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Publicação da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor | Ano 4 | 2° Trimestre de 2020 | Edição 2 JORNAL DOS Comitês

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Page 1: Comitês JORNAL DOS · 2020. 9. 10. · acima de 1 ano de idade, dose única: 1-2 mg/kg de peso corporal. ... de seus membros para divulgar nesta edição do Jornal dos Comitês da

Publicação da Sociedade Brasileira para o Estudoda Dor | Ano 4 | 2° Trimestre de 2020 | Edição 2

JORNAL DOS

Comitês

Page 2: Comitês JORNAL DOS · 2020. 9. 10. · acima de 1 ano de idade, dose única: 1-2 mg/kg de peso corporal. ... de seus membros para divulgar nesta edição do Jornal dos Comitês da

MODERADA

TRAMADON® É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO, NÃO DIRIJA VEÍCULOS OU OPERE MÁQUINAS, POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS.CONTRAINDICAÇÃO: PACIENTES EM TRATAMENTO COM INIBIDORES DA MAO OU QUE FORAM TRATADOS COM ESSES FÁRMACOS NOS ÚLTIMOS 14 DIAS.INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: FÁRMACOS QUE REDUZAM O LIMIAR PARA CRISES CONVULSIVAS.Referências Bibliográficas: 1. Bula Tramadon® e Tramadon® Retard. Reg. MS nº 1.0298.0261. 2. Grond S, Sablotzki A. Clinical pharmacology of tramadol. Clin Pharmacokinetic. 2004; 43(13):879-923. 3. Kahan M, Mailis-Gagnon A, Wilson L, Srivastava A; National Opioid Use Guideline Group. Canadian guideline for safe and effective use of opioids for chronic noncancer pain: clinical summary for family physicians. Part 1: general population. Can Fam Physician. 2011;57(11):1257-66. 4. Klotz U. Tramadol-the impact of its pharmacokinetic and pharmacodynamics properties on the clinical management of pain. Arzneimittelforschung. 2003;53(10):681-7. 5. World Anti-Doping Agency. Prohibited List January 2020. World Anti-Doping Code: International Standard, 2019. 6. Jefferies K. Treatment of neuropathic pain. Semin Neurol. 2010;30(4):425-32. 7. Rahman A, Underwood M, Carnes D. Fibromyalgia. BMJ. 2014;348:g1224.

TRAMADON® cloridrato de tramadol - solução oral 100 mg/mL, USO ORAL. USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 1 ANO - cápsula dura 50 mg, USO ORAL. USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 12 ANOS. TRAMADON® RETARD cloridrato de tramadol - comprimidos revestidos de liberação prolongada 100 mg, USO ORAL. USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 12 ANOS. INDICAÇÕES: alívio da dor de intensidade moderada a grave. CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade ao tramadol ou qualquer componente das fórmulas; intoxicação aguda por álcool, hipnóticos, analgésicos, opioides e outros psicotrópicos; pacientes em tratamento ou tratados com inibidores da MAO (monoamina oxidase) nos últimos 14 dias; epilepsia não controlada adequadamente com tratamento; substituto na abstinência de narcóticos. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: dependência aos opioides, pacientes com tendência à dependência ou ao abuso de medicamentos, pacientes sensíveis aos opioides, ferimentos na cabeça, distúrbios do nível de consciência de origem não estabelecida, pressão intracraniana aumenta-da, choque, distúrbios da função ou do centro respiratório, pacientes com epilepsia ou susceptíveis a convulsões (relatadas convulsões em pacientes recebendo tramadol nas doses recomendadas). Em longo prazo, pode-se desenvolver tolerância e dependência física e psicológica. Durante o tratamento, o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas, pois sua habilidade e atenção podem estar prejudica-das. Gravidez: atravessa a barreira placentária, não deve ser utilizado durante a gravidez; no neonato pode induzir alterações na taxa respiratória e no uso crônico levar a sintomas de abstinência. Lactação:uso não recomendado. Solução oral: este medicamento contém SACAROSE. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: inibidores da MAO, carbamazepina, ondansetrona, álcool e depressores do Sistema Nervoso Central (SNC), inibidores seletivos da recaptação de serotonina, inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, fármacos que diminuem o limiar para crises convulsivas, serotoninérgicos, derivados cumarínicos e inibidores do CYP3A4. POSOLOGIA: ajustar dose à intensidade da dor e à sensibilidade individual do paciente. Dose total diária de 400 mg de cloridrato de tramadol não deve ser excedida, exceto em circunstâncias clínicas especiais. TRAMADON® Solução Oral: em adultos e adolescentes acima de 12 anos de idade, 50-100 mg a cada 4 ou 6 h. Em crianças acima de 1 ano de idade, dose única: 1-2 mg/kg de peso corporal. Não exceder dose diária total de 8mg/kg de peso corporal ou 400 mg (o que for menor). 1 gota = 2,5 mg. TRAMADON® Cápsula Dura (adultose adolescentes a partir de 12 anos): 50-100 mg a cada 4 ou 6 h. TRAMADON® RETARD (adultos e adolescentes a partir de 12 anos): até 200 mg 2x/dia. Idosos (acima de 75 anos) e Insuficiência Renal e/ou Hepática: considerar intervalos maiores entre as doses de acordo com os requerimentos dos pacientes. Pacientes com insuficiência renal e/ou hepática grave não devem tomar TRAMADON® RETARD. REAÇÕES ADVERSAS: Muito Comum: náusea, tontura. Comum: dor de cabeça, sonolência, vômito, constipação, boca seca, hiperidrose, fadiga. Incomum: regulação cardiovascular (palpitação, taquicardia; hipotensão postural ou colapso cardiovascular), ânsia de vômito, desconforto gastrintestinal, diarreia, reações dérmicas (ex: prurido, rash, urticária). SUPERDOSE: miose, vômito, colapso cardiovascular, distúrbios de consciência podendo levar ao coma, convulsões e depressão respiratória à parada respiratória. Aplicar medidas de emergência gerais. Naloxona se depressão respiratória, diazepam se convulsão. APRESENTAÇÕES: TRAMADON® Solução Oral: embalagem contendo 1 frasco gotejador com 10 mL; Cápsula Dura: embalagem contendo 10 ou 100 cápsulas. TRAMADON® RETARD: embalagem contendo 10 comprimidos revestidos. Para mais informações, vide bula do medicamento. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. José Carlos Módolo - CRF-SP nº 10.446 - Rod. Itapira-Lindóia, km14, Itapira-SP - CNPJ n° 44.734.671/0001-51 - Indústria Brasileira - SAC: 0800 7011918 - nº do Lote, Data de Fabricação e Prazo de Validade: Vide Embalagem. CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. MEDICAMENTO SIMILAR EQUIVALENTE AO MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA. Reg. MS Nº 1.0298.0261.

MODERADA

Opioide com evidências de

efetividade ao ser empregado no tratamento da fibromialgia.7

Alívio prolongado da dor 1-4

ao ser

APRESENTAÇÕES¹: 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg.

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Material de divulgação exclusiva aos profissionais de saúde habilitados a prescrever medicamentos.

APRESENTAÇÕES¹: 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg.

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empregado no Rápido inicio de ação no tratamento da dor neuropática. 6

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2o TRIMESTRE DE 2020www.sbed.org.br

3EDITORIALE

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Jornal dos Comitês é uma publicação da SBED, dirigida aos associados da entidade. As opiniões, ideias e conceitos emitidos em matérias ou artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que citada a fonte.Coordenação editorial: Juliana Barcellos de SouzaEdição de arte: MWS Design

Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED)Av. Cons. Rodrigues Alves, 937/02 Vila Mariana – São Paulo – SPCEP: 04014-012Tel./Fax: 11 5904-2881| 5904-3959E-mail: [email protected] Site: www.sbed.org.brA logomarca da SBED está registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e protegida contra o uso não autorizado.

PresidentePaulo Renato Barreiros da Fonseca (RJ)Vice-presidenteJosé Oswaldo de Oliveira Junior (SP)Diretora CientíficaLuci Mara França Correia (PR) Diretora AdministrativaDirce Maria Navas Perissinotti (SP) TesoureiraJosimari Melo de Santana (SE)SecretáriaCélia Maria de Oliveira (MG)

No Brasil, a diversidade de culturas e histórias, e a desigualdade ao acesso aos serviços de saúde – infelizmente – sempre foram uma realidade conhe-cida desde a comunidade até os gestores em geral. O que muda na situação atual é a evidência da precariedade do saneamento básico para atender in-clusive demandas e estratégicas de prevenção a transmissão da SARs-COV2 (causada pela COVID-19) em larga escala. Muitos municípios de nosso país não conseguiram conter o contágio, enquanto outros estão na expectativa por “ter conseguido”. Essa confirmação de sucesso, teremos somente em um futuro – talvez – distante.

Enquanto hospitais e centros de saúde (UPAs, policlínicas e UBS) priorizam assistência aos problemas de ordem respiratória para diagnóstico diferencial e tratamento precoce de casos de graves de COVID-19; prorroga-se o trata-mento a outras situações de saúde e doença. Pessoas com quadro clínico do-lorosos que antes consultavam, hoje evitam frequentar esses locais de assis-tência a e pronto atendimento.

A dor é o principal sintoma que nos motiva a procurar por auxílio especiali-zado de médicos. Porém, socialmente, tem-se desconsiderado a importância deste sintoma importante em prol da dispneia (também muito importante! Não apenas nos tempos de quarentena pelo coronavírus!). A questão é dor, a dor aguda! Pacientes com sinais de isquemia, dor intensa, possível trombose tem evitado consultar no início de seus sintomas, agravando quadro clínico e prognósticos.

A Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor por sua magnitude, sua plura-lidade disciplinar no estudo e tratamento de dores, agrega o conhecimento de seus membros para divulgar nesta edição do Jornal dos Comitês da SBED a implicação da situação de confinamento e isolamento social sobre a manifes-tação clínica e as opções terapêuticas aos pacientes com dor. Aborda-se a va-riabilidade da dor aguda e crônica, dor oncológica, neuropática e complexa, saúde mental e saúde física, opções terapêuticas e recomendações.

Dra. Juliana Barcellos de Souza

Especial COVID-19

A dor é o principal

sintoma que nos motiva a procurar

por auxílio especializado de médicos

MODERADA

TRAMADON® É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO, NÃO DIRIJA VEÍCULOS OU OPERE MÁQUINAS, POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS.CONTRAINDICAÇÃO: PACIENTES EM TRATAMENTO COM INIBIDORES DA MAO OU QUE FORAM TRATADOS COM ESSES FÁRMACOS NOS ÚLTIMOS 14 DIAS.INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: FÁRMACOS QUE REDUZAM O LIMIAR PARA CRISES CONVULSIVAS.Referências Bibliográficas: 1. Bula Tramadon® e Tramadon® Retard. Reg. MS nº 1.0298.0261. 2. Grond S, Sablotzki A. Clinical pharmacology of tramadol. Clin Pharmacokinetic. 2004; 43(13):879-923. 3. Kahan M, Mailis-Gagnon A, Wilson L, Srivastava A; National Opioid Use Guideline Group. Canadian guideline for safe and effective use of opioids for chronic noncancer pain: clinical summary for family physicians. Part 1: general population. Can Fam Physician. 2011;57(11):1257-66. 4. Klotz U. Tramadol-the impact of its pharmacokinetic and pharmacodynamics properties on the clinical management of pain. Arzneimittelforschung. 2003;53(10):681-7. 5. World Anti-Doping Agency. Prohibited List January 2020. World Anti-Doping Code: International Standard, 2019. 6. Jefferies K. Treatment of neuropathic pain. Semin Neurol. 2010;30(4):425-32. 7. Rahman A, Underwood M, Carnes D. Fibromyalgia. BMJ. 2014;348:g1224.

TRAMADON® cloridrato de tramadol - solução oral 100 mg/mL, USO ORAL. USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 1 ANO - cápsula dura 50 mg, USO ORAL. USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 12 ANOS. TRAMADON® RETARD cloridrato de tramadol - comprimidos revestidos de liberação prolongada 100 mg, USO ORAL. USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 12 ANOS. INDICAÇÕES: alívio da dor de intensidade moderada a grave. CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade ao tramadol ou qualquer componente das fórmulas; intoxicação aguda por álcool, hipnóticos, analgésicos, opioides e outros psicotrópicos; pacientes em tratamento ou tratados com inibidores da MAO (monoamina oxidase) nos últimos 14 dias; epilepsia não controlada adequadamente com tratamento; substituto na abstinência de narcóticos. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: dependência aos opioides, pacientes com tendência à dependência ou ao abuso de medicamentos, pacientes sensíveis aos opioides, ferimentos na cabeça, distúrbios do nível de consciência de origem não estabelecida, pressão intracraniana aumenta-da, choque, distúrbios da função ou do centro respiratório, pacientes com epilepsia ou susceptíveis a convulsões (relatadas convulsões em pacientes recebendo tramadol nas doses recomendadas). Em longo prazo, pode-se desenvolver tolerância e dependência física e psicológica. Durante o tratamento, o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas, pois sua habilidade e atenção podem estar prejudica-das. Gravidez: atravessa a barreira placentária, não deve ser utilizado durante a gravidez; no neonato pode induzir alterações na taxa respiratória e no uso crônico levar a sintomas de abstinência. Lactação:uso não recomendado. Solução oral: este medicamento contém SACAROSE. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: inibidores da MAO, carbamazepina, ondansetrona, álcool e depressores do Sistema Nervoso Central (SNC), inibidores seletivos da recaptação de serotonina, inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, fármacos que diminuem o limiar para crises convulsivas, serotoninérgicos, derivados cumarínicos e inibidores do CYP3A4. POSOLOGIA: ajustar dose à intensidade da dor e à sensibilidade individual do paciente. Dose total diária de 400 mg de cloridrato de tramadol não deve ser excedida, exceto em circunstâncias clínicas especiais. TRAMADON® Solução Oral: em adultos e adolescentes acima de 12 anos de idade, 50-100 mg a cada 4 ou 6 h. Em crianças acima de 1 ano de idade, dose única: 1-2 mg/kg de peso corporal. Não exceder dose diária total de 8mg/kg de peso corporal ou 400 mg (o que for menor). 1 gota = 2,5 mg. TRAMADON® Cápsula Dura (adultose adolescentes a partir de 12 anos): 50-100 mg a cada 4 ou 6 h. TRAMADON® RETARD (adultos e adolescentes a partir de 12 anos): até 200 mg 2x/dia. Idosos (acima de 75 anos) e Insuficiência Renal e/ou Hepática: considerar intervalos maiores entre as doses de acordo com os requerimentos dos pacientes. Pacientes com insuficiência renal e/ou hepática grave não devem tomar TRAMADON® RETARD. REAÇÕES ADVERSAS: Muito Comum: náusea, tontura. Comum: dor de cabeça, sonolência, vômito, constipação, boca seca, hiperidrose, fadiga. Incomum: regulação cardiovascular (palpitação, taquicardia; hipotensão postural ou colapso cardiovascular), ânsia de vômito, desconforto gastrintestinal, diarreia, reações dérmicas (ex: prurido, rash, urticária). SUPERDOSE: miose, vômito, colapso cardiovascular, distúrbios de consciência podendo levar ao coma, convulsões e depressão respiratória à parada respiratória. Aplicar medidas de emergência gerais. Naloxona se depressão respiratória, diazepam se convulsão. APRESENTAÇÕES: TRAMADON® Solução Oral: embalagem contendo 1 frasco gotejador com 10 mL; Cápsula Dura: embalagem contendo 10 ou 100 cápsulas. TRAMADON® RETARD: embalagem contendo 10 comprimidos revestidos. Para mais informações, vide bula do medicamento. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. José Carlos Módolo - CRF-SP nº 10.446 - Rod. Itapira-Lindóia, km14, Itapira-SP - CNPJ n° 44.734.671/0001-51 - Indústria Brasileira - SAC: 0800 7011918 - nº do Lote, Data de Fabricação e Prazo de Validade: Vide Embalagem. CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. MEDICAMENTO SIMILAR EQUIVALENTE AO MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA. Reg. MS Nº 1.0298.0261.

MODERADA

Opioide com evidências de

efetividade ao ser empregado no tratamento da fibromialgia.7

Alívio prolongado da dor 1-4

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APRESENTAÇÕES¹: 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg.

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Material de divulgação exclusiva aos profissionais de saúde habilitados a prescrever medicamentos.

APRESENTAÇÕES¹: 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg. 10 cápsulas duras 50mg, solução oral com 10 mL (100mg/mL), retard: 10 comprimidos revestidos de liberação prolongada 100mg.

12h efetivo

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empregado no Rápido inicio de ação no tratamento da dor neuropática. 6

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CADA PACIENTE,UMA DOR DIFERENTE.1

Referências bibliográficas: 1. Freynhagen R, Serpell M, Emir B, et al. A comprehensive drug safety evaluation of pregabalin in peripheral neuropathic pain. Pain Pract. 2015 January;15(1):47-57. 2. Bula Prebictal® 50 mg. 3. Bula Prebictal® 75 mg e 150 mg. 4. Bula do produto – Prebictal® 100 mg.

PREBICTAL® (pregabalina). Cápsulas. Embalagem com 14 ou 28 cápsulas de 50mg, 75mg, 100mg ou 150mg. Uso Adulto. Uso Oral. Indicações: Tratamento da dor neuropática; terapia adjunta na epilepsia;transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); fibromialgia. Contra-indicações: Hipersensibilidade à pregabalina ou componentes da fórmula. Advertências e Precauções: pacientes com intolerância agalactose, deficiência de lactase de Lapp ou má absorção de glicose-galactose não devem utilizar Prebictal®. Categoria de risco na gravidez: C. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Pacientes não devem dirigir, operar máquinas complexas ou se engajar em atividades potencialmente perigosas pois Prebictal® pode produzir tontura e sonolência. Interações Medicamentosas: pregabalina pode potencializar efeitos do etanol e lorazepam. Prejuízo aditivo na função cognitiva e coordenação motora causado pela oxicodona. Redução da função do trato gastrintestinal inferior (obstrução intestinal, íleo paralítico, constipação) quando pregabalina coadministrada com medicamentos com potencial para produzir constipação (ex: analgésicos opióides). Reações Adversas: Tontura e sonolência (mais frequentes e principais motivos da descontinuação). Posologia: Dose inicial: 150mg/dia, em 2 ou 3 tomadas; pode ser aumentada para 300mg/dia (100mg três vezes ao dia ou 150 mg duas vezes ao dia) dentro de uma semana; dose máxima de 300mg para as dores neuropáticas, neuropatia periférica diabética e neuralgia pós herpética, e 600mg para demais indicações. Favor consultar a bula para lista completa de EA e detalhes sobre posologia. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. Reg. MS: 12214.0082 (75mg e 150mg), 1.2214.0096 (100mg) e 12214.0092 (50mg). SAC: 0800-166575. Informações adicionais disponíveis aos profissionais de saúde mediante solicitação a Zodiac Produtos Farmacêuticos S.A. – www.zodiac.com.br.

Contraindicação: hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da formulação. Interação Medicamentosa: Pode potencializar os efeitos de bebidas alcoólicas e de lorazepam.

CÓDIGO DO MATERIAL: FA-176-19PRODUZIDO EM MAIO/2019.

completa

A família de PREGABALINA

DO BRASIL50 mg2 75 mg3 100 mg4 150 mg3

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CADA PACIENTE,UMA DOR DIFERENTE.1

Referências bibliográficas: 1. Freynhagen R, Serpell M, Emir B, et al. A comprehensive drug safety evaluation of pregabalin in peripheral neuropathic pain. Pain Pract. 2015 January;15(1):47-57. 2. Bula Prebictal® 50 mg. 3. Bula Prebictal® 75 mg e 150 mg. 4. Bula do produto – Prebictal® 100 mg.

PREBICTAL® (pregabalina). Cápsulas. Embalagem com 14 ou 28 cápsulas de 50mg, 75mg, 100mg ou 150mg. Uso Adulto. Uso Oral. Indicações: Tratamento da dor neuropática; terapia adjunta na epilepsia;transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); fibromialgia. Contra-indicações: Hipersensibilidade à pregabalina ou componentes da fórmula. Advertências e Precauções: pacientes com intolerância agalactose, deficiência de lactase de Lapp ou má absorção de glicose-galactose não devem utilizar Prebictal®. Categoria de risco na gravidez: C. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Pacientes não devem dirigir, operar máquinas complexas ou se engajar em atividades potencialmente perigosas pois Prebictal® pode produzir tontura e sonolência. Interações Medicamentosas: pregabalina pode potencializar efeitos do etanol e lorazepam. Prejuízo aditivo na função cognitiva e coordenação motora causado pela oxicodona. Redução da função do trato gastrintestinal inferior (obstrução intestinal, íleo paralítico, constipação) quando pregabalina coadministrada com medicamentos com potencial para produzir constipação (ex: analgésicos opióides). Reações Adversas: Tontura e sonolência (mais frequentes e principais motivos da descontinuação). Posologia: Dose inicial: 150mg/dia, em 2 ou 3 tomadas; pode ser aumentada para 300mg/dia (100mg três vezes ao dia ou 150 mg duas vezes ao dia) dentro de uma semana; dose máxima de 300mg para as dores neuropáticas, neuropatia periférica diabética e neuralgia pós herpética, e 600mg para demais indicações. Favor consultar a bula para lista completa de EA e detalhes sobre posologia. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. Reg. MS: 12214.0082 (75mg e 150mg), 1.2214.0096 (100mg) e 12214.0092 (50mg). SAC: 0800-166575. Informações adicionais disponíveis aos profissionais de saúde mediante solicitação a Zodiac Produtos Farmacêuticos S.A. – www.zodiac.com.br.

Contraindicação: hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da formulação. Interação Medicamentosa: Pode potencializar os efeitos de bebidas alcoólicas e de lorazepam.

CÓDIGO DO MATERIAL: FA-176-19PRODUZIDO EM MAIO/2019.

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DO BRASIL50 mg2 75 mg3 100 mg4 150 mg3

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Saúde Mental e Dor Crônica no Contexto de Pandemia do COVID-19

COMITÊ SAÚDE MENTAL E DOR

Dra. Paola Palatucci Bello

Psicóloga – Brasília/DF

Dra. Alessandra Spedo Focosi

Psicóloga – São Paulo/SP

Dra. Nathália Augusta de Almeida

Psicóloga – Santo André/SP

A pandemia por COVID-19 tem sido um marco na história. A gripe espanhola que ocorreu em 1918 foi o que mais se aproximou do momento atual1. Contudo, na época, não se tinha o conhecimento em várias áreas modernas da saúde, tais como a Psicologia, a Psiquiatria e até mesmo especialis-tas voltados para o tratamento de dores crônicas; o que in-viabilizou pesquisas e estudos de qualidade que analisassem com métodos científicos minuciosos o quanto os indivíduos foram afetados emocionalmente com os acontecimentos, devido ao número exacerbado de perdas1,2.

Ressalta-se, inicialmente, que existem algumas condições que podem estar associadas à intensificação do sofrimento psíquico durante o surto do COVID-19, quais sejam: preocu-pação com a instabilidade financeira, privação de interação social, tendência à catastrofização, insônia, fechamento tem-porário de acesso religioso/espiritual, perda de entes que-ridos, privação à assistência de monitoramento da saúde, maior consumo de bebidas alcoólicas e outras substâncias, e aumento da violência doméstica1,3.

Outrossim, o contexto atual pode afetar a intensidade e a expressão da dor do sujeito, justamente por conta da so-brecarga emocional ocasionada pela pandemia4. O indiví-duo que apresenta dor crônica pode acabar manifestando o comportamento de hipervigilância nesse período pandêmi-co, apresentando uma significativa intensificação dos sinto-mas dolorosos, devido ao sofrimento psíquico, privação de atividades físicas que tragam analgesia e controle da dor, e receio em contaminar-se1.

As pessoas com dores crônicas têm mais tendência a de-senvolverem quadros ansiogênicos e depressivos5,6. Estima--se, inclusive, que estes pacientes tenham de duas a três ve-zes mais tendência a ideação suicida6,7. Vale salientar que um dos fatores alarmantes para o suicídio são indivíduos com histórico de tentativa de autoextermínio anteriormente, pois aumentam a probabilidade de tentar novamente7. Decor-rente da pandemia, e como observado em outros contex-tos pandêmicos, os índices de tentativa de autoextermínio e suicídios aumentam significativamente3. Então, é crucial ter atenção especial com pessoas que já tinham diagnóstico psiquiátrico prévio, justamente pela tendência de comorbi-dades relacionadas ao sofrimento psíquico, com intuito de evitar o aumento de sintomas, preocupando-se em manter a continuidade do tratamento1.

Destaca-se, ainda, que a dor é o elemento causal mais frequente que faz com que os indivíduos procurem a emer-gência hospitalar, representando cerca de 70% dentre os

motivos que levam as pessoas a buscarem os estabelecimentos de saúde. Contudo, num contexto de pandemia, é comum a evitação de tal serviço por parte da popu-lação, devido ao receio de ser in-fectado enquanto é atendido por outra demanda4,8.

Ocorre que a população conti-nua sendo acometida com outros problemas de saúde de diferen-tes intensidades, sejam agudos ou crônicos, o que faz com que essas pessoas necessitem do serviço de saúde, o qual precisa ser ofertado da maneira que for cabível durante o surto do SAR-S-CoV-2. Nesse caso, o uso da tecnologia vem sendo uma op-ção para auxiliar tais pacientes, como a possibilidade da realiza-ção de atendimento psicológico e assistência de saúde por meio de tecnologias da informação e comunicação por profissionais devidamente cadastrados9.

Os pacientes de dor crônica, anteriormente ao surto do CO-VID-19, utilizavam do serviço as-sistencial de forma sistemática e rotineira, como o acompanha-mento da fisioterapia, que ocorria semanalmente ou, em alguns ca-sos, até mesmo diariamente. Po-rém, os exercícios que têm como necessidade o manuseio com as mãos são insubstituíveis através do telemonitoramento9. Algumas orientações remotas se fazem necessárias, mas com muitos pacientes é essencial a interação presencial, exigindo adaptações constantes e significativas no dia a dia de trabalho também aos profis-sionais de saúde. Outro dificultador para alguns pacientes com dores crônicas foi o adiamento de procedimentos in-tervencionistas, que têm o intuito de diminuir a dor para ser possível a reabilitação, que em sua maioria foi suspenso por ser considerado tratamento eletivo.

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Ora, tais fatores são essenciais para a manutenção das dores que já estão cronificadas, pois a própria dor crônica é considerada o adoecimento, sendo preciso tratá-la como causa primária e merecendo cuidado e preocupação com seu controle5.

Ademais, quando se tem conhecimento que tal patologia não se trata com a ideia de cura, mas sim com a possibilidade de diminuição dos sintomas dolorosos, quanto mais tempo o sujeito fica desassistido, maior será o prejuízo na sua quali-dade de vida e mais difícil será compensá-lo novamente Por isso, vale salientar, a importância da continuidade do acom-panhamento remoto, quando possível, tanto para psicotera-pia, quanto para assistência de saúde como um todo.

Importante mencionar, igualmente, que estratégias de en-frentamento são fundamentais para auxiliar no período da pandemia, como a busca ativa de informações, para manter--se atualizado. A Organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial de Saúde, salientando a importância de diferenciar as informações de qualidade, acessar apenas fontes confiáveis de notícias a respeito do novo coronavírus, reduzir o tempo de acesso às informações, e acessar também notícias positivas a respeito do COVID-19, com intuito de evi-tar sentimento de preocupação excessiva, pânico, ansiedade e angústia, que podem surgir nas pessoas que consomem constantemente materiais sobre o novo coronavírus10,11.

A maneira que o indivíduo se aplica à seu tratamento é ou-tro aspecto fundamental de enfrentamento da dor crônica, por isso manter as atividades físicas, seguindo as recomen-dações dos profissionais de saúde que o tratam, de forma re-gular no próprio domicílio do paciente são recomendações que precisam ser levadas a sério, pois diante do fechamento dos estabelecimentos nesse período, foi observado uma re-dução significativa na realização de tais tarefas1,8,10. Nas pes-soas com dores crônicas, respeitando as limitações de cada indivíduo, os exercícios físicos são considerados tratamento para controle da dor e sua ausência pode contribuir para um aumento de sintomas dolorosos, juntamente com a dimi-nuição da imunidade. Ter uma dieta balanceada focada em alimentos anti-inflamatórios também ajuda na redução das dores e no fortalecimento da imunidade4,7,13.

Nota-se que o isolamento social ocasiona um maior tempo dentro de casa e a ociosidade pode colaborar para um con-sumo mais exacerbado dos alimentos. Esses dois aspectos, escassez da atividade física e má alimentação, podem ser fa-tores de risco para obesidade e outras comorbidades como diabetes e hipertensão, que estão correlacionados com o índice de massa corporal, todos agravantes para um pior prognóstico nos casos de contaminação por COVID-191,12,13. Os profissionais da área de saúde, como nutricionista, fisio-terapeuta e educador físico devem ser consultados, sempre que possível, para se ter uma intervenção de qualidade.

Adaptar as atividades laborais e manter o contato social com os familiares, amigos e colegas de trabalho, apesar do distanciamento social, faz com que se tenha uma redução na sensação de ausência das interações sociais, ou seja, a tecno-logia aqui funciona, mais uma vez, como um facilitador. Isto

porque se torna necessário demonstrar de outras formas o afeto e fazer com que as pessoas se sintam conectadas umas com as outras, pois o sentimento de solidão pode contribuir para a depressão, no período de isolamento social, sendo de suma importância para a saúde mental1,8,10,14. Da mesma for-ma, se faz necessário evitar recursos nocivos de tentativa de aliviar os quadros de ansiedade acentuada, como uso de be-bidas alcoólicas, nicotina e outras drogas, que a longo prazo intensificam os sintomas do sofrimento emocional8,10.

Em relação ao estado psíquico, as emoções devem ser va-lidadas e acolhidas, sendo imprescindível entender que num período de pandemia, onde o mundo encontra-se em esta-do de alerta, preocupação e luto generalizado, pela grande quantidade de perdas, sentimentos como raiva, tristeza, irri-tabilidade, impaciência, podem ocorrer. Portanto, recomen-da-se que as pessoas que estiverem mais sobrecarregadas, como no caso dos pacientes de dores crônicas e também dos profissionais de saúde, diante de todas as alterações no contexto social, devem buscar ajuda de profissionais espe-cialista na área de saúde mental, psicólogos e psiquiatras, os quais contribuirão para que estes possam atravessar essa fase da melhor forma possível, respeitando seu quadro clíni-co físico e psicológico8,10.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Malloy-Diniz LF, Costa DS, Loureiro F, Moreira L, Silveira BKS, Sadi HM, Apoli-

nário-Souza T, Alyim-Soares A, Nicolato R, Paula JJ, Miranda D, Pinheiro MIC, Cruz RM, Silva AG. Saúde mental na pandemia de COVID-19: considerações práticas multidisciplinares sobre cognição, emoção e comportamento. De-bates em Psiquiatria: 2020.

2. Huremović D, editor. Psychiatry of pandemics: a mental health response to infection outbreak. New York: Springer; 2019.

3. Fundação Oswaldo Cruz. Ministério da Saúde. Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia COVID-19. Cartilha Prevenção de Suicídio. 2020. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/41420/2/Cartilha_Prevencao-SuicidioPandemia.pdf

4. International Association for the Study of Pain, IASP. Ano Mundial Contra a Dor Aguda. 2011. https://s3.amazonaws.com/rdcms-iasp/files/production/public/Content/ContentFolders/GlobalYearAgainstPain2/AcutePainFact-Sheets/1-Problem_Portuguese.pdf

5. Sobral MFPL. Crenças sobre a doença, morbilidade psicológica e dimensões da dor em doentes com dor crónica. Universidade Católica Portuguesa. Cen-tro Regional de Braga. 2014.

6. Kowal J et al. Change in suicidal ideation after interdisciplinary treatment of chronic pain. Clin J Pain, v. 30, n. 6, p. 463-71, Jun 2014. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24281291 >.

7. Organização Mundial de Saúde. Prevenção do Suicídio: Um Manual para Pro-fissionais da Saúde em Atenção Primária. Genebra, 2000. https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_phc_port.pdf

8. Inter-Agency Standing Committee, IASC. Guia Preliminar: como lidar com os aspectos psicossociais e de saúde mental referentes ao surto de covid-19. Versão 1.5. Março 2020.

9. Ceccon RF, Schneider IJC. Tecnologias leves nos tempos de pandemia: edu-cação em saúde como dispositivo para combater o coronavírus.

10. Organização Pan-Americana da Saúde. Considerações psicossociais e de saúde mental durante o surto de COVID-19. OPAS/BRA/Covid-19/20-040.

11. Mian A, Khan S. Coronavirus: a disseminação de desinformação. BMC Med, 2020.

12. Simonnet A, Chetboun M, Poissy J, Raverdy V, Noulette J, Duhamel A, et al. High prevalence of obesity in severe acute respiratory syndrome coronavi-rus-2 (SARS-CoV-2) requiring invasive mechanical ventilation. Obesity (Silver Spring). 2020 Apr 9.

13. Brasil, Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira [Inter-net]. 2ª ed. 2014 [cited 2020 May 1]. https://bvsms.saude.gov. br/bvs/publi-cacoes/guia_alimentar_populacao_ brasileira_2ed.pdf 44.

14. Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Saúde Mental e CO-VID-19. Centro de Educação em Saúde Abram Szajman. 07 de maio, 2020.

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8 COMITÊ DOR NEUROPÁTICA

Dra. Anita Perpetua Carvalho Rocha de Castro

Anestesiologista – Salvador/BA

Dr. Gabriel de Luê Lima

Fisioterapeuta – São Paulo/SP

Dra. Livia de Sousa Albergaria

Anestesiologista – Santos/SP

Dr. Bernardo Augusto da Silveira

Anestesiologista – São Paulo/SP

Dra. Lia Rachel Chaves do Amaral Peloso

Anestesiologista – Cuiabá/MT

Dra. Mariana Camargo Palladini

Anestesiologista – São Paulo/SP

Dra. Vivian Dela Coleta

Farmacologista – Mauá/SP

Durante a pandemia pacientes com dor neuropática (DN) poderão desenvolver COVID-19. Avaliando este cenário sur-gem três questionamentos, os quais merecem uma atenção especial: a infecção por SARS-COV-2 pode agravar ou predis-por a DN ou outros acometimentos do sistema nervoso cen-tral (SNC) ou periférico? O fato de o paciente ser portador de DN pode contribuir para que o paciente desenvolva a forma mais grave da COVID-19? Qual a influência das estratégias utilizadas para o tratamento da DN na evolução do paciente com COVID-19? Estudos epidemiológicos têm demonstrado a presença de achados clínicos neurológicos relacionados ao SARS-COV-2. Os pacientes podem cursar com perda do olfa-to ou paladar, miopatia, acidente vascular cerebral, cefaleia, redução do nível de consciência, tontura e/ou convulsão. Não se sabe se estas alterações consistem em manifestações da própria doença ou da resposta inflamatória desencadea-da pela mesma1.

O sistema nervoso, seja ele central ou periférico, não é imune a alterações decorrentes de infecções virais laten-tes ou persistentes. É bem estabelecido que diversos ví-rus respiratórios possuem um potencial de atingir o SNC e provocar algum grau de neuroinflamação. Na grande

Dor Neuropática e COVID-19: o que já sabemos

maioria dos indivíduos expostos, os vírus não ocasionam doenças ou causam apenas quadros leves, decorrentes do contato com células epiteliais do trato respiratório. Em pacientes susceptíveis ou com menor grau de imunocom-petência, o coronavírus (CV) pode alcançar o trato res-piratório inferior e ocasionar complicações respiratórias maiores. Acredita-se inclusive que o CV possui um poten-cial de acometer sistemas extrapulmonares, como o siste-ma nervoso. Uma vez no trato respiratório superior, cepas do vírus podem alcançar o SNC, através de disseminação hematogênica ou neuronal retrógrada, via neurônios pe-riféricos por transporte ativo.

Os sintomas agudos virais do acometimento do SNC são muito variáveis e inespecíficos quanto ao tipo de vírus en-volvido. Pode ocorrer desde casos assintomáticos até sin-tomas leves ou graves. A manifestação clínica pode incluir febre, rigidez cervical, alteração do sensório, sintomas neurológicos focais, parestesias, convulsão, distúrbios do movimento, foto e fonofobia, ageusia, anosmia e hipos-mia. A invasão do SNC por estes patógenos oportunistas podem alcançar troncos nervosos, meninges, encéfalo, tronco cerebral, medula espinhal e células da glia, oca-sionando inflamação destas estruturas. Tais manifesta-ções neurológicas foram descritas no grupo do CV. O CV é neurotrópico e potencialmente neurovirulento. Embora a relação de causa-efeito entre o CV e algumas manifes-tações neurológicas ainda não tenha sido comprovada, o crescente número de infecções humanas por este vírus tem sugerido a sua associação com encefalite, paralisia flácida aguda e outros sintomas neurológicos, incluindo síndrome de Guillain-Barré. A presença e persistência do CV no cérebro humano tem sido propostas como causa de sequelas a longo prazo relacionadas ao desenvolvimento e/ou agravamento de doenças neurológicas crônicas, en-tretanto, outros trabalhos necessitam ser realizados, com o intuito de comprovar este potencial.

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DOR NEUROPÁTICA E COVID-19 A síndrome clínica clássica da COVID-19 caracteriza-se

pelo envolvimento do trato respiratório, com consequen-te febre, tosse seca e dispneia. Embora este seja o quadro clinico mais comum, alguns pacientes cursam com fadiga, náusea, vômito e diarreia ou apresentam sintomas clínicos severos, de rápida evolução e de elevada mortalidade. Doen-ça arterial coronariana, obesidade, diabetes mellitus, hiper-tensão e imunossupressão são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de formas graves da COVID-19. Um questionamento que tem sido feito é se a presença de dor crônica, seja ela nociceptiva, nociplástica ou neuropática representa um fator de risco adicional. O que se acredita é que pacientes com dor crônica, em sua maioria, apresentam comorbidades ou fazem uso de medicações imunossupres-soras como corticosteroides e/ou opioides, que implicam em maior risco para o desenvolvimento de quadros mais graves da COVID-19.

O TRATAMENTO DA DN DURANTE A PANDEMIA Segundo Bates e col., o tratamento da DN deve ser multidis-

ciplinar e multimodal, envolvendo a utilização de medicações de primeira linha (antidepressivos tricíclicos, inibidores da receptação de serotonina e noradrenalina, gabapentinoides e analgésicos tópicos); segunda linha (fármacos de primeira linha combinados, tramadol ou tapentadol) e terceira linha (inibidores da receptação da serotonina, outros anticonvulsi-vantes e antagonistas do receptor-NMDA). A neuroestimula-ção foi proposta como estratégia de quarta-linha; opioide for-

te em pequena dosagem como quinta-linha (não mais que 90 mg de morfina ao dia ou equivalente) e finalmente a adminis-tração direcionada de medicamentos como uma estratégia de última linha, para os casos de dor refratária2. Embora alguns estudos discutam acerca do potencial imunossupressor dos opioides, a orientação das organizações de saúde é que o tra-tamento com este grupo de fármacos não seja interrompido, pois poderia implicar em síndrome de abstinência e em maior sofrimento para o paciente.

Outro ponto a ser discutido é a interação medicamentosa entre alguns tratamentos propostos para a COVID-19 com fármacos utilizados para o controle da DN. Estudos demons-tram que a cloroquina e a hidroxicloroquina não devem ser administradas concomitantemente com drogas que agem no SNC, sejam elas, metadona, antidepressivos tricíclicos ou antipsicóticos como o haloperidol e a clorpromazina3. Muito ainda temos a aprender em relação ao COVID-19 e a dor crô-nica. Devemos ficar atentos em casos futuros de pacientes que eventualmente apresentarão dor e que foram acometi-dos por esta patologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Mao L, Jin H,Wang M, et al. Neurologic manifestations of hospitalized pa-

tients with coronavirus disease 2019 in Wuhan, China. JAMA Neurol. Publi-shed online April 10, 2020. doi:10.1001/jamaneurol.2020.1127.

2. Bates D, Schultheis BC, Hanes MC, Jolly SM, Chakravarthy KC, Deer TR, Levy RM and Hunter CW. A comprehensive algorithm for management of neuro-pathic pain. Pain Med 2019; 20(1): S1-S12.

3. Cortegiani A, Ingoglia G, Ippolito M, et al. A systematic review on the efficacy and safety of chloroquine for the treatmentof COVID-19. J Crit Care. 2020. pii: S0883-9441(20)30390-7. doi: 10.1016/j.jcrc.2020.03.005.

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O aumento da idade está asso-ciado ao aumento da atividade da elastase de neutrófilos, liberação de grânulos primários, migração imprecisa e aumento do estresse oxidativo, levando a um estado de inflamação sistêmica9 com me-canismos de reparo prejudicados, contribuindo assim para respostas exageradas e lesão tecidual em idosos6. Por outro lado, a resistên-cia relativa das crianças poderia ser devida a um sistema imunológico imaturo? Pesquisas anteriores su-gerem que menos crianças do que adultos com COVID-19 sofrem de febre, tosse ou falta de ar. Poucas crianças com COVID-19 tiveram que ser hospitalizadas. No entan-to, doenças graves foram relatadas em crianças, mais frequentemente em bebês com menos de um ano.

Em um estudo, 1.391 crianças com idade mediana de 6,7 anos fo-ram pesquisadas e 171 foram diag-nosticadas com COVID-19. Nestas, a internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e venti-lação mecânica foram necessárias para apenas três crianças, que tinham condições subjacentes. Até 8 de março de 2020, uma criança com intussuscepção havia morrido, 21 crianças permaneciam em condição estável na enfermaria e 149 ca-sos tiveram alta10. Em todas as faixas etárias menores de 18 anos, mais de 50% das crianças apresentaram sintomas leves ou eram assintomáticas, com menos de 6% das crianças de-senvolvendo sintomas graves4.

À medida que o número de casos de COVID-19 continua aumentando, a terapia de base para aqueles com sinto-mas leves a moderados de COVID-19 continua sendo a terapia de suporte, que inclui o uso de analgésicos como o ibuprofeno. Há muitos questionamentos quanto ao uso seguro deste medicamento, devido à sua farmacologia, pois a administração de ibuprofeno poderia aumentar a biodisponibilidade da enzima conversora de angiotensi-

COMITÊ DOR EM PEDIATRIA

Dra. Danielle Mazetto Cadide

Anestesiologista – Londrina/PR

Dra. Isabela Azevedo Freire Santos

Fisioterapeuta – Aracaju/SE

A pandemia da doença do novo coronavírus 2019 (COVID-19) alertou a comunidade científica para as investigações sobre a virologia da SARS-CoV-2, e também a compreensão dos processos fisiológicos e imunológicos fundamentais subja-centes às manifestações clínicas do COVID-19, considerada vital para a identificação e o planejamento racional de tera-pias eficazes1. Foi demonstrado que o vírus utiliza o receptor ACE2 para internalização, auxiliado pela protease TMPRSS2. A localização tecidual dos receptores se correlaciona com a COVID-19, apresentando sintomas e disfunção orgânica. A regulação negativa da ACE2 induzida por vírus pode atenuar sua função, diminuir seu papel anti-inflamatório e aumentar os efeitos da angiotensina II nos pacientes predispostos.

Além das vias aéreas e pulmões, o sistema cardiovas-cular está frequentemente envolvido precocemente na COVID-19, refletido na liberação de troponina e peptídeos natriuréticos altamente sensíveis, que são extremamen-te prognósticos, principalmente naqueles que mostram aumento contínuo, juntamente com citocinas como IL-6. No entanto, considerando a ECA2 como a principal via de infecção, a primeira hipótese para a menor suscetibilida-de das crianças ao SARS-CoV-2 sugere uma configuração, concentração ou capacidade de ligação da ACE2 diferente ou uma resposta das células epiteliais alveolares menos prejudiciais à ECA2 em crianças quando comparado com o de adultos2.

Diferentemente dos adultos, as crianças com COVID-19 apresentam sintomas mais leves e melhores resultados clí-nicos3. A sugestão de Fang e Luo2, é a de que a resposta in-tracelular induzida pela ECA2 é diferente em crianças e em adultos, entre os pacientes com COVID-19 com menos de 18 anos de idade, crianças menores de um ano parecem estar em maior risco da forma grave da doença4. A incidência, sus-cetibilidade, curso e mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda tendem a aumentar progressivamente com a idade5,6.

É sabido que o envelhecimento está associado a um pro-cesso denominado imunossenescência, ou seja, o declínio na eficiência do sistema imunológico com a idade7. Embora es-tudos iniciais tenham mostrado que crianças com COVID-19 eram menos propensas a desenvolver sintomas graves do que outras faixas etárias, um novo estudo mostrou que as crianças têm maior probabilidade de desenvolver COVID-19 do que adultos8.

Ibuprofeno e Coronavírus: análise da possibilidade de tratamento em pacientes pediátricos

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na-2, potencializando e melhorando os processos infec-ciosos do coronavírus.

O ibuprofeno é o medicamento anti-inflamatório não es-teroide (AINE) mais amplamente utilizado no tratamento de inflamação, dor e febre leve a moderada em crianças, e é o único AINE aprovado para uso em crianças com idade ≥ 3 meses. Seu perfil de eficácia e segurança levou ao seu cres-cente uso em cuidados pediátricos. Desta forma, o ibuprofe-no continua sendo o medicamento de primeira escolha no tratamento da dor inflamatória em crianças.

Apesar do seu amplo uso, o ibuprofeno mostrou proble-mas com a segurança em pacientes com COVID-1911. Discus-sões sobre a segurança de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) no tratamento de COVID-19 envol-veram a Agência Europeia de Medicamentos. Foi proposto que os AINEs poderiam ser considerados para o tratamento da doença viral emergente em alguns casos, mas a maioria dos pacientes com sintomas de COVID-19 deveria usar para-cetamol ao invés de ibuprofeno, porque este poderia piorar a condição. Relatos da mídia francesa mostraram uma dete-rioração na condição de quatro jovens com COVID-19 após ingestão de ibuprofeno12.

Foram identificados 58 estudos a partir dos termos da pes-quisa, dos quais 13 foram considerados adequados para in-clusão. Não foi identificada nenhuma evidência forte a favor ou contra o uso de ibuprofeno para o tratamento específico de COVID-19. Um estudo, no entanto, vinculou o SARS-CoV à regulação negativa da enzima conversora de angiotensina-2 (ACE2), que é regulada positivamente pelo ibuprofeno12. 

Para a COVID-19, não há evidência publicada ou mesmo evi-dência anedótica de que o ibuprofeno deve ser evitado em crianças. Uma análise do grupo de trabalho de especialistas da Comissão de Medicamentos Humanos no COVID-19 e do Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados levou o NHS England a rever seus conselhos sobre medicamentos anti-inflamatórios não esteroides para sintomas do COVID-19. Em resumo, as evidências epidemiológicas atuais não são su-ficientemente fortes para inferir um nexo causal de um efeito prejudicial do ibuprofeno em pacientes com COVID-19. Evi-dências de estudos mecanísticos por si só não devem ser usa-das para fazer afirmações fortes contra o uso de ibuprofeno.

Em conclusão, o SARS-CoV-2 é um vírus novo e altamente contagioso, e até o momento não há tratamento específico para a doença de COVID-19. Deve-se levar em conta que, se nenhuma ação efetiva for tomada e se medicamentos, va-cinas e medidas de rastreamento de pacientes não forem amplamente implementadas ou eficazes, é provável que o distanciamento social intermitente continue. 

O Grupo de Trabalho de Peritos em Coronavírus da Comis-são de Medicamentos Humanos (COVID-19) concluiu que atualmente não há evidências suficientes para estabelecer uma ligação entre o uso de ibuprofeno ou outros anti-infla-matórios não esteroides (AINEs) e a contração ou agravamen-to do COVID-19. Os pacientes podem ingerir paracetamol ou ibuprofeno quando se automedicam para sintomas de CO-VID-19, como febre e dor de em caso de piora dos sintomas.

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Crônicas da Pesquisa Básica: a importância da pesquisa básica no combate a pandemia do COVID-19

volvimento de novos conhecimentos. Ou seja, a pesquisa destinada a aumentar a produção científica e a base do co-nhecimento, sem a obrigatoriedade de aplicação direta e uti-lização imediata de seus resultados. Ela representa o início, o que também podemos chamar de pesquisa fundamental ou pesquisa pura.

Recentemente, o novo diretor científico da Fapesp (Fun-dação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo), uma das maiores agências de fomento a pesquisa do país, Prof. Dr. Luiz Eugênio Mello, disse em um entrevista: “É difícil definir o que faz sentido em pesquisa básica – é muito mais fácil fazer isso com os trabalhos acadêmicos que resultam em aplica-ção imediata. Se agências como a Fapesp não financiarem a pesquisa fundamental, ninguém vai mais fazer”. Coincidên-cia ou não, ele é neurocientista.

Por fim, segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 100 vacinas estão sendo pesquisadas no mundo, sendo que 10 estão na fase clinica e 126 estão na fase pré-clínica, ou seja, na fase de estudos in vitro e com animais. A pesquisa básica nunca foi a protagonista dos estudos, mas seu papel atual no combate a pandemia do COVID-19 é de destaque. Podemos até afirmar que agora ela é o principal tipo de estu-do sendo feito no mundo para a descoberta de uma terapia eficaz contra o coronavírus. Enfim, mais uma das crônicas da pesquisa básica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Pesquisa Fapesp. Entrevista: É possível melhorar o que já é bom. Pág. 50-57.

Ano 21, Nº 291. Maio de 2020.2. World Health Organization. Draft landscape of COVID-19 candidate vaccines.

Pág. 1-6. 09 de Junho de 2020.

COMITÊ PESQUISA BÁSICA EM DOR

Dr. Fernando Augusto Vasilceac

Gerontologia – Araraquara/SP

Dra. Christie Ramos Leite-Panissi

Pesquisadora – Ribeirão Preto /SP

Dr. Renato Leonardo de Freitas

Pesquisador – Ribeirão Preto/SP

Dra. Josie Resende Torres da Silva

Neurologista – Alfenas/MG

Uma simples busca com as palavras chaves “basic resear-ch” e “COVID-19” em uma das principais bases de dados do mundo, a MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) via PubMed (Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos) indicará em torno de 275 artigos publi-cados nesse ano de 2020 com estudo específicos de pesqui-sa básica no combate a pandemia do COVID-19.

Tanto a agência américa FDA (Food and Drug Administra-tion) quanto a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária) possuem em suas diretrizes e protocolos a pesquisa básica com etapa inicial para o desenvolvimento de fárma-cos e vacinas. Estima-se que cerca de 90% dos compostos relacionados aos medicamentos e vacinas estudadas são descartados nessa fase pré-clínica, devido sua toxicidade e/ou limitado efeito terapêutico.

Durante a pandemia que estamos vivenciando, a busca por um remédio ou vacina tornou-se prioridade para os pesquisadores. Todas a dores que estamos enfrentando, não somente pelos sintomas do coronavírus, mas também pelas medidas de saúde pública que cercearam nossa vida e seus respectivos impactos negativos, seriam minimiza-das com essa descoberta. Infelizmente para as mortes que aconteceram não teríamos mudanças, mas sim esperanças de que não haveria mais perdas com esse novo medica-mento/vacina.

Além da pesquisa básica ser o início da qualquer pesquisa para desenvolvimento de um fármaco, sabe-se que a base da pirâmide de evidencia científica são os estudos com ani-mais e in vitro. No topo da pirâmide buscam-se os ensaios clínicos randomizados e controlados, as revisões sistemática e metanálises, devido a alta qualidade me-todológica e níveis de evidência desses ar-tigos. Mais uma pirâ-mide sem base não se sustenta.

A pesquisa básica sempre terá como objetivos principais: o aprimoramento das teorias cientificas já existentes e desen-

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de duração prolongada, associada a períodos de exacerba-ção do quadro1,2.

Sabe-se que algumas doenças psiquiátricas, como a Sín-drome de Estresse Pós-traumático, podem predispor o de-senvolvimento da SDCR. Existem evidências de que o es-tresse pode levar a altos níveis de ansiedade, percepção de incapacidade, medo relacionado à dor e catastrofização, e estes sintomas têm um impacto negativo em relação à progressão da doença1,2.

O estresse pode causar efeitos antagônicos em relação à dor: por um lado, é potente inibidor de dor e de inflamação; por outro, con-tribui para manutenção e exacer-bação dos sintomas em pacientes com dor crônica. Este efeito pode ser explicado pela sensibilização central que acontece na dor crô-nica, ocasionada pela alteração do funcionamento neuronal em de-

COMITÊ SÍNDROME DE DOR COMPLEXA REGIONAL

Dra. Paula Jaegger Belem Rosa

Anestesiologista – Rio de Janeiro/RJ

Dra. Luciana Leite de Amorim Conte

Anestesiologista – Rondonópolis/MT

Dra. Natalie Dias

Psiquiatra – São Paulo/SP

“ Oi Dra... Sei que não é culpa sua, que tem feito de tudo pra me ajudar, e sim, do meu corpo, que reage dessa forma!! Eu es-tou trabalhando em casa... Mas tenho realizado poucas ativi-dades. E é verdade que todas essas mudanças em nossas vidas, acabam mexendo muito conosco!! E o emocional é o meu fraco, e sempre que alguma mudança, estresse ou problema aconte-cem, eu fico bem pior do meu quadro de dores!!”

A.C.M.P.C, 49 anos, portadora de SDCR

“ Oi Dra... como Eu me senti... em total desespero, ... fiquei um mês separada da família, sem ninguém por perto, já tinha fei-to estoque de remédios, comida, tanta luta pra me manter em equilíbrio eu, confesso que pensei em me matar... Tive consultas on-line com psicólogos, desliguei a TV e foi passando a vontade de me matar.”

A.G.T., 41 anos,portadora de SDCR

A Síndrome de Dor Complexa Regional (SDCR) é uma for-ma de dor crônica após trauma, associada ou não a lesão nervosa, causada por uma provável disfunção dos sistemas nervosos central e periférico. Caracteriza-se por dor severa,

Síndrome de Dor Complexa Regional e COVID-19: fisiopatologia e orientações

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terminadas regiões, tanto segmentar como suprassegmen-tar (por exemplo, córtex somatossensorial, ínsula e córtex cingulado anterior).

E o que pode ser feito para tentar minimizar o estresse e seus efeitos durante momento de pandemia nos pacientes com dor crônica diagnosticados com SDCR?

Primeiramente, precisamos manter alguma rotina, seja de trabalho ou de atividades domésticas, evitando, dessa forma, tempo ocioso. Devemos considerar, ainda, encontros virtuais frequentes com amigos e familiares, já que o isolamento é físico, e não social. Além disso, é importante fazer ativida-de física regularmente, uma vez que no isolamento ocorre diminuição da movimentação ao longo do dia (sabemos o quanto o sedentarismo é maléfico para a dor crônica), e ter alimentação saudável, evitando alimentos que podem piorar a inflamação (como a gordura) e, consequentemente, a dor crônica. Dessa forma, reforçamos a importância de manter equilíbrio entre mente e corpo3.

O evento inicial na fisiopatologia da SDCR é a resposta infla-matória exacerbada com liberação de neuropeptídeos e cito-cinas inflamatórias a nível periférico e medular que vão levar a sensibilização periférica e central, manifestas clinicamente por hiperalgesia, hiperpatia e alodínea. O aumento dessas subs-tâncias também causa elevação na permeabilidade tecidual e vasodilatação, o que explica a presença de edema e calor nos membros afetados1,2. Com a evolução da doença, ocorre uma ligação entre os neurônios adrenérgicos e nociceptivos, com maior sensibilidade periférica às catecolaminas. A extre-midade passa a apresentar vasoconstrição e hiper-hidrose ex-

cessivas, sintomas encontrados na fase crônica da doença1,4.

No sistema nervoso central ocorrem mudanças estruturais na representa-ção do córtex somatossensorial do membro afetado, o que leva à desor-ganização tátil e disfunção motora1,4.

O tratamento é multidisciplinar e in-dividualizado. Baseia-se em mecanis-mos fisiopatológicos supostos a partir da clínica do paciente.

E o que os pacientes com SDCR de-vem saber sobre a COVID-19?

Existem estudos que sugerem que a SDCR tenha um componente au-toimune e não somente inflamatório3. Apesar de ainda não haver evidências científicas sobre a influência da res-posta autoimune exacerbada da SDCR na susceptibilidade ao COVID-19 e suas formas graves, talvez o paciente com dor crônica possa ser considera-do mais vulnerável à doença.

Os pacientes com SDCR podem se beneficiar do uso de anti-inflamató-rios e corticosteroides na fase inicial da doença e nos momentos de agu-

dização, o que pode induzir supressão imunológica, assim como tratamento crônico com opioides. No caso de uso de opioides transdérmicos e febre, pode ocorrer aumento da absorção pelos adesivos e maior incidência de efeitos cola-terais. Os pacientes em uso destas medicações devem ser acompanhados com cautela e orientados quanto a preven-ção, distanciamento social e como proceder no caso de ma-nifestarem sintomas de infecção por COVID-195.

Os bloqueios simpáticos utilizados no tratamento da SDCR de início recente são considerados semi-urgentes e devem ser avaliados caso a caso junto com o médico responsável. O período de distanciamento social pode exacerbar o estres-se e dessa forma exacerbar o perfil catastrofizador, que já é comprovado fator de risco para a piora do quadro1,2,4,5.

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função dos órgãos e a homeosta-se fisiológica, incluindo o sistema imunológico e a inflamação7. A ACh inibe a produção de citocinas inflamatórias em macrófagos via receptores nicotínicos α7 de ACh (α7nAChR)6. A estimulação elétrica do nervo vago induz a produção de ACh e inibe a inflamação sistê-mica em modelos de sepse expe-rimental em camundongos8. Por outro lado, a vagotomia cirúrgica em animais submetidos à ventila-ção mecânica aumentou o dano alveolar que está associa-do à produção elevada de citocinas inflamatórias como a IL-69. Portanto, pode-se especular que a ativação elétrica ou farmacológica do nervo vago atenuaria a lesão pulmonar, modulando a resposta inflamatória e subsequentemente o dano celular e a lesão dos órgãos.

A observação de taxas mais baixas de infecções sinto-máticas por COVID-19 em fumantes ativos10 sugerem po-tencialmente que a exposição ativa à nicotina ativa a via anti-inflamatória colinérgica, apesar dos efeitos deletérios do uso do tabaco.

A estimulação elétrica do nervo vago (EENV) é aplicada em cenários clínicos com a aprovação da FDA concedida para o tratamento da epilepsia refratária desde 1997 e para o tratamento da depressão crônica desde 2005 (Figura 1).

COMITÊ DE ACUPUNTURA E DOR

Dr. Leonardo Monteiro Botelho

Anestesiologista – Porto Alegre/RS

O COVID-19 é uma síndrome que engloba muito mais do que apenas insuficiência respiratória isolada. O vírus intera-ge também com os sistemas cardiovascular, nervoso, renal e imunológico em vários níveis. Novas evidências sugerem que pacientes com a maior taxa de morbimortalidade desen-volvem um estado hiperinflamatório comumente chamado de tempestade de citocinas, caracterizado por uma incapa-cidade de resolver a infecção e sua resposta inflamatória, quando as células imunes ativadas e suas citocinas inflama-tórias podem se espalhar pela corrente sanguínea causando insuficiência de vários órgãos1. A tempestade de citocinas é provavelmente um efeito indireto do vírus e tem sido asso-ciada à rápida deterioração clínica, levando à síndrome da angústia respiratória aguda grava, falência de vários órgãos e a mortalidade2,3.

Portanto, o diagnóstico e o tratamento da hiperinflama-ção têm sido sugeridos como uma abordagem terapêutica possível. Consistente com essa hipótese, alguns tratamentos experimentais (por exemplo, esteroides, bloqueio seletivo de citocinas com anakinra ou tocilizumab) estão atualmente sendo avaliados em estudos clínicos, apesar de seus efeitos imunossupressores relativos4.

Especula-se que um tônus autonômico disfuncional possa contribuir para a mortalidade em pacientes com COVID-19 e possa ser direcionado como uma via terapêutica. Essa ideia tem plausibilidade pela interação do SARS-CoV com a enzi-ma conversora de angiotensina 2 (ECA2) poder apresentar mais do que meramente um ponto de entrada do vírus no corpo humano, mas ser um ponto de início para uma des-regulação do potente siste-ma renina-angiotensina, com efeitos prejudiciais à regula-ção cardiovascular e tônus pa-rassimpático5.

Evidências sugerem que sis-tema nervoso autônomo e o nervo vago, em particular, mo-dulam a inflamação sistêmica através de um sistema reflexo e podem ativar um sinal an-ti-inflamatório neuronal para prevenir inflamação deletéria6. A hiperativação simpática é um componente importante da desregulação autonômica no cenário de infecções e sín-dromes de liberação hiperin-flamatória relacionadas5.

A acetilcolina (ACh), o prin-cipal neurotransmissor do nervo vago, é usada pelo sis-tema nervoso para regular a

Neuromodulação e o COVID-19

Figura 1- Estimulação elétrica do nervo vago cervical15.

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Esses tratamentos mostraram que a estimulação vagal é segura e sem efeitos colaterais significativos. A EENV tam-bém foi investigada para controlar distúrbios inflamatórios, como artrite reumatóide11 e doença de Crohn12. Também melhorou os sintomas clínicos da artrite reumatoide e re-duziu significativamente os níveis séricos de citocinas in-flamatórias, como TNF-α e IL-6 em 18 pacientes após três meses de tratamento11. Em humanos, o estímulo direto das fibras vagais reduziu a inflamação em pacientes submeti-dos à cirurgia de revascularização do miocárdio, sugerindo que a EENV é uma modalidade potencialmente útil para di-minuir a inflamação perioperatória13.

Clinicamente, a EENV pode ser alcançada farmacologi-camente ou eletricamente por meio de estimulação va-gal cervical invasiva ou não invasiva, por meio da orelha ou por eletroacupuntura. Como as fibras vagais senso-riais também inervam a orelha, o tragus e concha inter-na têm sido direcionados para a EENV não invasiva. Re-centemente, foi demonstrado que a EENV transcutânea (através de um clipe aplicado ao trago direito) diminui significativamente a inflamação sistêmica e a indutibi-lidade da fibrilação atrial em pacientes com fibrilação atrial paroxística14 (Figura 2).

Uma tentativa de testar a via anti-inflamatória colinér-gica está em andamento usando e EENV com agulhas se-mi-implantáveis (Clinicaltrials.gov # NCT04341415). Um relato com dois casos de médicos familiarizados com es-timulação vagal não invasiva que usaram a técnica como auto tratamento dos sintomas da COVID-19 demonstrou resultados surpreendentes cessando os sintomas após aproximadamente cinco dias de uso15.

A contribuição do sistema nervoso parassimpático para o processo hiperinflamatório do COVID-19 precisa ser in-vestigada. Apresentamos uma justificativa para modular a via anti-inflamatória colinérgica como um possível trata-mento para COVID-19 e a síndrome de liberação de citoci-nas associada. Esforços contínuos e futuros determinarão a utilidade potencial da modulação autônoma do nervo na prevenção e tratamento do COVID-19.

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ção do tecido cerebral); condições de imunossupressão grave (cân-cer, HIV, medicamentos que redu-zem resposta imunológica como quimioterápicos – onde há maior risco de meningoencefalites); ce-faleia “padrão thunderclap” ou “em trovoada” (aquela cuja intensidade máxima se alcança em segundos/minutos a partir de seu início – como nas hemorragias subarac-nóideas, tromboses venosas ce-rebrais, meningites); cefaleia com sinais neurológicos focais ou com redução do nível de consciência (hemorragias, encefalites, trombo-se venosa cerebral). Tais sinais de alerta já fazem parte da aborda-gem médica das cefaleias em PS, que em tempos de pandemia, tem sua importância sob maior desta-que (tanto para descartar doenças graves como para evitar exames complementares desnecessários, como a tomografia de crânio em ca-sos de simples crise de enxaqueca).

Descartar sinais de alerta faz-se especialmente necessário quando em face de uma doença nova, onde ainda não se tem dados epidemiológicos robustos. No que tange as com-plicações potencialmente sucessoras de uma cefaleia em in-fectados pelo novo coronavírus, já existem relatos de casos de encefalite (inflamação de tecido cerebral), encefalopatia (déficits neurológicos não focais secundários distúrbios sis-têmicos, como a febre ou a disfunção renal) e a encefalopa-tia necro-hemorrágica (hemorragia e necrose de estruturas cerebrais devido a presença do vírus - presente também em casos graves de infecção por influenza e outros vírus). Em um estudo chinês com 221 pacientes, 11 tiveram AVC; destes, um foi devido a trombose venosa cerebral – obstrução de veias cerebrais onde o principal sintoma é a cefaleia.

Por fim, observamos nesses meses o impacto da pande-mia no seguimento ambulatorial de pacientes com cefaleia. Perda de seguimento por dificuldades em agendar consulta ou pelo receio de sair de casa – em uma população ainda não habituada a telemedicina – tem trazido descontinuida-de de tratamentos com medicações controladas, levando eventualmente ao abuso de analgésicos. Muitos pacientes têm relatado, em atendimentos de urgência, aumento de sintomas de ansiedade e uma justa hesitação em buscar o PS

COMITÊ DE CEFALEIA

Dr. Marcell Maduro Barbosa

Neurologista – Ribeirão Preto/SP

Dr. Raul Coelho Lamberti

Acupunturista – São Paulo/SP

A crise do COVID-19 tem motivado inúmeros estudos de diferentes naturezas no meio científico – desde estudos ob-servacionais de prevalência até tentativas de estabelecer vacinas e tratamentos antivirais efetivos contra esta nova ameaça à saúde humana. Observando o impacto da pan-demia no seguimento de pacientes com dor crônica, bem como eventuais sintomas dolorosos em pacientes infecta-dos, visualizamos algumas peculiaridades do tema “dor de cabeça” dentro do contexto atual.

A síndrome gripal inicial observada na grande maioria dos casos de infecção pelo novo coronavírus é em geral carac-terizada por febre, tosse seca e dispneia – sendo a cefaleia potencial comemorativo, visto sua que prevalência nos in-fectados varia de 13% a 34% nos poucos estudos divulgados até o momento. A despeito de tal relevância estatística (con-siderando-se o elevado número absoluto de infectados em poucos meses), tal sintoma é bem mais prevalente em outras condições comumente diagnosticadas no PS – como as sinu-sites, infecções por outros vírus respiratórios (Influenza, ade-novírus, rinovírus, etc.), meningites e cefaleias primárias. Ob-serva-se a cefaleia como integrante eventual da COVID-19, porém sem padrão específico, sendo em geral acompanha-da de sintomas sistêmicos outros (como a mialgia e tontura, em cerca de 19% e 16,8% dos casos respectivamente). Sua prevalência não é desconsiderável, porém possui pouco va-lor preditivo para diagnóstico por si só. 

Entretanto, isso não deve desmotivar a busca ativa por sinais de alerta em cefaleias durante a pandemia por par-te da equipe de saúde. Complicações neurológicas graves, nas quais a cefaleia pode ser um comemorativo, têm sido reportadas em diferentes partes do mundo; casos de menin-goencefalite (infecção do tecido cerebral e das meninges) e de trombose venosa cerebral (obstrução do fluxo sanguíneo em veias cerebrais) tem trazido preocupação especial visto o maior risco de morte ou de sequelas graves nesses casos. Anamnese e exame físico cuidadosos são fundamentais na exclusão das red flags (ou “sinais de alerta”, características da cefaleia que podem sugerir doenças graves subjacentes). Si-nais meníngeos (impedimento de certos movimentos reali-zados pelo médico na coluna e pescoço devido a inflamação das meninges); cefaleia “inédita” ou de “padrão inédito” (“pri-meira cefaleia” da vida ou uma cefaleia diferente de possíveis crises de enxaqueca prévia); cefaleia que desperta o pacien-te de madrugada (sugerindo a possibilidade de hipertensão intracraniana); cefaleia com febre sem outra causa óbvia (podendo, em não encontrar outra causa, caracterizando meningite); crises convulsivas, movimentos involuntários ou sintomas psicóticos sem outra causa óbvia ou doença prévia que os justifique (podendo eventualmente sugerir inflama-

Cefaleia na Crise do COVID-19: suas diferentes interfaces

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– invariavelmente buscando-o já com a crise de cefaleia bem mais intensa e mais refratária. O isolamento trouxe ainda confinamento doméstico, com agravamento de vícios pos-turais em alguns casos (por exemplo, hipercifose para leitura e computador), sedentarismo, intensificação de sintomas de transtornos de humor e estresse – potenciais intensificado-res de dores crônicas em geral. A telemedicina pode ser um grande aliado em pacientes já diagnosticados previamente, na manutenção de seus tratamentos e em alguns casos ini-ciais; porém, a impossibilidade do exame físico “on-line” di-ficulta o estabelecimento de diagnósticos em “casos novos”. Sem ele, fica praticamente impossível descartar cefaleias secundárias (como meningites, cefaleia cervicogênica, tu-mores etc.) e, em teoria pode aumentar a demanda por exa-mes complementares (para que, ao menos, o médico possa garantir a ausência de cefaleias com risco de complicações graves). Esperamos o crescimento e ampla divulgação de atendimentos online, como os já aprovados pelos Conselhos de Medicina, Fisioterapia e Psicologia, para atenuar as restri-ções de atendimento impostas pela pandemia, mesmo com as rigorosas medidas de higiene e segurança ao paciente.

Evoluir significa adaptar-se, e soluções para a crise do CO-VID-19 podem envolver adaptações em maior ou menor grau, a medida que não encontramos ainda uma vacina ou tratamento específico para tal condição. Cabe a nós seguir a ciência - ao respeitar opiniões e decisões de entidades sé-rias como a OMS, ao buscar alternativas na promoção global

da saúde e ao mantermo-nos “eternos estudantes”, tal como todo profissional deve ser.

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Dr. Lucio Gusmão Rocha

Ortopedista – Brasília/DF

Dr. Alexandre Mio Pos

Anestesiologista – Belo Horizonte/MG

Dra. Raquel Fernandes de Barros

Médica – Belo Horizonte/MG

INTRODUÇÃOA atual pandemia do Coronavirus disease

(COVID-19) sobrecarregou os recursos médicos, criando um dilema entre limitar a propagação do contágio e tratar os pacientes e suas comor-bidades.

Desenvolvimento: A dor é a principal razão que leva as pessoas a buscar atendimento mé-dico. A dor crônica compreende três das quatro principais causas de incapacidade, havendo correlação direta entre dor crônica, suicídio e di-minuição da expectativa de vida. Assim, o aces-so ao tratamento da dor tem sido reconhecido como direito humano fundamental.

Dentro de tal panorama, ainda que em tempos de crise – o que inclui epidemias –, a atuação do médico é pri-mordial para equilibrar as necessidades dos pacientes, os benefícios sociais inerentes ao tratamento da dor, a saúde pública e o bem-estar dos demais profissionais envolvidos.

O COVID-19 é uma infecção do trato respiratório carac-terizada por tosse seca, fadiga e febre baixa, cuja principal forma de transmissão ocorre por secreção respiratória. Pro-cedimentos rotineiros não aerossolizantes, a exemplo de consultas, desde que respeitado o uso de máscaras cirúrgi-cas ou de tecido e limpeza e desinfecção das superfícies in-cluindo mesas, camas, cadeiras, maçanetas e equipamentos, entre atendimentos, representam muito baixo risco de disse-minação da infecção.

COMITÊ DE DOR AGUDA

Dor Aguda e COVID-19: e agora?

Quanto aos tratamentos intervencionistas, foram abrupta-mente interrompidos, cabendo, desde 22 de maio de 2020, aos Conselhos Regionais de Medicina a responsabilidade por autorizá-los. O consenso é que a realização de consultas e procedimentos eletivos invasivos deve ser analisada caso a caso: a decisão é do médico assistente em estreita discussão com o seu paciente e em conformidade com os protocolos institucionais. É indispensável a elaboração tanto de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em que conste a res-ponsabilidade compartilhada com o paciente e a instituição de saúde, como de protocolos de cirurgia/procedimentos seguros com informações específicas sobre o COVID-19.

Dada a impossibilidade de se testar todos os pacientes e prestadores de serviços hospitalares, deve-se supor que o ví-rus está presente e adotar precauções adicionais, como uso de máscara N95, assumindo que qualquer fluido corporal possa ser infeccioso.

CONCLUSÃOOs procedimentos cancelados/poster-

gados são maléficos não só aos pacientes – que podem apresentar progressão da doença e agravamento do quadro álgi-co – como ao sistema de saúde, que será onerado inevitavelmente. Assim, retomar a rotina de cuidados é de suma importân-cia, desde que resguardados os recursos mais importantes na área da saúde: pa-cientes, médicos, enfermeiros e demais profissionais envolvidos.

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inerva órgãos linfoides, como o baço, e essa ativação induz a libe-ração de aminas biológicas que suprimem a proliferação de linfó-citos esplênicos e a citotoxicidade das células NK4. Além disso, o uso prolongado de opioides aumenta a atividade do HHA e a produção de glicocorticoides, que diminuem a citotoxicidade das células NK5.

Por outro lado, a dor, per se, é imunossupressora. Manter os pa-cientes com dor não é uma op-ção. Os procedimentos invasivos reduzem o consumo de opioides e melhoram a qualidade da anal-gesia. Porém, a maioria dos proce-dimentos invasivos de pacientes com câncer, são realizados no regi-me internação hospitalar, que au-mentaria a exposição dos mesmos ao contágio. A melhor opção é ter bom senso e avaliar caso a caso.

3. Os especialistas em dor de-vem realizar visitas hospitalares a pacientes com diagnóstico de COVID-19, ou naqueles com forte suspeita da infecção, apenas se sua presença for essencial3. Os proce-dimentos invasivos eletivos nos pacientes de alto risco de trans-missão do SARS-CoV-2 devem ser postergados.

4. Se indicado algum procedi-mento invasivo para tratamento de dor, este deve ser realizado pelo profissional mais capacitado da equipe. O número de pessoas pre-sentes na sala de procedimentos deve se restringir ao essen-cial para o ato3,6.

5. Todas as medidas preconizadas para proteção individual devem ser utilizadas durante a realização do procedimento invasivo4,6. Pacientes devem usar máscara cirúrgica e profis-sionais devem usar proteção ocular, máscaras N95, aventais e luvas descartáveis conforme o protocolo da instituição a que pertença.

6. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). No início da disseminação da infecção por SARS-CoV-2, médicos eu-ropeus indicaram a não utilização de ibuprofeno ou outro

COMITÊ DE DOR ONCOLÓGICA

Angela Maria Sousa

Anestesiologista – São Paulo/ SP

Rodolfo Moraes Silva

Médico – Franca/ SP

Welma Rezende Fuso Assis

Anestesiologista – Palmas/TO

O mundo mudou. As pessoas estão com medo de morrer por uma doença cujo agente causal é invisível. As outras ma-zelas e as doenças oncológicas ainda estão nos assombran-do, apesar disso. Alguns pacientes com diagnóstico de cân-cer optam por não buscar ajuda médica quando apresentam piora dos sintomas ou mesmo quando surgem novos sinto-mas, pois estão amedrontados com o vírus SARS-Co-V-2.

Embora a infectividade seja maior durante o pico dos sinto-mas, o vírus pode ser transmitido por indivíduos assintomá-ticos ou com sintomas subclínicos1. O risco e a mortalidade em pacientes com câncer não é claro, embora alguns rela-tos iniciais sugiram um risco maior em relação aos pacientes sem a doença2. Quando se somam outras comorbidades à dor crônica nesses pacientes, aumenta mais ainda o risco de doenças infecciosas. Sendo assim, a pandemia de COVID-19 mudou drasticamente a rotina de atendimento ambulatorial e a realização de procedimentos eletivos nos pacientes com câncer. Como lidar com essa nova realidade?

A proposta dos especialistas em tratamento da dor do câncer é reduzir a exposição dos doentes ao vírus, tomando algumas precauções:

1. Reduzir o número de visitas do paciente ao médico3. Com as novas tecnologias, é possível monitorar os pacientes à distância, por meio de telemedicina. Se houver a necessi-dade de atendimento presencial, o paciente é convidado a vir até o consultório.

2. Avaliar o risco/benefício de se administrar opioides. Opioides atuam no eixo hipotalâmico/hipófise/adrenal (HHA) e ativam o sistema nervoso simpático (SNS). O SNS

Cuidando da Dor no Câncer Durante a Pandemia COVID-19

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AINE, pelo risco de aumento dos níveis de enzima conver-sora de angiotensina (ECA) e assim agravamento da doença COVID-197. No entanto, esses resultados não foram compro-vados em estudos posteriores e múltiplos órgãos regulado-res refutaram tal afirmação8. Dever-se observar, contudo, que AINEs podem mascarar alguns sintomas precoces da doença, como febre e mialgias3.

7. Corticosteroides. A injeção de corticosteroides intra-ar-ticular está associada a maior risco de infecção por influen-za9. Apesar de a infecção por COVID-19 induzir uma resposta imune exagerada, o uso de esteroides somente é recomen-dado em pacientes com choque refratário, e as evidências são de baixa qualidade10. A injeção articular de esteroides em pacientes com SARS, para tratamento de artralgias, le-vou ao aparecimento de osteonecrose11 em alguns pacien-tes. Por esse motivo, especialistas em dor do Royal College of Anaesthesists consideram que qualquer nova terapia que possa influenciar o curso da doença COVID-19 deve ser dis-cutido com a equipe de doenças infecciosas. Eles recomen-dam cautela com a injeção de esteroides durante a atual pandemia de COVID-1911.

A academia americana de dor não contraindica as admi-nistrações peridurais de esteroides quando há indicação clí-nica, mas orientam usar a menor dose possível e informar os pacientes da possibilidade de imunossupressão e do po-tencial risco de infecção6. Em pacientes imunossuprimidos, que apresentem dor radicular, com alto risco para infecção e complicações do COVID-19, as injeções epidurais sem es-teroides podem ser consideradas. Porém a possibilidade

de falha é considerável. O risco teórico de infecção deve ser ponderado em relação à necessidade de um novo procedi-mento invasivo.

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mortes provocadas pela doença. No Brasil, os dados publi-cados pelo Ministério da Saúde na mesma data contabilizam 514.849 casos confirmados e 29.314 óbitos provocados pela COVID-19. A região sudeste é a mais afetada, sendo o maior número de casos encontrados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Uma grande mudança global ocorreu nos primeiros me-ses de 2020 em decorrência da COVID-19. A pandemia do COVID-19 apresentou desafios complexos para a sociedade, sendo possivelmente a maior dificuldade atravessada pela sociedade no período pós-segunda guerra mundial. Desse modo, muitos estudos têm discutido como será organizada a sociedade no período pós-pandemia5.

O bruxismo vem sendo associado com ansiedade e estres-se. Porém, essa relação parece ser não ser verdadeira para o bruxismo do sono (BS), onde esses fatores parecem não estar associados com a intensidade do hábito parafuncional desenvolvido. Já para bruxismo de vigília (BV), também de-nominado apertamento dentário, o estresse e a ansiedade representam fatores de risco significativo para a ocorrência e manutenção do hábito. O BV pode estar associado com a contração dos músculos cervicais, fazendo parte da postura relacionada à reação de luta e fuga6. Essa contração mantida da musculatura, associada às alterações motoras e metabó-licas em resposta ao estresse, reduzem a capacidade de ma-nutenção da homeostasia tecidual, resultando na concentra-ção de substâncias álgicas, formação de bandas musculares tensas, pontos-gatilho miofasciais e dor6.

Apesar de a etiologia das disfunções temporomandi-bulares (DTM) ser considerada extremamente complexa

COMITÊ DE DOR OROFACIAL

Dr. Marcos Fabio Henriques dos Santos

OdontólogoRio de Janeiro/RJ

Dr. Eduardo Grossmann

OdontólogoPorto Alegre/RS

Dra. Monique Lalue Sanches

Odontóloga – São Paulo/SP

O coronavírus, SARS‐CoV‐2, antes denominado de 2019‐nCoV, um vírus que guarda grande ho-mologia com o seu precedente SARS‐CoV, emer-giu em dezembro de 2019, em Wuhan, China. A infecção por esse vírus resulta em uma doença, denominada COVID-191-3. A COVID-19 é caracte-rizada por pneumonia e síndrome do desconfor-to respiratório. Contudo, sinais e sintomas neu-rológicos, como cefaleia, náusea, vômito e até anosmia e disgeusia, também ocorrem4. Após um surto inicial na China, o SARS‐CoV‐2 rapida-mente se alastrou pelo mundo, evoluindo para uma pandemia1-3. Segundo a Organização Mun-dial da Saúde (OMS), no dia 31 de maio de 2020 há no mun-do 5.939,234 de casos confirmados de COVID-19 e 367.255

Uma Visão Geral dos Impactos da Pandemia do COVID-19 no Bruxismo e nas Disfunções Temporomandibulares

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e muito pouco compreendida, a influência de fatores de risco, tanto biológicos, como por exemplo, efeitos de hor-mônios sexuais; diferenças genotípicas e da função do sis-tema opioidérgico, parafunções e traumas dentre outros, bem como de fatores psicológicos, como exposição a fa-tores de estresse; distúrbios emocionais e catastrofização, tem sido descrita7. Depressão e ansiedade também têm sido reportados como sintomas frequentemente encon-trados em pacientes com diagnóstico de diferentes tipos de DTM7. Uma grande variedade de sintomas de altera-ções psicológicas, como ansiedade e depressão tem sido correlacionada com a pandemia de COVID-19, na popula-ção em geral8. Tais alterações também têm sido reporta-das em profissionais de saúde9.

Tomando como todo esse conceito e também a contribui-ção do apertamento dentário para um possível desenvolvi-mento de uma DTM, é factível supor que o a COVID-19 possa estar relacionada ao desenvolvimento de alterações na fun-ção de todo o sistema mastigatório, incluindo as DTM arti-culares e musculares. Isso pode afetar a população em geral e também profissional da saúde que atuem diretamente no tratamento da doença.

Contudo, novas pesquisas científicas, com dados clíni-cos robustos, devem ser realizadas no futuro, com o in-tuito de estabelecer uma possível correlação da COVID-19 com as DTM e até mesmo com o BV, confirmando ou não tal hipótese.

AGRADECIMENTOSNatália R. Ferreira, D.D.S., M.S.

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8. Qiu J, Shen B, Zhao M, et al. A nationwide survey of psychological distress among Chinese people in the COVID-19 epidemic: implications and policy recommendations [published correction appears in Gen Psychiatr. 2020 Apr 27;33(2):e100213corr1]. Gen Psychiatr. 2020;33(2):e100213. Published 2020 Mar 6. doi:10.1136/gpsych-2020-100213

9. Wu W, Zhang Y, Wang P, et al. Psychological stress of medical staffs during outbreak of COVID-19 and adjustment strategy [published online ahead of print, 2020 Apr 21].  J Med Virol. 2020;10.1002/jmv.25914. doi:10.1002/jmv.25914.

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ciais devem ser destinados a pa-cientes com piora e agudização da dor, e necessidade de proce-dimentos invasivos. Neste caso, devem passar por uma avaliação rigorosa de risco para COVID-19, seguindo as orientações dos ór-gãos governamentais4.

A Federação Latino-americana de Associações para o Estudo da Dor (FEDELAT) recomenda o uso da telemedicina para consultas médicas com espaçamento das receitas, e se possível o uso ele-trônico delas. Pacientes com bai-xo nível socioeconômico e idosos extremos podem enfrentar difi-culdades no acesso a tecnologias para receberem esse tipo de aten-dimento. Medidas alternativas, so-bretudo para o SUS, seria a retira-da de receitas no serviço, com dia e hora marcada para evitar aglo-meração de pessoas5.

O telemonitoramento é uma ferramenta importante que pode ser utilizada por qualquer profis-sional da equipe. É possível usar uma variedade de tecnologias de comunicação por vídeo, muitas das quais são gratuitas. Enfer-meiros podem realizar ações de cuidado de enfermagem na edu-cação sobre o uso seguro dos me-dicamentos e manejo de reações adversas. Psicólogos podem usar o ambiente virtual para ajustar a psicoterapia. Algumas intervenções que requerem o contato manual, devem ser avaliadas quanto ao risco benefício para o paciente6.

O uso de tecnologias, como estratégia para consultas e monitoramento de sintomas na dor crônica, permitirá que pacientes em condições estáveis permaneçam em isola-mento domiciliar, reduzindo os riscos de contaminação por

COMITÊ DE DOR E SEGURANÇA DO PACIENTE

Érica Brandão de Moraes

Enfermeira – Niterói/RJ

Áquila Lopes Gouvêa

Enfermeira – São Paulo/SP

Mariana Bucci Sanches

Enfermeira – São Paulo/SP

A pandemia por COVID-19 trouxe grandes mudanças e repercussões no atendimento de pacientes crônicos nas organizações de saúde. Com a priorização dos serviços es-senciais, a fim de atender a enorme demanda de casos por COVID-19, os atendimentos ambulatoriais foram suspen-sos, incluindo aqueles destinados ao acompanhamento de pacientes com dor crônica1. Em muitos casos, os profis-sionais que trabalhavam nos serviços ambulatoriais foram remanejados para setores críticos, a fim de dar suporte ao atendimento por COVID-19. Diante dessa situação, novas formas de atendimento foram incorporadas, minimizando os impactos negativos da suspensão dos serviços e garan-tindo a segurança desses pacientes.

A segurança do paciente envolve o conjunto de ações realizadas para prevenir e reduzir a um mínimo aceitável o risco de quaisquer danos relacionados aos cuidados de saúde. Diante de uma pandemia, como a COVID-19, todas as ações devem ser direcionadas a prevenir a disseminação e o risco de contrair a doença2.

Outro fator que envolve a segurança dos pacientes com dor crônica são os fatores de risco que estão intrinseca-mente relacionados ao perfil dos pacientes com dor crôni-ca. A segurança desses pacientes deve ser priorizada pe-los serviços especializados, visto que são em sua maioria, pacientes que apresentam outras comorbidades e idade avançada, ou seja, pacientes de maior risco para COVID-19. No entanto, isso não quer dizer que esses pacientes ficarão sem assistência. A pandemia permitiu avanços na incorpo-ração de novas tecnologias, com o uso de recursos remotos (Quadro 1) como o telemonitoramento e a telessaúde. Es-sas são ferramentas valiosas para o acompanhamento des-ses pacientes3.

Pacientes com dor crônica, necessitam de um atendi-mento multiprofissional, onde abordagens farmacoló-gicas e não farmacológicas atuam juntas melhorando a qualidade de vida desses pacientes. O isolamento social pode ser um fator agravante em casos de ansiedade e depressão. Os serviços especializados em dor precisam estabelecer novos fluxos de atendimento. Alguns estu-dos, a exemplo da China, realizaram triagem telefônica com base na intensidade dolorosa, etiopatogenia e ris-co para COVID-19, para definir se o atendimento seria a distância ou de forma presencial. Atendimentos presen-

Gerenciamento de Pacientes com Dor Crônica Durante a COVID-19: implicações para a segurança do paciente

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COVID-19. Espera-se que os efeitos dessa nova modalidade de atendimento nos quadros de dor cônica, seja positivo e que haja adesão por parte dos pacientes. No momento, garantir a segurança desses pacientes deve ser uma priori-dade no cuidado!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Bong CL, Brasher C, Chikumba E, McDougall R, Mellin-Olsen J, Enright A.

The COVID-19 Pandemic: Effects on Low and Middle-Income Countries. Anesth Analg. 2020.

2. Elston DM. The coronavirus (COVID-19) epidemic and patient safety. J Am Acad Dermatol. 2020;82(4):819-20.

3. Eccleston C, Blyth FM, Dear BF, Fisher EA, Keefe FJ, Lynch ME, et al. Ma-naging patients with chronic pain during the COVID-19 outbreak: consi-derations for the rapid introduction of remotely supported (eHealth) pain management services. Pain. 2020;161(5):889-93.

4. Song XJ, Xiong DL, Wang ZY, Yang D, Zhou L, Li RC. Pain Management Du-ring the COVID-19 Pandemic in China: Lessons Learned. Pain Med. 2020.

5. Fedelat. Recomendaciones sobre la prática de la medicina del dolor croni-co en el contexto de la pandemia de covid 19. 2020.

6. Cohen SP, Baber ZB, Buvanendran A, McLean LTCB, Chen Y, Hooten WM, et al. Pain Management Best Practices from Multispecialty Organizations during the COVID-19 Pandemic and Public Health Crises. Pain Med. 2020.

Quadro 1 – Terminologias de recursos remotos

Termo Definição

Telessaúde É definida como a prestação e facilitação de serviços de saúde e serviços relacionados à saúde, incluindo assistência médica, educação de profissionais e pacientes, informações sobre saúde serviços e autocuidado via telecomunicações e tecnologias de comunicação digital. Os exemplos de tecnologias utilizadas são: videoconferência ao vivo, aplicativo, transmissão eletrônica em formato “store and foward” e monitoramento remoto de pacientes (RPM).

E-Health Uso seguro e econômico de tecnologias de informação e comunicação em apoio à saúde e áreas relacionadas à saúde, incluindo serviços de saúde, vigilância em saúde, literatura em saúde e educação e pesquisa em saúde.

M-Health Aplicativos e programas de assistência médica que os pacientes utilizam em seus smartphones, tablets ou laptops. Esses aplicativos permitem que os pacientes acompanhem dados relacionados a sua saúde, definam lembretes de medicamentos e consultas e compartilhem informação com médico

Realidade virtual A realidade virtual utiliza tecnologia bidimensional ou tridimensional para permitir que os pacientes acessem e interajam dentro de um “ambiente virtual” geralmente imersivo. A realidade virtual requer contribuições multissensoriais para criar este mundo.

Realidade aumentada A realidade aumentada envolve uma tela ou projeção transparente ou uma imagem virtual sendo sobreposta ao mundo físico ao nosso redor. O objetivo é manter a percepção intacta do mundo real com um objeto ou presença digital inserido no mundo.

Terapia ou tratamento remoto Reunião com o paciente por meio do telefone, smartphone, internet, ou media eletrônica em vez da avaliação presencial (termo frequentemente utilizado na psicoterapia).

DTx “A terapêutica digital (DTx) oferece intervenções terapêuticas baseadas em evidências para pacientes que são orientadas por software de alta qualidade programas para prevenir, gerenciar ou tratar um distúrbio ou doença médica. São utilizados de forma independente ou em conjunto com medicamentos, dispositivos ou outras terapias para otimizar o atendimento ao paciente e os resultados de saúde. Os produtos DTx incorporam a melhor tecnologia avançada práticas relacionadas ao design, validação clínica, usabilidade e segurança de dados.

Fonte: Ecleston C, et al. Managing patients with chronic pain during the COVID-19 outbreak: considerations for the rapid introduction of remotely supported (eHealth) pain management services. Pain (2020); 889-893.

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Educação em Dor: Desafio em Tempos de Distanciamento Social

com que a grande parte da população com dor, esteja entre os acometidos1.

Abruptamente, clínicas fecharam as portas e por conse-quência, serviços especializados foram suspensos. A pre-venção e controle da dor, particularmente a crônica, foram interrompidos pela COVID-19. A prevenção, compõe uma abordagem complexa ao paciente e, ao projeta-la em tem-pos de pandemia, os fatores de risco para a ocorrência de dor crônica, como ansiedade, depressão e alteração do sono2 ga-nham ainda mais força. Além disso, as incertezas com o tem-po de isolamento e receio de contágio constituem fatores de exacerbação dos quadros dolorosos já existentes.

Há pontos essenciais a serem considerados pelos profissio-nais no cuidado a estes pacientes: o impacto na saúde públi-

ca da COVID-19 aos pacientes com dor crônica; a incerteza da duração dessa pandemia para não oferecer tratamento aos mesmos; as opções para avaliação e controle dos casos remotos e as evi-dências clínicas que apoiam terapias remotas2. O tratamento inadequado, trará consequências para os pacientes, para os diferentes níveis de atenção nos sistemas de saúde e para os profis-sionais – a curto e longo prazos – aumentando a quantidade, a gravidade e a complexidade da necessidade de atendimentos2. Desta forma, fa-z-se necessário considerar que a Educação em Dor, adequada as necessidades de acesso que o momento exige, constitui uma estratégia de suma importância para o tratamento do indiví-duo com dor crônica, com impacto no autocui-dado e prevenção de agravamento da sintoma-tologia dolorosa.

Dentre as formas de Educação, a Educação em Neurociência da Dor (END) é a que pode trazer maiores benefícios aos pacientes por ser uma abordagem educacional desenvolvida com o ob-jetivo de reconceituar, modificando crenças errô-neas sobre a dor3,4. A ideia da END é “alfabetizar” os pacientes na moderna neurociência da dor, dentro de um modelo biopsicossocial, para que

COMITÊ DE EDUCAÇÃO E DOR

Dra. Eveline Lima

Psicóloga – Aracaju/SE

Dr. Carlos Eduardo dos Santos Castro

Fisioterapeuta – São Carlos/SP

Dra. Karina Gramani-Say

Fisioterapeuta – São Carlos/SP

Dr. Julio Trancoso

Campinas-SP

Dra. Mariana Cozer

Médica – Curitiba/PR

Dra. Laís Kozminski Akcelrud

Biomédica – Curitiba/PR

Que a pandemia parou o mundo, é fato. O que não pa-rou foi a dor dos pacientes. Fica o convite para refletir sobre como era o cuidado com o paciente antes e, principalmente, como será nesta nova realidade. Você utilizava a Educação em Dor na sua prática clínica? Já tinha fornecido estratégias remotas para que o seu paciente realizasse a Educação em Dor? E agora, como funcionam seus atendimentos em tem-pos de distanciamento social?

No Brasil, o primeiro teste positivo para COVID-19, foi rela-tado dia 26/02/2020 e o número de casos segue em ascen-são, ainda sem perspectiva sobre o quadro epidemiológico. Fatores como idade avançada, nível socioeconômico, taba-gismo e comorbidades crônicas, são comuns para os grupos considerados de risco e indivíduos com dor crônica. Isto faz

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eles entendam como suas dores são produzidas e integrem essa nova compreensão em suas crenças sobre a relação dor e função, de tal modo que eles sejam capazes de modificar suas atitudes, comportamentos, escolhas de tratamento e de estilo de vida. Tais conceitos, sabemos, já são difíceis de expli-car pessoalmente ao paciente, assim como este também tem dificuldade em entendê-los. Nas atuais circunstâncias, vide pandemia, as coisas se complicam ainda mais, uma vez que o esforço educativo (e de convencimento) deve ser fornecido à distância, via telefone, ou internet. É uma ilusão pensar que para executá-lo com eficiência basta saber tudo sobre Educa-ção em Dor e contar com bons recursos cibernéticos. A esses dois fatores, por demais necessários, agrega-se um outro, este imprescindível: a capacidade para diagnosticar, tratar e acom-panhar o tratamento do paciente até este dar certo (ou mudar de rumo, se for o caso) – mantendo-o permanentemente inte-ressado em aprender e motivado em se auto tratar. É provável e realista, aventurar que para não poucos profissionais de saú-de isto irá requerer uma espécie de reinvenção profissional.

Em meio a tantas dificuldades, surgem sinais de esperança, como iniciativas de profissionais que, de forma voluntária, criam novos caminhos para disponibilizar ferramentas que permitam a educação em neurociências da dor para esses pacientes, tornando possível que eles entendam o proces-samento da sua dor, reconheçam os potenciais disparadores e assim consigam gerenciar a sua dor remotamente. Segue abaixo uma lista de atividades relacionadas a Educação em

Dor do Paciente, possíveis de serem utilizadas em tempos de pandemia:

Site: Dor Crônica – Compartilhando saberes em tempos de pandemia http://www.enf.ufmg.br/index.php/noticias/1758-acao-de-extensao-sobre-dor-cronica-compartilha-sa-beres-em-tempos-de-pandemia

Site: Blog Dor Crônica – https://dorcronica.blog.br/Site: Pesquisa em Dor – http://pesquisaemdor.com.br/?pa-

ge_id=107Site: Retrain pain - https://www.retrainpain.org/portuguese/Site: Pain in motion - http://www.paininmotion.be/ Instagram: educaador ; clinicadadorufscar, draluci.franca,

dramariabeatrizcampos, drpaulofaro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. da Cunha C.A., Cimerman S., Weissmann L., Chebabo A., Bellei N.C.J. Socieda-

de Brasileira de Infectologia; Sao Paulo, Brasil: 2020. Informativo da Socieda-de Brasileira de Infectologia: primeiro caso confirmado de doença pelo novo Coronavírus (COVID-19) no Brasil – 26/02/2020.

2. Eccleston, C.; Blyth, F.M.; Dear, B.F.; Fisher, E.A.; Keefe, F.J.; Lynch, M.E.; Pa-lermo, T.M.; Reid, M.C.; Willian, A.C.C. Managing patients with chronic pain during the COVID-19 outbreak: considerations for the rapid introduction of remotely supported (eHealth) pain management services. Pain. 2020 May; 161(5): 889–893. doi: 10.1097/j.pain.000000000000188.

3. Louw A, Diener I, Butler DS, Puentedura EJ. The Effect of Neuroscience Education on Pain, Disability, Anxiety, and Stress in Chronic Musculoskele-tal Pain. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(12):2041-2056. doi:10.1016/j.apmr.2011.07.198.

4. Louw A, Zimney K, O’Hotto C, Hilton S. The clinical application of teaching people about pain. Physiother Theory Pract. 2016. doi:10.1080/09593985.2016.1194652.

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28 COMITÊ DE ENFERMAGEM E DOR

Rosimary Amorim Lopes

Enfermeira – São Paulo/SP

Dra. Vania Maria de Araújo Giaretta

Engenharia Biomédica – Taubaté/SP

Talita Prado Marinho Sganzerla

Enfermeira – São Paulo/SP

O implante de eletrodo medular ou spinal cord stimulation (SCS) é uma abordagem mini-mamente invasiva, utilizada no tratamento da dor neuropática refratária. Tal técnica consiste no implante de um ou mais eletrodos no espaço peridural, no nível correspondente ao estímulo doloroso, ligando os eletrodos a um gerador de pulsos (marca passo neurológico) implantado cirurgicamente abaixo do tecido subcutâneo. A neuromudulação é considerada uma alternativa segura, cuja eficácia no controle das dores neuro-páticas já foi demonstrada em diversos estudos1.

Cuidados de Enfermagem no Paciente Portador de Marcapasso Neurológico para Dor nos Tempos de Covid-19

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O sistema implantado requer cuidados especiais no perío-do pós operatório, sendo necessário um acompanhamento contínuo com a equipe multiprofissional para controle e ma-nutenção da terapia obtida por meio do sistema de neuro-modulação2.

Devido ao atual cenário da pandemia causada pelo COVID-19, muitos centros de tratamento de dor suspenderam seus atendi-mentos, repercutindo no aumento do sofrimento dos doentes portadores de dor crônica. Alguns modelos de atendimentos, como a telemedicina, foram implantados a fim de proteger pacientes e funcionários da exposição ao vírus; todavia, para alguns tipos de acompanhamento médico e de enfermagem, é necessária a consulta presencial, como nos casos do atendi-mento ao portador de sistema de neuromodulação3,4.

A recomendação do isolamento social, preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), visa proteger a inte-gridade física da população5, contudo, pode ser um período susceptível ao aumento da incidência de alterações na saúde mental, pois além do estresse associado ao receio de contrair a doença, existem ainda outros fatores que ampliam a vul-nerabilidade psicológica das pessoas privadas do convívio social6, sendo um ator a ansiedade, por não poder continuar o tratamento que lhe estava proporcionando melhor quali-dade de vida.

As alterações emocionais mais comuns, como ansiedade e depressão, podem corroborar para a piora da dor e devem ser identificadas pela equipe multiprofissional7 que cuida do paciente com sistema de neuromodulação. Quando o paciente e/ou seu familiar recebe orientações a respeito do procedimento e controle desse sistema, estas alterações ten-dem a diminuir.

O enfermeiro especialista em sistema de neuromodulação, componente da equipe multiprofissional, pode prestar cui-dados essenciais para a vigilância e manutenção da terapia fornecida por esse sistema.

Ações educativas destinadas ao paciente e seu cuidador, envolvem por exemplo, orientações pertinentes à monito-rização do nível de bateria do equipamento para sistemas recarregáveis; distanciamento mínimo de objetos que pos-suam imãs e detectores de metais presentes em portas de bancos, aeroportos e lojas devido ao risco de desligamento ou reprogramação do sistema de estimulação, entre outros8.

Algumas estratégias de apoio ao paciente devem ser ado-tadas para que se sinta amparado pela equipe multiprofis-sional. Um dos cuidados essenciais é manter disponível um canal de comunicação com essa equipe, para que em caso de necessidade o paciente ou o familiar possa realizar conta-to por telefonema ou vídeo chamada, evitando sua presença física em consultas.

Dentro do contexto atual de pandemia, a escuta ativa por telemedicina é outra forma de auxiliar o paciente a verba-lizar suas necessidades, favorecendo a relação interpessoal com a equipe multiprofissional que atenta e interessada em tais afirmações, utiliza expressões verbais de encorajamento à continuidade dessas falas, a fim de identificar sua real de-manda e atendê-la com presteza, desvelo e segurança.

Dessa forma, a telemedicina é um suporte de apoio fun-damental, pois anula, hoje, a necessária distância entre a equipe multiprofissional e pacientes, cujo atendimento atua como ferramenta facilitadora do cuidado, fortalecendo o acolhimento e o vínculo entre o assistido e a equipe. Como resultado, além do bem-estar proporcionado, estimula o in-divíduo à autoconfiança, autorreflexão e ao enfrentamento das dificuldades, contribuindo para o benefício de sua saúde mental, proporcionando um tratamento permeado por con-fiança, segurança e resolutividade9.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Sdrulla AD, Guan Y, Raja SN. Spinal Cord Stimulation: Clinical Efficacy and

Potential Mechanisms. Pain Pract. 2018;18(8):1048‐1067. doi:10.1111/papr.12692.

2. Garcia K, Wray JK, Kumar S. Spinal Cord Stimulation. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020.

3. Eccleston C, Blyth FM, Dear BF, et al. Managing patients with chronic pain during the COVID-19 outbreak: considerations for the rapid introduc-tion of remotely supported (eHealth) pain management services. Pain. 2020;161(5):889‐893. doi:10.1097/j.pain.0000000000001885.

4. Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Atendimento que necessitam ser mantidos na Neurocirurgia Funcional, mesmo em vigência da epidemia. São Paulo, SP, 2020 [acesso em 26 mai 2020]. Disponível em: https://portalsbn.org/portal/carta-aberta-a-agencia-nacional-de-saude-suplementar/

5. World Health Organization. Country & Technical Guidance - Coronavirus di-sease (COVID-19). Genebra, Suiça 2020 [acesso em 27 mai 2020]. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/technical-guidance.

6. Afonso P. O Impacto da Pandemia COVID-19 na Saúde Mental [The Im-pact of the COVID-19 Pandemic on Mental Health]. Acta Med Port. 2020;33(5):356‐357. doi:10.20344/amp.13877.

7. Santos K A S, Cendoroglo M S, Santos F M. Transtorno de ansiedade em ido-sos com dor crônica: frequência e associações. Rev. bras. geriatr. gerontol. vol.20 no.1 Rio de Janeiro Jan./Feb. 2017.

8. Lopes R A, Portella C C F, Pagliusi R C. Tratado de dor. Rio de Janeiro: Editora Atheneu 2017. Capítulo 174, página 221-234.

9. Oliveira M J S, Souza A, Calvetti P U, Filippin L I. A escuta ativa como estraté-gia de humanização da assistência em saúde. Revista Saúde e Desenvolvi-mento Humano. v. 6, n. 2. Canoas. 2018.

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30 COMITÊ DE ESPIRITUALIDADE E DOR

Dra. Janaine Camargo

Médica e Família e Comunidade – Elias Fausto/SP

Mario Peres

Neurologista Especialista em Cefaléia – São Paulo/SP

Dr. Rui Nei Santana

Neurocirurgião – Feira de Santana/BA

Anne Stephany Costa

Nutróloga e Médica do Sono – Feira de Santana/BA

Dra. Anita Perpetua Carvalho

Anestesista – Salvador/BA

Pensando em todos os fatores que colaboram com o me-lhor enfrentamento de momentos difíceis, trazemos para você algumas dicas no campo científico da Espiritualidade. Mas você pode estar se perguntando:

• “O que é espiritualidade?”; • “Qual a relação da dor, ou de viver momentos difíceis, com a espiritualidade?”.

• Nós da SBED vamos tentar te ajudar!

O QUE É ESPIRITUALIDADE?Espiritualidade pode ser definida como a busca dinâmica

pelo significado último, sentido e propósito da existência. A vivência das dificuldades com um senso de sentido ou pro-pósito pode auxiliar no enfrentamento de situações difíceis1, como a epidemia de coronavírus e o isolamento social que se faz necessário. Olhar para si, para o outro e para o todo pode ser terapêutico! Tente!

DOR TAMBÉM É ESPIRITUAL, PSÍQUICA, FINANCEIRA, SOCIAL...

Um dos conceitos mais respeitados de dor é o conceito de dor total de Cicely Saunders. O qual é bastante amplo. Ela percebeu a presença de um estado complexo de sentimen-tos dolorosos. Os componentes da dor são:

• Dor física; • Dor psíquica (medo do sofrimento e da morte, tristeza, raiva, revolta, insegurança, desespero, depressão);

• Dor social (rejeição, dependência, inutilidade); • Dor espiritual (falta de sentido na vida e na morte, medo do pós-morte, culpas perante Deus).

E mais recentemente, além das acima: • Dor financeira (perdas e dificuldades);

Como a Espiritualidade Colabora Cientificamente em Época de Quarentena?

• Dor interpessoal (isolamento, estigma); • Dor familiar (mudança de papéis, perda de controle, perda de autonomia)2.

VIVÊNCIA PESSOAL DA ESPIRITUALIDADEA rede de apoio religiosa e a vivência individual da espi-

ritualidade estão relacionadas com o controle da dor e a saúde do corpo, uma vez que modificam a resposta imune, interferem nos níveis de neurotransmissores estressores e regulam os níveis de hormônios glicocorticoides3.

MANTENHA ATITUDES MENTAIS POSITIVASAssim como manter atitudes mentais positivas, a vivência

religiosa pessoal ou institucional pode melhorar a resposta imune neuro-hormonal e auxiliar na manutenção da saúde e prevenção de doenças. Ela também contribui para o melhor controle da dor e qualidade de vida em geral. A vivência da fé, de práticas espirituais e vínculo com uma comunidade re-ligiosa (ainda que a distância ou por redes sociais) protegem nossa saúde e nos fortalecem para superarmos as dificulda-des trazidas pelo coronavírus4.

O QUE FAZER EM MOMENTOS DIFÍCEIS? Momentos difíceis, assim como o isolamento social, po-

dem trazer a chamada angústia espiritual. Essa angústia se traduz por questionamentos quanto a fé e dificuldades na relação com Deus ou perda do senso de sentido da vida. Tais percepções deprimem a resposta imunológica, pioram o controle da dor e predispõem a piora da saúde global. O enfrentamento da epidemia e o isolamento social exigem de nós a necessidade de compreendermos nossas limitações e aceitarmos as dificuldades sem cobrança ou culpa. Buscar

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sentido e significado nas crenças ou práticas pessoais tam-bém pode ser uma estratégia para reduzir o estresse e trazer o senso de paz e conforto necessários nesse momento4.

A ESPIRITUALIDADE E AS DOENÇASHá aumento significativo nas evidências que suportam a

inclusão de avaliação da espiritualidade no diagnóstico e tra-tamento dos pacientes com dor5; diversos autores apontam que a espiritualidade está relacionada ainda com inúmeros benefícios à saúde. Médicos, enfermeiros, psicólogos, fisio-terapeutas e outros agentes de saúde podem agregar maior cuidado aos seus pacientes ao perceber que a abordagem da espiritualidade pode beneficiá-los, melhorar sua prática clínica e auxiliar nos processos de recuperação das doenças, como aponta esta revisão (2007-2017)6.

UMA REALIDADE A MUDAR!Segundo Balboni MJ et al. (2007), a maioria dos pacien-

tes afirma que gostaria que seus médicos abordassem suas questões espirituais7. Entretanto, em pesquisa posterior do

mesmo autor (2014), 23% dos enfermeiros e 45% dos médi-cos, acredita que não é seu papel profissional falar sobre es-piritualidade. Destes colegas, 60% afirma que não o faz prin-cipalmente por não se sentir preparado e adequadamente treinado8.

TRANSFORMAR ESTA REALIDADE É MAIS FÁCIL QUE IMAGINAMOS

Um dos maiores pesquisadores em Espiritualidade, Dr. Ha-rold Koenig, da Duke University, comprovou que com apenas 150 minutos de treinamento em como abordar religiosidade/espiritualidade, universidades podem desenvolver esta área de competência, preparando seus estudantes para abordar profissionalmente a espiritualidade de seus pacientes9.

COMO SE BENEFICIAR DE OUTRAS FORMAS COM ESTE CONHECIMENTO?

O isolamento social nos faz conviver mais de perto com as pessoas que moram conosco. Nos deixa com mais tempo para interagir pessoalmente com elas, e através das redes so-

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ciais com os que estão distantes. Desentendimentos são co-muns neste processo. Segundo Rasmussen KR et al. (2019), em um mundo onde a experiência de ferir e ofender é quase inevitável, os resultados encontrados são consistentes com a noção de que as respostas a essas ofensas podem alterar nossa saúde física e psicológica, e que uma resposta que inclui o perdão pode promover uma série de resultados positivos para a saúde10.

QUEM NÃO GUARDA MÁGOA É MAIS FELIZ! QUEM PERDOA É MAIS FELIZ!

Estados afetivos negativos, como depressão, estão associa-dos a mortalidade prematura e aumento do risco de doença cardíaca coronária, diabetes mellitus tipo 2 e outras altera-ções1, todos estes fatores de risco para Covid-19. Em homens e mulheres de meia idade, pensar e agir positivamente são fatores protetores de lesões cardiovasculares, neuroendócri-nas e inflamatórias, mas os caminhos pelos quais tais efeitos podem ser mediados são pouco compreendidos. O efeito positivo foi avaliado agregando experiências momentâneas de felicidade durante um dia de trabalho e esteve inversa-mente relacionado à produção de cortisol ao longo do dia, independentemente da idade, sexo, posição socioeconômi-ca, massa corporal e tabagismo. Padrões semelhantes foram observados em um dia de lazer11.

Steptoe A et al. (2005), demostraram que a felicidade também foi inversamente relacionada à frequência car-díaca avaliada usando métodos de monitoramento am-bulatorial ao longo do dia. Os participantes deste estudo foram submetidos a testes de estresse mental em labora-tório, onde as respostas ao estresse por fibrinogênio plas-mático foram menores em indivíduos mais felizes. Estes efeitos foram independentes do sofrimento psicológi-co, apoiando a noção de que o bem-estar positivo está diretamente relacionado aos processos biológicos re-levantes para a saúde11.

EMPATIA AJUDA VOCÊ E OS OUTROS Não existe nenhuma relação da doença causada pelo co-

ronavírus com uma etnia ou nacionalidade. Demonstre em-patia com todos os afetados em qualquer país. As pessoas infectadas não fizeram nada errado e merecem nosso apoio, compaixão e gentileza12.

Proteja a si próprio e apoie os outros ajudando-os em seus momentos de necessidade. A assistência ao próximo em seu momento de carência pode ajudar tanto a quem recebe o apoio como a quem dá o auxílio. Um exemplo: telefone para seus vizinhos ou pessoas em sua comunidade que precisam de assistência extra12.

ALTRUÍSMO, FELICIDADE E SAÚDEPost SJ (2005), conclui que há uma forte correlação en-

tre bem-estar, felicidade, saúde e longevidade das pessoas emocionalmente gentis e compassivas (caridosas ou presta-tivas) – desde que não sejam sobrecarregadas, e aqui a visão de mundo pode entrar em jogo13.

Naturalmente, essa é uma generalização populacional que não fornece nenhuma garantia para o indivíduo. Sugere que uma vida generosa é mais feliz e saudável, aproxima-nos da nossa verdadeira natureza. Epidemiologia, espiritualidade e amor podem entrar em um diálogo frutífero. A vida pode ser difícil e a morte não deve ser negada. O amor, no entanto, torna o caminho mais fácil e saudável tanto para quem dá como para quem recebe13.

FAZER O BEM FAZ BEM! FELICIDADE É UMA DECISÃO!Quem faz o bem é mais feliz e quem é mais feliz faz mais

o bem! Isso se torna um ciclo de retroalimentação positiva14.

Seja generoso, contate pessoas! Retome relações! Perdoe! Peça perdão! Se perdoe! Seja grato! Doe seu bem mais pre-cioso: seu tempo! Faça este desafio! Aproveite a quarentena! Você não tem nada a perder!

Uma das mais respeitadas pesquisadoras sobre felicidade, Sonja Lyubomyrski, demonstrou que 40% da nossa felicida-de é uma questão de decisão15. Decidamos olhar o lado posi-tivo! Esta fase vai passar!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Puchalski, C., Ferrell, B., Virani, R., Otis-Green, S., Baird, P., Bull, J., … Sulmasy,

D. Improving the Quality of Spiritual Care as a Dimension of Palliative Care: The Report of the Consensus Conference. Journal of Palliative Medicine 2009; 12(10), 885–904.

2. Carvalho, Maria Margarida M.J. A dor do adoecer e do morrer. Boletim - Aca-demia Paulista de Psicologia 2009; 29(2), 322-328.

3. Holmes, L., Chinaka, C., Elmi, H., Deepika, K., Pelaez, L., Enwere, M., Akinola, O. T., & Dabney, K. W. Implication of Spiritual Network Support System in Epi-genomic Modulation and Health Trajectory. International journal of environ-mental research and public health 2019; 16(21), 4123.

4. Krause N, Pargament KI, Ironson G, Hayward RD. Spiritual Struggles and In-terleukin-6: Assessing Potential Benefits and Potential Risks. Biodemography Soc Biol 2017; 63(4):279-294.

5. Siddall, P. J., Lovell, M., & MacLeod, R. Spirituality: What is Its Role in Pain Me-dicine? Pain Medicine 2015; 16(1), 51–60.

6. Counted, V., Possamai, A., & Meade, T. Relational spirituality and quality of life 2007 to 2017: an integrative research review. Health and Quality of Life Outcomes 2018; 16(1).

7. Balboni, T. A., Vanderwerker, L. C., Block, S. D., Paulk, M. E., Lathan, C. S., Pe-teet, J. R., & Prigerson, H. G. Religiousness and Spiritual Support Among Ad-vanced Cancer Patients and Associations With End-of-Life Treatment Prefe-rences and Quality of Life. Journal of Clinical Oncology 2007; 25(5), 555–560.

8. Balboni, M. J., Sullivan, A., Enzinger, A. C., Epstein-Peterson, Z. D., Tseng, Y. D., Mitchell, C., Balboni, T. A. Nurse and Physician Barriers to Spiritual Care Pro-vision at the End of Life. Journal of Pain and Symptom Management 2014; 48(3), 400–410.

9. Smothers, Z. P. W., Tu, J. Y., Grochowski, C., & Koenig, H. G. Efficacy of an edu-cational intervention on students’ attitudes regarding spirituality in health-care: a cohort study in the USA. BMJ Open 2019; 9(4), e026358.

10. Rasmussen, K. R., Stackhouse, M., Boon, S. D., Comstock, K., & Ross, R. Meta-a-nalytic connections between forgiveness and health: the moderating effects of forgiveness-related distinctions. Psychology & Health 2019; 1–20.

11. Steptoe, A., Wardle, J., & Marmot, M. Positive affect and health-related neu-roendocrine, cardiovascular, and inflammatory processes. Proceedings of the National Academy of Sciences 2005; 102(18), 6508–6512.

12. Covid-19: OMS divulga guia com cuidados para saúde mental durante pan-demia. (2020, Mar 18). Retrieved April 6, 2020, from ONU News: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1707792.

13. Post, S. G. Altruism, happiness, and health: it’s good to be good. International Journal of Behavioral Medicine2005; 12(2), 66–77.

14. Anik, L., Aknin, L. B., Norton, M. I., & Dunn, E. W. Feeling Good About Giving: The Benefits (and Costs) of Self-Interested Charitable Behavior. HARVARD SSRN Electronic Journal 2009.

15. Lyubomirsky, S., King, L., & Diener, E. The Benefits of Frequent Positive Af-fect: Does Happiness Lead to Success? Psychological Bulletin 2005; 131(6), 803–855.

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33COMITÊ DE LIGA E DOR

Dra. Elizabeth Priscila Giacomoni Prates

Acadêmica de Biomedicina e Nutrição – Curitiba/PR

Dra. Isadora Celine Rodrigues Carneiro

Acadêmica de Biomedicina – Curitiba/PR

Dra. Ana Julia Taborda Machado

Acadêmica de Fisioterapia – Curitiba/PR

Dra. Adriana do Carmo de Souza

Biomédica – Curitiba/PR

Dra. Laís Kozminski Akcelrud

Biomédica – Curitiba/PR

Em 31 de dezembro de 2019, são relatadas as primeiras contaminações pelo “novo coronavírus” e a partir de meados de janeiro de 2020, o mundo recebe a temida notificação dos primeiros casos da doença fora da China continental, le-vando – em poucos dias – a Organização Mundial da Saúde (OMS) à declarar emergência internacional. Era o início do ano letivo para a Liga Interdisciplinar para o Estudo da Dor (LIED) e no Paraná, as autoridades de saúde já ascendiam o alerta sobre a necessidade de unir esforços para evitar a propagação da COVID-19 no país. Apenas oito dias que an-tecederiam o encontro mensal da LIED, o terremoto que só víamos de longe e que estremeceu o mundo, chegou até nós balançando nossas estruturas e nos deixando diante de uma situação inédita: é preciso implementar o isolamento social.

Ao mesmo tempo em que a pandemia deixava leitos de hospitais ocupados, ela nos remetia à necessária atitude de reinventar, pois a educação é assim, se repensa todos os dias. Para responder à essa demanda, a diretoria e coordenação da LIED se uniram através da tecnologia para idealizar novas estratégias para o ensino da Dor aos acadêmicos ligantes, de forma que o tripé universitário de: ensino, pesquisa e exten-são, continuasse a se desenvolver de forma robusta.

Os acadêmicos, ansiosos por respostas, tiveram na sua pri-meira palestra virtual no mês de março, a presença da Dra. Laís Kozminski, Chefe de Divisão da Superintendência da Se-cretaria de Saúde e também Coordenadora da LIED. Todos os questionamentos foram prontamente sanados por uma fon-te confiável e atualizada. Ainda no mesmo encontro, a acadê-mica de psicologia Isadora Saldanha, preparou um material sobre Saúde Mental e Isolamento Social – aulas ministradas por acadêmicos são uma prática comum da LIED, favorecen-do o aprendizado e novas experiências aos ligantes. O alívio

O Desafio em Promover a Educação Acadêmica em Dor em Tempos de Pandemia

dos acadêmicos foi nitidamente observado e essa palestra foi a motivação para a criação de um material específico sobre o COVID-19 produzido pela liga e divulgado nas suas redes sociais, com o objetivo de orientar tanto acadêmicos, como a população que normalmente participa das caminha-das propostas e que, momentaneamente, estão suspensas. No mês de abril, foi realizada a segunda palestra da LIED, desta vez ministrada pela Coordenadora Dra. Adriana Souza e a Presidente Acadêmica Elizabeth Priscila. Os temas esco-lhidos foram selecionados a partir da sugestão dos acadêmi-cos sendo novamente relacionados à pandemia. Ao propor um espaço virtual de discussões criou-se uma maneira de interagir com os acadêmicos e dessa forma, levar à reflexão sobre as questões que os afligem. Porém, esse espaço não foi

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prontamente preparado, mas sim constantemente adaptado às reais necessidades dos ligantes e em prol do aprendizado e ampla divulgação de informações verdadeiras.

No mês de maio, foi organizada uma aula internacional, com a palestrante Dra. Isabella Chanavaz – Lacheray, chefe do centro de referência em endometriose, na França. Segui-da pelo quiz “Endometriose: verdade ou mito?”, moderado pela Dra. Maria Beatriz Campos, médica e coordenadora da LIED e do comitê de ligas de dor do Brasil. Ainda em maio, tivemos uma palestra extra em parceria com a Liga Acadê-mica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilo Facial, que abordou as Dores Orofaciais e Cefaleias, ministrada pela Dra. Luci França, odontóloga, diretora cientifica da SBED. Todas as palestras foram ministradas via plataformas di-gitais, mostrando a efetividade na adaptação do ensino a distância e a importância da inovação em tempos de crise, de modo a manter a qualidade do ensino da Dor aos uni-versitários ligantes.

Até junho de 2020, pelo menos 6.259.887  casos de CO-VID-19 foram confirmados em mais de 188 países e territó-rios e a epidemiologia indica imprecisão do período pelo qual o isolamento social será padrão ouro no combate à pan-demia. Diante dessa incerteza, enormes têm sido os desafios da LIED para implantar – ainda que de forma temporária – a

educação em dor à distância. Porém, esse tempo de isola-mento também oferece flexibilidade aos acadêmicos ligan-tes que, encorajados pela coordenação, estão trabalhando ativamente em novos projetos de pesquisa, com o intuito de participar do CBDor de 2021.

Apesar das adequações, pode-se afirmar que o que não é mutável é a liberdade, pois isolamento social não significa enclausurar os pensamentos. E através dessa liberdade cog-nitiva podemos transbordar o mundo com conhecimento. Os limites antes claros e rígidos, agora nos parecem tão frá-geis que podemos nos mover mesmo estando inertes. Es-peramos estarmos todos juntos em breve, nas caminhadas, nos ambulatórios, com os pacientes, porém, enquanto não é possível, aprendemos a criar novos caminhos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. da Cunha C.A., Cimerman S., Weissmann L., Chebabo A., Bellei N.C.J. Socieda-

de Brasileira de Infectologia; São Paulo, Brasil: 2020. Informativo da Socieda-de Brasileira de Infectologia: primeiro caso confirmado de doença pelo novo Coronavírus (COVID-19) no Brasil – 26/02/2020.

2. BRASIL. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus – COVID-19.

3. Senhoras E.M. Coronavírus  e Educação: Análise dos impactos assimétri-cos. Boletim da Conjuntura. Boa Vista, v.2, n.5. 2020. Doi:10.5281/zeno-do.3828085.

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As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) na Pandemia COVID-19

prevenção, tratamento e manutenção do equilíbrio emocional e psicológico de qualquer pessoa3. Segundo seu precursor, Edward Bach4, “não importa a natureza ou o nome da doen-ça física, a doença é o resultado da desarmonia entre a alma e a mente/personalidade”. Existem alguns sistemas de florais, como Florais de Bach, Florais da Califórnia, Australianos, Flo-rais do Alaska, do Pacífico, de Minas, Florais de Saint Germain, Florais Filhas de Gaia, Florais da Amazônia dentre outros.

Sugestão de uso – com o objetivo de oferecer suporte emocional e energético, principalmente aos profissionais da saúde que estão atuando na linha de frente do COVID-19, re-comenda-se uma composição utilizando o sistema Florais de Saint Germain: Abies de Lourdes + Oliva de Fátima + Ipê Roxo + Melissa + Allium + Gerânio + Saint Germain + Goiaba + Pa-nicum + Populus Panicum. Solicitar a manipulação em uma farmácia homeopática idônea e de confiança. Tomar 8 gotas duas vezes ao dia5. Também é possível realizar consulta com terapeutas florais de forma on line e solicitar a manipulação nas farmácias, com entrega domiciliar.

MEDITAÇÃO“Prática mental individual milenar, utilizada e descrita por

diferentes culturas tradicionais”6. Promove o treino de “foca-lização da atenção de modo não analítico ou discriminativo, objetivando a diminuição do pensamento repetitivo e a reo-rientação cognitiva, possibilitando alterações favoráveis no humor e melhora no desempenho cognitivo. Proporciona maior integração entre mente, corpo e mundo exterior, am-pliando a capacidade de observação, atenção, concentração e a regulação do corpo-mente-emoções6.

COMITÊ DE PRÁTICAS COMPLEMENTARES E INTEGRATIVAS

Márcia Fernandes

Mestre Reikiana e Coach de Resiliência – Osasco/SP

Maria Belen Salazar Posso

Enfermeira – São Paulo/SP

Talita Pavarini Borges de Souza

Enfermeira – São Paulo/SP

Glaucia Cerioni

Gestão Hospitalar e Profissional de PICS. EMF Balancing Technique®,

Florais, Pedagogia 3000, Reiki, Superluministic,

Yoga – Osasco/SP

Vânia Maria de Araújo Giaretta

Enfermeira – Taubaté/SP

As PICS utilizam a abordagem integral da pessoa, basea-da nas necessidades individuais considerando os aspectos físico, mental, social, espiritual e emocional. Essas práticas colaboram para o aumento do bem-estar e estimulam o au-tocuidado das pessoas em tratamento.

No Brasil,  as  PICS  estão institucionalizadas no SUS desde 2006, com a publicação da Portaria GM/MS nº 971/2006, que criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-mentares em Saúde (PNPIC)1, com inserção na Atenção Básica e demais níveis do sistema de saúde. A política foi ampliada com as Portarias GM/MS nº 849/2017, nº 702/2018, totalizan-do atualmente 29 práticas, ofertadas pelo SUS em Unidades Básicas de Saúde, centros especializados e em hospitais terciá-rios complementando a assistência ao paciente/usuário.

Diante do contexto de pandemia ocasionado pela COVID-19, os impactos da vivência de isolamento social, seja no nível mental, emocional e físico e a necessidade de se combater esta doença, o Conselho Nacional de Saúde2 (CNS) aprovou em maio/2020 uma recomendação para o Ministério da Saúde, conselhos estaduais e municipais de Saúde e do Distrito Federal para que houvesse inclusão e divulgação de PICS na assistência.

Em consonância com o CNS, o Comitê de Práticas Com-plementares e Integrativas (COMPICS) da SBED, selecionou algumas práticas integrativas com sugestões de utilizações para este momento.

TERAPIA FLORALPrática integrativa vibracional que utiliza as essências florais

para modificar certos estados vibratórios, auxiliando no equi-líbrio e harmonização do indivíduo, podendo ser utilizada na

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Sugestão de uso: • Sente-se, em uma cadeira sola dos pés no chão, ou no pró-prio chão com as pernas cruzadas. Sinta-se confortável;

• Use um objeto como ponto de foco, uma vela acesa por exemplo. Com o olhar focado no objeto, respire três vezes, contando de trás para frente: três (inspire calma-mente e expire), dois (inspire calmamente e expire), um (inspire calmamente e expire). Permaneça por 5 minu-tos – perceba que pensamentos passam por sua mente. Deixe-os passar e sempre que se perceber dispersando, volte a focar a atenção no objeto;

• É momento de voltar. Mantenha o foco no objeto e con-te: um (inspire calmamente e expire), dois (inspire cal-mamente e expire), três (inspire calmamente e expire);

• Gradativamente, com a prática, você perceberá que sua respiração é cada vez mais calma e sua mente mais focada.

EMF BALANCING TECHNIQUE®

Eletromagnetic Field (EMF) Balancing Technique®7, técnica de equilíbrio do campo eletromagnético, para trabalhar com a Universal Calibration Lattice® (UCL), estrutura homeodinâmi-ca conexa à anatomia energética humana sendo uma exten-são do sistema nervoso simpático e parassimpático humano gerando seu sistema de energia complementar - a Malha de Calibração Universal9. Esta vai permitir melhor circulação de energia, favorecendo a remoção de bloqueios energéticos, promovendo profundo realinhamento e equilíbrio da ana-tomia energética humana e fortalecendo a UCL. Resulta em um estado de consciência, equilíbrio e coerência do campo eletromagnético em perfeito ajuste entre mente, corpo e emoção, e conecta-se, principalmente, com os chacras, inter-ligando o sistema vivo com o Universo. Ainda que não esteja listada entre as 29 PICS no Brasil, a EMF está presente em mais de 70 países, sendo oficialmente reconhecida por algumas instituições, tais como: o Instituto de Psicologia Integrativa e Desenvolvimento Profissional da Rússia, a Sociedade Alemã de Medicina Alternativa (DGAM), o Reidman College em Israel, dentre outros. Um atendimento de EMF pode ser realizado com adultos e crianças, à distância ou presencialmente.

Sugestão de uso: Irradiação da Energia do Centro: exercí-cio para ser utilizado em situações do cotidiano, favorece um estado de maior equilíbrio e centramento:

• Focalize sua atenção no centro energético da parte in-ferior do seu corpo, centro de baixo, aproximadamente 60 cm abaixo de seus pés. Sinta-se confortável e profun-damente conectado com a terra. Expresse a intenção de uma forte conexão com o centro de baixo;

• Focalize sua atenção no centro energético da parte su-perior do seu corpo, centro de cima, aproximadamente 60 cm acima de sua cabeça. Sinta-se confortável e com-pletamente conectado com o Universo. Expresse a in-tenção de uma forte conexão com o centro de cima;

• Agora, expresse a intenção de irradiar sua energia do centro em todas as direções, como a luz radiante e fluo-rescente de um raio. Ao sustentar sua energia nesta pos-tura, a inteligência espiritual passa a estar disponível.

Com a prática contínua deste exercício percebe-se que apenas ao mentalizar “Centro de Baixo, Centro de Cima, Irra-diar a Energia do Centro”, é possível alcançar um estado mais centrado do Ser.

REIKIReiki é uma prática terapêutica que utiliza a imposição das

mãos para canalização da energia vital visando promover o equilíbrio energético, necessário ao bem-estar físico e men-tal. A palavra Reiki é de origem japonesa, Rei significa o as-pecto cósmico e universal da energia e ki refere-se à força vital presente em todos os seres vivos. Busca fortalecer os locais onde se encontram bloqueios – “nós energéticos” – eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular e restabelecendo o fluxo de energia vital – Ki. Apre-senta benefícios para redução de estresse, ansiedade, fadiga, promoção de relaxamento8. O tempo médio de uma sessão de Reiki é de 45 minutos.

Sugestão de uso: Reiki a distância. Pensando no bem-es-tar e equilíbrio das pessoas o COMPICS SBED está oferecen-do Reiki na modalidade à distância. Para participar:

• O Reiki será ministrado aos interessados, todas as segun-das-feiras, às 21:30h, com duração de 10 minutos;

• O participante não precisará acessar nenhuma platafor-ma on line. Basta, se possível, estar conectado em pensa-mento e ciente que estará recebendo o Reiki a distância nesse horário;

• Envie seu nome completo e data de nascimento para o e-mail: [email protected]

O Reiki será aplicado por uma equipe voluntária especiali-zada do COMPICS SBED, com apoio dos profissionais da es-cola Reikilibrar9.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Nº 971, de 03 de Maio de 2006. Aprova a

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sis-tema Único de Saúde. In: Brasil. Ministério da Saúde. 2006. [citado 2016 fev. 11]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html.

2. Brasil. Conselho Nacional de Saúde (CNS). Covid-19: CNS recomenda divul-gação de práticas integrativas e complementares em saúde (PICS) na assis-tência ao tratamento. [citado 2020 jun. 12]. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/1196-covid-19-cns-recomenda-divulga-cao-de-praticas-integrativas-e-complementares-em-saude-pics-na-assis-tencia-ao-tratamento.

3. Araújo, C. L. F. As essências florais e as pessoas que vivem com HIV/Aids: bus-cando qualidade de vida. 2010. Monografia (Especialização em terapia floral) - Hospital Escola São Francisco de Assis, UFRJ, Rio de Janeiro, 2012.

4. Bach E. Os remédios florais do Dr. Bach incluindo cura-te a ti mesmo. São Paulo. Ed. Pensamento. 2006.

5. Lazzuri TM. Composição floral direcionada aos profissionais da saúde - Flo-rais de Saint Germain. [Internet]. São Bernardo do Campo; 2020 [citado 2020 mai. 19]. Disponível em https://youtu.be/eVfNQAOCqcE.

6. Brasil. Ministério da Saúde. Meditação. In: Política Nacional de Práticas Inte-grativas e Complementares no SUS. [Internet]. 2020 [citado 2020 mai. 19]. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/ape/pics/praticasintegrativas.

7. Dubro PP. Evolução Elegante - A Expansão da Consciência. O seu portal para o hiperespaço. Madras, 2007.

8. Bukowski EL. The use of self-Reiki for stress reduction and relaxation. J Integr Med. 2015;13(5):336‐340. doi:10.1016/S2095-4964(15)60190-X.

9. Cerioni G. Manual de Reiki Nível IV - Mestre Professor, escola Reikilibrar, 2012:155. [citado 2016 fev. 11]. Disponível em https://www.REIKilibrar.com.br>.

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e de fortalecimento de grandes grupos musculares (Hammami et al., 2020).

É de grande importância um profissional da saúde abalizado à distância, para prescrição desses exercícios e acompanhamento do paciente com dor crônica de for-ma segura e eficaz. Com isso, têm se adotado estratégias de progra-mas de exercícios via telessaúde de forma síncrona ou assíncrona, ou seja, exercício com a super-visão do profissional ao vivo ou exercícios gravados por vídeos e cartilhas (Woods et al., 2020). Ape-sar do tema ser delicado em rela-ção a cultura e regulamentação por parte dos conselhos profis-sionais no Brasil, a modalidade se apresenta como uma ferramenta alternativa para manutenção do atendimento, principalmente de pacientes com doenças crônicas nesse período da pandemia.

De fato, os programas de telessaúde se apresentam como uma promissora ferramenta no tratamento de diversos ti-pos de doenças com o objetivo de tornar o paciente pro-tagonista da própria saúde, mas precisam ser levados em consideração a melhoria nas regulamentações por parte de conselhos (critérios mínimos para atendimento, importân-cia de registro de dados e modalidade) que evitem o uso indiscriminado dessa ferramenta, além da necessidade de realização de mais estudos científicos que comprovem ou refutem a eficácia desses tratamentos ou que oriente qual deles é o mais indicado para cada população. Além disso, devem ser levadas em consideração as outras dificuldades relacionadas a esses meios, como fatores socioeconômicos e restrição de acesso à internet, a interação dos pacientes com os terapeutas e o próprio entendimento e auto parti-cipação dos pacientes nos programas de tratamento (Ge-neen et al., 2017; Woods et al., 2020).

Dito isto, fica evidente a necessidade de educar o paciente sobre o seu processo doloroso, orientá-lo sobre a importân-cia da continuidade de programas de exercício físico mesmo de modo remoto e incluí-lo de forma ativa no seu plano te-rapêutico. Pesquisas mais recentes mostram resultados po-sitivos da educação em dor em pacientes com dor crônica associada a exercícios físicos com redução da intensidade de

COMITÊ DOR E MOVIMENTO

Dra. Thaís Alves Barreto Pereira

Fisioterapeuta – Aracaju/SE

Dr. Thiago Abner dos Santos Sousa

Acupunturista – Aracaju/SE

O indivíduo que desenvolve dor crônica (dor persistente por mais de 3 meses) apresenta aumento da incapacidade fí-sica, ansiedade e depressão, piora da qualidade do sono e da qualidade de vida, além do aumento dos custos com a saúde (Geneen et al., 2017). Uma parcela importante da população mundial apresenta esse tipo de dor (32% em adultos e 62% em idosos) e sofre com o seu alto grau de incapacidade (Sou-za et al., 2017).

Uma das modalidades de tratamento não farmacológi-ca utilizada para pessoas com dor crônica é o exercício. Nesses indivíduos, o exercício tem o potencial de reduzir a gravidade da dor e melhorar função e qualidade de vida (Bement e Sluka, 2016; Geneen et al., 2017). O aumento do limiar de dor proporcionado pela prática regular de exercício se deve a ativação de mecanismos opioidérgicos e não opioidérgicos na modulação inibitória da dor (Stei-ger et al., 2012). Além disso, a prática regular de exercício apresenta resultados positivos na melhora da qualidade de sono, redução do quadro de depressão e combate os efeitos do isolamento social ocasionado pela dor crônica (Bement e Sluka, 2016).

Os pacientes com dor crônica comumente têm alguns fa-tores psicoemocionais e comportamentais associados que interferem no seu nível de atividade física e na sua capaci-dade funcional, além da própria frequência e intensidade da dor. A frequente presença de cinesiofobia (medo ao movi-mento) e de catastrofização da dor (ampliação das percep-ções relacionadas à dor), somadas às crenças limitantes de incapacidade de lidar com a dor (pobre autoeficácia), levam o paciente com dor crônica a um comportamento de evita-mento e a uma memória negativa de dor relacionada ao mo-vimento (Larsson et al., 2016; Miller et al., 2020). Todos esses fatores impactam diretamente na adesão desses indivíduos a programas de exercício físico (terapêuticos ou não) e criam um ciclo vicioso de medo/ evitamento de dor ao movimen-to, intensificação da dor e piora de capacidade funcional (Geneen et al., 2017; Larsson et al., 2016; Miller et al., 2020). Portanto, estimular a adesão desses pacientes torna-se um importante quesito para a equipe de profissionais da saúde que os tratam.

Com o avançar da pandemia da COVID-19 e da necessi-dade de distanciamento social, esse desafio tornou-se ainda maior. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a prática de atividade física domiciliar para reduzir o surgi-mento e o agravamento de doenças crônicas que podem aumentar a susceptibilidade à doença causada pelo novo coronavírus. A recomendação nesses casos é de pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física de intensidade mode-rada ao longo da semana que abordem atividades aeróbicas

Dor Crônica e Exercício Físico X Pandemia COVID-19

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dor, da catastrofização e da ansiedade (Andias, Neto e Silva, 2018; Roussel et al., 2018). Adicionalmente, as intervenções interdisciplinares mostram ainda mais a sua importância, pois os fatores psicológicos e cognitivos desses pacientes crônicos podem ser agravados por esse momento de qua-rentena e pandemia. As intervenções de terapias cognitivo--comportamentais podem ser benéficas nos comportamen-tos de experiência da dor (Larsson et al., 2016). Além disso, a individualização dos programas de exercício por telerrea-bilitação por fisioterapeutas e/ ou profissionais da educa-ção física devem ser preconizados, assim como, sua correta supervisão e orientação (Geneen et al., 2017). Assim, dessa forma os pacientes com dor crônica podem ser estimulados a aderir com maior frequência aos programas de exercício físico tanto neste período de distanciamento social como pós-quarentena.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Andias, R.; Neto, M.; Silva, A. G. The Effects Of Pain Neuroscience Education

And Exercise On Pain, Muscle Endurance, Catastrophizing And Anxiety In Adolescents With Chronic Idiopathic Neck Pain: A School-Based Pilot, Ran-domized And Controlled Study. Physiotherapy Theory And Practice, V. 0, N. 0, P. 1–10, 2018.

2. Bement, M. K. H.; Sluka, K. A. Exercise-Induced Hypoalgesia: An Evidence-Ba-sed Review. 2016.

3. Geneen, L. J.; Moore, R. A.; Clarke, C.; Martin, D.; Colvin, L. A.; Smith, B. H. Physical Activity And Exercise For Chronic Pain In Adults : An Overview Of Cochrane Reviews ( Review ). Cochrane Database Of Systematic Review, N. 1, 2017.

4. Hammami, A. et al. Physical Activity And Coronavirus Disease 2019 (Co-vid-19): Specific Recommendations For Home-Based Physical Training. Ma-naging Sport And Leisure, P. 1-6, 2020. Issn 2375-0472.

5. Larsson, C.; Hansson, E. E.; Sundquist, K.; Jakobsson, U. Impact Of Pain Cha-racteristics And Fear- Avoidance Beliefs On Physical Activity Levels Among Older Adults With Chronic Pain : A Population-Based , Longitudinal Study. Bmc Geriatrics, P. 1–8, 2016.

6. Miller, M. B.; Roumanis, M. J.; Kakinami, L.; Dover, G. C. Chronic Pain Patients ’ Kinesiophobia And Catastrophizing Are Associated With Activity Intensity At Different Times Of The Day. Journal Of Pain Research, V. 13, P. 273–284, 2020.

7. Roussel, N. A.; Pardo, G. B.; Girbe, L.; Izquierdo, G.; Jime, V.; Marti, P. Pain Neu-rophysiology Education And Therapeutic Exercise For Patients With Chronic Low Back Pain : A Single-Blind Randomized Controlled Trial. Archives Of Phy-sical Medicine And Rehabilitation, V. 99, P. 338–347, 2018.

8. Souza, JBD, et al. Prevalence Of Chronic Pain, Treatments, Perception, And Interference On Life Activities: Brazilian Population-Based Survey. Pain Re-search And Management, V. 2017, 2017. Issn 1203-6765.

9. Steiger F, et al. Is A Positive Clinical Outcome After Exercise Therapy For Chro-nic Non-Specific Low Back Pain Contingent Upon A Corresponding Impro-vement In The Targeted Aspect (S) Of Performance? A Systematic Review. European Spine Journal, V. 21, N. 4, P. 575-598, 2012. Issn 0940-6719.

10. Woods J, et al. The Covid-19 Pandemic And Physical Activity. Sports Medicine And Health Science, N. May, 2020.

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