como ler e entender a bíblia

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Como ler e entender a Bíblia? Por Prof. Felipe Aquino 23 de abril de 2015 Catequese O estudo da Sagrada Escritura é uma parte do estudo da Teologia. A Sagrada Escritura só existe, assim como a teologia só existe, na Igreja. A Igreja é a Coluna e Fundamento da Verdade. O texto inspirado da Sagrada Escritura, que é parte da Tradição que vive na Igreja e só pode ser entendida dentro dela, não tem “vida própria”. Não é uma coisa que se estude independentemente da teologia, a não ser que se queira fazer estudos, sei lá, de sintaxe grega ou hebraica. É por isso que a crítica textual foi condenada repetidamente: ela abandona os princípios básicos de uma exegese ortodoxa, que é forçosamente baseada não na Escritura como algo isolado, mas na percepção da Escritura como parte do Depósito da Fé. Esta parte do Depósito foi sujeita a perversões inomináveis nos últimos 500 anos, tanto em termos de traduções errôneas quanto em termos de exegeses delirantes, sempre a partir da ideia de jerico de se tomar a Escritura como algo que pode ser abordado independentemente do resto do Depósito da Fé. Há, assim, hoje (na verdade, nos últimos 500 anos) um perigo constante de erros graves e que colocam a alma em risco ao tomar a Escritura como objeto de estudo isolado. É por isso que eu digo que não se deve sequer abrir a Escritura para estudo (em contraposição à oração dos salmos, meditação da Paixão, etc.) sem que se tenha um excelente domínio da teologia. O domínio da teologia é o domínio do contexto fora do qual é simplesmente impossível ter bom proveito do estudo da Sagrada Escritura. Fora deste

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Como ler e entender a Bblia?

Por Prof. Felipe Aquino 23 de abril de 2015 Catequese

O estudo da Sagrada Escritura uma parte do estudo da Teologia. A Sagrada Escritura s existe, assim como a teologia s existe, na Igreja. A Igreja a Coluna e Fundamento da Verdade.

O texto inspirado da Sagrada Escritura, que parte da Tradio que vive na Igreja e s pode ser entendida dentro dela, no tem vida prpria. No uma coisa que se estude independentemente da teologia, a no ser que se queira fazer estudos, sei l, de sintaxe grega ou hebraica. por isso que a crtica textual foi condenada repetidamente: ela abandona os princpios bsicos de uma exegese ortodoxa, que forosamente baseada no na Escritura como algo isolado, mas na percepo da Escritura como parte do Depsito da F.

Esta parte do Depsito foi sujeita a perverses inominveis nos ltimos 500 anos, tanto em termos de tradues errneas quanto em termos de exegeses delirantes, sempre a partir da ideia de jerico de se tomar a Escritura como algo que pode ser abordado independentemente do resto do Depsito da F.

H, assim, hoje (na verdade, nos ltimos 500 anos) um perigo constante de erros graves e que colocam a alma em risco ao tomar a Escritura como objeto de estudo isolado. por isso que eu digo que no se deve sequer abrir a Escritura para estudo (em contraposio orao dos salmos, meditao da Paixo, etc.) sem que se tenha um excelente domnio da teologia. O domnio da teologia o domnio do contexto fora do qual simplesmente impossvel ter bom proveito do estudo da Sagrada Escritura. Fora deste contexto teolgico, sem este conhecimento, o que se tem o que S. Pedro alertou: os ignorantes e indoutos (no malvados!, apenas ignorantes e indoutos) distorcem as escrituras para sua prpria perdio.

Para que haja um estudo proveitoso da Sagrada Escritura, assim, necessrio que se tenha no mnimo um nvel de conhecimento teolgico que ultrapassa em muito o simples catecismo. Sem isso, criana brincando com um lana-chamas: no pode dar certo.

Alm deste pressuposto bsico, necessrio que se use a Escritura verdadeira, no verses falsificadas e tendenciosas. E por isso que a Igreja manda **queimar** as tradues protestantes. Tendo-se o contexto, o locus que a ntegra do Depsito da F, necessrio que se tenha a Escritura verdadeira. E por isso e para isso que a Igreja nos d a Vulgata. Os textos gregos e hebraicos bem como boas tradues da Vulgata podem servir para acrescentar algo, iluminar uma dificuldade, mas o padro a Vulgata.

Resumindo, assim, o que eu tenho a dizer o seguinte: que se estude teologia, muita teologia, estudando-se primeiro o catecismo, depois as definies magisteriais (no Denzinger, por exemplo), depois lendo os Doutores da Igreja, para a passar aos Padres da Igreja, e s ento abordar o mais difcil, que a Sagrada Escritura. E na hora de abordar a Sagrada Escritura, que se use a Vulgata primordialmente, com os textos da septuaginta e massorticos servindo como cereja de bolo. Se no se sabelatim, grego e hebraico, que se use apenas e to-somente uma boa traduo da Vulgata para uma lngua que se domine, e que no se tente estudar a Bblia. No se vai estar estudando a Bblia ao ler tradues; se vai estar estudando tradues. E ao ler tradues condenadas pela Igreja, se vai estar envenenando a alma. bom ler uma traduo **recomendada pela Igreja** como meditao, como orao, etc., mas para fazer exegese, preciso antes de qualquer outra coisa, antes de abrir a Bblia, uma excelente formao teolgica e um profundo conhecimento da Tradio, e, em seguida, um texto que se saiba *ser a Bblia*. E este texto a Vulgata. No o texto de manuscritos gregos e hebraicos tardios, nem muito menos tradues vernculas destes textos tardios, nem muito menos, evidentemente, tradues errneas e tendenciosas destes textos feitas por hereges. Estas devem ser **queimadas**, no estudadas. So como pratos de veneno disfarado de comida cheirosa.

Ficar lendo bblia de hereges e se metendo a biblista, mais ainda, sem ter tido uma excelente preparao teolgica anterior, como uma criana brincar com um lana-chamas no ptio do posto de gasolina: se no der uma caca muito grande, porque o anjo da guarda ficou de cabelo branco tentando evitar.

A quem j se habituou a confundir qualquer bblia com a Sagrada Escritura, melhor afastar de vez o perigo, fazendo uma enorme fogueira com esses horrores todos e assando uma leitoa gorda por cima.

***Prof. Carlos Ramalhete