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DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE ENSINO PARA A CONTABILIDADE GERENCIAL SOB A ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA: UMA ARTICULAÇÃO TEÓRICA Eric Ferreira dos Santos Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis Universidade Estadual de Maringá Av. Colombo, nº5790. Jd. Universitário, Maringá, CEP 87020-900 PR Brasil E-mail: [email protected] Antônio Ricardo Catânio Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis Universidade Estadual de Maringá Av. Colombo, nº5790. Jd. Universitário, Maringá, CEP 87020-900 PR Brasil E-mail: [email protected] Reinaldo Rodrigues Camacho Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP Professor Adjunto da Universidade Estadual de Maringá Universidade Estadual de Maringá Av. Colombo, nº5790. Jd. Universitário, Maringá, CEP 87020-900 PR Brasil E-mail: [email protected] -Telefone: (44) 3011-4909 RESUMO Este trabalho teve por objetivo realizar uma articulação teórica sobre os conceitos, as características e os fundamentos do Design Thinking (DT), visando a compreensão de sua utilidade e aplicação como metodologia de ensino para a contabilidade gerencial, sob a abordagem construtivista. Constatou-se que conceito do termo “Design Thinkingpossui múltiplas facetas, das quais o uso como metodologia de ensino tem estado em evidência. Revelou-se que as fases do DT podem ser sobrepostas. Além disto, a abordagem construtivista é constituinte de uma base comum para o Design Thinking e para a Contabilidade Gerencial, ambas auxiliadas pelos pensamentos criativos e críticos. O estudo concluiu que o resultado do processo de Design Thinking na contabilidade gerencial precisa fornecer uma forma, como um relatório e a aplicação do Design Thinking como metodologia de ensino é possível em certas situações. Considerando as concepções apresentadas, sugere-se estudos que aprofundem os conceitos, por outro lado pesquisas experimentais futuras podem investigar adequadamente a aplicabilidade. Palavras-chave: Design Thinking; Contabilidade Gerencial; Metodologia de ensino; Abordagem construtivista; Educação em Contabilidade Área Temática do Evento: Educação e Pesquisa em Contabilidade. 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, discussões relacionadas a resolução de problemas de maneira criativa tem recebido atenção em muitas áreas do conhecimento e em ambientes acadêmicos e empresariais. Nestas discussões, o termo “Design Thinking” tem sido considerada como uma designação de múltiplas facetas, dos quais o uso como metodologia de ensino tem estado em evidência.

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DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE ENSINO PARA A

CONTABILIDADE GERENCIAL SOB A ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA: UMA

ARTICULAÇÃO TEÓRICA

Eric Ferreira dos Santos

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Universidade Estadual de Maringá

Av. Colombo, nº5790. Jd. Universitário, Maringá, CEP 87020-900 – PR – Brasil

E-mail: [email protected]

Antônio Ricardo Catânio

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Universidade Estadual de Maringá

Av. Colombo, nº5790. Jd. Universitário, Maringá, CEP 87020-900 – PR – Brasil

E-mail: [email protected]

Reinaldo Rodrigues Camacho

Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP

Professor Adjunto da Universidade Estadual de Maringá

Universidade Estadual de Maringá

Av. Colombo, nº5790. Jd. Universitário, Maringá, CEP 87020-900 – PR – Brasil

E-mail: [email protected] -Telefone: (44) 3011-4909

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo realizar uma articulação teórica sobre os conceitos, as

características e os fundamentos do Design Thinking (DT), visando a compreensão de sua

utilidade e aplicação como metodologia de ensino para a contabilidade gerencial, sob a

abordagem construtivista. Constatou-se que conceito do termo “Design Thinking” possui

múltiplas facetas, das quais o uso como metodologia de ensino tem estado em evidência.

Revelou-se que as fases do DT podem ser sobrepostas. Além disto, a abordagem

construtivista é constituinte de uma base comum para o Design Thinking e para a

Contabilidade Gerencial, ambas auxiliadas pelos pensamentos criativos e críticos. O estudo

concluiu que o resultado do processo de Design Thinking na contabilidade gerencial precisa

fornecer uma forma, como um relatório e a aplicação do Design Thinking como metodologia

de ensino é possível em certas situações. Considerando as concepções apresentadas, sugere-se

estudos que aprofundem os conceitos, por outro lado pesquisas experimentais futuras podem

investigar adequadamente a aplicabilidade.

Palavras-chave: Design Thinking; Contabilidade Gerencial; Metodologia de ensino;

Abordagem construtivista; Educação em Contabilidade

Área Temática do Evento: Educação e Pesquisa em Contabilidade.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, discussões relacionadas a resolução de problemas de maneira

criativa tem recebido atenção em muitas áreas do conhecimento e em ambientes acadêmicos e

empresariais. Nestas discussões, o termo “Design Thinking” tem sido considerada como uma

designação de múltiplas facetas, dos quais o uso como metodologia de ensino tem estado em

evidência.

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Uma pesquisa revelou que o Design Thinking é ensinado em workshops, formação

complementar, cursos ou programas de graduação de design, engenharia, artes e arquitetura

(Goldman, Kabayadondo, Royalty, Carroll, & Roth, 2014). Complementar a isto, as pesquisas

em Design não estão limitadas a áreas como engenharias e podem ser encontradas em outros

campos como a contabilidade (Labro & Tuomela, 2003; van Aken & Romme, 2009), contudo

pesquisas sobre Design Thinking são quase inexistentes nas ciências sociais aplicadas (van

Aken & Romme, 2009).

Existe o entusiasmo crescente para o ensino e a aprendizagem do Design Thinking, o

qual levanta questões sobre como este complexo conjunto de ideias, processos e conceitos

podem ser ensinados utilizando os pensamentos criativos e críticos. (Bonk & Smith, 1998;

Goldman et al., 2014; Nikolai, 1996).

O Design Thinking recai, de maneira recomendada, sobre a base da abordagem

construtivista (Scheer, Noweski, & Meinel, 2012). Nesta mesma base a contabilidade

gerencial e prática empresarial se encontram (Kasanen, Lukka, & Siitonen, 1993).

Constituintes de uma base comum, Design Thinking e contabilidade gerencial podem ser

integradas, sendo auxiliadas pelos pensamentos criativos e críticos, para habilitar os

pensamentos dos estudantes em diversos caminhos.

Isto posto, “Design Thinking” é utilizado em variados contextos, por isso questões

conceituais, fundamentais e pragmáticas relacionados ao termo podem ser recorrentes. Assim

sendo, considerando as necessidades dos ambientes empresariais e acadêmicos, este trabalho

tem por objetivo realizar uma articulação teórica sobre os conceitos, as características e os

fundamentos do Design Thinking, visando a compreensão de sua utilidade e aplicação como

metodologia de ensino para a contabilidade gerencial, sob a abordagem construtivista.

Para atingir o objetivo pretendido, baseado em pesquisa bibliográfica, efetuou-se um

ensaio teórico, o qual permite o desenvolvimento de uma proposta sobre determinado tema

(Santos, 2006). Sob outra perspectiva, trabalhos teóricos admitem uma elucidação lógica e

reflexiva por intermédio de argumentações rigorosas, interpretações e julgamento pessoal

(Severino, 2007). Deste modo, a articulação teórica possibilita a extração de contribuições

conceituais do tema investigado a partir de estudos existentes.

Este artigo apresenta-se estruturado em cinco seções: a primeira seção, constituída

pela presente introdução; a segunda, pela apresentação e discussão dos aspectos, fundamentos

e características do Design Thinking e sua relação com educação; a terceira, pela abordagem

do construtivismo e as formas de pensamentos relativos ao processo de Design Thinking e a

contabilidade gerencial; a quarta, pelos aspectos de aplicação; e a última seção exprime as

considerações finais e sugestões para futuras pesquisas.

2 DESIGN THINKING

2.1 Aspectos Originários, Fundamentos e Características do Design Thinking

Os métodos de design prevaleciam durante as décadas de 1960 e 1970, (Kimbell,

2009). Nisto, com o esforço de definir design, como disciplina em seu próprio direito,

sobreveio a pesquisa focada em Design Thinking (DT), originalmente explorada na

arquitetura e no design industrial, por volta das décadas de 1970 e 1980 (Archer, 1979; Broß,

Noweski, & Meinel, 2011; Cross, 1982, 2010). Lawson (2006), em 1980, contribuiu, por

meio da inserção da obra How Designers Think: The Design Process Demystified, e depois,

Rowe (1987) elaborou estudos acerca de DT. Até então, preponderava a ótica de Simon

(1969), a qual compreendia a pesquisa em design como uma “ciência do artificial” e que

trazia a noção de design como modo de pensar.

Posteriormente, entre 1980 e 1990, o DT demandou maiores necessidades em

comparação com os métodos de design (Kimbell, 2009), recebendo atenção em várias áreas

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do conhecimento e sendo aplicada em meios acadêmicos e empresariais (Broß et al., 2011;

Lindberg, Gumienny, Jobst, & Meinel, 2009). Ultimamente, os educadores e os estudiosos de

gestão têm direcionado suas atenções ao design, em busca de atualizar as suas inerentes

disciplinas, relacionando às questões de projetos de organizações, estratégia e projetos de

pesquisa (Boland & Colllopy, 2004; Brown, 2008, 2010; Dunne & Martin, 2006; Mohrman,

2007; Romme, 2003; Weick, 2003).

O conceito do termo “Design Thinking” é impreciso, de difícil definição e possui

múltiplas facetas, pois a literatura ainda discute sobre seu significado, bem como a

conceituação de outros termos relacionados, tais como: criatividade; invenção; e inovação

(Cerejo & Barbosa, 2012; Kimbell, 2009; Lawson, 2006). Em sentido abrangente, entende-se

o Design Thinking como interdisciplinar, assim como o estudo dos processos cognitivos que

são manifestados na ação de design (Cross, Dorst, & Roozenburg, 1992; Lindberg et al.,

2009; Lugmayr, Stockleben, Zou, Anzenhofer, & Jalonen, 2014).

O DT se torna uma combinação entre arte, ciência e tecnologia na busca de soluções

de negócios (Vianna, Vianna, Adler, Lucena, & Russo, 2011). Isto viabiliza o tratamento de

problemas, aparentemente não solucionáveis, e desperta a inovação por meio de vídeos,

teatros, apresentações visuais, metáforas e músicas, compatibilizados com estatísticas,

planilhas e modelos de gestão. (Vianna et al., 2011).

Da perspectiva de Brown (2010), inovação é sinônimo de DT o qual é sustentado por

três pilares ou restrições: (i) desejabilidade (necessidades das pessoas); (ii) viabilidade

(projeto viável); e (iii) praticabilidade (utilidade esperada). O equilíbrio de todas as restrições

constitui fundamentalmente o DT (Brown, 2010).

Restrições são comuns em ambientes de negócios. Por isto, Davis (2010) defende que

o ensinamento de DT no ambiente empresarial é importante porque os gestores, atualmente,

competem em um ambiente globalizado, exigente de criatividade e inovação em toda a cadeia

de valor da empresa. Brown (2008) complementa ao dizer que os líderes precisam fitar a

inovação como a principal fonte de diferenciação e vantagem competitiva. Entretanto, Davis

(2010) ressalva que o ensinamento de DT neste ambiente pode ser difícil, ou até mesmo,

contra intuitivo e desconfortável.

Na visão de Martin (2010), a interação dinâmica composta pelo domínio analítico e

intuitivo denomina Design Thinking, referindo-se a um estilo de pensar, pouco convencional

no mundo empresarial, chamado de pensamento abdutivo (sugestão de que algo pode ser), que

leva o pensante a fugir do pensamento lógico (Vianna et al., 2011). Os autores Dunne e

Martin (2006) e Martin (2010) compreendem o DT como uma combinação de raciocínio

indutivo (generalização de algo específico) e dedutivo (inferência como consequência de

premissas lógicas), bem como abdutivo.

Nesta combinação de raciocínios, a condução do Design Thinking acontece pelo

chamado funil do conhecimento de Martin (2010), composto por três etapas: Mistério,

Heurística e Algoritmo. Com base em Martin (2010), depreende-se Mistério como uma

incógnita ou um questionamento genérico a respeito de algo pouco conhecido ou não

explorado, sejam problemas ou abstrações. Por sua vez, a Heurística como a delimitação do

Mistério, em regra geral, viabiliza a formação de um escopo administrável. E, o Algoritmo

como um procedimento explicito, simplificado, estruturado, com uma forma (algo que é) tal

que qualquer pessoa poderia reproduzi-lo ou implantá-lo para efeito de resolução de um

problema, sendo o resultado obtido após o refinamento da Heurística.

A transição das etapas permite a ocorrência dos pensamentos convergentes e

divergentes em conformidade com contexto. Seja numa expansão de ideias ou numa

exploração de um problema, a finalidade do pensamento divergente é propagar as opções para

criar escolhas, a fim de gerar ideias, estimular discussões livremente, buscar pontos de vista,

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suspender julgamentos. (Brown, 2010; Kaner, 2014; Owen, 2007). Adequado a um

refinamento de ideias, criação de conceitos ou formas, o pensamento convergente é a maneira

de escolher entre as alternativas existentes com o propósito de categorizar ideias dentro de

categorias, listar pontos chaves, definir um ponto de vista comum, exercitar julgamento

(Brown, 2010; Kaner, 2014; Owen, 2007).

A análise e síntese são complementos aos pensamentos convergente e divergente,

podendo ser compreendido como a operacionalização destes pensamentos (Brown, 2010). Isto

posto, a análise é compreendida pela condução de pesquisas que leva ao acúmulo de

informações, e a síntese, pelo ato de se extrair padrões de grande volume de informação,

criando conteúdo sintetizado (Brown, 2010; Vianna et al., 2011).

O entendimento destes pensamentos possibilita a compreensão dos princípios básicos

de resolução de problemas do DT, também conhecido como “Duplo Diamante” (Double

Diamond), constituído pelo espaço de exploração do problema e do espaço de exploração da

solução (Kun, 2013; Lindberg et al., 2009). O primeiro espaço refere-se a constatação,

exploração e percepção holística do problema, inclusive com refinamento de conceitos, o

segundo refere-se à criação de soluções para resolver o problema refinado e em ambos ocorre

os pensamentos divergentes e convergentes. (Lindberg et al., 2009; Owen, 2006; Vianna et

al., 2011). Sendo assim, o DT se torna flexível para a expansão ou redução, posicionamento

ou reposicionamento dos problemas e ideias relacionados a elas (Cerejo & Barbosa, 2012; R.

L. Martin, 2009).

Com respeito ao espaço de resolução de problemas, embora possam existir diferenças

epistemológicas entre as áreas de gestão e o design (Rylander, 2009), o DT vislumbra o

problema para além dos limites imediatos a fim de garantir a certeza daquilo que está sendo

tratado (Melles, Howard, & Thompson-Whiteside, 2012). A partir das características relativas

aos espaços do problema e da solução, o DT é visto como um processo de resolução de

problemas (Broß et al., 2011; Melles, Howard, & Thompson-Whiteside, 2012; Nagai, Candy,

& Edmonds, 2003; Newell, Shaw, & Simon, 1958).

Reconhece-se o Design Thinking como uma metodologia de conhecimento com um

enfoque centrado no ser humano que integra o expert de design, e os profissionais das

ciências sociais, da engenharia e da área de negócios. (Melles, Howard, & Thompson-

Whiteside, 2012; Plattner, Meinel, & Leifer, 2011). Visto isto, a abordagem centrada no ser

humano é uma das questões importantes e consistentes no DT por enfatizar a empatia e a

compreensão dos usuários/clientes (Brown, 2010; Holloway, 2009; IDEO, 2015; Ward,

Runcie, & Morris, 2009). O entendimento aprofundado acerca dos usuários pode ser feito por

meio de métodos observacionais e etnográficos (Carr, Halliday, King, Liedtka, & Lockwood,

2010; Cooper, Junginger, & Lockwood, 2009; Cross, 2001; Dunne & Martin, 2006; Nagai et

al., 2003).

Abordagem visual é outro jeito de se designar o DT. A visualização, ligada a

prototipagem e a modelagem de conceitos intangíveis, é fundamental por auxiliar na

convergência de ideias tornando-as visíveis (Brown, 2010; Carr et al., 2010; Drews, 2009;

Kimbell, 2009). A criação de conhecimento no DT é tida como prática, tanto que o processo

ocorre por meio de uma “reflexão na ação” (Rylander, 2009), isto é, as ações e as reflexões

acontecem ao mesmo tempo. Neste sentido, a criação de protótipos estimula o pensamento e a

exploração de ideias, não se limitando a resultados finais (Boland & Colllopy, 2004; Carr et

al., 2010; Rylander, 2009).

O Design Thinking associa a colaboração multidisciplinar e a melhoria iterativa para

produzir inovação com um foco no usuário final (Melles, Howard, & Thompson-Whiteside,

2012; Plattner et al., 2011). Isto integra o DT devido ao envolvimento de todos os

interessados como equipes interdisciplinares, além de ser visto como relevante na resolução

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de problemas complexos por utilizar o conhecimento (Dunne & Martin, 2006; Gloppen, 2009;

Melles, Howard, & Thompson-Whiteside, 2012; Sato, Lucente, Meyer, & Mrazek, 2010;

Vianna et al., 2011). Com as equipes interdisciplinares o DT insere a diversidade, apodera-se

de paradigmas e de ferramentas diversas de cada profissão para analisar, sintetizar e gerar

insights, garantindo equilíbrio entre a técnica, o negócio e as dimensões humanas (Melles,

Howard, & Thompson-Whiteside, 2012).

De outra forma, pela visão de Cross (2010), o DT pode ser interpretado como sendo

uma das formas de inteligências múltiplas, quando considerado o trabalho de Gardner (1985).

De acordo com os autores, não há uma única forma de inteligência, mas várias competências

intelectuais humanas que podem ser distinguidas, tais como: a linguística; a lógico-

matemática; a espacial; a musical; a cenestésica; e a interpessoal.

Cross (2010) argumenta que a capacidade de design parece ser utilizada por várias

dessas formas de inteligências que sempre se apresentam satisfatórios, por isso o autor sugere

que a inteligência design precisa ser separada como uma forma de inteligência. Esta

separação ocorre devido ao pensamento design requerer explorações em diferentes níveis de

detalhes, aplicando a inteligência em contextos amplos, além de sugerir soluções não

imagináveis (Cross, 2010) que permitam a resolução de conflitos e incertezas.

2.2 Frameworks do Processo de Design Thinking

O processo DT é constituído por modelos (frameworks) (Rauth, Köppen, Jobst, &

Meinel, 2010), compostos por fases (de três a sete) iterativas, isto é, seguem a não linearidade,

podendo constituir-se de vários loops de feedback em cada estágio (Ambrose & Harris, 2010;

Glen, Suciu, Baughn, & Anson, 2015; Kun, 2013).

A aplicação do Design Thinking acontece quando um dos modelos de processo

existentes é adotado. Existem vários modelos. O modelo de Brown (2008) considera o

processo em três espaço: a inspiração (lida com o problema e coleta informações de forma a

divergir o pensamento); a ideação (gera ideias por meio de brainstorming e testagens de ideias

através de protótipos); e a implementação (entrega de um produto ou resultado final). O

modelo Bootcamp do instituto de Design da Universidade de Stanford (“Bootcamp Bootleg,”

2010) revela o processo do DT constituído em cinco modos: empatia, definição, ideação,

prototipagem e testagem.

Além do Bootcamp, há também o HCD Toolkit, que integra as fases Ouvir, Criar e

Implementar, e o Design Thinking for Educators (IDEO, 2009, 2011), cujo modelo está

ajustado para o contexto educacional compostas pelas seguintes fases: Descoberta;

Interpretação; Ideação; Experimentação; e Evolução. Por sua vez, Ambrose e Harris (2010)

apresentaram o processo do DT em sete fases: Definição; Pesquisa; Ideação; Prototipagem;

Seleção; Implementação; e Aprendizado.

Com base nas várias representações de processos de DT existentes e em observância

ao processo de Brown (2008), Glen, Suciu, Baughn e Anson (2015) sugeriram um framework

do processo com mais especificidade, de forma a ser útil aos professores durante o ensino e

aos estudantes durante processo de aprendizagem. O modelo inclui as seguintes fases: (1)

Achados do problema; (2) Observação; (3) Criação de visualização e senso; (4) Ideação; (5)

Prototipagem e testes; e (6) Teste de viabilidade.

O entendimento do processo do DT como processo de pensamento criativo permite a

sobreposição dos modelos apresentados, ensejando correspondências entre as fases (Glen et

al., 2015; Nagai et al., 2003), no entanto o conhecimento sobre qualquer um deles depende da

experiência dos professores e das características pessoais dos estudantes (Rauth et al., 2010).

Didaticamente, a Figura 1 demonstra um exemplo de sobreposição de alguns dos conceitos

discutido e das fases dos modelos.

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Figura 1 - Framework combinado do processo de Design Thinking

Achados

do problema

Criação de

visualização e sensoObservação Ideação

Prototipagem e

testesTestes de viabilidade

ESPAÇO DA EXPLORAÇÃO DO PROBLEMA ESPAÇO DA EXPLORAÇÃO DA SOLUÇÃO

Inspiração Ideação Implantação

RE

SU

LT

AD

O/F

OR

MA

PE

NS

AM

EN

TO

AB

DU

TIV

O

Descoberta Interpretação Ideação Experimentação Evolução

Fonte: elaborada pelos autores com a utilização dos fundamentos de Design Thinking e com a

sobreposição dos modelos de Brown (2008), IDEO (2011) e Glen et al. (2015).

Orientação, colaboração e feedback em todas as fases é fundamental para o

desenvolvimento dos alunos (Martins Filho, Cruz Gerges, & Pereira Fialho, 2015; Razzouk &

Shute, 2012). As etapas a seguir descritas utiliza o modelo de Glen et al. (2015) e a utilização

delas não são necessariamente sequenciais.

O processo inicia-se por meio da fase de empatia denominada de (1) Achados do

problema. Nesta fase os estudantes partem uma declaração inicial de um problema e motivam

a equipe, interagindo entre si de forma a coletarem dados, podendo se utilizar de instrumentos

de pesquisas exploratórias, entrevistas, estratégias de observações, entre outros (Glen et al.,

2015; IDEO, 2011). A princípio, os alunos podem se sentir frustrados pela falta de instruções

claras, contudo devem ser encorajados a testar cada dado novo relacionado ao problema (Glen

et al., 2015). Nisto, recursos pedagógicos, como Project-based learning (PBL), que

incentivam a exploração do problema, podem ser aplicados (Dym, Agogino, Eris, Frey, &

Leifer, 2005; Glen et al., 2015; Rauth et al., 2010).

A fase de (2) Observação refere-se ao momento de captura plena de entendimento da

situação-problema, das pessoas afetadas pelo problema e dos utilizadores do resultado que

deve ser delimitado claramente (Glen et al., 2015). Nesta fase pode se utilizar de observações,

simples conversas, storytelling, pesquisa etnográfica, registro documentais, entre outras (Glen

et al., 2015; Grots & Pratschke, 2009; Rauth et al., 2010).

A fase de (3) Criação de visualização e senso trata do agrupamento, redução e

refinamento de dados informacionais, visualização de padrões de modo a abstrair conceitos e

julgamento ou análises em torno do conteúdo obtido (Brown, 2010; Glen et al., 2015; IDEO,

2011). Como recurso pode-se utilizar de Mapas de empatia, Mapas de viagem (dados

representados em formatos de timeline) e Criações de perfis (“Bootcamp Bootleg,” 2010;

Glen et al., 2015; Liedtka & Ogilvie, 2011).

A quarta fase é a (4) Ideação, a qual prevê a geração de ideias em abundância e sem

restrições. Nesta lógica, utiliza-se do Brainstorming como técnica de geração de ideias

específicas para a concepção de ideias, padrões, interpretações, soluções e oportunidades

(Glen et al., 2015; IDEO, 2011). O uso de post-it, desenhos e mapas da mente são frequentes

nesta etapa, porém outras abordagens podem ser utilizadas (Brown, 2010; Cerejo & Barbosa,

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2012; Glen et al., 2015; IDEO, 2011). É necessário que parte das ideias sejam selecionadas

para serem levadas a próxima fase (Glen et al., 2015).

A (5) Prototipagem e testes é a forma de aprendizado acerca de uma ideia, cuja

representação não precisa ser necessariamente física, porém precisa ser tangível ou concreta

(Brown, 2008; Glen et al., 2015). A prototipagem no DT requer a divergência na geração de

vários protótipos descartáveis interativos para provocar possíveis soluções candidatas ao

problema, nisto é cabível a aplicação de diagramas, storyboards visuais, modelos, desenhos,

entre outros (Glen et al., 2015; Gray & Siegel, 2014; Lloyd, 2013).

Além de estimular a prática das competências de comunicação dos alunos, expositores

de suas decisões e a instigação ao acompanhamento do resultado, a provável solução

escolhida deve ser funcionalmente possível e plenamente sustentável, por isso (6) Testes de

viabilidade são fundamentais (Brown, 2010; Glen et al., 2015). Trata-se do o

desenvolvimento ou acompanhamento do conceito assumido, testado na fase anterior, ao

longo do tempo (IDEO, 2011). Isto requer o planejamento de comunicação para as pessoas

que receberão o resultado, bem como a documentação do processo, geração de relatórios com

detalhamento da proposta (Glen et al., 2015; IDEO, 2011; Kun, 2013).

Para Melles et al. (2012), a margem para a aplicação prática do DT é vasta e continua

a aumentar. Nisto, considerando que os alunos estão engajados à formação para o mercado

competitivo, as habilidades de design, a centralização no usuário e a colaboração precisam ser

incentivados (Dunne & Martin, 2006) pelos professores.

2.4 O Design Thinking e a Educação

Na academia internacional, o DT disseminou-se nos currículos acadêmicos dos alunos

de pós-graduação, especialmente, aos não designers (Broß et al., 2011). E aos designers,

várias escolas de design focaram no desenvolvimento de cursos de DT como a abordagem à

inovação de produtos, constituindo uma expansão dos horizontes dos estudantes (Melles,

Howard, & Thompson-Whiteside, 2012). Em relação à inovação curricular, algumas

instituições consideraram o uso amplo do DT e cursos podem ser encontrados nos ambientes

empresariais e acadêmicos com o foco de introduzir os alunos à capacitação em DT, a fim de

revigorar as tomadas de decisões (Melles, Howard, & Thompson-Whiteside, 2012). O DT é

complexo por tratar de conceitos, processos e desenvolvimento de disposições, orientadores

dos pensamentos e das ações na resolução de problemas, e por colocar vários dilemas para a

educação. (Goldman et al., 2014).

Quando visto as dificuldades de implementação, os cursos estão incorporados em

sistemas educacionais que enfatizam a aprendizagem individual do aluno dificultando o

processo e a prática das equipes de alunos (Goldman et al., 2014). Ainda em relação a

institucionalização, Dunne e Martin (2006) argumentam que as escolas são abertas na adoção

de pensamentos dedutivo e indutivo, porém são fechadas ao pensamento abdutivo. Ainda,

tem-se que a gestão educacional contemporânea não está amparando devidamente os gestores,

mesmo com meio empresarial requerendo muito uma “educação design” (Dunne & Martin,

2006). Logo, percebe-se uma ausência de apoio institucional.

Da mesma forma como ocorre no ambiente empresarial, possíveis contra intuições e

desconfortos podem ser evidentes também no meio acadêmico em função da tendência dos

estudantes em definirem seus valores de aprendizagem por meio de sua profissão e suas

experiências acadêmicas (Davis, 2010). Apesar de existirem dificuldades, para que se realize

a adoção prévia do processo de concepção nos modelos de negócios, recomenda-se que o

ensino do DT seja integrado ao ambiente acadêmico (Davis, 2010).

A integração de Design Thinking na estrutura corporativa é uma consequência do

processo de DT que prepara os alunos com ferramentas devidas (Davis, 2010). Isto posto,

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uma atitude proativa na academia, a respeito disso, pode propiciar a futuros gestores

empresariais conhecimentos mais robustos (Davis, 2010). Assim, a consciência de

sensibilização do DT pode trazer melhorias aos cursos, integrando o corporativo ao

acadêmico (Burdick & Willis, 2011; Razzouk & Shute, 2012).

Algumas dificuldades podem residir da existência de muitas questões a serem sanadas

quanto ao ensino de DT e a implementação de forma efetiva na educação (Dym et al., 2005).

Além disso, novas maneiras de se avaliar são demandas, em função das novas habilidades

abordadas no processo ensino-aprendizagem (Dym et al., 2005).

Segundo Lloyd (2013), pode-se abordar o Design Thinking de duas formas: a primeira

abordagem retrata DT como métodos de design utilizados de forma ampla para agregar

valores a empresas (Brown, 2010; R. L. Martin, 2009); a segunda, enfatiza a pedagogia e

defende o design como forma de capacitar as pessoas na resolução de problemas complexo

que vão além dos negócios (Ambrose & Harris, 2010; Lloyd, 2013).

A abordagem prática do ensino como um processo contínuo demonstrado nos modelos

e as considerações dos conceitos essenciais auxiliam no envolvimento dos alunos na

construção do conhecimento profissional exigindo, dos estudantes, a criatividade na busca de

soluções (Leonard, Fitzgerald, & Riordan, 2015; Lloyd, 2013). Os alunos devem estar aptos a

lidar com os problemas, investigando e avaliando-os, a fim de buscar soluções (Scheer et al.,

2012). Com isto, o DT realiza aquilo que é aconselhado em uma teoria construtivista, que

inclui aprendizagem por meio da experiência e da resolução de problemas, tal como o PBL

(Krüger & Ensslin, 2013; Scheer et al., 2012).

3 O CONSTRUTIVISMO E AS FORMAS DE PENSAMENTOS

3.1 Abordagem Construtivista e os Tipos de Pensamentos

A abordagem construtivista, base do Design Thinking, (Schön, 1983) permeia o elo

entre a contabilidade gerencial e a prática empresarial (Kasanen et al., 1993), podendo ser

integrado e auxiliada pelos pensamentos criativos e críticos no processo de DT.

Após ser introduzida em 1986, em 1993 a constructive research approach (CRA) foi

difundida por Kasanen, Lukka e Siitonen (1993) com o objetivo de auxiliar os acadêmicos de

contabilidade gerencial a ter uma atribuição mais operante na melhoria de práticas existentes

(Kasanen et al., 1993; Rautiainen, Mättö, & Sippola, 2014). A princípio, o constructive

research approach (CRA) significa um meio de se resolver problemas na “vida real” de uma

organização por meio da construção de um sistema de gestão (Kasanen et al., 1993; Lukka &

Reponen, 2000). Posteriormente, após ser entendida como uma metodologia que cria

construções e contribui para o campo aplicado e ter sua importância reconhecida na

contabilidade gerencial, o CRA insere a necessidade de construção ou de conceber (design)

construções (Piirainen & Gonzalez, 2014).

O construtivismo é um processo que pode ser descrito em passos distintos (Kasanen et

al., 1993; Labro & Tuomela, 2003; Puolamäki, 2004): (A) localizar um problema relevante

com potencial de investigação; (B) obter uma compreensão geral e abrangente sobre o tema;

(C) inovar, construindo uma ideia ou solução teoricamente fundamentada; (D) implementar a

solução e testar para ver se funciona na prática ou demonstrar como a solução funciona; (E)

mostrar as conexões teóricas e a contribuição da solução (F) examinar o escopo de aplicação

da solução.

Os passos do CRA são comuns aos métodos de Design Thinking, podendo ser

sobrepostos às fases do DT (Ambrose & Harris, 2010; Labro & Tuomela, 2003; Lindberg,

Noweski, & Meinel, 2010; Rautiainen et al., 2014). Assim sendo, a utilização dos passos B, C

e D promovem a validação interna do procedimento metodológico, enquanto o passo E

garante a validade externa (Labro & Tuomela, 2003; Rautiainen et al., 2014).

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Haja vista que a ciência Design, como abordagem de problemas, se encontra entre os

pensamentos, adutivos, dedutivos e indutivos (Piirainen & Gonzalez, 2014), a literatura do

CRA, embora não utilize explicitamente o termo “abdutivo”, permite traçar paralelos entre as

fases do CRA e a ciência Design com seu processo abdutivo, pois ambas possuem

intencionalidades similares. (Piirainen & Gonzalez, 2014). Isto foi demonstrando por

Piirainen & Gonzalez (2014) que sobreposuseram a abordagem construtivista à ciência

Design, em contextos de aplicações.

Rautiainen et al. (2014) propõem um passo extra no CRA, composto por dois fatores:

(G) o tema precisa ser relevante e a “construção” precisa ser aceita ou, se possível,

implementada. A construção pode se referir a uma mudança ou proposta. Por exemplo, o

Balanced Scorecard tradicional possui quatro perspectivas conhecidas como aprendizado e

crescimento, processos internos, clientes e financeira (Labro & Tuomela, 2003; Rautiainen et

al., 2014). Uma modificação nos termos das perspectivas pode implicar em alterações do

constructo, bem como nas medidas de desempenho (Labro & Tuomela, 2003; Puolamäki,

2004; Rautiainen et al., 2014). De forma similar, aconteceu com o Activity-Based Costing,

exemplo de um resultado construtivista (Puolamäki, 2004).

Deve-se avaliar se esta alteração é relevante, pois reflete nos campos de exploração do

problema e da solução no processo do DT. Nesta relação de problema-solução, o

desenvolvimento de uma construção necessita ser vista de modo cooperativo por meio de

trabalho colaborativo, o qual os participantes do processo podem contribuir, tanto na teoria

quanto na prática (Lukka & Reponen, 2000; Puolamäki, 2004).

O construtivismo, entendido como uma forma epistemológica pragmática, associada

ao positivismo, interpretativismo e empirismo, liga diversas áreas e cria diálogos (Piirainen &

Gonzalez, 2014; Quattrone, 2000). Por isso, na abordagem construtivista, o professor situa

problemas realistas, contextos significativos, modelos comportamentais facilitadores da

aprendizagem, tais como reflexão e colaboração, garantindo aos alunos a identificação de

consistências e erros que podem surgir em suas representações mentais (Sharan & Sharan,

1989; Springer & Borthick, 2004).

Talvez por exigência metodológica, o construtivismo, como forma de metodologia

ativa, recebe, na visão dos estudantes, atribuições de menor importância e contribuição como

auxilio no aprendizado e na geração de conhecimento (Krüger & Ensslin, 2013). Contudo, as

metodologias ativas visam tonar o estudante um sujeito reflexivo, investigador da realidade e

construtor do conhecimento (Cotta et al., 2012). As metodologias ativas são baseadas em

estratégias de ensino, tais como pode ser compreendido o Design Thinking, fundamentadas no

entendimento pedagógico crítico-reflexivo, permitindo leituras e intervenções a respeito da

realidade, contribuindo para a interação entre os estudantes e reconhecendo a construção

coletiva do conhecimento (Cotta et al., 2012; Krüger & Ensslin, 2013). Junto a isto, o

construtivismo coloca, em cena, o desenvolvimento de competências de pensamentos de alto

nível dos alunos ao constituir o interesse na contabilidade (Springer & Borthick, 2004).

As competências dos estudantes podem incorporar os pensamentos criativos e críticos

no processo de DT. Assim, o Creative Thinking é o processo de encontrar ideias num rol de

informações disponíveis que, podem servir para resolver um problema (Nikolai, 1996),

especialmente durante as primeiras fases de resolução do problema (Bonk & Smith, 1998).

Este tipo de pensamento se inicia a partir de um problema não estruturado, o qual deve ser

explorado. Muitos contadores realizam, diariamente, tarefas de gerar previsões, relatórios e

reorganizar funções contábeis (Bonk & Smith, 1998), tendo assim, muitos problemas no

cotidiano. Para Bonk e Smith (1998), a capacidade de inovação e a criatividade está no meio

de cada uma destas tarefas e na exploração delas. Se uma ideia for original e apropriada ao

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contexto, então o resultado é considerado produto do processo de pensamento criativo (Bonk

& Smith, 1998; Starko, 2005).

No pensamento criativo, estudantes podem aprender a resolver problemas novos,

especialmente, os problemas mal estruturados, para assim, estimularem os pensamentos em

alto nível. Pois, problemas deste tipo não possuem solução “correta”, nem são descritos

perfeitamente, podendo provocar pensamentos divergentes (Churchman, 1971; Springer &

Borthick, 2004). Aliado a isto, velhos e novos problemas da contabilidade podem ser

visualizados de maneira diferentes (Quattrone, 2000), isto é, divergindo.

Critical Thinking (CT) ou pensamento crítico é a habilidade de realizar “bons”

julgamentos numa complexa situação do mundo real, baseado em evidência disponível

claramente trabalhada (Bonk & Smith, 1998; Ktufiss, 1988). Nisto, o CT integra muitos

aspectos práticos contábeis, onde não há uma “melhor” solução de fácil concepção (Kimmel,

1995). O foco do CT está na avaliação lógica e categorização e compõe-se por elementos

afetivos, cognitivos e comportamentais (Bonk & Smith, 1998; Ennis, 1989; Kimmel, 1995) e

não no pensamento divergente. Deste modo, considerando os elementos cognitivos,

depreende-se que é possível a relação entre o pensamento convergente do processo de Design

Thinking e o Critical Thinking, pois os componentes cognitivos, rementem aos

aprimoramentos existentes nas etapas de Observação, Criação de visualização e senso e

Testes de viabilidade.

Com a utilização dos elementos do CT associadas as fases do DT intenta fornecer aos

estudantes estímulos para a prática das competências, incitando o pensamento em alto nível,

tal como a profissão contábil exige (Scheer et al., 2012; Springer & Borthick, 2004). Desta

forma, espera-se que o estudante possua um pensamento crítico capaz de compreender a

terminologia e os fundamentos da contabilidade. (Jaijairam, 2012).

A união dos pensamentos críticos e criativos permitem aos estudantes criarem ideias

originais apoiados por argumentos lógicos e fundamentados (Bonk & Smith, 1998; Isaksen &

Pranes, 1985). O reconhecimento dos dois tipos de pensamento no processo proporciona aos

estudantes de contabilidade a abordagem ampla do problema, estimula a comunicação oral e a

escrita (Bonk & Smith, 1998; Nikolai, 1996). Portanto, os problemas de contabilidade devem

oportunizar a expressão criativa, assim como o pensamento crítico. Ambas integradas ao

processo de Design Thinking. Ressalva-se, porém, que a depender situação, os tipos de

pensamentos podem se sobreporem criando loops de pensamentos (Bonk & Smith, 1998).

3.2 Design Thinking e o Construtivismo

Considerando a abordagem construtivista e os pensamentos criativos e críticos, a

Figura 2 sintetiza a constituição destes fundamentos sobre o processo de Design Thinking

como reflexo da relação problema-solução na Contabilidade Gerencial.

Figura 2 - Processo de Design Thinking modelado sob o Construtivismo

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Processo do Design Thinking (DT)

ESPAÇO DA EXPLORAÇÃO DO PROBLEMA ESPAÇO DA EXPLORAÇÃO DA SOLUÇÃO

Abordagem Construtivista

Relação problema-solução na Contabilidade Gerencial

(A) (B) (C) (D) (E) (F)

Sobreposição das fases da Abordagem Construtivista

(G) (G)

*Apenas os elementos cognitivos do pensamento crítico Fonte: elaborada pelo autor com a utilização dos fundamentos de Design Thinking, dos conceitos do

pensamento crítico e criativo e das fases de CRA sobrepostas de Kasanen, Lukka e Siitonen (1993).

4 DESIGN THINKING APLICADO COMO METODOLOGIA DE ENSINO

4.1 Vislumbre dos Aspectos de Aplicação do Design Thinking

Considerando o domínio das metodologias ativas, na avaliação Design Thinking como

abordagem de ensino, deve-se entender que as abordagens tradicionais e as abordagens

baseadas em problemas (PBL), por meio de casos, não necessariamente funcionam bem

devido à ausência de estudos de casos relevantes (Lugmayr et al., 2014). Assim, deve-se

avaliar se a proposta de utilização do DT é adequada ao contexto.

Em termos práticos, Lugmayr et al. (2014) sugerem uma programação de um curso de

Design Thinking, o qual pode ser adaptado para utilização em aulas de graduação e pós-

graduação (Broß et al., 2011; Owen, 2007). Pode haver a participação de empresas em

algumas fases do processo de DT, caso ocorra, o grau de trabalho pode variar com o nível do

curso (Melles, Howard, & Thompson-Whiteside, 2012).

Segundo os autores, entre os requisitos necessários para a estipulação do cronograma

tem-se a iteratividade das fases do Design Thinking, o qual possibilita a volta a fases

anteriores, o fornecimento de informações introdutórias e formação de equipes. Destaca-se

que, geralmente, ao se ensinar o DT aos alunos, ensina-se a maneira de trabalha-lo em grupos.

(Goldman et al., 2014). Além disso, as atribuições ao professor incluem: a apresentação do

DT e suas fases, o enquadramento da proposta aos objetivos do curso, preparação de materiais

a serem utilizados em todas as fases, disponibilização de recursos, definição de cronograma,

preparo de aplicação do DT às pesquisas científicas, etc (Cerejo & Barbosa, 2012; Goldman

et al., 2014; Lugmayr et al., 2014). Por sua vez, aos estudantes, cabem: definir oportunidades

para a criatividade, documentar e registrar as atividades, incentivar a equipe, criar

brainstomings, realizar tarefas em casa, utilizar ferramentas remotas, trabalhar em grupo para

resolver problemas, transitar entre as fases do DT, entre outras (Davis, 2010; Dym et al.,

2005; Lugmayr et al., 2014; Melles, Howard, & Thompson-Whitesidec, 2012; Scheer et al.,

2012).

A interdisciplinaridade é compreendida no DT (Lugmayr et al., 2014). No entanto,

quando da constituição de equipes, sua formação contendo habilidades de áreas distintas pode

nem sempre ser viável, por isso sugere-se a consideração das inteligências múltiplas e das

competências individuais como aspectos interpessoais, as quais, se relacionadas, acionam o

Design Thinking como um processo colaborativo promotor da competência social. Ademais,

as capacidades devem ser treinadas para mudar o pensamento, ampliando a visão holística

(Ericson, Bergström, Larsson, & Törlind, 2009).

4.2 Práticas Aplicáveis a Metodológica do Design Thinking em Contabilidade

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O DT se aplica como curso de lógica, unidades de programas, seminários, palestras,

ou uma combinação de qualquer uma das anteriores (Melles, Howard, & Thompson-

Whiteside, 2012), possibilitando uma variedade a aplicação no ensino.

Lugmayr et al. (2014) testaram a aplicação do DT em cinco encontros: o primeiro

forneceu uma introdução geral, formou grupos e organizou as atividades; o segundo propôs a

apresentação teórica do DT e a aplicação de um Mini-Design Thinking com a inserção de

desafios pelo professor; o terceiro, ofereceu oportunidades de apresentações e discussões dos

pontos de vistas e ideação pelos alunos; o quarto, intencionou a apresentação de ideias,

protótipos e os testes de viabilidade com elaboração de relatórios; por fim, o último encontro

forneceu uma Aula/Palestra com trabalho prático que auxiliasse os alunos no vislumbre da

utilização do recurso criado no processo (resultado/forma). Entre uma aula e outra, haviam

atividades extraclasse para estimular as atividades e reduzir as limitações de tempo do curso.

O teste de aplicação, apresentado por Lugmayr et al. (2014), demonstra a necessidade do

planejamento e do acompanhamento de maneira que o aluno, ao final do processo, tenha um

resultado pertinente ao problema proposto a ele a ser resolvido.

Entre as práticas recomendáveis para a exploração do problema, há: o uso de

materiais, pesquisas da literatura, observação de necessidades das pessoas, exploração de

temas por de investigação, realização de reuniões, uso de ferramentas para a visualização de

múltiplos pontos de vista, etc (Brown, 2008; Leonard et al., 2015; Lugmayr et al., 2014;

Melles, Howard, & Thompson-Whitesidec, 2012). Por outro lado, as práticas da exploração

da solução incluem: avaliação e restrição de ideias, uso de brainstormings criação de

relatórios protótipos e finais, comunicação da ideia, a não restrição a uma perspectiva

espacial, a busca de conhecimento sobre possibilidades, e outras (Lugmayr et al., 2014;

Melles, Anderson, Barrett, & Thompson-Whiteside, 2015; Scheer et al., 2012).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho objetivou realizar uma articulação teórica sobre os conceitos, as

características e fundamentos do Design Thinking (DT), visando a compreensão de sua

utilidade e aplicação como metodologia de ensino para a contabilidade gerencial, sob a

abordagem construtivista. Para isto, efetuou-se um ensaio teórico por meio de exploração

bibliográfica da literatura, visando a extração conteúdos acerca tema investigado.

A discussão conceitual, voltada para a contabilidade, pode ser tida como sugestiva,

visto que na área de Design ainda se discute os conceitos e as características relacionados a

esta (Kimbell, 2009) em função da imprecisão de definição do termo.

O ensino de Design Thinking é defendido tanto no âmbito empresarial quanto no

acadêmico uma vez que o método propicia uma expansão da visualização do problema e na

visualização das possibilidades de solução e, também, por possuir um enfoque centrado no ser

humano. Por esta centralização, os pensamentos convergentes e divergentes possibilitam

muitas perspectivas aproveitáveis e combináveis com os pensamentos criativos e críticos, pois

tratam-se de linhas de comunicação dos estudantes. As análises e sínteses, relacionadas a estes

pensamentos, podem colocar proposições de soluções ou descobrir novos gaps no contexto

estudado.

Os frameworks existentes do processo de Design Thinking podem estar sobrepostos

por analogia e, se necessários, adaptados em função da flexibilidade possibilitada pelo

processo. Nestas adaptações, pensamentos divergentes e convergentes podem acontecer numa

única fase, de modo concomitante. Todavia, é relevante a obtenção de feedback a cada passo

tendo em vista o desenvolvimento dos alunos.

Percebeu-se a ausência de sensibilização para a academia e ao apoio institucional, o

qual pode ser minimizada por meio de atitudes proativas. Por isso, o ensino nos cursos da área

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empresarial, inclusive as ciências contábeis, requer um tratamento pluralista, atualmente em

falta, que não se restringe ao ensinamento de modelos padrões, mas considera outras

abordagens como a provinda do design. (Dunne & Martin, 2006).

O resultado do processo de Design Thinking na contabilidade gerencial precisa ser

uma forma: um relatório contábil, um projeto, uma estruturação, uma modificação de algo

existente, de modo personalizado que atenda às necessidades empresariais dos gestores ou

mesmos dos usuários do resultado. À vista disso, é recomendável a integração do DT, no

contexto acadêmico, com estrutura corporativa, pois isto prepara os alunos com ferramentas

devidas diante das realidades teóricas e práticas existentes.

Os conceitos da abordagem construtivista da contabilidade gerencial encontrados em

Kasanen et al. (1993) podem ser sobrepostos aos conceitos de Design Thinking, permitindo

assim, uma clarificação acerca do elo entre a contabilidade gerencial e a metodologia do DT.

Tem-se que ferramentas gerencias como o Activity-Based Costing e o Balanced Scorecard são

tidas, em essência, como resultados do construtivismo. A integração de ambas oportuniza

aproximações entre a acadêmica e a prática empresarial.

De outro jeito, se as afirmações de que o positivismo é “aquilo que é” e o

normativismo é “aquilo que deve ser” estiverem coerentes, então pode-se afirmar que o

construtivismo representa “aquilo que pode ser”. Assim entende-se o construtivismo como a

base que une o DT à contabilidade gerencial, que incentiva o uso dos pensamentos criativos e

críticos e a aplicação de conceitos de modo a obter um resultado com forma.

Nisto, o professor possui um papel de orientador, sendo coadjuvante do processo. Os

protagonistas são os estudantes que atuam em equipes, por este motivo a gestão de equipes

pode ser um dos primeiros obstáculos enfrentados na aplicação do método. Por outro lado, a

falta de interdisciplinaridade pode ser suprida pela compreensão das inteligências múltiplas e

pelas competências dos alunos durante o processo.

As práticas precisam ir de encontro as fases do DT, que por sua vez possuem

iteratividade. Todas as práticas estimulam o espírito colaborativo e requerem o pensamento

criativo e crítico envolvido dentro do processo. Professores de contabilidade gerencial podem

utilizar-se destas práticas para envolver o aluno no compromisso de resolver problemas

fundamentados a fim de gerar um resultado de utilidade.

Compreende-se que o Design Thinking pode ser aplicado à contabilidade gerencial

como metodologia de ensino em situações que requeira a criação ou a construção de algo que

pode ser e, em casos que se deseja encontrar soluções de utilidade, como por exemplo, a

criação relatório gerencial com estruturação personalizadas ou rearranjadas (resultado).

Pesquisas futuras, que focalizem, alguns dos aspectos mencionados neste trabalho

podem ajudar a expandir a compreensão a respeito da utilização do DT no contexto da

contabilidade como metodologia de ensino. Ainda, recomenda-se a elaboração de uma revisão

sistemática para extrair com acurácia as práticas referentes a aplicação do DT, visto que este

trabalho apresentou apenas algumas delas. Por outro lado, apesar deste tema ainda ser

prematuro, pesquisas experimentais podem investigar melhor a aplicabilidade.

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