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COMPRA DE IMÓVEIS PRECAUÇÕES NA AQUISIÇÃO IMOBILIÁRIA 1 ª Edição 201 9.1 PERNAMBUCO Comissão de Direito Imobiliário

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COMPRA DE IMÓVEIS PRECAUÇÕES NA AQUISIÇÃO 

IMOBILIÁRIA 

 

1ª Edição 

2019.1  

 

 

 

PERNAMBUCO

Comissão deDireito Imobiliário

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IMOBILIÁRIAPRECAUÇÕES NA AQUISIÇÃOCOMPRA DE IMÓVEIS

PERNAMBUCO

Comissão deDireito Imobiliário

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APRESENTAÇÃO A aquisição imobiliária faz parte da cultura dos brasileiros, não só quando se fala em realizar o sonho da casa própria, mas especialmente quando se consideram linhas de investimentos1. Contudo, para que o sonho não vire pesadelo, são necessárias algumas cautelas para garantir a segurança jurídica desta aquisição que, muitas vezes, envolve investimentos de uma vida inteira. Partindo dessa premissa, a Comissão de Direito Imobiliário da OAB-PE, no exercício de suas atribuições, desenvolveu a presente cartilha, com o intuito de reunir, didaticamente, as principais diligências que devem ser observadas pelo comprador na aquisição de um imóvel, com o necessário assessoramento do advogado especializado na matéria. Para facilitar a compreensão, este material foi dividido em duas partes: a primeira, com as diretrizes gerais aplicáveis a toda e qualquer aquisição imobiliária; e a segunda, com uma abordagem mais específica, a depender do tipo do imóvel a ser adquirido. Boa leitura!

1 Após a caderneta de poupança, é o investimento

mais realizado pelos brasileiros, de acordo com pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), haja vista a solidez normalmente atrelada a esse ativo. Fonte: https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/pesquisa/1272

SUMÁRIO PARTE GERAL 2

TIPOS DE IMÓVEIS 3

PARTE ESPECIAL 4

OUTRAS ORIENTAÇÕES 8

ANEXO 9

1. PARTE GERAL ANTES de comprar qualquer imóvel, todo adquirente, seja ele um comprador eventual ou um frequente investidor no ramo imobiliário, precisa ter em mãos os seguintes documentos: 1.1 Documentos relativos ao imóvel ❏ Certidão de inteiro teor2, emitida nos últimos 30 (trinta) dias pelo cartório de registro3 de imóveis competentes4;

2 Comumente referida como sinônimo de certidão

de matrícula. A verificação da existência de ônus registrados na matrícula do imóvel ou, ainda, a existência de averbações premonitórias, é imprescindível para que se entenda, juntamente com a análise das demais certidões, possíveis fraudes contra credores (art.158 do CC e ss) ou à execução (art. 792 do CPC), a depender da solvabilidade do vendedor. Nesses casos, para viabilidade do negócio, recomendamos a verificação da existência de patrimônio do vendedor superior ao passivo eventualmente encontrado.

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❏ Traslados dos títulos aquisitivos, caso na certidão de inteiro teor do imóvel conste proprietário diferente daquele que está negociando o bem;

❏ Certidão Negativa de Domínio da União, obtida junto à Superintendência do Patrimônio da União5, nos casos de imóveis que não pertençam à União, ou Certidão Negativa de Débitos Patrimoniais, nos casos de imóveis pertencentes à União, conforme o caso.

1.2 Documentos relativos ao(s) vendedor(es) ❏ Certidões de distribuidores de feitos ajuizados na Justiça Estadual, Justiça Federal e Justiça do Trabalho, bem como certidões negativas de débitos trabalhistas, emitidas tanto na comarca da situação do imóvel, quanto na comarca do domicílio do vendedor6;

3 Em Recife há, atualmente, 07 (sete) cartórios de registro de imóveis. A competência registral, os endereços e contatos dos respectivos cartórios estão indicados no anexo desta cartilha. Se o imóvel tiver passado a integrar uma nova circunscrição e, portanto, seu registro tenha passado para a competência de outro cartório, é necessário solicitar, além da certidão de matrícula no antigo cartório competente, a certidão negativa de assentamento registral no novo. 4 Adicionalmente à certidão de inteiro teor, ainda é

possível solicitar uma certidão simplificada de ônus e propriedade.

5 É de suma importância ter ciência da natureza

jurídica do terreno, para que seja levado em consideração, no custo de aquisição do bem, o pagamento do laudêmio e, no custo de manutenção do imóvel, as taxas anuais de foro e/ou ocupação, conforme o caso.

6 Em que pese a vigência da Lei Federal nº

13.097/2015, que instituiu a concentração dos atos na matrícula do imóvel, há hipóteses em que poderão ser opostas, contra adquirentes de boa-fé, situações não registradas ou averbadas na matrícula do imóvel (art. 54, § único, da referida Lei).

❏ Certidões negativas de protesto de títulos emitidas pelos cartórios competentes, tanto no município da situação do imóvel, quanto no município do domicílio do vendedor;

❏ Certidão negativa de débitos relativos a tributos federais, estaduais e municipais. ❏ Se pessoa física: documentos pessoais (RG e CPF) e certidões que comprovem o estado civil7, bem como pacto antenupcial ou escritura de regulamentação de união estável, e documentos pessoais (RG e CPF) do respectivo cônjuge ou companheiro, conforme o caso; ❏ Se pessoa jurídica: instrumento(s) societário(s) que indiquem a forma de representação e documentos pessoais (RG e CPF) dos representantes, bem como certidão simplificada emitida pela Junta Comercial competente nos últimos 30 (trinta) dias.

2. TIPOS DE IMÓVEIS Para fins desta cartilha, os imóveis foram divididos em 04 (quatro) grupos, a depender das características do bem e do momento da aquisição:

➢ Imóveis em construção - futuras unidades autônomas que integrarão

7 A depender do estado civil da parte vendedora

será necessário exigir os documentos pessoais do cônjuge ou companheiro, caso as tratativas estejam ocorrendo apenas com um deles.

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empreendimentos ainda não construídos ou concluídos;

➢ Imóveis construídos e novos - unidades autônomas prontas para uso, nunca habitadas e que não tenham sido anteriormente alienadas;

➢ Imóveis construídos e usados - unidades autônomas prontas para uso, que já foram habitadas e anteriormente alienadas a outros titulares;

➢ Terrenos - áreas de terras nas quais será edificada uma futura construção.

Veremos, nos tópicos a seguir,

adicionalmente aos documentos

indicados no item 1, as diligências

mínimas aconselháveis, a depender do

tipo do imóvel que se pretende adquirir.

3. PARTE ESPECIAL

3.1 Imóveis em construção São aqui considerados todos aqueles negociados antes do início das obras ou durante a fase de construção de um empreendimento8. É condição inafastável para a aquisição desse tipo de imóvel a comprovação do prévio registro da incorporação imobiliária junto ao cartório de imóveis, o que pode ser verificado através da certidão de inteiro teor referida no item 01. O memorial de Incorporação registrado é o conjunto de documentos a serem necessariamente examinados para certeza das especificidades referentes às unidades e às áreas

8Popularmente denominados como sendo

comprados “na planta”.

comuns do empreendimento que serão entregues, do prazo de entrega da obra e da capacidade financeira e regularidade fiscal da Incorporadora. Antes do registro da incorporação, não pode haver negociação das unidades futuras por parte da incorporadora9. Destacamos os seguintes documentos integrantes do Memorial e cautelas a serem tomadas: ❏ Memorial descritivo do empreendimento, para fins de análise das áreas do empreendimento e da qualidade dos materiais e equipamentos que serão utilizados, como azulejos, pias, metais, elevadores, interfones, etc;

❏ A minuta da Convenção Coletiva registrada para análise das obrigações e restrições básicas aos condôminos;

❏ Certidões de quitação das taxas, impostos e contribuições que incidam sobre o terreno onde será erigida construção (IPTU ou ITR, taxa de prevenção contra incêndios, taxas de foro ou ocupação, tudo conforme o caso). Diferente dos tipos adiante tratados, nesta modalidade de aquisição o adquirente compra uma fração ideal que corresponderá a uma unidade futura. Ou seja, o apartamento, o flat, a casa ou o bangalô não existem fisicamente. Trata-se de uma promessa de compra de coisa futura pela qual o adquirente começa a pagar muito antes daquela existir, tendo, muitas vezes,

9 São contravenções contra a economia popular,

dentre outras, a negociação, por parte do incorporador, de frações ideais de terreno, sem a observância das exigências legais (art. 66 da Lei nº 4591/1964).

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apenas um folder10 com imagens ilustrativas de como ficará o empreendimento. Portanto, além dos documentos listados e do Memorial de Incorporação, faz-se importante a realização de efetiva pesquisa sobre o comprometimento da incorporadora com os prazos de entrega11, assim como a qualidade de materiais e do acabamento de outras obras já concluídas por aquela. 3.2 Imóveis construídos e novos

Consideramos imóvel “novo” ou “recém-construído” aquele cuja expedição do “habite-se” tenha ocorrido em até 180 (cento e oitenta) dias12 ou aquele que ainda esteja na posse e propriedade da incorporadora para a realização da primeira transferência. Além dos documentos referidos no item 1, devem ser solicitados: ❏ Certidões de quitação das taxas, impostos e contribuições que incidam sobre a propriedade imobiliária (IPTU ou ITR, condomínio, taxa de prevenção contra incêndios, despesas relacionadas a consumo de energia e água, se houver, taxas de foro ou ocupação para imóveis pertencentes à União, tudo conforme o caso);

10 É importante que o adquirente guarde consigo o folder para comparação futura quando da entrega do empreendimento. 11

O adquirente deve se atentar ao prazo de entrega da unidade, bem como para eventual possibilidade contratual de prorrogação do mesmo (geralmente prevista como uma espécie de cláusula de tolerância).

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Resolução nº 4.572/2017 do Conselho Monetário Nacional.

❏ Caso a construção da unidade não esteja averbada na matrícula imobiliária, o que deve ser constatado através da análise da certidão de inteiro teor referida no item 1, exigir documentos que comprovem a expedição do habite-se e a regularização do imóvel perante o poder municipal, bem como a Certidão Negativa de Débitos referentes às obrigações previdenciárias decorrentes de execução da construção do imóvel13; ❏ Plantas elétricas e hidráulicas do

imóvel, possibilitando que eventuais serviços sejam realizados com maior segurança; ❏ Em se tratando de imóvel

integrante de um condomínio, exigir o registro do instrumento de instituição, especificação e convenção do condomínio. É comum que tais imóveis sejam, originariamente, objeto de garantia do financiamento da obra contraído pela construtora junto a instituições financeiras. Nesses casos, embora o Provimento nº 04/2017 da CGJ/PE, seguindo a linha da Súmula nº 308 do STJ14, autorize o registro do título de transferência, independente da existência do gravame e da anuência do credor hipotecário, em razão da sua ineficácia em relação ao adquirente do imóvel, é prudente exigir, previamente, da parte vendedora, a averbação do cancelamento do ônus

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Hipóteses de dispensa prevista na Instrução Normativa da RFB nº 971/2009. 14

A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.

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junto ao cartório de imóveis, por representar diligência e custos que devem ser arcados por aquela. Havendo a postergação, o adquirente, embora se torne o proprietário, dependerá de diligências da parte vendedora depois do pagamento do preço. Ressalta-se a importância de uma criteriosa vistoria do imóvel15, tendo em vista que, nos termos do art. 26, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor, é garantido ao comprador o prazo de 90 (noventa) dias para reclamar de eventuais vícios aparentes ou de fácil constatação, prazo esse que começa a ser contado quando do recebimento do imóvel. Na hipótese de vício oculto (aqueles de difícil constatação, que podem levar anos para serem identificados), o prazo para reclamar é o mesmo, mas é contado a partir da identificação daquele vício. O comprador deve analisar, ainda, as áreas comuns, as opções de lazer, o funcionamento dos elevadores, a localização das garagens, a existência ou não de mobília naquelas áreas, sempre comparando com os atributos do imóvel que foram prometidos pelo vendedor. 3.3 Imóveis construídos e usados Para fins desta cartilha, são exemplos de imóveis usados os apartamentos, as casas, os flats ou qualquer tipo de unidades autônomas prontas para uso e que já foram alienadas a outros titulares.

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São exemplos de preocupações básicas que o comprador deve ter: realizar o teste de todas as luzes, descargas e torneiras, conferir eventuais ondulações nos pisos e azulejos, bem como se há cupim nas áreas cujo material seja a madeira.

Uma das maiores preocupações para esse tipo de aquisição está em verificar se existem débitos do imóvel junto aos órgãos municipais, estaduais e federais, bem como dívidas dos vendedores que possam repercutir sobre o bem. Além dos documentos referidos no item 1, devem ser solicitados: ❏ Certidões de quitação das taxas, impostos e contribuições que incidam sobre a propriedade imobiliária (IPTU ou ITR, condomínio, taxa de prevenção contra incêndios, despesas relacionadas a consumo de energia e água, taxas de foro ou ocupação para imóveis pertencentes à União, tudo conforme o caso); ❏ Caso a construção da unidade não esteja averbada na matrícula imobiliária16, o que deve ser constatado através da análise da certidão de inteiro teor referida no item 1, exigir da parte vendedora documentos que comprovem a expedição do habite-se e a regularização do imóvel perante o poder municipal, bem como a Certidão Negativa de Débitos referentes às obrigações previdenciárias decorrentes de execução da construção do imóvel17;

❏ Em se tratando de imóvel integrante de um condomínio, exigir o registro do instrumento de instituição, especificação e convenção do condomínio.

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Para a averbação da construção junto ao cartório de imóveis, além dos documentos específicos acima citados, haverá o dispêndio de custos, de modo que o adquirente precisa estar atento para não assumir a obrigação por essa diligência sem saber. 17

Hipóteses de dispensa prevista na Instrução Normativa da RFB nº 971/2009.

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Assim como no caso dos imóveis do item 3.2, o comprador deve analisar, ainda, as áreas comuns, as opções de lazer, o funcionamento dos elevadores, a localização das garagens, bem como fazer uma vistoria cuidadosa dentro da unidade autônoma para atestar a inexistência de eventuais vícios no bem. 3.4 Terrenos Os terrenos, por se tratarem de imóveis livres de benfeitorias, geralmente possuem um valor de mercado reduzido e, comumente, são adquiridos para a edificação de casas residenciais ou empreendimentos imobiliários, bem como para a constituição de loteamentos para futuras edificações.

Além dos documentos referidos no item 01, devem ser solicitados: ❏ Levantamento planialt-métrico18, caso a matrícula não esteja georreferenciada19; ❏ Ficha do Imóvel; ❏ Certificado de Cadastro de Imóvel Rural no INCRA, conforme o caso;

❏ Certidões de quitação das taxas, impostos e contribuições que incidam sobre a propriedade imobiliária (IPTU ou ITR, taxa de prevenção contra incêndios, despesas relacionadas a consumo de energia e água, taxas de foro ou ocupação, tudo conforme o caso);

18

Planta exata do terreno, elaborada por um topógrafo profissional. 19

Tem o objetivo de evitar que o imóvel comprado tenha uma área diferente daquela negociada, bem como permite verificar a necessidade de se realizar uma retificação de área, sobretudo quando houver divergência entre os cadastros municipais, estaduais e federais do imóvel.

Há, ainda, algumas diligências e documentos20 específicos para a aquisição de terrenos destinados a empreendimentos imobiliários: ❏ Sondagem do solo21;

❏ Laudo ambiental; ❏ Certidão de Regularidade da Empresa – Caixa Econômica Federal (se o vendedor for Pessoa Jurídica);

❏ Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS);

❏ Certidões Negativas de Desapropriação, emitidas pelos entes federativos;

❏ Certidões Negativas de Tombamento, emitidas pelos entes federativos;

❏ Certidão de Diretrizes, emitida pela Prefeitura Municipal;

❏ Certidão de Diretrizes, emitida pelas concessionárias de energia, água e esgoto; ❏ Certidão emitida pelo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo - CINDACTA, para imóveis localizados em área de cone de vôo, com autorização para construção;

20

Tais documentos são especialmente importantes para que se identifique o zoneamento em que o imóvel está inserido e possíveis restrições aplicáveis àquele, seja pelo próprio zoneamento ou pelos demais órgãos lá listados.

21

Com a sondagem do solo, é possível conhecer as características do terreno, como a espessura das camadas que o compõe, sua resistência e a provável localização do lençol freático, caso exista. Dependendo dos resultados obtidos com o estudo, o projeto pode até ser financeiramente inviabilizado.

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❏ Estudo urbanístico e

arquitetônico;

❏ Declaração assinada pelo vendedor de que não tramitam contra ele inquéritos civis ou qualquer procedimento administrativo ou ação judicial que versem sobre o imóvel ou que possam atingi-lo;

❏ Documento que comprove o registro imobiliário patrimonial (RIP) e o sequencial.

A verificação in loco do imóvel a ser adquirido é de fundamental importância para que sejam identificadas possíveis invasões no local; construções existentes pendentes de regularização; bem como a existência de corpos arbóreos que podem demandar a obtenção de licenças específicas para sua retirada. Recomenda-se, também, a realização prévia de estudos ambientais e do solo a fim de evitar futuros passivos judiciais ou custos com a identificação tardia da necessidade de executar serviços de recuperação do terreno ou de soluções de engenharia onerosas para o empreendimento.

4. OUTRAS ORIENTAÇÕES Superada a etapa de análise dos documentos e da constatação da segurança jurídica da aquisição do imóvel, passa-se para a fase de alinhamento das condições do negócio. A formalização das tratativas, comumente, é realizada através da redação de compromisso de compra e venda, sendo sempre necessário o assessoramento por advogado

especializado na matéria, com o intuito de garantir a preservação dos interesses do adquirente. O comprador deve ter em mente a necessidade de regularizar juridicamente sua aquisição, registrando o título translativo da propriedade junto ao cartório de imóveis competente, posto que, com base na legislação civil, quem não registra não é dono22. Com a ressalva das exceções previstas em lei23, em que o instrumento particular servirá de título de transferência de propriedade, será necessária a lavratura de escritura pública de compra e venda24 e o seu posterior registro no cartório de imóveis25 competente para que o comprador se torne, juridicamente, proprietário do imóvel. Por isso, é interessante que o adquirente considere as despesas de transferência dentro do seu custo de aquisição, sendo

22

Art. 1.245 do Código Civil. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.

23

São exemplos de exceções de títulos particulares que podem ser registrados diretamente no registro de imóveis os contratos que tiverem como parte as entidades integrantes do Sistema Financeiro da Habitação – SFH e os instrumentos particulares de contratos de compra e venda com pacto de alienação fiduciária. 24

A escritura de compra e venda poderá ser lavrada em qualquer cartório de notas, independente da localização do imóvel. 25

Diferente do que acontece com a lavratura da escritura, onde há a livre escolha das partes pelo cartório que irá lavrá-la, o registro deste título deverá ser feito especificamente no cartório de imóveis competente da circunscrição do imóvel. Vide anexo em relação a área de abrangência de cada um dos 7 (sete) cartórios de imóveis do Recife.

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elas, principalmente26: o imposto de transmissão (ITBI)27 e os emolumentos28 com a lavratura da escritura e com o seu registro no cartório de imóveis. Ao final do registro, o adquirente deve, ainda, promover as alterações da titularidade do imóvel junto às repartições competentes29, a exemplo de concessionárias de serviço público, Prefeitura Municipal, Corpo de Bombeiros e Secretaria de Patrimônio da União, se for o caso. Salientamos, por fim, a importância do trabalho dos Corretores de Imóveis, responsáveis pela mediação negocial, avaliação do imóvel e apuração dos riscos mercadológicos. Ditas informações técnicas repassadas para os advogados também colaboram na eficiência do negócio jurídico.

5. ANEXO

5.1 Da evolução histórica dos Cartórios de Imóveis do Recife

O município do Recife possuía inicialmente apenas o 1º Cartório de Registro de Imóveis, instalado em 15/12/1865, por força da Lei. nº 1.237/1864,

26

Acrescente-se, ainda, o laudêmio devido nos casos de imóveis submetidos ao regime de ocupação ou aforamento, a exemplo dos chamados “terrenos de marinha”..

27

No caso dos imóveis situados no Recife, atentar para as hipóteses de redução da alíquota do ITBI de 3% para 1,8%, nos termos no art. 55 do Código Tributário Municipal do Recife. 28

Os valores são tabelados dentro de cada Estado. Em Pernambuco, a tabela encontra-se disponível para consulta no site do Tribunal de Justiça. 29

Sob pena de responder por eventuais prejuízos em nome do anterior proprietário.

que era responsável por todos os imóveis da cidade.

Posteriormente, com a Lei 2567/1956, que promoveu a primeira reorganização da atividade, foi instalado em 29/11/1956 o 2º Cartório de Registro de Imóveis do Recife, passando a existir no município dois cartórios de imóvel, que tinham como marco divisório o Rio Capibaribe.

Em seguida, com o advento da Lei nº 8581/1981, houve a segunda reorganização na atividade, sendo instalado em 12/05/1982 o 3º Cartório de Registro de Imóveis, desmembrado do 2º Cartório de Registro de Imóveis, como também, foi instalado em 22/04/82 o 4º Cartório de Registro de Imóveis, desmembrado do 1º Cartório de Registro de Imóveis.

Atualmente, a Lei nº. 196/2011 realizou a terceira reorganização dos cartórios de imóveis do Recife, com a instalação em 03/01/2018 do 7º Cartório de Registro de Imóveis, desmembrando do 4º Cartório de Registro de Imóveis, utilizando como marco divisório a Av. Engenheiro Abdias de Carvalho até o Giradouro do Curado, seguindo ao oeste pela BR 101 até o Rio Capibaribe.

Além disso, a Lei nº. 196/2011 também possibilitou a instalação em 06/12/2017 do 5º Cartório de Registro de Imóveis, desmembrado do 1º Cartório de Registro de Imóveis, como também, a instalação em 07/12/2017 do 6º Cartório de Registro de Imóveis, desmembrado do 2º Cartório de Registro de Imóveis.

5.2 Das circunscrições

Segue, abaixo, a indicação dos bairros que integram as respectivas circunscrições dos sete cartórios de registro de imóveis do Recife, bem como

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dos respectivos endereços e contatos das serventias:

❏ 1º OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO RECIFE

Mapa: https://goo.gl/331iiW

Principais bairros: Boa Viagem, Brasília Teimosa, Cabanga, Ilha Joana Bezerra, Pina, Recife, Santo Antonio e São José.

Cartório anterior: Não possui

Titular: Dra. Miriam de Holanda Vasconcelos

Endereço: Rua Siqueira Campos, 160 - Sala 107, Recife-PE, CEP: 50010-010

Site: www.1rgirecife.com.br

Telefone: (81) 3224 8533

❏ 2º OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO RECIFE

Mapa: https://goo.gl/YsbiM6

Principais bairros: Boa Vista, Coelhos, Derby, Ilha do Leite, Paissandu, Santo Amaro e Soledade.

Cartório anterior: 1º Registro de Imóveis de 15/12/1865 a 28/11/1956

Titular: Dr. André Villaverde de Araújo

Endereço: Rua João Fernandes Vieira, 489, Boa Vista, Recife-PE. CEP: 50.050-245

Site: http://www.2rirecife.com.br

Telefone: (81) 3132-9191

❏ 3º OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO RECIFE

Mapa: https://goo.gl/zFXGLH

Principais bairros: Água Fria, Alto do Mandú, Apipucos, Bomba do Hemetério, Brejo da Guabiraba, Cajueiro, Casa Amarela (parte), Caxangá (parte), Córrego do Jenipapo, Dois Irmãos, Dois Unidos, Guabiraba, Macaxeira, Mangabeira, Morro da Conceição, Passarinho, Sítio dos Pintos, etc.

Cartórios anteriores: 1º Registro de Imóveis de 15/12/1865 a 28/11/1956 e 2º Registro de Imóveis de 29/11/1956 a 11/05/1982

Substituta: Dra. Sandra Dourado Pessoa de Melo Gusmão

Endereço: Rua José Carvalheira, 97, Tamarineira, Recife-PE, CEP: 52051-060

Telefone: (81) 3204-7686

❏ 4º OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO RECIFE

Mapa: https://goo.gl/4YScQ9

Principais bairros: Cidade Universitária (parte), Cordeiro, Engenho do Meio, Iputinga (parte) Madalena, Prado (parte), Torre, Torrões (parte) e Zumbi.

Cartório anterior: 1º Registro de Imóveis de 15/12/1865 a 21/04/1982.

Titular: Dr. Paulo Roberto Olegário de Sousa

Endereço: Rua Benfica, 126, Madalena, Recife-PE, CEP: 50720-001

Site: http://www.4rirecife.com.br

Telefone: (81) 3228-2708

❏ 5º OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO RECIFE

Mapa: https://goo.gl/WySLB6

Principais bairros: Barro, Cohab, Ibura, Imbiribeira, Ipsep e Jordão.

Cartório anterior: 1º Registro de Imóveis de 15/12/1865 a 05/12/2017.

Titular: Dr. Philipe Hoory

Endereço: Rua Antonio Lumack do Monte, 96, Sala 202, Boa Viagem, Recife-PE, CEP: 51020-280

Telefone: (81)3037-0888

❏ 6º OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO RECIFE

Mapa: https://goo.gl/Q5LE7i

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Principais bairros: Aflitos, Casa Amarela (parte), Casa Forte, Encruzilhada, Espinheiro, Graças, Hipódromo, Parnamirim, Poço da Panela, Ponto de Parada, Rosarinho, Torreão, etc.

Cartórios anteriores: 1º Registro de Imóveis de 15/12/1865 a 28/11/1956 e 2º Registro de Imóveis de 29/11/1956 a 06/12/2017

Titular: Dr. Roberto Lúcio de Souza Pereira

Endereço: Av. Agamenon Magalhães, 2939 - 6º Andar, Sala 603, Espinheiro, Recife-PE, CEP: 52021-170

Telefone: (81)3423-0410

❏ 7º OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO RECIFE

Mapa: https://goo.gl/KNvsQp

Principais bairros: Afogados, Areias, Barro (parte), Bongi, Caçote, Caxangá, Cidade universitária (parte), Coqueiral (parte), Curado, Estância, Ilha do Retiro, Iputinga (parte), Jardim São Paulo, Mangueira, Mustardinha, Prado (parte), San Martin, Sancho, Tejipió (parte), Totó, Torrões (parte) e Várzea.

Cartórios anteriores: 1º Registro de Imóveis de 15/12/65 a 21/04/82 e 4º Registro de Imóveis de 22/04/82 a 02/01/18

Titular: Dra. Nethanya Sinya Santos Cavalcante

Endereço: Av. Eng. Abdias de Carvalho, 1111, Prado, Recife-PE, CEP: 50830-000

Telefone: (81)3132-2517

COLABORADORES

O presente material contou com a colaboração especial do Grupo de Trabalho formado pelos seguintes membros da Comissão de Direito Imobiliário - CDI:

Augusto Lócio (Presidente) - OAB/PE 22.079

Mariana Cavalcanti (Vice-Presidente) - OAB/PE 30.914

Andressa Mourato - OAB/PE 25.675

Érika Lócio - OAB/PE 20.697

Helder Oliveira - OAB/PE 29.445

Rebeka Batista - OAB/PE 47.753

Rodrigo Marvão - OAB/PE 37.360

Rogério Camello - OAB/PE 43.933

Tiago Oliveira - OAB/PE 24.687

Carla Taveira - OAB/PE 47.885