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Page 1: COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO PARA … · propriedades físico-hídricas do solo mais importantes no dimensionamento e manejo de sistemas de drenagem. Sendo que dois

1Aluno de graduação em Engenharia Agrícola, IFGoiano, Faz Palmital km 2,5 CEP 75290 000 Urutaí – Goiás , Fone 64 34651900 e-mail: [email protected] 2 Prof Doutor, Depto Engenharia Agrícola, IFGoiano, Urutaí-GO

COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO PARA CONDUTIVIDADE

HIDRÁULICA

I. L. A. Moraes1, E. H. M. Santos2

RESUMO: A condutividade hidráulica saturada, ou do solo saturado, (Ko) é uma das

propriedades físico-hídricas do solo mais importantes no dimensionamento e manejo de

sistemas de drenagem. Sendo que dois dos métodos diretos mais conhecidos para determinação

da Ko são: o do permeâmetro de carga constante (PCC), que é um teste de laboratório e; o do

poço na presença de lençol freático (PPL), sendo este um teste in situ. Considerando que alguns

autores sugerem uma discrepância entre os resultados obtidos nos dois métodos, objetivou-se

com esta pesquisa compará-los em cinco áreas diferentes de várzeas do cerrado. O experimento

foi desenvolvido na região que circunscreve o Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí,

Urutaí, GO. Observou-se que os dois métodos houve uma aproximação em apenas uma área,

não podendo ser substituídos entre si.

PALAVRAS-CHAVE: poço, permeâmetro, lençol freático.

COMPARISON OF DETERMINATION METHODS FOR HYDRAULIC

CONDUCTIVITY

SUMMARY: The saturated hydraulic conductivity of saturated soil or, (Ko) is one of the

physical and hydraulic properties of the most important ground in the design and management

of drainage systems. And two of the best known methods for direct determination of Ko are the

constant load permeameter (PCC), which is a laboratory test and; well in the presence of

groundwater (LPP), which is a test in situ. Whereas some authors suggest a discrepancy

between the results obtained with both methods, the aim of this research was to compare them

in five different areas of the savanna wetlands. The experiment was conducted in the region

circumscribing the Federal Institute of Goiás - Campus Urutaí, Urutaí, GO. It was observed that

both methods was only an approximation of an area cannot be interchanged.

KEYWORDS: well, permeameter method, roundwater.

XXV CONIRD – Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

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As características de alta infiltração e baixa capacidade de retenção de umidade nas

camadas superficiais de alguns solos, aliada à existência de camadas de impedimento,

favorecem a elevação do lençol freático, fato que se agrava em períodos chuvosos, uma vez que

a intensidade e frequência pluviométricas aumentam. O excesso de umidade tem seus aspectos

negativos. Principalmente, na lavagem de nutrientes solúveis, além de problemas de má

drenagem e, consequentemente, de salinização do solo, que contribuem de maneira significativa

para a queda da produtividade. Para correção desses problemas é necessário a utilização de

sistemas de drenagem, tanto superficial quanto subsuperficial. Note-se que para o

dimensionamento destes sistemas é imprescindível o conhecimento da condutividade hidráulica

do solo saturado (Ko) (SALES et al., 2004). De modo que, a Ko representa a propriedade que

expressa a facilidade com que o fluido, no caso a água, é transportado por meio de um elemento

poroso (RIBEIRO, 2005).

Para a determinação da Ko existe uma grande variedade de métodos, com diferentes níveis

de precisão, sendo alguns aplicáveis apenas em determinadas condições ou com certos objetivos

e outros de utilização mais ampla. Mas, de modo geral, eles podem ser classificados em métodos

diretos e indiretos (MARQUES et al., 2008), tendo cada um deles suas vantagens e

desvantagens. Os métodos indiretos relacionam a Ko com propriedades físicas do solo, sendo

elas, frequentemente: massa específica do solo; porosidade total; macro e micro porosidades

(MESQUITA & MORAES, 2004; RIBEIRO, 2005). Nos métodos diretos, a Ko pode ser

determinada em condições de laboratório e, ou, campo. Onde dois dos métodos diretos mais

comuns são: o do permeâmetro de carga constante (YOUNGS, 1991; MARQUES et al., 2008),

que é um método de laboratório e; o do poço na presença de lençol freático (MILLAR, 1988),

sendo este um teste in situ.

PFEIFFER et al. (2008) comparando dois métodos alternativos, de determinação da KO,

ao do poço na presença de lençol freático em um Argilossolo, sendo eles: permeâmetro de carga

constante e infiltrômetro de anel; concluem que para esse tipo de solo observa-se uma

aproximação dos valores do método do poço e do infiltrômetro e uma não correspondência dos

valores do método do poço com o do permeâmetro. Onde, segundo Santos (2011), o método do

permeâmetro de carga constante leva, geralmente, a valores relativamente altos de

condutividade hidráulica.

Assim, objetivou-se nesta pesquisa comparar dois métodos utilizados na obtenção da Ko,

sendo eles: do permeâmetro de carga constante (PCC) e o do poço na presença de lençol freático

(PPL); em cinco áreas diferentes de várzeas do cerrado.

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INTRODUÇÃO

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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na região que circunscreve o Instituto Federal Goiano –

Câmpus Urutaí, Urutaí, GO, localizado a 17°29’6”S, 48°12’27”O e altitude de 712 metros, no

período de agosto de 2013 a julho de 2014. Segundo a classificação de Köppen, o clima da

região é do tipo Cwa, caracterizado como úmido tropical com inverno seco e verão chuvoso,

com precipitação e temperatura médias, anuais, de 2000 mm e 28 °C, respectivamente.

O teste do poço na presença de lençol freático (PPL), conforme descrito por Millar (1988),

foi realizado em 5 áreas de várzeas, sendo duas localizadas no município de Urutaí (pela Tabela

1, áreas 1 e 2), GO, com coordenadas de 17°29’54,03”S e 48°11’50,89”O e 17°28’9,95”S e

48°13’19,34”O, duas no município de Ipameri (áreas 3 e 4), GO, com coordenadas de

17°38’44,91”S e 48°10’32,83”O e 17°43’14,94”S e 48°8’49,03”O e uma no município de

Palmelo (área 5), GO, com coordenadas de 17°19’38,45”S e 48°25’10,73”O

Em cada área foram construídos cinco poços com diâmetro de 0,1 m e profundidade

média de 1 m, escavando da superfície do solo até atingir profundidade abaixo do lençol freático

com um trado Auger-hole, que serviram para determinação da condutividade hidráulica do solo

saturado (KO) in situ, totalizando, dessa forma, 25 testes de campo. Sendo que, após a abertura

dos poços esperava-se cerca de 24 horas para que o nível de água dentro do poço se

restabelecesse. Após esta operação, media-se a recuperação do lençol freático em relação ao

tempo, até obter uma taxa de recuperação constante. Sendo que para o nível do lençol freático

utilizou-se uma régua graduada em centímetros e para o tempo um cronômetro com precisão

para segundos. A determinação da Ko foi determinada conforme BERNARDO et al., (2005).

Nas mesmas áreas de várzeas onde eram determinadas a Ko in situ, amostras de solo

indeformadas foram coletadas por meio de um trado de Uhland com anéis volumétricos

metálicos de 7 cm de altura e 7 cm de diâmetro a uma profundidade de 0,5 m da superfície do

solo. Logo após, as amostras eram conduzidas ao Laboratório de Física dos Solos, do Instituto

Federal Goiano – Câmpus Urutaí, para determinação da Ko pelo método do permeâmetro de

carga constante (PCC), conforme metodologia descrita por Youngs (1991) e Marques et al.

(2008). Onde foram coletadas 5 amostras de solo indeformadas em cada área, obtendo-se, 25

amostras.

O método do PPL foi adotado como padrão para comparação com o do PCC. A

metodologia adotada para comparação dos resultados foi a proposta por Allen (1986), a qual se

fundamenta na estimativa do erro padrão (EEP).

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Também foram usados para comparar os métodos de determinação da Ko o coeficiente de

determinação (R²), teste de correlação simples e o índice de concordância ou ajuste (d),

proposto por Willmott et al. (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1e 2 estão apresentados os valores de condutividade hidráulica do solo saturado

(Ko) obtidos pelo método do poço na presença de lençol freático (PPL) e do permeâmetro de

carga constante (PCC) considerando cinco repetições para cada método em cada área.

Tabela 1 Valores de Ko seguidos de valor médio Ko , desvio padrão (s) e coeficiente

de variação (CV).

Área

Método do poço na presença de lençol freático

Repetição Ko s CV

1 2 3 4 5

---------------------------------------- m.dia-1 ---------------------------------------- %

1 2,47 0,16 1,12 0,25 0,26 0,85 0,99 115,62

2 1,60 2,31 1,78 4,70 5,50 3,18 1,80 56,52

3 6,20 1,01 0,39 2,12 3,81 2,71 2,35 86,69

4 2,13 3,60 0,82 0,69 1,13 1,67 1,22 72,62

5 3,68 4,66 2,30 3,65 2,64 3,39 0,94 27,69

Área

Tabela 2 Valores de Ko seguidos de valor médio Ko , desvio padrão (s) e

coeficiente de variação (CV).

Método do Permeâmetro de Carga Constante

Repetição Ko s CV

1 2 3 4 5

---------------------------------------- m.dia-1 ---------------------------------------- %

1 1,09 0,13 1,37 0,31 0,21 0,62 0,57 91,22

2 0,15 0,05 0,46 0,13 0,96 0,35 0,38 107,15

3 0,29 0,07 0,04 0,04 0,07 0,10 0,11 104,08

4 0,47 0,33 0,52 0,40 0,30 0,40 0,09 22,86

5 0,30 0,25 0,29 1,15 0,14 0,43 0,41 96,17

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Pela Tabela 2, percebe-se que os dados de Ko obtidos pelo método do PPL, com valor

máximo de 6,2 e mínimo de 0,16 m.dia-1, foram sensivelmente maiores que os do PCC, com

valor máximo de 1,37 e mínimo de 0,04 m.dia-1.

O maior valor médio de Ko pelo método do PCC ocorreu na área 1, sendo que, Ribeiro

(2005) expõe que nas áreas com maior porosidade total os valores de Ko tendem também a

serem maiores. Resultados que não estão de acordo, pois, pela Tabela 1, as áreas que

apresentaram valores mais altos de porosidade do solo foram as 4 e 5. Entretanto, o autor

salienta que a relação entre Ko e massa especifica do solo é inversa, o que pode explicar o

ocorrido na referida área.

Silva et al. (2012) estudando propriedades físico-hídricas de solos adotaram a

classificação de Warrick & Nielsen (1980) quanto ao coeficiente de variação (CV), sendo:

baixo, CV menor que 12%; médio, CV entre 12 e 62% e; alto, CV maior que 62%. Seguindo a

mesma ideia, na Tabela 2, os valores de CV se mostraram de médios a altos nos dois métodos,

com valor máximo de 115,62% no do PPL e 107,15% no do PCC. Mesquita & Moraes (2004)

apontam que, geralmente, os CV’s dos métodos de determinação da Ko são maiores que 70%.

Por outro lado, Ribeiro (2005) obtendo valores de Ko pelo método do PCC em seis tipos de

solos diferentes obteve CV maior que 70% em apenas uma área e, Silva et al. (2012)

considerando diferentes profundidades e tipos de coberturas vegetais verificaram que o CV para

os valores de Ko foram menores que 70% em todos os casos analisados.

Ainda pela Tabela 2, observa-se que os valores de desvio padrão obtidos no método do

PPL foram maiores do que os do PCC. Marques et al. (2008) estudando a avaliação da

condutividade hidráulica do solo saturado utilizando dois métodos de laboratório numa

topossequência com diferentes coberturas vegetais no Baixo Amazonas obtiveram como

valores máximo e mínimo de Ko pelo método do PCC, em um Latossolo Amarelo distrófico na

faixa de profundidade de 0,16 a 0,46 m, 8,62 e 10,35 m.dia-1, respectivamente, e desvio padrão

de 1,95 m.dia-1. Sendo que no mesmo trabalho os autores ressaltam que, devido o

desenvolvimento de maior incidência de macroporos na superfície em áreas de floresta, bem

como a presença de raízes grandes e finas, recomenda-se a utilização de métodos de campo para

a determinação da Ko.

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Os testes verificaram aproximação dos métodos em apenas em uma área, mostrando que pelos

dois métodos os resultados não foram significativos entre si.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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112, n. 4, p. 348-386, 1986.

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laboratório numa topossequência com diferentes coberturas vegetais no Baixo Amazonas. Acta

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MESQUITA, M. G. B. F.; MOARES, S. O.; PERUCHI, F.; TEREZA, M. C. Alternativa para

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MESQUITA, M. G. B. F.; MORAES, S. O. A dependência entre a condutividade hidráulica

saturada e atributos físicos do solo. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n. 3, p. 963-969, mai-

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MILLAR, A. A. Drenagem de terras agrícolas: bases agronômicas. São Paulo: Editerra, 1988.

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PFEIFFER, M.; HABERLAND, J.; KREMER, C.; SEGUEL, O. Comparación de dos métodos

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RIBEIRO, K. D. Influência da distribuição de vazios na condutividade hidráulica do solo

saturado. 2005. 56 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal

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CONCLUSÕES

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