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Comunicado N.º 02/2013
A Reorganização na REFER EPE
A análise à publicitada reorganização na REFER EPE, entendível através da publicação da
Deliberação CA nº 03/R/2013 e subsequentes, evidencia a tentativa de um processo de
reorganização do Grupo REFER com o objetivo de preparar o Grupo e não só a Empresa, para a
concretização de uma estratégia que responda ao desafio que se coloca ao sector ferroviário
faltando, no entanto, na sua essência, a clarividência dos objetivos a atingir e as indispensáveis
medidas de política empresarial a implementar.
Tomando como exemplo, a nomeação dos Responsáveis com cargos de chefia ou de direção, a
Deliberação evidencia um sintomático conflito intergeracional de quadros da REFER, que se
nos afigura desnecessário e contraproducente.
Ora, como é sabido, a aquisição, a gestão e a transmissão do conhecimento ferroviário não se
promove e concretiza de um dia para o outro ou com a simples substituição de pessoas, cria-se
sim ao longo de uma vida profissional prolongada, caldeada com a intensa experiência
adquirida a laborar nas áreas core da empresa na gestão de infraestruturas ferroviárias, como
é o caso da gestão da circulação e da manutenção.
Por outro lado, a substituição de chefias experientes na coordenação de processos por chefias
menos experientes, agora a chefiar pessoas com mais conhecimentos que são confinadas a
uma área restrita de atuação e limitados na mais-valia que poderiam promover, é uma medida
que julgamos contraproducente, que se poderá revelar muito perniciosa para a eficiência da
empresa e para o desenvolvimento dos processos.
E o que dizer do facto de algumas destas substituições terem resultado de uma conclusão
simplista e não fundamentada, justificada com a frase “sem perfil”, num processo que poucos
podem explicar e só alguns conhecem o “método” e os critérios de análise?
A SAS REFER não se opõe à aposta nos quadros mais jovens, mas de uma forma mais evolutiva,
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coerente e consistente, onde se caldeie harmoniosamente a juventude e a experiência, pois o
Sector ferroviário não permite ensaios de liderança por quadros sem ou com pouca
experiência, necessitando de garantir, sem descontinuidades perigosas, uma infraestrutura
com qualidade, segurança e disponibilidade a todo o momento, que possibilite a fiabilidade e
expansão do transporte ferroviário em detrimento das opções rodoviárias, em linha com a
estratégia europeia para o Sector, assente no 4º Pacote Ferroviário.
A necessária experiência técnica não se adquire sem um percurso longo de trabalho na
manutenção ou na exploração, porque é o conhecimento da universidade laboral que permite
a evolução reconhecida dos ferroviários.
O modo de implementação da reorganização tem revelado uma inépcia incompreensível,
indesejável e inesperada, que só não provocou a paralisação da empresa nos últimos dois
meses, dado o sentido de responsabilidade dos seus profissionais.
Durante o primeiro mês de vigência do novo quadro funcional, com o medo instituído e
difundido, após várias ameaças veladas e subsistindo várias indefinições sobre novas
iniciativas, a desmotivação passou a ser um estado de alma permanente. A partir do segundo
mês, não estando ainda estabilizada a reorganização, a situação tem vindo a agravar-se, dado
o facto de algumas das pessoas que foram nomeadas não terem as indispensáveis condições
para chefiar os seus órgãos e não conhecerem quais os colaboradores que irão chefiar.
A imprudência da administração na escolha de quadros dirigentes com base em entrevistas e
perfis criados de forma desligada e descontextualizada da realidade ferroviária e das
necessidades da Empresa, deixa-nos profundamente preocupados e apreensivos quanto ao
futuro da Empresa e do Sector.
Paralelamente, é nossa convicção que sendo a Refer uma empresa do sector empresarial do
estado, deverá manter a preocupação de garantir a estabilidade do emprego dos seus
colaboradores, principalmente no atual período de aumento descontrolado de desemprego e
não criar as condições para o aumento deste flagelo social. Por essa razão, entendemos que,
paralelamente à manutenção de um corpo de quadros experientes para as áreas core da
empresa, deverá, no Grupo, ser assegurada a absorção de eventual excesso de trabalhadores
que a empresa vier a ter.
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Pensamos que a criação de estruturas, como a Academia REFER, são positivas para a formação,
a preparação e o desenvolvimento técnico e de gestão dos trabalhadores ferroviários,
garantindo que o futuro do Sector se sustenta na competência, no rigor e na cultura de uma
Escola preparada e capacitada.
Esperamos que as pessoas que venham a integrar a Academia, não sejam aí colocadas no
sentido de as preparar para subsequentes despedimentos com a justificação da extinção do
seu posto de trabalho, devido à má gestão da empresa e a decisões estratégicas erradas, que
não subscreveremos.
Para o sucesso da Academia, esta não se pode restringir ao ensinamento teórico, mas sim ao
ensinamento prático essencial para criação do conhecimento necessário e raro, que ainda
existe no seio da nossa empresa, possibilitando de forma crescente o recurso a mão-de-obra
interna, em detrimento de outsorcing indesejável e limitador das capacidades que são exigidas
ao Gestor da Infraestrutura.
Esta reorganização não pode deixar a empresa órfã, como um filho que perde os seus pais,
perdendo o seu rumo e educação no caminho da vida.
A presente Administração dá a entender estar a preparar a empresa para a concretização da
política governamental em acabar com o serviço público de transporte ferroviário, abrindo a
porta à privatização do Sector na ótica que o principal objetivo é a maximização do lucro, em
detrimento de um serviço público e manutenção de empresa pública necessário à coesão
social e territorial do país e à manutenção do emprego e conhecimento ferroviário único que
os seus trabalhadores possuem.
Como conclusão, não podemos deixar de realçar, que tendo esperado tantos meses para que a
Administração apresentasse uma Proposta Estratégica consistente para concretização, que nos
envolvesse e motivasse na construção do nosso futuro, é com preocupação fundada que
constatamos que o que nos é apresentado é demasiado insípido, estrategicamente desfocado
e potenciador de danos irreparáveis por perda de massa crítica.
2013-06-16
O secretariado da SAS REFER
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