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Este Comunicare retrata um bairro afastado do centro da cidade que ainda possui características de interior, mas já está sofrendo com os problemas comuns da capital, como a falta de segurança, problemas no trânsito e também decorrentes do aumento da população local, falta de saneamento básico e coleta de lixo, entre outros. Apesar disto, o bairro Umbará ainda mantém características e costumes tradicionais, além de uma economia voltada para a produção de cerâmica (tijolos, blocos, lajes, telhas, etc;). O jornal também traz o perfil de uma das famílias mais antigas da região, o prestígio das escolas locais e a questão do catolicismo predominante. Boa leitura!

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Page 1: Comunicare Umbará
Page 2: Comunicare Umbará

CONTRASTE ENTRE A MODERNIZAÇÃO DA CAPITAL PARANAENSE E OS COSTUMES DA TRADICIONAL COLÔNIA ITALIANA

Umbará: Uma cidade dentro da outra Falta de segurança, importância econômica, ruas não sinalizadas, processo de modernização, problemas e busca de soluções no bairro

opinião02 Curitiba, outubro de 2010

Compreender o que acontece na sociedade faz com que quei-ramos ter um olhar mais apurado e mais detalhista. Com o foco no jornalismo cidadão fomos para o Umbará, um bairro que faz divisa entre os bairros Campo de San-tana, Ganchinho, Sítio Cercado e Tatuquara. Sim, é um bairro. Muitos o consideram e denomi-nam como uma cidade pela sua localização um pouco distante do centro, cerca de 50 minutos de ônibus até a região central de Curitiba.

Se fosse somente esse o pro-blema em relação ao tempo do transporte público, até aí tudo bem, porém ao realizar uma das reportagens, que consistia em acompanhar o trajeto de casa de uma das entrevistadas até o

seu trabalho, ocorreu um contra-tempo, um assalto. Dois homens subiram no ônibus e abordaram o motorista e o cobrador. O que chamou a atenção das repórteres foi o preparo do cobrador em relação ao procedimento a ser adotado em caso de assalto. Foi chamada a polícia, o cobrador prontamente pediu o nome de duas testemunhas para facilitar Rubiane Kaminski

FALA, PROFESSOR

“A cidade oferece um grande leque de op-

ções para os cidadãos usufruirem ao máximo. A população está bem

servida.”

Laércio Ruffa, Coordena-dor do curso de Teatro da PUC-PR e diretor artístico

do grupo TánaHoraFALA, LEITOR

“A agenda cultural é bem diversificada, sempre tem o que fazer. O que falta é interesse da parte das pessoas, inclusive dos

universitários.” Sheilla Faccin, 23, estu-dante de Odontologia.

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OMbUDSMAN: FALTA DE CUIDADO CAUSOU ALGUNS ERROS

A correria é elemento indis-sociável do jornalismo impresso. O Comunicare, apesar de ser um jornal laboratório, não é diferente, porém a pressa não pode se sobre-por à qualidade.

Na edição “Diversão e Arte” notei erros somente justificáveis por falta de revisão devido ao tempo escasso. Como no editorial com alguns problemas. Outros exemplos de equívocos são repe-tições de palavras muito próximas e não uniformidade em relação à nova ortografia.

Sobre as matérias não posso deixar de comentar as seguintes falhas: o nono parágrafo da secun-dária na página 4 fora de contexto, o texto publicitário a respeito de esportes em locais inusitados, a reportagem sobre atividades de-pois balada - onde se generaliza algo feito por um ou outro grupo de amigos - e a matéria dos bingos

na editoria errada.Considero também que a capa

deveria destacar entre suas man-chetes a ótima reportagem sobre rinhas de galo. Para mim foi o conteúdo mais importante do jornal.

Para citar outra, entre algu-mas das editorias que merecem elogios, fico com a “comporta-mento”, que contém matérias interessantes, bem escritas e com diagramação criativa.

Creio que o tema abordado nessa edição foi meio subjetivo e de confusa divisão nas editorias. Falou-se muito sobre parques ruins na periferia, mas ao leitor pode interessar saber onde existem os bons como o Lago Azul lá no Umbará.Leonardo Bertuol, Assessor de ImprensaDEXX Comunicação Ex-Aluno Comunicare 2005.

CARTA DO LEITOR Nesta edição de Setembro de 2010, Diversão e Arte, há o pequeno artigo na seção política, intitulado: Lei antifumo ocasiona criação de fumódromos ao lado de fora dos bares, perturbando os moradores,de Amanda Hecke, Ana Luiza Francisco e Leticia Leal. Digo: Dentro de Aos Democratas (bar fotografado na maté-ria) pelo menos 90% das pessoas consomem bebidas alcoólicas, que também intoxicam e são ansiolíticos como o cigarro. Mas, quanto mais as pessoas forem forçadas a se curvarem pra leis como “antifumo”, menos as coisas serão resolvidas. Por acaso, independentemente da Lei antifumo, alguém, dentro do Demo-cratas, se importa se na mesa ao lado estão fumando? Quanto à página Opinião, temos o professor de Ética e Filo-sofia, PUCPR Rodrigo Alvarenga, expondo seu pensamento: “A desigualdade social é o maior mal da nossa sociedade, é dela que derivam tantos problemas”. Mas afinal de contas, se essa é a verdadeira causa: “a desigualdade social”, não precisa mais ir atrás dela, pois ela está na nossa frente e dentro de nós o tempo todo. O mundo foi feito assim, o ser humano dificilmente alcança um senso puro e completamente justo de igualdade, porque não existe igualdade total entre as pessoas, como está claro na história da filosofia, principalmente em Platão, já que um ser humano é o ser mais indivisível que existe, mais individualizado e insubstituí-vel. O fato de haver diferenças entre os homens é que possibilita o mundo funcionar de forma original. Que tipo de desigualdade ele se refere? Falta de oportunidades para pessoas pobres e carentes? Uns ganham mais outros menos? Ele tem certeza que a causa de tantos problemas é a desigualdade social?

Julia

na H

emili

A Igreja São Pedro serve como referência central para os moradores do bairro Umbará. A visão de outro ângulo e por outros olhos faz com que problemas, possíveis soluções e qualidades sejam apontadas. Foto: Guilherme Mello

Nossa Capa

EXPEDIENTEJornal Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Edição nº 187Outubro de 2010

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Rua Imaculada Conceição, nº 1.155Prado Velho, Curitiba

Reitor: Clemente Ivo Juliato

Decano CCJS: Roberto Linhares da Costa

Decano Adjunto do CCJS: Marilena Winters

Diretora do Curso de Jornalismo: Monica Fort

COMUNICAREJornalista responsável:

Zanei barcellos DRT-118/07/03Projeto Gráfico: Marcelo Públio

EDITORES Primeira Página: Juliana Hemili

Opinião: Rubiane KamiskiMoradia: Rhânele Kiatkoski Economia: bethina PerussoloEconomia: Guilherme MelloTrânsito: Marcela Lorenzoni

Segurança: Carla bueno

Memória: Laura SlivaSaúde: Talitha Maximo

Educação: Giovanna MiquelettoMeio Ambiente: Richard RochTransporte: Julia Magalhães

Religião: Isadora LagoLazer: Flávia AndradeGeral: Diane Cursino

o boletim de ocorrências. O que deixa uma dúvida se há um bom preparo para situações como essa, ou se são comuns os assaltos.

A segurança no trânsito tam-bém é preocupante. Uma de nossas repórteres bateu o carro, pois um caminhão bloqueou a passagem fazendo com que ela ti-vesse que desviar, batendo contra um muro, ou o acidente teria tido

Paulo Henrique dos Santos, 33, Auxiliar da Biblioteca da PUCPR.

Mais capricho na revisão

proporções maiores. Felizmente está tudo bem com ela. Além disso a rua não tem sinalização e muda de sentido na hora da saída da escola.

Mesmo assim, o bairro tem pontos positivos fortes, como por exemplo a escola que proporciona atividades extra-curriculares e a comunidade que está trabalhando em prol de uma educação cada dia melhor. O Umbará é responsável pela produção de 1% de tijolos do país e 10% de cerâmica do Paraná.

O bairro que é por muitos considerado uma cidade tem pro-blemas de município. Conflitos de cidade pequena em crescimento. É a expansão versus o conserva-dorismo.

Page 3: Comunicare Umbará

habitação 03Curitiba, outubro de 2010

O bairro Umbará está mu-dando sua antiga aparência. Essa parte da cidade foi desenvolvida por imigrantes e descendentes italianos que chegaram no final do século XIX. Atualmente, a construção de loteamentos, con-domínios e a venda de chácaras, está criando um novo conceito sobre o bairro. Profissionais da área de vendas de imóveis con-tam que essas residências estão melhorando a aparência das ruas, trazendo maior segurança.

Apesar de ser um bairro reti-rado do centro da cidade, a pro-cura por imóveis está aumentan-do. Isso se deve ao fato do preço do metro quadra-do da maioria das chácaras estarem abaixo da média, (em torno de 80 a 100 reais o m²) em comparação a outros lugares da cidade. Além disso, outro fator é que o Umbará ainda não cresceu da mesma ma-neira que outros locais, tendo es-paço suficiente para condomínios clubes, sendo assim “uma opção para a tranquilidade e oportu-nidade de construir uma nova vida”, como dizem os corretores da Imobiliária Apolar. É por isso que o local está sendo cada vez mais cogitado para esse tipo de construção e loteamentos.

Segundo o gerente comercial desta mesma imobiliária, Jorge Martins Varela, os condomínios estão melhorando a imagem do bairro, contribuindo assim para o aumento da população de classe média e acarretando o cresci-mento de redes de comércio e empreendimentos.

Dentro do Umbará são encon-trados todos os tipos de imóveis: chácaras luxuosas e simples, con-domínios fechados, loteamentos e casas populares. O preço varia de acordo com a metragem, lo-calização e com a infraestrutura que é oferecida. No momento a maior procura está concetrada nas casas de condomínios fecha-

dos, pois o que é oferecido na área da segurança, do lazer e do conforto já estão concluídos, ao contrário de muitas chácaras, nas quais o preço é mais baixo, as ca-sas ainda devem ser construídas ou reformadas, e podem contar também com dificuldades devido as imperfeições do terreno.

A corretora de imóveis Dai-ane David disse que também adotou o bairro Umbará como seu local de moradia. “O bairro é um lugar tranquilo e bom para morar, principalmente para quem também trabalha no Umbará”. Jorge Varela conta também sobre

a opinião dos mora-dores próximos das regiões dos futuros condomínios: “As pessoas estão perce-bendo uma melhoria e sentindo inclusive que a segurança está maior no bairro. Já é comum ver pes-soas fazendo exerí-cios físicos na rua Nicola Pellanda até

mesmo durante a noite”. Apesar disso, os moradores mais tradi-cionais não estão satisfeitos com os novos padrões de residências (veja box ao lado).

“As pessoas estão sentindo que a segurança está

maior no bairro”

Condomínios em construção na Rua Julia Huga Maria Negrello

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NOVAS CONStrUçõES AUMENtAM SEgUrANçA DA COMUNIDADE, SEgUNDO COrrEtOrES DE IMóVEIS DA rEgIãO

Condomínios mudam aparência do UmbaráMesmo com a proliferação de condomínios de luxo, bairro ainda sofre com a falta de infraestrutura como asfalto e calçadas

Apesar do crescimen-to do número de novos condomínios ser dita benéfica para o “visual do bairro”, alguns mo-radores mais antigos e tradicionais estão insa-tisfeitos com o aumento de pessoas e com a contrução de grandes condomínios fechados. “Antigamente todas as pessoas se conheciam, frequentavam as festas juntas e se cumprimen-tavam na rua. Agora meu vizinho é um muro de concreto, onde sepa-ra o condomínio fechado do resto da vizinhança”, comenta Eunice Mercês, que mora há 29 anos no bairro com seu marido.

Outro morador, Mau-rício Piccoli, dono de uma propriedade de pequeno porte, também não está satisfeito com a expansão acelerada de construções no lo-cal. “O Umbará está parecendo uma cidade do interior e não mais um bairro tradicional como era antigamente”, explica Piccoli.

A maioria dos entre-vistados afirmou que com o crescimento do Umbará, as melhorias infraestruturais também deveriam ser percebi-das pelos moradores mais antigos, é o que comenta também Maria Di Palma, 67 anos, que nasceu e cresceu no bairro e não pensa em se mudar, mesmo com as transformações.

As residências anti-gas da região se encon-tram ao sul do Umbará. Ao norte estão sendo construídas as novas propriedades, que se localizam, por exemplo, nas ruas Julia Huga Ma-ria Negrello e Bortolo Pelanda.

Moradores opinam

Marilia AlbertiPaula Bueno

Rhânele KiatkoskiThays Schumacher

Muitas pessoas, que antes não pensariam em morar no Umbará, estão mudando de opinião. De-nise Costa, dona de casa procura na imobiliária Apolar um lugar longe dos prédios do centro de Curitiba para morar com sua família. “Estamos convencidos a comprar uma casa em algum desses condomínios, o difícil agora é escolher, pois todos estão ficando muito bons”, afirmou.

O crescimento do Umbará ressalta a necessidade que o bairro possui de reformas, como asfaltar as ruas criadas, por conta dos condomínios e loteamentos, aumentar a rede elétrica, escoa-

mento de esgoto e construção de melhores calçadas e acostamen-tos nas ruas para acompanhar o desenvolvimento da localidade.

Essas melhorias já começaram a ser construídas no início da rua Nicola Pellanda, onde se encon-tram a maioria das novas opções imobiliárias, porém ainda não foram expandidas para o resto do bairro, onde se encontram chácaras e os terrenos mais reti-rados.

Posto Ambiental

Rua

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Rua Julia Huga Maria Negrello

Chácaras e condomínios disponíveis para locação e venda no Umbará

Fonte: Imobiliária Apolar

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Tatuquara

Campo de

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Ganchinho

Sítio Cercado

Umbará

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- Casas e Condomínios fechados

- Chácaras

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Page 4: Comunicare Umbará

economia04 Curitiba, outubro de 2010

Ainda este ano, o Umbará vai rece-ber o seu primeiro shopping. O projeto é decorrente da maior visibilidade que o bairro vem tendo. O centro comercial deverá estar pronto em dezembro, antes do Natal, e vai contar com 30 lojas de 24 m² cada. Porém, os espaços ainda não foram locados. Dentre os interessados, aparecem desde lojas de conveniência até um banco.

Mas o destaque fica por conta da lotérica. Para os moradores, isso é algo que falta no bairro e que aumen-taria a procura pelo shopping. “Só vai ter movimento se tiver lotérica e coisas como farmácia e praça de alimentação”, afirmou o gerente de posto Kayton Kaliberda. A estudante Lara Baldan concorda e defende que o

sucesso depende estritamente das lojas que serão abertas, assim como Larissa Berton, que há um ano não vai a um shopping da grande Curitiba. “O bairro vai continuar a mesma coisa, não vai crescer. Quando precisamos de algo, buscamos nas lojas que já são do nosso costume”, afirmou a atendente.

A poucos metros da construção da Habit, há um terreno muito maior que será usado para outro shopping, que está em planejamento e será inaugura-do em 2011. Para o comerciante local, Alamir Grande Martins, o projeto só não saiu do papel ainda porque há incerteza da construtora em relação ao sucesso do projeto e que, por isso, pretendem usar o Shopping Umbará como parâmetro. (GM, IM)

A criação de animais e a agricultura em casa praticamente não têm mais representatividade econômica no bairro Umbará. Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), até 2004, ela ainda representava 0,26% em relação as ativida-des do bairro, porém, a partir de 2005, o percentual passou a ser zero por cento.

Antigamente a renda de muitos moradores da região provinha da agrope-cuária. O agricultor e comerciante, Loris Pellanda, 50 anos, é um dos poucos que sustenta, sozinho, sua própria produção.Suas verduras e hortaliças são vendidas para diversas empresas. “Antigamente era comum ver animais como bois e ovelhas andando pelas ruas, mas hoje não se vê mais isso. São raras as pessoas que ainda

Desde o asfaltamento da Rua Ni-cola Pellanda, houve um maior fluxo de pessoas na região, aumentando o potencial econômico do bairro. Em 2004, eram 139 lojas instaladas. Três anos mais tarde, este número subiu para 207. Foi um crescimento de quase 75%, segundo dados do IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Hoje são mais de 1.500 empre-sas em atividade, o que evidencia os altos investimentos na região. Nomes como Itaú, há mais de 20 anos no bairro, e O Boticário, há seis meses, retratam a situação.

Porém, com as idas e vindas de lojas e fábricas, a urbanização tem tomado o espaço do tradicionalismo da região. É isso que diz Alysson Martins, gerente da empresa Avipec, tradicional no ramo de produção de cereais. “Quase não se vê mais o cultivo de vegetais e a criação de animais, comum na maioria das residências”, afirmou.

Ter bom atendimento e conquistar a confiança dos clientes é a forma de atrair o público tradicional

Idionara Marina

Outro fator que colabora para a perda de identidade do Umbará é o afastamento de grandes estabeleci-mentos do centro para as regiões pe-riféricas do bairro, ato estabelecido pela Prefeitura Municipal. Com isso, empresas como a Avipec ficaram em cheque, pois agora veem a possibi-lidade de perder o negócio caso não consigam contornar a situação.

Em contrapartida, existe grande expectativa para quem acabou de chegar ao Umbará e vê seu negócio dando certo. Este é o caso de Elizete

de Souza Benedito, gerente da primeira loja O Boticário no bairro. “O movi-mento está dentro das expectativas, mas a vantagem de investir em um bairro tradiciona-lista é a fidelidade dos clientes”. Eli-zete conta também,

que a loja foi inaugurada há apenas cinco meses, e que apesar do pouco tempo, ela já descobriu como criar um vinculo com a clientela. “Em lugares como o Umbará, é preciso ter bom atendimento para ganhar Com mais dois empregados, Loris Pellanda cuida de 2,8ha de terra

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Rubens MoreiraThiago Rodrigo

confiança”, explicou.Mas existem empresas que estão

há muito tempo no bairro e sempre em crescimento, como é o caso do Itaú, há mais de 25 anos na região. Por ser o único banco do Umbará, a evolução é considerável e evidente. “Lembro de quando era só uma ca-sinha, não tinha nem computador”, recorda a senhora de 61 anos, Maria da Costa. “Hoje a gente vê pessoas entrando e saindo o dia inteiro, mas antes era bem menos, até o acesso era muito difícil”, completa a dona-de-casa.

Não foi só o banco que viu o bairro se transformar, o mercado Continental, por exemplo, foi inau-gurado em 1981 e só vê o Umbará melhorar desde então. “Agora tem muito condomínio fechado por aqui e as pessoas não tem mais paciência pra ir a um mercado grande, aprovei-tam a proximidade e a maior rapidez no atendimento”, conta o sócio Va-lentim Antonio Nichele Junior, que junto com a irmã, Joseli do Rocio Nichele, tocam o empreendimento que os pais começaram.

ASFALTAMENTO DA RUA NICOLA PELLANDA AUMENTOU A VISIBILIDADE DE UMBARá, MAS TRADIçãO FICOU EM CHEQUE

Multinacionais competemcom empresas familiaresExpansão de estabelecimentos comerciais chegou a 75% em três anos

Guilherme MelloIdionara Marina

Bairro vai receber primeiro shopping em dezembro

ANTIGO COSTUME NãO É MAIS PRATICADO

trabalham nessa área”, relembra.O vizinho de Loris, Alceu Pellanda,

é um dos últimos donos de terreno na região que ainda possui cabeças de gado e ovelhas. No entanto, sua renda não depende exclusivamente de sua produção, pois ele trabalha como caminhoneiro, transportando frios para frigoríficos da região.

Para Célia Hosoune, do departa-mento de relações públicas da Prefeitura de Curitiba, o Umbará só deve crescer. “Com a facilidade de ligação da linha entre Curitiba e a Fazenda Rio Grande, a tendência é desenvolver cada vez mais”, afirmou.

Agropecuária perde força

A fidelidade dos clientes

é uma vantagemno bairro

Page 5: Comunicare Umbará

ApesAr do climA de curitibA e região ser ruim pArA A produção, lá se encontrAm mAis de 200 olAriAs

Olarias do Umbará produzem 1% dos tijolos do paísO ramo oleiro é uma das principais atividades econômicas do bairro e é responsável por 10% da fabricação cerâmica do Paraná

economia curitiba, outubro de 2010

A região do umbará, tradicio-nal pela concentração de olarias, representa 1% da fabricação nacio-nal e 10% da produção paranaense de tijolos e telhas. o que faz desse ramo uma das principais ativida-des econômicas do bairro. Apesar do clima úmido de curitiba atrasar a produção e diminuir a qualidade do produto, somente no umbará encontram-se 42 cerâmicas. em toda a região, incluindo caximba, campo de santana e os municípios de Fazenda rio grande, balsa nova e são José dos pinhais, esse número passa de 200.

As olarias do umbará são, por tradição, familiares e fundadas na mesma época. mário Wosniak, 53 anos, atual proprietário da cerâ-mica Wosniak, dirige a empresa fundada há mais de 60 anos por seu avô. “A gente vem levando a olaria desde que meu avô fundou, modernizando e aumentando a produção à medida que a gente pode. e hoje já estou passando a administração para o Vitor Hugo, que é meu filho”, afirmou.

o pólo de olarias se estabele-

Há 60 anos, quando foi fundada a maioria das olarias do Umbará, o processo de produção era feito a cavalo. O animal girava em torno do amassador para produzir o tijolo. Com esse sistema eram fabricados no máxi-mo mil tijolos por dia. Posteriormente, as cerâmicas aderiram ao motor estacionário, movido a diesel, e só há poucos anos começaram a utilizar o sistema de maromba a vácuo, o qual permite uma produção de até 10 mil tijolos por hora em várias olarias do bairro. Segundo Mário Wosniak, a evolução foi muito benéfica para as cerâmicas na região do Umbará. Antes do desenvolvimento, elas chegavam a 500 empresas, porém as que não buscaram equipamentos mais modernos não conseguiram atender a demanda e esse número diminuiu para 200. Além disso, antes de se tornar a rua Nicola Pellanda e ser asfaltada, a via era a BR 116, revestida de cascalho e barro e por ela passavam apenas as carroças que faziam entregas de tijolos e telhas nos arredores. Por outro lado, o progresso diminuiu o número de empregos no ramo, pois antes eram 20 funcionários em média por olaria e hoje os empregados não passam de oito.

Olaria Wosniak está situada no mesmo espaço há mais de 60 anos

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Variedade de tijolos Proveniente da argila retirada das margens de rios e barrancos, a cerâmica vermelha dá origem a tijolos, blo-cos, lajes, tubos cerâmicos e telhas. Sua característica muito flexível enquanto matéria-prima garante a rigidez e resistência a partir do momento em que é submetida a altas temperaturas (que geralmente chegam a 800°C nas serrarias). Nas 42 olarias presentes no Umbará, esse material é convertido em cerca de 60 produtos diferentes. Na Cerâmi-ca Beira Rio esse número chega a crescer para 130 se con-sideradas as diferentes tonalidades aplicadas no produto. Entre outros fatores, o valor comercial depende des-de o tempo de produção necessário até a quantidade de matéria-prima utilizada. “Os tijolos de apenas dois furos custam cerca de 300 reais o milheiro. Já os de nove furos, que levam mais tempo e usam mais material, estão sain-do a 1040 reais”, explicou Caroline Wosniak, responsável comercial pela Cerâmica Beira Rio, uma das principais ola-rias do Umbará. Dentre os tipos mais comuns de cerâmicas, estão os tijolos de seis furos. Muito utilizado na construção civil em geral, esse padrão possui três modelos que variam de acordo com tamanho, peso e valor. Segundo Caroline, o setor oleiro depende da venda desse tipo de tijolo, pois é o mais procurado pelo consumidor.

Ana Carolina WeberJéssica Yared

Bethina Perussolo Camila Matta André Wosniak e seu irmão administram a cerâmica que herdaram do pai

ceu no umbará no início da década de 40. essa estruturação aconteceu devido às condições do solo local. o rio iguaçu, que nasce em são José dos pinhais, corta a região, o que na época facilitava a extração da argila utilizada na fabricação de tijolos e telhas.

em decorrência da extração constante, a matéria-prima ficou escassa na região e hoje é retirada de Araucária, aumentando o custo da produção. “Hoje em dia o frete custa mais caro do que a argila. A gente paga 80 reais no material e 120 no frete. isso aumentou o nosso custo e a gente teve que aumentar o preço do tijolo”, re-velou André Wosniak, 30 anos, primo de segundo grau do senhor mário e proprietário da cerâmica beira rio.

Apesar de a atividade oleira ser muito representativa na economia local, hoje não é fundamental para a empregabilidade do bairro. o comércio e a agricultura são as principais fontes de renda de quem mora ou trabalha no umbará. cada olaria emprega aproximada-

mente cinco funcionários, o que é suficiente para atender a demanda após a incorporação das máquinas no processo de produção.

pelo fato do pólo oleiro do pa-raná estar localizado no umbará, todas as mobilizações em prol de melhorias para a classe também aconteceram na região. em 1991, foi fundado o sindicato das indús-trias de olarias e cerâmicas para construção no estado do paraná, o sindicer paraná.

Hoje o sindicer, ainda situado no umbará, além de auxiliar na questão ambiental, faz a assessoria jurídica e contábil de 90 olarias as-sociadas de todo o estado. “o sin-dicato nos ajuda com as licenças ambientais, a comprar máquinas mais modernas e também auxilia com um plano de saúde empre-sarial”, disse Fernando Rodrigo bonato, 32 anos, proprietário da Olaria Dois Irmãos e filho de José raimundo bonato, atual presiden-te do sindicato.

A evolução das máquinas no processo de produção

Page 6: Comunicare Umbará

trânsito06 Curitiba, outubro de 2010

prefeitura deixou obras inCompletas

Trânsito causou 43 acidentes só neste anoMotoristas e pedestres reclamam de falta de sinalização e insistem para que a prefeitura invista em lombadas eletrônicas e faróis

acidentes de trânsito se tor-naram rotina no umbará. roberto mourão, dono da auto mecânica beto, disse que já houve semanas com mais de dez batidas de carro. os dados do batalhão policial de trânsito confir-mam os inciden-tes: somente de janeiro a agosto de 2010, foram registrados 43 acidentes, 31 de-les com vítimas.

para os mo-radores, a falta de sinalização é o maior proble-ma da região, e os acidentes di-minuiriam com a implantação de lombadas eletrônicas, placas e fa-róis. segundo mourão, a situação piorou com a abertura parcial da estrada para fazenda rio Grande, que deve ser totalmente aberta em breve. os motoristas não respei-tam as áreas residenciais e dirigem em alta velocidade.

o aposentado lourenço pe-droso foi vítima de uma des-sas colisões em abril desse ano, quando uma motocicleta atingiu a lateral de seu carro ao passar por um cruzamento. o motoqueiro e sua namorada foram jogados por cima do carro e sofreram feri-mentos graves. eles fazem parte das estatísticas do bptran – este ano, foram 95 vítimas no bairro: dentre elas, 41 com ferimentos e três óbitos.

para o urbanista Carlos Hardt, coordenador do curso de arqui-tetura e urbanismo da puCpr, o aumento de fluxo no Umbará nos últimos anos é responsável pelos acidentes. Hardt explica que a

região periférica da cidade vem sendo mais pro-curada por dispor de espaços maio-res, e que isso mostra a falta de planejamento a longo prazo: “muitas vezes os administradores não imaginam esta necessidade futura e não pre-

vêem vias adequadas”. outra reclamação dos mora-

dores locais é a respeito de ruas que mudam de sentido conforme o horário. É o caso da rua luiz nichele, em frente ao Colégio estadual padre Cláudio morelli, que funciona em duas mãos, ex-ceto na hora em que as crianças são liberadas da escola, quando passa a ter um sentido único. a professora tânia bozza disse que os acidentes são freqüentes. “as placas são poucas e ficam muito escondidas, alguém sempre entra na contramão”. para tânia, a solu-ção seria deixar a rua com sentido único permanentemente.

falta de manutenção rodovi-ária, estradas com buracos, ruas sem calçadas e ciclovias, além da falta de identificação das ruas são alguns dos problemas que a popu-lação do umbará tem de enfrentar diariamente no trânsito do bairro. ivete pimentel, vice-presidente da associação dos moradores da Vila Gabardo, região carente do bairro, diz que esses problemas interferem direta-mente na vida dos moradores.

ivete, que foi presidente da as-sociação de 2000 a 2009, disse que chegou a ir dia-riamente à prefeitura para exigir mudanças, sem sucesso. sem ver progressos, a população parou de se envolver. “Às vezes mandavam alguém, começavam a medir rua, mas logo se esqueciam das obras. o pessoal foi ficando cada vez mais desanimado com isso”, con-tou. Ela ainda afirma que, sem o auxilio da prefeitura, a Associação não pode resolver nada, pela falta de recursos.

para o secretário de obras pú-blicas de Curitiba, mário tookuni, o principal problema no bairro umbará é o tipo de asfalto predo-minante em alguns pontos. “dos 53 km de estradas de saibro (estra-das de pó) que ainda existem em toda a região do bairro novo, 90%

está localizado no umba r á”, destacou.

e m b o r a existam projetos para melhorias, o supe r v i sor do distrito de manutenção ur-bana do bairro novo, francisco lacerda, coloca que, por ser uma região antiga,

com muitas chácaras e pouca densidade populacional, o bairro tende a ficar em segundo plano nas ações da regional, que prio-riza bairros mais urbanizados e populosos. lacerda destacou que, por enquanto, existem programas como o “tapa-buraco”, que visa melhorar as ruas, além de drena-gens e limpeza de bueiros.

Rua sem nome nas Moradias Gabardo não tem asfalto nem calçadas

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Camila ToppelMotorista entra na contramão na Rua Luiz Nichele, na saída da escola

Francielle Ferrari

batalHão poliCial de trânsito reGistrou 95 VÍtimas e 3 mortes no umbarÁ, de Janeiro a aGosto de 2010

Moradores se queixam deburacos e ruas sem asfalto

Francielle FerrariMarcela Lorenzoni

“Já chegamosa ter mais de dez

acidentes emuma semana”

Umbará ficará em segundo planonas reformas da

regional

• Ruas de terra, que se tornam intransitáveis em períodos de chuva

• Falta de respeito no trânsito nas áreas resi-

denciais

• Ruas sem asfalto ou com asfalto

esburacado

• Falta de lombadas eletrônicas, sinalização

e fiscalização

• Ruas sem calçada para pedestres

• Ruas que mudam de sentido em determina-dos horários, confun-

dindo os motoristas

• Ruas sem nome oficial e casas sem número

Reclamações

Marcela Lorenzoni

Page 7: Comunicare Umbará

RESIDÊNCIAS SOFREM MENOS ASSALTOS QUE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS

Lojistas são assaltados à mão armada de diaA busca por dinheiro de maneira rápida e fácil faz com que os assaltantes prefiram estabelecimentos comerciais às residências no bairro

segurança 07Curitiba, outubro de 2010

Comerciantes do Umbará são mais atingidos por assaltos que as residências da região. Os roubos acontecem geralmente à mão armada e durante plena luz do dia, no horário de funcio-namento das lojas. De acordo com os donos dos estabeleci-mentos, isso ocorre porque os assaltantes querem dinheiro e produtos de forma rápida e fácil e, por isso, preferem lojas a residências.

Helton Gabardo e Fernando de Oliveira são donos da loja Taramps Som há um ano e oito meses. De acordo com os sócios, o estabelecimento já foi assaltado duas vezes. A última foi na sexta-fei-ra, dia 17.

O s d o n o s contam que os assaltantes apa-receram no dia a nt e r ior pa r a fazer um orça-mento para seu carro, se passan-do por clientes. No dia seguin-te, ao chegar na loja, os ladrões os renderam, junto com mais dois funcionários e fizeram com que todos tirassem suas rou-pas, trancando-os no banheiro enquanto a mercadoria era rou-bada. Só saíram depois de vinte minutos porque conseguiram arrombar a porta. “Perdemos cerca de 20 mil reais em equi-pamentos da loja”, lamentou Oliveira. Para o outro, o maior erro foi ter investido dinheiro em equipamentos de segurança, como câmeras e alarme, e não no seguro dos produtos da loja. “Quando vimos que era um assalto, chegamos a acionar o ‘botão do pânico’, da empresa de segurança, mas eles não apa-receram”, afirmou Gabardo.

Por outro lado, as empresas de segurança se defendem, dizendo que realmente fazem o atendimento da região. A empresa G5, por exemplo, tem um ponto base no bairro, que é responsável por verificar os

disparos de alarme. De acordo com a empresa, os seguranças demoram de cinco a dez mi-nutos para chegar no local da ocorrência.

Os donos da loja desco-briram quem era o assaltante e perseguiram-no por conta própr ia durante uma hora. Chegaram a ligar para o 190 da Polícia, mas depois de dez minutos escutando a gravação, desistiram de fazer a denúncia pelo telefone.

O bairro Umbará não foge à regra em relação aos outros da cidade. Não existe um núcleo policial especializado no local. Segundo o delegado titular

do 13° distrito da Polícia Civil, Roberto Heusi de Almeida Jú-nior, o primeiro chamado é aten-dido pela Polícia Militar. Depois do atendimento da PM, a ocor-rência é enca-minhada para a Polícia Civil, que investiga o

caso. Quando a autoria é desco-nhecida, quem fica responsável são as delegacias especializa-das, como Homicídios, Furtos e Roubos e Estelionato, por exemplo.

Assim como os donos da Loja Taramps Som, os comer-ciantes locais acreditam que a violência no bairro Umbará aumentou depois que a rua Nicola Pelanda, a principal da região, ganhou acesso direto e asfaltado para Fazenda Rio Grande. Isso facilitou a entrada do transporte público e de veí-culos em geral.

Alguns dos moradores acre-ditam ainda que as invasões de terra, que vêm acontecendo com frequência no bairro, cola-boraram para esse aumento na criminalidade local, atraindo todos os tipos de pessoas.

Gabardo e Oliveira foram assaltados e perderam 20 mil reais em mercadorias da loja de som

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MORADORES RECLAMAM DO POLICIAMENTO NA REGIãO

De 18 estabelecimentos comerciais, em 500 metros, só 2 não foram assaltados

A Rua Nicola Pelanda, princi-pal do bairro Umbará, tem sofrido assaltos constantes no comércio. Conforme constatou o Comunica-re, em um espaço de 500 metros, com 18 estabelecimentos, apenas dois ainda não foram assaltados. A maior reclamação entre os moradores é a falta de policiais na região.

De acordo com Jeani Valério, comerciante do bairro, esse tipo de situação é comum. “É fácil en-contrar aqui quem já foi assaltado mais de uma vez, eu mesma já fui roubada cinco vezes”, ressaltou Jeani. Ela ainda comentou que não vê viaturas policiais rondando a rua. “Quando a polícia passa, é rapidinho e nem para pra olhar”, contou.

A comerciante Patricia Bo-natto concorda com a opinião de Jeani, para ela, a polícia demora para chegar ao local da ocorrência,

quando é chamada. Para garantir a sua segurança, Patrícia mantém as portas trancadas, mesmo com a loja aberta, por medo de sofrer outro assalto. Ela preferiu instalar um sistema de segurança não-mo-nitorado por não confiar nas em-presas privadas deste setor, já que ela acredita que alguns assaltos foram organizados pelas mesmas. “Quando o alarme toca, eu mesma venho olhar”, comentou.

Não somente o comércio tor-nou-se vítima dessa violência. A igreja do bairro também já sofreu com os assaltos. “Nos cinco anos em que trabalho aqui, a igreja já foi assaltada umas dez vezes. O monitoramento de segurança não tem adiantado de nada”, contou William Dionísio Soares, administrador da Casa Paroquial. Segundo ele, os arrombamentos acontecem principalmente por causa dos equipamentos de som

e dos computadores da sala de informática.

Apesar da falta de segurança, a floricultura é um dos únicos esta-belecimentos do bairro que ainda não foi assaltado. “Eu ainda não fui assaltado, mas também não sei porquê”, afirmou Giani Miquelet-to, proprietária da floricultura.

Para os lojistas, a falta de policiamento é o maior problema. O bairro não conta com nenhu-ma delegacia e a única presença policial encontra-se dentro do parque Lago Azul. Ali existe um módulo da Guarda Municipal, mas que é responsável somente pela segurança de dentro do parque. “A nossa única função é cuidar do parque. Eu não sei quem deve estar responsável pelo bairro”, explicou Jerrison, guarda municipal.

Apesar dos assaltos, polícia

continua sem rondar a região

Amanda HeckeLetícia Costa

Ana Luiza FranciscoLetícia Leal

Page 8: Comunicare Umbará

Umbará é a mistura de italianos, caboclos e polone-

sociedade08 Curitiba, outubro de 2010

Mestre em história e tecnologia pela UTFPR, Marcos Affonso Zanon é autor do livro Oleiros do Umbará – História e Tecnologia, obra fruto do resultado de sua tese defendida em 2001, que trata das várias gerações de oleiros de 1935 a 2000. Zanon dedica-se a estudar o bairro desde 1984, quando ainda estava no Ensino Médio. Atual-mente trabalha no Umbará como professor do Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, onde leciona desde 87.

O professor explica que a palavra “Umbará” tem origem no tupi-guarani e representa uma fruta silvestre. Quando chegaram ao local, os europeus perceberam que, quando chovia, a região virava um la-maçal, “um barro só”, “um bará só”. Logo, as pessoas começaram acreditar que a origem do nome Umbará fosse relacionada a isso.

O historiador Marcos Zanon desmistifica o fato de que o bairro tem apenas tradições italianas. Acredita que o diferencial da comunidade são as relações da vizinhança, de compadrio e de identificação pelos pais e avós. Diz que hoje o perfil econômico do bairro é interno, e que existe uma preocupação em industrializar o processo de produção abandonando o modo de vida mais artesanal.

família de japoneses se estabeleCeu no umbará em 1969

Descendente de Japonês foi segregado ao procurar terreno em bairro de italianos

Marcos Affonso Zanon

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Historiador fala sobre questões eConômiCas e soCiais do loCal, onde vive desde a infânCia

Bairro continua em constante processo de transformação, ao substituir a economia externa por uma economia interna com maior investimento em tecnolgia

Comunicare: Quais foram as principais mudanças que ocor-reram no Umbará desde os seus primeiros estudos, de 1984 até hoje?Zanon: em 84 todas as atividades eram voltadas para fora, quem conseguia se empregar no banco pegava o ônibus pra ir trabalhar. Hoje em dia você tem uma eco-nomia interna, um exemplo é esse pessoal de restaurantes, de pizza-rias, de farmácia.C o m u n i c a re : No que diz res-peito a cultura, a tradição, o que mudou?Zanon: a per-gunta é se havia tradição. minha mãe é filha de polonês e a úni-ca palavra que ela sabe falar em polonês é “dupa”, que é bunda (risos). na verdade eu sempre entendi o bairro muito dinâmico, e pelo contrário, desapegado das tradições. quando fui escrever em 84, a minha preocupação era que ninguém se preocupava em preservar. escrevi no sentido de fazer algum resgate de memória. não pense que o pessoal aqui está interessado em preservar a arqui-tetura de madeira, se puder derru-bar, vão derrubar mesmo. ainda mais agora que a prefeitura não dá incentivo algum. acredito que

esse processo de transformação, de não haver uma preservação da memória é um processo que con-tinua.Comunicare: O que você pode-ria identificar como uma marca interessante do bairro? Zanon: justamente a questão de que o umbará não é um bairro apenas de italianos como as pes-soas dizem, é um bairro onde você tem a presença dos caboclos, dos

poloneses e dos italianos. você não tem uma marca étnica muito forte, tan-to é que há 20, 30 anos, quando eu ia fazer as en-trevistas para a minha tese, não encontrei nin-guém falando italiano. a eco-

nomia do umbará esteve ligada muitos anos à erva-mate, uma cultura dos caboclos. o pessoal que veio pra cá é de uma segunda imigração, ninguém veio da itália ou da polônia pra cá. vieram por causa das terras baratas e tiveram que formar uma economia local distante da cidade de Curitiba.Comunicare: As olarias ainda continuam sendo a atividade econômica mais importante do bairro?Zanon: sem dúvida as olarias continuam sendo uma atividade

bem importante. a questão é que o modo de vida continua mudan-do: o mais artesanal, mais ligado à agricultura, está sendo substi-tuído pela pequena indústria, por uma indústria mais moderna nos moldes capitalistas. o pessoal tem investido em tecnologia, em aumentar a produção.Comunicare: O que torna o Umbará um bairro diferente dos outros?Zanon: todo bairro tem uma identidade própria. o umbará não é muito diferente de nenhum lugar. o que o torna diferente é que as pessoas se conhecem, têm relações de vizinhança, relações de compadrio. ainda hoje você é identificado como filho de quem, quem era teu avô. isso é uma es-pécie de cartão de apresentação quando você chega em qualquer casa.

Amanda BurdaCamila Olenik Diane Cursino

Talita Inaba

Genkchi iamaciro, 73 anos, mora no bairro umbará desde 1969. sua família japonesa che-gou no país em 1918 e se esta-beleceu primeiro no estado de são paulo. em 1945 vieram para Curitiba, onde moraram nos bair-ros Guabirotuba, pinheirinho, uberaba e Xaxim. ao chegar no Umbará, Iamaciro teve dificul-dades para encontrar um terreno, por ser descendente de japoneses e não de italianos.

“quando fui procurar chá-caras pelo bairro, ninguém queria vender a propriedade”, relata. ap-enas um homem resolveu mostrar um terreno, o qual diziam ser mal assombrado. o carpinteiro que construiu a casa afirmou que ele [o japonês] não duraria ali nem uma semana. apesar de todos os

boatos, iamaciro diz nunca ter presenciado nada anormal e mora lá até hoje.

quando moravam no pin-heirinho ele conheceu a ex-freira miranda iamaciro. após casarem ela engravidou e teve lourdes Maria Iamaciro, primeira filha do casal. os pais dele, por não acei-tarem seu relacionamento com miranda, o expulsaram de casa. a condição imposta pela família, para que ele permanecesse, foi a de que ele se separasse da esposa e colocasse sua filha para adoção. mas não foi o que ele fez. depois de sair de casa e ficar uma semana morando na rua, resolveu procu-rar um terreno no umbará para viver com sua nova família.

ao se estabelecer no bairro, iamaciro teve que mudar seu

Genkchi conta sua história desde quando chegou ao Brasil

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“sempre entendi o bairro como

desapegado das tradições”

Informações do livro Umbará: o bairro na história da cidade

“A indústria das olarias, foi sempre marcada pelo caráter familiar. Nelas mesmo as esposas par-ticipavam, e ainda parti-cipam, da produção”.

“Tropeiros chegavam ao Umbará por uma estrada que cortava os fundos das casas localizadas nas proximidades da atual Nicola Pelanda”.

Page 9: Comunicare Umbará

Umbará é a mistura de italianos, caboclos e polone-

sociedade

família de japoneses se estabeleceu no umbará em 1969

Descendente de Japonês foi segregado ao procurar terreno em bairro de italianos

Angélica MujahedCamila Machado

Laura SlivaThayse Nascimento

09curitiba, outubro de 2010

Famílias de italianos e poloneses se estabeleceram no bairro em 1880, apoiados na lavoura e na fé católica

Paula BuenoRhânele Kiatkoski

Thays Schumacher

Quando se vai à casa do agricultor cilo pellanda, 87 anos, nota-se uma transição do urbano à paisagem rural. a pequena casa, no final de uma estradinha de barro, fica aos fundos de uma plantação de alfaces. O jardim mistura um perfume adocicado das flores com o cheiro de estrume das ovelhas.

o próprio bairro umbará parece uma realidade distante de curitiba, aproximando-se mais a uma cidade interiorana. cilo pel-landa vive há 70 anos no bairro e é casado há 62 anos com Angelina Tortado, 82. Ambos são filhos de pais italianos e mães brasileiras, como grande parte dos moradores mais antigos.

resgatar a memória do bairro é relembrar parte da imigração europeia em curitiba. História de algumas famílias de italianos e poloneses que construíram um microcosmo baseado no trabalho na lavoura e na fé católica. Pellanda é um retrato típico, diz que para viver tem que trabalhar, e muito. “pedra que muito rola não cria limo”, enfatiza.

em 1880, os primeiros imi-grantes italianos e poloneses vi-eram incentivados pela política imigratória do governo imperial, que buscava trazer mão-de-obra e povoar o território nacional. os italianos estavam em busca de es-paço para a lavoura, pois queriam continuar a atividade da itália.

Em 1878, havia doze colônias em curitiba e também vários núcleos coloniais formados de maneira espontânea. mas alguns italianos, ao chegarem e encontrarem o sistema imigratório oficial bastante desorganizado, resolveram seguir adiante e achar

perfil - cilo pellanda e angelina tortado resgatam a História de umbará

terra fértil e boa, chegando até o umbará.

As famílias polonesas, itali-anas e luso-brasileiras foram unindo-se através de casamentos e laços de vizinhança. Cilo Pel-landa conhecia Angelina Tortato desde criança, por seu pai ter um terreno perto de onde ela mora-va, no campo santana. primeira namorada? não, a terceira. “ele também era de bastante namora-das”, diverte-se angelina.

“O que ele gosta é de trabalhar. Hoje nem precisa, mas ele ainda quer plantar, é mania de italiano”, disse angelina, sorridente. Pellanda, magro e baixo senhor, conta que aos oito anos já ia para a roça carpir. “eu subia nos pés das árvores pra podar erva-mate que ia pra argentina”, conta.

O bairro fica no extremo sul da capital, mas é citado pelos mo-radores de lá como se fosse outra cidade. O senhorzinho vem contar quando a revolução de 30 passou pelo Umbará. “Eu tinha sete anos e estava na casa da minha vó. Ela escondeu o meu tio em cima do sótão, porque a cavalaria passava pelas casas e requisitavam comida e gente à força para a revolução”,

Pellanda e Angelina, casados há 62 anos, em frente a sua casa

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relata. ele se lembra de ver os cavalos de getúlio passando im-ponentes pelas estradas.

Além de produtos agrícolas, o Umbará fornecia lenha ao mer-cado curitibano. o bairro abas-tecia boa parte dos fogões e das fábricas do centro da cidade. As carroças ou batecos levavam os produtos para o centro e eram conduzidos pelo pai da família.

antigamente, lá só se andava se bicicleta ou a carroça. “antes tudo era melhor, as pessoas se conheciam e se cumprimentavam.

naquele tempo nem banco não tinha, a gente guardava dinheiro embaixo do colchão. Também podia andar com dinheiro na mão que nada acontecia. Hoje você é assaltado”, desabafa pellanda. a violência dos grandes centros urbanos atualmente já afeta o Umbará: “uns caras que assaltam, entram, fazem essas barbaridades, mereciam pena de morte”, indigna-se.

ele gostava de ir aos bailes, em paiois e grandes casas. ouvia música gaúcha e marchinha. depois da missa aos domingos, os italianos jogavam bocha e cantava no bar. “era bonito de ver”, conta Angelina. Aliás, ela já tentou comemorar os aniversários de casamento, mas pellanda se nega. “sabe o que ele me disse? ‘burro fui uma vez só!’”, diverte-se. “Ele é italiano, mesmo, da itália. Que bate o sapatão, valentão”.

Historiador fala sobre Questões econômicas e sociais do local, onde vive desde a infância

Bairro continua em constante processo de transformação, ao substituir a economia externa por uma economia interna com maior investimento em tecnolgia

nome para Luís, pois ninguém entendia como ele se chamava. Na vizinhança ele é conhecido como “Luís japonês”.

anos mais tarde ele teve mais um filho. Quando este ficou mais velho, foi morar no Japão e levou sua irmã junto com ele. Os dois só voltaram a pedido do pai quando sua esposa faleceu, em 2003. Hoje mora com sua filha no Umbará, e confessa que “não sairia do bairro para morar em outro lugar”.

Desde que chegou ao bairro, a lavoura é o sustento da família. Quando houve uma melhora fi-nanceira, montaram uma ‘venda’ que acabou falindo pela falta de pagamento de alguns clientes. para se recuperar, decidiram in-vestir em uma feira na Praça Rui barbosa e assim vender o que plantavam. no entanto, a banca recebeu mais um golpe e faliu no-vamente.

mas iamaciro não desanima. Duas vezes por semana vai até o posto de saúde do bairro, onde encontra seus amigos para fazer caminhadas, participar de ginca-nas e festas. Quando é necessário vai ao centro da cidade. “não me importo com a demora de quase uma hora. Gosto muito de ‘via-jar’”, diverte-se.

Carroceiros em frente a casa de Victor Gabardo, na década de 1920

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“A Sociedade do Umbará era o único espaço de lazer fora a igreja de São Pedro. Os bailes eram realizados entre três e seis horas da tarde”.

“Atualmente, quem tra-balha com atividades de extração de areia, argila e setor madeireiro têm situação melhor do que os hortigranjeiros”.

“Na construção da nova matriz da Igreja São Pedro, inau-gurada em 1939, cada morador contribuiu com sua possi-bilidade. Moços puxavam areia do Rio Iguaçu, pedreiros ajudaram a erguê-la, carpinteiros fizeram seus móveis e mulheres arrecadavam dinheiro para levá-la adiante”.

“ ‘Na cidade’ era preciso comprar açúcar e café em grãos. Milho e feijão eram os produtos agrí-colas mais cultivados no bairro”.

Page 10: Comunicare Umbará

antigas sepulturas devem se adequar as novas regularizações ambientais e sanitárias

Cemitério no Umbará estará lotado em um anoEm aproximadamente um ano todos os oito lotes e 45 gavetas disponíveis, no cemitério Paroquial de Umbará, deverão estar ocupados

saúde10 Curitiba, outubro de 2010

os três únicos cemitérios da região de extremo sul de Curi-tiba estão localizados no bairro umbará. um deles é o Cemitério paroquial de umbará, que é ainda um dos poucos da capital que possui loteamento disponível para compra, são cerca de oito lotes e 45 gavetas para venda. porém a previsão é de que em aproximada-mente um ano, este cemitério, que foi criado em 1897 e que pertence a paróquia são pedro – na princi-pal via do bairro, tenha todos seus espaços ocupados e passe a ficar superlotado.

segundo o administrador do local, William dionísio soares, uma possível solução para o problema seria a criação de um crematório municipal na região para compensar a falta de vagas. “em meados do ano que vem já não teremos mais espaço devido à migração de novos moradores e a abertura de terrenos para cons-trução civil”, diz soares.

o cemitério abriga uma área total de 13.400 m² contendo duas capelas mortuárias, 1.203 jazigos e 1.803 gavetas individuais. as gavetas individuais custam r$

1.600 cada, e os lotes com jazigo, construídos com quatro gavetas e uma capela ficam em torno de r$ 12.000.

outro problema recentemente enfrentado pelo cemitério são as reconstruções de antigas sepultu-ras. para responder corretamente as novas normas da secretaria do meio ambiente, com relação às leis sanitárias, os túmulos que antes eram feitos diretamente no solo, devem agora ser retirados e construídos acima do chão em estruturas impermeabilizadas.

Conforme foi decretado no ano passado pela lei nº 13.205, nos sepultamentos realizados em cemitérios localizados no municí-pio de Curitiba, as urnas, caixões, ataúdes ou esquifes devem ser impermeabilizados internamente com material apropriado como medida de prevenção contra a contaminação do lençol freático pelo necrochorume. a forma e o tipo de impermeabilização são ditados pelos órgãos municipais responsáveis, caso as normas não sejam respeitadas, o local estará sujeito à pagar multa no valor de r$ 500 que será dobrada a cada Uma das poucas sepulturas irregulares, em contato direto com o solo

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unidade de saúde é uma das mais antigas de Curitiba

Moradores são prejudicados pela falta de médicos e demora no atendimento

os moradores do umbará dispõem dos serviços de apenas duas unidades de saúde no bairro, entre as reclamações estão a falta de médicos e a demora do atendi-mento. os dois postos de saúde são responsáveis pelo setor de aten-dimento voltado aos cuidados e bem estar das famílias, sendo que um deles atua na área de saúde e assistência social desde 1958.

a fila para o atendimento começa de madrugada, e muitas vezes por não conseguirem vagas os pacientes são mandados para casa. a mais nova das duas unida-des, inaugurada há quatro anos, se localiza na rua deputado pinhei-ro Júnior e conta com apenas dois médicos que ficam responsáveis, cada um, por em média 22 con-

Mário Luiz Costa JrTalitha Maximo

sultas por dia. um dos moradores apontou o fato do bairro ser muito afastado, uma das razões pelas quais existem poucos médicos nos postos. Caso as necessidades dos pacientes sejam hospitalares ou alguma especialidade, os mesmos devem se deslocar para os bairros vizinhos como o pinheirinho e o bairro novo.

de acordo com o ippuC (ins-tituto de pesquisa e planejamento urbano de Curitiba) o posto de saúde Umbará II, que fica na Rua nicola pellanda, não iniciou suas atividades como unidade munici-pal de saúde.

em 1958, no mesmo local, foi inaugurada a associação de proteção à maternidade e à in-fância (apmi) saza lattes, que

é uma instituição filantrópica que prestava serviços ao bairro, principalmente nas áreas de saúde e assistência social. a instituição foi pioneira na área de saúde bá-sica em Curitiba, e com a parceria das paróquias abriu os primeiros postos de saúde da capital.

Foi apenas em 2004 que o local foi aberto sob total direção da prefeitura, como posto de saúde municipal, com o nome de unidade palmeiras. depois de três anos, passou por uma grande reforma e teve sua reinauguração em 2007, com o nome de unidade municipal de saúde umbará ii, o qual permanece até hoje.

Amanda WalzlLaura Schafer

VoCê eSTá SATiSfeiTo CoM oS poSToS de SAúde do bAirro?

“Sim. O atendimento é bom. O problema é que faltam médicos, tem muita gente e pouca consulta” Cleonice Cidral, 44, dona de casa

“Sim. Os médicos e o atendimento são ótimos. Mas demora muito para sermos atendidos” felipe Leite, 18, vendedor

“Não. Os médicos e enfermeiras são excelentes mas temos que esperar muito por consultas ou exames. Acordamos de madrugada para ficar na fila e quando já está lotado eles nos mandam para casa”Kesia freitas, 17, estudante

infração. rescisão de contrato e suspensão das atividades também podem ser atitudes tomadas até a regularização das infrações. “Com a construção de jazigos, em alguns lotes foram feitas exuma-ções da terra e passados para os ossuários, e em outros casos foi construído o jazigo em cima das covas”, diz soares.

no caso do Cemitério paro-quial de umbará quem deve arcar com as despesas da exumação, construção de gavetas e reenter-ramento são os familiares dos falecidos. embora a mudança esteja sendo feita lentamente, fal-tam pouco mais de três lotes para aderir à nova estrutura. por falta de documentação, a administração do cemitério não sabe ao certo há quanto tempo estão ocorrendo às modificações, mas estima-se que tudo esteja de acordo com a lei em pouco tempo. atualmente existem 9.800 pessoas sepultadas no cemitério, entre elas diversos membros de tradicionais famílias italianas.

Page 11: Comunicare Umbará

educação 11Curitiba, outubro de 2010

ApesAr dos pouCos Colégios, A ComunidAde está sAtisfeitA Com o que estes têm A proporCionAr

Escolas satisfazem os moradores Apesar de algumas pessoas

acreditarem que poderiam haver mais escolas no bairro, em ge-ral, a população está satisfeita com os serviços prestados pelas já existentes. o bairro umbará tem sete colégios e escolas: duas escolas municipais, duas pré-escolas particulares, e três colégios estaduais. muitos deles contam com diferenciais que os tornam atrativos e referencias para pais e alunos da comunidade, como por exemplo educação a distân-cia e cursos profissionalizantes.

o Colégio estadual padre Cláudio morelli, é o maior e mais conhecido do bairro. sua fama vem principalmente devido aos seus 56 anos de tradição. “gosto muito do ensino e a segurança daqui é maior que nos outros colégios”, diz thalys Henrique lima, 14 anos, que estuda há quatro no morelli.

Há dois anos, a instituição conta com o curso de secretariado, que faz parte do Curso de Educa-ção à distância, ministrado pelo professor marco Zanon, também professor de história do colégio. Apesar de muitas pessoas não sa-berem da existência desse projeto, a turma conta com um número satisfatório, segundo o professor. “Acredito que 33 alunos é um nú-mero adequado, por ser grande em relação aos outros colégios. se o governo do estado oferecesse mais estrutura gostaria de receber mais alunos, tendo em vista que a tele sala de umbará é quase um mo-delo no ensino”, comenta Zanon.

Celia maria gabardo, diretora da escola municipal maria neide gabardo, fala que a escola, é a única do umbará que conta com a educação para Jovens e Adultos (eJA), fundada em 2001. Além dis-so, em todos os finais de semana, a quadra coberta e a biblioteca da escola são abertas a todas as pes-soas do bairro, onde são realizados diversos cursos como decoração de pratos, ballet, informática, manicu-re, criação de bonecos, etc. (todos ofertados por voluntários), através do projeto Comunidade escola. Cada curso oferece seu certificado ao final. “Tudo que começa, até pegar nome é difícil, mas nós co-locamos a comunidade à parte de

Curso de violão e informátiCA fAZem suCesso e possuem Até listA de esperA

Giovanna MiquelettoJuliano Oliveira

Larissa Matos

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Alunos no curso de Informática juntamente com a professora Denise

Farol do Saber oferece cursos para comunidade

(GM)Marisol Munari

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Há aproximadamente quatro anos, o farol do saber de um-bará promove projetos e cursos para atender aos pedidos da co-munidade. os cursos oferecidos atualmente são os de violão e in-formática, este antes direcionado apenas as senhoras idosas, mas hoje aberto também a crianças, jovens e adultos, tendo inclusive lista de espera.

A iniciativa partiu de vo-luntários da co-munidade, que tiveram a ideia de aproveitar o espaço do fa-rol para realizar projetos dife-rentes. Hoje, o curso de infor-mática é acompanhado por pro-fessoras e voluntários e o curso de violão por dois jovens do bairro.

“Acho que a iniciativa é gra-tificante. Isso ajuda a aumen-tar a auto-suficiência do farol, e vem a complementar nosso tra-

balho”, diz Denise Maria Cref-ta, professora de informática.

Além dos cursos, o local con-ta também com diversos projetos para crianças e adultos, como a “Alfabetização Digital”, “Escrito-res e poetas no farol”, e o “natal no farol” (este um dos mais po-pulares), além de muitos outros, que constantemente são realiza-

dos junto com a comunidade. “é um sonho traba-lhar aqui. é um prazer enorme fazer todos es-ses projetos e c o m p a r t i l h a r o que a gente sabe”, conta laura quinti-liana gatto, a

outra professora de informática, que trabalha há 12 anos no farol.

Apesar do movimento de es-tudantes ter diminuído um pouco devido a implantação de biblio-tecas nas escolas, o farol rece-be sempre muitas pessoas, seja

para os cursos, para emprestar livros, fazer pesquisas, ou como muitos pais fazem, deixar os fi-lhos no “Cantinho de leitura” (uma iniciativa das professoras), enquanto vão ao banco ou têm outro compromisso. “esse farol está proporcionando horas de la-zer para a população deste bair-ro”, conta José ferreira da silva, 14 anos, frequentador do farol.

para participar dos cursos, basta apenas se cadastrar e levar a carteirinha recebida. o curso de

informática é gratuito, e o de vio-lão custa uma taxa de r$ 30,00 (direcionada aos professores). Após um mês, cada aluno recebe o certificado do curso. Caso tenha inscritos suficientes, o farol ofe-recerá futuramente cursos de in-glês. “O Farol significa para mim, o início de um futuro brilhante. eu simplesmente amo esse lugar”, comenta larissa ribeiro, 21 anos.

Poeta Batista do Pilar em oficina de poesia no Colégio Neide Gabardo

Falta transporte escolar no Umbará

Um dos principais proble-mas apontados pela direção das escolas municipais e estaduais do Umbará é a falta de transporte para os alunos.

Pela falta de ônibus e vans, muitas crianças aca-bam faltando as aulas e até mesmo desistindo de estu-dar, já que as escolas ficam longe de suas casas.

Após cinco dias de faltas consecutivas, o Conselho Tutelar vai até a casa do alu-no para verificar o motivo da ausência, que por diversas vezes, foi constatato ser a falta de transporte.

Um transporte eficiente no Umbará faz-se necessário já que a localização das es-colas não beneficia a todos os alunos, mas somente aqueles que moram perto das instituições.

tudo o que acontece na escola. vem muita gente de fora para utilizar a biblioteca, por exemplo”, comenta a diretora. A professora gisele Gostenski diz que durante o final de semana, as crianças fazem em-préstimos de livros, ouvem histó-rias, fazem pesquisas e participam de algumas oficinas. “São sempre trabalhos ligados à literatura”, diz.

A diretora do Colégio estadual Luiz Carlos, Jane Warcherski,

acredita que trabalhos de cons-cientização contribuem para a formação de uma boa imagem da instituição. “Estamos realizando um trabalho de conscientização envolvendo toda a comunidade escolar sobre respeito e limites”, diz. O colégio promove um es-paço para os jovens, nos horários em que não há aulas, onde podem jogar futebol e andar de skate. Além de no contraturno ter oficinas

como teatro, jornal escolar, mate-mática, brincadeiras e brinquedos.

o Colégio estadual são se-bastião, faz de tudo para que seus alunos não percam nenhuma aula, tendo um controle de horário extremamente rígido. o recreio, por exemplo, tem dez minutos; e após esse tempo, os professores já estão nas salas de aula. “o aluno aqui é vigiado a cada segundo, para evitar qualquer tipo de situação como drogas ou brigas. temos os profissionais responsáveis por essa vigilância”, diz Vanderli Bonato, pedagoga do colégio. Também faz parte da grade cur-ricular dos alunos, aulas de xa-drez, muito comentada entre eles.

para os moradores do um-bará, cada escola possui suas particularidades que as tornam diferentes e únicas para o bairro.

“O Farol significa para mim o início

de um futuro brilhante”

(JO)

Umbará conta com sete escolas, que possuem alta qualidade de ensino segundo muitos moradores do bairro

Page 12: Comunicare Umbará

RibeiRinhos do umbaRá vivem com pRoblemas causados pelo segundo Rio mais poluÍdo do bRasil

Moradores despejam esgoto no Rio IguaçuCom saneamento básico precário, bairro conta com apenas 851 ligações de esgoto para 5.097 ligações de água em funcionamento

o Rio iguaçu acaba se tornan-do a solução para muitos mora-dores do umbará quando se trata do esgoto. considerado como o segundo rio mais poluído do brasil em pesquisa realizada pelo ibge, muitas residências ribeirinhas da região despejam ilegalmente seus detritos ao longo de seu leito. segundo o setor de saneamento bá-sico da sanepar, o bairro umbará conta com 851 ligações de esgoto e 5.097 ligações de água. a rede de esgoto corresponde à apenas 16,8% das ligações totais do bairro.

de acordo com pesquisa re-alizada pela Fundação getúlio vargas no ano de 2009, curitiba carece de saneamento básico para 20,63% de sua população. em grande medida, este número se concentra na região sul da cidade, onde o bairro umbará é localizado. segundo a moradora Jaqueline ba-siollio dré, estudante de 22 anos, a comunidade já realizou três abaixo assinados na tentativa de mudar este quadro, porém a sanepar nada fez a respeito.

desta maneira, resta apenas aos ribeirinhos conviver com os problemas trazidos pela poluição do rio. inácio malenko, pedreiro de 52 anos, destaca que “em dias de calor, temos que sair de casa, pois o cheiro do iguaçu é horrível. somos forçados a visitar parentes que moram em outras partes da cidade”. Já Ricardo moreira, pro-fessor de 31 anos, enfatiza os pro-blemas relaciona-dos a saúde que o rio pode trazer devido ao acú-mulo de detritos em sua margem. ele mesmo já foi vítima de leptos-pirose, e seu filho de uma vermi-nose comum em localidades com carência em sa-neamento básico.

ao longo dos 70 km iniciais do Rio iguaçu, que tem sua nascente na região metropolitana de curiti-ba, vivem cerca de 81.870 pessoas, dispostas em 27.971 domicílios.

de acordo com pesquisa realizada pelo instituto ambiental do paraná (iap) e pela superintendência de desenvolvimento de Recursos hídricos e saneamento ambien-tal (suderhsa), cerca de 90% da poluição do rio provém do lixo doméstico.

Responsável por parcela deste número, o mecânico de 42 anos paulo humberto se defende: “não pago esgoto porque não tenho. o encanamento nunca veio para essa região da cidade, então aqui todas as casas jogam o esgoto no rio”. humberto reside em uma rua de terra sem nome, próximo ao ponto final do ônibus Luis Nichele, no bairro do umbará. ele e seus vizi-nhos, além de conviver com os pro-blemas decorrentes do Rio iguaçu, também têm de lidar com a falta de

asfalto e a grande concentração de lixo nos arredores das residências. “o descaso aqui é grande demais. até mesmo em época de eleição ninguém promete nada para a gente daqui”.

d e v i d o a o grande número de

reclamações, esta prevista para o próximo mês de outubro uma obra de saneamento básico na região do umbará. a previsão da sanepar é que sejam criados mais de 28 km de rede por todo o bairro, mais uma

prova da situação deficitária do local. além deste projeto, somente para o segundo semestre de 2011, outras 1.600 ligações de esgoto serão construídas no entorno do Rio iguaçu. porém, esta obra está em processo de licitação, podendo

atrasar ainda mais seu início.enquanto o esgoto não chega

a sua residência, a dona de casa Regina Freitas, de 42 anos, convive com outro problema relacionado ao rio. além da poluição, das doenças e mau cheiro, “em épocas de chuva

é complicado. não temos seguran-ça. O rio fica cheio. Tenho medo de que transborde tudo, e que esta água suja entre na minha casa”.

jOgar LixO em TerreNOs baLdiOs é saída para mOradOres

Regiões distantes do centro do bairro sofrem com a falta de coleta de lixo

nas regiões mais afastadas do centro comercial do bairro umbará, muitos moradores têm de lidar com problemas relacionados ao lixo do-méstico. as principais reclamações dizem respeito à falta de coleta em determinadas ruas, o que leva muitos residentes a se locomover por grandes distâncias para despejar seu lixo na rota dos caminhões da prefeitura.

para a dona de casa maria au-xiliadora moretti, 42 anos sendo destes 20 morando no bairro, as conseqüências do descaso com o lixo gera diversos problemas para os moradores. “não é só o mau cheiro. muitos incêndios começam por causa do lixo jogado principalmente perto do Rio iguaçu. e quando o rio enche, leva tudo”. moradora da Rua andré bonatto, a também dona de casa maria pantarollo, de 64 anos, joga seu lixo no terreno baldio perto de sua residência. “Tenho que andar

muito para conseguir deixar o lixo onde passa o caminhão. as vezes, é muito pesado a sacola. por isso prefiro jogar aqui”.

segundo Ricardo portes, gestor de operações da cavo, 46 anos, a responsabilidade pelas ruas contem-pladas com a coleta não é de respon-sabilidade da empresa, uma vez que a função é terceirizada. assim como

em toda curitiba, o serviço prestado ocorre três vezes por semana, sempre de forma setorial. o número de cami-nhões e rotas depende das projeções estabelecidas pelo município.

para o músico de 48 anos Jorge maranhão, a questão do lixo faz parte de um problema estrutural do umbará. “aqui se falta de tudo. o rio é poluído e ninguém faz nada. existem ruas com várias casas, mas que nem asfalto tem. muitas casas são irregulares, de gente que nem deveria estar ali. imagina se vai ter coleta de lixo em um lugar destes?” além da grande concentração de lixo doméstico, muitas sobras de construção são encontradas no leito do rio. para maranhão, “muitos vem aqui e despejam caliças sem qualquer fiscalização”.

meio ambiente12 curitiba, outubro de 2010

Ricardo TomasiRogerio Teotonio

Elian WoidelloRichard Roch

Esgoto transforma rio em foco de doenças para os moradores.

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‘‘o encanamento nunca veio, então as casas jogam o esgoto no rio’’

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Lixo encontrado ao lado do Iguaçu: descuido com a mata ciliar.

‘‘muitos incêndios começam por causa do lixo

jogado na rua’’

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transporte 13Curitiba, outubro de 2010

ESPERA ENTRE UM ÔNIBUS E OUTRO AUMENTA MEIA HORA NO TRAJETO

Ida para Umbará pode levar de 25 minutos a uma horaComunicare compara percurso de carro e de ônibus com saída do Centro

O trajeto entre o bairro Um-bará e a região central de Curitiba percorrido de carro leva menos da metade do tempo usado quando se faz o percurso de ônibus. O Comunicare acompanhou um dia da rotina da funcionária pública Ana Luísa Carneiro, que vai de ônibus do Rebouças ao Umbará, e entrevistou o universitário Jean Pellanda, que vai de carro do Um-bará ao Prado Velho.

Formada em Turismo, Ana Lu-ísa, 31 anos, trabalha no Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, no Umbará, há cinco meses. Para chegar ao trabalho às 9h, ela sai de casa às 7h45. Sem contar o tempo de espera entre um ônibus e outro, a funcionária pública leva 40 minutos para ir do Rebouças ao Umbará; com a espera e os cinco minutos que leva para ir da sua casa à estação tubo UTFPR, este tempo passa para pouco mais de uma hora. Ela desce na Avenida Nicola Pellanda, há duas quadras do colégio.

No Terminal do Pinheirinho, Ana Luísa também pode pegar o ônibus Umbará-Conjunto Belo. Ela contou que utilizava a linha de ônibus Futurama, mas o ponto no qual descia fi ca em frente a um matagal onde já houve casos de estupro. Para a funcionária públi-ca, o maior problema é a demora entre um ônibus e o outro, além do fato de não haver muitas opções. Ela explicou que quando perde o ônibus no terminal tem de esperar 20 minutos para pegar o próximo. “O que ajuda é eu saber os horários dos ônibus que uso”, disse.

Ana Luísa comentou que no período da tarde os ônibus são um pouco mais cheios do que pela ma-nhã, mas normalmente tranquilos em relação à lotação. Em geral ela vai sentada e de manhã, quando está inspirada, lê. Do contrário não faz nada e à tarde ela cochila durante boa parte do trajeto.

Ela afirmou ter presenciado assalto ao ônibus apenas uma vez (em um dos dias em que foi acom-panhada pelo Comunicare). “Acho que foi só porque vocês vieram

Ana Luísa

Ana Carolina MachadoLucas Gualberto

SOM DO TREM É ROTINA, MAS CAUSA INCÔMODO

Moradores convivem com barulho constante de trem

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Júlia Magalhães; Paola Possato

Casas fi cam a apenas cinco metros da linha férrea

A linha férrea, apesar de fi car localizada há apenas cinco metros da residência de Santos e Tereza, nunca causou danos à estrutura da casa. A moradora afi rmou: “treme tudo aqui! As janelas, os móveis, o chão. Até os cachorros se assustam e latem sempre que o trem passa”.

Elizeu Ferreira dos Santos, 46 anos, desempregado, e Tereza de Castro Fer-reira dos Santos, 83 anos, dona de casa, moram em frente à linha férrea há 25 anos e estão agora acostumados com o barulho. “Quando cheguei aqui, acordava e fi cava ajoelhada ao lado da cama, gritando”, contou Tereza.

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conhecer o bairro”, brincou. Nesta ocasião, três homens e uma mulher estavam em um ponto de ônibus e fi zeram sinal para que o motorista parasse e sem desconfi ar que seria assaltado, ele o fez. Os assaltantes levaram o dinheiro da catraca do ônibus e foram embora.

O estudante de Publicidade e Propaganda, Jean Pellanda, 18 anos, por outro lado, leva 25 minutos para ir de sua casa, no Umbará, até a PUC (Pontifícia Universidade Católica), no Prado Velho. Pellanda disse que isso é menos da metade do tempo que levava para percorrer o mesmo caminho de ônibus, sem falar na comodidade e na economia. “Sai muito mais barato ir de carro em comparação ao que eu pagava indo de ônibus, e ainda posso dividir a gasolina com alguém que vá comigo”, comentou.

Eventualmente, ele dá carona a um amigo que mora no Capão Raso, desviando, assim, cerca de 20 minutos no seu trajeto. Quando vai direto para a universidade, Pellanda sai de casa às 6h40 e, quando leva seu amigo às 6h20. O horário em que chega à PUC é o mesmo em ambas as situações: 7h05.

A Linha Verde é uma parte re-presentativa da rotina das pessoas que vão diariamente do Umbará ao centro da cidade, mas, apesar de ser uma via grande, não é tão movimentada nos horários em que o futuro publicitário transita pela mesma; por volta das 6h50 e a partir das 11h. Desta forma, essa se torna uma parte tranquila e rá-pida de deslocamento, o problema é quando ocorre algum transtorno, como um acidente neste trecho, pois são poucas as opções para não utilizar a via. De acordo com o estudante, os acontecimentos que alteram o tempo de ida e volta em mais de cinco minutos são raros e, mesmo em horário de pico, as ruas não chegam a congestionar.

O trem que, segundo os moradores da casa no bairro Umbará, passa diaria-mente e aproximadamente de 10 em 10 minutos, causa incômodo aos habitan-tes. “É o dia inteiro, a noite inteira e de madrugada também. Além do barulho, às vezes parece que vai passar por cima da casa”, desabafou Santos.

Trajetos até Umbará

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religião14 Curitiba, outubro 2010

apesar da forte presença do CatoliCismo no bairro, outras religiões aCham uma maneira de se instalar

No Umbará, outros movimentos religiosos acham seu espaço

moradores do umbará mantêm tradição de seus imigrantes ao promover a fé Cristã

Catolicismo é característica marcante do bairroAlém da participação nas missas e vigílias, a criação de grutas e capelinhas ajuda fiéis a se sentirem mais protegidos em suas casas

o umbará foi coloniza-do por imigrantes italianos e poloneses, e essa cultura tem reflexos até hoje, sobretudo na religião. o bairro tem como ponto de referência central a paróquia são pedro. segundo o pároco Miguel Longhi, 52 anos, a igreja recebe cerca de 60% dos moradores da região.

os moradores possuem valores morais, culturais e divinos próprios, e seus valo-res religiosos tendem a servir como suporte para a rotina da comunidade. Além da Igreja são pedro, o umbará conta com a Igreja do Sagrado Coração e o santuário da divina miseri-córdia.

Alcançando outros âmbitos religiosos, a igreja também é responsável pela escola esta-dual padre Cláudio morelli. segundo o padre miguel, essa escola é a menina dos olhos do paraná, e mesmo com o currí-culo comum a qualquer colégio, o ensino religoso está presente: “mantemos o hábito de rezar no início das aulas”. os funcioná-rios são pagos pelo estado, mas são todos ligados à igreja.

Outra tradição do bairro é a construção de grutas e cape-las nas casas, que, segundo os moradores, representam uma forma de proteção. As Igrejas Católicas da região incentivam o costume da oração com cape-linhas, diferentes imagens que passam nas casas das famílias para momentos de oração. De acordo com Zenai Gabarde, 57 anos, que é a coordenadora das capelinhas, são em torno de 200 grupos com 4 ou 5 famílias em cada. imagens de santos e estátuas também passam pelas casas, e as mensageiras são res-ponsáveis pela organização.

Além das capelinhas, os moradores constroem grutas nos seus jardins e oratórios em casa. para o aposentado or-lando Zanon, 71 anos, a cons-trução de grutas é uma prática religiosa para reverenciar deus. há dez anos, ele constrói em seu jardim pequenas grutas tra-balhadas com pedras e outras obras que se tornaram conhe-cidas no bairro. “Construí para a minha irmã também, mas a maioria das pessoas fazem suas próprias”, afirma Zanon.

Um exemplo de consagração do bairro é a família Moletta, que segundo padre miguel, guarda todos os anos o dia 19 de março por ser dia do seu santo protetor: São José.

outra casualidade do bairro é a Igreja Preta (Santuário do Sagrado Coração). Existem muitas versões para a história de seu apelido, mas de acordo com a secretária paroquial san-dra Calixto, 40 anos, a igreja era feita de madeira e tinha problema com os cupins. para resolver a situação, foi passado óleo diesel na fachada, acentu-ando a cor escura. não resol-vendo o problema, a igreja foi demolida, e há quinze anos o novo santuário foi construído.

Nos f inais de semana é quando a maior parte dos mora-dores vai à igreja, por costume e por religiosidade. a grande participação também se exten-de à semana santa, período de elevação da fé cristã.

Camila Petry FeilerIsadora Lago

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Orlando Zanon constrói grutas como ocupação após aposentadoria

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Além de grutas, Dona Zenai mantém um altar para suas orações em casa

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Sede da Igreja Universal no Umbará recebe, em média, 160 fiéis nos fins de semana. O pastor Mar-celo Araujo, 25 anos, diz que a sede em um local tão remoto é uma maneira de conseguir levar a fé as pessoas e de ajudá-las.

A algumas quadras da Igreja Universal encontra-se a Igreja Petencostal do bairro. O local divide espaço com um lava-car e um bar da região. Como as igrejas católicas, também oferece festas durante os finais de semana.

O Pai Toni, 36 anos, está no Umbará há um ano e escolheu o local pensando no seu Orixá, o Bara (Orixá do caminho e da comunicação).Atende em uma chácara localizada próxima à Igreja São Pedro.

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Page 15: Comunicare Umbará

lazer 15Curitiba, outubro de 2010

parque lago azul apresenta boa estrutura e é um dos pouCos lugares que tem CanChas em bom estado

Festas de igreja e parque são opções de lazerFestival é organizado todo ano pela comunidade Nossa Senhora da Vitória para arrecadar fundos em prol da festa do dia das crianças

todo ano a vila nossa senhora da Vitória, localizada no umbará, organiza um festival de prêmios, em que o dinheiro arrecadado é revertido para a festa das crianças no dia 12 de outubro.

o festival, que aconteceu no último dia 26, é organizado em uma parceria entre a associação de moradores, o Conselho de segurança e a Comunidade. é um dos exemplos de eventos que serve como opção de lazer para os moradores do bairro e tem um fundo social, pois todas as festas organizadas nessa vila têm sua renda revertida em melhorias para a comunidade.

além dessas festividades, que muitas vezes estão ligadas a igreja, outra opção de lazer para quem mora no umbará é o parque lago azul. a área de 128.500 metros quadrados pertencia à família segalla e era usada nas décadas

de 1960 e 1970 como parque par-ticular e uma das poucas opções de lazer em área aberta do bairro. Com o tempo foi perdendo a fun-ção e em 2008 foi entregue pela prefeitura reformado.

o parque apresenta uma boa

estrutura, com trilha iluminada, mirante no ponto mais alto e churrasqueiras para serem usadas pelos visitantes. raphael queiroz, 17 anos, estudante, frequenta o parque por causa das canchas. “no bairro o parque é o único

lugar com quadras boas pra jogar futebol, fora que nos finais de se-mana é bom pra fazer churrasco”. maria eduarda Ferreira, 16 anos, estudante, conta que aos finais de semana ela e os amigos costumam se reunir no parque lago azul. “não há muitas opções aqui no bairro, então o parque é uma das poucas alternativas”.

Márcia Godoy, 33 anos, afirma que apesar do parque ser uma op-ção interessante de lazer, ele é lon-ge para quem não mora no centro do umbará e não tem carro.

gerson luckow, empresário, dono do o bistrô e restaurante Parque Lago Azul afirma: “Aos fins de semana vem aqui todo tipo de gente, de todas as classes sociais já que o parque é uma das poucas opções aqui no bairro”.

morador da Comunidade não reCebe ajuda da preFeitura

Projeto contra drogas está sem apoio“um caminho bom e barato

para acabar com o envolvimento das crianças com as drogas seria aproximá-las dos esportes”, afirma marcos amancio testa, 60 anos, empresário e membro ativo da Comunidade nossa senhora da Vitória.

testa havia idealizado um proje-to com as crianças da Comunidade, uma escolinha de futebol no contra turno da escola. o empresário che-gou a abrir as inscrições e mais de 180 meninos se inscreveram. de acordo com ele, o que inviabilizou o projeto foi a falta de lugar para as crianças treinarem. “Fizeram uma cancha de asfalto, áspera. Como eu vou colocar uma criança lá? não tem um banheiro, um vestiário”.

o coordenador da igreja nossa senhora da Vitória, joão Kureke, 52 anos, conta que na comunidade existe um movimento de recrea-ção, mas as condições são muito precárias.“se houver um apoio e um aval da prefeitura, para arrumar um espaço de lazer, a comunidade se une e até arrumamos material

e fazemos um mutirão para cons-truir”.

para testa a inserção das crian-ças no esporte, não se trata apenas de lazer, é uma maneira de sobre-viver: “Como a comunidade é, em sua maioria, de crianças carentes, se esses meninos não tiverem um acompanhamento bom eles vão partir para as drogas”. A finalidade desses projetos para o empresário não é formar jogadores profissio-nais, mas sim ajudar a criar pessoas

pensantes.teoricamente nos finais de

semana a escola deveria oferecer atividades recreativas. “o projeto é muito cru e mal organizado, ele não atrai as crianças, e no final de semana seria bom ter opções para nossos filhos não ficarem na rua”. diz raquel Freitas, 38 anos, dona de casa.

Jéssica CamillePriscila Cancela

(JC)Flávia de Andrade

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Como voCê sE divErtE no UmBArá?

mirante do Parque tem uma visão privilegiada do lago

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• outubro: dia 12, Fes-tival de prêmios na capela são José ope-rário.

• Dia12,Festadodiadas Crianças na igre-ja nossa senhora vitória.

• Novembro: dia 7,Festival de prêmios na capela são José- Ganchinho.

• Dezembro: dia 5Festival de prêmios de natal na capela nossa senhora da vitória.

Datas de festas

“Falta aqui uma lanchonete legal, com um ambiente família mas voltado para os jovens.”vanessa de Paula, 16, estudante

“Dia de semana não tem nenhuma opção de lazer. Parque só tem o Lago Azul, mas é muito longe para quem não tem carro.”marcia Godoy, 33, desempregada

“Apesar do lazer ter melhorado um pouco, ainda falta um parquinho para as crianças.”RobsonLopes,25,vendedor

“Falta cancha pra jogar futebol, pista de skate. Na escola no final de semana não tem instrutor para o futebol.”diego Garcia, 10, estudante

Canchas alagam e são inadequadas para crianças praticarem esportes

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Page 16: Comunicare Umbará

geral16 Curitiba, outubro de 2010

Prêmios conquistados em 2010

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Premiado como o melhor site jornalístico do Brasil em 2005 e 2010 pelo

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