composições líricas - mágicas e religiosas: orações e responsos
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Composições LíricasMágicas e religiosas: Orações e responsos
Anjo da Guarda
Anjo da minha guarda,
Semelhança do meu Senhor,
Para mim foste criado,
Bom amparo guardador.
Peço-bos, ó anjo bendito,
Pela graça e poder
Dos laços do demónio,
Me haveis de defender.
Anjo da minha guarda,
Meu celeste companheiro,
Não me desampareis
Pelas minhas grandes ingratidões,
Ilustrai-me com santas inspirações,
Para que eu não seja mais ingrata
Ao meu Deus que me criou.
Santo Anjo do Senhor,
Meu zeloso guardador,
Só a ti me confiou
A piedade divina
Hoje e sempre me reja, guarde, goberne, ilumine. Ámen.
Reza-se um Pai-nosso e uma Ave-maria.
Nídia Costa, 67 anos, Quintã
São Bartolomeu
São Bartolomeu me disse
Que descansasse e dormisse
E que nenhum medo me tocasse,
Nem de ar, nem de sombra,
Nem de peso de mão pesada.
Quatro cantos tem a casa,
São Lucas, São Marcos, São Mateus
E bós, meu dibino Deus.
Maria de Lassalete, 64 anos, Quintã
Santa Bárbara
Santa Bárbara bendita,
Que no céu está escrita,
Com papel e água benta,
Pedindo a Nosso Senhor
Que nos abrande esta tormenta.
Isaura Costa, 52 anos, Quintã
Ao lavar a cara de manhã
Alma de Cristo santificai-me,
Corpo de Cristo salvai-me,
Sangue de Cristo inebriai-me,
Água de lá de Cristo lavai-me,
Paixão de Cristo confortai-me,
Ó meu bom Jesus, ouvi-me,
Dentro das vossas chagas escondei-me,
Do inimigo maligno defendei-me,
Na hora da minha morte chamai-me
E mandai-me ir para vós, para que vos louve com os vossos santos.
Por todos os séculos dos séculos. Ámen.
Nídia Costa, 67 anos, Quintã
Ao deitar
Com Deus me deito,
Com Deus me alebanto,
Com a graça de Deus e à do dibino Espírito Chanto,
A Chenhora que me cubra com o cheu manto.
Che eu co ele coberta for,
Não terei medo nem temor,
Quanto deste mundo for.
Chenhor, eu dormir quero.
Che eu morrer, alumiai-me
Co as onze mil candeias da Chantíssima Trindade.
Santíssima Trindade me acompanhe,
O Espírito Santo me dê a luz,
Encomendai a minha alma
Ao chanto nome de Jesus.
Maria Lisete Costa, 66 anos, Quintã
Na sepultura da vida me deito,
Não sei se dela me boltarei a lebantar,
Se a morte me bier buscar,
Tenho os meus pecados por confessar.
Confesso-os a bós, ó meu Deus,
Que sabeis quantos eles são.
Dai-mos por perdoados
E botai-me a absolbição,
Enquanto eu faço um acto de contrição.
Edite Costa, 52 anos, Quintã
Entrego ao Jesus
E à santíssima cruz
E ao Santíssimo Sacramento
E às relíquias que tem dentro
E às três missas de Natal,
Para que nada nos faça mal.
O Anjo da Guarda e a Birgem Maria
Nos faça companhia,
Padre-nosso e Ave-maria.
Maria Celeste Costa, 82 anos,
Maria Lisete Costa, 66 anos, Edite Costa, 52 anos, Quintã
Senhor do horto
Senhor do horto,
Foste preso, foste morto,
Perdoai os meus pecados,
Que são tantos e tão perlongados.
Fui aos pés do confechor,
Não os pude confechar,
Mas confecho a bós, Chenhor,
Que chabeis quantos eles chão:
Esquecidos e lembrados,
Conhecidos e desconhecidos,
Confechados e por confechar.
Ai meu Deus, de tudo bos peço perdão.
Dai-me neste mundo a contrição
E no outro a chalbação.
Maria Lisete Costa, 66 anos, Quinta
Bênção do pão
São Mamede te levede,
São Vicente te acrescente,
São João te faça bom pão.
Maria de Lassalete, 64 anos, Quintã
Responso a Santo António
Santo António se bestiu e se calçou,
Sua cajatinha pegou,
A seu caminho andou,
Jesus Cristo encontrou,
Jesus Cristo lhe perguntou:
- Ó António, onde vais?
- Eu ao céu me vou.
- Tu ao céu não irás,
Tu na terra ficarás.
Quando as coisas se perderem,
Todas tu encontrarás;
Quantas missas se disserem,
A todas tu ajudarás.
Edite Costa, 52 anos, Quintã
Santo António che bestiu e che calçou,
Ao caminho se botou,
Jesus Cristo encontrou,
Jesus Cristo lhe perguntou:
- António, onde bais?
- Ao céu bou.
- Tu ao céu não irás,
Tu na terra ficarás.
Quantas michas che rezarem,
Quantas tu ajudarás;
Quantas coijas che perderem,
Todas tu encontrarás.
Maria Lisete Costa, 66 anos, Quintã
Composições Líricas
Ensalmos
Cortar o bicho
Corto-te,
Cobra, cobrão,
Sapo, sapão,
Aranha, aranhão,
Lagarto, lagartixa,
Todo o bicho peçonhento,
Que não cresça nem abeça,
Nem junte o rabo com a cabeça.
Em louvor de São Simão,
Pa trás sim, pa frente não.
Isaura Costa, 52 anos, Quintã