como iniciar uma criaÇÃo de ovinos

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COMO INICIAR UMA CRIAÇÃO DE OVINOS OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L. VOLTAR 1. QUE TIPO DE PESSOA TEM VOCAÇÃO PARA CRIAR OVINOS O ovino foi um dos primeiros animais a ser domesticado pelo homem. Após a domesticação, uma relação de dependência passou a existir entre eles. O ovino se tornou essencial por produzir carne e leite como alimento, e lã para a confecção de roupas. O homem por sua vez, proporcionou um ambiente favorável para o desenvolvimento desta espécie e protegeu os ovinos contra predadores, o que tornou este animal dependente de seus cuidados. Normalmente, o que se encontra são informações sobre formas de manejo destes animais, mas por causa da relação existente entre os ovinos e o homem, um ponto chave para o sucesso deste negócio, é saber se identificar ou reconhecer que tipo de pessoa tem potencial para atingir o sucesso com a produção de ovinos. Algumas características que marcam um bom criador de ovinos são as seguintes: Um forte interesse na natureza e um desejo em trabalhar com o que é vivo. Estas pessoas apreciam lugares abertos, e respeitam a vida porque a consideram preciosa. Amam os animais e se sentem responsáveis por eles. Se você detestar a aparência, o ruído, o cheiro de um ovino, e somente considera-lo como um produtor de dinheiro, seria melhor escolher outra espécie para criar. A vida é muito curta para ser perdida com um trabalho considerado desinteressante e irritante. Bons criadores são cuidadosos observadores. Percebem através de um sinal do animal, do ruído que ele faz e até mesmo pelo cheiro, se alguma coisa está errada. Quem tem intimidade com este animal, nota facilmente por exemplo, se um cordeiro perdeu-se de sua mãe, através do comportamento e do som emitido por ambos. Sabe se todos os animais estão se alimentando. Observa as pastagens e determina se estão no ponto de pastejo ou se é hora de mudar os animais de piquete. Está sempre atento, porque uma semana que se descuida de um rebanho ovino, é tempo suficiente para se ter prejuízos com ele. O ovino é uma espécie que necessita do olho do dono. Como um pastor, o criador de ovinos tem um comportamento de proteção do seu rebanho. Uma imaginação bem desenvolvida é importante. A habilidade de visualizar uma situação e antecipar os problemas ou as oportunidades é imprescindível. Paciência, tanto com os animais quanto com as pessoas. Força de vontade para atingir as metas propostas e uma visão otimista da vida.

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Page 1: COMO INICIAR UMA CRIAÇÃO DE OVINOS

COMO INICIAR UMA CRIAÇÃO DE OVINOSOTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.

  

VOLTAR1. QUE TIPO DE PESSOA TEM VOCAÇÃO PARA CRIAR OVINOS     O ovino foi um dos primeiros animais a ser domesticado pelo homem. Após a domesticação, uma relação de dependência passou a existir entre eles. O ovino se tornou essencial por produzir carne e leite como alimento, e lã para a confecção de roupas. O homem por sua vez, proporcionou um ambiente favorável para o desenvolvimento desta espécie e protegeu os ovinos contra predadores, o que tornou este animal dependente de seus cuidados.

     Normalmente, o que se encontra são informações sobre formas de manejo destes animais, mas por causa da relação existente entre os ovinos e o homem, um ponto chave para o sucesso deste negócio, é saber se identificar ou reconhecer que tipo de pessoa tem potencial para atingir o sucesso com a produção de ovinos. Algumas características que marcam um bom criador de ovinos são as seguintes:

Um forte interesse na natureza e um desejo em trabalhar com o que é vivo. Estas pessoas apreciam lugares abertos, e respeitam a vida porque a consideram preciosa.

Amam os animais e se sentem responsáveis por eles. Se você detestar a aparência, o ruído, o cheiro de um ovino, e somente considera-lo como um produtor de dinheiro, seria melhor escolher outra espécie para criar. A vida é muito curta para ser perdida com um trabalho considerado desinteressante e irritante.

Bons criadores são cuidadosos observadores. Percebem através de um sinal do animal, do ruído que ele faz e até mesmo pelo cheiro, se alguma coisa está errada. Quem tem intimidade com este animal, nota facilmente por exemplo, se um cordeiro perdeu-se de sua mãe, através do comportamento e do som emitido por ambos. Sabe se todos os animais estão se alimentando. Observa as pastagens e determina se estão no ponto de pastejo ou se é hora de mudar os animais de piquete. Está sempre atento, porque uma semana que se descuida de um rebanho ovino, é tempo suficiente para se ter prejuízos com ele. O ovino é uma espécie que necessita do olho do dono.

Como um pastor, o criador de ovinos tem um comportamento de proteção do seu rebanho.Uma imaginação bem desenvolvida é importante. A habilidade de visualizar uma situação e

antecipar os problemas ou as oportunidades é imprescindível.Paciência, tanto com os animais quanto com as pessoas. Força de vontade para atingir as

metas propostas e uma visão otimista da vida.Uma mente organizada e habilidade para estabelecer rotinas e segui-las.Natureza analítica. Nenhuma decisão é tomada sem a devida consideração dos fatos,

alternativas e conseqüências. Julgamentos repentinos são feitos somente em circunstâncias especiais, quando uma decisão rápida é exigida. 

VOLTAR2. FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA DECISÃO DE CRIAR OU NÃO OVINOS      O que muitas vezes acontece e que pode ser um desastre para a criação e desanimar os criadores, é adquirir os animais sem antes ter estrutura para recebê-los. É comum ouvir as pessoas dizendo que é preciso criar o problema para daí resolvê-lo. Mas, não queremos criar problemas e, sim, ovinos. Por isso, é importante, antes da chegada dos animais, observar o

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seguinte:

Disponibilidade de Alimentos    O primeiro ponto a ser considerado é a alimentação do rebanho. Geralmente os ovinos são utilizados para converter uma larga variedade de forragens e grãos em produtos de consumo para o homem. O pasto ainda é a forma mais barata de alimento, mas pode se tornar caro quando são utilizados solos de elevada fertilidade. A produtividade total destes solos é maior se eles forem utilizados para a produção de silagens e grãos ao invés de pasto. Além disso, os pastos apresentam um crescimento sazonal, fazendo com que em determinadas épocas exista fartura e até sobras, e em outras falte alimento para os animais. Dependendo da disponibilidade de pasto e da exigência nutricional do animal, muitas vezes, pode ser necessária a suplementação alimentar, seja através de forragens conservadas como a silagem, o feno e o pré-secado, seja através dos grãos. Ao se optar por suplementação da pastagem, um controle rigoroso dos gastos com a alimentação é importante.    A lotação das pastagens é variável em função do sistema de criação empregado. Pode variar em média de 5 a 15 ovinos por hectare, sendo que em sistemas extensivos a lotação é inferior a estes valores e em sistemas intensivos a lotação pode ser maior. O interessante no início, é não trabalhar com a máxima lotação, para sentir a utilização dos pastos pelo rebanho ao longo do ano, e estabelecer o melhor sistema de criação para cada situação, em função da região onde está localizada a propriedade e do objetivo a ser alcançado com os animais. 

Mercado    A questão comercial continua a ser um problema para muitos produtores. É importante buscar informações se o produto vai ser facilmente aceito pelo mercado. Quem trabalha com animais não pode esperar uma fase favorável para vender o produto. Não há como guardar os animais e simplesmente esperar. O consumo de alimento além do necessário para atingir o peso de abate de um cordeiro, significa prejuízo. Se você quer produzir cordeiros Karakul (raça produtora de peles nobres), busque informações sobre os detalhes do processamento e venda das peles, antes de iniciar o negócio. Se você gostaria de ser um cabanheiro e produzir raças puras, estude qual é a expectativa de venda e se as raças escolhidas são bem aceitas na região. A falta de conhecimento do mercado é responsável por muitas falências. 

Condições Climáticas    Os ovinos são animais que se adaptaram nas mais diferentes condições climáticas. É possível encontra-los no deserto, na neve, nas montanhas, enfim, espalhados por todo o mundo. Entretanto, é importante observar quais raças se adaptam melhor à condição climática de uma determinada região. Um bom exemplo, é a raça Romney Marsh que apresenta um ótimo desempenho mesmo em condições de alta umidade, situação considerada indesejável para a criação ovina. Embora, uma grande parte das raças ovinas são de regiões de clima temperado, existem raças, como as deslanadas e algumas produtoras de lã, que melhor respondem em regiões de clima quente. Parece estranho, mas a melhor lã é produzida por raças especializadas e criadas em regiões áridas, com baixos índices pluviométricos.    É necessário conhecer a história climática da região. Invernos muito rigorosos com chuva podem causar altas taxas de mortalidade de cordeiros, principalmente em sistemas extensivos de criação. Secas prolongadas aumentam as perdas no rebanho. Calor excessivo é responsável pelo baixo desempenho reprodutivo de machos e fêmeas. As instalações podem propiciar condições ambientais mais favoráveis para os animais, mas o homem não consegue manipular todo o ambiente. É bom ter uma previsão do que pode acontecer em termos climáticos. 

Disponibilidade de Água    A disponibilidade de água de qualidade é importante em qualquer atividade agropecuária. 

Instalações    A infra-estrutura mínima necessária para iniciar uma criação de ovinos se constitui em um curral, para manejo dos animais, e piquetes com pastagens formadas. Para separar o rebanho em categorias, um mínimo de 5 piquetes é necessário. Para controlar a verminose e trabalhar com rotação de pastagens, é preciso um número maior de piquetes. Os piquetes devem ter sombreamento para proteção dos animais, bebedouros ou aguádas e cochos para

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fornecimento de sal mineralizado e para suplementação alimentar. Ao sentir que a atividade vai se fortalecendo, outras instalações podem ser construídas como apriscos e currais de engorda de cordeiros (produção de carne). 

Predadores    O ataque do rebanho ovino por predadores, como cães e até mesmo onças, em determinadas regiões, pode trazer grandes prejuízos. Por isso, a troca de informações com outros criadores da região sobre este problema entre outros, é importante para tomar as medidas necessárias e corretas para evitar estas perdas. Neste caso, as utilizações de cercas elétricas ou áreas protegidas para recolher o rebanho durante a noite podem ser necessárias. 

Objetivo da Criação    Determinar qual o objetivo da criação está relacionado diretamente com o mercado. Atualmente, a produção de lã tem diminuído em função da queda no preço deste produto. As produções de leite ou pele ovina, ainda são atividades muito pouco exploradas no Brasil. O que tem apresentado maior crescimento é a produção de carne ovina. Vale a pena ressaltar, que a ovinocultura tem um grande futuro, entretanto, o mercado precisa ser mais bem organizado e estruturado. Para conquistar o consumidor, é preciso que um produto de qualidade chegue ao mercado de forma constante e uniforme. Para isso, a união de criadores e técnicos através de associações é necessária.

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3. A ESCOLHA DOS ANIMAIS      Após este estudo inicial sobre a criação de ovinos, é a hora de adquirir os animais. A escolha da raça está em função da região em que será desenvolvida a criação, do objetivo (produção de lã, pele, leite ou carne) e do mercado. Não adianta escolher uma raça porque tem apenas preferência pessoal. Neste começo, é melhor trabalhar com animais já adaptados às condições climáticas da região. Os animais puros podem ser muito caros para este início, por isso é comum, adquirir um rebanho de fêmeas mestiças jovens (1-2 anos) e saudáveis, e reprodutores de raças puras, de maior valor genético, para ir melhorando o rebanho aos poucos. Já para quem tem interesse em criar animais de cabanha, isto é, reprodutores e matrizes para a venda, o investimento na compra de animais puros, tanto fêmeas quanto machos, é maior.

   Para quem vai comprar animais de uma região distante daquela onde vai ser realizada a criação, é bom saber que em função do estresse da viagem e da adaptação dos animais, no primeiro ano, o desempenho do rebanho não será tudo aquilo que se espera.    Cuidados devem ser tomados com raças importadas recentemente, cujo número de animais é pequeno no país.     Quando se importam animais corre-se o risco de importar doenças também. Além do que, se as importações não continuarem, chega a um ponto que fica difícil encontrar animais de sangue diferente para serem utilizados no plantel. Outro ponto, é com relação a preços elevados de reprodutores e que empolgam muitos criadores no início. Quando se trabalha com produção de matrizes e reprodutores para a venda, tem que se pensar em quem são os compradores destes animais. Se forem outras propriedades que também trabalham com animais de elite, pode ser que até compense pagar preços elevados por um animal. Mas, não dá para praticar a venda somente entre cabanheiros, o mercado é restrito e na falta de compradores os preços caem. O que sustenta este mercado são os rebanhos comerciais, como por exemplo, aqueles, cujo objetivo é a produção de carne. Mas, no caso dos rebanhos comerciais, se o preço de um reprodutor for muito alto, pode ser que não se consiga recuperar o capital investido através de cordeiros produzidos para o abate. Por isso, praticar preços equilibrados e criar animais de raças bem adaptadas e de maior preferência entre os criadores, diminuem os riscos do negócio.    No momento de examinar os animais a serem adquiridos é bom ter o auxílio de alguém já experiente na criação de ovinos. Nas ovelhas seria interessante observar o seguinte:

Estado de saúde

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Idade (através de informações obtidas de escrituração zootécnica ou através dos dentes)ÚbereCaracterísticas raciais (no caso de animais puros)Informações reprodutivas se existirem (intervalo entre partos, idade ao primeiro parto...)Peso e Escore Corporal

    Nos machos:Estado de saúdeIdade (através do registro e da avaliação dos dentes)TestículosCaracterísticas raciaisPeso e Escore CorporalExame Andrológico, principalmente para animais de elevado valor comercial

    A relação macho: fêmea a ser utilizada na época de reprodução pode variar em função da idade dos animais, tamanho de piquetes ... Mas, em média, trabalha-se com 35 fêmeas : 1 reprodutor. Portanto, se forem compradas 100 ovelhas, vão ser necessários 3 reprodutores.     Depois da aquisição dos animais, eles devem ser identificados através de brincos e/ou tatuagens. Controlar os animais individualmente através de escrituração zootécnica é fundamental em qualquer criação organizada. Na nova propriedade, os ovinos devem passar por um período de constante observação em uma área de quarentena, para ver se nenhuma doença irá se manifestar. É nesse período que exames de fezes devem ser realizados juntamente com os testes de vermífugos. Um dos maiores problemas enfrentados pela ovinocultura nos dias de hoje, é o uso indiscriminado de vermífugos e como conseqüência à resistência dos vermes a diferentes princípios ativos.    Com relação ao tamanho do rebanho, se o objetivo da criação for apenas para consumo próprio ou para manter a grama aparada ou como animais de estimação, não há necessidade de muitos ovinos. Mas, para se esperar algum retorno econômico, é preciso atingir o número mínimo de 300 matrizes se a criação for para a produção de carne.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS OVINOS  

SÁ,J.L. & OTTO DE SÁ,C.TAMANHO CORPORAL

VOLTAR    O tamanho dos ovinos é extremamente variável. Animais adultos podem pesar em torno de 30 Kg, como no caso de algumas raças tropicais, até 182 Kg, peso que machos da raça Suffolk e de outras raças de lã longa podem atingir. 

TEMPERATURA CORPORAL     A temperatura corporal pode variar em função da temperatura ambiental, umidade, cobertura de lã, estágio de terminação dos cordeiros, ventilação, irradiação do sol e infecções. A temperatura corporal normal pode variar de 38 º a 40 º C.    A temperatura ambiental ótima para os ovinos varia de 10 º a 26,5 º C. Acima de 26,5 º C, a maioria dos ovinos necessita controlar o calor corporal. Os mecanismos utilizados para isso são:· Respiração· Ingestão de água e eliminação através da urina· Transpiração· Busca por lugares frescos e com sombra 

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    Os cordeiros recém nascidos, nas primeiras 72 horas de vida, não têm desenvolvido a capacidade de se adaptar às temperaturas ambientais, por isso necessitam de proteção, principalmente contra o frio. A temperatura ideal para eles é de 24 a 26,5 º C.  

FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA E CARDÍACA     Os batimentos cardíacos e a respiração são mais acelerados nos animais jovens e diminuem gradativamente com a maturidade.· Freqüência respiratória em ovinos adultos – 12 a 20 / minuto· Freqüência cardíaca em ovinos adultos – 70 a 80 / minuto  

 CARACTERÍSTICAS DIGESTIVAS     Os ovinos são animais ruminantes e o aparelho digestivo é composto de boca, esôfago, rúmen, retículo, omaso, abomaso, intestino delgado, intestino grosso e ânus. São animais com capacidade de consumir grandes quantidades de forrageiras. A relação volumoso:concentrado deve ser bem equilibrada para evitar distúrbios metabólicos como a acidose, causada por excesso de concentrados. Uma relação segura é de 50 de volumoso : 50 de concentrado. Pode ser utilizada uma quantidade maior de concentrado, mas é preciso adaptar o animal a nova relação ou mudança na dieta. A capacidade de cada parte do aparelho digestivo de um ovino adulto de porte médio pode ser visualizada na tabela a seguir: 

PARTE DO AP. DIGESTIVO CAPACIDADE (LITROS)

Rúmen 23,65

Retículo 1,89

Omaso 0,95

Abomaso 2,81

Intestino Delgado 9,0 (26 a 27 m de comprimento)

Intestino Grosso 2,37 (6,7 m de comprimento)

     As fezes dos ovinos, com formato de síbalas, são normalmente mais secas do que as fezes dos bovinos, a menos que a dieta seja rica em alimentos com altos teores de água. A urina é usualmente mais concentrada do que a dos outros animais, principalmente sob condições de pouca disponibilidade de água. Portanto, os ovinos apresentam uma ótima capacidade de retenção e aproveitamento de água.  

CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS     A maioria dos ovinos é poliéstrica estacional, isto é, eles apresentam uma estação reprodutiva definida durante o ano, quando ocorrem os ciclos reprodutivos e as fêmeas mostram os sinais do cio. A estação reprodutiva natural dos ovinos ocorre no outono e no inverno, entretanto, a época e duração da estação de monta não seguem um padrão e variam com as diferentes raças. Por exemplo, a raça Merino apresenta uma estação reprodutiva mais longa do que raças de lã grossa como a Romney Marsh. A raça Dorset e as raças que se originaram de regiões próximas da linha do equador, são pouco estacionais, apresentando cios praticamente ao longo de todo o ano. A altitude, latitude, comprimento dos dias, temperatura, umidade e nutrição afetam os ciclos reprodutivos das ovelhas. Os carneiros também sofrem influência dos fatores ambientais, mas são menos sensíveis do que as ovelhas.

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· PUBERDADE – puberdade é o estágio sexual no qual a reprodução já pode ocorrer. As fêmeas apresentam os primeiros cios férteis e os machos as primeiras coberturas com espermatozóides viáveis. A puberdade indica que já é possível a reprodução, mas não quer dizer que os animais estejam aptos para manter uma gestação ou então serem utilizados como reprodutores em uma estação de monta. Em média a puberdade é atingida com 5-6 meses de idade. A idade ideal para a primeira cobertura está relacionada com o estado nutricional e o peso dos animais.· ESTRO (CIO) – é o período dentro do ciclo estral em que a fêmea se torna receptiva ao macho. O estro tem uma duração média de 29 a 30 horas e a ovulação ocorre no final deste período. A duração do ciclo estral é de 14 a 19 dias, em média 17 dias. Portanto, dentro da estação reprodutiva, a fêmea ovina apresentará cio a intervalos de 17 dias (se não for fecundada).· GESTAÇÃO – o período de desenvolvimento do feto no útero da ovelha é chamado de gestação e dura em média 147 a 150 dias. 

PESO AO NASCER DOS CORDEIROS     O peso ao nascer dos cordeiros pode variar de 1,36 a 11,4 Kg, com uma média de 3,6 a 4,5 Kg. Os fatores que afetam o peso ao nascer são os seguintes:· Tamanho dos pais· Número de cordeiros por parto – cordeiros de parto gemelar nascem mais leves do que cordeiros de parto simples.· Idade da ovelha – ovelhas mais velhas tem cordeiros mais pesados.· Sexo do cordeiro – machos nascem normalmente mais pesados do que fêmeas.· Nutrição – níveis inadequados de nutrientes, principalmente no terço final de gestação, diminuem o peso ao nascer dos cordeiros. 

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO     Há variação entre as raças e tipos de ovinos com relação à idade a maturidade. Raças de menor porte atingem o peso adulto mais rapidamente do que as raças de maior estatura. No geral, os ovinos atingem 80% do peso adulto com um ano e 100% com dois anos de idade.    Os ovinos podem viver até 16 -18 anos, mas nos sistemas de produção não permanecem nos rebanhos por mais de 7 – 8 anos.

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DIVISÃO DO REBANHO OVINO EM CATEGORIASOTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.

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CORDEIRO      É considerado cordeiro, o ovino jovem (macho ou fêmea) do nascimento até a idade de 7 meses. Na fase de aleitamento ele é também chamado de cordeiro mamão. As melhores carcaças produzidas são de cordeiros.

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 BORREGO     É o ovino macho, dos 7 meses de idade até que se torne apto para reproduzir (12-18 meses).

BORREGA       É o ovino fêmea, dos 7 meses de idade até o primeiro parto (12-24 meses)

CARNEIRO       Após se tornar apto para a reprodução, o borrego é chamado de carneiro ou reprodutor. A vida útil de um carneiro é de 6 anos. Neste tempo, o animal apresenta sêmen de boa qualidade e libido. Entretanto, dificilmente um reprodutor permanece por mais de 2 anos em uma propriedade. Este pouco tempo de permanência no rebanho, é para evitar que o reprodutor fertilize as suas filhas e para não vende-lo com uma idade muito avançada, o que diminuiria o seu valor.

OVELHA       Após o primeiro parto, a borrega passa a ser chamada de ovelha. A vida útil de uma ovelha é de 6 anos. Entretanto, algumas ovelhas podem continuar a se reproduzir por mais tempo. O importante é descartar a ovelha com base nas informações dos seus cordeiros e não somente pela idade. Enquanto ela estiver parindo anualmente e desmamando bem os seus cordeiros, ela é considerada uma boa matriz.

CAPÃO       É o ovino macho castrado cuja função é a produção de lã. A castração permite que ele seja criado juntamente com as ovelhas. Para a produção de carne, o interessante é abater os ovinos antes de se tornarem borregos e não castra-los. A castração reduz o ganho de peso de animais jovens e aumenta a deposição de gordura na carcaça, o que não é desejável.

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RUFIÃO      É o ovino utilizado para identificar ou induzir o cio das borregas e ovelhas. Um rufião pode ser obtido através de 3 tipos de cirurgias para evitar a fecundação das fêmeas (vasectomia, epididimectomia e desvio do pênis). Também podem ser utilizados machos castrados e fêmeas como rufião, se forem realizadas aplicações de hormônios masculinos nestes animais.

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CLASSIFICAÇÃO DOS OVINOS DE ACORDO COM A FUNÇÃOVOLTAR

SÁ,J.L. & OTTO DE SÁ,C.

      O ovino foi um dos primeiros animais a ser domesticado, justamente pela sua utilidade para o homem. A carne e o leite produzido saciava a fome e a lã e as peles protegiam do frio.

OVINOS PRODUTORES DE CARNESão ovinos pertencentes a raças cuja aptidão é a produção de carne. Estes animais apresentam altas taxas de crescimento e uma conformação relacionada com a sua aptidão, com a musculatura bem desenvolvida.EXEMPLOS DE RAÇAS PRODUTORAS DE CARNE:DORSETHAMPSHIRE DOWNILE DE FRANCEMORADA NOVA (também produtora de pele de boa qualidade)SANTA INÊS (também produtora de pele de boa qualidade)SUFFOLKTEXEL 

OVINOS PRODUTORES DE LÃSão ovinos pertencentes a raças cuja aptidão é a produção de lã. O velo destes animais é de alta qualidade. O peso e rendimento são elevados e a coloração é branca. As fibras são uniformes e resistentes. A ausência de pêlos e fibras escuras entre as mechas de lã é fundamental.EXEMPLO DE RAÇA PRODUTORA DE LÃMERINO 

 OVINOS DE DUPLA APTIDÃOSão raças que apresentam um bom desempenho no ganho de peso e produção de carcaças de qualidade. Não com o mesmo desempenho que as raças típicas produtoras

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de carne, mas com exigências nutricionais mais baixas e uma produção de lã de alta qualidade.EXEMPLO DE RAÇAS DE DUPLA APTIDÃOBORDER LEICESTERCORRIEDALEIDEALROMNEY MARSH 

 OVINOS PRODUTORES DE PELESA pele produzida por raças com esta aptidão é muito valiosa. Quanto mais jovem o animal for abatido para a obtenção das peles, maior é o valor.EXEMPLO DE RAÇA PRODUTORA DE PELEKARAKUL 

OVINOS PRODUTORES DE LEITEO leite produzido por raças com esta aptidão é ideal para a fabricação de queijos finos. Isto se deve aos altos níveis de gordura e proteína, característica principal do leite ovino.EXEMPLO DE RAÇAS PRODUTORAS DE LEITEBERGAMÁCIALACAUNE  Atualmente, no Brasil, o número de animais com aptidão para a produção de carne tem

aumentado, ao contrário do que acontece com ovinos produtores de lã. As produções de leite e peles ainda são pouco exploradas no país.

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CONDIÇAO CORPORAL DE OVINOSSÁ,J.L. & OTTO DE SÁ,C.

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    Ao longo do ano, os ovinos e, em especial, as ovelhas, passam por diferentes ciclos produtivos e/ou reprodutivos que alteram as suas exigências nutricionais. A disponibilidade de alimento, também varia em decorrência das mudanças climáticas. Com isso, os animais podem perder ou ganhar peso. Esta mudança na condição corporal afeta o desempenho do animal e, portanto, deve ser controlada. O peso é um bom indicador do estado nutricional, entretanto, há uma larga variação do tamanho adulto entre os indivíduos e entre as diferentes raças, o que significa que nem sempre um animal pesado apresenta uma boa condição corporal. A avaliação desta condição somente através da visualização, também não é uma boa opção, principalmente nos animais lanados. A lã pode dar uma falsa idéia de um bom estado nutricional.    A avaliação da condição corporal através de escores obtidos pela palpação da região lombar, auxilia no manejo nutricional e reprodutivo do rebanho. Para identificar a região da palpação, deve-se localizar a última costela e subir com os dedos até encontrar a vértebra lombar. Nesta, sente-se dois processos denominados de apófises espinhosa e transversa. O escore obtido varia de 1 a 5 e se baseia na sensibilidade da palpação à deposição de gordura e músculo na vértebra. O escore 1 significa que o animal apresenta uma pobre condição corporal. Neste caso, sente-se muito as apófises espinhosa e transversa na palpação. Por outro lado, o escore 5 representa uma deposição excessiva de gordura, impedindo a sensibilidade das apófises.

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    Nas figuras a seguir, é possível visualizar a forma de realizar a avaliação corporal através da palpação.

  

O sistema de avaliação corporal tem por base uma escala de 1 a 5. Pode-se trabalhar com intervalos de 0,5 (1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0). Os 5 escores principais estão demonstrados nas figuras a seguir:  

 ESCORE 1 (MUITO MAGRO)

     As apófises espinhosa e transversa estão proeminentes e bem definidas. No caso da apófise transversa, é possível colocar os dedos sob o final dela. O músculo lombar tem pouco volume e não possui cobertura de gordura.

  ESCORE 2 (MAGRO)

     A apófise espinhosa está proeminente e bem definida. Sobre o músculo lombar existe uma pequena cobertura de gordura. Sente-se a apófise transversa de forma suave e arredondada. Com um pouco de pressão, é possível colocar os dedos sob o final da apófise transversa.

   ESCORE 3 (MÉDIA)

Page 11: COMO INICIAR UMA CRIAÇÃO DE OVINOS

     A apófise espinhosa se apresenta de forma suave e arredondada. O músculo lombar está mais volumoso e possuí uma boa cobertura de gordura. Sente-se a apófise transversa, mas somente com uma firme pressão consegue-se colocar os dedos sob o seu final.

   ESCORE 4 (GORDO)

     A apófise espinhosa só é detectada através de pressão, como uma linha dura. As apófises transversas não podem ser sentidas. O músculo lombar é volumoso e possui uma espessa camada de gordura.

   ESCORE 5 (OBESO)

     As apófises espinhosa e transversa não podem ser detectadas. O músculo lombar é muito volumoso e a camada de gordura sob o músculo é muito espessa.

  

SUGESTÕES DE ESCORES CORPORAIS PARA OS VÁRIOS ESTÁGIOS DO CICLO PRODUTIVO DE OVELHAS

 

FASE PRODUTIVA ESCORE ÓTIMO

REPRODUÇÃO 3 – 4

INÍCIO E MEIO DA GESTAÇÃO 2,5 – 4

PARIÇÃO (PARTO SIMPLES) 3 – 3,5

PARIÇÃO (PARTO GEMELAR) 3,5 – 4

DESMAME 2 ou MAIS

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Page 12: COMO INICIAR UMA CRIAÇÃO DE OVINOS

INSTALAÇÕES PARA OVINOSOTTO de SÁ,C. & SÁ,J.L.

     Para que os ovinos possam apresentar uma ótima performance produtiva, é necessário propiciar condições ambientais favoráveis. Isto pode ser conseguido através da utilização de instalações. As instalações devem proteger os animais da chuva e do frio, oferecer áreas sombreadas para os dias de calor, proteger do ataque de predadores, oferecer áreas secas e bem drenadas, permitir a estocagem de alimentos e equipamentos e facilitar o manejo dos animais. Atualmente, o custo da mão de obra é elevado e, portanto, o trabalho humano deve ser mínimo e eficiente. Instalações bem planejadas permitem que o trabalho com os animais seja executado de forma eficaz, rápida e com um número reduzido de pessoas.    Como a construção de instalações tem um alto custo, é importante analisar a propriedade e o rebanho, e se perguntar até que ponto este gasto vai ser compensado com um aumento na produção. Não pensar somente na estética, mas principalmente na funcionalidade. Utilizar quando possível, as instalações já existentes, fazendo apenas reformas, e prever futuras ampliações. 

PIQUETES OU POTREIROSVOLTA

    Todos os piquetes devem ser ligados a corredores de acesso. Os corredores bem como os portões devem ser largos o suficiente para a passagem das máquinas, que serão utilizadas na formação e manutenção das pastagens.     Os piquetes devem ter aguadas, sombreamento e proteção contra ventos através de árvores. Dependendo da topografia, é interessante distribuir os piquetes de forma que eles tenham partes altas e baixas, permitindo que de acordo com as condições climáticas, os ovinos possam escolher o melhor lugar de conforto para eles. O tamanho dos piquetes varia em função do sistema de criação. No sistema extensivo os piquetes são grandes, já no sistema intensivo, o ideal é trabalhar com piquetes pequenos, em torno de 2 ha, o que permite um melhor manejo das pastagens. O número mínimo de piquetes deve ser suficiente para dividir o rebanho em categorias e permitir a rotação de pastagens. Um número superior a 10 piquetes facilita o manejo dos animais e dos pastos, entretanto, aumenta os custos com cercas. A utilização de cerca elétrica subdividindo os piquetes auxilia nos sistemas de rotação de pastagens e no controle da verminose, bem como, reduz os custos com cercas fixas.

 

Figura 1 – Piquete com partes altas e baixas e sombreamento.

 

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Figura 2 – Dois piquetes com área de 2 ha cada um. No piquete do lado direito foi passado herbicida

para depois ser feito o plantio direto.

 

Figura 3 – Piquete com sombreamento e bebedouro com bóia onde os animais estão concentrados.

 

Figura 4 – Cocho de sal mineralizado no piquete.

 

Figuras 5 e 6 –

Corredores de acesso

aos piquetes.

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CERCAS

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    Falar de cerca para ovinos é complicado, construir é mais difícil ainda. O número de fios de arame necessários é superior ao das cercas construídas para bovinos, por exemplo. Se a cerca não for bem feita, os animais passam facilmente por ela, dificultando o manejo principalmente nas épocas de reprodução e nascimento de cordeiros. O número de fios de arame varia de 6 a 8 e a altura de 0,90 m a 1,20 m. Um exemplo de distanciamento dos fios de uma cerca para ovinos é o seguinte:Distância entre o 1o. fio e o solo – 10 cmDistância entre o 2o. fio e o 1o. –10 cmDistância entre o 3o. fio e o 2o. –10 cmDistância entre o 4o. fio e o 3o. –10 cmDistância entre o 5o. fio e o 4o. – 15 cmDistância entre o 6o. fio e o 5o. – 20 cmDistância entre o 7o. fio e o 6o. – 20 cm    Esta cerca tem uma altura de 0,95 m. O distanciamento entre palanques deve ser de 6 a 8 m e entre os balancins de 2 m. Os palanques devem ser enterrados 40-60 cm no solo.    Para ovinos a utilização de cercas teladas é interessante, entretanto, o custo alto nem sempre permite o uso. A cerca elétrica é uma outra opção. Ela pode ser formada por 2 fios, sendo o primeiro distante do solo 10-15 cm e o segundo distante do primeiro 20 cm. No caso da cerca elétrica com 2 fios, a lã pode proteger o ovino do choque na hora que ele tentar passar. Se isto acontecer, recomenda-se deixar os animais por algumas horas em uma área pequena de aprendizado, com vários fios de arame eletrificados, para fazer com que posteriormente o rebanho respeite a cerca elétrica de 2 fios no piquete. O primeiro fio não deve encostar-se ao pasto para não ocorrer o aterramento.

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CURRAL DE MANEJO    O curral de manejo deve ser planejado para a realização de atividades, tais como: pesagem, vermifugação, vacinação, banho sarnicida, casqueamento, tosquia, corte de cauda, apartação entre outras. A área é calculada em função da categoria mais numerosa que irá se trabalhar no curral, provavelmente a das ovelhas. Recomenda-se 1m2/animal desta categoria. Não há necessidade de toda esta área ser coberta, mas, se possível, deve ser cimentada. O curral é composto por baias, seringa, brete, pedilúvio, balança, banheira sarnicida e escorredouro. a) CERCAS DAS BAIAS    As cercas das baias do curral tem uma altura de 1,00 m. As tábuas utilizadas possuem 1 polegada de espessura e 5-7 polegadas de largura. O espaçamento entre as tábuas é de 10-15 cm. Em média são utilizadas 5 tábuas de 12,8 cm de largura, espaçadas 10 cm, para formar uma divisória com 1,14 m de altura. b) BAIAS    O curral é formado por baias interligadas de forma a facilitar a condução dos animais até o brete e a separação quando necessária. c) SERINGA    A seringa é uma área no curral de manejo que afunila fazendo com que os animais entrem um a um no brete. 

Figura 7 – Seringa

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d) BRETE    As medidas do brete são de fundamental importância para o manejo. Se o brete for muito largo os animais podem se virar dentro e complicar o trabalho. Um brete alto demais não permite uma boa contenção, dificultando aplicações de vacinas e vermífugos, visualização do brinco e/ou tatuagem...Por isso, as medidas abaixo devem ser respeitadas no momento da construção:LARGURA SUPERIOR – 50 cmLARGURA INFERIOR – 35 cmALTURA – 80 cmCOMPRIMENTO – 5 a 11 m     As laterais do brete devem ser de tábuas colocadas na horizontal, sem espaço entre elas. Quando bretes com tábuas espaçadas são utilizados, o risco dos animais machucarem ou fraturarem os membros é maior.

Figuras 8 e 9 – O brete contém um espaçamento entre o solo e a primeira tábua para facilitar a limpeza como na figura da esquerda. No final do brete pode ser vista a entrada da balança.

 e) PEDILÚVIO    O pedilúvio tem a função de combater problemas de casco, através de soluções como o sulfato de zinco, onde os cascos dos animais têm que ficar submersos por alguns minutos. É uma depressão que pode estar localizada no piso do brete. A profundidade é de 12-15 cm, sendo que a solução não deve baixar os 7 cm, pois os cascos devem ficar totalmente submersos. 

Figura 10 – Brete com pedilúvio. Quando não utilizado o pedilúvio pode ser fechado com

tábuas.

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f) BANHEIRA SARNICIDA

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    Em regiões onde o problema com ectoparasitas é freqüente, recomenda-se a construção da banheira sarnicida. Como é uma estrutura de alto custo, outros métodos como o da pulverização são utilizados para combater piolho e sarna. Porém, o tratamento através da imersão em banheiras é o mais eficaz. Existem vários modelos de banheiras, o mais conhecido é o formato arredondado como pode ser visualizado nas figuras 11 e 12. Entretanto, pode-se trabalhar com modelos semelhantes aos utilizados para bovinos no combate ao carrapato, apenas deve-se adapta-los ao tamanho dos ovinos. 

Figura 11 – Planta de banheira sarnicida para ovinos 

  

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Figura 12 – Quando a banheira sarnicida não está sendo utilizada, ela pode ser fechada para

que o espaço seja mais bem aproveitado no manejo dos animais.

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g) ESCORREDOURO    O escorredouro é composto por duas baias de 8 m2 cada uma, localizadas na saída da banheira sarnicida. Os animais devem permanecer após o banho neste local, por aproximadamente 10 minutos, para que a água do banho escorra, passe pelos tanques de decantação e volte para a banheira.

Figura 13 – Saída da banheira sarnicida e portões das baias que são utilizadas como

escorredouros

   

APRISCO    O aprisco é uma instalação para recolher os ovinos durante a noite ou para confina-los. Dependendo do tempo que os animais irão permanecer neste local, eles devem ter acesso a cochos de ração e sal mineralizado e bebedouros. Tem grande importância na proteção do rebanho contra predadores e contribui para diminuir a taxa de mortalidade de cordeiros devido a condições ambientais desfavoráveis. a) LOCALIZAÇÃO    A localização do aprisco deve ser escolhida cuidadosamente. O local deve ser alto, seco, próximo dos silos ou depósitos de ração e de fácil acesso por caminhões. O ideal é que seja feita a construção próxima da casa da pessoa que irá cuidar do rebanho, calculando uma distância mínima e observando a direção do vento para evitar o mau cheiro. O acesso ao corredor principal dos piquetes e ao curral de manejo dever ser fácil. Eletricidade e água devem estar disponíveis. b) TIPO DA CONSTRUÇÃO    Não há um modelo padrão de aprisco. O material utilizado depende do custo, da durabilidade e disponibilidade na região. O custo é fator decisório na escolha, mas a construção deve ser funcional, durável e exigir pouca manutenção.

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c) FLEXIBILIDADE    Durante o ano ocorrem mudanças no número de animais de cada categoria. Na época de reprodução são formados lotes de fêmeas com os reprodutores. Na época de nascimentos são

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necessárias baias pequenas para ovelhas com cordeiros recém nascidos e outras maiores para colocar todo o rebanho de ovelhas com cria ao pé. Ainda, para cordeiros em aleitamento, pode-se utilizar algumas baias como creep feeding. Na terminação de cordeiros, o número de animais por lote confinado pode variar. Em função destas mudanças, é interessante trabalhar com divisórias de baias móveis, ou planejar o aprisco com portões que permitam aumentar ou diminuir o tamanho das baias de acordo com o número de animais de cada lote. d) VENTILAÇÃO    Em função das condições climáticas no Brasil, não há necessidade de construir apriscos totalmente fechados. Em regiões de clima frio, pode-se trabalhar no inverno, com cortinados para barrar o vento. e) ELETRICIDADE    O aprisco deve ter tomadas e iluminação. As tomadas são necessárias para os equipamentos de tosquia, corte de cauda entre outros. Elas devem ser instaladas a cada 6 a 9 m. Uma iluminação satisfatória é obtida quando se utiliza uma lâmpada de 100 watts para cada 37,2 m2 de área no piso. Nas baias maternidades, podem ser colocadas campânulas elétricas para manter os cordeiros recém nascidos aquecidos em regiões de clima frio. f) ÁGUA    Os apriscos devem ter bebedouros com bóia. A falta de água prejudica a performance produtiva e reprodutiva dos animais. Para evitar perdas causadas pela falta de água é interessante ter um reservatório com capacidade de armazenar água o suficiente para atender a demanda de três dias. Para isso, é necessário calcular a água consumida pelos animais e a utilizada para limpeza e outras atividades. Na tabela 1 pode-se observar o consumo médio diário de água de acordo com as diferentes categorias. Este consumo pode variar em função do tipo de alimento consumido, condições climáticas, tamanho do animal, função produtiva e temperatura da água. Tabela 1 – Consumo diário de água (l/dia) de acordo com a categoria do animal 

CATEGORIA LITROS/DIA

CARNEIRO 7,5

OVELHAS SECAS 7,5

OVELHAS EM LACTAÇÃO 11,3

CORDEIRO EM ALEITAMENTO 0,4 a 1,1

CORDEIRO EM TERMINAÇÃO 5,7

 

Figura 14 – Exemplo de reservatório de água

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g) ÁREA DO APRISCO    A área do aprisco está relacionada com o número e tamanho dos animais, tipo de piso, tempo de permanência e necessidade de suplementação alimentar na instalação. Na tabela 2 pode ser visualizado o espaço médio por animal, considerando o piso ripado, sem retenção de urina e fezes onde os animais pisam. Tabela 2 – Área média de aprisco recomendada por categoria animal (m2/animal) 

CATEGORIA m2/animal

CARNEIRO 1,3-1,9

OVELHAS SECAS 0,74-0,93

OVELHAS COM CORDEIROS 0,93-1,9

CORDEIROS – CREEP FEEDING 0,14-0,19

CORDEIROS EM TERMINAÇÃO 0,37-0,46

CORDEIROS CONFINADOS 0,5-0,8

 Obs.:Ø No caso do piso não ser ripado, deve-se trabalhar com áreas maiores do que as recomendadas na tabela 2.Ø A super lotação nos apriscos deve ser evitada, principalmente para ovelhas em final de gestação e lactação, a fim de evitar mortes de cordeiros por pisoteio.Ø Cordeiros confinados precisam de mais espaço do que cordeiros em terminação que permanecem no aprisco somente durante a noite.

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h) ESPAÇO NO APRISCO PARA O COCHO DE SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR    Se os animais permanecem por muitas horas no aprisco, é interessante que sejam suplementados. Para isso, tem que ser calculado quantos metros de cocho são necessários, em função do número de animais que as baias comportam. Na tabela 3 observam-se quantos cm de cocho são necessários para cada animal. Tabela 3- Comprimento de cocho recomendado para cada categoria. 

CATEGORIA cm/animal

CARNEIRO 30-41

OVELHAS SECAS E GESTANTES 30-41

OVELHAS COM CORDEIROS 41-51

CORDEIROS – CREEP FEEDING 5

CORDEIROS EM TERMINAÇÃO 23-30

CORDEIROS CONFINADOS 23-30

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Obs.:Ø No creep feeding, o comprimento necessário é pequeno, pois, nem todos os cordeiros vão para o cocho ao mesmo tempo, como nas outras categorias.

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Figuras 15 e 16 – Cochos de suplementação alimentar colocados em apriscos

  i) PISO DO APRISCO    O melhor piso é o ripado, o qual permite que as fezes e a urina caiam e fiquem distantes dos animais. A altura deste piso do chão deve ser o suficiente para que a limpeza seja realizada com facilidade, no mínimo 1,5 m.     Recomenda-se que o chão seja cimentado e com um declive de no mínimo 2%. É importante construir um ripado uniforme, seguindo corretamente as medidas para evitar problemas de aprumo, fraturas nas patas dos cordeiros e retenção de fezes. A largura recomendada para as ripas é de 5 cm e a espessura de uma polegada. O espaçamento entre as ripas deve ser de exatamente 2 cm. Um espaçamento menor faz com que ocorra acúmulo das fezes e um espaçamento maior provoca problemas de aprumos. Para cordeiros recém-nascidos seria interessante reservar algumas baias forradas com palhada (cama), para evitar que o animal prenda a pata ficando sem mamar ou até mesmo se machucando. O ripado não permite um bom desgaste dos cascos, por isso animais que ficam por muito tempo em apriscos com pisos ripados (reprodutores de cabanhas), podem apresentar achinelamento. Neste caso, o casqueamento freqüente é recomendado, bem como soltar os animais em áreas asfaltadas ou com cimento rugoso para manter o casco sem deformidades.    Quando se utilizam apriscos com piso ripado suspenso do chão para recolher o rebanho, deve-se evitar que os animais tenham acesso no local abaixo do aprisco. O piso ripado auxilia no controle da verminose, mas não vai adiantar se os ovinos tiverem acesso as fezes que caem do aprisco. O interessante é cercar a área onde está o aprisco para evitar que durante o dia os animais entrem embaixo da instalação. 

Figuras 17 e 18 – Piso ripado, suspenso 1,5 m do chão, com espaçamento entre ripas de 2cm.

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Figura 19 – Área destinada à suplementação alimentar ou confinamento, com cochos cobertos, e piso asfaltado que facilita o desgaste dos cascos.

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j) DIVISÓRIAS DAS BAIAS 

    As divisórias podem ser feitas de diferentes materiais. No caso da madeira, as medidas são as mesmas das divisórias utilizadas no curral de manejo. A altura recomendada é de 1,0 a 1,3 m.  

Figura 20 – Divisória de baias de confinamento de cordeiros, com os cochos localizados do lado

oposto dos animais.

   k) PORTÕES    A largura dos portões de baias pequenas, com no máximo 20-25 m2,é de 50 cm. Entretanto portões por onde vai passar um grande número de animais (como é o caso do portão de entrada do aprisco), devem ter 1,0 a 1,5 m de largura.  

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Figuras 21 e 22 – Entradas de apriscos com rampas. As rampas apresentam pequenos degraus com 5 cm de largura para os animais não escorregarem. O centro da rampa é liso para subir com o

carrinho de mão. Os portões de entrada são largos devido ao número de animais que irão tentar entrar ao mesmo tempo.

 

Figura 23 – Portão interno do aprisco. Quando totalmente aberto transforma duas baias em uma única bem maior.

 

Figura 24 – Baias maternidades, com capacidade para 5 ovelhas e portões menores com 50 cm de largura. Na época de nascimentos estas baias são forradas com palhadas (cama).

  

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DEPÓSITO DE RAÇÃO    Principalmente nos sistemas mais intensivos de criação, em algumas épocas do ano é necessário suplementar os animais com ração, feno, rolão de milho entre outros tipos de

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alimentos. Por isso, é importante reservar uma área para armazenar estes produtos. Neste local, tem que se prever a utilização de triturador e a saída do pó que se forma na moagem do feno e outros alimentos.  

Figura 25 – Depósito de feno e rolão de milho

Figura 26 – Rolão de milho Figura 27 - Triturador

  

SILOS    A utilização de forrageiras conservadas tem uma grande importância para quem trabalha com confinamento ou na suplementação alimentar do rebanho em períodos críticos. A silagem de milho é a mais utilizada e o silo trincheira é a instalação comumente necessária para armazenar adequadamente este produto.

Figura 28 – Silo trincheira revestido de concreto.

   

FARMÁCIA E ESCRITÓRIO    Local para guardar medicamentos, equipamentos, registros, escrituração zootécnica... Manter sempre limpo e em ordem.

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Figura 29 – Farmácia e escritório

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IDADE À PRIMEIRA CRIA DE BORREGAS 

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.

     As fêmeas ovinas já podem se reproduzir ao atingir a puberdade, quando os primeiros cios começam a aparecer, entretanto, nesta fase, a maturidade sexual ainda não foi atingida, já que o animal não expressa sua ótima performance reprodutiva. A decisão de colocar um animal jovem em reprodução, tem uma grande importância, por afetar o seu desempenho reprodutivo futuro.

    A subfertilidade em borregas é uma das principais causas que contribuem para reduzir a produtividade de um rebanho ovino. Embora a taxa de fertilidade sofra influência de vários fatores, em torno de 20 a 40% das borregas falham em produzir o seu primeiro cordeiro. Em borregas os sinais comportamentais do cio são usualmente fracos e a intensidade é menos marcante do que em ovelhas adultas. Além disso, a duração do cio é normalmente mais curta em borregas do que em ovelhas. O número de ciclos estrais pode variar de um a onze durante a estação de monta, dependendo da raça, meio ambiente e desenvolvimento sexual das borregas. As ovelhas adultas apresentam em média 6 a 11 cios durante a época de reprodução e as borregas 2 a 6. Os ciclos estrais são menos regulares e a incidência de cio silencioso é mais freqüente, principalmente em borregas com uma taxa de crescimento baixa. Além disso, a taxa de ovulação é menor e a taxa de mortalidade embrionária mais elevada em borregas do que em ovelhas     Aparentemente a baixa taxa de ovulação e os altos índices de mortalidade embrionária em borregas estão relacionados com uma deficiente produção de hormônios.    A idade em que uma fêmea ovina é coberta pela primeira vez pode variar de 31 meses, quando as condições de criação são muito adversas, até 7 meses, quando as borregas são criadas em sistemas intensivos de alta produção, ocorrendo, em média, aos 19 meses. São idades que coincidem com a época do ano de maior fertilidade para a maioria das raças ovinas. 

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FATORES QUE AFETAM A PUBERDADE 

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GENÉTICA   O desenvolvimento sexual é afetado pela genética, por fatores ambientais e pela interação entre eles.    Existem diferenças entre as raças no que diz respeito à idade e peso corporal ao primeiro cio. Raças precoces, como as de origem inglesa, atingem a puberdade com idade menor. Também existe a variabilidade genética que é observada entre os indivíduos de uma mesma raça. Esta variabilidade permite a prática da seleção genética . Se a seleção das borregas que apresentam melhor performance reprodutiva for associada com uma boa alimentação, os índices reprodutivos de um rebanho podem melhorar, entretanto, borregas com baixas taxas de ovulação na sua primeira estação reprodutiva podem alcançar uma elevada taxa de ovulação e alta incidência de partos gemelares durante a sua vida reprodutiva futura. Neste caso, corre-se o risco de descartar animais de elevado mérito reprodutivo, quando a taxa de ovulação de borregas é o único critério de seleção.As características reprodutivas mostram uma heterose mais elevada do que as características produtivas, isto significa que elas podem ser melhoradas através dos cruzamentos entre diferentes raças. Borregas resultantes de cruzamentos planejados podem apresentar uma melhor performance reprodutiva do que borregas de raças puras. 

IDADE E PESO CORPORAL        O peso vivo médio na puberdade, expresso como uma percentagem do peso adulto, não é constante. Em muitos casos, o primeiro cio das borregas é atingido quando elas apresentam em torno de 50 a 70% do peso corporal adulto ou em torno de 30 a 50 Kg. Existe uma larga variação entre as diferentes regiões do mundo, influenciada pelas diferentes raças e dentro de uma mesma raça, afetando o peso e a idade em que as borregas atingem a puberdade, sendo difícil a comparação devido às grandes diferenças ambientais. Assim como o peso, a idade que uma fêmea ovina apresenta ao atingir a puberdade também é extremamente variável. A idade ao primeiro cio varia de 5 a 18 meses.    O maior ganho de peso durante a fase de aleitamento normalmente favorecerá a entrada precoce na puberdade e as borregas que exibem os primeiros cios normalmente são mais pesadas do que aquelas que não entram em cio no primeiro ano de vida.    O fato das borregas estarem apresentando cios não quer dizer que estão aptas para a reprodução. Recomenda-se colocar com os reprodutores, somente as borregas que já tenham atingido 60% do peso adulto das ovelhas do rebanho. Além disso, elas devem receber uma boa alimentação para que sejam capazes de manter a gestação e continuar se desenvolvendo.

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NUTRIÇÃO   Em condições de subnutrição, os animais imaturos apresentam um crescimento retardado que prejudica seriamente o desenvolvimento sexual e a entrada precoce na puberdade. Por outro lado, animais bem nutridos adiantam a idade à puberdade. Borregas que apresentam uma rápida taxa de crescimento vão exibir o primeiro cio e provavelmente a primeira gestação com uma idade menor e um peso corporal maior do que borregas com baixas taxas de crescimento. Borregas que nasceram de parto gemelar tendem a apresentar o primeiro cio com uma idade mais avançada e um peso corporal menor. Borregas criadas em sistemas extensivos apresentam baixa eficiência reprodutiva, o que está associado ao ambiente proporcionado, já que a pastagem nativa constitui-se na única fonte de alimentação.    A utilização do flushing antes da reprodução, para as borregas, não tem um efeito claro na taxa de ovulação. Já a alimentação com altos níveis de energia pode estar associada com uma elevada incidência de borregas inférteis (excesso de gordura não é sinônimo de alta fertilidade). Na verdade, é o padrão de crescimento inicial das borregas que pode afetar o potencial reprodutivo.    Borregas são menos eficazes para proteger o embrião das variações nutricionais ou de outras formas de estresse. Também, uma super alimentação de borregas na fase final de gestação pode resultar em cordeiros muito grandes, causando dificuldades de parto. O maior nível nutricional no final da gestação é mais problemático para borregas do que para ovelhas.

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LUMINOSIDADE   A estacionalidade é um importante fator que afeta a puberdade em borregas.     Existe uma inter-relação entre a data de nascimento e a idade ao primeiro estro.     Portanto, não há uma idade fixa ou um peso corporal ou um período do ano no qual as borregas apresentem o seu

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primeiro cio, mas sim uma complexa inter-relação entre estes fatores e a época de nascimento. As borregas que nascem cedo na estação de nascimento apresentam a puberdade precocemente durante o primeiro período normal de reprodução ao contrário de borregas que nascem mais tarde. Este fato é mais evidente nas raças que se encontram em regiões distantes da linha do equador. Em raças de origem tropical, a estacionalidade reprodutiva e a luminosidade afetando o primeiro cio não é tão evidente.    A estação de monta de fêmeas ovinas inicia-se no final do verão e começo do outono (para raças que apresentam estacionalidade reprodutiva), depois de um período de dias longos, antes do solstício de verão, seguido então pela diminuição do comprimento dos dias e, conseqüentemente, da luminosidade. A diminuição da luminosidade é que estimula as borregas a apresentarem os primeiros cios. Por isso, se elas nasceram no mês de agosto, elas vão ser estimuladas a apresentar cios com 7, 19 ou 31 meses (no mês de março). Neste caso a idade ao primeiro parto poderá ser com 13, 25 ou 37 meses. O interessante é que as borregas tenham o seu primeiro parto, com no máximo 2 anos de idade. 

EFEITO MACHO   Embora a atividade reprodutiva em ovelhas seja influenciada pela introdução do carneiro, o efeito macho para induzir o cio da puberdade é pouco estudado. A introdução de carneiros em rebanho de borregas durante a transição do período não reprodutivo para o reprodutivo pode resultar em uma significativa sincronização dos cios e das primeiras coberturas.

 TIPO DE PARTO

   Normalmente, as borregas nascidas de parto gemelar apresentam um menor desenvolvimento e podem ter a sua puberdade retardada. Se estas fêmeas receberem suplementação alimentar na fase de aleitamento, através do creep feeding, poderão ter um desempenho similar ao de borregas nascidas de parto simples. Com este tipo de manejo não ocorreria um retardo na idade à puberdade de borregas oriundas de partos gemelares.

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CICLO ESTRAL DE OVELHAS 

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.VOLTA

    O ciclo estral, controlado por hormônios, é um processo dinâmico contínuo. Divide-se em quatro fases: pró-estro, estro, metaestro e diestro. Na fase de pró-estro, que possui uma duração de 2 dias, o hipotálamo secreta o hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), que estimula a hipófise a secretar o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), os quais atuam nos ovários, promovendo o desenvolvimento do folículo. Ainda, no folículo, ocorre a secreção do estrogênio, hormônio responsável pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais, pelas características sexuais secundárias e pelo cio ou estro que é a próxima fase do ciclo estral. Nesta fase ocorre a ovulação.    Durante a estação reprodutiva, o cio aparece em intervalos de aproximadamente 17 dias, embora possa existir uma variação normal de 14 a 20 dias. A duração do ciclo estral pode ser influenciada pela raça, pelo estágio da estação de monta, pela idade ou por estresse ambiental. Estes mesmos fatores podem afetar a duração do estro que varia de 30 a 48 horas, sendo que a ovulação ocorre no terço final deste período. O cio das borregas pode ter uma duração mais curta em até 10 horas. Neste período a fêmea se torna receptiva ao macho.    Depois da ovulação, ocorrem as fases de metaestro e diestro que, juntas, têm uma duração aproximada de 13 a 14 dias, quando a secreção de progesterona pelo corpo lúteo, aumenta nos próximos 8 a 9 dias após a ovulação. Em ovelhas gestantes, os níveis plasmáticos de progesterona continuam elevados e a ovulação não mais ocorre. Portanto, durante a estação reprodutiva, se a fêmea parar de apresentar os sinais do cio, é um bom sinal de que a ovelha já está gestando. Ao contrário, na ausência do

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desenvolvimento embrionário, e influenciada pelos esteróides foliculares, a prostaglandina F2 a (PGF2a ) é liberada pelo útero por volta do 13o dia do ciclo. Esta fase é caracterizada pela regressão do corpo lúteo e declínio na liberação de progesterona o que permite a maturação folicular, a ocorrência de um novo estro, a liberação do hormônio luteinizante (LH) e a ovulação.    Dependendo da região e da raça criada, as fêmeas não ciclam durante todos os meses do ano. Passado o período de reprodução (final de verão e início do outono), a ocorrência de cios cessa, mesmo para as ovelhas não gestantes. É o período de anestro sazonal. Também fêmeas em lactação, dificilmente ciclam, mesmo porque o anestro da lactação normalmente coincide com o anestro sazonal.    O conhecimento do ciclo estral é importante para poder entender determinados manejos reprodutivos como: flushing, efeito macho, sincronização e indução de cios, monta dirigida, e desmame precoce. 

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Representação esquemática dos eventos reprodutivos e sua duração média em ovelhas 

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ESTACIONALIDADE REPRODUTIVA 

OTTO DE SÁ, C. & SÁ,J.L.VOLTA

ESTACIONALIDADE REPRODUTIVA EM OVELHAS   O processo reprodutivo dos mamíferos, tanto domésticos como selvagens, é marcado por períodos alternados de atividade e inatividade reprodutiva. Nas fêmeas, estas alternâncias são organizadas dentro de fases distintas. Estas mudanças incluem os períodos de atividade sexual e de quiescência associados com os estágios de estro e diestro do ciclo estral. A alternância entre a fertilidade e a infertilidade está associada a mudanças na estação do ano e

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com a gestação e lactação. Ocorre também, uma contínua mudança sexual associada com a maturação, idade adulta e envelhecimento dos animais. Todos estes fatores interagem entre si.    A regulação natural dos fenômenos fisiológicos ligados à reprodução dos animais teve origem na sua adaptação às condições climáticas inerentes ao meio em que habitavam. As maiores possibilidades de sobrevivência das espécies recaem sobre aquelas capazes de gestar e parir em épocas favoráveis ao desenvolvimento de suas crias. Enquanto o período de nascimento nas espécies selvagens acontece invariavelmente na primavera ou no final do inverno, a concepção, ao contrário, tem lugar em diferentes estações do ano. A razão deste fato reside em que, não sendo o período de gestação igual para todas as espécies, a época da atividade sexual e, portanto, da cópula também varia ao longo do ano.    Com base no fotoperíodo, os animais foram classificados em dois tipos: animais de dias longos, no qual se incluem os eqüinos e os bovinos, cuja atividade sexual se manifesta após o solstício de inverno, ou seja, quando os dias crescem, e animais de dias curtos, no qual são inseridos os ovinos, caprinos e suínos, cuja atividade sexual se manifesta após o solstício de verão, ou seja, quando os dias decrescem.    Os eqüinos podem conceber na primavera, dado que seu período de gestação de onze meses possibilita nascerem suas crias na mesma estação no ano seguinte, pois se mantêm protegidos pelo ventre dos rigores do inverno. Já os caprinos e ovinos, por perderem sistematicamente suas crias nascidas no inverno, têm como única opção de sobrevivência a parição na primavera, resultante das fecundações de outono. Em algumas espécies, como a bovina e a suína, entretanto, as modificações impostas pela domesticação foram tão intensas, que estes animais passaram a conceber e parir em qualquer período do ano. Em todos os casos, porém, as espécies domésticas conservam subjacentes os mecanismos fisiológicos ligados a estacionalidade apesar dos muitos milhares de anos da domesticação. Por isso, é possível um retorno ao estado primitivo, desde que o processo seletivo venha a ser interrompido. Os ovinos, apesar de séculos de domesticação, ainda exibem uma marcada estacionalidade reprodutiva.    Apesar da estacionalidade ser de grande importância para animais selvagens, muitas vezes ela é um obstáculo para o aumento na produtividade ovina. A incapacidade das ovelhas de regiões temperadas ciclarem na primavera limita a realização de programas acelerados de parições e a obtenção de mais partos na vida de uma fêmea ovina. Além disso, fica difícil a comercialização dos animais. Se a reprodução é estacional em ovinos, conseqüentemente, a produção de cordeiros também será, causando um severo problema para organizar e estabilizar o mercado da carne ovina.    A origem geográfica dos animais e a latitude na qual se encontram são importantes fatores que condicionam o efeito da luz sobre a atividade reprodutiva dos ovinos. Aqueles que se originaram ou que estão localizados em uma região próxima da linha do equador, a estacionalidade reprodutiva não é tão evidente. A influência do fotoperíodo é maior quanto maior for a latitude. Por isso, as raças de lã grossa, originárias de regiões mais próximas do pólo, mostram-se mais sensíveis ao fotoperíodo do que as raças de lã fina ou as deslanadas, que têm origem em zonas mais próximas do equador. Por se tratar de uma condição transmissível, raças derivadas de cruzamento lã grossa x lã fina mostram comportamento intermediário.    As ovelhas também apresentam o anestro pós-parto. Na fase de lactação, dificilmente observa-se ocorrência de cios. Este anestro é mais intenso porque existe um fator fisiológico: a lactação, e um fator ambiental: o aumento no comprimento dos dias (primavera), que impedem as fêmeas de ciclarem. O comprimento do anestro pós-parto é afetado pela estação do ano, pela raça, pela presença do cordeiro e pela lactação.    A maior ocorrência de cios ocorre no final do verão e no outono, entretanto, existe variação principalmente em função da raça. Raças mais estacionais, como por exemplo a Romney Marsh (lã grossa), apresentam um período reprodutivo curto, com uma duração de 9 semanas, o que permite a ocorrência de no máximo 3 cios. Já as raças menos estacionais, como a Merino (lã fina), apresentam um período reprodutivo mais prolongado, de 25 semanas. Considerando que as ovelhas entram em cio a cada 16-17 dias, 25 semanas permitem a ocorrência de uma média de 10 cios (se elas não forem cobertas). 

VOLTA

Figura 1 – Representação esquemática da concentração de cios de ovelhas das raças Merino e Romney Marsh ao longo do ano.

 

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     Outros fatores além da luminosidade e da raça, podem afetar a duração do período reprodutivo. Por isso, existem técnicas naturais de manejo, que são utilizadas na tentativa de induzir o cio das ovelhas em período de anestro sazonal, tais como: desmame precoce, efeito macho e nutrição adequada.  

ESTACIONALIDADE REPRODUTIVA EM CARNEIROS   A produção espermática ocorre durante todo o ano, porém, sua capacidade fecundante se mostra superior no outono e inferior na primavera, atestando o efeito do fotoperíodo. Esta constatação é feita quando os reprodutores estão submetidos a condições alimentares satisfatórias. No caso de animais a campo, entretanto, o efeito alimentar mascara o fotoperíodo, resultando em uma qualidade de sêmen pior no inverno do que na primavera. Isto se deve ao estresse alimentar pelo qual passam os animais nesta estação, principalmente em sistemas extensivos.    Embora o carneiro sofra influência do fotoperíodo, sua reação é diferente da ovelha. O aumento do diâmetro testicular tem início ainda no fotoperíodo crescente, embora o efeito maior acompanhe a fase descendente da luminosidade. A explicação deste fato biológico se baseia em que, enquanto a existência de folículos no ovário da ovelha durante o anestro permite rápida maturação e ovulação, a formação espermática e a ejaculação de um carneiro emergente da estação anestral nunca se realizam em menos de dois meses. Em condições naturais, o carneiro apresenta um ciclo de peso testicular por ano.

VOLTA

CLASSIFICAÇÃO DAS RAÇAS DE ACORDO COM A ESTACIONALIDADE REPRODUTIVA 

ESTAÇÃO REPRODUTIVA PROLONGADA

ESTAÇÃO REPRODUTIVA DE DURAÇÃO MÉDIA

ESTAÇÃO REPRODUTIVA CURTA

SANTA INÊS BERGAMÁCIA ROMNEY MARSH

MORADA NOVA CORRIEDALE TEXEL

DORPER IDEAL SUFFOLK

KARAKUL ILE DE FRANCE HAMPASHIRE DOWN

MERINO   BORDER LEICESTER

DORSET    

RABO LARGO    

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Obs.: Fatores como o ambiente, a nutrição, o efeito macho, podem alterar a duração da estação reprodutiva e do anestro sazonal das diferentes raças.

VOLTA

SISTEMAS DE REPRODUÇÃO

 SÁ,J.L & OTTO DE SÁ,C.

 VOLTA

    Os sistemas de reprodução variam nas diferentes regiões e até mesmo entre os rebanhos. A monta pode ocorrer ao longo do ano, sem controle das coberturas, ou então, através de métodos mais sofisticados, como o da inseminação artificial. 

MONTA NÃO CONTROLADA   Em alguns sistemas muito extensivos, os machos e fêmeas permanecem juntos o tempo todo, sem nenhum controle das coberturas. Neste tipo de manejo fica difícil selecionar os animais e a consangüinidade ocorre de forma não programada. Com o manejo reprodutivo desorganizado e as coberturas não se concentrando em um determinado período, todas as demais atividades com o rebanho ficam prejudicadas. Este tipo de sistema reprodutivo não permite uma avaliação precisa da criação pela dificuldade de se obter as taxas produtivas e reprodutivas.

 ESTAÇÃO DE MONTA

   Em rebanhos comerciais a reprodução deve ocorrer em uma determinada época do ano, concentrando desta forma, os nascimentos dos cordeiros. O cuidado na escolha do período reprodutivo, conhecido como estação de monta, é importante por influenciar positivamente ou negativamente as taxas de fertilidade, nascimento e desmame de cordeiros. Alguns fatores devem ser lembrados ao se determinar o período ideal de reprodução: a) Fertilidade - como as ovelhas apresentam maior fertilidade em períodos do ano em que a luminosidade ou o comprimento dos dias está diminuindo, a estação de monta deve ocorrer no final do verão e/ou início do outono. Esta relação entre a luminosidade e a fertilidade é maior nas regiões de clima temperado, onde a diferença entre o dia mais comprido (21 de dezembro) e o mais curto (21 de junho) do ano é grande. b) Alimentação - as coberturas devem ser programadas de forma que na fase final de gestação e início da lactação, exista disponibilidade de alimentos. Portanto, se na propriedade as pastagens são de campo nativo ou de pastos perenes de verão, onde a maior disponibilidade é na primavera e verão, as coberturas devem se concentrar nos meses de abril e maio, para que os nascimentos ocorram a partir de setembro. No caso de propriedades localizadas em regiões de clima temperado, onde se faz o plantio de pasto de inverno (aveia, azevém), os nascimentos podem ocorrer em pleno inverno, para que este tipo de pastagem de alta qualidade, seja aproveitado para as ovelhas no final da gestação e na lactação. Para isso, as coberturas devem se concentrar nos meses de fevereiro e março e os nascimentos em julho e agosto. c) Clima – os cordeiros são extremamente sensíveis a invernos rigorosos, principalmente, se acompanhados por chuvas freqüentes. Por isso, em criações extensivas, onde os cordeiros nascem no campo, sem qualquer proteção contra as condições ambientais desfavoráveis, deve-se evitar que a estação de nascimentos coincida com o período mais frio do ano, principalmente em regiões onde o inverno, além de rigoroso, é úmido; onde não se faz o plantio de pastos de inverno e onde não se têm condições de abrigar as ovelhas com os seus

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respectivos cordeiros em apriscos ou estábulos. Neste caso, as coberturas devem se concentrar nos meses de abril e maio para que os nascimentos ocorram na primavera. d) Mercado – se existir um maior consumo de cordeiros no final do ano, por causa do natal, as coberturas devem ocorrer o mais próximo possível do início do ano, para que se tenha tempo suficiente para a gestação, nascimento, aleitamento e engorda dos cordeiros até dezembro. Para se conseguir peso de abate dos cordeiros em dezembro, as coberturas deve se concentrar em fevereiro e os nascimentos em julho. Os cordeiros devem ser criados em sistemas mais intensivos de produção.     A duração da estação de monta deve ser suficiente para que as ovelhas apresentem pelo menos 3 cios, ou melhor, tenham 3 chances de serem fecundadas. Como na época reprodutiva, a ovelha ovula e apresenta os sinais do cio a cada 16-17 dias, a estação de monta deve ter uma duração de 49 a 56 dias. Este é o único período do ano em que os reprodutores permanecem junto com as ovelhas neste sistema de reprodução. A relação macho:fêmea varia largamente. Quando reprodutores adultos são utilizados, trabalha-se em média com 1 macho para 40 a 50 fêmeas, podendo chegar a 1:100 quando os piquetes são pequenos ou 1:30 em áreas grandes e acidentadas. A relação macho:fêmea precisa ser ajustada quando são utilizados borregos, quando se faz a estação de monta no período de anestro sazonal ou quando o cio das ovelhas é sincronizado. Nestes casos, não se deve trabalhar com mais de 25 fêmeas para um único macho. Os carneiros podem servir 10 ovelhas por dia por um período de 4 dias ou 8 a 10 ovelhas em 24 horas no campo. Os carneiros podem ejacular 11 a 17 vezes por dia se forem estimulados pela presença de fêmeas em cio, sendo capazes de manter a qualidade do sêmen por um período de 6 dias. Entretanto, alguns animais reduzem o número de espermatozóides no ejaculado, abaixo da quantidade ideal para a fertilização, quando submetidos a uma atividade sexual intensa. Portanto, se o número de fêmeas por macho for reduzido de 100 para 25, mais carneiros poderão montar nas ovelhas em cio, e mais fêmeas serão fertilizadas nas primeiras duas semanas da estação de monta. Dois picos diários de atividade reprodutiva são observados: das 4 às 8 horas e da 16 às 20 horas, coincidindo com o amanhecer e o entardecer.    O ideal seria trabalhar com um único reprodutor para cada lote de 30-40 fêmeas em cada piquete. Isto permitiria conhecer a paternidade dos cordeiros e evitaria possíveis brigas e dominâncias de reprodutores. Entretanto, nem sempre isto é possível. Por isso, quando mais machos são colocados em um mesmo piquete, deve-se lembrar que brigas podem ocorrer e não se recomenda fazer lotes muito grandes de fêmeas que exijam mais de 3 reprodutores. Uma forma de conhecer a paternidade dos cordeiros e trabalhar com um número elevado de fêmeas para cada macho, seria realizar a monta controlada ou dirigida. Neste tipo de procedimento, as fêmeas permanecem no campo com os rufiões. Todo dia, é passado no peito do rufião uma mistura de tinta xadrez com graxa. Ao montar, ele marca a fêmea em cio e esta é levada até o reprodutor que fica alojado em uma baia do aprisco. O reprodutor recebe somente as ovelhas em cio não tendo o desgaste de andar no campo identificando estes animais. As ovelhas permanecem com o reprodutor por 48 horas e depois retornam para o lote das ovelhas com o rufião. A cada 14 dias troca-se a cor da tinta do rufião. Se a fêmea for novamente marcada com outra cor é porque ainda não foi fecundada e deve retornar para o reprodutor. Utiliza-se em média 1 rufião para cada 50 ovelhas. Mão de obra qualificada é exigida para trabalhar em um sistema de reprodução que utiliza a monta dirigida. Se este manejo não for realizado com atenção e responsabilidade poderá resultar em uma menor taxa de fertilidade.

VOLTA

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL   A inseminação artificial tem uma grande importância quando se deseja disseminar as características de um grupo selecionado de animais em uma população de ovinos. Técnicas adequadas estão disponíveis e os resultados com sêmen fresco são positivos. O cio das ovelhas é induzido e/ou sincronizado e detectado através de rufiões, normalmente vasectomizados. O sêmen é colhido dos reprodutores através de vagina artificial ou, em algumas circunstâncias, obtido através de estímulos elétricos pela utilização do eletroejaculador. A qualidade do sêmen é checada e este é diluído e utilizado imediatamente. O uso de sêmen congelado na inseminação implica em uma menor taxa de fertilidade.    A inseminação artificial em ovinos não é comumente utilizada devido à dificuldade causada pela anatomia da cérvix da ovelha, a qual é tortuosa e estreita, dificultando a passagem de pipetas para deposição do sêmen. Para se obter melhor resultado com a inseminação, técnicas

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mais sofisticadas têm sido estudadas, como a laparoscopia, que consiste na deposição do sêmen diretamente nos cornos uterinos, através de procedimento cirúrgico. Entretanto, estas técnicas exigem mão de obra qualificada e o custo é alto, compensando apenas para animais de cabanha.    A taxa de concepção de ovelhas submetidas à inseminação artificial tem sido mais baixa quando comparada com a monta natural. Isto se deve a falha da inseminação em propiciar um número suficiente de espermatozóides ativos no oviduto no momento da fertilização. Um número adequado de espermatozóides por dose a ser inseminada é necessário para o sucesso da fecundação. No geral, recomenda-se não se utilizar menos do que 100 x 106 espermatozóides / ovelha quando o cio ocorreu naturalmente e 200 x 106 espermatozóides / ovelha quando o cio foi induzido através do tratamento com progesterona. Se o sêmen foi congelado, um número mínimo de espermatozóides móveis de 400 x 106 / ovelha é exigido no caso de inseminação vaginal, e 25 a 40 x 106 / ovelha na inseminação intra-uterina.    O tempo ótimo para a inseminação é o meio do estro. No caso de duas inseminações / ovelha, recomenda-se que a primeira seja realizada 12 a 14 horas e a segunda 23 a 25 horas após o início dos sinais e identificação do cio. Como normalmente utilizam-se esponjas vaginais para induzir e sincronizar o cio das ovelhas a serem inseminadas, a inseminação deve ser realizada 56 horas após a remoção das esponjas.

VOLTA

EFEITO MACHO 

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.VOLTA

    As ovelhas não ovulam regularmente antes da puberdade, durante o anestro sazonal ou no anestro da lactação.     Entretanto, se as ovelhas de algumas raças estão pré-condicionadas por um período de isolamento dos machos seguido da introdução dos mesmos, poderá ocorrer uma indução de respostas neuroendócrinas, as quais resultam em ovulação, estro e concepção. A presença do macho propicia um aumento nos níveis plasmáticos de LH e/ou maior sensibilidade aos estrógenos dentro de um período de 20-40 horas. A ovulação normalmente ocorre nas próximas 24 horas ao pique de LH. Entre o segundo e o terceiro dia após a introdução dos machos, as ovelhas ovulam, sendo que a partir desse momento, ou passam a ciclar normalmente ou apresentam um ciclo intermediário, em decorrência da deficiência de progesterona, já que essas fêmeas anteriormente apresentavam ovários afuncionais. Quando a introdução do carneiro induz à formação de um corpo lúteo funcional normal, as ovelhas apresentam cio com ovulação em intervalos característicos da espécie (14-20 dias), porém, quando este primeiro corpo lúteo não apresenta pleno funcionamento, ocorrem ciclos curtos que tem como conseqüência à ovulação em torno dos 25 dias após a apresentação dos machos às ovelhas. Normalmente, a primeira ovulação após a introdução dos machos não é acompanhada pelo comportamento estral.    Este processo deve ser utilizado cerca de 6 semanas antes do usual início da estação reprodutiva para cada raça, pois em condições totalmente adversas as fêmeas podem apenas ovular sem manifestar cio e posteriormente retornar à condição de anestro. Da mesma forma , a condição nutricional tem importância no percentual de ovelhas em anestro que respondem ao efeito carneiro. O tempo que os machos devem ficar separados das fêmeas para provocar o efeito macho é pouco estudado e divergente entre os trabalhos. Recomenda-se que este isolamento seja de no mínimo 2 semanas. Após o isolamento, a presença do macho vai promover a ovulação devido ao estímulo olfativo das ovelhas em relação a uma substância andrógena-dependente presente nas secreções de glândulas sebáceas e odoríferas dos carneiros, os feromônios.    O resultado obtido com o efeito macho pode ser diferente entre ovelhas de raças diferentes. Por exemplo, comparando a resposta das raças Dorset e a Hampshire Down ao efeito macho: ambas, respondem ao efeito, mas provavelmente a raça Dorset terá uma melhor reposta no período de anestro sazonal, por ser menos estacional do que a raça Hampshire Down.

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 EXEMPLOS PRÁTICOS DA UTILIZAÇÃO DO EFEITO MACHO

VOLTA

 SINCRONIZAÇÃO DE CIOS

   Para sincronizar o cio das fêmeas através do efeito macho, deve-se manter as ovelhas distantes dos reprodutores por mais de 6 semanas antes da estação reprodutiva. Duas semanas antes da data marcada para o início das coberturas, as ovelhas são colocadas em contato com rufiões, que liberam feromônios, mas não são capazes de fecundar (normalmente um rufião é obtido através de vasectomia). Os rufiões estimulam o primeiro cio da estação de monta que é irregular e de baixa probabilidade de fecundação. Após as duas semanas, os rufiões são retirados do rebanho de ovelhas para a entrada dos reprodutores. Com esse manejo, a maioria das ovelhas será coberta no segundo ou terceiro cio, o que permitirá que a estação de monta tenha uma duração mais curta, de no máximo 35 dias, mas com uma alta taxa de fertilidade e uma concentração dos partos. A sincronização de cio é de grande importância por facilitar o manejo, produzir lotes uniformes de cordeiros, auxiliar na implantação de programas acelerados de parição e beneficiar o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa. EXEMPLO: 

DEZEMBRO Manter as ovelhas distantes dos machos

JANEIRO Manter as ovelhas distantes dos machos

1/Fev a 14/Fev Ovelhas + Rufiões

15/Fev a 15/Mar Ovelhas + Carneiros

1/Jul a 1/Ago Nascimentos (dois picos: na primeira e terceira semana da estação de nascimentos)

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INDUÇÃO DE CIOS NO PERÍODO DE ANESTRO SAZONAL   A indução de cios através do efeito macho é realizada como descrito acima, na sincronização de cio em ovelhas.     Entretanto, este manejo ocorrerá em período de anestro sazonal, quando os dias estão ficando mais longos e as noites mais curtas. Neste período, a maioria das raças de regiões distantes da linha do equador não ovulam, sendo necessário um estímulo, que pode ser através do efeito macho, para induzir a ocorrência de cios. EXEMPLO: 

JULHO Estação de nascimentos

SETEMBRO Desmame dos cordeirosTosquia das OvelhasManter as ovelhas distantes dos machos

15/Out a 31/Out Ovelhas + Rufiões

01/Nov a 30/Nov Ovelhas + Carneiros (estação de monta no período de anestro sazonal)

15/Mar a 15/Abr Nascimentos

   

INDUÇÃO DOS PRIMEIROS CIOS EM BORREGAS

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   Os cordeiros machos e fêmeas devem ser separados com no máximo 4-5 meses de idade. Isto impede coberturas indesejáveis, já que os animais atingem a puberdade com esta idade, mas podem não estar aptos para a reprodução (as borregas só devem ser expostas ao macho após atingirem 60% do peso adulto e com a garantia de que serão bem alimentadas durante a primeira gestação).    O isolamento de machos e fêmeas, dos 5 meses de idade até a primeira estação reprodutiva, é suficiente para promover o efeito macho quando o reprodutor entrar em contato com as fêmeas. A presença do macho após um período de isolamento é responsável pela indução e sincronização do cio das borregas. EXEMPLO: 

JULHO Estação de nascimentos

DEZEMBRO Separar os cordeiros machos dos cordeiros fêmeas

1/Fev a 14/Fev Borregas com mais de 60% do peso adulto + RufiõesAs borregas que não atingirem o peso, devem esperar a próxima estação reprodutiva, normalmente no ano seguinte. Neste caso, o efeito macho é como o realizado para as ovelhas (sincronização e indução de cio).

15/Fev a 15/Mar Borregas + Carneiros

1/Jul a 1/Ago Nascimentos (dois picos: na primeira e terceira semana da estação de nascimentos)

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FLUSHING 

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.VOLTA

      A prática de aumentar o aporte nutricional ou o efeito dinâmico que influencia o peso e a condição corporal durante a fase reprodutiva é chamada de flushing. Sua finalidade é aumentar a taxa de ovulação e, conseqüentemente, a taxa de natalidade. Há pouca informação disponível com relação à duração mínima que deve ter o flushing para produzir um aumento ovulatório significativo. GUNN et al., (1984)b, utilizando uma alimentação rica para ovelhas com escore de 1,5 a 2,0, obtiveram bons resultados quando o flushing foi realizado por 18 dias antes da cobertura. Embora o flushing seja uma prática já utilizada entre os criadores,

o seu resultado pode ser muito variável. O flushing parece afetar o nível hepático de enzimas que metabolizam esteróides (EMS), elevando sua degradação. A diminuição dos esteróides na corrente sangüínea, acarretará um aumento no nível de gonadotrofinas e, portanto, elevação da taxa de ovulação. Um maior consumo de nutrientes, principalmente de proteína, promove um aumento dos níveis hepáticos de EMS e de gonadotrofinas na circulação.    O efeito do flushing sobre a taxa de fertilidade é causa tanto do aumento no número de óvulos fertilizados como da maior taxa de sobrevivência embrionária, os quais determinam o número de fêmeas parindo. O primeiro mês após a fertilização é crítico para a sobrevivência embrionária. Daí a importância de continuar o flushing por um período de 30 dias após a

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cobertura já que este é o tempo necessário para a implantação do embrião no útero. As perdas de ovos fertilizados neste período de implantação resultam em uma elevada repetição de cios. Figura 1 – Período recomendado para a realização do flushing em ovelhas com baixo escore corporal. 

VOLTA

FLUSHING

15-20 DIAS ANTES DO INÍCIO DA ESTAÇÃO DE MONTA OU DA COBERTURA

30 DIAS APÓS A COBERTURA OU 45 DIAS APÓS O INÍCIO DA ESTAÇÃO DE MONTA

     O flushing apresenta melhores respostas em fêmeas de baixa condição corporal e quase nenhuma resposta em fêmeas de boa condição corporal (3,5). Ovelhas que apresentam uma baixa condição corporal e não recebem o flushing apresentam altos índices de atresia folicular. O melhor desempenho reprodutivo normalmente é obtido com ovelhas apresentando um escore corporal de 2,5 e uma alimentação mais rica 2 a 3 semanas antes da cobertura.     Ainda, melhores resultados com o flushing são obtidos com fêmeas adultas do que com borregas. O flushing durante o pico estacional de ovulação é menos eficaz que fora deste pico, no início e no término da atividade reprodutiva.Fêmeas muito gordas na estação de monta apresentam alta taxa de ovulação e maior tamanho de folículo, mas por outro lado, apresentam baixa taxa de sobrevivência embrionária. Tanto a subnutrição como a supernutrição contribuem para as perdas de ovos.    A eficiência reprodutiva depende principalmente de fatores estáticos, ou seja, do aporte de nutrientes ao longo do ano, principalmente no período de recuperação compreendido entre o pós-desmame e a próxima estação de monta.     Esta eficiência é muito mais evidente do que aquela devido a fatores dinâmicos (flushing). A mudança de um alto nível de consumo alimentar pré-reprodução para um baixo nível pós-reprodução parece contribuir mais para a mortalidade pré-natal do que se as fêmeas fossem mantidas em baixo nível ao longo de todo o período. Isto sugere que os extremos devem ser evitados e que a condição corporal pobre ao longo do ano é tão crítica quanto um curto período de flushing. Referências Bibliográficas

VOLTA

ABECIA, J.A.; FORCADA, F.; ZARAZAGA, L. e LOZANO, J.M. Effect of plane of protein after weaning on resumption of reproductive activity in Rasa Aragonesa ewes lambing in late spring. Theriogenology, v.39, p.463-473, 1993 b. DYRMUNDSSON, O.R. Natural factors affecting puberty and reproductive performance in ewe lambs: a review. Livestock Production Science, v.8, p.55-65, 1981. GUNN, R.G.; DONEY, J.M. e SMITH, W.F. The effect of different durations and times of hight-level feeding prior to mating on the reproductive performance of Scottish Blackface ewes. Animal Production, v.39, p.99-105, 1984 b. GUNN, R.G.; DONEY, J.M. e SMITH, W.F. The effect of level of pre-mating nutrition on ovulation in Scittish Blackface ewes in different body conditions at mating. Animal Production, v.39, p.235-239, 1984 a. HARESIGN, W. The influence of nutrition on reproduction in the ewe. Animal Production, v.32, p.197-202, 1981. HULET, C.; BLACKWELL, R.L.; ERCANBRACK, S.K.; PRICE, D.A. e HUMPHREY, R.D. Effects of feed and length of flushing period on lamb production in range ewes. Journal of Animal Science, v.21, p.505-510, 1962. 

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MONTGOMERY, G.W.; SCOTT, I.C. e JOHNSTONE, P.D. . Seasonal changes in ovulation rate in Coopworth ewes maitained at different liveweights. Animal Reproduction Science, v.17, p.197-205, 1988. N.R.C. Nutrient Requirements of Sheep, Anonymous Washington,D.C. ed.National Academy Press, 6 ed. p. 30-32, 1985. THOMAS, D.L.; CRIKMAN, J.G.; COBB, A.R. e DZIUK, P.J. Effects of plane of nutrition and phenobarbital during the premating period on reproduction in ewes fed differentially during the summer and mated in the fall. Journal of Animal Science, v.64, p.1144-1152, 1987.

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COMO MANTER A SAÚDE DO REBANHO  

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.VOLTA

    A morbidade e a mortalidade somente serão altas em um rebanho se ele não for cuidadosamente observado todos os dias e se as suas necessidades básicas não forem atendidas. Um bom criador identifica qualquer anormalidade que ocorra e busca soluções para que não aconteça novamente. Preservar a saúde do rebanho significa planejar para minimizar os riscos e saber o que deve ser feito nos casos em que apesar da proteção e prevenção, o rebanho necessite de tratamento. REGRAS BÁSICAS PARA SE TER UM REBANHO SAUDÁVEL

VOLTA

Prevenir as doenças é melhor do que trata-las.Um rebanho bem nutrido e criado em um ambiente adequado é mais resistente a doenças e

parasitas do que um rebanho mal alimentado em condições ambientais desfavoráveis.Quando um animal é comprado, junto com ele novas doenças podem ter sido adquiridas.

Portanto, os cuidados na escolha de animais de outros rebanhos e o período de isolamento e observação são fundamentais.

O controle de doenças que possam ocorrer é mais fácil, se existir um local apropriado e isolado dos animais sadios para se fazer o diagnóstico e o tratamento adequado dos doentes.

A assistência de um veterinário especializado em saúde de rebanhos é importante para planejar e manter um programa de controle de doenças. PRÁTICAS SANITÁRIAS PARA MANTER A SAÚDE DO REBANHO

VOLTA

Oferecer água limpa e evitar que os bebedouros sejam contaminados com fezes. O interessante é utilizar bóias.

Os comedouros devem ser construídos de forma que os animais não consigam colocar as patas ou contaminar o alimento com fezes. O feno e/ou a silagem nunca devem ser colocados diretamente no chão. A silagem só deve ser retirada do silo no momento do fornecimento, sendo que as sobras não devem permanecer por muito tempo nos cochos.

Antes dos partos as instalações devem ser desinfetadas com produtos químicos ou lança-chamas (paredes ou piso de alvenaria).

Evitar o contato dos animais sadios com os doentes. Não colocar ovinos saudáveis em instalações destinadas para os animais doentes.

Tosquiar os animais em locais limpos e desinfetar ferimentos causados pela tesoura ou pelos cortantes.

O material utilizado para corte de cauda deve ser extremamente limpo e a ferida deve ser tratada com pomadas cicatrizantes e repelentes até a completa cicatrização.

Esterilizar agulhas utilizadas em vacinação e desverminação.

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No tratamento de miíases (bicheiras), tosquiar a área afetada, retirar as larvas e utilizar produtos cicatrizantes e repelentes. A simples aplicação de spray sem limpar a ferida, dificulta a cicatrização e permite infecções.

Evitar que os ovinos tenham acesso a esterqueiras ou locais onde as fezes ficam armazenadas.

No auxílio a partos procurar lavar bem a mão e desinfetar com uma solução fraca de iodo.O umbigo dos cordeiros deve ser cauterizado com iodo a 10%. Spray não é eficiente para

evitar as infecções que podem ocorrer.Os cascos devem ser cortados periodicamente para evitar o acúmulo de sujidades e

problemas de aprumo.Utilizar piso ripado em apriscos e drenar locais úmidos para evitar problemas de casco.Evitar ao máximo o tráfego de pessoas e veículos de outras regiões e propriedades.Não permitir a entrada de ovinos de outras propriedades. Quando forem adquiridos respeitar

o período de quarentena.Observar os animais do rebanho todos os dias. Identificar qualquer anormalidade

precocemente é fundamental para evitar prejuízos causados pelas doenças que afetam os ovinos.

Não realizar tratamentos baseados em suposições. O problema deve ser diagnosticado para que o animal receba a medicação correta. Evitar usar de forma indiscriminada, vermífugos e antibióticos.

Seguir a tabela de vacinação recomendada para cada região.Realizar o controle da verminose através de coletas e exames de fezes.

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CONTROLE DE PARASITAS INTERNOS EM OVINOS  

SÁ,J.L. & OTTO DE SÁ,C.VOLTA

INTRODUÇÃO    As helmintoses gastrointestinais, especialmente aquelas causadas pelos nematodeos é o maior problema de saúde que prejudica a produção ovina. As perdas econômicas causadas pelo parasitismo podem ser extensivas. A taxa de crescimento diminui e a perda de peso é comum; ocorre redução na produção de lã; pobre performance reprodutiva; a produção de leite diminui, tendo como conseqüência baixos pesos dos cordeiros; gastos com medicamentos e alta mortalidade.

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SINAIS   O prejuízo econômico causado pelos parasitas gastrointestinais está relacionado com as perdas de nutrientes e danos na mucosa intestinal. Alguns parasitas causam hemorragias devido à característica de sugar sangue e a anemia é um sinal característico. Outros causam perda de peso e os animais apresentam sinais de má nutrição devido à falta de apetite, diarréia e perda de nutrientes. Infecções secundárias também contribuem para a severidade do problema em muitos casos.    Os sinais do parasitismo gastrointestinal podem variar com o grau da infestação. Animais com um parasitismo intenso, geralmente demonstram sinais de fraqueza, perda de peso severa e diarréia. Quando perdem proteína sanguínea podem apresentar um edema submandibular, isto é, um aumento de volume na região da mandíbula que é acompanhado por uma anemia intensa. Já em casos crônicos ou em verminoses menos severas, os sinais não são tão evidentes. Estes animais podem ter diarréias intermitentes, redução no ganho ou até mesmo, perda de peso, pobre performance reprodutiva e diminuição na produção de lã e leite. O parasitismo inaparente ou subclínico, embora não cause a morte, é responsável por perdas econômicas significativas, pois o animal não consegue expressar todo o seu potencial produtivo.

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CICLO DE VIDA DO PARASITA   O ciclo de vida do parasita é complexo e varia com as condições ambientais. A forma adulta, que reside no ovino, deposita os ovos nas fezes e estes são eliminados nas pastagens. Dependendo do ambiente e do parasita, em duas ou três semanas os ovos eclodem e as larvas atigem o estágio de L3 (larva infectante). A larva L3 é então consumida pelos ovinos e pode evoluir para a forma adulta (larva L4) ou permanecer em estágio dormente (hipobiose) dentro do animal. A hipobiose ocorre para que a larva sobreviva a condições ambientais desfavoráveis, como no inverno. Em condições estressantes para o ovino, ou quando cai a sua resistência, a larva em hipobiose sai da dormência e pode se manifestar.    O tempo de vida do parasita nas pastagens é muito variável. Existem relatos de que as larvas podem sobreviver até 1 ano no pasto, o que dificulta o controle da verminose através de períodos curtos de descanso dos piquetes. 

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Figura – Ciclo de vida de um nematódeo. 

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CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E O CONTROLE DA VERMINOSE   As espécies de nematódeos intestinais e suas prevalências são muito variáveis, já que dependem dos fatores topográficos, temperatura, precipitação pluviométrica, pastagem e outros que predominam em uma área em estudo.    Em regiões de criação ovina com estações climáticas bem definidas, o uso de medicações estratégicas pode ser aplicado. Nos países de clima tropical, geralmente, a média de temperatura anual não varia substancialmente.     Possivelmente, o fator decisivo na prevalência das espécies de parasitos gastrointestinal seria a quantidade e a freqüência das chuvas. Onde as estações de chuva e seca são bem típicas, as derverminações táticas antes da estação chuvosa e na estação seca, visando diminuir a contaminação das pastagens, podem ser indicadas de acordo com dados epidemiológicos locais. Entretanto, em lugares

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onde o índice pluviométrico se mantém alto ao longo do ano, a aplicação estratégica de vermífugos é praticamente impossível. Por isso, o controle da verminose ovina com suporte laboratorial, é considerado o método mais prático e seguro.

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ANIMAIS SUSCEPTÍVEIS À VERMINOSE   A verminose acomete todos os ovinos em um rebanho, mas existem algumas categorias que são mais sensíveis.IDADE - os cordeiros jovens sofrem mais com a verminose. Com 14 dias eles começam a consumir alimentos sólidos e, conseqüentemente, a ingestão de pasto vai aumentando gradativamente a partir desta idade. Em casos de alta lotação das pastagens, é comum cordeiros com 45 dias de idade, diminuírem sua taxa de crescimento e até morrerem por causa dos vermes.ESTADO NUTRICIONAL - animais mal nutridos podem apresentar sinais de verminose e morrerem por causa de um grau de infestação por vermes que em animais bem nutridos poderia passar despercebido.ESTRESSE - o estresse contribui para uma queda de resistência dos animais o que pode torna-los mais susceptíveis a problemas com a verminose. Portanto, é importante estar preparado para esta situação quando se realiza transporte de ovinos ou diante de qualquer situação estressante.ESTADO FISOLÓGICO - O terço final da gestação é um dos períodos em que o animal necessita de altos níveis de nutrientes, pois é o momento destinado ao crescimento fetal. Desta forma, a alimentação canaliza-se prioritariamente ao cordeiro, e a ovelha torna-se mais sensível à verminose. O stress provocado pelo parto também contribui para o aumento na postura de ovos de parasitas. Este mesmo fato ocorre com fêmeas lactantes, destacando-se, principalmente as de parto gemelar. Como a urgência após o parto é a produção leiteira, estas fêmeas chegam a perder peso e, dificilmente as suas exigências nutricionais são completamente atendidas. Este momento também se agrava com o desenvolvimento de larvas hipobióticas, com o estabelecimento de novas larvas infectantes e com o aumento da fecundidade dos vermes adultos. Já com relação aos cordeiros no pós desmame, a interrupção da lactação leva a uma condição de stress, tornando estes animais também mais sensíveis à verminose e, se houver como agravante um manejo sanitário inadequado, culminará no aumento da mortalidade. Desta forma, cria-se um ciclo que produz um rápido aumento no grau de infestação dos animais e dos campos, sendo maior o problema quando o cordeiro permanece por um período prolongado de tempo com a mãe, estabelecendo-se uma competição entre mães e filhos pelos pastos e concentrados disponíveis, sendo que, a própria ovelha contamina com ovos de parasitas as pastagens que servem de alimento para os cordeiros.

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CONTROLE DA VERMINOSE ATRAVÉS DA COLETA DE FEZES E EXAMES LABORATORIAIS   A coleta de fezes deve ser feita a cada 28 dias, por categoria e/ou por piquete. Em rebanhos pequenos devem ser colhidas no mínimo 10 a 15 amostras. Em rebanhos grandes deve-se colher 10% de cada categoria ou lote. As fezes devem ser retiradas diretamente do reto, acondicionadas individualmente em frascos ou sacos de plásticos identificados e preservadas no gelo até a chegada no laboratório. Quando a contagem média de opg (ovos por grama de fezes) for superior a 500, a aplicação de vermífugo é recomendada. Sete dias após a desverminação deve-se realizar outra coleta de fezes, dos mesmos animais, para verificar a eficácia do verrmífugo utilizado, que deverá ser superior a 90%. Em casos de dúvidas quanto ao resultado do opg, principalmente quando não há redução do mesmo na coleta de fezes seguinte, recomenda-se fazer o cultivo de larvas, para se verificar o gênero do helminto responsável pelo suposto fracasso da medicação utilizada.    O uso de vermífugos através deste critério permite a manutenção de uma carga residual de vermes no rebanho que funciona como uma pré-munição e permite a sobrevivência de vermes sensíveis à medicação, os quais competem naturalmente com as estirpes resistentes, o que não acontece com as medicações regulares supressivas. Tem-se verificado que quanto maior for a pressão anti-helmíntica nos rebanhos, mais rapidamente se estabelece a resistência. Por isso, a desverminação mensal do rebanho não é adequada, por tornar os vermes resistentes aos diferentes tipos de vermífugos. 

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Figura – Ovos de diferentes parasitas que são encontrados nas fezes. 

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PERÍODOS ESTRATÉGICOS DE DESVERMINAÇÃO    Existem determinados períodos em que a desverminação é fundamental:a) Carneiros e ovelhas antes da estação reprodutivab) Ovelhas nas últimas duas semanas de gestação (cuidar com o manejo das ovelhas e princípio ativo dos vermífugos para evitar abortos)c) Ovelhas no início da lactaçãod) Cordeiros e ovelhas no desmame    Para as demais categorias e períodos, colher as fezes mensalmente para verificar a necessidade real da aplicação de vermífugos.

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OUTRAS MEDIDAS PARA CONTROLAR A VERMINOSE EM UM REBANHO   Os vermífugos não podem por si só resolver satisfatoriamente o controle da verminose ovina. Muito pelo contrário, o uso indiscriminado de anti-helmínticos, causando resistência dos parasitas, é um problema sério que deve ser evitado. Portanto, cuidados na aplicação destes medicamentos e outras medidas de controle precisam ser considerados. * DOSE DO VERMÍFUGO    A subdosagem tem que ser evitada, por isso, quando pistolas dosificadoras são utilizadas, tem que se verificar se estão dosando corretamente. Quando não há como pesar os animais, deve-se estimar a dose com base no animal mais pesado da categoria e utiliza-la para todos os animais. Nunca aplicar doses abaixo da recomendada por ser uma das causas da resistência dos parasitas.

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* MANEJO NA DESVERMINAÇÃO    Aplicar corretamente o vermífugo e se certificar para que todos os animais sejam desverminados quando for necessário.* HORA DA APLICAÇÃO DO VERMÍFUGO    Quando no manejo de uma propriedade os animais são recolhidos durante a noite em apriscos com piso ripado, a desverminação deve ser realizada no fim da tarde para que os animais permaneçam por no mínimo 8 horas presos, eliminando os ovos de parasitas em local apropriado e não contaminando as pastagens.* CONTATO COM AS FEZES    O piso ripado, que permite que as fezes caiam e fiquem distantes dos animais, é indicado em instalações para controlar a verminose. O local onde as fezes ficam depositadas deve ser isolado. O confinamento é recomendado para evitar a verminose em cordeiros, mas se o piso não for adequado e a alimentação for contaminada com os ovos dos parasitas, este tipo de manejo não será eficiente.* AQUISIÇÃO DE OVINOS    Animais adquiridos de outras propriedades ou região devem ser avaliados através dos exames de fezes e, se necessário, desverminados antes de serem colocados junto com outros animais e nas pastagens.* PASTAGENS    Atenção especial deve ser dada aos animais quando forem colocados em novas pastagens que estavam sem animais por um longo período. Coletas de fezes e desverminações são recomendadas antes dos animais entrarem nos piquetes, para evitar a contaminação.    As pastagens utilizadas principalmente por ovelhas e cordeiros podem ser descontaminadas utilizando-se bovinos adultos por um período mínimo de 3 meses. O rodízio das áreas de pastejo com a agricultura é outra opção para reduzir a utilização de vermífugos no rebanho. É importante ter em mente que não se consegue manter um rebanho sadio em pastagens doentes.* DESMAME PRECOCE E CONFINAMENTO    Em criações intensivas onde a lotação das pastagens é elevada, os cordeiros são muito prejudicados pela verminose. Entretanto, existem técnicas de manejo que contornam este problema. O desmame precoce, a aplicação de vermífugo nos cordeiros e o confinamento dos mesmos em instalações apropriadas, são exemplos do controle da verminose ovina através do manejo.* OBSERVAÇÃO DOS ANIMAIS    Sempre que os animais forem manejados para tosquia, pesagem, casqueamento, deve-se observa-los cuidadosamente com relação ao comportamento, consistência das fezes, e verificar se a mucosa ocular se encontra de coloração rósea, indicando ausência de anemia.

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CLOSTRIDIOSES  

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.VOLTA

    O gênero Clostridium compreende uma série de microorganismos que, por necessitar para a sua multiplicação, de um baixo potencial redutor, recebem o nome de anaeróbios. Os Clostrídios abrangem numerosas espécies e tipos saprófitos amplamente difundidos pela natureza. Originam a putrefação das carnes e dos animais mortos. Algumas espécies de clostrídios têm importância como causas de doenças. Os mais importantes são o Clostridium chauvoei, Clostridium septicum, Clostridium perfringens, Clostridium novyi, Clostridium sordelii e Clostridium histolyticum, Clostridium botulinum e Clostridium tetani. A propriedade mais comum de todos os Clostrídios patogênicos é a formação de toxinas. Cada espécie de clostrídio é caracterizada por possuir um determinado espectro de frações de toxinas com propriedades letais, necrosantes, hemolíticas, neurotóxicas, etc.

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    Os Clostrídios patogênicos estão presentes em todo o mundo, sendo encontrados dispersos no meio ambiente, como nas camadas superficiais do solo, ricas em substância orgânica; na poeira, na água e no conteúdo intestinal do homem e animais sadios. A desproporção existente entre a ampla presença dos Clostrídios e as poucas infecções que provocam é explicada pela pouca capacidade de invasão que exibem esses agentes. A doença só surge, de maneira geral, quando coincidem determinados fatores que a favorecem. A diminuição do potencial de redução local na porta de entrada é requisito prévio mais importante para que seja produzida a infecção. Circunstâncias que levam a essa situação são, por exemplo, a existência de sujeira, corpos estranhos ou resíduos necróticos no ferimento, a presença simultânea de outras bactérias (agentes de supuração e da putrefação) na região lesada e a irrigação sangüínea deficiente do tecido em questão.As infecções e intoxicações por Clostrídios aparecem endemicamente, têm, de maneira geral, evolução sobreaguda ou aguda e costumam ter fim mortal. Estas infecções dos animais domésticos podem ser divididas em três grandes grupos, de acordo com sua patogenia e sintomatologia: doenças enfisematosas (com edema gasoso), enterotoxemias e as chamadas intoxicações genuínas.

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Doenças com Edema Gasoso    São infecções de ferimentos que se caracterizam pela formação mais ou menos intensa de gás, edema inflamatório, hemorragias, necrose e uma secreção pútrida-fétida no lugar afetado. Pela ação das toxinas e, segundo a infecciosidade dos agentes atuantes, a inflamação estende-se com velocidade variável a partir da porta de entrada, alcançando em poucas horas, a totalidade do organismo. A ação das toxinas e das substâncias resultantes da destruição dos tecidos provoca complicações circulatórias.

Enterotoxemias    Costumam apresentar-se como doenças dos animais jovens e, às vezes, também de animais de mais idade, freqüentemente, com caráter epidêmico ou são originadas sob a influência de fatores alimentares específicos. Ocorre uma súbita multiplicação e formação de toxina por parte do agente no conteúdo intestinal, com subseqüente aumento da permeabilidade intestinal e penetração das toxinas na corrente sangüínea. Pouco antes da morte é instaurada, muitas vezes, uma septicemia.

Intoxicações Genuínas    Este grupo de doenças compreende intoxicações provocadas por agentes com formação intensa de neurotoxina e pouca infecciosidade. Enquanto no Clostridium tetani (tétano) a formação de toxina segue a infecção do ferimento no ponto de entrada do agente, o Clostridium botulinum forma sua toxina fora do organismo, que é ingerida com os alimentos e provoca o botulismo     As Clostridioses mais comuns são a Enterotoxemia, a Gangrena Gasosa/Carbúnculo Sintomático e o Tétano.

 ENTEROTOXEMIA

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    A enterotoxemia é uma doença de origem nutricional que causa a morte dos animais devido a uma toxina produzida por uma bactéria denominada de Clostridium perfringens tipo D (ocasionalmente pode ocorrer o tipo C em cordeiros em aleitamento com 2 a 4 semanas de idade). Este organismo é naturalmente encontrado nas pastagens e no trato gastrointestinal de ovinos sadios. Entretanto, sob condições de consumo elevado de carboidratos (dietas ricas em grãos, ingestão de grande quantidade de leite, consumo de forragens imaturas), a bactéria multiplica-se rapidamente e produz uma toxina. Portanto, esta doença afeta principalmente cordeiros em aleitamento, cordeiros recebendo suplementação no creep feeding, cordeiros confinados e ovelhas recebendo dietas ricas em grãos. É um problema que ocorre em rebanhos bem nutridos.    O aparecimento é brusco. Os animais apresentam sinais de ataxia, opistótono e convulsões, podendo morrer subitamente. Na necrópsia observa-se líquido coagulado no saco pericárdico, congestão da mucosa intestinal e rins aumentados de volume (polposo).    O controle da enterotoxemia baseia-se na prevenção da doença pela vacinação. No Brasil não existem vacinas específicas para a enterotoxemia. A proteção é obtida pela vacinação de ovinos com vacina contra a Clostridiose de modo geral, a qual inclui o Clostridium perfringens tipo D na sua formulação. Ovinos adultos deverão ser vacinados com duas doses de vacina,

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com um mês de intervalo, seguindo-se de revacinação anual. Ovelhas gestantes devem ser vacinadas 2 a 4 semanas antes do parto para transferir imunidade passiva aos cordeiros pela ingestão de colostro. Os cordeiros ficarão protegidos por 4 a 6 semanas após o nascimento quando então deverão ser vacinados. Duas doses da vacina são recomendadas para os cordeiros com intervalo de um mês. CARBÚNCULO SINTOMÁTICO E GANGRENA GASOSA

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    O Carbúnculo Sintomático (Clostridium chauvoei - Clostridium septicum) e a Gangrena Gasosa (Clostridium septicum, Clostridium chauvoei, Clostridium perfringens tipo A, Clostridium novyi, Clostridium sordellii e Clostridium sporogens) diferem do ponto de vista do diagnóstico clínico e controle.    Estas enfermidades são de aparecimento brusco e estão associadas a práticas de manejo, tais como: tosquia, castrações, descole e parto. Animais infectados mostram prostação, febre, dificuldade locomotora e criptação subcutânea. A necrópsia mostra edema subcutâneo e necrose muscular.    O diagnóstico é feito pelos sinais, lesões na necrópsia e isolamento do Clostridium sp do músculo ou osso longo.     O exame histológico dos tecidos necrosados pode auxiliar no diagnóstico.    A prevenção do Carbúnculo Sintomático e da Gangrena Gasosa é feita pelo cuidado na desinfecção de cortes ou feridas. Deve-se dar atenção especial à limpeza e desinfecção de seringas e agulhas. A proteção contra estas duas enfermidades pode ser obtida vacinando ovinos com vacinas polivalentes. A imunidade estimada é de um ano. Nas ovelhas a vacinação deve ser feita de maneira que o período final da imunidade não coincida com o parto. Portanto, é recomendável vacinar ovelhas anualmente no terço final da gestação. TÉTANO

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    O tétano é uma doença caracterizada por convulsões tônicas de toda a musculatura ou de alguns grupos musculares e, por uma marcada exaltação dos reflexos, que é originada como conseqüência da formação de toxina pelo Clostridium tetani no lugar de sua penetração no organismo. O agente é encontrado em terrenos cultivados do que nos campos nativos. Seus esporos estão presentes nos jardins adubados com esterco, no pó da rua e em diversos alimentos, em especial no feno. São menos freqüentes nos solos com elevada proporção de areia. O Clostridium tetani é encontrado no conteúdo intestinal de diversas espécies animais onde se multiplica e cai no solo com os excrementos, onde os esporos conservam sua vitalidade durante longo tempo. Nas zonas de clima temperado, a doença aparece esporadicamente, enquanto nas regiões tropicais pode adotar marcado caráter epidêmico.    Circunstâncias que, freqüentemente, originam a apresentação de infecções pelo bacilo tetânico são os ferimentos de castração, cirurgias, contaminação do ferimento umbilical nos recém nascidos, ajuda aos partos difíceis, ferimentos da mucosa bucal causados por dentes defeituosos e corte de cauda. Portanto, o tétano pode ser evitado tratando adequadamente qualquer tipo de ferimento com antissépticos. Nas regiões em que o tétano apresenta-se com freqüência, os animais devem ser vacinados ativamente com vacina antitetânica. As ovelhas devem ser vacinadas 8 semanas (1a. dose) e 4 semanas (2a.dose) antes do parto e revacinadas anualmente 4 semanas antes do parto. Os cordeiros são vacinados com 6 (1a.dose) e 10 semanas de idade. A vacinação deve ser repetida a cada ano. 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEER,J. Doenças Infecciosas em Animais Domésticos. 1a.ed. Vol.2. Livraria Roca Ltda. 380p. 1988.KIMBERLING,C.V. Diseases of Sheep. 3a.ed. Lea & Febiger. Philadelphia. 394p. 1988. N.R.C. Nutrient Requirements of Sheep, Anonymous Washington,D.C. ed.National Academy Press, 6 ed. 99p, 1985. 

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CUIDADOS NO PARTO DE OVELHAS 

SÁ,J.L. & OTTO DE SÁ,C.VOLTA

    Os cuidados para evitar a mortalidade de cordeiros devem ser tomados antes mesmo do parto. As ovelhas devem ficar em piquetes próximos para que sejam constantemente observadas. O interessante é avaliar o rebanho de fêmeas de 3 em 3 horas, para verificar quais ovelhas estão apresentando os sinais do parto. O melhor parto é aquele que não necessita da interferência do homem, mas em alguns casos o auxílio é necessário. Se 3 horas após o rompimento da bolsa a fêmea não pariu, é porque algo pode estar errado. O que pode estar ocorrendo e que indica que o parto deve ser auxiliado, é o seguinte: 

Cordeiro com elevado peso ao nascer - se as fêmeas forem super alimentadas no terço final da gestação, quando ocorre o desenvolvimento de 85% do feto, os cordeiros podem ser muito grandes, dificultando o parto. 

Cordeiro em posição anormal - a posição correta para o parto ser normal, é aquela que o cordeiro se encontra com as patas dianteiras e o focinho juntos e se apresentando por primeiro. Casos em que o cordeiro fica com uma das patas para trás, ou se apresenta primeiro com o posterior são comuns. Outras posições difíceis para o parto também podem ocorrer. Por isso uma palpação cuidadosa para verificar a posição do cordeiro é importante. Sempre que possível e, sem machucar a ovelha, o cordeiro deve ser colocado na posição correta para depois ser tracionado. Em algumas situações quando o cordeiro se apresenta com o posterior, se a ovelha apresentar dilatação suficiente, convém retira-lo tracionando as patas posteriores, sem tentar coloca-lo na posição normal de parto.

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Idade da ovelha - as borregas, fêmeas ovinas de primeira cria, apresentam maior dificuldade de parto do que as ovelhas, principalmente se os cordeiros forem grandes.Se for decidido pelo parto auxiliado, alguns cuidados devem ser tomados: 

Higiene das mãos e do local - o local deve ser limpo e as mãos bem lavadas. 

A tração para retirar o cordeiro não deve ser muito forte e só pode ser realizada se a fêmea apresentar dilatação que permita a passagem do cordeiro. O cordeiro deve ser colocado na posição correta antes de se tracionar. Se isto não for possível, é necessário solicitar o auxílio de um veterinário. 

Sempre que for necessário tracionar uma pata que está para trás, procurar envolver o casco do cordeiro com a mão para proteger o útero da ovelha. 

Após retirar o cordeiro, coloca-lo imediatamente em contato com o focinho da mãe e deixar que ela o reconheça. Isto é importante para evitar casos de rejeição do cordeiro pela mãe. Somente quando ocorrer rejeição é que as narinas e a boca devem ser desobstruídas e o cordeiro secado. 

Observar se o cordeiro vai mamar o colostro. Para a defesa do animal, é importante que o cordeiro mame o colostro nas primeiras horas de vida. Somente após o cordeiro estar seco e ter mamado o colostro é que deve ser realizado o manejo do cordeiro recém-nascido (desinfecção do umbigo, identificação e pesagem do cordeiro).

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MANEJO DO CORDEIRO RECÉM NASCIDO 

OTTO de SÁ,C. & SÁ,J.L.VOLTA

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    Um dos maiores problemas na ovinocultura é a alta mortalidade de cordeiros. Quando muitos cordeiros morrem antes mesmo do desmame, o prejuízo do sistema produtivo é certo. Para diminuir estas perdas, é necessário identificar as principais causas da alta mortalidade. Estas causas normalmente estão relacionadas com o manejo inadequado do rebanho. CAUSAS DA ALTA MORTALIDADE DE CORDEIROS 

 FALTA DE ATENÇÃO COM O REBANHO DE OVELHAS NO FINAL DE GESTAÇÃO    O rebanho de ovelhas em final de gestação deve receber maior atenção. Para facilitar a observação, elas devem ficar em piquetes próximos. O manejo deve ser cuidadoso de forma a evitar situações que causem estresse e conseqüentemente abortos. Muitos cordeiros e até mesmo as ovelhas, podem morrer por causa de partos distócicos e falta de cuidados no momento do parto. Este assunto é mais bem discutido no item auxílio ao parto.    O manejo do cordeiro começa antes mesmo do seu nascimento. No caso de ovelhas lanadas, seria interessante retirar a lã da região da vulva e do úbere. Este manejo facilita a higiene no momento do parto e a amamentação do cordeiro. Quando há uma boa disponibilidade de alimentos para as ovelhas em final de gestação, a tosquia pré-parto é recomendada, por estimular a ovelha a um maior consumo, que terá como conseqüência cordeiros com maior peso ao nascer. É importante lembrar, que este manejo de tosquia, deve ser realizado cuidadosamente, para evitar abortos.

VOLTA PISOTEIO DO CORDEIRO

     Esta causa de mortalidade é comum em sistemas mais intensivos de criação, onde os rebanhos de ovelhas em final de gestação ou com cria ao pé, são recolhidos durante a noite em apriscos com uma alta lotação (menos de 1,5-2,0 m2/ovelha). Ainda, quando o ripado destes apriscos não é bem feito, os cordeiros podem prender suas patas entre as ripas, não podendo mamar e ficando expostos ao pisoteio. O espaçamento entre as ripas do piso não deve ser maior do que 2,0 cm. Seria interessante trabalhar com baias maternidades, forradas com palhada, para colocar as ovelhas que tem seus partos durante a noite.

  

 CONDIÇÕES AMBIENTAIS DESFAVORÁVEIS    A temperatura ideal para um cordeiro recém-nascido, é em torno de 26-28oC. Os nascimentos dos cordeiros se concentram no final do inverno e na primavera. Se for considerada a região sul do Brasil, no período de nascimento de cordeiros, a temperatura é bem inferior à considerada ideal. Em anos em que, além da temperatura baixa, chove muito, a mortalidade aumenta. O que pode ser feito para diminuir esta mortalidade, é proteger as ovelhas recém paridas em instalações apropriadas. O uso de baias maternidades com palhada e campânulas, principalmente para os cordeiros de baixo peso ao nascer, reduz a mortalidade. Em sistemas extensivos, a proteção através de instalações nem sempre é possível. Neste caso, costuma-se tosquiar a ovelha antes do parto. Com isso, a ovelha sem a proteção da lã, vai procurar parir e permanecer com o seu cordeiro em locais protegidos do frio.

VOLTA

 ATAQUES DE PREDADORES

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    É comum o ataque de rebanhos ovinos por predadores (cachorro, onça, carcará...). Os prejuízos são maiores quando ovelhas em gestação e cordeiros são as vítimas. Neste caso, dependendo do tipo de predador, a solução seria proteger os animais através de melhores instalações, áreas teladas, cercas elétricas ou utilização de cães de guarda de rebanho. 

  FALTA DE CONTROLE ZOOTÉCNICO    Algumas ovelhas podem não apresentar uma boa habilidade materna e, constantemente, rejeitam ou não desmamam bem seus cordeiros. Se não existir um controle do rebanho através de escrituração zootécnica, fica difícil identificar estas fêmeas para descarta-las. Permanecendo no rebanho, elas vão contribuir para as altas taxas de mortalidade e baixos pesos ao desmame dos cordeiros. 

 IDADE DA OVELHA    Ovelhas de primeira cria e ovelhas muito velhas podem perder mais cordeiros. As borregas só devem ser colocadas em reprodução quando atingirem 60% do peso adulto, caso contrário, elas não conseguem manter a gestação até o final e se mal alimentadas, além de terem o seu desenvolvimento prejudicado podem vir a parir cordeiros de baixa viabilidade. 

 NUTRIÇÃO INADEQUADA    Provavelmente, esta é a principal causa da mortalidade de cordeiros. O maior desenvolvimento do feto (85% do total), ocorre nas últimas 6 semanas de gestação. Se neste período, a ovelha não for alimentada corretamente, o peso ao nascer dos cordeiros será muito baixo (inferior a 3,0 Kg). A taxa de mortalidade de cordeiros aumenta a medida que o peso ao nascer diminui.

VOLTA

CONSEQÜÊNCIAS DO BAIXO PESO AO NASCER 

 ALTA MORTALIDADE    A alta mortalidade dos cordeiros é a mais grave conseqüência do baixo peso ao nascer. 

 RITMO DE CRESCIMENTO DIMINUÍDO    Um cordeiro que nasce leve, dificilmente apresentará um ganho de peso igual ou maior a de um cordeiro com um alto peso ao nascer. A privação de alimento na fase de feto, dificilmente é recuperada através de uma melhor alimentação após o nascimento. Neste caso, o ganho compensatório é ineficiente, e o cordeiro de baixo peso ao nascer, também apresentará um menor peso ao desmame. 

 AUMENTO DA GORDURA NA CARCAÇA A UM PESO DE ABATE CONSTANTE    Devido ao fato, do cordeiro com baixo peso ao nascer apresentar um menor ganho de peso, o tempo para atingir o peso de abate será maior. Quanto mais tempo o cordeiro levar para atingir o peso de abate, maior será a deposição de gordura na carcaça, o que não é desejável. 

 ISOLAMENTO PELA LÃ LIMITADO    Cordeiro com baixo peso ao nascer apresenta menor cobertura de lã. A lã é um isolante térmico que protege o animal, portanto, cordeiros leves, perdem mais calor e resistem menos às baixas temperaturas.

VOLTA

 RELAÇÃO MASSA:SUPERFÍCIE INADEQUADA    Além de uma pobre cobertura de lã, o cordeiro de baixo peso ao nascer apresenta uma maior superfície em relação a sua massa, o que contribui também, para uma maior perda de calor e menor resistência ao frio. 

 POUCAS RESERVAS ENERGÉTICAS 

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    Todo cordeiro nasce com uma fonte energética na forma de gordura corporal. Entretanto, cordeiros com baixo peso ao nascer, apresentam uma menor reserva energética. Isto significa, que se não mamarem logo após o parto, não tem como se manterem vivos por muito tempo. MANEJO DO CORDEIRO RECÉM NASCIDO

VOLTA

 OBSERVAÇÃO CONSTANTE    As ovelhas devem ficar em piquetes próximos para que sejam constantemente observadas. O interessante é avaliar o rebanho de fêmeas de 3 em 3 horas, para verificar quais ovelhas estão apresentando os sinais do parto. 

 AUXÍLIO AO PARTO QUANDO NECESSÁRIO     O melhor parto é aquele que não necessita da interferência do homem, mas em alguns casos o auxílio é necessário. Se 3 horas após o rompimento da bolsa a fêmea não pariu, é porque algo pode estar errado (ver auxílio ao parto)

   

VOLTA

 MANTER A OVELHA PRÓXIMA DO CORDEIRO     É importante que o cordeiro permaneça sempre próximo da ovelha para evitar os casos de rejeição.

   

 EM CASOS DE REJEIÇÃO SECAR E AQUECER O CORDEIRO     Se a mãe rejeitar o cordeiro, deve-se secar e aquecer o animal. Procurar, mesmo assim, manter o cordeiro perto da ovelha para força-la a aceita-lo. O custo do aleitamento artificial é muito elevado. 

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 OBSERVAR A INGESTÃO DE COLOSTRO      Como o cordeiro não recebe imunidade através da placenta, a ingestão do colostro deve ocorrer nas primeiras horas de vida. Nas primeiras 2 horas, a absorção de imunoglobulinas é mais eficiente.

   

VOLTA

 PESAR O CORDEIRO      Somente após o cordeiro estar seco e ter mamado o colostro, é que as primeiras atividades de manejo são realizadas. A pesagem do cordeiro no dia do parto tem importância na avaliação da nutrição e da genética das ovelhas e dos cordeiros.

   

 IDENTIFICAR O CORDEIRO      Todo animal que nasce ou entra em uma propriedade, deve ser identificado através de brincos ou tatuagens para ser controlado e avaliado, através de uma escrituração zootécnica, por toda a sua vida.

   

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 CAUTERIZAR O UMBIGO COM IÔDO À 10%      O umbigo deve ser embebido com iôdo (10%). É um manejo simples e eficaz para evitar infecções. 

VOLTA

 DATA DO PARTONÚMERO DA MÃEPESO DA MÃE NO DIA DO PARTONÚMERO DO CORDEIROPESO AO NASCER DO CORDEIROSEXO DO CORDEIROOBSERVAÇÕES

 CONTROLAR OS NASCIMENTOS     Os nascimentos devem ser controlados através de um livro ou pelo computador. As principais informações obtidas no dia do parto são as seguintes:

VOLTA

CORTE DE CAUDA EM CORDEIROS 

SÁ,J.L. & OTTO DE SÁ,C.VOLTA

FINALIDADE DA REALIZAÇÃO DO CORTE DE CAUDAHigiene

    O corte de cauda permite manter a região posterior do animal limpa, sendo de maior importância para as fêmeas, por causa das coberturas de dos partos. 

ANIMAIS    O Corte de cauda não é recomendado para os seguintes animais: 

RAÇAS OVINAS DESLANADASRAÇAS DE CAUDA GORDA (depósito de gordura na base da cauda que funciona

como reserva de energia)CORDEIROS MACHOS ABATIDOS JOVENS (a critério do criador em função da

disponibilidade de mão de obra para o corte de cauda). 

IDADEA idade ideal para o corte de cauda é quando o cordeiro tem em torno de 3 a 10 dias.

 TIPOS DE CORTE DE CAUDA

FACA

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PÁ DE DESCOLEELÁSTICODESCOLADOR ELÉTRICO

OBS.: Estes métodos somente são recomendados para cordeiros com no máximo 14 dias de idade. Acima desta idade, convém fazer de forma cirúrgica.

VOLTA

FORMA DE CONTENÇÃO

 LOCAL DO CORTE

 O corte deve ser realizado entre a segunda e a terceira vértebra caudal.Procurar localizar a região do corte, através do final da prega caudal.

  

FACAO corte deve ser realizado, com a faca limpa e

aquecida.A faca é forçada para cortar a cauda, de forma a dar

tempo para que ocorra a cauterização.É um método muito grosseiro e pouco prático.

   

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PÁ DE DESCOLEO método da pá de descole é semelhante ao da faca.Utiliza-se uma pá limpa com uma borda cortante e

cabo de madeira.Deve ser aquecida e pressionada sobre a cauda para

cortar e cauterizar.

   

VOLTA

ELÁSTICO 

O método do elástico consiste em colocar uma borracha na base da cauda, utilizando um elastrador.

A borracha impede a circulação.A cauda cai entre 7-10 dias.É um método prático, mas dolorido para o animal.Aumenta a incidência de tétano.

   

DESCOLADOR ELÉTRICOO descolador elétrico é o melhor método para se fazer

o corte de cauda.É um aparelho que corta e cauteriza, mantendo a

temperatura constante durante o manejo.Tem a desvantagem de não estar disponível no

mercado brasileiro, sendo feito somente por encomenda.

   

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CUIDADOSNos métodos que utilizam

metais quentes, deve-se cuidar para não queimar a região do ânus e/ou da vulva do cordeiro, no momento do corte.

No momento do corte não se deve puxar a cauda. Isto faz com que a pele, que iria ficar para proteger a região, saia com a cauda, deixando a vértebra exposta.

Após o corte e depois, três vezes por semana, deve-se fazer curativos, com pomadas repelentes e cicatrizantes.

  VOLTA

  

RISCOSHemorragias por má cauterizaçãoMiíases (bicheiras)InfecçõesSe a infecção atingir a medula causando uma mielite, vai ocorrer queda do trem

posterior. O tratamento é pouco eficaz.Perda de pesoMorte

VOLTA

CREEP FEEDING 

 OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.

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VOLTA

O QUE É CREEP FEEDING?O creep feeding, também conhecido por alimentação privativa, é a suplementação de

cordeiros em aleitamento com rações de alta qualidade, em locais que suas mães não tem acesso. 

POR QUE UTILIZAR O CREEP FEEDING?Os cordeiros que recebem suplementação com alimentos sólidos na fase de

aleitamento, apresentam um desenvolvimento mais rápido do rúmen, o que possibilita o desmame precoce (45-60 dias). 

POR QUE FAZER O DESMAME PRECOCE?Na fase de lactação, a ovelha apresenta uma queda da resistência e elimina muitos

ovos de parasitas nas pastagens. O cordeiro, com mais de 30 dias de idade, já consome uma quantidade considerável de pasto e acaba se contaminando com os ovos de parasitas de suas mães. A partir daí começa a perder peso. O problema se agrava quando a lotação das pastagens é elevada. Nesta situação recomenda-se utilizar o creep feeding e desmamar os cordeiros precocemente. Com 45-60 dias de idade o cordeiro é desmamado, vermifugado e colocado em pastagens relativamente livres de parasitas ou, então, confinados.

 COMO FAZER UM CREEP FEEDING?

VOLTA

CREEP FEEFING NA PASTAGEM    É um cercado móvel com uma altura de 80 cm e espaçamento entre as ripas de 20 cm. 

 VOLTA

CREEP FEEDING NO APRISCO    Para rebanhos de ovelhas que são recolhidos à noite em apriscos, pode-se utilizar uma baia do aprisco como creep feeding. Para isso, retira-se o portão da baia e coloca-se outro com ripas verticais espaçadas 20 cm.

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 LOCALIZAÇÃO DO CREEP FEEDING

O local escolhido para o creep feeding deve ser perto de bebedouros ou cochos de sal, onde as ovelhas ficam mais concentradas. O cordeiro não vai abandonar a sua mãe por longas distâncias, mesmo que seja para consumir ração. O creep feeding noturno em apriscos tem ótimos resultados porque fica próximo das ovelhas em áreas pequenas.

VOLTA

CONSUMO DE RAÇÃO NO CREEP FEEDINGNos primeiros dias de vida o cordeiro vai apenas entrar no creep feeding por

curiosidade. O consumo de ração começa com 14 dias de idade, em quantidades bem pequenas (10 g), até que com 60 dias atinge mais de 500 g por dia. Com esta idade e este consumo tem que ser feito o desmame. 

FATORES QUE AFETAM O CONSUMO DE RAÇÃO NO CREEP FEEDINGTIPO DE PARTO

Cordeiros de parto gemelar consomem mais ração do que cordeiros de parto simples.PRODUÇÃO DE LEITE DA MÃE

Filhos de ovelhas que produzem pouco leite consomem mais ração.DISPONIBILIDADE DE PASTAGENS

Quando a disponibilidade de pasto de boa qualidade é baixa, o consumo de ração no creep feeding aumenta. 

CREEP FEEDING E CORDEIROS DE PARTO GEMELARCordeiros de parto gemelar apresentam um menor peso ao nascer e desmamam mais

leves do que cordeiros de parto simples. Quando se utiliza o creep feeding, os cordeiros gêmeos compensam o menor consumo de leite pelo maior consumo de ração, podendo ter o mesmo desempenho de cordeiros de parto simples, na fase de aleitamento.

VOLTA

MEDIDAS DE COCHO PARA O CREEP FEEDINGLargura: 30 cm (acesso pelos dois lados do cocho)Altura do bordo superior ao solo: 30 cmProfundidade: 20 cmAltura dos pés do cocho: 10 cmRipas laterais: as ripas laterais evitam que os cordeiros entrem dentro do cocho. Elas

devem ficar a uma altura de 15-18cm do bordo superior do cocho.

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 VOLTA

RAÇÃO PARA O CREEP FEEDINGOs níveis de proteína e NDT em rações de creep feeding devem ser de 18% e 75%,

respectivamente.É importante que a ração tenha boa palatabilidade e digestibilidade.Alimentos fibrosos e de baixo valor nutricional não devem ser utilizados.

 EXEMPLO DE CONCENTRADO PARA O CREEP FEEDING

São várias as fórmulas de rações para creep feeding. A matéria prima utilizada depende do preço e da disponibilidade. Um exemplo de uma formulação bem simples é a seguinte:

 MATÉRIA PRIMA Kg PB(%) PB NDT(%) NDT

MILHO 68 9 6,12 80 54,4

FARELO DE SOJA 17 45 7,65 73 12,41

FARELO DE TRIGO 10 16 1,6 62 6,2

FARINHA DE CARNE 5 55 2,75 68 3,4

TOTAL 100   18,12   76,41

VOLTA

NUTRIENTES A SEREM CONSIDERADOS NA ALIMENTAÇÃO DE OVINOS

  

OTTO de SÁ e SÁ,J.L.

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 1. INTRODUÇÃO

VOLTA

    A capacidade produtiva dos ovinos tem evoluído a passos largos nos últimos 20 anos como fruto do melhoramento genético praticado nesta espécie, principalmente no que diz respeito à produção de carne. À medida que os ovinos passaram a apresentar maior ritmo de crescimento, maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e maior rendimento de carcaça, as suas necessidades nutricionais tornaram-se naturalmente mais elevadas.         Conseqüentemente, tendo em vista a limitada capacidade de consumo de alimentos e as particularidades do processo digestivo desses pequenos ruminantes, tais exigências nutricionais nem sempre são atendidas na sua totalidade, sendo que alguns nutrientes podem tornar-se limitantes à máxima expressão do potencial genético de produção, principalmente quando se consideram os sistemas tradicionais de alimentação baseados quase que exclusivamente em alimentos volumosos.    Portanto, no cálculo de uma dieta alimentar para ovinos deve-se pensar em como atender as exigências nutricionais dos animais, bem como na forma mais econômica para estabelecer o arraçoamento, já que o custo maior na produção é com a alimentação. Entretanto, é necessária atenção especial ao fator nutricional, pois, embora seja muitas vezes, considerado de alto custo no processo produtivo, ele é também a base de todo o sistema. Um rebanho mal nutrido além de apresentar queda na sua produção terá também, problemas de ordem reprodutiva e sanitária. 2. PRINCÍPIOS DA NUTRIÇÃO

VOLTA

    Na nutrição de ovinos deve-se considerar o tamanho do animal, o estágio de produção, bem como o valor nutritivo dos alimentos. Entretanto, na prática não é possível ter todos os animais com o mesmo tamanho em um rebanho e nem com o mesmo estágio de produção e, ainda, não é possível conhecer a composição química exata do alimento.     Portanto, os dados de exigências tabelados, nada mais são do que guias úteis à nutrição adequada; porém não são padrões a serem rigidamente seguidos. 3. NUTRIENTES A SEREM CONSIDERADOS NA NUTRIÇÃO OVINA     Dos nutrientes a serem considerados na nutrição temos: a)água, b)energia, c)proteína, d)minerais e e)vitaminas. 3.1. ÁGUA

VOLTA

    É considerado um nutriente essencial, pois representa 71-73% do peso corporal livre de gordura. Apresenta numerosas funções e sua deficiência tem efeitos mais imediatos e drásticos na fisiologia animal do que qualquer outro nutriente. 

FUNÇÕES E METABOLISMOa) Solvente de vários compostos.b) Transporte de fluidos no organismo.c) Transporte da ingesta no trato gastro-intestinal.d) Transporte de materiais no sangue e outros tecidos do corpo, para dentro e fora da célula.e) Eliminação de resíduos do organismo (urina, fezes, etc).f) Regulação da temperatura corporal. 

ORIGEM DA ÁGUA NO ORGANISMOa) Água de bebida.b) Água dos alimentos.c) Água metabólica proveniente das reações de oxidação dos componentes orgânicos. 

FATORES QUE AFETAM O CONSUMO DE ÁGUAa) Tipo de alimentação - o consumo voluntário de água é duas a três vezes o consumo de matéria seca e aumenta quando dietas ricas em proteína e sal são fornecidas para os animais.

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Por outro lado, alimentos com níveis elevados de umidade tendem a reduzir o consumo de água.b) Estágio de produção - a gestação e a lactação fazem com que ocorra um aumento no consumo de água. O consumo de água aumenta a partir do terceiro mês de gestação e dobra no quinto mês sendo maior para ovelhas de parto gemelar. Para ovelhas em lactação estima-se um consumo de água 100% superior ao das ovelhas não lactantes.c) Estação do ano - os ovinos podem consumir 12 vezes mais água no verão do que no inverno. 

TEMPERATURA DA ÁGUA CONSUMIDA    A temperatura da água consumida pode afetar a temperatura do rúmen, a digestão e a fermentação ruminal. Água consumida a 0oC reduz a temperatura do rúmen, suprime a atividade microbiana e, consequentemente, diminui a digestibilidade dos alimentos. 

ELIMINAÇÃO DA ÁGUAa) Urinab) Fezesc) Pulmõesd) Sudoração e vapor de água     As perdas de água são maiores em climas quentes pela sudoração e pulmões, para manter o equilíbrio térmico. As perdas aumentam com o maior consumo de proteína, quando é necessária mais água para que ocorra a excreção urinária. Também há uma maior perda de água quando há um aumento no consumo de fibra e/ou de alimentos. Quando a água é limitante é melhor diminuir o fornecimento de alimento antes que a água se torne um fator crítico. 

QUALIDADE DA ÁGUA    A qualidade e a quantidade de água disponível, podem afetar o consumo de alimento e a saúde animal, uma vez que a baixa qualidade da água, provoca diminuição no consumo da mesma, resultando também, em redução no consumo de alimentos. 3.2. ENERGIA

VOLTA

    A falta de energia limita a produção e o desempenho de ovinos mais do que qualquer outro nutriente. Esta falta pode resultar de quantidades insuficientes de alimento ou de alimentos de baixa qualidade.    O alimento consumido pode ser de tão baixa qualidade e digestibilidade que o animal não obtem a energia suficiente para suprir as suas necessidades. A forragem de baixa digestibilidade também conduz a uma redução de consumo. Ainda, a forragem pode ter um teor de água tão alto que limita o consumo de energia. 

SINAIS DE DEFICIÊNCIADependendo da severidade, pode ocorrer:a) Redução ou parada do crescimentob) Perda de pesoc) Redução da fertilidaded) Diminuição na produção de leite e na duração da lactaçãoe) Diminuição na quantidade e qualidade da lãf) Aumento da mortalidadeg) Queda da resistência a infecções parasitáriasA deficiência de energia pode ser complicada pela deficiência de proteína, minerais e vitaminas.  

FATORES QUE AFETAM AS NECESSIDADES DE ENERGIA

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    Além do tamanho, idade, crescimento e estado produtivo, bem como a sua relação com os demais nutrientes; o ambiente, a tosquia e o stress, são fatores que alteram as exigências energéticas.a) Meio Ambiente - temperatura, umidade e ventos podem aumentar ou diminuir as necessidades energéticas. Portanto, a zona de neutralidade térmica deve ser considerada. No inverno as exigências são maiores, mas o consumo também é maior. No verão as exigências são menores, mas o consumo é significativamente menor devido ao incremento calórico, dado principalmente, pelo processo produtivo.b) Tosquia - por reduzir o isolamento dado pela lã, as perdas de energia podem aumentar elevando suas exigências, principalmente no inverno. O animal tosquiado aumento seu consumo quando a disponibilidade de alimentos não é um fator limitante.c) Estresse - qualquer tipo de estresse aumenta as necessidades energéticas.d) Tipo de Criação- as necessidades de mantença para animais em pastejo podem ser de 10 a 100% superiores àqueles confinados, dependendo da disponibilidade de alimento e água e da distância percorrida diariamente (tamanho dos piquetes). 3.3. PROTEÍNA

VOLTA

    Dentre os nutrientes a serem supridos, a proteína tem recebido especial atenção por ser requerida em quantidades relativamente altas e ser de elevado custo. Reconhece-se que as necessidades proteicas dos ovinos e de outros ruminantes são um reflexo das exigências do hospedeiro e dos microorganismos do rúmen. Nos conceitos mais antigos da nutrição animal, afirmava-se que a qualidade da proteína não era importante, uma vez que toda a proteína fornecida para o ruminante era degradada no rúmen e seus aminoácidos constituintes utilizados para a síntese da proteína microbiana. Esta proteína, de qualidade superior à proteína dos volumosos, é que seria utilizada pelo hospedeiro, não havendo, portanto, razões para preocupar-se com a qualidade da proteína, mas sim com a sua quantidade. Entretanto, sabe-se hoje que a proteína microbiana, sintetizada no rúmen, não atende as exigências do hospedeiro de elevada capacidade de produção, principalmente no que diz respeito ao perfil e à quantidade de alguns aminoácidos. Embora uma parte da proteína ingerida pelo ruminante passe pelo rúmen sem sofrer degradação, essa proteína normalmente apresenta baixo valor biológico quando se trata de proteína de forragens. Desta forma, o ruminante de alto potencial genético sempre apresentará pequenas deficiências em determinados aminoácidos, os quais não são supridos tanto pela proteína microbiana como pela proteína não degradada da dieta, em quantidades suficientes para atender as exigências, limitando conseqüentemente, a sua capacidade produtiva. Assim sendo, para ruminantes de alta produção, é importante a suplementação de quantidades adicionais de proteína de boa qualidade e de baixa degradabilidade no rúmen como forma de complementar as exigências em aminoácidos do animal, assim como estimular a síntese de proteína microbiana. 

SINAIS DE DEFICIÊNCIA    O baixo consumo de proteína resulta na redução do apetite, no baixo consumo alimentar e na reduzida utilização dos alimentos. O baixo consumo de alimento resulta em redução do crescimento e desenvolvimento muscular e, conseqüentemente, perda de peso. A deficiência severa provoca severos distúrbios digestivos, anemia e edema. 3.4. MINERAIS

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    São 15 os elementos minerais necessários para os ovinos sendo 7 macroelementos e 8 microelementos.MACROELEMENTOS- Na, Cl, Ca, P, Mg, K e S.MICROELEMENTOS- I, Fe, Cu, Mo, Co, Mn, Zn e Se. CONSUMO DIÁRIO DE SAL MINERALIZADO (PRONTO PARA O USO) DE UM OVINO ADULTO:20g (8-12g de NaCl).  3.5. VITAMINAS

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 LIPOSSOLÚVEIS- A, D, E, K.HIDROSSOLÚVEIS- complexo B, C.

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