comunicação: desafio sempre!
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Artigo sobre o envolvimento como recurso histórico de comunicação e expressão.TRANSCRIPT
COMUNICAÇÃO: DESAFIO SEMPRE! Por Eliane Miraglia • JANEIRO DE 2012
Métodos e teorias de Comunicação são inúmeros, especialmente numa época em que as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) estão à disposição com incontáveis
objetivos: encurtar distâncias e tempo, promover relacionamentos independentemente de
fronteiras, intensificar conexões, gerar conteúdos, estimular participações, proporcionar
entretenimento. Enfim, os propósitos são de todas as espécies e naturezas.
Quem se interessa por Comunicação reconhece a importância dos recursos tecnológicos,
porém não esquece que as mais simples e profundas lições podem ser de uma época em
que a palavra era o recurso mais sofisticado de que se dispunha. Portanto, para se garantir
a perenidade da mensagem, seus autores precisavam caprichar e concentrar táticas e
estratégias em duas técnicas: a síntese e o significado a favor da efetividade da mensagem.
Há algum tempo, estou me preparando para falar em público sobre falar em público. Tem
coisa mais antiga? Falar em público é uma demanda atávica que, claro, se renova
continuamente. E a explosão da Comunicação desde o século 20 desencadeou novos
desafios, especialmente para o profissional do século 21.
Moisés e Paulo de Tarso: uma referência sempre nova
Nos textos bíblicos são encontradas muitas referências e passagens sobre a importância da
comunicação. O que impede, por exemplo, de os profetas serem entendidos como os atuais
palestrantes. Por determinação divina, os profetas tinham que falar em público e com o
público sobre assuntos que não fossem de domínio comum, mas que deveriam ser
incorporados como práticas, para tornar a vida melhor.
Palestrantes também são assim. Eles atendem a orientações institucionais e compartilham
conhecimentos específicos, com o objetivo de estimular o aprimoramento de rotinas
técnicas, agregar valor e predispor o ambiente institucional à inovação, o que significa
melhores resultados e vantagens competitivas.
Por essa perspectiva, as coisas podem parecer simples. Entretanto, o desafio é muito
complexo. Moisés já sabia disso. Ele se preparou durante anos no deserto. E, quando
recebeu a ordem divina de falar com o faraó egípcio sobre a libertação dos hebreus, ele se
recusou, afirmando falta de aptidão para falar.
Deus – muito generoso, sábio e focado no resultado de seu plano - propôs uma saída.
Moisés deveria procurar a ajuda de seu irmão para desenvolver a habilidade de falar em
público. Em outras palavras: para obter êxito na meta de libertar os hebreus, Moisés
recebeu treinamento especializado! Depois disso, Moisés pode assumir uma
responsabilidade ainda maior e complexa: ensinar o povo liberto sobre organização e
método.
Tudo isso aconteceu aproximadamente 600 anos antes de Cristo. A história se divide entre
antes e depois de Jesus, o maior comunicador de todos os tempos que, entretanto, não
registrou pessoalmente suas lições. Os apóstolos evangelistas fizeram essa prestação de
serviços de utilidade pública.
Porém, passados trinta anos da crucificação, Jesus volta e seleciona Paulo de Tarso para
uma grande missão evangelizadora expansionista, de caráter simultaneamente local e
global, porque ia muito além das fronteiras da região natal de Paulo.
Para atender ao chamado do Mestre, Paulo escolhe a carta como instrumento estratégico
de comunicação e difusão de suas mensagens, já que ele dominava com propriedade a
técnica da escrita. Estudar Paulo de Tarso é conhecer um compêndio completo sobre
técnicas de comunicação: simplicidade e clareza da linguagem, objetividade, domínio e
verdade do conteúdo, controle da retórica, transitoriedade (data de validade da
informação), flexibilidade, precisão.
Por isso, quem precisa falar em público, deve conhecer a literatura científica sobre o
assunto e ainda estudar com atenção a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo
13 – O amor é o dom supremo. No Brasil, muita gente conhece, porque Camões e Renato
Russo transformaram o texto em poema e música. “Ainda que eu falasse a língua dos
homens e dos anjos...”
Para aqueles que, institucionalmente, ficam desconfortáveis com a palavra amor, uma dica:
experimentem substituí-la por envolvimento. O êxito de apresentações em público exige
envolvimento. E isso é um postulado técnico. A partir desse conceito adaptado, leiam as
lições de Paulo.
Sem envolvimento, a mensagem é retórica e produz somente ruído (címalo que retine).
Sem envolvimento, posso ser inovador (dom de profetizar e conhecer os mistérios), mas
não saberei compartilhar meu valor (nada serei). Sem envolvimento, eu posso compartilhar
tudo o que é meu, esgotar meu repertório, mas as pessoas não vão entender o
significado.... e por aí vai. Viu? O exercício de interpretação de um texto de quase dois mil
anos é um grande laboratório de educação a distância e vale todo investimento de tempo
que se fizer nele. Paulo de Tarso sabia o que estava fazendo quando o escreveu.
Para quem – como Moisés – prefere os resultados de um trabalho presencial, é só
acompanhar o cronograma e participar dos cursos que serão promovidos pela SUPORTE
Consultoria e Treinamento em 2012. Sei que a indicação é suspeita, mas há ofertas
periódicas de cursos e oficinas com foco em relacionamento com o cliente, vendas e
inovação, comunicação e educação previdenciária. E todos eles contemplam parte dessas
grandes lições!
Eliane Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação, especialista em Gestão de Processos Comunicacionais e
consultora de comunicação. Com Marisa Santoro Bravi, escreveu A importância dos valores para a construção de novos paradigmas sociais, disponível para leitura em http://biblioteca.abrapp.org.br/default.html