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Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Gurupi Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal LEILA PAULA TONELLO COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS CULTIVADOS EM DIFERENTES ÉPOCAS E NÍVEIS DE NUTRIÇÃO MINERAL GURUPI - TO 2014

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Universidade Federal do Tocantins

Campus Universitário de Gurupi Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

LEILA PAULA TONELLO

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS CULTIVADOS EM DIFERENTES ÉPOCAS E NÍVEIS DE

NUTRIÇÃO MINERAL

GURUPI - TO

2014

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Universidade Federal do Tocantins

Campus Universitário de Gurupi Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

LEILA PAULA TONELLO

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS CULTIVADOS EM DIFERENTES ÉPOCAS E NÍVEIS DE

NUTRIÇÃO MINERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal da Universidade Federal do Tocantins como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Orientador: Prof. D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis

GURUPI - TO 2014

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins

Campus Universitário de Gurupi

T664c Tonello, Leila Paula Comportamento de cultivares de Arroz de terras altas cultivados em

diferentes épocas e níveis de nutrição mineral / Leila Paula Tonello. – Gurupi, 2014.

120f.

Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Tocantins,

Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, 2014.

Linha de pesquisa: Melhoramentos de Plantas.

Orientador: Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis.

1. Oryza sativa L. 2. Cerrado. 3. Nutrição mineral. I. Fidelis, Rodrigo Ribeiro. II. Universidade Federal do Tocantins. III. Título.

CDD 633.18

Bibliotecária: Glória Maria Soares Lopes - CRB-1(2088) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos

do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

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ii

Universidade Federal do Tocantins

Campus Universitário de Gurupi

Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

Defesa nº

ATA DA DEFESA PÚBLICA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE LEILA PAULA

TONELLO, DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO

VEGETAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

Aos 16 dias do mês de dezembro do ano de 2014, às 16:00 horas, no(a) Sala 15 do Bloco II, reuniu-se a Comissão Examinadora da Defesa Pública, composta pelos seguintes membros: Prof. Orientador D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, D.Sc. Hélio Bandeira Barros do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, D.Sc. Manoel Mota dos Santos do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, e pesquisador PNPD/CAPES Justino Dias Neto do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins sob a presidência do primeiro, a fim de proceder a arguição pública da DISSERTAÇÃO DE MESTRADO de LEILA PAULA TONELLO, intitulada "Comportamento de cultivares de arroz de terras altas cultivados em diferentes épocas e níveis de nutrição mineral ". Após a exposição, a discente foi arguida oralmente pelos membros da Comissão Examinadora, tendo parecer favorável à aprovação, habilitando-o(a) ao título de Mestre em Produção Vegetal.

Nada mais havendo, foi lavrada a presente ata, que, após lida e aprovada, foi assinada pelos membros da Comissão Examinadora.

D.Sc. Hélio Bandeira Barros

Primeiro examinador

D.Sc. Manoel Mota dos Santos

Segundo examinador

Dr. Justino Dias Neto

Terceiro examinador

D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis Universidade Federal do Tocantins

Orientador e presidente da banca examinadora

Gurupi, 16 de Dezembro de 2014.

D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis Coordenador do Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal

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iii

Dedico este trabalho, aos meus pais Valme Tonello e Marilene Pelizza Tonello e aos

meus irmão Edson Eduardo Tonello e Laís Tonello. São meus exemplos de vida, e

aos quais não teria conquistado esta vitória.

Ao Padre Jocleilson Sebastião da Silva à quem devo imensa gratidão pelas

orações, e dedicação nos momentos difíceis da minha vida.

Ao Professor Rodrigo Ribeiro Fidelis para sempre “meu papis”.

Ao Professo Fernando Ferreira Leão eterno Lobão (in memoriam). Grande

mestre, exemplo de vida!

À Patrícia Oshiro Brentan (in memoriam). Pelo seu grande legado de vida!

“#eusouamigodapaty”.

DEDICO.

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iv

AGRADECIMENTO

A Deus todo poderoso, que me deste o dom da vida, da sabedoria, da

perseverança, paciência, dignidade, humildade e do amor, sem Ele jamais teria

chegado ao fim desta jornada, com Ele tudo é possível. A Santa Rita de Cássia que

me ilumina e me protege em todos os caminhos trilhados nessa vida. “Santa Rita de

Cássia bem aventurada, sede minha protetora”.

Aos meus pais, Valme Tonello e Marilene Pelizza Tonello, a luta de vocês não

foi em vão, agradeço por estarem sempre ao meu lado, pelo apoio, pela compreensão,

carinho, principalmente pelo amor que ultrapassa qualquer barreira, qualquer

dificuldade. Muitos foram os momentos difíceis, mas vocês sempre demonstraram que

a união familiar e o amor superam qualquer obstáculo. Em nenhum momento

deixaram que os impasses desanimassem, que fizessem desistir, ao contrário,

sempre estavam presentes. Eu os amo incondicionalmente. Não há palavras que

possam expressar tamanha gratidão e sentimento que tenho por vocês. MUITO

OBRIGADA!

Aos meus irmãos, Edson Eduardo Tonello e Laís Tonello vocês são meus

espelhos, minha força, obrigada por sempre estarem dispostos à ajudar. Ao amor,

carinho e pela proteção que sempre tiveram por mim. Devo muito à vocês, são meus

melhores exemplos. Amos vocês!

Ao meu cunhado Eduardo Fernandes de Miranda pelo apoio e incentivo,

estando sempre disposto à ajudar-me!

Ao meu orientador Prof. D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis, meu eterno

agradecimento pela confiança e paciência no decorrer de todo o processo, pelo

comprometimento, por ser ético e estar sempre à disposição para soluções das

incansáveis dúvidas, sem medir esforços para ajudar, transmitindo conhecimento e

acreditado no projeto. Grata ainda por todos os ensinamentos de vida, não foi apenas

um orientador, mas mais que isso, um companheiro, amigo, um verdadeiro ‘PAI’.

Kleycianne Ribeiro Marques, sua amizade é mais que valiosa, mais que

amigas irmãs. Sem palavras para agradecer, muitos foram os momentos partilhados,

alegrias, tristezas, angustias, mas, lhe digo que o saldo é mais que positivo, sua

alegria é contagiante. Obrigada, por ser esta pessoa maravilhosa e por toda a força,

que contribuiu para que fosse executado este trabalho. “#tamojuntosiá” Amoo...

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v

Renata Vieira Marques, para sempre minha eterna amiga, irmã que a gente

escolhe. Obrigada por estar sempre ao meu lado, disposta à ajudar, compartilhando

todos os momentos bons e ruins. Juntas nas baladas, nos estudos, nas caminhadas,

quantas conversas, quantos risos ‘atoas’, sem palavras para te agradecer, te amo

amiga!

Aos para sempre amigos Elisangêla Kischel, Amanda Facciroli, Jéssica, Suse

Alves, Ana Paula Schmidt, Camila Vicenzi, Janaina Canzi, Cleidiane Benedetti, Leticia

Carvalho, Camila Vancetto, Elane, Bruna Colombo, Nilliane Charles, Nadriele Charles,

Kleiverton, Rodrigo, Fred, que perto ou distantes sempre contribuíram me dando força

para seguir em frente, e assim, concluindo este trabalho.

Aos que contribuíram para a execução e desenvolvimento desta pesquisa, em

especial aos integrantes do Grupo de Pesquisa em “Melhoramento Genético de

Grandes Culturas e Espécies de Potencial Bioenergético”: Sérgio Alves, Rafael

Campestrini, Justino Dias, Marília Barcelos, Nathália Silva, Carlos Augusto, Danilo

Veloso, Estevan Wislocki, Fabiano Rocha, Fernando Noletto, Flávia de Araújo,

Guillhermo Arturo, Patrícia Mourato, Patrícia Fernandes, Ricardo Lacerda, Vanessa

Santos, Vanessa Zellmer, Wagner Rauber e Taynar Coelho. Por todo trabalho

desenvolvido, pelo aprendizado, risos, amizade. Estarão sempre no coração.

Aos colegas de mestrado aos colegas doutorandos, obrigado pela companhia,

vocês são fundamentais para que consigamos superar as tempestades durante o

processo. Cobranças por publicação, artigo, pesquisa, escrever, todas essas tarefas

teriam sido muito mais difíceis se não fosse o incentivo e apoio de vocês. Obrigado

principalmente Sérgio José, Edmar Vinícius, Emerson Oliveira, Mauro, Otávio, Antonio

Carlos, Gaspar, Márcio Nikkel, Álida, Ricardo Bachega.

Ao grupo de professores do Programa de Pós Graduação por todos os

ensinamentos.

A todos os funcionários da UFT.

Ao programa de bolsas CNPQ, pelos recursos disponibilizados durante um

período do curso de Pós graduação Stricto Sensu em Produção Vegetal da

Universidade Federal do Tocantins.

Agradeço imensamente à todos que de uma forma ou outra contribuíram para

que eu conquistasse esta vitória.

Muito Obrigada!

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vi

RESUMO GERAL

É notório as dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva agrícola, dentro

do próprio sistema de produção, bem como no sistema econômico e social. Muitos

são os entraves para se alcançar patamares produtivos satisfatórios, buscando

produtos finais acessíveis à todas as classes sociais, em quantidades suficientes e

nas qualidades exigidas pelos consumidores. A demanda mundial aumenta à medida

que cresce o contingente populacional, assim têm-se priorizado a busca para sanar

essa falta de alimentos por meio de culturas com potencial nutritivo suficientemente

capazes de suprir as necessidades básicas da população. Desta forma, encontra-se

na cultura de arroz (Oryza sativa L.) um grande potencial nutritivo e energético,

dispondo assim, a constituir o alimento fundamental de todas as classes sociais.

A cultura foi aos poucos sendo disseminada no país, se adaptando as diversas

regiões e condições edafoclimáticas. Os inúmeros sistemas de cultivos, os manejos

diferenciados, as condições as quais foi submetida em cada localidade, fez com que

os materiais genéticos se adequassem as características ambientais, atendendo as

condições e o nível tecnológico adotado pelo agricultor.

São amplas as divergências à que se submetem os cultivos agrícolas,

principalmente quando são relacionados aos fatores ambientais, incontroláveis pelo

homem, desta forma, estudos da interação genótipo x ambiente tornam-se

fundamentais, para o surgimento de materiais genéticos que possam potencializar a

produção, sem onerá-la. Ao mesmo tempo, diversos fatores estão correlacionados e

interligados a estes produtos, ampliando ainda mais o leque de possibilidades a serem

consideradas no estudo tendo em vista melhor retorno socioeconômico da atividade

agrícola. Contudo, a eficiência na nutrição mineral de plantas, por exemplo, tornam-

se uma causa ainda mais promissora, agregando novamente valor no produto ao final

da cadeia produtiva. A nutrição com macro e micronutrientes é imprescindível, merece

cuidados não só na dosagem utilizada, como também no período adequado a ser

aplicado, assim, a planta têm um melhor aproveitamento deste, evitando perdas

durante o processo de cultivo.

Ao passo que a tecnologia avança, os modelos agrícolas devem atender, e se

adequar à tais mudanças, de forma a priorizar a preservação do meio ambiente,

garantindo retorno financeiro ao sistema agrícola. Contudo, o uso da ferramenta do

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vii

melhoramento genético, associado ao uso de fertilizantes e aos materiais genéticos

mais eficientes, tornam-se uma via de acesso de grande potencial, pois associados

agregam valor ao produto, otimizam e viabilizam a produção gerando maiores retornos

econômicos e o crescimento regional.

Desta forma, o objetivo dos quatro primeiros capítulos foi avaliar o

comportamento de cultivares de arroz de terras altas em cinco safras consecutivas.

Sendo que para o capítulo I e II, as safras foram de 2007/2008 até 2011/2012, e para

os capítulos III e IV as safras constantes para a avaliação foram de 2008/2009 até

2012/2013. Os experimentos das safras 2007/08 e 2008/09 foram conduzidos na

Fazenda Chaparral, enquanto os demais foram instalados na estação experimental

da UFT. Apenas a safra 2009/10 foi realizada na Fazenda experimental da UFT. O

delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições. O

esquema fatorial para os capítulos I e II foi 4 x 5, sendo quatro cultivares e cinco anos

de cultivo. Entretanto, para os capítulos III e IV o esquema fatorial foi 3 x 5, com

apenas três cultivares e cinco anos de cultivo. As características avaliadas foram

número de dias para florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e

produtividade de grãos. Assim, boas produtividades foram alcançadas nas safras

2007/2008 e 2012/2013. Os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRS-Conai

apresentam boas produtividades em mais de uma ano de cultivos podendo ser

indicadas para o cultivo na região. O estresse nutricional de fósforo e nitrogênio, bem

como o estresse hídrico, alteram as características agronômicas da cultura do arroz,

e reduzem significativamente suas produtividades de grãos.

O capítulo V teve como objetivo avaliar o efeito da época de adubação com

boro na cultura do arroz de terras altas nas condições do sul do Estado do Tocantins.

A condução deste experimento ocorreu em casa de vegetação na estação

experimental da UFT, no período da entressafra do ano de 2014. O delineamento

experimental foi de blocos casualizados com quatro repetições, em esquema fatorial

3 x 4, sendo três cultivares e quatro épocas de aplicação do micronutriente boro na

dosagem de 3,0 kg ha-1, na forma de ácido bórico, formando os seguintes tratamentos:

T1 - ausência de aplicação de boro (testemunha); T2 - aplicação de boro em cobertura

no perfilhamento (cerca de 25 dias após plantio para alguns cultivares); T3 - aplicação

de boro em cobertura por ocasião da diferenciação do primórdio floral (cerca de 60

dias após plantio para alguns cultivares) e; T4 - aplicação de boro em cobertura no

emborrachamento (período de desenvolvimento da panícula, cerca de 75 dias após

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viii

plantio para alguns cultivares). Para verificar a interferência da época de aplicação de

boro no desenvolvimento e produção de arroz foram avaliadas as características

número de dias para florescimento, número de panículas por vaso, número de grãos

por panícula, esterilidade das espiguetas, altura da planta, estande final, massa de

cem grãos e produtividade de grãos. Assim, a aplicação do boro no estágio vegetativo

da cultura de arroz aumenta o crescimento em altura. O boro incrementa a massa de

cem grãos quando aplicado aos 60 dias após plantios. A produtividade de grãos

incrementa em até 30% onde se aplicou boro em cobertura no perfilhamento, quando

comparado a testemunha. Altas temperaturas aumentam a porcentagem de

esterilidade das espiguetas de arroz.

Palavras-chave: Oryza sativa L.; Cerrado; estresse mineral; comportamento.

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ix

OVERVIEW

The difficulties faced by the agricultural production chain is notorious, inside

the production system as well as the economic and social system. There are many

obstacles to achieve satisfactory productive levels, seeking final products accessible

to all social classes, in sufficient quantities and the qualities demanded by consumers.

World demand increases as the population grows, so the search to stop this lack of

food crops has been prioritized with nutritional potential sufficiently able to meet the

basic needs of the population. Therefore, lies in the culture of rice (Oryza sativa L.)

which is a large potential nutrition and energy, and thus having to be the fundamental

food of all social classes.

The culture was gradually being spread in the country, adapting itself to the

various regions and climate conditions. The innumerous cropping systems, the

different managements, the conditions that it was submitted in each location, made the

genetic materials be suited to environmental characteristics, given the conditions and

the technology level adopted by the farmer.

The crops are undergoing wide divergences; especially when they are related

to environmental factors uncontrollable by man, so studies of genotype x environment

interaction become fundamental to enable the emergence of genetic materials that can

enhance production without encumbering it. At the same time, several factors are

correlated and linked to these products, furthermore expanding the range of

possibilities to be considered in the study in order to better socio-economic return of

the agricultural activity. However, the efficiency in the mineral nutrition of plants, for

example, becomes an even more promising cause, again, adding value to the product

at the end production chain. Nutrition with macro and micronutrients is essential. It

deserves care not only in the dosage used, but also in the best time to apply, so the

plant has a perfect use of this without losses during the cultivation process.

As technology advances, agricultural models must meet and adapt to these

changes in order to prioritize the preservation of the environment, ensuring financial

return to the agricultural system. However, the use of genetic improvement tool

associated with the use of fertilizers and more efficient genetic materials becomes a

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x

potential major access route since members add value to the product, optimize and

enable the production generating higher economic returns and regional growth.

Therefore, the objective of the first four chapters was to evaluate the behavior

of upland rice cultivars in five consecutive seasons. And for the Chapter I and II, the

yields were the 2007/2008 to 2011/2012, and Chapters III and IV constants yields for

the evaluation were the 2008/2009 to 2012/2013. The experiments of the 2007/08 and

2008/09 seasons were conducted at Chaparral Farm, while the others were installed

in the experimental station of the UFT. Just 2009/10 was held at the experimental farm

of the UFT. The experimental design was a randomized block with four replications.

The factorial design to Chapters I and II was 4 x 5, with four cultivars and five years of

cultivation. However, to Chapters III and IV was the factorial 3 x 5, with only three

cultivars and five years of cultivation. The traits evaluated were number of days to

flowering, plant height, mass of one hundred grains and grain yield. So, good yields

were achieved in 2007/2008 and 2012/2013 seasons. BRS-Bonança cultivars BRS

BRS-Conai spring and provide good yields of more than one year of cultivation may

be suitable for cultivation in the region. Nutritional stress of phosphorus and nitrogen

and water stress, alter the agronomic characteristics of rice cultivation, and significantly

reduce its grain yield.

Chapter V was to evaluate the effect of fertilization season with boron in land

rice cultivation conditions high in the south of the State of Tocantins. The conduct of

this experiment took place in a greenhouse at the experimental station of the UFT,

during the off season of 2014. The experimental design was a randomized complete

block design with four replications in a factorial 3 x 4, three varieties and four

application times the micronutrient boron at a dose of 3.0 kg ha-1 in the form of boric

acid, forming the following treatments: T1 - absence of boron application (control); T2

- boron application in coverage at tillering (about 25 days after planting for some

cultivars); T3 - boron application in coverage during the panicle differentiation (about

60 days after planting for some cultivars) and; T4 - boron application in coverage at

booting (panicle development period, about 75 days after planting for some cultivars).

To verify the influence of boron application time in the development and production of

rice were evaluated the characteristics number of days to flowering, panicle number

per pot, number of grains per panicle, spikelet sterility, plant height, final stand, mass

a hundred grains and grain yield. Thus, the application of the boron in the vegetative

stage of rice culture increases the growth in height. Boron increases the mass of one

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xi

hundred grains when applied 60 days after planting. The grain yield increases up to

30% when it was applied boron coverage at tillering, when compared to the control.

High temperatures increase the percentage of sterility of rice spikelets.

Keywords: Oryza sativa L.; Cerrado; mineral nutrition; behavior.

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xii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................... 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 25

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 29

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS EM

SOLOS DO CERRADO ......................................................................................... 29

RESUMO ............................................................................................................... 29

PERFORMANCE OF UPLAND RICE CULTIVARS IN SOIL OF CERRADO ......... 29

ABSTRACT ............................................................................................................ 29

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 30

MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 32

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 36

CONCLUSÕES ...................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 43

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 47

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ SUBMETIDOS À ESTRESSE

DE FÓSFORO EM SOLOS DO CERRADO .......................................................... 47

RESUMO ............................................................................................................... 47

BEHAVIOR OF RICE CULTIVARS UNDERGOING STRESS CONDITION OF

PHOSPHORUS IN SOILS OF CERRADO ............................................................. 47

ABSTRACT ............................................................................................................ 47

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 48

MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 50

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 54

CONCLUSÔES ...................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 60

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 63

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS NA

REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS ...................................................... 63

RESUMO ............................................................................................................... 63

BEHAVIOR OF RICE VARIETIES OF UPLAND IN SOUTHERN STATE

TOCANTINS .......................................................................................................... 64

ABSTRACT ............................................................................................................ 64

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 64

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xiii

MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 67

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 71

CONCLUSÕES ...................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 77

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 80

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ CULTIVADOS EM

CONDIÇÕES DE BAIXO NÍVEL TECNOLÓGICO NO CERRADO ....................... 80

RESUMO ............................................................................................................... 80

RICE CULTIVARS DEVELOPMENT GROWN IN LOW INPUT AGRICULTURE IN

CERRADO ............................................................................................................. 80

ABSTRACT ............................................................................................................ 80

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 81

MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 83

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 87

CONCLUSÕES ...................................................................................................... 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 94

CAPÍTULO V ............................................................................................................. 98

ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DO BORO EM GENÓTIPOS DE ARROZ DE TERRAS

ALTAS ................................................................................................................... 98

RESUMO ............................................................................................................... 98

APPLICATION TIME OF BORON IN GENOTYPES OF HIGHLAND RICE ........... 99

ABSTRACT ............................................................................................................ 99

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 99

MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 101

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 104

CONCLUSÕES .................................................................................................... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 117

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 121

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xiv

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas

dos experimentos.......................................................................................................34

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento

(DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos

(PROD), de quatro cultivares de arroz cultivados nas safras 2007/2008, 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, Gurupi-Tocantins..............................................36

Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras

altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................37

Tabela 4. Médias de altura de plantas de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................39

Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................40

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................41

CAPÍTULO II

Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas

dos experimentos.......................................................................................................52

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento

(DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos

(PROD), de quatro cultivares de arroz cultivados com estresse de fósforo nas safras

2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Gurupi-

Tocantins....................................................................................................................54

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xv

Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras

altas cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras

2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012......................................55

Tabela 4. Médias de altura de plantas de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul sob estresse de fósforo do estado de Tocantins, nas safras

2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012....................................56

Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras

2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012....................................57

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras

2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012....................................58

CAPÍTULO III

Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas

dos

experimentos..............................................................................................................69

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para

florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e

produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados nas safras

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Gurupi-

Tocantins....................................................................................................................72

Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de

terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013.......................................................73

Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013..........................................................................74

Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013..........................................................................75

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xvi

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013..........................................................................76

CAPÍTULO IV

Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas

dos experimentos.......................................................................................................85

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para

florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e

produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados sob estresse de

nitrogênio nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012.............88

Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de

terras altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas

safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013...........................89

Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013....................................90

Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013.......................................................91

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013....................................92

CAPÍTULO V

Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo.........................................................102

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento

(DF), altura de plantas (AP), estande final (EF), número de panículas (NP), número

grãos por panícula (NGP), esterilidade das espiguetas (EST), massa de cem grãos

(MCG) e produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados, no sul

do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.............................104

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xvii

Tabela 3. Médias de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação.................................................................................................................106

Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação.................................................................................................................107

Tabela 5. Médias do estande final de três cultivares de arroz de terras altas cultivados

no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação...................108

Tabela 6. Médias do número de panículas por vaso de três cultivares de arroz de

terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação.................................................................................................................109

Tabela 7. Médias do número de grãos por panícula de três cultivares de arroz de

terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação.................................................................................................................110

Tabela 8. Média da porcentagem de esterilidade de espiguetas de três cultivares de

arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em

casa de vegetação...................................................................................................112

Tabela 9. Médias da massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação.................................................................................................................114

Tabela 10. Médias da produtividade de grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação.................................................................................................................115

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xviii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I

Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas

durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 (BDMEP, 2012).............................33

CAPÍTULO II

Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas

durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 (BDMEP, 2012).............................51

CAPÍTULO III

Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas

durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (BDMEP, 2013).............................68

CAPÍTULO IV

Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas

durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (BDMEP, 2013).............................84

CAPÍTULO V

Figura 1. Temperatura média, máxima e mínima (°C), umidade (%), vento (m/s) e

evapotranspiração (mm/dia) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras

altas, na entressafra 2014 (BDMEP, 2012)...............................................................105

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19

INTRODUÇÃO GERAL

Com o mercado consumidor exigente e o grande crescimento populacional,

tem surgido um grave problemas social que é o aumento da produtividade de forma a

suprir toda a demanda por alimentos. O cultivo do arroz (Oryza sativa L.) tem se

tornado um fator de segurança alimentar, pois exerce influência marcante no cenário

econômico e social. É fonte de energia, proteínas, vitaminas, minerais e aminoácidos,

e é indispensável à alimentação humana, faz parte da dieta da maior parte da

comunidade mundial (OLANI et al., 2011).

O arroz é uma gramínea pertencente à família Poaceae, do gênero Oryza,

com duas espécies cultivadas, Oryza sativa L. e Oryza glaberrima, presume-se que a

primeira é originária da Ásia e a segunda circunscrita à África Ocidental, porém não

se sabe ao certo a origem das espécies desse gênero (ROSA et al., 2006).

Distribuídas em quase todos os continentes, desde regiões tropicais e subtropicais, o

gênero Oryza, sofreu um processo evolutivo e de domesticação surgindo assim

subespécies (indica, japonica temperada e japonica tropical ou javanica) que foram se

adaptando às diferentes condições edafoclimáticas e geográficas. A espécie O. sativa

teve destaque no cultivo em todas as regiões do mundo, enquanto O. glaberrima é

apenas cultivada em alguns países da África Ocidental. A maioria das variedades de

arroz irrigado pertencem ao grupo indica e no grupo japonica tropical ou javanica estão

as de arroz de terras altas. (FONSECA et al., 2006).

Há uma ampla diversidade de cultivo da cultura do arroz, planta hidrófila, que

se adaptou a vários sistemas de produção. No ecossistema de várzeas, ocorre o

cultivo com ou sem irrigação por inundação controlada, enquanto no ecossistema de

terras altas, a cultura poderá ser conduzida sem irrigação, dependendo da água

provinda da chuva, ou com irrigação suplementar (ALVAREZ et al., 2005).

O Brasil ocupa 9º lugar na produção mundial de arroz, produção esta que não

supre as carências mundiais, necessitando de importações do produto (VILLAR e

FERREIRA et al., 2005; CONAB, 2014). Segundo estimativas da CONAB (2014), a

área plantada na safra 2013/14 para a cultura do arroz é de 2396,2 mil hectares,

gerando uma produção de 12184,1 mil toneladas, com produtividade de 5085 kg ha-1.

A região do cerrado é caracterizada pela grande área plantada de arroz no

sistema de terras altas, desde a década de setenta, apoiada por políticas

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governamentais para produção de alimentos. É uma cultura rústica que foi se

adaptando bem às condições adversas na exploração de solos ácidos, com baixa

fertilidade e é tida como pioneira no processo de ocupação agrícola do país, no

entanto, possui problemáticas quanto a sua baixa produtividade, que pode ser

justificado pela exposição da cultura aos fatores climáticos como os déficits hídricos,

comprometendo os processos metabólicos e fisiológicos da planta, o que resulta em

perdas na produção (BOTA et al., 2004).

O arroz é cultivado desde sistemas agrícolas mais tecnificados até a

exploração de forma rudimentar para a subsistência. Muitas vezes os pequenos

produtores não dispõem de capital destinado ao investimento em tecnologia para

explorar todo o potencial produtivo dos cultivares, surgindo então a necessidade de

materiais genéticos que atendam às carências desses pequenos produtores, como

por exemplo, cultivares que permitam um menor uso de insumos, com resistência a

doenças, maior competitividade com plantas daninhas, mais eficientes na utilização

dos nutrientes do solo entre outras características que incrementem o processo

produtivo (ADORIAN, 2010).

É difícil encontrar estratégias duradouras que o dessem condições de

permanecer no mercado mundial da rizicultura, apesar do Brasil ser destaque em

competitividade no agronegócio. É necessário estratégias que melhorem questões

deficitárias que ocasionam os entraves no processo de produção e comercialização

dos produtos brasileiros. Questões estas que envolvem desde qualidade do produto,

inovações tecnológicas, incentivos à produção, custos, enfim, estudos específicos que

identifiquem as falhas nas cadeias produtivas, levando a insustentabilidade, e

conseguir unir programas de melhoramento das instituições de pesquisa, com os

demais segmentos destas cadeias e consolidar com o incentivo ao produtor apto a se

adequar aos sistemas de produção (VILLAR e FERREIRA et al., 2005;

KLUTHCOUSKI et al., 2009).

A primeira etapa do melhoramento, e que representa objetivo básico deste, é

a seleção de genótipos e populações com boa adaptação em diferentes condições de

ambientes com alta produtividade, entretanto é a fase do programa mais trabalhosa e

cara, além de ser extremamente influenciada pela interação genótipo x ambiente, que

determinam um comportamento variável dos genótipos devido à grande diversidade

edafoclimática dos ambientes (CARGNIN et al., 2008). Essa heterogeneidade

temporal e espacial faz com que a expressão do fenótipo seja dada pelo produto da

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interação genética com o ambiente, ou seja, um conjunto de genes pode se expressar

de maneira diferenciada se submetido sob influencias de cultivos distintos, que podem

ser de caráter previsível ou imprevisível. A primeira categoria enquadram-se fatores

permanentes ao ambiente, como condições gerais de clima, solo, características que

possuem variação sistemática, incluindo o sistema de manejo da planta pelo homem.

Já no segundo grupo inclui as flutuações variáveis do ambiente, como precipitação,

temperatura e outros (COUTO, 2014).

O processo de identificação de cultivares com maior estabilidade fenotípica,

assegura melhores conhecimentos acerca do material genético e dos efeitos com sua

interação com o ambiente, uma vez que a produtividade final de uma cultura é

determinada por todas essas interações planta x ambiente. Dessa forma, todo esse

conjunto de informações, fornecem melhores condições para indicação de cultivares

regionalizadas, contribuindo sobremaneira no crescimento econômico, visando a

sustentabilidade da cultura (GUIMARÃES et al., 2008).

Quanto as questões fitotécnicas, a adubação mineral consiste em um recurso

essencial para o ciclo de vida das plantas, além de inúmeros fatores influenciarem no

potencial produtivo dos cultivares. A não realização de um manejo adequado do

nutriente, a não aplicação no momento de maior exigências das culturas, e a não

utilização de cultivares adaptadas as condições locais de cultivo são formas que

aumentam perdas, custos ao produtor e poluições ambientais tornando-se problemas

para se conseguir atingir a máxima eficiência dos sistemas de produção agrícolas

(CABRAL et al., 2011).

O nitrogênio (N) se destaca como um macronutriente essencial ao

desenvolvimento da cultura do arroz, sendo um dos elementos mais acumulados na

parte aérea da cultura e o mais extraído do solo, porém possui complexa dinâmica no

ambiente por ser altamente volátil, se perde facilmente nos processos de lixiviação,

erosão, e volatilização (FONSECA et al., 2012). O N apresenta como função principal

a estrutural, é constituinte de compostos orgânicos como a clorofila, componente das

vitaminas biotina, tiamina, niacina, riboflavina, além de atuar na produção e uso de

carboidratos (EPSTEIN et al., 2006). Desta forma, por atuar em diversos processos

fisiológicos vitais da plantas, favorece o crescimento da parte aérea, que por sua vez

aumenta a eficiência da interceptação da radiação solar, na taxa fotossintética e,

consequentemente, na cultura do arroz, é convertido no aumento do número de

perfilhos, no número de panículas por área, na massa de grãos, influenciando

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diretamente na produtividade final da cultura (FONSECA et al., 2012). Mattje et al.

(2013), Hernandes et al. (2010) e Fidelis et al. (2012), verificaram que as

características alturas de plantas, teor de N na folha, massa de cem grãos são

influenciados por doses de nitrogênio aplicados à cultivares de arroz.

O fósforo (P) é o nutriente que mais limita a produtividade das culturas e sua

deficiência é comum nos solos sob Cerrado, já que estes apresentam baixos teores

naturais, devido à alta capacidade de fixação e adsorção, tornando-se indisponível

para as plantas. Todo o metabolismo da planta depende do fósforo, pois desempenha

papel de transferência de energia na célula, nos processos de respiração e

fotossíntese, além de ser componente estrutural dos ácidos nucleicos, que formam os

genes e cromossomos, assim como de muitas coenzimas, fosfoproteínas e

fosfolipídios (TAIZ & ZEIGER, 2009). Promove grandes incremento na cultura do

arroz, com o aumento no número de panículas, aumenta a massa de cem grãos,

favorece o crescimento radicular, além de ajudar no processo de maturação e

qualidade dos grãos (FAGERIA et al., 2004). Trabalhos realizados por Tonello et al.

(2012; 2013) verificaram que a adubação fosfatada na cultura do arroz aumenta a

estatura das plantas, e incrementa a produtividade. Até mesmo a qualidade fisiológica

das sementes de arroz é influenciada pela fertilização fosfatada segundo Fidelis et al.

(2013).

Os micronutrientes também são essênciais para o desenvolvimento das

plantas, porém, diferem-se dos macronutrientes por serem absorvidos em menor

quantidade pelas culturas. A grande exploração das terras agricultáveis, necessita de

cuidados, pois seu uso intensivo exporta a totalidade dos seus nutrientes, levando

assim ao empobrecimento do solo, repercutindo em deficiências e prejuízos nos

cultivos sucessivos (NOVAIS et al., 2007), desta forma, estudos sobre a dinâmica dos

micronutrientes, manejo da adubação, e uso eficiente destes são necessários para

tomada de decisão, buscando o sucesso no uso desses insumos.

O Boro (B) é um dos oito micronutriente de relevante importância em cultivos

agrícolas, por participar em diversos processos biológicos das plantas. Atuando em

alguns sistemas enzimáticos como constituinte ou como componente ativo e essencial

nas reações biológicas. Atua na translocação de açucares e metabolismo de

carboidratos. Fases da planta como o florescimento, crescimento do tubo polínico, os

processos de frutificação, metabolismo do N e a atividade de hormônios são papeis

desempenhados pelo B. Sua deficiência interrompe o crescimento, desenvolvimento

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e maturação das células, além da síntese do ácido ribonucleico, a formação de ribose

e síntese de proteínas determinando o crescimento meristemático. A parede celular

fica menos resistente quando há a deficiência de B (NOVAIS et al., 2007).

Ao se trabalhar com o nutriente boro vários cuidados devem ser tomados uma

vez que os níveis críticos e tóxicos variam muito com as características dos solos,

espécies e estádio fenológico da planta, aliado a esses aspectos, o limite entre as

concentrações adequadas e tóxicas de B na planta é muito estreito, exigindo assim

um planejamento minucioso com a fertilização desse micronutriente (MARIANO et al.,

1999). É um elemento imóvel na planta absorvido principalmente na forma de ácido

bórico, e de extrema carência, principalmente em solos arenosos, com baixo teor de

matéria orgânica e muito expressa devido ao cultivo intensivo, à grande extração pelas

culturas, uso crescente de calcário e adubos fosfatados provocando insolubilização

do micronutriente (MANTOVANI et al., 2013).

Em estudo com modos de aplicação de boro e zinco em dois cultivares de

arroz de terras altas Engler et al (2006) verificaram que as concentrações de boro na

planta aumentam quando este elemento é pulverizado em área total, e que pequenos

teores no solo deste elemento já se tornam suficientes para a cultura em questão.

Segundo Pavinato et al. (2009) e Corrêa et al. (2006) avaliando efeito de doses na

cultura do arroz verificaram que a cultura é sensível ao elemento estudado, sendo

exigido em pequenas quantidades, pois as doses de 0,5 mL L-1 de B e 3 mg dm-3 de

B respectivamente, apresentaram sintomas de toxicidade nas plantas. Com isso

Pavinato et al. (2009) verificaram que os parâmetros morfológicos da cultura foram

afetados com redução do comprimento das raízes aumentando seu diâmetro, além de

terem redução do perfilhamento. Diferentemente destes resultados Leite et al. (2011)

não encontraram variações no rendimento e na qualidade de sementes de arroz em

função da adubação com boro, mesmo sendo aplicado em diferentes estágios de

crescimento vegetativo da planta.

Desta forma, com a evolução da agricultura, do modelo extrativismo e da

agricultura de subsistência para a exploração agroindustrial intensa, exige-se a busca

de novos patamares de conhecimento e tecnologias, a fim de tornar os sistemas de

produção diversificados e sustentáveis. Principalmente na regiões tropicais, no

cerrado, como o estado do Tocantins, que possui grande potencial produtivo. Assim

materias genéticos com maior capacidade produtiva, mais adaptados em novos

ambientes, capazes de se desenvolver com baixas doses de adubos, são importantes

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ferramentas que devem ser incorporadas ao manejo da agricultura de forma a atender

desde grande produtores até mesmo áreas marginais, almejando sempre quantidade

e qualidade do produto atendendo às exigências do mercado consumidor, e a

lucratividade do empreendimento.

A estrutura da dissertação está dividida em capítulos, constando, portanto, de

cinco capítulos, e tem como tema principal a cultura do arroz. Cada capítulo está em

formato de artigo científico, e é abordado subtemas vinculados à cultura. No capítulo

I e III trata-se do comportamento de cultivares de arroz de terras altas em condições

adequadas de adubação, no capítulo II temos o estresse nutricional com fósforo, e no

capítulo IV estresse com nitrogênio, já no capítulo V trabalhou-se com o micronutriente

boro, em diferentes épocas de aplicação na cultura em estudo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORIAN, G. C. Caracterização da diversidade fenotípica existente em uma coleção nuclear de arroz de terras altas. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Federal do Tocantins - UFT, Campus de Gurupi, 2010. ALVAREZ, R. C. F.; CRUSCIOL, C. A. C.; RODRIGUES, J. D.; ALVAREZ, A. C. C. Marcha de absorção de nitrogênio de cultivares de arroz de terras altas com diferentes tipos de plantas. Científica, Jaboticabal, v.34, n.2, p.162-169, 2005. BOTA, J.; MEDRANO, H.; FLEXAS, J. Is photosynthesis limited by decreased Rubisco activity and RuBP contente under progressive water stress? New Phytologist, Nancy, v. 162, n. 3, p. 671-681, 2004. CABRAL, P. D. S.; SOARES, T. C. B.; LIMA, A. B. P.; SOARES, Y. J. B.; SILVA, J. A. Análise de trilha do rendimento de grãos de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) e seus componentes. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 42, n. 1, p. 132-138, 2011. CARGNIN, A.; SOUZA, M. A.; PIMENTEL, A. J. B.; FOGAÇA, C. M. Interação genótipos e ambientes e implicações na adaptabilidade e estabilidade de arroz sequeiro. Revista Brasileira Agrociência, Pelotas, v.14, n.3-4, p.49-57, 2008. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, Décimo Levantamento, julho 2014, v. 1 - Safra 2013/14, n. 10 - Brasília: Conab, 2014. 86 p. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/14_07_09_09_36_57_10_levantamento_de_graos_julho_2014.pdf >. Acesso em: 30 julho de 2014. CORRÊA, J. C.; COSTA, A. DE M.; CRUSCIOL, C. A. C.; MAUAD, M. Doses de boro e crescimento radicular e da parte aérea de cultivares de arroz de terras altas. Revista Brasileira Ciências do Solo, Viçosa v.30, n.6, p.1077-1082, 2006. COUTO, M. F. Análise de estabilidade e adaptabilidade via técnica bayesiana na seleção de genótipos de milho-pipoca. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas) - Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Campos dos Goytacazes – RJ, mar. – 2014.

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CAPÍTULO I

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS EM

SOLOS DO CERRADO

RESUMO

O arroz é uma gramínea pertencente à família Poaceae, cultivado em dois

ecossistemas, o de várzea, e o de Terras altas, além de ser utilizado por populações

que o mantém como parte integrante da alimentação diária. É crescente a demanda

pelo consumo de arroz em todo mundo, é um cereal que tem grande importância

socioeconômica. O Estado do Tocantins possui grande potencial produtivo, sendo

assim, o objetivo do estudo foi avaliar o desempenho produtivo de cultivares de arroz

de terras altas no cerrado do sul do Estado do Tocantins em cinco anos de avaliação.

Os experimentos foram conduzidos em campo na Fazenda Chaparral e na Estação

Experimental da Universidade Federal do Tocantins, nos anos agrícolas 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012. O delineamento experimental foi de

blocos casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 4 x 5, constituído

por quatro genótipos e cinco anos. As características avaliadas foram número de dias

para florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos.

Conclui-se que o ano agrícola 2007/08 foi onde os cultivares apresentaram as maiores

produtividades; e os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRSMG-Conai

atingiram boas produtividades em mais de um ano de cultivo, sendo indicadas para a

utilização na região.

Palavras-chave: Oryza sativa; terras altas; produtividade; estabilidade.

PERFORMANCE OF UPLAND RICE CULTIVARS IN SOIL OF CERRADO

ABSTRACT

The rice is a grain belonging to the family Poaceae, grown in two ecosystems, the

floodplain, and the Highlands, besides being used by people who keeps as part of the

daily diet. There is a growing demand for rice consumption around the world. That

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cereal has great socioeconomic importance. The State of Tocantins has great

productive potential, so the aim of the study was to evaluate the productive

performance of cultivars of upland rice in the cerrado of the southern state part of

Tocantins five years of evaluation. The experiments were conducted in the field in the

Chaparral Farm and in the Experimental Station of the Federal University of Tocantins,

in the years 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 and 2011/2012. The

experimental design was a randomized blocks with four replications, in a 4 x 5 factorial

scheme, consisting of four genotypes and five years. The evaluated characteristics

were number of days to flowering, plant height, weight of hundred grains and grain

yield. It was concluded that the cultivars showed the highest yield in the agricultural

year of 2007/08; and cultivars BRS – Bonança, BRS – Primavera, BRSMG – Conai

reached good productivities in more than one year of cultivation, being indicated for

use in the region.

Key words: Oryza sativa; highlands; productivity; stability.

INTRODUÇÃO

O cultivo de arroz é praticado mundialmente desde os primórdios por

populações que o mantém como parte integrante da alimentação diária, por fornecer

energia, proteínas, vitaminas e minerais. É uma gramínea pertencente à família

Poaceae, cultivado em dois ecossistemas, o de várzea, sendo irrigado por inundação

controlada, e no ecossistema de terras altas, onde o cultivo pode ser conduzido

apenas com a água provinda da chuva, ou com irrigação suplementar (GUIMARÃES

et al., 2006).

Vale destacar que o sistema de cultivo de terras altas possui a maior área

plantada em todo território nacional, porém, tem baixa representatividade na produção

nacional devido à baixa produtividade, o que pode ser explicado pela irregularidade

das precipitações pluviais, pela exposição à altas temperaturas e à altas taxas de

evapotranspiração, bem como práticas inadequadas de cultivo, resultando em

diversos problemas metabólicos e fisiológicos que reduzem a produção (GUIMARÃES

et al., 2007).

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No cerrado brasileiro o cultivo de arroz de terras altas foi pioneiro durante o

processo de ocupação agrícola, devido a cultura ser pouco exigente em fertilidade e

tolerante a solos ácidos. Segundo o quarto levantamento da CONAB (2015), estima-

se para a safra 2014/2015 área plantada de arroz no Brasil em 2372,9 mil hectares,

com produção de 12197,8 mil toneladas e produtividade de 5182 kg ha-1. Para o

estado do Tocantins a estimativa é de 113,9 mil hectares plantados, com produção de

577,5 mil toneladas e produtividade de 4932 kg ha-1. Para o arroz cultivado apenas

em sistemas de terras altas, segundo o sexto levantamento da CONAB (2013),

produção para a safra 2012/2013 foi de 78,27 mil toneladas, numa área de 38,96 mil

hectares, obtendo produtividade de 2009 kg ha-1.

No cenário nacional a produção do arroz de terras altas tem se intensificado

em praticamente todas as regiões do país, numa ampla diversidade de cultivos, que

vai desde grandes lavouras mecanizadas até pequenas áreas de produção para

subsistência (SOUZA et al., 2007). Diversas pesquisas enfocando o melhoramento

genético com a cultura do arroz têm sido realizadas nas últimas décadas e vem

alcançando grandes avanços tecnológicos. Na tentativa de incrementar a

produtividade, pesquisadores observaram que a utilização de cultivares selecionados

é uma tecnologia de fácil adoção pelos agricultores e que possuem o menor custo de

produção agrícola (CORDEIRO et al., 2010)

Diante da demanda de consumo mundial de arroz, o desafio é encontrar

cultivares com grandes potenciais produtivos e adaptados à região, sendo eles

capazes de se desenvolver e apresentar produção satisfatória mesmo sob a grande

diversidade edafoclimática submetidos em cada cultivo. Em vista do estado do

Tocantins ter grande potencial produtivo e estar localizado estrategicamente em um

grande entroncamento rodoviário, sendo corredor de exportações para várias regiões

do país (PIRES et al., 2012), a pesquisa deve ser intensificada a fim de tornar o estado

um polo comercial agrícola. Vários autores tem verificado a importância de encontrar

materiais genéticos adaptados às diversas condições ambientas e que apresentem

estabilidade ao longo dos anos de cultivo (SOUZA et al., 2007; CARGNIN et al., 2008;

MORAIS et al., 2008).

Avaliar o comportamento de cultivares ao longo de diversas safras é de

extrema importância, de forma que os cultivares quando submetidos em condições

que variam no tempo e no espaço serão caracterizados diferentemente. A interação

genótipos x ambiente será expressa de forma distinta a depender de cada condição

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em que for submetido o cultivo em determinado ano, assim a inter-relação ambiente-

planta irá idenficar materiais genéticos com a melhor expressão das suas

potencialidades, demosntrando-as nas variações morfológicas e econômicas da

cultura.

Diante do exposto, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de

cultivares de arroz de terras altas no cerrado do sul do Estado do Tocantins.

MATERIAL E MÉTODOS

Para avaliação do comportamento dos cultivares instalou-se um experimento

em cada uma das seguintes safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e

2011/2012, no sistema de cultivo de terras altas, sendo dois na fazenda Chaparral

(safras 2007/2008 e 2008/2009), no município de Gurupi, situada a 11° 40’ de latitude

sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m, em solo do tipo Latossolo

Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa (Embrapa, 2006). Os outros

três experimentos foram instalados na estação experimental da Universidade Federal

do Tocantins, no Campus Universitário do município de Gurupi, sendo que o da safra

2009/2010 foi instalado na Fazenda Experimental localizado a latitude de 11º46`12``S

e longitude de 49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011 e 2011/12

localizada a latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04` 07``W, a 280m de altitude,

todos em solo classificado como Latossolo Vermelho - Amarelo distrófico (Embrapa,

2006). Segundo o sistema de classificação de Köppen (1948), o clima da região é do

tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados climáticos referentes

ao período de condução dos experimentos encontram-se na Figura 1.

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Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos

de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e

2011/2012 (BDMEP, 2012).

As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safras

2007/08 e 2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham

sendo utilizadas por muitos anos com pastagens e encontravam-se em estado

degradado. Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas

safras (2010/11 e 2011/12), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão

(entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizado calagem para a correção da

acidez do solo, porém, no ano de 2009, por ter sido feito próximo ao plantio, o calcário

não teve tempo suficiente de reagir no solo, como pode ser observado nas

características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação dos

experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 0-20 cm

para a caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na

Tabela 1.

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Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos

experimentos.

Atributos do solo Safras

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Ca (cmolc dm-3) 0,90 3,20 4,80 1,72 1,08

Mg (cmolc dm-3) 0,40 1,70 0,10 1,41 0,60

Ca+Mg (cmolc dm-3) 1,30 4,90 4,90 3,13 1,68

K (cmolc dm-3) 0,06 0,40 0,44 0,37 0,06

SB (cmolc dm-3) 1,36 5,20 5,30 3,50 1,73

H+Al (cmolc dm-3) 2,90 3,30 3,60 2,65 0,95

pH (CaCl2) 4,30 4,70 6,10 5,36 5,08

P-melich (mg dm-3) 2,40 5,30 3,40 1,70 4,35

T (cmolc dm-3) 4,26 8,60 8,90 6,14 2,67

V (%) 30,51 60,90 59,3 56,90 64,53

M.O (%) 0,20 2,20 2,50 1,20 1,45

Areia (g kg-1) 785,20 785,20 597,30 720,81 720,81

Sílte (g kg-1) 38,30 38,30 47,70 90,53 90,53

Argila (g kg-1) 176,50 176,50 354,90 188,66 188,66

O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro

repetições, num esquema fatorial 4 x 5, constituído por quatro genótipos e cinco anos

de cultivo. No cultivo das safras 2007/2008 e 2008/2009, cada parcela experimental

foi constituída por cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60

sementes por metro linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais,

desprezando 0,5 metros de cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim,

5,4 m2 de área útil. Nas demais safras cada parcela experimental foi constituída por

quatro linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por

metro linear. Como área útil foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros

de comprimento, desprezando as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade

totalizando desta forma 3,6 m2 de área útil.

Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Sertaneja,

BRS-Primavera e BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de

forma convencional com uma gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi

realizada manualmente nos dias 13 de dezembro de 2007, 10 de dezembro de 2008,

12 de dezembro de 2009, 11 de dezembro de 2010 e 10 de dezembro de 2011.

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A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise

de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Sendo

assim, nas safras 2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1

de P2O5 na forma de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente

no solo de cada experimento. O potássio foi aplicado em plantio na dosagem de 60

kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Na safra 2011/12 aplicou-se 480 kg

ha-1 de NPK na formulação (5-25-15), sendo aplicados 24 kg ha-1 de N, 120 kg ha-1 de

P2O5, e 72 kg ha-1 de K2O. As adubações de cobertura nas safras 2007/08, 2008/09 e

2009/10 ocorreram com 90 kg ha-1 de N, na forma de uréia, na safra 2010/11 foram

aplicados 120 kg ha-1 de N, na forma de uréia com boro e na safra 2011/12 foram

aplicados 120 kg ha-1 de N na forma de uréia, descontando a adubação nitrogenada

realizada no sulco de plantio. Em todos os cultivos as adubações de cobertura foram

realizadas em duas etapas, a primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca

de 30 dias após plantio e a segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral,

cerca de 60 dias após plantio.

Os tratos culturais na safra 2007/08 foram efetuados quando necessários e o

controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual, sempre antes das

adubações. Em 2008/09 houve os procedimentos de limpeza mediante capina

manual, também antecedendo as aplicações nitrogenadas, não houve necessidade

de ser utilizados inseticidas e nem fungicidas durante a condução do experimento. Em

2009/10 os tratos culturais ocorreram mediante uso de herbicida e inseticida quando

se fez necessário. Na safra 2010/11e 2011/12 as limpezas ocorreram mediante uso

de capina manual e fungicida, com produtos devidamente recomendados para a

cultura do arroz.

As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias

para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta -

medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a

arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos

sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de

umidade, em kg ha-1.

Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de

homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de

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tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizando-

se o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito significativo da interação cultivar versus ambiente para todas as

características avaliadas (Tabela 2), caracterizando interdependência dos fatores, ou

seja, o ambiente influenciou de forma diferenciada na expressão dos cultivares

estudados, sendo, portanto, realizado o desdobramento de um fator dentro do outro.

Resultados semelhantes foram encontrados por CORDEIRO et al. (2010), MELO et

al. (2006) e CARGNIN et al. (2008) avaliando cultivares de arroz de terras altas em

diferentes locais e anos.

Observa-se ainda na Tabela 2, efeito significativo no fator cultivar para todas

as características, excetuando produtividade de grãos, evidenciando a variabilidade

genética existente entre os cultivares avaliados, o que é de extrema importância para

os estudos quando se visa encontrar materiais genéticos adaptados para a região e

tipo de cultivo visando o aspecto produtivo destes (CANCELLIER et al., 2011). Para o

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF),

altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de

quatro cultivares de arroz cultivados nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011 e 2011/2012, Gurupi-Tocantins.

FV GL

Quadrado Médio

DF (dias) AP (cm) MCG (g) PROD (Kg ha-1)

Cultivar (C) 3 1525,61** 758,26** 0,93** 333801,36ns

Ano (A) 4 112,34** 3865,15** 1,28** 8799181,55**

C X A 12 63,41** 249,39** 0,07** 650525,50**

Repetição (Ano) 15 12,25ns 80,24ns 0,03* 296894,40*

Resíduo 45 11,05 62,26 0,01 143276,85

CV(%) 4,19 9,16 5,34 35,73

Média Geral 79,37 86,19 2,58 1059,45

ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F.

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fator ambiente também foi observada significância para todas as características,

evidenciando as diferenças entre os anos de cultivo, mesmo sendo os estudos

realizados em condições experimentais semelhantes. Segundo Melo et al. (2007),

esta significância do fator ambiente é importante, pois, aumenta a necessidade de

estudos como este.

Os coeficientes de variação foram considerados baixos (Tabela 2) mostrando

boa precisão na condução dos experimentos exceto para a característica

produtividade de grãos (35,73%). Porém, para Costa et al. (2002), este valor é

classificado como médio em seus estudos que sugerem uma classificação para os

coeficientes de variação de acordo com o delineamento experimental em cultivos de

arroz terras altas. Tonello et al. (2012) e Cancellier et al. (2011) também verificaram

coeficientes elevados em estudos realizados à campo, quando a cultura foi submetida

a algum tipo de estresse.

Para a característica número de dias para florescimento (Tabela 3), observa-

se para as safras 2007/08 e 2008/09 que os cultivares BRSMG-Conai e BRS-

Primavera foram os mais precoces, variando entre 70 e 76 dias. Já os cultivares BRS-

Bonança e BRS-Sertaneja mostraram-se mais tardios variando entre 81,00 e 87,00

dias. Nas safras 2009/10, 2010/11 e 2011/12, novamente verifica-se que o cultivar

BRSMG-Conai se apresentou mais precoce, bem como, o cultivar BRS-Sertaneja o

mais tardio.

Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011 e 2011/2012

Dias para florescimento

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 81,00aAB 84,75aA 81,75bA 75,00bB 83,50bA 81,20

BRS-Sertaneja 85,00aC 87,00aBC 92,75aAB 95,00aA 91,00aABC 90,15

BRS-Primavera 74,50bB 75,75bB 86,50abA 75,00bB 73,00cB 76,95

BRSMG-Conai 70,00bAB 70,25bAB 74,75cA 66,00cB 65,00dB 69,20

Média 77,62 79,43 83,93 77,75 78,12

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

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38

Com relação aos anos agrícolas de cultivo, todos os cultivares apresentaram

variações quanto à característica número de dias para florescimento, sendo que BRS-

Primavera foi dentre eles o mais estável, não mostrando diferenças significativas entre

a maioria dos cultivos, pois, apenas na safra 2009/10 teve o seu ciclo mais tardio. O

cultivo de arroz está sujeito a diversos estresses abióticos, que variam de ano para

ano. Durante os cinco anos de cultivo observa-se grande variação na ocorrência,

duração e intensidade das precipitações pluviais (Figura 1), de forma que os cultivares

responderam a essas alterações com variações em seu ciclo. A planta ao passar por

condições estressantes, no caso, o déficit de água, não consegue produzir

fotoassimilados suficientes e necessários para o início do florescimento, sendo assim,

permanece mais tempo na fase vegetativa como resposta ao estresse, e tem como

resultado o prolongamento do seu ciclo (TERRA, 2008). Crusciol (1995) constatou em

seus estudos que a cultura do arroz prolonga seu ciclo quando passa por deficiência

hídrica.

Segundo Fornasiere Filho & Fornasiere (2006), o cultivar BRSMG-Conai é um

cultivar de ciclo precoce, e tem diferenças de ciclo em relação ao cultivar BRS-

Primavera que varia de 5 à 10 dias, que por sua vez é classificado como semi precoce,

enquanto que o BRS-Bonança tem ciclo vegetativo longo, variando em torno de 88

dias. Materiais genéticos de ciclo precoce vêm sendo utilizados para o cultivo quando

se busca menor tempo de exposição a fatores ambientais adversos, e quando, em

condições favoráveis permite que os produtores obtenham duas colheitas anuais

compensadoras, pelo aproveitamento da soca. Guimarães et al. (2007), também

encontraram valores semelhantes de dias para florescimento para o cultivares

supracitados.

Para a característica altura de plantas (Tabela 4), nota-se que o cultivar BRS-

Primavera foi o único a constituir sempre o grupo estatístico de plantas de maiores

estaturas, independente do ano de cultivo, devido provavelmente ao fator genético

que a caracteriza como um genótipo com maior porte de plantas. É importante

ressaltar que as alturas são consideradas satisfatórias para a região, pois possibilita

a colheita mecanizada. Para Castro Neto (2009) alturas em torno de 0,90 cm são

satisfatórias e pensando em cultivo mecanizado, reduzem as perdas de grãos no

momento da colheita.

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Tabela 4. Médias de altura de plantas em cm de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011 e 2011/2012

Altura de plantas (cm)

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 104,62bA 67,50bC 68,05bC 89,67 abAB 76,80 abBC 81,33

BRS-Sertaneja 123,97aA 80,75abB 75,95 abB 72,20cB 69,72bB 84,52

BRS-Primavera 110,52abA 84,50aC 87,85aBC 101,77aAB 91,35aBC 95,20

BRSMG-Conai 112,65abA 69,25bB 76,45abB 82,45bcB 77,75abB 83,71

Média 112,94 75,5 77,07 86,52 78,9

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

Observa-se que na safra 2007/08 os cultivares obtiveram as maiores alturas

de plantas, variando de 123,97 a 104,62 cm. Da safra 2007/08 para a safra 2008/09

os cultivares apresentaram grandes decréscimos em suas estaturas, em cerca de

38%, 36%, 35% e 24% para BRSMG-Conai, BRS-Bonança, BRS-Sertaneja e BRS-

Primavera, respectivamente. Para as demais safras, os cultivares BRSMG-Conai e

BRS-Sertaneja demonstraram estabilidade para a característica, enquanto que BRS-

Bonança e BRS-Primavera foram instáveis. Segundo Fonseca et al. (2008), a

característica altura de planta é uma variável agronômica, ou seja, quantitativa,

controlada por vários genes que apresentam baixa herdabilidade, e desta forma, muito

influenciadas pelas condições ambientais pelos quais são submetidos os materiais

durante o cultivo.

Na safra 2007/08 obteve-se as maiores alturas de plantas, justamente quando

ocorreram as melhores precipitações pluviais (Figura 1). Segundo Taiz & Zeiger

(2009), diversas mudanças fisiológicas, estruturais, anatômicas, morfológicas e

bioquímicas ocorrem quando a planta é submetida a qualquer tipo de estresse, sendo

que o estresse hídrico afeta principalmente o crescimento celular, o que

possivelmente explica a redução das estaturas das plantas nos anos subsequentes,

cujas precipitações foram menores e má distribuídas.

Quanto à massa de cem grãos (Tabela 5), constata-se que o BRSMG-Conai

compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias independente da safra de

cultivo, o que é desejável, pois, massa de cem grãos correlaciona-se com

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produtividade de grãos. O cultivar BRS-Sertaneja também apresentou massa elevada,

deixando de compor o grupo mais produtivo apenas na safra 2010/11.

Analisando as safras, observa-se a ausência de estabilidade entre os

cultivares para massa de cem grãos (Tabela 5), devido a forte influência do ambiente.

As baixas precipitações associadas à sua má distribuição durante o ciclo da cultura

do arroz afetaram visivelmente as características agronômicas, diminuindo suas

massas. O fator água é responsável pela expansão foliar, que está diretamente

relacionada com a quantidade de fotossíntese realizada pela planta. Em geral, a

quantidade de fotossíntese é proporcional à área foliar, sendo assim, com menos

fotossíntese haverá diminuição na quantidade de assimilados produzidos, redução na

sua distribuição na planta e consequentemente menor enchimento de grãos (TAIZ &

ZEIGER, 2009).

É notório que as safras 2007/08 e 2010/11 foram melhores, bem como

2008/09, 2009/10 e 2011/12 foram ruins. A possível explicação deve-se ao fato da

massa de cem grãos ser uma característica dependente da translocação de

carboidratos que irão preencher o grão, processo no qual a água é de fundamental

importância, pois participa nas diversas e principais atividades do metabolismo da

planta, desde a translocação de fotoassimilados, no transporte do xilema e floema, e

no processo de fotossíntese, que ficam reduzidos ou até inibidos quando há

deficiência hídrica (TAIZ & ZEIGER, 2009).

Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011 e 2011/2012

Massa de cem grãos (g)

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 2,72bA 2,28bB 2,34bcB 2,64bA 2,29aB 2,45

BRS-Sertaneja 3,07aA 2,52abB 2,46abBC 2,52bB 2,19aC 2,55

BRS-Primavera 2,72bA 2,26bB 2,17cB 2,71bA 2,19aB 2,41

BRSMG-Conai 3,30aA 2,68aBC 2,72aB 3,30aA 2,44aC 2,89

Média 2,95 2,43 2,42 2,79 2,28

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem

entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

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Os valores das massas de cem grãos encontradas nesse trabalho variaram

de 3,30g para BRSMG-Conai nas safras 2007/08 e 2010/11 a 2,17 para BRS-

Primavera na safra 2009/10. Adorian (2010) estudando a caracterização da

diversidade fenotípica existente em uma coleção nuclear de arroz de terras altas

encontrou valores de massa de cem grãos que variaram de 1,23 a 3,43 gramas. Já

Melo et al. (2009) e Fonseca et al. (2006) em trabalhos avaliando características

agronômicas de cultivares de arroz, encontraram valores que variaram de 2,3 a 2,7

gramas, valores estes que ficaram próximos aos encontrados neste estudo.

Guimarães et al. (2007), encontraram valor de 2,37 para o cultivar BRS-Bonança e

Silva et al. (2009) encontraram para o cultivar BRSMG-Conai massa de 2,39 gramas.

Segundo Fonseca et al. (2008), trata-se de uma característica muito influenciada pelo

ambiente, fazendo com que os cultivares respondam diferentemente em cada ano de

cultivo, uma vez que em cada ano agrícola houveram diferentes condições

edafoclimáticas.

Para produtividade de grãos (Tabela 6), observa-se que o cultivar BRS-

Bonança compôs sempre o grupo estatístico de maior média, sendo, portanto,

considerado o mais produtivo, apesar de não ter havido nas safras 2008/09, 2009/10

e 2011/12 diferença significativa entre os cultivares.

Dentre os cultivos das safras, 2007/08 foi a mais produtiva, seguida da safra

2010/11. A safra 2009/10 seguida da safra 2011/12 foram as que apresentaram os

menores rendimentos de grãos. Porém, estas médias de produtividade de grãos estão

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados

no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e

2011/2012

Produtividade de grãos (kg ha-1)

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 2729,34aA 502,58aC 167,38aC 1711,63aB 499,96aC 1122,18

BRS-Sertaneja 1951,03bA 903,09aB 137,63aC 732,36bBC 607,18aBC 866,26

BRS-Primavera 1716,81bA 906,11aB 465,40aB 2066,59aA 406,83aB 1112,35

BRSMG-Conai 1875,22bA 943,01aB 831,06aBC 1855,78aA 179,93aC 1137

Média 2068,1 813,7 400,37 1591,59 423,48

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si

pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

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próximas, e na maioria abaixo da média estadual que foi estimada em apenas 2009

kg ha-1 na safra 2012/2013 (CONAB, 2013). A possível explicação para tal fato deve-

se provavelmente à distribuição e às quantidades de chuvas ocorridas no período em

que foi cultivada cada safra (Figura 1).

Verifica-se que na safra 2007/08, além das maiores precipitações, também foi

melhor distribuída durante o período de cultivo, resultando em maiores produtividades

de grãos. O déficit hídrico reduz a capacidade produtiva dos cultivares, sendo o

período de florescimento e enchimento de grãos a fase mais crítica da cultura do arroz,

pois nesta fase a falta de água pode provocar esterilidade das espiguetas, panículas

menores e grãos mal formados e gessados. Segundo Heinemann (2010) as perdas

devido ao estresse hídrico na produtividade de grãos dos cultivares de arroz podem

ultrapassar a marca de 50%, causando grandes prejuízos aos riziculturores.

Observa-se grandes decréscimos de produtividades do primeiro para o

segundo ano de cultivo, chegando até a 80% de redução para o cultivar BRS-

Bonança. Decréscimo que se manteve, quase na mesma proporção ou até

intensificou-se, do segundo para o terceiro ano de cultivo, para todos os cultivares. A

safra 2010/11 obteve bons rendimentos, porém no cultivo seguinte voltou-se a obter

quedas na produtividade dos cultivares. Apesar das variações nos atributos físicos e

químicos do solo (Tabela 1), que podem justificar as baixas produtividades de grãos,

bem como, as oscilações de cada ano, tem-se como principal limitante na produção

do arroz nestas cinco safras, o componente água, que teve grandes alterações em

sua disponibilidade (Figura 1), modificando as características dos cultivares, pois esta

exerce uma diversidade de funções fisiológicas e metabólicas nas plantas e em todo

ecossistema.

CONCLUSÕES

O ano agrícola 2007/08 proporcionou as maiores produtividades,

independentemente dos cultivares avaliados.

Os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRSMG-Conai atingiram boas

produtividades em mais de um ano de cultivo, sendo indicadas para a utilização na

região.

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CAPÍTULO II

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ SUBMETIDOS À ESTRESSE

DE FÓSFORO EM SOLOS DO CERRADO

RESUMO

Indispensável no metabolismo da cultura do arroz, o fósforo é um dos grandes

limitantes da produtividade da cultura, então, objetivou-se com este estudo avaliar o

comportamento de cultivares de arroz de terras altas submetidos ao estresse de

fósforo, no Cerrado do sul do Estado do Tocantins. Os experimentos foram

conduzidos em campo na Fazenda Chaparral e na Estação Experimental da

Universidade Federal do Tocantins nos anos agrícolas 2007/2008, 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012. O delineamento experimental foi de blocos

casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 4 x 5, constituído por

quatro genótipos e cinco anos. As características avaliadas foram número de dias para

florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos.

Conclui-se que os cultivares BRS-Primavera, BRS-Bonança e BRSMG-Conai

apresentaram produtividades superiores em mais de um ano de cultivo; o ano agrícola

2007/2008 apresentou os maiores rendimentos para os cultivares avaliados e o

estresse de fósforo altera as características agronômicas da cultura do arroz, e reduz

significativamente suas produtividades de grãos.

Palavras-chave – Oryza sativa; estresse abiótico; estresse mineral; produtividade.

BEHAVIOR OF RICE CULTIVARS UNDERGOING STRESS CONDITION OF

PHOSPHORUS IN SOILS OF CERRADO

ABSTRACT

Indispensable in the metabolism of rice, phosphorus is a major limiting crop

productivity, then, the aim of this study was to evaluate the behavior of cultivars of

upland rice subjected to stress of phosphorus in the Cerrado of south State of

Tocantins. The experiments were conducted in the field in Chaparral Farm and

Experiment Station of the Federal University of Tocantins in the years 2007/2008,

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2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 and 2011/2012. The experimental design was

randomized blocks with four replications, in a 4 x 5 factorial, consisting of four

genotypes and five years. The characteristics evaluated were number of days to

flowering, plant height, weight of hundred grains and grain yield. We conclude that the

BRS-Primavera, BRS-Bonança e BRSMG-Conai showed higher yield than in more

than a year of cultivation, the agricultural year 2007/2008 had the highest yields for

cultivars evaluated and phosphorus stress alters agronomic of rice, and significantly

reduces their grain yields.

Key words - Oryza sativa; abiotic stress; stress mineral; productivity.

INTRODUÇÃO

Cultivado e consumido em todo o mundo, o arroz (Oryza sativa L.) exerce

papel fundamental na alimentação humana, sendo fonte de energia, proteínas,

vitaminas e minerais. Sua produção concentra-se na Ásia, com aproximadamente

90% da produção mundial, seguida das Américas (4,5%), África (4,5%), Europa e

Oceania. A orizicultura tem lugar de destaque no agronegócio por representar grande

importância econômico-social visando à produção de alimentos necessários para

atender a crescente demanda populacional.

Na América Latina o Brasil é o maior produtor desse grão, com a produção

correspondente provinda desde grandes lavouras mecanizadas até pequenas áreas

de produção para subsistência (FERREIRA et al., 2012; CORDEIRO et al., 2010). A

evolução da cultura fez-se adaptar a diversas condições climáticas, sendo assim, sua

produção está distribuída em todo território nacional, dividida em dois sistemas de

cultivo, o de várzea e o de terras altas, sendo que este último é detentor da maior área

plantada, cerca de 55%, porém, representando apenas 25% da produção total

brasileira, que concentra-se na região do Cerrado (SANTOS & RABELLO, 2008).

Essas baixas produções do Cerrado são explicadas pela exposição da cultura

as intemperes climáticas que ocorrem na região, como veranicos, que são

caracterizados pelos períodos irregulares de chuva, às altas temperaturas, que

desencadeiam alta transpiração da cultura, solos ácidos e com limitada

disponibilidade de nutrientes que tem como resultado mudanças no metabolismo da

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planta e consequentemente queda na produtividade (GUIMARÃES et al., 2007).

Segundo o quarto levantamento da CONAB (2015), estima-se para a safra 2014/2015

área plantada de arroz no Brasil em 2372,9 mil hectares, com produção de 12197,8

mil toneladas e produtividade de 5182 kg ha-1. Para o estado do Tocantins a estimativa

é de 113,9 mil hectares plantados, com produção de 577,5 mil toneladas e

produtividade de 4932 kg ha-1. Para o arroz cultivado apenas em sistemas de terras

altas, o levantamento da CONAB (2013) apontou estimativa de produção para a safra

2012/2013 de 78,27 mil toneladas, numa área de 38,96 mil hectares, obtendo

produtividade de 2009 kg ha-1.

O elemento fósforo (P) é um dos maiores limitantes da produção de arroz de

terras altas, isso porque esse nutriente se encontra em baixos níveis em solos do

Cerrado e tem alto poder de adsorção e fixação no solo, ficando, portanto, indisponível

para as plantas. Indispensável no metabolismo da planta, o fósforo tem função

estrutural, compondo o ATP, ácidos nucléicos e fosfolipídios das membranas celulares

e fazendo parte dos compostos fosfatados da glicólise e da fotossíntese, além da ação

funcional, como regulador enzimático (TAIZ; ZEIGER, 2009). Sendo assim, sua

deficiência reduz o crescimento e o perfilhamento da cultura, acarreta menor

desenvolvimento das raízes, assim como na produção de matéria seca e sementes

(GRANT et al., 2001).

Identificar materiais genéticos que apresentem bons rendimentos quando

submetidos à baixas adubações, e que tenham boa adaptação e estabilidade ao longo

de vários anos de cultivo, mesmo, submetidos a diversas condições climáticas, de

forma que estes, consigam expressar suas potencialidades, irá favorecer a produção

agrícola, obtendo um maior retorno econômico, reduzindo os custos dos produtores,

e principalmente promovendo o crescimento local.

Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de cultivares

de arroz de terras altas submetidos ao estresse de fósforo, no Cerrado do sul do

Estado do Tocantins.

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MATERIAL E MÉTODOS

Para avaliação do comportamento dos cultivares instalou-se um experimento

em cada uma das seguintes safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e

2011/2012, no sistema de cultivo de terras altas, sendo dois na Fazenda Chaparral

(safras 2007/2008 e 2008/2009) no município de Gurupi, situada a 11° 40’ de latitude

sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m, em solo do tipo Latossolo

Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa. Os outros três experimentos

foram instalados na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins, no

Campus Universitário de Gurupi, sendo que o da safra 2009/2010 foi instalado na

Fazenda Experimental, localizado a latitude de 11º46`12``S e longitude de

49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011 e 2011/12 localizada a

latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04` 07``W, a 280m de altitude, todos em

solo classificado como Latossolo Vermelho - Amarelo distrófico (Embrapa, 2006).

Segundo o sistema de classificação de Köppen (1948), o clima da região é do tipo

mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados climáticos referentes ao

período de condução dos experimentos encontram-se na Figura 1.

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Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos

de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e

2011/2012 (BDMEP, 2012)

As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safras

2007/08 e 2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham

sendo utilizadas por muitos anos com pastagens e encontrava-se em estado

degradado. Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas

safras (2010/11 e 2011/12), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão

(entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizada calagem para a correção da

acidez do solo, porém, no ano de 2009, e por ter sido feito próximo ao plantio, o

calcário não teve tempo suficiente de reagir com o solo, como pode ser observado

nas características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação

dos experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 0-

20 cm para caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na

Tabela 1.

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O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro

repetições, num esquema fatorial 4 x 5, constituído por quatro genótipos e cinco anos

de cultivo. No cultivo das safras 2007/2008 e 2008/2009 cada parcela experimental foi

constituída por cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60

sementes por metro linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais,

desprezando 0,5 metros de cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim,

5,4 m2 de área útil. Nas demais safras cada parcela experimental foi constituída por

quatro linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por

metro linear. Como área útil foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros

de comprimento, desprezando as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade

totalizando desta forma 3,6 m2 de área útil.

Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Sertaneja,

BRS-Primavera e BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de

forma convencional com gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi

realizada manualmente nos dias 13 de dezembro de 2007, 10 de dezembro de 2008,

12 de dezembro de 2009, 11 de dezembro de 2010 e 10 de dezembro de 2011.

Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos

experimentos

Atributos do solo

Safras

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Ca (cmolc dm-3) 0,90 2,70 4,80 1,59 1,15

Mg (cmolc dm-3) 0,40 1,30 0,10 1,41 0,69

Ca+Mg (cmolc dm-3) 1,30 3,90 4,90 3,00 1,84

K (cmolc dm-3) 0,06 0,20 0,44 0,15 0,07

SB (cmolc dm-3) 1,36 4,30 5,30 3,14 1,89

H+Al (cmolc dm-3) 2,90 3,40 3,60 2,25 0,73

pH (CaCl2) 4,30 4,20 6,10 5,47 5,49

P-melich (mg dm-3) 2,40 3,90 3,40 0,70 3,98

T (cmolc dm-3) 4,26 7,70 8,90 5,39 2,61

V (%) 30,51 55,40 59,3 58,24 72,22

M.O (%) 0,20 0,80 2,50 1,17 1,34

Areia (g kg-1) 785,20 809,1 597,30 720,81 720,81

Sílte (g kg-1) 38,30 51,30 47,70 73,86 73,86

Argila (g kg-1) 176,50 139,6 354,90 205,33 205,33

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A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise

de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Sendo

assim, nas safras 2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/11 foram aplicados 20 kg ha-1 de

P2O5 na forma de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente no

solo de cada experimento. O potássio foi aplicado em plantio na dosagem de 60 kg

ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Na safra 2011/12 aplicou-se 80 kg ha-1

de NPK na formulação (5-25-15), sendo aplicados 4 kg ha-1 de N, 20 kg ha-1 de P2O5,

e 12 kg ha-1 de K2O, também foi adicionado 20 kg de N na forma de uréia. As

adubações de cobertura nas safras 2007/08, 2008/09 e 2009/10 ocorreram com 90 kg

ha-1 de N na forma de uréia; na safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de N na

forma de uréia com boro e na safra 2011/12 foram aplicados 120 kg ha-1 de N na forma

de uréia, descontando a adubação nitrogenada realizada no sulco de plantio. Em

todos os cultivos as adubações de cobertura foram realizadas em duas etapas, a

primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após plantio e a

segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias após plantio.

Os tratos culturais na safra 2007/08 foram efetuados quando necessários e o

controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual, sempre antes das

adubações. Em 2008/09 houve os procedimentos de limpeza mediante capina

manual, também antecedendo as aplicações nitrogenadas, não houve necessidade

de ser utilizado inseticidas e nem fungicidas durante a condução do experimento. Em

2009/10 os tratos culturais ocorreram mediante uso de herbicida e inseticida quando

se fez necessário. Na safra 2010/11e 2011/12 as limpezas ocorreram mediante uso

de capina manual e fungicida, com produtos devidamente recomendados para a

cultura do arroz.

As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias

para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta -

medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a

arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos

sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de

umidade, em kg ha-1.

Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de

homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de

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tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizando-

se o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a interação genótipos versus ambiente houve significância para todas as

características avaliadas (Tabela 2) caracterizando interdependência dos fatores, ou

seja, os ambientes (anos) influenciaram de forma diferenciada a expressão dos

genótipos estudados. Desta forma, realizou-se o desdobramento de um fator dentro

do outro. Ainda na Tabela 2, observou-se significância para todas as características

estudadas no fator cultivar e para o fator ambiente, demonstrando variabilidade

genética existente entre os cultivares e variação entre os anos de cultivo. Estudos

semelhantes foram realizados por Cordeiro et al. (2010) e Cargnin et al. (2008) que

também verificaram significância das interações. Fica evidenciado para Cancellier et

al. (2011) e Melo et al. (2007) a importância desse tipo de estudo, principalmente para

encontrar materiais genéticos adaptados à região e tipo de cultivo visando o aumento

produtivo destes.

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF),

altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de

quatro cultivares de arroz cultivados com estresse de fósforo nas safras 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Gurupi-Tocantins

FV GL DF (dias) AP (cm) MCG (g) PROD (kg ha-1)

Repetição (Ano) 15 5,11ns 24,59ns 0,04ns 205190,72**

Cultivar (C) 3 1207,30** 1037,49** 1,20** 141856,72*

ANO (A) 4 607,48** 4484,46** 1,22** 8901932,31**

C X A 12 36,77** 276,06** 0,12** 296576,58**

Resíduo 45 4,11 18,1 0,02 28879,55

CV (%) 2,46 5,02 6,23 20,53

Média Geral 82,4 84,8 2,55 827,69

ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F

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As boas conduções dos experimentos ficam evidenciadas nos baixos valores

de CV encontrados na Tabela 2, excetuando-se a característica produtividade de

grãos (20,53%), porém Blum (1988) avalia que esse coeficiente de variação não é

elevado e nem inadequado para ensaios de campo que simulam estresse de

nutrientes minerais. Em trabalhos que avaliaram estresse nutricional, diversos

também encontraram valores de CV elevado como Sousa et al. (2012) com a cultura

do feijão e Tonello et al. (2012) e Cancellier et al. (2011) com a cultura do arroz.

As médias para a característica dias para florescimento encontram-se na

Tabela 3. Nota-se que o cultivar BRSMG-Conai compôs sempre o grupo estatísticos

dos materiais genéticos mais precoces em todos os anos de cultivo, já o cultivar BRS-

Sertaneja caracterizou-se como cultivar mais tardio também verificado em todas as

safras. O ciclo precoce para a cultura do arroz pode tornar-se interessante, pois, desta

forma, tendem a “escapar”, ou seja, a completar seu ciclo mais rapidamente ficando

menos tempo exposto às condições ambientais adversas, e ainda, quando encontram

ambiente propício produzem duas colheitas, pelo aproveitamento da soca, trazendo

mais rendimentos aos agricultores.

Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012

Dias para florescimento

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 80,25 aC 82,50 bBC 94,25 bA 81,25 bC 86,25 bB 84,90

BRS-Sertaneja 82,50 aD 87,25 aC 100,25 aA 96,50 aAB 92,50 aB 91,80

BRS-Primavera 74,50 bC 71,00 cC 92,25 bA 79,00 bB 79,50 cB 79,25

BRSMG-Conai 70,00 cC 70,50 cC 82,25 cA 69,00 cC 76,50 cB 73,65

Média 76,81 77,81 92,25 81,43 83,68

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

A safra 2009/10 apresentou as maiores médias de dias para florescimento,

resultando no prolongamento do ciclo dos genótipos (Tabela 3). Isso se deu,

provavelmente devido a grandes variações climáticas existentes entre os anos (Figura

1), como por exemplo a distribuição e intensidade pluvial, já que a deficiência hídrica

provoca redução na expansão celular. Influenciando diretamente a quantidade de

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fotossíntese por unidade de área, fazendo com que a planta não consiga ter reservas

suficientes para entrar no estágio de florescimento, permanecendo assim, mais tempo

na fase vegetativa prolongando seu ciclo. O que ainda pode ter sido intensificado pelo

estresse nutricional de fósforo, pois a limitação de fósforo para a planta interfere na

formação dos órgãos reprodutivos, ocasionando o atraso na iniciação floral (TAIZ;

ZEIGER, 2009). Crusciol et al. (2003 e 2006) e Terra (2008) também verificaram

alterações do período de florescimento da cultura em função da quantidade de água

fornecida à cultura do arroz de terras altas, tendendo a prolongar seu ciclo.

Quanto à altura de plantas (Tabela 4), observa-se que o cultivar BRS-

Primavera, independente do ano de cultivo, esteve sempre presente no grupo

estatístico com as maiores estaturas de plantas. Apesar da característica altura de

plantas ser determinada geneticamente, segundo Fonseca et al. (2008), ela é

influenciada pelo ambiente, ou seja, é uma característica de baixa herdabilidade,

controlada por vários genes e irá sofrer variações a depender das condições de cultivo

submetida.

Tabela 4. Médias de altura de plantas de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados

no sul sob estresse de fósforo do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012

Altura de plantas (cm)

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 113,60 bA 73,50 cBC 66,70 bC 78,90 bB 71,77 bcBC 80,89

BRS-Sertaneja 123,07 aA 83,75 bB 74,35 abC 63,77 cD 64,26 cD 81,84

BRS-Primavera 118,35 abA 93,25 aB 75,80 aC 97,40 aB 93,15 aB 95,59

BRSMG-Conai 99,77 cA 78,75 bcB 67,15 bC 83,00 bB 75,82 bB 80,90

Média 113,70 82,31 71,00 80,76 76,25

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si

pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

Dentre os cultivos das safras, o ano 2007/08 foi o que os cultivares

apresentaram as maiores alturas de plantas (Tabela 4), variando de 99,77 a 123,07

cm, que podem estar relacionadas às maiores precipitações, bem como à melhor

distribuição durante o cultivo (Figura 1). A safra 2009/10 resultou nas menores alturas

de plantas, com decréscimo próximo aos 48% para o cultivar BRS-Sertaneja

comparando a safra 2007/08 e 2009/10. O fósforo é um nutriente que tem participação

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integral de compostos importantes das células vegetais, possui diversas funções,

como elemento estrutural de DNA e RNA, como elemento transferidor de energia,

intermediário da respiração e fotossíntese e atua como regulador de diversas vias

sintéticas (TAIZ; ZEIGER, 2009). Sendo assim, o estresse do fósforo, associado às

menores precipitações, que também afetam diretamente todo o metabolismo da planta

e seu crescimento celular, justificam a diminuição das alturas de plantas que

ocorreram ao longo dos cinco anos de cultivo. Sant’Ana et al. (2003) e Fageria (2007)

verificaram que a cultura do arroz cultivada sob estresse de fósforo tende a reduzir a

altura de plantas, ter menor perfilhamento e redução significativa da produtividade de

grãos.

Para a característica massa de cem grãos (Tabela 5), nota-se que o grupo

que obteve superioridade estatística foi sempre composto pelo cultivar BRSMG-Conai,

independente do ano agrícola. O cultivar BRS-Sertaneja, também teve tendência de

apresentar elevada massa de cem grãos, o que é interessante para a cultura, pois

esta é uma característica que está diretamente relacionada com produtividade de

grãos.

Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012

Massa de cem grãos (g)

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 2,81 bA 2,41 bB 2,43 abB 2,36 bB 2,32 bB 2,47

BRS-Sertaneja 3,04 bA 2,20 bC 2,57 aB 2,32 bBC 2,18 bcC 2,46

BRS-Primavera 2,81 bA 2,28 bBC 2,24 bBC 2,52 bAB 2,02 cC 2,37

BRSMG-Conai 3,36 aA 2,78 aB 2,52 abB 3,27 aA 2,65 aB 2,92

Média 3,00 2,42 2,44 2,62 2,29

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

Houve grande variação das médias para a característica massa de cem grãos

ao longo dos cinco anos de cultivo (Tabela 5). Verifica-se que a safra 2007/08

apresentou as maiores médias comparadas aos demais anos agrícolas, evidenciando

a forte influência do ambiente nesta característica. Mais uma vez o fator déficit hídrico

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tornou-se o grande responsável pela diminuição das médias dos cultivares durante o

cultivo das cinco safras (Figura 1), pois, a água é aliada fundamental da planta para

que se consiga desenvolver todas as atividades metabólicas, já que participa desde o

transporte de nutrientes do solo para as raízes, no transporte pelo xilema e floema,

participa dos processos de fotossíntese, promove a translocação de fotoassimilados

para toda a planta e tem importância no crescimento celular. Assim, quando ocorre

déficit na planta, essas atividades podem ser inibidas, e como a massa de cem grãos

depende da translocação de carboidratos que irão preencher a casca, função de

translocação desempenhada pela água, então a planta pode sofrer com decréscimos

no enchimento dos grãos (TAIZ; ZEIGER, 2009).

O fósforo também tem grande participação na formação dos grãos, pois

segundo Taiz & Zeiger, (2009), a limitação deste nutriente, provoca restrição na

formação das sementes, interferindo na formação dos órgãos reprodutivos, resultando

no decréscimo de número de flores, o que refletirá diretamente na produtividade de

grãos. Guimarães et al. (2007) e Adorian (2010) encontraram valores semelhantes de

massa de cem grão para cultivares de arroz.

Com relação à característica produtividade de grão (Tabela 6), observa-se

que o cultivar BRS-Bonança compôs sempre o grupo estatístico com a maior média,

sendo, portanto, o mais produtivo.

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008,

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012

Produtividade de grãos (kg ha-1)

Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média

BRS-Bonança 2458,15 aA 924,98 abB 133,91 aC 894,89 aB 343,73 abC 951,13

BRS-Sertaneja 2329,89 aA 755,61 bB 145,06 aC 301,19 bC 484,21 aBC 803,19

BRS-Primavera 1552,22 bA 1239,47 aA 173,58 aC 648,46 aB 194,84 abC 761,71

BRSMG-Conai 1846,88 bA 802,64 bB 241,77 aC 918,80 aB 163,47 cC 794,71

Média 2046,78 930,67 173,58 690,83 296,56

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

Contata-se que a safra 2007/08 (Tabela 6) se mostrou mais produtiva para

todos os cultivares avaliados, enquanto que as safras 2009/10 e 2011/12 foram as

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menos produtivas. Houve grandes decréscimos de produtividade de grãos da safra

2007/08 para as dos anos subsequentes, reforçando a justificativa de que a

quantidade e distribuição das precipitações pluviais são de extrema importância para

a cultura do arroz, pois afetam todo o desenvolvimento da cultura em todos os

estágios, sendo, porém, a fase de florescimento e enchimento de grãos consideradas

as fases críticas para a cultura do arroz. Segundo Heinemann (2010) o déficit de água

nesses períodos resulta na esterilidade das espiguetas, panículas menores e grãos

mal formados e gessados, atingindo perdas de produtividade de grãos de até 50%.

Os baixos níveis de fósforo na cultura do arroz, associados com menores

precipitações resultaram em quedas na produtividade de grãos, que em sua maioria

foram abaixo da média estadual, estimada em apenas 2009 kg ha-1 para a safra

2012/2013 (CONAB, 2013). As boas produtividades da safra 2007/08 podem estar

relacionadas com a massa de cem grãos, que foram superiores às demais safras,

demonstrando assim a correlação existente entre essas duas características.

Considerando a carência de informações a respeito do comportamento de

cultivares de arroz cultivados em terras altas no Cerrado, e mais especificamente no

Estado do Tocantins, e principalmente a expressividade do público beneficiado por

estudos como este, já que a maioria dos produtores do estado possuem em suas

propriedades agrícolas terras não corrigidas, que para atingirem potencial produtivo

satisfatório teriam custo de produção aumentado expressivamente, nota-se a

importância de estudos como este, envolvendo em maior número possível de

cultivares. Através desses resultados podem-se identificar os melhores cultivares para

este nível tecnológico empregado pelos agricultores, maximizando suas

produtividades sem onerar o custo de produção.

CONCLUSÕES

Os cultivares BRS-Primavera, BRS-Bonança e BRSMG-Conai apresentaram

produtividades superiores em mais de um ano de cultivo.

O ano agrícola 2007/2008 apresentou os maiores rendimentos para os

cultivares avaliados.

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60

O estresse de fósforo altera as características agronômicas da cultura do

arroz, e reduz significativamente suas produtividades de grãos.

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CAPÍTULO III

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS NA

REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

RESUMO

O arroz é uma gramínea pertencente à família Poaceae, cultivado em dois

ecossistemas, o de várzea, e o de Terras altas, é adaptado à diferentes condições de

cultivo e sofre com grandes oscilações na sua produção. Pioneira na ocupação

agrícola com a abertura das áreas de cultivo, a cultura do arroz tem pouca exigência

nutricional e é tolerante à solos ácidos, característica intrínseca do Cerrado. Cultivado

mundialmente, destaca-se como alimento essencial para a população, além de

favorecer ao desenvolvimento econômico-social dos países. Objetivou-se com este

trabalho avaliar o comportamento de cultivares de arroz de terras altas no Cerrado do

sul do Estado do Tocantins. Os experimentos foram conduzidos em campo na

Fazenda Chaparral e na Estação Experimental da Universidade Federal do Tocantins

nos anos agrícolas 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013. O

delineamento experimental foi de blocos casualisados com quatro repetições, num

esquema fatorial 3 x 5, constituído por três genótipos e cinco anos. As características

avaliadas foram número de dias para florescimento, altura da planta, massa de cem

grãos e produtividade de grãos. Conclui-se que as maiores produtividades de grãos

foram alcançadas na safra 2012/13; o estresse hídrico provocou reduções

significativas nos componentes de produtividade na cultura do arroz e; o cultivar BRS-

Primavera apresentou as maiores produtividades nos anos agrícolas avaliados,

exceto em 2009/10.

Palavras-chave: Cerrado; Oryza sativa; segurança alimentar.

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BEHAVIOR OF RICE VARIETIES OF UPLAND IN SOUTHERN STATE

TOCANTINS

ABSTRACT

The rice is a grain belonging to the family Poaceae, grown in two ecosystems, the

floodplain, and the Highlands, is adapted to different growing conditions and suffers

from large fluctuations in their production. As a pioneer crop in agricultural occupation

with the opening of new cultivation areas, the rice has little nutritional requirement and

is tolerant to acid soils, intrinsic characteristic of the Cerrado soils. Cultivated

worldwide, stands out as an essential food for the population, in addition promote

economic and social development of the countries. The aim of this study was to

evaluate the cultivars behavior of upland rice in the Cerrado of the southern part of the

state of Tocantins. The experiments were conducted in the field in the Chaparral Farm

and in the Experimental Station of the Federal University of Tocantins in the agricultural

years of 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 and 2012/2013. The

experimental design was a randomized blocks with four replications in a factorial

scheme 3 x 5, comprising three genotypes and five years. The evaluated

characteristics were number of days to flowering, plant height, weight of hundred

grains and grain yield. It is concluded that the larger grain yields were achieved in the

2012/13 cropping year; water stress caused significant reductions in yield components

in rice and, the BRS -Primavera showed the highest yields in the evaluated cropping

years, except in 2009/10.

Key words: Cerrado; Oryza sativa; food safety.

INTRODUÇÃO

Um dos principais cerais cultivado e consumido mundialmente, o arroz (Oryza

sativa L.), possui grande representatividade econômico-social nos países em

desenvolvimento, e representa importante fonte de nutrientes na alimentação. É

adaptado à diferentes condições de cultivo, porém sofre com grandes oscilações na

sua produção, o que repercute na necessidade de inovações tecnológicas que

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solucionem os problemas da cultura visando o incremento de produtividade e

melhorias na qualidade do produto, para que assim, se atenda às exigências da

população (NOSSE et al., 2008).

Segundo Cancellier et al. (2011) a orizicultura representa 30% da produção

total de grãos que atinge 590 milhões de toneladas e abastece o mercado mundial. O

sistema de terra altas representa 13% dos 148 milhões de hectares cultivados em todo

o mundo (TERRA et al., 2013).

No Brasil a produção não tem atingido níveis satisfatórios e que atendam a

demanda, sendo necessário a importação do produto (FONSECA et al., 2012). Nas

regiões tropicais brasileira, em solos do cerrado, se concentram a maior produção de

grão de arroz em sistema de terras altas, justificado pela rusticidade da cultura, ao se

adaptar às condições de baixa fertilidade natural dos solos, à alta acidez destes, além

da sua baixa retenção de água, tornando o arroz pioneiro na ocupação agrícola como

abertura das áreas de cultivo (CRUSCIOL et al., 2003a). Essa região também é

caracterizada por ter grande sazonalidade de precipitação hídrica, os chamados

veranicos, que ocasionam grande perdas na produção, uma vez que a cultura, sob

deficiência hídrica sofre alterações fisiológicas, morfológicas e bioquímicas, e assim,

não responde satisfatoriamente com altas produtividades de grãos (TERRA et al.,

2013).

O primeiro levantamento de grãos da safra 2013/2014, realizado pela CONAB

(2013), trazem a cultura do arroz com área plantada na safra 2012/2013 de 2390,9 mil

hectares, com produção de 11746,6 mil toneladas e produtividade 3507 kg ha-1. Para

a safra 2013/2014 a estimativa inicial é de que sejam produzidos entre 11,92 a 12,03

milhões de toneladas, ou seja, produção pouco superior, na mesma área plantada. Os

estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, são os maiores produtores do país,

produzindo juntos 76% da safra nacional com mais de 50% da área total de arroz no

Brasil. O Tocantins é o terceiro maior produtor de arroz, com maior representatividade,

o arroz irrigado, plantado em grandes áreas localizadas nas regiões de Formoso do

Araguaia, Lagoa da Confusão, Dueré, Cristalândia e Pium, e o arroz de terras altas

com um provável decréscimo da área plantada de 5% em relação à safra de 2012/13

que foi de 38,96 mil hectares, em virtude da substituição da cultura para a produção

de soja e milho.

A heterogeneidade dos ambientes o qual o arroz é cultivado, o expõem a

múltiplos estresses abióticos, desde variações de clima e fertilidade do solo. Desta

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forma, a expressão das características, aspectos fenotípicos e genotípicos da cultura,

são determinados direta e indiretamente pela ação dos fatores externos e são

resultado final de todas interações planta-ambiente (GUIMARÃES et al., 2008). Todo

o desenvolvimento da cultura e sua expressão gênica podem estar ligados aos

estímulos bioquímicos internos, que divergem pela interação dos genes em condições

de diversidade ambiental e acabam por refletir na produtividade final. É nessa

interação planta-ambiente que o melhoramento atua, buscando a melhor expressão

morfológica e econômica da espécie, em diferente condições ambientais (NUNES et

al., 2012).

O melhoramento procura viabilizar materiais genéticos em diferentes

condições de cultivo ou em diferentes regiões, buscando novas estratégias a fim de

que se tenha o máximo de ganho possível, em detrimento ao investimento aplicado,

por fim o grande desafio do melhorista é o aumento da produção de alimentos, em

virtude do aumento da demanda de consumo mundial (SOUZA et al., 2012). Aliado ao

potencial produtivo da cultura, acrescido do melhoramento desta, estão as práticas

agrícolas, que buscam o melhor manejo propiciando toda expressão do seu potencial

e refletindo assim, no aumento da produtividade. Vários autores tem verificado a

importância de encontrar materiais genéticos adaptados às diversas condições

ambientas (SOUZA et al., 2012; CARGNIN et al., 2008; MORAIS et al., 2008).

A avaliação comportamental dos cultivares em diversos anos com posterior

identificação dos mais adaptados às variações edafoclimáticas, e os que respondam

satisfatoriamente nos aspectos produtivos, são fatores imprencindíveis para a

recomendação de um material genético ao produtor, visando maior rentabilidade e

principalmente almejando o crescimento regional (MELO et al., 2007). Em virtude do

estado do Tocantins ser um local com pontecial produtivo e, em vista da sua

localização estratégica no entroncamento rodoviário, o mesmo pode se tornar

corredor para exportação do produto, com grande chances de virar polo comercial

agrícola, assim como, pode ocorrer com outras culturas produzidas na região (PIRES

et al., 2012).

Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de cultivares

de arroz de terras altas no Cerrado do sul do Estado do Tocantins.

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MATERIAL E MÉTODOS

A avaliação do comportamento dos cultivares foi realizada com a instalação

de um experimento em cada uma das seguintes safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013, no sistema de cultivo de terras altas, sendo um

na Fazenda Chaparral (safra 2008/2009), localizada no município de Gurupi, situada

a 11° 40’ de latitude sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m, em solo

do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa. Os outros

quatro experimentos foram instalados na estação experimental da Universidade

Federal do Tocantins, no Campus Universitário de Gurupi, sendo que o da safra

2009/2010 foi instalado na Fazenda Experimental localizado a latitude de 11º46`12``S

e longitude de 49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011, 2011/12 e

2012/13, localizados a latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04` 07``W, a 280m

de altitude, todos em solo classificado como Latossolo Vermelho - Amarelo distrófico

(Embrapa, 2006). Segundo o sistema de classificação de Köppen (1948), o clima da

região é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados

climáticos referentes ao período de condução dos experimentos encontram-se na

Figura 1.

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Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos

de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e

2012/2013 (BDMEP, 2013).

As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safra

2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham sendo

utilizadas por muitos anos com pastagens e encontravam-se em estado degradado.

Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas safras

(2010/11, 2011/12 e 2012/13), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão

(entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizado calagem para a correção da

acidez do solo, porém, no ano de 2009, por ter sido feito próximo ao plantio o calcário

não teve tempo suficiente de reagir com o solo como pode ser observado nas

características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação dos

experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 0-20 cm

para a caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na

Tabela 1.

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Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos

experimentos.

Atributos do solo

Safras

08/09 09/10 10/11 11/12 12/13

Ca+Mg (cmolc dm-3) 4,00 0,80 1,00 1,50 1,57

K (cmolc dm-3) 0,02 0,06 0,62 0,10 0,08

SB (cmolc dm-3) 4,02 0,86 1,62 1,70 1,63

H+Al (cmolc dm-3) 3,30 4,10 3,32 1,30 1,02

pH (CaCl2) 4,60 5,00 5,70 6,10 6,30

P-melich (mg dm-3) 80,0 1,20 10,30 15,6 11,12

T (cmolc dm-3) 7,32 4,49 4,94 3,00 2,65

V (%) 54,91 19,15 32,92 55,2 61,40

M.O (%) 1,10 18,10 2,01 4,70 13,32

Areia (g kg-1) 785,20 690,10 709,00 735,2 542,4

Sílte (g kg-1) 38,30 40,50 47,70 57,20 54,90

Argila (g kg-1) 176,50 269,30 243,2 207,6 402,7

O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro

repetições, num esquema fatorial 3 x 5, constituído por três genótipos e cinco anos de

cultivo. No cultivo da safra 2008/2009, cada parcela experimental foi constituída por

cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro

linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais, desprezando 0,5 metros de

cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim, 5,4 m2 de área útil. Nas

demais safras cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 5,0 m de

comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear. Como área útil

foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros de comprimento, desprezando

as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade totalizando desta forma 3,6 m2

de área útil.

Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e

BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de forma convencional

com uma gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi realizada

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manualmente nos dias 10 de dezembro de 2008, 10 de dezembro de 2009, 11 de

dezembro de 2010, 10 de dezembro de 2011 e 29 de novembro de 2012.

A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise

de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Na safra

2008/09 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo, 60 kg

ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, descontando o adubo presente no solo.

Em 2009/10 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo e 90

kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, também descontando o adubo

presente no solo. Para a safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma

de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente no solo. O potássio

foi aplicado em plantio na dosagem de 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de

potássio. Já em 2011/12 e 2012/13 foi utilizado o adubo químico formulado NPK 5-25-

15, aplicando-se 360 kg ha-1 e 400 kg ha-1 respectivamente, na linha de plantio.

As adubações de cobertura nas safras 2008/09 e 2009/10 ocorreram com 120

kg ha-1 de N, na forma de uréia. Na safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de N,

na forma de uréia com boro e nas safras 2011/12 e 2012/13 foram aplicados 120 kg

ha-1 de N na forma de uréia, descontando a adubação nitrogenada realizada no sulco

de plantio. Em todos os cultivos as adubações de cobertura foram realizadas em duas

etapas, a primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após

plantio e a segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias

após plantio.

Os tratos culturais na safra 2008/09 e 2009/10 foram efetuados quando

necessários e o controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual,

sempre antes das adubações. Não houve necessidade de ser utilizados inseticidas e

nem fungicidas durante a condução dos experimentos. Na safra 2010/11 foram

utilizados para o controle das plantas daninhas quatro aplicações de herbicida, com

Fenoxaprop (folha estreita) e 2,4 – D Amina (folha larga) de acordo com a

recomendação indicada para a cultura do arroz. Em 2011/12 os tratos culturais foram

efetuados mediante aplicação de herbicida pré-emergente para o controle de plantas

daninhas com oxifluorfem (240 g i.a./ha). Antes da adubação de cobertura foi feito

uma aplicação de pós-emergente utilizando o Bentazon (600 g i.a./ha). Para

complementar os tratos culturais foi realizado uma capina manual logo após o

florescimento. Não houve a necessidade da aplicação de inseticidas e fungicidas

durante a condução do experimento. E na safra 2012/13 foi utilizado para o controle

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das plantas daninhas o herbicida pré-emergente oxifluorfem (240 g i.a./ha) aplicado

no mesmo dia de plantio. Quanto ao herbicida pós-emergente utilizou-se fenoxaprop-

P-Ethyl 6,9 EC aplicado antes do florescimento. Para complementar os tratos culturais

foi realizado capina manual logo após o florescimento. Não houve necessidade de

aplicação de inseticidas e fungicidas durante a condução do experimento.

As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias

para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta -

medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a

arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos

sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de

umidade, em kg ha-1.

Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de

homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de

tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizando-

se o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados da análise de variâncias (Tabela 2), detectou-

se significância da interação cultivar versus ano para todas as características

avaliadas, caracterizando interdependência dos fatores, ou seja, os anos

influenciaram de forma diferenciada a expressão dos cultivares estudados. Desta

forma, realizou-se o desdobramento de um fator dentro do outro. Verifica-se ainda que

houve significância para todas as características, tanto para o fator cultivar quanto

para o fator ano (Tabela 2), evidenciando a variabilidade genética existente entre os

cultivares avaliados, bem como, a variação entre os anos de cultivo. Cargnin et al.

(2008) e Cancellier et al. (2011) também encontraram resultados semelhantes,

evidenciando a importância de estudos que avaliam comportamento de cultivares em

vários anos, com o intuito de encontrar materiais genéticos mais adaptados e com alto

potencial produtivo diante das diversidades edafoclimáticas em cada cultivo.

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Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para florescimento

(DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD),

de três cultivares de arroz cultivados nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011,

2011/2012 e 2012/2013 Gurupi-Tocantins

Quadrado Médio

FV GL DF(dias) AP(cm) MCG(g) PROD (kg ha-1)

Repetição (Ano) 15 30,82* 36,46ns 0,09ns 521497,07ns

Cultivar (C) 2 755,62** 1056,00** 4,38** 2124669,65**

Ano (A) 4 363,13** 1309,25** 2,26** 7943441,11**

CxA 8 44,99** 110,75** 4,29** 650759,86*

Resíduo 30 13,72 19,91 0,13 283422,93

CV (%) 4,99 5,54 13,68 46,57

Média Geral 74,19 80,55 2,65 1143,18

ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F

Os baixos valores dos coeficientes de variação (CV) refletem a confiabilidade

dos resultados obtidos (Tabela 2). Apesar da característica produtividade de grãos ter

apresentado elevado CV (46,57%), não é ainda considerado inadequado. Segundo

Costa et al. (2002) a natureza da variável estudada reflete no valor do CV, e este está

sujeito a variações de fatores não controlados, além de considerar que o delineamento

em blocos casualisados tendem a aumentar o valor do CV. Altos valores de CV para

produtividade de grãos também foram encontrados em trabalhos com a cultura do

arroz por Tonello et al. (2012) e Cancellier et al. (2011), na cultura do milho por Fidelis

et al. (2010) e na cultura do feijão por Sousa et al. (2012).

As médias para a característica número de dias para florescimento se

encontram na Tabela 3. Verifica-se que o cultivar BRS-Bonança foi o mais tardio em

todos os anos de cultivo, apesar de não ter diferido significativamente do cultivar BRS-

Primavera nas safras 2010/11, 2011/12 e 2012/13. O cultivar BRSMG-Conai foi o mais

precoce na maioria dos anos, não diferindo apenas do BRS-Primavera na safra

2008/09. Segundo Crusciol et al. (2003b), cultivares de ciclo mais curto favorecem

sistemas de cultivo com sucessão de culturas, como os que utilizam a safrinha,

reduzindo custos de irrigação quando esta estiver presente, e propiciando que estes

escapem de possíveis veranicos ao longo do cultivo.

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Quanto aos anos de cultivo (Tabela 3), observa-se que a safra 2009/10

apresentou as maiores médias para os três cultivares avaliados, ou seja, resultou no

prolongamento do ciclo dos materiais genéticos, que apesar de ser uma característica

inerente ao cultivar, também pode ser influenciada pelo ambiente. A irregularidade

das precipitações no ano 2009/10 (Figura 1), devido aos baixos índices pluviométricos

e a má distribuição ao longo do cultivo, fez com que a cultura do arroz responde-se

com o prolongamento da fase vegetativa, uma vez que não possuía fotoassimilados

suficientes para entrar na fase reprodutiva. Crusciol et al. (2003b) e Arf et al. (2001)

afirmam que a cultura do arroz de terras altas tende a aumentar o número de dias

para atingir 50% do florescimento, quando passa por redução na disponibilidade

hídrica. Heinemann & Stone (2009) e Terra et al. (2013) também verificaram aumento

no número de dias para florescimentos dos cultivares de arroz de terras altas quando

submetidas à estresse hídrico.

Quanto à característica altura de plantas (Tabela 4), o cultivar BRS-Primavera

foi o que apresentou as maiores estaturas de plantas em todos os anos de cultivo

apesar de não ter diferido do BRS-Bonança na safra 2010/11. Pode-se afirmar que,

assim como a característica número de dias para florescimento, a altura de plantas

também é intrínseca ao cultivar, contudo, a mesma sofre grandes influências externas,

advinda do ambiente e não controláveis, ocorrendo variação de cultivo para cultivo.

Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras

altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013

Dias para florescimento (dias)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 83,75aB 92,25aA 72,60aC 78,50aBC 75,00aC 80,42

BRS-Primavera 71,00bB 81,75bA 73,90aB 73,50aB 70,00abB 74,03

BRSMG-Conai 72,25bAB 74,75cA 60,65bC 67,00bBC 66,00bBC 68,13

Média 75,66 82,91 69,05 73,00 70,33

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade

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Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados

no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e

2012/2013

Altura de Plantas (cm)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 65,90bD 72,15bCD 75,75aBC 82,70bB 92,52bA 77,80

BRS-Primavera 85,65aB 86,40aB 71,00abC 93,87aB 107,05aA 88,79

BRSMG-Conai 69,72bBC 75,65bB 64,75bC 73,32cBC 91,87bA 75,06

Média 73,75 78,06 70,50 83,30 97,15

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade

Observa-se que a safra 2012/13 apresentou as maiores médias de altura de

plantas para os três cultivares avaliados (Tabela 4), o que pode estar correlacionado

com as maiores médias de precipitações pluviais, além do fato de ainda terem sido

melhor distribuídas, favorecendo a produção de biomassa para o cultivar. Apesar das

maiores alturas de plantas nesse ano de cultivo, chegando até a ser superior à um

metro de altura, não foi observado acamamento das plantas. Segundo Taiz & Zeiger

(2009), menor estatura de plantas está associada à redução da taxa fotossintética,

redução do crescimento celular e diversas modificações morfofisiológicas e

bioquímicas, trazendo reflexos negativos na produção de biomassa, já que as plantas

não obtiveram suprimento adequado de água durante seu desenvolvimento, o que

pode justificar as menores alturas nas demais safras. Para Crusciol et al. (2003b),

Terra et al. (2013) e Nunes et al. (2012), o estresse hídrico altera a fisiologia das

plantas e consequentemente reduz suas estaturas, e à depender da intensidade da

ocorrência do estresse aliado à outros fatores, o impacto pode ser maior ou menor

sobre a cultura e sobre o rendimento final.

Para a característica massa de cem grãos, observa-se na Tabela 5, que o

cultivar BRSMG-Conai, apresentou tendência de sempre ser superior às médias dos

demais cultivares, exceto para o ano 2011/12, em que o cultivar BRS-Primavera foi

estatisticamente superior aos demais cultivares.

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Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados

no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e

2012/2013

Massa de cem grãos (g)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 2,35bA 2,58aA 2,55bA 1,94bAB 1,29bB 2,14

BRS-Primavera 2,27bB 2,29aB 2,71bB 5,63aA 2,42aB 3,06

BRSMG-Conai 3,18aA 2,80aAB 3,43aA 2,01bC 2,37aBC 2,76

Média 2,60 2,56 2,89 3,19 2,03

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si

pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade

Nota-se que houve pequena variação das médias dos cultivares quanto a

massa de cem grãos, em todos os anos de cultivo (Tabela 5) e estes valores não

sofreram influência da precipitação em cada ano. Estes resultados seguem mesma

tendência verificada por Heinemann & Stone (2009) e Arf et al. (2001), em que

estudaram o estresse hídrico em cultivares de arroz e não verificaram influência da

condição hídrica para a característica massa de cem grãos, indicando que essa

variável é uma característica genotípica. O alto valor para massa de cem grãos

verificada para o cultivar BRS-Primavera na safra 2011/12, pode ter influência do

pouco perfilhamento da cultura nesta safra (observações de campo), desta forma,

todo o produto da fotossíntese foi direcionado à um menor número de grãos, tornando

estes mais pesados.

As médias para a característica produtividade de grãos se encontram na

Tabela 6, e verifica-se que o cultivar BRS-Primavera compôs sempre o grupo mais

produtivo, apesar de não ter havido diferenças significativas nas safras 2008/09,

2009/10 e 2010/11.

Dentre os cultivos das safras, a ano agrícola 2012/13 apresentou as maiores

médias de produtividade de grãos para todos os cultivares, evidenciando a influência

das precipitações que ocorreram durante o cultivo desta safra, além de serem melhor

distribuídas (Tabela 1). Segundo Taiz & Zeiger (2009) a translocação de

fotoassimilados, bem como, todo metabolismo da planta sofre influência e é

dependente do fator água, sendo ela indispensável para que todo o funcionamento do

sistema da planta ocorra satisfatoriamente, assim, o déficit desta limita e até inibe

certas funções comprometendo o rendimento da cultura. Aliado ao estresse causado

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pelas intempéries climáticas, o fato do solo da região ser característico com alta

porcentagem de areia, faz com que ocorra pouca retenção da água provinda das

chuvas, este tenha baixa fertilidade natural, além dos baixos teores de matéria

orgânica devido ao alto grau de decomposição (Tabela 1), limitando deste modo, o

incremento de produtividade da cultura.

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados

no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e

2012/2013

Produtividade de grãos (kg ha-1)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 748,80aAB 511,48aB 847,76aAB 698,60abAB 1754,16bA 912,16

BRS-Primavera 1098,19aB 687,77aB 1193,36aB 1558,33aB 3042,34aA 1516

BRSMG-Conai 304,98aB 778,51aB 635,58aB 319,43bB 2968,45aA 1001,39

Média 717,32 659,25 892,23 858,79 2588,32

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade

O rendimento da cultura de arroz pode sofrer maior ou menor impacto do

déficit hídrico dependendo da intensidade de ocorrência, bem como o período do ciclo

de vida em que a cultura ficou submetida à esse estresse, sendo considerado os

estágios de florescimento e enchimento de grãos as fases críticas para a cultura do

arroz (Heinemann & Stone, 2009). Em trabalhos realizados por Crusciol et al. (2001),

Silva et al. (2009) e Nunes et al. (2012) verificaram que existe correlação entre a

produtividade de grãos e a esterilidade das espiguetas, sendo que este último ocorre

com grande intensidade quando a cultura sofre com deficiência hídrica, assim, além

de reduzir o número de espiguetas por panícula, reduz número de panículas por m2

que são componentes que afetam a produtividade final na cultura.

CONCLUSÕES

As maiores produtividades de grãos foram alcançadas na safra 2012/13.

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O estresse hídrico provocou reduções significativas nos componentes de

produtividade na cultura do arroz.

O cultivar BRS-Primavera apresentou as maiores produtividades nos anos

agrícolas avaliados, exceto em 2009/10.

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CAPÍTULO IV

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ CULTIVADOS EM

CONDIÇÕES DE BAIXO NÍVEL TECNOLÓGICO NO CERRADO

RESUMO

O nitrogênio é considerado elemento essencial no desenvolvimento da cultura do

arroz, e tendo esse cereal como a base para a segurança alimentar, geradora de

empregos e renda para todos os países, objetivou-se com este trabalho avaliar o

comportamento de cultivares de arroz de terras altas submetidos ao estresse de

nitrogênio, no Cerrado do sul do Estado do Tocantins. Os experimentos foram

conduzidos em campo na Fazenda Chaparral e na Estação Experimental da

Universidade Federal do Tocantins nos anos agrícolas 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013. O delineamento experimental foi de blocos

casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 3 x 5, constituído por três

genótipos e cinco anos. As características avaliadas foram número de dias para

florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos.

Conclui-se que a safra 2012/13 resultou nas maiores médias de produtividade de

grãos; o estresse hídrico, assim como o estresse de nitrogênio, reduzem

significativamente os ganhos produtivos e; o cultivar BRS-Bonança apresenta a maior

média de produtividade de grãos.

Palavras-chave: Oryza sativa; segurança alimentar; estresse mineral; produtividade.

RICE CULTIVARS DEVELOPMENT GROWN IN LOW INPUT AGRICULTURE IN

CERRADO

ABSTRACT

Nitrogen is an essential element for rice crop development. Once this cereal is taken

as the base for food security, employment generation and source of income for most

countries, we aimed to evaluate upland rice genotypes development submitted to

nitrogen stress in southern Cerrado of Tocantins State. Field experiments were carried

out at Chaparral Farm and at the Experimental unit of Federal University of Tocantins

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in the growing seasons of 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 and

2012/2013. Experimental design consisted of randomized blocks in factorial scheme 3

x 5, consisting of three genotypes in five years with four replications. The evaluated

characteristics were number of days to flowering, plant height, one hundred grains

weight and grain yield. It was concluded that growing season 2012/13 provided the

highest grain yield; the hydric stress, as well as nitrogen stress, reduced significantly

yield enhancement and; cultivar BRS-Bonança presented the highest grain yield

average.

Key words: Oryza sativa L.; food security; mineral stress; yield.

INTRODUÇÃO

O grande desafio do melhoramento genético é atingir a auto suficiência na

produção de arroz, uma vez que tal cultura é altamente vulnerável aos fatores

abióticos, justificado pela sua pequena base genética, fator este, que dificulta ganhos

adicionais em programas de melhoramento (CORDEIRO; MEDEIROS, 2010). Além

do mais, o arroz representa importante fonte nutritiva para grande parte da população

mundial, fornece a base para a segurança alimentar, gera empregos e renda para os

países produtores (SOARES et al., 2010). Com a crescente demanda por alimentos,

o aumento da produção deve ser atingido com aumento de produtividade, e com a

introdução de novas tecnologias a fim de se alcançar melhorias na produção orizícola.

A sazonalidade ambiental, a qual a cultura do arroz é produzida, faz com que

esta eventualmente sofra diversas mudanças morfofisiológicas e bioquímicas que

afetam diretamente nos resultados finais de produtividade (TERRA et al., 2013). A

deficiência hídrica altera significativamente diversas funções essenciais ao

desenvolvimento da cultura tais como, limitação da expansão foliar,

consequentemente, redução na taxa fotossintética, diminuição da abertura estomática

e absorção de CO2, além da redução do vigor, altura de plantas, fertilidade do grão de

pólen que por fim, resultam em reflexos negativos na produtividade (TAIZ; ZEIGER,

2009).

O nitrogênio (N), é um macronutriente de maior exigência para as culturas, é

constituinte de diversos componentes das células vegetais, faz parte das moléculas

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de clorofila, do citocromo e de todas as enzimas e coenzimas, além de ser elemento

constituinte de proteínas e ácidos nucléicos (TAIZ; ZEIGER, 2009). No arroz, tem

papel fundamental no crescimento da planta, observado geralmente pelo aumento do

número de perfilho, panículas por área e número de grãos por panícula, aumenta a

massa de grãos. Estes são importantes constituintes que determinam a produção

final, além de estimular crescimento do sistema radicular (FAGERIA et al., 2003;

HENANDES et al., 2010).

O elevado custo dos adubos nitrogenados, em muitas situações, tem

inviabilizado o aumento da produção de pequenos agricultores, principalmente em

regiões marginais de cultivo. No entanto, especialmente em países desenvolvidos,

onde maiores quantidades de nitrogênio são aplicados nos solos, ocorrem problemas

devido ao uso excessivo desse nutriente, principalmente nas áreas da saúde e do

meio ambiente, devido ao seu grande potencial poluidor (AHLGREN et al., 2008).

A produção brasileira de arroz, não tem atendido a demanda interna mas,

segundo estimativas do quarto levantamento de grãos da safra 2013/2014, realizado

pela CONAB (2014), o país deve plantar, nesta safra, área de 2,43 milhões hectares,

atingindo produção de 12.350,8 mil toneladas, basicamente a mesma quantidade

consumida internamente. O estado do Tocantins, que se destaca com a produção de

arroz irrigado por inundação, se colocando como o terceiro maior produtor da cultura

do país, contudo, tem-se previsto decréscimo de produção do arroz no sistema de

terras altas, possivelmente em virtude da substituição por outras culturas que

possuem expectativa futura de melhores preços, como a soja. Desta forma, o arroz

de Terras Altas que já foi cultivado em todo o estado por agricultores de diferentes

níveis tecnológicos, passa a ser cultivado em sua maioria se não na totalidade por

pequenos produtores, com o objetivo de garantir a segurança alimentar de seus

familiares.

A carga genética da planta, tanto fenótipo quanto genótipo, divergem entre si,

mesmo dentro da própria espécie, quando estes recebem estímulos ambientais

distintos. Assim, a expressão genética da planta irá depender da interação planta-

ambiente, e o resultado desta interação é dado pela sua produtividade final (NUNES

et al., 2012). Portanto, avaliar o comportamento da espécie durante vários anos, sob

baixas adubações e identificar os mais adaptados às variações edafoclimáticas, com

menor exigência nutricional, trará benefícios aos agricultores da região, uma vez que,

cultivares específicos ao local, que por sua vez, expressarão toda potencialidade

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resultando em maiores retorno econômico e redução de custos aos produtores,

incentivando a produção orizícula regional e, consequentemente o desenvolvimento

socioeconômico local.

Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de cultivares

de arroz de terras altas submetidos ao estresse de nitrogênio, no Cerrado do sul do

Estado do Tocantins.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizada a instalação de um experimento em cada uma das seguintes

safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013, para a avaliação

do comportamento dos cultivares de arroz, no sistema de cultivo de terras altas, sendo

um na Fazenda Chaparral (safra 2008/2009), localizada no município de Gurupi,

situada a 11° 40’ de latitude sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m,

em solo do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa. Os

outros quatro experimentos foram instalados na estação experimental da

Universidade Federal do Tocantins, no Campus Universitário de Gurupi, sendo que o

da safra 2009/2010 foi instalado na Fazenda Experimental localizado a latitude de

11º46`12``S e longitude de 49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011,

2011/12 e 2012/13, localizados a latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04`

07``W, a 280m de altitude, todos em solo classificado como Latossolo Vermelho -

Amarelo distrófico (EMBRAPA, 2006). Segundo o sistema de classificação de Köppen

(1948), o clima da região é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco.

Os dados climáticos referentes ao período de condução dos experimentos encontram-

se na Figura 1.

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Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos

de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e

2012/2013 (BDMEP, 2013).

As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safra

2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham sendo

utilizadas por muitos anos com pastagens e encontravam-se em estado degradado.

Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas safras

(2010/11, 2011/12 e 2012/13), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão

(entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizado calagem para a correção da

acidez do solo, porém, no ano de 2009, por ter sido feito próximo ao plantio o calcário

não teve tempo suficiente de reagir com o solo como pode ser observado nas

características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação dos

experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 0-20 cm

para a caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na

Tabela 1.

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Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos

experimentos.

Atributos do solo

Safras

08/09 09/10 10/11 11/12 12/13

Ca+Mg (cmolc dm-3) 4,00 0,80 2,19 1,90 1,57

K (cmolc dm-3) 0,02 0,06 0,60 0,10 0,08

SB (cmolc dm-3) 4,02 0,86 2,79 1,90 1,63

H+Al (cmolc dm-3) 3,30 4,10 3,78 1,70 1,02

pH (CaCl2) 4,60 5,00 4,89 4,50 6,30

P-melich (mg dm-3) 80,00 1,20 6,90 17,90 11,12

T (cmolc dm-3) 7,32 4,49 6,57 3,60 2,65

V (%) 54,91 19,15 42,50 53,50 61,40

M.O (%) 1,10 18,10 2,06 5,10 13,32

Areia (g kg-1) 785,20 690,10 709,08 651,90 542,40

Sílte (g kg-1) 38,30 40,50 47,73 123,90 54,90

Argila (g kg-1) 176,50 269,30 243,19 224,30 402,70

O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro

repetições, num esquema fatorial 3 x 5, constituído por três genótipos e cinco anos de

cultivo. No cultivo da safra 2008/2009, cada parcela experimental foi constituída por

cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro

linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais, desprezando 0,5 metros de

cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim, 5,4 m2 de área útil. Nas

demais safras cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 5,0 m de

comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear. Como área útil

foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros de comprimento, desprezando

as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade totalizando desta forma 3,6 m2

de área útil.

Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e

BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de forma convencional

com uma gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi realizada

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manualmente nos dias 10 de dezembro de 2008, 10 de dezembro de 2009, 11 de

dezembro de 2010, 10 de dezembro de 2011 e 29 de novembro de 2012.

A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise

de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Na safra

2008/09 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo, 60 kg

ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, descontando o adubo presente no solo.

Em 2009/10 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo e 90

kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, também descontando o adubo

presente no solo. Para a safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma

de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente no solo. O potássio

foi aplicado em plantio na dosagem de 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de

potássio. Já em 2011/12 e 2012/13 foi utilizado o adubo químico formulado NPK 5-25-

15, aplicando-se 360 kg ha-1 e 400 kg ha-1 respectivamente, na linha de plantio.

As adubações de cobertura nas safras 2008/09 e 2009/10 ocorreram com 20

kg ha-1 de N, na forma de uréia. Na safra 2010/11 foram aplicados 20 kg ha-1 de N, na

forma de uréia com boro e nas safras 2011/12 e 2012/13 foram aplicados 20 kg ha-1

de N na forma de uréia, descontando a adubação nitrogenada realizada no sulco de

plantio. Em todos os cultivos as adubações de cobertura foram realizadas em duas

etapas, a primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após

plantio e a segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias

após plantio.

Os tratos culturais na safra 2008/09 e 2009/10 foram efetuados quando

necessários e o controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual,

sempre antes das adubações. Não houve necessidade de ser utilizados inseticidas e

nem fungicidas durante a condução dos experimentos. Na safra 2010/11 foram

utilizados para o controle das plantas daninhas quatro aplicações de herbicida, com

Fenoxaprop (folha estreita) e 2,4 – D Amina (folha larga) de acordo com a

recomendação indicada para a cultura do arroz. Em 2011/12 os tratos culturais foram

efetuados mediante aplicação de herbicida pré-emergente para o controle de plantas

daninhas com oxifluorfem (240 g i.a./ha). Antes da adubação de cobertura foi feito

uma aplicação de pós-emergente utilizando o Bentazon (600 g i.a./ha). Para

complementar os tratos culturais foi realizado uma capina manual logo após o

florescimento. Não houve a necessidade da aplicação de inseticidas e fungicidas

durante a condução do experimento. E na safra 2012/13 foi utilizado para o controle

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das plantas daninhas o herbicida pré-emergente oxifluorfem (240 g i.a./ha) aplicado

no mesmo dia de plantio. Quanto ao herbicida pós-emergente utilizou-se fenoxaprop-

P-Ethyl 6,9 EC aplicado antes do florescimento. Para complementar os tratos culturais

foi realizado capina manual logo após o florescimento. Não houve necessidade de

aplicação de inseticidas e fungicidas durante a condução do experimento.

As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias

para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta -

medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a

arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos

sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de

umidade, em kg ha-1.

Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de

homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de

tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizando-

se o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante dos resultados da análise de variância (Tabela 2), foi realizado o

desdobramento de um fator dentro do outro, dada a significância da interação cultivar

versus ambientes para as características número de dias para florescimento, altura

de plantas e massa de cem grãos, desta forma caracterizou-se a interdependência

dos fatores, ou seja, houve influência dos anos agindo de forma diferenciada a

expressão dos cultivares. Para a característica produtividade de grãos a interação foi

não significativa, caracterizando assim, independência dos fatores estudados, ou seja,

o ambiente não influencia os genótipos de forma diferenciada, sendo desta forma, os

fatores estudados isoladamente.

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Observa-se também que houve significância de todas as características para

o fator ano (Tabela 2), caracterizando a variação ocorrida entre os anos de cultivo.

Também verificou-se significância do fator cultivar para todas as características exceto

produtividade de grãos, evidenciando a variabilidade genética existente entre os

cultivares estudados. Estes resultados corroboram com Cargnin et al. (2008), que

ratificam a importância de estudos com a interação genótipo x ambiente, já que é

notória as mudanças edafoclimáticas de ano para ano de cultivo, encontrando assim

materiais genéticos mais adaptados e com alto potencial produtivo, repercutindo em

maior retorno econômico aos agricultores.

Excetuando a característica de produtividade de grãos, foram observados

baixos coeficientes de variação (CV), entre 4,08 e 14,32 (Tabela 2), mostrando, no

geral, boa precisão experimental. Segundo Costa et al. (2002), propuseram uma

classificação para os valores de CV obtidos em trabalhos com arroz de terras altas,

classificando o CV da produtividade de grãos (34,64%) como alto, porém, justificado

devido à natureza do estudo, que está sujeito à variações pelos fatores não

controláveis aumentando o CV. Segundo Blum (1988) este coeficiente de variação

não se torna inadequado para ensaios em campo sob condições de estresse mineral.

Outros trabalhos também encontraram CV’s elevados, como por exemplo, Tonello et

al. (2012 e 2013) e Cancellier et al. (2011) com a cultura do arroz, Fidelis et al. (2010)

na cultura do milho, e Sousa et al. (2012) com a cultura do feijão.

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para

florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de

grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados sob estresse de nitrogênio nas safras

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Gurupi-Tocantins

Quadrado Médio

FV GL DF(dias) AP(cm) MCG(g) PROD (Kg ha-1)

CULT 2 688,75** 608,30** 2,92** 89669,51ns

ANO 4 211,72** 205,17** 1,23** 419305,14**

CULT*ANO 8 63,80** 130,24** 0,62** 65329,14ns

REP (ANO) 15 10,55ns 49,98ns 0,42* 67320,22ns

Resíduo 30 9,34 25,01 0,13 40056,68

CV (%) 4,08 7,00 14,32 34,64

Média Geral 74,96 71,44 2,53 577,84

ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F

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Para a variável número de dias para florescimento (Tabela 3), observa-se que

o cultivar BRS-Bonança compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias, sendo

portanto, considerado mais tardio (exceto para a safra 2010/11). Já o cultivar BRSMG-

Conai compôs sempre o grupo de menor média, sendo então, considerado mais

precoce. Segundo Fornasiere Filho & Fornasiere (2006), o cultivar BRS-Conai é

classificado como material genético de ciclo precoce, já os demais, BRS-Primavera e

BRS-Bonança, são classificados como semi precoce e tardio, respectivamente. A

utilização de cultivares de ciclo precoce tem-se intensificado, uma vez que, o manejo

dos agricultores tem priorizado a utilização da sucessão de culturas, como a safrinha,

além da cultura do arroz favorecer o cultivo da soca, visando o aumento da

rentabilidade da atividade agrícola (CRUSCIOL et al., 2003).

Como pode ser observado na figura 1, veranicos nas regiões de Cerrado são

frequentes e contribuem significativamente para redução da produtividade,

principalmente quando ocorrem em períodos críticos como o florescimento, desta

forma, cultivares de ciclo precoce tornam-se opções interessantes, pois atingem o

florescimento mais rapidamente, podendo no momento do veranico, se encontrar num

estádio fisiológico menos vulnerável ao déficit hídrico, não sofrendo com os

decréscimos na produtividade.

Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras

altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013

Dias para florescimento (dias)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 82,50aB 89,25aA 71,15bC 77,00aBC 76,75aBC 79,33

BRS-Primavera 73,25bB 82,25bA 80,55aA 73,25aB 77,00aAB 77,26

BRSMG-Conai 72,00bA 73,75cA 63,20cB 64,50bB 68,00bAB 68,29

Média 75,91 81,75 71,63 71,58 73,91

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

Com relação aos anos agrícolas de cultivo, nota-se um aumento no número

de dias para florescimento na safra 2009/10, quando as precipitações foram menores

e mal distribuídas (Figura 1). Segundo Taiz & Zeiger (2009), a expansão celular da

planta fica limitada quando esta passa por estresse hídrico, sendo assim, a

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fotossíntese fica diminuída, já que está é diretamente proporcional à unidade de área

foliar, fazendo com que a cultura permaneça mais tempo em estágio vegetativo de

desenvolvimento, prolongando seu ciclo. Nota-se também que, as variações de dias

para florescimento dos cultivares avaliados ocorrem justamente em virtude da

irregularidade das chuvas (Figura 1), em todos os casos, a antecipação ou

prolongamento do ciclo foram influenciados pelos períodos em que ocorreram as

precipitações, ou seja, este estádio da cultura foi atingido quando a quantidade de

água proveniente das chuvas foi suficiente para sair da fase vegetativa e entrar em

florescimento, uma possível adaptação da cultura para completar seu ciclo. Diversos

autores tem verificado a tendência de aumento de ciclo dos cultivares de arroz quando

submetidos à estresse hídrico (ARF et al., 2001; CRUSCIOL et al.,2003; HEINEMANN

& STONE 2009 e TERRA et al., 2013).

Quanto à altura de plantas (Tabela 4), observa-se que os cultivares não

apresentaram estabilidade para característica analisada, tendo médias variando de

61,15 cm para o cultivar BRSMG-Conai (safra 2012/13) à 87,2 cm para o cultivar BRS-

Primavera (safra 2009/10). O cultivar BRS-Primavera com exceção da safra 2010/11,

compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias de alturas de plantas, enquanto

que o cultivar BRSMG-Conai deteve as médias que compuseram os grupos de

menores estaturas.

Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados

sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013

Altura de Plantas (cm)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 67,05aBC 71,00bABC 79,00aA 75,60aAB 64,50bC 71,43

BRS-Primavera 70,05aBC 87,20aA 68,00bC 80,25aAB 79,35aAB 76,97

BRSMG-Conai 63,55aAB 72,65bA 65,75bAB 66,60bAB 61,15bB 65,94

Média 66,88 76,95 70,91 74,15 68,33

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

Observa-se que não houve uma uniformidade entre as alturas de plantas nos

diferentes anos de cultivo (Tabela 4), o que também pode ser justificado pela

irregularidade das precipitações pluviais, aliado à baixa disponibilidade de nitrogênio

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(N) pois, ambos refletem na absorção de demais nutrientes, e por ser uma

característica dependente do conjunto de fatores como, luminosidade, temperatura e

umidade sua expressão se dá de forma variada (HERNANDES et al., 2010). Mesmo

com as baixas precipitações ocorridas na safra 2010/11, as plantas apresentaram

médias de alturas satisfatórias, devido possivelmente ao fato de terem recebido água

insuficiente para florescer, permanecendo em estágio vegetativo, redistribuindo os

produtos da fotossíntese para a planta e desencadeando maiores alturas. Nas demais

safras, ao receberem umidade suficiente para completar seu ciclo, assim o fizeram,

reservando os fotoassimilados para o enchimento de grãos.

Analisando a característica massa de cem grãos (Tabela 5), verifica-se que o

cultivar BRSMG-Conai compôs sempre o grupo de maiores médias. Elevadas massa

de cem grãos são desejadas, já que é um atributo diretamente relacionado à

produtividade de grãos.

Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados sob estresse no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013

Massa de cem grãos (g)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 2,46bAB 2,47aAB 2,52bA 2,55aA 1,74bB 2,35

BRS-Primavera 2,41bA 2,40aA 2,75bA 1,30bB 2,54aA 2,28

BRSMG-Conai 3,30aAB 2,77aBC 3,53aA 2,47aC 2,80aABC 2,97

Média 2,73 2,55 2,93 2,1 2,36

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

Nota-se que houve pequena variação para a característica massa de cem

grãos ao longo dos anos de cultivo (Tabela 5), justificado possivelmente pela variável

ser uma característica intrínseca à cada cultivar, e ser basicamente dependente do

tamanho da casca (FORNASIERI FILHO & FORNASIERI, 2006). Boldieri et al. (2010)

verificaram que a característica é dependente da densidade do grão, sendo assim, a

influência de fatores como estande, e/ou índice de fertilidade de espiguetas podem

trazer respostas diferenciadas em cada cultivar e em cada ciclo de cultivo,

influenciando na massa unitária dos grãos. Dentre os anos de cultivo a safra 2010/11,

foi a que apresentou as maiores médias de massa de cem grãos, mesmo sob fortes

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restrições hídricas. Possivelmente os cultivares não foram influenciados pelo estresse

hídrico no período de enchimento de grãos, e provavelmente o menor perfilhamento

dos cultivares (observações de campo), decorrentes das menores precipitações, bem

como, o estresse nutricional, favoreceu ao redirecionamento dos produtos da

fotossíntese para um menor número de grãos, tornando-os mais pesados.

O fator água, assim como a adubação nitrogenada podem ter influenciado em

reduções na massa de cem grãos nos cultivares, já que são componentes essenciais

para o enchimento de grãos, e quando o déficit ocorre no período crítico da cultura,

como o florescimento e a fase de enchimento de grãos, ocorre diminuição da formação

e redistribuição de fotoassimilados para a planta, resultando no abortamento de flores

e menor peso de grãos (TAIZ & ZEIGER 2009).

Com relação à produtividade de grãos (Tabela 6), não houve diferenças

significativas entre as médias dos cultivares analisados, e os baixos valores de

produtividade de grãos obtidos, foi um resultado direto do estresse hídrico e nutricional

ao qual foram submetidos os cultivares, condições muito comum no estado,

considerando que os agricultores que produzem sob sistema de terras altas não

dispõem de alta tecnologia e insumos.

Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados

sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010,

2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013

Produtividade de grãos (kg ha-1)

Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média

BRS-Bonança 802,4 538,75 489,48 508,33 818,85 631,56a

BRS-Primavera 765,35 528,57 391,94 338,88 970,94 599,13a

BRSMG-Conai 385,67 676,55 399,09 297,91 754,9 502,82a

Média 651,14AB 581,29BC 426,83BC 381,70C 848,23A

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade.

O ano agrícola 2012/13, resultou nas maiores médias de rendimento de grãos

apesar de não ter diferido do ano agrícola 2008/09 (Tabela 6), devido a ocorrência de

melhores e mais bem distribuídas precipitações. O período e a intensidade de

ocorrência do déficit hídrico nas demais safras podem justificar a redução de

produtividade destes anos, segundo Heinemann & Stone (2009) a fase crítica da

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cultura do arroz compreende os estágios de florescimento e enchimento de grãos, e

ainda segundo Heinemann (2010) as perdas na produtividade de grãos dos cultivares

de arroz podem ultrapassar a marca de 50%, devido ao estresse hídrico, causando

grandes prejuízos aos orizicultores. O fator água exerce uma diversidade de funções

fisiológicas e metabólicas nas plantas, assim sua restrição limita e até inibe certas

funções principalmente a translocação dos produtos da fotossíntese, resultando nas

menores produtividade de grãos (TAIZ & ZEIGER, 2009). Crusciol et al. (2001), Silva

et al. (2009) e Nunes et al. (2012) verificaram que existe correlação entre estresse

hídrico e os componentes de produtividade, o que resulta em decréscimos de

produtividade.

Além do mais, aliado ao déficit hídrico, o estresse nutricional provocado na

cultura do arroz, com o elemento nitrogênio, que é constituinte indispensável para o

funcionamento e metabolismo da planta, podem ter intensificado as reduções de

produtividades de grãos, já que a deficiência nutricional deste componente

compromete todo o desenvolvimento da cultura do arroz, desde reduções no

perfilhamento, número de panículas e grãos por panícula, peso de grãos, afetando a

produtividade de grãos (HENANDES et al., 2010).

Estudos do comportamento de mais cultivares de arroz em sistema de terras

altas na região do Estado do Tocantins, são escassos e necessários pois, grande

parte do público local possuem poucos recursos tecnológicos e financeiros para se

atingir níveis de produtividade satisfatórios e não podem continuar desassistidos de

informações científicas e/ou recomendações de cultivares que produzem

satisfatoriamente mesmo sob condições de restrições hídricas e nutricionais. Desta

forma, estes resultados contribuem para viabilizar o cultivo de arroz na região, com

cultivares que respondam satisfatoriamente o nível tecnológico empregado pelos

agricultores locais, diminuindo custos de produção e maximizando os ganhos

produtivos.

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CONCLUSÕES

O estresse com nitrogênio altera o metabolismo da cultura, alterando seus

componentes de produção reduzindo sua produtividade;

O ano agrícola 2012/13 resultou nas maiores médias de produtividade de

grãos;

O cultivar BRS-Bonança atingiu a maior média de produtividade de grãos para

a maioria dos anos agrícolas.

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CAPÍTULO V

ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DO BORO EM GENÓTIPOS DE ARROZ DE TERRAS

ALTAS

RESUMO

Recentemente os micronutrientes têm ganhado atenção maior por parte dos

pesquisadores em virtude da necessidade de obter mais e melhores informações

acerca destes elementos afim de promover incrementos de produtividade. O boro é

um nutriente essencial para as plantas e de grande importância para a cultura do

arroz, necessitando de um manejo criterioso, levando em consideração a exigência

da cultura, pois possui sua faixa de deficiência e toxidez estreita, necessitando de

cautela no manejo, além de ressaltar a importância da disponibilidade do elemento e

as interações deste com o sistema, cuidados estes que devem ser relevantes para

promoverem maiores ganhos produtivos. Portanto, objetivou-se com este trabalho

avaliar o efeito da época adubação com boro na cultura do arroz de terras altas nas

condições do sul do Estado do Tocantins. Os experimentos foram conduzidos em casa

de vegetação na Estação experimental da Universidade Federal do Tocantins no

período da entressafra do ano de 2014, em delineamento experimental de blocos

casualisados, com quatro repetições, num esquema fatorial 3 x 4, sendo três

genótipos e quatro períodos de aplicação. As características avaliadas foram número

de dias para florescimento, altura da planta, número de panículas por vaso, estande

final, número de grãos por panícula, esterilidade das espiguetas, massa de cem grãos

e produtividade de grãos. Conclui-se que a aplicação do boro no estágio vegetativo

da cultura de arroz aumenta o crescimento em altura; o boro incrementa a massa de

cem grãos quando aplicado aos 60 dias após plantios; a produtividade de grãos teve

incremento de até 30% para o tratamento aplicado aos 25 dias após plantio, sob a

testemunha;

Palavras-chave: Oryza sativa L.; cerrado; nutrição; micronutrientes.

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APPLICATION TIME OF BORON IN GENOTYPES OF HIGHLAND RICE

ABSTRACT

Recently, micronutrients have gained more attention from researchers due to the need

for more and better information about these elements in order to increase productivity.

Boron is an essential nutrient for plants and of great importance to the cultivation of

rice. It needs a careful management, taking into account the demand of culture, as it

has a range of disabilities and close toxicity requiring caution in handling. Besides

emphasizing the importance of the availability of the element and the interactions with

this system, the care should be relevant to promote higher productivity gains.

Therefore, the aim in this work was to evaluate the effect of fertilization time with boron

in the culture of highland rice in conditions of the southern State of Tocantins. The

experiments were conducted on greenhouse in the Experimental Station at Tocantins

Federal University in the period between harvests of 2014, a design experimental

randomized block, with four replications in a factorial 3 x 4, being three genotypes and

four periods of application. The traits evaluated were number of days to flowering, plant

height, number of panicles per pot, final stand, number of grains per panicle, spikelet

sterility, weight of one hundred grains, grain productivity and content B in leaves. It is

concluded that the application of boron in the vegetative stage of rice culture increases

the height growth; boron increases the mass of one hundred grains when applied 60

days after planting; grain productivity had an increase by up to 30% for the treatment

applied 25 days after planting under the control; high temperatures increase the

percentage of spikelet sterility of rice.

Keywords: Oryza sativa L.; savannah; nutrition; micronutrients.

INTRODUÇÃO

O arroz Oryza sativa L., de origem asiática, pertencente à família botânica

Poaceae, uma cultura que possui grande relevância nos cenários econômicos e

sociais, por estar difundida em todas as regiões do país e do mundo. Faz parte do

consumo diário de todas as classe sociais e devido ao demasiado crescimento

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populacional, impõe a necessidade de aumentos produtivos que atendam à população

carente (NOSSE et al., 2008).

Segundo Cancellier et al. (2011), a orizicultura representa 30% da produção

mundial de grãos que atinge 590 milhões de toneladas e abastece o mercado. O

sistema de terra altas representa 13% dos 148 milhões de hectares cultivados em todo

o mundo (TERRA et al., 2013).

A produção brasileira de arroz não tem atendido a demanda interna mas,

segundo estimativas do quarto levantamento de grãos da safra 2013/2014, realizado

pela CONAB (2014), o país deve plantar, nesta safra, área de 2,43 milhões de

hectares, e espera-se que a produção de arroz seja 5,1% maior do que a safra

passada, atingindo 12.350,8 mil toneladas. Em virtude da expectativa de melhores

produtividades na maior parte dos estados produtores, se confirmada a estimativa, o

país deve colher 12,35 milhões de toneladas, basicamente a mesma quantidade

consumida internamente. O Tocantins é o terceiro maior produtor de arroz do país,

com o arroz irrigado sendo plantado em grandes áreas localizadas nas regiões de

Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Dueré, Cristalândia e Pium, e o arroz de

terras altas sendo plantado em todo o Estado em pequenas áreas, com provável

decréscimo da área plantada de 5% em relação à safra de 2012/13, que foi de 38,96

mil hectares, em virtude da substituição da cultura para a produção de soja e milho.

O boro é um micronutriente que desempenha papel fundamental na

germinação do pólen e no crescimento do tubo polínico, pois existe uma relação direta

entre o suprimento de boro e a capacidade de produção de pólen, já que o elemento

afeta a microesporogênese, a germinação e particularmente o desenvolvimento do

tubo polínico que são importantes processos para a produção das culturas. Esse

elemento é um ativador de enzimas que atuam em diversos processos metabólicos,

tais como transporte de carboidratos, metabolismo das auxinas e formação de raízes

por meio da divisão, alongamento e junção da parede celular e atividade das

membranas celulares (CORRÊA et al., 2006). Sua deficiência acarreta a inibição

destes processos e os sintomas visíveis nas plantas vão de necrose preta de folhas

jovens e gemas terminais, os caules ficam anormalmente rígidos e quebradiços, a

dominância apical pode ser perdida, tornando a planta amplamente ramificada (TAIZ

& ZEIGER, 2009).

A exigência pela cultura do arroz quanto à este nutriente é pequena, sendo

necessário cautela ao aplicar doses adequadas de boro, pois o intervalo de deficiência

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e toxidez são bastante estreitos, tornando vital a decisão para aumentar a

produtividade de arroz (FAGERIA, 2000). A literatura relata respostas a aplicação de

boro em algumas culturas anuais em solo de cerrado (GALRÃO, 1984; BUZETTI et

al., 1990; CARVALHO et al., 1996); entretanto, a maioria dos trabalhos tem avaliado

o efeito de um conjunto de micronutrientes impossibilitando, portanto, concluir o efeito

de cada elemento isolado (GALRÃO, 1991).

A estratégia para maximizar o rendimento da cultura de arroz visa, além do

estudo da exigência nutricional definindo a quantidade de nutrientes necessário para

a cultura, o conhecimento com precisão de qual período ou em quais épocas do seu

estádio fenológico a cultura apresenta grande consumo do nutriente, favorecendo

assim, a correção imediata ou impedindo o desequilíbrio nutricional neste período,

uma vez que a planta apresenta ao longo de seu desenvolvimento, extração

diferenciada, que varia de acordo com o tempo de cultivo. O B é um elemento imóvel

no xilema da planta, outro fator que preconiza a necessidade da disponibilização deste

no momento de maior demanda, para que sua deficiência não limite a produtividade

da cultura (TAIZ & ZEIGER, 2009).

Dessa forma, encontrar a eficiência e resposta de um determinado material

genético, implica em um aparato de fatores os quais são fundamentais para se

alcançar tal objetivo, sendo o manejo da adubação um destes importantes fatores.

Nesse manejo, práticas como a utilização de doses e épocas de aplicação adequadas

de nutrientes, incluindo o boro, tornam mais fácil a expressão do potencial genético

do material em questão, resultando no aumento da produtividade de grãos da cultura.

Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o efeito da época de adubação com boro

na cultura do arroz de terras altas nas condições do sul do Estado do Tocantins.

MATERIAL E MÉTODOS

A condução do experimento ocorreu em casa de vegetação na estação

experimental da Universidade Federal do Tocantins - Campus de Gurupi, com

coordenadas geográficas de 11º46’18” de latitude Sul e 49º02’35” de longitude Oeste,

no período da entressafra do ano de 2014.

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102

O experimento foi instalado em delineamento experimental de blocos

casualizados, com 4 repetições, em esquema fatorial de 3 x 4, sendo três cultivares

(BRSMG-Conai, BRS-Bonança e BRS-Serra Dourada) e quatro épocas de aplicação

do micronutriente boro, este na dose de 3,0 kg ha-1 e na forma de ácido bórico,

formando os seguintes tratamentos: T1 - ausência de aplicação de boro (testemunha);

T2 - aplicação de boro em cobertura no perfilhamento (cerca de 25 dias após plantio

para alguns cultivares); T3 - aplicação de boro em cobertura por ocasião da

diferenciação do primórdio floral (cerca de 60 dias após plantio para alguns cultivares)

e; T4 - aplicação de boro em cobertura no emborrachamento (período de

desenvolvimento da panícula, cerca de 75 dias após plantio para alguns cultivares).

O solo empregado na instalação do experimento foi o Latossolo Vermelho

Amarelo distrófico (EMBRAPA, 2013), proveniente da camada superficial (0–20 cm),

devidamente corrigido. Utilizou-se vasos de capacidade para 5 kg, com a mistura de

um substrato (composto por esterco e serragem) e areia, na proporção 3:1:1,

respectivamente, buscando proporcionar maior porosidade ao solo, e melhor

desenvolvimento radicular para a cultura.

Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo.

Granulometria g kg-1

Areia 752

Silte 63

Argila 185

Macronutrientes e resultados complementares

pH CaCl2 P meh K Ca Mg Al H+Al SB CTCt m V M.O. C.O.

--------------(cmolc.dm-3) -------------------- -----------(%)------------

5,5 6,1 1,01 2,09 1,5 0 2,5 5,41 7,91 0 68 3,4 2,0

Micronutrientes

B Cu Fe Mn Zn

-----------------------------------(mg.dm-3) ----------------------------------

0,2 0,5 39 12,4 3,0

A recomendação de calcário e adubação foi proposta após realização da

análise de solo (Tabela 1). Utilizou-se 400 kg ha-1 do adubo formulado 5-25-15. Na

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103

adubação de cobertura foi usado como fonte nitrogenada a uréia, na dose de 50 kg

ha-1, sendo parcelada, em duas vezes, onde a primeira aplicação ocorreu por ocasião

do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após plantio e a segunda, na diferenciação

do primórdio floral, cerca de 60 dias após plantio. Não houve necessidade de

realização de tratos culturais. As plantas foram conduzidas até o final do ciclo.

O plantio ocorreu no dia 22 de abril de 2014, sendo as sementes submetidas

à tratamento prévio com fungicida Carboxina na dosagem de 300 ml para cada 100

kg de sementes e o inseticida Fipronil na dosagem de 250 ml/100 kg de sementes

ambos indicados para a cultura. Optou-se em semear cinco sementes por vaso, com

desbaste aos 25 dias após plantio visando obtenção de três plantas por vaso. A

irrigação ocorreu de forma manual, com regador, de acordo com a necessidade da

cultura. Não houve necessidade de outros tratos culturais durante ciclo do arroz.

Para verificar a interferência da época de aplicação de boro no

desenvolvimento e produção de arroz foram avaliadas as características número de

dias para florescimento - dias para emissão de 50% das panículas, a partir da data de

semeio; número de panículas por vaso - contando-se as panículas em cada vaso

avaliado; número de grãos por panícula - determinado através da contagem do

número de grãos por panícula; esterilidade das espiguetas - realizada por ocasião da

colheita, quando foram coletadas, ao acaso cinco cachos de arroz por vaso, em

seguida, separadas as espiguetas cheias das vazias (contando-se o número de grãos

vazios e calculando-se o percentual destes em relação ao número total de grãos de

cada amostra); altura da planta - medida da superfície do solo até o ápice da panícula

do colmo central, excluída a arista, quando presente; estande final – contando-se

número de plantas ao final do experimento; massa de cem grãos - massa de uma

amostra de cem grãos sadios por vaso e; produtividade de grãos - produção de grãos

limpos com 13% de umidade, em g vaso-1.

Os dados experimentais foram submetidos a análise de variância, com

aplicação do teste F. Para as comparações entre as médias de tratamentos, foi

utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o aplicativo computacional

SISVAR (FERREIRA, 2008).

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104

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se através da análise de variância (Tabela 2), significância da

interação época de aplicação do micronutriente boro versus cultivar para as

características altura de plantas, estande final, número de panículas e produtividade

de grãos, caracterizando a interdependência dos fatores, ou seja, a época de

aplicação do boro atua de forma distinta na expressão dos cultivares, realizando-se,

portanto, o desdobramento de um fator dentro do outro.

Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF), altura de

plantas (AP), estande final (EF), número de panículas (NP), número grãos por panícula (NGP),

esterilidade das espiguetas (EST), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD),

de três cultivares de arroz cultivados, no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação

FV GL DF AP EF NP NGP EST MCG PROD

Rep. 3 4,57ns 60,88* 0,18ns 4,69ns 85,90ns 420,35* 0,05* 17,31ns

Époc. (E) 3 4,18ns 22,04ns 2,52** 12,25* 893,07ns 172,36ns 0,04* 27,12*

Cult. (C) 2 4105,56** 489,48** 0,27ns 51,06** 14138,38** 188,29ns 4,45** 55,33**

E*C 6 4,22ns 86,51** 0,68* 8,31* 446,74ns 110,73ns 0,005ns 21,55*

Resíduo 33 3,78 19,35 0,27 3,4 834,84 143,36 0,01 9,03

CV (%) 2,48 5,59 20,93 20,8 29,79 42,97 4,75 21,27

Média Geral 78,43 78,7 2,52 8,87 96,97 27,86 2,53 14,13

ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F.

Houve ainda efeito significativo do fator cultivar para todas as características

avaliadas, excetuando-se esterilidade das espiguetas e estande final, ratificando a

variabilidade genética existente entre os materiais genéticos. Enquanto que, para o

fator época de aplicação do micronutriente, houve significância das características

estande final, número de panículas por vaso, massa de cem grãos e produtividade de

grãos, caracterizando assim, a influência diferenciada da época de aplicação do boro

nas plantas de arroz.

Os baixos valores de coeficiente de variação (Tabela 2) encontrados neste

trabalho para as características dias para florescimento, altura de plantas e massa de

cem grãos indicam uma boa precisão experimental na condução do experimento.

Embora, verifica-se altos valores de CV para as características estande final, número

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de panículas por vaso, número de grãos por panícula, esterilidade de espiguetas e

produtividade de grãos, não sugere-se má precisão experimental, pois ressalta-se que

no período de condução do experimento, realizado em meados dos meses de maio a

setembro, a cultura ficou submetida à altas temperaturas (Figura 1), característica

inerente à região, e ainda foi intensificada ao ser conduzido em casa de vegetação,

fatores que prejudicaram o seu desenvolvimento e induziram ás grandes variações

nos dados experimentais, elevando as porcentagens de CV. Os dados climáticos

referentes ao período de condução dos experimentos fora da casa de vegetação

encontram-se na Figura 1.

Figura 1. Temperatura média, máxima e mínima (°C), umidade (%), vento (m/s) e evapotranspiração

(mm/dia) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, na entressafra 2014 (BDMEP,

2012).

Na análise da característica dias para florescimento (Tabela 3), verifica-se que

não houve diferenças significativas entre as épocas de aplicação de boro. Foi

detectado apenas diferenças entres os cultivares, evidenciando assim, suas

diferenças genéticas. Segundo Fornasiere Filho & Fornasiere (2006), o cultivar

BRSMG-Conai, tem ciclo precoce e BRS-Bonança e BRS-Serra Dourada tem ciclo

tardio. Desta forma, cada um destes materias genéticos pode ser utilizado em

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diferentes situações, contribuindo na resolução de problemas enfrentados em um

planejamento agrícola, sob a influência de fatores nem sempre controláveis, como

déficits hídricos, que possam vir a reduzir a produção agronômica, quando estes

ocorrem em períodos críticos para a cultura, ou até mesmo, para agregar maior

retorno econômico numa sucessão de culturas, por exemplo.

Tabela 3. Médias de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação

Dias para florescimento (dias)

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 60,00 88,50 89,25 79,25a

T1 60,00 85,00 90,00 78,33a

T2 60,00 86,50 88,50 78,33a

T3 60,00 85,50 88,00 77,83a

Média 60,00C 86,37B 88,93A

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

Segundo Streck et al. (2006), o rendimento final da cultura possui relação

direta com as fases de desenvolvimento do arroz, caracterizadas como vegetativas e

reprodutivas. Estas determinam o ciclo da cultura e quanto mais longas tendem a

favorecer o maior desempenho do material genético, isso porque permitem a planta

produzir maior superfície de absorção foliar, consequentemente aumenta sua taxa

fotossintética, produzindo mais reservas de fotoassimilados que serão translocados

para o enchimento de grãos. Ainda segundo o autor, a fase vegetativa, quando afetada

pela temperatura compromete significativamente variáveis determinantes da

produtividade, como diminuição do perfilhamento e número de folhas. Na figura 1,

observa-se que durante todo o período de cultivo do arroz na casa de vegetação, as

temperaturas médias e máximas permaneceram constantes e elevadas, as quais,

segundo Guimarães et al. (2002), são consideradas prejudiciais as fases de

crescimento do arroz, vindo a causar danos nas características subsequentes.

Quanto à altura de plantas (Tabela 4), observa-se que o cultivar BRSMG-

Conai apresentou, resposta diferente a época de aplicação de B, sendo que, menores

alturas foram obtidas quando a aplicação ocorreu aos 75 DAP, sendo a única a diferir

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da testemunha. Isso se deu, provavelmente, pelo fato do cultivar BRSMG-Conai

possuir ciclo precoce, encontrando-se no momento da aplicação no estágio fisiológico

reprodutivo, e, portanto, sem condições de aproveitar o nutriente aplicado em seu

desenvolvimento em altura e, desta forma, translocando-o para os órgãos

reprodutivos, para atuar nos processos de polinização e formação de grãos. Já para

o cultivar BRS-Bonança, ocorreu o contrário, ou seja, as maiores médias ocorreram

neste mesmo período, sendo a única a diferir estatisticamente de quanto o B foi

aplicado aos 25 DAP. Para o cultivar BRS-Serra Dourada não houve diferenças

significativas entre os períodos avaliados.

Segundo Kappes et al. (2008), aplicações boratadas efetuadas em estágios

fenológicos vegetativos quando comparados aos reprodutivos são mais eficientes pelo

fato da planta aproveitar de forma mais eficiente o micronutriente e direcioná-lo para

o crescimento vegetativo, neste caso, em altura, do que nos estágios mais tardios,

onde esta já se encontra no período de enchimento de grãos e prioriza o

direcionamento dos fotoassimilados para a produção dos grãos. Slaton et al. (2002),

trabalhando com aplicações de boro em duas épocas, sugerem que as aplicações

efetivadas no início do ciclo da cultura não afetaram o rendimento do arroz, mas

aumentaram ligeiramente o crescimento vegetativo.

Ainda na tabela 4, verifica-se quanto à altura de plantas, que o cultivar BRS-

Serra Dourada compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias, independente

da aplicação e da época de aplicação do B. Kappes et al. (2008) encontraram

Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados

no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação

Altura de plantas (cm)

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 78,29aAB 75,62abB 83,50aA 79,14

T1 73,33abB 72,16bB 84,58aA 76,69

T2 78,00aA 77,25abA 83,50aA 79,58

T3 67,58bB 82,58aA 88,08aA 79,41

Média 74,30 76,90 84,91

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

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diferenças significativas para altura de plantas na cultura da soja com a utilização de

boro e Hossain et al. (2001) obtiveram resposta significativa para altura de um cultivar

de arroz com disponibilização de micronutrientes.

Avaliando os resultados obtidos para a variável estante final (Tabela 5),

observa-se que a testemunha, onde não se aplicou B, compôs sempre o grupo de

maiores médias, independente do cultivar. Esse efeito negativo no estande pode estar

relacionado ao calor excessivo intrínseco à região neste período de entressafra

(Figura 1), e assim ter resultado na morte de algumas plantas. Certifica-se ainda, que

os cultivar BRSMG-Conai e BRS-Serra Dourada, aos 60 e 75 DAP para aplicação de

B, respectivamente, alcançaram médias inferiores a duas plantas por vaso.

Tabela 5. Médias do estande final de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul

do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação

Estande final

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 2,75aA 3,00aA 3,00aA 2,91

T1 2,75aA 3,00aA 3,00aA 2,91

T2 1,50bB 2,25aAB 2,75abA 2,16

T3 2,50abA 2,00aA 1,75bA 2,08

Média 2,37 2,56 2,62

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

Vale ressaltar que, associado aos tratamentos aplicados, após a realização

da primeira adubação nitrogenada efetivou-se o desbaste, deixando-se três plantas

por vaso. Após este procedimento, sucederam mortes de algumas plantas, mortes

estas, que não estão associadas à aplicação de boro pois, ainda não havia chegado

o momento de aplicação deste elemento. Alguns tratamentos ficaram comprometidos

com a morte das plantas, resultando em menor estande, ocasionando assim prejuízos

no desempenho dos cultivares.

Fatores abióticos e interferem em todo desenvolvimento dos processos

metabólicos e das funções vitais das plantas, que utilizam apenas suas próprias

defesas como tentativa de sobrevivência. As condições advindas do cultivo em casa

de vegetação, podem potencializar alguns fatores, expondo a cultura à condições

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adversar e comprometendo seu acréscimo produtivo (TAIZ & ZEIGER, 2009).

Conforme pode ser observado na figura 1, as condições climáticas externas que

ocorreram durante o período de execução do experimento, configuram característica

que expõem a cultura do arroz ao estresse térmico. Segundo Taiz & Zeiger (2009)

altas temperaturas e baixas velocidades do ar, são intensificadas em casa de

vegetação, e reduzem as taxas de esfriamento foliar, consequentemente retardam o

crescimento das plantas, provavelmente esses fatores justificam a morte das plantas

e as baixas médias ocorridas na característica estande final.

Respostas diferenciadas à época de aplicação do boro também é observada

para a característica número de panículas por vaso (Tabela 6). A testemunha, onde

não se aplicou B compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias, independente

do cultivar avaliado. Ressalta-se que os baixos valores obtidos para o cultivar

BRSMG-Conai aos 60 DAP e BRS-Serra Dourada aos 75 DAP se devem ao baixo

estande ocorrido conforme discutido anteriormente. Quanto ao desempenho dos

cultivares, o BRSMG-Conai compôs sempre o grupo de maiores médias quando

comparado aos demais cultivares.

Tabela 6. Médias do número de panículas por vaso de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação

Número de panículas por vaso

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 11,75aA 10,75aAB 8,50aB 10,33

T1 9,75abA 10,00aA 6,50abB 8,75

T2 8,00bA 8,50aA 7,75abA 8,08

T3 11,75aA 8,50aB 4,75bC 8,33

Média 10,31 9,43 6,87

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

Quanto a característica número de grão por panícula (Tabela 7), não foi

observado diferença entre a testemunha, sem aplicação de B, e nem entre os

tratamentos com aplicação de B, independente da época de aplicação. Mesmo assim,

as médias variaram de 86,82 para a testemunha à 106,77 número de grãos por

panícula para o tratamento ao qual aplicou-se boro aos 60 dias após plantio. Estes

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resultados são discordantes dos obtidos por Wang et al. (2003) e Hossain et al. (2001),

que encontraram efeito significativo à utilização de boro na diferenciação do primórdio

floral, na microesporogênese e no crescimento do tubo polínico, sugerindo a nutrição

boratada essencial para a formação de grão na cultura do arroz. Entretanto, Leite et

al. (2011), não encontraram efeito significativo para esta característica.

Apesar do boro presentar a característica de imobilidade dentro da planta, e

assim não ser redistribuído entre as partes desta, os resultados satisfatórios são

obtidos quando o suprimento é realizado exatamente no momento de maior demanda

da cultura, então, justificando a tendência de superioridade do tratamento T2, com

aplicação de B aos 60 dias após plantio, devido ao micronutriente ser alocado próximo

as partes reprodutivas da planta, necessariamente na fase da floração da cultura,

sendo desta forma, mais eficientemente utilizado. O que não ocorre nos demais

tratamentos (T1 e T3, com aplicação do boro aos 25 e 75 DAP respectivamente, para

o cultivar BRSMG-Conai, de ciclo precoce, e apenas no tratamento T1, com boro aos

25 DAP, para os demais cultivares de ciclo tardio), já que nestes, o boro é alocado

nas folhas, não sendo remanejado posteriormente na fase de floração, na planta.

Outros fatores, externos e internos, podem ter interferido evidenciando essa tendência

nas respostas dos tratamentos, visto que a temperatura e umidade do ar elevadas

(Figura 1), podem ter aumentado a velocidade de secamento da solução aplicada,

sendo este o veículo de penetração do elemento na folha, além disso, horas mais

quentes tornam a absorção menor, já que para evitar a desidratação o mecanismo

Tabela 7. Médias do número de grãos por panícula de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação

Número de grãos por panícula

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 66,48 76,97 117,03 86,82a

T1 63,71 84,77 132,53 93,67a

T2 83,23 103,83 133,25 106,77a

T3 60,12 113,7 128,07 100,63a

Média 68,38C 94,82B 127,72A

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

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111

automático de defesa das plantas levam ao fechamento estomático, uma importante

via de acesso dos nutrientes (LEITE, 2008). O autor ainda sugere que associado à

planta pode-se citar a estrutura da superfície foliar, pois a presença de cutículas,

camadas de ceras e tricomas tornam o percurso mais lento dificultando a chegada do

nutriente em seu interior. Nos tratamentos mais tardios após a floração, infere-se a

influência da idade da folha, salvo que folhas mais jovens possuem maior absorção

de nutrientes da solução, do que folhas mais velhas, além de terem maior atividade

metabólica, enquanto que, as folhas mais velhas aumentam a espessura da cutícula

tornando-se ainda mais resistentes à penetração da solução (LEITE, 2008).

Dentre os cultivares avaliados, observa-se que o BRS-Serra Dourada

apresentou médias superiores quanto ao número de grão por panícula (Tabela 7). Já

o cultivar BRSMG-Conai, deteve as menores médias para essa característica.

Provavelmente, as maiores médias obtidas pelo cultivar BRS-Serra Dourada, podem

ser correlacionas com o ciclo do cultivar, segundo Falqueto et al. (2009), cultivares de

ciclo longo tendem a ter maior produção de matéria seca e produção de

fotoassimilados do que cultivares de ciclo curto, isso porque, a planta permanece

maior tempo em seu estágio vegetativo, voltado à produção de fotossíntese e

biomassa para posterior conversão das reservas nutritivas em componente de

produção, neste caso, para o número de grãos por panícula.

Avaliando os resultados para a característica esterilidade de espiguetas

(Tabela 8), ressalta-se a não significância dos tratamentos avaliados, apesar de se

verificar tendência de menores médias para os tratamentos que envolveram a

aplicação de boro, independente da época de aplicação apontando, desta forma, que

uma possível deficiência deste nutriente induz a esterilidade de grãos de pólen em

arroz, semelhantemente ao encontrado por Leite et al. (2011). Segundo Ramos et al.

(2008), diversos fatores interferem na germinação dos grão de pólen, dentre eles,

pode ser citado o elemento boro. Sua ação consiste em formar complexo ionizável

sacarose-borato, que permitirá uma reação mais rápida com as membranas celulares,

desta forma, o nutriente evita o rompimento das membranas do tubo polínico dos grão

de pólen, liberando o conteúdo citoplasmático para o meio exterior, e assim,

contribuindo para obter maior porcentagem de germinação. Para Wang et al. (2003)

os compostos químicos presentes nas estruturas reprodutivas são modificados,

ocorrendo acúmulo de calose na região da ponta dos tubos polínicos, bem como

alterações nas concentrações e distribuições de pectina, compostos fenólicos e

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ésteres saturados no tubo de pólen, por isso que a deficiência de boro na plantas

provoca alterações morfológicas e estruturais nos órgãos reprodutivos afetando o

crescimento do tubo polínico e a germinação do pólen. A alocação do boro na fase de

floração, diretamente nos órgão reprodutivos da planta, favorece sua ação devido sua

imobilidade na planta, assim, a tendência de menores porcentagens de esterilidade

de espiguetas, surgem do suprimento do boro ter ocorrido exatamente nesta fase,

beneficiando a cultura por facilitar o uso do nutriente ao estar facilmente disponível

para a planta.

Não houve diferença na porcentagem de esterilidade de espiguetas entre os

cultivares (Tabela 8), que por sua vez apresentaram médias elevadas para esta

características, devido provavelmente a elevada temperatura. O período à qual

instalou-se o experimento coincidiram com o período de altas temperatura na região

do Estado do Tocantins (Figura 1). Elevadas temperatura não favoreceram o

desenvolvimento do arroz, principalmente quando ocorrem no período mais crítico, ou

mais sensível do seu desenvolvimento. Segundo Fonseca et al. (2006) essa fase

corresponde ao estágio de florescimento e a segunda fase mais sensível, corresponde

a prefloração, ocasionando a esterilidade das espiguetas. O processo de

microesporogênese e o crescimento do tubo polínico são prejudicados com a

deficiência do micronutriente boro, afetando a macho-fertilidade, já que suas funções

estão envolvidas diretamente no crescimento celular e no desenvolvimento da flor.

Tabela 8. Média da porcentagem de esterilidade de espiguetas de três cultivares de arroz

de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de

vegetação

Esterilidade de espiguetas (%)

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 36,15 31,05 31,95 33,05a

T1 25,02 27,71 27,87 26,86a

T2 14,24 27,14 30,57 23,98a

T3 22,94 24,36 35,34 27,54a

Média 24,59A 27,56A 31,43A

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

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Segundo Walter et al. (2010), a temperatura crítica do arroz o qual aumentam

significativamente a esterilidade de espiguetas estão situadas acima de 33 e 34ºC, e

temperaturas acima de 40ºC, provocam esterilidade dos órgão femininos da flor,

mesmo que exposto por pequenos períodos de tempo. Ainda segundo o autor,

elevadas temperaturas, no ambiente incidem em maiores e significativas esterilidades

de espiguetas devido ao fechamento estomático das plantas que reduzem seus

processos metabólicos, o que pode ser intensificado pelo ambiente da casa de

vegetação. Para enfatizar os efeitos positivos do B, desempenhando papel vital na

formação dos grãos Hossain et al. (2001) e Rashid et al. (2004) encontraram respostas

desejáveis, quando a cultura do arroz foi suprida com nutrição boratada.

A manifestação de algumas panículas brancas, termo que se refere às

panículas que não completaram seu desenvolvimento, portanto, não apresentam

grãos, ratificam o efeito deletério da elevada temperatura sob o período de condução

do experimento. Segundo Barrigossi et al. (2004), o surgimento de panículas brancas

não ocorre exclusivamente por efeito de fatores bióticos como insetos e doenças, mas

também por fatores como deficiência hídrica, temperaturas extremas e fitotoxidez

causadas por herbicidas, os chamados fatores abióticos. Ainda segundo os autores a

fertilidade das espiguetas podem ser reduzidas em até 80% com apenas duas horas

de exposição à temperatura de 41 ºC. Como no decorrer da execução do estudo não

houve a intervenção dos fatores bióticos e quanto aos fatores abióticos apenas

verificou-se as elevadas temperaturas ocorridas neste período (Figura 1), infere-se a

possibilidade dos cultivares terem sido expostos à estresse térmico e então diminuído

sua capacidade produtiva.

Quanto a massa de cem grãos (Tabela 9), ressalta-se que o tratamento em

que a época de aplicação do boro ocorreu aos 60 DAP, foi o único a diferir

significativamente do tratamento em que não houve aplicação de B. Nesta época de

aplicação a planta encontra-se geralmente no período de diferenciação dos primórdios

florais, sendo considerados fase de extrema importância na determinação do potencial

produtivo, tornando-se apropriado para aplicação de B. Por ser um elemento imóvel,

seu teor torna-se elevado nas folhas velhas não sendo redistribuído e os sintomas sua

deficiência surgem nas partes jovens da planta (TAIZ & ZEIGER 2009), sendo assim,

aplicações realizadas mais próximo da fase de desenvolvimento reprodutivo que

permite maior absorção e aproveitamento do B, podem resultar no aumento da

eficiência de utilização do nutriente, e consequentemente em maiores ganhos

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produtivos. Entretanto, a aplicação de B isolado de outro manejo onera o custo de

produção e torna tal recomendação pouco prática, ainda mais na ausência de

diferença significativa entre os tratamentos. A não significância dos resultados para

enchimento de grãos também foi observada por Engler et a. (2006) e Leite et al.

(2011).

Tabela 9. Médias da massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação

Massa de cem grãos (g)

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 2,98 2,36 1,99 2,44b

T1 3,09 2,44 2,08 2,54ab

T2 3,20 2,51 2,05 2,58a

T3 3,11 2,46 2,09 2,55ab

Média 3,10A 2,44B 2,05C

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

O cultivar BRSMG-Conai alcançou maior média de massa de cem grãos

(Tabela 9), enquanto o cultivar BRS-Sertaneja atingiu a menor média. Possivelmente

o fator relevante insere-se às altas temperaturas que atingiram principalmente os

cultivares BRS-Bonança e BRS-Serra Dourada na sua fase mais sensível, justamente

por possuírem ciclo tardio, resultando assim em menores médias. Segundo Taiz &

Zeiger (2009), sob altas temperaturas as plantas tendem a aumentar a respiração

gastando mais energia neste processo, assim, menor quantidade de fotoassimilados

são produzidos e direcionados para o enchimento de grãos, além de promoverem o

fechamento estomático para evitar a desidratação, o que pode ter influenciado na

absorção do boro no processo de aplicação foliar. Outro fator preponderante, é o fato

de que os mesmos cultivares possuíram maior número de grãos por panícula,

portanto, a produção dos fotoassimilados que já estavam limitados devido às altas

temperaturas, foram distribuídos em maior número de grãos, tornando-os mais leves.

Constata-se para variável produtividade de grãos (Tabela 10), que não houve

diferença significativa entre os tratamentos avaliados para os cultivares BRSMG-

Conai e BRS-Bonança. Apenas o cultivar BRS-Serra Dourada comportou-se de forma

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diferenciada, quando o B foi aplicado aos 75 DAP. Essa inferioridade pode ser

justificada, devido a maior esterilidade das espiguetas, aliado à ocorrência de menor

estande final, e menor número de panículas, características que se correlacionam com

a produtividade da cultura de arroz.

Tabela 10. Médias da produtividade de grãos de três cultivares de arroz de terras altas

cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação

Produtividade de grãos (g vaso)

Épocas de

aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média

Testemunha 14,23aA 13,32aA 13,39aA 13,65

T1 13,38aA 14,06aA 13,06aA 13,50

T2 16,80aA 17,82aA 14,42aA 16,34

T3 14,61aA 17,17aA 7,26bB 13,01

Média 14,75 15,59 12,03

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre

si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP).

Esses resultados corroboram com Rashid et al. (2004) que relataram

respostas significativas na produtividade de arroz quando a cultura foi tratada com

aplicações de boro. Diferentemente de Leite et al. (2011) em que o seu rendimento de

grãos por hectare não foi afetado pelos tratamentos aplicados. Mesmo os valores das

médias de produtividade não apresentando diferenças significativas, nota-se um

acréscimo de produção de até 30% para o cultivar BRS-Bonança, 18% para o

BRSMG-Conai e 7% para o BRS-Serra Dourada, no tratamento T2 ao aplicar o

micronutriente boro aos 60 DAP, quando comparados à testemunha. Assim, ressalta-

se que o elemento boro teve influência positiva aos 60 DAP, pois mesmo os

componentes de produção, estante final e número de panículas terem apresentado

resposta negativa por influência de fatores externos, outras características como

número de grãos por panículas, esterilidade de espiguetas e massa de cem grãos

foram beneficiadas pelas ação do boro, e assim, contribuíram para que acréscimos

positivos fossem obtidos pela cultura em produtividade de grão.

A tendência de maior produtividade apresentada no tratamento T2, ao se

utilizar o boro aos 60 DAP, infere-se à aplicação do boro ter sido efetivada no período

decorrente da floração, contudo, mesmo o micronutriente sendo imóvel, sua alocação

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beneficiou a fase da reprodução e consequentemente a produção final da cultura.

Baixas produtividades possivelmente justificam-se pela temperatura e umidade

relativa do ar elevadas, que podem ter interferido nos tratamentos, mais

especificamente, na absorção da adubação foliar com boro, pois os resultados podem

ter tido seu efeito mascarado por fatores relacionados à absorção do elemento, tendo

sido dificultada pelos fatores inerentes à folha e/ou ambiente, ao período de aplicação,

ao estágio fisiológico da cultura, além do próprio ambiente, causando menor absorção

e aproveitamento do nutriente, acarretando aumento da porcentagem de esterilidade

de espiguetas, além do mais, possivelmente as plantas aumentaram a taxa de

respiração noturna, consequentemente obtiveram maior consumo da sua biomassa,

o que resultou em poucos metabólitos para serem direcionados à produção de grãos.

A evolução tecnológica avança à passos largos buscando criar novos

mecanismos que proporcionem maior agilidade e eficiência nas tarefas

desemprenhadas pelo homem, portanto, no ramo agrícola não é diferente. Grandes

implementos, tecnologias de ponta, sistemas cada vez mais eficazes, buscam resolver

problemas e ainda, melhorar as atividades agrícolas, aperfeiçoando-as e trazendo

benefícios aos produtores. A nutrição de plantas, atualmente de forma mais

expressiva a nutrição com os micronutrientes, pode ser um dos exemplos dessa

evolução. Pois, a importância dada a estes elementos, têm se tornado significativa

diante dos ganhos econômicos conquistados. Diante disso, viabiliza-se estudos como

estes, que se tornam interessantes e de extrema acuidade, não deixando de ser

essências para o crescimento da agricultura na região e no país, e principalmente para

incrementar a renda do agricultor.

CONCLUSÕES

A aplicação do boro no estágio vegetativo da cultura de arroz aumenta o

crescimento em altura;

O boro incrementa a massa de cem grãos quando aplicado aos 60 dias após

plantios;

A produtividade de grãos teve incremento de até 30% para o tratamento T2,

aos 25 dias após plantio, sob a testemunha;

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Altas temperaturas aumentam a porcentagem de esterilidade das espiguetas

de arroz;

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar este estudo conclui-se que:

Os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRSMG-Conai atingiram boas

produtividades em mais de um ano de cultivo, sendo indicadas para a utilização na

região.

O ano agrícola 2007/2008 apresentou os maiores rendimentos de grãos para

os cultivares avaliados.

O estresse de fósforo, o estresse de nitrogênio, assim como o estresse

hídrico, alteram as características agronômicas da cultura do arroz, e reduzem

significativamente suas produtividades de grãos.

Boas produtividades de grãos foram alcançadas na safra 2012/13.

A aplicação do boro no estágio vegetativo da cultura de arroz aumenta o

crescimento em altura;

O boro incrementa a massa de cem grãos quando aplicado aos 60 dias após

plantios;

A produtividade de grãos teve incremento de até 30% para o tratamento onde

se aplicou boro em cobertura no perfilhamento cerca de 25 dias após plantio, sob a

testemunha;

Altas temperaturas aumentam a porcentagem de esterilidade das espiguetas

de arroz;

Assim, observa-se que com a grande divergência genética existente entres os

cultivares de arroz, bem como as variações climáticas que ocorrem anualmente, em

cada ano agrícola, tem-se subsídios favoráveis para indicações e recomendações dos

melhores cultivares de arroz de terras altas para a região do Estado do Tocantins,

com potencial genético expressivo, mesmo nas condições estressantes do meio. Além

de se obter informações importantes sobre nutrição mineral com macro e

micronutrientes, sendo fator imprescindível ao se trabalhar em sistemas produtivos de

baixo, médio e alto nível tecnológico. Desse modo, as informações obtidas nesta

pesquisa poderão auxiliar de forma prática, agricultores e melhoristas para um melhor

manejo da cultura na região, bem como para auxiliar em futuras pesquisas e estudos

que venham a aprimorar o desenvolvimento do arroz, gerando lucratividade para o

sistema produtivo.