como somos justificados por deus - livro
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A474 Alves, Silvio Dutra Como somos justificados por Deus./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 104p.; 14,8x21cm 1. Salvação. 2. Justificação. 3. Fé. I. Título.
CDD 234
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Sumário
Justificação...............................................................
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Por que a Nossa Justificação Depende da
Ressurreição de Cristo?....................................
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Cristo, o Objeto e Fundamento da Fé
para a Justificação, em sua Morte................
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Andarão de Branco..............................................
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Significado de Ser Justificado Pela Fé........
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Injustos Mas Justos..............................................
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A Maior Bem-Aventurança.............................
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Os Efeitos da Justificação..................................
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Salvos por Meio da Justificação.....................
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Justificação Pela Graça......................................
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Justificação Pela Fé.............................................. 84
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Justificação
Os que Deus chama eficazmente, também livremente justifica. Esta justificação não
consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e
aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os
justifica em razão de qualquer coisa neles
operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não lhes
imputando como justiça a própria fé, o ato de
crer ou qualquer outro ato de obediência
evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo, quando eles o recebem e
se firmam nele pela fé, que não têm de si
mesmos, mas que é dom de Deus.
Ref. Rom. 8:30 e 3:24, 27-28; II Cor. 5:19, 21; Tito 3:5-7; Ef. 1:7; Jer. 23:6; João 1:12 e 6:44-45; At. 10:43-
44; Fil. 1:20; Ef. 2:8.
A fé, assim recebendo e assim se firmando em Cristo e na justiça dele, é o único instrumento
de justificação; ela, contudo não está sozinha na
pessoa justificada, mas sempre anda acompanhada de todas as outras graças
salvadoras (fruto do Espírito – paz, alegria,
bondade, mansidão, domínio próprio, amor
etc); não é uma fé morta, mas opera pelo amor.
Ref. João 3:16, 18, 36; Rom. 3:28, e 5: I; Tiago 2:17, 22, 26; Gal. 5:6.
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Cristo, pela sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos os que são
justificados, e, em lugar deles, fez a seu Pai uma
satisfação própria, real e plena. Contudo, como Cristo foi pelo Pai dado em favor deles e como a
obediência e satisfação dele foram aceitas em
lugar deles, ambas livremente e não por qualquer coisa neles existente, a justificação
deles é só da livre graça, a fim de que tanto a
justiça restrita como a abundante graça de Deus
sejam glorificadas na justificação dos pecadores.
Ref. Rom. 5:8, 9, 18; II Tim. 2:5-6; Heb. 10:10, 14; Rom. 8:32; II Cor. 5:21; Mat. 3:17; Ef. 5:2; Rom. 3:26;
Ef. 2:7.
Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar todos os eleitos, e Cristo, no
cumprimento do tempo, morreu pelos pecados deles e ressuscitou para a justificação deles;
contudo eles não são justificados enquanto o
Espírito Santo, no tempo próprio, não lhes aplica
de fato os méritos de Cristo.
Ref. Gal. 3:8; I Ped. 1:2, 19-20; Gal. 4:4; I Tim. 2:6; Rom. 4:25; I Ped. 1:21; Col. 1:21-22; Tito 3:4-7.
Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca poderão decair
do estado de justificação, poderão, contudo,
incorrer no paternal desagrado de Deus e ficar
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privados da luz do seu rosto, até que se
humilhem, confessem os seus pecados, peçam
perdão e renovem a sua fé e o seu
arrependimento.
Ref. Mat. 6:12; I João 1:7, 9, e 2:1-2; Luc. 22:32; João
10:28; Sal. 89:31-33; e 32:5.
A justificação dos crentes sob o Velho
Testamento era, em todos estes respeitos. a mesma justificação dos crentes sob o Novo
Testamento.
Ref. Gal. 3:9, 13-14; Rom. 4:22, 24.
Não poderíamos ser justificados se não tivéssemos antes, sido redimidos.
A redenção é o preço pago como resgate para libertar prisioneiros da prisão. Jesus pagou
com o seu sangue, de forma completa e
definitiva, o preço exigido pela justiça divina,
para livrar os pecadores da condenação eterna. Este resgate não tinha preço pois se refere à
libertação de vidas. Quanto vale uma só vida?
O pagamento de Cristo cobriu completa e perfeitamente, todos os débitos de todos os
crentes para com Deus. Todas as exigências da
lei foram pagas na cruz. O recibo do cancelamento total da dívida foi encravado
na cruz (Col 2.13,14). Agora, não há nenhuma
condenação para quem está em Cristo (Rom
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8.1), nenhuma chama do inferno destinada a
eles. O trabalho foi realizado completamente
pelo próprio Cristo, sem o auxílio de qualquer
pessoa.
A justificação é o efeito ou resultado da aplicação dos benefícios decorrentes da
redenção. Como o débito foi pago por outro em
nosso lugar, então somos declarados justos e sem culpa por Deus. Cristo se apresentou na
presença do Pai, no lugar dos pecadores, para
receber a sentença e a execução da mesma, que
eram destinadas a eles. Quando Deus disse em relação aos que seriam redimidos por
Cristo, que deveria condená-los e puni-los,
Cristo se declarou culpado no lugar deles.
Quando a execução da sentença foi determinada, Cristo declarou que deveria ser
punido no lugar deles, e o fez morrendo na cruz.
Isto é o que se chama de doutrina da
substituição ou sacrifício vicário. Cristo ficou no lugar do pecador, e nós ficamos no lugar de
Cristo diante de Deus. Ele nos olha como se
fôssemos Cristo, e somos aceitos por Ele com o
mesmo amor que ama a Cristo. E somos considerados herdeiros, inclusive de uma coroa
no céu, juntamente com Cristo. Tão logo que o
pecador se arrepende ele é justificado de todos
os seus pecados. Ele está sem culpa diante de Deus, inteiramente aceito pelo seu amor. Além
disso, ele passa a ter méritos porque tomou a
justiça de Cristo para si. Os trapos do pecador
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(seus pecados) foram lançados sobre Cristo (Is
53.11b), e as vestes de Cristo foram colocadas no
pecador arrependido.
A justificação é irreversível. Tão logo que o pecador toma o lugar de Cristo, e Cristo toma o
lugar do pecador, não há mais o temor de uma
segunda troca. Cristo pagou o débito e este não será exigido novamente (Jo 3.14,18). O castigo
que ele sofreu na cruz em nosso lugar não terá
que ser sofrido por nós novamente. Ele não
cancelou o escrito de dívida para que ele fosse reescrito outra vez (Col 2.13,14). Deus não dá o
perdão gratuito para voltar a condenar depois.
Daí não mais haver condenação para quem está
em Cristo Jesus (Rom 8.1). Ninguém pode condenar a quem Deus justificou (Rom 8.33,34).
Tudo isto é obtido gratuitamente sem as nossas obras (Ef 2.8,9). Nunca será obtido com base nos nossos merecimentos. É obtido por nada, sem
que nada façamos, além de crer. O ladrão que foi
salvo na cruz, e as pessoas que aceitam a Cristo
em seus leitos de morte, bem ilustram o fato de que a salvação/justificação é por meio da fé
somente, e não das obras.
O evangelho de Cristo é tão imensamente precioso que não poderia ser comprado por qualquer valor deste mundo ou do universo. É
por isso que Deus nos concede a salvação por
graça, mediante o preço altíssimo e
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incalculável, que Jesus pagou com sua própria
vida e ao dispor-se a levar sobre Si a culpa de
todos os nossos pecados.
Primeiro devemos ser justificados simplesmente pedindo para sermos salvos, e
faremos as boas obras depois (Ef 2.10), pois que
somos justificados, para sermos regenerados e santificados, porque a santidade é a essência
mesma da natureza de Deus. Se alguém quiser
ser justificado deve vir a Cristo como está, com
todos os seus pecados, não lhe escondendo cousa alguma, porque é isto o que nos
recomenda a Ele para sermos socorridos, a
exposição sincera do nosso estado de miséria e
o reconhecimento da nossa culpa, em razão do pecado. Mostrando-lhe o estado de sujeira e
os trapos de nossas roupas, ele as trocará pelas
suas vestes de justiça alvas e limpas (Zac 3.1-5).
Precisamos de arrependimento e o desejo de deixar o pecado para sermos justificados, mas
não é uma coisa nem outra a causa da
nossa justificação, ainda que necessárias, mas Cristo, Cristo, Cristo, somente Cristo.
Mas, para se arrepender, o pecador necessita do convencimento e da obra do Espírito Santo. O
homem dirigido pelo Espírito para ser justificado. O homem necessita ser justificado
porque foi criado para ser justo tanto para com
os demais homens, quanto para com Deus.
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Quando o homem é trazido a Cristo, pelo
Espírito, ele descobre que sua vida tem sido
manchada por várias ofensas contra a lei de
Deus.
O Espírito Santo nos convence do pecado antes que possamos ser justificados, para
compreendermos que estamos cheios de pecados, tanto em nossas ações exteriores,
quanto em nossos pensamentos e imaginação. O
pensamento e a imaginação do nosso coração
são continuamente maus. Ninguém pode alegar inocência diante do trono de Deus. A menos que
o homem seja derrubado do seu orgulho em não
se reconhecer pecador, Cristo nunca o
levantará. Por ser um transgressor da lei de Deus, o homem, sem Cristo, nunca pode estar
de pé diante dele baseado em sua própria
justiça. A possibilidade de ser justificado com
base na justiça própria deve ser considerada como um caso totalmente perdido. O passado
não poder ser apagado, e o futuro não será nada
melhor, e assim a salvação pelas obras da lei
será sempre uma impossibilidade (At 13.39; Rom 3.20,28; 4.1-8; 9.30-32; Gl 2.16; 3.11).
A lei amaldiçoa a todos os que não cumprem os seus mandamentos (Dt 27.26; Gl 3.10,11) mas Jesus se fez maldição no nosso lugar para nos
resgatar da maldição da lei (Gl 3.13,14). Os que
não têm a Cristo permanecem debaixo da
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referida maldição (Gl 3.10). Mas o justificado é
resgatado dela.
Os que buscam ser justificados pela lei, e não pela fé em Cristo, deveriam se lembrar que
quem quebra a lei num só ponto se torna
culpado de todos os demais (Tg 2.10). Um só
pecado sujeita o transgressor à condenação eterna no inferno (Mt 5.18,19,22). Isto revela
quão estrita é a justiça de Deus. E aponta para a
grandeza da ira de tal justiça que foi despejada
sobre Jesus quando pagou pelos nossos pecados na cruz, para satisfazer a exigência da justiça de
Deus. O que concluímos disto é que qualquer
pessoa que não tenha sido justificada por Cristo
está sob condenação (Jo 3.36b), e nós, que temos sido justificados devemos levar o pecado muito
a sério, sabendo que a ira de Deus contra o
pecado está revelada no castigo que Jesus sofreu
na cruz.
O homem só pode ser justificado pelo caminho de Deus (a graça que está em Cristo) que é
totalmente diferente do caminho através do qual não podemos ser justificados (o mérito das
nossas boas obras). Não somos justificados pela
nossa própria obediência, mas pela obediência
de Cristo (Rom 5.19).
Como a justificação não é pelo nosso merecimento, e sim pelos méritos de Cristo, é
comum afirmar-se que a salvação é um dom
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(graça) imerecido. De fato não é porque a
mereçamos, que a recebemos, mas porque
fomos eleitos pelo amor de Deus para recebê-la.
(Isto estudaremos pormenorizadamente no assunto relativo à eleição). E tudo o que se refere
à nossa salvação (eleição, justificação,
regeneração, santificação e glorificação) está em Cristo.
Quando o crente é abençoado com a bênção da justificação não é por sua própria causa, mas por
causa de Jesus. Deus apaga os seus pecados em razão do que Jesus fez. O crente não tem
méritos próprios mas tem recebido os méritos
ilimitados de Jesus, ao ser vestido com a
sua justiça divina (Mt 22.11,12; Rom 10.4; I Cor 1.30). Todos os méritos de Jesus são imputados
àqueles que são justificados pela sua graça.
Cristo se fez pecado por nós (II Cor 5.21) e nós
fomos feitos reis e sacerdotes para Deus (I Pe 2.9; Apo 5.9,10).
Estando vestido da justiça de Cristo, o crente não terá no céu uma justiça maior ou melhor do
que a que tem na terra. É por isso que não será mais aceitável a Deus quando for para o céu, do
que aqui na terra, pois a mesma justiça de Jesus
é a que os crentes possuem tanto na terra
quanto no céu. Uma justiça divina, melhor do que a que Adão tinha em seu estado
de inocência no Éden, que era uma justiça
humana, baseada na sua própria justiça. O
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caminho de chegada a esta justificação é a fé.
Não por meio de choros, orações, humilhações,
trabalhos, leitura da Bíblia (ainda que tudo isso
seja necessário depois que o crente é justificado) ou quaisquer outros meios, MAS
PELA FÉ. É a graça quem justifica e salva,
mas sempre por meio da fé, porque Deus prometeu que seria apenas este
o único meio da justificação (Hc 2.4; Rom 1.17;
5.1; Ef 2.8).
Mas, a fé que conduz à justificação é uma fé viva, genuína, que vem de Deus, do alto, que se
manifesta em obras (I Tim 1.5; Tg 2.17-19). A fé
sem fingimento que habitou na mãe e avó de
Timóteo (II Tim 1.5). A fé que conduz ao arrependimento e entrega da vida ao Senhor,
para que seja por Ele transformada e santificada
(este é um outro assunto que estudaremos sob
os temas de Regeneração e Santificação). Uma fé como esta não pode ser de nós mesmos, é
uma fé que também recebemos como um dom
de Deus.
O grande privilégio da justificação é que passamos a ter paz com Deus (Rom 5.1). O temor
do mal e do juízo vindouro terminam. O crente
se sente seguro nas mãos de Deus e descansa quanto ao destino eterno de sua alma,
independentemente das circunstâncias
adversas que possa sofrer neste mundo. O
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coração justificado pode experimentar a paz de
Cristo em meio às aflições e tribulações.
Permanecendo em Cristo, os crentes não
podem mais estar debaixo da maldição da lei, mesmo neste mundo, porque não apenas Deus
os perdoou em Cristo quanto a todas as suas
transgressões da lei, como estão destinados a viverem em perfeita harmonia com todas as
exigências da lei moral de Deus, no porvir, pela
capacitação recebida do poder e graça de Deus,
mediante a obra de redenção realizada por Jesus, bem como pela regeneração e
santificação operadas pelo Espírito Santo, que é
o selo e a garantia da salvação dos crentes. O
Espírito que tem lutado contra a carne e mortificado a natureza terrena do crente, na
batalha constante que se travará
permanentemente neste mundo, é a garantia
que temos de Deus, de que Ele completará a sua obra iniciada em nós na justificação e
regeneração, de purificação do pecado e do
revestimento de Cristo.
Como resultado ou consequência da justificação, somos regenerados e santificados
pelo Espírito Santo, em Cristo. Somos feitos
filhos de Deus (Jo 1.12; I Jo 3.2), herdeiros de
Deus, livrados da condenação da lei e da morte, e temos vida eterna (Mt 25.46; Lc 18.30; 20.35,36;
Jo 3.15,16,18; 3.36; 4.14,36; 5.24,29; 6.27,37,39,
40,47,51,54, 57,58; 8.51; 10.10,28; 11.26; 12.25,50;
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14.19; 17.2,3; At 13.46,48; Rom 1.17; 2.7; 5.9,17,18,21;
6.22,23; 8.1,2,6,16,18,32-35; 10.9,13; 14.4; I Cor
1.8,9; 2.12; 6.3; 9.25; 11.32; 15.49, 54; II Cor 1.24;
3.18; 4.17; 5.17; 13.6; Gl 4.6; 6.8; Ef 2.1,4,5,8-10; Fp 1.6,21; 3,21; Col 1.12, 22,27; 2.13,14; I Tes 1.10;
4.14,17; 5.9,10,23? II Tes 2.13,16,17; I Tim 1.15,16;
6.12; II Tim 1.9,10,12; 2.10; Tito 1.1,2; 3.4-7; Hb 1.14; 5.9; 6.17-20; 7.25; 8.12; 9.15; 10.14,39; 12.28; I Pe 1.3-
5,22,23; 5.10; II Pe 1.3,4; 3.7,13; I Jo 1.2; 2.25; 3.1-3;
5.11-13, 20; II Jo 1,2).
Não podemos sentir a justificação, por ser um decreto legal da parte de Deus que nos livra da
condenação e que nos imputa a justiça de Cristo,
mas podemos sentir os seus efeitos sobre nós: o
amor a Deus e aos irmãos em Cristo, o trabalho de purificação dos nossos pecados e o novo
nascimento operados pelo Espírito Santo, a paz
de Cristo em nossos corações e muitas outras evidências que comprovam que de fato fomos
feitos filhos de Deus por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo.
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Por que a Nossa Justificação Depende da
Ressurreição de Cristo?
Fé Baseada na Ressurreição de Cristo
“Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou,” (Rom 8.34
a)
É a ressurreição de Cristo que dá sustentação à fé:
1. Por ser uma evidência da nossa justificação,
2. Por ter uma influência em nossa justificação.
Houve necessidade da ressurreição de Cristo, para a aquisição de nossa justificação.
O apóstolo faz a ênfase do argumento em favor da nossa justificação, na ressurreição do
Senhor, porque ao se referir à sua morte como a
primeira grande causa, ele aponta para esta
segunda, como que afirmando a sua importância, por dizer: “ou, antes, quem
ressuscitou”, como se tivesse reconhecido que
o argumento da ressurreição poderia até
mesmo ser colocado antes do relativo à morte, como prova da nossa justificação, porque aqui, o
que ele quer demonstrar, é que não há qualquer
base legal para sermos condenados à morte
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eterna por Deus, e a prova disso está marcada de
forma bastante evidente na ressurreição de
Jesus.
Alguém indaga: Por que vocês foram
justificados? Por causa da morte de Cristo, respondemos. Então vem a réplica: “Mas quem
garante que a morte de Jesus foi eficaz para que
vocês fossem justificados?”, e a nossa resposta será: “Porque isto foi comprovado na sua
ressurreição, que é a prova patente que ele foi
aceito e justificado pelo Pai, morrendo em nosso
lugar, carregando os nossos pecados sobre o seu corpo, I Pe 2.24.
Sua ressurreição comprova então que a justiça de Deus está plenamente satisfeita pela morte
de Cristo. sua ressurreição pode nos dar plena
certeza disso.
Em segundo lugar, ela teve e tem uma influência em nossa própria justificação, sim, e
uma influência tão grande como a sua morte
teve. Em ambos os aspectos, não podemos ser
condenados, porque Cristo ressuscitou.
Ele ressurgiu dos mortos, e nós também juntamente com ele. Podemos ser justificados e
vivificados porque ele vive. Nós vivemos porque
ele permanece vivo, e vivo para sempre.
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Como ele próprio afirmou: “porque eu vivo, vós também vivereis”, Jo 14.19.
E temos a certeza de que podemos viver nele, porque ele pagou completamente toda a nossa
dívida de pecados, e Deus está satisfeito com a
oferta da sua vida em sacrifício vicário, ou seja,
em nosso lugar.
Se o Senhor tivesse pago a nossa dívida em sua morte, mas caso não revivesse em glória, em sua
ressurreição, não poderíamos receber da sua vida, pela qual somos salvos e vivificados. Ele é o
pão vivo que desceu do céu e alimenta o nosso
espírito. Vivemos pela sua vida, e assim deveria
ser, porque foi isto que foi pactuado entre ele e o Pai, antes mesmo que viesse ao mundo para
efetuar a nossa redenção.
Após discorrer sobre a ressurreição em todo o 15º capítulo de I Coríntios, o apóstolo Paulo
fecha o capítulo com um hino de triunfo sobre o
pecado e a morte:
“1Co 15:55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
1Co 15:56 O aguilhão da morte é o pecado, e a
força do pecado é a lei.
1Co 15:57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.”
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A nossa ressurreição não será para a segunda morte, conforme sucederá aos ímpios, mas para
a vida, e isto comprova que temos participado da
ressurreição de Cristo, porque fomos justificados por Deus juntamente com ele, em
sua morte e ressurreição.
Assim, afirma o apóstolo:
“o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.” (Rom 4:25).
Nesta passagem se afirma expressamente que Jesus ressuscitou por causa da nossa
justificação. Não que o termos sido justificados
tenha sido a causa da sua ressurreição, mas o oposto disto, ou seja, somos justificados por
causa da sua ressurreição.
Então a ressurreição de Cristo não foi apenas uma evidência, um meio de prova da nossa
justificação, mas algo que teve uma influência causal na própria justificação.
Isto pode ser visto em I Coríntios 15.17, onde o apóstolo argumenta nos seguintes termos: “se
Cristo não ressuscitou, permaneceis ainda nos
vossos pecados e a sua fé é em vão”, ou seja, embora você possa ter a certeza de que a fé
opera em você sobre o mérito da morte
de Cristo, no entanto, seria em vão, se Cristo
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não ressuscitasse, pois, neste caso, a sua
justificação seria nula; e assim estariam ainda
em seus pecados.
Ninguém deve duvidar quanto à verdade de que a morte de Cristo pagou a nossa dívida de
pecados, mas ainda assim, dependíamos
também da quitação dessa dívida, e isto seria feito pela sua ressurreição. A conta deveria ser
rasgada e devidamente quitada no céu, de modo
que nós, devedores que éramos da justiça
divina, pudéssemos ser liberados da nossa condição de devedores.
Em sua morte Jesus é o nosso Sacrifício, e em sua ressurreição e ascensão ao céu, Ele é o nosso Sacerdote e Advogado. Ambas funções são
necessárias para a nossa redenção, e por isso
elas se encontravam prefiguradas na Lei, onde
nenhum sacrifício teria valor caso não fosse apresentado na presença do sumo sacerdote de
Israel, e também no tabernáculo, e quanto ao
sacrifício que era oferecido pelo pecado de toda
a nação no dia da Expiação, o sangue teria que ser apresentado no Santo dos Santos, e deveria
ser aspergido sobre o propiciatório da arca da
aliança, que representava a presença de Deus.
Assim, também nosso Senhor se apresentou como nosso Sumo Sacerdote no céu para
apresentar o sangue do seu sacrifício na
presença do Pai no Santo dos Santos celestial.
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Isto é devidamente explicado na epístola aos
Hebreus.
Nenhum de nós poderia ter a plena justificação que nos dá o direito de acessarmos diretamente
ao Pai, caso não tivéssemos a nosso Senhor Jesus
Cristo intercedendo por nós, à sua direita, como
nosso Sumo Sacerdote. Por isso importava que ele ressuscitasse dentre os mortos para realizar
a sua função sacerdotal em nosso favor, de
modo que sejamos aceitos por Deus Pai.
O Pai designou antes mesmo dos tempos eternos, Tito 1.1-3, o Filho para realizar estes
ofícios para o nosso benefício e para a sua glória.
Como o ato da justificação é um ato jurídico, no qual somos os beneficiados, em razão do
pagamento da fiança da nossa libertação que foi
pago por nosso Fiador, e por todas os
atos atributivos e imputativos para sermos considerados sem culpa e justos diante de Deus,
e então poder desfrutar de tudo isto porque
Jesus não apenas pagou o preço exigido em sua
morte, como também, ressurgiu dos mortos para a realização de todo este aparato jurídico,
necessário à nossa libertação e defesa contra
nossos acusadores, agindo como nosso
Advogado no céu, para garantir a nossa justificação. O apóstolo João, por isso, em sua
primeira epístola ao falar de Jesus como nosso
Advogado, I Jo 2.1, ele diz que ele é fiel e justo
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para nos “purificar de toda injustiça”, como se
referindo de um modo peculiar ao ato da
justificação, caso confessemos os nossos
pecados, I João 1.9.
Como isto poderia ter sido feito senão pela sua ressurreição? Daí ser afirmado na Palavra que
ele ressuscitou por causa da nossa justificação,
ou seja, para ativá-la, para administrá-la, para
não somente nos atribuir a sua própria justiça, como também para implantá-la
progressivamente ao nosso caráter, por nos
fazer participantes de sua própria vida e
virtudes.
Daí a grande certeza do apóstolo ao indagar: Quem intentará acusação contra os eleitos de
Deus? Quem os condenará? E então apresenta o
argumento final: eles estão justificados e é Deus
quem os justifica desta forma jurídica incontestável, quer perante toda a Terra, quer
perante o céu, ou até mesmo perante o próprio
inferno.
O plano de justificação dos pecadores é perfeito e completamente seguro, de forma que também é segura a salvação daqueles que são
justificados por meio da fé em Cristo.
Não há neste plano divino qualquer brecha que possa dar ocasião a uma apelação ou ação por
parte de tudo e todos que tentem anular o
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direito que Cristo conquistou para os
justificados, de modo que eles podem repousar
seguros que este direito nunca poderá lhes ser
negado ou retirado, ainda que parcialmente.
“por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.” (Heb 7.22).
Tão perfeito é o ato da nossa justificação, que se diz que nosso Senhor aparecerá uma segunda
vez em sua volta, sem pecado, Heb 9.28, ou seja, a justificação garantirá a nossa perfeição
espiritual por ocasião de sua volta, de tal forma,
que não haverá nenhuma necessidade que ele
carregue de novo os nossos pecados sobre si, como fizera em seu primeiro advento, para que
pudéssemos receber esta justificação. Assim,
aparecerá sem pecado, não que tivesse pecado
antes, ou que estivesse com algum pecado no céu, mas sem a necessidade referida de fazer
expiação pelo pecado em nosso lugar, uma
segunda vez. Daí se dizer também, que tendo ele
“ressuscitado dentre os mortos, já não morre mais”, Rom 6.9, ou seja, pela perfeita
justificação que ele operou em nosso favor,
jamais haverá necessidade de qualquer outra
expiação que demandasse que ele morresse de novo pelos pecadores. E também se diz, que com
uma única oferta aperfeiçoou para sempre
quantos estão sendo santificados, Heb 10.14.
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Agora, todo este argumento da Palavra de Deus em favor da ressurreição de nosso Senhor como
prova e causa da nossa justificação, encoraja e
aumenta a nossa fé nele. Aumenta também a nossa gratidão e amor. Porque ainda que não
cheguemos a ter um conhecimento pleno da
real profundidade deste maravilhoso plano de salvação, ele funcionará para todos os que
creem em Cristo, independentemente do citado
conhecimento pleno.
Mas bem faremos em aumentar no
conhecimento desta graça e do Senhor, conforme nos exorta a própria Palavra, para que
jamais nos desviemos da Rocha na qual somos
firmados por meio da fé.
“2 Pe 3:17 Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda
que, arrastados pelo erro desses
insubordinados, descaiais da vossa própria
firmeza;
2 Pe 3:18 antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no
dia eterno.”
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Cristo, o Objeto e Fundamento da Fé para
a Justificação, em sua Morte
“Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu.” Rom 8.34
Veremos como não é a pessoa de Cristo
simplesmente, mas Cristo morrendo, o objeto da fé para a justificação.
Não é olhando para o Cristo triunfante, mas sim para o Cristo crucificado que a fé opera para a
nossa justificação; porque Ele se fez maldição em nosso lugar em sua morte. Ele foi tipificado
pela serpente morta de bronze que Moisés
levantou no deserto, e para a qual quando os que
estavam morrendo olhavam, eram curados e viviam.
Quando se olha apenas para as excelências pessoais da glória que está em Jesus Cristo, e
quando o coração se afeiçoa a ele somente nisto,
comete-se um erro porque a primeira visão que uma alma humilde deve ter, é a de contemplá-lo
como o seu Salvador, feito pecado por nós, e que
se fez maldição em nosso lugar, obedecendo até
a morte para nos remir do pecado, Rom 8.3.
Cristo, é, para nós, precioso e excelente em sua pessoa, ainda mais quando considerado com
suas vestes salpicadas de sangue. Sim, e eu digo
26
mais, que considerando a fé para justificação,
que é, este ato o que justifica um pecador;
porque esta justificação está baseada na
obediência de Cristo até à morte.
Segundo a Lei, todas as coisas são purificadas com sangue, e sem sangue não há remissão de
pecados, Heb 9.22.
Por isso Paulo diz em sua Epístola aos Coríntios, que nada conheceu entre eles senão Cristo, e
este crucificado, 1 Coríntios 2.2.
Assim também, em sua Epístola aos Gálatas, ele chama a sua pregação entre eles de a pregação
da fé, 3.2. E qual foi o objetivo principal do mesmo, senão apresentar Cristo crucificado
diante de seus olhos? Gál 3.1.
Nosso Senhor instituiu a santa ceia para ser um memorial da sua morte, porque é nesta que se
baseia a nossa justificação.
Por isso a fé é chamada de fé em seu sangue,
Rom 3.25, porque nosso Senhor derramou o seu sangue para a remissão dos pecados.
Assim, tanto em Ef 1.7 e Col 1.14, vemos que temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, a sua pessoa nos dá o direito legal
para nos apropriarmos de todas as promessas, e
seu sangue garante o seu cumprimento, porque
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fomos comprados por um preço completo
e adequado, 1 Tim 2.6.
E como o pecado é a força da lei, e das ameaças da mesma, assim a satisfação da justiça por
Cristo é a força de todas as promessas do evangelho.
Em uma palavra, uma alma humilde que recorre a Cristo, está agora viva e glorificada no
céu, mas porque Ele foi crucificado e se fez pecado por nós.
A fé deve contemplar até o fim o Cristo crucificado, ou seja, para a intenção de Deus e de
Cristo em seus sofrimentos, e não
simplesmente para a história trágica de sua morte e sofrimentos. É o coração e mente, e
intenção de Cristo no sofrimento, que a fé
principalmente olhe para ele e o coração seja
atraído para descansar no Cristo crucificado.
O desejo do coração de Cristo é o de que os pecadores possam alcançar o perdão, e o
coração de Cristo está tão cheio nisto, para
consegui-lo, de modo que o coração do pecador
possa desejá-lo, e achar por fim, descanso nele.
Sem isso, a contemplação e meditação da história de seus sofrimentos, e da grandeza
deles, será completamente inútil. E ainda, o uso
principal que muitos crentes carnais fazem dos
28
sofrimentos de Cristo, é simplesmente o de
terem compaixão pelos sofrimentos do Senhor,
e se indignarem com o fato dele ter padecido nas
mãos daqueles que o crucificaram, mas isto nada mais é do que a história trágica como a de
um grande e nobre personagem, cheio de
virtudes heroicas, que comoverá os espíritos ingênuos, que leiam ou ouçam sobre isso, sim, e
suas afeições são movidas na forma de uma
ficção, elaborada por sua imaginação fantasiosa,
o que é senão uma devoção carnal.
Em vez de focarmos no fato histórico, devemos sim, procurar entender o significado e
propósito dos sofrimentos de Cristo, pelo que
Ele próprio nos ensina nos evangelhos, e os seus apóstolos em suas epistolas, na Bíblia.
Por isso importa termos a mente de Cristo, 1 Cor
2.16, especialmente a sua mente em todos os seus sofrimentos.
Para que tivéssemos uma melhor compreensão do infinito significado e importância de sua morte, Deus instituiu os sacrifícios de animais e
a Páscoa no Velho Testamento para tipificá-la, e
também o revelou aos profetas, como vemos por
exemplo em Isaías 53 e no Salmo 22.
“A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando
29
aos homens as suas transgressões, e nos confiou
a palavra da reconciliação.”( 2 Cor 5.19)
Cristo veio ao mundo para apresentar a si mesmo como sacrifício pelos nossos pecados.
(Heb 10.5)
“então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para
estabelecer o segundo. Nessa vontade é que
temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a
exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas
vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais
podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício
pelos pecados, assentou-se à destra de Deus,
aguardando, daí em diante, até que os seus
inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para
sempre quantos estão sendo santificados. E
disto nos dá testemunho também o Espírito
Santo; porquanto, após ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o
Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e
sobre a sua mente as inscreverei, acrescenta:
Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para
sempre. Ora, onde há remissão destes, já não há
oferta pelo pecado.” (Hebreus 10.9-18).
30
“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus
enviando o seu próprio Filho em semelhança de
carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o
pecado,” (Romanos 8.3).
31
Andarão de Branco
“Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas
vestiduras e andarão de branco junto comigo,
pois são dignas.” (Apocalipse 3.4)
Podemos entender isso como se referindo à
justificação. "Andarão de branco", isto é, devem ter um senso constante de sua própria
justificação pela fé, os quais devem saber que a
justiça de Cristo é imputada a eles, para todos
aqueles que têm sido lavados e foram feitos mais alvos do que a neve recém-caída.
Outrossim, isto se refere a alegria e satisfação,
porque estavam com vestes brancas usadas pelos judeus em ocasiões festivas. Aqueles que
não contaminaram as suas vestes terão seus
rostos sempre brilhantes e entenderão o que
Salomão disse: "Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois
Deus já de antemão se agrada das tuas obras.”
(Ecl 9.7)
Aquele que é aceito por Deus deve usar roupas brancas de regozijo e alegria, enquanto caminha
em doce comunhão com o Senhor Jesus. De onde procedem tantas dúvidas, tanta miséria, e
tristeza? É porque muitos crentes
contaminaram as suas vestes com pecado e
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erro, e, portanto, perdem a alegria da sua
salvação, e a comunhão do Senhor Jesus, eles
não andam aqui embaixo de branco.
A promessa também se refere a andar de branco diante do trono de Deus. Aqueles que não contaminaram as suas vestes aqui certamente
andarão de branco lá em cima, onde as hostes
celestiais vestidas de branco cantam eternos
aleluias ao Altíssimo. Eles terão alegrias extraordinárias, além da felicidade sonhada,
bem-aventuranças que a imaginação não
conhece, bem-aventuranças jamais alcançadas.
O "sem mácula no caminho" terá tudo isso, e não por mérito, nem por obras, mas por graça.
Devem andar com Cristo de branco, porque ele
os tornou "dignos". Em sua doce companhia
beberão das fontes da água da vida.
Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
33
Significado de Ser Justificado Pela Fé
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz
com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;”
(Romanos 5.1)
“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” (Romanos 3.28)
Geralmente, quando perguntamos a alguém o que é ser justificado por meio da fé em Jesus
Cristo, a resposta que costuma ser dada é que
isto significa ser tornado justo por Deus, como
se a justificação fosse um processo, assim como é a santificação. Todavia, como veremos
adiante, a justificação não é um processo, uma
operação de transformação, mas um ato
declarativo de Deus do perdão de todos os nossos pecados, de modo que somos
considerados livres de qualquer culpa ou
condenação, e por conseguinte vistos por Ele
como inocentados e justos, no momento mesmo em que nos convertemos a Cristo, e esta
declaração divina jamais será invalidada.
Quando fazemos um exame cuidadoso da palavra justificação tanto no original grego do Novo Testamento, quanto no hebraico do Velho,
vemos que o significado não é ser transformado
em justo, mas ser considerado justo por Deus.
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Evidentemente, não poderia ser outro o significado porque perfeitamente justo
somente é o próprio Senhor.
É por meio da justificação que obtemos a salvação eterna de uma vez para sempre, no
momento mesmo em que cremos em Cristo e somos considerados justos por Deus, uma vez
que esta é a porta que se abre para a regeneração
e a santificação do Espírito Santo. Em outras
palavras, sem a justificação não pode haver nem regeneração, nem santificação. É a justiça do
próprio Cristo que nos é imputada para a
salvação do mesmo modo pelo qual Abraão fora também justificado no passado.
Vejamos então algumas ocorrências bíblicas da
citada palavra:
1 - Logizomai (grego) – imputar, atribuir
Quando a Bíblia fala do modo da justificação, é dito que ela é imputada, atribuída, vendo-se
portanto, claramente, que se trata de uma declaração divina quanto à condição que somos
considerados por ele por estarmos em Cristo, a
saber, de justificados.
Romanos 4.3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado
(Logizomai) como justiça.
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Romanos 4.4 Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado (Logizomai) o galardão
segundo a graça, mas segundo a dívida.
Romanos 4.5 Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
imputada (Logizomai) como justiça.
Romanos 4.6 Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa
(Logizomai) a justiça sem as obras, dizendo:
Romanos 4.8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa (Logizomai) o
pecado.
Romanos 4.9 Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre
a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi
imputada (Logizomai) como justiça a Abraão.
Romanos 4.10 Como lhe foi, pois, imputada (Logizomai)? Estando na circuncisão ou na
incircuncisão? Não na circuncisão, mas na
incircuncisão.
Romanos 4.11 E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé quando estava na
incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem, estando eles também na incircuncisão; a
fim de que também a justiça lhes seja imputada
(Logizomai);
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Romanos 4.22 Assim isso lhe foi também imputado (Logizomai) como justiça.
Romanos 4.23 Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta
(Logizomai),
Romanos 4.24 Mas também por nós, a quem será tomado em conta (Logizomai), os que
cremos naquele que dentre os mortos
ressuscitou a Jesus nosso Senhor;
Gálatas 3.6 Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado (Logizomai) como justiça.
Tiago 2.23 E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado
(Logizomai) como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
2 – dikaioô (grego) - considerar justo ou inocente
Mateus 12.37 Porque por tuas palavras serás justificado (dikaioô), e por tuas palavras serás condenado.
Lucas 18.14 Digo-vos que este desceu justificado (dikaioô) para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será
humilhado, e qualquer que a si mesmo se
humilha será exaltado.
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Atos 13.39 E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados (dikaioô), por ele é
justificado (dikaioô) todo aquele que crê.
Romanos 2.13 Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados (dikaioô).
Romanos 3.4 De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem
mentiroso; como está escrito: para que sejas
justificado (dikaioô) em tuas palavras, e venças
quando fores julgado.
Romanos 3.20 Por isso nenhuma carne será justificada (dikaioô) diante dele pelas obras da
lei, porque pela lei vem o conhecimento do
pecado.
Romanos 3.24 Sendo justificados (dikaioô) gratuitamente pela sua graça, pela redenção
que há em Cristo Jesus.
Romanos 3.26 Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e
justificador (dikaioô) daquele que tem fé em
Jesus.
Romanos 3.28 Concluímos, pois, que o homem é justificado (dikaioô) pela fé sem as obras da lei.
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Romanos 3.30 Visto que Deus é um só, que justifica (dikaioô) pela fé a circuncisão, e por
meio da fé a incircuncisão.
Romanos 4.2 Porque, se Abraão foi justificado (dikaioô) pelas obras, tem de que se gloriar, mas
não diante de Deus.
Romanos 4.5 Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica (dikaioô) o ímpio, a sua
fé lhe é imputada como justiça.
Romanos 5.1 Tendo sido, pois, justificados (dikaioô) pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo;
Romanos 5.9 Logo muito mais agora, tendo sido justificados (dikaioô) pelo seu sangue, seremos
por ele salvos da ira.
Romanos 8.30 E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes
também justificou (dikaioô); e aos que justificou
(dikaioô) a estes também glorificou.
Romanos 8.33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica
(dikaioô).
I Coríntios 6.11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido
santificados, mas haveis sido justificados
39
(dikaioô) em nome do Senhor Jesus, e pelo
Espírito do nosso Deus.
Gálatas 2.16 Sabendo que o homem não é justificado (dikaioô) pelas obras da lei, mas pela
fé em Jesus Cristo, temos também crido em
Jesus Cristo, para sermos justificados (dikaioô)
pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne
será justificada (dikaioô).
Gálatas 2.17 Pois, se nós, que procuramos ser justificados (dikaioô) em Cristo, nós mesmos
também somos achados pecadores, é
porventura Cristo ministro do pecado? De
maneira nenhuma.
Gálatas 3.8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar (dikaioô) pela fé os
gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão
benditas em ti.
Gálatas 3.11 E é evidente que pela lei ninguém será justificado (dikaioô) diante de Deus, porque
o justo viverá pela fé.
Gálatas 3.24 De maneira que a lei nos serviu de
aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados (dikaioô).
40
Gálatas 5.4 Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais (dikaioô) pela lei; da graça
tendes caído.
Tito 3.7 Para que, sendo justificados (dikaioô) pela sua graça, sejamos feitos herdeiros
segundo a esperança da vida eterna.
Tiago 2.21 Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado (dikaioô) pelas obras, quando
ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?
Tiago 2.24 Vedes então que o homem é justificado (dikaioô) pelas obras, e não somente
pela fé.
(Nota: Tiago não está dizendo que a justificação é um somatório de fé mais obras, mas que a fé
que justifica é sempre evidenciada pelas boas
obras da fé.)
Tiago 2.25 E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada (dikaioô) pelas obras,
quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho?
Nota Geral: Os verbos logizomai e dikaioô não foram apresentados flexionados nas passagens
bíblicas citadas.
3 - tsadaq (hebraico) – considerar justo em sentido forense
41
Isaías 45.25 Mas no Senhor será justificada (tsadaq), e se gloriará toda a descendência de
Israel.
Isaías 53.11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu
conhecimento o meu servo, o justo, justificará
(tsadaq) a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.
(Nota: neste texto se afirma que a justificação é obtida somente por meio do nosso
conhecimento pessoal e íntimo de Jesus Cristo, pois é a Ele que se refere a profecia de Isaías 53.)
42
Injustos Mas Justos
Todas as pessoas, sem uma só exceção, nada
possuem por natureza, que lhes recomende ao Reino dos Céus.
Mesmo no caso de Abel, Noé, Abraão, Moisés, Davi, Daniel, Isaías e tantos outros – homens dos
quais o próprio Deus deu testemunho de serem
justos e agradáveis perante Ele, haveria um juízo de condenação eterna sobre eles, caso Deus não
lhes tivesse justificado do pecado, pela fé.
Afinal todos eles eram também pecadores assim como nós, e o salário do pecado para qualquer
um é sempre a morte eterna.
Assim, há uma justiça perfeita que nos é atribuída pela fé, que é a de Jesus Cristo, que nos livra da condenação e que permite sermos
agradáveis a Deus em obras de fé,
arrependimento, justiça e busca da presença do
Senhor por um andar digno perante Ele e todos os homens.
De modo que apesar de injustos que éramos aos olhos de Deus, antes da nossa conversão a
Cristo, somos considerados justos por causa da
pessoa, obra e méritos do Senhor Jesus.
43
Apesar de não sermos perfeitos na prática da justiça, enquanto vivermos neste mundo,
todavia possuímos a justiça perfeita de Jesus que
nos foi atribuída por Deus, simplesmente por causa do arrependimento e da fé, e esta justiça
jamais será retirada de nós.
44
A Maior Bem-Aventurança
“3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em
Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
4 Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.
5 Mas, àquele que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada
como justiça.
6 Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:
7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos.
8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.” (Romanos 4.3-8)
Se dependêssemos de nossa justiça própria
para sermos reconciliados com Deus e habitar com Ele para sempre, todos estaríamos
perdidos inapelavelmente.
Isto se dá em decorrência de todos sermos pecadores e a justiça perfeita de Deus sujeitar à
45
condenação eterna por um único pecado
cometido ao longo de todo o curso da vida.
E sabemos que não há ausência de pecado mesmo no maior dos santos que viveram, que
vivem ou que ainda viverão na Terra.
Por isso Deus salva, justifica, simplesmente por graça e mediante a fé, porque nunca houve
diante dele uma única pessoa perfeitamente
justa.
Sabemos que para que esta justiça divina nos fosse imputada, atribuída, para a nossa
justificação, a nossa dívida de pecados deveria,
antes, ser liquidada.
Sendo pecadores jamais poderíamos fazê-lo, nem mesmo um anjo do céu, porque o liquidante deveria ser alguém digno e mais
elevado do que os céus para quitar, pela riqueza
infinita de seus méritos e graça, as dívidas de
todos quantos se achegassem a Ele em busca de remissão.
Isto foi feito por Jesus quando morreu no nosso lugar na cruz, porque foi nele, que não tinha
qualquer pecado, que Deus castigou a nossa
culpa, de modo que pôde se apresentar como sendo o nosso Grande Substituto, para que
pudéssemos ser achados inculpáveis diante de
Deus, apesar de sermos pecadores.
46
Então se diz na Escritura desde os dias do Velho Testamento, pelo Espírito Santo, através da boca
do rei Davi (Sl 32.1,2), que bem-aventurado é
todo aquele que é justificado pela fé, porque todas as suas maldades e os seus pecados são
perdoados e cobertos pela graça e misericórdia
de Deus, que determinou lançá-los todos no mar do esquecimento, sem qualquer intenção de
lhes imputar dali por diante qualquer acusação
ou condenação em juízo por causa do pecado,
com vistas a um castigo eterno.
Cristo pagou a nossa conta, como Fiel Fiador e Salvador, satisfazendo inteiramente à exigência
da justiça e santidade de Deus.
47
Os Efeitos da Justificação
O primeiro deles é que por meio dela fomos
resgatados da maldição da Lei, que afirma que é
maldito de Deus todo aquele que não cumpre
perfeitamente todos os seus mandamentos, e por conseguinte, somos livrados também da ira
de Deus contra o pecado.
Enquanto o homem não é justificado, Deus
permanece em guerra com ele. Mas uma vez justificado, a guerra termina, porque é
reconciliado com Deus por meio de Jesus, de
maneira que se diz que agora desfruta de paz
com Ele, em vez de se encontrar sujeito à sua ira que se manifestaria certamente no dia do juízo,
sujeitando-o a uma condenação eterna.
Por meio da justificação o cristão passa a participar da graça do evangelho, na qual ele
estará firmemente seguro por causa da obra
perfeita de redenção que foi feita em seu favor
por Jesus.
Isto significa que ainda que ele venha a decair da graça, pela prática de pecados eventuais, esta
queda nunca será numa forma final e definitiva,
porque foi transformado em filho de Deus, por meio da justificação.
É a justificação que abre também para nós a esperança firme e segura de que participaremos
48
da glória de Deus, como Paulo afirma em Rom
5.2.
Mas os efeitos da justificação não param por aí, porque uma vez sendo transformados em filhos
de Deus, passamos a contar com a assistência da
graça, a qual nos fortalece e ampara nas
tribulações pelas quais a nossa fé é colocada à prova, para que possa crescer.
De maneira que isto não é para motivo de tristeza, mas para se dar glória a Deus, porque prova que de fato nos tornamos seus filhos, e
que agora estamos sendo aperfeiçoados por Ele
através das tribulações, para que aprendamos a
perseverança, a experiência e a esperança.
Quando Paulo diz em Rom 5.5 que a esperança não traz confusão porque o amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado na justificação, o
significado disto é que esta esperança
evangélica é de plena e segura certeza do que
temos recebido em Cristo, pela testificação do Espírito.
De maneira que quando alguém se converte de fato a Cristo, sendo justificado, tal pessoa não estará mais confusa acerca firmeza eterna da
sua união com Deus, porque isto será aprendido
através da sua paciência nas tribulações, que
49
por fim lhe confirmarão na experiência e na
esperança cristã.
E como Paulo disse nos versos 3 e 4 de Rom 5, esta esperança será fortalecida e aperfeiçoada
pelas próprias tribulações, porque veremos o poder operante de Deus em meio a elas, nos
conduzindo em triunfo em Cristo, porque a fé
verdadeira que salva não pode ser destruída, e
não recuará diante das aflições, porque é o próprio Deus quem fortalece aqueles que são
agora seus filhos.
De modo que o apóstolo nos assegura que, como efeito da paciência que podemos ter pelo
Espírito, nas tribulações, depois de variadas experiências disto, seremos confirmados na fé,
e com esta esperança inabalável da certeza do
que temos alcançado em Cristo, quanto à
segurança eterna da nossa salvação, toda dúvida e confusão de mente serão eliminadas de nós,
pela certeza do amor de Deus por nós e em nós,
em toda e qualquer circunstância.
"E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado."
(Rom 5.5)
Mas, o apóstolo acrescentou argumentos ao que havia falado antes, para demonstrar que de fato
a nossa esperança não é algo incerto, mas algo a
50
respeito do qual podemos ter a plena certeza de
que jamais será frustrada.
O grande argumento que Ele apresentou é que quando Cristo morreu por nós, ainda éramos
fracos e ímpios.
Não foi por pessoas santas, e perfeitas na fé, que Ele morreu, mas por pecadores fracos e ímpios
(não piedosos), como éramos todos nós antes da conversão.
Então se Jesus fez isto quando estávamos nesta condição de fraqueza e impiedade, quanto mais
não garantirá a nossa salvação depois de termos
sido tornados santificados pela sua Palavra e
pelo Espírito Santo, e fortalecidos pela sua graça?
Deste modo, Jesus não morreu por justos, mas por injustos.
Se demonstrou o seu amor por nós quando éramos ainda pecadores que nada ou pouco
conheciam e viviam da santidade de Deus,
muito mais podemos estar certos então de que
não nos deixará e desamparará depois que fomos justificados pelo seu sangue e adotados
como filhos de Deus.
Podemos então ter a certeza da esperança que seremos salvos por Ele da ira vindoura, no Dia do
Grande Juízo de Deus.
51
Outro grande argumento é o de que Deus nos reconciliou consigo mesmo através da morte de
Jesus quando éramos seus inimigos, porque
vivíamos transgredindo os seus mandamentos e indiferentes quanto ao modo como deveríamos
andar na sua presença.
E esta condição de inimizade com Deus, é decorrente da natureza pecaminosa que
possuímos.
Portanto, se fomos reconciliados quando éramos inimigos, muito mais permaneceremos
reconciliados depois que nos tornamos seus amigos por meio de Jesus.
Então, podemos estar certos da segurança da
nossa salvação por causa da vida de Jesus, que vive para interceder por nós e garantir
plenamente aquilo que obtivemos como
herança, por meio da fé nele.
52
Salvos por Meio da Justificação
A justificação é por pura graça e misericórdia
de Deus, excluindo qualquer mérito do homem,
como também pela verdade que toda a glória é devida ao Senhor, porque somente Ele é o
Criador e o Salvador.
Sem Ele nada existiria. Sem Ele não haveria nenhuma salvação, nenhuma eleição,
nenhuma justificação, nenhuma santificação,
nenhuma glorificação, nenhuma cura, nenhum
livramento da condenação, nenhuma herança para o cristão no céu.
Então, ao afirmar que se Abraão tivesse sido justificado por obras, teria motivo de se gloriar,
mas não diante de Deus, Paulo queria dizer que ele teria realmente motivo de se gloriar em si
mesmo, caso fosse possível alguém ser
justificado por suas obras.
Mas, como isto é impossível, então ninguém deve se gloriar em si mesmo na sua presença,
senão somente no próprio Deus, que tudo opera
em todos, e por meio de quem são todas as
coisas. Deste modo, não está sendo enfocado por Paulo que haja alguma obrigação de Deus em
dar a salvação a qualquer pessoa como uma
espécie de salário, de pagamento de uma dívida,
53
por alguma boa obra que tenha sido praticada
por aquele a quem Ele salvou.
Como Deus sabia que não haveria no homem nenhum modo de salvar a si mesmo do pecado,
Ele deliberou, desde a eternidade, salvar pela graça mediante a fé.
Então, se uma pessoa insiste em ser salva por obras, ela permanecerá sob a condenação de
Deus, porque está sendo desobediente à sua
ordenação, de que aquele que for salvo, o será pela sua graça, e mediante a fé. Tentar fazer
valer a própria justiça sempre nos deixará
desprovidos daquela Justiça que nos vem da
parte de Deus pelo evangelho.
As boas obras devem ser praticadas, mas não
com o fim de sermos salvos por Cristo, porque isto ocorre somente pela graça e por meio da fé.
E é importante que se frise que estas boas obras
se referem em primeiro lugar à transformação
progressiva e gradual do cristão à imagem de Jesus, e depois se manifestam em atos de justiça,
amor e bondade em relação ao próximo, porque
esta é a consequência imediata daquele que tem caminhado com Deus, por ter sido reconciliado
com Ele por meio da fé em Jesus.
É pela fé no sangue que Jesus derramou na cruz que somos lavados e perdoados dos nossos
pecados.
54
Deus revelou esta verdade pelo Espírito ao rei Davi, a qual lemos no Sl 32.1,2, cujas palavras
Paulo usou em Rom 4.7 e 8:
“7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.
8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.”
Então a justificação é uma declaração da parte de Deus em relação a quem se converte, de que
esta pessoa é agora justa diante dele, ou seja, está justificada do pecado, por causa da obra
realizada por Jesus em seu favor.
Esta justiça que é atribuída ao homem é decorrente da justiça do próprio Cristo. É a veste
de Cristo com a qual ele agora está vestido.
Uma vez justificado, ele é chamado a ser justo em todo o seu procedimento, e assim há uma
justiça procedente de Deus que deve ser nele implantada pelo Espírito, de maneira que seja
aperfeiçoado na justiça evangélica, mas isto não
faz parte do ato da justificação, que como vimos
antes, é uma declaração feita por Deus de que somos agora justos aos seus olhos por causa de
Cristo, e não uma implantação da sua justiça
em nós.
Esta implantação da justiça é feita pela regeneração e santificação do Espírito Santo,
55
sendo que a santificação é um processo
progressivo, e não instantâneo tal como se dá
com a justificação e a regeneração, quando do
nosso encontro pessoal com Jesus na nossa conversão.
E esta bênção da justificação, que nos dá a salvação, não é somente para os judeus, uma vez
que Abraão foi justificado pela fé, quando ainda era um gentio em Ur dos caldeus; e foi
circuncidado em seu prepúcio somente depois
de ter crido em Deus e ter sido justificado, de
maneira que não é a circuncisão do prepúcio que justifica uma pessoa conforme os judeus
costumavam ensinar, porque não foi por ter
sido circuncidado que Abraão foi justificado.
Aconteceu justamente o contrário: ele foi circuncidado porque foi justificado, isto é, ele recebeu a circuncisão como um sinal
comprobatório da justificação que é pela fé.
De maneira que os cristãos que são justificados devem trazer em si este sinal comprobatório
que também foram circuncidados por terem crido, já não mais no prepúcio, mas no coração.
A circuncisão dos judeus era um ato de despojamento da carne do prepúcio.
Então, a circuncisão do cristão na Nova Aliança com Cristo consiste no despojamento da carne,
56
não do prepúcio, mas do princípio operativo do
pecado, que a Bíblia chama de carne; e que
consiste em tudo aquilo que nos impeça de ter
uma vida de comunhão no espírito com Deus.
Lembremos que o motivo alegado por Deus de que não permaneceria mais atuando nos
homens nos dias de Noé, porque estes eram carnais, significava que eles haviam se tornado
insensíveis, e completamente endurecidos à
ação do Espírito Santo que procurava conduzi-
los ao arrependimento, conforme lemos em Gên 6.3.
Deve ser levado em conta também que a promessa da Nova Aliança foi feita a Abraão, mais de quatrocentos anos antes da Lei ter sido
dada a Moisés no Sinai.
Isto significa que ao dizer que no Descendente de Abraão, que é Cristo, seriam benditas, todas
as nações da terra, Deus estava mostrando que o
modo de alguém ser salvo não seria por causa da
Lei, mas pela promessa que fez a Abraão, de salvar também a muitos do mesmo modo como
fizera com Abraão, a saber, somente pela fé.
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Justificação Pela Graça
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e
adaptado por Silvio Dutra)
“sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus.” (Rom 3.24)
O monte do conforto é o monte do Calvário. A
casa da consolação é edificada com a madeira da cruz. O templo do refrigério celestial está
fundado sobre a rocha que foi quebrada,
quebrada pela lança que transpassou o seu lado.
Nenhuma cena da história sagrada pode trazer satisfação eterna à alma como a cena do
Calvário.
Em nenhum outro lugar a alma achará consolação eterna como neste, onde a miséria
reinou, onde a tristeza triunfou, onde a agonia
atingiu o seu clímax.
Lá, a graça possui em seu seio uma fonte, que está sempre a jorrar águas límpidas como
cristal, e cada uma de suas gotas é capaz de
aliviar as tristezas e agonias da humanidade.
Vocês têm tido seus períodos de tristeza, meus irmãos e irmãs em Cristo Jesus! E vocês
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confessarão que encontrarão conforto, não no
monte Sinai ou no monte Tabor, mas no
Getsêmani, no Gólgota vocês já têm encontrado
conforto significativo para suas dores. As ervas amargas do Getsêmani têm frequentemente
lançado para longe as amarguras de suas vidas,
a tortura do Gólgota tem muitas vezes dissipado as suas preocupações, e os gemidos do Calvário
têm colocado todos os gemidos em fuga.
Nós temos, então, um assunto que pode ser intitulado como confortando os santos de Deus,
vendo que isto exigiu que a cruz fosse levantada,
e desde então tem jorrado ricas e perenes bênçãos para todos os crentes.
Vocês percebem no nosso texto de Rom 3.24, antes de tudo, a redenção de Cristo Jesus; em
segundo lugar, a justificação dos pecadores que
dela decorre, e, finalmente, a maneira pela qual nos foi dada esta justificação - “gratuitamente
pela sua graça”.
Falemos, então, primeiramente, da redenção que está em Cristo Jesus:
A representação da redenção é muito simples, e tem sido muito frequentemente usada na
Escritura. Quando um prisioneiro é tornado cativo, e quando é tornado um escravo por
algum poder brutal, é muito comum, antes que
ele possa ser posto em liberdade, que seja pago
59
primeiro o preço ajustado para o seu resgate.
Agora, comecemos pelo pecado de Adão,
orientado pela culpa, e, real e verdadeiramente
culpado, nós fomos submetidos ao reprovável julgamento de Deus manifestado na vingança da
lei. Nós fomos colocados nas mãos da justiça; e a
justiça exige que sejamos escravos para sempre, a menos que possamos pagar o resgate, segundo
o qual nossas almas poderiam ser redimidas.
Nós somos, entretanto, pobres como
corujinhas, e nós não temos como abençoar a nós mesmos. Nós somos como diz o hino
“devedores falidos”, e há uma execução que foi
colocada sobre a nossa casa. Todos nós fomos
vendidos, fomos deixados desnudos, pobres e miseráveis, e nós não podemos de jeito nenhum
achar um resgate. Era justo, então, que Cristo se
apresentasse como nosso patrocinador, e no
lugar dos crentes, pagasse o preço exigido do resgate, para que nós pudéssemos ser livrados
da maldição da lei e da vingança de Deus, e
seguir nosso caminho, limpos, livres,
justificados pelo seu sangue.
Deixem-me mostrar-lhes algumas qualidades da redenção que está em Jesus Cristo: Vocês
lembrarão a multidão que ele tem redimido.
Não a mim apenas, não você apenas, mas uma
multidão que nenhum homem é capaz de enumerar, que tem excedido, de longe, o
número das estrelas do céu, como tem excedido
o cômputo de todos os mortais. Cristo comprou
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para si mesmo, muitos de cada nação e reino, e
língua, sob o céu; ele redimiu dentre os homens
de todas as graduações, desde a mais baixa
delas; homens de todas as raças – pretos e brancos -; de todas as posições na sociedade, da
melhor à pior. Para todos estes tem Jesus dado a
si mesmo como resgate para que eles possam ser redimidos nele.
Agora, quanto a este resgate, nós temos que destacar, que ele foi pago, e foi pago de uma só
vez para sempre. Quando Cristo redimiu seu povo, ele fez isto perfeitamente; ele não deixou
qualquer débito para ser pago. Nem ainda um
único centavo para ser pago posteriormente.
Deus exigiu de Cristo o pagamento por todos os pecados de todo o seu povo.
O sacrifício do Calvário não foi parte do pagamento, ele foi um completo e perfeito pagamento, e obteve uma completa e perfeita
remissão para todos os débitos de todos os
crentes que viveram, têm vivido, e que viverão
até ao fim dos tempos. No dia em que Jesus expirou na cruz, ele não deixou um único
centavo para nós pagarmos a fim de
satisfazermos a justiça de Deus.
Todas as exigências da lei foram pagas lá na cruz. Jesus foi dado como o grande sacerdote de
todo o seu povo. E tendo santificado o seu nome,
ele pagou o preço de uma vez para sempre.
61
Assim, o resgate que não tinha preço, foi
magnífica e liberalmente dado como preço
exigido para as nossas almas. Ninguém deve
pensar que seria maravilhoso se Cristo o tivesse pago parceladamente, um pouco agora e o
restante depois. Os resgates dos reis têm sido
pagos algumas vezes por partes, sendo quitados ao longo dos anos. Mas não é assim com o nosso
Salvador; que de uma vez para sempre deu-se a
si mesmo como sacrifício, e que também
de uma só vez liquidou o débito, dizendo: “Está consumado”, isto é, finalizado, nada deixando
para ele fazer, nem mesmo para nós
completarmos.
Ele não fez a insensatez de pagar parte do pagamento, e nem mesmo declarou que ele
voltaria de novo para morrer, ou que ele sofreria
novamente, mas ele pregou que o resgate para
todas as pessoas foi pago, para a mais alta miséria, e foi passado um completo recibo para
este resgate, e Cristo cravou o recibo em sua
cruz, e disse: “Está feito, está feito; eu tenho
cancelado o escrito de dívida baseado nas ordenanças, Eu tenho cravado isto na cruz;
quem poderá ser condenado no meu povo, ou
poderá a lei acusá-los? Eu tenho apagado, como
a nuvem que se desfaz, as suas transgressões”.
E por Cristo ter pago este regate completamente, vocês deverão anunciar que
ele fez isto tudo para si mesmo?
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Simão, o cireneu, pôde carregar a cruz, mas não pôde ser crucificado nela no nosso lugar. O
sagrado círculo do Calvário foi ocupado por
Cristo sozinho. Dois ladrões estavam ali com ele, não eram homens justos, a fim de que ninguém
viesse a dizer que a morte daqueles dois homens
justos ajudou o Salvador. Dois ladrões foram crucificados com ele. Aqueles homens puderam
ver que havia majestade na sua miséria, e que
ele poderia perdoar os homens, e revelou isto na
sua soberania, mesmo quando ele estava morrendo. Não havia nenhum homem justo
para sofrer; nenhum dos discípulos participou
da sua morte. Pedro não estava lá para ser
crucificado, João não foi pregado numa cruz ao seu lado. Ele foi deixado ali sozinho. Ele disse,
“eu tenho que pisar o lagar do vinho sozinho, e
não há ninguém comigo.” Todo o enorme
débito foi colocado sobre os seus ombros; todo o peso dos pecados de todo o seu povo estava
colocado sobre ele. Uma vez ele pareceu
balançar diante disto: “Pai, se for possível...”,
Mas, outra vez ,ele colocou-se de pé retamente: “Todavia não seja feita a minha vontade, mas a
tua.”
Todo o castigo do seu povo estava destilado dentro de uma taça; nenhum lábio de qualquer
mortal poderia sorvê-lo solitariamente. Quando ele o pôs nos seus próprios lábios, estava tão
amargo, que quase o afastou: “Afasta este cálice
de mim.”. Mas, seu amor pelo seu povo era tão
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forte, que ele tomou a taça em ambas as mãos, e
através de um tremendo gole de amor ele bebeu
a seca maldição por todo o seu povo. Ele o
sorveu todo, suportou tudo, sofreu tudo, de forma que, agora, para sempre, não há qualquer
chama do inferno destinada a eles, nenhuma
tortura; não lhes aguarda qualquer infortúnio eterno. Cristo já sofreu tudo o que eles deveriam
sofrer, e eles serão livres. O trabalho foi
completamente realizado por ele próprio, sem
necessitar do auxílio de qualquer pessoa.
E reparem, mais uma vez, isto foi aceito. Na verdade, foi um belo resgate. A que se pode
igualá-lo? A alma “excessivamente pesarosa,
mesmo diante da morte”; um corpo despedaçado pela tortura; a morte pela mais
desumana das formas, e a agonia de semelhante
caráter, que nenhuma língua pode expressar
isto, nem mesmo a mais esclarecida mente humana pode explicar tal horror. Isto foi um
grande preço.
Mas, pensem: Ele foi aceito? Há preços que já foram pagos ou oferecidos para a liberação de escravos, os quais nunca foram aceitos pela
parte à qual foram oferecidos, e então o escravo
não podia ser libertado. Mas, a oferta de Cristo
foi aceita. Eu mostrarei a evidência disto: Quando Cristo declarou que ele pagaria o débito
de todo o seu povo, Deus enviou o oficial para
prendê-lo, a fim de que pagasse o débito; ele o
64
prendeu no jardim do Getsêmani, e agarrou-o,
conduzindo-o a Pilatos, a Herodes e ao
julgamento de Caifás; o pagamento estava todo
pronto, e Cristo iria colocá-lo na sepultura. Ele estava lá, trancado na vil prisão, até que a
aceitação fosse ratificada no céu. Ele dormiu em
seu túmulo pelo prazo de três dias. Estava declarado que a ratificação seria feita desta
forma: A garantia seria dada para sempre assim
que o seu compromisso afiançado fosse
completado. Agora, imaginem o quadro relativo ao sepultamento de Jesus. Ele está no sepulcro.
Ele pagou todo o débito, mas o recibo não havia
ainda sido dado; ele repousava naquela estreita
tumba. Lacrada com um selo numa enorme pedra, ele dorme tranquilamente em seu
túmulo; e o recibo da aceitação não lhe fora
ainda dado por Deus; os anjos não tinham vindo
ainda do céu para dizer: “O certificado está pronto, Deus tem aceito o teu sacrifício.” Agora,
este mundo está em crise; ele é posto a tremer
na balança. Deus aceitará o resgate, ou não?
Nós veremos: Um anjo vindo do céu com um brilho grandioso remove a pedra, e em seguida
chega ao prisioneiro, sem qualquer algema em
suas mãos deixa suas roupas na sepultura atrás
de si; livre, nunca mais sofreria, nunca mais morreria.
Agora, se Jesus não pagou o débito, Ele nunca teria sido posto em liberdade.”
65
Se Deus não tivesse aceito seu sacrifício, ele ainda estaria em sua tumba neste momento, ele
nunca teria saído do seu túmulo. Mas sua
ressurreição foi a promessa da sua aceitação por Deus.
Ele diria: “Eu tenho tido uma exigência para satisfazer-te até esta hora, exigência esta que eu paguei agora.” E a morte desistiu do seu
prisioneiro Real, a pedra foi removida e o
vencedor seguiu adiante, levando cativo o
cativeiro.
E, além disso, Deus deu uma segunda prova da aceitação, porque ele recebeu seu Filho
unigênito no céu, e o fez assentar-se à sua
direita, acima de todos os principados e potestades; e, nisto, ele tinha a intenção de dizer
a ele, “senta-te no teu trono, porque tens feito
poderosos feitos; todas as tuas obras e todos os teus sofrimentos são aceitos como resgate dos
homens.”
Oh, meus amados! Pensem que grande visão isto deve ter sido quando Cristo ascendeu à glória, que nobre certificado deve ter sido a
aceitação dele por seu Pai! Vocês não sabem por
que não veem a cena na terra? Isto é muito
simples. Uns poucos discípulos estão de pé diante dele, e Cristo elevou-se nos ares num
lento e solene movimento. Vocês podem
imaginar o que está para acontecer depois?
66
Vocês podem, por um momento, conceber
como e quando o poderoso conquistador entrou
nos portões do céu, e os anjos vieram ao seu
encontro?
“Eles trouxeram sua carruagem vinda do alto, para conduzi-lo ao seu trono; batendo suas asas
triunfantes e clamando: “O glorioso trabalho está consumado!”
Vocês podem imaginar como ele foi estrondosamente aplaudido ao entrar nos
portões do céu? Vocês podem conceber como eles se comprimiam mutuamente, para
contemplar como ele chegou conquistando e
manchado do sangue da luta? Vocês veem
Abraão, Isaque e Jacó, e todos os santos redimidos, vindo para contemplarem o Salvador
e o Senhor? Eles tinham desejado vê-lo, e agora
os seus olhos o contemplavam em carne e
sangue, o conquistador da morte e do inferno! Vocês podem contemplá-lo, com o inferno e a
morte dragada como cativeiro através das ruas
reais do céu? Oh, que espetáculo foi aquele dia!
Nenhum soldado romano jamais teve tal triunfo; ninguém jamais viu uma visão
majestosa como aquela. A pompa de todo o
universo, a realeza de toda a criação, querubins
e serafins e todos os poderes criados, aumentaram o show, e o próprio Deus, o Eterno,
o coroou, e apertou seu Filho em seu peito, e
disse: “Muito bem, muito bem, tu tens
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concluído o trabalho que eu te dei para fazer.
Descansa aqui para sempre.” Ah, mas ele nunca
teria tido aquele triunfo, se ele não tivesse pago
todo o débito. A menos que seu Pai tivesse aceito o preço acertado, o resgate nunca teria sido tão
honrado, mas porque ele foi aceito, ele teve tal
triunfo. Até aqui falamos do resgate, ou seja, da redenção.
E agora, com a ajuda do Espírito de Deus, deixem-me apresentar o efeito do resgate;
sendo justificados, “justificados gratuitamente
pela sua graça através da redenção.”
Então, qual é o significado da justificação?
Eu devo tentar o melhor para apresentar a justificação de modo simples e claro, mesmo à
compreensão de uma criança. A justificação não é algo que possa ser obtido na terra pelos
homens mortais, a não ser por um só caminho.
A justificação é um termo forense; e é sempre empregado em sentido legal. Um prisioneiro é
trazido ao tribunal de justiça para ser julgado. Há somente uma forma pela qual o prisioneiro
pode ser justificado - ele deve ser declarado sem
culpa, e se ele for achado sem culpa, então ele é
justificado, isto é, fica provado que ele é um homem justo. Se você achar este homem
culpado, você não pode justificá-lo. A rainha
pode perdoá-lo, mas ela não pode justificá-lo. A
68
ação não é justificável, se ele fosse culpado, e ele
não pode ser justificado. Ele pode ser perdoado,
mas a realeza não poderá jamais limpar o
caráter do homem. Ele é realmente tão criminoso ao ser perdoado quanto antes.
Não há meios entre os homens para justificar alguém de uma acusação que é feita contra ele, exceto se provado que ele de fato não é culpado.
Assim, a maravilha das maravilhas, é que nós
somos comprovadamente culpados diante de
Deus, em razão dos nossos pecados, e ainda assim nós somos justificados: O veredicto tem
sido dado contra nós – culpados -, e apesar disso,
nós somos justificados. Pode algum tribunal
terreno fazer algo como isto? Não! Isto é possível por causa da redenção de Cristo. Todos nós
somos culpados. Leiam o versículo 23 de Rom 3:
“Todos pecaram e estão destituídos da glória de
Deus”. O veredicto da culpa está dado aqui, e ainda assim nós somos declarados justificados
gratuitamente pela sua graça, logo no versículo
seguinte.
Agora, permitam-me explicar a forma como Deus justifica o pecador. Eu vou supor um caso
impossível. Um prisioneiro foi julgado e
condenado à morte. Ele é culpado, e não pode
ser justificado, porque é culpado. Mas, agora, suponham por um momento que tal coisa como
esta pudesse ocorrer: Uma outra pessoa
tomasse sobre si toda a culpa deste homem, e
69
por algum misterioso processo, que, fora de
dúvida, é impossível entre os homens, viesse a
este homem, e tomasse o caráter deste homem
sobre si, ele, sendo um homem justo, tomaria o lugar do rebelde, e faria do rebelde um homem
justo.
Nós não podemos fazer isto em nossos tribunais. Se eu fosse a um juiz, e ele decidisse que eu
deveria ficar por anos na prisão no lugar de
algum infeliz que foi condenado ontem a anos
de prisão, eu não poderia tomar sobre mim a sua culpa. Eu posso tomar sua punição, mas não sua
culpa. Assim, o que a carne e o sangue não
podem fazer, Jesus fez através da sua redenção.
Aqui estou eu, pecador. Eu me apresento como representante de todos vocês. Eu estou
condenado à morte. Deus diz: “Eu condenarei
este homem, eu devo puni-lo”. Cristo entra,
coloca-me ao seu lado, e coloca-se no meu lugar. Quando a sentença é declarada, Cristo diz de si
mesmo “culpado”, toma minha culpa para ser a
sua própria culpa. Quando a punição está para
ser executada, outra vez vem Cristo:- “Puna-me”, ele diz, “eu tenho colocado minha justiça
neste homem, e eu tenho tomado os pecados
deste homem sobre mim. Pai, puna-me, e
considere este homem como se fosse eu. Deixe-o reinar no céu, deixe-me sofrer a miséria que
estava destinada a ele. Deixe-me sofrer a sua
maldição, e deixe-o receber a minha bênção”.
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Esta maravilhosa doutrina da substituição de lugares de Cristo com os pobres pecadores é
uma doutrina de revelação, porque isto nunca
teria sido concebido pelo natural. Deixem-me explicar de novo, para evitar qualquer
compreensão errônea.
A forma pela qual Deus salva o pecador não é, como alguns dizem, passar sobre a punição.
Não, a punição foi paga completamente. Ela foi
colocada sobre outra pessoa que assumiu o
lugar do rebelde. O rebelde deve morrer, Deus diz que ele deve. Cristo diz: “Eu serei o substituto
do rebelde. O rebelde tomará o meu lugar, eu
tomarei o seu.”. E Deus consente nisto. Nenhum
monarca terreno teria poder para consentir numa tal troca.
Mas, o Deus do céu tem o direito de fazer como Lhe apraz. Em sua infinita misericórdia Ele
consentiu o arranjo. “Filho do meu amor”, Ele disse, “você deve ficar no lugar do pecador; você
deve sofrer o que ele deveria sofrer; você deve
ser considerado culpado, e então eu olharei o
pecador de uma outra maneira. Eu o olharei como se ele fosse Cristo; Eu o aceitarei como se
ele fosse meu Filho unigênito, cheio de graça e
de verdade. Eu lhe darei uma coroa no céu, e eu
o tomarei em meu coração para todo o sempre.”. Esta é forma como somos salvos, “Sendo
justificados gratuitamente pela sua graça,
através da redenção que está em Cristo Jesus”.
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E agora permitam-me explicar um pouco mais sobre algumas das características desta
justificação:
Tão logo o pecador se arrepende ele é justificado. Ele é justificado de todos os seus
pecados. Aqui se levanta um homem
completamente culpado. Neste momento ele crê em Cristo, e ele recebe seu perdão, e seus
pecados não estão mais perto dele, porque
foram lançados nas profundezas do mar. Ele
descansa nos braços de Cristo, e ambos passam a caminhar juntos. O homem está sem culpa à
vista de Deus, aceito inteiramente no seu amor.-
“O quê?”, diz você, “você está afirmando isto
literalmente?” - Sim, eu estou. Isto é a doutrina da justificação pela fé. O homem cessa de ser
considerado culpado pela justiça divina. No
momento em que ele crê em Cristo sua culpa é
totalmente removida.
Mas, eu vou um pouco mais além. Ele se torna justo, ele passa a ter méritos, porque, no
momento em que Cristo toma os seus pecados,
ele toma para si a justiça de Cristo; tanto que, quando Deus olha para o pecador que há uma
hora atrás estava morto em seus pecados, ele o
olha com o mesmo amor e afeição que ele
sempre olhou seu Filho amado. Ele mesmo tem dito: “Assim como o Pai me amou, também eu
vos amei.” (Jo 15.9). Ele nos ama assim como o Pai
o amou.
72
Vocês podem crer numa doutrina como esta? Isto não ultrapassa toda a imaginação?
Bem, esta é a doutrina do Espírito Santo; a
doutrina pela qual todos nós esperamos ser salvos. Posso eu ilustrar isto melhor para
alguma pessoa não esclarecida? Eu lhes
contarei a passagem que nos tem sido dada pelos profetas – a estória de Josué, o sumo
sacerdote, citada em Zacarias 3. Josué estava
trajado com vestes sujas. Estas roupas sujas
representam seus pecados. Foi ordenado que suas roupas fossem tiradas. Isto é o perdão, para
que pudesse ser vestido de finos trajes. Foi
colada uma mitra em sua cabeça; foi vestido
com vestes reais, que o tornaram rico e honrado. Isto é a justificação. Mas, de onde vieram estas
vestes? Para onde foram as suas roupas sujas?
Os trapos de Josué foram lançados sobre Cristo,
e as vestes de Cristo foram colocadas em Josué. O pecador e Cristo fazem o que Jônatas e Davi
fizeram. Jônatas deu suas vestes a Davi, e Davi
deu suas vestes a Jônatas.
Deste modo, Cristo tomou nossos pecados sobre si, e nós tomamos a justiça de Cristo; e isto se faz
por uma gloriosa substituição e permuta de
lugares que os pecadores são libertados e
justificados pela sua graça.
Mas, alguém diz, “ninguém é justificado assim até que ele morra.”. Creiam-me! Somos
justificados neste mundo, quando cremos. No
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momento em que o pecador crê e confia no
Cristo que foi crucificado, ele recebe o seu
perdão; salvação completa, através do seu
sangue.
Se este jovem entre nós crer em Cristo nesta manhã, tornando real a experiência espiritual
que tenho descrito, ele está justificado aos olhos
de Deus como ele estará quando comparecer diante do trono. Nenhum dos espíritos
glorificados no céu são mais aceitáveis a Deus
do que o do pobre homem aqui em baixo, que foi
justificado pela graça. Isto é uma limpeza perfeita, isto é um perdão perfeito, é uma
perfeita imputação de justiça; nós estamos
completa, gratuita e totalmente aceitos por
meio de Cristo Jesus nosso Senhor. Há ainda mais uma palavra sobre este assunto da
justificação. Todos os que são justificados, são
justificados irreversivelmente. Tão logo que o
pecador toma o lugar de Cristo, e Cristo toma o lugar do pecador, não há mais o temor de uma
segunda troca. Se Cristo tem uma vez pago o
débito, o débito está pago, e nunca será exigido
novamente; se vocês estão perdoados, vocês estão perdoados para sempre. Deus nunca dá ao
homem o perdão gratuito com a assinatura da
sua própria mão, para depois cancelá-lo e punir
à condenação eterna aquele que havia anteriormente perdoado. Longe de Deus agir de
tal forma. Ele diz, “eu tenho punido Cristo para
que você seja livre”. E depois disto, nós podemos
74
“regozijarmo-nos na esperança da glória de
Deus”, porque “sendo justificados pela fé temos
paz com Deus através de nosso Senhor Jesus
Cristo”. E agora eu ouço alguém dizer “que doutrina extraordinária!” Bem, alguém pode
pensar desta forma; mas deixem-me dizer-lhes,
isto é a doutrina professada por todas as igrejas protestantes, embora elas possam não pregá-la.
Esta é a doutrina da igreja da Inglaterra, esta é a
doutrina de Lutero, é a doutrina de todas as
igrejas verdadeiramente cristãs; e se isto parece estranho aos seus ouvidos, é porque seus
ouvidos são estranhos, e não porque a doutrina
é estranha. Esta é a doutrina das Escrituras
Sagradas, que afirma que ninguém pode condenar quem Deus justifica, e que ninguém
pode acusar aqueles por quem Cristo morreu;
porque eles estão totalmente libertados do
pecado. Assim como um dos profetas diz, Deus não vê pecado em Jacó nem iniquidade em
Israel. No momento que eles creem, seus
pecados são imputados a Cristo, eles deixam de
ser deles, e a justiça de Cristo é imputada a eles e lançada na conta deles, e assim são aceitos.
E agora, eu concluo com o terceiro ponto, com o qual serei breve e muito sincero: A MANEIRA
DE SE OBTER ESTA JUSTIFICAÇÃO.
John Bunyan afirmou que há alguns cujas bocas estão sedentas por este grande dom da
justificação. Não há alguns aqui que estão
75
dizendo, “Oh! Se eu pudesse ser justificado!
Mas, Senhor, eu posso ser justificado? Eu tenho
sido um alcoólatra, eu tenho sido um blasfemo,
eu tenho sido tudo o que é vil. Eu posso ser justificado? Cristo poderá tomar os meus
pecados, e eu as suas alvas vestes?”. Sim, pobre
alma, se você desejar isto; se Deus tem feito você desejar isto, se você confessar o seu
pecado, Cristo está desejando tomar os seus
trapos e dar-lhe a sua justiça, para ser sua para
sempre. “Bem, mas como isto pode ser obtido?”, diz alguém. Ouça! “Gratuitamente
pela sua graça”. “Gratuitamente”, porque não
há preço que possa pagar isto; “por sua graça”;
porque isto não é pelos nossos merecimentos. “Mas, senhor, eu tenho orado, e eu não penso
que Deus me perdoará, a menos que eu faça algo
para merecer isto”. Eu lhe digo, se você tentar
isto na base de algum dos seus merecimentos, você nunca o terá. Deus dá a sua justificação
gratuitamente; se você trouxer algo para pagá-
la, ele o arremessará no seu rosto, e não dará a
sua justificação a você. Ele dá isto de outra forma, gratuitamente.
O velho Rowland Hill, certa vez, pregando numa feira, reparou em alguns homens que estavam
vendendo suas mercadorias num leilão; então
Rowland disse, -“eu vou realizar também um leilão, para vender vinho e leite, sem dinheiro e
sem preço. -“Meus amigos,” disse ele,
“encontrem uma grande dificuldade para
76
fazerem os seus lances; minha dificuldade é
fazer com que o lance de vocês seja inferior ao
meu”. (Ninguém pode se desculpar diante de
Deus por não ter sido justificado, porque a justificação é oferecida gratuitamente.
Ninguém tem que se preocupar em dar um
lance maior do que o de outra pessoa para comprar o bem mais precioso da vida – o que
dará o homem em troca da sua alma? – nota do
tradutor). Assim se dá com os homens, se eu
pregasse a justificação para ser comprada por você por um preço elevado, quem sairia deste
lugar tendo sido justificado? Se eu pregasse a
justificação a vocês por caminharem centenas
de quilômetros, nós não seríamos peregrinos na manhã do dia seguinte, cada um de nós? Se eu
pregasse a justificação que consiste em
flagelação e tortura, há muitos poucos aqui que
não poderiam flagelar a si mesmos, e muitos poucos que não se torturariam. Mas quando isto
é gratuitamente, gratuitamente, gratuitamente,
os homens voltam atrás. “O quê?! Eu posso tê-lo
por nada, sem fazer nada?”
Sim, senhor, você obterá a justificação mediante nada, ou então nunca a obterá por
tudo o mais, pois ela é gratuita. “Mas eu não
posso ir a Cristo e pedir pela sua misericórdia e
dizer, Senhor, justifica-me porque eu não sou tão mau quanto os outros?” Ele não o fará,
senhor, porque isto é “pela sua graça”. “Mas eu
não posso alimentar uma esperança, porque eu
77
vou à igreja duas vezes ao dia?”. Não, senhor, isto
é “pela sua graça”. “Mas eu não posso
apresentar este pedido de que eu penso em ser
melhor?”. Não, senhor, isto é “pela sua graça”. Você insulta Deus por trazer sua moeda
falsificada para pagar o seu tesouro. Oh! Quão
pobres ideias os homens têm sobre o valor do evangelho de Cristo, ao pensar que podem
comprá-lo! Deus nunca aceitará seus centavos
enferrujados para comprarem o céu com eles.
Um homem rico, certa ocasião, quando estava morrendo, teve uma ideia de que poderia
comprar um lugar no céu por construir um asilo
para os pobres. Um bom homem ao lado do seu
leito de morte lhe perguntou:- “Quanto mais você pretende dar?”. -“Vinte mil libras”, ele
respondeu. -“Isto não seria o bastante para
comprar um lugar para que os seus pés pisem
no céu, porque as ruas de lá são feitas de ouro, assim sendo qual é o valor que o seu ouro pode
ter? Ele será tido por nada, já que todas as ruas
são pavimentadas com ele.”. Não, amigos, nós
não podemos comprar o céu com ouro nem com boas obras, nem orações, nem com nada no
mundo.
Mas, como isto pode ser obtido? Isto é obtido por ser pedido somente. Assim como muitos de nós têm reconhecido que são pecadores, pode
Cristo pedir por você. Você sabe que está
desejando a Cristo? Você pode ter Cristo!
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“Quem quiser, venha a ele e tome de graça da
água da vida”. Mas se você conceber suas
próprias noções e dizer, “Não, senhor, eu penso
que tenho que fazer muitas boas obras, e então eu crerei em Cristo.”. Você permanecerá sob
maldição caso mantenha tal ilusão. Eu o previno
sinceramente. Você não pode ser salvo assim. “Bem, mas nós não devemos fazer boas obras?”,
Certamente que sim, mas vocês não devem
confiar nelas para a sua justificação. Devem
confiar em Cristo completamente, e então fazerem as boas obras depois.
Mas, alguém diz, “eu penso que se eu fizer boas obras, isto seria um pouco recomendado em
meu favor”. Isto não será, senhor! Elas não seriam recomendáveis para tudo. Deixe um
mendigo vir à sua casa com luvas brancas, e ele
lhe diz que está sem dinheiro, e que deseja
alguma caridade; as luvas brancas o recomendariam para receber a sua caridade?
Ou seria um bom e novo chapéu que ele tivesse
comprado nesta manhã que o recomendaria à
sua caridade? “Não!” você diria, “você é um miserável impostor, você não é um necessitado,
e você não terá nada de mim! Fora!”
A melhor roupa para um mendigo são trapos, e a melhor veste para um pecador que vem a Cristo é vir como ele está, com nada além dos
seus pecados sobre si. “Mas não”, você diz, “eu
devo ser um pouco melhor, e então eu penso
79
que Cristo me salvará!”. Você não pode ser nada
melhor. Tente o quanto você puder. E exceto –
para usar um paradoxo – se você pudesse ser
melhor a ponto de ser considerado digno de receber a justificação, você poderia ser o pior de
todos para obtê-la; porque quanto mais você se
reconhece pecador, é melhor para vir a Cristo para ser justificado; se você sente o seu pecado e
renuncia a ele, venha a Cristo, embora você
tenha sido a alma mais humilhada e desprezada,
venha a Cristo; se você sente que em si mesmo nada tem que lhe possa recomendar a Deus,
venha a Cristo.
Eu não digo isto para encorajar a qualquer homem a continuar no pecado. Deus me livre! Se você continuar no pecado, você não deve vir
a Cristo; você não pode fazê-lo; seus pecados o
enganarão. Você não pode conduzir o seu navio
com os remos do pecado. Em vez disso, venha a Cristo, e seja um homem livre. Não, senhor, isto
é arrependimento; isto é deixar imediatamente
de viver no pecado. Mas, anote isto, nunca é pelo
próprio arrependimento, nem por desejar deixar o pecado, que você é salvo. É por Cristo,
Cristo, Cristo, Cristo somente.
Mas eu sei que muitos de vocês irão embora e tentarão construir a sua própria torre de Babel para chegar ao céu. Alguns de vocês irão pelo
caminho das obras, e alguns por outros. Vocês
irão pelo caminho do cerimonial: Porão a
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estrutura do batismo infantil para a salvação;
construirão a confirmação dele na Ceia do
Senhor. “Eu irei para o céu”, você diz. “Eu não
tenho guardado a Sexta Feira santa, e o dia de Natal? Eu sou um homem melhor do que
aqueles dissidentes. Eu sou o homem mais
extraordinário. Eu não tenho orado mais do que todos os demais?”. Você estará por muito tempo
empenhado neste seu trabalho monótono sem
avançar uma só polegada. Este não é o caminho
para se chegar às estrelas. Alguém diz, “Eu irei estudar a Bíblia, e crer em suas doutrinas; e não
tenho dúvida que por crer corretamente nas
doutrinas eu serei salvo.”. Certamente você não
será! Você não pode ser mais salvo por crer corretamente nas doutrinas do que por você
poder praticá-las corretamente. Alguém diz,
“Eu gosto disto, eu crerei em Cristo, e viverei do
modo que eu gosto.”. Certamente você não será justificado! Porque se você crer em Cristo ele
não deixará você viver como a sua carne gosta,
porque seu Espírito o constrangerá a mortificar
suas afeições e desejos. Se ele lhe der graça para você crer, ele dará graça para você viver uma
vida santa daí para a frente. Se ele der fé a você,
ele lhe dará boas obras depois disso. Você não
pode crer em Cristo, a menos que você renuncie a cada erro, e resolva servi-lo com todo o seu
coração. Mas ainda alguém diz, “Esta é a única
porta? E posso me aventurar através dela? Então
eu o farei. Mas eu não posso entendê-lo completamente, porque há pontos
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discordantes dentro de mim. Falam de uma
grande porta, mas eu não posso ver a porta;
falam do caminho, mas eu não posso ver o
caminho. Falam da luta, mas eu não vejo qualquer luta, senão eu lutaria.”. Deixe-me
então explicar-lhe. Eu encontro na Bíblia, “Fiel é
a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,”
(I Tim 1.15). O que você deve fazer, senão crer
nisto e confiar nele? Você nunca será
desapontado com uma tal fé como esta. Deixe-me dar-lhe uma ilustração que eu tenho feito
centenas de vezes, mas eu não posso achar outra
melhor, e por isso a darei de novo.
A fé é algo como isto. Há uma estória sobre um capitão, um homem de guerra, cujo filho gostava de brincar em seu navio; e certa vez,
correndo como um macaco, ele subiu o mastro
do navio e alcançou um dos braços principais de
sustentação das velas, e ele não tinha como retornar ao mastro para descer. seu pai viu
aquilo, e olhando para cima horrorizado,
pensava: o que ele poderia fazer? Em poucos
momentos seu filho cairia e seria feito em pedaços. O pobre menino estava apavorado. O
pai pegou uma arma e a apontou para o menino
dizendo: “na próxima vez em que o navio
balançar, você deve se lançar ao mar, ou eu atirarei em você!”. Ele sabia que seu pai
cumpriria a palavra; o barco balançaria para um
lado, ele seria lançado ao mar, e os fortes braços
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dos marinheiros o resgatariam. Agora nós,
como o menino, estamos, por natureza, numa
posição de extremo perigo, da qual nunca
poderemos escapar.
De modo infortunado, nós temos algumas boas obras de nós mesmos, como aquele mastro de
sustentação das velas, e nós estamos apegados a ele tão afetuosamente, que nós nunca o
largaremos. Cristo sabe que a menos que o
larguemos nós seremos feitos em pedaços para
sempre, porque esta confiança estragada irá nos arruinar. Ele, consequentemente diz,
“pecadores, deixem a sua própria confiança, e
se lancem ao mar do meu amor.”. Nós olhamos
para baixo e dizemos, “eu posso ser salvo por confiar em Deus? Ele parece estar zangado
comigo, e eu não poderia confiar nele.”. Ah, a
terna misericórdia não persuadirá você? –
“aquele que crer será salvo.”. Deve a arma da destruição ser apontada na sua direção? Você
deve ouvir a ameaça terrível – “o que não crer
será condenado?”. O que se dá com você agora é
o mesmo que se deu com o menino – sua posição é de iminente perigo em si mesma, e o seu
desprezo pelo conselho do Pai é um assunto do
mais terrível alarme, isto torna o perigo mais
perigoso ainda.
Você deve fazer isto, ou então você perecerá! Abandone sua confiança em si mesmo! Isto é a
fé, quando o pobre pecador abandona a sua
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confiança, lançando-a fora, e assim ele é salvo.
Oh! Creiam em Cristo, pobres pecadores,
creiam em Cristo! Vocês que conhecem a sua
culpa e miséria venham, lancem-se a si mesmos sobre Ele, venham, e confiem no meu Mestre, e
assim como ele vive, antes que eu nascesse,
vocês nunca confiarão nele em vão, mas vocês serão perdoados, e seguirão seu caminho
regozijando-se em Cristo Jesus.
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Justificação Pela Fé
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e adaptado por Silvio Dutra)
“Justificados pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;” (Rom 5.1)
Nós não desejamos pregar nesta noite sobre
este texto como uma mera matéria de doutrina. Todos vocês creem e entendem o evangelho da
justificação pela fé, mas nós desejamos pregar
isto como matéria de experiência, como uma
coisa realizada, sentida, regozijada e compreendida na alma. Eu confio que há muitos
aqui que não somente conhecem que o homem
pode ser salvo e justificado pela fé, mas que
podem dizer em sua própria experiência, “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com
Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo,” e
que estão agora no presente momento
caminhando e vivendo na alegria atual desta paz.
Desejando falar deste texto, então, neste sentido, eu pedirei a vocês para me
acompanharem, não somente com seus ouvidos, e com a atenção que vocês têm me
dado usualmente tão generosamente, mas
também com os olhos do seu autoexame,
85
perguntando a si mesmos, enquanto nós
prosseguimos passo a passo: “Eu sei isto? Eu o
tenho recebido? Eu tenho falado de Deus desta
maneira? Tenho sido conduzido por esta verdade?”. E nossa esperança será que algumas
pessoas para quem estas coisas têm sido
meramente externas até aqui, e portanto sem qualquer valor, venham a se entregar a Deus
para serem por Ele dominadas, de maneira que
possam em matéria de alma, coração e
consciência, serem alegrados e encontrarem a si mesmos onde sempre deveriam estar, quer
dizer reconciliados com Deus, desfrutando
alegremente e regozijando-se em paz com o
Altíssimo.
I. COISAS QUE O HOMEM DEVE DESCOBRIR ANTES DE TER PAZ COM DEUS
Você vê que Paulo, antes de ter citado esta justificação pela fé, tinha falado sobre o pecado.
Não teria sido possível para ele ter dado uma definição inteligível de justificação sem
mencionar que os homens são pecadores, sem
informar que eles têm quebrado a lei sagrada de
Deus, e que a lei, por si mesma, não poderia restaurá-los na graça de Deus.
Bem, agora as coisas sobre as quais eu vou falar adiante, são absolutamente necessárias.
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Que coisas são estas? A primeira é a descoberta de que o homem é dirigido antes pelo Espírito de
Deus para ser justificado, isto é importante para
que seja justificado à vista de Deus. Muitas pessoas não sabem isto. Você foi fazer compras
esta noite e encontrou um homem no caixa, e
você lhe disse: “Bem, você nunca vai a um lugar de adoração?”. “Não,”. Ele diria, “mas eu estou
quite com Deus por tudo que eu faço. “Como
assim?”. “Bem, eu tenho um melhor negócio do
que eles.”. “Qual?”. “Bem, eu nunca faltei ao trabalho; eu nunca enganei as pessoas; eu
nunca menti; nunca roubei; não bebo; sou
honesto, e isto é mais do que você pode dizer de
alguns dos seus amigos religiosos.”. Agora, este homem tem de fato uma parte do caráter de um
bom homem.
Há duas partes, mas ele pode somente ver uma, ou seja, este homem é justo para os homens. Ele
vê isto, mas ele não vê que o homem deve ser também justo para Deus. E com isso se este
homem fosse realmente pensar um pouco mais,
ele veria que a maior obrigação da criatura deve
ser, não com seus companheiros, mas com o seu Criador, e que, ainda que o homem seja justo
para outro homem, caso ele seja injusto para
Deus, ele não poderá escapar da mais severa
penalidade. Mas, oh! A maioria dos homens pensa que conquanto que eles guardem as leis
da terra, desde que eles deem aos demais
homens o que lhes é devido, não importa que o
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dia do Senhor lhes seja um assunto para ser
escarnecido. Deus será usado como se fosse um
homem, e a lei de Deus será pisada debaixo dos
seus pés. Agora, eu penso que todos aqui colocarão seus dedos em suas frontes por um
momento pensando, que já viram isto. Mesmo
que um homem possa dizer diante de qualquer juiz ou júri: “Eu não tenho injuriado em nada o
meu próximo; eu sou justo diante dos homens,”,
ainda assim isto não faz que o caráter do homem
seja perfeito. A menos que ele seja também capaz de dizer: “E eu sou também justo diante da
presença de Deus que me fez, e de quem eu sou
servo,” ele tem somente guardado uma parte, e
tem deixado a mais importante, a saber: a lei de Deus para ele.
A próxima coisa é a seguinte: Quando o homem é trazido a Cristo pelo Espírito Santo,
ele descobre que sua vida passada tem sido
manchada por sérias ofensas contra a lei de Deus. Antes que o Espírito Santo venha habitar
em nós, somos como um quarto escuro. Nós não
podemos enxergar dentro dele. Nós não
podemos descobrir as teias de aranhas, as coisas sujas e nojentas que podem estar escondidas
nele. Mas quando o Espírito de Deus vem
jorrando na alma, o homem é surpreendido ao
perceber que ele é o que é, e especialmente se ele se assentou e abriu o livro da lei, e, na luz do
Espírito divino, lê esta lei perfeita, e compara
com ela as próprias imperfeições de seu coração
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e sua vida. Ele então se achará doente em si
mesmo, ainda que se deteste e algumas vezes se
desespere. Talvez há alguém aqui que dirá: “Eu
sei que eu tenho sido muito casto toda minha vida, porque o mandamento diz: “Não
adulterarás, e eu nunca tenho quebrado isto, eu
estou limpo disto.”. Ah!, Mas agora ouça Cristo explicar o mandamento: “Qualquer que olhar
para uma mulher com intenção impura, no
coração já adulterou com ela.”. Agora, então,
quem entre nós pode dizer que não tem feito isto? Quem há sobre a terra, se este é o
significado do mandamento, que pode dizer, “eu
estou inocente?”; Se a lei de Deus, como nós a
temos nas Escrituras, tem tal caráter, não com nossas ações exteriores somente, mas com
nossas palavras, e com nossos pensamentos e
nossas imaginações – se isto se aplica
amplamente a todas as mais secretas partes do homem, então quem de nós pode alegar
inocência diante do trono?
Não, amados irmãos, isto deve ser compreendido por você, e por mim, antes que
nós possamos ser justificados, que nós estamos cheios de pecados. O que eu quero dizer com
isso é o mesmo que dizer que um ovo está cheio
de alimento. Todos somos pecadores. O
pensamento e a imaginação do nosso coração são maus, e somente maus, e continuamente. Se
alguns de vocês têm se acobertado com a ideia
de que são justos, eu oro a Deus para que tenha
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misericórdia de vocês e que lhes faça verem a si
mesmos, porque se vocês nunca enxergarem
sua própria nulidade, vocês nunca entenderão a
Toda-suficiência de Cristo. A menos que vocês sejam derrubados, Cristo nunca os levantará. A
menos que vocês saibam que estão perdidos,
vocês nunca necessitarão do Salvador que veio “buscar e salvar o perdido.”. Esta é a segunda
descoberta, então; que é importante ser justo
antes diante de Deus, mas que por causa da
espiritualidade da lei moral de Deus, e nossa consequente inabilidade para guardá-la
perfeitamente, nós estamos muito longe de
permanecermos firmes e continuamente de pé,
baseados na nossa própria justiça.
Então chegamos a uma outra descoberta, quer
dizer, que consequentemente é absolutamente impossível para nós esperar que possamos ser
sempre justos diante de Deus, na base dos
nossos próprios feitos. Nós devemos ter isto na
conta de um caso totalmente perdido. O passado é passado: que nunca poderá ser apagado por
nós; e o futuro, não obstante toda a nossa
profunda esperança de aperfeiçoamento, será
provavelmente nada melhor, e assim a salvação pelas obras da lei se tornará para nós uma
sombria impossibilidade. A lei diz, “Maldito
todo aquele que não permanece em todas as
cousas escritas no livro da lei, para praticá-las.”. Eu estava conversando certa ocasião com um de
nossos mais ilustres e nobres judeus, e quando
eu lhe perguntei se ele cria na justiça perfeita - e
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eu cria que se algum homem pudesse ser
justificado pela sua conduta moral, este homem
seria o judeu - e quando eu disse a ele, “Está
escrito na sua própria lei: “Maldito é todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas
no livro da lei”; você tem guardado todas estas
coisas?”. Ele disse, “eu não tenho.”. “Então,” eu disse, “a maldição está sobre você e como você
espera escapar disto?”. E eu descobri que esta é
uma questão para a qual ninguém teria uma
resposta, e esta é a questão que, quando corretamente entendida, ninguém pode
responder, exceto pelo apontamento da cruz de
Cristo e dizendo: “ Ele se fez maldição por nós
para que nós fôssemos abençoados.”. A menos que você e eu guardemos a lei de Deus
perfeitamente, quão pouco perto estamos de
obter a perfeição. Isto é como se Deus tivesse se
comprometido conosco em fazer de nós um vaso perfeito de cristal, e ele dissesse: “Se você
guardar tudo, e apresentar isto a mim, você terá
uma recompensa.”. Mas nós temos quebrado
isto, ah! meus irmãos, a maioria de nós tem quebrado o vaso. Sim, e temos perdido a
recompensa, porque a condição era que
deveríamos ser perfeitos completamente, e
uma pequena quebra é uma violação da condição que fora colocada para que a
recompensa fosse dada.
Nunca afirme que você não tem violado os
mandamentos de Deus. Não, senão que os tem
quebrado. Você tem colocado a si mesmo fora da
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lista. Isto parece severo quando você diz
algumas vezes às pessoas que se elas violarem a
lei num só ponto, elas terão quebrado toda ela;
mas isto não é tão duro como parece, porque se dissermos ao homem que está descendo para o
interior de uma mina de carvão usando uma
longa corrente que, se ele quebrar um só elo da corrente, não haverá problema, desde que os
outros milhares de elos estejam ligados; se
houver somente um elo que seja quebrado, o
cesto cairá e o pobre minerador será feito em pedaços. Ninguém pense que isto é duro. Todos
reconhecem que se trata de uma matéria de lei
da mecânica, que a resistência da corrente deve
ser medida pela sua parte mais frágil. E então a resistência da nossa obediência deve ser
avaliada pelo ponto mais sujeito a falhas. (Isto é,
seria por superar completamente as fraquezas
às quais estamos mais propensos, que poderíamos estar guardando perfeitamente a
lei de Deus – nota do tradutor). Ai de mim! Nossa
obediência tem falhado, e por isso, nenhum de
nós pode ser sempre justo diante de Deus.
Agora, eu lhe pergunto: Você tem entendido tudo até este ponto? Isto é importante para ser
justo diante de Deus: Nós vemos que não somos
assim: nós vemos que não podemos ser assim?
Nós estamos totalmente convencidos que pela nossa própria obediência à lei de Deus,
estaríamos sem qualquer esperança
para sermos aceitos e estarmos de pé diante do
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Altíssimo. Eu oro ao Espírito Eterno para
convencê-lo de tudo isto, ou você ficará batendo
à porta até que você esteja completamente certo
do que Deus tem determinado para sempre, para tal, ou então tentará escalar este Alpes, e
cairá num precipício, até que esteja convencido
que é impossível para você escalá-lo e chegar a Deus no caminho de Deus, que é totalmente
diferente do seu. Eu confio que todos nós
estamos convencidos disto.
Deixem-me alertá-los sobre mais uma descoberta preliminar. O homem tendo
entendido tudo isto, repentinamente descobre
que, na medida em que ele não é justo diante de
Deus, e não pode ser, ele está no presente momento sob condenação. Deus nunca é
indiferente ao pecado. Se, então o homem não
se encontra no estado em que Deus pode
justificá-lo, ele está no estado em que Deus deve condená-lo. Se você não é justo diante de Deus,
você está condenado agora mesmo. Você não
será condenado imediatamente, isto é verdade,
mas a condenação está vindo contra você, e o sinal disto é a sua incredulidade, porque “o que
não crê já está julgado, porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus”.
Alguns de vocês se levantariam de seus assentos esta noite se repentinamente tivessem a
informação que vocês têm sido condenados pela
corte de seu país, mas quando eu digo que você
93
tem sido condenado pela Corte do Céu, isto
desliza pela sua consciência como pingos de
água ou de óleo acima de uma pedra de
mármore. E ainda, meus ouvintes, se ainda não entenderam o significado do que eu estou
dizendo – e eu oro a Deus, ao Espírito Santo para
fazer-lhes conhecer isto - e isto faria seus ossos se agitarem! Deus tem lhe condenado. Você está
fora de Cristo. Você tem quebrado sua lei. Deus
tem elevado sua mão para ferir-lhe, e apesar da
sua misericórdia tardar por um instante, apesar disso dias e horas terão ido logo, e então a
condenação tomará a forma de execução, e o
que será da sua alma então? Agora, você deve
perceber a sentença de condenação sobre a sua alma, ou então você nunca será justificado,
porque até que nós não sejamos condenados por
nós mesmos, nós não poderemos ser absolvidos
por Deus. Novamente, eu digo: você tem experimentado isto, meu caro ouvinte? Se sente
a sentença de morte sobre você, dê graças por
isto, porque agora a vida poderá ser-lhe dada da
mão da graça de Deus.
II. DESCUBRA O EVANGELHO APRENDENDO O QUE É DITO A NÓS PELO ESPÍRITO DE DEUS
Este conhecimento do Evangelho eu posso lhes dar numas poucas sentenças, especialmente estas: que, na medida em que o homem
permanece no pecado, o caminho da obediência
está para sempre fechado, de forma que nós –
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nenhum de nós – pode passar disto para uma
verdadeira justificação. Deus tem agora
determinado para tratar com os homens num
caminho de misericórdia, para perdoar-lhes todas as suas ofensas, para dar-lhes o seu amor,
para recebê-los em graça, e para amá-los
livremente. Nós temos sido saciados na sua infinita sabedoria, para desenvolvermos um
caminho no qual sem injuriar a sua justiça, ele
pode ainda receber o mais imerecedor dos
filhos dos homens em seu coração, e fazer dele seu filho, e pode abençoá-lo com todas as suas
bênçãos que seriam dele para que viesse a
guardar perfeitamente a lei de Deus, e que agora
virá sobre ele sob a forma de dom e imerecida graça que procede dele mesmo.
Eu confio que nós temos aprendido isto, que há um plano de salvação somente pela graça; e isto
é uma grande coisa para saber que onde a graça
está, não há nenhum trabalho para o homem fazer relativamente à sua justificação. É uma
coisa abençoada nunca confundir em sua
cabeça a doutrina das obras, e a doutrina da
aceitação pela graça, porque há uma diferença essencial e eterna entre ambas. Eu espero que
você tenha todo o conhecimento para não
misturar as duas. Se nós somos salvos pela
graça, isto não pode ser comprado pelos nossos próprios méritos, mas se nós dependemos dos
nossos méritos, então nós não podemos apelar à
graça de Deus, desde que duas coisas diferentes
95
nunca podem ser misturadas juntamente. Isto
deve ser totalmente pelas obras, ou trabalho, ou
então totalmente pela graça.
O plano da salvação de Deus exclui todo o nosso
trabalho. “Não pelas obras para que ninguém se glorie.”. Isto nos vem pela condição da graça,
somente pela pura graça. E isto é plano de Deus,
especialmente que, considerando que nós não podemos ser salvos pela nossa própria
obediência, nós devemos ser salvos pela
obediência de Cristo (Rom 5.19). Jesus, o Filho de
Deus, apresentou-se pessoalmente em carne, viveu uma vida de obediência à lei de Deus, e em
consequência desta obediência, foi achado na
forma de homem, ele humilhou-se a si mesmo e
foi obediente até a morte, e morte de cruz, e a vida e morte do nosso Salvador realizou uma
completa guarda e honra desta lei que nós
temos quebrado e desonrado, e o plano de Deus
é este: “Eu não posso abençoar você pela sua própria causa, mas eu irei abençoar você por
causa de Jesus; e agora olho para você através
dele, eu posso abençoar você apesar de não
merecer isto de maneira nenhuma; eu posso ignorar o seu não merecimento; eu posso
apagar os seus pecados como uma nuvem, e
lançar suas iniquidades nas profundezas do mar
em razão do que Ele fez; você não possui qualquer mérito, mas Ele tem méritos
ilimitados; você está cheio de pecados e deve ser
punido, mas Ele foi punido no seu lugar, e agora
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eu posso entrar em acordo com você.”. Esta é a
linguagem de Deus, colocada em palavras
humanas, “eu posso me reconciliar com você
nos termos da misericórdia através dos méritos do meu Filho amado.”. Este é o caminho, então,
no qual o evangelho vem até você. Se você crê
em Jesus, que diz, se você confiar nele, todos os seus méritos são seus méritos; são imputados a
você: todos os sofrimentos de Jesus são seus
sofrimentos. Cada um dos seus méritos é
imputado a você.
Você está de pé na presença de Deus se você estiver em Cristo, porque Cristo ficou de pé na
presença de Deus para ficar no seu lugar – Ele
está no seu lugar, e você está no lugar dele. Substituição! Esta é a palavra! Cristo o substituto
dos pecadores. Cristo levantou no lugar dos
homens, e sofreu a ira da divina oposição ao
pecado, ele “fez pecado por nós aquele que não conheceu o pecado.”. O homem é levantado no
lugar de Cristo, e recebe o sol do divino favor, no
lugar de Cristo.
E isto, eu digo, é através da confiança, isto é, da fé. O caminho de Deus para a recepção da
conexão com Cristo é através da sua confiança
nele. “Então, sendo justificados” – como? Não
por obras, este não é o elo, mas – “sendo justificados pela fé, temos paz com Deus através
de nosso Senhor Jesus Cristo.”. Cristo ofereceu
a Deus a substituição: através da fé nós a
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aceitamos, e a partir deste momento Deus tem
aceitado a nós.
Agora, eu desejo levá-los a isto, queridos amigos. Vocês sabem isto? Vocês têm sido
ensinados sobre isto pelo Espírito de Deus? Talvez vocês tenham aprendido isto desde
crianças na Escola Dominical, e têm aprendido
em várias classes desde então, mas vocês o têm experimentado em suas próprias almas, e
sabem que o caminho da salvação de Deus é
simplesmente através e totalmente dependente
do seu amado Filho? Você sabe então, que você tem sido aceito, e que você depende agora de
Jesus? Se o sabe, então é triplamente feliz!
Mas, indo adiante, eu tenho agora que enfatizar por um minuto ou dois:
III. O GLORIOSO PRIVILÉGIO DO TEXTO
Falemos agora sobre este glorioso privilégio, palavra por palavra.
“Sendo justificados”. O texto fala-nos que cada crente está no presente momento
perfeitamente justificado diante de Deus. Você
sabe que Adão estava nu e em inocência no
Paraíso. Igual a isto está cada crente. Ah, e mais do que isso. Adão podia falar com Deus porque
ele estava sem pecado, e nós também
acessamos com ousadia à presença de Deus
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nosso Pai, através do sangue de Jesus, que nos
limpa. Agora, eu não digo que isto é um
privilégio de uns poucos e eminentes santos,
mas aqui eu olho ao redor desses bancos da igreja e vejo meus irmãos e irmãs – uma grande
multidão, centenas deles – todos, esta noite
estão diante de Deus – tão perfeitamente, tão completamente; tão justos que eles nunca
podem ser de outra forma mais justos; tão justos
que mesmo no céu eles não serão mais
aceitáveis a Deus do que são aqui nesta noite. Este é o estado ao qual a fé trouxe o pobre,
perdido, culpado, atado, desastrado pecador. O
homem pode ter sido tudo isto antes de ter crido
em Cristo, mas assim que ele creu em Jesus, os méritos do Senhor tornaram-se seus méritos, e
ele está de pé na presença de Deus como se ele
fosse perfeito, “sem mancha ou ruga, ou coisas
como estas” por meio da justiça de Cristo.
Repare, entretanto, como nós temos afirmado quanto ao estado de justificação, o meio através
do qual o alcançamos. “Tendo sido justificados
pela fé”. O caminho de chegada a este estado de
justificação não é por meio de choros, por orações, por humilhações, nem trabalho, nem
pela leitura bíblica, nem por ir à igreja, nem por
sacramentos, nem pela absolvição sacerdotal,
mas pela fé, a qual é simplesmente total confiança na fidelidade de Deus, a confiança na
promessa de Deus, porque a justificação é uma
promessa de Deus, e merece a sua confiança. É a
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segurança com toda a nossa força naquilo que
Deus tem dito. Isto é fé, e cada homem que
possui esta fé está perfeitamente justificado
esta noite. (Spurgeon sabia que a fé expulsa a incredulidade e com isto abre o canal
necessário para que a graça nos santifique e nos
coloque inculpáveis diante de Deus e em condições de estar em comunhão com Ele – nota
do tradutor).
Eu sei o que o diabo dirá a você: “você é um pecador!”. Diga-lhe que você sabe, mas que você
tem sido justificado de tudo. Ele lhe apontará a grandeza do seu pecado. Diga-lhe sobre a grande
justiça de Cristo. Ele lhe apontará todos os seus
contratempos e suas recaídas, suas ofensas e
seus erros. Diga-lhe, e à sua própria consciência, que você sabe tudo isto, mas que Jesus Cristo
veio salvar os pecadores, e que, embora você
seja um grande pecador, Cristo é totalmente
capaz para lançar fora todos os seus pecados. Alguns de vocês, parece-me, não confiam em
Cristo enquanto pecadores. Vocês possuem
uma espécie de fé deformada e misturada.
Vocês confiam em Cristo apesar de pensarem nele somente para fazer algo para vocês, e vocês
podem fazer o restante. Eu lhe digo que
enquanto olharem para si mesmos, vocês não
podem saber o que a fé significa. Vocês devem estar convencidos de que não há nada de bom
em si mesmos; devem saber que são pecadores,
e que em seus corações vocês são como grandes
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e escuros pecadores como os piores e vis, e você
deve vir a Jesus e largar esta sua justiça
imaginária, e sua pretensiosa bondade, e deve
fazer dele o seu tudo, e confiar nele. Oh! Sentir seu pecado e mesmo assim conhecer a sua
justiça. Ter as duas coisas ao mesmo tempo –
arrependimento por causa do pecado, e ainda a gloriosa confiança no todo-suficiente sacrifício
“Oh! Se você pudesse compreender o que diz a
esposa no livro de Cantares: “Eu sou morena,
mas formosa...Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou.” (Ct 1.5,6).
Porque foi disto que nós viemos – escuro em
mim mesmo, tão escuro quanto o inferno, a
ainda assim “formoso”, belo, amável, inexpressivelmente glorioso através da justiça
de Jesus.
Meus caros irmãos e irmãs, vocês podem sentir isto? Se vocês não podem senti-lo, vocês podem
crer nisto? E vocês cantarão com as palavras de
Joseph Hart:
“Nesta garantia tu és livre.
Suas mãos queridas foram pregadas por ti;
Vestido com a vestimenta
que te foi dada pelo Salvador,
Santo és como o Santo Bendito Deus.”
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Por causa disto você está diante de Deus, sendo aceito como Cristo é aceito, e apesar de ter sido
concebido no pecado e na corrupção do seu
coração, você é tão querido por Deus quanto Cristo é querido; e é aceito na justiça de Cristo,
assim como Cristo é aceito em sua própria
obediência.
Este é ponto que nós desejamos indagar nesta noite. Você tem entendido até esse ponto que é
pela fé que nós somos justificados? Se é assim eu
o conduzirei um passo adiante, isto é, a observar
que nós somos “justificados pela fé através de nosso Senhor Jesus Cristo”. Há o fundamento,
há o motivo principal. Há a árvore que sustenta
os frutos. Nós somos justificados pela fé, mas
não pela fé de nós mesmos. Fé em si mesmo é uma graça preciosa, mas não pode por si mesma
justificar-nos. É “por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo”. Ainda que seja simples esta
observação, eu devo repeti-la esta noite, porque é difícil para nós guardarmos isto em nossa
mente. Mas lembrem que a fé não é o trabalho
do Espírito dentro de nós, mas o trabalho de
Cristo na cruz. É sobre isto que eu devo descansar à medida que minha meritória
esperança não é o fato abençoado de que eu seja
agora um herdeiro do céu, mas num fato ainda
mais abençoado, que o Filho de Deus me amou e se entregou a si mesmo por mim. Meus caros
irmãos, quando tudo está bem conosco, há uma
tentação em dizer: “Bem, agora está tudo bem
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comigo, porque eu lutei por isto, e eu sinto isto.”.
Muito bom, estas evidências têm o seu lugar,
mas você pode igualmente ter claras evidências
que você não é perfeito; quando você diz: “Oh! Miserável homem que sou, quem me livrará do
corpo desta morte?” você encontrará isto no
lugar das suas lindas evidências, e você terá que correr para a cruz.
Houve um tempo quando eu, também achei um grande conforto em crer no trabalho do Espírito
de Deus em minha alma, e dava graças a Deus por isto, mas agora eu tenho aprendido a
caminhar onde o pobre peregrino Jack
caminhou:
“Eu sou um pobre pecador, mas Jesus Cristo é meu tudo em todas as coisas.”.
Irmãos, o fundamento em que nos sustentamos está quebrado. Nós devemos construir sobre a nossa rocha. No topo de algumas montanhas os
homens, algumas vezes constroem um elevado
com pilhas de madeiras. Bem, agora, algumas
destas plataformas instáveis, você sabe, balançam, mas quando você caminha fora delas,
na própria montanha, você está seguro, e nunca
balança com o risco de cair. Assim também
construímos algumas vezes as plataformas instáveis da nossa experiência e das nossas boas
obras – tudo muito bem em nosso caminho, mas
então elas tremem na tempestade. Confie então
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tão somente no Senhor, e una sua alma à Rocha,
não obstante tudo isto, o Espírito Santo foi dado
para tal propósito. Oh! Creia-me, que a alma está
segura no lugar em que deve viver, a saber, em Jesus.
“Justificados pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;”.
E em consequência, o precioso, o precioso privilégio que o homem experimenta: “temos
paz com Deus”.
Suponha que você esteja numa grande tempestade no meio do mar. Você é justificado
pela fé, e diz, “Bem, deixe que as ondas rujam;
deixem-nas bater palmas: meu Pai tem as águas na palma de sua mão. Por que eu estaria
temeroso?”. Deixe-me dizer-lhe que é algo
valioso crer que Deus colocou em nós este
estado calmo de mente quando “a terra está repleta de todas as formas de guerras”. Isto se
compara ao crente quando lhe sobrevém um
temporal de tribulações. Sobrevêm problemas
sobre problemas, até o ponto de parecer a algo como que se todas as casas de negócios fossem
falir. Nada é fixo e exato. O homem perdeu a
confiança e a segurança em seu companheiro.
Tudo está caminhando para pior. Mas o crente diz: “Deus está no leme, tudo é controlado pelo
grande Rei: “Ele está em toda a parte, e tudo
governa, e todas as coisas atendem ao seu
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mandar.” Isto é algo para ser experimentado,
que meu Pai não pode dar-me uma jornada
ruim. Mesmo que ele venha a usar a sua vara
sobre mim, é para fazer-me bem, e eu lhe agradecerei por isto, porque eu tenho perfeita
paz com ele.
E então, quando a morte chegar, e sentir, “eu estou indo para Deus, e estou feliz por ir, porque não estou indo como um prisioneiro a um juiz,
mas como a esposa para casar com o esposo,
como uma criança que volta da escola para os
braços dos seus pais. Oh! Isto é morrer com o senso de paz com Deus!
Agora, se você crer em Cristo, você será justificado pela fé. Sendo justificado, seu
coração sentirá que esta perfeita paz é trazida para dentro dele. Isto ocorre simplesmente
crendo, simplesmente confiando.
Oh! Creia nele! Confie nele, e ele será a alegria da sua alma para ter paz com Deus, a qual o mundo não pode dar a você, e que o mundo
também nunca poderá tirar de você, porque
você a terá eternamente.
Deus conceda isto a cada um de nós ! Amém !