complicações agudas no diabetes mellitus e seu ... · coordenadora do curso de graduação em...
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Complicações agudas no Diabetes Mellitus e seu
tratamento: hipo e hiperglicemia
Profa. Dra. Lilian C. Gomes Villas Boas
Enfermeira colaboradora do Ambulatório de Diabetes do HCFMRP-USP (2007 – 2013)
Membro dos Grupos de Pesquisa: Enfermagem e Diabetes Mellitus, e Atenção Multiprofissional em Diabetes pela EERP-USP.
Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem - UNIFEG
Introdução
Dona Tereza tem 60 anos e DM1 desde os 15 anos de
idade, fazendo uso de insulina. Às 2:00 h de hoje, acordou
com mal-estar e sua glicemia estava em 48 mg/dl.
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Sr. Francisco tem 72 anos e DM2 desde os 63 anos de
idade, fazendo uso de glicazida. Por volta de 16:30 h,
apresentou mal-estar e sua glicemia estava em 56 mg/dl.
Hipoglicemia
Não há uma definição consensual de hipoglicemia
(Amiel et al., 2008; Nery, 2008; Grossi; Pascali, 2009)
ADA e CDA: valores que variam de <54 a <70 mg/dl
SBD: valores inferiores ou iguais a 50 mg/dl
É a intercorrência aguda mais comum no tratamento
do DM
O limiar para o aparecimento dos sintomas pode
variar entre as pessoas e também em função da idade
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia
DM2: uso de antidiabéticos orais (secretagogos),
insulina exógena
DM1: uso de insulina exógena e secreção prejudicada
de glucagon, sendo a liberação de adrenalina o principal
fator protetor
Idosos e longo tempo de doença
Quanto controle do DM, risco de hipoglicemia
(Amiel et al., 2008; Nery, 2008; Grossi; Pascali, 2009)
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia
Pode ser leve, moderada ou severa, com consequente
sequela neurológica, podendo levar ao óbito, se não
tratada em tempo
Grave: auxílio de outra pessoa para a correção. Sintomas
como mudança de comportamento, convulsão ou coma
Moderada: o estado neurológico está alterado, mas
continua a ter o grau de alerta suficiente para se tratar
Leve: não afeta o estado neurológico e a própria pessoa
pode este resolvê-la sem dificuldades
(Amiel et al., 2008; Nery, 2008; Grossi; Pascali, 2009)
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia: fisiologia
(Amiel et al., 2008; Nery, 2008; Grossi; Pascali, 2009)
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia: fisiologia
Glicose (hipoglicemia)
Insulina
hormônios
contra-reguladores
• Glucagon
• Adrenalina
Glucagon
Adrenalina • glicogenólise
• gliconeogênese
Inibe a utilização da
glicose pelos tecidos
1ºs sintomas: sudorese e
ansiedade
Episódios prolongados de
hipoglicemia
Cortisol e H. crescimento
(Amiel et al., 2008; Nery, 2008; Grossi; Pascali, 2009)
Hipoglicemia: sinais e sintomas
Fonte: Nery M. Hipoglicemia como fator complicador no tratamento do diabetes
melito tipo 1. Arq Bras Endrocrinol Metab 2008; 52(2): 288-98
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia: sinais e sintomas
Hipoglicemia leve
Hipoglicemia moderada
Hipoglicemia grave
A fome súbita
Mudança de comportamento
Perda da consciência
Tontura
Dor de cabeça
Convulsões
Tremores
Irritabilidade
Coma
Nervosismo/ ansiedade
Visão turva
Taquicardia
Confusão ou dificuldade de concentração
Sonolência, cansaço
Má coordenação
Sudorese
Fala arrastada ou lenta
Dormência ou formigamento da boca ou lábios
Fonte: http://www.bd.com/brasil/diabetes
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia: sinais e sintomas
Fonte: Nery M. Hipoglicemia como fator complicador no tratamento do diabetes
melito tipo 1. Arq Bras Endrocrinol Metab 2008; 52(2): 288-98
G
L
I
C
E
M
I
A
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia: causas
- Omissão ou atraso de uma refeição
- Excesso de insulina ou antidiabéticos orais
- Exercício físico intenso
- Insuficiência renal (a meia-vida plasmática dainsulina está aumentada)
- Insuficiência supra-renal e déficit do hormôniodo crescimento
- Ingestão de bebida alcóolica
(Grossi; Pascali, 2009)
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hipoglicemia: prevenção
Fonte: Grossi SAA, Pascali PM. Manual de Cuidados de Enfermagem em Diabetes Mellitus. São
Paulo; SBD, 2009.
Hipoglicemia: tratamento
Fonte: Grossi SAA, Pascali PM. Manual de
Cuidados de Enfermagem em Diabetes
Mellitus. São Paulo; SBD, 2009.
Hiperglicemia: definição
Estado no qual a glicemia está igual ou superior a
250mg/dl (BARONE et al., 2007)
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes. Posicionamento Oficial SBD nº 01/2014: Conduta
terapêutica no DM tipo 2 – Algoritmo SBD 2014. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014.
Hiperglicemia: fisiologia
cél. α (glucagon)
Hiperglicemia: causas
Doses insuficientes de medicamentos e/ou insulina
Omissão de uma ou mais doses de medicamentos
orais e/ou insulina
Abusos alimentares ou ingestão de doces
Infecções, de modo geral
Falta de exercício físico rotineiro
(Grossi; Pascali, 2009)
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hiperglicemia: sinais e sintomas
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Hiperglicemia: tratamento
Oferecer bastante líquido (água). Se não for possível
(vômitos), a hidratação deve ser parenteral
Verificar a glicemia com glicosímetro
Procurar o pronto-atendimento
(Grossi; Pascali, 2009)
Manter a dieta habitual
Não tomar medicação “extra”
Profa. Dra. Lilian Cristiane Gomes Villas Boas
Diferenças clínicas entre hipo e hiperglicemia:
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
(McNABB, 1997)
Papel do(a) enfermeiro(a) junto à pessoa com DM
Monitorização da glicemia:por que e para que?
• Correlaciona-se com os valores laboratoriais
• Os resultados são imediatos e levam à ação
• Diante dos resultados, as pessoas com DM buscam melhorare manter a glicemia sob controle
• Permite traçar um perfil glicêmico
• Seus resultados favorecem melhor compreensão sobre aterapia e direcionam os ajustes relacionados à dieta,medicações e exercícios
• Estimula a participação da pessoa e família no tratamento
Fonte: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º Congresso
Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
Fonte: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º Congresso
Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
• Antes do café
• Antes do almoço
• Antes do jantar
• Antes de deitar
• Madrugada (3hs a cada 15 dias)
Glicemias pós-prandiais são indicadas conforme a
necessidade
Diabetes do tipo 1 (3 a 4 vezes ao dia)
Monitorização da glicemia:tipo de DM e frequência
Monitorização da glicemia:tipo de DM e frequência
Fonte: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º Congresso
Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
Diabetes do tipo 2
A frequência deve ser suficiente para permitir o ajuste terapêutico
visando o controle glicêmico desejável em situações normais e especiais
• + de 2 vezes ao dia quando acima das metas glicêmicas
• + de 1 vez ao dia quando controle adequado e tratamento c/
dose única diária de insulina e/ou ADO
• + de 1 vez por semana em pacientes sob tratamento não
farmacológico
Monitorização da glicemia:qualidade dos controles
Fonte: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º Congresso
Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
Glicemiaspré-prandiais
< 70
90-130
131-140
> 140
Glicemiaspós-prandiais
< 70
90-140
141-180
> 180
Antes dedeitar
< 100
100-140
141-180
> 180
Manejo da glicemia por perfilglicêmico:
Fonte: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º Congresso
Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
• a partir da avaliação do perfil de 2, 3 ou mais dias
• é necessário determinar qual a insulina responsável
pelo perfil
• os ajustes variam em 10 a 20%
Os ajustes nas doses de insulina são feitos:
Manejo da glicemia: perfil deação das insulinas:
Netto AP. Manual Básico sobre Diabetes. São Paulo: Grupo de Educação e Controle do
Diabetes, 2008.
• Manhã: 20 unidades de insulina rápida (Regular) e 36
unidades de NPH
• Almoço: 8 unidades de insulina Regular
• Jantar: 12 unidades de insulina Regular
• Antes de dormir: 15 unidades de insulina NPH
Manejo da glicemia: exercíciospráticos
Sra. Tereza, 60 anos, DM1 desde os 15 anos, c/ o seguinte
esquema terapêutico:
Adaptado de: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º
Congresso Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
• Manhã: 20 unidades de insulina rápida (Regular) e 36
unidades de NPH
• Almoço: 8 unidades de insulina ultra rápida
• Jantar: 12 unidades de insulina ultra rápida
• Antes de dormir: 15 unidades de insulina NPH
Adaptado de: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º
Congresso Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
Segunda-feira Quinta-feira Domingo
Jejum (R+NPH) 100 110 103
Após café da manhã 318 282 240
Antes do almoço (R) 130 140 180
Após o almoço 280 246 162
Antes de jantar (R) 110 98 130
Após o jantar (NPH) 150 129 133
Valores da glicemia capilar (mg/dl)
Adaptado de: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º Congresso
Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
Horário Segunda-feira Quinta-feira Domingo
Jejum (R+NPH) 100 110 103
Após café da manhã 318 282 240
Antes do almoço (R) 130 140 180
Após o almoço 280 246 162
Antes de jantar (R) 110 98 130
Após o jantar (NPH) 150 129 133
Valores da glicemia capilar (mg/dl)
Quais as possíveis causas das alterações glicêmicas?
a) Excesso de ingestão de carboidratos no café da manhã e almoço
b) Quantidade insuficiente de insulina rápida no café da manhã e almoço
c) Quantidade excessiva de insulina NPH antes do café da manhã
d) Quantidade excessiva de insulina NPH após o jantar
Adaptado de: Simpósio Interativo de Insulinoterapia e Monitorização da Glicemia. In: 12º Congresso
Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes – ANAD, 2007.
Horário Segunda-feira Quinta-feira Domingo
Jejum (R+NPH) 100 110 103
Após café da manhã 318 282 240
Antes do almoço (R) 130 140 180
Após o almoço 280 246 162
Antes de jantar (R) 110 98 130
Após o jantar (NPH) 150 129 133
Valores da glicemia capilar (mg/dl)
Quais as possíveis intervenções a serem propostas?
a) Verificar o processo de administração de insulina
b) Rever a dosagem de insulina rápida antes do café e antes do almoço
c) Aumentar a dosagem de insulina NPH antes do café da manhã
d) Aumentar a dosagem de insulina NPH antes de dormir
Quais as possíveis intervenções a serem propostas?
a) Orientar o fracionamento da dieta, incluindo pequenos lanches entre as
principais refeições
b) Rever a dosagem do antidiabético oral antes do jantar
c) Verificar a glicemia pelo menos uma vez/dia
d) Manter próximo de si uma fonte de 15g de CHO simples (ex.: 2 balas de
caramelo ou 250 ml de refrigerante comum)
e) Todas as alternativas anteriores
Sr. Francisco, 72 anos, DM2, em uso de 01 comp. 30 mg
de Glicazida antes do almoço e do jantar. Faz apenas três
refeições diárias e há quatro dias, vem apresentando
sudorese, tremores e visão turva no final da tarde.
Qual o provável problema do Sr. Francisco?
Referências:
AMIEL, S. A.; DIXON, T.; MANN, R.; JAMESON, K. Hypoglycaemia in type 2
diabetes. Diabetic Medicine, v. 25, p. 245-54, 2008.
BD BRASIL. Hipoglicemia [on-line]. Disponível em: www.bd.com.br. Acesso
em 28 set. 2011.
BARONE, B.; RODACKI, M.; CENCI, M. C. P.; ZAJDENVERG, L.;
MILECH, A.; OLIVEIRA, J. E. P. Cetoacidose Diabética em adultos –
atualização de uma complicação antiga. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia e Metabologia, v. 51, n. 9, p. 1434-47, 2007.
GROSSI, S. A. A.; PASCALI, P. M. Manual de Cuidados de Enfermagem em
Diabetes Mellitus. São Paulo: SBD, 2009. 173 p.
McNABB, W. L. Adherence in diabetes: can we define it and can we measure it?
Diabetes Care, v. 20, n. 2, p. 215-18, feb. 1997.
Referências:
NERY, M. Hipoglicemia como fator complicador no tratamento do Diabetes
Melito Tipo 1. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, v. 52,
n. 2, p. 288-98, 2008.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Posicionamento Oficial SBD
nº 01/2014: Conduta terapêutica no DM tipo 2 – Algoritmo SBD 2014. São
Paulo: AC Farmacêutica, 2014.