comparativos das visões de complementos

5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Faculdade de Letras Departamento de Clássicas A proposta desse trabalho é fazer uma comparativo das visões teóricas sobre os Complementos Verbais e Nominais das gramáticas de Cunha e Cintra, Rocha Lima e Mira Mateus et AL. Objeto Direto Celso Cunha classifica todos os complementos de forma simplificada. Para ele ‘objeto direto é definido como termo da oração que integra um verbo transitivo direto ou bitransitivo sem auxílio de preposição’. Mira Mateus e Rocha Lima têm raciocínios parecidos. Para Rocha Lima, o ‘objeto direto é o complemento que, na voz ativa, representa o paciente da ação verbal. O objeto direto indica: o ser sobre o qual recai a ação; o resultado da ação; o conteúdo da ação’. E Mateus et al (2003), em sua definição, afirmam que o objeto direto é “a relação gramatical do argumento interno de predicadores verbais de dois ou três lugares” (verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos, na nomenclatura tradicional), com função semântica de paciente ou objeto. Elas definem objeto direto ainda como o constituinte nominal ou oracional à direita do verbo. Exemplo: A criança comeu o lanche OD Podemos perceber que apesar das definições um pouco diferentes do objeto direto entre os autores, as abordagens se complementam. O objeto direto destacado segue à direita de um verbo transitivo sem auxílio de preposição. Ele é o ser paciente sobre qual recai a ação. O objeto direto é um

Upload: albertobruno2003

Post on 03-Aug-2015

240 views

Category:

Documents


7 download

TRANSCRIPT

Page 1: Comparativos das visões de Complementos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Faculdade de Letras

Departamento de Clássicas

A proposta desse trabalho é fazer uma comparativo das visões teóricas sobre os Complementos Verbais e Nominais das gramáticas de Cunha e Cintra, Rocha Lima e Mira Mateus et AL.

Objeto DiretoCelso Cunha classifica todos os complementos de forma simplificada. Para ele

‘objeto direto é definido como termo da oração que integra um verbo transitivo direto ou bitransitivo sem auxílio de preposição’. Mira Mateus e Rocha Lima têm raciocínios parecidos.

Para Rocha Lima, o ‘objeto direto é o complemento que, na voz ativa, representa o paciente da ação verbal. O objeto direto indica: o ser sobre o qual recai a ação; o resultado da ação; o conteúdo da ação’. E Mateus et al (2003), em sua definição, afirmam que o objeto direto é “a relação gramatical do argumento interno de predicadores verbais de dois ou três lugares” (verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos, na nomenclatura tradicional), com função semântica de paciente ou objeto. Elas definem objeto direto ainda como o constituinte nominal ou oracional à direita do verbo.

Exemplo: A criança comeu o lanche OD

Podemos perceber que apesar das definições um pouco diferentes do objeto direto entre os autores, as abordagens se complementam. O objeto direto destacado segue à direita de um verbo transitivo sem auxílio de preposição. Ele é o ser paciente sobre qual recai a ação. O objeto direto é um termo que recebe caso acusativo, podendo ser substituído pelo pronome oblíquo “o” ou “a”.

Exemplo: A criança comeu-o OD

Alem disso pode aparecer na função sintática de sujeito paciente, naturalmente sem perder seu papel semântico de tema ou de paciente da ação verbal.

Exemplo: O lanche foi comido pela criança.

Objeto IndiretoNovamente, Celso Cunha é simplista ao definir objeto indireto como um termo

da oração que integra a um verbo transitivo indireto ou bitransitivo por meio de

Page 2: Comparativos das visões de Complementos

preposição. Entretanto, Rocha Lima subdivide-o em duas funções: Objeto Indireto e Complemento relativo. Para ele, ‘o objeto indireto representa o ser animado a que se dirige ou destina a ação ou estado que o processo verbal expressa’. É o termo introduzido de preposição a (às vezes para) que recebe no caso dativo e pode ser substituído na escrita padrão pelo pronome oblíquo lhe. Mateus et al (2003) tem uma visão parecida com a de Rocha Lima. Para elas ‘objeto indireto é a relação do argumento interno de verbos de dois ou três lugares que tem, tipicamente, a função de recipiente ou origem, e que, nas frases básicas, é o constituinte imediato de um sintagma preposicional que é, conforme as palavras das próprias lingüistas, nó-irmão à direita do constituinte com a relação de objeto direto ou do verbo. Elas ainda falam sobre a propriedade típica do objeto indireto que é um argumento [+ animado], podendo também ser [- animado] em casos marcados como tal.Exemplo: A criança deu o lanche ao colega OI / OI (dativo)

Exemplo: A criança deu-lhe /lhe o lanche

A outra função dada por Rocha Lima é complemento relativo, que ‘é o complemento que, ligado ao verbo por uma preposição determinada (a, com, de, em, etc.), integra, com o valor de objeto direto, a predicação de um verbo de significação relativa’. No entanto, não tem necessariamente o traço [+ animado], porém, ‘... a pessoa ou coisa a que se destina a ação, ou em cujo proveito ou prejuízo ela se realiza. Antes denota, como o objeto direto, o ser sobre o qual recai a ação.’ E diferentemente do objeto indireto, não pode ser substituído pelo pronome lhe. Ao que Rocha Lima chama de complemento relativo, Mateus et al. (2003) chamam de relação gramatical oblíqua ou obliquo nuclear. Mateus et al. (2003) incluem sob a denominação oblíqua não só os argumentos obrigatórios e opcionais do predicador verbal (oblíquos complementos), mas também os adjuntos adverbiais (complementos circunstancial) – que veremos abaixo – e agente da passiva.

Exemplo: A criança partilhou o lanche com os colegas OI / Complemento Relativo / Oblíquo Nuclear

Exemplo: A criança partilhou-lhes o lanche (agramatical) / A criança partilhou o lanche com ele.

Adjunto Adverbial Adjunto adverbial, para Celso Cunha, é, ‘como o nome indica, o termo de valor

adverbial que denota alguma circunstância do fato expresso pelo verbo, ou intensifica o sentido deste, de um adjetivo, ou de um advérbio’. ‘Embora tragam um dado novo à oração, não são eles indispensáveis ao entendimento do enunciado’.

Já Rocha Lima o subdivide em Complemento Circunstancial e Adjunto Adverbial. Ele define complemento circunstancial ‘como o complemento de natureza adverbial - tão dispensável à construção do verbo quanto, em outros casos, os demais complementos verbais’. Por seu valor de verbo de direção, ir exige, por assim dizer, a preposição a para ligá-lo ao termo locativo. Além dos exemplos apresentados na citação acima, o autor cita outros: “Morar em Paquetá. Estar à janela. Ter alguém ao

Page 3: Comparativos das visões de Complementos

colo.” O complemento circunstancial se expressa das seguintes maneiras: a) por um nome regido das preposições a ou para, indicativas de direção; b) por um nome com ou sem preposição, indicando tempo, ocasião; c) por um nome sem preposição, indicando peso, preço, distância. E o adjunto adverbial, ele define como ‘o termo que acompanha o verbo, exprimindo as particularidades que cercam ou precisam o fato por este indicado. E expresso por um advérbio ou expressão adverbial. Ao que Rocha Lima o classifica como adjunto adverbial, Mira Mateus et al. (2003) chamam de obliquo não nuclear.

A criança foi à lanchonete Comp. Circunstancial / Oblíquo Nuclear

A criança comeu tarde Adj. Adverbial / Oblíquo não Nuclear

Complemento nominalCunha e Cintra caracterizam o complemento nominal como termo ligado por

preposição ou substantivo, ao adjetivo ou advérbio cujo sentido integra ou limita. A palavra que tem o seu sentido completado ou integrado encerra " uma idéia de relação e o complemento é o objeto desta relação.

E Rocha Lima como termo que integra a significação transitiva do núcleo substantivo( e, ás vezes, do adjetivo e do advérbio, os quais, então, se equiparam ao substantivo na sintaxe da regência).

Já para Mira Mateus et al. (2003) o complemento nominal sempre está em estruturas com sintagma preposicional.

Exemplo: Faça uma rápida leitura do texto.

Adjunto adnominalCunha e Cintra definem adjunto adnominal como ao núcleo substantivo,

qualquer que seja a função deste, pode juntar-se um termo de valor de adjetivo, para acrescentar-lhe um dado novo à significação.

E Rocha Lima o define como um termo acessório da oração que se junta ao núcleo do substantivo, para acrescentar-lhe um dado novo à significação.

Para Mira Mateus o Adjunto Adnominal está nos sintagmas adjetivais. Elas chamam atenção para os modificadores que fazem relações gramaticais que não são centrais. Os modificadores restritivos e apositivos inserem-se nos modificadores nominais. No grupo dos modificadores nominais restritivos, estarão as expressões adjetivas (que seria na GTN os adjuntos adnominais) e as orações relativas, uma vez que essas contribuem para construção do valor referencial da expressão nominal, razão pela qual não podem ser separadas do antecedente por pausas (na escrita por vírgulas ou traços).

Exemplo: Comprei um livro muito útil. Adjunto adnominal / Modificador nominal restritivo

Page 4: Comparativos das visões de Complementos