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Ministério das Relações Exteriores Departamento de Promoção Comercial Divisão de Informação Comercial Como Exportar Mercosul entre

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Ministério das Relações ExterioresDepartamento de Promoção Comercial

Divisão de Informação Comercial

Como ExportarMercosul

entre

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1Como Exportar

Mercosul

SU

RIO

SUMÁRIO

MAPA .......................................................................................................... 2INTRODUÇÃO .............................................................................................. 3

I � ASPECTOS GERAIS .................................................................................. 3

1. Instrumentos de constituição do MERCOSUL ................................................ 3

2. Relações entre o MERCOSUL e o GATT ........................................................ 6

3. Programa de Liberalização Comercial ........................................................... 7

4. Limites à Livre Circulação de Mercadorias � Regime de Adequação................... 9

5. Eliminação de restrições e medidas de efeitos equivalentes ............................ 11

6. Regime de Origem do MERCOSUL ................................................................ 12

7. Acordos Setoriais ..................................................................................... 17

8. Regime de Solução de Controvérsias ........................................................... 21

9. Jurisdição Internacional em Matéria Contratual ............................................. 23

10. Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos ....................................... 24

11. O MERCOSUL e os Acordos Bilaterais ......................................................... 26

II � ASPECTOS COMERCIAIS ........................................................................ 30

1. Instrumentos de Proteção Contra Práticas Desleais ....................................... 30

2. Regime Tarifário Aplicado às Importações de Terceiros Países ......................... 34

3. Regimes Especiais de Importação no MERCOSUL ........................................... 38

4. Restrições aos Subsídios Intra-regionais ...................................................... 39

5. Acordos de Livre Comércio com Terceiros Países ........................................... 41

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MERCOSUL - ACESSO AO MERCADO

INTRODUÇÃO

A entrada em vigor do Mercado Comum do Sul(MERCOSUL) criou um mercado de 200 milhões de habitantes,que trouxe maiores possibilidades de especialização produti-va, capacidade ampliada de absorção de produtos, serviços einvestimentos, e de diversidade de consumidores para coloca-ção das produções regionais.

A médio prazo, tendo em vista o ritmo de renovação dosmercados, da tecnologia, das formas de gestão, da

educação e do conhecimento científico, a maioria dasatividades, dos produtos e dos serviços sofrerão grandes trans-formações.

Os mercados apresentarão novas demandas e ao mes-mo tempo passarão a exigir também melhores níveis de

qualidade e condições de negociação empresarial.Os países-membros do MERCOSUL e a sociedade em

geral devem incorporar-se agilmente a este novo cenário paraadequar os recursos ao tempo futuro e construir o espaço na-cional de cada um dos países da região de modo atrativo paraos investimentos e o comércio e para novas iniciativas produ-tivas.

I - ASPECTOS GERAIS

1. INSTRUMENTOS DE CONSTITUIÇÃO DO MERCOSUL

a) Tratado de Assunção (26 de março de 1991)Tratado para constituição de um Mercado Comum entre

a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a Re-pública do Paraguai e a República Oriental do Uruguai. Tãologo subscrito e terminado o processo de ratificação em cadapaís, seu Programa de Liberalização Comercial foi incorporado

ao sistema da Associação Latino-Americana de Integração(ALADI) e nele protocolizado como Acordo de Alcance Parcialde Complementação Econômica nº 18, de 29 de novembro de1991.

b) Protocolo de Brasília para Solução de ControvérsiasDecisão do Conselho do Mercado Comum (CMC) (Deci-

são CMC 1/91).

c) Protocolo de Ouro Preto (dezembro de 1994)Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção, dispõe so-

bre a estrutura institucional do MERCOSUL.

1.1. Instrumentos

Os principais instrumentos para a constituição do Mer-cado Comum do Sul, definidos inicialmente no Tratado, com-preenderam:

a) Um programa de liberalização comercial, que previareduções tarifárias progressivas, lineares e automáticas, acom-panhadas da eliminação de restrições não-tarifárias ou medi-das de efeitos equivalentes, assim como de outras restriçõesao comércio entre os Estados Partes, para chegar a 31 dedezembro de 1994 com tarifa zero;

b) A coordenação de políticas macroeconômicas, a rea-lizar-se gradualmente e de forma convergente com os pro-gramas de desgravação tarifária e eliminação de restriçõesnão-tarifárias;

c) Uma tarifa externa comum, para incentivar acompetitividade externa dos Estados Partes; e

d) A adoção de acordos setoriais, com o objetivo deotimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção e

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alcançar escalas operacionais eficientes. Ademais, a fim defacilitar a constituição do Mercado Comum, os Estados Partesadotaram um Regime Geral de Origem, um Sistema de Solu-ção de Controvérsias e Cláusulas de Salvaguarda.

1.2. Funcionamento

São os seguintes os órgãos criados para alcançar osobjetivos acima descritos:

1.2.1. Conselho do Mercado Comum (CMC)O Conselho é o órgão superior do Mercado Comum,

correspondendo-lhe a condução política e a tomada de deci-sões para assegurar o cumprimento dos objetivos e prazosestabelecidos para a constituição definitiva do Mercado Co-mum. O Conselho é integrado pelos Ministros das RelaçõesExteriores e pelos Ministros da Fazenda, ou seus equivalentes,dos Estados Partes. O CMC se reúne, em média, duas vezespor ano. A presidência do CMC (que corresponde à Presidên-cia Pró Tempore do MERCOSUL) é exercida por rotação dosEstados Partes, e por períodos de seis meses.

1.2.2. Grupo Mercado Comum (GMC)O Grupo Mercado Comum (GMC) é o órgão executivo

do MERCOSUL, sendo coordenado pelos Ministérios das Rela-ções Exteriores dos Estados Partes. O GMC é integrado porrepresentantes dos Ministérios das Relações Exteriores, Fa-zenda e Bancos Centrais dos quatro Estados Partes. São asseguintes as funções do Grupo:

a) velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção;b) tomar as providências necessárias para o cumpri-

mento das decisões adotadas pelo Conselho do Mercado Co-mum;

c) propor medidas concretas no sentido da aplicação do

Programa de Liberalização Comercial, da coordenação de po-líticas macroeconômicas e da negociação de acordos com Es-tados não-membros e com agências internacionais;

d) fixar programas de trabalho que assegurem o avan-ço da constituição do mercado comum; e

e) intervir, se necessário, na solução de controvérsiasno âmbito do MERCOSUL.

O Grupo Mercado Comum conta com 11 Subgrupos deTrabalho e uma Secretaria Administrativa com sede em Mon-tevidéu, Uruguai.

1.2.3. Comissão de Comércio (CCM)

O Conselho do Mercado Comum criou a Comissão deComércio do MERCOSUL para assistir o GMC e velar pela apli-cação dos instrumentos de política comercial comum acorda-dos pelos Estados Partes para o funcionamento da União Adu-aneira. A comissão de Comércio reunir-se-á pelo menos umavez por mês ou sempre que solicitado pelo GMC ou por qual-quer dos Estados Partes. A Comissão de Comércio conta, ain-da, com 10 Comitês Técnicos (CT).

1.2.4. Subgrupos de Trabalho (SGT)

O Grupo Mercado Comum colocou em operação os se-guintes Subgrupos de Trabalho: Comunicação; Mineração;Regulamentos Técnicos; Assuntos Financeiros; Transportes eInfra-estrutura; Meio Ambiente; Indústria; Agricultura; Ener-gia; Assuntos Trabalhistas, Emprego e Seguridade; Saúde.

1.2.5. Comitês Técnicos (CT)

Os Comitês Técnicos são órgãos de assessoramento daCCM e dividem-se de acordo com os temas tratados.

Atualmente, existem dez CTs em funcionamento: Tari-fas, Nomenclatura e Classificação de Mercadorias; Assuntos

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Aduaneiros; Normas e Disciplinas Comerciais; Políticas Públi-cas que Distorcem a Competitividade; Defesa da Concorrên-cia; Práticas Desleais de Comércio; Comitê de Defesa Comer-cial e Salvaguardas; Defesa do Consumidor; Medidas e Res-trições Não-Tarifárias; Setor Automotivo e Setor Têxtil.

1.2.6. Secretaria Administrativa

A Secretaria Administrativa do Grupo Mercado Comumfoi constituída de acordo com Artigo 15º do Tratado de Assun-ção, que também determina que sua sede seja em Montevi-déu.

O Conselho do Mercado Comum, em sua primeira reu-nião realizada em nível presidencial, em Brasília, aprovou aDecisão nº 4/91 referente, entre outros assuntos, ao Regula-mento Interno do Grupo Mercado Comum, que estabelece asfunções da Secretaria Administrativa.

A principal função da Secretaria é a guarda de docu-mentos e de comunicações do GMC, a publicação de normas,além do apoio logístico a reuniões.

1.2.7. Reuniões Ministeriais

Não tem periodicidade estabelecida e servem, basica-mente, para a troca de experiências e o tratamento político detemas selecionados pelos próprios titulares das pastas. Atual-mente existem reuniões ministeriais de nove áreas distintas.

1.2.8. Foro Consultivo Econômico e Social (FCES)

Órgão de caráter consultivo, o FCES é o foro de repre-sentação dos setores econômicos e sociais.

1.2.9. Comissão Parlamentar Conjunta (CPC)

É o órgão de representação do poder legislativo dosEstados Partes. A CPC é composta por igual número de parla-mentares de cada país, perfazendo um total de 64 integran-tes.

1.2.10.Reuniões Especializadas

Órgãos de assessoramento do GMC, as ReuniõesEspecializadas funcionam como os SGTs, sendo que sua pautanegociadora não emana diretamente desse órgão.

1.2.11. Grupos Ad-Hoc

Foram criados pelo GMC para tratamento de algum temaespecífico. Os referidos Grupos têm duração determinada e,uma vez cumprida a tarefa atribuída pelo GMC, são extintos.

1.3. Constituição de uma União Aduaneira

Em dezembro de 1994 os países-membros assinaram oProtocolo de Ouro Preto que estabeleceu as bases institucionaispara a criação de uma União Aduaneira, que resultou, nestaprimeira fase, em uma �união aduaneira imperfeita�, dada aexistência de exceções à Tarifa Externa Comum e do regimede adequação à liberalização do comércio intrazonal.

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2. RELAÇÕES ENTRE O MERCOSUL E O GATT

O Artigo XXIV do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneirase Comércio (GATT) autoriza o estabelecimento, entre seus sig-natários, de união aduaneira ou zona de livre comércio, assimcomo a adoção de acordo provisório necessário para esse fim,desde que:

a) no caso de uma união aduaneira ou de acordo provi-sório para seu estabelecimento, os direitos tarifários, aplica-dos no momento da formação dessa união ou em que se cele-bre o acordo provisório, não sejam de uma incidência geralmais elevada, em seu conjunto, para o comércio com os de-mais países ou regiões que integram o GATT; nem as demaisregulamentações comerciais resultem mais rigorosas do queos direitos e regulamentos comerciais vigentes nos territóriosconstitutivos da união, antes do estabelecimento desta ou dacelebração do acordo provisório, conforme o caso;

b) no caso de uma zona de livre comércio ou de acordoprovisório para o seu estabelecimento, os direitos tarifáriosmantidos em cada território constitutivo e aplicáveis ao co-mércio dos países não participantes do referido território ouacordo, no momento em que se estabeleça a zona ou que secelebre acordo provisório, não sejam mais elevados, nem asdemais regulamentações comerciais mais rigorosas do que osdireitos e regulamentos comerciais vigentes nos territóriosconstitutivos da zona antes do estabelecimento desta ou dacelebração do acordo provisório , conforme o caso; e

c) todo acordo provisório a que se referem as alíneas�a� e �b� acima compreenda um plano e um programa para oestabelecimento, em prazo razoável, da união aduaneira ouda zona de livre comércio.

De acordo com o entendimento relativo do Artigo XXIVdo Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio de 1994,o �prazo razoável� a que se refere o parágrafo 5º, alínea �c�,não deverá ser superior a dez anos, salvo em casos excepci-

onais. Quando as Partes de um acordo provisório considera-rem esse prazo insuficiente, elas estarão obrigadas a justifi-car a necessidade de um prazo maior ao Conselho do Comér-cio de Mercadorias

2.1. Definições

Para os efeitos do Acordo Geral, entende-se por:a) União Aduaneira: a substituição de dois ou mais ter-

ritórios aduaneiros por um único território aduaneiro, de modoa:

( i ) que os direitos aduaneiros e outras regulamenta-ções comerciais restritivas sejam eliminados com respeito aoessencial dos intercâmbios comerciais entre os territóriosconstitutivos da união ou, pelo menos, para a parte essencialdas trocas comerciais dos produtos originários dos referidosterritórios, com o propósito final de alcançar tarifa zero nocomércio intrazonal;

( ii ) que cada um dos membros da União aplique aocomércio com os países extrazona direitos tarifários e demaisregulamentações de comércio, de maneira idêntica, e que atinjaa maior parte do universo dos produtos negociados, mediantea adoção de uma Tarifa Externa Comum.

b) Zona de Livre Comércio: um grupo de dois ou maisterritórios aduaneiros entre os quais são eliminadas as taxasaduaneiras e as outras regulamentações comerciais restriti-vas para a parte essencial das trocas relativas aos produtosoriginários dos territórios constitutivos da referida Zona.

2.2. Situação atual do MERCOSUL

O progresso na eliminação de tarifas e outras regula-mentações restritivas, assim como a adoção da Tarifa ExternaComum, a partir de 1º de janeiro de 1995, outorgaram aoMERCOSUL a condição de União Aduaneira. A União Aduanei-ra vigente ainda está em consolidação, tendo em vista que

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está temporariamente isenta da aplicação da Tarifa ExternaComum uma gama de produtos para cada um dos países-mem-bros, situação que resulta das exceções estabelecidas pelaDecisão nº 22/94, do Conselho do Mercado Comum.

3. O PROGRAMA DE LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL

O Tratado de Assunção estabelece que, durante o perí-odo de transição, isto é, desde sua entrada em vigor, até 31 dedezembro de 1994, um dos principais instrumentos para a cons-tituição do Mercado Comum seria o Programa de LiberalizaçãoComercial, que consiste em processo de rebaixamento tarifárioprogressivo, linear e automático, acompanhado da eliminaçãode restrições não- tarifárias ou de medidas de efeitos equiva-lentes, assim como de outras restrições ao comércio entreseus signatários, para chegar à data indicada com tarifa zeroe sem restrições não-tarifárias, para a totalidade do universode produtos (Tratado de Assunção, Art. 5, alínea �a�).

Para contornar os efeitos da cláusula de Nação MaisFavorecida, evitando a extensão das preferências derivadasdo programa de liberalização a terceiros países não-membrosdo MERCOSUL, foi assinado um Acordo de Alcance Parcial aoamparo do Tratado de Montevidéu de 1980, nas modalidadesprevistas no referido Tratado.

O Programa de Liberalização Comercial foi cumpridoatravés do Acordo de Complementação Econômica nº (ACE18), celebrado entre os Estados Partes em novembro de 1991.

3.1. Principais características do Programa deLiberalização Comercial

3.1.1. Tarifa AduaneiraAs disposições relativas à desgravação tarifária foram

cumpridas de acordo com os cronogramas estabelecidos, con-forme a natureza dos produtos, em cada uma das seguintessituações:

3.1.1.1. Produtos não-negociados nos Acordos deAlcance Parcial

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A partir da entrada em vigor do Acordo deComplementação Econômica nº 18, os Estados Partes assu-miram o compromisso de iniciar um programa de desgravação,linear e automático, beneficiando o intercâmbio dos produtosoriginários dos países signatários, conforme um cronogramasemestral que se iniciou em 30 de junho de 1991, com 47% depreferência como ponto inicial de desgravação, até alcançar100% em dezembro de 1994.

As preferências deveriam recair sobre a tarifa vigenteem cada um dos Estados Partes no momento de sua aplica-ção, consistindo em uma redução percentual dos gravamesmais favoráveis, aplicados à importação dos produtos proce-dentes de terceiros países não-membros da Associação.

3.1.1.2. Produtos negociados nos Acordos de Al-cance Parcial

As preferências incluídas nos Acordos de Alcance Parci-al, celebrados entre os países do MERCOSUL no âmbito doTratado de Montevidéu, deveriam aprofundar-se, conforme oprograma de liberalização comercial, de acordo com umcronograma semestral que, partindo de um preferência míni-ma de 40%, em uma série crescente à razão de 5%, deveriaalcançar 100% de preferência em 31 de dezembro de 1994.

A desgravação seria aplicada exclusivamente no qua-dro dos respectivos Acordos de Alcance Parcial, bilaterais ousetoriais, não beneficiando os demais membros do MERCOSULe não abrangendo os produtos incluídos nas respectivas listasde exceções.

3.1.1.3. As Listas de ExceçõesO programa de liberalização comercial previa a exclu-

são, dos cronogramas de desgravação, dos produtos compre-endidos nas listas de exceções apresentadas por cada um dosEstados Partes, contendo determinada quantidade de itens porpaís integrante.

Essas listas deveriam ser reduzidas ao final de cada

ano calendário, da seguinte forma:

a) para a República Federativa do Brasil e a RepúblicaArgentina, à razão de 20% dos produtos nelas incluídos; redu-ção aplicada desde 31 de dezembro de 1990;

b) para a República do Paraguai e para a República Ori-ental do Uruguai, a redução deveria operar-se à razão de:

10% na data de entrada em vigor do Tratado;10% em 31 de dezembro de 1991;20% em 31 de dezembro de 1992;20% em 31 de dezembro de 1993;20% em 31 de dezembro de 1994; e20% em 31 de dezembro de 1995.

Os produtos retirados das listas de exceção, conformeo cronograma anterior, deveriam beneficiar-se automaticamen-te das preferências que resultaram do programa dedesgravação geral para produtos não-negociados em Acordosde Alcance Parcial, com o percentual de desgravação mínimoprevisto na data em que fossem retirados das referidas listas.As reduções cumpriram-se em 28 de fevereiro de 1992, em26 de fevereiro de 1993 e em 17 de fevereiro de 1994, restan-do pendente a última redução relativa à República do Paraguaie à República Oriental do Uruguai, cujo prazo limite havia sidoprevisto até 31 de dezembro de 1995.

Foram, então, criados os Acordos de Apoio ao AjusteEstrutural (Decisão do CMC nº 13/93), que deram origem ao�Regime de Adequação Final à União Aduaneira� (Deci-são do CMC nº 5/94).

Em conseqüência, concluiu-se, a partir de 1º de janeirode 1995, o processo de redução das listas de exceções dosEstados Partes, previstas no ACE 18, instituindo-se, a partirde então, o Regime de Adequação Final à União Aduaneira.

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3.2. O Programa de Liberalização Comercial emmatéria de restrições não-tarifárias

Nesse tema, o Programa de Liberalização Comercial doTratado de Assunção não foi tão preciso como em relação eli-minação das taxas aduaneiras.

A norma limita-se a assinalar que as Partes só poderãoaplicar, aos produtos compreendidos no Programa deDesgravação até 31 de dezembro de 1994, as restrições não-tarifárias expressamente declaradas nas Notas Complemen-tares ao ACE 18, Art.11.

3.3. Disposições finaisO Tratado de Assunção estabelece que, a fim de facilitar

a constituição do Mercado Comum, os Estados Partes adotem,ademais, um Regime Geral de Origem, um Sistema de Solu-ção de Controvérsias e Cláusulas de Salvaguardas, incorpo-rados em Anexos ao Tratado.

4. LIMITES À LIVRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORI-AS - REGIME DE ADEQUAÇÃO FINAL À UNIÃO ADUANEI-RA

4.1. AntecedentesO Acordo de Complementação Econômica nº 18, que

compreende o Programa de Liberalização Comercial estabe-lecido pelo Tratado de Assunção, prevê rebaixamento tarifárioprogressivo e linear aplicável ao universo de mercadorias,exceto para uma lista de produtos qualificados pelos paísessignatários, como �sensíveis�. A lista deveria ser reduzida acada ano em 20%.

A eliminação total dos produtos incluídos na referidalista deveria ser completada no final do período de transição,ou seja, em 31 de dezembro de 1994, para os produtos rela-cionados pela Argentina e o Brasil. Ao Paraguai e ao Uruguaifoi concedido um ano adicional, ou seja, a eliminação totalseria alcançada em 31 de dezembro de 1995.

Antes do término do período de transição, o Conselhodo Mercado Comum determinou novos prazos e condições parafacilitar o processo de reconversão de alguns setores produti-vos. Foram, então, criados instrumentos que deram origemao �Regime de Adequação Final à União Aduaneira� (De-cisão nº 5/94, do CMC), destinado a acolher os produtos quetiveram de ser excetuados da liberalização comercial preten-dida.

4.2. Principais caraterísticas do Regime de Ade-quação

O Conselho do Mercado Comum aprovou, através daDecisão nº 24/94, as listas de produtos de cada país que inte-gram o Regime de Adequação, nos prazos e condições esta-belecidos pela Resolução 48/94 do GMC, assim como os ou-tros aspectos normativos que regulam o Regime.

O Regime de Adequação está vigente desde 1º de ja-neiro de 1995. Os produtos incluídos na referida lista estãosujeitos a taxas de importação que se reduzem anualmente

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em forma linear e automática até sua eliminação total, emprazo de quatro anos para a Argentina e o Brasil, e de cincoanos para o Paraguai e o Uruguai.

Dessa forma, a Argentina e o Brasil já alcançaram aliberalização total de direitos à importação em 1º de janeirode 1999 e o Paraguai e o Uruguai terão prazo até 1º de janeirodo ano 2000.

O ponto de partida para efetuar as respectivas redu-ções foram as tarifas nominais de cada país, vigentes em 5 deagosto de 1994.

As listas de produtos de cada país compreendem:

a) os itens tarifários incluídos no Regime de Adequação,por país;

b) a tarifa nominal total de cada item;c) a margem de preferência inicial, em vigência a partir

de 1º de janeiro de 1995 (Argentina e Brasil) e a partir de 1ºde janeiro de 1996 (Paraguai e Uruguai);

d) as alíquotas que serão aplicadas a cada ano no co-mércio intra-MERCOSUL, até alcançar a alíquota zero;

e) quando seja necessário, as alíquotas que serão apli-cadas a cada ano, no comércio com terceiros países, até al-cançar uma alíquota definida na Tarifa Externa Comum; e

f) as quotas, quando aplicáveis.

A tarifa aplicada ao comércio intrazonal dos produtoscompreendidos no Regime de Adequação não poderá ser su-perior à aplicada a terceiros países para a mesma classifica-ção aduaneira.

Desse modo, nenhum gravame tarifário ou paratarifáriodeverá incidir sobre o comércio dos referidos produtos.

Durante o período de vigência do Regime de Adequa-ção, os países poderão retirar produtos de suas respectivaslistas, assim como incluí-los novamente, ou aumentar as quo-tas estabelecidas inicialmente para a importação dos produtos

que tiveram quotas fixadas, assim como reincluí-los nos seusníveis originais. Poderão, também, antecipar o tratamento pre-visto no cronograma de desgravação em relação aos produ-tos compreendidos em suas respectivas listas.

A exclusão de produtos ou sua reintegração, assim comoo aumento das quotas ou sua reintegração ao nível original,ou a antecipação do cronograma por algum dos países serãoresultado de sua própria avaliação e decisão unilateral.

A referida decisão será comunicada às Partes com trin-ta dias de antecipação no caso de retirada de produtos, au-mento de quotas ou aumento de preferências; e com sessentadias de antecipação, no caso de reintegração de produtos, deretorno ao nível da quota original ou retorno ao nível de prefe-rência correspondente, segundo o cronograma de desgravação.Os produtos retirados do Regime de Adequação gozarão daliberalização total de taxas à importação. Os produtos que se-jam reintegrados receberão o tratamento tarifário que lhescorresponda, de acordo com a data de sua reintegração e coma estrita aplicação do cronograma.

Os países poderão recorrer até três vezes, para cadaitem tarifário da Nomenclatura Comum do MERCOSUL:

reintegração ao Regime de Adequação, ao estabeleci-mento de quotas originais e ao retorno das preferências nocronograma de desgravação, decisão que não poderá sermodificada durante um ano.

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5. ELIMINAÇÃO DE RESTRIÇÕES E MEDIDAS DEEFEITO EQUIVALENTE

5.1. Ajustes GeraisDentre os principais instrumentos estabelecidos pelo Tra-

tado de Assunção para facilitar a constituição do Mercado Co-mum, pode-se citar o Programa de Liberalização Comercial,que determinou a eliminação, até 31 de dezembro de 1994,das taxas e demais restrições aplicadas no comércio intrazonal.

O Tratado define como restrições: �qualquer medida decaráter administrativo, financeiro, cambial ou de qualquer ou-tra natureza, mediante a qual um Estado Parte impeça ou difi-culte, por decisão unilateral, o comércio recíproco. Não estãocompreendidas no referido conceito as medidas adotadas emvirtude das situações previstas no Artigo 50 do Tratado deMontevidéu de 1980�.

A exceção refere-se às medidas destinadas à proteçãoda moralidade pública; à aplicação de leis e regulamentos desegurança; à regulamentação das importações de armas, mu-nições e outros materiais de guerra e, em circunstâncias ex-cepcionais, todos os demais artigos militares; à proteção à vidae a saúde das pessoas, aos animais e aos vegetais; à importa-ção e exportação de ouro e prata metálicos; à proteção dopatrimônio nacional de valor artístico, histórico ou arqueológi-co; e à exportação, utilização e consumo de materiais nuclea-res, produtos radioativos ou qualquer outro material utilizávelno desenvolvimento ou aproveitamento de energia nuclear.

Os países do MERCOSUL fizeram o levantamento dasrestrições não- tarifárias aplicadas às suas importações e ex-portações recíprocas, decidindo a realização de um processode harmonização que incluiria tanto a compatibilização geraldas medidas envolvidas, como a eventual manutenção dasrestrições não- tarifárias de caráter não econômico, por ra-zões devidamente justificadas, por algum ou alguns dos Esta-dos Partes (Decisão nº 3/94 do CMC).

5.2. Identificação de restrições e processo de eli-minação ou harmonização

A primeira providência foi a identificação das medidasque deveriam ser objeto de eliminação, distinguindo-as da-quelas suscetíveis de um processo de harmonização e das quese podem manter ou estabelecer por estarem compreendidasnos conceitos previstos no Art. 50 do Tratado de Montevidéude 1980, envolvendo restrições não-tarifárias, de caráter nãoeconômico, por razões justificadas.

Enquanto não se alcançar a total harmonização das res-trições, os Estados Partes assumem o compromisso de nãoaplicar a seu comércio recíproco condições mais restritivas doque as vigentes para o comércio interno e externo.

Cabe assinalar que, pela Resolução nº 123/94, o GrupoMercado Comum identificou uma série de restriçõesnãotarifárias cuja eliminação deveria efetuar-se antes de 31de dezembro de 1994, e acordou que, no caso de medidasque requeressem trâmite no poder legislativo, esse trâmitedeveria ser iniciado antes daquela data.

5.3. O Acordo de Alcance Parcial deComplementação Econômica nº 18

Assinado em 29 de novembro de 1991, pelos Plenipo-tenciários da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai, oACE 18 reflete várias disposições do Tratado de Assunção eestá de conformidade com as disposições do Tratado de Mon-tevidéu de 1980 e com a Resolução n º 2 do Conselho deMinistros da ALADI, onde está protocolizado.

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6. REGIME DE ORIGEM DO MERCOSUL

6.1. IntroduçãoA emissão dos referidos certificados está a cargo de

repartições oficiais dos Estados Partes, designadas por cadaum deles, as quais poderão delegar sua competência a outrosorganismos públicos ou entidades de classe de nível superior,que atuem com jurisdição nacional, estadual ou municipal. Nãoobstante a delegação de sua competência, a repartição oficialem cada Estado Parte será responsável pelo controle dos cer-tificados emitidos.

Cada Estado Parte deverá enviar comunicado à Comis-são de Comércio sobre a repartição pública respectiva e asentidades de classe de nível superior habilitadas a emitir cer-tificados de origem, com o registro e �fac-símile� das assinatu-ras dos funcionários credenciados para tal finalidade.

6.2. Campo de aplicação das regras de origemO Oitavo Protocolo Adicional ao Acordo de

Complementação Econômica nº 18 substituiu o regime geralde origem que regia o referido Acordo desde sua assinatura,incorporando diferentes disposições adotadas pelo Conselhode Ministros em Decisões específicas ditadas sobre a matéria(Decisões nº 6/94; 7/94; Art.12 número 2; e 23/94).

O Conselho de Ministros adotou uma primeira lista deprodutos sujeitos à aplicação do Regime de Origem doMERCOSUL, com os requisitos de origem correspondentes (De-cisão nº 5/96, Art. 1º ).

A referida Decisão faculta, desse modo, às Partes exigiro cumprimento do regime de origem em conformidade com o8º Protocolo Adicional do ACE 18, a itens selecionados da tari-fa.

Não obstante ter cumprido a identificação dos produtossubmetidos às Regras de Origem do MERCOSUL, na atualida-de os Estados Partes exigem o certificado de origem para to-

dos os produtos que gozam de tratamento preferencial no in-tercâmbio intrazonal.

6.3. Critérios gerais para a qualificação de ori-gem

O Regime de Origem do MERCOSUL estabelece diferen-tes critérios para qualificar a origem das mercadorias objetodo intercâmbio preferencial intra-MERCOSUL, que contemplamtanto as �produzidas� no território dos Estados Partes como asque, ademais de produzidas, devem satisfazer outros requisi-tos estabelecidos pelas Partes.

Entre os critérios gerais de qualificação, o Regime deOrigem do MERCOSUL estabelece que serão considerados comooriginários:

a) os produtos elaborados integralmente no territóriode qualquer um dos Estados Partes, quando, em sua elabora-ção, forem utilizados, única e exclusivamente, materiais origi-nários dos referidos Estados;

b) os produtos dos reinos mineral, vegetal e animal,incluindo os de caça e pesca, extraídos, colhidos ou recolhi-dos, nascidos e criados em seu território ou em suas águasterritoriais, patrimoniais e zonas econômicas exclusivas; e osprodutos do mar extraídos fora de suas águas territoriais,patrimoniais e zonas econômicas exclusivas, por barcos desua bandeira ou arrendados por empresas estabelecidas emseu território, e processados em suas zonas econômicas, mes-mo quando tenham sido submetidos a processos primários deembalagem e conservação necessários para suacomercialização, e que não impliquem mudança de classifica-ção na nomenclatura;

c) os produtos em cuja elaboração se utilizem materiaisnão-originários dos Estados Partes, quando resultem de um

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processo de transformação realizado em seu território que lhesconfira uma nova individualidade, caracterizada pelo fato deestarem classificados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL,em posição diferente à dos mencionados materiais, exceto noscasos em que se considere necessário utilizar o critério detroca de posição tarifária mais um valor agregado de conteú-do regional de 60%; e

d) os produtos resultantes de operações de união oumontagem realizadas no território de um país do MERCOSUL,utilizando materiais originários de terceiros países quando ovalor CIF porto de destino ou CIF porto marítimo desses ma-teriais não exceda 40% do valor FOB (do produto terminado).

O Regulamento prevê que, nos casos em que o critériode troca de classificação tarifária não possa ser cumprido por-que o processo de transformação operado não implica trocade posição na Nomenclatura Comum do MERCOSUL, bastaráque o valor CIF porto de destino ou CIF porto marítimo dosinsumos de terceiros países não exceda 40% do valor FOB dasmercadorias em questão.

O Regulamento estabelece uma norma relativa à pon-deração do valor CIF dos materiais originários de terceirospaíses para os Estados Partes sem litoral marítimo, em virtudeda qual se considera como porto de destino, para efeitos dadeterminação do valor CIF das mercadorias originárias de ter-ceiros países, �os depósitos e zonas francas concedidas pelosdemais Estados Partes e quando os materiais cheguem por viamarítima�.

Com a referida norma, consagra-se a possibilidade deque o país do MERCOSUL sem litoral marítimo deduza do valorCIF dos materiais importados de terceiros países o custo detransporte desde o porto marítimo de chegada das mercadori-as até seu lugar de internação ou de destino.

Dessa forma não se computará, em nenhum caso, ofrete de uma mercadoria destinada a Assunção, no Paraguai,

que tiver chegado por via marítima, por exemplo, ao porto deMontevidéu, encontrando-se em depósito ou zona franca con-cedida pelo Uruguai ao Paraguai.

6.4. Requisitos específicos de origem

6.4.1. Adoção de requisitos específicos de ori-gem

O Regulamento refere-se a uma categoria de produtoscuja qualificação como originários do território dos EstadosPartes não surge da aplicação de qualquer dos critérios geraisanalisados acima, e sim para cumprir determinados requisitosespecíficos, estabelecidos por norma expressa das autorida-des competentes do MERCOSUL.

Os requisitos específicos de origem prevalecem sobreos critérios gerais para a qualificação de um mesmo produto.

6.4.2. Utilização de materiais não-originários

O Regulamento admite a possibilidade de utilizar, na ela-boração dos produtos finais a serem exportados, materiaisnão-originários dos Estados Partes, quando os requisitos es-pecíficos não possam ser cumpridos por problemas circuns-tanciais de abastecimento, disponibilidade, especificações téc-nicas, prazo de entrega e preço (Art. 5).

A norma obriga as autoridades habilitadas do EstadoParte exportador a emitir o certificado correspondente, quedeverá ser acompanhado de uma declaração de necessidadeexpedida pela autoridade governamental competente, infor-mando ao Estado Parte importador e à Comissão de Comércioos antecedentes e circunstâncias que justifiquem a expediçãodo referido documento.

Frente à contínua reiteração desses casos, o Estado Parteexportador ou o Estado Parte importador comunicará a situa-

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ção à Comissão de Comércio com vistas a revisar o requisitoespecífico.

6.4.3. Máxima utilização de materiais originários

O Regulamento estabelece que o critério de máximautilização de materiais e outros insumos originários das Partesnão poderá ser considerado para fixar requisitos que impli-quem uma imposição de materiais ou outros insumos dos re-feridos Estados Partes, quando estes não cumpram as condi-ções adequadas de abastecimento, qualidade e preço ou nãose adaptem aos processos industriais ou tecnologias aplicadas(Art. 5 parágrafo 4).

6.5. Processos de elaboração insuficientes paraa qualificação de origem

O Regulamento estabelece que não serão consideradosoriginários os produtos resultantes de operações ou processosefetuados no território de um Estado Parte para que adquirama forma final em que serão comercializados, quando nessasoperações ou processos forem utilizados exclusivamente ma-teriais ou insumos não- originários dos Estados Partes e con-sistam apenas em montagens ou união de partes, embala-gens, divisão em lotes ou volumes, seleção, classificação,marcação ou composição de variedades de mercadorias ousimples diluições em água ou outra substância, que não alte-rem as características do produto como originário, ou outrasoperações ou processos equivalentes.

A norma é clara: não são originários os produtos queresultem de operações ou processos nos quais sejam utiliza-dos exclusivamente materiais ou insumos não- originários dosEstados Partes e consistam apenas nas operações ou proces-sos aos quais se refere expressamente.

6.6. Tratamento cumulativo

O Regulamento de Origem prevê a aplicação do trata-mento cumulativo, dispondo que, para o �cumprimento dosrequisitos de origem, os materiais originários do território dequalquer um dos países do MERCOSUL, incorporados a umdeterminado produto, serão considerados originários do terri-tório deste último� (Art. 7).

6.7. Conceito de expedição direta

Para ter acesso às vantagens do esquema preferencialdo MERCOSUL, os produtores e exportadores das Partes de-verão cumprir os requisitos de origem que qualificam seusprodutos e as disposições relativas à sua expedição.

O Regulamento estabelece que as mercadorias deve-rão ter sido expedidas diretamente do Estado Parte exporta-dor ao Estado Parte importador e define a expedição direta daseguinte forma:

a) as mercadorias transportadas sem passar pelo terri-tório de algum país não- participante do MERCOSUL;

b) as mercadorias transportadas em trânsito por um oumais países não participantes, com ou sem transbordo ouarmazenamento temporário, sob vigilância de autoridade adu-aneira competente em tais países, sempre que:

( i ) o trânsito estiver justificado por razões geográficasou por considerações relativas a requerimentos de transpor-te;

( ii ) não estiverem destinadas ao comércio, uso ouemprego no país de trânsito; e

( iii ) não sofram, durante o transporte ou depósito,qualquer operação distinta das de carga e descarga ou mani-pulação para mantê-las em boas condições ou assegurar suaconservação.

O Regulamento permite que o país importador aceite aintervenção de operadores de terceiros-países, registrados noscertificados de origem, desde que cumpridas as disposiçõesrelativas à expedição direta e emitida a fatura comercial pelas

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autoridades competentes do Estado Parte exportador.

6.8. Declaração, certificação e comprovação daorigem

6.8.1. Entidades certificadorasO certificado de origem é o documento que os Estados

Partes anexam ao despacho aduaneiro das mercadorias e como qual se atesta o cumprimento dos requisitos de origem emtodos os casos submetidos à aplicação das normas do Regula-mento de Origem do MERCOSUL.

As repartições públicas habilitadas para a certificaçãode origem das mercadorias ou atribuição de poderes para essacertificação são as seguintes:

ArgentinaMinisterio de Economía, Obras y Servicios PúblicosSecretaría de Comercio e Inversiones � Subsecretaría de Co-mercio ExteriorHipólito Irigoyen nº 250, piso 11 � Oficina 1140Buenos AiresFone: 349-5330/67 � Fax 3495595

BrasilMinistério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioSecretaria de Comércio Exterior � SECEXPraça Pio X Nº 54 - 11º piso � sala 1102Cep 20 091-040 - Rio de JaneiroFone: (021) 216 0258 / 253 7873Fax: (021) 516 2193

ParaguaiMinisterio de Industria y ComercioDepartamento de Comercio ExteriorAvda. España 32d3 (Asunción)Fone: 27140/204793 � Fax: 210570

UruguaiMinisterio de Economía y FinanzasDirección General de Comercio ExteriorColonia N º 1206 � 2º piso (Montevideo)Fone: 9007195 / 9014115 � Fax: 9021726

No Brasil, normalmente, as Federações ou Confedera-ções da Indústria, do Comércio ou da Agricultura estão habili-tadas a emitir os referidos certificados.

6.8.2. Solicitações de certificaçãoO Regulamento de Origem do MERCOSUL estabelece

que a solicitação de um certificado à entidade certificadoradeve ser precedida de uma declaração juramentada ou outroinstrumento jurídico de efeito equivalente - assinado pelo pro-dutor final, em que se deve indicar as características e com-ponentes do produto e o processo de sua elaboração, ade-mais de determinados dados de sua empresa.

A descrição do produto incluído na declaração do pro-dutor deve coincidir com a que corresponde à Nomenclaturado MERCOSUL, com a que se registra na fatura comercial, e,obviamente, com a do Certificado do origem que acompanhaos documentos apresentados para o despacho aduaneiro. Adi-cionalmente, poderá incluir a descrição usual do produto.

A declaração do produtor deve ser apresentada comantecipação suficiente à solicitação de certificação.

6.8.3. Vigência e prazo para a emissão do certifi-cado do origem

Os certificados de origem têm uma vigência de cento eoitenta dias contados a partir da data de expedição pela enti-dade certificadora correspondente.

Sua emissão deverá ser feita exclusivamente no for-mulário registrado no 14º Protocolo Adicional do ACE 18.

O certificado não poderá ser emitido com antecipação à

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data da fatura comercial correspondente, e sim nos sessentadias seguintes à emissão da fatura, não podendo superar osdez dias úteis posteriores ao embarque definitivo da mercado-ria.

6.8.4. Verificação e controle do certificadoAs autoridades encarregadas da aplicação das normas

no Estado Parte importador poderão requerer da entidadecertificadora do Estado Parte exportador, responsável pelaverificação e controle dos certificados, informações adicionaisno caso de ter dúvidas com respeito à verificação e controledo certificado.

Não obstante, o Estado Parte importador não poderádeter o trâmite da importação podendo, em contrapartida,adotar as medidas que considere necessárias para garantir otributo fiscal.

A entidade certificadora do Estado Parte exportador devefornecer as informações solicitadas no prazo de 15 dias. Suainformação é confidencial e somente pode ser utilizada paraesclarecer o caso específico. Se a informação requerida nãofor fornecida, ou for insuficiente, a administração aduaneirado país importador poderá determinar, como medida preventi-va, a suspensão do ingresso de produtos da empresa em ques-tão ou de operações vinculadas com a entidade certificadoraenvolvida (incluídas as que estiverem em trâmite aduaneiro).Os antecedentes serão submetidos imediatamente à Comis-são do Comércio, que deverá adotar decisão dentro de vintedias corridos, contados a partir da data da comunicação rece-bida.

O Estado Parte importador pode verificar, por intermé-dio das autoridades competentes do Estado Parte exportador,se um bem é originário, mediante:

(a) encaminhamento de questionários escritos, dirigi-dos ao produtor ou exportador do Estado Parte exportador;

(b) solicitação ao Estado Parte exportador de gestões

necessárias para facilitar-lhe visitas de verificação às instala-ções do exportador, com o objetivo de examinar os processosprodutivos, as instalações utilizadas na produção do bem, as-sim como outras ações que contribuam para a verificação deorigem;

(c) outros procedimentos acordados pelos Estados Par-tes para facilitar a realização de auditorias externas recípro-cas.

6.8.5. Das sanções por não cumprimento, adul-teração e falsificação de certificados

O país receptor das mercadorias amparadas por certifi-cados emitidos sem que se ajustem às disposições regula-mentares, ao verificar sua adulteração ou falsificação, poderáadotar as sanções que estime procedentes para preservar seuinteresse fiscal ou econômico.

Nesse caso, a entidade emissora dos certificados com-partilha a responsabilidade com quem os solicitou, no que serefere à autenticidade dos dados contidos nos referidos certi-ficados e na declaração do produtor, responsabilidade que nãolhe será imputada quando a entidade emissora demonstre terexpedido o certificado com base em informações falsasfornecidas pelo solicitante (fato que esteja fora de suas práti-cas usuais de controle). Comprovada a falsidade da declara-ção do produtor, o exportador não poderá realizar operaçõescomerciais no âmbito do MERCOSUL pelo prazo de dezoitomeses, sem prejuízo das sanções penais correspondentes con-forme a legislação do seu país.

As entidades certificadoras, no que tange à emissão decertificados, poderão ser suspensas pelo prazo de doze me-ses. Em contrapartida, quando se comprovar a adulteração oufalsificação de certificados, as autoridades competentes do paísexportador cancelarão a habilitação do produtor final ou doexportador para atuar no âmbito do MERCOSUL.

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A sanção poderá estender-se à entidade ou entidadescertificadoras, quando as autoridades competentes do paísassim julgarem.

7. ACORDOS SETORIAIS

Ao estabelecer os propósitos, princípios e objetivos paraa constituição de um mercado comum entre seus Estados Par-tes, o Tratado de Assunção previu que, durante o período detransição estabelecido para facilitar a constituição, um dos prin-cipais instrumentos seriam os �acordos setoriais�, celebrados�com o fim de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores deprodução e de alcançar escalas operativas eficientes� entre asPartes (Tratado de Assunção, Art 5, alínea d).

Até o momento, entretanto, o Conselho do MercadoComum somente definiu a criação de alguns grupos �adhoc�,com o objetivo de estudar o regime de adequação dos setoresaçucareiro e automotivo ao funcionamento da União Aduanei-ra, considerados de vital importância para a economia dasPartes (Decisões n º 19/94 e 29/94).

7.1. Setor automotivo

7.1.1. IntroduçãoAs assimetrias existentes no setor automotivo (entre as

quais cabe citar a condição de grandes fabricantes que osten-tam a Argentina e o Brasil frente aos demais Membros) e osprogramas de incentivos vigentes nos Estados Partes tornama negociação dessa matéria um dos pontos mais complexospara a fixação de uma política comum.

7.1.2. Adequação a um regime automotivo comumO regime comum para o setor automotivo deveria, con-

forme a Decisão nº 29/94, do Conselho Mercado Comum, con-ter (Artigo 6º):

a) a liberalização total do comércio intrazonal para osprodutos do setor automotivo;

b) uma tarifa aduaneira comum;c) a ausência de incentivos nacionais que possam

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distorcer a competitividade na região;d) regime de importação de partes e peças para uso

final dos produtores de peças;e) regime de importação de veículos;f) índices de regionalização dos produtos dos Estados

Partes;g) regras de proteção ao meio ambiente e de segurança

do usuário; eh) mecanismo de transição dos regimes nacionais para

o regime comum, incluindo a harmonização dos mecanismosde promoção existentes.

A entrada em vigor do regime comum foi prevista para1º de janeiro do ano 2000. Os Países-Membros chegaram aentendimento quanto à alíquota comum genérica de 35%, quedeve vigorar a partir daquela data, para as importações origi-nárias ou provenientes de terceiros países. Permanecem pen-dentes de solução, entretanto, temas importantes tais

como índice de nacionalização das autopeças, compen-sação ao Paraguai e Uruguai que não dispõem de grandesmontadoras, além da questão dos incentivos fiscais concedi-dos pelos Estados brasileiros com vistas à atração de investi-mentos de montadoras.

7.1.3. Acordo bilateral Brasil/ArgentinaO Acordo entre o Brasil e a Argentina é o instrumento

que atualmente regula a questão do setor automotivo no âm-bito bilateral, até que se possa definir uma regra comum setorial.Pelo acordo, a Argentina reconhece as partes e peças de ori-gem brasileira como nacionais, sempre que as mesmas foremcompensadas com exportações conforme o regime automotivoargentino e com exportações para qualquer outro país.

As exportações de partes e peças argentinas para o Brasilseriam multiplicadas por um coeficiente de 1,2, a partir de 1ºde janeiro de 1995, para compensar as partes importadas doBrasil. As partes e peças de origem brasileira destinadas aomercado de reposição deveriam ser importadas livremente,

sem requisito de compensação, pagando tarifa intrazonalzero.

O Brasil, por sua vez, considerou como nacionais asautopeças argentinas, a fim de cumprir com o requisito doconteúdo nacional previsto para o então vigente programabrasileiro de carro popular. Ademais, os veículos fabricadosna Argentina, que cumprissem com os requisitos exigidosno regime brasileiro de carro popular, receberiam, no Bra-sil, tratamento de produto nacional. Também se estabele-ceu o livre comércio e tarifa zero para o intercâmbio deautomóveis, caminhões e ônibus completos, para usuáriosfinais.

O Brasil aceitou a vigência do regime automotivo ar-gentino até 31 de dezembro de 1999, enquanto que a Ar-gentina fez o mesmo a respeito do regime de carro populare outras regulamentações, até 31 de dezembro de 1996.

As exportações argentinas para o Brasil alcançam,na atualidade, conforme o acordo bilateral entre ambos ospaíses para as montadoras radicadas na Argentina, 40.000unidades (a Argentina procura manter essa quantidade anualaté o ano 2000). Por sua parte, a Argentina abriria seu mer-cado para 13.000 unidades oriundas de fábricasestabelecidas no Brasil que não tivessem produção similarna Argentina.

7.1.4. Acordo bilateral Argentina/UruguaiO regime relativo ao setor automotivo argentino-uru-

guaio é regulado pelo Acordo de Complementação Econô-mica nº 1, ao amparo do qual seus signatários procederamà formalização, na data de 13/08/97, do Quarto ProtocoloAdicional, em que se estabelece o �Regime para o Comér-cio dos Produtos do Setor Automotivo�.

Dentre as principais disposições do referido regime,cabe destacar:

a) A Argentina assume o compromisso de autorizar,

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anualmente, a importação, com tarifa zero, de veículos origi-nários e procedentes do Uruguai produzidos em fábricas auto-rizadas pela Direção Nacional de Indústria do Ministério daIndústria, Energia e Mineração, que cumpram os índices deconteúdo nacional e importado estabelecidos, até uma quotaequivalente a 5% da produção automotiva argentina no anoimediatamente anterior. Dentro dessa quota, admitir-se-á umnúmero de unidades da categoria B, que poderá ser revisadaanualmente, reservando-se o resto da quota para veículos dasposições NCM 8703 e das posições NCM 8704.21.90 e8704.31.90, todos das categoria A, ambas as categorias defi-nidas no Regime Automotivo argentino, no Artigo 3º do Decre-to n º 2.677 do Poder Executivo Nacional, de 20/12/91.

A República da Argentina considerará como de origemnacional, de acordo com a regulamentação para a indústriaautomotiva, as autopeças e os veículos produzidos no Uruguaie importados ao amparo do Acordo, e de conformidade comas condições estabelecidas no Quarto Protocolo. Em razão doProtocolo e considerando os regulamentos estabelecidos naArgentina, pela Lei nº 21.930, aos veículos produzidos no Uru-guai serão aplicados os mesmos tributos que incidem sobre osveículos com as mesmas características de fabricação argen-tina.

b) Com referência ao Uruguai, o país autorizará, anual-mente, ao amparo do Quarto Protocolo, a importação com ta-rifa zero de veículos originários e procedentes da Argentina,produzidos em fábricas autorizadas pela Direção Nacional deIndústria da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração,que cumpram os índices estabelecidos de conteúdo nacional eimportado, até alcançar uma quota a ser determinada a cadaano.

c) As Direções Nacionais da Indústria dos países signa-tários efetuarão a distribuição da quota de exportação, acor-dada para cada ano, entre as empresas instaladas em cadapaís e comunicarão à Direção Nacional de Indústria do outro

país signatário.d) As normas de origem aplicáveis ao comércio recí-

proco de produtos do setor automotivo serão aquelas relati-vas ao conteúdo nacional e importado do Regime Automotivoargentino.

7.1.5. Acordo bilateral Brasil/UruguaiO regime que regula o comércio do setor automotivo

entre o Brasil e o Uruguai, incluído no Acordo deComplementação Econômica nº 2, tem sido objeto de diferen-tes modificações, todas elas formalizadas em Protocolos Adi-cionais ao Acordo original. O Protocolo relativo ao ano de 1997define, entre outros aspectos, as quotas de importação de ve-ículos relativas a cada uma da Partes, da seguinte forma:

a) Brasil outorga ao Uruguai uma quota de 13.000 veí-culos classificados nas posições 8702, 8703 e 8704, para qual-quer categoria.

b) Uruguai outorga ao Brasil, para o mesmo ano, umaquota de 4.000 unidades de veículos classificados nas posi-ções 8703 e 8704 para unidades de até quatro mil quilos depeso bruto total.

c) Como norma de origem, a percentagem fixada é de60/40% para os modelos em produção; de 55/45% para osnovos modelos;

d) a percentagem de peças de origem regional aplicá-vel aos modelos em produção se estabelece em 25%.

Cabe ainda assinalar que o regime para a regulamen-tação do comércio automotivo entre os dois países foi forma-lizado no Décimo Sétimo Protocolo Adicional do Acordo Origi-nal, de 12/07/93.

7.2. Setor AçucareiroA Decisão nº 7/94 do CMC, em seu Artigo 10, determi-

nou a constituição de um grupo �ad-hoc� encarregado de estu-

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dar o regime de adequação do setor, no âmbito da União Adu-aneira.

Pela Decisão nº 19/94 o Conselho do Mercado Comumresolveu renovar o mandato delegado ao grupo �ad-hoc�, comvistas a definir um regime para a adequação do setor açuca-reiro no MERCOSUL, ou seja, Tarifa Externa Comum e livrecomércio intrazonal até o ano de 2001. Assim, o setor tempermanecido excluído do regime de adequação, que prevêdesgravações lentas e graduais até o ano de 2001 ou de 2006,segundo os produtos.

O grupo �ad-hoc� �deveria apresentar ao Grupo Merca-do Comum, até 1º de novembro de 1995, uma proposta parao setor açucareiro�. A referida proposta deveria ter os seguin-tes parâmetros:

a) a liberalização gradual do comércio intra-MERCOSULpara os produtos do setor açucareiro; e

b) a neutralização de distorções que possam resultar deassimetrias entre as políticas nacionais para o setor açucarei-ro.

A partir de 1º de janeiro de 1995 e até a aprovação finaldo regime para o setor, os Estados Partes poderão aplicar suasproteções nominais totais ao comércio intrazonal e às impor-tações provenientes de terceiros países. Em nenhum caso asproteções nominais totais incidentes sobre o comércio intrazonal(incluindo a tarifa �ad-valorem� e outras taxas tarifárias ouparatarifárias) poderão ser superiores à proteção nominal to-tal incidente sobre importações provenientes de terceiros pa-íses. São os seguintes os produtos sujeitos à aplicação dasproteções nominais totais:

a) açúcar de cana em bruto sem adição de aromatizantesou colorantes (NCM 1701. 11.00);

b) açúcar de beterraba sem adição de aromatizantes oude colorantes (NCM 1701. 12.00);

c) os demais açúcares adicionados de aromatizantes ou

de colorantes (NCM 1701. 91.00) ; ed) os demais açúcares (NCM 1701.99.00).Cabe salientar, nesse quadro, que o Governo argentino

aprovou lei que estabelece imposto de importação da ordemde 23% sobre o açúcar brasileiro vendido na Argentina, ale-gando incentivos concedidos pelo PROÁLCOOL.

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8. REGIME DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS DOMERCOSUL

A adoção de mecanismo regional de solução de contro-vérsias obedece, em definitivo, a inadiável necessidade de dis-por de um sistema que: controle a aplicação das normas ema-nadas de um Tratado ou de um Acordo; resolva as controvér-sias sobre o cumprimento das obrigações e compromissosassumidos pelos países-membros; e interprete os princípiosque configuram sua estrutura jurídica.

8.1. Âmbito de aplicaçãoO procedimento de solução de controvérsias está conti-

do em dois documentos: Protocolo de Brasília e Anexo ao Pro-tocolo de Ouro Preto.

O Artigo 1º do Protocolo fixa as normas a que os Esta-dos Partes estão obrigados e cuja inobservância determinauma falta de cumprimento das disposições do Tratado de As-sunção, dos acordos celebrados ao amparo do referido Trata-do, das decisões do Conselho Mercado Comum, das resolu-ções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissãode Comércio.

8.2. Procedimentos para a solução de controvér-sias

8.2.1. Entre Estados8.2.1.1. Etapas do procedimentoO mecanismo de solução de controvérsias entre Esta-

dos, regulado pelo Protocolo de Brasília, desenvolve-se emtrês etapas, cada uma das quais é pressuposto necessário eobrigatório da seguinte.

- Negociações diretas: o Protocolo prevê um prazomáximo de duração de quinze dias, contados a partir da dataem que uma das Partes levantar a controvérsia.

- Intervenção do Grupo Mercado Comum: fracas-

sada a instância anterior, o Protocolo habilita qualquer um dosEstados Partes a recorrer ao Grupo Mercado Comum. O órgãoavaliará a situação, ouvirá as Partes e, sempre que considerenecessário, poderá recorrer à designação de especialistas paraque o assessorem sobre a controvérsia.

Esta instância prevê o máximo de trinta dias, ao térmi-no dos quais o Grupo Mercado Comum formulará recomenda-ções aos Estados Partes envolvidos na controvérsia, para asolução da questão.

- Procedimento de arbitragem: o procedimento seconsubstancia perante um tribunal �ad hoc� composto de trêsárbitros, cuja competência não é, pois, de caráter permanen-te. O Estado Parte que resolva iniciar o procedimento deverácomunicar à Secretaria Administrativa sua intenção de recor-rer ao mesmo, a qual, por sua vez, deverá comunicá-lo aosEstados restantes envolvidos na controvérsia e ao Grupo Mer-cado Comum.

8.2.1.2. Procedimento arbitrala) LegitimaçãoTanto a legitimação ativa como a passiva ficam limita-

das aos Estados Partes, únicos participantes e demandantesdeste procedimento.

b) ObjetoA controvérsia pode versar sobre a interpretação, apli-

cação ou sobre o não- cumprimento das disposições contidasno Tratado de Assunção e nos acordos celebrados no seu âm-bito, nas decisões do Conselho Mercado Comum, nas resolu-ções do Grupo Mercado Comum e nas Diretrizes da Comissãode Comércio.

c) TrâmiteCumpridas as duas fases prévias, pode-se constituir um

Tribunal Arbitral, por iniciativa de qualquer uma das Partesenvolvidas na controvérsia, através da Secretaria Administra-tiva.

O Tribunal é integrado por três árbitros designados a

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22Como Exportar

Mercosul Sumário

partir de uma lista elaborada por todos os Estados, um decada Parte envolvida na controvérsia e um terceiro, escolhidode comum acordo, que presidirá o Tribunal e não poderá ternacionalidade de nenhum Estado envolvido. Os árbitros deve-rão ser juristas de reconhecida competência na matéria objetoda controvérsia.

O Tribunal poderá adotar medidas provisórias em casode urgência, para prevenir danos graves e irreparáveis a al-guma das Partes.

O Artigo 19 do Protocolo estabelece a legislação a quedeve recorrer o Tribunal Arbitral para dirimir a controvérsia,isto é, as disposições do Tratado de Assunção, os Acordos ce-lebrados ao seu amparo, as Decisões do Conselho do MercadoComum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum e as Dire-trizes da Comissão de Comércio. A jurisprudência e a doutrinavigentes admitem como fontes de direito aplicáveis à soluçãode controvérsias também os princípios gerais de Direito comu-nitário e, em sua ausência, os Princípios Gerais do Direito In-ternacional.

O prazo para emitir o laudo é de sessenta dias, prorro-gáveis por trinta dias. A sentença será adotada pela maioria,devendo ser justificada e assinada por todos seus integrantes.Não se admite a justificativa de voto dissidente.

d) Efeitos do laudo arbitralA sentença é inapelável e obrigatória para os Estados

Partes envolvidos, a partir do recebimento da respectiva noti-ficação. O laudo deve ser cumprido no prazo máximo de quin-ze dias e, se não for cumprido, o Artigo 23 do Protocolo esta-belece a possibilidade de aplicar medidas compensatórias, taiscomo a suspensão de concessões ou outras medidas equiva-lentes, para seu cumprimento. A equivalência das medidascompensatórias deve ser estabelecida em função da gravida-de do prejuízo provocado e do grau de não cumprimento co-metido pelo Estado omisso.

Dentro do prazo de quinze dias, admite-se a possibili-dade de solicitação de esclarecimento ou informações sobre ainterpretação, o que não significa modificar os termos do lau-do. A solicitação deverá ser respondida dentro dos quinze diassubseqüentes. Se o Tribunal Arbitral considerar que as cir-cunstâncias o exigem, poderá suspender o cumprimento dolaudo até que se decida sobre a solicitação apresentada.

8.2.2. Reclamações de Particularesa) LegitimaçãoEste procedimento reservado aos particulares (pessoas

físicas ou jurídicas) aplicar-se-á às reclamações efetuadas emrazão da sanção ou utilização, por qualquer dos Estados Par-tes, de disposições que violam as Normativas MERCOSUL.

b) ObjetoO procedimento constitui uma reivindicação motivada

pela sanção ou aplicação de medidas legais ou administrati-vas, de efeitos restritivos, discriminatórias ou de competiçãodesleal, que violem o Tratado de Assunção, os Acordos cele-brados a seu amparo, as Decisões do Conselho do MercadoComum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum ou as Di-retrizes da Comissão de Comércio, ainda que não se apliquema um caso concreto.

Salienta-se, entretanto, que a ação é dirigida unicamentecontra medidas legais ou administrativas, tendo âmbito maislimitado do que o previsto para o procedimento entre Estados.

c) ProcedimentoOs particulares deverão formalizar as reclamações pe-

rante a Seção Nacional do Grupo Mercado Comum do EstadoParte onde tenha sua residência ou a sede de seus negócios.A Seção Nacional de um país é constituída pelos quatro mem-bros titulares e seus respectivos substitutos, que integram oGrupo Mercado Comum. Os particulares deverão fornecer ele-mentos que permitam à referida Seção Nacional determinar averacidade da violação e a existência ou ameaça do prejuízo.

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23Como Exportar

Mercosul Sumário

A Seção Nacional que tenha admitido a reclamação po-derá, em consulta com o particular afetado, estabelecer con-tatos diretos com a Seção Nacional do Estado a que se atribuia violação, a fim de alcançar uma solução imediata, ou elevara reclamação, sem outros trâmites, ao Grupo Mercado Co-mum.

Se a Seção Nacional � de conformidade com o particu-lar � tiver optado por estabelecer contatos diretos e não tiverobtido resposta em quinze dias, a Seção, por solicitação doparticular afetado, poderá encaminhar a reclamação ao GrupoMercado Comum.

O GMC avaliará os fundamentos sobre os quais se ba-seou a admissão pela Seção Nacional e, se concluir que nãoestão reunidos os requisitos necessários para dar-lhe curso,recusará a reclamação sem mais exame.

Por outro lado, se o GMC não rejeitar a reclamação,procederá de imediato à convocação de um grupo de especia-listas que deverá emitir um parecer sobre sua procedência, noprazo improrrogável de trinta dias, a partir da sua designação.

O parecer dos especialistas é submetido ao Grupo Mer-cado Comum e não tem caráter obrigatório: se no mesmo severificar a procedência da reclamação formulada contra umEstado, qualquer outro Estado poderá requerer-lhe a adoçãode medidas corretivas ou a anulação das medidas questiona-das. Se esse requerimento não for atendido, o Estado Parteque o formulou poderá recorrer diretamente ao procedimentoarbitral.

9. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL EM MATÉRIACONTRATUAL

9.1. Âmbito

O Protocolo de Buenos Aires, celebrado pelos EstadosPartes em 6 de abril de 1994, estabelece quatro condiçõespara a aplicação dos acordos de eleição de jurisdição:

a) tratar-se de contratos internacionais em matéria ci-vil ou comercial, celebrados entre particulares;

b) uma das Partes, pelo menos, deve estar domiciliadaou ter sua sede social em um Estado Parte;

c) o acordo de seleção de foro deve ser realizado emfavor de um tribunal de um Estado Parte;

d) deve existir uma conexão razoável segundo as nor-mas de jurisdição do Protocolo.

O âmbito de aplicação do Protocolo não compreende:as relações jurídicas entre empresas legalmente falidas e seuscredores e demais procedimentos análogos, especialmente asconcordatas; matérias tratadas em acordos no âmbito do di-reito de família e das sucessões; contratos de seguridade so-cial; contratos administrativos; contratos de trabalho; contra-tos de venda ao consumidor; contratos de transporte; contra-tos de seguro e direitos reais.

9.2. Consultas e solução de controvérsias

As controvérsias que surgirem entre os Estados Partesquanto às disposições do Protocolo serão resolvidas mediantenegociações diplomáticas diretas. Se mediante tais negocia-ções não se alcançar um acordo ou se a controvérsia for solu-cionada apenas parcialmente, aplicar-se-ão os procedimentosprevistos no Sistema de Solução de Controvérsias vigente en-tre os Estados Partes do Tratado de Assunção.

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10. PROMOÇÃO E PROTEÇÃO RECÍPROCA DE INVES-TIMENTOS

Com o objetivo de propiciar a criação de condições maisfavoráveis para os fluxos de capitais intrazonais, o Conselhodo Mercado Comum aprovou, em 17 de janeiro de 1994, oProtocolo de Colônia (Decisão nº 11/93). Entretanto, pela par-te brasileira, o referido Protocolo não foi ainda ratificado.

O Protocolo aplica-se exclusivamente aos investidoresdos quatro países da Região e conceitua �investimento� comosendo todo tipo de ativo aplicado, direta ou indiretamente porinvestidores de uma das Partes contratantes no território daoutra Parte, em conformidade com as leis e regulamentos destaúltima. Inclui no conceito, em particular, ainda que não exclu-sivamente:

a) a propriedade de bens móveis ou imóveis, assim comoos demais direitos reais como hipotecas, cauções e direitos depenhor;

b) ações, quotas societárias e qualquer outro tipo departicipação em sociedades;

c) títulos de crédito e direitos a prestações que tenhamum valor econômico; os empréstimos somente estarão incluí-dos quando estiverem diretamente vinculados a um investi-mento específico;

d) direitos da propriedade intelectual ou imaterial, in-cluindo direitos de autor e de propriedade industrial tais comopatentes, desenhos industriais, marcas, nomes comerciais,procedimentos técnicos, �know-how� e fundo de comércio;

e) concessões econômicas de direito público, conferidasem conformidade com a lei, incluindo as concessões para pes-quisa, cultivo, extração ou exploração de recursos naturais.

10.1. Obrigações das Partes Contratantes

10.1.1. Promoção e admissão

As Partes deverão promover e admitir em seu territórioos investimentos das outras Partes, com exceção daquelesque correspondam a setores que integram o Anexo do Proto-colo de Colônia, os quais serão submetidos ao tratamento re-gulamentado pela legislação nacional, a saber:

a) Argentina: propriedade imóvel em zonas de fron-teira, transporte aéreo, indústria naval, usinas nucleares, mi-neração do urânio, seguros e pesca;

b) Brasil: desenvolvimento de atividades envolvendoenergia atômica, propriedade e administração de jornais, re-vistas e demais publicações, assim como de redes de rádio eteledifusão, direito de propriedade em áreas rurais e de ativi-dades comerciais junto a fronteiras internacionais, indústriapesqueira, serviços de correios e telégrafos, linhas aéreas comconcessões de vôos domésticos e indústria aeroespacial;

c) Paraguai: propriedade imobiliária em zonas de fron-teira, meios de comunicação social (escrita, radiofônica etelevisiva), transporte aéreo, marítimo e terrestre, eletricida-de, água e telefone, exploração de hidrocarbonetos e mine-rais estratégicos, importação e refino de produtos derivadosdo petróleo e serviço postal;

d) Uruguai: eletricidade, hidrocarbonetos, petroquímicabásica, energia atômica, exploração de minerais estratégicos,intermediação financeira, ferrovias, telecomunicação, radio-difusão, imprensa e meios audiovisuais.

10.1.2. TratamentoO Protocolo assegura aos investimentos realizados, no

âmbito do MERCOSUL, por investidores residentes oudomiciliados no território de qualquer um dos Estados Partes,um tratamento não menos favorável do que o dispensado pelopaís receptor ao investidor nacional ou de terceiros países.

No que diz respeito a questões tributárias, os EstadosPartes individualmente não se obrigam, no entanto, a esten-der aos investidores dos demais países signatários do Proto-

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25Como Exportar

Mercosul Sumário

colo os benefícios de qualquer tratamento, preferência ou pri-vilégio resultante de acordos internacionais, total ou parcial-mente relativos a questões tributárias.

Não há requisito de desempenho como condição para oestabelecimento, a expansão ou a manutenção dos investimen-tos, nem exigência de compromissos de exportar mercadori-as, ou especificação de que certas mercadorias ou serviçossejam adquiridas localmente, ou estabeleçam quaisquer ou-tros requisitos similares. O Brasil mantém exceção relativa àscompras governamentais e, juntamente com a Argentina, man-tém, transitoriamente, os requisitos de desempenho no setorautomotivo, com o compromisso de eliminá-los, no mais breveprazo possível, através de reuniões semestrais.

10.1.3. Desapropriações e compensaçõesEventuais medidas de nacionalização ou desapropriação

dos investimentos que pertençam a investidores de outra Par-te Contratante só poderão ser adotadas por razões de utilida-de pública, sobre uma base não discriminatória, e medianteprocesso legal. As medidas serão acompanhadas de disposi-ções para o pagamento de uma compensação prévia, adequa-da e efetiva e gerará juros ou terá seu valor atualizado até adata de seu pagamento.

Os investidores de uma Parte Contratante que sofreremperdas em seus investimentos no território de outra Parte Con-tratante devido a guerra, revolta, emergência nacional, insur-reição ou motim, receberão, no que se refere a restituição,indenização, compensação ou outro ressarcimento, um trata-mento não menos favorável do que o concedido aos seus pró-prios investidores ou aos investidores de um terceiro Estado.

10.1.4. TransferênciasOs Estados Partes assegurarão a livre transferência dos

investimentos realizados e dos ganhos dele provenientes.Essa transferência será efetivada em moeda convertível,

mediante a utilização de taxa de câmbio de mercado, de acor-do com os procedimentos estabelecidos pelo Estado Parte re-ceptor do investimento. Os Estados Partes se compromete-ram a não adotar medidas cambiais que restrinjam a livretransferência dos recursos.

10.2. Solução de controvérsiasToda controvérsia entre investidores será, na medida

do possível, resolvida por consultas amistosas. Se a contro-vérsia não houver sido resolvida no prazo de seis meses, serásubmetida a algum dos seguintes procedimentos, a pedido doinvestidor: a) aos tribunais competentes da Parte Contratanteem cujo território se situou o investimento; ou b) à arbitrageminternacional.

10.3. Aplicação de outras normasAs disposições da legislação nacional de uma Parte, ou

as obrigações de direito internacional ou acordos existentesou que venham a ser celebrados no futuro, quando conte-nham normas que outorguem aos investimentos um tratamentomais favorável, prevalecerão sobre as estabelecidas no Pro-tocolo de Colônia. Tal é o caso:

- dos acordos entre países da Região e países de forada Região: a Argentina com Itália (22/5/90), a União Econô-mica Belgo-Luxemburguesa (28/6/90), os Estados Unidos daAmérica (14/11/91) e o Canadá (5/11/91); e do Paraguai coma França (30/11/78), o Reino Unido (4/6/81) e a Confedera-ção Suíça (31/1/92); ou do Uruguai com a Alemanha (4/5/87).

- acordos entre países do MERCOSUL, de 5 de agostode 1994, para investimentos provenientes de Estados não in-tegrantes do Mercado Comum: Decisão nº 11/94 do CMC.

- acordos de que participam países da Região, tais como:. Acordo de Cartagena, de 21 de março de 1991, Deci-

são nº 291, que estabelece o regime comum de tratamentoaos capitais estrangeiros e sobre marcas, patentes, licenças e

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Mercosul Sumário

�royalties�; Decisão nº 292, que estabelece o regime uniformepara empresas multinacionais andinas.

. Acordos bilaterais para a proteção e promoção recí-proca de investimentos, tais como: entre a Argentina e o Chi-le, (17/3/94), entre a Argentina e o Chile (2/8/91), entre aArgentina e o Equador (18/2/94), entre o Brasil e o Chile (22/3/ 94), entre o Paraguai e o Peru (31//194), entre a Argentinae o Brasil, de 6 de julho de 1990, para o estabelecimento deum estatuto de empresas binacionais.

11. O MERCOSUL E OS ACORDOS BILATERAIS

Até a celebração do Acordo de Complementação Eco-nômica nº 18 (ACE 18), o acesso ao mercado dos EstadosPartes do MERCOSUL estava regulamentado bilateralmente,conforme os termos e condições pactuados em acordos dealcance parcial, celebrados ao amparo do Tratado de Montevi-déu de 1980 (ALADI).

A coexistência de acordos de alcance parcial que regu-lamentam de maneira distinta as mesmas matérias provocauma duplicação normativa que, em alguns casos, impede in-terpretação inequívoca das disposições atinentes aos fluxosde comércio, tanto pelos operadores econômicos quanto pe-los serviços aduaneiros dos países. Tal é o caso dos acordosde complementação econômica celebrados pelo Uruguai coma Argentina (ACE 1) e com o Brasil (ACE 2) e dos instrumen-tos de mesma natureza concertados entre a Argentina e oParaguai (ACE 13) e com o Brasil (ACE 14).

Não obstante, cabe destacar que cada Estado Parte ce-lebrou acordos de alcance parcial com os restantespaísesmembros da ALADI, cujas vigências foram prorrogadassucessivamente até 31 de dezembro de 1997; acordos quegeraram a necessidade de um processo de renegociação, namodalidade 4+1, utilizada pelo MERCOSUL em suas negocia-ções com esses países.

11.1. Acordos de Alcance Parcial celebrados pe-los Estados Partes

11.1.1. Situação dos ACE 1 e 2Negociados seletivamente, ou seja, produto a produto,

o ACE 1 (Convênio Argentino-Uruguaio de Cooperação Econô-mica � CAUCE) e o ACE 2 (Protocolo de Expansão Comercial �PEC) mantêm-se vigentes graças a uma decisão adotada peloConselho do Mercado Comum (Decisão 7/94 � Art. 12º), que

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Mercosul Sumário

expressa que:a) para todos os produtos �incluídos� pelo PEC e CAUCE,

se assegurará, até o ano de 2001, a continuidade das condi-ções de acesso existentes, de modo a permitir a estabilidadedos fluxos de comércio existentes, salvo exceções específi-cas;

b) os produtos comercializados entre a Argentina e oUruguai, assim como entre o Brasil e o Uruguai, que requei-ram requisitos de origem e que, simultaneamente, se encon-trem negociados no CAUCE ou no PEC, poderão ser negocia-dos com a norma de origem de até 50% de insumos não-originários, com redução gradativa até o ano de 2001;

c) os produtos comercializados entre a Argentina e oUruguai, assim como entre o Brasil e o Uruguai, que se encon-tram atualmente negociados no PEC e no CAUCE e que este-jam sujeitos ao regime de admissão temporária, poderão con-tinuar a receber esse tratamento. O número destes produtosserá reduzido de forma linear e automática, até o ano de 2001;e

d) os produtos sujeitos a requisitos de origem se ade-quarão à quota atualmente vigente. Quando nos referidos acor-dos não existam quotas, aplicar-se-ão as que forem mutua-mente acordadas, respeitando os antecedentes comerciais his-tóricos.

11.1.2. Situação do ACE 13 celebrado entre a Ar-gentina e o Paraguai

O ACE 13 estabelece que a República Argentina outorgapreferência de 100% sobre a tarifa vigente para terceiros pa-íses às importações de produtos registrados no programa deliberalização do Acordo, originários e procedentes do Paraguai(Art. 2º).

Por sua vez, o Paraguai outorga preferência anual ecumulativa de 20%, até completar 100% durante o quinto anode vigência do Acordo, às importações de produtos negocia-dos originários e procedentes da Argentina (Art. 3º). Ademais,

ambas as partes assumiram o compromisso de eliminar todasas restrições não-tarifárias aplicadas à importação dos produ-tos compreendidos no Acordo e também de aplicar a essesprodutos o Regime Geral de Origem, aprovado pelo Comitê deRepresentantes por meio da Resolução 78.

Negociado seletivamente, com duração indefinida, o ACE13 apresenta dificuldades de interpretação no que se refereàs normas que regulam as relações comerciais dos EstadosPartes no MERCOSUL.

a) Produtos incluídos no Regime de Adequação Final àUnião Aduaneira

Uma das dificuldades encontradas é com relação ao re-gistro das preferências outorgadas pelos países signatáriospara a importação de diversos produtos incluídos ao mesmotempo nas listas selecionadas por ambos Estados, de confor-midade com o Regime de Adequação Final à União Aduaneira.

As dificuldades surgem todas as vezes que as preferên-cias outorgadas em um Acordo superam as resultantes docronograma de desgravação estabelecido no Regime de Ade-quação do MERCOSUL, situação que obriga a determinar quepreferências são prioritárias no intercâmbio recíproco de Ar-gentina e Paraguai, tratando-se do mesmo produto. Em facedessas condições, ambos os países têm optado pelas prefe-rências resultantes do cronograma estabelecido no Regime deAdequação do MERCOSUL.

b) Regime de Origem e restrições não-tarifáriasCom referência às restrições não-tarifárias, o progra-

ma de liberalização do ACE 13 estabelece o compromisso deeliminá-las em sua totalidade (Art. 4º). Conforme o Programade Liberalização Comercial do MERCOSUL, o processo deharmonização ou eliminação das restrições declaradas nasNotas Complementares ao ACE 18 devem ajustar-se aos pro-cedimentos estabelecidos para esses casos, prevendo-se que,até que o processo esteja concluído, seus signatários poderão

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Mercosul Sumário

seguir aplicando algumas medidas. Em casos de conflito entredisposições do ACE 13 e do ACE 18, mantêm-se aquelasestabelecidas no MERCOSUL (ACE 18).

No tocante às normas de origem, os produtos negocia-dos no ACE 13 estão regulamentados pela Resolução 78, doComitê de Representantes, modificada substancialmente comrelação ao intercâmbio intra-MERCOSUL. Da Decisão 7/94, sur-ge uma limitação para os produtos compreendidos no progra-ma de liberalização do ACE 1. O Paraguai somente poderiaaplicar regime de origem de 50% até o ano de 2001, exclusi-vamente com relação aos produtos excetuados da Tarifa Ex-terna Comum, e a partir desta data, até o ano de 2006, deve-rá aplicar o Regime Geral de Origem do MERCOSUL (ACE 18).

11.1.3. Situação do ACE 14 celebrado entre o Bra-sil e a Argentina

O ACE 14 é o antecedente mais imediato do ACE 18,assinado pelos Estados Partes do MERCOSUL. O programa deliberalização comercial do ACE 14 previa a eliminação, o maistardar até 31 de dezembro de 1994, dos gravames e demaisrestrições aplicadas ao comércio recíproco (Art. 3º). A partirde janeiro de 1991, ambos os países iniciariam um programade desgravação progressiva, linear e automática, aplicado aosprodutos compreendidos no universo tarifário, de conformida-de com um cronograma de desenvolvimento semestral, prati-camente idêntico ao Programa de Liberalização Comercial doTratado de Assunção.

O acordo bilateral excluiu do cronograma de desgravaçãoos produtos compreendidos nas listas de exceções de ambosos países, listas estas que seriam reduzidas ao final de cadaano calendário, na média de 20% dos itens que as compõem(normas iguais regulam esta matéria no ACE 18).

O ACE 14 estabelecia que seus signatários somente po-deriam aplicar, aos produtos negociados, as restrições não-tarifárias expressamente declaradas nas Notas Complemen-

tares registradas no Acordo, até 31 de dezembro de 1994.Nessa mesma data, e no âmbito do mercado comum

bilateral entre Argentina e Brasil, teriam de ser eliminadastodas as restrições não-tarifárias.

Desse modo, conforme o ACE 14, a partir de primeirode janeiro de 1995, o intercâmbio recíproco argentinobrasileirohaveria de ser praticado com tarifa zero para todo o universotarifário e sem restrições não-tarifárias.

a) As listas de exceçõesDe acordo com a Decisão 24/94, do CMC, a partir de

primeiro de janeiro de 1995, estariam em vigência, para am-bos os países, listas de produtos com direitos tarifários sub-metidos a um cronograma de desgravação que se estenderiaaté primeiro de janeiro de 1999.

b) Restrições não-tarifáriasConforme a Decisão 3/94 do CMC, incorporada ao ACE

18 por meio do 12º Protocolo Adicional (Art. 3º), subsiste paraos Estados Partes um processo de harmonização de restriçõesnão-tarifárias, em virtude do qual poderiam manter as restri-ções não-tarifárias existentes, abstraindo-se de aplicar, emseu comércio recíproco, condições mais restritivas do que asvigentes para o comércio interno e externo.

c) Outras questõesO ACE 14 estabelecia, ademais de um programa de

liberalização aplicado ao universo tarifário, distintos progra-mas de liberalização setoriais que regulamentariam especifi-camente as importações do setor pesqueiro, de bens de capi-tal, de bens alimentícios industrializados, da indústria automo-bilística e do setor siderúrgico, mais favoráveis do que os re-sultantes do ACE 18.

11.2 Os Acordos de alcance parcial celebradospelos Estados Partes do MERCOSUL com outros países

11.2.1. Acordos de Renegociação de Preferênci-

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Mercosul Sumário

as (período 1962/80)A revisão dos compromissos derivados do programa de

liberalização do Tratado de Montevidéu de 1960, com a finali-dade de incorporar ao novo esquema de integração, estabele-cido pelo Tratado de Montevidéu de 1980, as concessões ou-torgadas pelas Partes contratantes nas listas nacionais da an-tiga ALALC (Associação Latina Americana de Livre Comércio),resultou na assinatura de diversos acordos de alcance parcial,negociados bilateralmente pelas Partes do MERCOSUL com osdemais países-membos da Associação. Os acordos celebradossão os seguintes:

- Brasil/Colômbia e Brasil/Equador (Acordos de AlcanceParcial de Renegociação nºs 10 e 11, respectivamente).

Vigentes até 31 de março de 1999;

- Paraguai/Colômbia, Paraguai/Peru, Paraguai/Venezuela(vigência até 31 de março de 1999) e Paraguai/México (vigên-cia até 31 de dezembro de 1998) (Acordos de Alcance Parcialde Renegociação nºs 18, 20, 21 e 30, respectivamente);

e- Uruguai/Colômbia, Uruguai/Venezuela e Uruguai/Peru

(Acordos de Alcance Parcial de Renegociação nºs 23, 25 e 33,respectivamente). Vigentes até 31 de março de 1999.

11.2.2. Acordos de Complementação EconômicaOs acordos de alcance parcial correspondentes a essa

modalidade foram criados na segunda metade da década deoitenta e se desenvolveram fundamentalmente no terceiroquinqüênio de vida da Associação.

Trata-se de acordos de âmbito restrito (salvo o acordocelebrado entre o Uruguai e o México), negociados seletiva-mente, com um regime de origem baseado nas disposições daantiga ALALC (Associação Latino Americana de Livre Comér-cio), cláusulas de salvaguarda e retirada de concessões condi-cionada à aplicação prévia das anteriores, disposições sobre

tratamentos diferenciados em matéria de adesão, denúncia eduração.

A vigência desses Acordos de Complementação Econô-mica celebrados pelos Estados Partes do MERCOSUL com osrestantes países-membros da Associação é indicada a seguir:

-ACE 5, entre o México e o Uruguai (31/12/2000);-ACE 6, entre a Argentina e o México (31/12/2001);-ACE 9, entre a Argentina e o Peru (31/03/99);-ACE 11, entre a Argentina e a Colômbia (31/03/99);-ACE 20, entre a Argentina e a Venezuela (31/03/99);-ACE 21, entre a Argentina e o Equador (31/03/99);-ACE 25, entre o Brasil e o Peru(31/03/99);-ACE 27, entre o Brasil e a Venezuela (31/03/99);-ACE 28, entre o Equador e o Uruguai (31/03/99);-ACE 30, entre o Equador e o Paraguai (31/03/99).

11.2.3. Acordos comerciais (Art. 10 do Tratadode Montevidéu de 1980)

O Conselho de Ministros da ALADI dispôs que os acor-dos de complementação por setores industriais, negociadosconforme a legislação vigente na ALALC, seriam adequados ànova modalidade de acordos comerciais prevista no Art. 10ºdo Tratado de Montevidéu de 1980 e regulamentados confor-me as normas específicas estabelecidas pelo próprio Conse-lho de Ministros em sua Resolução 2, Artigo 6º.

Os Estados Partes do MERCOSUL firmaram diversosacordos comerciais, entre os quais os relacionados a seguir:

-Acordo Comercial nº 5 que vincula em esquemas bila-terais o México com o Uruguai (vigência até 31/12/2000) e oUruguai com a Venezuela (31/03/99);

-Acordo Comercial nº 13 que vincula em esquemas bi-laterais o México com o Uruguai (vigência até 31/12/2000) eUruguai com a Venezuela (31/03/99);

-Acordo Comercial nº 18, que vincula em esquemas bi-

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laterais o México com o Uruguai (vigência até 31/12/2000) e oUruguai com a Venezuela (31/03/99);

-Acordo Comercial nº 19, que vincula em esquemas bi-laterais o México com o Uruguai (vigência até 31/12/2000);

Cabe ressaltar que as preferências mutuamente outor-gadas pelo Brasil e México, com vigência até 31 de dezembrode 1997 não foram prorrogadas, ficando sem efeito para am-bos os países.

A relação dos Acordos de Alcance Parcial, nas três mo-dalidades referidas, é meramente indicativa, de vez que asdisposições que regulam seu funcionamento, assim como osprodutos negociados, fogem à finalidade do presente estudo.

II. ASPECTOS COMERCIAIS

1. INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA PRÁTI-CAS DESLEAIS

1.1. �Dumping� e subsídios

O MERCOSUL adotou várias resoluções e decisões so-bre a matéria, em estreita sintonia com as diretrizes da Orga-nização Mundial do Comércio (OMC), tais como as a seguirrelacionadas:

-Decisão nº. 3/92, do CMC, que regula o �Procedimentode queixas e consultas sobre práticas desleais de comércioaplicáveis durante o período de transição�.

-Decisão nº. 7/93, do CMC, que aprova o �Regulamen-to relativo à defesa contra as importações que sejam objetode �dumping� ou de subsídios provenientes de países não-mem-bros do Mercado Comum do Sul�, vigente a partir de 1º dejaneiro de 1995.

-Resolucões nº. 63/93, 49/94, 129/94 e 05/95, relati-vas a «Investigações de dumping».

O regulamento aprovado pela Decisão nº. 7/93 não dis-ciplina as situações que possam ocorrer no interior doMERCOSUL; somente atende aquelas que, geradas fora daRegião, causem prejuízo ou ameacem causar prejuízo ao todoou a parte do mercado comum.

No âmbito da OMC, a norma vigente é que, em matériade �dumping� serão observados os dispositivos do �Acordo re-lativo à Aplicação do Artigo VI do GATT de 1994� e em matériade subsídios, o �Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensa-tórias�.

1.1.1. Elementos caracterizantes de �dumping�O Regulamento pertinente à defesa contra as importa-

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ções que sejam objeto de �dumping� ou de subsídios proveni-entes de países não-membros do MERCOSUL expressa, emseu Artigo 2º, que �se considerará que um produto é objeto de�dumping� toda vez que o mesmo for introduzido no mercadode um dos países integrantes do MERCOSUL com um preçoinferior a seu valor normal, ou seja, quando seu preço de ex-portação for menor que o preço comparável no curso de ope-rações comerciais normais, de um produto similar destinadoao consumo no país exportador�.

Os principais elementos que caracterizam uma situaçãode �dumping� no MERCOSUL são:

- que o preço de exportação de um produto importadopor qualquer um dos países- membros da Região, no país deorigem, seja inferior ao valor normal de um produto similardestinado ao consumo no mercado do país de origem do pro-duto (país exportador). Entende-se por �valor normal� o preçorealmente pago ou a pagar e por �produto similar� o produtoidêntico ou aquele que, embora não sendo igual em todos osseus aspectos, tem características muito semelhantes às doproduto considerado.

- que se produza dano ou que exista ameaça grave dedano à produção doméstica de um produto similar, ou aindaque se possa vir a retardar sensivelmente sua produção naRegião.

- que exista relação causal entre a prática comercialdesleal e a ameaça de dano importante à produção nacionalou de atraso na implantação de um projeto no respectivo seg-mento de produção.

1.1.2. Elementos caracterizantes de subsídioA finalidade dos subsídios é beneficiar as exportações

de um país por meio de prêmios, incentivos ou subsídios, ou-torgados direta ou indiretamente pelo Governo de um país eque não se circunscrevam ao terrítório desse país.

O Regulamento sobre defesa contra as importações que

sejam objeto de �dumping� ou de subsídios provenientes depaíses não-membros do MERCOSUL expressa, em seu Artigo3º, que poderão ser estabelecidos direitos compensatórios como objetivo de contrabalançar a concessão de subsídios, dire-tos ou indiretos, no país de origem ou de exportação, à fabri-cação, produção, exportação ou transporte de qualquer pro-duto primário ou não-primário, cuja exportação para oMERCOSUL ocasione prejuízo ou atrase sensívelmente a im-plantação de uma produção doméstica regional.

Os elementos característicos da aplicação de subsídiosguardam certa semelhança com aqueles pertinentes à práticade �dumping�, cabendo mencionar, entre outros, que se confi-gura tal situação quando o preço de exportação no país deorigem esteja comprovadamente subvalorizado em compara-ção com um produto similar não subsidiado; que estasubvalorização provenha de subsídios estatais diretos ou indi-retos; que se produza dano ou exista ameaça de dano a seg-mento específico da indústria nacional. Para que se configureesta última situação é necessário que as importações regis-trem um valor mínimo determinado e que, do mesmo modo, osubsídio incorporado tenha um patamar mínimo.

1.1.3. Objeto da reclamaçãoA reclamação por �dumping� tem por finalidade obter

do Governo a aplicação de direitos �anti dumping�, medianteimposição de uma tarifa adicional. A tarifa adicional deve guar-dar proporção com a margem de �dumping� à qual se refere.Esta margem será determinada mediante comparação comum preço representativo de produto similar quando este é ex-portado para um país, ou com o custo de produção no país deorigem mais uma quantia razoável a título de gastos adminis-trativos, de venda e de despesas de caráter geral. A margemde �dumping� é definida pelo Regulamento do MERCOSUL comoo montante em que o valor normal supere o preço de exporta-ção.

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Mercosul Sumário

O direito �anti dumping� deve ser igual ou menor do quea margem de �dumping� e suficiente para corrigir o dano cau-sado à produção nacional.

Por sua vez, a reclamação por subsídio tem por finalida-de obter do Governo a aplicação de direitos compensatórios,mediante uma tarifa adicional incidente sobre a importação,de modo a neutralizar ou prevenir o efeito da subvenção. Omencionado direito compensatório deve ser igual ou menor doque a quantia concedida a título de subvenção.

1.1.4. Procedimento para a reclamação por�dumping� ou subsídio

1.1.4.1. Formas de iniciaçãoO trâmite poderá ser iniciado a pedido da parte interes-

sada ou por solicitação oficial. A parte interessada poderá ser,por exemplo, os produtores de determinado segmento econô-mico, uma associação, câmara ou entidade de classe, em nomepróprio ou de seus associados.

A investigação por solicitação oficial poderá ser pedidapelos Governos dos países-membros ou por iniciativa de orga-nismo regional ou sub-regional de integração, quando se tratede assunto que afete interesses comunitários.

O Regulamento do MERCOSUL estabelece em seu Arti-go 7.1 que a petição deverá ser apresentada pela �produçãodoméstica� afetada ou em seu nome.

1.1.4.2. Coleta de provas e informaçõesQuando o empresário resolver canalizar a reclamação

por alguma das opções anteriormente descritas, deverá pro-ceder à coleta de provas para fundamentar sua pretensão. Asfontes de coleta podem ser oficiais ou privadas e internas ouexternas.

1.1.4.3. Forma de apresentação das provasAs provas consideradas pertinentes deverão ser apre-

sentadas por escrito, acompanhadas da solicitação de início

de investigação correspondente, perante o país importadordos produtos objeto de �dumping� ou subsídio, de acordo comas normas da OMC. Os formulários próprios deverão seracompanhados da prova instrumental que respalda a solici-tação.

1.1.4.4. Exame da pertinênciaApós a apresentação, as autoridades competentes ana-

lisarão a exatidão e pertinência das provas incorporadas àsolicitação e determinarão se as mesmas são suficientes parajustificar o início de uma investigação. O Regulamento doMERCOSUL dispõe em seu Artigo 7.5 que a decisão de aber-tura ou não de investigação deverá ser tomada no prazo de45 dias contados a partir do momento do registro da petição.

A investigação será encerrada quando for recusada asolicitação, por se entender que não há prova suficiente daexistência de práticas desleais ou nexo causal com o danoinvocado, ou ainda, segundo os acordos da OMC, por se en-tender que a margem de �dumping� ou subvenção é �deminimis� ou que o volume das importações reais ou potenci-ais é �insignificante� (no caso de �dumping�).

Considera-se que a margem de �dumping� é �deminimis� quando resulta inferior a 2% do preço de exporta-ção, e de 1% quando se trata de subsídio. Considera-se �in-significante� o volume das importações quando estas repre-sentam menos de 3% das importações do produto similar nopaís importador, quando provenham de um único país; e maisde 7% se provenientes de vários países.

Se consideradas pertinentes as provas apresentadas,a solitação será formalmente aceita e terão início as investi-gações. Antes de iniciar a investigação, entretanto, as autori-dades deverão fazer a notificação correspondente ao Gover-no do país exportador. Uma vez aceita, o país ou países, as-sim como as demais partes interessadas, cujos produtos se-jam objeto da reclamação, serão informados da investiga-

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ção. A informação deverá, ademais, ser publicada em órgãode difusão oficial.

1.1.4.5. Instrução de investigaçãoPreviamente ao início da investigação, o país que trami-

ta a solicitação concederá, ao Governo do país exportador doproduto que possa ser objeto da investigação, a oportunidadede celebrar consultas, com a finalidade de esclarecer a situa-ção e alcançar uma solução mutuamente satisfatória. O Go-verno convidado deverá responder em 15 dias e, em casoafirmativo, deverá convocar audiência no prazo de 30 dias.

Os acordos da OMC estabelecem prazo de um ano a umano e meio, contados a partir do início da investigação, comoprazo máximo de duração do processo. Ao longo da investiga-ção, as partes terão plena oportunidade de defender seus in-teresses. A qualquer momento poderá ser suspensa a investi-gação, desde que se receba, da parte que originou a práticadesleal, o compromisso formal de eliminar ou limitar a causado dano ao segmento nacional prejudicado.

1.1.4.6. Aplicação de medidas definitivasSe a investigação determinar definitivamente a existên-

cia de �dumping� ou de subsídios, a autoridade competenteaplicará as seguintes medidas: a) no caso de importações sub-sidiárias, será imposto um direito compensatório igual ou infe-rior à quantia do subsídio, e b) no caso de �dumping�, seráimposto um direito �anti-dumping� igual ou inferior à totalida-de da margem de �dumping�.

Ambos os direitos poderão ser cobrados retroativamen-te sobre as importações efetuadas ao longo do período duran-te o qual foram aplicadas as medidas provisórias, em caso dehaverem sido adotadas (Art. 11.1 do Regulamento doMERCOSUL). A retroatividade poderá alcançar no máximo 90dias antes da data de início da vigência dos direitos provisóri-os.

As medidas terão vigência pelo período necessário paraeliminar ou neutralizar o dano causado pela prática desleal,no prazo máximo de 5 anos, podendo ser estendido, caso seconsidere necessário manter a medida como modo de impedira repetição ou continuação da prática.

1.2. Medidas provisóriasA qualquer momento, durante o transcurso da investi-

gação, poderão ser aplicadas medidas provisórias. Tais medi-das consistirão na imposição de direitos compensatórios oudireitos �anti-dumping� provisórios, garantidos por depósitoem dinheiro ou à vista, haveres bancários ou títulos da dívidapública nacional, em montante igual à quantia do subsídio oudireito �anti-dumping� provisoriamente estimados.

As medidas provisórias poderão ser aplicadas pelo pra-zo máximo de 120 dias no caso de subsídios e de até 180 diasno caso de �dumping�, a pedido de exportadores que repre-sentem percentual significativo do mercado em questão.

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2. REGIME TARIFÁRIO APLICADO ÀS IMPORTAÇÕESDE TERCEIROS PAÍSES

2.1. IntroduçãoAo constituir o Mercado Comum do Sul, o Tratado de

Assunção previu que, durante o período de transição � desdesua entrada em vigor até 31 de dezembro de 1994, entre osprincipais instrumentos constitutivos estaria incluído o estabe-lecimento de �uma tarifa externa comum que incentive acompetitividade externa dos Estados Partes� (Tratado de As-sunção, Artigo 5, item c).

A formação de uma união aduaneira exige que os Esta-dos Membros apliquem a mesma tarifa aduaneira às importa-ções procedentes de terceiros países. No caso do MERCOSUL,essa tributação (Tarifa Externa Comum - TEC) foi fixada atra-vés de uma porcentagem sobre o valor da mercadoria (direi-tos �ad valorem�). Seu estabelecimento teve como pré-requi-sito a adoção de uma nomenclatura tarifária específica (No-menclatura Comum do MERCOSUL � NCM) para a sub-regiãoe um acordo sobre o nível de proteção aplicável a cada umdos itens da Tarifa.

2.2. O processo de adoção da TEC e suas princi-pais características

2.2.1. O processo propriamente ditoO Conselho do Mercado Comum estabeleceu as pautas

básicas da Tarifa Externa Comum, determinando que os Esta-dos Partes deveriam adotar mecanismos de convergência desuas respectivas tarifas externas nos prazos vigentes (Deci-são 7/94):

a) os bens de capital deveriam convergir de forma line-ar e automática até um imposto de importação comum de 14%,em 1º de janeiro de 2001, podendo determinar-se, por con-senso, tributações em níveis inferiores. O Paraguai e o Uru-guai foram autorizados a atingir essa alíquota em 1o de janei-

ro de 2006;b) para os bens de informática e de telecomunicações,

a convergência, linear e automática, da tarifa de importaçãomáxima comum de 16% deverá ser efetivada em 1o de janei-ro de 2006.

A Decisão prevê que o Brasil, a Argentina e o Uruguaimantenham, até 1o de janeiro de 2001, uma quantidade má-xima de 300 itens alfandegários da Nomenclatura Comum doMERCOSUL (NCM) como exceção à Tarifa Comum, excluindodessa quantidade os itens correspondentes a bens de capital,de informática e de telecomunicações. O Paraguai, por suavez, poderá estabelecer até 399 exceções, excluindo tambémos itens correspondentes a bens de capital, de informática ede telecomunicações.

Posteriormente, mediante a Resolução nº. 47/94 do Gru-po Mercado Comum (GMC), estabeleceu-se o mecanismooperacional para a definição das listas de exceção à TEC. Cadapaís poderia apresentar, até 30 de abril de 1995, um númeroreduzido de itens tarifários adicionais com a finalidade de com-pletar a lista básica de exceções à TEC, respeitando para cadapaís o limite máximo definido pela Decisão do Conselho.

O prazo previsto para a apresentação de um númeroreduzido de itens adicionais à lista básica de exceções foi pror-rogado, pela Resolução 8/95 do Grupo Mercado Comum, até20 de maio de 1995. Os Estados Partes poderiam proceder àrevisão de suas listas básicas de exceções, compreendendoos itens agregados desde 1o de janeiro de 1995, dentro donúmero máximo de itens estabelecido pela Decisão nº. 7/94,ou seja, 300 itens para a Argentina, Brasil e Uruguai e 399itens para o Paraguai. A revisão das listas básicas poderiaconsistir na substituição de até 100 itens alfandegários na listade cada país. As listas resultantes do processo de revisão en-traram em vigor em 30 de maio de 1995.

Com base nesses antecedentes, o Conselho do Merca-

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do Comum adotou a Decisão nº. 22/94, mediante a qual seaprovou definitivamente a TEC, estruturada sobre a base daNomenclatura do Sistema Harmonizado de Designação eCodificação de Mercadorias. A Decisão aprovou:

a) as listas básicas de convergência do setor de bens decapital, as quais poderiam ser complementadas até 30 de abrilde 1995, e as listas de convergência do setor de informática ede telecomunicações. Nas referidas listas estão registradas ositens tarifários de ambos os setores, sujeitos ao mecanismode convergência e ao esquema de convergência que lhes seráaplicado até que se alcance a alíquota definida na TEC;

b) as listas básicas de exceções nacionais estabelecidasconforme a Resolução 47/94 do Grupo Mercado Comum. Nasreferidas listas � como no caso do item �a� � estão registradosos itens tarifários temporariamente excetuados da TEC porcada Parte e o esquema de convergência que lhes será aplica-do até que se alcance a alíquota definida na TEC; e

c) as listas de produtos excetuados da TEC, em virtudedo Regime de Adequação Final à União Aduaneira, nas condi-ções estipuladas pela Resolução nº 48/94 do GMC.

Também nas referidas listas estão registrados os itens eo esquema de convergência aplicável até que se alcance, paraterceiros países, a alíquota definida na TEC.

A decisão 22/94 dispôs que a Tarifa Externa Comum, asrespectivas listas de convergência, as listas de exceções naci-onais e as listas de exceções resultantes do Regime de Ade-quação entrariam em vigor em 1º de janeiro de 1995, emsubstituição às respectivas tarifas nacionais.

Partindo-se do princípio de que os planos de estabiliza-ção econômica adotados pelos Estados Partes do MERCOSULpoderiam requerer ações pontuais de curto prazo na área adu-aneira, com vigência por tempo limitado e caráter de exceção,o Grupo Mercado Comum resolveu autorizar o Governo doBrasil a adotar ações específicas no campo alfandegário, liga-das aos objetivos da luta contra a inflação e à garantia de

abastecimento no contexto do programa de estabilização emimplementação no país. (Grupo Mercado Comum, Resolução7/95, Art. 1º).

As ações pontuais referidas na Resolução poderiam atin-gir uma lista de até 150 itens alfandegários, divididos em duascategorias:

- itens fixos, que permanecerão sujeitos às ações pon-tuais pelo prazo integral de sua vigência (um ano), envolven-do um mínimo de 75 itens alfandegários;

- itens móveis, que poderão estar sujeitos às ações pon-tuais por prazo inferior a um ano e serem substituídos a cadatrês meses, contados a partir da entrada em vigor da lista,totalizando um máximo de 75 itens alfandegários.

A Resolução estabeleceu que os outros Estados Partespoderiam aplicar, durante o período de sua vigência, as mes-mas alíquotas, de modo a preservar as condições equivalen-tes de competitividade na região (Art.7º).

Cabe destacar, por último, que o Conselho do MercadoComum delegou, no Grupo Mercado Comum, competência paramodificar as alíquotas da TEC.

2.3. Principais características da TEC2.3.1. Os níveis alfandegáriosA Tarifa Externa Comum aprovada pela Decisão 22/94

contava com uma carga tarifária que variava de 0% a 20%,distribuída em onze níveis tarifários aplicáveis, praticamente,a 80% dos produtos importados de terceiros países. Os 20%restantes correspondem aos produtos excetuados da TEC, eque estão sujeitos à tarifa de cada um dos Estados Partes.

Em 12 de novembro de 1997, por meio do Decreto nº2376/97, foram aprovadas alterações na TEC, que passou avigorar com intervalos tarifários de 0% a 23%.

2.3.2. Classificação alfandegáriaConsiderando a necessidade de contar com procedimen-

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Mercosul Sumário

tos para a tramitação de decisões, critérios e opiniões de ca-ráter geral sobre classificação tarifária de mercadorias na No-menclatura Comum do MERCOSUL, o Conselho aprovou a Nor-ma Geral de Tramitação de Decisões, Critérios e Opiniões so-bre Classificação Tarifária de Mercadorias, com vigência des-de 1º de janeiro de 1995. (Decisão 26/94 do Conselho).

A referida norma prevê que as administrações nacio-nais dos Estados Partes poderão adotar medidas sobre classi-ficação de mercadorias � em relação à Nomenclatura Comumdo MERCOSUL e de acordo com suas respectivas legislações,decisões, critérios e opiniões � que serão comunicadas, juntocom os antecedentes que as originaram, às administraçõesdos demais Estados Partes, dentro do prazo de 15 dias, paraseu conhecimento e análise, através do Comitê Técnico deNomenclatura e Classificação de Mercadorias da Comissão deComércio do MERCOSUL.

Os Estados Partes dispõem de prazo de 30 dias, conta-dos a partir da data do recebimento da comunicação de taisdecisões, critérios ou opiniões e, se no referido prazo não apre-sentarem observações discrepantes, entender-se-á que osmesmos são compartilhados pelas áreas competentes em cadapaís.

Tendo como base a referida Norma Geral, a Comissãode Comércio do MERCOSUL aprovou uma extensa gama dedecisões e critérios sobre classificação tarifária que, conformeo procedimento estabelecido pela Decisão 26/94, deverá serobrigatoriamente adotada e terá validade em todo territóriocomunitário, a partir da publicação oficial no âmbito doMERCOSUL. Enquanto não existir uma decisão comum obriga-tória para os Estados Partes, as decisões de cada Estado per-manecerão em vigor somente em seus respectivos territórios.

2.3.3. Ações pontuais no âmbito tarifário por ra-zões de abastecimento

O Grupo Mercado Comum criou um sistema para a ado-

ção de medidas tarifárias específicas, em caráter excepcionale limitadas a um certo período, para garantir o abastecimentonormal e contínuo de produtos nos Estados Partes, inclusivematérias primas e insumos.

Essas medidas podem ser adotadas para produtos quecorrespondam a oito dígitos da Nomenclatura Comum doMERCOSUL (NCM), desde que não se apliquem a mais de 20produtos para cada Estado Parte. Os produtos incluídos emum semestre poderão ser substituídos ou renovados por ou-tros ao término dos seguintes semestres: em 28 de janeiro de1997; 28 de julho de 1997 e 28 de janeiro de 1998, não po-dendo ser superado, em nenhum caso, o limite de 20 itenstarifários por semestre (Resolução 69/96, Art.2º). A referidaResolução teve vigência até 28 de julho de 1998.

O Estado Parte solicitante deve apresentar aos outrosEstados Partes, em prazo não inferior a 15 dias corridos, ante-riores à reunião da Comissão de Comércio que analisará suasolicitação, a informação requerida nos termos da Resolução69/96, que dispõe sobre a matéria.

Antes da reunião da Comissão de Comércio (até doisdias antes) os Estados Partes poderão manifestar sua objeçãoou acordo com relação aos itens apresentados. Em caso deacordo, a Presidência Pro-Tempore comunicará ao solicitantea concordância da Comissão, para que aquele possa aplicar omecanismo de forma imediata, decisão que deve ser ratificadana próxima reunião da Comissão. Em caso de objeção, osolicitante deverá apresentar informação adicional para o exa-me e decisão final sobre a proposta.

A alíquota aplicada às importações provenientes de ter-ceiros países, em virtude das medidas adotadas ao amparoda referida Resolução (que terão validade máxima de um ano,com possibilidade de renovação), não poderá ser inferior a2%. Em casos excepcionais, a Comissão poderá autorizaralíquotas de 0% (Arts. 8º e 9º).

A circulação intrazona dos produtos objeto dessas me-

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Mercosul Sumário

didas estará sujeita ao Regime de Origem do MERCOSUL.A pedido de cada Parte, a Comissão de Comércio pode-

rá estabelecer requisitos de origem para os bens produzidos,quando os insumos objeto dessas medidas superem 40% dovalor FOB total do produto final. Cabe à Comissão de Comér-cio monitorar, a cada seis meses, a aplicação dessas medidase seus efeitos no comércio intra e extrazonal dos produtosatingidos por essa Resolução. Ao amparo do presente regime,a Comissão de Comércio promulgou, entre outras, as Diretri-zes 10/97; 11/97 e 15/97.

2.3.4. Ajustes na Nomenclatura e nos impostoscorrespondentes

Considerando que o Conselho do Mercado Comum ha-via aprovado oportunamente a Tarifa Externa Comum, inte-grada pela Nomenclatura Comum do MERCOSUL e suas res-pectivas alíquotas, e que era necessário aperfeiçoar a referidaNomenclatura para assegurar a eficácia daquela Tarifa comoinstrumento de política comercial, o Grupo Mercado Comumadotou, por proposta da Comissão de Comércio, uma série deResoluções, adequando a Nomenclatura e sua tarifa corres-pondente. As Resoluções aprovadas pelo Grupo Mercado Co-mum foram incorporadas à Tarifa Externa.

2.3.5. Consolidação das exceções à Tarifa Exter-na Comum

Como órgão encarregado de velar pela implementaçãodos instrumentos de política comercial comum do MERCOSUL,a Comissão de Comércio emitiu uma diretriz com a finalidadede divulgar entre os Estados Partes as listas de exceções àTarifa Externa Comum, resultantes dos distintos regimes apro-vados pelas Decisões e Resoluções promulgadas pelos órgãosdo MERCOSUL através de diferentes disposições (Diretriz 12/95).

De acordo com a Decisão nº. 22/94 do Conselho doMERCOSUL, desde 1º de janeiro de 1995 (data em que a Tarifa

Externa Comum entrou em vigor em cada um dos EstadosPartes, em substituição às respectivas tarifas nacionais), aslistas de exceções identificadas na citada Diretriz da Comis-são de Comércio são:

1. as listas básicas de exceções nacionais, de acordocom o Anexo IV da Decisão nº. 22/94 do Conselho;

2. as listas de exceções resultantes do Regime de Ade-quação final à União Aduaneira, de acordo com o anexo V daDecisão nº. 24/94 e suas modificações;

3. as listas básicas de convergência do setor de bens decapital, de acordo com o Anexo II da Decisão nº. 22/94 e suasmodificações;

4. as listas básicas de convergência do setor deinformática e de telecomunicações, de acordo com o AnexoIII da Decisão no. 22/94 e suas modificações;

5. as listas de exceções correspondentes à Resolução7/95 do GMC, relativas às ações pontuais no âmbito tarifáriopor razões de abastecimento;

6. a lista correspondente aos itens tarifários do setoraçucareiro, conforme o artigo 4º da Decisão nº. 19/94 do Con-selho; e

7. a lista correspondente aos itens alfandegários do se-tor automotivo, conforme o artigo 4º da Decisão 29/94 do Con-selho.

Cabe destacar que, como conseqüência da adoção daVersão Única em idioma espanhol e da Emenda nº 2 do Siste-ma Harmonizado, a partir de 1º de janeiro de 1996, a Comis-são de Comércio recomendou às Partes realizar a correlaçãodos itens compreendidos nas referidas listas de exceções e deadequação, mantendo o universo de bens compreendidos nascitadas listas, mesmo quando a classificação tarifária dosinsumos possa ver-se modificada, por motivo da incorporaçãoda mencionada Emenda nº. 2 à Nomenclatura Comum doMERCOSUL.

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3. REGIMES ESPECIAIS DE IMPORTAÇÃO NOMERCOSUL

A Decisão 10/94 do Conselho Mercado Comum(protocolizada na ALADI pelo Décimo Terceiro Protocolo Adici-onal ao Acordo de Complementação Econômica nº. 18) decla-ra inaplicáveis ao comércio intrazonal os incentivos às expor-tações, com exceção de alguns, como os créditos de fomentoe de financiamento das exportações, a reintegração ou exo-neração de impostos internos indiretos e, dentro dos regimesespeciais, excetua somente o regime de depósitos industrial ede distribuição, subsídios e sistemas de verificação e controlemútuo, em determinadas condições.

Por sua vez, a Decisão nº 8/94 do Conselho do MercadoComum harmonizou o tratamento a ser adotado para as mer-cadorias admitidas em zonas francas da Região. Estabeleceuseu âmbito de aplicação, compreendendo tanto as zonas fran-cas comerciais como industriais, as zonas de processamentode exportações e as áreas aduaneiras especiais.

Em seu Artigo 2º dispõe que os Estados Partes aplicarãoa Tarifa Externa Comum ou, no caso dos produtos de exceção,a tarifa nacional vigente às mercadorias provenientes de zo-nas francas comerciais ou industriais, de zonas deprocessamento de exportações e de áreas aduaneiras especi-ais, sem prejuízo das disposições legais em vigor para o in-gresso de tais produtos em cada um dos países.

O Artigo 3º disciplina a aplicação de cláusulas de salva-guarda sob o regime jurídico do GATT, quando as importaçõesprovenientes de zonas francas comerciais ou industriais, dezonas de processamento de exportações e de áreas aduanei-ras especiais impliquem aumento imprevisto de importações,que cause dano ou ameaça de dano para o país importador.

O Artigo 5º autoriza a operar no MERCOSUL as zonasfrancas que atualmente se encontram em funcionamento e asque se instalem no futuro. Com relação às Áreas Aduaneiras

Especiais de Manaus e Tierra del Fuego, foi autorizado seufuncionamento sob o regime atual até o ano 2013, dada suaparticular situação geográfica (Artigo 6º). Finalmente, a Dire-triz 03/95 da Comissão de Comércio do MERCOSUL aprovou oformulário para a solicitação de saída e entrada temporária debens.

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39Como Exportar

Mercosul Sumário

4. RESTRIÇÃO AOS SUBSÍDIOS INTRA-REGIONAIS

4.1. Situação dos incentivos no MERCOSULOs mecanismos sobre incentivos às exportações pre-

vistos na legislação nacional dos Estados Partes deverão con-vergir no ano 2001.

A Decisão nº. 10/94 do Conselho Mercado Comum, ad-mite a permanência de alguns incentivos no comérciointraregional, até a harmonização das condições tributárias noMERCOSUL. Nesse sentido, os Estados Partes se compromete-ram a respeitar as disposições resultantes dos compromissosassumidos no âmbito do Acordo Geral de Tarifas e Comércio(GATT) com referência aos incentivos às exportações que apli-quem.

A criação ou concessão de novos incentivos por algunsEstados Partes, a partir de janeiro de 1995, assim como amanutenção dos já existentes, deverão ser objeto de consultaentre os países integrantes do MERCOSUL.

Os países signatários abster-se-ão de utilizar incentivosde natureza cambial que impliquem a outorga de subsídios,entendendo-se como tais os sistemas cambiais múltiplos ououtros que discriminem em favor de operações de exportaçãoou de importação ou de determinados produtos de exportaçãoou importação. As partes signatárias poderão conceder a seusexportadores esquemas de �drawback� ou admissão tempo-rária, compreendendo a suspensão, isenção ou restituição dosimpostos que incidem sobre as mercadorias destinadas aoaperfeiçoamento, fabricação, complementação ou acondicio-namento de outra a ser exportada.

Poderão, no entanto, conceder créditos de fomento efinanciamento às exportações, quando os mesmos forem ou-torgados em condições de prazos e taxas de juros compatí-veis com as aceitas internacionalmente em operações equiva-lentes. No que se refere ao comércio intrazonal, o artigo 12ºda Decisão em exame estabelece que não se poderão aplicar

incentivos às exportações, salvo as exceções analisadas noitem 4.1.4., a seguir.

4.1.1. Restituição de impostos indiretosOs países do MERCOSUL poderão reintegrar os seguin-

tes impostos indiretos, conforme as disposições do GATT:- os pagos pelos exportadores; ou- os acumulados ao longo das etapas anteriores de pro-

dução dos bens exportados.A reintegração pode ser total ou parcial, porém o nível

da mesma não poderá exceder a incidência dos impostos indi-retos sobre as vendas ou sobre o consumo, efetivamente pa-gos pelos exportadores ou acumulados em etapas anterioresde produção.

Do mesmo modo, admite-se a exoneração de tributosinternos indiretos aos bens destinados à exportação.

4.1.2. Regime de �Drawback�Os membros do MERCOSUL poderão autorizar seus ex-

portadores à operação de esquemas de �drawback� ou admis-são temporária, segundo a terminologia utilizada pelos Esta-dos Partes. Assim, o �drawback� pode compreender diferen-tes modalidades:

- Suspensiva: consiste na suspensão do pagamento dosimpostos exigíveis quando da importação de mercadorias des-tinadas ao aperfeiçoamento, fabricação, complementação ouacondicionamento de outra mercadoria a ser exportada.

O prazo máximo da suspensão será de dois anos, po-dendo ser prorrogado até cinco anos no caso de importaçãode mercadorias destinadas à produção de bens de capital delongo ciclo de fabricação.

- Isenção: consiste na exoneração dos impostosexigíveis na importação de mercadorias em qualidade e quan-tidade equivalentes às utilizadas para o aperfeiçoamento, fa-bricação, complementação ou acondicionamento de produtosexportados.

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Mercosul Sumário

- Restituição: consiste na reintegração parcial ou totaldos impostos que tiverem sido pagos para a importação demercadorias ou utilizadas no aperfeiçoamento, fabricação,complementação, ou acondicionamento de outras mercadori-as exportadas.

- Também poderá ser concedido o regime de �drawback�para matérias-primas e outros produtos que, embora não inte-grem o item exportado, sejam utilizados em sua fabricaçãoem condições que justifiquem a concessão.

4.1.3. Regime de depósitos aduaneirosOs países-membros do MERCOSUL poderão conceder a

seus exportadores o regime de depósito aduaneiro na expor-tação, que consiste em permitir o depósito de mercadorias sobcertas condições: em local determinado; com a suspensão dopagamento de impostos; com a finalidade exclusiva de depósi-to; sem transformação das mercadorias; sob controle fiscal;pelo prazo de um ano, prorrogável até o limite de 3 anos. Odepósito aduaneiro pode ser permitido em duas modalidades,quais sejam, o depósito aduaneiro comum e o depósito adua-neiro em regime extraordinário. Este último permite a utiliza-ção de incentivos fiscais às exportações a partir da data desaída da mercadoria do estabelecimento vendedor.

Cabe mencionar, ainda, o regime de depósito industrial,pelo qual se concede a uma indústria o direito de importação,com suspensão de tributos e sob controle aduaneiro, de certasmercadorias que, depois de serem submetidas a operações deindustrialização, sejam destinadas ao mercado externo. O prazode depósito será determinado pelas necessidades de cada caso.

Finalmente, o regime de depósito aduaneiro de distribui-ção permite a guarda de mercadorias sob certas condições,mencionadas a seguir:

- que se trate de empresas industriais estabelecidas noterritório dos países do MERCOSUL, beneficiárias habituais doregime aduaneiro especial de �drawback� ou autorizadas aoperar o regime de depósito industrial;

- que as mercadorias tenham sido importadas sem co-

bertura cambial;- que se destinem à exportação ou à reexportação para

terceiros países;- que as mercadorias importadas sejam da mesma mar-

ca adotada pela beneficiária e produzidas por empresas loca-lizadas no exterior e vinculadas à beneficiária, independente-mente de sua origem ou procedência.

4.4.4. Incentivos ao comércio intrazonalOs países integrantes do MERCOSUL se compromete-

ram a tomar as medidas necessárias para evitar que os incen-tivos setoriais, regionais ou tributários, reconhecidos pela le-gislação interna para beneficiar as atividades produtiva e ex-portadora, sejam aplicados ao comércio intra-regional.

Os incentivos às exportações, no comércio intrazonal,não serão utilizados, salvo nas seguintes exceções:

- financiamento às exportações de bens de capital alongo prazo: poderá ser outorgado sob as condições do Artigo4º da Decisão nº. 10/94, relativo à concessão de créditos defomento e financiamento;

- devolução ou isenção de impostos indiretos: poderãoser reintegrados ou isentos nas condições previstas nos Arti-gos 5º e 6º da Decisão nº. 10/94, até que fiquem harmoniza-das as condições que garantam um tratamento em forma tri-butária igualitária às produções localizadas no âmbito dos pa-íses signatários;

- regimes aduaneiros especiais: poderão ser concedi-dos, sob as condições estabelecidas nos Artigos 9º, 10º e 11ºda Decisão 10/94, para os insumos, partes ou peças utilizadosna elaboração de bens sujeitos às disposições dos parágrafosprimeiro e segundo do Artigo 2º referente ao Âmbito de Apli-cação do Regime de Origem MERCOSUL. A Comissão de Co-mércio analisará os alcances e limitações da utilização destesregimes no comércio intrazonal e proporá os ajustamentosque resultem necessários para preservar a proteção derivadada Tarifa Externa Comum.

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5. ACORDOS DE LIVRE COMÉRCIO COM TERCEIROSPAÍSES

5.1. O Acordo Quadro Inter-Regional de Coope-ração entre a Comunidade Européia e o Mercado Co-mum do Sul (MERCOSUL)

O Acordo Quadro Inter-Regional de Cooperação entre aComunidade Européia e o MERCOSUL, celebrado em dezem-bro de 1995, mesmo que não constitua um acordo de livrecomércio propriamente dito, explicita a crescente importân-cia, tanto econômica quanto política, do MERCOSUL no con-texto internacional.

O Acordo encontra-se em aplicação provisória até suaratificação. Seu Artigo 34 estabelece que o Acordo terá dura-ção indefinida e entrará em vigor no primeiro dia do mês se-guinte à data em que as Partes notificarem a conclusão dosprocedimentos necessários a tal efeito. Estabelece que as Par-tes deverão determinar a oportunidade, o momento e as con-dições para iniciar as negociações sobre a conformação daAssociação Inter-Regional.

Durante a etapa de aplicação provisória, os órgãos es-tabelecidos conforme a estrutura institucional do Acordo são aComissão Mista de Cooperação e a Subcomissão Comercial.

A Comissão Mista (COMIX) terá, durante a fase de apli-cação provisória do Acordo, três competências fundamentais,quais sejam: zelar pelo cumprimento dos objetivos previstosdurante a etapa de aplicação provisória; definir e seguir osprogramas de cooperação conjunta e fixar as linhas básicas;e supervisionar os trabalhos da Subcomissão Comercial.

No âmbito comercial, as Partes determinarão, em con-junto, as áreas de atuação de cooperação comercial, sem ex-cluir nenhum setor.

Por último, cabe assinalar que, entre os fundamentos

do Acordo Quadro, destaca-se a necessidade de dar continui-dade às ações realizadas ao amparo do Acordo de Coopera-ção Inter-Institucional celebrado entre o Conselho do Merca-do Comum e a Comissão das Comunidades Européias, em 29de maio de 1992.

5.2. Os acordos de livre comércio celebrados peloMERCOSUL

Fundamentando-se na necessidade de fortalecer o pro-cesso de integração da América Latina, e a fim de alcançar osobjetivos previstos no Tratado de Montevidéu de 1980, oMERCOSUL celebrou com o Chile e com a Bolívia, através doesquema 4+1, acordos de complementação econômica aoamparo do Tratado de Montevidéu de 1980. Tais acordos têma finalidade de estabelecer um quadro jurídico e institucionalde cooperação e integração econômica e física que contribuapara a criação de um espaço econômico ampliado, com vistasa facilitar a livre circulação de bens e serviços e a plena utili-zação dos fatores produtivos.

5.3. Acordo de Complementação Econômica en-tre MERCOSUL e Chile

O Acordo de Complementação Econômica nº 35 (ACE35), celebrado entre o MERCOSUL e o Chile, vigente desde 1ºde outubro de 1996, tem como objetivo a formação de umazona de livre comércio entre os cinco países, em um prazomáximo de 10 anos.

O principal instrumento do Acordo é o Programa deLiberalização Comercial, que consistirá em desgravações pro-gressivas e automáticas aplicáveis sobre as tarifas vigentespara terceiros países no momento do despacho das mercado-rias (não há, portanto, consolidação de tarifas aplicadas a ter-ceiros países).

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De acordo com o referido Programa, uma extensa gamade produtos (cerca de 90% do universo) estarão liberados em1º de janeiro de 2004. A margem inicial de preferência era de40% em 1º de outubro de 1996 e, em dezembro de 1997, jáhavia atingido 48%.

Os produtos restantes, com esquemas de desgravaçãoque se concluirão em prazos que oscilam entre 10, 15 e 18anos, incluem produtos altamente �sensíveis� na economia dospaíses signatários. Os chamados produtos �sensíveis� terão umperíodo de dez anos para se adequar à desgravação, ao passoque outro grupo de produtos denominado �sensíveis especiais�terão um prazo de 15 anos.

No caso do setor agrícola � que demandou negociaçõesmais intensas � o prazo de adequação será entre 16 e 18anos, como é o caso do trigo, das farinhas e das carnes, entreoutros.

Os diferentes esquemas de desgravação (doze no total)envolvem ritmos que, em alguns casos, começam depois detranscorridos os primeiros 4, 10 e 11 anos, estando previstoque a Comissão Administradora definirá, antes de 31 de de-zembro do ano de 2003, a incorporação ao Programa deLiberalização Comercial de determinados produtos que, a par-tir de 1º de janeiro de 2014, gozarão de 100% da margem depreferência frente a terceiros países (farinha e trigo).

Cabe assinalar, por último, que a liberalização estabele-ce que produtos e mercadorias usadas não se beneficiarão daspreferências estabelecidas no Acordo.

5.3.1. Regulamentação normativa baseada na Or-ganização Mundial do Comércio (OMC) e nas disposi-ções do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT)

São os seguintes os temas regulados pelas normasestabelecidas no âmbito da OMC e do GATT:

a) tratamento nacional em matéria de tributação e regu-

lamentação interna;b) práticas desleais de comércio e aplicação de medi-

das compensatórias ou �anti-dumping�;c) valoração aduaneira, opções e reservas;d) normas e regulamentos técnicos, medidas sanitárias

e fitossanitárias;e) aplicação e utilização de incentivos à exportação;f) serviços; eg) direitos da propriedade intelectual relacionados com

o comércio.

5.3.2. Outras disposições que regulam o funcio-namento do Acordo

5.3.2.1. Regime de origem

O Acordo estabelece que as Partes aplicarão regime deorigem às importações realizadas ao amparo do Programa deLiberalização Comercial, para fins de:

- qualificação e determinação da mercadoria conside-rada como originária;

- emissão dos certificados que comprovem a qualifica-ção correspondente; e

- processos de verificação, controle e sanções por falsi-ficação, adulteração ou qualquer outra circunstância que re-sulte em prejuízo fiscal ou econômico.

Ainda com relação à matéria, cabe mencionar que oChile outorga ao Paraguai um tratamento diferencial na quali-ficação de determinadas mercadorias, às quais será aplicadoregime de origem de 50% do conteúdo regional, até 31 dedezembro do ano de 2003. A partir de 1º de janeiro de 2004,entretanto, essa qualificação deverá ajustar-se ao regime com-binado no Acordo.

Cabe salientar ainda que, no geral, o regime de origemacordado com o Chile guarda similaridade com o Regime es-

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tabelecido entre os Estados Partes do MERCOSUL.

5.3.2.2. Cláusulas de salvaguardaEmbora as Partes tenham assumido o compromisso de

fazer vigorar o Regime de Medidas de Salvaguarda a partir de1º de janeiro de 1997, o assunto ainda está sendo examinadopela Comissão Administradora do Acordo.

Até a entrada em vigor do regime, as preferências ne-gociadas, conforme o Programa de Liberalização Comercialnão serão objeto de salvaguardas.

5.3.2.3. Solução de controvérsias

As controvérsias que venham a surgir no que diz res-peito à interpretação, à aplicação e ao cumprimento do Acordoe dos Protocolos, celebrados em março de 1997, serão dirimi-das de conformidade com o regime de Solução de Controvér-sias, que prevê uma etapa de consultas prévias e/ou negocia-ções diretas, seguida de intervenção da Comissão Administra-dora do Acordo e, se for o caso, será convocada, uma reuniãodo grupo de peritos �ad hoc�.

O Acordo com o Chile não prevê o procedimento dearbitragem como última etapa. Entretanto, o Artigo 22 estabe-lece um prazo para que a Comissão Administradora conduzaas negociações necessárias, com o objetivo de definir e acor-dar procedimento arbitral, a partir do quarto ano de vigênciado Acordo. Se nesse prazo não se definir a matéria, adotar-se-á o procedimento fixado no Protocolo de Brasília.

O Acordo não prevê reclamações de particulares, já queo Artigo 1º somente se refere às controvérsias que surjamentre as Partes signatárias, isto é, entre Estados.

5.3.2.4. Integração física

Cientes da importância do processo de integração físicacomo instrumento imprescindível à criação de um espaço eco-

nômico ampliado, as Partes assumiram o compromisso de fa-cilitar o trânsito de pessoas e a circulação de bens, assim comode promover o comércio recíproco e em direção a terceirosmercados, mediante o estabelecimento e a plena operação devínculos terrestres, fluviais, marítimos e aéreos.

Com essa finalidade, foi assinado, na mesma data doAcordo, um Protocolo de Integração Física, que consagra ocompromisso de realizar um programa coordenado de inves-timentos em obras de infra-estrutura física.

5.3.2.5. Investimentos

Os acordos bilaterais de promoção e proteção recípro-ca de investimentos, acordados entre o Chile e os EstadosPartes do MERCOSUL, manterão sua plena vigência.

5.4. Acordo de Complementação Econômica nº. 36 en-tre a Bolívia e o MERCOSUL

O Acordo assinado entre o MERCOSUL e a Bolívia, vi-gente desde 28 de fevereiro de 1997, tem por finalidade al-cançar a formação de uma área de livre comércio entre seussignatários, mediante a expansão e diversificação do inter-câmbio comercial e a eliminação das restrições tarifárias enão-tarifárias que afetam o comércio recíproco.

Seu principal instrumento também é o Programa deLiberalização Comercial que se aplicará aos produtos originá-rios e procedentes dos territórios das Partes contratantes. Talprograma consistirá em desgravações progressivas e auto-máticas, aplicáveis às tarifas vigentes para terceiros países,no momento do despacho das mercadorias objeto de inter-câmbio (não existe, em conseqüência, no Acordo MERCOSUL-Bolívia, consolidação de tarifas aplicadas a terceiros países).(Art. 2º parágrafo 1º).

O Acordo incorpora as preferências tarifárias anterior-mente negociadas em Acordos Parciais ou Regionais no âmbi-to da ALADI, cujas preferências ficaram sem efeito.

O Programa contempla eliminação tarifária não-imedi-

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ata de 100% (tarifa zero) para um grupo importante de produ-tos (bens de capital e insumos); produtos da Lista de Aberturade Mercados (LAM) em favor da Bolívia, com comércio efeti-vo; produtos registrados no ACE 34 em favor da Bolívia; eprodutos compreendidos na oferta nacional exportável, queantes não contavam com preferências.

Adicionalmente, foram estabelecidos no Programa ou-tros esquemas (quatro no total) de desgravação para produ-tos específicos, com ritmos mais lentos devido à sua �sensibi-lidade� diante de uma eventual concorrência de produtos simi-lares de importação da Bolívia ou do MERCOSUL e à necessi-dade de um período de adaptação maior para algumas indús-trias efetivamente instaladas, com vistas à entrada em ummercado mais aberto e mais competitivo. Os produtos com-preendidos em tais esquemas alcançarão uma desgravaçãototal em 1º de janeiro de 2006.

Também se estabeleceram listas tentativas de produtosde �maior sensibilidade�, que começarão a ser desgravadosno ano de 2005, de forma progressiva e automática, até al-cançar a desgravação total em seis anos, em um caso, e emnove anos no segundo caso, ou seja, nos anos 2011 e 2014,respectivamente.

Cabe assinalar que alguns produtos que integram a ofertaexportável da Bolívia terão prazo de desgravação de 15 anos:embutidos, palmitos, frutas e sucos de frutas em conserva,produtos lácteos, azeites e tortas oleaginosas (exceto as desoja), algodão, farinhas e produtos de padaria, lâminas e cha-pas de madeira, caixas de papelão, vestuário, mantas, roupasdesportivas e calçados, entre outros. A soja e o açúcar inte-gram a lista de desgravação em 18 anos.

5.4.1. Regulamentação normativa baseada na OMCe no GATT

As normas da OMC e do GATT também regulamentamquestões tais como práticas desleais de comércio, incentivos

às exportações e valoração aduaneira. Quanto aos regula-mentos técnicos, medidas sanitárias e fitossanitárias, as Par-tes observarão as disposições do Acordo sobre Obstáculos Téc-nicos ao Comércio e do Acordo sobre a Aplicação de MedidasSanitárias e Fitossanitárias da OMC, com vistas a não criaróbices desnecessários ao comércio.

5.4.2. Outras disposições que regulam o funcio-namento do Acordo

5.4.2.1. Regime de origem

O Acordo estabelece que as Partes aplicarão o regimede origem às importações realizadas ao amparo do Programade Liberalização Comercial, para:

- qualificação e determinação das mercadorias originá-rias;

- emissão dos certificados de origem; e- processos de verificação, controle e sanções por falsi-

ficação, adulteração ou outra circunstância que acarrete pre-juízo fiscal ou econômico.

5.4.2.2. Complementação e intercâmbio por se-tores produtivos

Esse campo configura uma das principais matérias re-guladas pelo Acordo. As Partes assumiram o compromisso depromover a complementação e a integração industrial, comer-cial e tecnológica, com a finalidade de obter o máximo apro-veitamento dos recursos disponíveis, incrementar o comércioentre as Partes e possibilitar a exportação, para terceiros mer-cados, de bens produzidos em seus territórios.

5.4.2.3. Cláusulas de salvaguarda

As Partes poderão aplicar, em caráter excepcional, me-didas de salvaguarda à importação de produtos beneficiados

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no Programa de Liberalização Comercial, entendendo-se portais medidas a suspensão total ou parcial do cumprimento doscompromissos em matéria de preferências tarifárias resultan-tes do Acordo. Salvo entendimentos entre as Partes, tais me-didas não poderão ser utilizadas uma vez conformada definiti-vamente a zona de livre comércio, isto é, quando todos osprodutos do universo tarifário alcançarem a desgravação de100%.

O disposto nessa matéria não impedirá a aplicação, pe-las Partes Contratantes, quando corresponder, das medidasprevistas no artigo XIX do GATT (medidas de urgência sobre aimportação de produtos determinados), conforme a interpre-tação dada pelo Acordo Sobre Salvaguardas da OMC.

5.4.2.4. Solução de controvérsias

O Acordo estabelece que as controvérsias que venhama surgir entre as Partes com relação à interpretação, aplica-ção ou não cumprimento das suas disposições serão submeti-das ao mecanismo de Solução de Controvérsias, conforme oseguinte procedimento, que se desenvolve em duas etapas:

- consultas prévias e/ou negociações diretas: a apre-sentação de solicitação deve ser comunicada à Comissão Ad-ministradora do Acordo. Em seguida, as Partes tratarão confi-dencialmente a informação fornecida e realizarão negociações,no prazo de trinta dias;

- intervenção da Comissão Administradora do Acordo:a Comissão avaliará a situação, ouvirá as Partes e, se neces-sário, poderá requerer informações técnicas sobre o caso. Essaetapa poderá estender-se por até quarenta e cinco dias. Se aintervenção não tiver sido satisfatória, a Comissão convocaráimediatamente um grupo �ad hoc� de especialistas integradopor três peritos, que deverão apresentar suas conclusões noprazo de trinta dias contados a partir da sua constituição. Es-sas conclusões serão submetidas à apreciação da Comissãoque, no prazo máximo de quinze dias, formulará suas reco-

mendações.O Acordo com a Bolívia não prevê o procedimento de

arbitragem. Contudo, ao término de três anos de sua vigên-cia, dever-se-á estabelecer um procedimento de arbitragem,ou aplicar o julgamento arbitral previsto no Protocolo deBrasília.

O Acordo tampouco prevê reclamação de particulares,de vez que o Artigo 1º somente se refere a controvérsias quevenham a surgir entre as Partes, isto é, entre Estados.

5.4.2.5. Disposições finais

O instrumento mantém a vigência das disposições doAcordo de Alcance Parcial de Promoção do Comércio nº. 6 quediz respeito à Liberação do Comércio de Hidrocarbonetos eseus Derivados, celebrado ente a Bolívia e a República Argen-tina (AAPPC/6 de 15 de julho de 1994).

elisa.martins
CRÉDITOS
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CR

ÉD

ITO

S

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORESDepartamento de Promoção ComercialDivisão de Informação ComercialBrasília - DF - Brasil, 1996

CEX: 65Coleção: Estudos e Documentos de Comércio ExteriorSérie: Como Exportar

Elaboração: Ministério das Relações Exteriores - MREDepartamento de Promoção Comercial - DPRDivisão de Informação Comercial - DICEmbaixada do Brasil em São José

Seção de Estudos e Publicações - SEP

Setor de Promoção Comercial - SECOM

Coordenação: Divisão de Informação ComercialDistribuição: Divisão de Informação Comercial

Os termos e apresentação de matérias contidas na presente publicação não traduzem expressão de opinião por parte doMRE sobre o �status� jurídico de quaisquer países, territórios, cidades ou áreas geográficas e de suas fronteiras ou limites. Ostermos �desenvolvidos� e �em desenvolvimento�, empregados em relação a países ou áreas geográficas, não implicam tomadade posição oficial por parte do MRE.

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