comparaÇÃo da funÇÃo pulmonar e vo2máx. em...

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COMPARAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E VO2máx. EM ATLETAS DO TIME DE FUTSAL DA UNISUL PRÉ TEMPORADA *Paulo Sérgio Isidoro Jeremias; *João Luiz Martins; **Kelser de Souza Kock; ***Michelle Cardoso Machado; ***Alexandre Fugueiredo Zaboti ....................................................................................................................................................... *Acadêmicos do oitavo semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. **Professor orientador do Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. *** Professores Avaliadores do Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. RESUMO O futsal é um esporte praticado em quadra que exige de seu praticante esforços de grande intensidade e curta duração além de uma rapidez de raciocínio para tomadas de decisões, habilidade para dribles com um espaço menor que o futebol de campo e, principalmente, uma ótima capacidade cardiorrespiratória que reflete em uma boa aptidão física, fazendo com que o atleta permaneça mais tempo em quadra alcançando melhores resultados. O estudo presente teve como objetivo geral comparar a função pulmonar e o VO2máx. em atletas do time de futsal da UNISUL totalizando 18 jogadores na pré-temporada de 2008. Como instrumentos de pesquisa, foram utilizados um espirômetro marca MULTISPIRO TM SENSOR, analisado pelo software versão Sx:252 para avaliação da função pulmonar e os resultados do teste ergométrico segundo o protocolo de Ellestad realizado na clínica de Cardiologia CORDIS de Tubarão – SC para obtenção do VO 2 máx. A análise dos dados demonstrou que, os atletas mesmo em período de recesso obtiveram resultados com valores maiores que o previsto, tanto na capacidade vital forçada (CVF), com tendência de 90 a 120% do previsto, quanto na ventilação voluntária máxima (VVM), tendendo de 120 a 140% do previsto, como no consumo de oxigênio máximo (VO2máx.), com tendência de 60 a 80 ml/kg/min. Em conclusão, apesar de existirem poucos estudos nesse sentido, constatamos através de nossos resultados que os atletas se encontravam com uma boa capacidade cardiorrespiratória. Pensamos que, através desse trabalho, surjam novas pesquisas para avaliação respiratória dos atletas em diferentes esportes. Palavras-Chave: Futsal; Consumo máximo de oxigênio; Função pulmonar.

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COMPARAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E VO2máx. EM ATLETAS DO TIME DE FUTSAL DA UNISUL PRÉ TEMPORADA *Paulo Sérgio Isidoro Jeremias; *João Luiz Martins; **Kelser de Souza Kock; ***Michelle Cardoso Machado; ***Alexandre Fugueiredo Zaboti ....................................................................................................................................................... *Acadêmicos do oitavo semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. **Professor orientador do Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. *** Professores Avaliadores do Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão.

RESUMO

O futsal é um esporte praticado em quadra que exige de seu praticante esforços de grande

intensidade e curta duração além de uma rapidez de raciocínio para tomadas de decisões,

habilidade para dribles com um espaço menor que o futebol de campo e, principalmente, uma

ótima capacidade cardiorrespiratória que reflete em uma boa aptidão física, fazendo com que

o atleta permaneça mais tempo em quadra alcançando melhores resultados. O estudo presente

teve como objetivo geral comparar a função pulmonar e o VO2máx. em atletas do time de

futsal da UNISUL totalizando 18 jogadores na pré-temporada de 2008. Como instrumentos

de pesquisa, foram utilizados um espirômetro marca MULTISPIROTM SENSOR, analisado

pelo software versão Sx:252 para avaliação da função pulmonar e os resultados do teste

ergométrico segundo o protocolo de Ellestad realizado na clínica de Cardiologia CORDIS de

Tubarão – SC para obtenção do VO2máx. A análise dos dados demonstrou que, os atletas

mesmo em período de recesso obtiveram resultados com valores maiores que o previsto, tanto

na capacidade vital forçada (CVF), com tendência de 90 a 120% do previsto, quanto na

ventilação voluntária máxima (VVM), tendendo de 120 a 140% do previsto, como no

consumo de oxigênio máximo (VO2máx.), com tendência de 60 a 80 ml/kg/min. Em

conclusão, apesar de existirem poucos estudos nesse sentido, constatamos através de nossos

resultados que os atletas se encontravam com uma boa capacidade cardiorrespiratória.

Pensamos que, através desse trabalho, surjam novas pesquisas para avaliação respiratória dos

atletas em diferentes esportes.

Palavras-Chave: Futsal; Consumo máximo de oxigênio; Função pulmonar.

INTRODUÇÃO

O futsal é um elegante e vigoroso esporte de quadra onde desenvolve no seu

praticante a rapidez de raciocínio para a tomada de decisões, habilidade para dribles com

espaço disponível geralmente reduzido, além da forma física, pois a necessidade de massa

muscular e capacidade aeróbica são fundamentais para o bom desempenho do salonista (1).

Como o futebol, o futsal também é uma modalidade desportiva caracterizada por

esforços intermitentes, de extensão variada e de periodicidade aleatória. O futsal atual exige

esforços de grande intensidade e curta duração, diferenciando esta modalidade desportiva de

outras de alto nível. A agilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que o

atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais rápida e

eficiente possível (2).

O trabalho específico sobre o sistema aeróbico de fornecimento de energia visa

aumentar a resistência cardiovascular do individuo, que é de extrema importância no trabalho

de preparação física do atleta de futsal. A determinação desse parâmetro é obtida a partir do

cálculo de consumo máximo de oxigênio VO2máx. que em jogadores de futebol profissional,

varia de 55 a 65ml/kg/min. O desenvolvimento da capacidade aeróbica é um dos fatores

determinantes da performance desses atletas dentro de campo.

Em relação à função pulmonar, nada mais sério do que um meio responsável por

prover uma troca gasosa, entre o ambiente externo e o corpo, fornecendo ao individuo uma

maneira de repor o O2 e remover CO2 do sangue. A troca de O2 e de CO2 entre os pulmões e

o sangue ocorre em conseqüência da ventilação e da difusão. Onde o termo ventilação se

refere ao processo mecânico de mobilização do ar para dentro e para fora dos pulmões, e

difusão é o movimento aleatório das moléculas de uma área de menor concentração.

A equação de Fick nos mostra a relação que o consumo máximo de oxigênio

possui sobre o sistema cardiovascular, sistema respiratório e sistema muscular em captar,

transportar e a absorver o oxigênio. Ela nos mostra que o consumo de oxigênio do organismo

é dependente do fluxo sanguíneo e da quantidade de oxigênio extraída do sangue, que é

expressa como a diferença artériovenosa de oxigênio (∆ a-v O2). Sendo assim o principio de

Fick pode ser aplicado para todo o corpo, onde o VO2 representa o consumo de oxigênio total

do corpo, o débito cardíaco (DC) representa o fluxo sanguíneo e a diferença entre o conteúdo

de oxigênio do sangue arterial e do sangue venoso misto representa a ∆ a-v O2 (3).

De acordo com o tema do estudo realizado estar focado na relação entre função

pulmonar e VO2 máx. dos atletas de futsal, surge o questionamento se existe relação da

função pulmonar e VO2 máx. na pré temporada dos atletas.

O futsal é um esporte que exige muita agilidade e capacidade pulmonar do atleta,

pois seus movimentos rápidos e explosivos fazem com que os mesmos necessitem de grandes

trabalhos aeróbios. Entretanto, a diminuição aeróbica faz com que aumente os riscos de

cãibras e conseqüentes lesões que podem levar o atleta a ser afastado da quadra causando a

perda da qualidade física e pulmonar devido ao tempo de recuperação. Por esse motivo este

estudo tem como um dos objetivos, avaliar a capacidade aeróbica do atleta para que possa ser

feito uma melhor preparação do seu trabalho aeróbico. Pois o aumento da função pulmonar e

VO2máx. permite ao atleta que tenha um rendimento de melhor qualidade, diminuindo as

cãibras e lesões, e como conseqüência aumentando a permanência em quadra.

O VO2máx. tem sido de grande valia na avaliação funcional de atletas. Tendo

como teste, a ergoespirometria que é um procedimento não invasivo, utilizado para avaliar o

desempenho físico ou a capacidade funcional de um individuo, conciliando a análise de gases

expirados e variáveis respiratórias. No esporte, esse método de avaliação é de fundamental

importância, pois traz significativa contribuição na verificação de índices de aptidão

cardiorespiratória como é o caso do (VO2max.) e o limiar anaeróbico (LA) (4).

A importância das qualidades morfofuncionais na melhora do rendimento nos

esportes aumentou o interesse no aprimoramento dos níveis de aptidão física dos atletas. No

entanto, há poucos estudos sobre as variáveis fisiológicas do futsal disponíveis na literatura

científica mundial (2).

É de grande importância para o clube e principalmente para o atleta saber sobre

suas condições fisiológicas, onde nesse esporte a capacidade pulmonar e o consumo de

oxigênio máximo são essenciais para um bom desempenho dentro de campo.

O estudo teve como objetivo geral, comparar a função pulmonar e o VO2 máx.

em atletas de futsal na pré temporada de 2008. E como objetivos específicos, verificar a

relação da capacidade vital (CV), com o VO2 máx. nos atletas de futsal; Identificar o VO2

máx. nos atletas de futsal que jogam nas posições: ala, goleiro, fixo e pivô e verificar a

relação entre a ventilação voluntária máxima (VVM), com o VO2 máx..

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa se caracteriza como estudo de pesquisa descritiva (observacional),

com uma abordagem quantitativa. Esta se caracteriza por ser um levantamento das

características conhecidas ou componentes do fato, fenômeno ou problema, de determinada

realidade com certa exatidão, exigindo assim do pesquisador uma série de informações sobre

o que deseja ser estudado, sobre uma precisa delimitação de técnicas, métodos, modelos e

teorias que irão orientar a coleta e consequentemente a interpretação dos dados (5).

O método quantitativo primeiramente visa garantir a precisão dos resultados,

evitar distorções de análises e interpretação, que consequentemente possibilita uma margem

de segurança quanto às inferências (6).

AMOSTRA

A pesquisa obteve como amostra atletas profissionais da equipe de futsal

masculina UNISUL PENALTY, da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL),

composta por 18 jogadores, com faixa etária entre 20 e 30 anos. Sendo realizada no período

de Janeiro a Março de 2008, e tendo como tipo de pesquisa uma amostra não probabilística.

Esta pesquisa, foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa da UNISUL (CEP) com o

código do registro 08.009.4.08.III

Para o cálculo do tamanho da amostra, foi utilizado a seguinte fórmula:

no = 1 / (Eo2)

onde: no é a primeira aprimoração do tamanho da amostra; e Eo é o erro amostral

tolerável. (EX: 5% = 0,05)

n = (N.no) / (N + no)

onde: N é o numero de elementos da população; e n é o tamanho da amostra.

Então:

no = 1 / (Eo2)

no = 1/(0,05)2

no = 400

n = (N.no) / (N + no)

n = (18.400) / (18 + 400)

n = 7200 / 418 = 17,22

O critério de inclusão da amostra foi à aceitação dos atletas a participarem do

estudo e, assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e também os que

não estiverem lesionados. Consequentemente os critérios de exclusão foram os atletas que não

assinarão o TCLE e os que estivessem lesionados.

MATERIAIS

Nos materiais que foram utilizados para fazer a coleta de dados consta: Um

espirômetro (Espirômetro MULTISPIROTM SENSOR – analisado pelo software versão Sx:

252), para a avaliação da função pulmonar, sendo que, este precisa ser calibrado regularmente

com uma seringa da marca (MULTISPIROTM padrão 3 litros, e aquisição dos dados de

identificação da ficha de controle (nome, idade, altura, gênero, sexo, etnia). E também os

valores obtidos através do protocolo de Ellestad em esteira ergométrica realizado em um

clínica de Cardiologia (CORDIS) de Tubarão - SC.

MÉTODOS

Os procedimentos para a coleta de dados na pré temporada dos jogos, iniciou

através de um contato com o responsável pela Clínica-Escola de Fisioterapia da UNISUL,

Campus Tubarão, para poder ter acesso ao equipamento espirômetro. Após a confirmação do

acesso e liberação dos equipamentos, iniciamos nossa pesquisa através de algumas etapas.

1º Etapa: Contato com o responsável pela equipe profissional de futsal UNISUL

PENALTY (treinador e preparador físico), para que possa liberar os jogadores para iniciar a

coleta de dados.

2º Etapa: Após a liberação dos jogadores, esses receberão o termo de

consentimento livre e esclarecido (TCLE) para a leitura e assinatura, no caso de dúvida os

pesquisadores estiveram no local no dia para dar total esclarecimento sobre TCLE.

3º Etapa: Ao término da leitura e com a assinatura do atleta confirmando o TCLE,

será confirmada a disponibilidade de cada atleta para a coleta de dados.

4º Etapa: No dia da coleta os atletas iniciarão o teste. Primeiramente foi realizado

o teste de espirometria, na Clínica-Escola de Fisioterapia da UNISUL, Campus Tubarão.

A espirometria é realizada com o paciente sentado, seguindo os passos: colocação

do clipe nasal e acoplamento dos lábios ao bocal do espirômetro; logo, inicialmente

respiração normal; após, o final de uma expiração, solicitar que o paciente realize inspiração

forçada máxima, seguida, sem interrupção, de expiração rápida e forçada durante no mínimo

6 segundos. No caso de distúrbio obstrutivo, a manobra expiratória será mais prolongada,

podendo chegar a 15 segundos. Ao final da inspiração máxima que precede a expiração

forçada, a pausa inspiratória pode ser no máximo de 3 segundos. O teste é repetido até serem

obtidas três curvas reprodutíveis, considerando-se satisfatório quando a forma da curva é

adequada, ou seja, quando é obtido o pico expiratório inicial mais elevado possível, seguindo

de queda homogênea de fluxos (7).

Para a realização da espirometria deverão ser registrados alguns dados em uma

ficha de identificação, como idade, sexo, raça, peso e altura. E as condições ambientais,

principalmente a temperatura, devem ser registradas para que não haja erros de mensurações (8).

5º Etapa: No dia seguinte ao do teste de espirometria realizado na Clínica-Escola

de Fisioterapia Campus Tubarão – SC, os atletas realizaram o teste da esteira, este sendo feito

na Clínica de Cardiologia (CORDIS) no mesmo município.

Após a realização do teste foi aguardado durante 2 semanas os documentos que

constavam os resultados obtidos por cada atleta. Estes foram copilados para o uso na

pesquisa.

Os dados foram analisados mediante a testes estatísticos, colhendo informações

dos resultados obtidos a partir dos testes de espirometria e da esteira. Através destes, foram

realizados os testes de estatísticas descritivas (média, desvio padrão) e os de estatísticas

inferencial (Wilcoxon para amostras dependentes, e o teste de Sperman, através do software

Statdisk®) (9).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No trabalho realizado foram avaliados 18 atletas do time de futsal da UNISUL,

onde suas posições eram definidas com goleiro, ala, fixo e pivô. O número de jogadores pode

ser visualizado na tabela 1.

Tabela 1 – Posições e número de jogadores

Posições Número de jogadores

Goleiro 3

Ala 9

Fixo 2

Pivô 4

4.1 CAPACIDADE VITAL FORÇADA E VENTILAÇÃO VOLUNTÁRIA MÁXIMA

(PERCENTUAL) EM RELAÇÃO À FREQÜÊNCIA

Tendo em base que a capacidade vital forçada é o volume máximo de ar que pode

ser expirado após uma expiração máxima (8), podemos visualizar a distribuição do percentual

da capacidade vital forçada (% CVF) de acordo com os resultados obtidos em nosso trabalho,

através do gráfico 1.

R2 = 0,9362

0

1

2

3

4

5

6

70-79 80-89 90-99 100-109 110-119 120-129

% CVF

Fre

qu

ênci

a

Gráfico 1 – Distribuição do percentual da capacidade vital forçada (% CVF)

Foi possível visualizar no gráfico 1 que dentre os 18 atletas que realizaram a

pesquisa 1 apresentou a CVF entre 70-79%, 3 apresentaram entre 80-89%, 5 entre 90-99%, 4

entre 100-109%, 4 atletas também entre 110-119%, e 1 entre 120-129%. Através destes

resultados foi possível observar que a tendência concentrou-se entre um percentual de CVF de

90-120%.

Em relação à ventilação voluntária máxima descrita como sendo o volume

máximo de ar que pode ser respirado (inspirado e expirado), com o maior esforço voluntário

possível, num determinado período de tempo (8), pode ser visualizada através dos resultados

mostrado no gráfico 2 de distribuição do percentual da ventilação voluntária máxima (%

VVM)

R2 = 0,7999

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

80-89 90-99 100-109 110-119 120-129 130-139 140-149

% VVM

Fre

qu

ên

cia

Gráfico 2 – Distribuição do percentual da ventilação voluntária máxima (% VVM)

De acordo com os resultados da pesquisa em relação ao percentual de ventilação

voluntária máxima analisou-se que, 1 atleta ficou entre 80-89%, 1 atleta também entre 90-

99%, 3 entre 100-109%, 2 entre 110-119%, 4 entre 120-129%, 4 atletas também entre 130-

139%, e 3 entre 140-149%. Visualiza-se também ainda no gráfico 2, que a tendência

concentrou-se entre 120-140% da VVM.

É de conhecimento de todos que existe uma relação bem estabelecida entre

atividade física, esporte e saúde. A prática de exercícios físicos é relacionada com um estilo

de vida saudável e a um aumento da expectativa de vida, e cada vez mais é provada que sua

prática aumenta seus efeitos benéficos à saúde.

Um estudo realizado entre jovens atletas com idade de 18 à 24 anos que

praticavam handebol e jovens que eram considerados sedentários por não praticarem nenhum

tipo de esporte nem realizar atividade física regular, mostrou que ao realizarem o teste

espirométrico e analisarem os resultados obtidos através de análise estatística, foi

demonstrado através dos resultados que, não houve diferença significativa da capacidade vital

forçada no primeiro minuto em relação aos jovens atletas com os sedentários. Mas que por

outro lado em relação ao parâmetro de ventilação voluntária máxima no primeiro minuto

mostrou diferença significativa entre os pesquisados. Com os dados obtidos ao final da

pesquisa foi comprovado que, a atividade física realizada regularmente, melhora a capacidade

ventilatória no que diz respeito à tolerância ao exercício (10).

Esses dados corroboram com os resultados de nossa pesquisa onde o % de CVF

concentrou-se na normalidade mesmo se tratando de os pesquisados serem atletas, enquanto o

% de VVM mostrou-se acima da normalidade, assim como o estudo citado, fortalecendo os

resultados de nossa pesquisa.

4.2 DISTRIBUIÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO, EM RELAÇÃO A FREQÜÊNCIA

O consumo máximo de oxigênio é definido como o maior volume de oxigênio por

unidade de tempo que um individuo consegue captar, respirando ar atmosférico durante o

exercício. O VO2máx. é alcançado quando se atingem níveis máximos de débito cardíaco e de

extração periférica de oxigênio e não é ultrapassado mesmo com incremento na carga de

trabalho muscular (4). De acordo com o gráfico 3, podemos visualizar a distribuição do

consumo máximo de oxigênio.

R2 = 1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

60-69 70-79 80-89

VO2máx (ml/kg/min)

Fre

qu

ênci

a

Gráfico 3 – Distribuição do consumo máximo de oxigênio (VO2máx)

De acordo com o gráfico 3, nota-se que 7 atletas obtiveram um resultado de

VO2máx. entre 60-69ml/kg/min., 9 ficaram entre 70-79ml/kg/min.,, e 2 entre 80-89

ml/kg/min. Observa-se também que a tendência concentra-se entre 70-80ml/kg/min.,

VO2máx.

Durante uma partida de futebol a intensidade do trabalho é muito próxima do

limiar anaeróbico, os valores do mesmo em jogadores de futebol variam entre 80-90

ml/kg/min., da freqüência cardíaca máxima ou entre 75-90ml/kg/min., do VO2máx.. Mas de

acordo com pesquisas jovens jogadores de futebol possuem valores de consumo máximo de

oxigênio inferiores a 60ml/kg/min., esses valores podem ser influenciados pela posição tática,

tempo de treinamento e pelo processo de maturação biológicas (11).

Os resultados obtidos na pesquisa em relação ao VO2máx. como dito

anteriormente foram compilados da Clínica de Cardiologia de Tubarão-SC (CORDIS), sendo

que o protocolo utilizado foi o de Ellestad, o mesmo é usado principalmente para idosos, por

não exigir grandes inclinações acentuadas (12). Isso explica o fato dos jogadores terem obtido

um valor maior do que o esperado para seu consumo de oxigênio máximo visualizado no

gráfico anterior (gráfico 3).

A avaliação da capacidade funcional de transporte e utilização de oxigênio

(VO2máx.) pode ser aplicado em diferentes modalidade. Abaixo a FIGURA 1, mostra os

valores de referência de 12 modalidades esportivas incluindo o futebol de salão (futsal). Em

comparação é possível observar valores também de referência de grupos de indivíduos

cardiopatas, sedentários e obesos (13).

Figura 1 – Valores de Referência do Consumo Máximo de Oxigênio (23)

4.3 CORRELAÇÃO ENTRE CAPACIDADE VITAL FORÇADA E VETILAÇÃO VOLUNTÁRIA

MÁXIMA COM O CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO.

Em se tratando da correlação da capacidade vital forçada (CVF) e consumo máximo de

oxigênio (VO2máx.) absoluto, observamos que houve uma correlação positiva moderada com

signficância estatística ( r = 0,4556) de acordo com o gráfico 4 a seguir.

y = 771,11x + 1305,3

R2 = 0,2076

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

0 1 2 3 4 5 6 7

CVF (litros)

VO

2má

x (m

l/m

in)

Gráfico 4 – Correlação entre capacidade vital forçada (CVF) e

consumo máximo de oxigênio (VO2máx)

Já na correlação entre ventilação voluntária máxima (VVM) e consumo máximo de

oxigênio (VO2máx.) absoluto, observamos que houve uma correlação positiva moderada a fraco como

demonstrado no gráfico 5.

y = 13,734x + 2905,4

R2 = 0,1322

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

0 50 100 150 200 250

VVM (l/min)

VO

2máx

(m

l/m

in)

Gráfico 5 – Correlação entre ventilação voluntária máxima (VVM) e

consumo máximo de oxigênio (VO2máx)

Como citado também no item 4.1, é provado que a prática de exercícios físicos

regular é benéfica tanto ao corpo humano como uma maneira geral, como para uma boa

condição pulmonar de um modo específico.

Em um estudo realizado a fim de avaliar a relação entre a qualidade de exercício e

os efeitos que o mesmo causa na condição pulmonar, foram avaliados e escolhidos para serem

o estudo vários tipos de esportes, sendo eles futebol, hóquei, voleibol, natação e basquetebol,

e para serem os controles foram escolhidos médicos e estudantes de medicina.

Os parâmetros utilizados para a realização da pesquisa foram capacidade vital

forçada (CVF), volume expiratório forçado (VEF – 1) e pico de fluxo expiratório (PEFR).

Após a pesquisa os pesquisadores constataram que em comparação ao grupo controle

(médicos e alunos de medicina), os esportistas obtiveram valores mais elevados de função

pulmonar em relação ao grupo controle, destacando para o esporte de natação onde houve

uma concentração de valores mais alto que em comparação com os outros esportes (14). Este

estudo comprova juntamente com nossa pesquisa que, a prática de exercícios físicos promove

uma função pulmonar de melhor qualidade.

Já em uma outra pesquisa avaliando 231 indivíduos saudáveis comparou valores

de ventilação e exercício máximo em cicloergômetro. Os pesquisadores demonstraram que a

ventilação no esforço máximo (Vemáx.) atingiu 0,61 + 0,14% da VVM e evidenciaram uma

forte correlação (r = 0,9) entre Vemáx. e o VO2máx.(15)

4.4 CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO (MÉDIA E DESVIO PADRÃO), DE ACORDO COM

AS POSIÇÕES DOS JOGADORES.

Ao analisarmos as posições que cada jogador exerce foi possível observar que o

VO2máx. de número maior foi o da posição goleiro chegando a 78 ml/kg/min, logo após o

goleiro vem seguida as posições ala 72 ml/kg/min, pivô 69 ml/kg/min e o fixo 64 ml/kg/min,

deixando visível que não houve grande diferença entre as posições com o consumo máximo

de oxigênio, como demonstrado no gráfico 6 a seguir.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

GOLEIRO ALA PIVÔ FIXO

POSIÇÕES

VO

2máx

(m

l/kg

/min

)

Gráfico 6 – Média e desvio padrão das posições e

consumo máximo de oxigênio (VO2máx)

A posição tática dentro de um time, o treinamento e a maturação biológica como

citado anteriormente no item 4.3 tem influências significativas nos valores de VO2máx. Em

nossos resultados obtidos vimos que o goleiro do time estava mais apto a captar, transportar e

utilizar oxigênio. A hipótese para esse fato é de que durante seu período de recesso o mesmo

manteve um certo treinamento deixando-o mais condicionado.

Cada posição exige do atleta algumas habilidades por exemplo: o goleiro

necessita de força explosiva, flexibilidade, equilíbrio, resistência muscular localizada e

velocidade de reação; Já o ala precisa de força explosiva, resistência e coordenação; A

posição pivô necessita de velocidade, agilidade, equilíbrio e força de explosão; E por fim o

jogador fixo precisa ter força , impulsão, equilíbrio, velocidade de reação e agilidade.

A posição que cada jogador exerce e a sua participação em quadra estabelece uma

variação no valor do VO2máx.. Portanto sabe-se que o jogador que apresenta um valor maior

de consumo de oxigênio máximo, consegue participar mais da partida e apresentar um menor

índice de lesão (16).

Em relação ao futebol de campo, quando um jogador corre, em uma velocidade

alta, os primeiro segundos há predominância do sistema anaeróbico alático, já se acontecer

uma diminuição da velocidade e um aumento do tempo, prevalece o sistema anaeróbio lático,

e se houver um aumento da duração da atividade com a diminuição da intensidade irá

prevalecer o sistema aeróbio. Autores descrevem que este, o sistema aeróbio é o mais

utilizado em uma partida de futebol de campo (17).

Ainda em relação ao futebol de campo a distância que é percorrida em média por

um jogador é em torno de 10,80 km e dentro dessa distância 88% envolvem atividades

aeróbias e 12% de atividades anaeróbias de alta intensidade (18). Em decorrência disso a

capacidade de absorver, transportar e utilizar oxigênio é um determinante importante para os

jogadores tanto de futebol de campo como de futsal recuperarem seus esforços de alta

intensidade que foram realizados (19).

4.5 POSIÇÕES (MÉDIA E DESVIO PADRÃO), EM RELAÇÃO À CAPACIDADE VITAL

FORÇADA E A VENTILAÇÃO VOLUNTÁRIA MÁXIMA (PERCENTUAL).

Em relação às posições e a capacidade vital forçada (percentual), observou-se que

como no VO2máx. a posição de goleiro tem a maior porcentagem em relação a CVF,

chegando aos 111%, seguido da posição de goleiro vem a posição ala com 97%, a posição

pivô também com 97%, e por último a posição fixo com 99%. Acompanhando os resultados

de nosso estudo segue abaixo o gráfico 7.

0

20

40

60

80

100

120

140

GOLEIRO ALA PIVÔ FIXO

POSIÇÕES

% C

VF

Gráfico 7 – Média e desvio padrão das posições e percentual da capacidade vital forçada (%CVF)

De acordo com o percentual da ventilação voluntária máxima (VVM) e as

posições, foi visualizado através dos resultados que mostram o gráfico 8, que a posição ala e

goleiro obtiveram 124%, seguidos das posições pivô 120% e da posição fixo com 109%.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

GOLEIRO ALA PIVÔ FIXO

POSIÇÕES

% V

VM

Gráfico 8 – Média e desvio padrão das posições e

percentual da ventilação voluntária máxima (%VVM)

Como foi possível observar nos gráficos anteriores 7 e 8, que dizem respeito a

capacidade vital forçada e a ventilação voluntária máxima comparados com cada posição, não

houve uma grande diferença significativa devido ao fato de que todos os pesquisados serem

atletas, mesmo a pesquisa sendo realizada em uma pré temporada. Isso demonstra que, os

atletas em seu período de recesso de alguma forma manterão a prática de exercícios como

treinamento afim de não perderem sua capacidade respiratórios, com intuito de obterem

melhores resultados físicos dentro de quadra.

REFERÊNCIAS

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