comparar a capacidade de tomada de decisc3a3o e conhecimento declarativo de jogadores de futsal da...

61
Corpo Editorial Editor-chefe Prof. Drd. Antonio Coppi Navarro (IBPEFEX / UMC / UGF) Editores Associados Prof. Dr. Wagner Prado (UPE) Prof. Dr. Francisco Luciano Pontes Junior (USP-Leste) Prof. Ms. Andre Luís Almeida (UGF / INFORFISIC) Prof. Especialista Carlos Eduardo Cintra (IBPEFEX / UGF) Prof. Dr. Francisco Navarro (IBPEFEX / UGF) Prof. Dr. Jonato Prestes (UFSCar) Profa. Ms. Rafaela Liberali (UGF) Prof. Especialista Roberto de Almeida (UGF) Revisores Científicos Prof. Dr. Alberto Inácio da Silva - Universidade Estadual de Ponta Grossa - EEPG Prof. Ms. Alexandre Claro Mendes - UNIESP Prof. Doutorando César Cavinato Cal Abad - Universidade Bandeirantes - UNIBAN Prof. Doutorando Charles Ricardo Lopes - UNICAMP - Laboratório de Bioquimica do Exercício - IB Prof. Ms. Claudio de Oliveira Assumpção - Universidade Gama Filho - UGF Profa. Dra. Denise Maria Martins - Universidade Estadual de Pernanbuco - UPE Profa. Ms. Eliana Lousada - Universidade Gama Filho - UGF Prof. Doutorando Everson Araújo Nunes - Universidade Federal de Paraná - UFPR Prof. Especialista Fabiano Tadeu Costa de Souza - Universo - PE Prof. Doutorando Felipe Fedrizzi Donatto - Universidade de São Paulo, Instituto de Ciências Biomédicas - USP Prof. Ms. Gilberto Martinez Júnior - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Prof. Doutorando Gleisson Alison Brito - Universidade Federal do Paraná - UFPR Prof. Dr. Gustavo José Justo da Silva - INCOR, Laboratório de Cardiologia Molecular e Genética - USP Prof. Dr. Gustavo Puggina Rogatto - Universidade Federal de Lavras - UFLA Prof. Doutorando. João Henrique Bohn Zanoni - Centro Universitário Campos de Andrade - UNIANDRADE Prof. Dr. João Luiz Quagliotti Durigan - Universidade Federal da Paraíba - UFPB Prof. Ms. José Donato Junior - Universidade de São Paulo, Instituto de Ciências Biomédicas III - USP Prof. Dr. Luciano Allegretti Mercadante - UNICAMP - Limeira - Ciências do Esporte Prof. Doutorando Luiz Carnevali Júnior - Faculdades Anhanguera Profa. Dra. Marcela Meneguello Coutinho - Universidade Presbiteriana Mackenzie Prof. Ms. Marcelo Conte - UNISO e ESEFJ Prof. Dr. Marcelo Macedo Rogero - Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública - USP Prof. Dr. Marcelo Saldanha Aoki - Universidade de São Paulo - USP-Leste Prof. Especialista Marcos Serra - Associação Portuguesa de Desportos Prof. Doutorando Milton Rocha de Morais - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Profa. Dra. Natale Rolim - Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte - USP Prof. Dr. Newton Nunes - Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte - INCOR - USP Prof. Ms. Pablo Ramon Coelho de Souza - Centro Universitário de Belo Horizonte - Uni-BH Profa. Dra. Renata Rebello Mendes - Universidade Bandeirantes - UNIBAN Prof. Dr. Ricardo Zanuto - Centro Universitário de Santo Andre - FEFISA Prof. Dr. Rodrigo Aparecido Azevedo Leitão - UNICAMP Profa. Dra. Rozangela Verlengia - Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP Prof. Dr. Tácito Pessoa de Souza Junior - Universidade Federal do Paraná - UFPR Prof. Dr. Waldecir Paula Lima - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IF - São Paulo Prof. Dr. Wilton Carlos de Santana - Universidade Estadual de Londrina - UEL Revisores / Tradutores Julio Sergio Costa (IBPEFEX) Web Master / Diagramador Francisco Nunes Navarro (IBPEFEX / USP-Ribeirão Preto) Revista Brasileira de Futsal e Futebol Periódico do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício www.ibpefex.com.br / www.rbff.com.br 01 Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 01.

Upload: tenantenan

Post on 29-Jul-2015

99 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Corpo Editorial

Editor-chefeProf. Drd. Antonio Coppi Navarro (IBPEFEX / UMC / UGF)

Editores AssociadosProf. Dr. Wagner Prado (UPE)

Prof. Dr. Francisco Luciano Pontes Junior (USP-Leste)Prof. Ms. Andre Luís Almeida (UGF / INFORFISIC)

Prof. Especialista Carlos Eduardo Cintra (IBPEFEX / UGF) Prof. Dr. Francisco Navarro (IBPEFEX / UGF)

Prof. Dr. Jonato Prestes (UFSCar) Profa. Ms. Rafaela Liberali (UGF)

Prof. Especialista Roberto de Almeida (UGF)

Revisores Científicos

Prof. Dr. Alberto Inácio da Silva - Universidade Estadual de Ponta Grossa - EEPGProf. Ms. Alexandre Claro Mendes - UNIESPProf. Doutorando César Cavinato Cal Abad - Universidade Bandeirantes - UNIBANProf. Doutorando Charles Ricardo Lopes - UNICAMP - Laboratório de Bioquimica do Exercício - IBProf. Ms. Claudio de Oliveira Assumpção - Universidade Gama Filho - UGFProfa. Dra. Denise Maria Martins - Universidade Estadual de Pernanbuco - UPEProfa. Ms. Eliana Lousada - Universidade Gama Filho - UGFProf. Doutorando Everson Araújo Nunes - Universidade Federal de Paraná - UFPRProf. Especialista Fabiano Tadeu Costa de Souza - Universo - PE Prof. Doutorando Felipe Fedrizzi Donatto - Universidade de São Paulo, Instituto de Ciências Biomédicas - USPProf. Ms. Gilberto Martinez Júnior - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESPProf. Doutorando Gleisson Alison Brito - Universidade Federal do Paraná - UFPRProf. Dr. Gustavo José Justo da Silva - INCOR, Laboratório de Cardiologia Molecular e Genética - USPProf. Dr. Gustavo Puggina Rogatto - Universidade Federal de Lavras - UFLAProf. Doutorando. João Henrique Bohn Zanoni - Centro Universitário Campos de Andrade - UNIANDRADEProf. Dr. João Luiz Quagliotti Durigan - Universidade Federal da Paraíba - UFPBProf. Ms. José Donato Junior - Universidade de São Paulo, Instituto de Ciências Biomédicas III - USPProf. Dr. Luciano Allegretti Mercadante - UNICAMP - Limeira - Ciências do EsporteProf. Doutorando Luiz Carnevali Júnior - Faculdades AnhangueraProfa. Dra. Marcela Meneguello Coutinho - Universidade Presbiteriana MackenzieProf. Ms. Marcelo Conte - UNISO e ESEFJProf. Dr. Marcelo Macedo Rogero - Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública - USPProf. Dr. Marcelo Saldanha Aoki - Universidade de São Paulo - USP-LesteProf. Especialista Marcos Serra - Associação Portuguesa de DesportosProf. Doutorando Milton Rocha de Morais - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESPProfa. Dra. Natale Rolim - Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte - USPProf. Dr. Newton Nunes - Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte - INCOR - USPProf. Ms. Pablo Ramon Coelho de Souza - Centro Universitário de Belo Horizonte - Uni-BHProfa. Dra. Renata Rebello Mendes - Universidade Bandeirantes - UNIBANProf. Dr. Ricardo Zanuto - Centro Universitário de Santo Andre - FEFISAProf. Dr. Rodrigo Aparecido Azevedo Leitão - UNICAMPProfa. Dra. Rozangela Verlengia - Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEPProf. Dr. Tácito Pessoa de Souza Junior - Universidade Federal do Paraná - UFPRProf. Dr. Waldecir Paula Lima - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IF - São PauloProf. Dr. Wilton Carlos de Santana - Universidade Estadual de Londrina - UEL

Revisores / TradutoresJulio Sergio Costa (IBPEFEX)

Web Master / DiagramadorFrancisco Nunes Navarro (IBPEFEX / USP-Ribeirão Preto)

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

01

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 01.

02

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 02.

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

03

SUMÁRIO

EDITORIAL

A Revista Brasileira de Futsal e Futebol publica no primeiro quadrimestre de 2010 o Quadragésimo Artigo.............................................................................................................................................5

ARTIGOS

ANÁLISE DA COORDENAÇÃO MOTORA DE UMA EQUIPE SUB-11 DE FUTEBOL DE CAMPO EM FLORIANÓPOLIS

Alberto Tenan Neto, Cleber Abreu, Rafaela Liberali, Roberto de Almeida......................................7

AS MANOBRAS OFENSIVAS QUE ORIGINAM SITUAÇÕES DE GOLS NO FUTEBOL

Elton Francisco Forgiarini, Rafaela Liberali, Roberto de Almeida.................................................14

FUTEBOL ESCOLAR COMO INCLUSÃO SOCIAL

Gustavo Teixeira Felisberto, Lucas Serres Passamani, Rafaela Liberali, Roberto Almeida..........19

COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO TÉCNICO DOS JOGADORES DE FUTSAL PELO SCOUT NAS CATEGORIAS SUB-9, SUB-11 E SUB-13 DAS ESCOLINHAS DA CIDADE DE AURORA

Carlos Elói Valentini, Fernando Chincoviaki, Rafaela Liberali, Roberto de Almeida.....................25

PERFIL ANTROPOMÉTRICO, DA FLEXIBILIDADE E DA IMPULSÃO VERTICAL ATLETAS DE FUTSAL NAS CATEGORIAS SUB-15 E SUB-17 DAS ESCOLINHAS DE LEBON RÉGIS - SC

Julio César Gomes, Rodrigo Machado Sordi, Rafaela Liberali, Roberto de Almeida...................29

ANÁLISE DOS GOLS DA COPA DO MUNDO DE FUTSAL FIFA 2008

Marco Aurélio Botelho dos Santos, Antonio Coppi Navarro .........................................................33

COMPARAÇÃO DO PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ATLETAS E NÃO ATLETAS DE FUTSAL ADOLESCENTES DE ESCOLAS NO RIO GRANDE DO SUL E PARANÁ

Daltro Castilhos Rodrigues, Vinicius Cordeiro de Paula, Rafaela Liberali, Roberto Almeida.......37

ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE GOLS NO CAMPEONATO PAULISTA 2009: SÉRIE A1, A2 e A3

Diego Ide Mascara, Leandro Calicchio, João Guilherme Cren Chiminazzo, Antonio Coppi Navarro..................................................................................................................42

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 03-04.

04 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

COMPOSIÇÃO CORPORAL E SOMATOTIPO DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL EM DIFERENTES CATEGORIAS

Rafael Abeche Generosi, Bruno Manfredini Baroni, Ernesto Cesar Pinto Leal Junior, Marcelo Cardoso.....................................................................47

COMPARAR A CAPACIDADE DE TOMADA DE DECISÃO E CONHECIMENTO DECLARATIVO DE JOGADORES DE FUTSAL DA CATEGORIA SUB-20 COM O CONHECIMENTO TÁTICO DE “EXPERTS” DO FUTSAL

Osmar Novaes Ferreira Junior, Roberto de Almeida, Antonio Coppi Navarro...............................54

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 03-04.

05

Editorial

A Revista Brasileira de Futsal e Futebol publica no primeiro quadrimestre de 2010 o Quadragésimo Artigo

Doutorando Antonio Coppi NavarroEditor Chefe

Nesse volume 2 de numero 4 da Revista Brasileira de Futsal e Futebol apresentamos,

ao leitor, 6 artigos originais sobre o futebol, sendo um envolvendo a analise da

coordenação motora, um sobre inclusão social, um sobre as manobras ofensivas

que resulta e gols, um sobre incidência de gols no campeonato paulista, um sobre

a influencia familiar e um sobre a composição corporal e 4 artigos originais sobre o

futsal, sendo um sobre o desempenho técnico tático, um sobre tomada de decisão

e dois sobre antropometria e condicionamento físico.

Nesse sentido, convidamos a todos os leitores que gostam, que estudam e

que pesquisam sobre o futsal e do futebol a uma boa leitura.

Cordialmente.

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 05.

06 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 06.

07

ANÁLISE DA COORDENAÇÃO MOTORA DE UMA EQUIPE SUB-11 DE FUTEBOL DE CAMPO EM FLORIANÓPOLIS

Alberto Tenan Neto1,2, Cleber Abreu1,3,

Rafaela Liberali1, Roberto de Almeida1

RESUMO

O objetivo deste estudo foi comparar o nível de coordenação motora de uma equipe sub-11 de uma escolinha de futebol de campo antes e após o período de treinamento específico, além de relacionar a coordenação motora ao perfil antropométrico às variáveis do perfil motor da amostra e variáveis motoras entre si. Foram selecionados 8 atletas do sexo masculino, entre 10 e 11 anos de idade, que frequêntaram regularmente o programa de treinamento. Foram coletados peso e altura corporal e através de testes, foram verificados: coordenação motora, velocidade, agilidade, VO² máximo, força abdominal e potência de membros inferiores. O grupo se mostrou homogêneo quanto à composição corporal e heterogêneo quanto à resistência aeróbia. Não houve alterações estatisticamente significativas nos tempos de pré e pós-teste de coordenação motora, nem relação da coordenação com as variáveis motoras isoladas. O estudo mostrou relação significativa entre as variáveis agilidade e potência de membros inferiores. Conclui-se que as valências físicas necessárias a um bom desempenho no futebol devem ser trabalhadas independentes de acordo com suas especificidades.

Palavras-chave: Futebol, Sub-11, Coordenação Motora, Treinamento.

1 - Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento.

2 - Graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor da Escolinha de Futebol AVAÍ F.C. - Núcleo Sul da Ilha - Florianópolis.

3 - Graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor da Escola de Futebol SEST SENAT - Florianópolis.

E-mail: [email protected]

ABSTRACT

Analysis of a u-11 Football School Motor Coordination Level in Florianópolis

The aims of this study were to compare the motor coordination level of a U-11 football school before and after the specific training and to relate motor coordination with anthropometric values and motor variables, also relating motor variables themselves. The sample was made of 8 boys between 10 and 11 years old that attended regularly training sessions. It was measured height, weight and motor variables through tests: motor coordination, speed, agility, VO² max, abdominal strength and lower limbs power. The group showed homogeneity in anthropometric values and diversity in aerobic stamina. There weren’t statistically significant changes between the motor coordination tests before and after the training sessions, neither with the motor variables isolated. The study showed significant relation between agility and lower limbs power. The finding is that the required physical attributes to a nice soccer performance should be trained separated according their specificity.

Key words: Football, U-11, Motor Coordination, Training.

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 07-13

08

INTRODUÇÃO

O futebol no Brasil é um instrumento de integração social que mobiliza milhões de pessoas (Helal, 1997). Dentre os esportes coletivos praticados com bola, o futebol é o mais apaixonante (DE Rose Junior, 2006). O futebol movimenta cerca de U$ 250 bilhões anuais e possui mais de 30 milhões de participantes (Leoncini e Silva, 2005). A prática do futebol competitivo exige o desenvolvimento de capacidades físicas, técnicas, táticas e psíquicas (Balikian e colaboradores, 2002). As qualidades físicas que contribuem para a performance do jogador de futebol são força, velocidade, resistência, flexibilidade e coordenação (Weineck, 2000). O futebol é uma atividade predominantemente aeróbia, mas para se obter êxito, as intensas atividades anaeróbias são determinantes (Bangsboo, 1994). Além de requisitos antropométricos, características físicas e capacidades coordenativas, o jovem atleta tem que ter uma boa capacidade de aprendizagem, prontidão para o desempenho, capacidades cognitivas, fatores afetivos e sociais adequados (Hahn, 1989). As competições das categorias menores não levam em conta as diferenças de maturação, o que favorece significativamente alguns atletas em ganho de força, velocidade e resistência aeróbia (Malina e Rarick, 1973). Os treinos e o sistema de competições das categorias mais jovens desenvolvidos ao longo dos anos são baseados no conhecimento empírico e necessitam de mais orientações pedagógicas (Marques, 2001). Para avaliação do rendimento esportivo nas categorias de base é necessário verificar todos os fatores que influenciam na performance motora, como questões genéticas, nutricionais, aspectos sócio-econômicos e a intensidade dos treinamentos (Eckert, 1993). A busca por atletas talentosos é feita através de observações, estratégias organizadas pelos clubes e aplicação de testes (Paoli, 2007). Na avaliação de talentos esportivos, o futuro competitivo potencial tem que ser muito levado em consideração (Gomes e Achonr Junior, 1998). Em muitas ocasiões, o jovem talento é prioritariamente selecionado pela estrutura e desenvolvimento físico, fator que exclui do processo de captação a t le tas mais comple tos , com um desenvolvimento físico mais tardio (Helsen e colaboradores, 1999). Coordenação motora é a capacidade de realizar movimentos com o máximo de eficiência e economia de esforços (Barros, 2004). As capacidades motoras são consideradas a

base do bom rendimento esportivo, o aperfeiçoamento do gesto coordenativo melhora a parte física do atleta, intensificando o desenvolvimento da força e velocidade (Marques, 2001). A coordenação, no futebol, também está relacionada a técnica, portanto o atleta que possui uma boa capacidade coordenativa tem uma técnica de jogo bastante apurada (Aoki, 2002). Para Gomes (2008), o nível de manifestação das capacidades motoras é determinado por sistemas sensoriais e motores que possuem os índices mais altos de evolução entre 4 e 5 anos de idade, sendo que de 7 a 12 anos, encerra-se a formação dos sistemas funcionais que determinam a coordenação dos movimentos. Sendo assim, a idade infantil é a mais favorável para o treinamento das capacidades coordenativas. Uma maneira de avaliar o desempenho esportivo de um atleta de futebol é observá-lo em um jogo ou competição, outra forma é a aplicação de testes de habilidades esportivas (Tritshler, 2003). Para avaliar a coordenação motora dos pesquisados, utilizamos o teste de coordenação motora específico para futebol proposto por Mor-Christian. As razões da escolha do teste aplicado foram: sua validação científica e a especificidade com o desporto. O objetivo deste estudo é analisar a variação da coordenação motora dos atletas de futebol da categoria sub-11 de uma Escola de Futebol em Florianópolis em Santa Catarina, antes e após o período de um mês de treinamento específico.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa pré-experimental com delineamento pré e pós-teste. Segundo Liberali (2008), pesquisa experimental é aquela que manipula as variáveis para verificar a relação de causa e efeito. A população do estudo corresponde a n = 13 atletas de futebol da categoria sub-11. Destes foi selecionada uma amostra de n = 8 atletas, por atenderem os seguintes critérios de inclusão: ser do sexo masculino, frequentar regularmente o programa, participar das competições e o responsável assinar o formulário de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação na pesquisa como voluntário, conforme preconiza a resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996. A instituição pesquisada é uma Escolinha de Futebol localizada em Florianópolis – Santa Catarina, com mais de 150 alunos inscritos de 06 a 15 anos de idade, de ambos os sexos. A Escolinha dispõe de um campo de grama sintética de 40m de comprimento e 20m de largura, além de bolas de diversos pesos e tamanhos, cones, arcos, coletes, sala de vídeo equipada com aparelho de dvd para auxiliar no trabalho com os alunos e kit de primeiros socorros para qualquer

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 07-13.

09

eventualidade. A instituição participa de competições locais durante o ano. O método de avaliação da coordenação motora aplicado foi o teste de drible, de Mor-Cristian específico para futebol. Para a execução do teste, são necessários além do campo de futebol, 12 cones de 46 cm de altura, 1 bola, cronômetro e material para anotar os resultados. O percurso é feito através um círculo de 18,5m de diâmetro com os cones, distantes entre si 4,5m, além da linha de início, de 91,5cm, traçada perpendicularmente ao círculo, como mostra a figura 1. A bola é posicionada sobre a linha de início e ao comando “Pronto! Vai!” do avaliador é iniciado o teste. O examinado dribla a bola ao redor do percurso circular, correndo sinuosamente pelos cones, até voltar à linha de início, no menor tempo possível. São dadas três tentativas, registradas para o 0,1 s mais próximo. A primeira tentativa é realizada no sentido horário, a segunda, no sentido anti-horário, e a terceira, fica a critério do avaliado. O resultado do teste é a média das duas melhores tentativas.

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Para coleta dos valores antropométricos utilizou-se para o peso, uma balança digital da marca Filizola, com precisão 100g. Os avaliados ficaram sem chuteiras. Para altura, utilizou-se uma trena métrica com precisão até 2mm. O avaliado se posicionou de costas para a parede onde ficava a fita métrica, com pés descalços, unidos e membros superiores relaxados.

Para cálculo do VO² máximo, utilizou-se de medida indireta, através da distância percorrida no teste de 12 minutos (teste de Cooper), substituída na fórmula: VO²máx. = D – 504/45, onde “D” é a distância percorrida no teste. Para realização do teste, foi demarcado em um campo de grama, com cones, uma área de 60m², com demarcação a cada 30m. Utilizou-se ainda, cronômetro e material para anotar os resultados. O avaliado teve que percorrer a maior distância em metros possíveis nos 12 minutos, com o avaliador avisando quando faltou 1 minuto para acabar o teste. Para verificação da agilidade, foi realizado o teste do quadrado. Foram necessários para o teste: 4 cones, cronômetro e local para anotar os resultados. Um percurso de 4m² foi demarcado através dos 4 cones, onde o aluno partiu da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da linha de partida. Ao sinal do avaliador, deslocou-se até o próximo cone em direção diagonal. Na sequência, correu em direção ao cone à sua esquerda e depois se deslocou para o cone em diagonal (atravessando o quadrado em diagonal). Finalmente, correu em direção ao último cone, que correspondeu ao ponto de partida. O aluno teve que tocar com uma das mãos cada um dos cones que demarcaram o percurso. O cronômetro foi acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado realizou o primeiro passo tocando com o pé o interior do quadrado. Foram realizadas duas tentativas, sendo registrado o melhor tempo de execução, em segundos e centésimos de segundos. A velocidade foi aferida através do teste dos 30m lançados. Para a realização do teste utilizou-se cronômetro e cones para marcar a distância. O cronômetro foi acionado quando o avaliado tirou o pé de apoio do solo, iniciando a corrida. Foram realizadas 3 tentativas, com o tempo do percurso registrado pela melhor tentativa em segundos e centésimos de segundos. A potência dos membros inferiores foi medida por meio do teste de impulsão horizontal. Para o teste, utilizou-se uma trena e a linha da grande área como referência para o ponto de partida. A trena foi fixada ao solo, perpendicularmente à linha, ficando o ponto zero sobre a mesma. O avaliado colocou-se imediatamente atrás da linha, com os pés paralelos, ligeiramente afastados, joelhos semi-flexionados e tronco ligeiramente projetado frente. Ao sinal do avaliador, o aluno saltou a maior distância possível. Foram realizadas duas tentativas, registrando-se o melhor resultado em metros e centímetros. Para força abdominal, utilizou-se cronômetro e colchonete. O aluno posicionou-se em decúbito dorsal com os joelhos flexionados a 90 graus e com os braços cruzados sobre o tórax. O avaliador fixou os pés do estudante ao solo. Ao sinal o aluno iniciou os movimentos de flexão do tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a posição inicial (não foi necessário tocar com a cabeça no colchonete a cada execução). O avaliador realizou a contagem em

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 07-13.

10 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

voz alta. O resultado do teste é o número de repetições completas em 1 minuto pelo avaliado. As variáveis dependentes são: coordenação motora, peso, altura, IMC, VO²máx., agilidade, velocidade, potência de membros inferiores e força abdominal.

Desenho experimental

01 X 02

01 = medidas do pré-teste do grupo 02 = medidas do pós-teste do grupo (3m, 6m)

X= Para o desenvolvimento da coordenação motora, foram realizados 10 treinos com duração de 60 minutos, em um período de um mês, priorizando as capacidades coordenativas. As sessões de treino começaram com alongamento, seguido de breve explicação sobre o que seria trabalhado com os alunos e os benefícios que a melhora da coordenação motora trariam para os mesmos. No aquecimento foram utilizados exercícios diversificados com deslocamento e sem bola, executados do mais simples, para o mais complexo, aumentando o grau de dificuldade a cada dia. Nesta parte inicial, foram trabalhados: elevação dos joelhos, elevação de apenas um joelho, elevação dos calcanhares, elevação de apenas um calcanhar e posteriormente deslocamento combinando elevação de um joelho com elevação do calcanhar oposto. Todos os movimentos foram feitos de frente, lateralmente e de costas, coordenando os movimentos dos membros superiores com os movimentos dos membros inferiores. Na segunda parte do treinamento, foram realizados trabalhos em circuito utilizando arcos e cones. O grau de dificuldade do circuito foi aumentado gradativamente até a última sessão de treinamento. Foram trabalhados diversos tipos de deslocamento: passada simples (1 pé passando por cada espaço), passada dupla (2 pés passando por cada espaço), passada cruzada (pé direito indo para o lado esquerdo e pé esquerdo indo para o lado direito) e passada lateral

(pé direito indo para o lado direito e pé esquerdo indo para o lado esquerdo). O grau de dificuldade das estações foi elevado da seguinte forma: fazendo os deslocamentos de costas e lateralmente, aumentando ou diminuindo a distância e a organização dos espaços e modificando o tipo da passada. Nesta etapa do treinamento as atividades também foram executadas coordenando os movimentos dos membros superiores com os movimentos dos membros inferiores. A terceira e última etapa das sessões de treinamento foi realizada com bola por meio de jogos em espaço reduzido. As variações foram ocorrendo de forma gradativa, sempre propiciando desafios possíveis de serem alcançados pelos alunos, entre elas: aumentar o número de bolas, pegadores e metas. Diminuir número de toques na bola por jogador e a área de jogo, aumentando a velocidade e quantidade de tomadas de decisão. A análise dos dados foi através da estatística descritiva (média e desvio padrão). O teste “t” de Student para amostras pareadas usado para verificar a diferença entre o pré e o pós da coordenação motora. Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste x2 = qui - quadrado de proporções. O teste de Correlação Linear de Pearson para verificar a associação entre as variáveis. O nível de significância adotado foi p <0,05.

RESULTADOS

Participaram do estudo 8 atletas, do sexo masculino, participantes de uma Escolinha de Futebol localizada em Florianópolis. A tabela apresenta os valores descritivos do perfil da amostra. Na tabela 1, observam-se as medidas antropométricas e motoras do grupo. O IMC apresenta valores médios de normalidade, segundo a OMS para a faixa etária. A força abdominal apresenta média acima do normal 38,8 ± 7,4 que é de 31 rep em 1m. A média da potencia dos membros inferiores já encontra-se na classificação de Marins e Giannichi (1998), como fraca para esta faixa etária, pois a classificação muito

Tabela 1 - Dados descritivos dos valores antropométricos e dos valores motores do perfil da amostra.

X ± s Máximo MínimoPeso (Kg) 34,84 ± 4,05 39,10 27,10

Estatura (m) 1,42 ± 0,06 1,50 1,33IMC (Kg/m²) 17,01 ± 1,37 18,5 15,10

Agilidade (seg) 0’06’’74 ± 0,03 0’07’’29 0’06’’25Força abdominal (rep em 1m) 38,8 ± 7,4 47 29

Potencia dos MI (m) 1,59 ± 0,16 1,85 1,45Velocidade (seg) 0’05’’64 ± 0,04 0’06’’59 0’05’’07

Vo2 max (ml.kg-1) 33,78 ± 6,75 41,9 22,1Distância Aeróbica 2.025 ± 303 2.390 1.502

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 07-13.

11Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Tabela 2 - Valores da classificação do IMC e da resistencia aeróbica para a faixa etária dos 11 anos - Teste do qui-quadrado de proporções.

X2= P≤0,05 (** resultados estatisticamente significativos).

IMC FA FRbaixo peso (- 15,3 Kg/m²) 01 12,5%

normal (15,3 - 21,8 Kg/m²) 07 87,5 %sobrepeso ( 21,8 – 23,4 Kg/m²) 00 00

obesos ( + de 23,4 Kg/m²) 00 00Resistência Aeróbica

fraco (<1.250m - 1.850m)** 02 25%razoável (1.851m - 2.250m)** 05 62,5%

bom (2.251m - 2.650m)** 01 12,5%muito bom (2.651m - 2.850m) 00 00

excelente (2851m <) 00 00

Tabela 3 - Dados descritivos dos valores da coordenação motora - Teste “t” de Student para amostras pareadas.

P = probabilidade de significância p ≤ 0,05.

X ± s máximo mínimo p

Tempo pré 0’20’’86 ± 0,02

0’23’’73 0’17’’63

0,66Tempo pós 0’20’’47

± 0,020’24’’78 0’16’’78

Tabela 4 - Valores da correlação Linear de Pearson entre as variáveis de agilidade x velocidade x VO²máx x Coordenação Motora.

P = probabilidade de significância p ≤ 0,05.

R PCoordenação Motora x Agilidade 0,46 0,24

Coordenação Motora x Velocidade - 0,06 0,87Coordenação Motora x VO²máx - 0,14 0,72

Coordenação Motora x resistência aeróbica - 0,31 0,44

Coordenação Motora x IMC 0,30 0,46Agilidade x potencia 0,77 0,02**

Agilidade x velocidade 0,64 0,08 Agilidade x força abdominal 0,28 0,49

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 07-13.

bom fica entre 2,09 – 2,00. O Vo2 max é calculado pela distancia percorrida e tempo, sendo que a media do grupo foi uma distancia média de 2.025, considerado como uma distancia razoável. Observa-se na tabela 2, que 87,5% dos amostrados encontram-se dentro de padrões considerados normais para o IMC e para a resistência aerobica 62,5% encontram-se na classificação razoável. O teste de qui-quadrado de proporções mostrou resultado estatisticamente não significativo (p=0,18) entre as categorias do IMC, mostrando um grupo muito homogêneo. Já na resistência aeróbica o grupo encontra-se distribuído nas categorias da classificação da resistência, sendo que o teste do qui-quadrado de proporções apontou diferenças estatisticamente significativas (p=0,01). Observa-se na tabela 3, que o tempo pré para o tempo pós não apresentou diferenças estatisticamente significativo p=0,66 no teste de drible. O teste de correlação linear de Pearson analisa o grau de associação entre variáveis, ou seja, se aumentando ou diminuindo os valores de uma variável afetará a outra variável correlacionada. A tabela 4 demonstrou que existe associação estatisticamente significativa entre agilidade x potência. Ou seja, trabalhar a agilidade e melhorar seus índices afetará a potencia dos membros inferiores. Já não demonstrou associação estatisticamente

significativa entre coordenação motora e agilidade x velocidade x VO²máx x resistência aeróbica x IMC, ou seja, nenhuma dessas variáveis isoladas estão correlacionadas com a coordenação motora, o aumento ou diminuição da coordenação motora acontece exclusivamente através do treinamento específico a essa valência física.

DISCUSSÃO

A tabela 1 que descreve o perfil antropométrico e motor da amostra relata índices dentro de parâmetros da normalidade. Molinuevo e Ortega (1989), observaram que atletas espanhóis adultos de futsal têm alto índice em força de membros inferiores, força abdominal, agilidade e VO²máx. A velocidade pelo Teste de 30m lançados está com média 5,64 ± 0,04 s no presente estudo, valor inferior ao do estudo de Braz e Arruda (2008), que apresentaram média 5,74 s, para meninos de 11 anos. Para força abdominal, o teste de realizar o máximo de repetições em um minuto, apresenta valor médio de 38,8 ± 7,4 repetições média acima do normal encontrado por Marins e Giannichi (1998), de 31 repetições e considerada muito boa para Gaya e Silva (2007), 36 a 46 repetições para meninos de 10 anos. A tabela 2 relaciona a classificação da amostra pelo IMC e pela resistência aeróbica, é observado que o grupo encontra-se homogêneo em relação à composição corporal e heterogêneo em relação à resistência aeróbia. Os amostrados apresentam peso corporal 34,84 ± 4,05 kg, altura 1,42 ± 0,06 m e IMC 17,01 ± 1,37 Kg/m², valores normais segundo a OMS citados por Gaya e Silva (2007), e inferiores aos valores encontrados por RÉ e colaboradores (2003), que apresentaram valores de peso 37,1± 5,3 kg, estatura 1,421 ± 0,63 m e IMC 18,3 ± 1,4 Kg/m², em jogadores de futsal federados da categoria pré-mirim competidores da série ouro do campeonato paulista de futsal.

12 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 07-13.

O grupo se mostrou homogêneo quanto à composição corporal. A resistência aeróbia da amostra, por meio do Teste de Cooper (Teste de 12 minutos), tem valor médio 2.025 ± 303 m, considerado razoável para meninos de 10 a 12 anos. Embora a média da amostra tenha sido considerada satisfatória, o grupo apresentou diferenças com relação à classificação obtida no teste de resistência aeróbia: 62,5% têm a resistência aeróbia razoável, 25% fraca e 12,5% boa. A amostra teve VO² máx. médio 33,78 ± 6,75 (ml.kg-1), resultado inferior à média da amostra de Araújo e Oliveira (2008), que apresentou índices de 40,66 ± 3,26 (ml.kg-1) em uma amostra composta por escolares de 11 anos de idade da cidade de Aracaju. A tabela 3 apresenta os resultados do pré e do pós-teste de coordenação motora específico para futebol, mostrando que não houve alterações estatisticamente significativas nos resultados do pós-teste após um mês de treinamento específico. Ré (2007), comparou titulares e reservas de uma equipe federada de futsal nas categorias sub-13 e sub-15, mostrando que a média do grupo titular no ziguezague com condução de bola foi 4,5% melhor que a média do grupo reserva, enquanto no ziguezague sem bola, a diferença foi de somente 2,3%. Este estudo favorece a hipótese de que quanto maior a especificidade do teste, maior o poder de diferenciação entre indivíduos similares pertencentes a grupos diferentes. Chamari e colaboradores (2005), observaram uma importante relação entre um teste de condução de bola e medidas de VO²máx. Ré, Silva e Bohme (2004), aplicaram testes de corrida com mudança de direção sem condução e com condução de bola em jogadores adolescentes de futsal que disputavam campeonatos de 1ª divisão sub-15 e sub-17. Foi observado que mesmo que o atleta possuísse um excelente desempenho em testes de agilidade sem a bola, poderia não obter tanto êxito quando fosse necessário manter o controle da bola. Com isto, surgem algumas possibilidades para a não melhora do tempo do pós-teste: o número de sessões de treinamento não ter sido suficiente para melhorar a coordenação motora dos avaliados, as limitações físicas (VO² máx.) e técnicas (condução de bola com mudança de direção) dos mesmos. A tabela 4 mostra associação estatisticamente significativa entre agilidade e potência dos membros inferiores. Para Wilmore (1982), a agilidade depende de uma combinação de fatores como a velocidade, potência, força, equilíbrio dinâmico e coordenação. No estudo de Raven e colaboradores (1976), dentre os testes de teste de força, potência, flexibilidade e agilidade, o teste de agilidade foi o que melhor diferenciou os jogadores de futebol profissional da população normal. A agilidade, na amostra, por meio do Teste do Quadrado, tem média 6,74 ± 0,03 s, valor considerado bom,

para meninos de 10 anos de idade segundo Gaya e Silva (2007), e média similar a 6,76 ± 0,75 s da amostra de Krebs e Macedo (2005), composta por meninos de 11 anos de idade escolares de Santa Catarina. O valor médio da potência dos membros inferiores, encontrado através do Teste de Impulsão Horizontal, é de 1,59 ± 0,16 m, superior ao resultado 1,52 m encontrado por Braz e Arrua (2008) em meninos de 12 anos. Para Gaya e Silva (2007), o resultado para meninos de 10 anos de idade é considerado muito bom entre 1,59 e 1,87 m.

CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou que não há associação estatisticamente significativa entre coordenação motora e agilidade e velocidade e VO²máx e resistência aeróbica e IMC, ou seja, deve-se trabalhar essas valências físicas isoladamente para a melhora da performance física no todo.

REFERENCIAS

1- Aoki, M.S. Fisiologia, treinamento e nutrição aplicada ao futebol. São Paulo. Foutoura. 2002.

2- Araújo, S. S.; Oliveira, C.C. Aptidão física em escolares de Aracaju. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. Vol. 10. Num. 3. 2008. p.271-276.

3- Balikian, P.J., Lourenção, A., Ribeiro, L. F. P. R., Festuccia, W. T. J.; Neiva, C.M. Consumo máximo de oxigênio e limiar anaeróbio de jogadores de futebol: comparação entre as diferentes posições. Revista Brasileira de medicina do Esporte. Niterói. Vol. 8. Núm. 2. 2002.

4- Bangsboo, J. The Physiology of Soccer. Acta Physio. Scand. suppl. 151. 1994.

5- Barros, T. Ciência do Futebol. São Paulo. Manole. 2004.

6- Braz, T.V.; Arruda, M. Diagnóstico do desempenho motor em crianças e adolescentes praticantes de futebol. Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal. Vol. 9. Núm.13. 2008.

7- Chamari, K.; Hachana, Y.; Kaouech, F.; Jeddi, R.; Chamari, I.M.; Wisloff, U. Endurance training and testing with the ball in young elite soccer players. British Journal of Sports Medicine, Loughborough. Vol. 39. p. 24-28. 2005.

8- DE Rose Junior, D. Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2006.

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 07-13.

13

9-Eckert, H.M. Desenvolvimento motor. São Paulo. Manole. 1993.

10- Gaya, A.; Silva, G. Projeto Esporte Brasil. Manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação. PROESP-BR. Porto Alegre. 2007.

11- Gomes, A.C.; Achour Junior, A. Seleção de talentos nos desportos: Fundamentos Teóricos. Medicina Desportiva. Vol. 4. Núm. 40. p.1-7. 1998.

12- Gomes, A.C.; Souza, J. Futebol: treinamento desportivo de alto rendimento. Porto Alegre. Artmed. 2008.

13- Hahn, E. Entrenamiento con niños: teoria, prática, problemas específicos. Barcelona. Martinez Roca. 1989.

14- Helal, R. Passes e Impasses. Petrópolis. Vozes. 1997.

15- Helsen, W.F.; Hodges, N.J.; Van Winckel, J.; Starkes, J.L. The roles of talent, physical precocity and practice in the development of soccer expertise. J Sports Sci. Vol.18. Num. 9. p. 727-36. 2000.

16- Krebs, R.J.; Macedo, F.O. Desempenho da aptidão física de crianças e adolescentes. Revista Digital. Buenos Aires. Año 10. Num. 85. Junio de 2005.

17- Leoncini, M. P.; Silva,, M. T. Entendendo o futebol como um negócio: um estudo exploratório. Gestão Produção. São Carlos. Vol. 12. Núm. 1. 2005.

18- Liberali, R. Metodologia Científica Prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. Florianópolis. 2008.

19- Malina, R.M., Rarick, G.L. Growth, physique and motor performance. New York. Academic Press. 1973.

20- Marins, J. C. B.; Giannichi, R. S. Avaliação e Prescrição de Atividade Física. 2ª edição. Rio de Janeiro. Shape. 1998.

21- Marques, A.T.; Oliveira, J. M. O treino dos jovens desportistas. Atualização de alguns temas que fazem a agenda do debate sobre a preparação dos mais jovens. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. Vol. 1. Num. 1. 130-137, 2001.

22- Molinuelo, J.S.; Ortega, A.M. Perfil morfofuncional de un equipo de futbol-sala. In: Congresso Internacional sobre Ciência y Técnica del Futbol. p. 217-224, 1989.

23- Paoli, P.B. Os estilos de futebol e os processos de seleção e detecção de talentos. Tese de Doutorado.

Rio de Janeiro. Universidade Gama Filho. 2007.

24- Raven, P.B.; Gettman, L.R.; Pollock, M.L.; Cooper, K.H. A physiological evaluation of professional soccer players. British Journal of Sports Medicine, Loughborough. Vol. 10. p. 209-216. 1976.

25- Ré, A.H.N. Desempenho de adolescentes no futsal: relações com medidas antropométricas, motoras e tempo de prática. Tese de Doutorado, EEFEUSP. Universidade de São Paulo. 2007.

26- Ré, A.H.N.; Si lva, L.R.R.; Böhme, M.T.S. Importância da especificidade no desempenho da agilidade em atletas de futsal. In: 27ª Simpósio Internacional de Ciências do Esporte. São Paulo. Anais. São Paulo. Celafiscs. p. 300. 2004.

27- Ré, A.H.N. e colaboradores. Interferência de características antropométricas e de aptidão física na identificação de talentos no futsal. Revista brasileira de Ciência e Movimento. Brasília. Vol. 11. Num. 4, p. 51-56. 2003.

28- Tritschler, K.A. Medida e Avaliação em Educação Física e Esportes. São Paulo. Manole. 2003.

29- Weineck, J. Futebol Total: O treinamento físico no futebol. São Paulo. Phorte. 2000.

30- Wilmore, J.H. Training for sport and activity: the physiological basis of the conditioning process. Boston. Allyn e Bacon. 1982.

14 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar as manobras ofensivas no futebol que originaram gols no Campeonato Gaúcho de juvenis 2009, nos jogos da Associação Ouro Verde/ GBM da cidade de Ijui, RS. Para demonstrar os gols foi usado um scout tático e as variáveis mensuradas foram às triangulações, ultrapassagens, cruzamentos, jogadas de linha de fundo, jogadas de falta e escanteio e contra-ataque. Verificando que em 8 partidas da equipe foram convertidos 18 gols, desses 67% foram de falta, 17% foram de jogadas de ultrapassagem, cruzamento e jogada de linha de fundo, 11% de escanteio e 5% de triangulações. Este estudo demonstrou que as jogadas que se iniciaram da cobrança de falta fizeram a diferença no resultado dos jogos, portanto, os detalhes bem treinados podem decidir os jogos.

Palavras-chave: Futebol, Tática, Scout, Manobras ofensivas.

AS MANOBRAS OFENSIVAS QUE ORIGINAM SITUAÇÕES DE GOLS NO FUTEBOL

Elton Francisco Forgiarini1,Rafaela Liberali1,

Roberto de Almeida1

ABSTRACT

The offensive maneuvers that originate situations of goals in the football

The present study has as objective to analyze the offensive maneuvers in the football that originated goals in the Gaúcho Championship of juvenile 2009, in the games of the Association Green Gold / GBM city of Ijui, Rio Grande do Sul, Brazil. To demonstrate the goals it was used a tactical scout and the variables mensured were the triangulations, overtaking, crossings, moves of bottom line, plays of stopped ball (it faults and corner) and counterattack. Verifying that in 8 games of the team 18 goals were converted, 67% were of fault, 17% were of ultrapassagem plays, crossing and play of bottom line, 11% of corner and 5% of triangulations. This study showed that the moves that began with free kick made the difference in the result of the games, therefore the details well trained can decide the games.

Key words: Football, Tatic, Scout, Maneuvers Offensives.

1 - Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Futebol e Futsal: A Ciência e a Metodologia do Treinamento.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 14-18.

E-mail: [email protected]

15Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos, o futebol passou por transformações, valorizando constantemente as táticas, trazendo uma grande riqueza de detalhes táticos. O público além de admirar os gols, tem muito mais coisas para observar em uma partida, pois segundo a exigência do jogo se não existir ações coletivas combinadas e treinadas, a equipe não consegue jogar (Drubscky, 2003). Certas pesquisas estão voltadas para a análise das partidas, considerando dados presentes no contexto do jogo e que são importantes no seu resultado, surgindo novas dúvidas, que sugerem possibilidades ganhando importância especial, mas poucos instrumentos auxiliam técnicos e especialistas com informações cientificas que possam subsidiar e sustentar as suas tomadas de decisões e agir em melhora do seu trabalho, compreendendo as equipes, jogadores e situações do jogo podendo avaliar e sustentar de maneira precisa o planejamento tático do técnico (Leitão, 2004). Tática é essencialmente algo não abstrato e sim muito concreto, sendo um conjunto de comportamentos que se deseja que as equipes manifestem em campo, como um conjunto de princípios que dão corpo ao modelo de jogo, culturalmente depende de comportamentos específicos, que precisam de tempo de aprendizagem, como uma qualidade emergente (Olieveira e colaboradores, 2006). A tática refere-se a um plano de jogo definido, sendo elemento indispensável do sistema estratégico, diz respeito na organização e planejamento de uma equipe ou de um atleta para um jogo ou competição estabelecida (Bompa, 2002). Definindo tática como as ações de ataque e defesa, tendo a bola em movimento, que a equipe realiza no decorrer do jogo para surpreender ou confrontar as ações realizadas pelo adversário (Frisselli e Mantovani, 1999). No futebol o que é feito em beneficio de se vencer um jogo é tática, existindo as táticas de campo e extracampo com grande divulgação no meio esportivo (Drubscky, 2003). Entende-se tática como a maneira que os atletas e as equipes desenvolvem os momentos do jogo durante a partida (Garganta, 2000). Uma equipe está ajustada quando seus jogadores estão conscientes do que devem fazer em campo e completam-se taticamente em suas funções, executando uma idéia de jogo pré-estabelecida. Para um sistema tático funcionar eficientemente é necessário que os jogadores sejam bons executantes, mostrando todo o seu potencial individual e coletivo, portanto um sistema eficiente e principalmente equilibrado é um ambiente favorável para que o jogador se destaque (Drubscky, 2003). O treinador deve intervir em cinco pontos para desenvolver o treinamento tático: análise da estrutura e

dinâmica de cada partida para configurar sua especificidade; definição de um modelo de jogo que determina a direção do treino regulando a competição; relevância dos fatores cognitivos do rendimento esportivo; crescente relevância atribuída ao erro, fazendo dele um aliado em relação aos comportamentos desejados; verificar e controlar o discurso do treinador com o percurso da equipe seja no treino ou na competição (Garganta, 2000). A periodização táctica como metodologia de treino, faz com que os jogadores adquiram um conjunto de intenções previas, promovendo através dos exercícios o surgimento de intenções em ato adequadas às intenções prévias, treinando em especificidade, viabilizando a aquisição dos princípios de jogo formando um esboço de equipe (Olieveira e colaboradores, 2006). O jogador tem que saber o que fazer para resolver o problema subseqüente, o como fazer, utilizando a resposta motora mais adequada, então o jogo de futebol necessita que o jogador possua uma alta capacidade de decisão, que decorre de uma combinada leitura de jogo (Garganta e Pinto, 1988). No processo de ensino-aprendizagem-treinamento o atleta se confronta com situações de jogo semi-estruturadas nas denominadas estruturas funcionais, transmitindo comportamentos individuais, grupais e coletivos para serem executados, de acor-do com os níveis técnico-motores e de compreensão cognitiva do jogo. Para essa aprendizagem o método situacional, desenvolve os processos cognitivos juntamente com a compreensão tática do jogo (Greco, 1998). A analise tática dos jogos de futebol tem conquistado importância especial, com o passar dos anos algumas pesquisas têm mostrado dados relevantes aos resultados e que fazem parte do contexto do jogo. Estes estudos criam duvidas, que propõem hipóteses, que proporcionam possibilidades, pois poucos materiais auxiliam técnicos e especialistas a compreender as equipes, jogadores e situações (Leitão, 2004). O processo de captação, tratamento e análise dos dados obtidos através da observação do jogo, assumem um papel cada vez mais importante no aperfeiçoamento do rendimento da equipe e jogadores, nessa perspectiva os especialistas desenvolvem métodos e instrumentos para a observação das partidas reunindo as devidas informações (Garganta, 2001). O scout do jogo é um mecanismo que tem como objetivo principal auxiliar o técnico em situações críticas e em tomada de decisões evitando o erro na avaliação, sendo de grande importância nos ajustes técnico-tático durante os jogos (Drubscky, 2003). Em uma partida de futebol alguns técnicos utilizam o scout como ferramenta para avaliar índices estatísticos de jogadores e das equipes (Leitão, 2004). Em um jogo de futebol os técnicos e seus auxiliares analisam sua equipe constantemente para verificar se o desempenho está de acordo com o

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 14-18.

16 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

planejamento, para isso criaram o scout técnico que verifica os fundamentos técnicos e táticos realizados pelos jogadores da equipe durante o jogo (Filho e Alves, 2006). Através de um scout tático os técnicos podem gerar respostas desejadas no resultado do jogo e contribuir no planejamento dos treinamentos, auxiliando-os a controlar e avaliar as ações importantes do jogo e suas variáveis de forma eficiente (Ferreira e colaboradores 2008). Pode-se denominar tática ofensiva às ações técnico-táticas desempenhadas por uma equipe, quando em posse de bola, com objetivo de finalizar na meta adversária (Frisselli e Mantovani, 1999). Para o treinamento tático das ações ofensivas, existem alguns fatores para a eficácia do treino, de acordo com a proposta metodológica do treinador deve-se dividir o campo em três setores: defesa, armação e ataque e em lados direito e esquerdo (De Melo e colaboradores, 2007). Por isso, é importante definir a posição e a função de cada jogador, para executar as triangulações, ultrapassagens, cruzamentos, jogadas de linha de fundo, jogadas de bola parada e os contra-ataques (Ferreira e colaboradores, 2008). As triangulações são um tipo de manobra ofensiva que envolve o adversário com toques rápidos e sempre em superioridade numérica, progredindo para o gol tendo sempre 3 jogadores envolvidos na jogada. As ultrapassagens, jogadas de linha de fundo e cruzamentos são manobras realizadas próxima à meta adversária e muitas vezes estão ligadas uma a outra, uma ultrapassagem pode resultar em uma jogada de linha de fundo seguido de um cruzamento, este, pode ser realizado de vários locais tanto por baixo como por cima, mas a jogada de linha de fundo esta vinculada de uma ultrapassagem, de um lançamento ou de uma triangulação (Ferreira e colaboradores, 2008). As jogadas que iniciam com bola parada são consideradas como decisivas em um jogo, tendo um padrão de jogo, posicionando os jogadores, demarcando os setores, variando as jogadas, respeitando uma seqüência pedagógica, a equipe terá resultados em suas ações (Melo e colaboradores, 2007). Essas manobras podem ser originadas de um escanteio, de uma falta ou de um lateral, podendo surpreender o adversário. O contra-ataque é realizado de um desarme, erro de passe ou de uma reposição de bola, podendo encontrar o sistema defensivo adversário em inferioridade ou desorganizado, até chegar a meta adversária (Ferreira e colaboradores, 2008). O objetivo do estudo é demonstrar as manobras ofensivas da equipe que originaram gols, através de um Scout Tático, em partidas de futebol dos jogadores do sexo masculino, com idade entre 16 e 17 anos, durante o campeonato gaúcho de juvenis de 2009, nos jogos da Associação Ouro Verde/ GBM da cidade de Ijui RS.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Segundo Liberali (2008), pesquisa descritiva “é aquela que levanta dados da realidade sem nela interferir”. A população do estudo corresponde a n= 30 jogadores da categoria juvenil de futebol do Estado do Rio grande do Sul. Estes atletas foram escolhidos por atender os seguintes critérios de inclusão: estar de acordo com as idades da categoria, freqüentar regularmente os treinos e assinar como voluntário o formulário de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação na pesquisa, pelos responsáveis e os atletas conforme preconiza a resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996. A instituição pesquisada é uma equipe de futebol, Associação Atlética Ouro Verde que fez uma parceria com a Escolinha de Futebol GBM para participar do Campeonato Gaúcho de Futebol Juvenil. A diretoria da equipe autorizou a pesquisa mediante a assinatura de uma declaração. O Instrumento de coleta de dados foi realizado através de uma planilha com todas as ações táticas ofensivas realizadas em um jogo de futebol, esta planilha criada por Ferreira, Paoli e Costa (2008), auxiliou na observação dos jogos. Os jogos analisados foram do campeonato Gaúcho de Juvenis 2009, sendo os seguintes: Jogo 1: Sport Club Gaúcho 1 X 2 Ouro Verde/GBM; Jogo 2: SER Santo Ângelo 1 X 1 Ouro Verde/GBM; Jogo 3 Ouro Verde/GBM 3 x 0 TAC Três Passos; Jogo 4: Ouro Verde/GBM 2 x 1 Ypiranga Futebol Clube; Jogo 5: Ouro Verde/GBM 2 x 2 E. C Juventude; Jogo 6: E. C. São Luis 2 x 3 Ouro Verde/GBM; Jogo 7: Ouro Verde/GBM 4 X 2 São Borja; Jogo 8: São Jose POA 5 x 1 Ouro Verde/GBM Os dados dos jogos foram coletados manualmente através de uma planilha impressa, contendo cinco paginas. O pesquisador acompanhou os jogos de dentro do campo do banco de reservas, sendo que este era preparador físico da equipe. As variáveis mensuradas no scout foram: triangulações, ultrapassagens, cruzamentos, jogadas de linha de fundo, jogadas de falta e escanteio e contra-ataque. A análise estatística dos dados é apresentada de forma descritiva através de percentuais.

RESULTADOS

Foram analisados 18 gols ocorridos em 8 jogos, desses 67% foram realizados de falta que corresponde a 12 gols, 11% dos gols foram provenientes de escanteio respectivamente 2 gols, nas triangulações os gols ocorreram 5% que corresponde a 1 gol marcado e 17% surgiram de ultrapassagens, cruzamentos e jogadas de linha de fundo perfazendo 3 gols.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 14-18.

17Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Gráfico 1 - Percentual de gols originados das manobras ofensivas.

Nos escanteios os 2 gols realizados foram provenientes de jogadas curtas pelo lado direito. Nas faltas foram realizados 12 gols desses 6 foram de chute direto sendo que 3 pelo lado esquerdo e 3 lado direito e 6 gols foram realizados de jogada ensaiada, 3 gols pelo lado direito e 3 pelo lado esquerdo. A manobras ofensivas de ultrapassagem, jogada de linha de fundo

e cruzamento foram realizados 2 gols pelo lado direito, já nas manobras somente de cruzamento e ultrapassagem foi convertido 1 gol pelo lado direito. Nas triangulações surgiu somente 1 gol esta jogada realizada pelo meio do campo.

Gráfico 2 - Gols provenientes especificamente das manobras ofensivas.

Legenda: J. E.: Jogada Ensaiada; J. Curta: Jogada Curta; Ultr.: Ultrapassagem; Cruz.: Cruzamento; J.L.F.: Jogada Linha de Fundo; Tring.: Triangulação.

DISCUSSÃO

No futebol os detalhes têm feito à diferença nos resultados, as jogadas que tem inicio com a bola parada têm decidido às partidas, na Copa da França foram 33,4%, no Campeonato Brasileiro de 1998 30% e na Copa da Coréia-Japão foram registrado 33,5 % dos gols (Drubscky, 2003). Esses estudos mostram

resultados pertinentes ao referido trabalho que também mostrou que as jogadas que tem inicio com a bola parada é um diferencial durante os jogos. Na copa do Mundo da Alemanha 2006, 79,9% dos gols foram marcados com movimentação de jogadas, ou seja, em movimento e 21,41% originaram com a bola parada percebendo uma clara diminuição comparando com as outras copas (Da Silva e Junior, 2006).

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 14-18.

18 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Na Copa Libertadores de 2008 e Champions League 2007/2008 24,3% dos gols foram provenientes de jogadas iniciadas com a bola parada, mas nas jogadas de cruzamento os resultados foram melhores com 31,25% (Barletta, 2009), esses resultados mostram diferenças em relação ao estudo proposto, considerando que as outras manobras ofensivas também têm suma importância no resultado final das partidas.

CONCLUSÃO

Analisando os dados é possível perceber que a maior parte dos gols foi proveniente de jogadas que iniciaram com a bola parada, sendo de falta e de escanteio, com grande incidência nos gols de falta. Os resultados obtidos no scout tático servem como parâmetros para técnicos e profissionais do futebol para o desenvolvimento das manobras ofensivas em seus treinamentos.

REFERÊNCIAS

1- Barletta, F.G. Análise da origem, ocorrência e execução dos gols no futebol. Lecturas Educación Física y Deportes. Revista Digital. Buenos Aires. Año 14. Núm. 132. 2009. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd132/gols.htm. Acesso em 20 outubro 2009.

2- Bompa, T.O. Periodização, teoria e metodologia do treinamento. 4ª edição. São Paulo. Phorte. 2002.

3- Da Silva, C.D.; Júnior, R. M. Análise dos gols ocorridos na 18ª Copa do Mundo de Futebol da Alemanha 2006. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires. Año 11. Núm. 101. 2006. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd101/gols.htm. Acesso em 21 outubro 2009.

4- Melo, V.P.; Paoli, P. B.; Silva, C. D. O desenvolvimento do processo de treinamento das ações táticas ofensivas no futebol na categoria infantil. Lecturas Educación Física y Deportes. Revista Digital. Buenos Aires. Año 11. Num. 104. 2007. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd104/ensino.htm. Acesso em 15 outubro 2009.

5- Drubscky, R. Universo tático do futebol. Belo Horizonte. Editora Health. 2003.

6- Ferreira, R. B.; Paoli, P. B.; Costa, F.R. Proposta de “scout” tático para o futebol. Lecturas Educación Física y Deportes Revista Digital. Buenos Aires. Año 12. Núm. 118. 2008. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd118/ensino.htm. Acesso em 06 novembro 2009.

7- Filho, L. A.; Alves, D. M. Análise do Scout individual da Equipe Profissional de Futebol do Londrina Esporte

Clube no Campeonato Paranaense 2003. Revista Treinamento Desportivo. Londrina. Vol. 7. Núm. 1. p. 62-67. 2006.

8- Frisselli, A.; Mantovani, M. Futebol: teoria e prática. São Paulo. Phorte. 1999.

9- Garganta, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise do jogo. Revista portuguesa de ciências do desporto. Vol. 1. Num. 1. p. 57-64. 2001.

10- Garganta, J. O treino da táctica e da estratégia nos jogos desportivos. In Horizontes e órbitas dos jogos desportivos (pp. 51-61). J. Garganta (ed) Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. 2000.

11- Garganta, J.; Pinto, J. O ensino do Futebol. In: Graça, A.; Oliveira, J. O ensino dos jogos desportivos. Porto. Rainho & Neves. p. 95 -135. 1988.

12- Greco, P.J. Iniciação Esportiva Universal: metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Belo Horizonte. UFMG. 1998.

13- Leitão, R.A. Futebol: Análises qualitativas e quantitativas para verificação e modulação de padrões e sistemas complexos de jogo. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas. 2004.

14- Liberali, R. Metodologia Científica Prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. Florianópolis. 2008.

15- Oliveira, B.; Amieiro, N.; Resende, N.; Barreto, R. Mourinho. Porquê tantas vitórias?. Portugal. Gradiva. 2006.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 14-18.

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

RESUMO

Este estudo traz o tema central o futebol como inclusão social, dentro de um projeto destinado à sua pratica, o Projeto Bom de Bola. O objetivo é descrever o perfil e demonstrar a inclusão social dos participantes a partir do Bom de Bola. Para tanto o método utilizado foi de pesquisa descritiva, tendo seu percurso através da aplicação de um questionário a quarenta e nove participantes, buscando-se o perfil destes, alguns sonhos e motivos que os levaram a participar do projeto. Esse perfil identificou a idade, o ano de ingresso e de quantas edições participaram. Em relação aos sonhos e motivos com a participação, as respostas indicam que uma das expectativas é ganhar muito dinheiro para poder ajudar a família. Os dados sobre o perfil indicaram que a maioria dos participantes iniciou no projeto aos 12 anos, sendo que o maior percentual participou de duas edições, tendo sido motivados por seus professores de educação física. Tornar-se um grande jogador, jogar em grandes clubes, no Brasil ou fora do País e até mesmo na Seleção Brasileira era outro sonho desses alunos atletas. Ao pensar sobre seu futuro como jogador, muitos afirmaram que gostariam de evitar o envolvimento com drogas. Ficou claro que este projeto também mobiliza esses jovens para pensar em protagonizar projetos sociais, pois ao ser perguntados sobre um grande sonho, um percentual significativo indicou o interesse de investir em um projeto de inclusão social a partir do futebol.

Palavras-chave: Futebol, Projetos Sociais, Inclusão Social.

FUTEBOL ESCOLAR COMO INCLUSÃO SOCIAL

Gustavo Teixeira Felisberto1,2,Lucas Serres Passamani1,3,

Rafaela Liberali1,Roberto de Almeida1

ABSTRACT

School Football as inclusion

This study presents the central theme Football as social inclusion in a project to its practice, Bom de Bola Project. In this study, we will describe the profile and demonstrate the social inclusion of participants through Bom de Bola. This way, the method used was descriptive, through a questionnaire to forty-nine participants, we seek the profile, some dreams and motives that led them to participate in the project. This profile has identified age, year of entry and how many times they participated. About the dreams and motivations to participation, the responses indicate that expectations are a lot of money to be able to help the family. The profile data indicated that most participants in the project began at 12 years old, with the highest percentage appeared in two editions, and being motivated by their physical education teachers. To become a great player and play in famous teams in Brazil or abroad and even in the national team was another dream of student athletes. About their future as a player, many of them said they would like to avoid involvement with drugs. It was clear that this project also mobilizes young people to think about to be protagonists in social projects, because when asked about a great dream, significant percentage indicated interest to invest in a project of social inclusion from the football.

Key words: Football, Social Programs, Social Inclusion.

1 - Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Futebol e Futsal as Ciências e Metodologia do Treinamento.

2 - Graduação em Educação Física pela Universidade do Extremo Sul Catarinense.

3 - Graduação em Educação Física pela Universidade da Região de Campanha Campus Universitário Alegrete.

E-mail: [email protected] Rua Otto Leopoldo Tiefense, 765, Criciúma - SC. Brasil.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 19-24.

19

20 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

INTRODUÇÃO

O futebol é o mais popular esporte da Terra, devido à facilidade de sua prática, praticado em pequenos espaços e ao baixo custo do material, pois uma simples bola feita de uma meio velha, recheada de papel, jogada por pés descalços, exercita, diverte e socializa uma coletividade (Leal, 2000). Além de ser o preferido para quem joga também é o preferido dos espectadores. São muitos os motivos de o futebol ser rotulado como a principal modalidade esportiva, é um esporte simples não necessita de muita coisa para ser jogado, uma atividade física prazerosa e variada, como também necessita de cooperação para que se alcance os objetivos do jogo o que favorece o desenvolvimento social dos indivíduos, permite ações individuais de habilidade a todo instante atraindo com facilidade diversos espectadores (Wuolio, 1981). O futebol moderno se firmou mais rápido que os demais esportes, devido à extrema popularidade que conquistou em todo mundo, sendo que no Brasil passou a fazer parte da cultura do povo, levando aos torcedores brasileiros o orgulho das conquistas nas varias competições (Lever, 1983). Como uma prática social, o futebol proporciona emoção e drama ao mesmo tempo, porque seu resultado é indeterminado, incerto e muitas vezes fruto do acaso. Para tanto, grande parte da euforia, do entusiasmo e união despertados nas milhares de pessoas em torno deste evento social, advêm do fato de que os espetáculos esportivos tornaram-se uma excelente fonte de prazer ou frustração (Capela, 1996). Não existem dúvidas a respeito da vontade de crianças e adolescentes em se tornarem jogadores de futebol, viver a fama e ter o dinheiro, fica claro e evi-dente, que crianças e adolescentes destacam o futebol como uma experiência que lhes proporcionaria profissão ou meio de vida (Damo, 2005; Torri, Albino, Vaz 2007; Zaluar, 1991). O sucesso deste esporte faz com que o Brasil seja reconhecido tanto por brasileiros como por estrangeiros como o país do futebol. O objetivo geral do estudo é descrever o perfil social e a inclusão social dos participantes do sexo masculino, com idade entre 11 a 14 anos a partir do Projeto Bom de Bola Parati/SC e RS.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Segundo Liberali (2008) pesquisa descritiva “é aquela que levanta dados da realidade sem nela interferir”. A população do estudo corresponde a n= 50 participantes do projeto Bom de Bola do sexo masculino. Destes foram selecionados uma amostra de n= 49, por atender os seguintes critérios de inclusão: idade entre 11 a 14 anos ter respondido o questionário

corretamente, ter jogado o Bom de Bola Parati no mínimo uma vez e ter assinar o formulário de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação na pesquisa, conforme preconiza a resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996. Foi aplicado um questionário com perguntas abertas validado previamente por 10 profissionais de educação física apresentando índice de validade de 0,78 e o índice de clareza foi feito com 10 indivíduos alunos que participaram do projeto com índice de 0,83. As variáveis mensuradas foram: ano de ingresso no bom de bola, idade de ingresso, número de edições em que participou, como se deu o interesse pelo futebol, o que gostaria de evitar, expectativas para o presente e os sonhos relacionados com o futebol. Foi realizada uma pesquisa em diversas instituições de ensino, com meninos que já participaram no Bom de Bola Parati, o questionário foi entregue aos alunos atletas e dado uma data para eles nos entregarem. A análise dos dados foi através da estatística descritiva.

RESULTADOS

Participaram do estudo 49 alunos atletas, com idade entre 11 e 14 anos. As tabelas abaixo mostram os valores obtidos com a pesquisa realizada sobre o Bom de Bola Parati. Observa-se na tabela 1, que a maioria dos

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 19-24.

Tabela 1 - Valores do perfil da amostra.

Ano de ingresso Frequência Absoluta

Percentual

1994 1 2,04%1997 1 2,04%2003 1 2,04%2004 2 4,08%2005 6 12,24%2006 12 24,48%2007 16 32,65%2008 10 20,40%

Idade ingresso11 anos 1 2,04%12 anos 19 38,77%13 anos 17 34,69%14 anos 12 24,48%

Número de edições1 20 40,08%2 22 44,89%3 4 8,16%

Mais de 3 3 6,12%

21Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Tabela 2 - Interesse Pelo Futebol e O que Gostaria de Evitar.

Interesse pelo Futebol Frequência Absoluta

Percentual

Os elogios que recebia das pessoas quando participava de uma partida

18 36,73%

O incentivo de professores de educação física que diziam que eu tinha potencial para ser jogador

20 40,08%

O incentivo dos familiares que diziam que eu tinha potencial para ser jogador

4 8,16%

O incentivo dos amigos com quem eu jogava futebol 4 8,16%

A participação no moleque bom de bola 3 6,12%

O Que Gostaria de EvitarLesão 12 24,48%

Envolvimento com brigas em campo 8 16,32%

Escândalos sociais 1 2,04%Envolvimento com

drogas 27 55,10%

Demissão de um grande clube 1 2,04%

Tabela 3 - As expectativas do presente e Sonhos para o futuro.Expectativas do Presente Frequência

AbsolutaPercentual

Jogar fora do país 15 30,61%Ganhar muito dinheiro para ajudar a família 20 40,81%

Ganhar muito dinheiro para obter bens materiais 2 4,08%

Ser famoso, ter fãs 3 6,12%Jogar na seleção

brasileira 6 12,24%

Outro 3 6,12%Sonhos Relacionados

ao FutebolTornar-me um técnico de uma grande equipe de

futebol8 16,32%

Abrir uma escola de futebol para formar novos talentos 14 28,57%

Investir em um projeto de inclusão social a partir

do futebol 15 30,61%

Outro 2 4,08%

participantes apenas jogaram no último ano em que sua idade permitiria, no caso os 14 anos. Quanto a participação, a maioria jogou 2 edições do evento, mas outra quantidade significativa da amostra (40,08%) jogou apenas uma edição. Na tabela 2, os dados coletados apresentam o interesse pelo futebol e o que gostariam de evitar em sua carreira, caso se tornasse um jogador. 40,08% responderam que se interessaram pelo futebol a partir do incentivo de professores de educação física que diziam que eles tinham potencial para ser jogador. 36,73% falaram que através dos elogios que recebiam das pessoas quando participavam de uma partida de futebol motivou-se para jogar. Buriti (2001), alerta que o futebol é uma atividade que valoriza socialmente o indivíduo e entende que ele propicia uma melhoria de sua auto-imagem e de sua auto-estima, dentro de uma perspectiva que ele mesmo traçou e conquistou. Nesta questão também se observa o baixo apoio dos familiares, pois apenas 8,16% assinalaram a questão relativa ao incentivo destes. Quando perguntados sobre o que gostaria de evitar na vida futebolística, mais da metade dos alunos atletas, 55,10% assinalou que gostariam de evitar o envolvimento com drogas demonstrando o quanto o projeto Bom de Bola pode contribuir para uma vida saudável e de qualidade. Na tabela 3, analisaram-se as expectativas do presente e os sonhos do futuro destes meninos. Sobre as expectativas do presente, 40,81% responderam

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 19-24.

amostrados ingressou no ano de 2007 (32,65%), a maior idade de ingresso é de 12 anos (38,77%) e participam geralmente de 2 edições (44,89%). Observa-se na tabela 2, que a maioria dos amostrados tiveram interesse no futebol a partir do incentivo de professores de educação física que diziam que ”eu tinha potencial para ser jogador” (40,08%) e que “gostariam de evitar o envolvimento com drogas” (55,10%). Observa-se na tabela 3, que a maioria dos amostrados sonham em ganhar muito dinheiro para ajudar a família (40,08%) e que (30,61%) dos entrevistados gostariam de investir em um projeto de inclusão social a partir do futebol.

DISCUSSÃO

Na tabela 1, analisou-se o ano de ingresso, idade de ingresso e quantas edições que o aluno atleta participou. Os resultados obtidos indicam que 32,65% jogaram o campeonato no ano de 2007, seguido de 24,48% que jogaram em 2006 e 20,40% em 2008. Com relação à idade que os alunos atletas jogaram pela primeira vez no projeto, os dados da pesquisa indicam os seguintes percentuais: 38,77% tinham 12 anos e 34,69%, 13 anos. 44,89% participaram em 2 edições do evento, ainda observa-se que 24,48% dos

22 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

que quer ganhar muito dinheiro para poder ajudar a família. 30,61% pensam em jogar fora do país. Esses dados confirmar as afirmações dos estudiosos quando relacionam o futebol como uma experiência importante na vida das crianças e adolescentes, pois ele lhes proporcionaria profissão ou meio de vida (Damo, 2005; Torri, Albino, Vaz, 2007; Zaluar, 1991). Sobre os sonhos para o futuro, relacionado ao futebol, 30,61% responderam que pensam em investir em um projeto de inclusão social a partir do futebol, assim dando a muitos a chance que tiveram e 28,57% falaram que abririam uma escola de futebol para formar novos talentos. Outros dados levantados pelo questionário serão apresentados a partir da ordem de importância indicada pelos respondentes. Ao perguntar sobre os sonhos, expectativas e objetivos a partir da participação no Bom de Bola as respostas que foram mais assinaladas se referem a: ser jogador de um grande time com 59,18% seguida de jogar fora do país com 46,93% e a terceira alternativa escolhida foi ganhar dinheiro para ajudar a família com 28,57%. Ainda quando questionados sobre a importância do projeto Bom de Bola em sua vida e sua carreira como profissional o maior índice, 51,01% disseram que o projeto foi fundamental, pois sem ele não teriam chamado a atenção de alguns treinadores e técnicos. Apenas 6,12% alunos atletas participaram do Bom de Bola mais de 3 vezes, nesta situação 75% destes, responderam que ter participado do projeto foi uma possibilidade de ser observado por olheiros de alguns clubes. Todos recebem muitos elogios dos professores e por isso procuram se envolver mais neste esporte, esperando um dia realizar um sonho de ser um grande jogador de futebol e ao mesmo tempo buscar uma vida saudável longe das drogas. Grande maioria dos pesquisados pensa em se tornar jogador de futebol, para ganhar dinheiro e ajudar sua família a viver melhor. Todos pensam em jogar em um grande clube e grande parte dos pesquisados sonha em jogar fora do País. Quando perguntados sobre a importância do projeto, mais da metade dos pesquisados acredita ter sido fundamental, pois nele apareceram oportunidades de mostrar o futebol que sabiam jogar. Ficou claro que este projeto também mobiliza esses jovens para pensar em protagonizar projetos sociais, pois ao serem perguntados sobre um grande sonho um percentual significativo indicou o interesse de investir em um projeto de inclusão social a partir do futebol. Diante dos resultados, propõe-se que uma nova pesquisa seja realizada, desta vez com os profissionais que já tiveram a oportunidade de participar deste projeto e que por meio dele iniciaram suas carreiras com a possibilidade de então responder a seguinte questão: Investigar sob a ótica dos jogadores

profissionais que iniciaram suas carreiras em projetos sociais, a importância desses programas de inclusão nas redes pública e particular de ensino.

CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos, viu-se a importância de um projeto deste nível, que inclua pessoas de todas as classes, também que muitos iniciam a busca pelo esporte teoricamente cedo, com 12, 13 anos e participam não só de uma edição do campeonato e sim de duas ou mais oportunidades.

REFERÊNCIAS

1- Buriti, M.A. Psicologia do esporte. 2ª edição. Campinas. Editora Alínea. 2001.

2- Capela, P.R. O futebol brasileiro como conteúdo da educação física brasileira. Dissertação de mestrado. UFSC. 1996.

3- Damo, A. S. Do dom à profissão: uma etnografia do futebol de espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2005.

4- Leal, J.C. Futebol: arte e ofício. Rio de Janeiro. Sprint. 2000.

5- Lever, J. A loucura do futebol. Editora Record. 1983.

6- Liberali, R. Metodologia Científica Prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. Florianópolis. 2008.

7- Torri, D.; Albino, B. S.; Vaz, A. F. “Nada se consegue sem sacrifício!”: estudo sobre práticas do esporte escolar. In: 2º Congresso Sul-Brasileiro de Ciências do Esporte. 2004. Criciúma. Anais. Universidade do Extremo Sul Catarinense. p. 1-9. 2004.

8- Wuolio, J. Futebol, o Jogo mais Popular. Enciclopédia Salvat da Saúde. Rio de Janeiro. Salvat Editora do Brasil. 1981

9- Zaluar, A. O esporte na educação e na política pública. Revista Educação e Sociedade. Núm. 38. 1991.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 19-24.

23Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

ANEXO

UNIVERSIDADE GAMA FILHOPrograma de pós graduaçao em futebol e futsal, as ciencias do esporte e a metodologia do treinamento.

1 - Em que ano você participou pela primeira vez do projeto Bom de Bola? ________

2- Quantos anos você tinha nesta ocasião?( ) 12 anos( ) 13 anos( ) 14 anos

3- Em quantas edições você participou? ( ) uma( ) duas( ) três( ) mais de três

3.1 – Caso em sua resposta você tenha assinalado a última alternativa, responda:O que o Bom de bola lhe proporcionou( ) uma possibilidade de ser observado por olheiros de alguns clubes( ) participar aumentou o meu interesse pelo futebol ainda mais

4 – O que despertou em você o interesse em ser jogador de futebol?( ) os elogios que recebia das pessoas quando participava de uma partida( ) o incentivo de professores de educação física que diziam que eu tinha potencial para ser jogador( ) o incentivo dos familiares que diziam que eu tinha potencial para ser jogador( ) o incentivo dos amigos com quem eu jogava futebol( ) a participação no moleque bom de bola

5 – Quando iniciou no Bom de Bola, quais seus sonhos, expectativas, ambições, objetivos. Assinale na ordem de importância, indicando nº 1 para o mais importante, 2 para o segundo e assim sucessivamente:

( ) Ser jogador de um grande time ( ) Jogar fora do país( ) Ganhar muito dinheiro para ajudar a família( ) Ganhar muito dinheiro para obter bens materiais( ) Ser famoso, ter fãs( ) Jogar na seleção brasileira( ) Outra. Qual________________________________________________________

6 – Quando pensa no futuro de sua carreira, há coisas que gostaria especialmente de evitar?( ) Lesão( ) Envolvimento com brigas em campo( ) Escândalos sociais( ) Envolvimento com drogas( ) Demissão de um grande clube( ) Outro:___________________________________________

7 – Quais suas ambições, objetivos, expectativas de agora?

( ) Jogar fora do país( ) Ganhar muito dinheiro para ajudar a família( ) Ganhar muito dinheiro para obter bens materiais( ) Ser famoso, ter fãs( ) Jogar na seleção brasileira( ) Outro (a). Qual______________________________________________________

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 19-24.

24 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

8 - Como você classificaria o nível de importância do projeto Bom de Bola Parati em sua vida e sua carreira profissional? ( ) Sem importância, pois independente dele, por ter o potencial que tenho, daria certo( ) Pouco importante. Ele ajudou pois pude mostrar meu potencial durante os campeonatos( ) Fundamental, pois sem ele eu não teria chamado a atenção de alguns treinadores/técnicos.

9 - Você tem um grande sonho para realizar, relacionado com o futebol?( ) Sim ( ) NãoCaso a resposta seja afirmativa, assinale qual das alternativas abaixo representa esse sonho.( ) Me tornar um técnico de uma grande equipe de futebol( ) Abrir uma escola de futebol para formar novos talentos( ) Investir em um projeto de inclusão social a partir do futebol ( ) Outro. Qual:________________________________________________________

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 19-24.

25Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

RESUMO

Objetivo de comparar o desempenho técnico dos jogadores de futsal nas categorias sub-9, sub-11 e sub-13 das escolinhas de futsal da cidade de Aurora. Participaram da análise 15 jogadores, sendo 5 amostras de cada categoria. Para a coleta de dados foi utilizado um scout simplificado contendo as variáveis de passe certo, passe errado e passe interceptado. A comparação dos dados obtidos foi analisada pelo teste de correlação linear de Pearson e pelo teste da variância Anova one way e pos hoc Tukey do cruzamento entre sub 9 x sub 11 x sub 13. O estudo mostrou que o numero total de passes aumenta de acordo com a faixa etária dos jogadores. Para passes certos se obteve para o sub 9: 22,8 ± 5,4, para o sub 11: 36,4 ± 15,3 e para o sub13: 37,8 ± 13,8. Para passes errados: sub 9: 3,8 ± 2,2, sub 11: 7,8 ± 3,1 e sub 13: 10,0 ± 4,7. Em passes interceptados tem-se sub 9: 4 ± 0,84, sub 11: 10,4 ± 4,2 e sub 13: 8,8 ± 3,03. As variáveis passes certos e interceptados mostraram-se não significantes entre as diferentes idades, já passes errados apresentaram significância de 0,04. Para concluir, pode-se deduzir que quanto maior a idade percebe-se que há um aumento das situações analíticas do jogo como o passe, porém este aumento não garante maior êxito nas situações de jogo, pois foram constatadas mudanças quase imperceptíveis entre as categorias.

Palavras-chave: Futsal, Scout, Desempenho técnico, Passes.

COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO TÉCNICO DOS JOGADORES DE FUTSAL PELO SCOUT NAS CATEGORIAS SUB-9, SUB-11 E SUB-13 DAS ESCOLINHAS DA CIDADE DE AURORA

Carlos Elói Valentini1,2,Fernando Chincoviaki1,3,

Rafaela Liberali1,Roberto de Almeida1

ABSTRACT

Comparison of the Technical Performance of the Futsal Players by Scout In the Sub-9, Sub-11 and

Sub-13 Categories In the Aurora City

The article aims to compare the technical performance of football players in the sub-9 categories, sub-11 and sub-13 of the city of Aurora. Participated in the analysis 15 players, with 5 samples of each category. To collect data we used a simplified scout containing variables right pass, wrong pass and intercepted pass. The comparison of data obtained was analyzed by the linear correlation coefficient and the test of variance One-way ANOVA and post hoc Tukey’s crossing sub sub 9 x 11 x 13 sub. The study showed that the total number of passes increases with the age of players. For certain passes were obtained for sub 9: 22.8 ± 5.4 for the sub 11: 36.4 ± 15.3 and for the sub13: 37.8 ± 13.8. to stray passes: 9 sub: 3.8 ± 2.2, sub 11: 7.8 ± 3.1 and sub 13: 10.0 ± 4.7. Intercepted passes in the sub 9: 4 ± 0,84, sub 11: 10,4 ± 4,2 e sub 13: 8,8 ± 3,03.The variable right pass and intercepted pass were not significant in terms of age, but wrong passes presented significance of 0.04 . To conclude, we can deduce that to the higher age, there is an increase in analytical situations of the game, as the pass. But this increase does not guarantee success in the game situations. Because we observed changes almost imperceptible among the categories.

Key words: Futsal, Scout,Technical Performance,

1 - Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Futebol e Futsal: as Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento

2 - Graduação em Educação Física pela Universidade do Contestado

3 - Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina

Email: [email protected]

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 25-28.

26 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

INTRODUÇÃO

A construção de um repertório tático requer muita dedicação e tempo do técnico e dos atletas. A preparação consiste na seleção, por parte do técnico, das movimentações que ele deseja ver sua equipe executando em quadra. Ele deve se certificar que os jogadores a sua disposição são ideais para execução das movimentações. As noções de tática geralmente estão associados a parte técnica (Santana, 2001). Define-se tática como a realização prática das noções gerais, abstratas, técnicas enunciadas pela técnica do jogo. A técnica ensina ou diz como deve ser, e a tática corrige no momento dizendo como pode ser em determinada situação de jogo. Por tática se deve entender o plano estudado para tal dia, plano que é função do adversário, da quadra, do publico, do arbitro, da situação da equipe na prova, ou seja, as mil pequenas coisas que podem influir mais ou menos decisivamente para a sorte do jogo através do resultado (Fernandes, 1981). Quanto à parte técnica do jogo (Saad, 2000) afirma que a preparação técnica tem por objetivo aperfeiçoar ou desenvolver os diferentes fundamentos do futsal, geralmente através de atividades sistemáticas. Ele caracteriza-se pela repetição de exercícios (automatização). Apesar de alguns autores defenderem a importância de uma preparação técnica, não é muito raro encontrar na literatura registros que relatem certo desinteresse, por parte dos técnicos, na preparação técnica de uma equipe. Quanto a esse desinteresse (Saad, 2000), afirma que dentre os vários tipos de treinamentos inerentes ao Futsal, o treinamento técnico perdeu seu espaço na carga horária da maioria dos clubes ditos profissionais ou até semi-profissionais aonde incluímos as equipes que treinam diariamente. Uma ferramenta muito utilizada no futsal de alto nível é o scout técnico, que serve para obter informações sobre o desempenho de uma equipe ou de um jogador. O scout nos permite traçar uma comparação entre o desempenho nas diferentes categorias. Sendo o fundamento de passe a variável analisada. O scout é um elemento muito mais importante e complexo do que uma simples apreciação de dados de fundamentos analisados durante uma partida de futsal. O scout torna-se então um instrumento de controle de eficiência técnica de uma equipe de futsal, assim como, os testes e avaliações físicas são usados para se estabelecer um controle físico da equipe, amparados pela maior facilidade em se detectar um índice de valência física como a velocidade e a resistência através de testes com aplicabilidade mais prática e acessível (Pereira, 2008). O objetivo do estudo é verificar o desempenho técnico pelo scout, de jogadores de futsal, que

frequentam as escolinhas no município de aurora nas categorias sub-9, sub-11 e sub-13, do sexo masculino.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Segundo Liberali (2008) pesquisa descritiva “é aquela que levanta dados da realidade sem nela interferir”. A população do estudo corresponde a N= 36 atletas de futsal das categorias sub-9, sub-11 e sub-13, participantes de escolhinha de futsal. Destes foram selecionados uma amostra de n = 15 atletas, escolhidas por atender os seguintes critérios de inclusão: sair jogando, e assinar como voluntário o formulário de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação na pesquisa, dos responsáveis e os atletas conforme preconiza a resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996. A instituição pesquisada é Fundação Municipal de esportes de Aurora. O presidente da instituição autorizou a pesquisa mediante a assinatura de uma declaração. Para analise do desempenho foi utilizado o Scout dos jogos realizados durante a competição denominada 2ª copa SDR de futsal. Na qual as três categorias participam representando o município de Aurora. Durante a realização dos jogos, foram coletados e classificados a variável analisada que é o passe. Cada ação ou movimento intencional de passe foi registrado e classificado de acordo com a definição do lance. As variáveis mensuradas foram: passes certos, passes errados e passes interceptados. Sendo essas variáveis anotadas imediatamente numa tabela organizada para fazer o scout dos jogos. A analise dos dados foi através da estatística descritiva (media e desvio padrão). O teste da variância Anova one way, com post hoc Tukey para verificar a diferença do cruzamento de passes entre sub 9 x sub 11 x sub 13. E o teste de correlação linear de Pearson para verificar a associação entre as variáveis. O nível de significância utilizado em todos os testes foram p≤0,05.

RESULTADOS

Participaram do estudo 15 atletas de futsal do sexo masculino, das escolinhas de futsal de Aurora com idade entre 8 a 13 anos. A tabela 1, apresenta os valores dos resultados do scout analisado durante os jogos da categoria sub 9, sub 11 e sub 13. Demonstrando que quanto maior a idade os valores dos passes mostram tendência de aumento, menos nos passes interceptados que tiveram tendência de diminuição do sub-11 para o sub-13. Na tabela 2, utilizou-se o teste da variância

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 25-28.

27Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Tabela 1 - Dados descritivos dos valores dos passes analisados pelo scout.

x ± s Maximo Mínimo

certosSub 9 22,8 ± 5,4 30 16Sub 11 36,4 ± 15,3 51 12Sub 13 37,8 ± 13,8 51 15

erradosSub 9 3,8 ± 2,2 7 1Sub 11 7,8 ± 3,1 11 3Sub 13 10,0 ± 4,7 17 4

interceptadosSub 9 4 ± 8,4 6 2Sub 11 10,4 ± 4,2 16 5Sub 13 8,8 ± 3,03 13 5

Tabela 2 - Valores médios e desvio padrão (±) dos passes pelo scout - Teste da variância Anova one way e pos hoc Tukey do cruzamento entre sub 9 x sub 11 x sub 13.

P = probabilidade de significância p ≤ 0,05.

certos x ± s

erradosx ± s

interceptadosx ± s

sub 9 22,8 ± 5,4 3,8 ± 2,2 4 ± 8,4sub 11 36,4 ± 15,3 7,8 ± 3,1 10,4 ± 4,2sub 13 37,8 ± 13,8 10,0 ± 4,7 8,8 ± 3,03

p 0,14 (ns) 0,04** 0,12 (ns)

Tabela 3 - Teste de correlação Linear de Pearson entre idade (sub 9, sub 11 e sub 13 x passes).

P = probabilidade de significância p ≤ 0,05.

r pidade x passes certos 0,47 0,07

idade x passes errados 0,62 0,01**idade x passes interceptados 0,49 0,05**

Anova one Way, com post hoc tukey, para verificar diferenças significativas entre os passes certos (sub 9 x sub 11 x sub 13) o teste não apresentou diferenças significativas com p= 0,14 e nem nos passes interceptados. Mostrando que os três grupos são homogêneos na variável passes certos e interceptados. Já entre os grupos (sub 9 x sub 11 x sub 13) nos passes errados (p=0,04) demonstrou diferenças significativas, relatando que os grupos são heterogêneos em relação aos passes errados. O teste de correlação linear de Pearson analisa o grau de associação entre variáveis. A tabela 3 apresenta os resultados da associação entre idade (sub 9, sub 11 e sub 13 x passes certos, errados e interceptados) e demonstrou associações estatisticamente significativa entre a idade e o passes errados e interceptados, mas não mostrou entre idade e passes certos. Relatando assim que a idade, ou seja, o desenvolvimento maturacional interfere no resultado dos passes errados e interceptados.

DISCUSSÃO

A análise da qualidade das ações dos jogos é multiforme, como os parâmetros registrados, assim sendo, das formas de registro utilizadas a mais difundida recebeu o nome de scout, que durante o jogo deve ser feito de forma a registrar uma ou todas as ações dos jogadores (com ou sem bola) ou a trajetória de deslocamento da bola no campo e o resultado destes

deslocamentos (Vendite, Moraes e Vendite, 2003). As diversas opções táticas coletivas e individuais dos técnicos permitem aproveitamento e desempenhos técnicos discrepantes entre os jogadores de uma mesma equipe. Da mesma forma, a estratégia para uma determinada partida e mesmo a forma de jogo do adversário pode fazer com que os indicadores técnicos de um mesmo jogador varie de maneira significativa de um jogo para outro (Pereira, 2008). No presente estudo foi analisado através do scout, o numero de passes certos, errados e interceptados, nas categorias sub 9, sub 11 e sub 13. Observou-se que nem os passes certos, nem os interceptados demonstraram diferenças estatisticamente significativas entre as idades nas diferentes categorias, já demonstrado diferenças estatisticamente significativas entre as diferentes idades e passes errados. Através do teste de correlação observou que os passes errados e interceptados são influenciados pela idade. Assim como no estudo realizado por (Silva e colaboradores 2006), onde puderam ser observadas diferenças significativas entre o desempenho no passe durante os jogos com meninos entre 10 e 17 anos, na categoria pré- mirim, mirim, infantil e juvenil. Na realização do teste de shuttle run realizado com bola, analisado em diferentes faixas etárias, houve associação significativa entre Shuttle Run realizado com bola e o desempenho do passe bom. Dados que indicam que o teste pode predizer a qualidade do passe em situação real de jogo no futebol. As diferenças de desempenho motor estão di-retamente ligadas ao estagio maturacional e ao po-tencial físico do jogador tanto nas categorias me-

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 25-28.

28 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

nores como no alto rendimento é o que relata (Avelar e colaboradores 2008), afirmando que o perfil antropométrico e o desempenho motor de atletas de futsal de elite podem servir, pelo menos em parte, como indicador de sucesso nesta modalidade ou ainda auxiliar a detecção de jovens talentos, o estudo investigou tais parâmetros em atletas pertencentes às duas principais equipes de futsal no estado do Paraná. A comparação feita no presente estudo demonstra uma tendência no aumento da execução de gestos motores como o passe. Porém isso não significa que o sucesso na execução ou a eficiência na intenção dos jogadores também aumenta na mesma proporção. As pesquisas que aferem desempenho específico de modalidades em diferentes faixas etárias oferecem informações importantes para o entendimento e a necessidade especifica a cada idade. Na modalidade futsal existe uma carência de estudos relacionados principalmente as categorias menores, além da grande necessidade de se criarem testes específicos para avaliar o processo de ensino-aprendizagem do professores que trabalham com a modalidade. CONCLUSÃO

A correlação das variáveis analisadas e as diferentes faixas etárias permite concluir que, embora o aumento das situações de jogo esta diretamente ligada a idade dos jogadores, a sua eficiência independe da faixa etária. Já o numero crescente de passes errados e interceptados de acordo com a idade pode ser explicado pelo aumento no total absoluto de passes executados e também por fatores de ordem neuromuscular. Levando em consideração que nessas faixas etárias os jogadores estão em processo de aprendizagem da modalidade, estes dados fornecem informações valiosas com relação ao planejamento de atividades direcionadas para esses jogadores. A aprendizagem deve estar focada no desenvolvimento de jogos e atividades que desenvolvam a inteligência durante os jogos, dando prioridade para situações globais e não em gestos motores.

REFERÊNCIAS

1- Avelar, A. e colaboradores Perfil Antropométrico e de Desempenho Motor de Atletas Paranaenses de Futsal de Elite. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano Vol. 10. Núm. 1. p.76-80. 2008.

2- Fernandes, J. L. O Treinamento Desportivo, Procedimento–Organização –Métodos. São Paulo. Editora Pedagógica e Universitária. 1981.

3- Liberali, R. Metodologia Científica Prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. Florianópolis. 2008.

4- Pereira, J.L. Correlação entre desempenho técnico e variáveis fisiológicas em atletas de futebol. Dissertação de Mestrado em Educação Física. UFPR. Acesso em 30/01/2008.

5- Saad, M. Futsal – Iniciação – Técnica – Tática: Sugestões para formar sua equipe. Santa Maria. MaS. 2000.

6- Santana, W. C. Futsal: metodologia da participação. Londrina. Lido. 2001.

7- Silva, L.J.; Andrade, D.R.; Oliveira, L.C.; Araújo, T.L.; Silva, A.P.; Matsudo, V.K.R. Associação entre “shuttle run” e “shuttle run” com bola e sua relação com o desempenho do passe no futebol. Revista Brasileira Ciência e Movimento Vol. 14. Núm. 3. p.7-12. 2006.

8- Vendite, L.L.; Moraes, A.C.; Vendite, C.C. Scout no futebol: uma análise estatística. Conexões. Vol. 1. Num. 2. p. 183-194. 2003.

9- www.ferrettiutsa.com.br acessado em 28 de setembro de 2009.

10- www.futsalbrasil.com.br acessado em 27 de setembro de 2009.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 25-28.

29Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

PERFIL ANTROPOMÉTRICO, DA FLEXIBILIDADE E DA IMPULSÃO VERTICAL ATLETAS DE FUTSAL NAS CATEGORIAS SUB-15 E SUB-17 DAS ESCOLINHAS DE LEBON RÉGIS - SC

Julio Cesar Gomes1,2,Rodrigo Machado Sordi1,3,

Rafaela Liberali1,Roberto Almeida1

RESUMO

O objetivo é identificar o perfil do desempenho motor de atletas de futsal masculino, nas categorias sub 15 e sub 17. Para tanto, coletaram-se medidas antropométricas (massa corporal, IMC) e de desempenho motor (testes, Banco de Welss ou sentar e alcançar e o teste de impulsão) de 15 atletas do sexo masculino. Não foram observadas diferenças significantes entre os jogadores nos testes realizados. Os resultados demonstraram dois grupos de atletas, nas variáveis de peso, altura, IMC e flexibilidade, muito homogêneos, pois não apresentaram resultados estatisticamente significativos entre o grupo sub-15 e sub-17. A única variável que mostrou diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos foi a impulsão, demonstrando que não existem correlação entre flexibilidade e impulsão x peso, altura, IMC e idade. Assim, de acordo com os dados analisados, conclui-se que não existem diferenças entre as categorias sub-15 e sub-17 nas variáveis antropométricas, apenas na impulsão.

Palavras-chave: Futsal, Antropometria, Aptidão Física, Esporte.

ABSTRACT

Anthropometric profile of the flexibility and vertical impulsion of the Futsal athletes sub-fifteen and sub-seventeen categories of the little schools in

Lebon Régis - SC

The objective this study is recognizes the motor performance profile of the male futsal athletes in the u-fifteen and u-seventeen categories. This way, was collected anthropometric measures (body mass - BMI) and the motor performance (tests, Stock Welss or sit and reach and the test impulse) with fifteen male athletes. There were no observed significant differences between the players in tests made. The results showed two groups of athletes, the variables of weight, height, BMI and flexibility, very homogeneous, they did not show statistically significant in results between the players of the sub-fifteen and sub-seventeen categories. The only variable that showed differences statistically significant between the two groups was the thrust, demonstrating that there is no correlation between flexibility and impulse X weight, height, BMI and age. This way, according to the data analyzed we concluded that there are differences between u-fifteen and u-seventeen categories in anthropometric variables only in the impulsion.

Key Words: Futsal, Anthropometric, Physical Fitness, Sport

1 - Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento

2 - Graduação em Educação Física - Universidade do Contestado Campus de Caçador (UnC) - SC

3 - Graduação em Educação Física - Universidade do Contestado - Campus de Caçador (UnC) - SC

Email: [email protected]

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 29-32.

30 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

INTRODUÇÃO

O futsal é uma modalidade esportiva que surgiu na década de 30, faz parte das modalidades esportivas coletivas que abrange elementos em comum com outros esportes, exige muita inteligência e movimentação tática, e agilidade dos atletas, além de ser caracterizado pela sua extrema velocidade e intensidade de disputa de bola (Generosi, 2009). As reformulações periódicas nas regras da modalidade têm tornado o futsal cada vez mais dinâmico e atraente (Cratty, 1983). Nesse sentido, informações sobre as características dos atletas e os efeitos do treinamento sistematizado de futsal têm sido disponibilizadas na literatura (Ciryno e colaboradores 2002; Queiroga, Ferreira e Romanzini, 2005; Almeida e Rogato, 2007), todavia, fazem-se necessários estudos sobre o padrão morfológico e de desempenho motor dos atletas de futsal, especialmente aqueles envolvidos em competições de alto nível. Tais informações parecem ser relevantes tanto para a escolha das estratégias de preparação física a ser aplicada quanto para a detecção e seleção de jovens talentos para a modalidade (Singer, 1977). É importante ressaltar que a preparação física nos esportes coletivos de alto rendimento é elaborada de acordo com a função tática, haja vista que as exigências específicas, características morfológicas e de desempenho motor são diferentes (Weineck, 1991). O objetivo do estudo é demonstrar o perfil antropométrico, da flexibilidade e da impulsão vertical em atletas de futsal das categorias sub-15 e sub-17, que freqüentam as escolinhas no município de Lebon Régis.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Segundo Liberali (2008) pesquisa descritiva. Tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno. A população do estudo corresponde a n= 25 atletas de futsal das categorias sub-15 e sub-17, participantes de escolinhas de futsal. Destes foram selecionados uma amostra de n = 20 atletas, divididos em dois grupos (GI n = 11 sub-15 e GII n = 9 sub-17), escolhidas por atender os seguintes critérios de inclusão: estar de acordo com a idade da categoria, freqüentar regularmente os treinos e assinar como voluntário o formulário de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação na pesquisa, pelos responsáveis e os atletas conforme preconiza a resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996. A instituição pesquisada é um departamento de esportes do município. A diretora de esporte e a secretária de educação autorizaram as pesquisa mediante a assinatura de uma declaração.

Para a obtenção das medidas de massa corporal (IMC) e estatura, seguiram-se os procedimentos descritos por Guedes e Pinto (2006). Em posse desses dados, calculou-se o índice de massa corpórea (IMC) por meio do quociente massa corporal/estatura, sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m). O IMC é assim classificado: a) abaixo do peso (IMC= abaixo de 18,5); b) peso normal (IMC entre 18,5 e 24,9); c) acima do peso (IMC entre 25,0 e 29,9) d) obesidade grau I (IMC entre 30,0 e 34,9); e) obesidade grau II (IMC entre 35,0 e 39,9) e f) obesidade grau III (IMC 40,0 e acima). Para medida da flexibilidade, utilizou-se o banco de Wells (Wells e Dillon), o banco mede 35 cm de altura e largura, 40 cm de comprimento com régua padrão de 15 cm na ponta. Foi utilizado para medir a flexibilidade da parte posterior do tronco e pernas. O indivíduo sentou-se de frente para o banco, colocando os pés no apoio com os joelhos estendidos; erguendo o braço e sobrepõe uma mão a outra e leva as duas para frente até que toquem a régua do banco. Realizou-se uns 3 movimentos antes do teste como aquecimento (Guedes e Pinto, 2006). E para o seguinte teste “Salto em Distancia Parado” esse componente motor associado a potencia muscular dos membros inferiores com movimento de salto em distância à frente sem corrida de aproximação, os resultados dos saltos foram registrado a cada tentativa, prevalecendo à maior distância alcançada em centímetros entre a linha de partida e a linha do calcanhar que tocou o solo mais próximo do ponto zero da escala de medida estendida no solo (Guedes e Pinto, 2006). As variáveis mensuradas foram: peso, altura, IMC, flexibilidade e impulsão. A análise dos dados foi através da estatística descritiva (média e desvio padrão). O teste U Mann-Whitney para verificar a diferença entre os grupos nas variáveis quantitativas e qualitativas. Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste x2 = qui - quadrado de independência: partição: l x c. O teste de Correlação Linear de Spearman para verificar a associação entre as variáveis. O nível de significância adotado foi p <0,05.

RESULTADOS

Participaram do estudo 20 atletas de futsal do sexo masculino, divididos em dois grupos, GI n = 11 (55%) sub-15 e GII n = 9 (45%) sub-17, com idades entre 15 a 17 anos. A tabela 1 apresenta os valores descritivos do perfil antropométrico da amostra. Observa-se na tabela 1, que nenhuma variável antropométrica (peso, altura e IMC) mostraram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos sub-15 e sub-17, demonstrando que apesar de estarem em categorias diferentes, idades diferentes, são um grupo homogêneo em relação as características

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 29-32.

31Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

idades, alturas, pesos e IMC diferentes, e mesmo assim não apresentaram diferenças estatísticas relevantes, salvo o fator impulsão que o grupo sub-17 apresentou um melhor resultado. Assim estes resultados se mostram similares a estudos norte-americanos (Guedes e Pinto, 2006) que também demonstrou maior impulsão em atletas sub-17 se comparados a categoria sub-15. A estatura da presente amostra também está de acordo com outros estudos também realizados com atletas das categorias sub-15 e sub17, de Duarte (1988), e de Santos (1999), realizados com atletas de diferentes níveis competitivos. Existem também algumas semelhanças nos resultados dos estudos de Queiroga, Ferreira e Romanzini (2005), desenvolvido com atletas de futsal feminino de alto nível de competitivo, diferenciando-se apenas pela forma de avaliação. Com referência aos trabalhos de Cunha e colaboradores (2008), realizados com atletas das categorias sub-12, sub-14 e sub-18 a média de estatura

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 29-32.

Tabela 1 - Dados descritivos dos valores antropométricos do perfil da amostra - Teste U Mann Whitney

P = probabilidade de significância p≤0,05

X ± s máximo mínimo pPeso Sub-15 60,8 ± 5,2 70 53

Sub-17 63,9 ± 7,3 73 52 0,19Altura Sub-15 1,70 ± 0,09 1,95 1,64

Sub-17 1,76 ± 0,08 1,86 1,64 0,76IMC Sub-15 21,03 ± 1,9 23,7 18,4

Sub-17 20,5 ± 1,3 22,6 19,1 0,11

Tabela 2 - Dados descritivos da flexibilidade e da impulsão - Teste Teste U Mann Whitney

P = probabilidade de significância p≤0,05

X ± s máximo mínimo p

Flexibilidade Sub-15 27,7 ± 5,3 39,5 22,5

Sub-17 28,2 ± 4,6 35 23 0,62

Altura Sub-15 1,97 ± 0,16 2,16 1,50

Sub-17 2,08 ± 0,08 2,20 1,94 0,04

antropométricas. Observa-se na tabela 2, que os grupos sub-15 e sub-17 não apresentam diferenças estatisticamente significativas nos valores da flexibilidade, sendo dois grupos homogêneos quanto a flexibilidade, mas diferindo na impulsão, onde foi apresentado diferença estatisticamente significativa entre os grupos, ou seja, os grupos são heterogêneos, mostrando que o grupo sub-17 tem maior média de impulsão do que o grupo sub-15. Observa-se na tabela 3, que tanto o IMC quanto a flexibilidade, os dois grupos sub-15 e sub-17, não demonstraram diferenças estatisticamente significativas, entre as categorias. Demonstrando assim, que nas categorias do IMC ambos os grupos estão 100% normais (eutróficos) e com excelente (100%) na categoria da flexibilidade. O teste de correlação linear de Spearman analisa o grau de associação entre variáveis. A tabela 4 apresenta os resultados da associação entre flexibilidade e impulsão x peso, altura, IMC e idade e não demonstrou associações estatisticamente significativas entre estas variáveis, mostrando assim, que a idade, peso, altura e IMC não afetam nem a flexibilidade e nem a impulsão.

DISCUSSÃO

De acordo com a amostragem realizada, percebe-se que a idade, o peso, a altura e o IMC não são fatores determinantes para a impulsão e a flexibilidade, pois os atletas abordados na avaliação e amostragem fazem parte de grupos distintos com

Tabela 3 - Valores das categorias de classificação do IMC e da flexibilidade - Teste do qui-quadrado de independência – partição l x c

X2 = P≤0,05.

Sub-15FA (FR)

Sub-17FA (FR)

TotalFA (FR)

IMCAbaixo do Peso 0 0 0

Eutrofia 11 (100%) 9 (100%) 20 (100%)Sobrep/Obesid 0 0 0Flexibilidade

Fraco 0 0 0Regular 0 0 0Médio 0 0 0Bom 0 0 0

Excelente 0 0 0

Tabela 4 - Dados descritivos da correlação linear de Spearman

P = probabilidade de significância p≤0,05

R P

Idade x flexibilidade 0,09 0,68Altura x flexibilidade 0,04 0,85Peso x flexibilidade 0,18 0,42IMC x flexibilidade 0,24 0,30Idade x impulsão 0,47 0,66Altura x impulsão 0,29 0,13Peso x impulsão 0,35 0,19IMC x impulsão 0,06 0,79

32 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

da presente amostra mostrou-se semelhante, confirmando as conclusões obtidas a partir deste trabalho.

CONCLUSÃO

Os resultados demonstraram dois grupos de atletas, nas variáveis de peso, altura, IMC e flexibilidade, muito homogêneos, pois não apresentaram resultados estatisticamente significativas entre o grupo sub-15 e sub-17. A única variável que mostrou diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos foi a impulsão, demonstrando que não existem correlação entre flexibilidade e impulsão x peso, altura, IMC e idade. Enfim, este estudo foi de grande importância para que se pudesse concluir que a flexibilidade não é determinada pelas variáveis Idade, altura, peso e IMC e que a impulsão, (no caso deste estudo) é maior nos atletas da categoria sub-17, o que fez com que os objetivos da realização deste trabalho fossem alcançados e compreendidos.

REFERÊNCIAS

1- Almeida, G.T.; Rogatto, G.P. Efeitos do método pliométrico de treinamento sobre a força explosiva, agilidade e velocidade de deslocamento de jogadoras de futsal. Revista Brasileira Educação Física, Esporte, Lazer e Dança. Vol. 2. Núm. 1. p. 23-38. 2007.

2- Ciryno, E. e colaboradores. Efeitos do treinamento de futsal sobre a composição corporal e o desempenho motor de jovens atletas. Revista Brasileira Ciência Moviento. Vol. 10. Núm. 1. p.41-46. 2002.

3- Cratty, B. Psicologia no Esporte. Rio de Janeiro. Prentice-Hall. 1984.

4- Cunha, A.G.; Soares, R.A.; Mafra Júnior, H. Flexibilidade de jogadores de futsal de três categorias: Sub-12, Sub-14 e Sub-18. Revista Digital. Buenos Aires, Ano 13. Núm. 123. 2008. Disponível em: <http://www.revistadigital/artigoflexibilidade.html>. Acesso em 19 agosto 2009.

5- Duarte, V. B. Estudo do perfil antropométrico de jogadores de Futebol de Salão da cidade de Santa Maria. Universidade Federal de Santa Maria. Dissertação de Mestrado. 1988.

6- Generosi e colaboradores. Aspectos morfológicos observados em atletas profissionais de futebol e futsal masculino. Revista Brasileira Futsal e Futebol. São Paulo Vol. 1. Núm. 1. p. 10-20. 2009.

7- Guedes, D. P.; Pinto, J.E.R. Manual prático para avaliação em Educação Física. São Paulo. Manole. 2006.

8- Liberali, R. Metodologia Científica Prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. Florianópolis. 2008.

9- Queiroga, M.R., Ferreira, S.A.; Romanzini, M. Perfil antropométrico de atletas de futsal feminino de alto nível competitivo conforma a função tática desempenhada no jogo. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano. Vol. 7. Núm. 1. p. 30-34. 2005.

10- Santos, J. A. R. Estudo comparativo, fisiológico, antropométrico e motor entre futebolistas de diferente nível competitivo. Revista paulista de Educação Física. São Paulo. Núm. 13. p.146-159. 1999.

11- Singer, R. N. Psicologia dos esportes: mitos e verdades. Happer & Row do Brasil. 1977.

12- Weineck, J. Fundamentos Gerais da Biologia do Esporte para Infância e Adolescência - Biologia do Esporte. São Paulo. Manole. 1991.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 29-32.

33Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 33-37.

ANÁLISE DOS GOLS DA COPA DO MUNDO DE FUTSAL FIFA 2008

Marco Aurélio Botelho dos Santos1,Antonio Coppi Navarro1,2

RESUMO

Introdução: O Futsal se caracteriza pela realização de tarefas de ataque contra defesa dos jogadores, que visam coordenar ações com a finalidade de recuperar, conservar, progredir e criar situações de finalizações, com o objetivo de marcar o gol. Objetivo: o presente estudo buscou analisar os gols ocorridos em jogos da Copa do Mundo de Futsal FIFA de 2008; quantificar as ações táticas e verificar a partir de que local da quadra ocorrem os gols. Materiais e Métodos: A amostra foi composta por 9 jogos da Copa do Mundo de Futsal FIFA 2008, realizada nas cidades de Brasília e Rio de Janeiro, entre os dias 30 de setembro e 19 de outubro de 2008. Resultados: podemos perceber que a maior parte dos gols aconteceu a partir de ataques rápidos e contra ataques, somados representam 64,10%; Podemos associar essa predominância nos gols resultantes de contra ataque sendo 38,46%. Discussão: Considerando que as defesas tendem a adotar um estilo defensivo mais ativo com objetivo de recuperar rapidamente a posse de bola, o jogo ganha em velocidade. Conclusão: podemos constatar que ocorrem gols através da utilização de todas as ações ofensivas, sendo o contra ataque e o ataque rápido as formas mais eficientes de se chegar ao objetivo do jogo, o gol; sendo importante reforçar a marcação nos setores mais centrais, onde a incidência de gols é maior.

Palavras-chave: Futsal, Sistemas Ofensivos, Incidência de Gols, Tática

ABSTRACT

Analysis of the goals of Fifa World Cup of Futsal in 2008

Introduction: The Futsal is characterized by performing of tasks of attack and defense from the players that view to coordinate actions in order to recover, maintain, develop and create final situations with the objective of scoring a goal. Objective: The present study analyzed the goals that had occurred in the Fifa World Cup of Futsal in 2008. Quantify the tactical actions and verify from which place of the field occurred the goals. Materials and Methods: This sample was composed by 9 games from Fifas World Cup Futsal in 2008, in the cities of Brasília and Rio de Janeiro, between September 30th and October 19th , 2008. Results: We can realize that the most of the goals occurred from fast attacks and counterattacks that together represent 64.10 %. We can associate this dominance in the goals that were the results of the counterattacks being 38.46%. Discussion: Considering that the defenses tend to adopt a defensive style more active with the objective to recover fast the possession of the ball, the game gains in speed. Conclusion: We can find that the goals occur through the use of all offensive actions, being the counterattack and the fast attacks the most efficient ways to get the objective in the game, the goal. Being important to reinforce the defensive play in central area, where the incidence of the goals is larger.

Key Words: Futsal, Offensive Systems, Goals Incidence, Tactical

1 - Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento.

2 - Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício.

E-mail: [email protected] Trinta e Dois, nº 59 Morada do Vale – Volta Redonda – Rio de Janeiro.27165-000.

34 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

INTRODUÇÃO

O Futsal, antes conhecido como Futebol de salão, se caracteriza por um confronto entre duas equipes, cujo comportamento é condicionado pelo cumprimento das regras do desporto. Onde os jogadores realizam tarefas de sinal contrário (ataque versus defesa) alicerçadas em relações de oposição versus cooperação (Garganta, 2002). Em face de situação de oposição dos adversários, os jogadores da mesma equipe devem coordenar as ações com a finalidade de recuperar, conservar e fazer progredir a bola, tendo como objetivo criar situações de finalizações e marcar o gol (Garganta, 2006). A partir do momento que a equipe recupera a posse de bola, ela ataca, assim podemos dizer que ela dá início ao processo ofensivo (Oliveira, 2008), ou seja, todas as ações realizadas pelos jogadores pertencentes à equipe que detém a posse da bola; e que ocorrem com base em cascatas de objetivos, hierarquizados em função da finalidade do jogo, o gol (Garganta, 1997). Podemos considerar três métodos de jogo o ofensivo: ataque posicional, contra-ataque e ataque rápido (Garganta, 1997). Ataque Posicional (AP) é uma forma de ataque em que a fase de construção se revela mais demorada e elaborada e na qual a transição defesa-ataque se processa com predominância dos passes curtos, des-marcações de apoio e coberturas ofensivas. Contra-Ataque (CA) é uma ação tática que consiste em, logo após ter conquistado a bola no meio campo defensivo próprio, procurar chegar o mais rapidamente possível a baliza adversária, sem que o oponente tenha tempo para se organizar defensivamente. Ataque Rápido (AR) a diferença entre este método e o contra-ataque reside no fato de que enquanto no primeiro se assegura as condições mais favoráveis para preparar a fase de finalização antes da defesa contrária se organizar, no ataque rápido a fase de finalização é preparada já com a defesa adversária organizada. Em meio à década de noventa, com as alterações nas regras do Futsal, podemos perceber a inclusão de mais uma situação de ataque utilizada pelas equipes: O Goleiro Linha (GO); O goleiro que antes se limitava apenas a impedir o gol adversário passa a ser utilizado com participação efetiva no ataque (Reis, Almeida e Navarro, 2009). Goleiro Linha (GL) é quando a equipe utiliza-se do goleiro, fora de sua área de meta, trocando passes com os jogadores de linha com o objetivo de obter superioridade numérica sobre o adversário para concluir ao gol através do goleiro ou para que execute um passe a um companheiro desmarcado (Reis, Almeida e Navarro, 2009). O desenvolvimento da ação do jogo nos esportes de equipe, influem muito significativamente,

além das capacidades físicas, saber o tempo médio em que ocorrem essas ações (Velásquez, 2000). Pois, informações recolhidas a partir da análise do comportamento dos atletas em contextos naturais (treino e competição) é atualmente considerada uma das variáveis que mais afetam a eficácia da ação desportiva (Garganta, 2001). Com isso, a análise tática vem ganhando uma importância especial, na base para elaboração do planejamento tático, a fim de melhorar o entendimento das equipes, jogadores e situações do jogo. Mas ainda, a grande maioria das pesquisas no Brasil estão ligadas ao desenvolvimento das capacidades físicas, pouco se pesquisa em relação ao funcionamento, desequilíbrio, equilíbrio e características táticas de equipes e partidas (Leitão, 2004). Desta forma, o objetivo do presente estudo é analisar os gols ocorridos em jogos da Copa do Mundo de Futsal FIFA de 2008; quantificar as ações táticas e verificar de qual local da quadra vem a ocorrer os gols.

MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra foi composta por 9 jogos da Copa do Mundo de Futsal FIFA 2008, realizada nas cidades de Brasília e Rio de Janeiro, entre os dias 30 de setembro e 19 de outubro de 2008. As partidas foram gravadas em DVD’s, transmitidas pelo canal SPORTV – 39, para posterior análise. Foi utilizado método de observação direta extensiva, mediante o formulário. Nos seguintes jogos: Espanha X Paraguai, Brasil X Rússia, Espanha X Itália, Brasil X Itália, Brasil X Irã, Espanha X Rússia, Argentina X Ucrânia, Espanha X República Tcheca e Brasil X Espanha. Procedimentos para análise das ações de ataque foi elaborado uma tabela no programa Excel, Windows XP; Onde as ações realizadas no processo ofensivo eram registradas; Numero de passes utilizados no ataque para se chegar ao gol, tipo de passe (largura ou profundidade), local onde se iniciou o ataque, posicionamento da defesa, ritmo imposto pelo ataque, momentos em que o goleiro era utilizado fora de sua área de meta e o tempo de duração do ataque que resultou em gol. E assim, caracterizado a ação tática conforme Garganta (1997). Contra-Ataque (CA), caracteriza-se: 1) a bola é conquistada no meio campo defensivo e a equipe adversária apresenta-se avançada no terreno de jogo e desequilibrada defensivamente; 2) Utilizam-se, sobretudo passes longos e para frente. A circulação da bola é realizada mais em profundidade do que em largura, com desmarcações de ruptura; 3) Passes em número reduzido (igual ou inferior a 5); 4) Rápida transição da zona de conquista da bola para a zona de finalização; baixo tempo de realização do ataque, em regra, igual ou inferior a 12”; 5) Ritmo de jogo elevado (elevada velocidade de circulação da bola e dos jogadores). Ataque Rápido (AR), características: 1) a bola

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 33-37.

35Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

é conquistada no meio campo defensivo ou ofensivo e a equipe adversária apresenta-se equilibrada defensivamente; 2) A circulação da bola é realizada em profundidade e em largura, com passes rápidos, curtos e longos alternados, e desmarcações de ruptura; 3) 7 é o número máximo de passes realizados; 4) Tempo de realização do ataque não ultrapassa, em regra, os 18”; 5) Ritmo de jogo elevado (elevada velocidade de circulação da bola e dos jogadores) Ataque Posicional (AP), Características: 1) a bola é conquistada no meio campo defensivo ou ofensivo e a equipe adversária apresenta-se equilibrada defen-sivamente; 2) A circulação da bola é realizada mais e largura do que em profundidade, com passes curtos e des-marcações de apoio; 3) realiza-se acima de 7

passes; 3)Tempo de realização do ataque elevado (superior a 18”) Goleiro Linha (GL) é quando a equipe utiliza-se do goleiro, fora de sua área de meta, para concluir ao gol através do goleiro ou para que execute um passe a um companheiro desmarcado (Ganef e colaboradores 2009). Para análise do local da quadra que ocorreram os gols, utilizou-se a planilha de scout elaborada por Vilhena e colaboradores, e utilizada por Pessoa e colaboradores em (2009), demonstrada na figura 1 abaixo. Para tratamento estatístico utilizou-se a freqüência absoluta, percentual e média.

RESULTADOS

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 33-37.

Tabela 1 - Incidência das ações táticas que resultaram em gols (9 jogos)

Ação ofensiva Gols marcados Percentual MédiaAtaque posicional 4 10.25% 0.44

Ataque Rápido 10 25.64% 1.11Contra Ataque 15 38.46% 1.66Goleiro Linha 3 7.69% 0.33Bola Parada 7 17.94% 0.77Total de gols 39 100% 4.33

Tabela 2 - Quantidade de gols nos setores da quadra (9 jogos)Setores de finalização Gols Percentual Setores de finalização Gols Percentual

1 5 12.82% 6 1 2.56%2 17 43.58% 7 0 0%3 2 5.12% 8 0 0%4 2 5.12% 9 0 0%5 10 25.64% 10 3 7.69%

DISCUSSÃO

A Tabela 1 nos apresenta os valores médios e percentuais da incidência das ações ofensivas das equipes nos jogos analisados, podemos perceber que a maior parte dos gols aconteceram de ataque rápido e contra ataque; Podemos associar essa dominância de 38.46% de gols resultantes de contra ataque, devido a boa ação defensiva das equipes, que ora por interceptação de passe, ora de desarme, tem adotado um sistema de defesa ativo, que influencia na obtenção dos contra ataque. O ataque rápido, nos jogos observados, também demonstrou grande eficiência, onde 25.64% dos gols saíram dessa forma; Considerando que as defesas tendem a adotar um estilo defensivo mais ativo, com objetivo de recuperar rapidamente a posse de bola, o jogo ganha em velocidade e o ataque tenta superar a defesa com movimentações mais rápidas, tabelas de 1-2, des-marcações, com ritmo elevado no ataque e

com passes rápidos. Dando ao desporto características de velocidade e dinamismo, exigindo do atleta uma alta demanda cognitiva (capacidades de processamento de informações, percepção, memória, tomada de decisão, criatividade) em relação ao seu comportamento tático nos jogos e treinos, pois esses processos de decisão dinâmicos dificilmente são reproduzíveis, já que as situações que ocorrem nos jogos e treinos têm todo um contexto situacional específico (Pessoa e colaboradores, 2009). Outra ação tática, a bola parada, também deve ser enfatizada em treino e jogos, devido a sua relação com a ocorrência de gols nos jogos analisados, foram 17.94%. Nas situações de ataque X defesa, característicos do Futsal, No jogo ocorrem situações em que o ataque não encontra caminhos para superar a forte marcação adversária; que desarma bem, intercepta os passes, fecha os espaços e anula todas as ações ofensivas da equipe; Ocorrerão então, situações de tiro livre, lateral e tiro de canto com recursos estratégicos que poderão

36

ocasionar o gol. Os valores encontrados nas ações ofensivas de ataque posicional e goleiro linha se demonstraram nesses jogos em um percentual inferior as outras formas de ataque, mas também devem ser treinadas. Devido a velocidade empregada ao jogo, muita das vezes, o retorno da marcação é tão rápido, e se caracteriza de forma passiva, que não possibilita ao ataque jogar em velocidade ou muito menos que ocorram jogadas de contra ataque; assim, o ataque terá que conservar a posse de bola, circular a bola mais na largura e criar movimentações ofensivas, que abram a defesa adversária. Quando não se chega ao objetivo proposto com a forma de ataque posicional, muitas equipes procuram criar superioridade numérica utilizando o goleiro linha, que quando colocado em ação pode alterar o andamento da partida (Ganef e colaboradores, 2009). A tabela 2 nos mostra o local onde aconteceram os gols; podemos ver que os quadrantes mais próximos da meta são os que apresentaram o maior percentual, principalmente os centralizados (2 e 5), sendo que o quadrante numero 2 é o de maior incidência, 43.58%; Dados semelhantes ao encontrado em jogos da Liga Futsal de 2008 (Pessoa e colaboradores, 2009). Estes dados nos mostram que a parte do corredor central da quadra, mais próximo do gol, oferece o maior risco à meta atacada e os quadrantes mais afastados tiveram menos percentuais de gol.

CONCLUSÃO

Com base nos dados coletados, podemos constatar que ocorrem gols através da utilização de todas as ações ofensivas, com isso todas devem ser treinadas. Mas a pesquisa nos mostra que o Futsal possui características de dinamismo e velocidade, que podem melhorar o nosso entendimento das variações ocorridas no jogo; sendo o contra ataque e o ataque rápido as formas mais eficientes de se chegar ao objetivo do jogo, o gol; mas, nem sempre poderão ser utilizado, ficando nossa decisão de como agir sob análise das ações de nossos oponentes; E que, as jogadas de bola parada e a utilização do goleiro linha são estratégias que podem surpreender o adversário e mudar o resultado da partida. Torna-se importante adotar um estilo de marcação mais ativo reforçar a marcação nos setores mais centrais, induzindo o jogo do adversário para que as finalizações ocorram nas laterais, onde a incidência de gols é bem menor.

REFERÊNCIAS

1- Ganef, E.; Reis, F. P. C.; Almeida, E. S.; Navarro, A. C. Influência do Goleiro-Linha no Resultado do jodo de Futsal. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 1. Num. 3. p. 186-192. 2009.

2- Garganta, J. A análise da performance nos jogos desportivos: Revisão acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto. Porto. Vol. 1. Num. 1. p. 57-64. 2001.

3- Garganta, J. O treino da táctica e da técnica nos jogos desportivos à luz do compromisso cognição-acção. In Esporte e Actividade Física. Interacção entre rendimento e saúde. São Paulo. Editora Malone. p. 281-306. 2002.

4- Garganta, J. Fundar os conceitos de estratégias e tática nos jogos desportivos colectivos, para promover uma eficácia superior. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo. Vol. 20. Num. 5. p. 201-203. 2006.

5- Garganta, J. Modelação táctica de jogo de Futebol: Estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento. Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. Dissertação de Doutorado. Porto. 1997.

6- Leitão, R. A. A.; Moraes, A. C. Análise qualitativas e quantitativas para verificação e modulação de padrões e sistemas complexos de jogo. Dissertação de Mestrado em Ciências do Desporto - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas. 2004.

7- Oliveira, P. R. A.; Garganta, J. Amplitude e Profundidade dos Sistemas de jogo em Futsal. Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. Porto. 2008.

8- Pessoa, V. L.; Silva, V. B. B.; Matias, C. J. A. S.; Greco, P. J. Análise dos gols da Liga Futsal 2008. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. Disponível em http://www.efdeportes.com.

9- Velásquez, A. C.; Ortega, J. P. Estúdio Praxiológico em el Fútbol de Alta Competción. Facultad de Ciências del Deporte. Universidad de Extremadura. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd20a/praxfut.htm. 2000.

Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 33-36.

37Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 37-41.

COMPARAÇÃO DO PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ATLETAS E NÃO ATLETAS DE FUTSAL ADOLESCENTES DE ESCOLAS NO RIO GRANDE DO SUL E PARANÁ

Daltro Castilhos Rodrigues1,2,Vinicius Cordeiro de Paula1,3,

Rafaela Liberali1,Roberto Almeida1

RESUMO

O objetivo do estudo foi comparar o perfil antropométrico de atleta e não atleta, adolescente sub 15 de escola particular do estado do Rio Grande do Sul e de escola pública do estado do Paraná. A pesquisa foi de ordem descritiva. A amostra foi do Grupo 1= 50 Alunos entre 13 e 15 anos de idade e do Grupo 2= 50. Neste trabalho foram avaliados o peso, a estatura, o índice de massa corporal (IMC) e o perfil social (poder aquisitivo, econômico e residência). Neste método foram utilizados, para cálculos dos índices antropométricos o programa de uma balança com a marca Filizolla, com precisão de 0,1Kg, e a estatura determinada em um estadiômetro de metal, com precisão de 0,1cm, de acordo com os procedimentos descritos por Gordon e colaboradores. Os resultados obtidos foram: no item antropométrico apresentou nenhuma diferença estatisticamente significativa entre o grupo atleta e não atleta, sendo um grupo homogêneo em relação a composição corporal. No aspecto renda familiar contatou-se que os grupos estão quase todos dentro da classe social média, com diferença na questão da escolaridade, mostrando-se heterogêneo, com a maioria cursando o 1º. Grau. Portanto conclui-se nesta pesquisa sobre atletas e não atletas sub 15, que estes padrões não interferem na performance dessa modalidade, tão somente alunos atletas levarão vantagem sobre alunos não atletas, por usufruírem condicionamento físico, técnica, cognição, desempenho motor e de um ambiente melhor para desempenhar o futsal.

Palavras-chave: Escola, Atleta, Obesidade, Sedentarismo, Atividade Física.

ABSTRACT

Comparison of the anthropometric profile from teenagers who are athletes and teenagers who are

not athletes in schools from Rio Grande do Sul and Paraná

The goal of this study was to compare the anthropometric profile of the teenagers sub 15 who are athletes and teenagers who are not athletes, from private school of state Rio Grande do Sul and public school of the state Paraná. The research was descriptive. The sample was group 1 = 50 students between 13 and 15 years old, from private school in Caxias do Sul city and group 2 = 50 students between 13 and 15 years old, from public school in Paranaguá city. In this study, it was evaluated the weight, the height and the (IMC) and the social profile (money and home). In this method it was used to make the calculations of the anthropometric index the program from a balance, trade Fizolla, with the accuracy of 0, 1 cm according to Gordon et al’s conduct. Our report is about incidence from the teenagers obesity nowadays, about the sedentary life, the effect from the pysical activities, from the illness related to the obesity, and programs connected to the practice of sports. We can conclude that the athletes from Futsal of public school are more advanced, better prepared and their physical aspect is better according to IMC, compared to teenagers who are not athletes from the private school, although they have better conditions of life, they are not able to use this opportunity, because their poor eating habits, and their low index in practice of physical activities.

Key Words: School, Athlete, Obesity, Sedentary Life, Physical Activity.

1 - Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento

2 - Graduação em Licenciatura Plena em Educação Física - UCS Caxias do Sul RS - Pós-Graduado em Educação Física Escolar da Universidade Gama Filho

3 - Graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná

Email: [email protected]

Av. Júlio de Castilhos, 77 apto: 02 Bairro: Lourdes - Caxias do Sul - RS

INTRODUÇÃO

Na década de 30, onde as peladas de várzea começaram a ser adaptadas as quadras de basquetebol e pequenos salões, surgiram à prática de Futebol de Salão. As primeiras regras introduzidas foram fundamentadas no futebol, basquete, handebol e pólo aquático pelo professor Juan Carlos Ceriani da ACM de Montevidéu, com o objetivo de ordenar a prática do futebol de salão nas aulas regulares de educação física (Lucena, 2001). Outra corrente defende o surgimento do futsal no Brasil por volta do final do ano de 1930, através de um grupo de jovens paulistas que praticavam a modalidade a título de recreação. Na revista de educação física, nº 6, edição de setembro de 1936, liderada por Luiz Gonzaga Fernandes, não reconhece as regras do professor Juan Carlos Ceriani e afirma o futebol de salão ser um esporte brasileiro, onde foram publicadas as primeiras regras, através de um trabalho de Roger Grain. Se foi no Brasil ou no Uruguai, isso agora pouco importa, pois o futsal que foi denominado no início do ano de 1990 com a evolução de suas regras, cresce a cada dia tornando um esporte tão fascinante. O Futsal surgiu oficialmente no início da década de 90, por meio da fusão entre o futebol de salão, praticado principalmente na América do Sul, com o futebol de cinco, praticado na Europa. Desde então, o número de praticantes de futsal tem aumentado rapidamente em todo mundo. Segundo dados da FIFA, existem atualmente quase dois milhões de atletas de futsal (1,7 milhão de homens e 175 mil mulheres) registrados oficialmente e participantes regulares de competições em todo o mundo (Fonseca, 1997). O Futsal, por ser um esporte coletivo é considerado um jogo situacional, pois o contexto onde ele é praticado modifica-se a cada momento. Sendo assim, a ação do praticante individual e coletiva, a tomada de decisões, as situações de desmarcação, o auxílio da marcação para obter uma melhor ação frente ao adversário, na realização tática e técnica do jogo, como na realização de passe, nas posições de quadra, na defesa e no ataque do goleiro, no chute, na condução de bola, no domínio, no drible, no cabeceio e nos outros gestos técnicos, onde para obter êxito neste esporte, faz-se com que esta modalidade desenvolva muita criatividade, aprofundamento e crescimento por parte dos praticantes e estudiosos do no nosso planeta. Contudo, suas características do jogo, estão relacionadas desta seguinte forma: * Físico-Corporais, onde estão às qualidades físicas, resistências, velocidade, força, agilidade e outras; *Sócio-afetivas as que integram os aspectos do relacionamento e convivência com o grupo; *Motoras, onde nestas são os aspectos de noção de tempo, de ritmo, de coordenação e de espaço; e as * Éticas, que estão no cumprimento das regras e no respeito aos companheiros, nos adversários e nas determinações dos árbitros (Fonseca e Amâncio, 2002).

38 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 37-41.

De acordo com Bello Junior (1998), “as posições ocupadas pelos jogadores (goleiros, fixo, alas, pivô) são apenas representações teóricas, pois o rodízio constante obriga a passagem em todas as funções na quadra”, representando assim um perfil físico semelhante entre as posições, porém coube a esta análise formatar um perfil característico das posições o qual relacionando se há diferenças de perfil com base em testes de força, flexibilidade, resistência e precisão entre os jogadores das posições no futsal. Na categoria Sub 15, conforme as características antropométricas e de desempenho motor de atletas de futsal, conclui-se que atletas jovens de futsal podem ser enquadrados dentro do perfil normal da população de mesma idade, tanto para as características antropométricas quanto de desempenho motor, onde os praticantes de futsal necessitam fundamentalmente de endurance, velocidade, resistência muscular localizada e potência muscular além de agilidade, flexibilidade, coordenação, ritmo e o equilíbrio. Na maioria das modalidades desportivas, a etapa de especialização inicial coincide com o período de puberdade, condicionada pelo desenvolvimento impetuoso do organismo. Nesta altura, o organismo em crescimento do jovem atleta experimenta uma grande carga biológica além da de treino. Por conseguinte, os parâmetros das influências de treino têm que ser rigorosamente de desenvolvimento do organismo dos adolescentes, ou seja, a individualidade biológica deve ser respeitada mesmo que os níveis de perfil físico sejam semelhantes. Já no perfil do Atleta o controle da composição corporal, principalmente no que se refere a composição de gordura, melhora o desempenho dos jogadores durante as partidas de futsal, principalmente na categoria infantil (13-14 anos de idade), faixa etária em que ocorre o estirão do crescimento onde estão as maiores diferenças de estatura e peso corporal. Em modalidades coletivas, como o Futsal, o conhecimento sobre a composição corporal, bem como sobre os aspectos neuromotores, tem-se revelado imprescindível para a caracterização das exigências específicas desse esporte. Diversos estudos têm demonstrado que, dentre as variáveis que podem ser avaliadas antropometricamente, as mais relevantes para o desempenho atlético na maioria dos esportes são a estatura e a composição corporal. No futsal, os menores valores de gordura corporal podem favorecer o rendimento máximo, visto que a movimentação durante as partidas é extremamente intensa, com alta exigência energética. Assim, a massa corporal excedente, provocada pelo maior acúmulo de tecido adiposo, denominada de massa corporal inativa, acarretará maior dispêndio energético, dificultando sobremaneira o processo de recuperação pós-esforço. A resistência muscular, a força/potência de membros inferiores, a agilidade e a flexibilidade são capacidades físicas consideradas

39Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 37-41.

essenciais para a prática do futsal. Em estudo realizado por Molinuevo e Ortega (1989), Santos, Giarolla e Figueira (1991), encontraram resultados considerados expressivos em testes motores que envolviam indicadores de força/potência de membros inferiores, força/resistência abdominal e agilidade, em estudos sobre o perfil de aptidão física geral de atletas de futsal espanhóis e brasileiros. O desenvolvimento da flexibilidade na musculatura lombar e posterior da coxa também tem pouca relação com os treinamentos empregados no futsal. Vale ressaltar que apesar disso a falta de treinamento específico do componente flexibilidade pode acarretar prejuízos para a parte técnica de atletas, limitando o potencial de diversos movimentos, além de expor esses indivíduos a um maior número de lesões. O objetivo geral do estudo é comparar o perfil antropométrico de atletas e não atletas de futsal, do sexo masculino, com idade entre 13 a 15 anos, do Rio grande do Sul e Paraná.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Segundo Liberali (2008), pesquisa descritiva “é aquela que levanta dados da realidade sem nela interferir”. A população do estudo corresponde a n= 500 alunos atletas de futsal do sexo masculino. Destes foram selecionados uma amostra de n= 100, divididos em dois grupos (G1 n= 50 não atletas e G2 n = 50 atletas) por atender os seguintes critérios de inclusão: idade entre 13 e 15 anos, praticantes regulares de escolinhas de futsal e alunos de escola publicas que não fazem treinamento de nenhuma modalidade esportiva, o responsável e o adolescente leram e assinaram o formulário de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação na pesquisa, conforme preconiza a resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996. As instituições pesquisadas são duas escolas: Uma escola particular (Caxias do Sul - RS) e outra escola estadual (Paranaguá - Pr). Os Diretores destas escolas autorizaram a pesquisa mediante a assinatura de uma declaração. O instrumento de coleta de dados foi planilha de cálculos e questionários sobre informações pessoais. A estatura e peso depois de medidos foram lançados os dados na planilha e questionários a serem respondidas sob o consentimento por escrito dos pais. Para a caracterização das medidas e avaliações do peso e da altura, os atletas se dispuseram descalços e com calções e camisas esportivas bem leves, onde a medida de massa corporal foi expressa em quilos, realizada a medição em balança mecânica (Filizola) e a estatura expressa em metros com uso de estadiômetro da própria balança. Com base nesses dados numa planilha de cálculos foi obtido o resultado do Índice de

Massa Corporal (IMC). As variáveis mensuradas foram: peso, altura e IMC, perfil social (poder aquisitivo, escolaridade). A análise dos dados foi através da estatística descritiva. O teste “t” de Student para amostras independentes para verificar a diferença entre os grupos. Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste x2 = qui - quadrado de independência: partição: l x c. O nível de significância adotado foi p <0,05.

RESULTADOS

Participaram do estudo n= 100 atletas de futebol e futsal, divididos em dois grupos (GI n= 62 não atletas e GII n = 38 atletas) com idade entre 13 e 15 anos. A tabela 1 apresenta o perfil da amostra. Observa-se na tabela 1, que a maioria do grupo de atletas (89,5%) e do grupo de não atletas (69,3%) está cursando o 1º grau incompleto. E o grupo

Tabela 1 - Valores do perfil da amostra - Teste do qui-quadrado de independência – partição l x c

X2 = P≤0,05 (** resultados estatisticamente significativos)

AtletasFA (FR)

Não AtletasFA (FR)

TotalFA (FR)

Escolaridade1º grau 34 (89,5%) 43 (69,3%) 77(77%)2º grau 04 (10,5%) 19 (30,7%) 23 (23%)RendaBaixa

(ate 2 SM)02

(5,26%)02

(3,22%)04

(04%)Média

(de 2 a 7 SM)27

(71,05%)41

(66,13%)68

(68%)Alta

(+ de 7 SM)09

(23,69%)19

(30,65%)28

(28%)

de atletas (71,05%) e no grupo de não atletas (66,13%) classifica-se como renda média. O teste de qui-quadrado de independência partição l x c, não demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (atletas x não atletas) na variável: renda (x2=1,66 e p = 0,46). Mas demonstrou diferenças estatisticamente significativas na variável escolaridade (x2=12,67 e p = 0,04). Isso aponta que o grupo é homogêneo quanto à renda mensal, mas são heterogêneos na escolaridade. Observa-se na tabela 2, que nenhuma variável antropométrica apresentou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (atletas x não atletas), demonstrando um grupo muito homogêneo em relação à composição corporal. Observa-se no gráfico 1, que tanto no grupo de atletas (84,2%) quanto no de não atletas (71,0%) a maioria encontra-se classificado como normais, que corresponde a um IMC entre 17,1 a 24,7 kg/ m². O teste de qui-quadrado de independência partição l x

40 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

c, não demonstrou diferenças estatisticamente significa-tivas entre os grupos (atletas x não atletas) na variável

IMC (x2=14,15 e p = 0,14), relatando assim grupos em homogêneos em relação a composição corporal.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 37-41.

Tabela 2 - Valores do perfil da amostra - Teste do qui-quadrado de independência - partição l x c

p ≤0,05 (** resultados estatisticamente significativos)

Variavéis x ± s Maximo Mínimo p

PesoAtleta 53,09 ± 11,18 96,3 26

Não-Atleta 56,79 ± 13,79 78,4 34 0,19Total 55,39 ± 12,65 96,3 54,4

AlturaAtleta 1,62 ± 11,19 1,85 1,40

Não-Atleta 1,64 ± 11,00 1,90 1,40 0,29Total 1,63 ± 11,08 1,90 1,40

IMCAtleta 20,03 ± 2,68 28,8 14

Não-Atleta 20,74 ± 3,76 34,2 13,3 0,25Total 20,46 ± 3,4 34,2 13,3

Gráfico 1 - Valores percentuais (%) do IMC, seguindo a classificação da OMS para a adolescência - Teste do qui-quadrado de independência – partição l x c

DISCUSSÃO

O peso, a altura e o IMC são variáveis que determinam a composição corporal, que interfere no desempenho do atleta. No presente estudo os atletas mostram valores de peso, altura e IMC compatíveis com a literatura e com diversos estudos. Antropometricamente os atletas 84,2% e não atletas 71% classificaram-se como padrões normais de IMC, sendo um grupo homogêneo em relação a composição corporal. Observa-se que o IMC não interfere na performance desta modalidade. Outro elemento decisivo na performance desportiva será à tática e o domínio da técnica específica da modalidade.

Da mesma forma a performance no futebol depende de fatores fisiológicos, técnicos e táticos tornando a sua pratica altamente complexa e multifatorial. Os resultados da pesquisa descrit iva antropométrica dos 100 alunos, atletas = 38 e não atletas = 62 foram: dentro de sua escolaridade, estes grupos estão 77% no 1º. Grau e 23% o 2º. Grau, sendo considerado heterogêneo e diferenciado neste aspecto. No fator de sua classe social, os grupos ficaram em 4% na classe baixa, 28% na classe alta e 68% na predominante classe média. Por fim antropometricamente os atletas 84,2% e não atletas 71% classificaram-se como padrões normais de IMC, sendo um grupo homogêneo em relação à composição corporal.

41Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

CONCLUSÃO

Portanto conclui-se que esta pesquisa dos atletas e não atletas sub 15, nestes padrões, não interferem na performance desta modalidade, apenas os alunos atletas vão levar uma vantagem sobre os alunos não atletas, por usufruir condições diferenciados nos aspectos físicos, técnicos e cognitivos. O profissional de educação física deve estar atento na avaliação desta faixa etária, pois é um período de muitas transformações no desenvolvimento, para que conseqüências futuras não interfiram negativamente no processo de profissionalização nas categorias subsequentes.

REFERÊNCIAS

1- Bello Junior, N. A ciência do esporte aplicada ao futsal. Rio de Janeiro. Sprint. 1998.

2- Fonseca, G.; Amâncio, M. Jogos de futsal da aprendizagem ao treinamento. Caxias do Sul - UCS. 2002.

3- Fonseca, G. M. Futsal metodologia de ensino, Caxias do Sul - UCS, 1997.

4- Liberali, R. Metodologia Científica Prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. Florianópolis. 2008.

5- Lucena, R. Futsal e iniciação. Rio de Janeiro. 5ª edi-ção. 2001.

6- Molinuevo, J.S.; Ortega, A.M. Perfil morfofuncional de un equipo de futbol-sala. In: Anais do I Congresso Internacional sobre Ciencia Y Tecnica Del Fúttboll. Madrid. p.217-224. 1989.

7- Santos, A.F.; Giarolla, R.A.; Figueira Junior, A.J. Perfil de aptidão física de jogadores de futebol de salão. In: Anais da 2ª Bienal de Ciências do Esporte. São Paulo. p. 21. 1991.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 37-41.

ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE GOLS NO CAMPEONATO PAULISTA 2009: SÉRIE A1, A2 e A3

Diego Ide Mascara1,2,Leandro Calicchio1,

João Guilherme Cren Chimina2,Antonio Coppi Navarro1,3

RESUMO

Introdução: No futebol de alto nível, cada detalhe pode representar o êxito ou o fracasso de uma equipe. O gol é o principal objetivo desta modalidade esportiva e o seu momento mais marcante. Objetivo: Analisar a incidência de gols, em períodos pré-definidos de 15 minutos de jogo, do Campeonato Paulista de Futebol 2009 - Série A1, A2 e A3 e ao longo das rodadas das competições. Materiais e Métodos: O estudo se caracteriza como observacional descritivo analítico. Os dados foram coletado eletronicamente direto da súmula das partidas. Foram analisadas 634 partidas sendo 202 partidas para Séria A1, 216 partidas para a Série A2 e 216 partidas para a Série A3. Resultados: Foram marcados 584 gols na Série A1, 577 gols na a Série A2 e 640 gols na a Série A3, totalizando 1801 gols nos campeonatos. Na Séria A1 256 (43,82%) no primeiro tempo versus 328 (56,18%) no segundo tempo, na Série A2 253 (43,83%) no primeiro tempo contra 324 (56,17%) no segundo tempo e na Série A3 266 (41,55%) no primeiro tempo versus 374 (58,45%) no segundo tempo. Houve maior incidência de gols nos 15 minutos finais das partidas nas três divisões. Na Série A1 122 (20,89%), na Série A2 131 (22,70%) e na Série A3 (22,03%). Conclusão: Com isso, conclui-se que nas três divisões existe uma maior quantidade de gols convertidos no segundo tempo. A maior incidência de gols ocorreu nos 15 minutos finais das partidas nas três divisões.

Palavras-chave: Futebol, Gols, Campeonato Paulista, Divisões.

ABSTRACT

Analysis of the incidence of gols in the championship of sao paulo 2009 - series A1, A2

and A3

Introduction: In the football of high level, each detail can represent the result or the failure of a team. The goal is the principal objective of this sporting kind and his most outstanding moment. Objective: To analyse the incidence of gols, in periods definite-daily pay of 15 minutes of play, of the Championship Of Sao Paulo of Football 2009 - Series A1, A2 and A3 and along the rounds of the competitions. Materials and Methods: The study is characterized how observacional descriptively analytically. The data were collected electronically straightly of the summula of the departures. 634 departures were analysed being 202 departures for Serious A1, 216 departures for the Series A2 and 216 departures for the Series A3. Results: 584 were marked gols in the Series A1, 577 gols in the Series A2 and 640 gols in the Series A3, when 1801 are totalizing gols in the championships. In the Serious one A1 256 (43,82 %) in the first half versus 328 (56,18 %) in the second half, in the Series A2 253 (43,83 %) in the first half against 324 (56,17 %) in the second half and in the Series A3 266 (41,55 %) in the first half versus 374 (58,45 %) in the second half. There was bigger incidence of gols in 15 final minutes of the departures in three divisions. In the Series A1 122 (20,89 %), in the Series A2 131 (22,70 %) and in the Series A3 (22,03 %). Conclusion: With that, it is ended that in three divisions there is a bigger quantity of gols in the second half. The biggest incidence of gols took place in 15 final minutes of the departures in three divisions.

Key Words: Football, Gols, Championship of Sao Paulo, Divisions.

1 - Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu em Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e Metodologia de Treinamento da Universidade Gama Filho – UGF

2 - Grupo de Estudo e Pesquisa em Futebol e Futsal - GEPEFF - Veris Educacional - Metrocamp.

3 - Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício.

E-mail: [email protected]

Rua Cristovão Bonini, 1118Jd. Proença - Campinas - São Paulo.13100-414.

42 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 42-46.

43Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 42-46.

INTRODUÇÃO

No futebol de alto nível, cada detalhe pode representar o êxito ou o fracasso de uma equipe (Leitão e colaboradores, 2003). O futebol é um esporte extremamente complexo, pois necessita de perfeita interligação entre os aspectos físicos, técnicos, táticos, psicológicos que geram componentes fundamentais do atleta (Gomes e Souza, 2008; Barros Neto e Guerra, 2004) e os fatores nutricionais também devem ser considerados para minimização dos efeitos da fadiga (Aoki, 2002; Diniz da Silva, 2007). O mesmo exige demandas fisiológicas múltiplas do atleta no envolvimento físico que necessitam apresentar ótimas condições, como coordenação, velocidade, força, flexibilidade e resistência, entre outras (Gomes e Souza, 2008; Barros Neto e Guerra, 2004). O futebol tem predominância do metabolismo aeróbio, apontando um índice de até 88% para essa variável e os 12% restantes são atividades anaeróbias de alta intensidade (Barros Neto e Guerra, 2004; Shepard e Leatt, 1987). A modalidade talvez seja a mais equilibrada do ponto de vista fisiológico, pois depende das variáveis relacionadas ao metabolismo aeróbio, anaeróbio láctico e aláctico. O esporte é caracterizado pela realização de esforços de alta intensidade e curta duração, interposto por períodos de menor intensidade e duração variada, as repetições dessas ações motoras podem ser tanto com ou sem a bola. Dessa maneira a atividade de natureza essencialmente é intermitente e acíclica (Barros Neto e Guerra, 2004). O gol é o principal objetivo desta modalidade esportiva e o seu momento mais marcante. Os gols marcados tornam os jogos atraentes de se assistir e é o fator que pode melhor explicar toda paixão do torcedor por sua equipe e pelo espetáculo em si (Diniz da Silva e Campos Júnior, 2006). Ele reflete o desequilíbrio de um ou vários desses componentes resultantes da preparação da equipe (Leitão e colaboradores, 2003).

Pesquisas revelam que as chances de gol aumentam no decorrer do tempo (Diniz da Silva, 2006). Se torna cada vez mais evidente a utilização de recursos eletrônicos e da informática para diagnosticar o rendimento técnico-tático nos treinos e jogos, e essas informações cientifica podem auxiliar nas avaliações das equipes e dos jogadores (Garganta, 2001). Especialistas das diversas áreas da Ciência do Desporto formadas por técnicos, preparadores físicos, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, procuram encontrar formas para melhorar o rendimento competitivo de suas equipes, para que elas convertam maior quantidade de gols a seu favor e acumulem menos gols contra, para ganhar jogos e atingir seus objetivos e suas metas nos campeonatos, aprimorando os aspectos físicos, técnicos, táticos, psicológicos e nutricionais de seus atletas. O objetivo do presente estudo foi quantificar a incidência de gols, em períodos pré-definidos de 15 minutos de jogo, do Campeonato Paulista de Futebol 2009 - Série A1, A2 e A3 e ao longo das rodadas das competições.

MATERIAIS E MÉTODOS

O e s t u d o c a r a c t e r i z a - s e c o m o observacional, descritivo e analítico. Os dados foram coletado eletronicamente direto da súmula das partidas, junto à Federação Paulista de Futebol. O tempo total de jogo de 90 minutos foi dividido em períodos pré-definidos de 15 minutos. Consideram-se 634 partidas sendo 202 partidas para Séria A1, 216 partidas para a Série A2 e 216 partidas para a Série A3.

RESULTADOS

De modo geral, foram marcados 584 gols na Série A1, o que representa média de 2,89 gols por jogo, 577 gols na a Série A2, média de 2,67 gols por jogo e 640 gols na a Série A3, média de gols por jogo de 2,96, totalizando 1801 gols nos campeonatos.

Absoluta 75 79 102 98 108 122 584Relativa 12,84 13,52 17,46 16,78 18,49 20,89 100

Absoluta 66 84 103 93 100 131 577Relativa 11,43 14,55 17,85 16,11 17,33 22,70 100

Absoluta 65 77 124 117 116 141 640Relativa 10,15 12,03 19,37 18,28 18,12 22,03 100

61-75 76-90 Total de Gols00-15

Série - A3

Periodo

Freqüência

Série - A1

Campeonato Paulista

Série - A2

Tabela 1 – Quantidade de gols convertidos, a cada período de 15 minutos de jogo

16-30 31-45 46-60

44 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Uma pesquisa que analisou a ocorrência de gols no futebol internacional de elite, onde foram analisadas 2902 partidas de oito campeonatos nacionais (Alemão, Argentino, Brasileiro, Espanhol, Francês, Holandês, Inglês e Italiano) da temporada de 2004/2005. Houve maior ocorrência de gols no segundo tempo: 55,83% contra 44,17% no primeiro (Diniz da Silva, 2007). Em análises das Copas do Mundo registra-se também maior número de gols convertidos no segundo tempo. Na Copa do Mundo de 1990, registrou 66,9% de gols feitos no segundo tempo e apenas 29,6% no primeiro (Godik, 1996). Na edição da Copa do Mundo de 2002, evidenciou-se 56,6% de gols convertidos no segundo tempo versus 41,6% no primeiro tempo (Njororai, 2004). Diniz da Silva e Campos Júnior (2006) analisaram Copa do Mundo 2006, e também verificaram que há maior frequência de gols no segundo tempo (53,47% contra 46,53%). Curiosamente, observa-se que, embora a freqüência relativa de gols no segundo tempo seja maior do que no primeiro, aparentemente, com o passar dos anos esta diferença tem diminuído nas Copas do Mundo de Futebol. As pesquisas indicam que, não importa o nível do evento (nacional ou internacional), ou o país no qual ele ocorre (América do Sul e Europa), o número de gols convertidos no segundo tempo de jogo é maior versus o primeiro tempo. O gol é o principal objetivo desse desporto, as equipes de futebol buscam a todo o momento a vitória, que acontece quando uma equipe consegue marcar mais gols que o adversário. O aumento de gols no segundo tempo de jogo pode ser decorrente do desgaste das equipes dos componentes fundamentais do atleta, sejam aspectos físicos, técnicos, táticos, psicológicos e nutricionais, principalmente em atletas do setor defensivo. O desgaste gera uma queda

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 42-46.

Considerando o total, nas três divisões a maioria dos gols aconteceram no segundo tempo de jogo. Na Séria A1 256 (43,82%) no primeiro tempo versus 328 (56,18%) no segundo tempo, na Série A2 253 (43,83%) no primeiro tempo contra 324 (56,17%) no segundo tempo e na Série A3 266 (41,55%) no primeiro tempo versus 374 (58,45%) no segundo tempo. Em relação aos períodos houve maior incidência de gols nos 15 minutos finais das partidas nas três divisões. Na Série A1 122 (20,89%), na Série A2 131 (22,70%) e na Série A3 (22,03%).

DISCUSSÃO

Pesquisas sobre a incidência de gols em partidas de futebol tem sido objeto de diversos estudos (Leitão e colaboradores, 2003; Diniz da Silva, 2007). O conhecimento desta informação pode auxiliar e influenciar o treinamento no processo de preparação e de competição de técnicos, preparadores físicos e jogadores. Informações relevantes foram encontradas neste estudo, que analisou o Campeonato Paulista de Futebol Series A1, A2 e A3. A primeira delas é que o número de gols no segundo tempo é superior ao primeiro 775 (43,03%) aconteceram no primeiro tempo e 1026 (56,96%) no segundo. No mesmo Campeonato Paulista, porém no ano de 2007 – Série A1, 331 (55,04%) dos gols foram marcados no segundo tempo (Mascara e colaboradores, 2007). No ano de 2008 no mesmo campeonato o mesmo fenômeno aconteceu 305 (57,65%) dos gols ocorreram no segundo tempo de jogo (Mascara e colaboradores, 2008b). No Campeonato Brasileiro da primeira divisão de 2001 54,58% dos gols foram convertidos no segundo tempo (Leitão e colaboradores, 2003; Oliveira, 2003).

0

5

10

15

20

25

00-15 16-30 31-45 46-60 61-75 76-90Períodos do jogo em minutos

Qua

ntid

ade

de g

ols

mar

cado

s em

%Série - A1 Série - A2 Série - A3

Gráfico 1 - Relação entre período do jogo e número de gols

45Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

de desempenho, fazendo que os atletas entrem em estado de fadiga. É objetivo da comissão técnica das equipes, procurarem retardar o aparecimento dessa fadiga, para que com isso, possa buscar a vitória nos jogos e marcar um maior número de gols a todo momento. Todos os estudos buscaram também fracionar a partida em períodos de 15 minutos. Nesta investigação, referente ao Campeonato Paulista de 2009 Serie A1, A2 e A3 podemos observar que a maior incidência de gols foram convertidos nos 15 minutos finais dos jogos, quando comparado aos outros períodos. Na edição do Campeonato Paulista 2008 Serie A1, também observou que a maioria dos gols ocorreu nos 15 minutos finais das partidas 23,06% (Mascara e colaboradores, 2008). Na edição do ano de 2007 20,06% dos gols ocorreu nos 15 minutos finais, também sendo o período onde teve maior incidência de gols comparados com os outros períodos (Mascara e colaboradores, 2007). No Campeonato Brasileiro da primeira divisão de 2001 registrou a maior incidência de gols nos 15 minutos finais também, representando 21,68% do total (Leitão e colaboradores, 2003; Oliveira, 2003). Nos oito campeonatos nacionais (Alemão, Argentino, Brasileiro, Espanhol, Francês, Holandês, Inglês e Italiano) da temporada de 2004/2005, registrou-se maior taxa de conversão de gols nos 15 minutos finais de cada tempo do jogo 21,88% (Diniz da Silva, 2007). Nas Copas do Mundo o fenômeno também ocorre, na edição de 2002 a maior incidência de gols ocorreu entre 76 e 90 minutos, representando 19,9% dos gols (Njororai, 2004). Na edição da Alemanha 2006 também houve maior ocorrência de gols entre 76 e 90 minutos, 29,93% (Diniz da Silva e Campos Junior, 2006). Podemos observar que, não importa o nível do evento (nacional ou internacional), ou o país no qual ele ocorre (América do Sul e Europa), a maior incidência de gols ocorre nos 15 minutos finais das partidas comparadas às outras frações de 15 minutos. Com essa informação relevante, faz com que a comissão técnica de cada equipe trabalhe os componentes fundamentais dos atletas, sejam físicos, técnicos, táticos, psicológicos e nutricionais, para que não tenha queda de desempenho e não entrem em estado de fadiga, para que chegue nesse período em condições ideais para marcar gols e também para não tomar gols.

CONCLUSÃO

Conclui-se que nas três divisões existe uma maior quantidade de gols convertidos no segundo tempo. A maior incidência de gols ocorreram nos 15 minutos finais das partidas nas três divisões.

REFERÊNCIAS

1- Aoki, M. S. Fisiologia, Treinamento e Nutrição Aplicados ao Futebol. Jundiaí. Fontoura. 2002.

2- Barros Neto, T. L.; Guerra, I. Ciência do futebol. São Paulo. Manole. 2004.

3- Diniz da Silva, C. Fadiga: evidências nas ocorrências de gols no futebol internacional de elite. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, Año 11. Núm. 97. 2006. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd97/gols.htm - Acesso em 18 Fev. 2009.

4- Diniz da Silva, C.. Gols: uma avaliação no tempo de ocorrência no futebol internacional de elite. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, Año 12. Núm. 112. 2007. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd112/gols-uma-avaliacao-no-tempo-de-ocorrencia-no-futbol.htm - Acesso em 18 Fev. 2009.

5- Diniz da Silva, C.; CAMPOS JÚNIOR, R. M. Análise dos gols ocorridos na 18ª Copa do Mundo de futebol da Alemanha 2006. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires. Año 11. Núm. 101. 2006. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd101/gols.htm - Acesso em 18 Fev. 2009.

6- Garganta, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. Porto. Vol. 1. Num. 1, p. 57–64, 2001

7- Godik, M. A. Futebol – Preparação dos futebolistas de alto nível. Editora Grupo Palestra Sport. 1996.

8- Gomes, A. G.; Souza, J. de. Futebol: treinamento desportivo de alto rendimento. Porto Alegre. Artmed. 2008.

9- Leitão, R. A.; Guerreiro Junior, F. C.; Zago, L.; Moraes, A. C. Análise da incidência de gols por tempo de jogo no campeonato brasileiro de futebol 2001: estudo comparativo entre as primeiras e últimas equipes colocadas da tabela de classificação (2003) Disponível em: http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v1n2/6_analise.pdf - Acesso em 18 de fev. 2009.

10- Mascara, D. I.; Chiminazzo, J. G. C.; Ferreira, R.; Oliveira, L. F.; Leal, K.A.; Silva, C.S. da. Análise da incidência de gols no campeonato paulista 2007. In Anais do XXX Simpósio Internacional de Ciência do Esporte - Mitos e evidências na atividade física e no esporte, 2007. São Paulo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. São Paulo. Celafiscs. Vol. 15. p. 246-246. 2007.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 42-46.

46 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

11- Mascara, D. I.; Chiminazzo, J. G. C.; Ferreira, R.; Tramontina, J.; Del Vecchio, F. B. Análise da incidência de gols no campeonato paulista 2008 – série A1.. In Anais do XXXI Simpósio Internacional de Ciência do Esporte – Da teoria à prática: do fitness ao alto rendimento, 2008, São Paulo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. São Paulo. Celafiscs. Vol. 16. p. 246-246. 2008.

12- Njororai, W. W. S. Analysis of the goals scored in the 17th World Cup Soccer Tournament in South Korea-Japan 2002. African Journal for Physical, Health Education, Recreation and Dance, Vol. 10. Núm. 4, 2004.

13- Oliveira, J. L. Análise das ações ofensivas no campeonato brasileiro de futebol 2001. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires. Año 9. Núm. 65. 2003. Disponível em: http:// www.efdeportes.com/efd65/futebol.htm.

14- Shepard, R. J.; Leatt, P. Carbohydrate and fluid needs of the soccer player. Sports Medicine. Vol. 4. Núm. 3. p. 164-176, 1987.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 42-46.

47Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 47-53.

COMPOSIÇÃO CORPORAL E SOMATOTIPO DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL EM DIFERENTES CATEGORIAS

Rafael Abeche Generosi1,Bruno Manfredini Baroni2,

Ernesto Cesar Pinto Leal Junior3,Marcelo Cardoso4

RESUMO

O presente estudo propõe como objetivos: descrever e comparar o perfil da composição corporal e somatotipo de atletas de futebol agrupados por categorias (Sub-15, Sub-17, Sub-19); e descrever o percentual da freqüência de ocorrência dos atletas, agrupados pelas categorias de análise, nas diferentes classificações do somatotipo propostas pela literatura. Participaram do estudo 99 atletas de futebol do sexo masculino, com faixa etária entre 14 e 19 anos. Para descrever a composição corporal (massa gorda, massa magra e percentual de gordura) foram mensuradas as variáveis de massa corporal total, estatura, dobras cutâneas do tríceps e subescapular. Para o somatotipo (endomorfia, mesomorfia e ectomorfia) foram mensuradas as dobras cutâneas supra-espinhal e perna medial; os diâmetros ósseos do úmero e do fêmur; e as circunferências da perna e do braço em tensão; além das variáveis mencionadas para composição corporal. Todos os dados foram tabulados e tratados nos softwares Microsoft Office (Excel) e SPSS for Windows versão 13.0. Com os resultados encontrados concluiu-se que na massa corporal total, estatura e massa magra, os da categoria sub-15 para a sub-17 e sub-19. No percentual de gordura os atletas tendem a manter os seus valores por volta dos 11% sendo este percentual considerado ótimo para o alto desempenho. Nos componentes de somatotipo dos atletas das categorias sub-17 e sub-19 a classificação meso-ectomorfo teve uma maior ocorrência, ao passo que na categoria sub-15, a ecto-mesomorfia ainda é prevalente.

Palavras-chave: Composição Corporal, Somatotipo, Jovens, Atletas, Futebol.

ABSTRACT

Body composition and somatotype youth football players in different categories

The objectives of present study were: to describe and comparing the body composition and somatotype profile of football athletes grouped by categories (Under-15, Under-17, Under-19); and to describe the percentage of occurrence frequency athletes, grouped by categories, in different classifications of somatotype proposed by literature. The sample was composed by 99 male soccer athletes, with ages between 14 and 19 years old. To describe the body composition (fat mass, thin mass and fat percentage) was measured total corporal mass, stature, triceps and subscapular skinfolds variables. For somatotype (endomorphy, mesomorphy and ectomorphy) was measured supraspinal and medial calf skinfolds; humerus and femur bone breadths; calf and arm tensed girths; beyond the mentioned variables for body composition. All data was tabulated and treated in Microsoft Office Excel and SPSS for Windows 13.0 version. In summary, the results show that total corporal mass, stature and thin mass increase in athletes with the progression of under-15 category to under-17 and under-19 categories. In fat percentage the athletes’ keeps your values in 11% being this percentage considered excellent to high performance. In somatotype components of under-17 and under-19 athletes, the classification meso-ectomorph had more occurrence; and in athletes of under-15 category, the ecto-mesomorphy still it’s prevalent.

Key Words: Body Composition, Somatotype, Youth, Athletes, Football.

1 - Mestrando em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS/Brasil. Bolsista Cnpq.

2 - Mestrando em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS/Brasil. Bolsista CAPES.

3 - Doutorando em Physiotherapy Science pela University of Bergen/Noruega.

4 - Doutor em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto - UP/Portugal. Professor da Escola de Educação Física da UFRGS/Brasil.

INTRODUÇÃO

Para que um atleta tenha a possibilidade de atingir o alto desempenho esportivo, seja em uma modalidade esportiva coletiva ou individual, é necessário que durante o seu processo de formação haja uma preparação específica e planejada, que possibilite uma interação entre diferentes aspectos, dentre eles: os de tamanho, forma e estrutura corporal; os aspectos de funcionalidade e habilidades motoras; aspectos relacionados às aprendizagens de técnica e tática específica da modalidade praticada; aspectos psicomotivacionais; ambientais; culturais e genéticos (Williams e Reilly, 2000; Pain e Harwood, 2007). Sendo que há entre os aspectos culturais, ambientais e genéticos um elevado grau de complexidade (Morín, 2005). Atendendo em parte estes aspectos mencionados, a cineantropometria tem se destacado na l i teratura como uma impor tante área do conhecimento aplicada também no âmbito esportivo com o objetivo de analisar o perfil de atletas de alto rendimento e atletas em processo de formação. Através da cineantropometria é possível descrever uma série de fenômenos relacionados ao tamanho, forma e estrutura corporal, além da função motora dos atletas (Böhme, 2000; Pyne e colaboradores, 2006). Os estudos que utilizaram os métodos cineantropométricos para analisar o tamanho, forma e estrutura corporal de atletas incluíram, em sua grande maioria, a descrição do perfil antropométrico e da composição corporal através de estimativas de percentual de gordura, massa gorda, massa magra, medidas de segmentos ósseos, estatura e envergadura, e circunferências de membros (Böhme, 2000; Matkovic e colaboradores, 2003; Pyne e colaboradores, 2006; Avelar e colaboradores, 2008; Mantovani e colaboradores, 2008). Outros pesquisadores propuseram também a análise do perfil somatotípico dos atletas (Queiroga, Ferreira e Romanzini, 2005; Queiroga e colaboradores, 2008). Outros ainda estudaram como se dão o comportamento e desenvolvimento das habilidades motoras específicas às modalidades praticadas (Seabra, Maia e Garganta, 2001; Dias e colaboradores, 2007; Avelar e colaboradores, 2008). Tratando especificamente a modalidade esportiva futebol de campo, destaca-se na literatura que é muito importante haver um equilíbrio entre as características físicas, habilidades motoras, técnicas, e táticas, capacidade psicológica e motivacional para que um jovem atleta tenha a possibilidade de chegar à “elite”. Se um destes fatores estiver aquém do necessário para o alto desempenho pode-se diminuir e comprometer o sucesso na carreira (Reilly, Bangsbo e Franks, 2000; Arnason e colaboradores, 2004; Manning e Levy, 2006). Outros autores relataram em seus estudos

48 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 47-53.

que entre os atletas de alto desempenho do futebol moderno há apenas atletas multifacetados, “completos”, cuja planificação e organização dos treinamentos, e os demais fatores anteriormente mencionados combinaram-se entre si, proporcionando a performance desportiva (Pain e Harwood, 2007). Neste sentido, observamos que estudar alguns destes fatores necessários para que um atleta tenha a possibilidade de atingir o alto desempenho esportivo, também no futebol, parece ser importante para algumas áreas do conhecimento. Estudar por exemplo, os componentes relacionados ao tamanho, estrutura e forma corporal de atletas de futebol, principalmente aqueles que ainda estão em processo de formação esportiva, pode possibilitar conhecimentos importantes aos profissionais da educação física que atuam com o desempenho esportivo, principalmente aqueles que atuam diretamente com o futebol. Logo, o presente estudo propõe como objetivos: a) descrever o perfil da composição corporal e somatotipo de atletas de futebol agrupados por categorias (Sub-15, Sub-17, Sub-19); b) comparar os perfis da composição corporal e somatotipo, entre as categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-19; c) descrever o percentual da freqüência de ocorrência dos atletas, agrupados pelas categorias de análise, nos diferentes tipos de classificações do somatotipo propostas na literatura (meso-endomorfo; meso-ectomorfo; ecto-mesomorfo; ecto-endomorfo; endo-mesomorfo; endo-ectomorfo; mesomorfo equilibrado; ectomorfo equilibrado; endomorfo equilibrado; central).

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra A amostra total do estudo foi composta por 99 atletas do sexo masculino, com faixa etária entre 14 e 19 anos, integrantes de dois clubes de futebol de campo da cidade de Caxias do Sul (RS), Brasil. A amostra total foi dividida em três grupos de acordo com os níveis de competição (Sub-15, Sub-17 e Sub-19). Neste sentido, integraram o grupo de atletas da categoria Sub-19 (28) atletas cuja idade média calculada foi 18,28 (± 0,46) anos de idade; o grupo de atletas da categoria Sub-17 foi formado por 37 atletas sendo 16,51 (± 0,50) a faixa etária média; e o grupo de atletas da categoria Sub-15 foi formado por 34 atletas (14,79 ± 0,41 anos). Todos os atletas são integrantes das categorias de base destas duas equipes e estão registrados na Federação Gaúcha de Futebol. Ressalva-se que todas as coletas de dados (composição corporal e somatotipo) ocorreram dentro de uma sala específica de avaliação física, com ambiente controlado em 24°C e 65% de umidade relativa do ar; no Laboratório de Cineantropometria do

49Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

três componentes do somatotipo são: um plicômetro científico de marca CESCORF, com precisão em milímetros, utilizado para mensurar as dobras cutâneas; uma fita métrica flexível de marca SANNY, com precisão de 0,1cm, para mensurar as circunferências e a estatura; um paquímetro ósseo de metal de marca SOMET, com precisão de 0,1cm, para mensurar os diâmetros ósseos; e uma balança científica Welmy, com precisão de 100g, para mensurar a massa corporal total. As diferentes possibilidades de classificação do somatotipo de um indivíduo que são propostas a partir das metodologias de Heath e Carter (1967) são determinadas de acordo com os valores relativos calculados para os componentes endomorfia, meso-morfia e ectomorfia. Quando o cálculo resultou no primeiro componente (endomorfia) sendo dominante, e o segundo componente (mesomorfia) é maior que o terceiro componente (ectomorfia), classificamos o indivíduo como endo-mesomorfo. Em outro exemplo: se o segundo componente (mesomorfia) é dominante, e o terceiro componente (ectomorfia) é maior que o primeiro componente (endomorfia), classificamos o indivíduo como meso-ectomorfo (Heath e Carter, 1967; Ross e Marfell-Jones, 1982). A estimativa do somatotipo de um indivíduo é possível, originariamente, através de 10 classificações diferentes: endomorfo equilibrado, endo-mesomorfo, endo-ectomorfo, mesomorfo equilibrado, meso-endomorfo, meso-ectomorfo, ectomorfo equilibrado, ecto-endomorfo, ecto-mesomorfo, e central. Na classificação central, nenhum dos três componentes (endomorfia, mesomorfia e ectomorfia) excede em mais de um ponto qualquer um dos outros dois componentes. Todos os três componentes terão seus valores compreendidos entre uma faixa inferior a um ponto de diferença. No caso da classificação endomorfo equilibrado, o primeiro componente (endomorfia) é dominante, e o segundo componente (mesomorfia) e terceiro (ectomorfia) são iguais ou não diferem entre si em mais de 0,5 pontos.

Tratamento Estatístico Para o tratamento dos dados inicialmente foi realizado um estudo exploratório a fim de avaliar a normalidade destes dados, seguindo os pressupostos da análise paramétrica. Nesta análise incluiu-se a inspeção da simetria da curva dos dados (Skewness) e achatamento (Kurtosis). Ao constatarmos a normalidade dos dados, optou-se em realizar a descrição através de valores de média e desvio padrão. Para as comparações dos jogadores agrupados de acordo com as diferentes categorias (sub 15, sub 17 e sub 19), foi utilizada a Análise de Variância (ANOVA), seguida do teste post hoc de Scheffe, mantendo-se o nível de significância em 5%. Os dados foram tratados no software SPSS for Windows, 13.0 version.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 47-53.

Instituto de Medicina do Esporte (Universidade de Caxias do Sul). Todos os atletas foram mensurados por um único avaliador, em um intervalo de tempo de 15 dias, no segundo semestre de 2008, durante o período de competição. Conforme os princípios éticos para estudos científicos com seres humanos os atletas, pais/responsáveis e os respectivos clubes de futebol, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP (H72/CEP/2008).

Composição Corporal Na análise da massa corporal total dos atletas foi utilizada uma balança científica Welmy, com precisão de 100g. Para a estatura foi utilizado um estadiômetro fixo de parede com precisão de 0,1 cm. As técnicas e padronizações utilizadas para estas mensurações deram-se de acordo com os protocolos descritos por Petroski (2003). Para o cálculo do percentual de gordura utilizaram-se os procedimentos de coleta de dados propostos por Slaughter e colaboradores (1988). Nesses procedimentos propõe-se a mensuração das dobras cutâneas tricipital e subescapular. Para realizar estas mensurações das dobras cutâneas utilizou-se como instrumento de medidas um plicômetro científico de marca CESCORF, com precisão em milímetros. Para o cálculo da massa gorda e massa magra dos sujeitos, inicialmente tabulou-se os dados da pesquisa no pacote office for windows 2003, microsoft excel. Criaram-se fórmulas automatizadas que calcularam estas variáveis (massa gorda e massa magra) de acordo com os resultados obtidos para massa corporal total e percentual de gordura dos atletas, ou seja, considerou-se neste estudo massa gorda o valor absoluto em Kg do resultado encontrado no cálculo do percentual de gordura tendo como valor de referência em subtração matemática a massa corporal total. Já, a massa magra, foi considerada como sendo o valor, em Kg, da subtração matemática da massa corporal total pela massa gorda.

Somatotipo Para descrição do somatotipo dos atletas utilizaram-se as proposições de Heath e Carter (1967), descritas também por Ross e Marfell-Jones (1982). As medidas necessárias para a determinação dos componentes do somatotipo (endomorfia, mesomorfia e ectomorfia) foram: massa corporal, estatura; dobras cutâneas tricipital, subescapular, supra-espinhal, e perna medial; diâmetros ósseos do úmero e do fêmur; circunferências da perna e do braço em tensão. As técnicas e padronizações destas medidas também foram seguidas de acordo com os autores citados. Os instrumentos de medida necessários para mensurar as variáveis determinantes nos cálculos dos

50 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

RESULTADOS

A descrição dos resultados (valores de média e desvio-padrão) do perfil da composição corporal e somatotipo dos atletas de futebol divididos por categorias (Sub-15, Sub-17, Sub-19) estão retratado na tabela 1. Nesta tabela também pode ser observada a diferença estatisticamente significante (p < 0,05) encontrada para as diferentes variáveis, entre as categorias de análise. Desta forma contemplamos os dois primeiros objetivos propostos neste estudo na mesma tabela. Para contemplar o terceiro objetivo proposto no estudo, ou seja, descrever o percentual da frequência de ocorrência dos atletas agrupados por categorias de análise nos diferentes tipos de classificações do

somatotipo (meso-endomorfo; meso-ectomorfo; ecto-mesomorfo; ecto-endomorfo; endo-mesomorfo; endo-ectomorfo; mesomorfo equilibrado; ectomorfo equilibrado; endomorfo equilibrado; central), elaboramos a figura 1. Ressalva-se que na figura 1 retratamos apenas as classificações endo-mesomorfo, mesomorfo equilibrado, meso-ectomorfo e ecto-mesomorfo, porque foram as únicas quatro classificações encontradas nos resultados. Sendo assim, podemos observar que na figura 1 a categoria Sub-15 apresentou o maior percentual de ocorrência de atletas na classificação ecto-mesomorfo (44,13%) e o segundo maior percentual de ocorrência de atletas na classificação meso-ectomorfo (35,29%). A categoria Sub-17, diferentemente da categoria Sub-15, apresentou a maior ocorrência de

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 47-53.

Tabela 1 - Valores do perfil da amostra - Teste do qui-quadrado de independência - partição l x c

a = sub-19 ≠ sub-17 e sub-15 / b = sub-19 e sub-17 ≠ sub-15 / c= sub-17 ≠ sub-15

Variavél Sub-15 (34) Sub-17 (37) Sub-19 (28)

Idade (a, c) 14,59 ± 0,31 16,51 ± 0,50 18,28 ± 0,46Massa Corporal (b) 64,11 ± 4,76 71,22 ± 4,11 72,20 ± 7,43

Estatura (b) 1,73 ± 0,39 1,78 ± 0,06 1,78 ± 0,06Percentual de Gordura 11,18 ± 1,38 11,17 ± 1,26 11,49 ± 1,59

Massa Magra (b) 56,71 ± 5,8 63,49 ± 5,01 63,84 ± 5,98Massa Gorda 7,16 ± 1,33 8,00 ± 1,20 8,36 ± 1,83Endomorfia 2,48 ± 0,61 2,40 ± 0,57 2,52 ± 0,73Mesomorfia 4,39 ± 0,87 4,79 ± 0,78 4,88 ± 0,92Ectomorfia 3,24 ± 0,79 2,95 ± 0,72 2,97 ± 0,78

Gráfico 1 - Percentual da freqüência de ocorrência dos atletas, divididos por categorias, nos diferentes tipos de classificações evidenciadas para o somatotipo.

51Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 47-53.

atletas na classificação meso-ectomorfo (56,75%). A categoria Sub-19, também diferentemente da categoria Sub-15 e semelhante a categoria Sub-17, apresentou a maior ocorrência de atletas na classificação meso-ectomorfo com 78,57%. Tanto a categoria Sub-17 quanto a categoria Sub-19 tiveram a segunda maior ocorrência de atletas na classificação ecto-mesomorfo com 27,02% e 10,71 %, respectivamente.

DISCUSSÃO

Utilizando como parâmetro de análise os resultados encontrados no presente estudo, somado a resultados evidenciados em alguns estudos da literatura, os quais serão abordados no decorrer da discussão, acreditamos que algumas características relacionadas ao perfil da composição corporal e somatotipo de atletas de futebol de categorias de base podem ser conclusivas, logo, os objetivos do nosso estudo foram alcançados. Apesar disto, ressalvamos que realizar comparações entre os achados dos diferentes estudos com os do nosso estudo pode ser considerado um fator limitante, tendo em vista que entre estes estudos há diferentes métodos de mensuração de variáveis, assim como há diferentes variáveis, populações e modalidades esportivas em análise. Ainda, referindo-se especificamente ao nosso estudo, consideramos um fator de limitação o não controle de uma variável interveniente, a maturação sexual. Outros autores, assumindo também como fator limitante o fato de não ter analisado a maturação sexual em sua amostra de estudo, objetivaram avaliar o perfil da composição corporal de 37 jogadores de futebol masculino (18 da categoria sub-15 e 19 da categoria sub-17), contudo, diferentemente do nosso estudo, as avaliações ocorreram antes e após um período de 10 semanas de intervenção, e não existia na amostra atletas da categoria sub-19. Entretanto, em ambas as avaliações realizadas (antes e após), os resultados encontrados para os valores médios e de desvio-padrão nas variáveis de massa corporal, estatura, percentual de gordura e massa magra apresentaram similaridade aos resultados encontrados para os atletas avaliados no presente estudo (Mantovani e colaboradores, 2008). Em outro estudo, ao se compararem variáveis antropométricas de jogadores de futebol das categorias sub-17, sub-19 e profissional encontraram diferenças estatisticas significantes na massa magra entre os três grupos analisados, sendo que os profissionais apresentaram massa magra média de 69,09 ± 5,42 Kg, os atletas sub-19 (62,98 ± 4,25 Kg) e os sub-17 (56,92 ± 4,66 Kg). No presente estudo, diferentemente do estudo citado, não foi observada diferença estatística significante para massa magra entre as categorias sub-19 e sub-17; entretanto, observou-se um valor de p < 0,05 na

variável massa magra à favor das categorias sub-19 e sub-17 em relação a categoria sub-15 (Campiez, Oliveira e Maia, 2004). Dias e colaboradores (2007), com o objetivo de analisar as características antropométricas de jovens atletas de futsal e posteriormente, estabelecer comparações entre as diferentes categorias competitivas em análise (sub-9, sub-11, sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19), encontraram como resultados que a massa corporal e a estatura aumentaram significativamente em todas as categorias, atingindo um platô na sub 17 e sub 19. O percentual de gordura diminuiu com o passar dos anos, diferindo-se significativamente após a categoria Sub 11, sendo que os valores médios para esta variável, nas seis categorias de análise, variaram entre 20% e 14%. Ressalva-se que neste estudo citado a modalidade em questão é o futsal e no nosso estudo é o futebol. Neste sentido, destacamos que no nosso estudo foram encontrados valores de percentual de gordura, para todas as categorias de atletas (sub-15, sub-17 e sub-19), um pouco abaixo dos encontrados pelos outros autores. Em relação a massa corporal e estatura, os resultados encontrados no presente estudo para as três categorias de análise foram similares aos resultados observados pelos autores mencionados. Apesar das limitações de se fazer comparações entre os diferentes estudos encontrados na literatura, principalmente em relação a composição corporal (percentual de gordura), devido a diferença entre os métodos utilizados e as populações investigadas, ressalvamos que nossos achados encontram-se dentro do limite de valores encontrados por Prado e colaboradores (2006). Estes autores aval iaram as medidas antropométricas de 118 atletas profissionais brasileiros da elite do futebol paulista, encontrando resultados de percentual de gordura entre 6% e 12%. Destacamos ainda que os resultados de percentual de gordura encontrados para as três categorias de análise no presente estudo são semelhantes aos encontrados por outros pesquisadores que relataram pouca variação na adiposidade corporal total entre crianças e adolescentes de diferentes faixas etárias, praticantes22 e não praticantes de modalidades esportivas (Malina, Koziel e Bielicki, 1999). Em relação ao somatotipo, o principal autor da área de investigação (Carter, 1988), refere que nos atletas do sexo masculino, principalmente, a tendência para o aumento do componente de mesomorfia é um fenômeno evidente da adolescência até à idade adulta. Esta menção também se faz aos indivíduos não atletas, porém, fisicamente ativos. Contudo, de acordo com alguns autores o componente de mesomorfia diminui ligeiramente nos rapazes, quer atletas quer não atletas, do take-off para o pico de velocidade da altura (PVA). Esta diminuição está provavelmente relacionada com o aumento do

52 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

componente ectomorfia. Isto é, verifica-se primeiro um aumento da linearidade corporal para após o PVA, se constatar um aumento do peso corporal, principalmente de massa magra, retornando à predominância da mesomorfia (Stepnicka, 1976; Faróis, 1982; Seabra, Maia e Garganta, 2001). Em nossa pesquisa, o fato de termos encontrado uma grande prevalência de atletas da categoria sub-15 na classificação ecto-mesomorfa, diferentemente dos achados para as demais categorias (sub-17 e sub-19), permite-nos fazer inferência e associação ao argumento mencionado pelos autores. Possivelmente uma grande parte dos atletas da categoria sub-15 encontra-se em estágio final do PVA, o que coincide com o processo final de maturação. Este fenômeno, pode ter condicionado os atletas da categoria sub-15 a apresentarem uma maior linearidade corporal (ectomorfia) em relação à massa magra (mesomorfia). Contudo, nos atletas das categorias sub-17 e sub-19, principalmente, nos atletas da categoria sub-19, a grande ocorrência de atletas já se dá na classificação meso-ectomorfo, onde há predominância da mesomorfia sobre a ectomorfia e endomorfia. Em outro estudo, no qual foi proposto como objetivo descrever o perfil somatotípico de 441 atletas profissionais de futebol e de futsal, comparando os atletas divididos por posição de jogo e os atletas agrupados na sua totalidade, concluiu-se que independentemente da posição de jogo e modalidade esportiva (futebol ou futsal), com exceção dos goleiros de futsal, o componente de mesomorfia é predominante em relação aos demais componentes (endomorfia e ectomorfia), fato que favorece à performance do atleta (Generosi e colaboradores, 2009). Carter (1988) também já se referia aos estudos de somatotipos realizados em atletas de alto nível mostrando a predominância da mesomorfia relativamente à endomorfia e ectomorfia. De acordo com o autor, o treino e a participação em atividades desportivas tendem a tornar o componente de mesomorfia predominante aos componentes de endomorfia e ectomorfia. Porém, este padrão pode ser diverso quando estudado em amostras de referência menos competitiva, ou em outras modalidades esportivas que não seja o futebol. É importante ressaltar que para um atleta atingir o alto desempenho esportivo no futebol está envolvido uma série de fatores além das características de composição corporal e somatotipo. Assim, é interessante que novos estudos sejam realizados com o objetivo de analisar novas populações, com outras características culturais, incluindo nas análises variáveis como o desenvolvimento técnico, tático, psicológico e motor dos atletas. Ainda, ressalvamos mais uma vez as limitações do presente estudo, principalmente, o não controle dos

aspectos maturacionais, o que poderia proporcionar importantes informações adicionais sobre o processo de desenvolvimento em tamanho, forma e estrutura corporal dos atletas analisados.

CONCLUSÃO

O presente estudo conclui em relação à massa corporal total, estatura e massa magra dos atletas de futebol de campo ainda em processo de formação, que os seus valores tendem a aumentar com a progressão da categoria sub-15 para a sub-17 e sub-19. Em contrapartida, os atletas tendem a manter os seus valores de percentual de gordura, sendo que a faixa de valores evidenciada para as três categorias de análise do estudo (11%) pode ser considerada ótima e favorecer o alto desempenho. Em relação aos componentes de somatotipo dos atletas das categorias sub-17 e sub-19 conclui-se que a classificação meso-ectomorfia tem uma maior predominância, ao passo que na categoria sub-15, a ecto-mesomorfia ainda é predominante. Conclui-se também que os resultados encontrados para a composição corporal e somatotipo dos atletas de futebol das categorias sub-15, sub-17 e sub-19 foram semelhantes em parte das evidências literárias revisadas, assim, somam-se conhecimentos importantes a área de estudo. Nesse sentido, já é possível concluir determinações em relação aos padrões e perfis de tamanho, forma e estrutura corporal de atletas masculinos de futebol de campo, ainda em processo de formação.

REFERÊNCIAS

1- Arnason, A.; Sigurdsson, S.B.; Gudmundsson, A.; Holme, I.; Engebretsen, L.; Bahr, R. Physical Fitness, Injuries and Team Performance in Soccer. Med Sci Sports Exerc. Vol. 36. p. 278-285. 2004.

2- Avelar, A.; Santos, K.M.; Cyrino, E.S.; Carvalho, F.O.; Dias, R.M.R.; Altimari, L.R.; Gobbo, L.A. Perfil antropométrico e de desempenho motor de atletas paranaenses de futsal de elite. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano. Vol. 10. Num. 1. p. 76-80. 2008.

3- Böhme, M.T.S. Cineantropometria: componentes da constituição corporal. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano. Vol. 2. p. 72-79. 2000.

4- Campeiz, J.M.; Oliveira, P.R.; Maia, G.B.M.M. Análise de variáveis aeróbias e antropometricas de futebolistas profissionais, juniores e juvenis. Conexões. Vol. 2. Núm. 1. p. 1-19. 2004.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 47-53.

53Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

5- Carter, L. Somatotypes of Children in Sports. In: Malina, R. Young Athletes - Biological, Psychological and Educational Perspectives. Champaign: Human Kinetics Books. p.153-165. 1988.

6- Dias, R.M.R.; Carvalho, F.O.; Souza, C.F.; Avelar, A.; Altimari, L.R.; Cyrino, E.S. Características antropométricas e de desempenho motor de atletas de futsal em diferentes categorias. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano. Vol. 9. Núm. 3. p. 297-302. 2007.

7- Faróis I. Results of Constitutional and Motor Examinations of Male Athletes. Glasnik Antropoloskog Drustva Jugoslavije. Vol. 19. p. 35-51. 1982.

8- Generosi, R.A.; Navarro, F.; Greco, P.J.; Leal Junior, E.C.P.; Liberali, R. Aspectos morfológicos observados em atletas profissionais de futebol e futsal masculino. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. Vol. 1. Núm. 1. p. 10-20. 2009.

9- Heath, B.H.; Carter, J.E. A Modified Somatotype Method. Am J Phys Anthropol. Vol 27. p. 57-74. 1967.

10- Malina, R.M.; Koziel, S.; Bielicki, T. Variation in subcutaneous adipose tissue distribution associated with age, sex, and maturation. Am J Human Biol. Vol. 11. Núm. 2. p. 189-200. 1999.

11- Manning, M.R.; Levy, R.S. Soccer. Phys Med Reha-bil Clin. Vol. 17. p. 677-695. 2006.

12- Mantovani, T.V.L.; Rodrigues, G.A.M.; Miranda, J.M.Q.; Palmeira, M.V.; Abad, C.C.C.; Wichi, R.B. Composição corporal e limiar anaeróbio de jogadores de futebol de categorias de base. Revista Mackenzie Educação Física Esporte. Vol. 7. Núm. 1. p. 25-33. 2007.

13- Matkovic, B.R. et.al., Morphological differences of elite Croatian soccer players according to the team position. Coll Antropol. Vol. 27. p. 167-174. 2003.

14- Morin, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre. Sulina. 2005.

15- Pain, M.A.; Harwood, C. The performance environment of the England youth soccer teams. J Sports Sci. Vol. 25. Núm. 12. p. 1307-1324. 2007.

16- Petroski, E.L. Antropometria: técnicas e padronizações. 2ª. Edição. Porto Alegre. Pallotti. 2003.

17- Prado, W.L. Perfil antropométrico e ingestão de macronutrientes em atletas profissionais brasileiros de futebol de acordo com suas posições. Rev Bras Med Esp. Vol. 12. Núm. 2. p. 61-65. 2006.

18- Pyne, D.B.; Gardner, A.S.; Sheehan, K.; Hopkins, W.G. Positional differences in fitness and anthropometric characteristics in Australian football. J Sci Med Sport. Vol. 9. p. 143-150. 2006.

19- Queiroga, M.R.; Ferreira, A.S.; Romanzini, M. Perfil antropométrico de atletas de futsal feminino de alto nível competitivo conforme a função tática desempenhada no jogo. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano. Vol. 7. Num. 1. p. 30-34. 2005.

20- Queiroga, M.R.; Ferreira, A.S.; Pereira, G.; Kokubun, E. Somatotipo como indicador de desempenho em atletas de futsal feminino. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano. Vol. 10 Núm. 1. p. 55-61. 2008.

21- Reilly, T.; Bangsbo, J.; Franks, A. Anthropometric and physiological predispositions for elite soccer. J Sports Sci. Vol. 18. p. 669-683. 2000.

22- Ross, W.D.; Marfell-Jones, M.J.; Kinanthropometry. In: MacDougall, J.D.; Wenger, H.A.; Green, H.J. Physiological testing of the elite athlete. Mouvement Publications. p. 75-115. 1982.

23- Seabra, A.; Maia, J.A.; Garganta, R. Crescimento, maturação, aptidão física, força explosiva e habilidades motoras específicas. Estudo em jovens futebolistas e não futebolistas do sexo masculino dos 12 aos 16 anos de idade. Revista Portuguesa Ciência Desporto. Vol. 1. Núm. 2. p. 22-35. 2001.

24- Slaughter, M.H. et al., Skinfold equations for estimation of body fatness in children ans youth. Hum Biol. Vol. 60. Núm. 5 .p. 709-723. 1988.

25- Stepnicka, J. Somatotypes of Bohemian and Moravian Youth. Actas Facultas Medicinas Universitatis Brunensis. Num. 57. p. 233-242. 1976.

26- Williams, A.M.; Reilly, T. Talent identification and development in soccer. J Sports Sci. Núm.18. p. 657-667. 2000.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 47-53.

54 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

COMPARAR A CAPACIDADE DE TOMADA DE DECISÃO E CONHECIMENTO DECLARATIVO DE JOGADORES DE FUTSAL DA CATEGORIA SUB-20 COM O CONHECIMENTO TÁTICO DE

“EXPERTS” DO FUTSAL

Osmar Novaes Ferreira Junior1,Roberto de Almeida1,

Antonio Coppi Navarro1, 2

RESUMO

O presente estudo pretende comparar a capacidade de tomada de decisão e conhecimento declarativo de jogadores de futsal (Categoria Sub-20) com o nível de conhecimento tático de “Experts” do esporte. Para isso recorreu-se ao teste de conhecimento tático proposto por Souza e colaboradores (2000), adaptado com base em situações específicas do jogo de futsal. Os resultados mostraram que em algumas situações, a decisão tomada pelo atleta e a sua justificativa não era ideal do ponto de vista dos “experts”. Conclui-se que a experiência que o atleta possui no jogo de futsal reflete diretamente no seu comportamento tático, seja na ação do jogo ou até mesmo na forma de orientar a sua equipe, referindo-se diretamente ao Técnico. Porém não podemos interpretar o resultado apresentado nesta pesquisa acreditando que o “expert” é a verdade única, sendo desprezado o que o atleta menos experiente entende do jogo. A pesquisa nos mostrou que o indivíduo pode enxergar e entender o mesmo fenômeno de diversas maneiras, evidenciando que no jogo de futsal com a sua riqueza de imprevisibilidade, não existe o “certo ou errado” mais o ideal para a situação ou decisão tomada pelo atleta.

Palavras-chave: Jogos Esportivos Coletivos, Futsal, Tomada de Decisão, Conhecimento Declarativo.

ABSTRACT

Compare the capacity of decision taking and declarative knowledge of players of futsal (categoria

sub-20) with the level of tactical knowledge of “experts” of the sport

The present study it intends to compare the capacity of decision taking and declarative knowledge of players of futsal (Sub-20 Category) with the level of tactical knowledge of “Experts” of the sport. For this one on the basis of appealed adaptation to it of the test of tactical knowledge considered by Souza and collaborators (2000) specific situations of the futsal game. The results had shown that in some situations, the decision taken for the athlete and its justification were not ideal of the point of view of “experts”. One concludes that the experience that the athlete possesss in the futsal game reflects directly in its tactical behavior, either in the action of the game or even though in the form to guide its team, mentioning itself directly to the Technician. However we cannot interpret the result presented in this research believing that “expert” is the only truth, being rejected what the athlete less experienced understands of the game. However the research showed in them that the individual can the same enxergar and understand phenomenon in diverse ways, evidencing that in the game of futsal with its wealth of imprevisible, the better for the situation or decision taken for the athlete does not exist “right or wrong” more.

Key Words: Collective games, Futsal, Taking of Decision, Declarative Knowledge.

1 - Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento.

2 - Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício.

E-mail: [email protected]

Alameda Tutóia, 389 – apto 51 Ed. Nevada.Gopoúva – Guarulhos – São Paulo.07092-000.

55Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

INTRODUÇÃO

O Futsal brasileiro vem se destacando entre os melhores do mundo principalmente após a conquista do último Mundial de 2008 (Brasil), divulgando mais a modalidade e despertando o interesse pela sua prática nas escolinhas de esportes, clubes e escolas. Porém, os métodos de ensino-aprendizagem-treinamento no futsal abordam predominantemente o ensino dos gestos técnicos, totalmente dissociados das situações reais de jogo. Consequentemente, isso gera um padrão de comportamento utilizado em situações padronizadas, que não possuem uma relação de proximidade com as condições táticas do jogo. O futsal não atende somente o aspecto técnico, ou seja, os fundamentos, mas também são compostas dos aspectos táticos como as capacidades de percepção, conhecimento do jogo e tomada de decisão onde há uma exigência do processo cognitivo do jogador em solucionar as situações problemas que acontecem a todo o momento do jogo. Filgueira e Greco (2008), Souza e Colaboradores (2000), têm demonstrado a importância atribuída à capacidade tática, procurando investigar os processos cognitivos e a capacidade de tomada de decisão como um dos fatores determinantes no desempenho sem negligenciar a relevância da qualidade de execução técnica por entenderem que fazem parte do jogo e não podem ser dissociadas. O presente estudo tem como objetivo comparar a capacidade de tomada de decisão e conhecimento declarativo de jogadores de futsal (Categoria Sub-20) com o nível de conhecimento tático de “Experts” do esporte.

REVISÃO DE LITERATURA

O Futsal modalidade de grande popularidade no contexto nacional, principalmente após a conquista do último Mundial de 2008 (Brasil) pela Seleção Brasileira, veio confirmar o que os estudiosos da modalidade e da ciência dos desportos vêm nos indicando, que além da eficiência técnica (fundamentos, habilidade, capacidade física), outros fatores importantes e relevantes devem ser identificados e observados durante o processo ensino-aprendizagem-treinamento, pelo fato do jogo apresentar uma variedade de acontecimentos cuja frequência, ordem cronológica e complexidade não podem ser previstas atencipadamente o que exige por parte dos jogadores uma permanente atitude tático-estratégica. Para Souza (2002), a especificidade do futsal destaca-se basicamente pelos seguintes aspectos: as ações do jogo se desenvolvem em um espaço comum de 800m2 (considerando as dimensões de quadra adotadas pela FIFA de aproximadamente 40m de comprimento e 20m de largura) com participação simultânea de

atacantes e defensores em relação à bola e as exigências impostas pelas regras da modalidade e a complexidade das ações no futsal fazem com que os jogadores tenham que adotar uma permanente atitude tática consciente para superarem a imprevisibilidade que as situações de jogo lhe apresentam. Filgueira e Greco (2008), Greco (2006), Costa e Colaboradores (2002), entendem que é na ação do jogo que apresenta uma elevada variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade que se justifica a importância do comportamento tático do jogador para o rendimento esportivo. A dimensão tática tem sido o núcleo central da estrutura do jogo, ou seja, toda decisão durante o jogo é uma decisão tática, onde pressupõe uma atividade cognitiva do jogador que lhe possibilita reconhecer, orientar e regular suas ações motoras e emoções que precisam ser analisadas antes de tomar a decisão sobre o que deve ser feito e qual seria o melhor momento (Garganta, 1995; Souza, 2002). Devido às mudanças nas regras aumentando a intensidade e o ritmo de jogo, o futsal tornou-se um jogo altamente dinâmico, interferindo significativamente nos aspectos técnicos e psicológicos exigindo assim uma demanda maior sobre os aspectos tático dos jogadores. Por isso se faz necessário entender o que é a tática e quais os fatores táticos que possam interferir na ação do jogador. De acordo com Garganta (1995), a tática é o entendimento da oposição entre os adversários e os companheiros, que através de uma relação de oposição, torna funcionais estratégias, às quais está implícito o conceito e o sentido de tática. Para Bayer citado por Souza (2002), tática é a inter-relação dos fatores do jogo: espaço, tempo, colega, bola, adversário em cada situação na dependência direta do objetivo final do esporte e dos objetivos táticos gerais e específicos da ação. Segundo Greco (1995), a tática é a soma das ações individuais e de coordenações, entre vários jogadores, para obter resultados ótimos de conjunto que possam motivar situações de ataque ou defesa vantajosas. E o mesmo autor classifica a capacidade tática relacionando dois aspectos: a função do jogador e característica da ação. A) Função: diz respeito às ações do atleta na situação de ataque e defesa, determinadas pela a posse ou não da bola; - Característica: diz respeito ao número de jogadores envolvidos na ação, podendo ser individual, de grupo ou coletiva. a) Individual – ocorre quando um jogador, através da aplicação de uma técnica em uma situação de jogo, visa com sua ação isolada atingir um objetivo determinado. No futsal, pode ser exemplificado pela capacidade de saber quando utilizar um chute, drible ou passe, em uma situação de ataque para a resolu-ção de um problema; b) Grupo - são ações coordena-das entre dois ou três jogadores, através da aplicação

56 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

possibilitará ao jogador comporta-se de maneira inteligente durante a partida. Em cada ação o j ogador ava l i a as possibilidades de êxito e prepara mentalmente a ação a ser realizada em função da antecipação do comportamento dos adversários e da ação que os companheiros prevêem realizar-se nesse contexto, exigindo-lhe decisões inteligentes através de processos cognitivos. Além disso, cada sujeito percebe o jogo, as suas diversas variações ou configurações táticas, em função das aquisições anteriores e do estado presente. Na literatura esportiva são apresentados diferentes modelos que explicam à ação esportiva diretamente ligada a tomada de decisão considerando a relação entre a tática e os processos cognitivos, entretanto para este estudo será adotado o modelo de Sonnenschein citado por Souza (2002). Esta escolha justifica-se pela visualização e compreensão das três estruturas cognitivas: conhecimento, percepção e tomada de decisão que segundos os autores Greco citado por Souza (2002), não se relacionam de forma seqüencial ou em fases, mas interagem simultaneamente, ilustrando uma continuidade dos níveis de processamento das informações, em que a percepção do estímulo e a tomada de decisão dependem da interação com o conhecimento armazenado na memória. A compreensão de cada uma dessas estruturas do modelo acima se faz necessário para o entendimento da sua relação com a capacidade de decisão tática.

Conhecimento Para Bergius citado por Greco (2006), conhecimento são objetos do saber, armazenados e evocados, que podem se medir aplicando um teste de conhecimento. Greco (2006), acredita que o conhecimento se origina nos processos de percepção e de pensamento “conhecer é sempre referir o novo ou desconhecido com o velho e o conhecido”.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

de uma seqüência de técnicas individuais, visando a um objetivo comum. No futsal, seria a utilização de uma tabela, visando finalizar a gol; c) Coletiva – ela-boração de ações simultâneas, envolvendo três ou mais jogadores, conforme um plano de ação geral relativamente pré-estabelecido em relação ao objetivo visado. No futsal, seriam as chamadas “infiltrações do lado contrário do pivô”, em que todos os jogadores envolvidos executariam ações simultâneas visando uma organização geral que possibilitasse a um jogador finalizar em boas condições. Evidentemente quando o jogador demonstra um conhecimento das opções táticas individuais e as combinações táticas de grupos, poderá possibilitar uma conduta com maiores possibilidades de êxito em qualquer situação, por mais nova e diversificada que ela seja. Segundo Lopes (2008), o desenvolvimento de conhecimentos táticos deve ocorrer durante o processo de ensino-aprendizagem-treinamento de capacidades de jogos, com o intuito de capacitar os jogadores para decidirem de forma rápida, segura e efetiva. O conhecimento tático possibilita ao praticante relacionar de forma satisfatória, os componentes presentes numa situação de jogo, estabelecendo planos de ação adequados para alcançar objetivos previamente estabelecidos (Souza, 2002). Costa e Colaboradores (2002), acreditam que os inúmeros problemas surgidos durante o jogo obrigam o jogador a decidir e selecionar qual a solução mais adequada com a situação, obedecendo aos princípios gerais do jogo através do conhecimento que possui do jogo. Greco (1995), Garganta (1995), Souza (2002), Costa e Colaboradores (2002), Lopes (2008), destacam como elementos importantes para a compreensão do jogo as decisões de sobre “o que fazer”, “quando fazer”, “onde fazer”, por que fazer” e “como fazer”

Figura 1 - A estrutura de conhecimento

(Souza, 2002. p.51)

57Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Já Sternberg (2000), prefere definir a representação do conhecimento como “a forma mental pela qual as pessoas conhecem as coisas, as idéias, os eventos, etc., que existem fora da sua mente”, ou seja, como a mente cria e modifica as estruturas que representam o conhecimento. Apesar de ficar evidente que não existe um consenso sobre o conceito, entretanto todos convergem ao afirmarem que o conhecimento é considerado o resultado do saber de uma informação, Greco (2006), acrescenta que é representada mentalmente em um formato específico e estruturado, organizado de alguma forma complementa Sternberg (2000), quando se descreve essas representações mentais pode-se caracterizar o conhecimento através do seu formato, e de como ele está organizado. A aquisição de conhecimento pode ser definida como aprendizagem de novas informações simbólicas unidas como capacidade de utilizar essas informações de forma afetiva Greco (2006). Na psicologia cognitiva a manifestação do conhecimento se apresenta de duas maneiras distintas: o conhecimento declarativo, ou seja, são os fatos que podem ser declarados, sua organização tem a forma de séries de fatos conectados e passíveis de descrição determinando a possibilidade de escolha (saber o que) como, por exemplo: Falar qual é a melhor decisão passar ou chutar a bola. Já o conhecimento processual são os procedimentos que pode ser executado, fundamental em ações de grande habilidade, procedimentos de ações motoras (saber o como fazer) como, por exemplo, um gesto técnico que pode ser aplicado em uma situação de jogo, Sternberg (2000), complementa Vieira (2003), que no campo dos Jogos Esportivos Coletivos (JEC) onde a associação do conhecimento declarativo e processual parecer ser essencial, pois à medida que se aprende, o cérebro estabelece circuitos que ligam diretamente o estímulo desencadeador à resposta mais vantajosa, e é o que acontece com automatização, quando a resposta surge rapidamente sem esforço ou deliberação.Percepção Segundo Piaget citado por Moreira (2008), a “a percepção, é, portanto, um processo ativo e construtivo, porque a forma como um sujeito interpreta os estímulos externos dependerá, sim, do funcionamento de seus órgãos dos sentidos e de sua maturação neurológica, mas se desenvolverá fundamentalmente através da interação do sujeito com o meio ambiente, produzindo esquemas mais ricos e poderosos, que serão mediados pôr conceitos para a produção de pensamento”. Para Greco (2006), a percepção é um processo de redução e seleção informação. De acordo com o modelo de Sonnenschein citado por Souza (2002), a estrutura de percepção implica em dois subprocessos que se influenciam reciprocamente: a seleção de informações e a codificação de informação.

Seleção de informação é compreendida pelos expostos acima como a procura, identificação e reconhecimento de informações relevantes para um determinado contexto, já a codificação de informação implica em vincular um significado ao que é percebido. O que Marina citado por Souza (2002), define de uma maneira mais simples, o que ao encontro ao presente estudo, segundo a autora ”a percepção permite dar significado as coisas”. O que nos permite refletir para duas importantes operações no processo perceptivo: 1) identificar um objeto, captando-o na sua totalidade; 2) o reconhecimento de semelhanças. Esse processo e extremamente importante pelo fato de recebermos uma gama de informações sejam elas visuais, verbais, auditivas etc., onde há necessidade de serem filtradas e decodificadas para que o indivíduo possa reconhecer a natureza e composição do meio ambiente. Os autores entendem que conforme a maturação do mecanismo de percepção vai aumentando o indivíduo torna-se capaz de analisar vários estímulos ao mesmo tempo.

Processos Cognitivos subjacentes a Tomada de Decisão Segundo os seguintes autores Vieira (2003), Filgueira e Greco (2008), Greco (2006), Costa e Co-laboradores (2002), Souza (2000), Garganta (1995), os Jogos Esportivos Coletivos (JEC), e o Futsal em particular envolvem uma solicitação importante da capacidade cognitiva, por isso se deve ter atenção do desenvolvimento dessa capacidade, para que os atletas estejam prontos para responder às solicitações do jogo, uma vez que os não podem ser previstos antecipadamente a freqüência, ordem cronológica e a complexidade dos acontecimentos, exigindo assim uma atitude tático-estratégico dos jogadores. A terminologia atividade cognitiva ou processo cognitivo que Dorsch citado por Greco (1995), define como “desenvolvimento do fenômeno de interpretação e ordenamento das informações na consciência através das funções intelectuais e a formação de conceitos passíveis de oferecer soluções a um problema”. Greco (2006), Costa e Colaboradores (2002), Souza (2000), acreditam que todos os processos e estruturas que se relacionam com a consciência e com o conhecimento como a percepção, a recordação, a expectativa e o planejamento estão diretamente ligados a tomada de decisão. Sendo a tomada de decisão um processo cognitivo, não é admirável que a maior parte dos fatores relacionados com esta capacidade seja de natureza cognitiva. Logo os processos cognitivos que poderão influenciar a tomada de decisão são os seguintes: atenção, concentração, antecipação, inteligência e conhecimento, sensação, percepção, memória, nível de ativação, conclui Moreira (2008).

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

58 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Costa e Colaboradores (2002), Souza (2002), acreditam que atualmente a investigação científica tem permitido identificar um conjunto de traços cognitivos característico do jogador experiente nos jogos esportivos. De acordo com o exposto constatou que os atletas experientes no jogos desportivos apresentam ao nível cognitivo:1- conhecimento declarativo e processual mais organizado e estruturado; - processo de captação de informação mais eficiente; - processo decisional mais rápido e preciso; - mais rápido e preciso reconhecimento dos padrões de jogo (sinais pertinentes); - superior conhecimento tático; - uma maior capacidade de antecipação dos eventos dos jogo e das respostas do oponente; - superior conhecimento das probabilidades situacionais (evolução do jogo). Esses traços cognitivos são visivelmente identificados em desportistas que apresentam um nível elevado de desempenho em situação de jogo, possuem processos cognitivos de alto nível, nos quais a recepção e elaboração das informações são mais rápidas e mais precisas. Garganta (1995), afirma que o comportamento inteligente nos jogos esportivos coletivos depende da capacidade do jogador para assegurar três tipos de funções: - Função de Resolução - elaborar e selecionar soluções pertinentes para atingir os objetivos e resolver problemas; - Função de compreensão – responder de modo coerente e apropriado às questões e criar formas significantes compreensíveis; - Função de efetuação – organicamente ligadas à tomada de decisão. De acordo com Neisser citado por Greco (2006), entende que o conhecimento oferece a estrutura de sustentação dos processos cognitivos, pois “cada sujeito percebe o jogo, as suas configurações, em função das aquisições anteriores e do estado presente” (Costa e Colaboradores, 2002). O desempenho do atleta no aspecto tático está relacionado diretamente ao que o mesmo conhece sobre o jogo por esse motivo deve-se ter muito cuidado com a maneira que o mesmo recebe essas informações, para que possa elaborar de forma pertinente a ações e armazene essa informação com a maior qualidade possível.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra A amostra para este estudo foi formada por 09 jogadores de Futsal, do gênero masculino, pertencentes à equipe da categoria sub-20 com faixa etária entre 17 e 20 anos, da região do Alto Tietê.

Materiais 01 - Filmadora Digital Sony DCR-DVD 610 com LCD Rotativo Com Zoom digital 2000x; 01 - Projetor de Imagens marca LG; 01 - Computador Notebook Marca: Microboard modelo:Ellite; 01 - Software Photo Scape

Ink.

Procedimentos Foi adaptado o Teste de Conhecimento Tático proposto por Souza (s/d) com base em situações específicas do jogo de futsal. Entretanto para este experimento foram utilizadas às imagens das situações específicas dos jogos de futsal realizados pela a própria equipe, sendo que sob um total de 12 imagens somente 09 imagens que obtiveram consenso entre os experts. Para que os jogadores não se reconhecessem nas imagens, foram utilizadas as filmagens dos primeiro jogos do campeonato. As imagens coloridas passaram por um tratamento gráfico através do software Photo Scape, transformando-as em preto e branco e enquadrando somente os jogadores participantes da cena, com o propósito de dificultar o reconhecimento por parte do jogador.

Procedimentos utilizados na aplicação do teste Os testados foram conduzidos a uma sala escurecida onde foi projetada através de slides situações dos jogos realizados pela equipe. Inicialmente o aplicador explicou o teste, oferecendo exemplos práticos, objetivando a familiarização dos testados com o procedimento. O tempo de visualização de cada imagem foi de 4 segundos (conforme referência da regra do futsal). Após a visualização, os testados tinham 20 segundos responder que decisão ele tomaria naquela situação e justificar sua escolha em um questionário próprio, tendo como opção as seguintes ações do jogo na tomada de decisão: a) Passar; b) Chutar; c) Driblar; d) Não identificada. Todas as respostas foram avaliadas por 3 “experts”, as discrepâncias das respostas foram dis-cutidas e transformadas em consenso. As respostas foram classificadas quanto à escolha e quanto à justi-ficativa, conforme o seguinte critério de avaliação: 1) 0 (Zero) ponto – se tanto a decisão, assim como a justifi-cativa estivessem erradas, ou se a resposta era do tipo “não identificada” ou em “branco”; 2) 1 (um ponto) – se a justificativa estivesse errada, mas a decisão correta; 3) 2 (dois pontos) – se a justificativa estivesse mais ou menos correta e a decisão errada ou em branco; 4) 3 (três pontos) - se a justificativa estivesse mais ou menos correta e a decisão correta; 5) 4 (quatro pontos) – se a justificativa estivesse correta e a decisão errada ou em branco; 6) 5 (cinco pontos) – se a justificativa e a decisão estivessem corretas.

Análise dos dados Para analisar a significância da discrepância entre os resultados observados e esperados foi utilizado o teste do Qui-quadrado, conforme Tabela 1.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

59Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme a tabela de valores críticos do Qui-quadrado (Thomas, Nelson e Silverman, 2007), mostra que para 8 gl, é preciso um qui-quadrado de 20,09 para obter significância no nível 0,01, o que podemos afirmar que para este experimento algumas decisões tomadas pelos atletas não eram as ideais do ponto de vista dos Experts. Comparativamente ao nosso estudo, os resultados corroboram aos estudos de Souza e Colaboradores (s/d), Costa e Colaboradores (2002), Dantas e Manoel (2008), reforçando a tese de que a experiência adquirida através de um quadro competitivo mais vasto e rico contribui para a melhoria do conhecimento, concluindo assim que os indivíduos ou jogadores de melhor nível “experts” possuem um

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

conhecimento declarativo mais elevado do que os jogadores de nível inferior, fato comprovado pelo resultado. Costa e Colaboradores (2002), Greco (2006), entendem que a tomada de decisão está relacionada ao conhecimento que o atleta tem do jogo e das suas experiências anteriores. O que vêm ao encontro com o estudo realizado por Ripoll citado por Costa e Colaboradores (2002) concluiu numa revisão realizada, que o “expert” processa apenas a informação relevante e eliminam as pistas não relevantes. A qualidade de decisão do atleta depende ainda, segundo Alves & Araújo citado por Costa e Colaboradores (2002), do seu conhecimento declarativo e conhecimento processual específicos, das suas capacidades cognitivas e da competência da sua utilização.

Tabela 1 - Significância da discrepância entre os resultados observados e os resulta-dos esperados.

Qui-Quadrado= 45,42

Atletas1 2 3 4 5 6 7 8 9

Score Observado 37 33 30 30 32 33 37 17 30Score Esperado 45 45 45 45 45 45 45 45 45

1,42 3,20 5,00 5,00 3,76 3,20 1,42 17,42 5,00

CONCLUSÃO

A pesquisa nos mostrou que o atleta pode enxergar e entender o mesmo fenômeno de diversas maneiras, evidenciando que no jogo de futsal com a sua riqueza de imprevisibilidade, não existe o “certo ou errado” mais o ideal para a situação ou decisão tomada pelo atleta. Porém devemos ter cuidado na interpretação dos resultados não o tomando como a verdade única partindo do ponto de vista do “expert” que nesse estudo são profissionais que não possuem conhecimento algum sobre a equipe que analisaram. Acredito que essas informações possam ser utilizadas como um indicativo que ressalte a importância dos componentes envolvidos na tomada de decisão.

REFERÊNCIAS

1- Costa,J.C.; Garganta,J.M.; Fonseca,A.; Botelho,M. Inteligência e conhecimento específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2002, vol. 2, nº 4;p.7–20.

2- Dantas,L.E.P.B.T.; Manoel,E.J. Conhecimento e desempenho do especialista motor. Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v. 19, n. 3, p. 333-341, 3. trim. 2008.

3- Filgueira,F.M.; Greco,P.J. Futebol: um estudo sobre a capacidade tática no processo de ensino-aprendizagem-treinamento. Revista Brasileira Futebol, 2008. Jul- Dez; 01(2); p. 53-65.

4- Garganta, J.M. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In Graça, A.; Oliveira, J. (Ed.). O ensino dos jogos desportivos. 2.ed. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, 1995. P.11-25.

5- Greco, P.J. O Ensino do comportamento Tático nos Jogos Esportivos: Aplicação no Handebol. Tese de Doutoramento em Educação. Faculdade de Educação da UNICAMP. Campinas. 1995.

6- Greco,P.J. Conhecimento técnico-tático: O modelo pendular do comportamento e da ação tática nos esportes coletivos. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício,v.0,107-129,2006.

7- Lopes, L.S. Avaliação do Comportamento Tático no Futebol de Campo: Um estudo do perfil de tomada de decisão do atleta e sua relação com a percepção do estilo de liderança do treinador. Dissertação de Mestrado em Educação Física. Brasília. Universidade de Brasília. 2008.

8- Moreira, V.J.P. Aspecto cognitivo inerente a prática esportiva. Tablóide On Line, Ibirité,02 Jun.2008. Disponível

60 Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

em: http://fha.mg.gov.br/tabloide_artigos/tabloide_val-mo1.pdf Acesso em <09.Jun.2008>

9- Souza, P.R.C.; Paula, P.F.A.; Greco, P.J. Tática e Processos Cognitivos Subjacentes à Tomada de Deci-são nos Jogos Esportivos Coletivos. In: Garcia, E. S.; Lemos, K. L. M. (Org.). Temas atuais V em Educação Física e Esportes. Belo Horizonte: Health, 2000. p. 11-27.

10- Souza, P.R.C.; Costa, V.T.da; Greco, P.J. Proposta de Avaliação para Comparação do Nível de Conhecimento Tático no Futsal em Escolas e Clubes. Indesp UFMG (s/d) Disponível em: www.eeffto.ufmg.br/pablo/arquivos/conhecimentotatico.pdf. Acesso em: <09.Jun.2008>.

11- Souza, P.R.C. Validação do teste para avaliar a capacidade de tomada de decisão e o conhecimento declarativo em situações de ataque no futsal. Dissertação de Mestrado em Educação Física. Minas Gerais. Universidade Federal de Minas Gerais. 2002.

12- Sternberg, R.J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre. Artmed. 2000.p.20-38.

13- Thomas, R.J.; Nelson,J.K.;Silverman,S.J. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 5.ed. Porto Alegre. Artmed. 2007.

14- Vieira, J.H.G. Capacidade de decisão táctica no futebol. Estudo da adequação e do tempo de resposta em Seleções Nacionais presentes no Campeonato da Europa de Sub-17/2003. Dissertação de Mestrado em Ciência do Desporto na área de especialização em Treino de Alto Rendimento. Porto. Universidade do Porto – Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. 2003.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol . São Paulo. Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

61Revista Brasileira de Futsal e FutebolPe r i ó d i c o do I n s t i t u t o B ra s i l e i r o d e Pe squ i s a e En s i n o em F i s i o l o g i a do E xe r c í c i o

w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b f f . c o m . b r

Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo. Vol. 2. Num.4. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010. p. 54-61.

FORMULÁRIO DE RESPOSTAS DO TESTE DE TOMADA DE DECISÃO

Nome do Avaliado:_________________________________________________________________Idade:________________Tempo de experiência no futsal (Federado) _________ Tempo na categoria Sub-20 ___________Ações do jogo a serem analisadas e justificadas: Passe, Chute e Drible.

RESPOSTAS

a) IMAGEM 01Ação: Passe ( ) Chute ( ) Drible ( ) Não Identificada ( )

Justificativa: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) IMAGEM 02Ação: Passe ( ) Chute ( ) Drible ( ) Não Identificada ( )Justificativa: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) IMAGEM 03Ação: Passe ( ) Chute ( ) Drible ( ) Não Identificada ( )Justificativa: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) IMAGEM 04Ação: Passe ( ) Chute ( ) Drible ( ) Não Identificada ( )Justificativa: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

e) IMAGEM 05Ação: Passe ( ) Chute ( ) Drible ( ) Não Identificada ( )Justificativa: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

f) IMAGEM 06Ação: Passe ( ) Chute ( ) Drible ( ) Não Identificada ( )Justificativa :____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

g) IMAGEM 07Ação: Passe ( ) Chute ( ) Drible ( ) Não Identificada ( )Justificativa :____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________