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1 ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ELIZÂNGELA GLÓRIA CARDOSO Formando jovens, autônomos, solidários e competentes. ROTEIRO DE ESTUDOS Nº 03 - 3º BIMESTRE/2020 3ª SÉRIE ÁREA DE CONHECIMENTO: ARTE COMPONENTE CURRICULAR/DISCIPLINA: PROFESSOR (a): Cléo Araújo TURMA: 33.01 a 33.06 CRONOGRAMA Período de realização das atividades: Entrega das atividades: 06/10 a 17/10 PARTE 1 1ª SEMANA: 06 a 13/10 PARTE 2 2ª SEMANA: 14 a 21/10 CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES: 03 aulas COMPETÊNCIA ESPECÍFICA DA ÁREA Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas(artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica darealidade e para continuar aprendendo. HABILIDADE/OBJETIVO DA ATIVIDADE (EM13LGG201) Utilizar adequadamente as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. ESTUDO ORIENTADO O(a) estudante deve fazer a leitura cuidadosa dos textos de cada uma das 04 (quatro) aulas desta semana. Realizadas as leituras, deve-se proceder à resolução das atividades. Para quem dispõe de recursos tecnológicos e internet: tendo dificuldades, orienta-se buscar solução para as dúvidas através do grupo de WhatsApp de Ciências Humanas no dia apropriado (quinta-feira). A nota do segundo bimestre será fechada através das atividades devolvidas na escola, no prazo estabelecido, e também da observação do esforço do estudante de modo geral, ou seja, através de uma avaliação interdimensional. Para a devolução das atividades respondidas basta que o(a) estudante utilize a última folha deste roteiro de estudos. Destaque a última folha do roteiro de estudos e devolva à escola com suas respostas. Tanto os textos do roteiro de estudos quanto os textos das atividades devem ficar com o(a) estudante para consultas futuras. __________________________________________________________________________________ AVALIAÇÃO: o (a) estudante será avaliado(a) através da observação, por parte do professor, de sua participação no grupo de WhatsApp apresentando dúvidas ou contribuições. Também, por meio da resolução da atividade e envio das respostas via Google Forms, no decorrer de cada semana. Assim, prevalecerá a avaliação interdimensional, observando a prática do exercício do protagonismo e dos 4 (quatro) pilares da educação: Aprender a Ser, a Fazer, a Conhecer e a Conviver).

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ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ELIZÂNGELA GLÓRIA CARDOSO

Formando jovens, autônomos, solidários e competentes.

ROTEIRO DE ESTUDOS Nº 03 - 3º BIMESTRE/2020

3ª SÉRIE

ÁREA DE CONHECIMENTO: ARTE

COMPONENTE CURRICULAR/DISCIPLINA:

PROFESSOR (a): Cléo Araújo TURMA: 33.01 a 33.06

CRONOGRAMA

Período de realização das atividades:

Entrega das atividades: 06/10 a 17/10

PARTE 1 – 1ª SEMANA: 06 a 13/10 PARTE 2 – 2ª SEMANA: 14 a 21/10

CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES: 03 aulas

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA DA ÁREA Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas(artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica darealidade e para continuar

aprendendo. HABILIDADE/OBJETIVO DA ATIVIDADE

(EM13LGG201) Utilizar adequadamente as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em

diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e

sensível aos contextos de uso.

ESTUDO ORIENTADO

● O(a) estudante deve fazer a leitura cuidadosa dos textos de cada uma das 04 (quatro) aulas

desta semana.

● Realizadas as leituras, deve-se proceder à resolução das atividades.

● Para quem dispõe de recursos tecnológicos e internet: tendo dificuldades, orienta-se buscar

solução para as dúvidas através do grupo de WhatsApp de Ciências Humanas no dia apropriado

(quinta-feira).

● A nota do segundo bimestre será fechada através das atividades devolvidas na escola, no prazo

estabelecido, e também da observação do esforço do estudante de modo geral, ou seja, através

de uma avaliação interdimensional.

● Para a devolução das atividades respondidas basta que o(a) estudante utilize a última folha

deste roteiro de estudos.

● Destaque a última folha do roteiro de estudos e devolva à escola com suas respostas.

● Tanto os textos do roteiro de estudos quanto os textos das atividades devem ficar com o(a)

estudante para consultas futuras.

__________________________________________________________________________________

AVALIAÇÃO: o (a) estudante será avaliado(a) através da observação, por parte do professor, de sua

participação no grupo de WhatsApp apresentando dúvidas ou contribuições. Também, por meio da

resolução da atividade e envio das respostas via Google Forms, no decorrer de cada semana. Assim,

prevalecerá a avaliação interdimensional, observando a prática do exercício do protagonismo e dos 4

(quatro) pilares da educação: Aprender a Ser, a Fazer, a Conhecer e a Conviver).

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OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO (Conforme Guia de Aprendizagem 3º bimestre)

Arquitetura – a morfologia da cidade e das edificações, abordando a arquitetura colonial á

contemporânea no Brasil

PARTE 1 – 1ª SEMANA –06 a 13/10

O Começo – Arquiteturas Pré Colonial e Colonial

No ano de 1500 d.C., uma caravela saiu de Portugal rumo às Índias. Comandada por Pedro Álvares Cabral tal embarcação se perdeu no oceano Atlântico e acabou por ancorar, no dia 22 de abril, no litoral do que mais tarde se chamaria Brasil. Essa história, por muitos chamada de “Descobrimento do Brasil”, é a origem do nosso país . É indiscutível porém, que antes disso este território era habitado por seres humanos, com hábitos e costumes diferentes dos europeus, mas que também moravam e conviviam em espaços próprios da sua cultura e que revelam uma engenhosidade tamanha nas edificações, como por exemplo as ocas, com suas tramas de madeira que formam amplos espaços circulares e ovalados.

Com a chegada dos colonizadores europeus, houve a necessidade de novas construções, que seguiram um estilo diferente do que acontecia na Europa, enquanto lá ocorria o Renascimento, aqui um novo estilo, bem menos rebuscado predominava: o chamado estilo Colonial. Essa simplicidade se dá principalmente, pela falta de tecnologia adotada nas construções, construídas pela mão de obra escrava (primeiramente indígena e depois de origem africana), abundante no período.

Caracterizado por casas térreas e pequenos sobrados no meio urbano e casarões avarandados nas propriedades rurais, esse período vai desde aproximadamente 1534, quando foi implantado o sistema de capitanias hereditárias e se iniciou o processo de povoamento do país, até as primeiras décadas do século XIX. Concomitante também ocorre no país o chamado Barroco Brasileiro, que se restringe a igrejas e está melhor explicado no post referente a ele.

Vista de Ouro Preto, cidade da época colonial, considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO

Nas cidades e vilas, era possível observar características bem marcantes como o alinhamento das edificações as vias públicas e com as paredes laterais nos limites do terreno, bem como a inexistência de jardins ou áreas verdes nas áreas centrais. As edificações possuíam cobertura em duas águas feitas de telhas de barro , moldadas nas coxas dos escravos, e, nas residências de proprietários mais abastados, usava-se um detalhe próximo ao fim da linha do telhado, chamado de “eira”. Esse detalhe indicava o poder aquisitivo dos proprietários da residência. A expressão “sem eira nem beira” se referia as casas mais simples, com pouco beiral e sem a eira. Haviam cartas régias que determinavam a parte externa das edificações enquanto a planta e dimensionamento de cômodos eram liberados.

Quanto as técnicas contrutivas, utilizava-se o pau-a-pique, o adobe ou a taipa de pilão na maioria das edificações, já nas mais abastadas usava-se pedra e barro ou ainda pedra e cal. Observa-se nas edificações do período uma grande simplicidade, onde o que diferencia o poder aquisitivo dos proprietários(além da eira e da beira), são o número de cômodos e a tipologia da residência: térrea ou sobrado.

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Sobrados em Ouro Preto

Nas térreas se usava o chão batido por piso, enquanto os sobrados apresentavam piso assoalhado. Em ambas as tipologias as esquadrias são simples e sempre simétricas, no caso dos sobrados, observa-se também a repetição do mesmo ritmo e mesmo tipo de esquadria em todos os pavimentos. O vidro passa a ser utilizado mais pro final do período, quando sua obtenção é facilitada, sendo comum então o uso de muxarabis e venezianas como forma de vedação das esquadrias.

Uso de muxarabis nas esquadrias de uma residência em Ouro Preto. No segundo pavimento já é

possível observar o uso de venezianas.

Muxarabis são elementos trançados, geralmente de madeira, que permitem visibilidade de dentro pra fora mas não o contrário. Comuns na cultura árabe, na arquitetura brasileira são utilizados no período Colonial, sendo proibidos no período Neoclássico e resgatado anos mais tarde já no Modernismo. Imagens: Instituto Sócio Ambiental (ISA) – http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/marcelo-ferraz-francisco-fanucci-brasil-arquitetura-sede-do-isa-28-05-2009.html Demais Imagens: Ana C. R. Paim, Ouro Preto, 2009. Share this:

O Barroco no Brasil

Vindo pelas mãos dos colonizadores, principalmente portugueses, leigos e religiosos, o estilo Barroco chega ao Brasil no século XVIII, 100 anos depois de seu surgimento na Europa e permanece aproximadamente até as duas primeiras décadas do século XIX. Em território brasiliense o barroco sofre influências portuguesas, francesas, italianas e espanholas. Mestres portugueses por hora se uniam aos filhos de europeus nascidos no Brasil e seus descendentes caboclos e mulatos para realizar algumas belas obras do barroco brasileiro. O movimento barroco no Brasil tem seu ápice artístico a partir de 1760 com a variação do rococó do barroco mineiro.

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Durante o século XVII a Igreja teve um importante papel como mecenas na arte colonial. Algumas ordens religiosas como beneditinos, carmelitas, franciscanos e jesuítas que começaram a se instalar no Brasil desde a metade do século XVI desenvolveram uma arquitetura religiosa sóbria e muitas vezes monumental, traços de gosto europeu eram reconhecidas nas fachas e plantas retilíneas de grande simplicidade ornamental.

Antiga igreja de São Miguel das Missões - RS. Fonte: http://bit.ly/d8l0G7

O barroco acaba se proliferando sobretudo no nordeste e no sudeste do país, porém a primeira manifestação de traços barrocos, se bem que misturado ao estilo gótico e românico pode ser encontrada na arte missionária dos Sete Povos das Missões na região da Bacia da Prata no Rio Grande do Sul, nessa região durante um século e meio padres missionários ensinaram índios guaranis uma síntese artística com base em modelos europeus.

Em meados do século XVII, manifestações de espírito barroco são vistas no resto do país, presentes em fachadas e frontões. Construída entre 1633 e 1691 a Igreja e Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, possuí talha barroca dourada em ouro em estilo português.Os motivos folheares, a multidão de anjinhos e pássaros, a figura dinâmica da Virgem no retábulo-mor, projetam um ambiente barroco no interior de uma arquitetura clássica.

Interior da igreja e mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, 1717. Fonte: http://bit.ly/8zkdHq

Na Bahia no fim do século XVII é introduzido na decoração o barroco, um exemplo disso é antiga Igreja dos Jesuítas, hoje a Igreja Catedral Basílica. Os traços barrocos podem ser identificados na capela-mor, com seus cachos de uva, pássaros, flores tropicais e anjos-meninos.

Entre 1700 e 1730 uma onda de pedra esculpida tende a se disseminar nas fachadas, como imitação dos retábulos, seguindo a lógica da ornamentação barroca. Somente em 1703 que o dinamismo do estilo conquista o exterior de um edifício, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência em Salvador. É importante observar que o barroco brasileiro apresenta uma exceção, mesmo em um período grandioso das igrejas barrocas nacionais, essas são marcadas por um contraste entre a relativa simplicidade entre seus exteriores e suas ricas decorações internas, sinalizando com isso, a virtude de recolhimento, requisito necessário à alma cristã. Nesses primeiros 30 anos é difundido no Brasil o estilo “nacional português”, sem variações significativas na várias regiões.

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Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência em Salvador, 1703. Fonte: http://bit.ly/9LJi2B

Por meados de 1730 e 1760 surge um novo ciclo de desenvolvimento do barroco, com predomínio do estilo português chamado de Joanino, cuja origem é fundada no barroco romano. A construção de naves poligonais e plantas em elipses entrelaçadas são de origem desse período. Destacam-se também nesse período os artistas portugueses Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito.Na metade do século XVIII, ocorre uma certa estagnação no Nordeste das construções barrocas devido a perda de força econômica e política. O foco do estilo barroco volta-se para o Rio de Janeiro, transformada em capital da colônia em 1763 e a Região de Minas Gerais cujo desenvolvimento foi forçado pela descoberta de minas de ouro e diamante. Por isso que é exatamente nesse período que os maiores artistas barrocos brasileiros se revelam, o Mestre Valentim no Rio de Janeiro, e Antônio Francisco Lisboa o Aleijadinho na região de Ouro Preto e seu entorno.

Santuário do Bom Jesus dos Matozinhos, em Congonhas - MG, obra de Aleijadinho, 1805.

Fonte: http://flic.kr/p/4z34qk

A partir de 1760 é na suavidade do estilo rococó mineiro que se encontra a linha mais autentica do barroco brasileiro. A extrema religiosidade popular é expressada em um espírito contido e elegante, constituindo templos de arquitetura em planos circulares e de índole harmônica e dinâmica, com uma bela decoração em pedra-sabão. As construções monumentais são então substituídas por templos mais intimistas, de proporções singelas e decoração requintada, voltados para a espiritualidade e condições materiais da região.

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Chafariz da Pirâmide do Mestre Valentim, no Rio de Janeiro, 1779. Fonte: http://flic.kr/p/7eatG8

Na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis da Penitência encontra-se um dos mais bons exemplos bem-acabados desse estilo, cujo risco, frontispício, retábulos laterais, altar-mor, púlpitos e lavabo são de autoria de Aleijadinho. Na teto da nave encontra-se uma pintura ilusionista de um dos mais talentosos pintores barrocos Manoel da Costa Athaide. Outra grande parceria desses dois artistas está representado aos Passos da Paixão de Cristo para o Santuário do Bom Jesus dos Matozinhos em Congonhas do Campo, e é nesse mesmo santuário que Aleijadinho deixa o testemunho mais adorável de seu talento artístico, seus 12 profetas de pedra-sabão. O Rio de Janeiro se diferencia das outras cidades pela tendência à sobriedade neoclássica. Um exemplo disso é Passeio Público e o Chafariz da Pirâmide do Mestre Valentim onde é possível encontrar um equilíbrio entre os postulados racionais do classicismo, a dinâmica do barro e um certo sentido de delicadeza da estética rococó, formulam o espírito da arte carioca da segunda metade do século XVIII

Arquitetura Neoclássica no Brasil

Contexto Histórico

Imperial Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro. Fonte: http://bit.ly/9GswVK

Napoleão, que em 1804 proclamou-se imperador da França, decretou o Bloqueio Continental em 1806, fechando o continente europeu à Inglaterra criando todo tipo de dificuldades econômicas, a fim de desorganizar a economia inglesa.

A economia portuguesa havia muito se encontrava subordinada à inglesa. Daí a relutância de Portugal em aderir incondicionalmente ao bloqueio. Napoleão resolveu o impasse ordenando a invasão do pequeno reino ibérico. Sem chances de resistir ao ataque, a família real transferiu-se para o Brasil em

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1808, sob proteção inglesa.

Em 1808, com a transferência da corte portuguesa para a colônia e com a chegada da família real de Dom João VI no Brasil, iniciou-se uma nova fase na arquitetura brasileira. A origem do neoclássico do Brasil geralmente é atribuída à Missão Francesa, contratada para fundar e dirigir no Rio de Janeiro a Escola de Artes e Ofícios, conhecida mais tarde, em 1826, como Imperial Academia de Belas Artes. Ela trouxe artistas como Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas e o arquiteto Grandjean de Montigny. As mudanças na arquitetura

Palácio Imperial, Petrópolis - RJ, 1854. Fonte: http://bit.ly/adZJK4

A arquitetura da época firmou-se em duas versões: o neoclássico oficial, da Corte, quase todo feito de importações, e a versão provinciana, simplificada, feita por escravos, exteriorizando nos detalhes as ligações dos proprietários com o poder central. O neoclássico oficial se desenvolveu nos centros maiores do litoral, como Rio de Janeiro, Belém e Recife, que tinham contato direto com a Europa, e que desenvolveram um nível mais complexo de arte e arquitetura e se integraram nos moldes internacionais da sua época. As residências urbanas utilizavam-se ainda das mesmas soluções de implantação dos tempos coloniais: sobre o alinhamento das ruas e sobre os limites laterais dos lotes. A parte da frente das residências destinava-se aos salões e a área social da casa, para dentro ficam as alcovas, quartos e salas de jantar, e aos fundos, o serviço. Os porões, que aparecem sob o térreo, marcado pela fileira de óculos alinhados sob as janelas dos salões, são utilizados ora como locais de serviço, ora como depósito de lenha, liberando o térreo para utilização com cômodos de permanência diurna.

Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, 1855. Fonte: http://bit.ly/cXSWs8

Na arquitetura urbana prevaleceu clareza construtiva. Era caracterizada pela simplicidade formal, com cornijas e platibandas como recurso formal. As paredes, de pedra ou tijolo, eram revestidas e pintadas de cores suaves, como o branco, rosa, amarelo e azul-pastel, apresentavam corpo de entrada salientes, com escadarias, colunatas e frontões e valorizavam a decoração dos interiores com revestimentos e pinturas. Em geral as linhas básicas da composição eram marcadas por pilastras, sobre as quais, nas platibandas, dispunham-se objetos de louça do Porto, como compoteiras ou figuras representando as quatro estações do ano, os continentes, as virtudes, etc. Janelas e portas se destacavam enquadradas em pedra aparelhada e arrematadas em arco pleno, em cujas bandeiras dispunham-se rosáceas mais ou menos complicadas, com vidros coloridos.

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Fazenda do Secretário, em Vassouras, no Rio de Janeiro, século XVIII. Fonte: Mirian Thomé

em http://bit.ly/aX23rr

As casas rurais obedeciam aos padrões da arquitetura residencial urbana mais modesta, era nos interiores que mais se aproximava dos padrões da Corte, onde graças à cultura do Café se desenvolvia uma intensa vida social. As transformações arquitetônicas mais uma vez se limitavam as superfícies, com papéis decorativos ou pinturas sobre as paredes de terra criando a ilusão de um espaço novo.

É interessante observar que, mesmo considerados todas as adaptações sofridas no Brasil pelo Neoclassicismo ou por outros movimentos artísticos, verifica-se uma tendência justamente nas camadas consumidoras. Com uma arquitetura que estava na dependência de importação de materiais e mão-de-obra especializada ou que apenas disfarça com aplicações superficiais a precariedade da mão-de-obra escrava, o neoclássico não chegou a corresponder a o aperfeiçoamento maior da construção no Brasil.

Fazenda Cachoeira do Mato Dentro, em Vassouras, século XIX. Fonte: http://bit.ly/cSW0EX

Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, 1894. Font

Período Eclético no Brasil

Ecletismo = Uso ou mistura de estilos do passado ocorrido na segunda metade do século XIX, é a linguagem eufórica da liberdade calcada na nova tecnologia. A nosso ver, hoje, devemos entender

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Ecletismo como sendo toda a somatória de produções arquitetônicas aparecidas a partir do final do primeiro quartel do século passado. Além do uso e mistura de estilos estéticos históricos, a arquitetura eclética de maneira geral se caracterizou pela simetria, busca de grandiosidade, rigorosa hierarquização dos espaços internos e riqueza decorativa A arquitetura eclética tem para a história grande valor porque relata momentos de profundos paradoxos na vida do homem moderno.

A casa urbana brasileira passa a ter uma tipologia de construção nova para a época. Acontecia um crescimento rápido de muitas cidades brasileiras, de maneira que no início do séc. XX, a casa passa a ter sua fachada principal alinhada à testada do lote, ganha um acesso e varanda laterais e comumente é geminada com sua vizinha. Os portões e gradis são de ferro e essa casa pode receber ainda uma profusão de influências de períodos distintos do passado.

Casa no estilo eclético em Curitiba Fonte: http://bit.ly/cmVyLG

A presença do porão é comum na época. Balaustrada na platibanda e cornija logo abaixo, clássicas. Padieira em forma de cornija acima das janelas também é clássica, mas o elemento ornamental rebuscado quebra a formalidade comum ao clássico. Os caixilhos das janelas e a cor da casa denotam a presença do art décor. Esse ecletismo, mesmo que discreto, acompanha a arquitetura brasileira até a década de trinta do séc. XX. O uso de cores fortes é uma influência da proposta contemporânea do art décor, que por usa vez ganhava inspiração no uso de cores mais agressivas do movimento fovista da pintura moderna. Os gradis de ferro são presença quase obrigatória nos prédios da época.

Edificação com uso de platibandas trabalhadas em Curitiba. Fonte: http://bit.ly/cmVyLG

A platibanda escalonada (tipo escada) e simétrica, coroando a fachada é um traço típico do art deco. Mas há a presença de guarda-corpo com balaústres clássicos, colunas coríntias e do arco romano. A riqueza de misturas e efeitos que se pode conseguir com associações desse tipo só o ecletismo consegue explicar. Há quem diga que existe um certo rendilhado gótico e um ar oriental na volumetria desse prédio, sede de um clube em Curitiba, mas a unanimidade é que o aspecto final resulta fantástico.

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5. Art Nouveau no Brasil

Castel Beranger, Hector Guimard, Paris, 1898

Contexto Histórico

Em 1895 na França surge um estabelecimento destinado a comercializar as últimas criações diferenciadas das do estilo vitoriano, também conhecido no local como Luís Felipe e Napoleão III, o então comércio de novas criações levou o nome de Art Nouveau. Inserindo-se no centro da sociedade moderna, o Art Nouveau reage ao historicismo da arte acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo e expressões líricas do românticos e visa inserir-se a vida cotidiana, atendendo as mudanças sociais e o ritmo movimentado da vida moderna. Esse movimento tende a revalorizar a beleza e colocá-la ao alcance de todos, pela parceira entre arte e indústria.

Hotel Tassel, Bruxelas

Elegante, o Art Nouveau foi o primeiro movimento orientado exclusivamente para o design, por isso foi marcado como um estilo que trazia exuberância decorativa, formas ondulantes com contornos bastante sinuosos e composição assimétrica, também foi de suma importância ao artista gráfico por causa da página impressa e sua influência na criação de formatos de letras e de marcas comerciais. Por ser um movimento das artes decorativas, preocupavam-se em tornar mais agradável os objetos industrializados, exemplo disso são os desenhos florais aplicados nos pés de ferro das máquinas de costura, em papéis de parede, em grades de ferro fundido e em ilustrações de livros, as peças artesanais também únicas exibem os mesmos padrões. É o período dos vitrais, vasos, luminárias, jóias e móveis únicos e requintados.

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Teve sua difusão entre 1883 e 1910 nos países da Europa e nos Estados Unidos. No Brasil desempenhou papel significante nos objetos decorativos e em obras arquitetônicas, perdurou até a década de 1920.

Entrada do Metrô, Metropolitain, Hector Guimard, Paris

Na França Émile Gallé destaca-se por seus vasos sinuosos de vidro, René Lalique por suas jóias de pérolas e esmalte e Hector Guimard pela a ornamentação de entradas de algumas estações de metrô em Paris. O arquiteto Victor Horta, destaca-se na Bélgica por sua obra-prima, a Casa Tassel localizada em Bruxelas, nessa obra é enorme o número de trabalhos em ferro fundido. Nos Estados Unidos o representante desse movimento é Louis Tiffany, que se inspirou na cultura mourisca e japonesa e criou vasos e outras peças marcadas pela ousadia e por seu imenso valor. No início do século XX, o forçamento a uma padronização imposta pela indústria faz o movimento Art Nouveau perder força em todo o mundo, tendo seu nome diferenciado em cada país.

No Brasil o Art Nouveau chegou no início do século XX, em sua bagagem teriam principalmente elementos referentes a decoração de interiores ou de grandes elementos arquitetônicos de ferro forjado. É possível encontrar exemplos do estilo em edifícios projetados pelo francês Victor Dubugras e do sueco Karl Ekman como a Vila Penteado em São Paulo, também são encontrados em gradis, portas e móveis produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. No Rio de Janeiro o interior da Confeitaria Colombo é um grande exemplo, cerâmicas e cartazes de Eliseu Visconti tem um inspiração profunda no Art Nouveau.

6. Art Deco – A Simplificação Rumo à Modernidade

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Um ícone desta arquitetura é o Edifício Chrysler, em Nova Iorque, nos EUA, cujo coroamento, com

altura equivalente a 7 andares, parece uma agulha a perfurar o céu, construído em 1930. Fonte: http://bit.ly/cNfWZa

Originado em Paris, com a “Exposition internationale des arts décoratifs et industriels modernes”, em 1925, o Art Deco foi um movimento artístico e cultural que ocorreu na Europa e nas Américas no período de 1915 até aproximadamente 1945, sendo então concomitante ao Modernismo. Tal movimento exerceu grande influência em vários campos artísticos da década de 1920: desde o vestuário até a construção civil. Suas formas eram geometrizadas, baseadas nas obras da América Pré-Colombiana, do Egito e Mesopotâmia e no Brasil, nas cerâmicas marajoaras. Na construção civil, há bastante uso do vidro e do ferro, materiais de última tecnologia na época.

Relógio no canteiro cental da Avenida Goiás, em Goiânia-GO. Foto: Ana Paim

No Brasil, o movimento Art Deco acontece quase que ao mesmo tempo em que na Europa, aparecendo como uma alternativa “mais simples” ao Art Noveau e ao Ecletismo – é importante frisar que tais movimentos ocorrem de maneira concomitante, sendo que muitos autores classificam tanto o Art Deco quanto o Art Noveau como variações do Ecletismo. O Art Deco ainda pode ser considerado a simplificação arquitetônica que levou ao Modernismo, já que trabalha com formas mais simples e racionais.

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Conjunto de edificações no centro antigo de Goiânia, onde podem ser observadas as características do

movimento Art Deco, como a marcação das esquinas e as linhas retas e horizontais. Foto: Ana Paim

É caracterizado, principalmente, pelo rigor geométrico e pelo ritmo nas fachadas, pelo uso de materiais considerados menos nobres como o concreto e metais como cobre e latão, mais rústicos, em contraponto com materiais leves e nobres como bronze, mármore e prata. Diferencia-se do Art Noveau principalmente quanto as formas, uma vez que este faz uso de geometrias e racionalizações, enquanto aquele utiliza-se de formas orgânicas e sinuosas.

Teatro Municipal em Goiânia - GO, onde é possível observar elementos característicos do estilo Art

Deco. Foto: Ana Paim

Um bom exemplo de arquitetura Art Deco brasileira é a cidade de Goiânia, tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 2008, onde os elementos característicos do estilo podem ser vistos em várias edificações e em elementos da paisagem, como os relógios – reflexo da sociedade do começo do século XX.

Referências Textuais:

PARTE 02- 2ª SEMANA 14 a 21/10

Arquitetura moderna e contemporânea

O Movimento Moderno

Iniciado na Europa, o modernismo foi um movimento que envolvia as áreas artísticas e culturais. Os principais ideais modernistas tiveram sua chegada ao Brasil no a partir da primeira de década do século XX, introduzida através de manifestos como a Semana da Arte Moderna realizada em 1922 em São Paulo.

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O Modernismo foi o reflexo da efervescência cultural da época: durante o período o país passou pela industrialização e por período de grande ufanismo, o que levou a busca pela arte – incluindo aqui a arquitetura – nacional, sem se prender aos padrões europeus. O movimento gerou uma nova fase estética que acabou integrando tendências que já vinham aparecendo, fixadas na valorização da realidade do país, sugerindo um descarte das tradições que até então vinham sendo seguidas tanto na literatura como nas artes. O movimento Moderno não se limitou apenas arquitetura e arte moderna, pois envolveu aspectos ligados a áreas sociais, tecnológicas, econômicas e artísticas.

Casa de Mina e Gregori Warchavchik, São Paulo.

Devido aos problemas gerados pelas mudanças sociais e econômicas durante a Revolução Industrial, o modernismo arquitetônico nasce na Europa para encontrar soluções geradas por tamanhas mudanças. No Brasil ele surge sem a necessidade de solucionar problemas sociais, pois as obras modernistas surgem quando ainda se iniciava o processo de industrialização. Segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro justifica-se como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o “espírito da época”.

Conjunto habitacional Pedregulho, de Affonso Reidy.

No Brasil o campo da arquitetura teve influência de arquitetos estrangeiros, adeptos do movimento. O russo Gregori Warchavchik projetou a “Casa Modernista” (1929-1930), obra que foi marcada como a primeira casa em estilo Moderno em São Paulo, porém o estilo se tornou conhecido e aceito em solo brasileiro através de projetos de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.

Os projetos modernistas eram marcados pelo racionalismo e funcionalismo, além de características como formas geométricas definidas, falta de ornamentação – a própria obra é considerada um ornamento na paisagem; separação entre estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas.

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Palácio do Planalto, de Oscar Niemeyer.

Quando o movimento moderno se difundiu no Brasil, arquitetos recém graduados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros como os alemães Mies Van der Rohe e Walter Gropius, porém foi arquiteto franco-suíço Le Corbusier que mais teve influência na formação do pensamento Modernista nos arquitetos brasileiros, suas idéias inovadoras tiveram uma vasta influencia no movimento em território brasileiro, sendo fonte inspiradora para Lúcio Costa, Niemeyer e outros pioneiros da arquitetura Moderna brasileira.

Casa de Vidro, da arquiteta Lina Bo Bardi.

O Brasil recebeu algumas vezes Le Corbusier, algumas para orientar a equipe de arquitetos que em 1936 projetou o edifício da nova sede do Ministério da Educação no Rio de Janeiro (Edifício Gustavo Capanema) e em outras realizou conferências para difundir seus ideais, e reforçar a influência sobre os jovens arquitetos da época.

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Affonso Reidy.

Foram destaque no Movimento moderno brasileiro Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Attilio Correa Lima, os irmãos Marcelo, Milton e Maurício Roberto, Paulo Mendes da Rocha e outros.

No início dos anos 30 houve conflito entre o neo-colonial e arquitetura moderna. Um dos fatores predominantes para difusão do estilo modernista no Brasil foi o apoio do Estado Novo que via nesse estilo um símbolo de modernidade e progresso.

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Parque do Ibirapuera, de Oscar Niemeyer.

Projetado em 1936 durante o período de governo de Getúlio Vargas pela equipe de arquitetos: Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, liderados por Lúcio Costa o Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro foi a primeira obra moderna de repercussão nacional.

Edifício Gustavo Capanema.

Orientado por Le Corbusier o edifício do ministério foi concebido de acordo com os fundamentos modernistas, representando a ruptura com as formas arquitetônicas ornamentadas com motivos historicistas e simbólicos que eram usadas na época. Esse edifício é composto por um volume em altura sobre pilotis e outro mais baixo perpendicular ao primeiro. Suas elevações tiveram um tratamento com influência solar, utilizando elementos arquitetônicos como brises soleils e vidro. A planta baixa segue os parâmetros modernistas isto é, planta livre sem paredes fixas o que permite maior mobilidade, as divisórias são de madeiras sem chegar ao teto o que permite ventilação cruzada. Alguns ambientes receberam azulejos e murais do pintor Candido Portinari e jardins com esculturas de Lipchitz, Bruno Giogi Celso Antonio.

Após a divulgação do Movimento Moderno ouve uma subdivisão em várias tendências estilísticas. Um exemplo é o Rio de Janeiro, que teve a fusão dos princípios Modernistas europeus com a herança nativa que resultaram em uma arquitetura de formas mais livres, dentro disso evidencia-se a originalidade de Oscar Niemeyer.

Niemeyer abandona o funcionalismo exagerado dos ideais modernos e utiliza em suas obras formas curvas mais livres, que buscam a beleza, não um resultado final com base somente em sua função. Essas características ficam evidenciadas no Conjunto da Pampulha (1942-1943), em Minas Gerais, nos famosos edifícios de Brasília, o Grande Hotel de Ouro Preto (MG, 1940) e o Parque do Ibirapuera

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(SP, 1951-1955).

Igreja da Pampulha em Belo Horizonte, de Oscar Niemeyer.

“(…)Fui talvez o primeiro a dizer francamente que o funcionalismo ortodoxo não me interessava e que a beleza era também uma função, e das mais importantes na arquitetura. Na verdade, o ângulo reto nunca me entusiasmou, nem as formas rígidas e repetidas dos primeiros anos da arquitetura contemporânea. A curva me atrai intensamente com a sua sensualidade barroca, e a nossa tradição colonial e o próprio concreto armado,a sugerem e recomendam.” – Oscar Niemeyer

A Pós-Modernidade

A arquitetura pós-moderna é um termo genérico para designar uma série de novas propostas arquitetônicas cujo objetivo foi o de estabelecer a crítica à arquitetura moderna, desse ponto surge uma nova corrente arquitetônica, desta vez antagônica ao modernismo como um todo, o chamado “pós- modernismo”. A expressão pós-modernismo tentava identificar tudo o que vinha após o modernismo. No entanto, é difícil definir esse movimento, porque ele bebeu de todas as fontes arquitetônicas ocidentais, até mesmo do modernismo, apesar de renegá-lo em muitos aspectos.

Surgiu a partir da década 60 e perdurou até o início da década de 90 . Seu auge é associado à década de 80 (e final da década de 70) em figuras como Robert Venturi, Philip Johnson e Michael Graves nos Estados Unidos, Aldo Rossi na Itália, e na Inglaterra James Stirling e Michael Wilford, entre outros.

Piazza d'Itália, EUA, Michael Graves.

O pós-modernismo teve muito impacto na Europa nos Estados Unidos, no Brasil não existiu o debate com o mesmo vigor e a grande tradição moderna, mesmo bastante desgastada, não permitiu muito espaço para uma crítica de qualidade da produção arquitetônica. Apesar de no Brasil não haver tamanha representatividade na arquitetura pós-moderna, houve discussões em diversas áreas. Como exemplo tem-se Vila Nova Artigas, que mesmo não tendo se desvinculado quase que por completo do Movimento Moderno, já mostrou-se crítico e insatisfeito.

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Edifício AT&T, EUA, Philip Johnson. Um dos grandes representantes da Pós-Modernidade na

Arquitetura.

A chamada “arquitetura pós-moderna” brasileira se reflete em grande parte na adoção dos elementos formais mais óbvios da manifestação norte-americana do “movimento”. No Rio de Janeiro seu exemplo mais conhecido talvez seja o edifício Rio Branco, projeto de Edison Musa, que repete o uso do frontão – que se tornou uma marca de Philip Johnson – e subdivide o edifício em base, corpo e coroamento (como na divisão clássica). Igualmente, o arquiteto mineiro Éolo Maia adota como estilo alguns elementos da arquitetura do americano Michael Graves entre outros (Maia utilizou um largo repertório de referências em sua arquitetura). Ainda que criticada pela fragilidade de sua base teórica, a adoção do “pós-modernismo” como estilo teve o importante papel de atenuar a hegemonia da arquitetura moderna no Brasil, apontando a possibilidade de novos rumos.

Centro Empresarial Cidade Jardim, Salvador-BA, Fernando Peixoto.

Arquitetura Contemporânea

O passado recente da modernidade é ponto de inspiração para a arquitetura contemporânea. É constatado que ao longo da década de 90, surge uma arquitetura progressiva em conjunto com ideais construtivos, como rigor das formas, além de uma busca pela tecnologia, porém, de forma mais amena do que os extremos da arquitetura moderna.

É válido ressaltar o caminho oposto percorrido pela produção pós-modernista, que negava conquistas tecnológicas importantes, como os grandes vãos, transmitindo em algumas vezes uma aparência

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enganosa em seus edifícios, como vedações com aspectos de paredes autoportantes, em detrimento da suspensão própria das estruturas independentes. Essas práticas adotadas pelos então pós-modernistas tinham como argumento a crise do petróleo de 1973, e por isso se questionava a viabilidade das cortinas de vidro assim, retorna o predomínio nas fachadas de paredes sobre aberturas, como forma de conservar a energia. É possível encontrar exemplos internacionais nas obras de Michael Graves (edifício Portland), Aldo Rossi e Mario Botta.

Ao contrário da produção moderna, a arquitetura contemporânea olha bastante para o passado e não o a nega. Mas seu grande foco é o futuro, apresenta otimismo e determinação, cria uma perspectiva com horizonte mais largo, nega-se a se impor aos limites conhecidos, e toma modelos do passado a serem copiados ou adaptados timidamente.

Poltrona Barcelona – Mies Van der Rohe

Os conceitos da arquitetura contemporânea e moderna se confundem, um recente livro de Lauro Calvacanti questiona se a produção atual brasileira ainda é moderna. Segundo o autor Roberto Segre, o panorama da produção dos jovens arquitetos brasileiros é o “neomodernismo” que tem grande presença em obras paulistas, mineiras e cariocas, e que faz o uso da arquitetura moderna como repertório preservado.

A síntese da aparência das obras contemporâneas esta remetida a arquitetura moderna. O principal ponto de contato entre o moderno e o contemporâneo é a vontade de não parecer que está sendo feito a utilização de formas ou repertórios semelhantes, mas sim, no retorno de uma abstração presente no processo de projeto. Fatores menores, mas de grande valor contribuem para transmitir semelhança entre os dois períodos, como a revalorização do design moderno produzido ao longo de meio século: móveis, luminárias e outros acessórios criados por Mies van der Rohe, Le Corbusier, Charlotte Perriand, Arne Jacobsen, Achille Castiglione, Harry Bertoia e os Eames, entre muitos outros, estão mais presentes do que nunca nos interiores despojados das numerosas publicações sobre a arquitetura atual, estimulando a ligação entre moderno e contemporâneo.

O que se pode de uma arquitetura contemporânea? Que seja absolutamente atual, sem busca aos tabus modernos. É natural que a arquitetura presente siga plural como a sociedade de seu tempo, carregando desde deconstrutivos a “neomodernos”, passando por tonalidades historicistas e permissões comerciais pitorescas ou kitschs intelectualizados. Sem sombra de dúvidas, deve ser definida contemporânea a arquitetura que representa o presente, mostrando a que pé está à tecnologia e sensibilidade estética do momento em que vivemos. Na atualidade os moldes da geração da arquitetura equilibram-se entre um determinado conhecimento prévio do tema – os modelos e soluções exemplares – e a capacidade de abstrair propondo soluções especificas para cada caso. É valido destacar que no caminho para arquitetura atual, a prática profissional vem demonstrando que há um retorno da abstração no projeto, como forma de transpor o existente, prosseguir. É força de expressão conceituar a arquitetura como “abstrata”, no campo da arquitetura sempre haverá abstração, o que pode oscilar muito é a sua participação no processo.

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Clínica Odontológica em Orlândia (1998) – MMBB

Alguns exemplos podem ser tomados nessa linha de pensamento como a Clínica Odontológica em Orlândia (1998), a Residência Mariante (2001) e a Residência em Ribeirão Preto (2004) obras de Angelo Bucci e de sua sociedade com o escritório MMBB. São trabalhos recentes inovadores que tomam obras de Paulo Mendes da Rocha como referências visíveis.

Isto não significa, entretanto, que toda arquitetura deva partir de referências explícitas para atingir sucesso, muito menos de determinadas fontes eleitas que estejam “em moda”. Dentro do culto vigente ao passado recente, também não é aceitável que os antecedentes exemplares tornem-se ideais platônicos ou limites intransponíveis para as novas obras.

O prolongado processo de estudo pela qual a arquitetura moderna passa no ambiente acadêmico, ressalta que arquitetura moderna não voltará a ser o que era. Para a produção de uma arquitetura contemporânea é preciso que haja uma relação equilibrada com o passado, sem nostalgia nem desrespeito pelas suas lições. Na arquitetura atual brasileira, surgem novos valores, apoiados nos ensinamentos bons e maus da experiência pregressa, sem deixar de sugerir inovações e obter resultados atuais.

Em entrevista para revista PROJETO DESIGN, edição junho de 2008, número 340, o arquiteto contemporâneo Márcio Kogan responde a seguinte pergunta.

-Qual é o desafio da arquitetura contemporânea?

Há algum tempo existem ações extremamente luxuosas e ricas na Europa, com a sobreposição de várias camadas numa só fachada. São três ou quatro fachadas num prédio, o que para a cultura brasileira, em que mal se consegue fazer uma camada bem feita, parece sem sentido. Acho que as coisas aqui, felizmente, são pé no chão, como é o caso também da arquitetura contemporânea portuguesa. Não temos supérfluos, e considero isso uma qualidade. A sustentabilidade, por sua vez, é um caminho sem volta. Nosso escritório está incorporando novos conhecimentos ás práticas sustentáveis que já utilizávamos, como a ventilação cruzada. Não se trata de algo tão novo: são conhecimentos familiares à arquitetura modernista brasileira, mas precisam ser reorganizados.

BONS ESTUDOS!

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ATIVIDADE AVALIATIVA: PARTE 1 – 06 a 13/10

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfyNnOiiHv41ceo3oBidt2z2yqba69NnA4a7m3sszHI-

nNMZg/viewform?usp=sf_link

ATIVIDADE AVALIATIVA: PARTE 2 – 2ª SEMANA-14 a 21/10

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdw9KXDlRmjsmoGnwuf7p-cwOtRD-Vt4AIH-

CfKAidzUWIQLQ/viewform?usp=sf_link

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Acessar os links abaixo com vídeo aulas sobre Arte Popular em estudo

Arquitetura Brasileira-Estilo Colonial

https://youtu.be/1UFDqslGuKs

Arquitetura Brasileira-Estilo Moderno

https://youtu.be/juFLfadzd6E

Arquitetura Brasileira- Estilo contemporâneo

https://youtu.be/dY8BibCF2WM