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Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul Chapecó - SC 31/05 a 02/06/2012 1 Comunicação Comunitária e Relações Públicas: planejamento e execução do projeto do informativo “Vem conhecer a Sofia” 1 Ana Helena da Silva GUEDES 2 Gabriela Zampirollo ZANELLA 3 Universidade Federal de Santa Maria - Campus Frederico Westphalen, RS RESUMO: Este artigo apresenta o planejamento e a execução do projeto de Comunicação Comunitária desenvolvido na Escola Municipal de Educação Infantil Sofia Pich de Frederico Werstphalen-RS, através das acadêmicas do curso de Relações Públicas, durante o ano de 2011. O projeto teve como objetivo planejar e desenvolver um informativo institucional que criasse um maior envolvimento entre pais e escola. Para o embasamento teórico buscou-se fundamentação nas obras de autores como: Margarida Maria Krohling Kunsh (2003) e Cecília Maria Krohling Peruzzo (2006), que relacionam a Comunicação Comunitária na atuação da profissão de Relações Públicas. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Comunitária; Relações Públicas; Informativo institucional. INTRODUÇÃO O presente artigo tem como intuito apresentar o Projeto de Comunicação Comunitária desenvolvido para a Escola Municipal de Ensino Infantil Sofia Pich, do município de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul. O projeto “Vem conhecer a Sofia” teve como objetivo planejar e desenvolver um informativo institucional para divulgar a escola para os pais e a comunidade local. A iniciativa integrou as atividades das disciplinas Comunicação Comunitáriae Planejamento de Programas Comunitários e Campanhas Institucionais4 , ocorridas entre março e dezembro de 2011. A elaboração do informativo contou com a participação dos alunos da Escola e com a colaboração protagonista dos seus professores, através dos relatos das atividades 1 Trabalho apresentado no IJ 3 Relações Públicas e Comunicação Organizacional do XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul realizado de 31 de maio a 2 de junho de 2012. 2 Estudante de graduação do 6º semestre do Curso de Relações Públicas Multimídia da UFSM/CESNORS, email: [email protected]. 3 Estudante de graduação do 6º semestre do Curso de Relações Públicas Multimídia da UFSM/CESNORS, email: [email protected]. 4 As disciplinas foram ministradas por Jaqueline Quincozes da Silva Kegler, Professora Adjunta do Departamento de Ciências da Comunicação UFSM Campus Frederico Westphalen-RS, orientadora do presente artigo.

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Chapecó - SC – 31/05 a 02/06/2012

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Comunicação Comunitária e Relações Públicas: planejamento e

execução do projeto do informativo “Vem conhecer a Sofia”1

Ana Helena da Silva GUEDES2

Gabriela Zampirollo ZANELLA3

Universidade Federal de Santa Maria - Campus Frederico Westphalen, RS

RESUMO:

Este artigo apresenta o planejamento e a execução do projeto de Comunicação

Comunitária desenvolvido na Escola Municipal de Educação Infantil Sofia Pich de

Frederico Werstphalen-RS, através das acadêmicas do curso de Relações Públicas,

durante o ano de 2011. O projeto teve como objetivo planejar e desenvolver um

informativo institucional que criasse um maior envolvimento entre pais e escola. Para o

embasamento teórico buscou-se fundamentação nas obras de autores como: Margarida

Maria Krohling Kunsh (2003) e Cecília Maria Krohling Peruzzo (2006), que relacionam

a Comunicação Comunitária na atuação da profissão de Relações Públicas.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Comunitária; Relações Públicas; Informativo

institucional.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como intuito apresentar o Projeto de Comunicação

Comunitária desenvolvido para a Escola Municipal de Ensino Infantil Sofia Pich, do

município de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul. O projeto “Vem conhecer a

Sofia” teve como objetivo planejar e desenvolver um informativo institucional para

divulgar a escola para os pais e a comunidade local. A iniciativa integrou as atividades

das disciplinas “Comunicação Comunitária” e “Planejamento de Programas

Comunitários e Campanhas Institucionais”4, ocorridas entre março e dezembro de 2011.

A elaboração do informativo contou com a participação dos alunos da Escola e

com a colaboração protagonista dos seus professores, através dos relatos das atividades

1 Trabalho apresentado no IJ 3 – Relações Públicas e Comunicação Organizacional do XIII Congresso de Ciências

da Comunicação na Região Sul realizado de 31 de maio a 2 de junho de 2012.

2 Estudante de graduação do 6º semestre do Curso de Relações Públicas Multimídia da UFSM/CESNORS, email:

[email protected].

3 Estudante de graduação do 6º semestre do Curso de Relações Públicas Multimídia da UFSM/CESNORS, email:

[email protected].

4 As disciplinas foram ministradas por Jaqueline Quincozes da Silva Kegler, Professora Adjunta do Departamento de

Ciências da Comunicação – UFSM – Campus Frederico Westphalen-RS, orientadora do presente artigo.

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realizadas durante o ano letivo, onde explicaram, em reuniões semanais com as

acadêmicas executoras do projeto, o funcionamento da entidade, desde a didática

aplicada por eles, até atividades de recreação, alimentação e horários. Neste processo de

coleta e organização das informações, o apoio da Secretaria Municipal de Educação e

Cultura do Município, através da coordenadora pedagógica das escolas infantis, foi

fundamental por apresentar os fatos históricos, que vão desde a criação da Escola até os

dias atuais, e também os demais projetos que já foram realizados na Escola Municipal

de Educação Infantil Sofia Pich. Além da Escola e da Secretaria Municipal de

Educação, o apoio do Interact Club, entidade filantrópica que realiza trabalhos

comunitários junto a escola no decorrer do ano e da Gráfica Grafimax foram

imprescindíveis para a viabilização financeira do projeto.

A realização deste projeto teve o intuito de criar uma atmosfera onde alunos,

professores, comunidade local e o curso de Relações Públicas da UFSM – Campus

Frederico Westphalen – RS, pudessem relacionar-se a fim de conhecer as necessidades

e demandas na área de comunicação comunitária, além de divulgar a existência do curso

no campus descentralizado e o papel do profissional de Relações Públicas dentro das

organizações locais. Ao envolver a escola com a comunidade, o informativo visou

relatar aos pais, as atividades realizadas com as crianças no decorrer do ano letivo.

Dessa maneira, tanto pais quanto a própria escola podem se sentir mais seguros em

realizar as suas ações e funções; os primeiros com o oferecimento de segurança em

questões relacionadas às necessidades básicas das crianças e a segunda, como espaço de

convivência e aprendizado dos nossos pequenos cidadãos.

Entendemos que o profissional de Relações Públicas é responsável por criar,

planejar, administrar e avaliar ações que envolvam os públicos de uma organização.

Tem grande preocupação em sanar as necessidades da comunidade em que está. Assim,

através desta iniciativa, entendemos que o Curso de Relações Públicas UFSM/Campus

FW proporcionou a integração entre a teoria e a prática aos seus alunos, envolvendo-os

em ações comunitárias que esclareçam realidades muitas vezes imperceptíveis nos

limites do campus universitário.

O corpo deste artigo será dividido em seções, que abrangerão inicialmente o

referencial teórico sobre Comunicação Comunitária, Relações Públicas e Mídia

Impressa. Depois do referencial teórico apresentado, descrevemos o projeto “Vem

conhecer a Sofia”, com intuito de relatar todas as atividades ligadas a criação e

desenvolvimento do informativo institucional com perspectiva comunitária.

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1. Comunicação Comunitária e Relações Públicas

No livro Teoria da comunicação- conceitos básicos de Rodrigo Vilalba (2006), a

definição de comunicação aparece como sendo: “uma palavra derivada do termo latino

communicare e significa tornar comum, associar. Assim, num primeiro momento,

podemos dizer que comunicar é a ação social de tornar comum” (VILALBA, 2006 p. 4).

Este tornar comum é pressuposto da comunicação comunitária, visto que visa tornar

possível a expressão de comunidades e grupos através de meios de comunicação e

estratégias próprias de comunicação social.

A comunicação pode ser considerada como a troca de informações entre

indivíduos. Ela pode ser representada através da linguagem, através de imagens, gestos

e sons. Segundo Thompson (2009):

Em todas as sociedades os seres humanos se ocupam da produção e do

intercâmbio de informações e de conteúdos simbólicos. Desde as mais antigas

formas de comunicação gestual e de uso da linguagem até os mais recentes

desenvolvimentos da tecnologia computacional, a produção, o armazenamento e

a circulação de informação e conteúdo simbólico têm sido aspectos centrais da

vida social (THOMPSON, 2009, p.19).

O ato de se comunicar evoluiu com o passar dos anos saindo da esfera face a

face e ocupando meios mais atuais como a internet. Porém mesmo com a expansão

dessas formas, nem todos os indivíduos têm a possibilidade de interagir, produzir

informações e expressar-se, deixando de lado, parcialmente, o caráter social da

comunicação. A necessidade de cidadãos se comunicarem, independente da sua

apropriação dos meios de comunicação tradicionais, reflete um novo conceito de

comunicação, que não deixa de lado as teorias já criadas, mas que apresenta um aspecto

mais voltado ao comunitário e as peças chaves envolvidas nesse processo.

Na década de 1970, a comunicação começou a ser utilizada como forma de

protesto contra a conjuntura política do Brasil. As classes que até então não detinham o

poder de se comunicar começaram a expressar suas ideias e vontades. Assim surge a

comunicação popular, também chamada de comunitária, que tem a preocupação de

disponibilizar a informação e o poder de informar às classes marginalizadas.

(PERUZZO, 2006). Conforme Peruzzo (2006) em seu artigo:

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A comunicação popular foi também denominada de alternativa, participativa,

horizontal, comunitária e dialógica, dependendo do lugar social e do tipo de

prática em questão. Porém, o sentido político é o mesmo, ou seja, o fato de

tratar-se de uma forma de expressão de segmentos excluídos da população, mas

em processo de mobilização visando atingir seus interesses e suprir

necessidades de sobrevivência e de participação política (PERUZZO, 2006,

p.2).

Na comunicação comunitária encontramos muito exemplos de práticas

comunicacionais, onde são utilizados os meios como rádios, revistas, programas de TV

e até mesmo passeatas e protestos, entre outros, mas por públicos das comunidades, os

quais, não detém usualmente o acesso a tais meios, ao menos em sua esfera de

produção. A comunicação no terceiro setor trabalha essencialmente com valores

pertinentes a seus públicos de interesse, tais como que motivem a busca pela qualidade

de vida, o despertar pela cidadania, a partilha, solidariedade e o aperfeiçoamento de

habilidades (CESCA, 2008, p. 105).

Esse tipo de comunicação nada mais é do que fazer com que os grupos

marginalizados tornem-se produtores da sua própria comunicação com o mundo,

tornando-se reconhecidos como cidadãos dentro do contexto onde estão inseridos. A

comunicação comunitária envolve a elaboração de meios que possibilitem o direito à

comunicação por grupos que acabam não usufruindo do que lhes é de direito como

cidadãos. Nesta perspectiva de estudo e área de atuação, tal direito refere-se ao direito à

expressão e a comunicação de forma protagonista.

O papel do Relações Públicas se encontra justamente no fato de ser ele quem

deve lidar com os diversos públicos de uma organização ou até mesmo da sociedade e

criar estratégias que permitam essa expressão e até mesmo o diálogo entre diferentes

públicos e organizações. Segundo Peruzzo (2009):

Outras formas de expressão, por exemplo, produções audiovisuais, sonoras,

impressas, digitais, etc., feitas fora das ‘comunidades’ e dos movimentos

populares, mas por pessoas a eles vinculados organicamente, além de iniciativas

comunicacionais de indivíduos isolados comprometidos em trazer benefícios

para as localidades nas quais se inserem, também podem ter suas interfaces

comunitaristas (PERUZZO, 2009, p.418).

A partir deste trecho, nota-se que não somente aqueles inseridos dentro dessas

comunidades são os responsáveis por criarem estratégias de comunicação comunitária,

mas também aqueles que estão indiretamente ligados à elas. A denominação relações

públicas alternativas é entendida neste texto como sinônimo de relações públicas

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populares ou comunitárias. São aquelas realizadas no âmbito de "comunidades",

associações, movimentos populares e outras organizações sem finalidade de lucro e, por

extensão, até aquelas do mundo do trabalho, como os sindicatos, desde que se achem

configuradas na contramão de mecanismos reprodutores dos interesses do capital e das

condições alienadoras das pessoas humanas (PERUZZO, 2009, p. 426).

O profissional de relações públicas tem o poder de criar métodos de

comunicação que envolvam os públicos de uma sociedade com a organização para a

qual trabalha, visando prioritariamente o bem estar. Não só diagnosticam os problemas

como também planejam soluções a curto, médio e longo prazo, possibilitando que as

ferramentas utilizadas para criar a comunicação comunitária surtam efeito e beneficiem

àqueles que são desprovidos dos meios de comunicação.

O papel do profissional de Relações Públicas na comunicação comunitária deve

ser muito mais que um trabalho para a comunidade, deve haver uma interatividade entre

ambas as partes, onde o profissional tende a ser um incentivador desta comunicação da

comunidade para com a comunidade. Ao realizar um trabalho de comunicação

comunitária, o profissional deve se inserir na comunidade, não sendo só um consultor, e

sim um participante ativo (KUNSCH, 2007, p. 443).

As comunidades são públicos estratégicos para as organizações, tanto no âmbito

da comunicação quanto no âmbito social. Segundo Kunsch, (2007):

No trabalho comunitário, o profissional de Relações Públicas deve verificar

como se processa a dinâmica social interativa dos seus membros, seja no

entorno fisicamente delimitado ou no ciberespaço. Em qualquer um dos casos,

ela não pode mais encarar a comunidade de forma estanque, como um simples

aglomerado de pessoas, sem o mínimo de participação ativa de seus

componentes na construção de ideias comuns (KUNSCH, 2007. p. 446).

Em geral, o sucesso da atividade de comunicação a ser implantada pelo

profissional de Relações Públicas está diretamente relacionado com a estratégia

adotada, onde deve abranger canais efetivos de comunicação ligada aos diferentes

setores da sociedade, agregando a comunidade valores e facilitando os processos

interativos da mesma. Existem vários meios de comunicação com o público que o

profissional de Relações Públicas pode utilizar na Comunicação Comunitária, dentre

eles: radio, jornal, revistas e televisão. Cabe ao profissional selecionar a ferramenta que

abrangerá de forma mais efetiva o público a que se destina.

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2. Mídia impressa como instrumento para Relações Públicas Comunitárias

A mídia atualmente exerce um papel muito importante na sociedade por ser o

mais expressivo sistema transmissor de informações, imagens e conhecimentos, fazendo

com que se estabeleçam redes de visibilidade, e assim, formando um processo

comunicativo entre sujeitos. Através destes processos comunicativos, a comunicação

estratégica ocorre de forma planejada, e não mais de maneira espontânea, tudo isto, em

decorrência de uma sociedade moderna, onde a opinião pública torna-se cada vez mais

presente (MAFRA, 2006). Neste sentido, é preciso estar nos meios de comunicação em

busca de visibilidade e reconhecimento social, o que se alcança através de uma

comunicação estratégica (BARICHELLO, 2001).

A associação entre comunicação estratégica e Relações Públicas é fundamental:

As relações públicas, como disciplina acadêmica e atividade profissional, têm

como objeto as organizações e seus públicos, instâncias distintas que, no

entanto, se relacionam dialeticamente. É com elas que ele trabalha, promovendo

e administrando relacionamento e, muitas vezes, mediando conflitos, valendo-

se, para tanto, de estratégias e programas de comunicação de acordo com

diferentes situações reais do ambiente social (KUNSCH, apud MAFRA, 2006.

p.42).

O profissional de Relações Públicas é responsável pela Comunicação

Institucional, que segundo Kunsch “está intrinsecamente ligada aos aspectos

corporativos institucionais que explicitam o lado público das organizações” (KUNSCH,

2003, p. 164). Além disso, é responsável por criar estratégias de comunicação

comunitária que estão diretamente ligadas a elaboração de projetos de mobilização

social, que buscam através de suas ferramentas básicas tornar visível causas que devem

ser debatidas entre os sujeitos da sociedade em que está inserida. Assim, a visibilidade

demonstra não ser um processo espontâneo, necessitando de estratégias de elaboração e

apresentação do conteúdo que se deseja mostrar (MAFRA, 2006).

A partir disto, compreendermos que a visibilidade pode ser buscada a partir de

planejamento de relações públicas que contemplem uma perspectiva multimidiática. Ou

seja, além da mídia tradicional o plano de ação comunicacional deve comportar outros

meios e ferramentas de comunicação, como peças publicitárias, materiais audiovisuais,

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eventos, espetáculos e mídia impressa (boletim, informativo, revista e jornal), os quais

de definem como estratégias e meios de comunicação estratégica próprios das

organizações (MAFRA, 2006). E, neste projeto, optamos por desenvolver um meio de

comunicação impressa.

Cesca (2006) faz uma distinção entre os tipos de mídia impressa, de acordo com

sua periodicidade, atualidade, universalidade e difusão. O boletim, por exemplo, é uma

ferramenta utilizada para informações imediatas com pequenos intervalos entre suas

edições e que exige rapidez na sua difusão. Apresenta um maior número de temas que

são tratados de forma atual, apresenta conteúdos variados e pode ser destinado tanto ao

público interno como ao público externo. Outro exemplo usado por Cesca (2006) é a

revista, que apresenta maiores intervalos entre suas edições e com o conteúdo ampliado.

Ainda, há a revista como forma de relacionamento com seus públicos (CESCA, 2008).

Na comunicação do terceiro setor, todos estes formatos podem ser utilizados pelo

profissional de Relações Públicas ao prestar assessoria.

Por isso o informativo impresso foi escolhido como o instrumento estratégico de

comunicação comunitária a ser planejado e executado para a Escola Sofia. A seguir,

descrevemos o caminho percorrido no desenvolvimento do projeto.

2. O planejamento e a execução do projeto “Vem conhecer a Sofia”

A criação do projeto do informativo “Vem conhecer a Sofia” da Escola

Municipal de Educação Infantil Sofia Pich, iniciou-se a partir da disciplina de

Comunicação Comunitária, através do diagnostico da comunicação da entidade. Após o

recolhimento destas informações, deu-se início a construção do planejamento para a

execução do informativo com base nas aulas e conteúdos vinculados à disciplina

“Planejamento de Programas Comunitários e Campanhas Institucionais”.

O projeto de comunicação comunitária para a Escola Municipal de Educação

Infantil Sofia Pich foi primeiramente apresentado para o Interact Club, a fim de obter

patrocínio para a realização do projeto. Após a aceitação do Clube, apresentamos a

proposta para a direção da escola, através da diretora, que repassou o projeto para a

Secretaria Municipal de Educação (SMEC). Foi realizada reunião, com esta entidade a

fim de ajustar o projeto as demandas da entidade assessorada e dos seus coordenadores

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municipais. Aprovado o projeto em todas as escalas, deu-se início ao planejamento e

elaboração do informativo institucional.

O primeiro passo para a construção do informativo institucional “Vem conhecer

a Sofia”, foi fazer as autorizações de uso de imagem para todos os alunos da escola.

Junto com as autorizações, uma breve explicação do projeto, para esclarecimento dos

pais. Após o recolhimento das autorizações, iniciamos um levantamento das

informações da escola com a coordenadora pedagógica da Secretária Municipal de

Educação e Cultura (SMEC), que nos auxiliou na elaboração de textos sobre a data de

fundação, números de alunos, horários, quadro de funcionários e projetos desenvolvidos

na escola.

Como solicitado pelas professoras e responsáveis da SMEC, sentiu-se a

necessidade de explicar o porquê do nome da escola, ou seja, explicar quem foi Sofia

Pich, pelo fato de se constatar que poucos realmente conhecem a história da

homenageada. Através de documentos históricos obtidos com o historiador de

Frederico Westphalen, Wilson Ferigollo, construiu-se o texto sobre Sofia Pich. Para a

página destinada ao apoiador do informativo, Interact club, obteve-se auxílio do atual

presidente, para elaboração do conteúdo e que disponibilizou fotos dos projetos já

desenvolvidos pelo mesmo.

As fotos da Escola foram registradas nos turnos da manhã e tarde, contemplando

a maioria dos alunos e professoras. Foram realizadas reuniões com as professoras, tanto

no turno da manhã quanto no turno da tarde, para que elas participassem da construção

do conteúdo relacionado ao quadro de horários dos alunos, e também as atividades

educativas que cada turma desenvolve durante o ano letivo.

A edição do informativo institucional iniciou-se com a escolha de cores,

tipografia e design. Após está etapa, foram adicionados os conteúdos e as fotografias.

Em novembro, foi entregue a primeira versão do informativo institucional para as

professoras da escola, para revisão dos conteúdos. Após isto, foram feitas pequenas

alterações conforme solicitado pelas professoras. No mesmo mês, foi entregue a prova

final para a Secretaria Municipal da Educação e Cultura, à professora orientadora do

projeto, e ao o presidente do Interact Club, a fim de que fossem feitos os últimos ajustes

necessários. Em seguida, as versões revisadas foram recolhidas e reajustadas de acordo

com as sugestões dadas. Finalizados os ajustes o informativo foi enviado para

impressão.

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3.1 O Informativo “Vem conhecer a Sofia”

O informativo teve uma tiragem de cento e cinquenta exemplares, de oito

páginas, colorido e de tamanho 21x27cm. Questões relacionadas à cor, fonte,

diagramação e conteúdo, foram escolhidas em debate entre os acadêmicos envolvidos

no projeto, professoras e alunos da Escola e também os interactianos responsáveis pela

ajuda no desenvolvimento do informativo. O valor total foi de trezentos e noventa reais.

A gráfica Grafimax concedeu um desconto de cento e cinquenta reais tornando-se

parceira do projeto. Ao Interact Club, ficou a parcela de duzentos e quarenta reais, como

apresentado no projeto.

O material teve linguagem acessível. No nome criado para a revista, ficou claro

a vontade dos produtores em esclarecer questões relacionadas à Escola e para criar esse

envolvimento inicial a capa conteve fotos do público da entidade e o nome da revista

“Vem conhecer a Sofia”, conforme figura 1.

Figura 1- Capa Informativo “Vem Conhecer a Sofia”

Na segunda página, para contextualizar os leitores e fazê-los entender o porquê

dos demais assuntos do informativo, foram inseridas informações pertinentes a

elaboração do projeto, créditos e a fala da diretora da escola, que possibilitaram uma

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maior afirmação sobre o envolvimento da Escola com o projeto e parceiros. Ficou

destinada a terceira página ao Interact Club de Frederico Westphalen, onde foram

relatados os projetos desenvolvidos por eles em parceria com a Escola e uma breve

explicação do que é o clube.

Para alcançar o objetivo principal do informativo de esclarecer aos pais dúvidas

pertinentes a Escola, as páginas quatro e cinco apresentaram informações relacionadas

ao histórico da Escola, os horários de funcionamento e atividades curriculares.

Conforme figuras 2 e 3.

Figura 2 – Página 4 “Histórico” Figura 3 – Página 5 “Dia a Dia da Sofia”

Na página seis do informativo foram explicados os demais projetos realizados na

Escola, estes vinculados à Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Ao público

infantil, razão da entidade de ensino, destinou-se uma página intitulada “Vem colorir

com a Sofia”. A proposta desse espaço foi envolver as crianças em uma atividade

recreativa, disponibilizado na página sete. Por ter sido distribuído próximo ao Natal, a

capa final conteve uma mensagem aos pais, alunos e professores. Além disso, foram

adicionados os logotipos das entidades responsáveis pelo planejamento e coordenação,

das entidades de apoio e o nome da entidade assessorada. Conforme figura 4.

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Figura 4 - Capa final “Mensagem e apoiadores”

A entrega do informativo institucional foi realizada juntamente com a ação de

Natal que o Interact Club realiza anualmente na Escola Municipal de Educação Infantil

Sofia Pich, que contou com a presença de pais, alunos, professoras, funcionários e

comunidade local. A partir do encerramento do projeto, foi elaborado um relatório que

foi disponibilizado às entidades envolvidas, onde foram apresentadas informações sobre

todas as etapas de elaboração e execução do informativo e a avaliação de todos os

processos.

Considerações Finais

Avaliamos este projeto como uma experiência positiva, pelo fato de nos

proporcionar maior vivência tanto na comunidade que estamos inseridas, como nas

áreas de atuação da nossa profissão. Percebe-se a necessidade que muitas instituições

têm de se comunicar com todos os seus públicos. No caso da Escola Sofia Pich, a

relação entre escola e pais pode ser aprimorada através desta iniciativa que integrou

interesses da Escola, da Universidade Federal de Santa Maria, da Secretaria Municipal

da Educação e Cultura, Interact Club e também empresas apoiadoras que se engajaram

nesta causa social.

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Percebeu-se que a visibilidade do curso de Relações Públicas ainda é pequena no

Município, porém existem muitas oportunidades de serem realizados projetos de

comunicação comunitária e também em outras perspectivas de atuação, a fim de

legitimar a nossa profissão. A receptividade e a atenção com as quais as professoras e

alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Sofia Pich nos receberam, nos fez

aperfeiçoar conhecimentos profissionais e também nossas formas de relacionamento

social. Consideramos que este respeito com o qual fomos tratadas em todas as

instituições que se envolveram neste projeto é fundamental para que a Universidade

pública possa contribuir cada vez mais com a comunidade em que está inserida, logo,

para um mundo mais harmonioso em suas relações públicas.

Foi na integração de interesses e objetivos que o projeto tornou-se viável. E, esta

integração é uma das funções do profissional de Relações Públicas. Por isso, este

projeto nos motivou a continuar a caminhada e aliar cada vez mais a teoria e a prática.

REFERÊNCIAS

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legitimação: dez estudos sobre as práticas de comunicação na Universidade. Santa

Maria: FACOS/UFSM/ CNPq, 2004.

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MAFRA, Renan. Entre o espetáculo, a festa e a argumentação- mídia, comunicação

estratégica e mobilização social. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

PERUZZO, Cicilia Maria Krohling. Revisitando os Conceitos de Comunicação Popular,

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VILALBA, Rodrigo. Teorioa da Comunicação: conceitos Básicos. São Paulo: Átila, 2006.