAT1

HMAT2

EUCALIPTAL

TOTAL

AB.RELA(%)

Habia rubica 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Hydropsalis brasiliana 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Myiarchus ferox 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Myiophobus fasciatus 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Nemosia pileata 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Neopelma palescens 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Phaethornis pretrei 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Phyllomyias fasciatus 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Picumnus cirratus 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Piranga flava 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Polioptila dumicola 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Ramphocelus carbo 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Synallaxis albescens 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0,10Synallaxis gujanensis 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Tityra cayana 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Tolmomyias sulphurescens 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Trichothraupis melanops 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Turdus nigriceps 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10Xiphorhynchus guttatus 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,10TOTAL 180 189 131 131 84 52 56 55 46 36 35 29 10 15 1049

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Basileuterus flaveolus foi a espécie que teve o maior número de indivíduos

capturados. Isso demonstra, além de seus hábitos generalistas, suas populações com grande

número de indivíduos. No trabalho de Azevedo Júnior (1986), esta espécie foi a que teve

mais indivíduos anilhados, perfazendo 6,1% de todas as aves marcadas. Maia & Dente

(1985), no interior paulista, observaram que as espécies com maior número de capturas

foram Turdus amaurochalinus, T. leucomelas e Basileuterus flaveolus, nesta ordem.

Entre as mais especializadas, citam-se Pipra fasciicauda, Momotus momota e

Monasa nigrifrons, com ocorrência restrita a poucos ambientes, sendo provavelmente mais

exigentes ecologicamente e que mais rapidamente sofreriam quando da alteração de seus

ambientes naturais.

Na região, indivíduos de Pipra fasciicauda só foram capturados no Horto Barra do

Moeda, em ambientes florestais (cerradão e mata ciliar). As aves deste gênero

normalmente habitam mata alta, mata ribeirinha e florestas adjacentes (Sick, 1997), não

sendo encontrados em ambientes mais abertos ou mesmo em matas muito

descaracterizadas.

Momotus momota, na região de Três Lagoas, embora avistada em diversos

ambientes, como matas ciliares, cerradões e cerrado, mostrou preferência pela mata ciliar

(X2 = 42,02; signif. a 1%), onde ocorreram 63,9% de suas capturas. Foi observada também

a presença desta espécie próxima à habitações humanas na fazenda do Horto Barra do

Moeda, no interior de eucaliptais, possivelmente transitando entre manchas de vegetação

nativa ou na caça de insetos. Sua distribuição no país é descrita para as regiões norte,

nordeste (Maranhão, Piauí, Paraíba e Alagoas), centro-oeste e oeste de São Paulo

(Sick,1997).

Em relação a seus hábitos, Skutch (1964), estudando a espécie na América Central,

concluiu que nunca ocorriam bandos. Entretanto na região de Três Lagoas, foram

observadas vocalizações conjuntas pela madrugada e ao entardecer, o que pode ser

considerado um bando. Provavelmente os casais se reuniriam nestes momentos para

forragear juntos durante a manhã ou para encontrar abrigo, ao cair da noite (Fernanda P.

Melo, com. pessoal).

Monasa nigrifrons foi descrita na região pela primeira vez por Piratelli et alii

(1998b). Sua ocorrência anterior no Brasil foi descrita por Meyer de Schauensee (1982) ao

norte do Amazonas até o Rio Negro e Óbidos; ao sul alcançando o leste do Piauí e oeste de

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São Paulo. No Brasil Central a espécie seria residente, ocorrendo no Pantanal e áreas

vizinhas ao norte (Dubs, 1992).

Foram detectadas duas populações, restritas a ambientes florestais. Uma delas,

formando grupos de seis a dez indivíduos, é sedentária e habita áreas abertas da mata ciliar

(Pesqueiro). A outra população habita a mata mais alta de um fragmento florestal com

cerca de 340 hectares, distante cerca de 7 km da primeira (locais aqui chamados de

‘cerradão’ e HBM1). Nesta mata pode ser encontrada desde a borda (onde um indivíduo

foi capturado) até a pelo menos 300 metros em seu interior, onde foram capturados mais

três indivíduos. Tanto na borda como no interior da mata, os bandos freqüentam o dossel, a

alturas de cerca de 8 metros, conforme também observado por Willis (1992) e Hilty &

Brown (1986), que também registraram a ocorrência de pequenos bandos em matas ciliares

ou várzeas.

Geotrygon montana só teve um indivíduo capturado. Estudos desenvolvidos na

Amazônia mostraram tratar-se de uma espécie migratória, apresentando grande variação

em sua abundância ao longo do ano (Stouffer & Bierregaard, 1993), e a captura isolada

aqui registrada pode expressar um indivíduo em deslocamento.

Uma das críticas de Remsen & Good (1996) aos resultados dos estudos cujos dados

foram obtidos com capturas em redes ornitológicas, é que na verdade, as espécies mais

capturadas seriam aquelas que normalmente têm maior movimentação no sub-bosque (não-

territoriais ou territoriais com longos vôos horizontais) e não as mais abundantes.

Argumenta então estas espécies sempre seriam as “mais abundantes”, citando como

exemplos, Automolus spp. e Platyrhinchus mystaceus.. O presente estudo contesta estes

resultados; estas espécies não tiveram tantas capturas como seria de esperar se esta

argumentação fosse sempre verdadeira.

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1.4. Abundância e diversidade de espécies

O padrão de abundância de espécies verificado corrobora o que tem sido encontrado

em regiões tropicais (Bierregaard et alii, 1992), ou seja a presença de algumas espécies com

grande número de indivíduos e a maioria das espécies pouco abundantes (Figura 1.4).

Também Thiollay (1998) encontrou resultados semelhantes nas Guianas, ponderando que a

maioria das espécies eram raras e K-estrategistas. Segundo Cotgreave & Harvey (1994), a

abundância e raridade de espécies seriam determinadas pelo tamanho do corpo dos

indivíduos, pela estrutura das guildas de alimentação e pela filogenia.

número de espécies

núm

ero

de in

diví

duos

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1 1 1 1 1 1 1 2 3 3 1 4 6 12

Figura 1.4. Abundância de espécies de aves de sub-bosque capturadas com redes

ornitológicas na região de Três Lagoas.

Estimando-se a diversidade de espécies para cada local através do Índice de Shannon-

Weaver (Ludwig & Reynolds, 1988), nota-se que o cerradão (Horto Barra do Moeda)

apresenta a maior diversidade, seguido da mata ciliar (Pesqueiro) e cerradão degradado

(Lajeado) (Tabela 1.8).

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62

Tabela 1.8. Diversidade de espécies nos ambientes estudados, calculada pelo índice de

Shannon-Weaver (H’) e pela proporção de espécies/horas-rede x 100∗∗.

LOCAL ÍNDICE DE

DIVERSIDADE (H’)

ESPÉCIES/

HS-REDE x 100

Cerradão 3,6324 1,66

Pesqueiro 3,3150 2,06

Lajeado 2,9208 2,17

Cerrado 2,8312 3,26

HRV1 2,8251 3,55

HSL1 2,7935 2,55

HSL2 2,7342 2,99

HBM 2,6166 2,21

HBUR 2,6003 3,05

HRV2 2,4444 2,40

HPAL 2,4339 2,53

HMAT1 2,3250 3,76

HMAT2 1,8344 2,77

Eucaliptal 1,7141 0,78

Os três primeiros locais citados (Cerradão, Pesqueiro e Lajeado) têm em comum o fato

de serem ambientes florestais, ocorrendo árvores de grande porte, particularmente nos dois

primeiros. Este tipo de ambiente, pelo denso sub-bosque que se forma, deve oferecer

substratos adequados para o desenvolvimento de fauna de insetos. Além disso, várias das

espécies vegetais presentes têm seus frutos adaptados para o consumo de aves (Mello et alii,

1996). Assim, a disponibilidade de recursos alimentares, mais a diversidade de microhabitats,

que fornece sítios adequados inclusive à reprodução (Melo & Piratelli, 1997; Piratelli, 1998),

podem ser fatores cruciais na determinação da diversidade de espécies presente no local.

Motta-Júnior (1990) comparou avifaunas de mata ciliar, cerrado e eucaliptal,

constatando a pobreza de espécies neste último. Este autor encontrou para estes ambientes,

∗∗ O valor espécies/horas-rede foi multiplicado por 100 com o propósito de tornar mais clara a leitura dosresultados.

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respectivamente, Índices de Diversidade (H’) de 1,36; 1,25 e 1,10, todos eles menores do que

matas similares no presente estudo.

Segundo Willson & Comet (1996) em região temperada são vários os fatores a

influenciarem a abundância e diversidade de aves de sub-bosque; a diversidade de

invertebrados, a estrutura da vegetação e a disponibilidade de locais para nidificação. Em

florestas tropicais, a estrutura da vegetação pode estar relacionada à capacidade e ao tempo de

recuperação no caso de áreas degradadas; aquelas áreas em estádio mais avançado de

recuperação suportariam uma maior diversidade de espécies de aves (Blankespoor, 1991).

Assim, presume-se que os fatores levantados por Willson & Comet (1996) para regiões

temperadas também se aplicam nos trópicos.

Isso pode ser verificado no presente estudo quando se comparam os dois eucaliptais

estudados; HPAL - eucaliptal abandonado, onde existe sub-bosque de nativas (2,43) e

Eucaliptal comercial (1,71). No eucalipto comercial, foram capturadas seis espécies, sendo

que a curva cumulativa de espécies estabilizou-se após 500 horas-rede; o que não ocorreu no

eucaliptal abandonado, onde foram capturadas 14 espécies (Piratelli et alii, 1997). Situação

semelhante foi encontrada nos estudos de Allan et alii (1997) na África do Sul, onde os

autores também concluíram que a monocultura com espécies exóticas reduziu a riqueza e a

diversidade de espécies.

Ferreira & Cavalcanti (1998) obtiveram em fragmentos de mata de galeria no Distrito

Federal, correlação positiva entre a área do fragmento e a riqueza das espécies presentes,

sugerindo ser este o fator mais importante na determinação do número de espécies em cada

fragmento. Também em florestas no Quênia e em Uganda, Oyugi et alii (1998) e Dranzoa

(1998) concluíram que o fator fragmentação tinha efeitos mais significativos sobre a

abundância de aves do que a estrutura da vegetação.

Na Serra do Japi (SP), Silva (1992) observou que das cerca de 200 espécies

amostradas, apenas metade era composta por espécies florestais, o que seria resultado dos

diferentes graus de perturbação em que se encontra a vegetação na maior parte da Serra. O

efeito da fragmentação florestal sobre a avifauna na Amazônia tem sido bem estudada por

Lovejoy et alii (1986) e Bierregaard et alii (1992), entre outros.

Uma boa documentação sobre perda de espécies em função do avanço da degradação

está nos trabalhos desenvolvidos na Mata de Santa Genebra, em Campinas (SP) (Willis, 1979;

Silva et alii, 1992; Aleixo & Vielliard, 1995). Estes últimos autores relatam que em 14 anos, a

avifauna de interior de mata foi reduzida em 54% (perda de 30 espécies), principalmente

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representadas pelos insetívoros de sub-bosque. Também constam entre as extintas localmente,

os grandes frugívoros (Trogonidae, Ramphastidae e Cotingidae) e predadores (Accipitridae).

Comparando-se os ambientes estudados na região aos pares pela Distância Euclidiana,

nota-se que os locais mais semelhantes foram HMAT2 (cerrado) com eucaliptal comercial,

HMAT1 (cerrado) com HMAT2 (cerrado) e HRV2 (mata degradada) com HMAT1 (cerrado).

No outro oposto, os locais mais diferentes foram Pesqueiro (mata ciliar) com Lajeado

(cerradão degradado); Pesqueiro com Buriti (cerradão) e Pesqueiro com HSLZ1 (cerrado)

(Tabela 1.9). Esta proximidade espelha avifauna semelhante o que, por sua vez, refletiria

ambientes parecidos. Os locais HMAT1 e HMAT2 eram áreas em avançado estado de

degradação, daí provavelmente terem ficado próximos ao eucaliptal comercial. Ressalva-se

entretanto que, conforme discutido, o esforço amostral nestas áreas foi pequeno. Até porque

tratava-se de uma área não-protegida; e que antes do término das coletas (outubro de 1996) a

vegetação deste local foi totalmente derrubada para dar lugar à plantações de eucalipto.

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Tabela 1.9. Distâncias Euclidianas para comparações de todos os locais estudados entre si.

Cerrado Pesquei

ro

Lajeado cerradão HBUR HRV1 HSL1 HBM1 H SL2 HRV2 HPAL HMAT1 HMAT2 Eucali

ptal

cerrado 46,27 26,96 38,68 30,33 27,89 25,10 29,61 29,02 30,07 30,77 29,82 33,23 33,48

pesquei

ro

54,57 31,73 52,11 45,55 47,06 38,39 46,55 43,07 46,39 45,37 46,42 45,56

lajeado 46,47 43,54 33,29 37,23 26,21 36,63 30,92 37,70 34,34 36,63 36,78

cerradão 18,73 29,17 28,05 34,55 26,78 33,18 33,35 31,11 34,01 36,14

HBUR 25,46 24,98 30,02 22,72 26,72 27,33 25,67 27,60 29,55

HRV1 15,62 13,45 12,08 12,00 16,70 12,21 13,93 16,09

HSLZ1 18,95 18,95 16,67 15,26 13,96 14,07 16,52

HBM1 16,34 11,27 18,71 14,07 15,65 16,31

HSL2 13,56 15,39 10,34 11,05 14,04

HRV2 15,26 9,33 11,22 11,79

HPAL 13,04 10,54 11,40

HMAT1 7,55 10,39

HMAT2 7,42

Eucalip

tal

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Através da Análise de Agrupamento (“Cluster Analysis”), foi possível determinar quatro

grandes grupos em relação aos pontos estudados (Figura 1.5), considerando-se a presença de

espécies e o número de indivíduos capturados.

Figura 1.5. Análise de Agrupamento para os locais estudados.

1 = cerradão (Cerradão); 2 = mata galeria (Pesqueiro); 3 = cerrado (Cerrado); 4 = cerradão degradado(Lajeado); 5 = cerradão (HBUR); 6 cerradão degradado (HRV1); 7 = cerrado (HSL1); 8 = cerradão(HBM1); 9 = cerrado degradado (HSL2); 10 = mata degradada (HRV2); 11 = eucaliptal abandonado(HPAL); 12 = cerrado (HMAT1); 13 = cerrado (HMAT2); 14 = eucaliptal comercial (Eucaliptal).

O primeiro deles (Setor A) reúne o Cerradão e o Pesqueiro, ambos ambientes florestais

que ficaram bastante isolados dos demais locais no dendograma. O segundo grupo (Setor B) é

formado pelo cerrado e lajeado, ambos caracterizados, conforme descrito, pela presença de

diversas espécies típicas de cerrado, constituindo-se em vegetação baixa e aberta, com grande

insolação.

O terceiro grupo (Setor C) isolou o Horto Buriti dos demais locais. Suas características,

conforme descritas, de um cerrado denso, aliadas ao tamanho do fragmento (cerca de 400

hectares) podem ter contribuído para isso. Historicamente, esta área foi fazenda de gado; o

A

B

C

D

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67

fragmento em questão foi mantido quase intacto pela lei da obrigatoriedade em se manter os 20%

de vegetação nativa.

Finalmente, os demais pontos formam o quarto grande grupo (Setor D), cuja primeira

subdivisão separa o Ponto 2 do Horto Matão (HMAT2) e o Eucaliptal (comercial) do Horto Barra

do Moeda) dos demais. Por este procedimento, percebe-se a pobreza de espécies neste ponto do

Horto Matão, tendo se assemelhado, quanto à avifauna, a um eucaliptal comercial.

Na ramificação seguinte, vê-se o cerrado do Horto Santa Luzia (HSL1), cerradão do Horto

Barra do Moeda (HBM1), cerradão degradado no Horto Rio Verde (HRV1) e cerrado degradado

no Horto Santa Luzia (HSL2) formando um grupo, sendo os dois primeiros mais próximos. Esta

proximidade, possivelmente deve-se ao fato de ambos apresentarem características de ambientes

florestais, abrigando então composição avifaunística semelhante.

O outro grupo nesta ramificação mostra a mata degradada próxima ao Rio Verde (HRV2),

o eucaliptal abandonado (HPAL) e o cerrado do Horto Matão (HMAT1) como ambientes

similares. Aqui, ressalta-se o eucaliptal abandonado (HPAL) que, pela presença de um sub-

bosque bem constituído, foi agrupado com locais de vegetação nativa, ainda que degradada.

Machado & Lamas (1996) constataram, em região de Mata Atlântica, que eucaliptais onde se

desenvolveram sub-bosques também abrigavam avifauna, onde estes autores encontraram 126

espécies (16% do total listado para aquele bioma), sendo duas ameaçadas de extinção.

Demonstra-se com isso duas situações, o favorecimento do sub-bosque em eucaliptais

para atração de avifauna e o prejuízo da degradação de vegetações nativas para estes vertebrados.

No caso dos eucaliptais comerciais, Machado & Lamas (1996) chamam também a atenção para a

necessidade de uma fonte colonizadora próxima (que seria uma área de vegetação nativa utilizada

para abrigo noturno e nidificação por exemplo, sendo os eucaliptais apenas sítios de alimentação)

e que nem todas as espécies podem utilizar estas plantações como área de forrageamento, mesmo

com a presença de sub-bosque.

Para se constatar a diversidade de espécies em cada um destes quatro grupos,

denominados setores, inicialmente compararam-se o IDENS entre os grupos, demonstrando-se

que o grupo C apresentou o maior número proporcional de capturas, seguido do B, A e D (Tabela

1.10). Em relação ao número de espécies/horas-rede (Chi-Quadrado = 2,40 não signif.), o grupo

C também tem o maior valor (0,1079), seguido de A (0,01889), B (0,0095) e por último D

(0,0015). Os dados mostram novamente a importância dos ambientes florestais para a

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diversidade de aves da região, bem como, particularmente do Horto Buriti, ressaltando-se que

este deveria ser mantido o mais próximo possível de suas condições quando da coleta destes

dados, evitando-se alterações súbitas, que provavelmente proporcionariam redução da

diversidade de aves da região.

Tabela 1.10. Comparações entre os quatro setores delimitados na região de Três Lagoas por

espécies, indivíduos, capturas e recapturas.

SETOR A B C D

Espécies 52 64 24 62

Indivíduos 319 312 84 334

Capturas 437 379 107 376

Recapturas 119 69 20 42

Esforço Amostral (horas-rede) 4121,5 3056,2 787,9 5502,3

Capturas/horas-rede) x 100 10,60 12,40 13,58 6,83

Quando se faz a comparação da diversidade entre os grupos através do Índice de

Shannon-Weaver, o setor A aparentemente torna-se aquele com maior diversidade (6,3589),

ressaltando novamente os ambientes florestais. Em seguida, tem-se o setor B (5,3976), C

(2,6003) e novamente por último, D (0,6490). É possível portanto inferir um gradiente de

diversidade de espécies a partir dos ambientes florestais, passando pelos de cerrado, indo até um

cerradão e finalmente chegando aos locais mais perturbados (Tabela 1.11).

As diferenças encontradas quanto à avifauna destes quatro setores podem estar

relacionadas à presença de corpos de água e à interferência humana, dentre outros fatores que

Karr et alii (1990) atribuíram como responsáveis por determinar diferenças na avifauna de

lugares distintos. Áreas menos alteradas e próximas a grandes rios como o Paraná podem suportar

uma maior diversidade de aves.

Berg (1997) estudando comunidades de aves em reprodução em floresta temperada

observou que a abundância e a diversidade dependiam do tamanho do fragmento, de sua

proximidade com áreas de florestas contínuas e da qualidade do habitat (composição florística).

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Quanto à composição florística, Willson (1974) encontrou correlação positiva entre

diversidade de espécies de aves e a altura e diversidade da vegetação, em Illinois (EUA). A

autora sugere que os ambientes florestais criariam novas possibilidades de exploração espacial,

proporcionando maior variedade de nichos a serem ocupados e, portanto, suportando maior

diversidade.

A exemplo do que já havia sido encontrado quando se considerou globalmente as

comunidades da região, nota-se a presença de várias espécies com poucos indivíduos e poucas

espécies com muitos indivíduos (Figura 1.6).

Tabela 1.11. Ocorrência (número de indivíduos) das espécies nos quatro setores determinados

pela Análise de Cluster (Distância Euclidiana), para a região de Três Lagoas

(MS), com Índice de Diversidade (H’) calculado. Ordem taxonômica segundo

Sick (1997).

ESPÉCIES SETORES A B C D

Crypturellus tataupa 2 0 0 0

Rupornis magnirostris 0 0 0 1

Columbina minuta 0 1 0 0

Columbina talpacoti 1 9 1 3

Claravis pretiosa 4 3 0 9

Leptotila rufaxilla 9 2 0 5

Leptotila verreauxi 7 2 0 6

Geotrygon montana 1 0 0 0

Coccyzus melacoryphus 0 1 0 1

Piaya cayana 0 1 0 6

Glaucidium brasilianum 0 0 0 1

Nyctidromus albicollis 2 0 0 0

Hydropsalis brasiliana 0 1 0 0

Phaethornis pretrei 1 0 0 0

Colibri serrirostris 0 0 0 1

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ESPÉCIES SETORES A B C D

Antrachothorax nigricollis 1 0 0 0

Chrysolampis mosquitus 0 0 0 1

Thalurania furcata 2 1 0 0

Chlorostilbon aureoventris 0 0 0 2

Hylocharis chrysura 2 1 0 0

Amazilia fimbriata 1 2 0 6

Chloroceryle americana 3 0 0 0

Momotus momota 41 3 0 10

Brachygalba lugubris 2 0 0 0

Galbula ruficauda 2 1 0 1

Nystalus maculatus 0 4 0 3

Nonnula rubecula 8 1 0 2

Monasa nigrifrons 2 0 0 3

Picumnus cirratus 1 0 0 0

Picumnus a. guttifer 0 1 1 0

Picumnus sp. 1 2 0 0

Colaptes melanochloros 1 1 0 0

Veniliornis passerinus 1 0 1 2

Campephilus melanoleucos 0 0 0 1

Taraba major 6 0 3 1

Thamnophilus doliatus 4 2 3 4

Thamnophilus punctatus 9 21 3 26

Dysithamnus mentalis 13 0 0 2

Formicivora rufa 0 0 0 2

Synallaxis frontalis 0 2 1 1

Synallaxis albescens 0 0 0 1

Synallaxis gujanensis 0 0 0 1

Cranioleuca vulpina 1 0 0 0

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71

ESPÉCIES SETORES A B C D

Poecilurus scutatus 5 0 0 4

Automolus leucophthalmus 6 0 0 0

Sittasomus griseicapillus 8 6 0 4

Dendrocolaptes platyrostris 6 3 0 2

Dendrocolaptes picumnus 0 0 0 1

Campylorhamphus trochilirostris 4 0 0 0

Xiphorhynchus guttatus 1 0 0 0

Lepidocolaptes angustirostris 0 4 3 4

Camptostoma obsoletum 0 5 2 4

Myiopagis viridicata 0 0 1 3

Elaenia flavogaster 0 5 0 0

Elaenia parvirostris 0 3 0 0

Elaenia mesoleuca 0 5 0 3

Phyllomyias fasciatus 0 1 0 0

Serpophaga subcristata 0 1 0 1

Leptopogon amaurocephalus 10 0 0 0

Corythopis delalandi 2 0 0 3

Hemitriccus margaritaceiventer 0 7 1 5

Tolmomyias sulphurescens 1 0 0 0

Platyrhinchus mystaceus 8 1 0 1

Myiophobus fasciatus 0 1 0 0

Lathrotriccus euleri 0 6 0 0

Cnemotriccus fuscatus 7 33 10 22

Casiornis rufa 1 13 0 19

Myiarchus ferox 0 1 0 0

Myiarchus tyrannulus 3 16 1 10

Pitangus sulphuratus 5 0 0 0

Myiodinastes maculatus 2 3 1 3

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72

ESPÉCIES SETORES A B C D

Empidonomus varius 0 1 0 4

Tyrannus melancholicus 0 1 0 1

Pachyramphus polychopterus 0 2 0 1

Tityra cayana 1 0 0 0

Pipra fasciicauda 45 2 0 4

Antilophia galeata 1 2 0 0

Neopelma palescens 0 1 0 0

Cyanocorax chrysops 2 1 1 7

Polioptila domicola 0 1 0 0

Turdus nigriceps 0 1 0 0

Turdus leucomelas 30 11 0 21

Turdus amaurochalinus 7 20 9 14

Cyclarhis gujanensis 0 9 2 3

Vireo chivi 0 8 3 1

Basileuterus flaveolus 20 16 6 43

Basileuterus culicivorus hypoleucus 4 0 0 2

Thlypopsis sordida 0 0 3 0

Nemosia pileata 0 1 0 0

Eucometis penicillata 9 1 0 2

Tachyphonus rufus 0 14 4 6

Trichothraupis melanops 0 1 0 0

Habia rubica 0 1 0 0

Piranga flava 0 0 0 1

Ramphocelus carbo 1 0 0 0

Thraupis sayaca 1 4 0 0

Thraupis palmarum 0 3 0 0

Tangara cayana 0 3 0 1

Zonotrichia capensis 0 0 0 2

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73

ESPÉCIES SETORES A B C D

Oryzoborus angolensis 0 1 1 0

Arremon flavirostris 1 2 0 3

Coryphospingus cucullatus 0 3 0 9

Saltator similis 0 26 23 18

H’ 6,36 5,40 2,60 0,64

.

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74

Setor A

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

1 1 1 1 1 1 3 3 3 3 2 4 2 10 18

número de espécies

n'm

ero

de

ind

iídu

os

Setor C

0

5

10

15

20

25

1 1 1 1 1 6 2 10

núm ero de espécies

núm

ero

de

indi

vídu

os

Setor B

0

5

10

15

20

25

30

35

1 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 2 3 3 8 10 26

número de espécies

n'm

ero

de

ind

iídu

os

Figura 1.6. Abundância de espécies nos setores amostrados.

Setor D

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 4 2 7 9 9 19

número de espécies

me

ro d

e in

div

ídu

os

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75

Com base na ocorrência nos setores, pode-se agora inferir a respeito das

características ecológicas de 31 espécies com pelo menos 10 capturas, testando-se a

significância dos resultados pelo Teste de Qui-Quadrado (Tabela 1.12).

Tabela 1.12. Resultados do Teste de Qui-Quadrado para as 31 espécies com mais de 10

capturas e suas preferências pelos setores amostrados

g.l.=3; **=significativo a 1%; *=significativo a 5%; ns=não significativo.

Espécie Qui-Quadrado calculado

Pipra fasciicauda 109,39**

Momotus momota 78,59**

Basileuterus flaveolus 34,58**

Turdus leucomelas 32,32**

Casiornis rufa 31,36**

Dysithamnus mentalis 31,13**

Leptopogon amaurocephalus 30,00**

Saltator similis 24,28**

Cnemotriccus fuscatus 23,67**

Thamnophilus punctatus 22,83**

Myiarchus tyrannulus 18,80**

Coryphospingus cucullatus 18,00**

Tachyphonus rufus 17,33**

Eucometis penicillata 16,67**

Platyrhinchus mystaceus 16,40**

Nonnula rubecula 14,00**

Cyclarhis gujanensis 12,86**

Vireo chivi 12,67**

Columbina talpacoti 12,29**

Leptotila rufaxilla 11,50**

Claravis pretiosa 10,50*

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Espécie Qui-Quadrado calculado

Hemitriccus margaritaceiventer 10,08*

Cyanocorax chrysops 9,00*

Leptotila verreauxi 8,73*

Taraba major 8,40*

Turdus amaurochalinus 8,08*

Sittasomus griseicapillus 7,78ns

Dendrocolaptes platyrostris 6,82ns

Camptostoma obsoletum 5,36ns

Lepidocolaptes angustirostris 3,91ns

Thamnophilus doliatus 0,85ns

Camptostoma obsoletum, L. angustirostris, D. platyrostris, T. doliatus e S.

griseicapillus não demonstraram preferência por setores específicos. Porém, algumas

delas evitaram determinados ambientes, como no caso de C. obsoletum e L.

angustirostris, não capturados em ambientes florestais (Setor A). Isso que pode refletir a

tendência destas duas espécies em explorarem áreas mais abertas; no caso de L.

angustirostris, principalmente cerrados. Segundo literatura, Thamnophilus doliatus seria

mais comum em capoeiras; S. griseicapilus em qualquer tipo de mata e D. platyrostris em

matas e cerrados (Sick, 1997).

Taraba major, C. chrysops, H. margaritaceiventer, L. verreauxi, C. pretiosa e T.

amaurochalinus mostraram alguma preferência por determinados ambientes. Taraba

major foi mais capturada em A (florestas). Claravis pretiosa e L. verreauxi não foram

capturadas em C (evitariam este ambiente), o mesmo ocorrendo para H.

margaritaceiventer em A (caracterizando-a como espécie preferencialmente de áreas não-

florestais).

Para aquelas espécies cujas preferências foram estatisticamente significativas,

tornou-se possível agrupá-las em categorias, adaptadas de Aleixo & Vielliard (1995);

Marini & Cavalcanti (1996) e Sick (1997), fornecendo as proporções apontadas na Figura

1.7:

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77

• Espécies generalistas, ocorrendo principalmente nos ambientes mais alterados:

Thamnophilus punctatus

Basileuterus flaveolus

• Espécies tipicamente de ambientes abertos/alterados:

Saltator similis

Coryphospingus cucullatus

Casiornis rufa

• Espécies de ambientes abertos, principalmente cerrado:

Cnemotriccus fuscatus

Myiarchus tyrannulus

Columbina talpacoti

• Espécies de ambientes abertos/cerrado:

Cyclarhis gujanensis

Tachyphonus rufus

Vireo chivi

• Espécies principalmente de ambientes florestais:

Dysithamnus mentalis

Eucometis penicillata

Leptotila rufaxilla

Momotus momota

Nonnula rubecula

Platyrhinchus mystaceus

Turdus leucomelas

• Espécies tipicamente de ambientes florestais:

Pipra fasciicauda

Leptopogon amaurocephalus

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78

Figura 1.7. Proporções de ocorrências estatisticamente significativas de espécies de sub-

bosque com relação aos ambientes.

Quarenta e cinco por cento das espécies testadas mostraram alguma preferência

por ambientes florestais. O resultado não é surpreendente se considerarmos que, segundo

Silva (1995a), 51,8% das espécies de aves que se reproduzem na região do cerrado são

fortemente dependentes de florestas. Segundo o mesmo autor, quando se consideram

aquelas que dependem ainda que parcialmente destes ambientes, obtém-se 552 espécies

que, em algum grau, estão associados às florestas. Portanto, a amostra aqui detectada

estaria refletindo a situação majoritária para a região do cerrado.

Quanto à composição taxonômica nestes setores, houve o predomínio de Oscines

em B e C e de não-Passeriformes em A e D (Tabela 1.13).

tipicamente florestais

10%

tipicamente cerrado

15%

ambientes alterados

25%

principalmente florestais

35%

principalmente cerrado

15%

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Tabela 1.13. Composição taxonômica (%) das aves capturadas nos quatro setores

amostrados.

GRUPOS TAXONÔMICOS/

SETORES

A B C D

Tyrannoidea 23,64 31,25 29,17 23,44

Oscines 18,18 31,25 37,50 25,00

Furnarioidea 14,55 9,38 16,67 18,75

Não-Passeriformes 43,64 28,13 16,67 32,81

Segundo Willis (1979), um dos fatores alterados pela fragmentação seria a relação

entre não-Passeriformes, Furnarioidea, Tyrannoidea e Oscines. De acordo com este autor,

em áreas mais fragmentadas ocorreria um aumento no número de espécies de

Tyrannoidea e Oscines, simultaneamente com a redução em não-Passeriformes e

Furnarioidea.

Por este critério, os setores B e C seriam aqueles mais descaracterizados,

enquanto A e D conteriam áreas de vegetação mais contínuas, o que não corresponde à

situação real, conforme discutido anteriormente. Estas relações não puderam ser

diretamente associadas à fragmentação no presente estudo, possivelmente pela maior

heterogeneidade dos ambientes aqui estudados.

1.5. Similaridade de espécies

Na Tabela 1.14 observa-se que, pelo número de co-ocorrências em todos os locais

amostrados, constatou-se que os pares de espécies mais similares foram: B. flaveolus - C.

fuscatus (91%); C. fuscatus - C. talpacoti (88%); B. flaveolus - T. punctatus (87%), T.

leucomelas - B. flaveolus (86%); P. fasciicauda - D. mentalis (86%) e C. talpacoti - M.

tyrannulus (86%) (Tabela 1.12). Os primeiros quatro pares mostraram-se semelhantes

provavelmente por serem espécies pouco exigentes ecologicamente, ocorrendo em

ambientes diversificados. A semelhança P. fasciicauda - D. mentalis por outro lado, se

deve ao fato de que ambas são espécies de ambientes florestais, tendo também maiores

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exigências ecológicas. Podem ser consideradas bons indicadores bióticos, notadamente

para estes ambientes.

Quanto à significância destas associações de pares de espécies (Tabela 1.15),

daquelas cujo número de capturas permitiu análise estatística, nota-se que T. punctatus

não se associou positivamente com as espécies testadas (B. flaveolus e C. fuscatus).

Basileuterus flaveolus apresentou correlação positiva com C. fuscatus, mas não com T.

leucomelas. Columbina talpacoti e M. tyrannulus também correlacionaram-se

positivamente. Entre as espécies de ambientes florestais, encontram-se correlacionadas C.

pretiosa - M. momota e D. mentalis - P. fasciicauda.

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Tabela 1.14. Associação das 20 espécies com maior número de capturas. Dados padronizados baseados em número de co-

ocorrências (n.º. ocorrências x 2)/ (total ocorr sp1 + total ocorr sp2)x100 (Digby & Kempton, 1987).

ESPÉCIES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

1. Basileuterus flaveolus 100

2. Cnemotriccus fuscatus 91 100

3. Saltator similis 82 70 100

4. Turdus leucomelas 86 74 53 100

5. Thamnophilus punctatus 87 86 76 80 100

6. Momotus momota 67 63 38 80 71 100

7. Pipra fasciicauda 50 57 14 62 53 80 100

8. Turdus amaurochalinus 82 70 80 63 86 50 43 100

9. Casiornis rufa 82 80 80 63 76 50 43 70 100

10 . Myiarchus tyrannulus 70 78 78 35 74 29 33 78 67 100

11. Tachyphonus rufus 67 75 75 40 59 33 20 50 63 71 100

12. Sittasomus griseicapillus 67 63 50 67 71 67 60 75 50 57 50 100

13. Claravis pretiosa 56 50 25 80 47 83 60 50 25 29 17 67 100

14. Leptotila rufaxilla 67 63 38 67 71 67 80 50 63 43 33 50 67 100

15. Dysithamnus mentalis 40 46 - 50 43 67 86 31 31 18 - 44 67 67 100

16. Leptotila verreauxi 53 35 47 63 56 62 55 71 47 40 15 62 77 62 40 100

17. Columbina talpacoti 78 88 63 53 59 50 60 63 75 86 67 67 50 50 44 31 100

18. Cyclarhis gujanensis 59 67 67 43 50 36 22 40 53 62 73 36 18 36 - 17 73 100

19.Hemitriccus margaritaceiventer 50 57 57 31 53 20 25 57 29 67 80 60 20 20 - 18 80 67 100

20. Thamnophilus doliatus 56 63 50 40 59 50 40 63 50 71 67 67 50 33 22 46 83 55 60 100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

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Tabela 1.15. Associação entre pares de espécies e sua significância estatística.

Teste de Qui-Quadrado, onde X2 = N(ad-bc) 2 /mnrs. *=significativo a p=0,05; **=significativo a

p=0,01; ns=não significativo (Ludwig & Reynolds, 1988).

Par X2 calculado significância

C. fuscatus - B. flaveolus 5,84 *

C. talpacoti - M. tyrannulus 4,67 *

C. talpacoti - C. fuscatus 4,46 *

D. mentalis - P. fasciicauda 9,54 **

C. pretiosa - M. momota 7,02 **

T. punctatus - B. flaveolus 1,14 ns

T. punctatus - C. fuscatus 2,71 ns

T. leucomelas - B. flaveolus 1,93 ns

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2. MORFOMETRIA

No presente estudo, foram obtidos dados de 95 espécies (Tabela 2.1). Como o número

de repetições para cada característica nem sempre foi o mesmo dentro e cada espécie,

apresenta-se também o tamanho da amostra para cada caso, adicionado dos valores máximos

e mínimos.

Informações sobre biometria de aves no Brasil ainda são escassos, havendo inclusive

dificuldades em se obter literatura relacionada. Winker (1998) ressalta o fato de não existir de

modo geral, uma literatura que padronize e discuta adequadamente os métodos de obtenção de

dados morfométricos em aves, o que poderia levar a uma série de distorções.

Bierregaard (1988) publicou dados de peso e comprimentos de asa e cauda de 150

espécies de aves de sub-bosque de mata de terra firme da Amazônia central Silva et alii

(1990) apresentaram uma relação de pesos de 149 espécies da Amazônia Oriental, sendo que

para aqueles com seis ou mais indivíduos, é fornecida a variação média em gramas. Dubs

(1992) relacionou para 698 espécies do sudoeste do Brasil (Pantanal e cercanias) medidas de

comprimento total, bico, asa e cauda, obtidas em peles oriundas desta região. Para a Mata

Atlântica, no Paraná, Reinert et alii (1996) publicaram uma listagem de 508 medidas de

pesos em 74 espécies de aves, além de medidas de asa, cauda, tarso e bico de 14 espécies

consideradas pouco conhecidas.

Casos mais específicos são conhecidos por exemplo, os trabalhos de Grantsau (1988)

para beija-flores, Novaes & Lima (1991) para Selenidera gouldii; Silva (1991) para Nystalus

maculatus e Piratelli et alii (1998b) para Monasa nigrifrons com dados obtidos em Mato

Grosso do Sul.

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Tabela 2.1. Dados de peso (g), comprimentos de asa, cauda, total, tarso, cúlmem, largura e altura do bico (mm) de aves da região

leste de Mato Grosso do Sul, com tamanho de amostra (entre parênteses) e valores mínimo e máximo.

C.TOTAL = Comprimento total; L.BICO = largura do bico. Espécies ordenadas conforme classificação taxonômica proposta por

Sick (1997).

ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICOCrypturellus tataupa _ 124,5 (2)

122,0 - 27,0- - 37,3 (2)

36,5 - 38,021,9 (2)

21,0 - 22,812,9 (2) 12,7

- 13,07 (2)

7,0 - 7,0

Columbina minuta - - - - 18 (1) 12,4 (1) 6 (1) 4,5 (1)

Columbina talpacoti 49,7 (4)47,5 - 51,0

93,2 (13)85,0 - 112,0

69,9 (12)62,0 - 78,0

167,4 (13)155 - 186

17,5 (14)16,1 - 20,0

13,1 (14)11,9 - 14,9

6,6 (14)5,9 - 7,6

4,7 (14)3,8 - 6,3

Claravis pretiosa - 116,3 (14) 74,4 (14) 184,1 (12) 18,5 (13) 13,9 (13) 7,1 (12) 5 (14)106 - 122 68 - 82 178 - 196 17 - 21 12 - 16 6,1 - 8,2 4 - 6

Leptotila rufaxilla 153,3(7) 144 (19) 103,2 (18) 254,9 (17) 31,2 (18) 16 (17) 9,4 (15) 5,5 (19)130 - 168 135 - 155 84 - 111 206 - 275 27 - 35,3 14,8 - 17,9 8 - 12 4,4 - 6,7

Leptotila verreauxi 154,1 (5) 146,3 (15) 105,8 (13) 257,5 (13) 31,4 (15) 16,5 (14) 8,7 (14) 5,9 (14)144,5 -172 139 - 158 96 - 115 243 - 275 28,4 - 35 15,5 - 18,8 7 - 10 4,9 - 8,0

Geotrygon montana - 127 (1) 57 (1) 180 (1) 25 (1) 12,5 (1) 9 (1) 5,2 (1)

Piaya cayana 118,2 (4) 160,2 (7) 305,2 (7) 474,2 (6) 41 (7) 27,9 (6) 19,4 (6) 12 (6)102,5 - 132 152 - 175 290 - 330 445 - 490 32 - 45,5 25 - 30 17 - 21,3 11,1 - 14

Coccyzus melacoryphus 44 (2) 117,5 (2) 126,5 (2) 255,5 (2) 25,9 (2) 22,8 (2) 15,4 (2) 8,2 (2)44 - 44 117 - 118 125 - 128 248 - 263 25,9 - 25,9 20,9 - 24,8 13,8 - 16,9 8 - 8,5

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ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICO

Glaucidium brasilianum 64 (1) 91 (1) 58 (1) 162 (1) 25 (1) 15 (1) 16,5 (1) 11 (1)

Nyctidromus albicollis - 179,5 (2) 161,5 (2) 302,5 (2) 277,5 (2) 13,7(2) 29,7 (2) 4,5 (2)- 177 - 182 152 - 171 275 - 330 265 - 290 13 - 14,5 29,5 - 30 4 - 5

Hydropsalis brasiliana - 172 (1) 133 (1) 290 (1) 22 (1) 145 (1) 28 (1) 44 (1)

Phaethornis pretrei - 60 (1) 70 (1) - 3 (1) 28 (1) - -

Colibri serrirostris 6,5 (1) 67 (1) 41 (1) 108 (1) 6 (1) 21 (1) 12,5 9 (1)

Chrysolampis mosquitus 4 (1) 56 (1) 30 (1) 90 (1) 4,3 (1) 11 (1) 4,7 (1) 2 (1)

Thalurania furcata 4,8 (3) 60,7 (3) 37,3 (3) 99,3 (3) 4,8 (3) 19,9 (3) 5,1 (3) 2,5 (3)4,5 - 5 60 - 61 37 -38 98 - 111 4 - 6,3 19,4 - 20,9 4,5 - 5,5 2,5 - 2,5

Chlorostilbon aureoventris 4,5 (2) 49 (2) 24 (2) 85,5 (2) 5 (2) 17,8 (2) 5 (2) 2,5 (2)4,5 - 4,5 49 - 49 22 - 26 83 - 88 4 - 6 17 - 18,5 5 - 5 2 - 3

Hylocharis chrysura 3,2 (3) 52 (3) 30 (3) 85,7 (3) 4,7 (3) 20,6 (3) 5,6 (3) 2,1 (3)2,5 - 3,5 50 - 54 29 - 31 84 - 87 4,5 -4,8 20,3 - 21 5,1 - 6,4 1,9 - 2,4

Amazilia fimbriata 4,3 (9) 54,8 (9) 29,5 (8) 90,25 (8) 5,2 (8) 18,4 (8) 5,3 (9) 2,2 (9)3 - 5,5 50 - 60 25 - 32 81 - 98 4 - 7 17,0- 19,5 4,6 - 6 2 - 2,6

Chloroceryle americana 36,8 (3) 76,5 (3) 61 (3) 198 (3) 12,5 (3) 35,5 (3) 16,5 (3) 10 (3)36,5 - 37 71 - 82 60 - 62 195 - 201 12 - 13 30,9 - 40 15 - 18 10 - 10

Momotus momota 112,6 (15) 138,5 (51) 214,6 (46) 391,8 (48) 27,6 (51) 35,9 (52) 21,3 (46) 13,5 (49)96 - 134 125 - 147 200 - 245 335 - 430 24 - 31 30,5 - 42,6 16 - 23,9 8,8 - 16,5

Brachygalba lugubris 17,5 (2) 69,5 (2) 49 (2) 165 (2) 13,2 (2) 42,6 (2) 10 (2) 6 (2)

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86

ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICO17,5 - 17,5 69 - 70 48 - 50 163 - 167 12,3 - 14,2 41,3 - 43,9 10 - 10,1 5,8 - 6,3

Galbula ruficauda 25,1 (4) 80 (4) 88 (4) 215,5 (4) 12,8 (3) 51,7 (2) 10 (4) 13 (2)21 - 30 76 - 83 83 - 91 190 - 225 12 - 14 50,6 - 52,5 6,9 - 13,5 10 - 16

Nystalus maculatus 42,5 (6) 78,7 (7) 64 (7) 179,7 (7) 21,6 (7) 32,4 (7) 17,6 (7) 13,3 (6)38 - 46 76 - 80 60 - 70 172 - 182 18,2 - 24,3 29,2 - 34 14,4 - 19,9 11,3 - 15

Nonnula rubecula 16,6 (9) 66,7 (10) 59,1 (9) 145,9 (10) 14,4 (10) 19,9 (10) 11,4 (10) 7,1 (10)14,5 - 19 63 - 75 55 - 65 135 - 150 13,7 - 16,5 18,9 - 21,6 10 - 13 6,4 - 8

Monasa nigrifrons 82,7 (3) 131 (5) 123,6 (5) 277,4 (5) 22,2 (5) 33,4 (5) 17 (5) 13,1 (5)75 - 87 123 - 135 117 - 130 270 - 285 19,5 - 26 31 - 37,5 15 - 19 11,5 - 14,5

Picumnus cirratus 10 (1) 58 (1) 36 (1) 120 (1) 14 (1) 12 (1) 11 (1) 11 (1)

Picumnus guttifer 12,8 (2) 57,5 (2) 30,5 (2) 96,5 (2) 15,3 (2) 11,5 (2) 8 (2) 5,5 (2)12,5 - 13 57 - 58 28 - 33 93 - 100 13,5 - 17 11 - 12 7,5 -8,5 5,6 - 6

Chrysoptilus melanochloros - 131,5 (2) 83,5 (2) 226,5 (2) 25 (2) 27 (2) 13,3 (2) 8,5 (2)- 127 - 136 73 - 94 215 - 238 25 - 25 27 - 27 12,5 - 14 8 - 9

Veniliornis passerinus 30,5 (4) 90,3 (4) 45,5 (4) 142,8 (4) 16,8 (4) 19,5 (4) 12 (4) 6,4 (4)29 - 33 89 - 92 38 - 51 137 - 150 16 - 17,3 18 - 21,5 10,7 - 13 6 - 7

Taraba major 53,6 (4) 94,3 (10) 82,6 (10) 209,1(9) 36,3 (10) 24,4 (10) 15,7 (10) 10,7 (10)45,5 - 59,5 85 - 98 71 - 90 200 - 218 32 - 39,9 21 - 27 14 - 17,7 9 - 12,5

Thamnophilus doliatus 29,1 (10) 79,4 (14) 64,5 (14) 162,3 (14) 28,1 (14) 17,9 (14) 11,9 (14) 7,6 (12)24 - 32 75 - 84 60 - 70 149 - 178 25,6 - 31,9 17 - 21,7 10 - 13,4 7,1 - 8,3

Thamnophilus punctatus 19,3 (56) 68,1 (56) 53,9 (55) 137,6 (55) 23,1 (54) 16,1 (51) 11,3 (52) 6,5 (59)10,5 - 22,5 58 - 78 39 - 65 122 - 177 16 - 19,5 12 - 21 8 - 15 5,2- 8

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87

ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICO

Dysithamnus mentalis 14 (15) 61,4 (15) 41,5 (13) 107,5 (13) 19,3 (14) 14,5 (14) 9,8 (14) 5,4 (14)12 - 16 59 - 65 38 -45 102 - 105 18 - 21,2 13,4 - 19 7,7 - 11,2 4,7 - 6

Formicivora rufa 10,8 (2) 52 (2) 62,5 (2) 141 (2) 22,4 (2) 14,6 (2) 8,4 (2) 4,6 (2)10,5 - 11 49 - 55 60 - 65 140 - 142 19,8 - 25 14,3 - 15 8 - 8,8 4,2 - 5

Synallaxis frontalis 15,5 (4) 57,5 (4) 71,5 (4) 145 (4) 20,5 (4) 11,1 (4) 9,3 (4) 4,5 (4)14 - 17,5 53 - 61 70 - 73 140 - 150 18,9 - 23 10 - 12 7 - 10,1 4 - 5

Synallaxis albescens 12,5 (1) 54 (1) - - 19,2 (1) 11,8 (1) 8 (1) 4,1 (1)

Poecilurus scutatus 13,7 (9) 57,1 (9) 66,1 (9) 136,4 (9) 19,2 (9) 11,9 (9) 8,8 (9) 4,5 (9)10 - 19 54 - 60 62 - 78 125 - 159 17,5 - 21,2 11 - 13,6 6 - 10,2 4 - 5

Cranioleuca vulpina 20,5 (1) 70 (1) 69 (1) 140 (1) 23,4 (1) 13,4 (1) 9,2 (1) 4,3 (1)

Automolus leucophthalmus 30,7 (10) 85,3 (10) 76,3 (10) 175,5 (10) 22,8 (10) 20,3 (10) 12,6 (10) 9,4 (10)22,5 - 33,5 79 - 92 71 - 82 169 - 189 21 - 25,2 19 - 22 11,5 - 13,8 7 - 18,9

Sittasomus griseicapillus 12,7 (17) 76,1 (18) 71,4 (17) 148,6 (17) 16,1 (18) 13 (18) 8,2 (16) 4,3 (16)10,5 - 15,5 67 - 85 64 - 77 134 - 165 15,2 - 18 11 - 14,5 8 - 10,5 3 - 6

Dendrocolaptes platyrostris 64,1 (5) 122,8 (10) 107,8 (10) 258,4 (9) 27,8 (8) 34,3 (10) 17,6 (9) 9,3 (10)56 - 70 109 - 131 82 - 119 230 - 283 26,3 - 32 31 - 38 16,4 - 21 6,3 - 11

Campylorhamphus trochilirostris 45 (4)44 - 46

104,5 (4) 95- 110

90,3 (3) 88- 93

241 (4)220 - 252

20,8 (4)20 - 21,5

58,3 (4)50,8 - 62

13,9 (4)11,5 - 15,3

7 (4)6 -8

Xiphorhynchus guttatus 34 (1) 125 (1) 110 (1) 258 (1) 34 (1) 40 (1) 14 (1) 10 (1)

Lepidocolaptes angustirostris 28,7 (9) 97,1 (10) 78,6 (11) 192,5 (11) 20,2 (11) 29,8 (11) 11,8 (11) 5,9 (11)25 - 31,5 90 - 101 71 - 90 180 - 220 19,5 - 21 24 - 32,8 9,5 - 13,8 5 - 7

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ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICO

Myiopagis viridicata 11,8 (3) 63 (3) 54 (3) 124,3 (3) 15,4 (3) 9,9 (3) 7,7 (3) 4,2 (3)11,5 - 12 60 - 66 52 - 57 123 - 127 14,5 - 16,7 9 - 10,4 5 - 9,7 4 - 4,4

Elaenia parvirostris 15,7 (3) 75,7 (3) 63,7 (3) 132,3 (3) 16,3 (3) 9,7 (3) 11,4 (3) 4,4 (3)15,5 - 16 72 - 80 60 - 66 132 - 133 16 - 17 9 - 10,5 11 - 12,1 3,8 - 4,8

Elaenia mesoleuca 9,9 (4) 75,3 (7) 59,4 (7) 131,4 (7) 18,7 (8) 10,3 (8) 9,7 (8) 4,4 (8)9 ,0- 10,5 60 - 96 49 - 75 110 -158 16 - 21,5 9,2 - 11,7 7,9 - 13 3,5 - 5

Serpophaga subcristata 9 (2) 54 (2) 49 (2) 112 (2) 17,4 (2) 9,8 (2) 9,6 (2) 3,96 (2)8,5 - 9,5 53,0 - 55,0 48,0 - 50,0 110,0 - 114,0 15,8 - 19,0 9,5 - 10,2 9,6 - 9,6 3,9 - 4,0

Phyllomyias fasciatus 3,5 (1) 64 (1) 58 (1) 118 (1) 17 (1) 10 (1) 8,9 (1) 4 (1)

Leptopogon amaurocephalus 11,4 (9) 65,6 (9) 58 (9) 125,4 (9) 15,8 (10) 13,2 (10) 10,3 (10) 4,6 (10)10 - 13 62-70 52 - 67 115 - 135 13 - 17,3 11,5 - 17 9 - 12 4 - 5,3

Corythopis delalandi 13,7 (5) 67,8 (5) 50,6 (5) 121,6 (5) 22,9 (5) 14,5 (5) 9,6 (5) 4,3 (5)9,5 - 17 65 - 69 32 - 68 105 - 131 21 - 24 13 - 15,1 9 - 11,1 4 - 5,1

Hemitriccus margaritaceiventer 9 (13)6 - 13

50 (13)47 - 53

41,8 (13)36 - 47

103,1 (13)99 - 112

19,9 (13)17,8 - 22,5

12,2 (13) 7 - 13,5

8,8 (13)7,5 - 10

3,8 (12)3,4 - 4

Tolmomyias sulphurescens 11 (1) 63 (1) 51 (1) 128 (1) 16 (1) 12 (1) - -

Platyrhinchus mystaceus 9,6 (8) 55,7 (9) 28,4 (9) 89,9 (9) 15,9 (9) 10,5 (9) 10,3 (8) 3,6 (8)8 - 11 50 - 61 26 - 32 83 - 100 11 - 17,7 8 - 12,1 8,7 - 12 3 - 4,2

Myiophobus fasciatus 15 (1) 68 (1) 57 (1) 130 (1) 12 (1) 7 (1) 7 (1) -

Cnemotriccus fuscatus 13,9 (67) 67,9 (67) 61,9 (67) 134,5 (65) 18 (66) 12 (66) 10,3 (67) 4,4 (65)10 - 25,5 57 - 80 40 - 76 113 - 153 15,5 - 21,8 9,5- 14 8 - 15 3,7 - 6

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ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICO

Casiornis rufa 21,1 (28) 82,7 (29) 76,4 (32) 164,4 (32) 19,4 (31) 14,5 (31) 12,1 (31) 5,7 (31)16,5 - 24,0 63 ,0- 89,0 71,0 - 83,0 155,0 - 176,0 16,7 - 22,0 10,5 - 16,0 9,0 - 15,0 5,0 - 7,0

Myiarchus ferox 24 (1) 95 (1) 85 (1) 178 (1) 19,2 (1) 16,2 (1) 12,5 (1) 6 (1)

Myiarchus tyrannulus 26,5 (20) 91,5 (29) 81,6 (29) 185,2(28) 20,9 (29) 18,3 (28) 13,1 (28) 6,5 (26)23 - 32,5 78 - 97 67 - 87 165 - 206 18 - 23,9 15 - 22,3 11,7 - 15,1 4,5 - 8,2

Pitangus sulphuratus - 119,8 (5) 88,8 (5) 225,8 (5) 27,1 (5) 28,3 (5) 17,4 (5) 10,1 (5)- 112 - 124 86 - 94 217 - 230 26 - 29,3 26,2 - 31,5 16,5 - 18,2 9 - 11

Myiodinastes maculatus 52 (4) 106,6 (9) 84,1 (9) 202,9 (8) 20 (9) 22,4 (8) 17 (9) 8,8 (9)48 - 57 97 - 110 78 - 89 194 - 211 15 - 25,3 20,5 - 24,5 14,5 - 19 5,7 - 10

Empidonomus varius 26,6 (5) 97,2 (5) 78,8 (5) 171,6 (5) 16,1 (5) 13,6 (4) 11,9 (5) 5,6 (5)24,5 - 29 94 - 101 75 - 83 165 - 180 13,4 - 18 12,5 - 14,9 11 - 13 4,5 - 6,2

Tyrannus melancholicus - 114 (2) 80 (2) 210 (2) 18,9 (2) 24,9 (2) 14,6 (2) 7,6 (2)113 - 115 75 - 85 198 - 222 18 - 19,7 22,7 - 27 14,2 - 15 7,8 - 8

Pachyramphus polychopterus 20,2 (2) 83,5 (3) 60,5 (3) 144 (3) 18,8 (3) 12,8 (3) 11,4 (3) 6 (3)19 - 21,5 81 - 85 59 - 61 140 - 148 18 - 19,9 12 - 13 9,6 - 12,8 6 - 6,5

Tityra cayana 75 (1) 122 (1) 72 (1) 213 (1) 23 (1) 26,5 (1) 22,4 (1) 11,5 (1)

Lathrotriccus euleri 17,5 (5) 74 (6) 63,3 (6) 138,3 (6) 15,9 (6) 9,7 (6) 9,8 (6) 4,4 (6)15,5 - 21,5 61 - 81 55 - 69 117 - 148 13 - 17,5 9,1 - 10,4 8,9 - 10,3 4 - 5

Pipra fasciicauda 15,7 (48) 64,9 (50) 29,1 (48) 104,2 (50) 16,1 (51) 10,2 (49) 10,5 (47) 4,6 (48)11,5 - 19 60 - 76 26 - 34 95 - 118 14 - 21 8,9 - 14,5 7 - 13,5 4 - 9,5

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90

ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICOAntilophia galeata 21,8 (3) 79,3 (3) 61,7 (3) 154,3 (3) 19 (3) 7,5 (2) 13,7 (3) 4,5 (3)

21,5 - 22 77 - 83 60 - 63 145 - 166 19 - 19 7,5 - 7,5 11 - 17 4,5 - 4,5

Neopelma palescens 20,5 (2) 81,5 (2) 64,5 (2) 144 (2) 18,6 (2) 12,2 (2) 11,4 (2) 5 (2)19,5 - 21,5 80 - 83 61 - 68 143 - 145 18,2 - 19 11,4 - 13 11,3 - 11,5 5 - 5

Cyanocorax chrysops 140,3 (8) 152,1 (11) 155,5 (11) 336,3 (11) 45,4 (11) 27 (9) 16,6 (11) 11,9 (11)127 - 158 138 - 158 138 - 160 325 - 350 41,6 - 49 25,5 - 29,8 12 - 19 9,3 - 13

Polioptila dumicola 6,5 (1) 64 (1) 54 (1) 120 (1) 17 (1) 12 (1) 12 (1) 3 (1)

Turdus nigriceps 49 (1) 115 (1) 84 (1) 194 (1) 28 (1) 16 (1) 12 (1) 6,5 (1)

Turdus leucomelas 67,1 (21) 118,6 (59) 95 (57) 222,3 (58) 31,6 (59) 19,8 (60) 13,7 (54) 7,5 (54)61,5 - 78 104 - 127 81 - 107,0 210 - 245 27,5 - 37 17 - 24 10,3 - 18,0 6,5 - 10,1

Turdus amaurochalinus 57,1 (23) 114,9 (51) 91,2 (51) 216,1 (50) 31,2 (50) 19,3 (51) 13,2 (47) 7,1 (49)48,5 - 67 100 - 128 80 - 102 195 - 235 26,5 - 35,6 17 - 22,5 10 - 16,5 5 - 8,5

Cyclarhis gujanensis 27,2 (11) 76,1 (14) 60,4 (14) 150,5 (14) 23,4 (13) 16,5 (14) 12,1 (14) 9,7 (14)25 - 30 72 - 85 53 - 65 144 -160 21 - 27,6 11,5 - 19 9 - 14,8 8,8 - 11

Vireo chivi 15,3 (12) 70,1 (12) 47,8 (12) 124,2 (12) 18,1 (12) 13,3 (12) 9,3 (12) 4,7 (12)14 - 18 65 - 75 37 - 55 115 - 135 17 - 19,4 11,9 - 15,5 7,1 - 11 4 - 5

Basileuterus flaveolus 13,7 (66) 64,7 (76) 60,8 (76) 137 (76) 22,8 (75) 12,1 (75) 8,2(75) 4,2 (76)11 - 16 59 - 74 46 - 69 122 - 150 19 - 26,3 10,2 - 15,5 6 - 11 3,5 - 5

Basileuterus c. hypoleucus 10,3 (6) 57 (6) 51,8 (6) 117,2 (6) 19,4 (6) 10,5 (6) 7,9 (6) 4 (6)9,5 - 11 53 - 60 47 - 55 111 - 122 18,8 - 20,4 9,7 - 12 7,5 - 8,7 3,3 - 5

Thlypopsis sordida 14,0 (3) 68 (3) 58 (3) 130 (3) 21,6 (3) 11,2 (3) 8,8 (3) 4,9 (3)12,5 - 15 65 - 71 54 - 60 123 - 135 20,2 - 23,5 10,8 - 11,6 8 - 9,7 4,7 - 5,2

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91

ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICO

Eucometis penicillata 26,8 (8) 90 (12) 80,9 (12) 174,7 (12) 20,7 (12) 16,3 (12) 12,4 (12) 8,2 (12)23 - 29 84 - 96 75 - 86 165 - 185 20 - 21,5 22,4 - 18,2 10,7 - 14,3 7,3 - 9

Tachyphonus rufus 31 (13) 84 (24) 73 (24) 182,6 (23) 23,6 (22) 18,6 (23) 10,6 (23) 8,9 (23)26 - 34 80 - 95 73 - 87 170 - 194 21 - 28 16,6 - 20,8 8,9 - 12,6 6 - 10

Trichothraupis melanops 19,5 (1) 80 (1) 65 (1) 149 (1) 17,9 (1) 12,1 (1) 11,9 (1) 4,8 (1)

Habia rubica 12 (1) 69 (1) 63 (1) 150 (1) 17,8 (1) 14 (1) 7,7 (1) 5,5 (1)

Piranga flava 24 (1) 90 (1) 85 (1) 185 (1) 19 (1) 18 (1) 9 (1) 7,5 (1)

Ramphocelus carbo - 90 (1) 87 (1) 173 (1) 21,6 (1) 14,7 (1) 12,6 (1) 8,6 (1)

Thraupis sayaca 30,1 (5) 92,2 (5) 62,4 (5) 151 (5) 19,4 (5) 14,3 (5) 10,9 (5) 7,6 (5)27,4 - 33,5 88 - 97 58 - 68 149 - 155 18,2 - 20 13,1 - 16,5 9,7 - 11,9 6,8 - 8,6

Thraupis palmarum 40,5 (2) 103 (3) 77,3 (3) 170 (3) 20,8 (3) 14,6 (3) 11,1 (3) 7,1 (3)38,5 - 42,5 101 - 106 74 - 79 160 - 176 20 - 21,2 13,5 - 15,5 7,5 - 14 7 - 7,2

Tangara cayana 19,3 (3) 77,3 (4) 52,5 (4) 129,3 (4) 18,6 (4) 12,6 (4) 8,8 (4) 6,4 (4)17,5 - 21 73 - 80 52 - 53 123 - 135 17,3 - 19 10,6 - 16,5 8 - 9,4 5,9 - 7

Zonotrichia capensis 14,8 (2) 67 (2) 63,5 (2) 138,5 (2) 20,4 (2) 13,1 (2) 8,5 (2) 7,7 (2)10,5 - 19 66 - 68 60 - 67 137 - 140 20 - 20,7 13 - 13,3 8 - 8,9 7,4 - 8

Oryzoborus angolensis 17,25 (2) 67 (2) 62,5 (2) 135,5 (2) 18 (2) 13,05 (2) 11,25 (2) 11,25 (2)12 - 22,5 60 - 74 58 - 67 122 - 149 16 - 20 11 ,6 - 14,5 10,5 - 12 10,5 - 12

Arremon flavirostris 25,2 (5) 72,8 (5) 64,2 (6) 149,2 (6) 24,9 (6) 14,1 (6) 9,4 (6) 7,9 (6)25,5 - 27 66 - 77 59 - 73 141 - 160 23,5 - 27,9 12,7 - 15,3 8 - 10,3 7,7 - 8,2

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92

ESPÉCIE PESO ASA CAUDA C. TOTAL TARSO CÚLMEM L BICO ALT. BICOCoryphospingus cucullatus 15,6 (11) 65,4 (11) 57,5 (11) 132,8 (11) 18,7 (11) 11,9 (10) 8,5 (11) 7 (11)

14 - 18 60 - 70 53 - 63 120 - 144 17,1 - 21,2 8,6 - 13,3 6,2 - 10 6,2 - 8,5

Saltator similis 43,2 (48) 98,8 (65) 90,2 (63) 204,2 (63) 25 (67) 18,9 (65) 13 (65) 12,3 (65)37 - 48 90 - 112 74 - 100 170 - 230 21,8 - 31,2 16,2 - 21,2 10,5 - 16 11 - 14

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93

2.1. Biometria

Fontes de variação em características biométricas podem ser raças geográficas

(nas espécies politípicas), idade (jovem ou adulto) e sexo. Nas espécies onde o

dimorfismo sexual não é evidente, os estudos com marcação e recapturas não detectam

variações quanto ao sexo, não se podendo portanto, controlar esta variável.

Quanto às médias entre jovens e adultos e entre machos e fêmeas para quatro

espécies cada um (Tabela 2.2), verificou-se que em nenhum caso o valor calculado de t

foi significativo (Vieira & Hoffmann, 1980). Assim sendo, pelo menos para estas

espécies, os dados obtidos não variaram em função da idade ou do sexo. O critério para

escolha destas quatro espécies foi o número suficiente de capturas e medições.

Tabela 2.2. Variação de valores médios de peso (g), comprimento de asa, cauda, total,

tarso, cúlmem, largura e altura do bico (mm) comparada entre machos e

fêmeas e jovens e adultos.

pes = peso; cau = cauda; ctot= comprimento total; tar=tarso; cul=cúlmem; lbi=largura do

bico; altbi=altura do bico; AD=adulto; JOV=jovem; F=fêmea; M=macho, t = valor de t

calculado (teste de t – student)

pes asa cau ctot tar cul lbi altbiBasileuterus flaveolus AD 14,0 64,3 60,4 137,2 22,8 12,2 8,4 4,3

JOV 13,8 64,4 61,4 133,1 23,0 11,8 8,3 4,2t 0,6 0,9 0,3 0,2 0,5 0,1 0,7 0,9

Casiornis rufa AD 20,9 82,0 68,4 163,1 19,8 15,2 11,7 6,0JOV 20,5 83 75,9 164,9 18,8 14,3 12,6 5,7t 0,6 0,9 0,3 0,2 0,5 0,1 0,7 0,9

Cnemotriccus fuscatus AD 13,8 68,4 60,1 135,1 18,2 11,6 9,5 4,7JOV 13,7 67,5 60,6 133,8 17,8 12,0 10,4 4,6t 0,9 0,5 0,9 0,6 0,3 0,3 0 0,8

Saltator similis AD 43,0 98,3 89,3 200,3 25,3 19,1 12,8 12,4JOV 43,2 96,6 89,9 204,0 24,8 18,8 13,1 13,7t 0,9 0,6 0,7 0,4 0,3 0,4 0,4 0,5

Pipra fasciicauda F 15,7 64,5 29,4 102,5 15,9 13,4 10,7 4,4M 15,8 65,1 28,0 102,4 16,5 14,1 10,1 5,0

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94

pes asa cau ctot tar cul lbi altbit 0,9 0,4 0 1,0 0,2 0,9 0,2 0,1

Thamnophiluspunctatus

F 19,4 68,0 54,5 137,7 23,0 16,1 10,9 6,7

M 19,2 68,3 53,2 137,1 22,7 15,2 11,1 7,2t 0,7 0,7 0,2 0,7 0,6 0,1 0,8 0,2

Tachyphonus rufus F 30,7 84,7 78,4 82,2 23,5 18,4 11,4 9,2M 31,3 89,0 82,7 72,0 22,8 18,2 21,0 9,0t 0,84 0,01 0,02 0,31 0,46 0,66 0,28 0,80

Thamnophilus doliatusF 27,0 79,3 67,0 169,0 28,7 17,6 11,9 8,0M 29,6 79,2 64,0 161,6 28,0 18,1 11,9 7,5t 0,2 0,9 0,3 0,5 0,7 0,5 0,8 0,2

Bierregaard (1988) determinou dimorfismo sexual no gênero Deconychura por

medidas de asa e cauda. Counsilman et alii (1994) utilizaram dados morfométricos para a

distinção de sexo em duas espécies do gênero Acridotheres, concluindo que os caracteres

morfométricos mais eficientes na discriminação foram tamanho da cauda, largura do bico

e cúlmem. Lockwood & Moulton (1994) utilizaram-se de diversos dados morfométricos

medidos em espécimes de museus (envergadura de asa, largura e comprimento do bico)

para comparar a morfologia de Passeriformes introduzidos no arquipélago de Bermudas,

obtendo variações maiores do que se poderia atribuir como sendo ao acaso, concluindo

existirem adaptações morfológicas aos diferentes ambientes.

Variações morfológicas na mesma espécie podem ocorrer em curto espaço de

tempo, quando há isolamento geográfico. Em Zosterops lateralis foram verificadas

diferenças significativas nos valores médios de asa, cabeça, cauda, tarso e bico e nas

variâncias da asa, bico e cabeça, quando compararam-se populações de novos e antigos

colonizadores de ilhas do sudeste do Pacífico (Clegg et alii, 1998). Mesmo em raças

simpátricas, podem ocorrer variações morfométricas, conforme Friesen et alii (1998)

observaram para Oceanodroma castro. Nesta espécie, indivíduos que se reproduzem na

mesma época são semelhantes morfológica e geneticamente, sendo entretanto distintas

fenotipicamente daquelas que se reproduzem em estações diferentes.Comparando-se por

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95

exemplo, algumas características morfológicas de Nystalus maculatus (comprimentos de

asa, cauda e bico) obtidas por Silva (1991) com os do presente estudo, tem-se a situação

da Tabela 2.3.

Tabela 2.3. Dados morfológicos (médias) comparados de Nystalus maculatus (valores

em mm).

PROCEDÊNCIA Asa Cauda Bico(cúlmem)

Três Lagoas (MS) 78,7(n=7)

64,0(n=7)

32,4(n=7)

Centro-Oeste (sul do PA,MG, GO e MT)

78,1(n=14)

69,2(n=13)

33,1(n=14)

Nordeste (MA, CE e BA) 77,8(n=15)

70,1(n=14)

33,9(n=15)

Santarém (PA) 77,3(n=7)

68,7(n=7)

29,5(n=7)

Marajó (PA) 77,4(n=5)

72,7(n=4)

39,7(n=5)

Dados biométricos podem também ser usados para separar espécies semelhantes

dentro de um gênero. Com os resultados deste estudo, observa-se que, para duas espécies

cuja identificação é confusa mesmo na literatura, Leptotila verreauxi e L. rufaxilla,

podem-se utilizar medidas de comprimento total, cauda e asa para auxiliar a

identificação, já que a segunda espécie foi maior em média, nestas características.

Para Elaenia parvirostris e E. mesoleuca, os melhores parâmetros distintivos

foram peso, comprimentos de cauda, tarso e a largura do bico. Alves (1986) considerou

medidas de bico, principalmente largura e altura, como caráter biométrico forte no auxílio

da identificação de espécies do gênero Elaenia. Bierregaard (1988) separou espécies dos

gêneros Pipra e Myrmotherula através de medidas de asa e cauda.

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96

2.2. Peso

Quanto ao peso médio, os dados aqui apresentados variaram bastante em relação

aos obtidos por Bierregaard (1988), Silva et alii (1990) e Oniki (1990) para as mesmas

espécies (Tabela 2.4).

Tabela 2.4. Pesos médios (g) de algumas aves da região de Três Lagoas comparados

com dados obtidos em outras regiões do país.

ESPÉCIE Região de TrêsLagoas (MS)

EstaçãoEcológica Serra

das Araras (MT)1

AmazôniaOriental2

AmazôniaCentral3

Thaluraniafurcata

4,8 (n=3) - - 4,02 (n=121)

Colibri

serrirostris

6,5 (n=1) 5,0 - -

Momotus

momota

112,6 (n=15) - - 134,84

(n=95)

Nonnula

rubecula

16,6 (n=9) - - 20,55 (n=2)

Monasa

nigrifrons

82,7 (n=3) 87,0 - -

Sittasomus

griseicapilus

12,7 (n=17) 13,3 - 13,74 (n=36)

Casiornis rufa 21,1 (n=28) 23,5 - -

Pipra

fasciicauda

15,7 (n=48) 15,5 14,44 -

Myiarchus

tyrannulus

26,5 (n=20) 25,5 - -

Basileuterus 13,7 (n=66) 14,9 - -

1 Oniki (1990) - obtidos logo após a captura (n=1).2 Silva et alii (1990) - média de machos, fêmeas e sexo desconhecido (n não fornecido)3 Bierregaard (1988)

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ESPÉCIE Região de TrêsLagoas (MS)

EstaçãoEcológica Serra

das Araras (MT)1

AmazôniaOriental2

AmazôniaCentral3

flaveolus

Thamnophilus

punctatus

19,3 (n=58) - 19,5 -

Tachyphonus

rufus

31,0 (n=13) - 36,5 -

Oryzoborus

angolensis

17,25 (n=2) - - 12,79 (n=7)

Para entender a variação do peso das espécies capturadas na região de Três

Lagoas ao longo do ano, fez-se a média mensal para as espécies com maior número de

capturas, obtendo-se os resultados mostrados nas Figuras 2.1. e 2.2. Observa-se nestes

casos que, aparentemente, não houve grandes variações nestes valores ao longo do ano.

Houve uma tendência a ligeiro declínio em agosto, o que ficou evidente em T.

amaurochalinus, C. fuscatus, B. flaveolus e S. griseicapillus. O peso médio de P.

fasciicauda e T. leucomelas caiu em outubro; o de T. punctatus teve uma queda mais

acentuada em maio.

O peso é uma característica cujos valores podem mudar em pouco espaço de

tempo. Oniki (1990) verificou para 15 espécies que seus pesos corporais variaram de 0,8

até 15,5g em uma noite, sendo que as com menos de 20g perderam proporcionalmente,

menos peso do que aquelas cujos pesos excediam este valor. Neste estudo, foi verificado

que espécies como Monasa nigrifrons e Myiarchus swainsoni mostraram queda de peso

em magnitudes semelhantes (7 e 6,8g respectivamente); entretanto, esta última mostrou-

se mais debilitada, já que isso proporcionalmente é mais significativo.

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98

0

5

10

15

20

25

j f m a m j j a s o n dmeses do ano

pe

so m

éd

io (

g)

C. fuscatus B. flaveolus C. rufa

P. fasciicauda S. griseicapilus T. punctatus

Figura 2.1. Variação do peso médio das espécies com maior número de capturas e até

25g ao longo do ano.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

j f m a m j j a s o n d

meses do ano

pe

so m

éd

io (

g)

S. similis M. tyrannulus

T. leucomelas T. amaurochalinus

Figura 2.2 .Variação do peso médio das espécies com maior número de capturas e com

mais de 25g ao longo do ano.

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99

Variação de massa corporal foi tema de estudos na Suíça. Turrian & Jenni (1991)

relacionaram a variação da massa corporal de Sylvia atricapilla com tamanho, época de

ano e de mudas e horas do dia. Wendeln & Becker (1996) estudaram a variação da

massa corporal de Sterna hirundo na Alemanha durante três anos, detectando, nos dois

primeiros anos, um aumento no peso das fêmeas antes do período de postura de ovos,

seguido de um declínio durante a incubação, mantendo-se constante no terceiro ano, a

exemplo dos machos, cujas massas nunca se alteraram neste período. Também foi visto

neste estudo que indivíduos incubando ovos eram mais pesados do que aqueles cuidando

de ninhegos. As variações de peso observadas neste caso foram atribuídas ao estresse e às

condições de forrageamento.

Das oito espécies em que foi possível avaliar a variação no peso médio ao longo

do dia, constatou-se uma tendência em aumento progressivo em A. leucophthalmus, B.

flaveolus, L. amaurocephalus, P. fasciicauda, M. momota e S. griseicapillus. Somente em

D. mentalis e T. punctatus esta tendência não ficou claramente definida. Em D. mentalis,

a tendência foi inversa, decaindo o peso até próximo das 15hs, a partir de quando houve

um ganho de peso (Figura 2.3).

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100A. leucophthalmus

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 o

horas do dia

peso

dio

B. flaveolus

12,8

13

13,2

13,4

13,6

13,8

14

14,2

14,4

14,6

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 ou +

horas do dia

peso

dio

D. mentalis

12

12,5

13

13,5

14

14,5

15

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 ou +

horas do dia

peso

méd

io

L. amaurocephalus

0

2

4

6

8

10

12

14

16

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 ou +

horas do dia

peso

méd

io

N=10N=38

N=20

N=14

Figura 2.3. Variação média do peso de oito espécies ao longo do dia.

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101

M. momota

110

112

114

116

118

120

122

124

126

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 ou +

horas do dia

peso

dio

P. fasciicauda

14,8

15

15,2

15,4

15,6

15,8

16

16,2

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 ou +

horas do dia

peso

méd

io

S. griseicapillus

11,5

12

12,5

13

13,5

14

14,5

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 ou +

horas do dia

pes

o m

édio

T. punctatus

17,5

18

18,5

19

19,5

20

20,5

21

5 as 6:59 7 as 8:59 9 as 10:59 11 as 12:59 13 as 14:59 15 ou +

horas do dia

peso

dio

Figura 2.3 (continuação). Variação média do peso de oito espécies ao longo do dia.

N=58N=9

N=11 N=11

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102

As estações do ano também podem afetar o peso, uma vez que podem ocorrer

variações temporárias no acúmulo de gordura ao longo do ano, conforme demonstraram

os dados coletados no presente estudo (Figura 2.4). Observa-se que o maior acúmulo

médio de gordura deu-se em abril e maio, precedendo a estação seca, quando então

constatou-se o menor acúmulo (junho-julho). Segundo Winker (1998), o peso de um

único indivíduo pode variar muito ao longo do ano, e esta variação pode ser diferente

entre sexos e espécies. Como exemplo, o autor cita migrantes continentais de pequeno

porte que, no outono, dobram sua massa corporal devido ao acúmulo de gordura para

migração.

Figura 2.4. Variação média mensal no percentual de gordura acumulada em aves

capturadas na região de Três Lagoas (MS). Dados obtidos de 877 capturas e

95 espécies.

2.3. Biomassa

Um outro aspecto que pode ser avaliado na determinação dos parâmetros das

comunidades é a biomassa, calculada pelo peso médio dos indivíduos de cada espécie

multiplicado pelo número de indivíduos capturados. De acordo com este procedimento,

0

5

10

15

20

25

30

35

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET

Meses

%m

édi

o de

acu

milo

de

gor

dura

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103

observa-se que algumas espécies, como Basileuterus flaveolus e Cnemotriccus fuscatus,

apesar de individualmente apresentarem pequeno peso médio, resultam em grande

biomassa na comunidade em função do grande número de indivíduos capturados. Outras

como Momotus momota têm um grande número de indivíduos capturados e alto peso

médio. Há ainda aquelas com grande valor de peso médio que possuem alta biomassa,

mesmo em não terem sido capturados muitos indivíduos (Tabela 2.5).

Tabela 2.5. Peso médio (g) e biomassa (g) das espécies capturada em todos os locais

estudados. Espécies ordenadas em ordem decrescente pela biomassa.

ESPECIE N PESO MÉDIO (g) BIOMASSA (g)

Momotus momota 54 112,6 6.080,9Turdus leucomelas 62 66,0 4.092,5Saltator similis 67 43,1 2.888,9Leptotila rufaxilla 19 144,8 2.751,4Turdus amaurochalinus 51 53,9 2.749,9Leptotila verreauxi 15 157,7 2.363,5Cyanocorax chrysops 11 140,3 1.542,9Basileuterus flaveolus 85 13,9 1.184,8Thamnophilus punctatus 58 19,3 1.120,9Cnemotriccus fuscatus 72 13,7 989,7Claravis pretiosa 16 54,3 868,9Pipra fasciicauda 51 15,7 801,6Myiarchus tyrannulus 30 26,5 794,0Piaya cayana 7 111,1 777,7Tachyphonus rufus 24 31,2 748,4Casiornis rufa 33 20,6 681,1Columbina talpacoti 14 46,7 652,0Dendrocolaptes platyrostris 10 51,7 568,8Taraba major 10 53,6 536,1Monasa nigrifrons 5 92,0 460,0Myiodinastes maculatus 9 47,2 424,8Cyclarhis gujanensis 13 28,8 402,0Thamnophilus doliatus 12 29,1 377,9Lepidocolaptes angustirostris 11 28,7 315,4Nystalus maculatus 7 42,5 297,5Rupornis magnirostris 1 265,0 265,0Sittasomus griseicapilus 18 12,7 228,1Eucometis penicillata 12 26,8 214,5

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104

ESPECIE N PESO MÉDIO (g) BIOMASSA (g)

Dysithamnus mentalis 15 14,0 210,0Coryphospingus cucullatus 12 15,6 187,6Campephilus melanoleucos 1 186,0 186,0Vireo chivi 12 15,4 185,3Automolus leucophthalmus 6 30,7 184,0Nonnula rubecula 10 16,6 166,1Thraupis sayaca 5 30,1 150,4Elaenia flavogaster 5 28,8 144,1Arremon flavirostris 6 23,5 141,0Empidonomus varius 5 26,6 133,0Poecilurus scutatus 9 13,6 122,7Veniliornis passerinus 4 30,5 122,0Thraupis palmarum 3 40,5 121,5Elaenia mesoleuca 8 15,6 117,0Hemitriccus margaritaceiventer 13 9,0 116,5Leptopogon amaurocephalus 10 11,4 114,4Camptostoma obsoletum 11 9,6 106,0Galbula ruficauda 4 25,1 100,5Coccyzus melacoryphus 2 44,0 88,0Tangara cayana 4 22,0 88,0Lathrotriccus euleri 5 17,5 87,5Platyrhinchus mystaceus 9 9,6 86,1Tityra cayana 1 75,0 75,0Chloroceryle americana 2 36,8 73,5Corythopis delalandi 5 13,7 68,5Antilophia galeata 3 21,8 65,5Glaucidium brasilianum 1 64,0 64,0Dendrocolaptes picumnus 1 62,0 62,0Synallaxis frontalis 4 15,5 62,0Basileuterus hypoleucus 6 10,3 62,0Pachyramphus polychopterus 3 20,3 60,8Turdus nigriceps 1 49,0 49,0Elaenia parvirostris 3 15,7 47,2Thlypopsis sordida 3 14,0 42,0Neopelma palescens 2 20,5 41,0Myiopagis viridicata 4 9,9 39,5Amazilia fimbriata 9 4,3 38,5Picumnus sp. 3 11,8 35,5Brachygalba lugubris 2 17,5 35,0Oryzoborus angolensis 2 17,3 34,5Xiphorhynchus guttatus 1 34,0 34,0Picumnus guttifer 2 12,8 25,5

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105

ESPECIE N PESO MÉDIO (g) BIOMASSA (g)

Piranga flava 1 24,0 24,0Myiarchus ferox 1 24,0 24,0Formicivora rufa 2 10,8 21,5Cranioleuca vulpina 1 20,5 20,5Thamnophilus punctatus 1 20,0 20,0Trichothraupis melanops 1 19,5 19,5Serpophaga subcristata 2 9,0 18,0Myiophobus fasciatus 1 15,0 15,0Synallaxis gujanensis 1 14,0 14,0Hylocharis chrysura 4 3,3 13,0Synallaxis albescens 1 12,5 12,5Habia rubica 1 12,0 12,0Tolmomyias sulphurescens 1 11,0 11,0Zonotrichia capensis 1 10,5 10,5Picumnus cirratus 1 10,0 10,0Chlorostilbon aureoventris 2 4,5 9,0Polioptila dumicola 1 6,5 6,5Colibri serrirostris 1 6,5 6,5Antrachothorax nigricollis 1 6,5 6,5Chrysolampis mosquitus 1 4,0 4,0Phyllomyias fasciatus 1 4,0 4,0Tyrannus melancholicus 2 ** **Ramphocelus carbo 1 ** **Pitangus sulphuratus 5 ** **Phaethornis pretrei 1 ** **Nyctidromus albicollis 2 ** **Nemosia pileata 1 ** **Hydropsalis brasiliana 1 ** **Geotrygon montana 1 ** **Crypturellus tataupa 2 ** **Columbina minuta 1 ** **Colaptes melanochloros 2 ** **Campylorhamphustrochilirostris

4 ** **

** Dados perdidos

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106

3. AS PLANTAS

3.1 Espécies vegetais amostradas

Foram amostrados, para fins de acompanhamento fenológico, 66 taxa vegetais,

representando 32 famílias, sendo 56 delas no Horto Barra do Moeda e 15 registradas para o

Horto Rio Verde (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 Espécies vegetais amostradas nos Horto Barra do Moeda e Rio Verde, por

famílias e locais de ocorrência.

Cerrado(1)

Cerra

dão (2)

Mata ciliar- Pesqueiro

(3)

Cerradão degradado -Lajeado (5)

FAM. ANACARDIACEAE

Spondias lutea x

Tapirira guianensis x

FAM. ANNONACEAE

Annona crassiflora x

Duguetia furfuracea x

Unonopsis lindmanii x x

Xylopia aromatica x

FAM. APOCYNACEAE

Aspidosperma tomentosum x

FAM. BIGNONIACEAE

Tabebuia aurea x

Tabebuia ochraceae x

Zeyheria tuberculosa x

FAM. BOMBACACEAE

Pseudobombax longiflorum x

FAM. CAESALPINOIDEAE

Bauhinia rufa x

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107

Cerrado(1)

Cerra

dão (2)

Mata ciliar- Pesqueiro

(3)

Cerradão degradado -Lajeado (5)

Cassia rugosa x

Cassia sp. x

FAM. CECROPIACEAE

Cecropia sp. x

Cecropia pachystachya x

FAM. COMBRETACEAE

Terminalia brasiliensis x

FAM. CONNARACEAE

Connarus suberosus x x

FAM. DELLENIACEAE

Curatella americana x x

FAM. ELAEOCARPACEAE

Sloanea sp. x

FAM. ERYTHROXYLACEAE

Erythroxylum campestre x

Erythroxylum suberosum x

FAM. EUPHORBIACEAE

Mabea fistulifera x

Actinospermon communis x

FAM. FLACOURTIACEAE

sp1 x

sp2 x

FAM. GUTTIFERAE

Kielmeyera variabilis x

FAM. LAURACEAE

sp1 x

sp2 x

Nectandra lanceolata x

Nectandra megapotamica x

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108

Cerrado(1)

Cerra

dão (2)

Mata ciliar- Pesqueiro

(3)

Cerradão degradado -Lajeado (5)

Nectandra cessifolia x

FAM. LEGUMINOSAE –

MIMOSOIDEA

Enterolobium contortisiliquium x

FAM. MALPIGUIACAE

Byrsonima intermedia x

Byrsonima coccolobifolia x x

FAM. MELASTOMATACEAE

Miconia albicans x

FAM. MELIACEAE

Trichilia pallida x x

Trichilia hirta x

Guarea macrophyla x x

FAM. MIMOSACEAE

Anadenanthera falcata x

Anadenanthera sp. x x

Inga sp. x

Opuleia leiocarpa x

Plathymenia reticulata x

Stryphnodendron polyphylum x

FAM. MYRTACEAE

Eugenia aurata x

Eugenia gorderiana x

Campomanesia adamantinum x x

Myrcia bela x

Myrcia sp. x

Eugenia bimarginata x

FAM. MYRSINACEAE

Rapanea guianensis x

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109

Cerrado(1)

Cerra

dão (2)

Mata ciliar- Pesqueiro

(3)

Cerradão degradado -Lajeado (5)

FAM. OCHRACEAE

Ouratea spectabilis x

FAM. PAPILIONOIDEAE

Plapodium elegans x

FAM. PIPERACEAE

Piper sp. x x

FAM. PROTEACEAE

Roupala montana x

FAM. RUBIACEAE

Alibertia lanceolata x

Randia armata x

Tocoyena formosa x

FAM. SAPINDACEAE

Dilodendron bipinatum x

Cupania sp. x

Matayba eleagnoides x x

sp1

FAM. SAPOTACEAE

sp1

Pouteria torta x

FAM. ULMACEAE

Trema micrantha x

FAM. VOCHYSIACEAE

Qualea grandiflora x

TOTAL DE ESPÉCIES 23 20 17 15

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110

Comparando-se os quatro locais através da Distância Euclidiana, levando-se em conta

somente a presença/ausência de espécies vegetais, tem-se que cerrado e lajeado foram os

locais mais semelhantes, enquanto os mais díspares foram cerradão e cerrado; curiosamente,

localizados dentro da mesma reserva (Tabela 3.2).

Tabela 3.2. Distâncias Euclidianas obtidas para quatro locais pela presença/ausência de

espécies vegetais.

LOCAIS CERRADÃO CERRADO PESQUEIRO LAJEADO

CERRADÃO 6,24 5,48 6,08

CERRADO 5,92 5,10

PESQUEIRO 5,48

LAJEADO

Estes valores foram semelhantes quando se calculou a Distância Euclidiana entre os

diversos locais com base na avifauna (ver Tabela 1.9). Em relação a estes quatro pontos, os

mais semelhantes em avifauna foram Lajeado e Pesqueiro (4º posto quanto à vegetação). O

segundo, terceiro e sexto postos foram os mesmos nos dois casos (respectivamente: cerradão -

lajeado; cerrado - pesqueiro e cerrado - lajeado). Nestes casos, fica evidente a associação

entre a avifauna e o tipo de vegetação.

Das espécies aqui amostradas, 14 também foram registradas por Silberbauer-

Gottsberger & Eiten (1983) no estado de São Paulo e apenas três por Pinto et alii (1997) em

duas matas de galeria no estado de Mato Grosso, Tapirira guianensis, Cecropia pachystachya

e Matayba eleagnoides, embora diversos gêneros tenham sido comuns. Ë possível que

existam mais espécies comuns nos dois casos, não identificadas a este nível no presente

estudo.

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111

3.2. Síndromes de dispersão

Frutos são grandes fontes de recursos alimentares (Loiselle & Blake, 1990), e suas

características morfológicas externas como cor brilho e cheiro funcionam como sinalizadores

- as síndromes de dispersão - podendo refletir processos coevolutivos entre plantas e seus

dispersores (Van Der Pijl, 1982; Piña-Rodrigues & Piratelli, 1993). O contraste de cores

(devido ao amadurecimento diferencial) representam sinalizações de palatabilidade (Gautier-

Hion et alii, 1985), reduzindo a predação de frutos cujas sementes ainda não estejam

totalmente maturas.

Nas áreas aqui estudadas, verificou-se o predomínio de zoocoria sobre as demais

formas de dispersão de sementes (Figura 3.1). Segundo Gentry (1982) e Stiles (1985), a

zoocoria tende a predominar em sub-bosques de regiões tropicais, o que pode ser devido, entre

outros fatores, à sua composição florística, formando vegetação densa e permitindo pouca

circulação de vento neste extrato da vegetação, dificultando portanto, a colonização por

espécies vegetais anemocóricas. Considerando-se que no presente estudo foram amostradas

principalmente plantas com menos de três metros de altura, o padrão encontrado coincidiu

com o esperado.

Em floresta pluvial na Colômbia, Hilty (1980) constatou que apenas 3% das espécies

tinham suas sementes dispersas pelo vento, enquanto cerca de 89% produziam frutos

adequados ao consumo por aves. Em estudo na Nova Zelândia, Burrows (1994) observou que

86% das espécies arbóreas e 80% das arbustivas tinham frutos carnosos, dos quais, 40% de

cor preta-brilhante e 25% vermelhos, o que foi associado à ornitocoria. Foi observado o

consumo destes frutos por Turdus merula e Zosterops lateralis, havendo recuperação de

sementes de 33 espécies vegetais (80%) após sua passagem pelo tubo digestivo das aves.

A predominância de zoocoria nas áreas aqui estudadas pode representar, sob este

aspecto, pouco efeito da fragmentação já que, conforme Santos & Telleria (1994), esse

fenômeno alteraria as comunidades animais o que, por sua vez, poderia comprometer a

capacidade de dispersão das plantas. Em outras palavras, áreas mais fragmentadas tenderiam a

ter menos espécies zoocóricas em função da redução de seus agentes dispersores. Conforme

compilação efetuada por Piña-Rodrigues & Aguiar (1993), a dispersão por animais

predominou em floresta primária - Ibicatu - SP (62% das espécies amostradas) e em floresta

de transição - Linhares - ES (74%). Já em locais mais perturbados, a dispersão abiótica torna-

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112

se mais importante (ex.: Mata de Santa Genebra, Campinas - SP; 51% das espécies

amostradas eram dispersas por fatores abióticos). Relacionando as bordas criadas pela ação

antrópica com a abundância de frutos e de aves frugívoras na Colômbia, Restrepo et alii

(1999) verificaram que as aves frugívoras não responderam às variações na abundância de

frutos, mas sim aos efeitos da borda. Estes efeitos, por sua vez, estão relacionados à idade das

bordas; quanto mais antigas, menor a influência sobre a diversidade, tanto de aves quando de

frutos.

anemocoria21%

autocoria2%

zoocoria77%

Figura 3.1. Proporção de ocorrência de síndromes de dispersão de sementes nas espécies

amostradas em dois hortos florestais na região de Três Lagoas (MS). N=48

Dentre as espécies zoocóricas, a ornitocoria predominou sobre a mamaliocoria (aqui

incluindo-se a Quiropterocoria, a dispersão por morcegos) em todas as áreas, exceto no

cerradão degradado (Figura 3.2). As espécies ornitocóricas diferenciam-se das mamaliocóricas

pois, normalmente possuem frutos carnosos, sem odor aparente e com cores vistosas que se

sobressaem da vegetação (Figura 3.3). Neste local, observa-se um grande número de

indivíduos de Alibertia lanceolata (Quiropterocoria).

Em relação ao tipo de formação vegetal, constataram-se índices de zoocoria de 100%

para mata ciliar e 83% para o cerradão. A zoocoria neste caso, aparentemente esteve mais

N=48

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113

representada na mata ciliar estudada na região de Três Lagoas (X2 = 8,92; sig. a 5%). No

cerradão degradado, observou-se a maior proporção da anemocoria, superando inclusive o

cerrado, também ambiente aberto. Durigan (1991) verificou que em mata ciliar na região de

Assis (SP), a zoocoria podia ocorrer em até 95% das plantas. Em vegetação de cerradão, na

mesma região, este índice caiu para 35%.

3.3. Fenologia

O estudo fenológico focaliza o comportamento dos organismos vivos em relação às

variações dos fatores abióticos com as estações (Morellato & Leitão-Filho, 1992), tendo sido

considerado um dos melhores parâmetros para caracterizar ecossistemas (Lieth, 1974). Em

ambientes tropicais, existe periodicidade nas fenofases de espécies vegetais, e quanto mais

sazonal o clima, maior a sincronização e adaptações a estacionalidade climática (Richards,

1952 apud Morellato & Leitão-Filho, 1992). A disponibilidade de frutos, por sua vez, pode

determinar quais animais têm condições de viver na comunidade, assim como a

disponibilidade de agentes dispersores determinará quais plantas vão colonizar e se

reproduzirem em novos ambientes (Hasui, 1994).

Há várias formas de se estudar a oferta de frutos para aves, seja com a delimitação de

uma área, de onde se obtém amostras dos frutos caídos, por vezes denominada “armadilha”

(Charles-Dominique et alii, 1981), ou com o acompanhamento de um certo número de

indivíduos para cada espécie (Wheelwright, 1986). Porém, os estudos fenológicos mais

recentes tem sido realizados com a utilização de parcelas ou transectos, obtendo-se bons

resultados ao relacioná-los com estudos avifaunísticos (Blake et alii, 1990a; Blake &

Loiselle, 1991a).

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114

ornitocoria61%

anemocoria11% autocoria

6%mamaliocoria

22%

mamaliocoria30%

ornitocoria70%

ornitocoria27%

mamaliocoria37%

anemocoria36%

Figura 3.2. Proporções de ocorrência de síndromes de dispersão de sementes nas espécies amostradas em (A) cerradão –

n=18; (B) cerrado – n=15; (C) mata ciliar – n=10 e (D) cerradão degradado – n=11.

A

B ornitocoria53%

mamaliocoria20%

anemocoria27%

CD

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115

Figura 3.3. Síndromes de dispersão de sementes: A – Solanum sp. (Mamaliocoria); B – Alibertia sessilis (Mamaliocoria); C – Unonopsis

lindmanii (Ornitocoria – foto de F. P. Melo); D – Psicotia sp. (Ornitocoria).

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116

Nos trópicos, muitos vertebrados dependem de frutos para sua alimentação, pelo

menos em alguma época do ano (Foster 1978; Howe 1984), e a variação sazonal na

disponibilidade deste alimento pode gerar padrões em comunidades animais. Peres (1994)

verificou alterações em comunidades de primatas na Amazônia brasileira em função da

fenologia das espécies vegetais. Loiselle & Blake (1994) detectaram a relação entre a

disponibilidade de frutos e a estrutura de comunidades de aves na América Central.

Pachecho & Grau (1997) verificaram no nordeste da Argentina, a importância da

disponibilidade de frutos em clareiras para manutenção de aves dispersoras,

principalmente no inverno, quando a oferta de frutos carnosos era menor.

Relacionar a fenologia com a oferta de alimentos para aves frugívoras pode ser

uma importante ferramenta em estudos que visem a preservação de ambientes como o

cerrado, pois a organização de comunidades de aves depende, entre outros fatores, da

disponibilidade de alimento. Blake & Loiselle (1991a, 1992a) verificaram, com a

utilização de redes ornitológicas, que as taxas de captura de aves frugívoras variaram

diretamente com a disponibilidade de frutos ao longo do ano. Galetti & Pizo (1996)

estudaram a frugivoria em 32 espécies de aves e 36 espécies vegetais em um fragmento

de mata no sudeste brasileiro (Mata de Santa Genebra), constatando principalmente a

presença de pequenos Passeriformes o que, segundo os autores, refletiria o

empobrecimento da avifauna no local.

No presente trabalho, as espécies vegetais ornitocóricas apresentaram os seguintes

ritmos de frutificação e floração (Figura 3.4):

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117

0

1

2

3

4

5

6

7

Jul/9

4 a s o n d j f m a m

Jun/9

5

meses do ano

núm

ero

de e

spéci

es

espécies com frutos

espécies com flores

Figura 3.4. Épocas de frutificação e florescimento de espécies ornitocóricas amostradas

e identificadas.

Não se estabeleceram picos pronunciados de frutificação (rS = 0,215; p = 0,1 -

ns.) entre as espécies estudadas, embora aparentemente setembro e janeiro tivessem mais

espécies frutificando. De acordo com Oliveira (1990), a fenologia de plantas do cerrado

seria regulada por fatores abióticos como o fogo e a sazonalidade climática. Assim, nos

períodos mais chuvosos, ocorreria uma concentração de espécies frutificando. Por outro

lado, neste período haveria uma competição muito intensa entre plantas pelos animais

dispersores, o que causaria o deslocamento da frutificação para outras épocas do ano

(Foster, 1982).

Conforme Piña-Rodrigues & Piratelli (1993), a sazonalidade da frutificação de

espécies zoocóricas depende de uma série de fatores. Dentre os fatores bióticos, são

destacados por estes autores, a pressão dos agentes dispersores e a necessidade de oferta

de alimento ao longo do ano todo, gerando picos mais modestos; e a época mais propícia

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118

ao estabelecimento das sementes. Com relação aos fatores abióticos, citam-se o teor de

umidade do solo e a temperatura.

Quanto à necessidade da oferta de alimento para os animais dispersores ao longo

de todo o ano, vários autores têm verificado a frutificação seqüencial em grupos de

plantas relacionando este fato à pressão de animais dispersores (Hilty, 1980; Marinho-

Filho, 1991), o que pode ser o caso também no presente estudo. Howe (1984) postulou

que existem espécies que frutificam o ano todo, mantendo assim a população de

frugívoros. Este autor as denomina de espécies-chaves, e cita como exemplos, Virola

sebifera e Casearia spp. Revisões mais recentes têm questionado o conceito de espécies-

chaves, já que normalmente o uso deste termo seria feito baseado em estudos com

observações e conhecimentos botânicos precários (João Semir, com. pess.).

Araújo et alii (1997) também constataram a ausência de sazonalidade na

frutificação em mata decídua em Uberlândia (MG), o que foi atribuído a um provável

longo período de retenção de frutos em algumas espécies vegetais. Naquele estudo, a

época de maior florescimento coincidiu com a estação chuvosa. Já na Amazônia, em

áreas de pastagens abandonadas, foi observado que enquanto o florescimento de Cordia

multispicatta ocorria ao longo do ano todo, sua frutificação mais intensa ocorria entre o

fim da estação seca e o meio da estação chuvosa (Vieira & Silva, 1997). Frutificação

pouco mais intensa na estação chuvosa também foi registrada por Hilty (1980) na

Colômbia, embora este autor destaque que no sub-bosque foi constatado que,

proporcionalmente, houve maior quantidade de espécies ornitocóricas frutificando no

sub-bosque do que no dossel ao longo do ano todo.

A estimativa de frutos ornitocóricos obtida no presente estudo permitiu detectar o

grande número de frutos disponíveis durante todos os meses amostrados na mata ciliar

(Figura 3.5). Isto ressalta a importância deste local para a manutenção da avifauna e a

conveniência de chamar a atenção para o impacto ambiental a ser ocasionado pela

formação do lago artificial da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, já em andamento,

que nos próximos anos deverá submergir esta área.

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119

0

100

200

300

400

500

600

700

800

jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai

meses do ano

núm

ero

est

imado d

e f

ruto

s

Figura 3.5. Estimativa mensal de frutos na mata ciliar*.

A fase de floração nem sempre precedeu a de frutificação, a exceção de um pico

de floração em agosto seguido de frutificação em setembro. A época de floração pode não

ser tão importante na determinação da frutificação porque estas duas fenofases estariam

sujeitas à pressões de seleção muito diferentes (Morellato et alii, 1990), principalmente

nos aspectos de polinização e disseminação de sementes. Especificidade de agentes

polinizadores e dispersores e a dependência das plantas destes agentes podem ser

fundamentais na determinação de sua fenologia. Além disso, existe uma perda natural

entre as fases de flor e fruto, ou seja, uma grande quantidade de flores não chegará a

formar frutos. Este descarte natural seria uma perda esperada, acarretada por diversos

fatores, como a alocação de energia na produção dos frutos e a destruição de flores por

furtadores e pilhadores de néctar (Piña-Rodrigues & Piratelli, 1993). Em Cistus albidus

por exemplo, essa quantidade chega a quase 35% (Blasco & Mateu, 1995).

* Em julho e agosto não foram coletados dados.

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120

3.4. Mapas fenológicos

De todas as espécies identificadas, os mapas fenológicos encontrados foram os

seguintes (Tabelas 3.3 a 3.6). Os números no interior dos quadrados indicam o total de

indivíduos na fenofase representada.

Legenda:

Tabela 3.3. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no cerrado.

ESPÉCIE jul/94 ago set out nov dez jan/95

fev mar abr mai jun

Anadenanthera falcata 1 1 1 1 131

Anadenanthera sp. 1 1Byrsonima intermedia 1 1

1 1 1 1Byrsonima coccolobifolia 1

1 1Campomanesiaadamantinum

1 1

Connarus suberosus 1Curatella americana 4

21 2

21

Duguetia furfuracea 2 2 11 1 4

2Erythroxylum suberosum 1 1Erythroxylum campestre 1 1Matayba elaegnoides 1

Fruto maduro Fruto senescente

Botão floral

flor

Broto foliarFruto

i

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121

ESPÉCIE jul/94 ago set out nov dez jan/95

fev mar abr mai jun

1 1Matayba guianenses 1Miconia albicans 3

1 4 3 1Myrcia bela 1 1

1Myrcia multiflora 1

1Myrcia sp 1Plathymenea reticulata 6 1

6 5 4 2 1 2 2 1 2 1 1Psidium incanescens 1Roupala montana 3Tabebuia caraiba 1Xylopia aromatica 1

Tabela .3.4. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no cerradão.

ESPÉCIE jul/94

ago set out nov dez jan/95

fev mar abr mai jun

Actinostermon communis 1 13 1 11 3 148 1

Dilodendron bipinatum 1 12 11

Inga sp 1Nectandra lanceolata 1

1Tapirira guianensis 1

1 1Trichilia pallida 5 1

1 1 41 1

Tabela 3.5. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas na mata ciliar

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122

ESPÉCIE jul/94 ago set out nov dez jan/95

fev mar abr mai jun

Celtis iguanae 1Unonopsis lindmanii 1 3 3

1 8 4 14 8 8 1 4 5 31 3 4 4 13 11 10 10 8 3 35 4 2 1 1 1 2 2 5 3 5

Randia armata 1Spondias lutea 1Trema micrantha 1 1Trichilia pallida 1 1 2 1 1 1 1

Tabela 3.6. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no Lajeado.

ESPÉCIE jul/94

ago set out nov dez jan/95

fev mar abr mai jun

Alibertia lanceolata 11 2 3 1 9 5 51

Bauhinia sp. 1Byrsonima coccolobifolia 1Campomanesia adamantinum 1

1 1 1Curatella americana 1 1 1Eugenia aurata 1Himenea sp. 1 1Miconia albicans 1 3 6 1 4

4 1 230 1 11

Por estes mapas fenológicos, foi possível a determinação de como se comportam

os indivíduos amostrados em relação às suas fenofases (Figura 3.6).

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123

0

10

20

30

40

50

60

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses do ano

me

ro e

stim

ad

o d

e f

ruto

sfrutos maduros

frutos secos

flores

frutos imaturos

botões florais

Figura 3.6. Total de indivíduos amostrados nas diferentes fenofases ao longo do ano.

Pelos mapas fenológicos e pela figura acima, nota-se que em setembro ocorreu a

maior quantidade de indivíduos com frutos maduros, botões florais e frutos imaturos; o

maior pico de floração deu-se em outubro. A co-ocorrência de diversas fenofases em

setembro parece coincidir com o início da estação chuvosa.

A assincronia verificada entre floração e frutificação pode estar relacionada a uma

provável variação ano a ano no ritmo fenológico das plantas estudadas, o que estaria

associada às condições ambientais (Fisher 1962, apud Gorchov, 1987). Como diversos

autores ressaltam, a definição exata dos padrões de oferta de frutos ao longo do ano

dependem de estudos de longa duração. Wheelwright (1986) não conseguiu representar

adequadamente os ciclos de produção de frutos de 16 espécies de Lauracea mesmo após

sete anos de estudos. Gorchov (1987) sugere inclusive que esta imprevisibilidade

temporal não seria favorável ao desenvolvimento de processos coevolutivos de

competição entre os agentes dispersores.

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143

4. HÁBITOS ALIMENTARES - GUILDAS TRÓFICAS

O alimento é considerado por vários autores como o aspecto mais importante para

determinação de processos ecológicos e evolutivos dentro de uma comunidade (Wong, 1983;

Simberloff & Dayan, 1991) e a análise fecal é uma ferramenta útil para detectar o consumo de

frutos, principalmente porque, em condições naturais, isto nem sempre pode ser observado,

como quando se trabalha por exemplo, em florestas tropicais como a Amazônia (Blake &

Loiselle, 1992c).

Os estudos sobre hábitos alimentares das aves brasileiras tiveram uma importante

contribuição na década de 60, quando Schubart et alii (1965) publicaram seus resultados

sobre conteúdo estomacal de cerca de 1900 indivíduos, representantes de 600 espécies e

subespécies da avifauna brasileira, a partir de espécimes coletados desde 1939 em diferentes

regiões do País.

Os frugívoros participam da dispersão de sementes de diversas espécies vegetais e sua

morfologia influencia o tipo de fruto consumido e a eficiência como agente dispersor,

notadamente em função da morfologia do bico. Aves com bico mais largo consumiriam uma

maior diversidade de frutos, além de serem dispersores mais eficientes, já que teriam

condições de engolirem os frutos inteiros. (Hasui,1994).

Muitas aves, ao se alimentarem de frutos do cerrado, participam do processo de

dispersão de sementes. Mendonça & Piratelli (1997) verificaram a provável participação de

aves como Crax fasciolata, Penelope obscura e Ramphastos toco na dispersão de sementes

de diversas espécies vegetais do cerrado da região de Três Lagoas (MS) e Ilha Solteira (SP),

entre elas, Alibertia sessilis (a princípio com síndrome de Chiropterocoria) e Syagrus

romanzofiana (utilizado como alimento por Chirópteros, Marsupiais e Psitacídeos (João

Semir, com. pess.).

4.1. Material fecal

Entre as técnicas que têm sido utilizadas para determinar o hábito alimentar quando

da captura de uma ave, sem que seja necessário seu sacrifício, cita-se a administração de

tártaro emético, para provocar o regurgito, o que tem sido feito com sucesso para diversas

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143

espécies de famílias distintas (Herrera, 1975; Poulin et alii, 1992, 1994b; Poulin & Lefebvre,

1995). Recentemente, no Brasil, Mallet-Rodrigues et alii (1997) têm utilizado esta técnica

com sucesso no estado do Rio de Janeiro, com maior eficiência em Tyrannidae e

Emberizidae.

Outra técnica, adotada neste estudo, é a coleta e análise de fezes. Segundo Remsen et

al (1993), apesar de existirem modificações causadas pelo processo digestivo, o que dificulta

a identificação taxonômica das amostras obtidas, a análise do conteúdo estomacal e de fezes

forneceria os melhores dados sobre a composição da dieta para a classificação em guildas.

Taylor & O’Halloran (1997) buscando determinar a dieta de Cinclus cinclus através da

análise de fezes e regurgitos, compararam estes dois métodos. Encontraram itens de maior

tamanho em quantidade ligeiramente maior no material fecal, embora a nível taxonômico, os

dois procedimentos não produziram diferenças significativas.

No presente trabalho, do total de 1306 capturas e 1048 indivíduos, foram analisadas

419 amostras de fezes, representando 32,13% das capturas e 46,79% dos indivíduos

capturados. Em relação às 103 espécies capturadas, 57 foram amostradas (55,34%). Para

aquelas espécies de que não se obtiveram amostras, utilizaram-se dados de literatura e

observações no campo para determinar sua dieta. Por vezes, quando a amostra foi pequena

(p.ex. n=1), a determinação do hábito alimentar levou mais em conta relatos já existentes e

observações do que a amostra simplesmente (Tabela 4.1).

Determinaram-se seis categorias em relação ao material encontrado: (1) inseto, (2)

fruto, (3) inseto/fruto (ins/fruto), (4) fruto/inseto (frut/inset), (5) sementes e (6) outros. Insetos

foram determinados pelos restos de exoesqueleto ou de apêndices articulados, sempre muito

fragmentados para que se pudesse proceder sua identificação. O item fruto foi identificado

pelos resíduos de polpa carnosa, por vezes com pequenas sementes aderidas. A diferença

inseto/fruto para fruto/inseto, foi determinada pela quantidade relativa destes dois itens,

predominando insetos no primeiro caso e frutos no segundo. As sementes eram normalmente

grandes, isoladas, caracterizando tipicamente que esta parte, e não a polpa foi ingerida. No

item outros, colocou-se material não identificado, vários itens conjuntamente, sem que se

pudesse determinar predominância de algum deles.

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143

4.2. Guildas tróficas

O conceito de guilda foi definido por Root (1967) como sendo um grupo de espécies

que exploram a mesma classe de recursos do ambiente de modo semelhante. Barbuio (1994)

classificou as aves amostradas em guildas conforme hábito alimentar, tamanho da espécie e

extratos da vegetação onde forrageiam. Em um sentido mais restrito, uma guilda seria um

grupo de espécies que se alimenta do mesmo recurso alimentar em proporções semelhantes

(Simberloff & Dayan, 1991). No presente estudo, a exemplo do estudo de Poulin et alii

(1994a) foi adotado o conceito de Simberloff & Dayan (1991).

Associando-se os itens encontrados com hábitos alimentares, classificou-se as espécies

em nove guildas tróficas (Figura 4.1): (1) carnívoros (consumo de pequenos vertebrados), (2)

frugívoros (predomínio na dieta de polpa carnosa de frutos); (3) granívoros/frugívoros

(sementes secas e frutos); (4) granívoros (somente sementes); (5) insetívoros/frugívoros

(insetos predominando sobre frutos); (6) insetívoros (ampla predominância de insetos, ou

somente estes artrópodes); (7) nectarívoros (espécies que dependem do néctar como principal

item da dieta); (8) onívoros (vários itens nas diferentes amostras) e (9) piscívoros (peixes

como alimento básico).

Em todas as localidades estudadas, houve um amplo predomínio de espécies

insetívoras, seguido daquelas frugívoras e onívoras, embora a proporção das diferentes

guildas tenha variado. Quando se discutem guildas e fragmentação, Kattan et alii (1994)

demonstraram que as espécies mais suscetíveis à extinção local seriam os insetívoros de sub-

bosque e os grandes frugívoros de dossel.

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Tabela 4.1. Resultado das análises de fezes por espécies, ordenadas taxonomicamente conforme Sick (1997) dentro de cada categoria de hábitos

alimentares

HÁBITOPREDOMINANTE

ESPÉCIE INSETO FRUTO INS/FRUTO

FRUT/INSET

SEMENTE

OUTROS

TOTALDE

AMOSTRAS

TOTALDE

CAPTURAS

%AMOSTRA(N amostra/N capturas)

x 100Carnívoro Rupornis magnirostris 0 1 -Carnívoro Glaucidium brasilianum 0 1 -frug/inset Crypturellus tataupa 0 2 -Frugívoro Leptotila rufaxilla 5 2 7 19 36,84Frugívoro Pipra fasciicauda 1 17 8 3 29 69 42,03Frugívoro Antilophia galeata 0 3 -Frugívoro Turdus nigriceps 1 1 1 100Frugívoro Thlypopsis sordida 1 1 3 33,33Frugívoro Nemosia pileata 0 1 -Frugívoro Trichothraupis melanops 1 1 1 100Frugívoro Habia rubica 0 1 -Frugívoro Piranga flava 1 1 1 100Frugívoro Ramphocelus carbo 1 1 1 100Frugívoro Thraupis palmarum 1 1 3 33,33Frugívoro Tangara cayana 1 1 1 3 4 75gran/frug Claravis pretiosa 0 17 -

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HÁBITOPREDOMINANTE

ESPÉCIE INSETO FRUTO INS/FRUTO

FRUT/INSET

SEMENTE

OUTROS

TOTALDE

AMOSTRAS

TOTALDE

CAPTURAS

%AMOSTRA(N amostra/N capturas)

x 100gran/frug Geotrygon montana 0 1 -Granívoro Oryzoborus angolensis 1 1 2 50inset/frugív. Momotus momota 15 3 8 9 35 74 47,3inset/frugív. Campylorhamphus

trochilirostris2 2 4 8 50

inset/frugív Turdus amaurochalinus 8 6 3 17 50 34inset/frugív. Saltator similis 22 3 12 4 1 1 43 81 53,09insetívoro Coccyzus melacoryphus 1 1 2 50insetívoro Piaya cayana 2 1 0 7 42,86insetívoro Nyctidromus albicollis 0 3 -insetívoro Hydropsalis brasiliana 0 1 -insetívoro Brachygalba lugubris 1 1 2 50insetívoro Galbula ruficauda 0 4 -insetívoro Nystalus maculatus 0 8 -insetívoro Nonnula rubecula 0 13 -insetívoro Monasa nigrifrons 0 5 -insetívoro Picumnus cirratus 0 1 -insetívoro Picumnus a. guttifer 0 2 -insetívoro Picumnus sp. 2 2 3 66,67insetívoro Colaptes melanochloros 0 2 -

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HÁBITOPREDOMINANTE

ESPÉCIE INSETO FRUTO INS/FRUTO

FRUT/INSET

SEMENTE

OUTROS

TOTALDE

AMOSTRAS

TOTALDE

CAPTURAS

%AMOSTRA(N amostra/N capturas)

x 100insetívoro Veniliornis passerinus 0 4 -insetívoro Campephilus melanoleucos 0 1 -insetívoro Taraba major 3 3 12 25insetívoro Thamnophilus doliatus 3 1 4 14 28,57insetívoro Thamnophilus punctatus 37 2 1 1 41 85 48,24insetívoro Dysithamnus mentalis 6 6 22 27,27insetívoro Formicivora rufa 0 2 -insetívoro Synallaxis frontalis 0 4 -insetívoro Synallaxis albescens 0 1 -insetívoro Synallaxis gujanensis 0 1 -insetívoro Cranioleuca vulpina 0 1 -insetívoro Poecilurus scutatus 2 2 13 15,38insetívoro Automolus leucophthalmus 3 3 10 30insetívoro Sittasomus griseicapilus 9 9 25 36insetívoro Dendrocolaptes platyrostris 3 3 16 18,75insetívoro Dendrocolaptes picumnus 0 1 -insetívoro Xiphorhynchus guttatus 0 1 -insetívoro Lepidocolaptes angustirostris 3 3 12 25insetívoro Camptostoma obsoletum 0 11 -insetívoro Myiopagis viridicata 0 4 -

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HÁBITOPREDOMINANTE

ESPÉCIE INSETO FRUTO INS/FRUTO

FRUT/INSET

SEMENTE

OUTROS

TOTALDE

AMOSTRAS

TOTALDE

CAPTURAS

%AMOSTRA(N amostra/N capturas)

x 100insetívoro Elaenia mesoleuca 1 1 9 11,11insetívoro Elaenia flavogaster 1 1 5 20insetívoro Phyllomyias fasciatus 0 1 -insetívoro Serpophaga subcristata 0 2 -insetívoro Leptopogon amaurocephalus 2 2 15 13,33insetívoro Corythopis delalandi 0 8 -insetívoro Hemitriccus

margaritaceiventer4 4 15 26,67

insetívoro Tolmomyias sulphurescens 0 1 -insetívoro Platyrhinchus mystaceus 2 2 12 16,67insetívoro Myiophobus fasciatus 0 1 -insetívoro Cnemotriccus fuscatus 0 82 -insetívoro Casiornis rufa 9 1 10 38 26,32insetívoro Myiarchus ferox 1 1 1 100insetívoro Myiarchus tyrannulus 13 1 14 34 41,18insetívoro Myiodinastes maculatus 4 4 9 44,44insetívoro Empidonomus varius 3 3 5 60insetívoro Tyrannus melancholicus 0 2 -insetívoro Pachyramphus polychopterus 0 3 -insetívoro Tityra cayana 0 1 -

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HÁBITOPREDOMINANTE

ESPÉCIE INSETO FRUTO INS/FRUTO

FRUT/INSET

SEMENTE

OUTROS

TOTALDE

AMOSTRAS

TOTALDE

CAPTURAS

%AMOSTRA(N amostra/N capturas)

x 100insetívoro Neopelma palescens 1 1 2 50insetívoro Polioptila dumicola 0 1 -insetívoro Cyclarhis gujanensis 10 1 11 19 57,89insetívoro Vireo chivi 4 1 5 13 38,46insetívoro Basileuterus flaveolus 39 1 40 148 27,03insetívoro Basileuterus c. hypoleucus 1 1 6 16,67insetívoro Eucometis penicillata 4 1 1 6 16 37,5insetívoro Tachyphonus rufus 11 1 3 2 17 29 58,62insetívoro Arremon flavirostris 4 1 5 9 55,56nectarívoro Phaethornis pretrei 1 1 -nectarívoro Colibri serrirostris 0 1 -nectarivoro Antrachothorax nigricollis 0 1 -nectarívoro Chrysolampis mosquitus 0 1 -nectarívoro Thalurania furcata 0 0 -nectarívoro Chlorostilbon aureoventris 0 2 -nectarívoro Hylocharis chrysura 0 4 -nectarivoro Amazilia fimbriata 1 1 9 11,11onívoro Columbina minuta 1 1 1 100onívoro Columbina talpacoti 3 4 1 8 14 57,14onívoro Leptotila verreauxi 2 1 3 17 17,65

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HÁBITOPREDOMINANTE

ESPÉCIE INSETO FRUTO INS/FRUTO

FRUT/INSET

SEMENTE

OUTROS

TOTALDE

AMOSTRAS

TOTALDE

CAPTURAS

%AMOSTRA(N amostra/N capturas)

x 100onívoro Elaenia parvirostris 1 1 1 3 4 75onívoro Lathrotriccus euleri 1 1 1 3 6 50onívoro Pitangus sulphuratus 1 1 1 3 5 60onívoro Cyanocorax chrysops 2 1 4 1 8 11 72,73onívoro Turdus leucomelas 4 4 9 3 2 4 26 80 32,5onívoro Thraupis sayaca 1 2 3 5 60onívoro Zonotrichia capensis 0 2 -piscívoro Chloroceryle americana 0 3 -

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143

Considerando-se as guildas tróficas pelo número de indivíduos, nota-se que neste caso

os insetívoros continuam predominando praticamente nas mesmas proporções (Figura 4.2).

insetívoros62%

inset/fru

g 4%

piscívoros 1%

onívo

ros 1

0%

necta

rívor

os 7

%

carnivoros 2%gr

an/fr

ug 2

% granívoros 1%

frugívoros 11%

Figura 4.1. Guildas tróficas das espécies capturadas.(n=103)

Inset/frug12%

frugívoros12%

frug/inset6%

outros7%

Insetívoros63%

Figura 4.2. Guildas tróficas por indivíduos capturados e amostrados (n=419).

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Como se pode observar, os insetos predominaram na dieta das aves em todos os

ambientes estudados (Tabela 4.2). Na mata ciliar (pesqueiro), houve também uma maior

representatividade de frugívoros, o que pode ser associado à maior disponibilidade de frutos

neste local, conforme verificaram Mello et alii (1996). Em estudo semelhante realizado no

Estado de São Paulo, Motta-Júnior (1990) constatou o predomínio de insetívoros em áreas de

mata ciliar e cerrado, enquanto os onívoros predominaram no eucaliptal com sub-bosque. No

cerrado, houve mais representatividade de granívoros, enquanto na mata ciliar, de frugívoros.

Bierregaard (1990), após sete anos capturando aves de sub-bosque na região Amazônica,

concluiu que 85,4% das capturas e 80,4% dos indivíduos eram primariamente insetívoras

(como seguidores obrigatórios de formigas de correição e componentes de bandos mistos).

Quando o autor considerou todos os insetívoros (primários ou secundários, esse índice atingiu

92,8%.

Segundo Motta-Júnior (1990), o registro do número de indivíduos, como foi feito no

presente estudo, daria uma representação mais real do uso de recursos alimentares. Assim,

utilizando-se este critério, os resultados aqui encontrados podem refletir a degradação dos

fragmentos estudados e o efeito de borda, já que vários pontos de coleta situavam-se próximos

da periferia dos ambientes analisados.

Vários autores relacionam a dieta com o tipo de ambiente. Silva (1986) propôs que

uma dieta mais variada seria favorecida em ambientes perturbados. Para Almeida (1982),

levando-se em conta somente o número de espécies, as insetívoras aumentariam em matas

mais alteradas, enquanto que as onívoras nas matas menos alteradas.

Willis (1979) estudando a avifauna em fragmentos florestais no sudeste paulista,

classificou as aves por ele registradas em 20 guildas. Aquelas com maior numero de espécies

foram os onívoros ou frugívoros de borda de mata (21), seguidos dos insetívoros de borda

(19) e aves florestais que ingerem frutos e insetos grandes (17). Além desse resultado geral,

que espelha o predomínio de aves de borda de matas (o que denuncia degradação dos

ambientes florestais), este autor observou também uma tendência em redução dos frugívoros e

aumento nos onívoros nos menores fragmentos, enquanto os insetívoros sempre

predominaram. Em relação ao numero de indivíduos observados, os de sub-bosque que

ingerem pequenos artrópodes nas folhagens predominaram amplamente, sendo as espécies

mais abundantes, Basileuterus hypoleucus, Thamnophilus caerulescens e Dysithamnus

mentalis. Entre suas conclusões, o autor menciona a semelhança entre as menores áreas e a

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zona temperada, com predomínio dos Oscines do dossel e de borda de mata e das espécies

migratórias, simultaneamente a perda dos frugívoros.

Em relação aos quatro setores estabelecidos anteriormente pela análise de cluster, tem-

se a situação apresentada na Tabela 4.3. Observa-se por esta tabela que, de modo geral as

guildas mais representativas nos quatro setores foram os insetívoros seguidos dos frugívoros

exclusivos, cujas proporções não variaram substancialmente para cada setor. Os frugívoros

estiveram menos representados no setor ‘D’, justamente onde se concentram os ambientes

mais degradados.

No setor ‘A’ não foram capturados representantes dos onívoros, o que pode refletir a

maior especialização das aves que habitam os sub-bosques dos ambientes florestais. Este

resultado diverge de Almeida (1982), o qual concluiu que matas menos alteradas tendem a ter

maior número de onívoros. Já para Silva (1986), dieta mais variada é favorecida em

ambientes perturbados, o que parece mais condizente com o presente estudo, já que nos

cerrados e nas áreas encontraram-se as maiores proporções de onívoros.

A comparação entre os eucaliptais no presente estudo não é passível de ser realizada,

já que o pequeno número de capturas no eucaliptal comercial não suporta inferências

conclusivas. Machado e Lamas (1996) compararam, quanto às guildas tróficas, uma área de

vegetação nativa com três eucaliptais com diversos níveis de presença de sub-bosque. Estes

autores verificaram pouca variação nas proporções das guildas entre a vegetação nativa e os

eucaliptais com sub-bosques mais densos. As maiores diferenças foram detectadas entre o

eucaliptal com menos sub-bosque e as demais áreas.

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Tabela 4.2. Percentual de itens alimentares encontrados nas amostras de fezes por locais.

LOCAL INSET FRUG SEM FRU/INS SEM/FRU FRUT/SEM

INSE/FRUT

INS/FR/SEM

INSET/SEM

FRU/SEM/INSET

SEM/INSET

N DE FEZES

HBUR 74,42 6,98 - 9,30 - - 4,65 4,65 - - - 43

Cerrado 59,77 17,24 5,75 12,64 - - 2,30 1,15 - - 1,15 87

Eucaliptal 66,67 16,67 - 16,67 - - - - - - - 6

HMAT1 66,67 - 16,67 - 16,67 - - - - - - 6

HMAT2 100,00 - - - - - - - - - - 2

MOED1 66,67 13,33 - - - 6,67 13,33 - - - - 15

Pesqueiro 39,42 22,12 8,65 0,96 - 6,73 13,46 3,85 3,85 0,96 - 104

Cerradão 58,93 14,29 5,36 8,93 - - 10,71 - 1,79 - - 56

HPAL 46,15 7,69 - - - - 38,46 - 7,69 - - 13

Lajeado 79,22 10,39 1,30 5,19 - 1,30 2,60 - - - - 77

HRV1 87,50 6,25 - - - - 6,25 - - - - 16

HRV2 70,00 10,00 - 5,00 - - 15,00 - - - - 20

HSL1 85,71 - - 7,14 - - 7,14 - - - - 14

HSL2 80,00 - - 4,00 - - 16,00 - - - - 25

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Tabela 4.3. Variação nas proporções (%) das guildas tróficas nos 4 setores.

GUILDAS/ SETORES (%) A

(FLORES

TAS)

B

(CERRA

DOS)

C

(CERRA

DÃO)

D

(DEGRA

DADAS)

carnívoros 0 0 0 3

frugívoros 9 12 8 5

granívoros/frugívoros 5 2 0 2

granívoros 0 2 4 0

insetívoros/frugívoros 7 2 8 5

insetívoros 74 67 72 69

nectarívoros 5 5 0 8

onívoros 0 10 8 8

Quando se considera a biomassa (calculada pela média do peso de cada espécie) das

espécies amostradas, encontramos novamente o predomínio de insetívoros, agora em

proporções semelhantes aos insetívoros/frugívoros. A importância dos frugívoros exclusivos

aumenta um pouco (Figura 4.3). Agrupando-se todos aqueles que se alimentam no primeiro

nível trófico (frugívoros exclusivos ou não + granívoros) tem-se que este nível apresenta uma

maior biomassa do que aqueles exclusivamente insetívoros (Figura 4.4).

insetív - 13503,8

inset/frug. - 13062,3frugívoros - 6675,4

onívoros - 4817

gran/frug - 868,9

outros - 514,4

0

2000

4000

6000

8000

1000

0

1200

0

1400

0

1600

0

biomassa (g)

Figura 4.3. Proporção das Guildas tróficas de acordo com suas respectivas biomassas.

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143

cons. secundários34%

cons. primários52%

outros14%

Figura 4.4. Percentual de biomassa de aves consumidoras primárias, secundárias e outras na

região de Três Lagoas (MS).

4.3. Variações nos hábitos alimentares

A variação mensal na proporção dos itens alimentares mais representativos nas

amostras encontra-se na Figura 4.5.

0

5

10

15

20

25

30

35

ja n fe v m a r a br m a i ju n ju l a g o s e t o u t n o v de z

m eses do an o

valo

res

méd

ios

per

cent

uais

i n se tí vo ro i n se t/fru g fru g í vo ro fru g /i n se t ou tros

Figura 4.5. Variação nos valores médios mensais dos hábitos alimentares ao longo de 12

meses. As médias foram calculadas a partir de dados médios mensais de três anos

(1994 a 1996).

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Observa-se que a insetivoria foi o hábito predominante durante todo o ano, seguido da

insetivoria/frugivoria. Constata-se um pico em junho e outro em setembro-outubro. Este

último pico pode estar associado à estação reprodutiva, que nas aves da região ocorre

principalmente entre agosto e novembro (fase de incubação). Adultos que estejam cuidando

de prole necessitam de uma demanda energética maior, tanto para si quanto para seus

ninhegos (demanda protéica associada ao crescimento); quando então espera-se um aumento

no consumo de insetos. O aumento no consumo dos frutos em fevereiro e março pode também

estar associado à reprodução e/ou à necessidade de acúmulo de reservas para o evento da

muda, já que muitos frutos supririam as necessidades protéicas e/ou de gorduras.

Em estudo realizado na América Central, Blake et alii (1990b) verificaram que a

preferência alimentar pode variar em função do status reprodutivo. Assim, a proporção de

espécies essencialmente frugívoras foi muito maior entre aquelas em reprodução; ao passo

que os insetívoros estiveram sempre bem representados, estando ou não em reprodução.

O grande aumento na representatividade de frugívoros entre os meses de fevereiro e

abril não pôde ser estatisticamente relacionado com o ritmo de frutificação de espécies

ornitocóricas estudadas em dois Hortos (rs=-0,1014; p=0,01), o que pode ser também

explicado pela quantidade restrita de locais onde se realizaram os estudos fenológicos.

Também, o regime de chuvas aparentemente não interferiu nas proporções de alimentos

encontradas no decorrer do ano (para insetívoros e chuvas, p. ex.; rs = -0,20979; p=0,01).

Entretanto, lembra-se que os dados pluviométricos disponíveis para a região não cobriram

todo o período estudado. Provavelmente então, este pico de frugivoria esteja mais associado à

reprodução ou a substituição das penas do que propriamente à frutificação das plantas.

Existem também outros fatores que podem influenciar o forrageamento das aves.

Foster (1978) relata que para aves frugívoras podem existir diferenças até na mesma espécie

vegetal e, neste caso, o tamanho do fruto seria um fator de seleção. Ainda segundo esta

autora, o grau de frugivoria pode variar ao longo do ano em uma mesma espécie de ave.

Como exemplo, cita os sabiás (Turdus spp.) e outras espécies que são mais frugívoras

durante o fim da estação seca, o que estaria relacionado ao acúmulo de gordura para a

migração. Para Poulin et alii (1992), as modificações sazonais na dieta das aves não

dependem apenas da oferta de alimento no ambiente, mas também de suas necessidades

fisiológicas, como aquelas associadas aos ciclos de muda de penas e reprodução.

Também o ambiente pode afetar a dieta das aves. Algumas espécies, ditas

oportunistas, mudam a composição de sua dieta conforme o local onde estão, provavelmente

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influenciados pela disponibilidade deste recurso. Poulin et alii (1994a) citam como exemplos

de espécies oportunistas, Thamnophilus doliatus e Vireo chivi.

Os deslocamentos das aves podem influenciar a variação nos hábitos alimentares.

Poulin et alii. (1994a) relatam que espécies insetívoras são favorecidas pela territorialidade,

em função da natureza críptica dos insetos e de sua distribuição espacial relativamente

uniforme. Já as frugívoras tenderiam a tornarem-se nômades em função da abundância,

conspicuidade e distribuição territorial e espacial dos frutos.

4.3.1. Saltator similis

Pelas 43 amostras analisadas no presente estudo, foi verificado que a dieta de S. similis

consistiu predominantemente de insetos, complementada por frutos (Figura 4.6). A

Subfamília Cardinalinae, à qual pertence Saltator similis, é descrita como granívora,

apresentando o bico altamente especializado para este tipo de dieta. Porém, Sick (1997)

ressalva que a grande variação de bicos cônicos que se observa nesta família reflete também

adaptações múltiplas às mais variadas condições tróficas, tais como dureza e tamanho das

sementes ou consistência de brotos e frutos consumidos. Este autor relata também que esta

ave, temporária e ocasionalmente, torna-se insetívora, como foi aqui verificado. Esta

insetivoria pontual pode estar relacionada à reprodução. Os dados individuais coletados para

cada espécie entretanto, são insuficientes para relacionar estes dois fatores.

.

insetos52%

frutos7%

fruto/inseto9%

sementes2%

outros2%

insetos/frutos28%

Figura 4.6. Composição da dieta de Saltator similis (n=43).

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4.3.2. Thamnophilus punctatus

Nas amostras analisadas para esta espécie (41), encontrou-se o predomínio de insetos

(87,8%), com pequena participação de frutos exclusivamente (4,87%) e insetos/frutos

conjuntamente (7,31%). A família Thamnophilidae, à qual pertence, é reconhecidamente

insetívora, com várias espécies seguidoras de formigas de correição (Sick, 1997).

Por sexo, praticamente não existiram diferenças na dieta, prevalecendo sempre os

insetos (Tabela 4.4.). Nas analises de Schubart et alii (1965), o fator sexo não foi levado em

conta porque, segundo os autores, não influenciaria a escolha do alimento.

Tabela 4.4. Composição da dieta de machos e fêmeas de Thamnophilus punctatus

SEXO INSETO INS/FRU FRUTOFÊMEA 10

(100%)0 0

MACHO 12(80%)

1(5%)

2(15%)

INDETERMINADO 14(87,5%)

2(12,5%)

0

4.3.3. Basileuterus flaveolus

Em praticamente todas as amostras obtidas para B. flaveolus, encontrou-se somente

restos de insetos (40 amostras; 39 exclusivamente com insetos; uma com material não

identificado). Assim, pode-se afirmar que sua dieta constituiu-se praticamente somente destes

artrópodes. Sick (1997) considera sua sub-família (Parulinae) como insetívora, e para Dubs

(1992), esta espécie é também insetívora.

4.3.4. Momotus momota

Para o udu-de-coroa-azul foi constatado o predomínio de insetos e frutos em sua dieta

(Figura 4.7) o que concorda com Dubs (1992) que o considera consumidor de insetos e frutos.

Pode ser considerado dispersor de sementes, já que entre as 21 amostras que continham

frutos, mesmo que misturados com insetos, 23,8% continham sementes, aparentemente

intactas.

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143

fruto9%

inset/fruto23%outros

26%

inseto42%

Figura 4.7. Principais itens alimentares encontrados em fezes de Momotus momota (n=35).

Segundo Skutch (1964), coleópteros (besouros) parecem ser o item preferido na dieta

de Momotus momota, , composta também de grandes cigarras, bichos-pau, grandes ortópteros

verdes (grilos e gafanhotos) e larvas de vários tipos. A presa é batida contra o poleiro até

tornar-se dilacerada, antes de ser ingerida ou levada ao jovem. Skutch (op. cit.) observou M.

momota seguindo, juntamente com outras aves, formigas de correição, para capturar insetos

espantados por elas, comportamento também observado no presente estudo. Neste caso, foi

avistado um indivíduo forrageando como integrante de um bando misto, juntamente com

Tachyphonus rufus e Piaya cayana, entre outros. Aranhas e pequenos lagartos são

ocasionalmente capturados, mas pouco freqüentemente. Como um grande consumidor de

insetos, é importante sugerir sua importância como potencial controlador biológico das pragas

dos eucaliptos.

4.3.5. Pipra fasciicauda

O uirapuru-laranja apresentou uma dieta principalmente frugívora, tendo sido

encontrados em suas fezes principalmente frutos digeridos e sementes. Sua família (Pipridae)

é reconhecida como frugívora por Sick (1997), mas ressalta-se aqui a necessidade da

complementação de sua dieta com outros itens, como insetos, que provém as proteínas. Esta

ave pode retirar o fruto da árvore e carregá-lo, apresando com o bico. Assim, pode ser um

agente dispersor de sementes. Em uma ocasião, foi capturada uma fêmea com um fruto de

Curatela americana.

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Para esta espécie, onde o dimorfismo sexual é evidente, foi possível estudar

separadamente as dietas de machos e fêmeas, obtendo-se os resultados apresentados na Tabela

4.5. Nota-se por esta tabela, que praticamente não houve diferença da dieta entre machos e

fêmeas.

Tabela 4.5. Proporção dos itens alimentares encontrados em fezes de machos e fêmeas de

Pipra fasciicauda.

SEXO FRUTO FRU/SEM SEMENTE FRU/INS INSETO SEM/INSFêmea 8

(61,5%)1

(7,69%)4

(30,77%)0 0 0

Macho 2(50%)

0 1(25%)

0 1(25%)

0

Indeterminado* 7(50%)

1(7,14%)

3(21,42%)

2(14,28%)

0 1(7,14%)

TOTAL 17 2 8 2 1 1* indivíduos nos quais não foi possível precisar o sexo; p.ex. machos jovens.

4.3.6. Turdus leucomelas

Espécie que na literatura é descrita como onívora T. leucomelas apresentou neste

estudo uma dieta diversificada, constituída principalmente de insetos e frutos. (Figura 4.8).

Em ambientes perturbados, esta espécie deve ser favorecida, já que conseguiriam explorar

diversas fontes de recursos alimentares.

insetos15%

fruto/inseto12%

frutos15%

sementes8%

outros15%

insetos/frutos35%

Figura 4.8. Composição da dieta de Turdus leucomelas.

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4.3.7.Tachyphonus rufus

Espécie considerada frugívora, como a maioria dos Thraupinae, o tiê-preto alimentou-

se predominantemente de insetos (64,7% das amostras), complementando sua dieta com

frutos. Não foi possível detectar diferenças na dieta entre machos e fêmeas (Tabela 4.4) em

função da amostragem relativamente pequena para este fim (n=17).

Tabela 4.6 Proporção dos itens alimentares encontrados em fezes de machos e fêmeas de

Tachyphonus rufus.

SEXO INSETO SEMENTE FRU/INS FRUTO

Fêmea 3 0 0 0

Macho 1 1 1 1

Indeterminado 7 0 2 0

TOTAL 11 1 3 1

4.3.8. Turdus amaurochalinus

Também neste Turdinae houve predomínio de insetos e de frutos em proporções

semelhantes em sua dieta.

4.3.9. Outras espécies

Algumas observações adicionais permitiram incrementar os conhecimentos sobre a

dieta das aves de sub-bosque dos locais estudados.

Nystalus maculatus é descrito na literatura como insetívoro, podendo eventualmente

predar lagartos. Neste estudo, foi capturado um indivíduo que continha em sua boca uma

serpente Colubridae, Chironius flavolineatus, tendo já ingerido 1/3 da serpente quando da

captura, iniciando a deglutição pela cabeça do réptil. A serpente coletada foi depositada no

Museu de História Natural da Universidade Estadual de Campinas, sendo o primeiro registro

para esta espécie de predação de serpentes (Piratelli et al., 1996).

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Galbula ruficauda foi visto apanhado insetos em pleno vôo com o bico, após sair de

um ramo na vegetação. A seguir, retornava ao mesmo local e batia a presa contra o galho,

sugerindo intenção de quebrar e matar o inseto.

Monasa nigrifrons vive em bandos de cerca de 6 a 10 indivíduos. Quando buscam

presas, os indivíduos permanecem pousados em galhos a altura de cerca de 5 metros.

Avistando lagartas no solo, investem contra elas em vôo rápido, pousando no chão,

apanhando-as com o bico e levando-as até o poleiro de onde partiram. Antes de ingeri-las,

batem as presas contra o galho, provavelmente para parti-las em pedaços menores. Por

diversas vezes foi observado este comportamento, e as lagartas capturadas tinham

normalmente cerca de 4 cm de comprimento (Piratelli et alii, 1998b).

Melo & Marini (1999) relatam como itens da dieta de M. nigrifrons, insetos das ordens

Orthoptera, Lepidoptera, Hemiptera e Homoptera, com tamanhos variando de 1 a 4 cm,

capturados a até 5 m de altura na vegetação, no ar, em troncos e no chão. Sherry & McDade

(1992) observaram que, em Monasa morpheus, o tamanho da presa e a largura do bico afetam

o tempo de preparação da presa, principalmente no caso daquelas engolidas inteiras.

Para Trichothraupis melanops, que teve uma amostra identificada contendo frutos e

insetos, Martins & Mallet-Rodrigues (1998) encontraram resultados semelhantes através da

administração de tártaro emético. Das 27 amostras analisadas por estes autores, 17(63%)

foram classificadas como de origem vegetal e 10 (37%) de origem animal. Dentre os insetos,

predominaram coleópteros (54%).

Através de amostras de fezes (n=17) e conteúdos estomacais (n=2), Rodrigues &

Nascimento (1997) detectaram uma alimentação mista para Coryphospingus pileatus,

composta principalmente de sementes (35%) e insetos (20%). Para C. cucullatus1, encontrou-

se no presente trabalho o predomínio de insetos (n=5) nas 6 amostras analisadas.

Tanto nas amostras analisadas, como na proporção de hábitos alimentares das espécies

capturadas, constatou-se o predomínio da insetivoria em todos os locais e ao longo do ano

todo. Portanto, os sub-bosques de matas nativas abrigam uma considerável quantidade de aves

que são potenciais controladoras de pragas, tanto de monoculturas como o eucalipto, quanto

de pastagens. Assim, enfatiza-se a importância da conservação da vegetação nativa,

consorciada com as necessidades comerciais humanas.

1 Coryphospingus pileatus é por vezes considerada subespécie de C. cucullatus, visto que os híbridos são férteis(Marcondes-Machado, 1980).

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A frugivoria foi o segundo hábito alimentar mais significativo, estando especialmente

representada na mata ciliar. Entre os locais amostrados, foi o que apresentou uma maior

disponibilidade de frutos ornitocóricos. Em termos de conservação de aves, ressalta-se

portanto a importância deste local para a avifauna regional e alerta-se para os graves prejuízos

ocasionados pelo lago artificial da Usina de Porto Primavera, que cobrirá a referida mata.

A coleta e análise de fezes, regurgitos e conteúdos estomacais mostrou-se uma

ferramenta útil para a avaliação dos hábitos alimentares das aves, já que o material encontrado

neste tipo de análise quase sempre corroborou com a literatura. Porém, não representou a

importância da onivoria, detectada quando se leva em consideração somente as espécies, e

não o número de indivíduos. Para contornar este problema, sugere-se o aumento nas

amostragens, principalmente para aquelas espécies pouco capturadas.

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5. REPRODUÇÃO E MUDA DE PENAS

A reprodução nas aves compreende o período que vai desde a procura de parceiros

coespecíficos até quando se encerram os cuidados parentais (Andrade, 1993). Em regiões

tropicais, o regime de chuvas condiciona a oferta de recursos alimentares o que, por sua

vez, determinaria os ciclos reprodutivos. Segundo Sick (1997), o fim da estação seca

proporciona maior abundância de frutos, favorecendo a reprodução em frugívoros como

Thraupinae e Cotingidae. O começo das chuvas provoca aumento nas populações de

insetos, favorecendo a reprodução para muitos Passeriformes florestais.

Durante a fase de incubação, desenvolve-se muitas vezes a placa de incubação na

parte inferior do corpo, quando as penas caem e a pele torna-se intensamente

vascularizada e com temperatura mais elevada, facilitando a transferência de calor

corporal para incubar os ovos (Ibama, 1994). Segundo Andrade (1993), a placa de

incubação é comum nas famílias Trochilidae, Turdinae, Thraupinae, Emberizinae,

Tyrannidae e Formicariidae, entre outras. Entre as que não desenvolvem esta placa,

mencionam-se Columbidae e Apodidae. A fase de incubação é crítica para as aves; a

sujeição à predação é grande, tanto ficar no ninho incubando os ovos como buscando

alimento para a prole. Ainda, fêmeas nesse período tendem a ganhar massa corporal

(acúmulo de gordura), em detrimento à eficiência do vôo (Slagsvold & Dale, 1996).

Associada ao ciclo reprodutivo, está a fase de muda de penas. As penas são

estruturas que derivaram de escamas de répteis, e sua origem exata é desconhecida (Ginn

& Melville, 1995). A reposição das penas dá-se devido ao desgaste proporcionado pelas

diversas atividades das aves. A muda é o processo completo de substituição da

plumagem, incluindo a perda das penas velhas e o crescimento das novas. Sick (1997)

define duas mudas anuais, a pré-nupcial, quando são substituídas as penas do corpo,

promovendo muitas vezes alteração do colorido, e a muda pós-nupcial ou muda de

descanso, repouso ou inverno, quando todas as penas são trocadas.

A muda de penas afeta o vôo, o repertório comportamental, o isolamento térmico

e a higrofobia. Para beija-flores, os gastos energéticos durante a muda podem representar

até 40% do metabolismo basal (Chai, 1997). Rymkevich & Bojarinova (1996)

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demonstraram, estudando Parus major em cativeiro, que a duração do processo de muda

pode ser fotoperiodicamente controlada. A troca de penas e a migração (Merila, 1997) são

eventos, como a reprodução, onde de maneira geral há um grande consumo energético.

5.1. Reprodução

Durante o transcorrer deste estudo, o ritmo de reprodução, com conseqüente taxa

de recrutamento, ocorreu na região conforme a Figura 5.1. Constatou-se a existência de

picos de reprodução que se repetiram por três vezes, de agosto a novembro em 1994;

outubro a novembro em 1995 e setembro a novembro em 1996. Essas pequenas

diferenças nos picos reprodutivos poderiam estar associados a variações climáticas,

afetando a disponibilidade dos recursos alimentares.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Jul/9

4

Set

/94

Nov

/94

Jan/

95

Mar

/95

Mai

/95

Jul/9

5

Set

/95

Nov

/95

Jan/

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cubaçã

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%jovens

%placa de incubação

Figura 5.1. Variação mensal do percentual de indivíduos jovens (% JOV) e de adultos

com placa de incubação (%PLA) ao longo do desenvolvimento do estudo.

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Pela media mensal, observa-se que a época de reprodução das aves da região,

notadamente a fase de incubação, parece estar bem determinada entre agosto e novembro

(Figura 5.2), justamente o período de início das chuvas. Após o ciclo reprodutivo,

verifica-se um aumento na participação de jovens nas populações, que declinava

gradativamente até então.

O acentuado aumento de indivíduos jovens deu-se de dezembro a fevereiro, após

o pico de reprodução, coincidindo com os meses de maior precipitação, havendo uma

tendência de declínio nos jovens ao longo do ano. Este fato sugere que a reprodução nas

aves da região estaria associada ao clima. Assim, haveria uma tendência de que o período

reprodutivo ocorresse antes do início das chuvas. Desta forma, o início das chuvas e

conseqüente aumento na oferta de recursos alimentares seria propício e suportaria o

aumento expressivo de indivíduos nas populações determinado pelos jovens. O processo

evolutivo neste caso, estaria deslocando a reprodução para a época seca, sendo vantajoso

mesmo considerando-se a provável escassez de alimentos neste período do ano.

Houve porém, uma fraca correlação entre variação no percentual de jovens e

precipitação, estatisticamente não significativa (rs=0,273; p=0,1). Entretanto, a exemplo

de quando relacionou-se o aumento da representatividade de frugívoros com as chuvas,

lembra-se que os dados climáticos disponíveis para a região não cobriram todo o período

estudado.

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tura

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Jovens Placa

Figura 5.2. Valores médios mensais (%) de indivíduos com placa de incubação e de

jovens.

A maior proporção de jovens ocorreu no setor B, onde mais da metade dos

indivíduos capturados foram assim classificados (Tabela 5.1), embora em relação aos

demais setores, esta proporção não tenha sido estatisticamente significativa (X2 = 4,04). O

setor D, considerado mais degradado, apresentou a menor proporção. Considerando-se

que, pela técnica de marcação e recaptura, não foram detectados deslocamentos de

indivíduos entre os setores, essas proporções sugerem taxas de recrutamento, ou seja,

sucesso reprodutivo.

Tabela 5.1. Proporção de indivíduos jovens e adultos capturados durante o estudo por

setores.

SETOR % jovens % adultosB 51,99 48,01C 39,62 60,38A 36,43 63,57D 36,27 63,73

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Também em relação às espécies, e não somente aos indivíduos como considerado

até agora, houve uma sincronização no período reprodutivo, sendo que a maioria das

espécies reproduziu-se entre setembro e novembro (Figura 5.3). As espécies cujos

ciclos reprodutivos foram determinados, encontram-se na Tabela 5.2.

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J F M A M J J A S O N D

meses do ano

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cie

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Figura 5.3. Número de espécies reproduzindo-se ao longo do ano na região de Três

Lagoas, entre 1994 e 1996.

Tabela 5.2. Período reprodutivo de espécies de sub-bosque na região de Três Lagoas.

Ordem taxonômica segundo Sick (1997).

ESPÉCIES/ MESES DO ANO J F M A M J J A S O N D

Leptotila rufaxilla x

Piaya cayana x

Nyctidromus albicollis x

Amazilia fimbriata x x

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ESPÉCIES/ MESES DO ANO J F M A M J J A S O N D

Momotus momota x x

Veniliornis passerinus x x

Campylorhamphus trochilirostris x

Taraba major x x

Thamnophilus doliatus x x

Thamnophilus punctatus x x x x x x x

Dysithamnus mentalis x x x x

Poecilurus scutatus x x x

Automolus leucophthalmus x x x

Sittasomus griseicapilus x

Dendrocolaptes platyrostris x x x

Leptopogon amaurocephalus x x

Hemitriccus margaritaceiventer x

Platyrhinchus mystaceus x x

Lathrotriccus euleri x

Cnemotriccus fuscatus x x

Casiornis rufa x x x

Myiarchus tyrannulus x x

Pitangus sulphuratus x x

Myiodinastes maculatus x

Empidonomus varius x

Pipra fasciicauda x x x x

Cyanocorax chrysops x

Turdus leucomelas x x x x x x

Turdus amaurochalinus x x x

Cyclarhis gujanensis x x x

Vireo chivi x x

Basileuterus flaveolus x x x

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ESPÉCIES/ MESES DO ANO J F M A M J J A S O N D

Eucometis penicilata x

Tachyphonus rufus x x x

Arremon flavirostris x

Coryphospingus cucullatus x

Saltator similis x x

TOTAL 1 1 1 2 0 1 1 8 20 18 20 3

O maior número de espécies em fase de incubação ocorreu até o mês de

novembro, o que corresponde ao início das chuvas (Figura 5.4). O maior volume de

chuvas e as temperaturas mais elevadas ocorrem em janeiro, e nesta época há, como já foi

visto, um aumento na população de jovens, oriundos provavelmente deste último ciclo

reprodutivo. Portanto, considera-se que a fase onde existem mais jovens na população

coincide exatamente com a época onde espera-se encontrar a maior disponibilidade de

recursos alimentares. Não foi detectada entretanto, correlação direta entre variação na

temperatura e espécies se reproduzindo (rs = 0,1399; p=0,1) ou entre chuvas e espécies

em reprodução (rs = 0,112; p=0,1). Portanto, poderia também estar determinando o início

da fase de incubação, o maior comprimento do dia, com conseqüente aumento da

temperatura, que traria o início das chuvas.

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temperatura núm. spp. pluviosidade

Figura 5.4. Ciclo reprodutivo de aves relacionado com temperatura e pluviosidade

médias anuais na região de Três Lagoas.

Na literatura, a época de reprodução é indicada no Brasil como sendo de setembro

a janeiro. No Brasil Central (alto Xingu, Mato Grosso) a reprodução das aves estaria em

pleno desenvolvimento em julho (Sick, 1997). Em Nova Friburgo, RJ (1497,0 mm de

precipitação anual) e em Belém, PA (2760,9 mm de precipitação anual) a maior atividade

de reprodução concentra-se também em outubro, enquanto que sua maior redução ocorre

de abril a maio, correspondendo à primavera e ao outono austrais, respectivamente (Euler,

1900 e Pinto, 1953 apud Sick, 1997).

Em estudo realizado na Fazenda Jatobá, Correntina, Bahia, Antas et alii (1992)

verificaram que uma boa proporção das aves capturadas apresentou placa de incubação

em setembro, indicando que a reprodução estava em andamento. Entretanto para

Zonotrichia capensis, uma das espécies mais capturadas, não se obteve nenhum indivíduo

com placa de incubação ao longo de todo o trabalho, com uma pequena proporção

apresentando muda de penas de contorno. Na espécie mais capturada, Elaenia cristata,

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houve uma pequena proporção de indivíduos com placa em setembro indicando, segundo

os autores, o início da reprodução para esta espécie. Havia também um número

proporcionalmente maior de indivíduos com muda de pena de contorno. Finalmente, os

autores concluíram que, de acordo com as informações advindas das espécies mais

capturadas, não há evidências a respeito de diferenças no ritmo de reprodução em cada

formação vegetal estudada.

A época de reprodução de Myiarchus tyrannulus na região de Três Lagoas

coincidiu com a estação reprodutiva de Myiarchus swainsoni e M. ferox estudadas por

Tubelis (1998) em mata alterada no interior paulista, tendo o autor observado que esta

última espécie nidificou na primavera (outubro e novembro) em caixas artificiais de

nidificação. Os ovos (n=3 por ninho) eclodiram em meados de novembro, e os ninhegos

foram alimentados por ambos os pais.

A reprodução de Corythopis delalandi foi estudada em Viçosa (MG) por Simon &

Pacheco (1992), que encontraram um ninho desta espécie em outubro de 1991. Pacheco

& Simon (1992) localizaram 16 ninhos de Leptopogon amaurocephalus entre outubro e

fevereiro na mesma região, sugerindo um período mais longo e tardio do que o observado

no presente estudo (de setembro a novembro). Para esta espécie, Aguilar & Marini (1997)

verificaram que o período reprodutivo (início da construção do ninho até a saída dos

filhotes) foi de 67,6 dias, com variações de 2,4 dias para mais ou para menos. Estes

últimos autores capturaram cinco indivíduos com placa de incubação entre agosto e

outubro de 1995 e 1996 na região de Belo Horizonte.

Ainda em Viçosa, Pacheco & Simon (1993) detectaram 13 ninhos de

Platyrhinchus mystaceus entre outubro e fevereiro, que no presente estudo nidificou entre

outubro e novembro. Em Belo Horizonte, Anciães et alii (1997) monitoraram 29 ninhos

de Tolmomyias sulphurescens entre agosto e dezembro, observando que cada ninho

produziu 3,5 ovos em média com período médio de incubação de 21,3 dias. Destes, 48%

obtiveram sucesso.

No presente estudo, foi registrada a construção de ninho Monasa nigrifrons. O

ninho típico descrito para a família por Sick (1997) é escavado em barrancos. Encontrou-

se em maio de 1996, um ninho em fase de escavação em um barranco em terra firme, na

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beira de uma estrada pouco movimentada próxima ao Rio Paraná. A escavação é

executada por um casal, que se reveza na retirada de terra do túnel, o que é feito com os

pés alternadamente, em movimentos antero-posteriores.

Quando um dos indivíduos está escavando, orientado para o barranco, o outro

coloca-se em um galho próximo, a cerca de 2m de altura e, perante alguma ameaça, inicia

uma vocalização curta e com poucas notas, que é prontamente atendida pelo indivíduo

escavador, o qual se retira imediatamente do local. Esta tática de vigília mostra-se

bastante eficaz, já que dentro do túnel, o indivíduo perde a visão à sua volta, expondo-se

a predadores. Passada a ameaça, o casal volta às suas atividades, que se desenrolam

durante todo o dia, sempre com o revezamento. Dois meses depois, verificou-se que o

ninho estava abandonado e, nas visitas seguintes, constatou-se que o buraco não foi

reutilizado (Piratelli et alii, 1998b).

Nyctidromus albicollis bota seus ovos no chão e a camuflagem é a maior

estratégia de defesa contra predadores, já que seus dois ovos e ninhegos apresentam

coloração que se confundem com a serapilheira. Turdus amaurochalinus por duas vezes

construiu seu ninho em forma de taça sobre ramificações de árvores como a mangueira

(Mangifera indica), a uma altura de cerca de 2 metros do solo. Também ninho de

Momotus momota foi detectado, sendo seu ninho escavado em barrancos próximo ao rio

(F. P. Melo, com. pess.).

Quando se leva em conta os hábitos alimentares das espécies (ver Parte 5), das

consideradas insetívoras, só não se detectou atividade reprodutiva em maio e junho;

sendo o período mais intenso, o mês de novembro, já em plena estação chuvosa. Quanto

às frugívoras, houve reprodução de setembro a novembro, sendo o auge no primeiro

mês, no inicio da estação de chuvas. Os onívoros começaram a se reproduzir em pleno

agosto, mês mais seco do ano, enquanto os nectarívoros restringiram sua reprodução aos

meses de outubro e novembro (Figura 5.5).

Com isso, sugere-se que os onívoros foram menos susceptíveis a escassez de

recursos, justamente pela plasticidade ecológica peculiar a este grupo. Os frugívoros

associaram sua reprodução ao início das chuvas e ao mês de setembro, quando se

constatou também a maior oferta de frutos maduros. O auge da reprodução detectada para

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os nectarívoros não coincidiu com a maior oferta de flores, que se deu em agosto. Neste

caso, sendo o numero de espécies nectarívoras amostradas pequeno, pode ter havido

variação de um ano para outro na floração, ou ainda, a possibilidade destas aves

complementarem suas dietas com insetos. Os insetívoros, por serem mais numerosos em

espécies, e por incluírem espécies generalistas, tiveram um longo período de reprodução;

mesmo assim, a maior intensidade ocorreu em plena estação chuvosa, quando era de se

esperar encontrar maior quantidade de insetos.

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nectarívoros

insetívoros

frugívoros

inset/frug

onívoros

Figura 5.5. Período reprodutivo das espécies de sub-bosque da região de Três Lagoas

conforme seus hábitos alimentares.

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5.2. Muda de penas

Para as penas de vôo, foram constatados ciclos que se repetiram todos os anos

aproximadamente na mesma época (Figura 5.6), havendo sincronização das mudas nestes

períodos. Entretanto, existiram algumas variações neste padrão. No primeiro ciclo

detectado houve uma tendência em troca simultânea de asa e cauda, concentrada

principalmente em março de 1995. No segundo ciclo, em fevereiro e março de 1996,

predominaram mudas isoladas de asa e cauda, sem ocorrência conjunta. Segundo

Bierregaard & Downer (1986) a muda de penas das asas ocorreria em um período mais

curto do que as da cauda, já que a primeira afeta mais intensamente a eficiência do vôo.

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%M ASA

%M CAUDA

%M ASA & CAUDA

Figura 5.6. Valores percentuais mensais de indivíduos com muda de penas de asa (M

ASA), cauda (M CAUDA) e asa e cauda simultaneamente (M ASA &

CAUDA) ao longo do estudo.

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Considerando-se agora a muda de penas de vôo como um todo e comparando-se

com as de contorno, observam-se que os ciclos e os picos se sobrepõem, sendo que o

período de muda de penas de corpo é mais extenso (Figura 5.7). Com relação às espécies

amostradas, verifica-se que muda de penas de vôo e de corpo estão fortemente

relacionadas (rs= 0,827; p=0,01), ocorrendo em sincronia ao longo do ano.

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muda vôo

muda corpo

Figura 5.7. Ciclos de muda de penas de contorno (muda corpo) e de vôo (muda vôo) em

indivíduos capturados entre 1994 e 1996.

Os valores médios demonstram que ao longo de um ano, a maior atividade de

muda de cauda ocorre em fevereiro, estendendo-se porém até maio (Figura 5.8). As penas

das primárias são trocadas principalmente em janeiro e fevereiro, indo até abril. Asa e

cauda conjuntamente são trocadas especialmente em abril. A muda de corpo ocorre ao

longo do ano todo, sendo muito mais significativa entretanto, em dezembro e janeiro

(Figura 5.19). Percebe-se a associação entre o regime de chuvas e as mudas de penas, que

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ocorrem principalmente na estação chuvosa (novembro até abril). Entre muda de penas de

corpo e pluviosidade, existiu correlação modesta (rs=0,61189; p=0,1), sendo mais forte a

correlação entre a muda de penas de vôo e as chuvas (rs = 0,769; p=0,05). Há atividades

de muda de corpo nos meses de seca (junho a setembro, principalmente), o que pode estar

relacionado à muda pré-nupcial.

Na Europa, Matthynsen (1986) observou que indivíduos de Sitta europea podem

apresentar variação na sincronia de muda de penas, sendo as populações da Bélgica mais

sincrônicas que as da Inglaterra. Morton & Morton (1990) demonstraram que a muda de

penas em Zonotrichia leucophrys dura em média 17 dias, e que sua duração não foi

afetada pela idade nos dois sexos, tendo os jovens e os machos mudado antes dos mais

velhos e das fêmeas. Jakober & Stauber (1997) constataram a muda tardia de retrizes em

Lanius collurio, mesmo quando danificadas. Eles atribuíram esta característica à uma

adaptação contra aderência em aves predadoras de vegetação densa, ou seja, melhor

manobrabilidade nos deslocamentos no sub-bosque.

Em região tropical, na África, Craig (1996) concluiu não existir um padrão

sazonal bem definido de muda e reprodução em Creatophora cinerea, existindo

diferenças regionais e pouca, se alguma, sobreposição entre estes eventos. Neste mesmo

continente, Sylvia nisoria foi estudado por Lindstrom et alii (1993), constatando-se que a

muda de inverno dá-se principalmente em novembro e dezembro, Ainda, foram

constatados padrões diferentes na substituição de penas entre jovens com menos de um

ano e adultos, notadamente nas asas.

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Figura. 5.8. Ciclo de muda de penas em aves de sub-bosque na região de Três Lagoas

(MS).

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M . asa M . cauda M . as e ca M . corpo

Figura 5.9. Valores médios mensais do percentual de indivíduos trocando penas de asa,

cauda, asa e cauda simultaneamente e de corpo.

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Considerando-se agora o número de espécies e seus ciclos de muda de penas,

obtiveram-se documentação de 75 espécies (Tabela 5.3). Os estudos de Bierregaard &

Downer (1986) desenvolvidos na Amazônia central mostraram que certos Formicariidae

não apresentaram periodicidade de mudas; nos Dendrocolaptidae, observou-se padrões

anuais bem distintos (de agosto a novembro), enquanto que nos beija-flores, a muda de

asas ocorreu em um período mais curto (agosto e setembro) do que a da cauda, sem que

ocorresse sobreposição, o que estaria associado à eficiência do vôo.

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Tabela 5.3. Ciclo de muda de penas em aves de sub-bosque na região de Três Lagoas (MS). A ordenação é alfabética.

v = muda de penas de vôo (rêmiges e/ou retrizes); c = muda de penas de contorno.

ESPECIE J F M A M J J A S O N DAmazilia fimbriata c c, vArremon flavirostris c vAutomolus leucophthalmus v c vBasileuterus flaveolus v,c v,c c c c c cBasileuterus hypoleucus v cBrachygalba lugubris cCampephilus melanoleucos v,c v,cCamptostoma obsoletum v,c v,c v c vCampylorhamphus trochilirostris vCasiornis rufa v,c c c c v,c v,cChloroceryle americana vChlorostilbon aureoventris cChrysolampis mosquitus v,cChrysoptilus melanochloros v v,cClaravis pretiosa c c v,cCnemotriccus fuscatus v,c v c c c v,cCoccyzus melacoryphus v,cColumbina minuta vColumbina talpacoti v,c v,cCoryphospingus cucullatus v,c vCorythopis delalandi v,c cCranioleuca vulpina v,cCrypturellus tataupa v,cCyanocorax chrysops v v,c c vCyclarhis gujanensis v,c c cDendrocolaptes picumnus cDendrocolaptes platyrostris v v,c c vDysithamnus mentalis v vElaenia mesoleuca c c

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ESPECIE J F M A M J J A S O N DElaenia parvirostris v,cEmpidonomus varius v,cEucometis penicillata v,cFormicivora rufa cGalbula ruficauda v,c v,cGeotrygon montana v,cGlaucidium brasilianum cHemitriccus margaritaceiventer v,c v,c vHylocharis chrysura v cLepidocolaptes angustirostris v,c v,c vLeptotila rufaxilla v,c c v,c v,c c v,cLeptotila verreauxi v,c v,c v v,c vMomotus momota v,c v v,c c v,cMonasa nigrifrons c v,cMyiarchus ferox vMyiarchus tyrannulus v,c v,c c c c v,cMyiodinastes maculatus c c v cMyiopagis viridicata c c cNonnula rubecula v,c c cNyctidromus albicollis c vNystalus maculatus v,c v cPiaya cayana v v,cPicumnus cirratusPicumnus guttifer vPipra fasciicauda v,c v,c c c cPiranga flava v,cPlatyrhinchus mystaceus cPoecilurus scutatus v,c v vSaltator similis v,c v,c v,c v,c c v,c c c v cSerpophaga subcristata v,cSittasomus griseicapilus v,c c v v,cSynallaxis frontalis c cTachyphonus rufus v,c c v vTangara cayana v,c v

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ESPECIE J F M A M J J A S O N DThamnophilus punctatus v,c v c v,c v,c c v c v v,c v,cTaraba major v,c cThamnophilus doliatus v,c v,c c v,cThlypopsis sordida v,cThraupis palmarum vThraupis sayaca cTityra cayana v,cTurdus amaurochalinus v v,c v,c c c c cTurdus leucomelas v,c v v,c v,c c c v,cVeniliornis passerinus v,c c cVireo chivi v cTOTAL MUDAS DE VOO 26 18 19 9 8 2 1 1 2 3 21 18TOTAL MUDAS DE CORPO 26 11 27 19 10 6 9 8 8 4 18 18

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Em relação às espécies frugívoras, setembro foi o mês com maior número de

espécies ornitocóricas frutificando. Quatro espécies cujas dietas dependem sobremaneira

de frutos tiveram seus períodos reprodutivos determinados, e todas elas estão se

reproduzindo em setembro, coincidindo portanto com o mês de maior oferta deste

recurso (Figura 5.10). Entretanto, talvez pelo pequeno número de espécies amostradas, a

correlação entre estes dois eventos foi apenas modesta (rs=0,461), não sendo

estatisticamente significativa. A muda de penas parece estar menos associada à oferta de

frutos, havendo sim uma tendência em não sobreposição dos picos de reprodução e de

muda, como já discutido. Não houve correlação entre muda de penas de frugívoros e

oferta de frutos ornitocóricos (rs=0,3164; não-significativo).

0

1

2

3

4

5

6

j f m a m j j a s o n d

espécies ornitocóricas com frutos

aves em reprodução

aves com muda de penas

Figura 5.10. Relação entre oferta de frutos ornitocóricos e reprodução e mudas em

espécies frugívoras.

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Considerando-se uma das espécies com dimorfismo sexual aparente e com grande

número relativo de capturas, observa-se que em Pipra fasciicauda, as fêmeas trocaram as

penas de corpo praticamente durante o ano todo; enquanto os machos o fizeram durante

um tempo mais restrito (Figura 5.11).

0

20

40

60

80

100

120

JA94

SO94

ND

94

JF95

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95

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5

JA95

SO95

ND

95

JF96

MA

96

MJ9

6

JA96

SO96

ND

96

Per

cent

ual

de c

aptu

ras machos

fêmeas

Figura 5.11. Ritmo de muda de penas em machos e fêmeas de Pipra fasciicauda.

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5.3. Reprodução x muda de penas

Foi possível verificar pouca sobreposição entre a reprodução e a substituição de

penas (Figura 5.12). Os picos de reprodução e muda se alternam, o que em parte pode ser

explicado pelo fato de muitas aves adquirirem uma plumagem nupcial, utilizada em

comportamentos sociais durante a reprodução. Finda a reprodução, estas espécies trocam

novamente de penas, adquirindo a plumagem de repouso, mais críptica (Sick, 1997).

0

10

20

30

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50

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Jul/

94

Set/

94

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/94

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Mar

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Mai

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95

Set/

95

Nov

/95

Jan/

96

Mar

/96

Mai

/96

Jul/

96

Set/

96

Nov

/96

% m

udas

de

corp

o

0

5

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20

25

30

35

40

45

50

% p

laca

% muda corpo

%placa

Figura 5.12. Ciclos de muda de penas e reprodução durante o período de estudos.

Nas regiões temperadas, onde estes ciclos têm sido mais bem estudados, muda e

reprodução são eventos que não se sobrepõem significativamente. Isso se deve às

condições ambientais e ao elevado consumo energético requerido durante a muda, já que

é necessário produzir penas novas, enquanto há um maior gasto energético para regular a

temperatura corpórea, dado a diminuição do isolamento térmico promovido pelas penas

(Ginn & Melville, 1995). Adicionada à questão energética, a muda de penas, a exemplo

da reprodução, também aumenta a vulnerabilidade à predação (Slagsvold & Dale, 1996).

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Alguns autores consideram que, nos trópicos, a sobreposição destes eventos

biológicos seria mais significativa, já que nestes ambientes haveria períodos

relativamente mais curtos de escassez de alimento (Ginn & Melville, 1995), o que não

foi observado no presente estudo.

Quando se obtém as médias mensais e sobrepõem-se os ciclos de muda e

reprodução, nota-se que a atividade de muda de penas de corpo ocorre antes da estação

de reprodução, tanto a nível de indivíduos (Figura 5.13) quanto a nível de espécies

(Figura 5.14). Existe pequena sobreposição entre muda e reprodução na região,

principalmente no mês de novembro, de onde se conclui ser este o mês mais crítico para

estas aves. Novembro é um mês com elevados índices pluviométricos, e a oferta de

alimentos neste período parece suportar a simultaneidade destes eventos.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

jan

fev

mar abr

mai jun jul

ago

set

out

nov

dez

M. corpo Placa penas vôo

Figura 5.13. Valores médios mensais do percentual de indivíduos com muda de penas de

vôo, contorno e com placa de incubação (dados de julho/94 a dezembro/96).

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0

5

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j f m a m j j a s o n d

meses do ano

núm

ero

de e

spéci

es

espécies em muda de penas de vôoespécies em muda de penas de corpoespécies em reprodução (choco)

Figura 5.14. Relações entre muda de penas e reprodução em espécies de sub-bosque na

região de Três Lagoas (MS).

5.4. Variação nos setores

Considerando-se os quatro setores descritos (ver Parte 2), encontrou-se pouca

variação nestes ciclos durante o ano (Figura 5.15). O ciclo reprodutivo teve duração

maior nos setores A e C (cinco meses), tendo iniciado mais cedo em C (julho). Nos

setores B e D capturaram-se indivíduos com placa de incubação somente durante três

meses. Estes dois últimos setores ficaram mais próximos no cladograma da Figura 2.7.

Em todos os setores exceto o D, o período de muda de cauda foi mais longo do

que o de asa, iniciando-se em setembro. A muda de penas de corpo sempre ocorreu após

a reprodução.

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Figura 5.15. Ciclos reprodutivos e de muda de penas em aves de sub-bosque na região de Três Lagoas divididos por setores.

SETOR A

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JA

N

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N

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meses do ano

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obre

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%jov %m asa %mcauda %mcorpo %placa

SETOR B

0

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JA

N

FE

V

MA

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R

MA

I

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N

JU

L

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dez

meses do ano

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obre

cap

tura

s

JOVENS M.ASA M.CAU M.COR PLACA

SETOR C

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jan

mar

mai jul

set

nov

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%jov M.AS M.CAU M.COR PLACA

SETOR D

0

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20

30

40

50

60

70

80

90

jan

fev

mar abr

mai

jun jul

ago

set

out

nov

dez

%JOV MASA M.CAU M.COR PLACA

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171

CONCLUSÕES

• Diversos padrões observados nas comunidades de aves da região de Três Lagoas

coincidiram com aqueles descritos para outras regiões do País. Assim por exemplo, tem-

se a maior abundância relativa para a família Tyrannidae e a maioria das espécies

apresenta poucos indivíduos. Estes padrões, comuns em ambientes tropicais, também se

repetem mesmo quando se agruparam os pontos estudados em setores, de acordo com

sua composição avifaunística.

• A composição avifaunística (abundância e diversidade de espécies) espelhou por sua vez

os tipos de formações vegetais. Através da avifauna, foi possível agrupar quatro tipos de

vegetação; as matas, os cerrados, o cerradão mais denso e, por fim, os ambientes

degradados. Os ambientes florestais e os menos degradados apresentaram maiores

índices de diversidade e densidade de espécies; os mais degradados foram agrupados

com um eucaliptal comercial, com nítida pobreza de espécies. .

• Os dados refletem os efeitos da ação antrópica sob diversos aspectos; a

descaracterização da vegetação nativa e sua substituição por pastos ou plantações como

o eucalipto, estariam empobrecendo a avifauna da região a medida que reduzem-se os

ambientes naturais e amplia-se a área agropecuária. Para ilustrar esse fenômeno,

constatou-se que 25% de 31 espécies (com mais de 10 capturas) são comuns em

ambientes alterados, uma proporção bem próxima dos 30% de espécies de cerrado, a

vegetação original.

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172

• As espécies vegetais ornitocóricas amostradas não produziram picos evidentes de

frutificação, embora houvesse um maior número de indivíduos frutificando no início da

estação chuvosa. Entretanto, as aves frugívoras foram mais capturadas

proporcionalmente em abril, sugerindo que outros fatores, como as estações do ano e/ou

tipo de ambiente, também podem acarretar alterações nas proporções das guildas

tróficas. Os insetívoros sempre predominaram, o que também pode refletir um dos

efeitos da fragmentação.

• Reprodução e muda de penas foram eventos com pouca sobreposição, ocorrendo em

épocas bem determinadas, provavelmente em função do gasto energético envolvido

nestes eventos e da oferta de recursos pelo ambiente. Os onívoros foram aqueles com

períodos reprodutivos mais longos; os frugívoros tiveram o pico da reprodução na época

de maior oferta de frutos ornitocóricos e, os insetívoros, no apogeu da estação chuvosa.

Estes fatores podem também espelhar a relação com os recursos alimentares e a nítida

dependência das aves destes recursos.

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191

ANEXOS

Anexo 1. Mapa fenológico dos indivíduos amostrados no Horto Rio Verde - cerradãodegradado .Legenda: fr = fruto; frv = fruto verde; frm = fruto maduro; frs =fruto seco; bo = botão; br = broto; fl = flor

1994 1995nº /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

Alibertia - 495 frvAlibertia - 107 f fr frvAlibertia - 108 f frAlibertia - 174 f frvAlibertia - 175 f frvAlibertia - 176 f frvAlibertia - 178 f frv frvAlibertia - 179 f frv frvAlibertia - 180 f frvAlibertia - 181 f frvAlibertia - 472 frv;

frmAlibertia - 493 frvAlibertia - 494 frv;

frmAlibertia - 576 frvAlibertia - 577 frvAlibertia - 585 frvAlibertia - 65 f frvAlibertia - 66 f frv Alibertia - 72 f frvAlibertia - 75 f frm Alibertia - 77 f frvAlibertia - 777 frmAlibertia - 79 f frm frvAlibertia - 805 frv frAlibertia - 809 frv frAlibertia - 82 f frv frAlibertia lanceolata -572

fl

Alibertia lanceolata -611

frv

Alibertia lanceolata -438

frv frv

Alibertia- 127 f fr frv frv

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192

1994 1995nº /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

Byrsonimacoccolobifolia - 790

bo

Curatela americana -566

frm;frs

fr frs

Curatela americana -173 f

frv;frs

Eugenia aurata - 565 flAlibertia - 74 f frv frvHimenea - 747 frv frMiconia albicans - 71 f frmMiconia albicans - 64 f frm flMiconia albicans - 824 fl fl; frAlibertia lanceolata -437

frm frv frv

Miconia albicans - 446 frm Miconia albicans - 455 boMiconia albicans - 460 frmMiconia albicans - 461 frmMiconia albicans - 462 frmMiconia albicans - 463 frmMiconia albicans - 464 frmMiconia albicans - 468 frmMiconia albicans - 476 frmMiconia albicans - 478 frm Miconia albicans- 480 frmMiconia albicans - 570 fr; flMiconia albicans - 571 fl; frMiconia albicans - 584 frs fl;

frMiconia albicans - 587 frMiconia albicans - 591 frmMiconia albicans - 592 frmMiconia albicans - 595 frmMiconia albicans - 612 frmMiconia albicans - 613 frmMiconia albicans - 614 frmMiconia albicans - 621 frmMiconia albicans - 622 boMiconia albicans - 625 frm fl boMiconia albicans - 629 fr fl boMiconia albicans - 648 frmMiconia albicans - 67 f frmMiconia albicans - 68 f frm fl;

frMiconia albicans - 69 f frm

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193

1994 1995nº /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

Miconia albicans - 76 f frmMiconia albicans - 771 frmMiconia albicans - 78 f frv;

frmMiconia albicans - 786 frmMiconia albicans - 80 f frm frvMiconia albicans - 845 frm flBirsonima coccolobifolia- 602Tabebuia ochracea -583Aspidospermatomentosum - 597Pseudobombax sp. - 627Campomanesiaadamantinum- 567

fl

Bauhinia sp. - 623 fl70 f fl73 f frv79 f fr81 f frm frs105 f bo;

fl106 f bo;

fl115 f fl177 frv428 fl444 frm450 fl473509 fr573 fr608 fl609 fr; fl617 frv618 fl fl769776784804 frv810 frv811 frv827 fl830 fr

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194

Anexo 2. Mapa fenológico dos indivíduos amostrados no Horto Barra do Moeda -Cerradão.Legenda: fr = fruto; frv = fruto verde; frm = fruto maduro; frs = fruto seco; bo = botão;br = broto; fl = flor

1994 1995nº /nome da espécie

ou nome comumjul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

Actinostemon comunis- 01 f

bo

Actinostemon comunis- 132

bo;fl

frv frv

Actinostermoncommunis - 244

fl bo;fl

Dilodendronbipinatum - 180

frs

Dilodendronbipinatum - 107

fr; fl

Dilodendronbipinatum - 85

frm; frs frm

Dilodendrumbipinatum - 241

frs

Inga sp - 234 flInga sp. - 242Nectandra lanceolata- 196

fl; fr

Tapirira guianensis -191

fl; bo frm

Trichilia palida - 183 fl fr; frvTrichilia pallida - 144f

br;frv

frv

Trichilia pallida - 226 fl frvTrichilia pallida - 190f

frv

Trichilia pallida - 239 flTrichilia pallida - 258 fl flTrichilia pallida - 259 fl fr;

frvfrv

02 f bo03 f bo04 f bo05 f bo;

fl06 f bo07 f bo

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195

1994 1995nº /nome da espécie

ou nome comumjul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

08 f bo09 f bo10 f bo11 f bo12 f bo13 f bo14 f bo15 f bo16 f bo;

fl17 f bo;

fl18 f bo19 f bo20 f bo;

fl21 f bo22 f bo23 f bo24 f bo25 f bo26 f bo27 f bo28 f bo;

fl29 f bo30 f bo;

fl31 f bo32 f bo33 f bo34 f bo35 f bo36 f bo37 f bo38 f bo;

flfrv

39 f bo;fl

40 f bo41 f bo42 f frm44 f bo;

fl

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196

1994 1995nº /nome da espécie

ou nome comumjul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

45 f bo;fl

46 f bo47 f bo;

flfrv;frs

48 f bo67 fr90 f frm104 f fl; fr116 frv119 f frv126 bo133 bo134 bo136 bo143 f frm frm145 f frm146 f frv147 f frm152 fl154 frv frv fr185 f frv;fr

m208 fl214 frm223 bo224 bo236 fl243 frs

Anexo 3. Mapa fenológico dos indivíduos amostrados no Horto Barra do Moeda -Cerrado.Legenda: fr = fruto; frv = fruto verde; frm = fruto maduro; frs = fruto seco; bo = botão; bro =broto; flo = flor

1994 1995n° /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev ma

rabr mai jun

Anadenanthera falcata -301

fl

Anadenanthera falcata -325

fl

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197

1994 1995n° /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev ma

rabr mai jun

Anadenanthera falcata -357

bo

Anadenanthera falcata -364

fl

Anadenanthera falcata -368

frs frs frs frs

Anadenanthera falcata -430

frs

Anadenanthera sp. - 56 f flAnadenanthera sp. - 168f

fr

Birsomina intermedium -84 f

fl

Birsonima coccolobifolia- 339

fl fl; fr

Birsonima intermedia -99 f

frv frv fl;frv

frv

Campomanesiaadamantinum - 103 f

frv

Campomanesiaadamantinum-83 f

fl

Curatella americana -130 f

frv bo;frv;frm

Curatella americana -133 f

frv frv;frm;frs

frs

Curatella americana -156 f

fr

Curatella americana -158 f

bo frs frs

Curatella americana -164 f

fl frv

Curatella americana -167 f

bo

Curatella americana -188 f

frv;frs

Curatella americana -399

bo; fl frs

Curatella americana -58f

frs

Dugetia furfuracea - 187f

frv

Dugetia furfuracea - 118f

fl frv

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198

1994 1995n° /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev ma

rabr mai jun

Dugetia furfuracea - 160f

frv frv

Dugetia furfuracea - 186f

frv

Dugetia furfuracea - 276 frvDugetia furfuracea - 276 fl fl; frDugetia furfuraceae -159 f

fl; fr fl

Eryhroxylum suberosum- 102 f

frv

Erythroxylum campestre- 100 f

frv fl br br br

Erythroxylum suberosum- 92 f

fl frv

Matayba elaeaguoides -96 f

fl; fr

Matayba elaeguoides -111 f

frm

Matayba guianenses -279

frs

Miconia albicans - 330 bo;fl

fl frs

Miconia albicans - 331 bo fl frs frmMiconia albicans - 332 bo fl frsMiconia albicans - 333 flMyrcia bela - 87 f flMyrcia bela - 97 f fl;frMyrcia multiflora - 52 f ? boMyrcia sp. - 98 f fl; frPlatymenea reticulata -284

frs;frv

frs frs frs frs frs frs frv

Platymenea reticulata -307

frs;frv

frs frs frs frs frs frs

Platymenea reticulata -308

frs;frv

frs frs frs frs frs

Platymenea reticulata -334

frs

Platymenea reticulata -349

fr;frv/s

Platymenea reticulata -362

frv;frs

frs frs

Platymenea reticulata -363

frv;frs

frs

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199

1994 1995n° /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev ma

rabr mai jun

Psidium incanescens -101 f

fl

Roupala montana - 54 f flRoupala montana - 432 flRoupala montana - 57 f flTabebuia caraiba - 366 flXylopia aromatica - 329 fr49 f frv50 f frs51 f frv53 f frs55 f fl60 f frs;

fl85 f fl86 f fl88 f fl89 f fl90 f frv91 f fr109 f frs110 f fl fl br112 f fl fl113 f fl114 f fl fl116 f frm117 f frv128 f fl129 f bo131 f frv132 f fl fl;

frv134 f frv155 f bo157 f fl frv161 f br; fl162 f bo; fl163 f bo; fl165 f bo; fl fl166 f fl frv169 f br170 f bo; fl171 f fl172 f bo; fl

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200

1994 1995n° /nome da espécie jul ago set out nov dez jan fev ma

rabr mai jun

189 f fl293 fl302 bo fr;

frv345 fl361 fl374 frm;f

rsfrm

387 bo391 frm429 fl

Anexo 4. Mapa fenológico das espécies vegetais amostradas no Horto Barra do Moeda -Mata ciliar.Legenda: fr = fruto; frv = fruto verde; frm = fruto maduro; frs = fruto seco; bo = botão; br = broto

1994 1995nº /Nome daespécie ou

nome comum

jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

Celtis iguanae -524

frs

Unonopsislindmanii - 107f

fr;frv;fm

Unonopsislindmanii - 121f

frm;.frv

frm;frv

frm;frv

Unonopsislindmanii - 122f

frm frvfrm

frs

Unonopsislindmanii - 123f

frm;.frv

Unonopsislindmanii - 124f

frm;frv

frv;frm

frmfrvfrs

frmfrv

frs

Unonopsislindmanii - 125f

frm;.frv

frmfrs

frm frm

Unonopsislindmanii - 126f

frm;.frv;frs

frm frmfrs

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201

1994 1995nº /Nome daespécie ou

nome comum

jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

Unonopsislindmanii - 192f

frv

Unonopsislindmanii - 538

frv

Unonopsislindmanii - 547

frs frv frvfrm

frv

Unonopsislindmanii - 61 f

fr;frv

fr;frv

frm;frv

frm;frs;frv

frm;frv

frv;frm

frvfrmfrs

frm

Unonopsislindmanii - 62 f

fr;frv

Unonopsislindmanii - 63 f

fr;frv

Unonopsislindmanii - 634

frs frs

Unonopsislindmanii - 639

frm frm frm;frs

frvfrs

frs

Unonopsislindmanii - 640

fr;frv;fl

fr;frv;fm

fr;frv;fm

Unonopsislindmanii - 641

frv frv frm

Unonopsislindmanii - 642

frv;fl

frv;fl

frv;frm

frv;frm

Unonopsislindmanii - 645

frv

Unonopsislindmanii - 659

frs

Unonopsislindmanii - 663Unonopsislindmanii - 708

frv frv;frm

frv;frm

Unonopsislindmanii - 719

frs

Unonopsislindmanii - 723

frm .frs frv

Unonopsislindmanii - 733

frs frs frv;frs

frm;frv

Unonopsislindmanii - 734

frs frv frv frm frm frm;frs

frs

Unonopsislindmanii - 735

frs

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202

1994 1995nº /Nome daespécie ou

nome comum

jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

Unonopsislindmanii - 738

fr;frv

fr; fl frm

Unonopsislindmanii - 746

frv frv;fl

frv

Unonopsislindmanii - 748

frm frv frv;fl

frv frm;frv

frm;frv

frm;frs

frmfrvfrs

frmfrvfrs

frm

Unonopsislindmanii - 753

fl

Unonopsislindmanii - 755

frm frm

Unonopsislindmanii - 758

frs

Unonopsislindmanii - 762

frm;frv

frv frs

Unonopsislindmanii - 807

frv frv

Unonopsislindmanii - 93 f

fr;frv

frv frv

Unonopsislindmanii - 94 f

fr;frv

frm

Unonopsislindmanii - 533

frvfrm

frm

Unonopsislindmanii - 636

frs; frm frm; frs frv frv frm;frv

frm;frv

Unonopsislindmanii - 533

fr;frv

Unonopsislindmanii - 517

frv

Unonopsislindmanii - 646

frs;frv

fr; fl frv;frm

Randia armata -545

frv

Spondias lutea- 120 f

frm

Tremamicrantha - 750

bo fl

Trichilia pallida- 722

bo frv frv frv frs frs frs

Trichilia pallida- 749

frv frv

142 f frv182 f frv

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203

1994 1995nº /Nome daespécie ou

nome comum

jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

191 f frv;frs

522 frv frv frmfrs

frm

527 fl;frv

595 frm617 frv635 frv;

fl643 fl644 fl657 frv frv frm660 fl665 fl695 fl707 frv;

frm729 frm743 fr;

frv760 frs frs frv frv frm frm;

frsfrs frs frs frs

763 frv frm779 frv frm;

frv799 frv135 f frv

fl136 f frv

frmfrvfrs

137 f frvfrm

138 f frv frv139 f frv

frm622 frv

frm732 frm

frsfrvfrs

146 f frm140 f frv bo141 f frv

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1994 1995nº /Nome daespécie ou

nome comum

jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun

142 f frv frv frv148 f frm149 f frv134 f frs150 f frv

frm151 f frv152 f frv

frm153 f br

frv154 f frv182 fl frv183 f frv184 f frv

Anexo 5. Valores percentuais médios mensais (1994 a 1996) de mudas e reprodução. *

JOV ASA MCAU MCORP MA&C MCAUD PLAC

JAN 24,65667 25,70571 23,7425 29,10444 27,194 24,90364 24,90364

FEV 34,97429 34,76875 34,60889 39,481 35,89182 32,90083 32,90083

MAR 25,76571 24,33125 22,76111 26,607 25,30091 23,3625 23,3625

ABR 26,32714 23,39375 22,06444 24,715 22,72818 21,54833 21,54833

MAI 20,85 18,24375 16,81778 18,109 16,70818 15,54083 15,54083

JUN 16,79857 14,69875 13,06556 12,259 11,14455 10,21583 10,21583

JUL 10,54083 9,985 9,985 11,37417 10,49923 10,86538 11,77083

AGO 13,015 11,515 11,515 12,81917 11,83308 11,83308 10,81917

SET 11,2825 7,6075 7,72 8,283333 7,646154 10,14077 8,929167

OUT 13,5625 9,806667 9,806667 10,35333 9,556923 11,85231 10,845

NOV 14,3725 11,36833 11,34667 12,545 11,70846 14,99462 15,36667

DEZ 23,22167 18,3025 16,91333 21,1375 20,47308 20,04538 21,56167

*jov = jovens; ASA= muda de rêmiges; MCORP= muda de penas de corpo; MA&C=muda de penas de asa e

cauda conjuntamente; MCAUD=muda de retrizes.

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Anexo 6. Valores percentuais mensais de jovens (%JOV), indivíduos com mudas de asa

(%MAS), de cauda (%MCA), de corpo (%MCPOR), de asa e cauda

conjuntamente (%MA&C) e com placa de incubação (%PLA) sobre o total de

capturas (CAPT).

MÊS CAPT %JOV %MAS %MCA %MCOR %MA&C %PLA

jul/94 15 6,67 0 0 - 0 0

ago/94 50 18,00 0 2,00 - 0 24,00

set/94 77 45,45 0 0 - 0 24,68

out/94 71 45,07 0 2,82 - 1,41 23,94

nov/94 76 46,05 5,26 3,95 - 3,95 10,53

dez/94 54 77,78 16,67 5,56 - 5,56 1,85

jan/95 33 63,64 24,24 0 - 6,06 0

fev/95 32 71,88 21,88 21,88 21,88 37,50 3,13

mar/95 43 39,53 11,63 6,98 53,49 27,91 0

abr/95 30 43,33 10,00 10,00 56,67 6,67 3,33

mai/95 36 50,00 2,78 19,44 27,78 0 0

jun/95 27 59,26 0 7,41 22,22 0 3,70

jul/95 37 56,76 2,70 0 27,03 0 0

ago/95 43 44,19 0 0 18,60 0 2,33

set/95 41 17,07 0 0 24,39 4,88 0

out/95 62 29,03 0 0 6,45 1,61 27,42

nov/95 76 35,53 6,58 3,95 30,26 3,95 15,79

dez/95 45 48,89 8,89 2,22 64,44 11,11 4,44

jan/96 50 54,00 32,00 10,00 72,00 10,00 2,00

fev/96 6 66,67 33,33 33,33 83,33 0 0

mar/96 49 40,82 14,29 10,20 61,22 12,24 2,04

abr/96 35 54,29 2,86 11,43 48,57 2,86 8,57

mai/96 37 45,95 0 5,41 29,73 2,70 2,70

jun/96 20 25,00 0 0 5,00 0 0

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MÊS CAPT %JOV %MAS %MCA %MCOR %MA&C %PLA

jul/96 42 33,33 0 0 16,67 0 4,76

ago/96 17 47,06 0 0 17,65 0 0

set/96 74 18,92 1,35 1,35 6,76 0 32,43

out/96 32 25,00 0 0 9,38 0 31,25

nov/96 60 6,67 10,00 5,00 18,33 1,67 46,67

dez/96 16 31,25 18,75 0 56,25 12,50 0

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ERRATA

• Página 63 – segundo parágrafo – suprimir a citação Piratelli et alii (1997).

• Página 112, último parágrafo – deve ser suprimido e substituido por:Em relação ao tipo de formação vegetal, constataram-se índices de zoocoria de 100%

para mata ciliar e 83% para o cerradão. A zoocoria neste caso, aparentemente esteve maisrepresentada na mata ciliar estudada na região de Três Lagoas (X2 = 8,92; sig. a 5%). Nocerradão degradado, observou-se a maior proporção da anemocoria, superando inclusiveo cerrado, também ambiente aberto. Durigan (1991) verificou que em mata ciliar naregião de Assis (SP), a zoocoria podia ocorrer em até 95% das plantas. Em vegetação decerradão, na mesma região, este índice caiu para 35%.