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COMO APRESENTAR PÔSTERES EM CONGRESSOS Autora: Eliane Gonçalves de Freitas UNESP – Universidade Estadual Paulista Laboratório de Comportamento Animal, Dep. de Zoologia e Botânica, IBILCE e Centro de Aquicultura da UNESP (CAUNESP) R. Cristóvão Colombo, 2265, Jardim Nazareth, CEP 15054-000 São José do Rio Preto, SP – e-mail [email protected] O que é uma apresentação em pôster Uma apresentação em forma de pôster é um tipo de apresentação de trabalho científico muito comum em vários tipos de reuniões científicas. Há um tempo atrás, eram mais comuns as apresentações orais. Devido ao progressivo aumento do número de trabalhos enviados a congressos (incluindo o Encontro Anual de Etologia) nas últimas décadas, as sessões de apresentações orais diminuíram, dando lugar a sessões de pôsteres, a forma encontrada para que um maior número de trabalhos fossem exibidos num curto espaço de tempo. A consequência foi um grande aumento do número de pôsteres apresentados, de forma que nem conseguimos ver todos eles: visitamos os pôsteres relacionados à nossa linha de pesquisa e/ou aqueles que nos chamam mais a atenção. O ser humano é um ser visual e é através da percepção visual que selecionamos muitas coisas em nossa vida. Aceitamos aquilo que nos é visualmente agradável e nos afastamos do visualmente desagradável. Isso acontece com os pôsteres. Escolhemos pelo visual, em meio a um mar de informações veiculadas num congresso. Por isso, é essencial que apresentemos trabalhos visualmente atrativos, por 3 motivos básicos. Primeiro, para chamar a atenção dos pesquisadores para o nosso trabalho. Segundo, para tornar fácil e agradável o entendimento de nossa pesquisa. Terceiro, porque um trabalho bem apresentado é facilmente associado a uma pesquisa bem conduzida. Este último fator é mais psicológico do que lógico, mas afeta o julgamento dos pares.

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Page 1: COMO APRESENTAR PÔSTERES EM CONGRESSOS...COMO APRESENTAR PÔSTERES EM CONGRESSOS Autora: Eliane Gonçalves de Freitas UNESP – Universidade Estadual Paulista Laboratório de Comportamento

COMO APRESENTAR PÔSTERES EM CONGRESSOS

Autora: Eliane Gonçalves de Freitas

UNESP – Universidade Estadual Paulista

Laboratório de Comportamento Animal, Dep. de Zoologia e Botânica, IBILCE

e Centro de Aquicultura da UNESP (CAUNESP)

R. Cristóvão Colombo, 2265, Jardim Nazareth, CEP 15054-000

São José do Rio Preto, SP – e-mail [email protected]

O que é uma apresentação em pôster

Uma apresentação em forma de pôster é um tipo de apresentação de trabalho

científico muito comum em vários tipos de reuniões científicas. Há um tempo atrás,

eram mais comuns as apresentações orais. Devido ao progressivo aumento do

número de trabalhos enviados a congressos (incluindo o Encontro Anual de

Etologia) nas últimas décadas, as sessões de apresentações orais diminuíram,

dando lugar a sessões de pôsteres, a forma encontrada para que um maior número

de trabalhos fossem exibidos num curto espaço de tempo. A consequência foi um

grande aumento do número de pôsteres apresentados, de forma que nem

conseguimos ver todos eles: visitamos os pôsteres relacionados à nossa linha de

pesquisa e/ou aqueles que nos chamam mais a atenção.

O ser humano é um ser visual e é através da percepção visual que

selecionamos muitas coisas em nossa vida. Aceitamos aquilo que nos é visualmente

agradável e nos afastamos do visualmente desagradável. Isso acontece com os

pôsteres. Escolhemos pelo visual, em meio a um mar de informações veiculadas

num congresso. Por isso, é essencial que apresentemos trabalhos visualmente

atrativos, por 3 motivos básicos. Primeiro, para chamar a atenção dos

pesquisadores para o nosso trabalho. Segundo, para tornar fácil e agradável o

entendimento de nossa pesquisa. Terceiro, porque um trabalho bem apresentado é

facilmente associado a uma pesquisa bem conduzida. Este último fator é mais

psicológico do que lógico, mas afeta o julgamento dos pares.

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Conteúdo

Obviamente, mais importante do que qualquer apresentação bem feita é o

conteúdo que o trabalho traz. Assim, é essencial que apresentemos trabalhos bem

feitos, com originalidade e rigor, revistos várias vezes para a detecção e correção de

possíveis falhas.

Hoje em dia, infelizmente, verificamos que vários trabalhos científicos

apresentados em congressos são de baixa qualidade. Atribuo isso a alguns fatores,

dentre eles a idéia de que o que conta é melhorar o currículo. Já ouvi alunos

comentando: - esse trabalho vai dar pelo menos uma nota em congresso

[traduzindo: esse resultado pode não ser importante, mas terei mais um trabalho

apresentado em meu currículo]. Esse pensamento reflete outro fator de baixa

qualidade dos trabalhos, que é a informação equivocada sobre o que é Ciência. Ora,

se um trabalho serve para ser apresentado em congresso, também deve servir para

ser publicado em revistas especializadas. Aliás, é com esse espírito que um trabalho

deve ser feito e, posteriormente apresentado. Apresente um trabalho que você fez,

não faça qualquer coisa para apresentar.

Um trabalho bem feito deve apresentar o problema que se está estudando e

no qual o trabalho está inserido. Deve apresentar claramente as hipóteses que

foram testadas, a metodologia utilizada para testá-las, os resultados analisados e as

conclusões.

Por que apresentar trabalho em congressos?

Os trabalhos são apresentados para que sejam submetidos à crítica antes

de serem submetidos à publicação. Muitas pessoas temem as críticas, mas o

conhecimento e a qualidade do trabalho crescem com elas.

Apresentar um trabalho em congresso também divulga nossos grupos de

pesquisa, atrai mais pessoas para trabalhar com determinado assunto e pode gerar

parcerias entre pesquisadores e Instituições. Por isso, mais uma vez enfatizo que

devemos zelar pela qualidade do trabalho que será apresentado. É o seu grupo de

pesquisa que está sendo exposto.

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O que um pôster deve conter

1. Título

Crie um título atrativo e fidedigno. Por exemplo, um título como “Estudo do

gasto energético decorrente do desenvolvimento gonadal, construção de ninho,

corte e acasalamento em machos de tilápia-do-Nilo, Oreochromis niloticus (L.)

(Teleostei, Cichlidae)” é longo e pouco atrativo. Todo trabalho científico é um estudo,

portanto, essa palavra é redundante e pode ser excluída. Podemos substituir esse

título, com vantagem, por “Investimento reprodutivo e crescimento em machos de

tilápia-do-Nilo”. Informações taxonômicas podem ser excluídas do título, mas devem

estar no material e métodos.

Não use termos vazios. Por exemplo: “Aspectos do comportamento de anu

branco”. Esse título não informa nada. Aspectos do comportamento? O que é

aspecto? De qual comportamento estamos falando?

“Dados preliminares sobre o comportamento de arara canindé”. Se os dados

são conclusivos, não são preliminares. Podem fazer parte de um estudo maior e, por

isso, ser considerado preliminar. Mas, os dados apresentados devem ser completos.

Não há como apresentar meia conclusão.

O título geralmente está associado ao objetivo do trabalho ou à sua

conclusão. Portanto, um título bem apresentado é uma consequência de objetivos

bem definidos e dados adequadamente interpretados.

2. Nome dos autores e Instituição

Indique claramente a(s) instituição (ões) envolvidas com o trabalho. Divulgue

o seu grupo de pesquisa. Indique honestamente os autores (em sua ordem

honesta). Não vou discutir aqui critérios para autoria de trabalhos, mas gostaria de

ressaltar que a busca por currículos pode gerar autorias espúrias. Combata essa

prática.

3. Caracterização do problema

Não é necessário, num pôster, escrever uma introdução como em artigos

científicos. Não há espaço para isso. Mas, se houver espaço mostre qual é o

problema que está sendo investigado. Indique a relevância e a originalidade do

problema investigado. Quem lê o pôster tem que ficar convencido que o problema

investigado é importante e, consequentemente, ficar curioso sobre os resultados.

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4. Objetivos e hipóteses

O objetivo é o ponto norteador de qualquer atividade, incluindo a pesquisa

científica e, portanto, todo trabalho científico é guiado pelo objetivo. Assim, é

importante que ele seja muito claro, pois é o ponto de partida para todo o trabalho. O

objetivo pode ser teórico, o qual corresponde à parte mais geral do trabalho, ou

operacional, que corresponde à operação que será realizada para se chegar ao

objetivo teórico. Por exemplo, o objetivo teórico pode ser “encontrar indicadores

comportamentais de estresse na arara canindé”, enquanto o operacional seria

“testar se o tempo de emissão de auto-limpeza aumenta em condições estressantes

nessa espécie”. Este último é o parâmetro que será de fato registrado e analisado.

Se o trabalho testar hipóteses, essas devem estar concatenadas com o

problema estudado e também devem ser claramente apresentadas. Se for um

trabalho descritivo (sem teste de hipótese), ainda assim ele deve estar associado a

um problema. Uma hipótese é uma conclusão que ainda não foi confrontada

empiricamente ou, a resposta mais provável para sua pergunta. Portanto, é uma

frase afirmativa.

Por exemplo: Hipótese: “O estresse aumenta a emissão do comportamento

de auto-limpeza em arara canindé”.

5. Material e métodos

Deve ser adequado para testar a hipótese e cumprir os objetivos. É uma das

partes mais importantes de seu trabalho, pois um delineamento equivocado leva a

conclusões equivocadas e não resolve o problema proposto. Apresente-o de forma

sucinta, porém completa.

6. Resultados coerentes com os objetivos

Apresente apenas os resultados importantes para a resolução do problema e

suficientes para sustentar suas conclusões. Não apresente nada que não tenha a

ver com esses 2 tópicos. Portanto, verifique se os resultados são suficientes para

responder à pergunta formulada inicialmente. Indique os testes estatísticos utilizados

junto com os resultados.

7. Conclusões

Não cabe num pôster a discussão de seus dados como em um artigo

científico. Basta que sejam apresentadas as conclusões, pois você estará junto de

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seu trabalho, em algum momento, para discutir seu trabalho com outros

pesquisadores.

As conclusões devem ser claras e sustentadas pelos resultados. Mais uma

vez, elas devem ser coerentes com o problema e devem ser uma generalização

decorrente dos dados. Por exemplo: Resultado: “O estresse de visitação aumentou

significativamente o tempo de auto-limpeza durante a presença de visitantes no

zoológico estudado”. Conclusão: “O comportamento de auto-limpeza em arara

canindé é um bom indicador comportamental de estresse”. Resultados são redigidos

no passado e as conclusões são redigidas no presente, pois trata-se de uma

generalização sobre o problema pesquisado.

8. Referências

Evite usar citações bibliográficas em pôsteres. Use se for estritamente

necessário.

9. Agradecimentos

É importante reconhecer o apoio das pessoas que ajudaram no

desenvolvimento da pesquisa e que não são co-autoras do trabalho. Mas, agradeça

a quem ajudou de alguma forma no trabalho. Não inclua a família, os amigos pelo

apoio moral. Isso não cabe nas divulgações científicas, menos ainda em pôsteres.

10. Órgãos Financiadores.

No final, inclua os órgãos financiadores. Não é preciso incluí-los em forma de

agradecimento. Porém, não se esqueça de citá-los.

O DESIGN DO PÔSTER

Como é o seu comportamento quando se interessa por um trabalho

apresentado em forma de pôster? O que você lê no pôster? Quantas vezes um

pôster cheio de texto o atraiu? A regra básica para confeccionar um bom pôster é

“não faça aquilo que você não gosta de ver nos pôsteres de outras pessoas”.

Divida adequadamente os espaços no pôster e identifique corretamente o que

é resultado, material e métodos etc., ordenando adequadamente tais seções, para

que o leitor possa seguir com facilidade de uma a outra. Deixe claro para onde o

leitor deve ir (para a esquerda, para a direita, para cima ou para baixo). Se o espaço

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para os tópicos estiver bem organizado, o leitor não irá perder tempo, nem desistir

de ler seu pôster.

Textos

- Os textos devem ser sintéticos e objetivos.

- Utilize frases curtas e evite a construção de parágrafos longos.

- Utilize a forma de itens.

- Utilize letras uniformes e de tamanho grande.

Ex. PREFIRA LETRAS UNIFORMES A LETRAS COM PARTES FINAS E

PARTES LARGAS OU MUITO DESENHADAS. As primeiras são mais visíveis à

distância. Utilize letras grandes (tamanhos acima de 30).

Introduções longas e textos longos são ignorados. Poucos lêem. Um pôster

cheio de textos afugenta os leitores. Então, procure outra solução.

Esquemas

Abuse dos esquemas para situar o problema, para o material e métodos ou

mesmo para as conclusões. Às vezes, uma ou 2 palavras resumem a idéia

Ex. O parágrafo: “Se você deseja fazer uma boa apresentação não faça o que

não o agrada nas apresentações de outras pessoas. Não utilize textos longos e

confusos. Utilize esquemas e figuras simples, que apresentem a principal idéia a ser

discutida.” ...pode ser trocado pelo esquema:

POUCO TEXTO

BOAS FIGURAS

ESQUEMAS

ORGANIZADOS

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Lembre-se

Outro exemplo

INTERAÇÃO AGONÍSTICA

(estressor natural)

CONFINAMENTO

(estressor artificial)

O NÍVEL DE ESTRESSE É DIFERENTE?

TEXTOS LONGOS ESQUEMAS CONFUSOS

DESINTERESSE

LEITOR

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Esquemas e figuras são excelentes no apoio às descrições do

comportamento. Com desenhos, a descrição pode ser bem resumida. Às vezes nem

é preciso a descrição.

Fotos

São ótimas para chamar a atenção, mas se forem muitas, podem poluir

visualmente o pôster. Use fotos da maneira correta, evitando a utilização apenas

decorativa. Utilização de fotos do animal estudado deixa o pôster mais bonito, mas

você pode usar apenas um pequeno espaço para isso.

Não utilize fotos como papel de parede (ou plano de fundo), pois a figura irá

competir com o texto por cima dela e dificultar a leitura (veja o exemplo abaixo). Mais

uma vez, haverá poluição visual e a foto, ao invés de chamar a atenção irá afastar o

leitor. Evite fotos desnecessárias e deixe lugar para outras coisas importantes do

trabalho. Compare as situações abaixo e conclua qual é a melhor forma de

apresentação.

OO aappaaiiaarrii éé uumm ppeeiixxee ddaa ffaammíílliiaa CCiicchhlliiddaaee oorriiggiinnáárriioo ddooss rriiooss

aammaazzôônniiccooss

O apaiari é um peixe da família

Cichlidae originário dos

rios amazônicos

Astronotus ocellatus

Família: Cichlidae

Origem: Amazônia

Confronto frontalConfronto frontalAtaque Lateral

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Gráficos

É a melhor forma de apresentar os resultados. Aprenda a fazer gráficos bem

feitos, pois eles falam por si, sem a necessidade de textos (ou com muito pouco

texto). Evite gráficos em “pizza” e tridimensionais. Quanto mais simples for o gráfico,

mais fácil será a compreensão.

Ex.

Aumente os intervalos na escala do eixo Y para tornar o gráfico mais “limpo”

PORCENTAGEM DE ITENS COMPORTAMENTAIS EMITIDOS A

B

C

D

E

F

0

5

10

15

20

25

30

PO

RC

EN

TA

GE

M

A B C D E F

ITENS COMPORTAMENTAIS

0

10

20

30

40

A B C D E F

ITENS COMPORTAMENTAIS

PO

RC

EN

TA

GE

M (

30 m

in)

0

5

10

15

20

25

30

35

A B C D E F

ITENS COMPORTAMENTAIS

PO

RC

EN

TA

GE

M (

30 m

in)

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Outro exemplo

RESULTADOS

A frequência de escavação de ninhos foi maior para as fêmeas (n = 15)

Veja que foi utilizada apenas uma frase e, nesse caso, a legenda da figura nem é

necessária.

Também podem ser utilizadas tabelas para expressar os resultados. Só utilize

se for necessário e sempre utilize tabelas simples e sem poluição visual. Antes de

construir uma tabela, verifique se não é possível transformá-la em gráfico.

Hailman & Strier (1997), sugerem que seja utilizada uma regra para textos,

mas que podemos utilizá-la também na apresentação de figuras e tabelas. É a regra

KISS (“keep it simple. SIMPLE”)

Postura

Não fique “encolhido” na frente de seu pôster. Afinal, se o trabalho foi bem

feito e você gastou tempo nele, não queira escondê-lo por timidez. Mostre-se

disponível para conversar sobre seu trabalho.

0

1

2

3

4

5

6

7

Male Female

Fre

qu

ency

of

dig

gin

g

nes

t . 1

5 m

in-1

p = 0.03

Fre

qu

ênci

a d

e es

cava

ção

(15

min

)

macho fêmea

Wilcoxon

p = 0,03

0

1

2

3

4

5

6

7

Male Female

Fre

qu

ency

of

dig

gin

g

nes

t . 1

5 m

in-1

p = 0.03

Fre

qu

ênci

a d

e es

cava

ção

(15

min

)

macho fêmea

Wilcoxon

p = 0,03

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Muito importante. Esteja na frente do pôster na hora marcada. É muito

deselegante, talvez até anti-ético, ignorar as pessoas interessadas em seu trabalho

e que esperam poder conversar com você. Além disso, você pode perder a

oportunidade de trocar idéias interessantes e importantes para o seu

desenvolvimento intelectual e profissional. É sempre você que sai perdendo.

Não concordo com a postura de alguns autores, que não vão aos

Congressos, mas expõem seus pôsteres por meio de algum colega. O trabalho está

lá, mas o autor não irá discuti-lo. A apresentação deixa de ter a função que é discutir

diretamente (e criticamente) a pesquisa com seus pares.

Use a criatividade

Apesar de haver algumas regras formais para apresentação de trabalhos,

podemos e devemos utilizar a criatividade para chamar a atenção e proporcionar

uma leitura fácil e agradável. Por exemplo. Já vi um pôster no Encontro de Etologia

confeccionado na forma de história em quadrinhos sem, no entanto, deixar de

apresentar claramente as hipóteses, metodologia, resultados e conclusões.

Gaste um tempo na forma da apresentação para valorizar seu trabalho. O

conteúdo é a parte mais importante do conjunto, mas em meio a tantos trabalhos, se

não for atrativo não será conhecido.

Uma última dica

Apresente seu pôster na versão preliminar a colegas e/ou orientador para

ouvir sua opinião a respeito da clareza e rigor da apresentação. Discuta todos os

pontos do trabalho, aproveitando as críticas para melhorar sua apresentação, pois

qualquer trabalho só fica bom depois de várias revisões. Lembre-se que a

apresentação de pôsteres em Congressos e reuniões científicas é uma das formas

de Comunicação Científica. Pense no significado do termo COMUNICAÇÃO e bom

trabalho. Veja alguns exemplos de pôsteres nas páginas 13 a 15.

Leitura importante

As referências abaixo são livros que discutem a essência do que é fazer ciência,

além de esclarecer como devem ser elaborados os projetos de pesquisa, artigos

científicos, apresentações orais e em forma de pôster. Nesses livros também são

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encontradas discussões críticas sobre o que deve conter uma introdução, material e

métodos etc. e a melhor forma de apresentar figuras e tabelas em trabalhos

científicos.

HAILMAN, J.P. & STRIER, K.B. (1997) Planning, Proposing, and Presenting Science

Effectively. (A Guide For Graduate Students and Researches in the Behavioural

Sciences and Biology). Cambridge University Press, Cambridge, UK.

VOLPATO, G.L. (2007) Ciência: da Filosofia à Publicação. 5ª. ed. Cultura

Acadêmica Editora, São Paulo, SP.

VOLPATO, G.L. (2007) Bases Teóricas da Redação Científica. Cultura Acadêmica

Editora, São Paulo, SP.

VOLPATO, G.L. (2008) Publicação Científica. 3ª. ed. Cultura Acadêmica Editora,

São Paulo, SP.

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Exemplos de pôsteres apresentados no International Ethological Conference 2003, em Florianópolis,SC.

Tamanho original do pôster: 0,95 X 1,15 m

Menor tamanho de letra = 30

Nile tilapia (Oreochromis niloticus)

- Some cichlid females establish Dominance Hierarchy, and dominants take priority over subordinates to mate.

- Dominants are also biggest females - size being an important feature in male mate choice in fishes.

- What is is choosing by male: size or social rank?

DOMINANCE DOES NOT ALLOW MATING PRIORITY IN FEMALE NILE TILAPIADOMINANCE DOES NOT ALLOW MATING PRIORITY IN FEMALE NILE TILAPIA

ELIANE GONÇALVES DE FREITAS & ALINE CHIMELLO FERREIRADep. Zoologia e Botânica, IBILCE, UNESP - CAUNESP, São José do Rio Preto, SP, Brazil

[email protected]

METHODSMETHODSMETHODSMETHODS

60x60x40 cm

MALE

SL: 12.92 ± 1,21 cm

weight: 77.79 ± 25.20 g

n = 13

- Three matched-size females were grouped during 3 days to

hierarchical settlement.

- Video recording: 12 min/day.

- Dominance was determined by means of a dyadic matrix.

- A male was introduced in the 4th day.

- Group was kept during 12 days to spawning.

FEMALE

SL: 10.68 ± 1.26 cm

weight: 45.63 ± 17.13 g

n = 39

RESULTSRESULTSRESULTSRESULTS

1. Females exhibited linear dominance.

N = 13 GROUPS

Dyadic matrix with mean (± SD) of wins and losses in female Niletilapia. Total time of records: 36 min (12 min/day). N = 13.

2. Spawning occurred in 8 out of 13 groups.

3. Spawning was not associated to dominance.

CONCLUSIONCONCLUSIONCONCLUSIONCONCLUSION

Dominance itself does not allow mating priority in female Nile tilapia.

NEW HYPOTHESISNEW HYPOTHESISNEW HYPOTHESISNEW HYPOTHESIS

- Biggest females have priority to mate.

- Dominant females grow faster than subordinates, and become the biggest one.

Alpha

Alpha

Gamma

Beta

GammaBeta

LOSSES

WINS

18.77 ± 10.95

20.69 ± 7.65

2.15 ± 3.08

1.38 ± 2.96

13.31 ± 5.53

2.46 ± 3.50

Water temperature: 27°C

Light: 12 L: 12 D

Food: in excess

Frequency of females that reproduced first (n = 8).

[Multinomial Test, p > 0.05]

ALPHA - 4 (50%)

BETA - 3 (37.5 %)

GAMMA - 1 (12.5 %)

PROBLEMPROBLEMPROBLEMPROBLEM

AIMAIMAIMAIM

We tested whether dominance per se allows priority to mate in female Nile tilapia.

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O pôster abaixo poderia ter menos informações na introdução. Mas, a forma de apresentação dos resultados e conclusões é criativa e eficiente. Note que as conclusões são destacadas logo após os resultados.

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Apresentado no Encontro de Etologia, em 2008

MAIOR FOTOPERÍODO AUMENTA A AGRESSIVIDADE EM Tilapia rendalli

Thaís Billalba Carvalho1, Eliane Gonçalves-de-Freitas2, Rui F. Oliveira3

1,2 UNESP, Universidade Estadual Paulista, IBILCE, São José do Rio Preto, SP – Laboratório de

Comportamento Animal, CAUNESP, RECAW(CNPq). 1Pós-Graduação em Aqüicultura; e-mail:

[email protected] 2Dep. Zoologia e Botânica 3 Instituto Superior de Psicologia Aplicada,

ISPA, Lisboa / Portugal.

INTRODUINTRODUÇÇÃOÃO

- maior período de luz pode aumentar a agressividade em peixes.

- resposta pode ser modulada pela melatonina que é liberada na ausência

de luz e diminui o comportamento agonístico.

OBJETIVOOBJETIVO

Testar se a duração do fotoperíodo afeta o comportamento agonístico em

machos adultos de Tilapia rendalli.

INTRODUINTRODUÇÇÃOÃO

- maior período de luz pode aumentar a agressividade em peixes.

- resposta pode ser modulada pela melatonina que é liberada na ausência

de luz e diminui o comportamento agonístico.

OBJETIVOOBJETIVO

Testar se a duração do fotoperíodo afeta o comportamento agonístico em

machos adultos de Tilapia rendalli.

auxílio financeiro:

teste t independente, p< 0,04

CONCLUSÕESCONCLUSÕES

- maior fotoperíodo aumenta as interações agressivas em

machos de Tilapia rendalli

- efeito não depende da posição social

CONCLUSÕESCONCLUSÕES

- maior fotoperíodo aumenta as interações agressivas em

machos de Tilapia rendalli

- efeito não depende da posição social

Tilapia rendalli

*

aclimatação: 15 dias (12L:12D)

1º ao 20º dia: caixa d’ água de 250 L (dia longo ou dia curto)

20º ao 24º dia: isolamento / aquários (40 x 30 x 40 cm)

24º dia: pareamento (60 min)

paradigma residente / intruso

definição da interação social

morte: dose letal de anestésico (benzocaína)

confirmação sexo e maturação gonadal

aclimatação: 15 dias (12L:12D)

1º ao 20º dia: caixa d’ água de 250 L (dia longo ou dia curto)

20º ao 24º dia: isolamento / aquários (40 x 30 x 40 cm)

24º dia: pareamento (60 min)

paradigma residente / intruso

definição da interação social

morte: dose letal de anestésico (benzocaína)

confirmação sexo e maturação gonadal

RESULTADOSRESULTADOS

PARALELOPARALELO

LATERALLATERAL

FRONTALFRONTALAMEAAMEAÇÇA A SIMULTÂNEASIMULTÂNEA

PERSEGUIPERSEGUIÇÇÃO E ÃO E FUGAFUGAONDULAONDULAÇÇÃOÃO

AMEAAMEAÇÇAAPARALELOPARALELOPARALELOPARALELO

LATERALLATERALLATERALLATERAL

FRONTALFRONTALFRONTALFRONTALAMEAAMEAÇÇA A SIMULTÂNEASIMULTÂNEA

AMEAAMEAÇÇA A SIMULTÂNEASIMULTÂNEA

PERSEGUIPERSEGUIÇÇÃO E ÃO E FUGAFUGA

PERSEGUIPERSEGUIÇÇÃO E ÃO E FUGAFUGAONDULAONDULAÇÇÃOÃOONDULAONDULAÇÇÃOÃO

AMEAAMEAÇÇAAAMEAAMEAÇÇAA

0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

vencedor

* * * *0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

vencedor

* * * *

0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

perdedor

* * * * **

0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

perdedor

* * * * **

0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

dupla

** *

*

0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

dupla

** *

*

INTERAÇÃO AGRESSIVAINTERAÇÃO AGRESSIVA

dia longo dia curtodia longo dia curto

freqüência da interação duração da interação (s)

0

3000

6000

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

vencedor

** * *

*

0

3000

6000

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

vencedor

** * *

*

0

3000

6000

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

perdedor

** * **

0

3000

6000

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

perdedor

** * **

0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

dupla

* **

*

0

600

1200

ameaça ameaçasimultânea

fuga lateral frontal ondulação paralelo total

dupla

* **

*

teste t independente, p< 0,04

dia longo dia curtodia longo dia curto

MATERIAL E MMATERIAL E MÉÉTODOSTODOS

- dois fotoperíodos

- machos adultos

(n=12)dia longo (16L:08D)

dia curto (08L:16D) (n=10)

MATERIAL E MMATERIAL E MÉÉTODOSTODOS

- dois fotoperíodos

- machos adultos

(n=12)dia longo (16L:08D)

dia curto (08L:16D) (n=10)

(n=12)dia longo (16L:08D)

dia curto (08L:16D) (n=10)