como cuidar do seu dinheiro

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Economy & Finance


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Este material é sugestão de leitura para os alunos na aula de Administração Eclesiástica da Faculdade Nazarena do Brasil, para o maior aproveirtamento dos conteúdos. www.prfabiocanellato.blogspot.com

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Page 1: Como cuidar do seu dinheiro
Page 2: Como cuidar do seu dinheiro

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Page 3: Como cuidar do seu dinheiro

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Page 4: Como cuidar do seu dinheiro

O Lucro não Vem por Acaso

COLEÇÃO

GESTÃO EMPRESARIAL

Eficiência e Sucesso para seus Negócios

Como cuidar de seu dinheiro

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Page 5: Como cuidar do seu dinheiro

SUMÁRIO

Apresentação ............................................................................. 5

Capítulo 1

Visão geral de finanças .............................................................. 6

Capítulo 2

Grandes decisões financeiras .................................................. 16

Capítulo 3

Orçamento: plano e controle .................................................... 28

Capítulo 4

Fluxo de caixa .......................................................................... 42

Capítulo 5

Risco e retorno ........................................................................ 58

Capítulo 6

Avaliação de empresas ............................................................ 78

Capítulo 7

O caixa é rei ............................................................................. 92

Sobre o autor ........................................................................... 94Referências .............................................................................. 95

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Page 6: Como cuidar do seu dinheiro

Coleção Gestão EmpresarialComo motivar sua equipe Publicado

Como garantir a eficiência Publicado

Como deixar as contas em dia Publicado

Como cuidar de seu dinheiro Publicado

Como gerenciar pessoas Próximo

Como vender seu peixe A publicar

Como planejar o próximo passo A publicar

Como entender o mercado A publicar

Como usar a matemática financeira A publicar

Como ser um empreendedor de sucesso A publicar

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Page 7: Como cuidar do seu dinheiro

APRESENTAÇÃO

Quem tem negócio próprio sabe como é preciso, por vezes, fazer

muitas contas, tirar daqui, pôr ali, tudo para fechar o mês no azul.

Planejamento orçamentário, investimento, controle do fluxo de

caixa, avaliação de riscos e retornos, esses temas compõem um

leque fundamental para a saúde de sua empresa.

Como cuidar de seu dinheiro – O Lucro não Vem por Acaso

é uma lição de como transformar seu empreendimento num

negócio, de fato, lucrativo.

Tudo de uma forma clara, com uma linguagem simples e, ao

mesmo tempo, envolvente.

A Coleção Gestão Empresarial foi especialmente desenvolvida

para auxiliá-lo a aprimorar a gestão de seus negócios. Elaborados

e supervisionados por especialistas, os livros visam proporcionar

conhecimento em Finanças, Contabilidade, Marketing, Recursos

Humanos, Planejamento Estratégico e em muitos outros temas

fundamentais para a administração eficaz do negócio próprio.

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Page 8: Como cuidar do seu dinheiro

VISÃO GERAL DE FINANÇAS

Como a área de finanças pode

auxiliar minha empresa a gerar

mais lucro? Quais ferramentas

existem para realizar a análise

de rentabilidade?

1

6

O conceito fundamental de finan-

ças – ou da administração financei-

ra – baseia-se no processo de análi-

se e gestão do dia-a-dia empresa-

rial e de seu destino de longo

prazo do ponto de vista puramente

econômico ou monetário.

É uma ferramenta para que o

administrador ou empresário possa

interpretar suas decisões operacio-

nais e de investimento de forma a

criar cada vez mais valor para seu

negócio como um todo. Ou seja, o

objetivo central é fornecer à

empresa uma perspectiva financei-

ra de modo a gerar valor para seu

dono ou acionista.

Na interpretação financeira, a

empresa precisa realizar investi-

mentos em estoques, máquinas,

terrenos e mão-de-obra. O dinheiro

investido nesses bens diretos – cha-

mados de ativos – deve ser corres-

pondido por uma quantia idêntica

de dinheiro proporcionada pelo

financiamento, seja de seu proprie-

tário ou de terceiros.

Quando começar a vender, a

empresa em questão irá gerar uma

quantia maior de dinheiro. Essa é a

base da criação de valor. Dessa

forma, cumpre-se a finalidade da

empresa de criar valor para seu

acionista ou proprietário.

livro04_06-15 25.07.06 13:02 Page 6

Page 9: Como cuidar do seu dinheiro

7

Fluxo de caixa

Com base no fluxo operacional, a

empresa realiza sua função essen-

cial de produzir e vender produtos

e serviços. Necessita, desse modo,

de recursos que, por sua vez, têm

de ser pagos em dinheiro ou apre-

sentam seu valor respectivo em

moeda corrente.

O recebimento de dinheiro pela

venda desses produtos e serviços é

a contrapartida do valor agregado

à sociedade, reconhecido pelos

clientes da empresa.

A diferença entre os valores pagos

pelos recursos utilizados e os valo-

res recebidos pela venda dos pro-

dutos e serviços resulta na geração

operacional de caixa proporciona-

da pelo lucro gerado na venda

desses produtos e serviços.

O fluxo de caixa da empresa nada

mais é que a tradução financeira

dessa movimentação básica de

recursos que, acoplado às movi-

mentações financeiras de investi-

mento e entradas de capital,

formam o fluxo financeiro geral

do empreendimento.

Assim, o fluxo financeiro ou de

caixa pode ser definido como o

conjunto de movimentações finan-

ceiras decorrente do pagamento e

recebimento dos eventos econômi-

cos, das operações da empresa e

das atividades de captação de

recursos e investimentos de capital.

Criação de valor

Do ponto de vista financeiro, a

empresa se torna real com a deci-

são de investimento de seu

empreendedor, acionista ou pro-

prietário, que reunirá uma quanti-

dade de recursos próprios – ou

com a ajuda de terceiros – para

viabilizar o empreendimento.

Apesar do plano de criação de um

empreendimento ou negócio ter

elencado à sua existência uma

série de componentes – atendi-

mento de um conjunto de funções

sociais, mercadológicas e até de

própria realização pessoal para o

empreendedor –, o mundo das

finanças irá restringir seu objetivo

à criação de valor econômico para

seu empreendedor.

livro04_06-15 25.07.06 13:02 Page 7

Page 10: Como cuidar do seu dinheiro

8

O empreendedor deve se ver como credor do próprionegócio, uma vez que se privou de seu capital.

O conceito de criação de valor está

diretamente relacionado à própria

sustentação e viabilidade do negó-

cio. Afinal, a criação de valor é o

resultado da venda do produto ou

da prestação de serviço de forma a

gerar uma quantia de recursos

financeiros capaz de:

• Pagar os custos operacionais.

• Pagar os empréstimos e respecti-

vos juros.

• Remunerar o dono da empresa

de modo que ele não encontre

alternativa melhor em outros

negócios para o uso de seu tempo

e seu capital.

Se quaisquer dessas condições não

são suportadas pela empresa, por

mais nobre que seja sua função,

não haverá sustentação econômica

para mantê-la em operação.

Custo do capital

Para compreender o conceito de

custo do capital, é preciso, inicial-

mente, entender o capital como

uma mercadoria – ou seja, uma

quantidade de recursos expressa

em valores monetários reunidos

por uma pessoa física ou jurídica.

Desde um passado distante, o

capital é transacionado entre as

pessoas como meio de viabilizar

os negócios.

Constituiu a essência do capitalis-

mo, que, por sua vez, proporcio-

nou a criação de empresas e con-

glomerados econômicos.

A essência do conceito do custo do

capital reside na noção de que o

capital – como qualquer mercado-

ria – tem determinado valor,

expresso pelo resultado de uma

negociação entre duas partes:

• Quem tem o capital disponível.

• Quem necessita do capital para

determinado fim.

É a famosa quebra-de-braço entre

a oferta e a demanda.

livro04_06-15 25.07.06 13:02 Page 8

Page 11: Como cuidar do seu dinheiro

9

O indivíduo que detém o capital

pode disponibilizá-lo para aquele

que não o possui. Para isso, terá de

se privar por não tê-lo mais a sua

disposição. Assim, o proprietário

do capital obviamente irá cobrar

uma taxa por seu uso daquele que

for utilizá-lo, como um aluguel.

Essa taxa é exatamente o custo

do capital.

Seu valor varia de acordo com dois

fatores essenciais:

1. O tempo em que o capital for

disponibilizado.

2. O risco do devedor perder o

capital e não conseguir devolvê-lo.

Credor do próprio negócio

No decorrer deste livro, vamos

entender que o custo do capital

se aplica não somente às opera-

ções de empréstimo, mas tam-

bém ao investimento realizado

por empreendedores nos

próprios negócios.

Quando for apresentada a estrutu-

ra de capital das empresas, será

possível analisar a fonte do capital

originada pelo dono do negócio –

o empreendedor – como mais um

provedor de capital para que o

empreendimento se realize.

Assim, o empreendedor deve se

ver como credor do próprio negó-

cio, uma vez que se privou de seu

capital para que o empreendimen-

to se tornasse realidade.

O empreendimento ou negócio

como entidade jurídica indepen-

dente deve os recursos financeiros

a seu proprietário em virtude do

capital investido.

Deve, portanto, “repagar” o valor

do investimento acrescido de uma

quantia suficiente para remunerá-

lo pelo tempo de privação – por

não ter seu capital disponível – e

pelo risco de perder seu dinheiro

se o empreendimento der errado

por qualquer motivo.

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Page 12: Como cuidar do seu dinheiro

10

de sua receita ou faturamento

menos seus custos de produção ou

prestação de serviços) por sua

receita (toda entrada de recursos

da empresa originada pela venda

de suas mercadorias ou pela pres-

tação de serviços).

Exemplo: se o faturamento ou

receita da empresa foi de 100

reais e, após o pagamento de seus

custos de 70 reais, obteve um

lucro bruto de 30 reais, sua mar-

gem bruta será de:

Análise de rentabilidade

Os administradores financeiros

desenvolveram uma série de fer-

ramentas para avaliar o processo

de criação de valor de uma

empresa. Elas analisam o em-

preendimento por diversos ângu-

los, de modo a detectar os pontos

fortes e fracos dos negócios, bem

como as oportunidades e os ris-

cos. Para isso, utilizam como base

o balanço patrimonial contábil e

as demonstrações de resultado.

As principais ferramentas de aná-

lise de rentabilidade são:

• margem bruta;

• margem de contribuição;

• margem operacional;

• margem líquida;

• retorno dos ativos;

• retorno do patrimônio líquido.

Margem bruta

Centro de criação de valor em um

empreendimento é onde nasce a

rentabilidade da empresa. É cal-

culada por meio da divisão do

lucro bruto da empresa (resultado

Lucro bruto

ReceitaMargem bruta =

R$ 30,00

R$ 100,00

30% de margem bruta

=

A margem bruta é um dos índices

fundamentais para a análise de

geração de valor da empresa.

Demonstra se há rentabilidade no

ato da venda da mercadoria com

o pagamento dos custos necessá-

rios para a própria viabilização

do ciclo operacional de produção

da empresa.

livro04_06-15 25.07.06 13:02 Page 10

Page 13: Como cuidar do seu dinheiro

11

Esse índice realmente demonstra

se o coração da empresa é rentável

ou não. Se a margem bruta não

for positiva, nenhum outro índice

de rentabilidade da empresa será.

Margem de contribuição

Responde à seguinte pergunta:

como cada unidade vendida pode

contribuir para a solidez da saúde

financeira da empresa?

Apresenta um processo de análise

um pouco mais profundo que o

da margem bruta. Procura avaliar

a criação de valor proporcionada

por cada unidade de produto

vendida pela empresa, comparan-

do o preço unitário com o custo

unitário de produção.

Exemplo: se determinada merca-

doria tem preço de venda de 20

reais e custo unitário de 5 reais, a

margem de contribuição será de

15 reais, que é exatamente seu

valor agregado.

De uma forma mais ampla, a mar-

gem de contribuição demonstra

quanto o consumidor está dispos-

to a pagar a mais pelo produto

do que ele realmente custa para

ser feito ou comercializado.

Essa margem representa o que a

empresa – como unidade de pro-

dução capaz de tornar o produto

uma realidade – cria como valor

agregado à sociedade e ao pró-

prio negócio.

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Page 14: Como cuidar do seu dinheiro

12

Margem operacional

Agora é a hora de analisarmos a

eficiência administrativa e comer-

cial da empresa. A margem opera-

cional é um índice de rentabilida-

de voltado às decisões administra-

tivas da empresa, uma vez que

compara o lucro operacional (após

o pagamento das despesas admi-

nistrativas, comerciais e outras)

com o faturamento – ou seja, a

receita da empresa.

Baseada nesse índice, a empresa

pode tomar decisões quanto à

melhoria de sua produtividade

administrativa e comercial, compa-

rando sua performance com anos

anteriores ou com o desempenho

apresentado por empresas do

mesmo setor econômico.

Exemplo: o faturamento ou a recei-

ta da empresa foi de 100 reais e,

após o pagamento de seus custos de

70 reais, obteve lucro bruto de 30

reais. Supondo que as despesas ope-

racionais (comerciais e administrati-

vas) foram de 20 reais, o lucro ope-

racional será de 10 reais.

O número exato de produtosa serem vendidos para pagartodos os custos e despesasindiretas representa o pontode equilíbrio do negócio.

No exemplo anterior, o administra-

dor financeiro pode ampliar sua

análise: sabendo que cada produto

vendido cria 15 reais de valor agre-

gado à empresa, é possível calcular

quantos produtos serão necessários

vender para pagar o aluguel da

fábrica, do escritório, o custo de

propaganda e os salários, entre

outras despesas, e ainda gerar

lucro para o dono.

Mais tarde, veremos que o número

exato de produtos a serem vendi-

dos para pagar todos os custos e

despesas indiretas representa o

ponto de equilíbrio do negócio, no

qual a empresa não apresenta

lucro nem prejuízo. No ponto de

equilíbrio um produto a mais pode

colocar a empresa no azul, do

mesmo modo que um produto a

menos pode colocá-la no vermelho.

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Page 15: Como cuidar do seu dinheiro

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mento de seus custos de 70 reais,

obteve lucro bruto de 30 reais.

Adicionando suas despesas opera-

cionais (comerciais e administrati-

vas) de 20 reais, seu lucro opera-

cional será de 10 reais. No entan-

to, se a empresa precisar pagar o

Imposto de Renda de 3 reais

sobre o lucro operacional, seu

lucro líquido será de 7 reais.

Assim, a margem líquida será de:

A margem operacional será de:

Lucro operacional

Receita

Margem operacional

=

R$ 10,00

R$ 100,00

10% de margem

operacional=

Lucro líquido

Receita

Margem líquida

=

R$ 7,00

R$ 100,00

10% de margem líquida

=

Margem líquida

Depois de todo esse trabalho de

análise de rentabilidade, resta

saber quanto sobrou para os

donos da empresa. O objetivo da

margem líquida é a análise do re-

sultado do negócio sobre a pers-

pectiva de retorno ao acionista.

Compara o lucro líquido da

empresa – após o pagamento de

todos os custos, despesas e impos-

tos – com o faturamento. Ou seja,

de toda a soma de recursos obti-

dos pela empresa com a venda de

seus produtos ou a prestação de

seus serviços, quanto efetivamente

sobrou para o dono do negócio.

Exemplo: pelo exemplo anterior, o

faturamento ou receita da empre-

sa foi de 100 reais e, após o paga-

livro04_06-15 25.07.06 13:02 Page 13

Page 16: Como cuidar do seu dinheiro

14

Retorno dos ativos

Será que está valendo o esforço de

todo esse investimento? A resposta

está no retorno dos ativos.

O objetivo central desse índice –

cuja sigla norte-americana é ROA

(Return on Assets) – é auxiliar o

administrador financeiro no pro-

cesso de avaliação dos investimen-

tos da empresa. Assim, ele pode

tomar decisões em relação à cria-

ção de valor para a empresa –

compra de outra fábrica, expansão

da capacidade produtiva, paga-

mento de aluguel de nova máqui-

na – e saber o retorno que essa

decisão irá proporcionar de forma

a sustentar suas necessidades

de financiamento.

Desse modo, o cálculo do retorno

dos ativos leva em consideração o

cálculo do lucro operacional da

empresa (proporcionado pela ope-

ração desses próprios ativos) sobre

o investimento feito na aquisição

dos mesmos.

Genericamente, os administradores

financeiros calculam o retorno dos

ativos pela seguinte fórmula:

Se o retorno apresentado por

um ativo for inferior a seu custo

de financiamento, ou mesmo infe-

rior a outras alternativas de inves-

timento apresentadas pelo merca-

do, o bom administrador financei-

ro deverá optar por não realizar

o investimento.

Retorno do patrimônio líquido

Até agora tudo bem... Mas há

outra pergunta: será que o dinhei-

ro investido pelo dono do negócio

está rendendo mais do que outras

alternativas de investimento?

O retorno do patrimônio líquido

– cuja sigla norte-americana é

ROE (Return on Equity) – é um dos

índices mais importantes do pro-

cesso de avaliação de rentabilida-

de de uma empresa. Ele resume o

resultado dos demais índices de

rentabilidade, concluindo a ava-

liação da rentabilidade do negó-

cio do ponto de vista do dono do

empreendimento, que, como

Lucro operacional

Ativos operacionais

Retorno dos ativos

=

livro04_06-15 25.07.06 13:02 Page 14

Page 17: Como cuidar do seu dinheiro

15

visto, é a função essencial da

administração financeira.

O resultado do índice de retorno

do patrimônio líquido será a

remuneração proporcionada pelo

lucro líquido da empresa a seu

patrimônio líquido, que represen-

ta a soma de todos os recursos

investidos pelo proprietário

no empreendimento.

Lucro líquido

Patrimônio líquido

Retorno dopatrimônio

líquido=

O que você viu no capítulo 1

> O conceito de finanças como ferra-menta para gerar valor ao negócio.1

> A explicação de fluxo de caixa e suarelação com a criação de valor.2

> A definição e o cálculo do custo do capital.3

> As ferramentas essenciais para a aná-lise de rentabilidade.4

livro04_06-15 25.07.06 13:02 Page 15

Page 18: Como cuidar do seu dinheiro

GRANDES DECISÕES FINANCEIRAS

O que fazer com o dinheiro

que sobrou em caixa? Como

escolher a melhor opção de

investimento? Qual o momento

de distribuir os dividendos?

2

16

Uma vez estabelecido o negócio, o

empreendedor se depara com

diversas situações que, por sua vez,

exigem decisões que vão influir no

futuro da empresa. Três delas

dizem respeito a finanças:

• Decisão de investimento

Sobrou dinheiro. E agora, o que

fazer com ele?

• Decisão de financiamento

Ok, temos uma ótima oportunida-

de de investimento, mas de onde

vamos tirar os recursos necessários?

• Decisão de dividendos

Está sobrando dinheiro no caixa.

Vamos distribuir logo os dividendos

e aproveitar umas boas férias?

Decisão de investimento

Para o empreendedor, é um dos

principais momentos do ciclo finan-

ceiro. A origem dos recursos pode

ser da poupança pessoal dos donos

do negócio, da sobra de dinheiro

no caixa da empresa ou da utiliza-

ção de meios obtidos de terceiros

(empréstimos, financiamentos,

adiantamentos, desconto de dupli-

catas, cheques etc.).

Os investimentos devem sempre ser

analisados pela ótica da criação de

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 16

Page 19: Como cuidar do seu dinheiro

17

valor para o negócio como um

todo. Ou seja, deve visar ao

aumento da riqueza do empreen-

dedor do negócio.

É de fundamental importância

notar que a decisão de investi-

mento ocorre em diversas instân-

cias da vida empresarial: das deci-

sões mais corriqueiras (compra de

estoques, investimentos em manu-

tenção etc.) até aquelas de grande

porte (abertura de uma filial, com-

pra de uma empresa concorrente,

investimento em um novo ramo

de negócio etc.).

De forma genérica, qualquer

decisão de investimento deverá

levar em consideração quatro

pontos básicos:

1. Lucro

O lucro a ser gerado pelo investi-

mento, obtido por meio de novas

receitas ou pela pura e simples

redução de gastos ou custos em

virtude desse investimento.

2. Risco

O risco do investimento e a possi-

bilidade de os recursos investidos

serem perdidos pelas circunstâncias

adversas que poderão aparecer.

3. Tempo

O tempo de realização e a previsão

de retorno do dinheiro investido.

4. Recursos

Cálculo do custo do dinheiro a ser

utilizado no investimento, seja ele

proveniente do caixa da empresa,

seja pelo endividamento de tercei-

ros, seja pelos aportes de capital

dos donos do negócio.

É bastante interessante destacar o

custo do dinheiro quando este é

originado da própria sobra do

caixa da empresa.

No entanto, do mesmo modo

como ocorre com os recursos vin-

dos do dono do empreendimento,

esse novo investimento irá utilizar

recursos que poderiam ser destina-

dos a outros fins mais ou menos

lucrativos, tanto no caso do caixa

da empresa como no da poupança

de seu dono.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 17

Page 20: Como cuidar do seu dinheiro

18

Se o novo investimento não apresentar retorno superior ao das demais alternativas oferecidas pelomercado, ele não cobre ocusto de oportunidade.Portanto, não deverá ser realizado, pois não estarácriando valor para a empresanem para seus donos.

Portanto, quando nos referimos

anteriormente ao custo dos recur-

sos para o dinheiro com origem no

dono do empreendimento e no

caixa da empresa, estamos falando

em termos relativos.

Em outras palavras, o novo investi-

mento tem de proporcionar um

retorno superior ao das demais

alternativas de investimento dispo-

níveis tanto para o dono do negó-

cio como para o caixa da empresa.

Afinal, o retorno proporcionado

pelas demais alternativas de inves-

timento presentes no mercado

representa o custo de oportunida-

de tanto para o exemplo do dono

da empresa como para a sobra de

caixa do negócio.

Se o novo investimento não apre-

sentar retorno superior ao das

demais alternativas oferecidas pelo

mercado, ele não cobre o custo de

oportunidade. Portanto, não deve-

rá ser realizado, pois não estará

criando valor para a empresa nem

para seus donos.

É importante notar que a avaliação

da rentabilidade do investimento e

seus custos de financiamento levam

em consideração os juros e o custo

de oportunidade do dinheiro com

o decorrer do tempo.

Em relação à diversificação dos

investimentos, cabe salientar a opi-

nião de Warren Buffet, um dos

mais bem-sucedidos investidores

dos últimos tempos e classificado

entre os homens mais ricos do

mundo. Buffet aconselha a todo

profissional com superávit de capi-

tal investir seus recursos em

empreendimentos e negócios de

pleno conhecimento, de modo a

poder interpretar as reais variáveis

que influenciarão seu sucesso.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 18

Page 21: Como cuidar do seu dinheiro

19

Decisão de financiamento

Ao concluir que se deve gastar

uma determinada quantia de

recursos para um determinado fim,

define-se a decisão de investimen-

to. Ou seja, há clareza de que essa

decisão supera as demais alternati-

vas de investimento presentes no

mercado com relação a suas pers-

pectivas de risco e retorno.

Parte-se, a seguir, para a análise do

outro lado da moeda: qual a

forma ideal de financiamento para

viabilizar esse negócio?

De forma geral, como analisado

anteriormente, existem três alter-

nativas para a origem do financia-

mento do investimento:

1. Utilizar a poupança do dono do

negócio para realizar um aporte

de capital na empresa.

2. Usar a sobra de caixa originada

no lucro das operações da empresa

ou na venda de um bem ativo

(carro, imóvel, estoques etc.).

3. Contrair um empréstimo, finan-

ciando esses recursos com o dinhei-

ro de terceiros.

Outra alternativa indireta de

financiamento de investimentos

pelo capital de terceiros pode ser

obtida por meio do leasing ou alu-

guel dos ativos. Muitas vezes, essa

alternativa pode se mostrar inte-

ressante para a estruturação de

um projeto, uma vez que esses

recursos não são contabilizados no

balanço da empresa como dívida.

Assim, não onera demasiadamente

o saldo de passivos e melhora a

apresentação de seus números

para futuras avaliações de crédito.

Quanto às variáveis financeiras, o

leasing e o aluguel geralmente

apresentam as mesmas condições

de juros e amortizações que um

financiamento tradicional de longo

prazo de mercado.

Por outro lado, dependendo do

ativo alugado, a estrutura de

garantias exigidas do empreende-

dor para a realização da operação

poderá ser inferior que a de um

financiamento tradicional.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 19

Page 22: Como cuidar do seu dinheiro

20

No processo de escolha das fontes

de financiamento do investimen-

to, dois aspectos fundamentais

irão definir a decisão:

1. Custo

O custo do dinheiro próprio (do

caixa da empresa ou de seus

donos) e o custo do dinheiro de

terceiros. Esse tópico será analisa-

do de modo detalhado posterior-

mente, quando estudarmos o

item referente a custo de capital.

2. Risco

Originalmente, as diferentes for-

mas de financiamento – com

dinheiro próprio ou de terceiros –

apresentam um aspecto bastante

interessante quanto a seu impac-

to no resultado do caixa da

empresa: pode influenciar defini-

tivamente o risco do empreendi-

mento e a sua velocidade em

gerar resultados. É o que os admi-

nistradores financeiros chamam

de alavancagem financeira, que

trata do aumento da velocidade

dos resultados.

Custos fixos e variáveis

A principal característica que divi-

de o comportamento dos custos

originados nos recursos prove-

nientes de terceiros ou de capital

próprio reside na definição dada

pelos administradores financeiros

à diferença entre os custos fixos e

os variáveis.

Custos fixos

Como a própria definição sugere,

são custos eternamente fixos

quando comparados ao comporta-

mento das vendas e receitas da

empresa e a seu respectivo reflexo

no lucro operacional.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 20

Page 23: Como cuidar do seu dinheiro

21

Custos variáveis

São aqueles originados em cir-

cunstâncias que os vinculam di-

retamente ao faturamento ou

ao resultado da empresa como

um todo. Os custos variam pro-

porcionalmente ao aumento ou

à redução do faturamento e,

ainda, de acordo com o resultado

da empresa.

Caso a caso

Desse modo, deve-se analisar com

cuidado o comportamento gené-

rico dos recursos originados no

capital de terceiros (dívidas).

O agente financiador empresta

dinheiro à empresa com base

numa estrutura de condições que

varia caso a caso.

Em última instância, porém, a

condição geral é a mesma: a

empresa deve pagar de volta o

valor da dívida em algumas par-

celas acrescidas de juros.

Portanto, o gasto que a empresa

terá com esse financiamento não

apresenta nenhuma relação com

o comportamento futuro do

resultado financeiro do negócio.

É um custo fixo e constante, com

um prazo definido, que deverá

ser pago independente de a

empresa apresentar bom ou

mau resultado.

Os recursos originados no capital

próprio são estruturados de

forma que o investimento realiza-

do retorne ao financiador –

seja ele o dono da empresa,

seja a sobra de caixa do negócio

com o próprio lucro da operação

da empresa.

Regra básica

É um custo variável, cujo valor do

reembolso do financiador acresci-

do de sua taxa de lucro só virá

com o bom resultado do

empreendimento. Ou seja, o valor

pode variar ao longo do tempo.

Uma regra é básica: o dono da

empresa só ganha se seu negócio

obtiver sucesso. Já o credor...

Bem, digamos que este está bem

mais preocupado com o paga-

mento da dívida do que com o

sucesso da empresa.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 21

Page 24: Como cuidar do seu dinheiro

22

Neste exemplo, vamos assumir

que a empresa tem como regra

distribuir 25% de seu lucro

como dividendos.

Exemplo 1

Financiamento do projeto com

origem no aporte de capital

do empreendedor.

Exemplo 2

Financiamento do projeto com

origem no financiamento de ter-

ceiros. Adotamos como premissa

que o financiamento é pago com

parcelas fixas de amortização e

juros de 27 mil reais.

Podemos observar no exemplo

acima que os dividendos pagos ao

dono da empresa acompanham o

crescimento do resultado do negó-

cio, apresentando o mesmo cresci-

mento exibido no resultado da

empresa, ou seja 21%.

Quando se utiliza o financiamento

com capital de terceiros amortiza-

do em parcelas fixas (exemplo 2),

apesar de haver crescimento de

21% nas vendas da empresa, não

se observa variação nas parcelas

gastas com o pagamento do finan-

ciamento. O resultado imediato

desse evento é o forte crescimento

do resultado final, que apresenta

aumento de 28% mediante um

crescimento de 21% no faturamen-

to. Essa diferença é a já menciona-

da alavancagem financeira.

O fato de os custos fixos não acom-

panharem a variação do resultado

da empresa proporciona um incre-

mento na variação do resultado.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 22

Page 25: Como cuidar do seu dinheiro

23

Ou seja, se a empresa está

ganhando mais dinheiro, não sig-

nifica que os credores irão receber

mais dinheiro como amortização

da dívida, sobrando mais recursos

para serem acumulados no caixa

da empresa ou distribuídos a seus

donos como dividendos.

Mas tome muito cuidado!

Da mesma forma que o devedor

não participa das comemorações

proporcionadas pelo bom resulta-

do do negócio, ele também não

tem a mínima compaixão quando

a empresa enfrenta tempos de

vacas magras.

Ainda que o faturamento da

empresa apresente queda, o cre-

dor vai manter sua postura de

cobrar a mesma quantia que sem-

pre recebeu como juros e amorti-

zação do financiamento.

Exemplo 3

Neste exemplo, o faturamento

apresenta uma redução de 42%.

Como a empresa continua pagando

a mesma quantia como amortiza-

ção da dívida e dos juros, seu resul-

tado indica queda de 56%, mos-

trando o efeito perverso da alavan-

cagem financeira.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 23

Page 26: Como cuidar do seu dinheiro

24

Conclusões

A utilização de capital de terceiros

para o financiamento de projetos

cria o efeito da chamada alavan-

cagem financeira – do mesmo

modo que aumenta as chances de

altas taxas de crescimento de

resultados nos períodos de vacas

gordas, aumenta proporcional-

mente o risco da empresa nas épo-

cas de crise. Portanto, é de funda-

mental importância adequar a

fonte de recurso para o financia-

mento de projetos às característi-

cas de mercado das empresas que

estamos administrando.

Empresas com grande flutuabili-

dade nas vendas ou alta variação

de preços proporcionada por

eventos como a sazonalidade

(períodos de alta e baixa estação)

não devem concentrar o financia-

mento de projetos nos recursos de

capital de terceiros. Evita-se, desse

modo, a dificuldade de honrar os

compromissos em períodos de

fraco faturamento.

Por outro lado, empresas com

grande previsibilidade de fatura-

mento – que têm contratos fixos

de longo prazo com clientes sóli-

dos, fornecedoras de utilidades

públicas, como energia elétrica,

telefonia, água e esgoto etc. –

apresentam muito pouca variação

de resultado operacional. Explica-

se: seus produtos ou serviços são

consumidos tanto em momentos

de prosperidade econômica como

nos períodos de crise, e também

independe da sazonalidade.

Essas empresas, portanto, têm

condições de concentrar seus

financiamentos em recursos origi-

nados no capital de terceiros.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 24

Page 27: Como cuidar do seu dinheiro

25

Decisão de dividendos

Na realidade, a teoria de finanças

avalia a decisão de dividendos den-

tro da mesma lógica que orienta

todo o fluxo financeiro da empre-

sa, relacionando-a diretamente

com as decisões de investimento e

financiamento da empresa.

Teoricamente, quando está tratan-

do da política de dividendos da

empresa, o empreendedor também

deve seguir a mesma filosofia de

criação de valor para o negócio

que orienta suas demais decisões

do dia-a-dia.

Ou seja, se não existir melhor alter-

nativa de investimentos no merca-

do do que o próprio negócio, o

bom empreendedor não deverá

retirar dividendos. A decisão mais

acertada seria reinvestir a sobra de

caixa no próprio negócio.

Ciclo de vida

É importante notar que o ciclo de

vida de qualquer negócio apresen-

ta diferentes fases de maturação e

consolidação. Cada fase indica uma

perspectiva de retorno para o

negócio e as diferentes necessida-

des de investimentos. Basicamente

a empresa apresenta três principais

fases em termos de fluxo de caixa:

Fase 1 – Star (Estrela)

Período em que o negócio está se

estabelecendo e a necessidade de

aporte de caixa é alta. Como a

empresa está ganhando mercado,

suas vendas indicam altas taxas de

crescimento. Nessa fase inicial, não

se deve distribuir dividendos, uma

vez que a empresa se apresenta

como a melhor alternativa de

investimento para o dono nesse

momento. A empresa precisa de

seu empenho máximo.

Se não existir melhor alternativa de investimentosno mercado do que o próprio negócio, o bomempreendedor não deveráretirar dividendos. A decisãomais acertada seria reinvestir a sobra de caixano próprio negócio.

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 25

Page 28: Como cuidar do seu dinheiro

26

Fase 2 – Cash cow (Vaca leiteira)

Fase em que o negócio já está con-

solidado, possui uma faixa de mer-

cado estável e requer apenas inves-

timentos de manutenção. É o

melhor momento do ciclo de vida,

quando a empresa é puramente

geradora de caixa e não requer

altos investimentos. Sua expectati-

va de retorno está dentro da média

do mercado. Logo, o dono do

negócio poderá adotar uma postu-

ra mais agressiva, distribuindo em

alguns casos a integralidade dos

lucros como dividendos.

Fase 3 – Dog (Cachorro)

Período em que o negócio “cadu-

cou” e entrou em crise: as vendas

apresentam declínio e a rentabilida-

de pode chegar até a ser negativa.

Nessa fase, o dono do empreendi-

mento deverá ponderar duas

alternativas:

• Fazer investimentos expressivos

para tentar devolver a empresa à

fase 1 – Star.

• Fechar o negócio.

Em ambas as situações descritas

acima, dificilmente poderá ser feita

a distribuição de dividendos.

Aplicação variada

Esse conjunto de fases (Star, Cash

cow e Dog), com maior ou menor

duração de cada uma delas, pode

ser aplicado a empresas, departa-

mentos de empresas, novos

produtos etc.

As três fases de vida da empresa

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 26

Page 29: Como cuidar do seu dinheiro

27

O que você viu no capítulo 2

> As três grandes decisões financeiras:investimento, financiamento e dividendos.1

> Os fatores que influem na decisão deinvestimento: lucro, risco, tempo e recursos.2

> As considerações para decidir amelhor forma de financiamento.3

> O ciclo de vida de uma empresa comas fases Star, Cash cow e Dog.4

livro04_16-27 25.07.06 13:06 Page 27

Page 30: Como cuidar do seu dinheiro

ORÇAMENTO: PLANO E CONTROLE

Como realizar o controle de

orçamento? Como organizar a

entrada e a saída de recursos?

Qual o melhor caminho para

reduzir as despesas?

3

28

Muita calma agora, porque é hora

de planejar todos os detalhes

financeiros do negócio e, depois,

ver se tudo deu realmente certo.

Para começar, vamos contar uma

história que envolve planejamento

e o que se chama sorte – ou azar.

Uma lei criada por engenheiros da

Nasa – agência espacial norte-ame-

ricana – ganhou o mundo, inspirou

diversas variações e gerou muitas

piadas: a Lei de Murphy.

Acredite: ela é uma das filosofias

fundamentais para o bom planeja-

mento e controle de um projeto.

Segundo essa lei, se alguma coisa

em um projeto – ou na vida de

uma pessoa comum – tem qualquer

chance de dar errado, pode ter cer-

teza que dará.

Essa lei produziu interpretações

distorcidas, sustentadas pela idéia

de que seria baseada em uma pro-

fecia do acaso, voltada para provo-

car a falta de sorte.

Sua essência é exatamente o con-

trário. A Lei de Murphy determina

que a regra para o planejamento e

controle de um projeto não deve

contar com a sorte. Portanto, se

você identificar qualquer variável

de risco em um projeto, deve neu-

tralizá-la, não permitindo que a

sorte decida por você, uma vez que

a lei pode ser implacável.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 28

Page 31: Como cuidar do seu dinheiro

29

Pontos de análise

Na atividade de planejamento e

controle orçamentário, o adminis-

trador financeiro deverá adotar a

postura dos engenheiros da Nasa e

analisar cada detalhe do fluxo de

caixa do projeto dentro dos

seguintes aspectos:

Detalhamento do fluxo de caixa

É fundamental detalhar o fluxo de

caixa empresarial em seus porme-

nores. Para analisar o faturamento

de uma empresa, por exemplo,

deve-se dividi-lo em itens como:

• Linha de produtos: separada por

preço e volume de vendas, como

calçados, malhas, camisetas etc.

• Mercados regionais: filial A, filial

B, filial C e assim por diante.

• Mercados globais: o total

de exportações e o total de

mercado doméstico.

• Política de descontos por produ-

to e mercado.

Comportamento

A análise e previsão de comporta-

mento prevêem a avaliação de

cada variável do fluxo de caixa da

empresa. Inclui o estudo do com-

portamento no passado e a previ-

são do comportamento futuro.

Aspectos econômicos

Cabe ao empreendedor estar aten-

to aos aspectos econômicos que

influenciam cada componente do

fluxo de caixa da empresa e identi-

ficar o risco de variáveis externas à

administração – como a variação

de preços do dólar, da soja, do

café, do petróleo, da energia, dos

juros etc. – que possam causar con-

tratempos a seus planos.

A Lei de Murphy determinaque a regra para o planejamento e controle de um projeto não deve contar com a sorte. Portanto,se você identificar qualquervariável de risco em um projeto, deve neutralizá-la.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 29

Page 32: Como cuidar do seu dinheiro

30

Com o processo analítico, oadministrador financeiro setorna capaz de planejar eadministrar a vida financeirada empresa, prevendo eventuais momentos de crisee prosperidade, e tornando-aapta a tirar o melhor proveitode ambos os momentos.

Controle e identificação de distorções

Comparar o orçamento realizado

ante às projeções iniciais, identifi-

cando o que ocorreu de modo dife-

rente do previsto e o porquê.

Confrontar os dados de seu

empreendimento com a média das

empresas do mercado, observando

pontos fortes e fracos de seu negó-

cio perante os concorrentes.

Análise fundamentalista

O processo de interpretação dos

fundamentos econômicos que

influenciam as variáveis financeiras

de uma empresa é chamado de

análise fundamentalista.

Por meio de um processo investiga-

tivo, o administrador financeiro

detalha cada item e subitem do

fluxo de caixa de uma empresa. O

trabalho consegue identificar cada

componente do fluxo de caixa e

mostrar se determinado item apre-

sentou variação positiva, negativa

ou neutra, quando comparado aos

dados passados ou às empresas

concorrentes presentes no mercado

nacional ou internacional.

Com o processo analítico, o admi-

nistrador financeiro se torna capaz

de planejar e administrar a vida

financeira da empresa, prevendo

eventuais momentos de crise e

prosperidade, e tornando-a apta a

tirar o melhor proveito de ambos

os momentos.

Entrada e saída

O processo de interpretação do

fluxo de caixa da empresa baseado

em sua realidade operacional

depende da compreensão em deta-

lhes dos componentes econômicos

que proporcionam os movimentos

de entrada e saída dos recursos em

uma organização.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 30

Page 33: Como cuidar do seu dinheiro

31

Origens de recursos

A entrada de dinheiro na empre-

sa não é obra do acaso. O proces-

so natural de ingresso de recursos

dentro de uma organização sau-

dável deve ocorrer principalmen-

te por meio de seus faturamentos

– ou seja, pela venda de produtos

ou serviços que definem sua

razão de existência.

Unidade-base

O total de ingresso de recursos

obtidos pela venda de produtos

ou serviços é o resultado da soma

da venda de todos os produtos da

empresa multiplicados por seu

respectivo preço de venda.

Para que o administrador finan-

ceiro possa decompor esse núme-

ro e analisar a contribuição de

cada produto vendido para o

faturamento total da empresa, é

de fundamental importância iden-

tificar a unidade-base de venda

de seus produtos.

Por exemplo, para um negócio do

Preço x Volume = Faturamento

setor energético, o indicador de

faturamento pode ser o mega-

watts/hora (MWh). Para o setor

pecuário, a unidade de faturamen-

to adotada é a arroba. Já, para a

área de telefonia, pode-se adotar

como unidade-base o pulso.

Uma vez identificada a unidade de

faturamento de cada produto da

empresa, o administrador financei-

ro tem condições de adquirir sensi-

bilidade quanto ao valor agregado

de cada produto e ponderar sua

importância para o mix de produ-

tos totais da empresa.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 31

Page 34: Como cuidar do seu dinheiro

32

A decomposição do faturamento

dos produtos por uma empresa

torna possível analisar o mix de

produtos e identificar, por exem-

plo, aqueles que possuem alto

valor unitário.

Na tabela acima, verifica-se que o

Produto B vendeu dez vezes

menos do que o Produto A. O

menor volume de vendas de B, no

entanto, é compensado por seu

alto preço unitário. Em conse-

qüência, ele atinge um fatura-

mento muito superior ao de A ou

ao de C. Qualquer variação na

quantidade vendida do Produto B

implicará um impacto muito supe-

rior ao dos demais produtos no

resultado final da empresa.

É importante notar que as variá-

veis mercadológicas de cada linha

de produtos apresenta um tipo

de comportamento – diferente

das demais –, dependendo das

características específicas dos

respectivos mercados.

Valor unitário

Acompanhe a tabela abaixo, que

relaciona três produtos (A, B e C),

indicando as unidades vendidas

(em quilos), seu preço unitário e o

faturamento total.

Composição do faturamento total

Unidades vendidas Preço unitário Faturamento

Produto A 100.000 kg R$ 2,00 R$ 200.000,00

Produto B 10.000 kg R$ 50,00 R$ 500.000,00

Produto C 10.000 kg R$ 2,00 R$ 20.000,00

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Page 35: Como cuidar do seu dinheiro

33

O administrador financeiroconservador trata o câmbiocomo um fator externo àsua organização. Requisita,portanto, o suporte de seubanco de confiança.

Mercado doméstico e exportações

Da mesma forma como efetuamos

a decomposição do faturamento

para linhas de produtos diferen-

ciados, devemos analisar o fatura-

mento da empresa conforme o

comportamento de cada mercado

regional onde ela atua.

Para o mercado internacional,

uma variável deve ser agregada

ao modelo de análise: o câmbio.

Afinal, o faturamento de produ-

tos exportados, além de depender

da quantidade de produtos vendi-

dos e do preço unitário, também

deverá ser influenciado pela cota-

ção da moeda.

A introdução do câmbio como

variável financeira aumenta signi-

ficativamente o risco do negócio.

Isso ocorre porque a cotação das

moedas dos países para os quais a

empresa exporta está relacionada

a variáveis macroeconômicas

internas daqueles países e a inú-

meras outras variáveis da política

internacional. Todas essas condi-

cionais, como dá para notar, não

apresentam nenhuma relação com

o negócio da empresa.

Muitas vezes, o administrador

financeiro se deixa empolgar pela

valorização cambial da moeda do

país para o qual está exportando,

tratando o aumento em suas

receitas de exportação como uma

variável de sucesso do negócio.

No entanto, quando a taxa de

câmbio demonstrar uma tendên-

cia de desvalorização, o prejuízo

tornar-se-á inevitável.

Desse modo, o administrador

financeiro conservador trata o

câmbio como um fator externo à

sua organização. Requisita, por-

tanto, o suporte de seu banco de

confiança para utilizar os instru-

mentos financeiros presentes no

mercado e, assim, travar os efeitos

da variação nas taxas de câmbio.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 33

Page 36: Como cuidar do seu dinheiro

34

Receitas financeiras

São receitas adicionais que, mal

gerenciadas, podem se mostrar

traiçoeiras ao futuro do negócio.

A receita financeira de uma empre-

sa representa uma forma secundá-

ria de ingresso de recursos.

Origina-se dos juros cobrados pela

empresa quando esta financia

clientes em vendas a prazo ou apli-

ca a sobra de caixa em instrumen-

tos de investimentos presentes no

mercado financeiro.

Uma distorção típica da economia

brasileira deixa à mostra uma ver-

dadeira armadilha aos administra-

dores financeiros. O passado de

altas taxas de inflação e as eleva-

das taxas de juros têm induzido

administradores financeiros a

gerenciar o capital de giro das

empresas de modo a proporcionar

expressivos resultados de receita

financeira – chegando a superar o

faturamento da empresa com a

venda de produtos e serviços.

Em geral, o resultado dessa prática

leva a empresa a inverter os papéis

de seu fluxo de caixa: como as

atenções estão voltadas ao geren-

ciamento do capital de giro para

proporcionar receitas financeiras

crescentes, a empresa põe seu fatu-

ramento em segundo plano e

negligencia as decisões operacio-

nais que proporcionam o sucesso

do próprio negócio.

Essa estratégia é baseada em um

cenário extremamente falso e vul-

nerável. A redução da inflação ou

das taxas de juros poderá eliminar

o resultado da ciranda financeira

que sustentava a empresa.

Sem o suporte do resultado finan-

ceiro, o administrador imprudente

acaba se deparando com uma

empresa operacionalmente mal

gerenciada, uma vez que o foco de

trabalho não estava mais na venda

de seu produto ou serviço.

Sem o suporte do resultadofinanceiro, o administradorimprudente acaba se deparando com uma empresa operacionalmentemal gerenciada.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 34

Page 37: Como cuidar do seu dinheiro

35

Saídas de recursos

É impressionante como, do ponto

de vista do empreendedor, as des-

pesas de uma empresa brotam de

todos os lados. A prioridade,

então, é aprender a domesticá-las.

A empresa deve ter sua atenção

redobrada em relação às saídas de

recursos. Antes de os custos chega-

rem ao ponto de assumir vida pró-

pria, o administrador financeiro

deverá identificar os principais

componentes de custo da empresa

e tratá-los com a mesma filosofia

da decisão de investimentos.

Traduzindo: cada centavo gasto no

negócio deve proporcionar um

resultado que crie valor para a

empresa como um todo. Da mesma

forma que observamos nos compo-

nentes que formam as origens de

recursos da empresa, a principal

atenção deve estar voltada ao

custo de produção das mercadorias

ou da prestação de serviços.

Custos de operação

De modo genérico, os custos ope-

racionais de uma empresa apresen-

tam dois padrões básicos de com-

portamento, que podem ser dividi-

dos em fixos e variáveis.

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Page 38: Como cuidar do seu dinheiro

36

Custos variáveis

São aqueles diretamente relacio-

nados ao processo produtivo.

Esses custos se destinam à confec-

ção de cada unidade de produto

da empresa, variando proporcio-

nalmente e de acordo com seu

nível de atividade.

Custos fixos

São geralmente formados por cus-

tos indiretos de fabricação, não se

relacionando diretamente com o

processo produtivo.

Exemplos: aluguel da fábrica, conta

de energia elétrica, salário da equi-

pe de segurança etc.

Esses custos são gerados indepen-

dentemente da empresa estar pro-

duzindo seus produtos ou não. O

valor dos custos fixos relaciona-se

mais com o tamanho ou a capaci-

dade total de produção da fábrica

do que com seu nível de atividade.

Se a empresa estiver parada, conti-

nuará a arcar com os custos fixos.

Custo total

Como mostra o gráfico abaixo, o

custo total da empresa deve ser

analisado de forma global. Ele será

obtido pela soma dos custos indire-

tos (fixos) com os custos diretos

(variáveis). O resultado está apre-

sentado na área hachurada.

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Page 39: Como cuidar do seu dinheiro

37

Despesas otimizadas

As despesas operacionais de uma

empresa podem ser divididas em:

• administrativas;

• comerciais.

Apesar do senso comum indicar

que, quanto menor as despesas,

maior o lucro, o empreendedor

deve estar atento ao fato de que

as despesas operacionais apresen-

tam uma relação indireta com a

capacidade de gerar resultados. Em

muitos casos, a redução extrema

nas despesas operacionais pode

comprometer a capacidade de

geração de caixa.

Alavancagem operacional

Assim como observamos o efeito

da alavancagem financeira sobre o

lucro final da empresa, percebemos

que os custos operacionais também

podem maximizar as variações no

resultado do empreendimento,

aumentando seu risco e sua proba-

bilidade de crescimento de lucro.

Na alavancagem operacional, os

custos fixos não acompanham o

crescimento do faturamento da

empresa, maximizando seu resulta-

do. Por outro lado, na redução ou

ausência de faturamento, os custos

fixos continuam presentes, aumen-

tando a possibilidade de prejuízo

com maior redução nos lucros.

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Page 40: Como cuidar do seu dinheiro

38

As despesas comerciais – compostas

dos gastos em marketing, vendas e

compras, entre outras – estão dire-

tamente relacionadas à maximiza-

ção de faturamento futuro.

Por exemplo, o investimento em

uma campanha publicitária poderá

não resultar em aumento imediato

nas vendas. Porém, talvez seja

capaz de melhorar a imagem da

empresa, o que proporcionará

maior estabilidade de faturamento

de longo prazo.

Outro exemplo pode ser verificado

no caso de um vendedor que rece-

ba uma remuneração elevada para

os padrões do mercado. A contra-

partida é que ele poderá ser o

principal vendedor da empresa, o

líder de vendas, justificando plena-

mente as altas comissões.

Já as despesas administrativas

representam o conjunto de gastos

da organização. Mais difíceis de

serem mensuradas em relação à

criação imediata de valor, estão

intimamente ligadas ao bom

gerenciamento e ao controle da

empresa como um todo.

Por exemplo, um departamento

contábil mal organizado poderá

causar prejuízos irreparáveis se

cometer erros no cálculo de impos-

tos a pagar ou erros no cálculo de

relatórios contábeis, distorcendo a

interpretação de decisões estratégi-

cas para o futuro da empresa.

Planejamento tributário

A extrema complexidade do código

tributário brasileiro faz com que

um dos fatores fundamentais do

sucesso de um empreendimento

seja seu planejamento tributário.

O cuidado com esse aspecto pode

resultar na diferença entre o fra-

casso e o sucesso de um negócio.

Basicamente, os impostos oneram

o empreendimento em duas

frentes principais:

A extrema complexidade docódigo tributário brasileirofaz com que um dos fatoresfundamentais do sucesso deum empreendimento seja seuplanejamento tributário.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 38

Page 41: Como cuidar do seu dinheiro

39

• faturamento;

• resultado.

No grupo de impostos voltados ao

faturamento, incluem-se tradicio-

nalmente os seguintes: Programa

de Integração Social (PIS),

Contribuição para o Financiamento

da Seguridade Social (Cofins),

Imposto sobre Produtos Industria-

lizados (IPI), Imposto sobre Serviços

de Qualquer Natureza (ISS) e

Imposto sobre a Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS). São

impostos que variam de produto a

produto e, em determinados casos,

de região a região.

O planejamento tributário adequa-

do deve interferir na escolha do

produto e da região adequados,

proporcionando ganhos de compe-

titividade que podem determinar a

liderança do mercado.

O grupo de impostos relacionados

à renda (contribuição social e

Imposto de Renda) irá onerar a

remuneração da empresa obtida

por meio de seu resultado opera-

cional ou financeiro, cuja legislação

é extremamente extensa.

O estudo adequado desses impos-

tos pode levar a empresa a econo-

mizar recursos fundamentais para

seu processo de criação de valor.

Custos financeiros

Como vimos, a decisão do adminis-

trador financeiro sobre providen-

ciar os recursos necessários para os

investimentos da empresa por meio

de recursos de terceiros terá como

conseqüência a criação de custos

financeiros para o empreendimen-

to, basicamente caracterizados

pelas despesas de juros.

As decisões de financiamento por

capital de terceiros podem variar

quanto ao prazo e, conseqüente-

mente, ao destino dos recursos.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 39

Page 42: Como cuidar do seu dinheiro

40

Financiamentos de curto prazo

São recursos originados e integral-

mente amortizados em um período

inferior a um ano. Esse tipo de

financiamento geralmente se rela-

ciona à cobertura de recursos insu-

ficientes da empresa para suportar

seu capital de giro.

O financiamento do capital de giro

pode ocorrer em duas situações:

• Quando existe um descompasso

de prazos entre o recebimento

dos recursos provenientes de suas

vendas e o pagamento das obriga-

ções necessárias para suportar seu

ciclo operacional.

• Quando os recursos provenientes

do faturamento são momentanea-

mente insuficientes para pagar os

custos operacionais da empresa.

Dessa forma, o capital de giro

adquire uma característica transitó-

ria. É como um socorro financeiro

para cobrir um “buraco” prove-

niente de uma deficiência do ciclo

operacional, não representando

uma decisão planejada permanen-

te de longo prazo.

Essa característica transitória de

socorro à empresa transfere o

poder da negociação do financia-

mento para o credor – o fornece-

dor dos recursos –, que acaba

cobrando uma taxa de juros mais

elevada que aquela disponível para

investimentos de longo prazo.

Financiamentos de longo prazo

São geralmente realizados após a

conclusão de um planejamento

estratégico detalhado da empresa,

resultante de uma decisão de

ampliação de capacidade produtiva

e abertura de novos mercados,

entre outros fatores.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 40

Page 43: Como cuidar do seu dinheiro

41

O que você viu no capítulo 3

> As etapas para realizar o planejamen-to orçamentário do negócio.1

> Os elementos para a identificação dasorigens dos recursos.2

> Os componentes que estão inclusosnas saídas de recursos.3

> As formas de otimizar despesas e ascaracterísticas dos financiamentos.4

Como conseqüência de um proces-

so de planejamento, a captação de

recursos de longo prazo é uma

opção bastante ponderada para a

empresa. Não apresenta a caracte-

rística de capital de socorro ou

suporte dos recursos de curto

prazo. Pode ser comparada às

diversas alternativas de financia-

mento à disposição da empresa,

inclusive a própria alternativa de

não realizar o projeto. Portanto,

esses recursos geralmente apresen-

tam custos mais baixos do que os

de curto prazo.

Dentre as diversas alternativas de

financiamento de longo prazo,

logicamente o agente financiador

vai onerar mais aquelas cujo prazo

é mais longo, uma vez que ele fica-

rá por mais tempo exposto ao risco

do negócio.

livro04_28-41 25.07.06 13:05 Page 41

Page 44: Como cuidar do seu dinheiro

FLUXO DE CAIXA

Que diferença faz entender o

ciclo operacional de uma

empresa para meus negócios?

Como integrar as áreas de

compras, produção e vendas?

4

42

Pode-se dizer que o fluxo de caixa

é o coração do sistema financeiro

da empresa, englobando as entra-

das e saídas de recursos.

Em outra comparação, uma empre-

sa deve operar do mesmo modo

que um sistema interligado de cai-

xas d’água: o fluxo financeiro entra

e sai de cada área ou departamen-

to de forma contínua e equilibra-

da, mantendo a harmonia de seu

dia-a-dia operacional.

Um dos pais da avaliação empresa-

rial, Thomas Copeland, costuma

repetir a célebre frase “Cash is

king” – ou, em português, “O caixa

é o rei – para destacar a importân-

cia da geração de fluxo de caixa

positivo no processo de criação de

valor de um negócio.

Origem e destino

O relatório que descreve a origem

e os destinos dos fluxos de recursos

da empresa, resultando na geração

líquida de caixa, chama-se fluxo de

caixa. Ele pode ser obtido de duas

formas básicas

• método direto;

• método indireto.

É o que vamos ver a seguir, a

começar pelo primeiro método.

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 42

Page 45: Como cuidar do seu dinheiro

43

Método direto

Também é chamado método de

tesouraria. O método direto é for-

matado a partir dos mesmos princí-

pios estudados no tópico de con-

trole orçamentário. Ou seja, deter-

minam-se as entradas de recursos

operacionais (compostas de vendas

e faturamento) e financeiras (resul-

tantes da receita de juros), dedu-

zindo-as das saídas de recursos

operacionais e financeiras.

Ano 1

Faturamento – Caixa à vista R$ 320.000,00

(–) Impostos sem faturamento – R$ 15.000,00

(=) Faturamento líquido R$ 305.000,00

(–) Custos operacionais – R$ 60.000,00

(=) Lucro bruto R$ 245.000,00

(–) Despesas operacionais – R$ 55.000,00

(=) Geração operacional de caixa R$ 195.000,00

(+) Receita de juros R$ 15.000,00

(–) Despesas de juros – R$ 10.000,00

(–) Compra de ativos – R$ 5.000,00

(+) Venda de ativos R$ 2.000,00

(–) Pagamento de passivos – R$ 3.000,00

(+) Novos financiamentos R$ 5.000,00

(–) Pagamento de dividendos R$ 0,00

(+) Integralização de capital R$ 1.000,00

(=) Geração líquida de caixa R$ 200.000,00

Exemplo de fluxo de caixa por método direto

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 43

Page 46: Como cuidar do seu dinheiro

44

Como observamos no exemplo da

página anterior, devemos prestar

atenção especial às entradas e saí-

das não operacionais de caixa pro-

venientes de:

Entradas não operacionais

• Venda de ativos: recursos entram

no caixa provenientes da venda de

imóveis, carros, máquinas etc.

• Criação de passivos: recursos

entram no caixa provenientes de

novas dívidas, parcelamento de

pagamentos etc.

• Integralização de capital: o dono

da empresa injeta novos recursos

no negócio.

Saídas não operacionais

• Compra de ativos: recursos saem

do caixa para compra de máquinas,

imóveis, outras empresas etc.

• Redução de passivos: recursos

saem do caixa para pagamento

de dívidas ou para reduzi-las

via amortização.

• Pagamento de dividendos: recur-

sos saem do caixa para remunerar

o dono da empresa.

O método direto de obtenção de

fluxo de caixa é valorizado pelo

alto grau de detalhamento e pre-

cisão de valores. Essas característi-

cas aumentam significativamente

a qualidade da análise e projeção

a ser elaborada pelo administra-

dor financeiro.

De modo geral, é amplamente

usado por administradores finan-

ceiros ligados à administração do

negócio, principalmente no pro-

cesso de elaboração do planeja-

mento estratégico e na avaliação

da viabilidade econômica dos pro-

jetos a serem realizados.

Método indireto

Seu ponto forte está na simplifica-

ção, objetividade e agilidade pro-

porcionadas na análise de estraté-

gias e tomada de decisão.

O método indireto é utilizado

pelos administradores financeiros

que não participam internamente

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 44

Page 47: Como cuidar do seu dinheiro

45

da empresa, mas estão interessa-

dos em seus resultados financeiros

para fins de avaliação de crédito e

aquisição de um projeto ou da

empresa como um todo.

A grande facilidade de trabalho

relacionada ao método indireto

reside no fato de que ele é gera-

do por meio da própria demons-

tração de resultados presentes nos

relatórios contábeis.

Nesse caso, é muito importante

que o administrador financeiro

tome especial cuidado com os

ajustes a serem realizados para

adaptar as regras que orientam o

regime contábil às regras que

baseiam o regime de caixa.

Os principais exemplos são:

1. Despesas apropriadas à

demonstração de resultados

que não correspondem à saída

de caixa:

• Depreciação

Utilizada para apropriar ao resul-

tado contábil da empresa a perda

de valor do ativo imobilizado por

seu uso e sua obsolescência. A

depreciação é uma despesa abs-

trata que não corresponde à saída

de caixa. Portanto, deve ser soma-

da ao resultado líquido para que

seu efeito seja anulado.

• Provisões para perdas de valor e

devedores duvidosos

As provisões são lançamentos con-

tábeis efetuados pelo conservado-

rismo a fim de que a empresa se

prepare para eventuais perdas em

seus ativos. Como não significa

saída de caixa, também devem ser

estornadas – ou seja, somadas ao

resultado líquido.

2. Diferenças entre o regime de

competência e o regime de caixa:

receitas a receber e custos a

pagar são contabilizados na

demonstração de resultados.

Nesse caso, o direito ou obrigação

da empresa já se configurou,

porém sua efetiva entrada ou

saída de caixa ainda está para

acontecer. Portanto, também

devem ser estornados.

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 45

Page 48: Como cuidar do seu dinheiro

46

Ano 1

Lucro líquido antes do Imposto de Renda R$ 150,00

Ajustes:

(+) Depreciação* R$ 20,00

(+) Prejuízo por variação cambial R$ 10,00

(–) Ganho nos investimentos R$ 5,00

(+) Despesas de juros R$ 15,00

(=) Lucro ajustado R$ 190,00

Fluxo de caixa das atividades operacionais

(+) Variação nas contas a receber de clientes e outros R$ 35,00

(+) Variação em estoques R$ 10,00

(+) Variação em fornecedores a pagar R$ 5,00

(=) Caixa proveniente das operações R$ 50,00

(–) Juros pagos R$ 10,00

(–) Imposto de Renda pago R$ 5,00

(=) Caixa líquido proveniente de atividades operacionais R$ 35,00

Fluxo de caixa das atividades de investimento

(–) Aquisição de subsidiária R$ 10,00

(–) Compra de ativo imobilizado R$ 65,00

(+) Recebimento pela venda de ativo imobilizado R$ 20,00

(+) Juros recebidos R$ 5,00

(+) Dividendos recebidos R$ 10,00

(=) Caixa líquido proveniente de atividades de investimentos - R$ 40,00

Fluxo de caixa das atividades financeiras

(+) Recebimento pela emissão de ações de capital R$ 40,00

(+) Recebimento por empréstimo de longo prazo R$ 20,00

(–) Pagamento de item do passivo por leasing financeiro R$ 10,00

(–) Dividendos pagos R$ 5,00

(=) Caixa líquido proveniente de atividades financeiras R$ 45,00

(=) Aumento (ou redução) de caixa R$ 230,00

Exemplo de fluxo de caixa por método indireto

* Em caso de prejuízo, a depreciação deve ser subtraída.

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 46

Page 49: Como cuidar do seu dinheiro

47

Ciclo operacional de uma empresa

Da mesma forma, como apresenta-

do no método direto, devemos

considerar as entradas e saídas de

caixa não operacionais como com-

pra e venda de ativos, criação e

redução de passivos e integraliza-

ção de capital ou pagamento de

dividendos. No entanto, tradicio-

nalmente, os administradores

financeiros dão um tratamento

especial aos aumentos e às redu-

ções de ativos e passivos de curto

prazo, pois esses estão relacionados

à estratégia de gestão do ciclo ope-

racional da empresa, formando seu

capital de giro.

Análise de capital de giro

O capital de giro corresponde à

totalidade dos recursos necessários

para o financiamento das ativida-

des operacionais, como:

• Compra de matérias-primas e o

respectivo estoque.

• Custos de elaboração de seus pro-

dutos acabados e semi-acabados e

os respectivos estoques.

• Financiamento de seus clientes,

no caso de a empresa ter de operar

com vendas a prazo.

Compra dematéria-

prima

Saída de caixa

Entrada de caixa

Estoque dematéria-

prima

Processo produtivo eestoque de produtos

semielaborados

Estoque deprodutosacabados

Venda aprazo

Período de financiamento das atividades operacionais

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 47

Page 50: Como cuidar do seu dinheiro

48

Prazo médio de pagamento

Primeiramente, vamos assumir que

determinados custos referentes ao

ciclo operacional serão pagos à

vista ou a prazo. Os períodos de

pagamento serão distintos – por

exemplo, 30, 60 ou 90 dias.

Desse modo, o administrador

financeiro precisa calcular o prazo

médio desses pagamentos a fim de

planificar uma média de quanto

tempo vai levar para que seus for-

necedores financiem o ciclo opera-

cional do negócio.

O conhecimento do prazo médio

de pagamento (PMP) proporciona

à empresa um certo fôlego para

produzir seus produtos e formar

um estoque, mesmo que eles ainda

não sejam vendidos.

Como regra geral, quanto maior o

PMP, menor a necessidade de inje-

ção de capital próprio no financia-

mento das atividades da empresa.

Agora, como se faz para calcular o

PMP? Para isso, o administrador

financeiro pode utilizar os demons-

trativos contábeis e calcular a fór-

mula a seguir:

Como podemos observar no gráfico

da página anterior, o financiamen-

to do processo operacional de uma

empresa requer um planejamento

detalhado. Ele deve determinar o

volume de recursos necessários

para manter as atividades, pagar os

fornecedores e outros custos de

produção, enquanto o caixa resul-

tante da venda de seus produtos

ainda não foi formado.

Os principais indicadores para a

avaliação do capital de giro da

empresa são:

• Prazo médio de pagamento (PMP).

• Prazo médio de estocagem (PME).

• Prazo médio de recebimento

(PMR).

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 48

Page 51: Como cuidar do seu dinheiro

49

Exemplo

Se o período de elaboração das

demonstrações financeiras for

anual, utilizaremos, por exemplo,

360 dias como período-base para a

fórmula. Se for trimestral, 90 dias;

se for bimestral, 60 dias, e assim

por diante.

O balanço anual de uma empresa

apresenta um custo de mercadorias

vendidas de 140 reais e um saldo

médio de fornecedores de 70 reais.

Portanto, o PMP será:

Período

Custo

Fornecedores a pagarPMP

Fórmula do PMP

=

360

R$ 140,00

R$ 70,00PMP =

360

2PMP = 180 dias=

Uma vez adquiridas as matérias-primas, o relógiocomeça a correr contra oempreendedor, porque oprazo para pagar os fornecedores já passou a ser contado a partir dessa compra. O dono do negócio,porém, ainda precisa confeccionar seus produtose, em seguida, estocá-los até que sejam vendidos.

Prazo médio de estocagem

Uma vez adquiridas as matérias-pri-

mas, o relógio começa a correr con-

tra o empreendedor, porque o prazo

para pagar os fornecedores já pas-

sou a ser contado a partir dessa

compra. O dono do negócio, porém,

ainda precisa confeccionar seus pro-

dutos e, em seguida, estocá-los até

que sejam vendidos. O período do

processo de produção, a partir da

saída da matéria-prima da fábrica

dos fornecedores até a venda efeti-

va do produto, é coberto pelo prazo

médio de estocagem (PME).

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 49

Page 52: Como cuidar do seu dinheiro

50

É exatamente por isso que os

empresários e administradores gas-

tam boa parte de seu tempo plane-

jando a redução dos estoques e do

tempo médio de produção da

empresa. É a receita para melhorar

a eficiência financeira sem pôr em

risco a continuidade de suprimento

do ciclo operacional.

Receita de eficiência

O PME representa o prazo em que

a empresa já está devendo ao for-

necedor, mas ainda não recebeu

sequer 1 real pela venda dos pro-

dutos. Obviamente, conclui-se que,

quanto menor o prazo do PME,

mais saudável será o resultado de

caixa da empresa.

Estocagem em função do tempo

Fórmula do PME

Para estimar o PME, o administra-

dor financeiro utilizará os demons-

trativos contábeis e calculará a

seguinte fórmula:

Período

Custo

EstoquePME =

Exemplo

Para determinar o PME, emprega-se

a mesma regra dos períodos usada

no PMP. Ou seja, se o período de

elaboração das demonstrações

financeiras é anual, utilizaremos

360 dias como período-base para a

fórmula. Se for trimestral, 90 dias,

se for bimestral, 60 dias etc.

tempo

saldo de estoques

data de reposiçãodo estoque

estoque máximo

econômico

estoque mínimo

de segurança}

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 50

Page 53: Como cuidar do seu dinheiro

51

360

R$ 90,00

R$ 30,00PME =

O balanço anual de uma empresa

apresenta um custo de mercadorias

vendidas de 90 reais e um saldo

médio de estoques de 30 reais.

Portanto, o PME será:

Prazo médio de recebimento

Uma vez finalizado o ciclo opera-

cional – ou seja, os produtos

foram adquiridos pelos clientes e

já não fazem mais parte do esto-

que de produtos –, o empreende-

dor se encontra em condições de

destinar sua atenção ao recebi-

mento pelas vendas.

Vamos imaginar que uma parte das

vendas tenha sido realizada à vista,

enquanto outra importante porção

dos recebimentos da empresa será

feita a prazo – a quantidade de

parcelamentos varia de acordo com

360

3

PME = 120 dias=

o tipo de negócio. A programação

para o pagamento dos recebimen-

tos a prazo foi fixada em diversas

datas: 30, 60 e 90 ou mais dias.

Vamos considerar também que

podem ocorrer atrasos não progra-

mados quando o cliente, por

algum contratempo financeiro, não

cumprir com o prazo para o paga-

mento acordado no ato da venda.

Enquanto os recursos correspon-

dentes às vendas não ingressam no

caixa da empresa, o cálculo do

prazo médio de recebimento (PMR)

é fundamental. O período que se

estende até o efetivo recebimento

do pagamento determina o plane-

jamento financeiro do ciclo opera-

cional e dos recursos necessários

para financiá-lo.

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 51

Page 54: Como cuidar do seu dinheiro

52

Estratégia de financiamento

Muitas empresas com capacidade

financeira superavitária e altos

índices de liquidez se utilizam da

estratégia de financiamento de

seus clientes vendendo a prazo.

Assim, beneficiam-se das altas taxas

de juros inseridas nas prestações

das vendas a prazo, remunerando

o prazo consumido por seu capital

de giro.

Fórmula do PMR

Para calcular o PMR, o administra-

dor financeiro toma por base os

demonstrativos contábeis e utiliza

a fórmula a seguir:

Exemplo

Para determinar o PMR, vamos

adotar a mesma regra para deter-

minação dos períodos utilizada no

PMP e no PME. Se o período de

elaboração das demonstrações

financeiras é anual, têm-se 360 dias

como período-base para a fórmula.

Se for trimestral, 90 dias, se for

bimestral, 60 dias etc.

Imagine que o balanço anual de

uma empresa apresente uma recei-

ta de 100 reais e um saldo médio

de contas e duplicatas a receber

de 20 reais.

Portanto, o PMR da empresa será

calculado da seguinte maneira:

Período

Receitas

Contas a receberPMR =

360

R$ 100,00

R$ 20,00PMR =

360

5

PMR = 72 dias=

Como podemos intuir,os três prazos são interdependentes. Umaumento no prazo médio derecebimento, por exemplo,prejudica a geração de caixa da empresa, porque o ingresso de recursos provenientes das vendas será mais demorado.

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 52

Page 55: Como cuidar do seu dinheiro

53

Como foi possível observar até

agora, os três prazos médios –

pagamento, recebimento e esto-

ques – apresentam efeitos distintos

sobre o fluxo de caixa da empresa,

como resume o quadro abaixo.

Financiamento do capital de giro (GAP)

Exemplo

Como podemos intuir, os três pra-

zos são interdependentes. Um

aumento no prazo médio de rece-

bimento, por exemplo, prejudica a

geração de caixa da empresa, por-

que o ingresso de recursos prove-

nientes das vendas será mais demo-

rado. O mesmo acontece com o

prazo médio de estoques: se o

prazo médio de estocagem aumen-

tar, significa que, na prática, o pro-

duto está demorando mais tempo

para ser produzido e vendido.

Por outro lado, o prazo médio de

pagamento apresenta um efeito

inverso sobre a geração de caixa da

empresa. O aumento do PMP signi-

fica que, em média, demorará mais

tempo para pagar os fornecedores,

diminuindo a necessidade imediata

de caixa da empresa.

PRAZOS MÉDIOS EFEITO SOBRE O FLUXO DE CAIXA

RECEBIMENTOS �� ��

PAGAMENTOS �� ��

ESTOQUES �� ��

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 53

Page 56: Como cuidar do seu dinheiro

54

Visão global

Agregando-se os três prazos

médios – pagamento, estocagem e

recebimento – em um único dia-

grama de tempo, torna-se mais

fácil visualizar como esses prazos

vão influenciar conjuntamente o

capital de giro ou a necessidade

de financiamento do fluxo opera-

cional da empresa.

Leitura do diagrama

Vamos analisar atentamente o dia-

grama acima. No primeiro dia – des-

crito como início do processo produ-

tivo –, a empresa compra as maté-

rias-primas necessárias para o pro-

cesso de produção.

No exato momento em que começa

seu ciclo produtivo, a empresa já

está devendo a seu fornecedor. A

partir dessa data, o prazo de paga-

mento passa a ser contado.

Decorridos 45 dias, o prazo médio

de pagamento (PMP) chegou ao

limite, e a empresa deve pagar seus

fornecedores. No entanto, analisan-

do-se o ciclo produtivo da empresa,

percebe-se que os produtos ainda

não foram vendidos. Eles se encon-

tram no estoque, uma vez que o

prazo médio de estocagem (PME) é

de 50 dias. Desse modo, a empresa

terá de recorrer a alguma forma de

financiamento, seja ela originada

em um aporte de capital de seu

dono ou em um financiamento ban-

cário. Passados mais 5 dias, o ciclo

operacional já completou 50 dias.

CCIICCLLOO DDEE CCAAPPIITTAALL DDEE GGIIRROO OOPPEERRAACCIIOONNAALL

Prazo médio de pagamento 45 dias

Prazo médio de estoques 50 dias Prazo médio de recebimento 40 dias

LINHA DO TEMPO 45 dias

Pagamento dofornecedor

Venda do produto

Início do processo produtivoCompra das matérias-primas

Recebimento do caixa

50 dias 90 dias

Prazo entre o pagamento do fornecedor e o recebimento

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 54

Page 57: Como cuidar do seu dinheiro

55

Conforme o diagrama, é o momen-

to em que os produtos, em média,

são vendidos, acabando-se o prazo

médio dos estoques.

No entanto, quando os produtos

deixam o estoque da empresa por

terem sido vendidos, inicia-se um

novo problema para o administra-

dor financeiro: está na hora de

receber o caixa correspondente ao

que foi vendido.

Infelizmente, o administrador

financeiro irá perceber que – pelo

exemplo do diagrama – o prazo

médio de recebimento (PMR) irá

demorar mais 40 dias. Isso ocor-

reu porque, durante o processo

de negociação, os vendedores da

empresa cederam à pressão dos

clientes e comercializaram boa

parte das mercadorias a prazo.

Uma vez que o caixa das

vendas ainda não entrou na

empresa, ela não poderá quitar

a dívida bancária contraída para

pagar os fornecedores. Ou seja,

terá de administrá-la por mais

40 dias, quando as vendas a prazo

serão quitadas.

Conclusão

1. A diferença entre o tempo que o

produto demora para sair da prate-

leira da empresa após a venda...

2. ... Refletido no prazo médio de

estocagem...

3. ... Somado ao tempo que as

vendas demorarão para ser efeti-

vamente recebidas...

4. ... Deduzido do tempo de paga-

mento dos fornecedores...

5. ... Resulta no tempo que a

empresa irá recorrer ao financia-

mento do capital de giro.

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 55

Page 58: Como cuidar do seu dinheiro

56

A grande meta

Assim, o grande desafio do

empreendedor é a gestão integra-

da dos departamentos de compras,

produção e vendas de modo que a

empresa consiga garantir os três

seguintes pontos:

• Comprar pelo prazo mais longo

possível

É importante lembrar que o prazo

médio de pagamento dado por um

fornecedor é equivalente a uma

forma de financiamento. Portanto,

a empresa deve estar atenta aos

juros cobrados, para compará-los

ao custo de capital próprio e de

terceiros e, finalmente, optar pelo

financiamento mais barato.

• Manter o menor estoque possível

As empresas modernas tendem a

ter um processo produtivo bastante

enxuto e eficiente. Assim, finalizam

o ciclo produtivo o mais rápido

possível, mantêm apenas o estoque

de segurança e procuram transferir

ao máximo seus estoques para

clientes e fornecedores.

Financiamento do capital de giro

Agora ficou simples calcular o

prazo do financiamento do capital

de giro (GAP). Veja:

GAP = PME + PMR – PMP

Exemplo

• Prazo médio de pagamento

PMP = 45 dias

• Prazo médio de estocagem

PME = 50 dias

• Prazo médio de recebimento

PMR = 40 dias

• Prazo do financiamento do

capital de giro

GAP = 50 dias + 40 dias – 45dias =

45 dias

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 56

Page 59: Como cuidar do seu dinheiro

57

O que você viu no capítulo 4

> A obtenção do fluxo de caixa pelosmétodos direto e indireto.1

> A análise do ciclo operacional de uma empresa.2

> Os prazos médios de pagamento (PMP),estocagem (PME) e recebimento (PMR).3

> A gestão integrada dos departamentosde compras, produção e vendas.4

• Vender pelo menor prazo possível

De modo inverso ao prazo médio

de pagamento, quando a empresa

vende a prazo, está financiando

seus clientes, o que deve ser inter-

pretado como uma forma de inves-

timento de seu caixa. Como qual-

quer outra forma de investimento,

deve incorporar um juro que com-

pense o fato desses recursos que

ainda não foram recebidos não

estarem sendo aplicados na própria

atividade operacional da empresa.

livro04_42-57 25.07.06 13:07 Page 57

Page 60: Como cuidar do seu dinheiro

RISCO E RETORNO

Como avaliar as situações de

risco de um negócio? Por que

um faturamento acima do

esperado pode causar

problemas à empresa?

5

58

Para compreender a lógica que

orienta a relação entre o risco de

um empreendimento e seu retorno

esperado, deve-se inicialmente

analisar com bastante atenção

como uma pessoa que visa maximi-

zar seu lucro costuma interpretar o

risco de um negócio.

O raciocínio lógico nos remete à

conclusão de que o ser humano é

avesso ao risco, ou seja, ele perce-

be o risco como algo negativo.

O risco, portanto, deve ser troca-

do por algo que lhe compense o

desprazer de conviver com uma

situação extrema, que poderá lhe

trazer um prejuízo futuro.

No gráfico à esquerda, visualiza-

se o comportamento do dono de

um negócio diante de um

empreendimento de risco. Ele

requer um retorno tanto maior

quanto mais alto o risco. Porém, a

aversão ao risco faz com que o

retorno esperado cresça a taxas

cada vez maiores, até o ponto em

que o risco se torna tão alto e

insuportável que, independente-

mente do retorno, o empreende-

dor não realizará o negócio.

livro04_58-77 25.07.06 13:09 Page 58

Page 61: Como cuidar do seu dinheiro

59

Comportamento volátil

O tema risco em empreendimen-

tos tem sido objeto de diversos

estudos no universo financeiro.

Afinal, é uma questão fundamen-

tal para organizações como segu-

radoras e outras instituições

financeiras voltadas a operações

de investimento e crédito.

A avaliação financeira do risco

está diretamente relacionada ao

conceito de volatilidade – que é a

variação de determinado compo-

nente da vida financeira da

empresa além do esperado para

seu comportamento normal.

O gráfico abaixo mostra duas

linhas de faturamento – o plane-

jado e o de risco – em função

do tempo.

Constrangimento financeiro

Como dá para notar por esse gráfi-

co, as situações de risco são aquelas

em que a linha de faturamento

varia em relação à reta de fatura-

mento planejado.

Quanto maior a instabilidade,

maiores as chances de o fatura-

mento, em determinados momen-

tos, apresentar- se inferior ao pata-

mar esperado. Em conseqüência

desse cenário instável, podem ocor-

rer situações de constrangimento

financeiro, uma vez que representa

queda inesperada de faturamento

da empresa.

Como analisaremos posteriormen-

te, momentos de alta inesperada

no faturamento também podem

ser prejudiciais à empresa.

livro04_58-77 25.07.06 13:09 Page 59

Page 62: Como cuidar do seu dinheiro

60

Receitas inesperadas nãoapresentam consistência eraramente perduram. Assim,podem desaparecer em umfuturo próximo, provocandoredução de faturamento.

A alta inesperada no faturamento

da empresa em determinado

momento pode acarretar redução

repentina e acentuada de estoque

– e, em casos extremos, a ausência

de estoque resulta em desabasteci-

mento de produtos.

É exatamente nesse ponto que a

empresa pode arcar com prejuízos.

A recomposição não planejada de

estoques é um processo bastante

custoso porque:

• A empresa não possui poder

de barganha na negociação

com fornecedores.

• Muitas vezes, o estoque deve ser

financiado com empréstimos extre-

mamente caros de curto prazo, o

chamado hot money.

Avaliação de risco

Para avaliar como o risco pode afe-

tar um negócio, devemos recorrer

novamente à análise fundamenta-

lista e verificar cada aspecto de um

empreendimento separadamente.

A seguir, estão listados os aspectos

que serão descritos na seqüência:

• Risco operacional.

– Volatilidade de receitas.

– Volatilidade do preço do

produto e da moeda.

– Volatilidade do mercado.

– Volatilidade de custos (matéria-

prima, infra-estrutura de operação

e salários).

• Risco de crédito.

• Risco político-soberano.

• Risco de força maior.

Risco operacional

É aquele ligado à própria ativida-

de da empresa. Inerente ao ramo

do negócio, esse tipo de risco

pode provocar prejuízos operacio-

nais originados na perda de

faturamento ou nos custos adicio-

nais inesperados.

livro04_58-77 25.07.06 13:09 Page 60

Page 63: Como cuidar do seu dinheiro

61

Volatilidade de receitas

Como vimos, quanto mais volátil o

faturamento de uma empresa,

maior seu risco operacional, inde-

pendentemente de a volatilidade

ser negativa ou positiva. Ou seja,

mesmo que ocasione aumento no

faturamento, o risco pode crescer.

A volatilidade – ou a oscilação no

faturamento – pode ser proporcio-

nada por variações no preço de

seus produtos ou por variações em

seu volume de vendas.

Essa variação inesperada gera inse-

gurança ao processo de planeja-

mento de longo prazo. Receitas

inesperadas não apresentam con-

sistência e raramente perduram.

Assim, podem desaparecer em um

futuro próximo, provocando redu-

ção de faturamento além dos

transtornos causados na adminis-

tração do capital de giro.

Por outro lado, empresas que

apresentam um histórico de fatu-

ramento com baixas taxas de cres-

cimento traduzem para o adminis-

trador maior solidez e maior capa-

cidade de planejar seu capital de

giro baseada na previsibilidade da

entrada de caixa.

Empresas mais sólidas, por sua vez,

têm condições de tomar decisões

mais agressivas de mercado, por-

que contam com o suporte de sua

solidez operacional.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 61

Page 64: Como cuidar do seu dinheiro

62

Volatilidade do preço do produto

e da moeda

As variáveis que afetam o compor-

tamento dos preços dos produtos

de uma empresa estão geralmente

relacionadas a seu mercado de

atuação. Dependem, em maior ou

menor grau, da relação entre ofer-

ta e demanda de produtos.

De forma genérica, os preços dos

produtos tendem a se comportar

conforme dois grupos:

1. Maior grau de incerteza

Produtos commodities em merca-

dos de grande concorrência – como

café, soja, ouro e petróleo, entre

outros – têm seus preços determi-

nados pelo mercado internacional.

Os movimentos das grandes corpo-

rações ou os acordos comerciais de

blocos econômicos que afetam a

oferta e demanda desses produtos

resultam num forte grau de incer-

teza e imprevisibilidade na proje-

ção de seus preços.

Essa situação de instabilidade pode

ser agravada quando a empresa

exporta produtos para outros paí-

ses. Nesse caso, a cotação interna-

cional das moedas também irá afe-

tar o preço em real dos produtos.

Por fim, a variação real de preços

no mercado interno adiciona outra

variável de incerteza ao processo

de análise.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 62

Page 65: Como cuidar do seu dinheiro

63

Exemplo

Suponha que o preço de um pro-

duto seja 10 dólares, e a cotação

do dólar esteja de 1 para 1 – ou

seja, 1 dólar equivale a 1 real.

Portanto, o preço é 10 reais.

Se o produto sofrer aumento de

10%, passará a custar 11 dólares

(10 dólares + 10%).

Se a cotação do dólar também

variar de 1 real para 1,10 real, o

valor do produto, em nossa moeda,

será de 12,10 reais (11 reais x 1,10

real). Repare que houve uma varia-

ção de 21% sobre seu valor origi-

nal (10 reais), resultante da varia-

ção do dólar sobre a variação, em

dólares, no preço do produto.

Portanto, empresas cuja política de

preços é determinada por fatores

externos à sua administração, sujei-

tos à oscilação do mercado, apre-

sentam um risco intrínseco natural-

mente mais alto.

2. Menor grau de incerteza

Empresas que apresentam maior

controle sobre seu faturamento

têm, certamente, maior grau de

previsibilidade de receitas. Elas

podem atingir esse patamar se

forem as únicas de um mercado ou

se tiverem contratos de forneci-

mento com seus clientes com cláu-

sulas específicas de reajuste de pre-

ços, entre outros fatores.

No entanto, é importante notar

que nenhuma empresa está imune

ao risco. Em um mundo em cons-

tante mutação tecnológica, a dinâ-

mica dos mercados desaparece da

noite para o dia, afetando até

mesmo as empresas consideradas

mais sólidas, com séculos de repu-

tação e estabilidade.

É importante notar quenenhuma empresa estáimune ao risco. Em ummundo em constante mutação tecnológica, a dinâmica dos mercadosdesaparece da noite para o dia, afetando até mesmo as empresas consideradasmais sólidas, com séculos de reputação e estabilidade.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 63

Page 66: Como cuidar do seu dinheiro

64

Exemplo

A empresa apresenta média de

vendas mensal de 100 unidades,

com variação média de 10 unida-

des. Portanto, o risco de perda ou

ganho da empresa é de 10%, que

pode ser expresso assim:

Variação média

Vendas médiasRisco =

1010%

100Risco = =

Duas tendências

Um maior grau de volatilidade his-

tórica pode demonstrar que a

empresa em questão:

• Está baseada em uma estrutura

operacional de vendas instável,

extremamente sujeita a

fatores externos.

• Ou que seu corpo administrativo

é demasiadamente ousado, incor-

porando essa característica à reali-

dade dos negócios.

Volatilidade do mercado

Os fatores que determinam a varia-

ção de vendas de uma empresa

podem ser internos ou externos à

sua administração.

Quando a variação no volume de

vendas não é planejada e decorre

de um fator externo – como ingres-

so de um novo concorrente, con-

tratempo na fábrica que paralise o

processo de produção, greve de

caminhoneiros –, o administrador

financeiro deve tomar um cuidado

maior na análise do evento.

É preciso verificar se o motivo da

variação nas vendas ocorreu em

virtude de um fator recorrente ou

resultou de uma circunstância do

acaso, e que, portanto, deve ser

desconsiderada da análise.

A melhor maneira de avaliar o risco

de variação do volume de vendas é

por meio do cálculo do desvio

padrão dessas vendas sobre a

média do faturamento. Obtém-se,

desse modo, a probabilidade de

perdas e ganhos para a empresa.

Como regra geral, quanto maior o

desvio padrão, maior o risco.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 64

Page 67: Como cuidar do seu dinheiro

65

Volatilidade de custos

Assim como o empreendedor preci-

sa prestar atenção na avaliação do

risco implícito nos componentes de

preço de seus produtos, deve anali-

sar o comportamento do mercado

que determina os principais com-

ponentes de custo. Entre eles:

• matéria-prima;

• infra-estrutura de operação;

• salários.

• Matéria-prima

É ingrediente da cadeia produtiva,

portanto as regras que se aplicam à

avaliação da volatilidade sobre os

produtos vendidos pela empresa

são utilizadas na análise dos merca-

dos de seus fornecedores.

Nesse caso, a empresa deve estar

preparada para repassar os reajus-

tes de preços de seus clientes a

seus fornecedores, garantindo a

margem de contribuição.

Exemplo

Imagine uma situação de risco

grave: a empresa vende seu produ-

to commodity em um mercado

extremamente competitivo, em

que os preços são determinados

pela demanda de seus consumido-

res. Se a empresa comprar as maté-

rias-primas em um mercado con-

centrado nas mãos de poucos for-

necedores, que estabelecem o

preço das matérias-primas, o risco

operacional será muito alto. Afinal,

a determinação de sua margem de

contribuição será integralmente

estabelecida por fatores externos à

sua administração.

Portanto, a solidez da diversidade

de fornecedores é uma variável

importante na redução do risco do

negócio, porque diminui a volatili-

dade nos preços das matérias-pri-

mas e reduz os riscos de falta de

suprimento de produtos.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 65

Page 68: Como cuidar do seu dinheiro

66

• Infra-estrutura de operação

Um fator determinante na avalia-

ção da implantação de um

empreendimento está no estudo

detalhado da infra-estrutura ope-

racional presente na região.

Afinal, uma infra-estrutura precária

de operação inevitavelmente eleva-

rá a expectativa de risco operacio-

nal da empresa.

Para evitar riscos de abastecimento

energético, problemas de transpor-

te de mercadorias, de saneamento

básico, entre outros contratempos,

é fundamental que a região onde

se estabelece o projeto ofereça con-

dições básicas para essa proteção.

Em muitos casos, também se faz

necessária a avaliação de uma

estrutura-suporte de reserva, com

usinas geradoras de energia, vias

alternativas de transporte ferro-

viário e rodoviário.

• Salários

Devido à extensa legislação traba-

lhista brasileira, é preciso avaliar

detalhadamente a região para apu-

rar variáveis como:

• Oferta de mão-de-obra

qualificada.

• Relacionamento com os sindica-

tos, a fim de compor boas parce-

rias entre empregados e emprega-

dores e reduzir a rotatividade de

mão-de-obra.

Essas medidas ajudam a evitar os

custos de desligamento e facilitam

a formação de um quadro funcio-

nal qualificado e comprometido

com o sucesso do negócio.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 66

Page 69: Como cuidar do seu dinheiro

67

Risco de crédito

O conceito de crédito relaciona-se

à percepção de credibilidade. Em

outras palavras, é a capacidade de

uma empresa, um indivíduo ou um

governo de honrar seus compro-

missos firmados.

Assim, a avaliação de crédito

concentra seus estudos na capaci-

dade financeira de a empresa

pagar as amortizações e os juros

de suas respectivas obrigações

financeiras contraídas em emprésti-

mos e financiamentos.

A capacidade de crédito de qual-

quer instituição se traduz por seu

fluxo de caixa positivo. Portanto,

os principais fatores que deverão

ser estudados na empresa são:

1. Nível de endividamento.

2. Capacidade de pagamento.

1. Nível de endividamento

Para calcular a capacidade financei-

ra de uma empresa, analisa-se a

proporção entre sua dívida total –

contraída com terceiros – e o mon-

tante de capital próprio, compro-

metido pelos empreendedores ou

os donos do negócio.

O princípio dessa análise se baseia

no fato de que, se o empreendi-

mento apresentar uma geração de

caixa negativa, as dívidas terão de

ser honradas pelo capital do dono

da empresa.

Portanto, quanto maior a dívida

sobre o patrimônio da empresa,

maior o risco do credor e, conse-

qüentemente, maior o custo do

empréstimo. É o que mostra o grá-

fico abaixo, que relaciona o custo

do empréstimo e a dívida/patrimô-

nio da empresa.

Quanto maior a dívida sobreo patrimônio da empresa,maior o risco do credor e,conseqüentemente, maior ocusto do empréstimo.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 67

Page 70: Como cuidar do seu dinheiro

68

2. Capacidade de pagamento

Outro enfoque pode ser dado com

base na seguinte comparação:

• Quantidade de dinheiro necessá-

ria para o pagamento da amortiza-

ção das dívidas e respectivas taxas

de juros.

• Capacidade de geração operacio-

nal de caixa do empreendimento.

Exemplo

Uma empresa efetuou financia-

mento para aquisição de uma

máquina. As prestações do finan-

ciamento são de 40 reais de amor-

tização do empréstimo acrescidas

de 5 reais de juros.

Se a geração operacional de caixa é

de 200 reais, seu índice de cobertu-

ra financeira será calculado assim:

R$ 40,00 + R$ 5,00 = R$ 45,00

(amortização + juros)

Amortização + Juros

Geração de caixa

Cobertura financeira

Cobertura financeira

=

R$ 45,00 0,225ou

22,5%R$ 200,00= =

Portanto, o peso do financiamento

sobre a geração de caixa da empre-

sa será de 22,5%.

Liquidez

É outro tópico do risco de crédito.

Além de analisar a concentração de

capital de terceiros sobre o capital

próprio e a cobertura financeira da

geração de caixa da empresa, o

analista de crédito deve se preocu-

par também com a capacidade de a

empresa honrar seus compromissos

de curto prazo, analisando a liqui-

dez de seus ativos e passivos.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 68

Page 71: Como cuidar do seu dinheiro

69

Ativo circulante

Passivo circulante

Liquidezcorrente

=

Ativo circulante

Passivo circulante

Liquidezcorrente

=

R$ 25,000,55

R$ 45,00

Liquidezcorrente

= =

O índice mais utilizado nesse enfo-

que de análise é o da liquidez cor-

rente. Baseia-se na comparação

entre o saldo total de ativos e o de

passivos de curto prazo.

Quando o índice é superior a 1, a

empresa apresenta saldo positivo,

o que colabora para a formação de

superávit em seu capital de giro.

Exemplo

Uma empresa que possui o balanço

patrimonial apresentado abaixo:

Ativo total Saldo Passivo total Saldo

Ativo circulante R$ 25,00 Passivo circulante R$ 45,00

Ativo de longo prazo R$ 35,00 Passivo de longo prazo R$ 25,00

Imobilizado R$ 110,00 Patrimônio líquido R$ 100,00

Total R$ 170,00 Total R$ 170,00

Agora, vamos interpretar os

dados mostrados acima. Lembre-

se de que os ativos representam

os direitos da empresa e os passi-

vos, suas obrigações.

Portanto, a empresa citada como

exemplo possui direitos a receber a

curto prazo (ou seja, em um perío-

do inferior a um ano) de 25 reais e

obrigações a pagar a curto prazo

de 45 reais.

Conseqüentemente, seu índice de

liquidez será assim calculado:

Ou seja, os ativos de curto prazo

cobrem um pouco mais da metade

das obrigações no mesmo período.

Certamente, a empresa em questão

enfrentará dificuldades e terá de

buscar financiamentos adicionais

de capital de giro.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 69

Page 72: Como cuidar do seu dinheiro

70

Risco político-soberano

Após analisar todos os componen-

tes de risco que envolvem um

empreendimento e tomar as ações

cabíveis para reduzi-los de forma a

minimizar o risco global do negó-

cio, descobre-se que ainda existe

um tipo de risco intangível.

O chamado risco soberano inde-

pende do ramo de negócio ou do

nível de alavancagem.

Corresponde ao risco apresentado

por decisões tomadas pelo governo

de qualquer país no que diz respei-

to à política econômica, monetária,

cambial e fiscal, entre outras.

Essas medidas afetam todos os

empreendimentos e podem repre-

sentar o fracasso absoluto de qual-

quer negócio independentemente

de seu tamanho, solidez etc.

Portanto, países que apresentam

sistemas políticos estáveis, cujas

regras econômicas não mudam

constantemente, são premiados

pelos empreendedores interna-

cionais por representar regiões

mais seguras para se montar

um empreendimento.

Risco de força maior

Além dos riscos mensuráveis, conse-

qüência de ações humanas (gover-

nantes, agentes do mercado ou os

próprios administradores das

empresas), existe aquele grupo de

risco que simplesmente não está

sob o controle humano. Resulta

do acaso e da própria ação da

natureza, como terremotos, fura-

cões e tempestades.

A avaliação é efetuada por mode-

los estatísticos extremamente com-

plexos, utilizados principalmente

para verificar o efeito das variações

climáticas sobre a produção agríco-

la. No entanto, apesar da alta sofis-

ticação dos modelos, as catástrofes

naturais causam prejuízos à econo-

mia de diversos países.

O chamado risco soberanoindepende do ramo de negócio ou do nível de alavancagem. Correspondeao risco apresentado pordecisões tomadas pelogoverno de qualquer país.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 70

Page 73: Como cuidar do seu dinheiro

71

A hora do retorno

Qual o retorno necessário

para cada patamar de risco de

um empreendimento?

Tradicionalmente, o modelo mais

utilizado pelos mercados financei-

ros internacionais para a avaliação

do retorno necessário de um

empreendimento para a cobertura

de seu respectivo risco é o Capital

Asset Prining Model (CAPM) – ou

modelo de precificação de ativos.

Pelo CAPM, o retorno necessário

para se investir em determinado

empreendimento é formado por

dois componentes básicos:

• Retorno de um investimento livre

de risco.

• Retorno de um investimento

adicionado do risco do

empreendimento.

Retorno de um investimento livre

de risco

Um indivíduo ou uma empresa,

caracterizados aqui como investi-

dores, investe seu capital em um

empreendimento – seja em forma

de dívida ou de investimento como

sócio do negócio.

Esse investidor vai exigir uma taxa

de retorno referente ao custo de

oportunidade do dinheiro. Ele

deseja uma remuneração pelo sim-

ples fato de estar se privando de

seu capital durante o prazo do

investimento. Afinal, o dinheiro

dele foi colocado à disposição do

negócio. Podemos interpretar essa

relação como aluguel de capital.

Essa remuneração é uma taxa a ser

cobrada independentemente do

risco do negócio. Ou seja, mesmo

que o negócio tenha risco zero, a

taxa continua a existir e sua deno-

minação técnica é kf.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 71

Page 74: Como cuidar do seu dinheiro

72

Na prática, essa teoria foi formula-

da para ser utilizada por qualquer

empreendedor. Portanto, a avalia-

ção de oportunidade de investi-

mentos disponíveis deve ser enca-

rada de forma internacional. No

mundo moderno, os investidores

detêm o livre-arbítrio de investir

em atividades legais em qualquer

lugar do planeta.

Em perspectiva global, os investi-

mentos menos arriscados teriam

sua taxa de risco muito próxima de,

ou praticamente, zero.

Exemplo

Muitas vezes se lê nos jornais ou se

ouvem comentários de que o risco

do Brasil atingiu 1.200 pontos ou

500 pontos etc. Do que esses ana-

listas estão falando?

No mercado financeiro internacio-

nal, criou-se uma convenção de

que o investimento menos arrisca-

do no mundo seriam os títulos da

dívida do governo norte-america-

no. Portanto, os retornos propor-

cionados por esses títulos represen-

tariam o marco zero.

O risco zero do título do governo

norte-americano é equivalente a

um juro de cerca de 2% ao ano, o

que equivale a 200 pontos, uma

vez que se deve multiplicar a taxa

por 100 para obter a pontuação.

Como é calculado o risco do Brasil?

Tomando como referência o título

do governo norte-americano (risco

zero de 200 pontos), basta compa-

rá-lo com o retorno dado pelos

títulos do governo brasileiro pagos

em dólar no mesmo período. Esse

retorno representa exatamente a

taxa de juros que os investidores

do mundo estão dispostos a rece-

ber para correr o risco de empres-

tar dinheiro ao Brasil.

Quanto maior a dificuldadede mensurar o risco do negócio, maior o valor dainformação. O investidor quedetiver a melhor estrutura de análise certamente levarávantagem na determinaçãodo valor adequado de um investimento.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 72

Page 75: Como cuidar do seu dinheiro

73

Se os títulos em dólar do governo

brasileiro pagam juros de, por

exemplo, 4% ao ano, isso equivale

a 400 pontos. Em relação ao risco

zero do governo norte-americano,

o risco-Brasil é de 200 pontos (400

pontos – 200 pontos = 200 pontos).

Sempre se deve deduzir o número

de pontos do governo norte-ameri-

cano para saber o risco relativo de

nosso investimento.

Retorno de um investimento

adicionado do risco do

empreendimento

Essa é a etapa mais difícil e com-

plexa do processo de avaliação

de um investimento em qualquer

lugar do mundo, uma vez que

as medidas de avaliação do risco

do negócio não são exatamente

precisas, como podemos observar

na análise fundamenstalista

feita anteriormente.

Os melhores especialistas interna-

cionais divergem em muitos aspec-

tos da composição do risco empre-

sarial, principalmente para empre-

sas de capital fechado, nos quais o

capital de seus sócios não está

cotado ou avaliado pelo mercado

financeiro na Bolsa de Valores.

É exatamente nesse campo cinzen-

to da avaliação de uma empresa

que residem as melhores oportuni-

dades de negócio.

Em outras palavras, quanto maior

a dificuldade de mensurar o risco

do negócio, maior o valor da

informação. O investidor que deti-

ver a melhor estrutura de análise

certamente levará vantagem na

determinação do valor adequado

de um investimento.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 73

Page 76: Como cuidar do seu dinheiro

74

Muitas vezes, o mercado financeiro

se utiliza das comparações para

determinar o retorno ideal para

certo empreendimento.

Exemplo

Suponha que o retorno médio das

ações de empresas de aviação nas

Bolsas de Valores foi de 30% ao

ano. Podemos adotar essa média

como um padrão para determinar

qual o retorno desejado pelos

investidores para investir numa

empresa de aviação específica.

Para isso, basta adicionar à média

os riscos específicos da empresa em

questão que não são encontrados

em outras do mercado.

Novamente relembramos a lei

máxima: quanto maior o risco,

maior o retorno.

De forma genérica, o consenso

dessa teoria é de que, para um

investidor aceitar o risco de investir

em determinado empreendimento,

é necessário que o negócio propor-

cione um prêmio (Ke) ao retorno

do investidor, que deverá ser adi-

cionado à taxa livre de risco.

RTE = Kf + Ke

RTE = retorno total do

empreendimento

Kf = retorno para um investimento

com risco zero

Ke = prêmio pelo risco

Suponha que o retorno médiodas ações de empresas deaviação nas Bolsas de Valores foi de 30% ao ano.Podemos adotar essa médiacomo um padrão para determinar qual o retornodesejado pelos investidorespara investir numa empresade aviação específica.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 74

Page 77: Como cuidar do seu dinheiro

75

No gráfico anterior, observamos

como se comporta a equação

risco x retorno.

Repare que a taxa livre de risco Kf

será a mesma independentemente

do risco, porque não está relacio-

nada a esse fator.

Agora, a taxa de retorno referente

ao risco do negócio ke é crescente

e diretamente proporcional ao

risco oferecido.

Ponto de equilíbrio

Como encontramos o equilíbrio

desse mercado? Ou seja, quando

um investidor irá decidir realmente

investir num negócio?

Vamos tentar responder a essa

questão a começar pela análise do

gráfico a seguir.

Veja que esse gráfico relaciona as

variáveis risco e retorno. Vamos

analisar cada uma das linhas.

Se lembrarmos o início deste capí-

tulo, logo perceberemos que as

curvas a, b e c demonstram a rela-

ção pessoal de diversos investidores

entre o risco desejado e o retorno

necessário para realizar determina-

do investimento.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 75

Page 78: Como cuidar do seu dinheiro

76

Já a curva d representa uma fron-

teira natural do mercado de inves-

timentos. Em outras palavras, é a

melhor relação risco-retorno pro-

porcionada pelos diversos

empreendimentos no mercado.

Em d percebe-se que alguns inves-

timentos apresentam retorno

cada vez maior quanto maior o

risco apresentado.

Por outro lado, ao aprofundar a

análise de investimentos mais arris-

cados, nota-se que, a partir de

certo ponto, o retorno não cresce

na mesma proporção que o risco,

o que torna o investimento indese-

jado. Essa é a chamada curva da

eficiência máxima de mercado.

A reta k é a linha teórica CAPM, na

qual a taxa livre de risco kf é soma-

da à taxa prêmio ke.

Ponto P

Neste momento, você já deve

estar desconfiado do papel do

ponto P nesta história.

O ponto P representa uma alter-

nativa de negócio que se localiza

exatamente na linha-fronteira

da eficiência d, que encontra a

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 76

Page 79: Como cuidar do seu dinheiro

77

O que você viu no capítulo 5

> Como a alta inesperada no faturamen-to pode acarretar problemas à empresa.1

> O procedimento para avaliar as variá-veis que compõem as situações de risco.2

> O cálculo do retorno necessário aorisco do empreendimento.3

> O ponto de equilíbrio do mercadoentre risco e retorno.4

curva de aversão ao risco do

investidor c.

Conseqüentemente, esse é o equi-

líbrio do mercado.

Em P ocorre a confluência da

preferência do investidor c com

o investimento que atenda a seu

medo de se expor ao risco, com

uma taxa de retorno justa.

Obviamente, é nesse ponto

que baseamos o equilíbrio da

reta CAPM.

livro04_58-77 25.07.06 13:10 Page 77

Page 80: Como cuidar do seu dinheiro

AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

O que significa avaliar uma

empresa? Em quais momentos

é preciso realizar a avaliação?

Como calcular o valor total

de um negócio?

6

78

A avaliação de um bem, um ativo,

um negócio ou uma empresa é uma

tentativa de expressar o quanto

vale, no momento presente, o obje-

to que está sendo avaliado.

Instintivamente, qualquer indivíduo,

ao avaliar determinado objeto, pro-

cura quantificar quais benefícios

presentes e futuros serão gerados

pelo fato de adquiri-lo. E, conse-

qüentemente, quanto está disposto

a pagar para ser dono de tal objeto.

O procedimento utilizado na avalia-

ção empresarial parte do mesmo

princípio e busca quantificar o valor

presente de uma empresa, tendo

em vista o benefício que ela poderá

proporcionar ao investidor que pre-

tende adquiri-la.

Em termos financeiros, todo

benefício a ser proporcionado pela

empresa é traduzido por sua capaci-

dade de geração de caixa futuro

subtraído do pagamento de dívidas

e impostos.

De forma genérica, pode-se afirmar

que toda riqueza gerada pela

empresa por meio da venda de seus

produtos – traduzida por sua gera-

ção de caixa – será destinada:

• ao pagamento de impostos;

• ao pagamento de suas dívidas

com terceiros;

• aos acionistas.

Destino da geração

do caixa empresarial

Dividendosdosacionistas Dívidas

dos credores

Imposto do governo

livro04_78-91 25.07.06 13:11 Page 78

Page 81: Como cuidar do seu dinheiro

79

Fatores decisivos

Como a capacidade de geração de

caixa é dada pelas características

operacionais típicas da empresa, os

objetivos do acionista são:

• Aumentar ao máximo a eficiên-

cia fiscal do negócio, reduzindo

sua carga tributária, obviamente

dentro dos limites da lei.

• Otimizar a utilização do capital

de terceiros de acordo com as

estratégias de alavancagem finan-

ceira já abordadas neste livro.

Conforme o tema já estudado

sobre a decisão de pagamento de

dividendos em um empreendimen-

to, é importante notar que essa

decisão varia de acordo com o

estágio de vida da empresa. Re-

lembrando: Star (alta taxa de cres-

cimento de lucros), Cash cow (ge-

ração de caixa consolidada e está-

vel) e Dog (declínio de resultados).

A avaliação de um empreendimen-

to muda segundo cada fase,

variando em função da expectativa

de geração de caixa, do lucro e,

conseqüentemente, dos dividendos

futuros da empresa.

Outro fator de extrema importân-

cia é o custo do capital do negó-

cio – como foi visto anteriormen-

te, ele varia na medida do hori-

zonte de prazo do investimento e

do risco do investidor (empreen-

dedor) ser ou não bem-sucedido

na empreitada.

Modalidades diversas

A avaliação de empresas é realiza-

da de modos distintos segundo o

objetivo. Ela pode ser:

• pelo valor contábil;

• pelo valor de liquidação;

• pelo valor de fluxo descontado.

livro04_78-91 25.07.06 13:11 Page 79

Page 82: Como cuidar do seu dinheiro

80

Avaliação pelo valor contábil

Esse método utiliza as regras fiscais

e da legislação societária para

determinar o valor de um

empreendimento expresso em seu

balanço patrimonial.

Essa avaliação é o resultado de cál-

culos contábeis que atendem a

normas rígidas e a legislação fiscal

para fins de cálculo dos impostos a

serem pagos pela empresa e por

seus acionistas.

Balanço patrimonial

Ativos totais R$ 140,00 Passivos totais R$ 140,00

Ativo de curto prazo R$ 25,00 Passivo de curto prazo R$ 50,00

Contas a receber R$ 10,00 Fornecedores R$ 15,00

Estoques R$ 15,00 Dívidas R$ 15,00

Ativo de longo prazo R$ 65,00 Impostos R$ 10,00

Créditos R$ 25,00 Passivo de longo prazo R$ 25,00

Direitos R$ 35,00 Financiamentos R$ 35,00

Outros R$ 5,00 Patrimônio líquido R$ 55,00

Ativo fixo R$ 50,00 Capital R$ 25,00

Imóveis R$ 20,00 Reservas R$ 15,00

Investimentos R$ 30,00 Lucro acumulado R$ 15,00

Interpretação de dados

Como mostra a tabela acima, o

balanço patrimonial apresenta à

esquerda os bens e direitos da

empresa – os ativos –, divididos

conforme o respectivo prazo de

liquidação. Do lado direito, estão

organizadas as obrigações da

empresa para com terceiros – os

passivos. As obrigações da empresa

para com seus proprietários estão

agrupadas no patrimônio líquido.

Genericamente, os passivos agru-

pam as fontes de financiamento da

empresa, ou seja, as obrigações

futuras a pagar a terceiros que

viabilizam a atividade operacional

do empreendimento.

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Page 83: Como cuidar do seu dinheiro

81

Por exemplo, a conta de fornece-

dores a pagar caracteriza uma dívi-

da da empresa para com seus for-

necedores, que emprestaram

matéria-prima ao início das opera-

ções sem que o dono do negócio

tivesse de pagá-la à vista. Outro

exemplo: a conta de salários a

pagar representa uma dívida da

empresa para com seus funcioná-

rios, que emprestaram a força de

trabalho para o funcionamento

dos negócios sem o dono da em-

presa ter de pagar à vista por isso.

Além desses formatos de financia-

mento indireto com mercadorias

ou força de trabalho, a empresa

também utiliza financiamentos

diretos com instituições financeiras

em troca de caixa para viabilizar os

pagamentos que precisam ser rea-

lizados à vista.

Do lado esquerdo do balanço

patrimonial, o ativo agrupa o port-

fólio de investimentos que viabili-

zam a empresa. Ou seja, por meio

dos recursos obtidos com os finan-

ciamentos descritos no passivo, a

empresa levantou uma quantia de

recursos financeiros que serão

investidos nos ativos para que a

empresa possa operar.

De posse dos recursos financiados

pelos passivos, a organização pode

investir da forma mais eficiente

possível em:

• Estoques: produtos e materiais.

• Imobilizados: frota de carros, edi-

fícios, computadores etc.

• Contas a receber: investimento

no financiamento de clientes.

• Aplicações financeiras: aplicações

para rentabilizar o caixa.

• Investimentos: compra de outras

empresas, filiais ou coligadas etc.

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Page 84: Como cuidar do seu dinheiro

82

Patrimônio líquido

O patrimônio líquido é formado

por um grupo de contas que regis-

tram a relação entre os proprietá-

rios e a empresa.

De acordo com a característica

dessa relação, existe uma conta

específica para registrar:

• Capital

Na conta de capital estão registra-

dos todos os recursos aportados

ou, no jargão contábil, os recursos

integralizados na empresa por

seus acionistas.

Sua natureza pode ser diversa. São

integralizações de recursos finan-

ceiros em caixa, ativos – como imó-

veis e veículos –, direitos, títulos

financeiros ou até mesmo compro-

misso de trabalho futuro, marcas,

patentes, entre outros.

Em resumo, pode ser qualquer bem

que possa ser traduzido para a

empresa como um novo ativo que

agregue valor ao negócio.

Investimento nos ativos

A habilidade do administrador

financeiro está em alocar os inves-

timentos nos ativos da forma mais

eficiente possível. Esses ativos

devem proporcionar lucro ou gera-

ção de caixa suficientes para pagar

os passivos e ainda sobrar recursos

para remunerar o patrimônio líqui-

do, no qual estão registradas as

dívidas da empresa para com

seus proprietários.

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Page 85: Como cuidar do seu dinheiro

83

• Reservas

As reservas de capital são contas

para adequar o valor do patrimô-

nio líquido o mais próximo possível

a sua realidade financeira, ajustan-

do eventos como reavaliação de

ativos ou correção monetária pro-

vocada pelos efeitos da inflação

sobre os ativos da empresa.

• Lucros acumulados

Essa conta registra os valores cor-

respondentes aos lucros ainda não

distribuídos como dividendos por

decisão dos donos da empresa, que

optaram por reservar parte deles

para um projeto futuro. Portanto,

os lucros acumulados representam

uma dívida da empresa para com

seus acionistas pelos resultados que

não foram distribuídos.

Valor da empresa

Afinal, qual o valor da empresa

pelo método contábil?

Como os ativos representam todos

os bens da empresa e o patrimônio

líquido representa a quantia a ser

paga aos acionistas após o paga-

mento dos passivos, o valor contá-

bil da empresa para o acionista é

exatamente o saldo registrado na

contabilidade para o valor total do

patrimônio líquido.

Por outro lado, pelo que foi visto

até o momento com relação ao

processo de avaliação empresarial,

podem-se identificar algumas

falhas na avaliação pelo método

contábil. Três delas são:

• Não registra o valor referente à

expectativa de fluxo de caixa futu-

ro do empreendimento.

• Não registra o valor de mercado

dos ativos, ou seja, o valor real da

frota de veículos, dos estoques etc.

Registra apenas os valores contabi-

lizados, conforme as normas rígidas

da contabilidade.

• Não registra o valor de mercado

do endividamento. Ou seja, se a

empresa optar por pagar à vista

suas dívidas, obviamente obterá

um desconto correspondente à

taxa de juros do mercado.

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Page 86: Como cuidar do seu dinheiro

84

Avaliação pelo valor de

liquidação

Esse método de avaliação é utiliza-

do com base na premissa de que a

empresa deixará de existir e res-

ponde ao seguinte: se for liquida-

da, qual será o valor remanescente

do patrimônio líquido?

Pode ser usado em duas situações:

• A empresa realmente se encontra

em processo de liquidação e, por

isso, não registrará nenhum fluxo

de caixa futuro a ser apropriado.

Portanto, não haverá criação de

valor futuro para o negócio.

• Na avaliação por um empreende-

dor para aquisição, esse método

pode ser usado como forma con-

servadora de mensurar o negócio,

comparando-se o preço ofertado

de aquisição da empresa com o

preço pelo método de liquidação.

Quanto mais próximos forem os

dois preços, mais atrativo será o

negócio, porque não está sendo

considerada a capacidade de gera-

ção de caixa futuro da empresa.

O cálculo do valor de liquidação

parte do mesmo raciocínio do

método contábil: o valor dos ativos

deve ser deduzido do valor dos

passivos para se determinar o valor

do patrimônio líquido.

A diferença é que a referência para

a determinação do valor dos ativos

e do valor dos passivos não se ori-

gina do valor contábil, mas do

valor de mercado dos mesmos. O

avaliador realiza cotação no merca-

do para a venda dos ativos: esto-

ques, imóveis, máquinas, títulos

etc. O mesmo processo é realizado

com os passivos, por meio da nego-

ciação com os credores, para deter-

minar o valor de quitação à vista

dos passivos, denominado valor de

mercado dos passivos.

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Page 87: Como cuidar do seu dinheiro

85

Em alguns casos, os passivos já são

negociados no mercado, quando

seus títulos são revendidos a tercei-

ros e repassados consecutivamente.

Nessa hipótese, basta a empresa

recomprar seus títulos no mercado

para posteriormente cancelá-los.

Calculados os valores de mercado

de ativos e passivos, apura-se o

valor de mercado do restante do

patrimônio líquido após o processo

de liquidação.

VL = VMA – VMP

VL = Valor de liquidação

VMA = Valor de mercado dos ativos

VMP = Valor de mercado dos

passivos

Avaliação pelo valor de

fluxo descontado

Como vimos, os métodos contábil e

de liquidação apresentam limita-

ções distintas e ambos pecam por

não considerar a capacidade de a

empresa criar valor no futuro, que

é a ferramenta fundamental para

a determinação do valor de

um empreendimento.

No método de fluxo descontado, o

foco principal da análise está no

futuro. A análise baseia-se na capa-

cidade de criar riqueza futura para

seus proprietários. O método utili-

za duas vertentes: o modelo de

desconto de dividendos e o modelo

de fluxo de caixa descontado.

Objetivamente, os dois métodos

geram o mesmo resultado, uma

vez que se baseiam na projeção do

fluxo de caixa futuro da empresa.

O método do desconto de dividen-

dos utiliza um fluxo de caixa com-

pleto, calculando ano a ano o divi-

dendo a ser pago ao acionista. Já o

método do fluxo de caixa descon-

tado usa a projeção do fluxo de

caixa operacional para, posterior-

mente, abater a dívida e o Imposto

de Renda e, finalmente, determi-

nar quanto sobra ao acionista.

Outra diferença fundamental entre

os dois métodos é a taxa de des-

conto para calcular o valor presen-

te dos dividendos a serem pagos

no futuro ou o valor presente dos

fluxos de caixa realizados pela

empresa no futuro.

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Page 88: Como cuidar do seu dinheiro

86

remunera o dono da empresa) e a

taxa de juros paga nas dívidas da

empresa, uma vez que esta é a

taxa que remunera o credor.

Apesar de serem mais completos,

ricos em informações estratégicas

para o processo de negociação da

compra ou para a realização de um

empreendimento novo, os modelos

de fluxos descontados são extrema-

mente complexos. São utilizados,

em geral, apenas por corporações

de grande porte, para as quais

detalhes do processo de negocia-

ção podem significar ganhos ou

perdas de milhões de reais.

Nesse caso, a negociação de com-

pra ou venda de uma grande

empresa justifica a contratação

de equipes de consultores e

advogados especializados em

avaliação empresarial.

Para a grande maioria dos negó-

cios de pequeno e médio portes –

bem como para a avaliação de imó-

veis e máquinas, entre outros –,

costuma ser suficiente utilizar os

modelos de avaliação relativa, des-

critos a seguir.

No caso do modelo de dividendos

descontados, utiliza-se a taxa de

custo do capital para o dono da

empresa, já que o dividendo é um

recurso destinado diretamente ao

dono do negócio. A taxa usada é

exatamente a que foi calculada no

modelo de CAPM do capítulo 5 –

“Risco e retorno”.

Para o método do fluxo de caixa

descontado, utiliza-se uma taxa

mais ampla, pois o fluxo de recur-

sos será usado para pagar as dívi-

das, os impostos e, finalmente, os

acionistas. Portanto, a teoria finan-

ceira emprega uma taxa de descon-

to que representa a média ponde-

rada entre a taxa do CAPM (que

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Page 89: Como cuidar do seu dinheiro

87

ou com as mesmas características –

para criar uma relação-padrão

entre o valor e o benefício.

Exemplo

Na compra de um imóvel, o benefí-

cio imediato que se recebe em

troca é o usufruto da metragem

quadrada do bem adquirido.

Portanto, se um imóvel de 100 m2

foi adquirido por 100 mil reais, o

preço pago por m2 foi de mil reais.

Assim um investidor que adquirir

um imóvel de 120 m2 na mesma

região, com características simila-

res, vai utilizar essa base relativa

para calcular o valor. Se o m2 custa

mil reais, o imóvel de 120m2 custa-

rá 120 mil reais.

O método relativo pode ser mais

sofisticado, criando faixas de valor

relativo para imóveis com caracte-

rísticas diferentes. Por exemplo:

Modelos de avaliação relativa

São utilizados principalmente em

duas situações:

• Quando não existem informações

disponíveis para montar um mode-

lo de fluxo descontado.

• Quando as informações existen-

tes não são confiáveis.

Esse modelo é aplicado em larga

escala por sua praticidade e seu

baixo custo. Por outro lado, a

pobreza de detalhes aumenta o

risco implícito no processo de ava-

liação. O princípio da avaliação

relativa se baseia na essência do

processo de avaliação de um obje-

to qualquer – ou seja, qual o valor

justo a ser pago por determinado

objeto para se obter benefício

futuro. O método utiliza-se da

comparação entre objetos iguais –

Bairro Nº dorm. Área de lazer Preço m2

A 1 não R$ 100,00

B 2 sim R$ 150,00

C 1 sim R$ 130,00

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Page 90: Como cuidar do seu dinheiro

88

Assim, o método relativo pode ser

adaptado às características específi-

cas do objeto adquirido.

No caso da compra de empresas, o

benefício imediato ao acionista é o

dividendo ou o fluxo de caixa.

Determinadas empresas, no entan-

to, podem apresentar distorções

não recorrentes, que afetam o divi-

dendo ou o fluxo de caixa de um

respectivo ano, como a venda de

um imóvel, incêndio etc. Portanto,

certos administradores preferem

adotar como base de comparação

para a avaliação relativa de um

negócio o lucro antes de deduzir as

despesas – entre elas, as de depre-

ciação (despesa que não representa

saída de caixa) e dos impostos, dos

juros e das amortizações de dívidas

e efeitos não operacionais. Resta,

assim, apenas a geração de caixa

referente à atividade operacional.

A sigla para denominar essa gera-

ção operacional de caixa é EBITDA

(em inglês, Earnings Before Interest

Taxes Depreciation Amortization).

Em alguns casos, a contabilidade

não apresenta números confiáveis,

e a melhor estimativa da capacida-

de de geração de caixa de um

empreendimento é o próprio fatu-

ramento – desde que se assuma

que o padrão de rentabilidade é

aproximadamente o mesmo para

empresas do mesmo setor.

Em outros casos, o nível de infor-

malidade dos negócios é tão gran-

de que há dificuldade até mesmo

para obter um valor de faturamen-

to confiável. Se assim for, utilizam-

se as unidades de venda da empre-

sa que são a essência de sua capaci-

dade de faturamento. Por exem-

plo, a capacidade de produção em

toneladas, em número de cabeças

de gado, em Mhw de energia ven-

dida para uma empresa de energia

elétrica e assim por diante.

Exemplo

Vamos proceder à avaliação relati-

va de uma empresa. A empresária

Maria Anita pretende vender sua

fábrica Super Fashion à banqueira

Andréa. Após uma árdua negocia-

ção, chegaram ao valor de 1

milhão de reais.

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Page 91: Como cuidar do seu dinheiro

89

Os parâmetros da negociação

foram: 5 vezes o lucro anual; 40

vezes o dividendo anual; 4 vezes a

geração de caixa; 4,44 vezes o

EBITDA; 2 vezes o faturamento; e

1.000 reais para cada tonelada de

capacidade de produção.

Caso, por exemplo, os sócios

Roberto e Walter decidam vender

sua fábrica Super Moda – perten-

cente ao mesmo setor da Super

Fashion – para os megaespeculado-

ras Eduardo e Fátima, poderão uti-

lizar os valores de referência da

compra da Super Fashion para

orientar a negociação. Se a Super

Moda apresentar os dados a seguir,

estes serão os possíveis valores de

negociação, usando a referência da

compra da Super Fashion:

Valor anual Avaliação relativa*

Lucro R$ 200.000,00 5 vezes

Dividendos R$ 25.000,00 40 vezes

Geração de caixa R$ 250.000,00 4 vezes

EBITDA R$ 225.000,00 4,44 vezes

Faturamento R$ 500.000,00 2 vezes

Capacidade de produção 1.000 toneladas R$ 1.000,00 por tonelada

Dados relativos à fábrica Super Fashion

* O índice de avaliação relativa é obtido dividindo-se o valor da empresa pelos valores de referência de lucro, faturamento, dividendo etc.

* Em relação à negociação da fábrica Super Fashion.** Valor de negociação da Super Moda com base nos índices relativos.

Valor anual Referência* Valor**

Lucro R$ 100.000,00 5 vezes R$ 500.000,00

Dividendos R$ 5.000,00 40 vezes R$ 200.000,00

Geração de caixa R$ 200.000,00 4 vezes R$ 800.000,00

EBITDA R$ 210.000,00 4,44 vezes R$ 933.333,00

Faturamento R$ 300.000,00 2 vezes R$ 600.000,00

Cap. de produção 800 toneladas R$ 1.000,00/t R$ 800.000,00

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Page 92: Como cuidar do seu dinheiro

90

Percebe-se que, ao utilizar os valo-

res de referência da compra da

Super Fashion, a empresa Super

Moda deveria ser vendida por 500

mil reais se fosse utilizado o múlti-

plo de 5 vezes o lucro; 200 mil reais

se fossem usados os dividendos;

800 mil reais caso a referência

fosse a geração de caixa etc.

Cada negociador opta por conduzir

a negociação com o parâmetro que

maximiza seu lado da operação. No

exemplo, Walter e Roberto, que

são vendedores, optariam pelas

referências da geração de caixa, do

EBITDA e da capacidade de produ-

ção, porque elas produzem maiores

valores relativos.

Já Fátima e Eduardo tentariam

contra-argumentar com as referên-

cias de dividendos, lucro e fatura-

mento, que colocam o preço do

negócio para baixo.

Finalmente, conforme a capacidade

de argumentação, a existência de

outros interessados ou a situação

de mercado, o valor final tenderia

para um patamar próximo da

média dos valores relativos.

Direitos contingentes

Estabelecido o preço-base para a

compra de determinado empreen-

dimento, as partes firmam um

memorando de intenções ou um

compromisso de compra e venda

com as bases da negociação.

Usualmente, o preço acordado pela

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Page 93: Como cuidar do seu dinheiro

91

O que você viu no capítulo 6

> Os fatores que influem decisivamentena avaliação de uma empresa.1

> Modelos de avaliação pelo valor con-tábil, de liquidação e de fluxo descontado.2

> As situações nas quais se usam modelos de avaliação relativa.3

negociação ainda poderá estar

sujeito a alguns ajustes.

Acordado o processo de negocia-

ção, dá-se início à auditoria para

identificar eventuais passivos e

direitos não inclusos nos balanços,

ou ações judiciais que possam ocor-

rer como conseqüência de opera-

ções passadas da empresa, proble-

mas fiscais e trabalhistas, entre

outros. Muitas empresas decidem

por reter parte do valor referente

à compra por um período que, por

vezes, pode chegar a alguns anos,

até que todas as dúvidas referentes

a essas contingências – e que

podem afetar o valor da negocia-

ção – possam ser eliminadas.

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Page 94: Como cuidar do seu dinheiro

O CAIXA É REI

Para finalizar o tema finanças,

tenha em mente que teorias,

políticas e decisões financeiras

são meios para atingir um fim

maior: a missão empresarial.

7

92

O estudo das finanças empresa-

riais pode parecer bastante com-

plexo, repleto de fórmulas e

estruturas jurídicas complicadas.

Porém, a base do raciocínio

financeiro já faz parte do ser

humano e baseia-se no pensamen-

to fundamentalista.

Apesar dos modelos complexos que

são criados e de todas as novas

teorias, o objetivo central das

finanças empresariais, tomando

por base o fundamentalismo, é o

de orientar as ações de uma em-

presa com os seguintes objetivos:

• Receita maior do que a despesa

Produtos, projetos, serviços, por

mais nobres que sejam, só se

materializam e se justificam se a

sociedade está disposta a

pagar por eles um preço superior

aos custos necessários para

sua elaboração.

• Foco na geração de caixa

A estabilidade financeira depende

da existência de um caixa suficien-

te para pagar os passivos. O valor

de um empreendimento somente

apresenta taxa de crescimento

positiva se a geração de caixa

é superavitária.

• Ações para a criação de valor

Empreendedores tendem a alme-

jar projetos fantásticos ao mesmo

Para analisar qualquer situação, utilize a análisefundamentalista, questione e,se preciso, derrube os mitos.Na prática, nenhum problemapode ser real se não passarpelo teste do “e daí?”.

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Page 95: Como cuidar do seu dinheiro

93

tempo que a sociedade

é vista como carente de produtos

ou serviços. Do ponto de

vista financeiro, no entanto,

qualquer ação de uma empresa

deve ser avaliada com base na

perspectiva de criação de valor

ou geração de caixa para os

donos do empreendimento.

E daí?

Para analisar qualquer situação,

utilize a análise fundamentalista,

questione e, se preciso, derrube

os mitos. Na prática, nenhum

problema pode ser real se não

passar pelo teste do “e daí?”.

Sempre que aparecer um questio-

namento empresarial ou uma

decisão urgente a ser tomada,

procure se perguntar “e daí?”.

Devemos ter em mente que nosso

empreendimento, negócio, pro-

duto ou serviço será avaliado

comparativamente com as diver-

sas opções de investimento pre-

sentes no mercado.

Se houver uma opção melhor em

termos de rentabilidade diante

dos respectivos riscos, nosso pro-

jeto deve ser abandonado.

Outro conselho de grande valia é

a atenção para o fato de que as

teorias, as políticas e as decisões

financeiras são apenas meios para

atingir um fim maior, que é a

própria missão empresarial.

Não deixe que as avaliações

financeiras e os modelos sejam

um “fim” em si próprios. Sem

caixa, não há empresa nem mis-

são. Portanto, lembre sempre:

“Cash is king” ou “O caixa é rei”.

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Page 96: Como cuidar do seu dinheiro

94

Graduado e mestre em Administração de Empresas, foi auditor, analis-

ta de Mercado de Capitais e administrador de Fundos de Investimento

em empresas como Price Waterhouse, Unibanco, Indosuez Capital e

Tudor Asset Management. Atualmente, é diretor da boutique de inves-

timentos Petroinvesty, responsável pela estruturação de projetos de

Venture Capital, M&A e Project Finance. Foi professor assistente de

Contabilidade e Finanças na Fundação Getúlio Vargas (SP) e professor

da Universidade São Judas Tadeu (SP).

Roberto Dotta Filho

SOBRE O AUTOR

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Page 97: Como cuidar do seu dinheiro

95

SAIBA MAIS

Administração Financeira. Jeff Madura e Lawrence J. Gitman, Editora

Pearson Brasil, 2003.

Administração Financeira. Louis C. Gapenski, Eugene F. Brigham e Michael

C. Ehrhardt, Editora Atlas, 2001.

Análise Financeira de Balanços. Dante C. Matarazzo, Editora Atlas, 2003.

Analysis for Financial Management. Robert C. Higgins, Editora McGraw-Hill

Professi, 2005.

Principles of Corporate Finance. Franklin Allen, Richard A. Brealey e

Stewart C. Myers, Editora McGraw-Hill Professi, 2005.

The Analysis and Use of Financial Statements. Awsinpaul C. Sondhi, Dov

Fried e Gerald I. White, Editora IE-Wiley, 2002.

Valuation – Measuring and Managing the Value of Companies. Tim Koller,

Marc Goedhart e David Wessels, Editora John Wiley, 2005.

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Page 98: Como cuidar do seu dinheiro

EDITORESDomingo Alzugaray

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DIRETOR EXECUTIVOCarlos Alzugaray

Diretor Editorial: Carlos José MarquesOperações: Diretor – Gregorio FrançaCirculação: Gerente – Leandro Stocco

Marketing: Gerente Geral – Patrícia Augusto CorrêaServiços Gráficos: Gerente Industrial – João Cesar Maciel

© 2006 Gold Editora Ltda., São Paulo (Brasil) – 1a EdiçãoTodos os direitos reservados.

Redação: Roberto Dotta FilhoEdição: Sergio Yamasaki

Arte: Agenor JorgeIconografia: Paula GonçalvesRevisão: Adriana Dalla Ono

Fotos: Photodisc

ISBN da obra: 85-7368-854-8ISBN deste volume: 85-7368-858-0

COMERCIALIZAÇÃOTrês Comércio de Publicações Ltda.

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DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA EM BANCAS PARA TODO O BRASILFernando Chinaglia Distribuidora S.A.

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COLEÇÃO

GESTÃO EMPRESARIAL

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