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1 Comer e Beber Juntos e Viver em Paz (Adaptado de Boff, Leonardo. Virtudes para um outro mundo possível, vol III:comer e beber juntos e viver em paz. Petrópolis: Vozes, 2006.) O Ser Humano não é somente um ser de natureza regido unicamente pelo instinto: tendo fome, lança-se sobre uma porção de comida. Ele é, principalmente, um ser de cultura, que o leva a moderar o instinto e a ritualizar o ato de comer, geralmente à mesa, junto com outras pessoas. A passagem do animal ao humano se deu exatamente quando nossos antepassados antropoides começaram a comer juntos com o seu grupo de convivência. Daí nasceu a comensalidade. Ela significa comer e beber juntos, expressão singular de nossa verdadeira humanidade. Devido à alteração da vida moderna e à fragmentação de nosso tempo, nem sempre as famílias têm a oportunidade de comerem juntas. Mas recordamos sempre com saudades os momentos em que, nas festas familiares do Natal, de um aniversário ou de outra data importante, nos reuníamos todos ao redor da mesma mesa familiar. É um dos sonhos mais antigos da humanidade imaginar que todas as pessoas, habitantes da Casa Comum, a Terra, possam um dia sentar-se juntas à mesma mesa como uma grande família e celebrar a alegria de comerem e beberem juntas dos bons frutos da Terra e do seu trabalho. Grande parte da humanidade está faminta ou subnutrida. Tal fato constitui escândalo e sinal de extrema inumanidade, porque dispomos de todos os meios técnicos e políticos que nos permitem oferecer pelo menos três refeições diárias a todos os habitantes da Terra. Não o fazemos porque perdemos a sensibilidade para com nossos semelhantes. Comer e beber juntos à mesma mesa – comensalidade – significa resgatar a nossa humanidade mínima, pois foi o ato comunitário de comer e de beber juntos que nos constitui outrora e nos constitui ainda hoje como espécie humana. Não haverá paz no mundo enquanto houver estômagos vazios, falta de solidariedade e de compaixão para com os mais necessitados. Comer e beber juntos – a comensalidade – são atividades primordiais da humanidade. Não só nutrimos nossos corpos como alimentamos nosso espírito. Comer e beber são ritos carregados de significações. É pelos ritos que revelamos nossa humanidade e o grau de civilização que conseguimos alcançar.

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Comer e Beber Juntos e Viver em Paz(Adaptado de Boff, Leonardo. Virtudes para um outro mundo possível, vol III:comer e beber juntos e viver

em paz. Petrópolis: Vozes, 2006.)

O Ser Humano não é somente um ser de natureza regido unicamente pelo instinto: tendo fome, lança-se sobre uma porção de comida. Ele é, principalmente, um ser de cultura, que o leva a moderar o instinto e a ritualizar o ato de comer, geralmente à mesa, junto com outras pessoas. A passagem do animal ao humano se deu exatamente quando nossos antepassados antropoides começaram a comer juntos com o seu grupo de convivência. Daí nasceu a comensalidade. Ela significa comer e beber juntos, expressão singular de nossa verdadeira humanidade.

Devido à alteração da vida moderna e à fragmentação de nosso tempo, nem sempre as famílias têm a oportunidade de comerem juntas. Mas recordamos sempre com saudades os momentos em que, nas festas familiares do Natal, de um aniversário ou de outra data importante, nos reuníamos todos ao redor da mesma mesa familiar.

É um dos sonhos mais antigos da humanidade imaginar que todas as pessoas, habitantes da Casa Comum, a Terra, possam um dia sentar-se juntas à mesma mesa como uma grande família e celebrar a alegria de comerem e beberem juntas dos bons frutos da Terra e do seu trabalho.

Grande parte da humanidade está faminta ou subnutrida. Tal fato constitui escândalo e sinal de extrema inumanidade, porque dispomos de todos os meios técnicos e políticos que nos permitem oferecer pelo menos três refeições diárias a todos os habitantes da Terra. Não o fazemos porque perdemos a sensibilidade para com nossos semelhantes.

Comer e beber juntos à mesma mesa – comensalidade – significa resgatar a nossa humanidade mínima, pois foi o ato comunitário de comer e de beber juntos que nos constitui outrora e nos constitui ainda hoje como espécie humana. Não haverá paz no mundo enquanto houver estômagos vazios, falta de solidariedade e de compaixão para com os mais necessitados.

Comer e beber juntos – a comensalidade – são atividades primordiais da humanidade. Não só nutrimos nossos corpos como alimentamos nosso espírito. Comer e beber são ritos carregados de significações. É pelos ritos que revelamos nossa humanidade e o grau de civilização que conseguimos alcançar.

Hoje mais da metade da humanidade não tem acesso ao comer e ao beber humanos. Tal escândalo constitui um problema ético e político dos mais graves. Acusa de insensibilidade, impiedade e barbárie a humanidade bem-nutrida. Que estratégias seguir para colocar todos à mesa como humanidade?

COMER E BEBER JUNTOS: A COMENSALIDADE

A culminância do processo da hospitalidade, da convivência, do respeito e da tolerância é alcançada com a comensalidade. Comensalidade significa comer e beber juntos. Todos se sentam à mesa, como comensais, para comer, beber e festejar o estar juntos na mesma Casa Comum.

A mesa, ao redor da qual se realiza comensalidade, é uma das referências mais fundamentais da familiaridade humana. À mesa se fazem e se refazem continuamente as relações familiares.

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A mesa, antes que um móvel, remete a uma experiência existencial e a um rito. Ela representa lugar privilegiado da família, da irmandade. Partilha-se o alimento e junto com ele comunica-se a alegria de encontrar-se , o bem estar sem disfarces, o estar-junto que se traduz pela não-cerimônia dos comentários dos fatos cotidianos, das opiniões sem censura sobre os acontecimentos da história local, nacional e internacional. À mesa, além dos familiares, podem estar os amigos e os hóspedes. É à mesa que todos nos sentimos, de certa forma, membros da família humana.

Os alimentos são mais do que coisas materiais. São símbolos do encontro. O alimento é apreciado e feito objeto de comentários. A maior alegria da mãe ou da cozinheira é perceber a alegria dos comensais. Gesto importante na mesa é servir ou passar a comida ao outro. O comportamento civilizado faz com que todos se sirvam, zelando para que a comida chegue suficientemente a todos.

Sem excessivo romantismo devemos reconhecer que a mesa é também lugar de tensões e de conflitos familiares, onde as coisas são discutidas abertamente, diferenças são explicitadas e acertos podem ser estabelecidos. Onde há também silêncio perturbadores que revelam todo um mal estar coletivo. A mesa é mesa humana, com todas as contradições que a humanidade comporta.

A cultura contemporânea modificou de tal forma a lógica do tempo cotidiano em função do trabalho e da produtividade que enfraqueceu a referência simbólica da mesa. Ela foi reservada para os domingos ou para os momentos especiais, de festa ou de aniversário, quando os familiares se encontram. Mas, via de regra, deixou de ser o ponto de convergência permanente da família.

A mesa familiar foi substituída por outras mesas, absolutamente dessacralizadas: mesa de negociação, mesa de jogos, mesa de discussão e de debate, mesa de câmbio e mesa de concertação de interesses, entre outras. Mesmo dessacralizadas, estas várias mesas guardam uma referência inapagável: são lugar de encontro entre as pessoas, pouco importa os interesses que as levam a se sentarem à mesa. Estar a mesa para a troca, negociação, concertação e definição de soluções que agradem as partes envolvidas. Ou também abandonar a mesa pode significar o fracasso da negociação e do reconhecimento do conflito de interesses. A mesa encarna todas essas contradições.

Não obstante esta difícil dialética, precisamos resgatar o sentido humano da mesa como familiaridade e convivialidade. Importa reservar espaços de tempo para a mesa em seu sentido pleno da comensalidade e da conversação livre e desinteressada. Ela é uma das fontes permanentes de refazimento da humanidade em seu senti mais pleno.

Comensalidade: passagem do animal ao Homem

A comensalidade é tão central que está ligada à própria essência do ser humano enquanto humano. Há sete milhões de nãos teria começado a separação lenta e progressiva entre os símios superiores e os humanos a partir de um ancestral comum. A especificidade do ser humano surgiu de forma misteriosa e de difícil reconstituição histórica. Entretanto, etnobiólogos e arqueólogos nos acenam para um fato singular. Quando nossos antepassados antropoides saíam para recoletar frutos, sementes, caças e peixes não comiam individualmente o que conseguiam reunir. Tomavam os alimentos e os levavam ao grupo, e aí praticavam a comensalidade: distribuíam os alimentos entre si e os comiam grupal e comunitariamente.

Portanto, a comensalidade, que supõe a solidariedade e a cooperação de uns para com os outros, permitiu o primeiro salto da animalidade em direção à humanidade. Foi só um primeiríssimo passo, mas decisivo porque coube a ele inaugurar a característica básica da

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espécie humana, diferente de outras espécies complexas: a comensalidade, a solidariedade e a cooperação. Essa pequena diferença faz toda uma diferença.

A comensalidade que ontem nos fez humanos continua tal tarefa ainda hoje. E se não estiver presente, nos fazemos desumanos, cruéis e sem piedade. Mas não apenas a comensalidade nos fez seres sociais e cooperativos. Surgiu outro fator que revela a natureza social e comunitária do ser humano: a fala na forma de uma linguagem gramaticada. Efetivamente, o ser humano é o único ser de linguagem “em dupla articulação”, das palavras e dos sentidos. Ambos são regidos por regras gramaticais. Falamos, não emitimos sons e grunhidos. Como o mostraram os dois conhecidos chilenos Maturana e Varela, a linguagem possibilita o ser humano organizar o mundo, dando nomes e classificando todas as coisas, também o imaginário e o pensamento, com a arquitetônica dos conceitos. (Cf. Maturana e Varela, 1995).

Outro elemento, produtor de humanidade, estreitamente ligado à comensalidade, é a culinária; vale dizer, a preparação dos alimentos. Bem escreveu Claude Lévi-Strauss, eminentemente antropólogo que trabalhou muitos anos no Brasil: “o domínio da cozinha constitui uma forma de atividade humana verdadeiramente universal. Assim como não existe sociedade sem linguagem, assim também não há nenhuma sociedade que não cozinhe alguns de seus alimentos”. (cf. Pinguad et al, 1960: 40).

Há 500 mil anos o ser humano aprendeu a fazer fogo e a domesticá-lo. Com o fogo começou a cozinhar os alimentos. O “fogo culinário” é o que diferencia o humano de outros mamíferos complexos. A passagem do cru ao cozido é considerado um dos fatores de passagem do animal ao ser humano civilizado. Com o fogo surgiu a culinária, própria de cada povo, de cada cultura e de cada região.

Cada povo possui alguns alimentos característicos que entram na constituição de sua identidade histórica. Assim, por exemplo, a feijoada do Brasil, os tacos do México, o hambúrguer dos norte-americanos, a pizza dos italianos, a salada de batatas e o chucrute dos alemães, o kibe dos árabes, o sushi e sashimi dos japoneses, entre outros. Não se trata de apenas cozinhar os alimentos, mas de realçar seu sabor. Nos condimentos utilizados e nos sabores diferenciados se distingue uma culinária da outra e se diferenciam as culturas. As várias culinárias criam hábitos culturais, não raro vinculados a certas festas como o Natal (o peru), a Páscoa (ovos de chocolate), o primeiro dia do ano (carne suína), a Festa de São João (milho assado), o aniversário (bolo), e outras.

A comensalidade está ligada a todos esses fenômenos complexos. É sempre um rito comunitário, cercado de símbolos e de significados que reforçam a pertença ao grupo e que consolida o salto para dentro do especificamente humano.

Em outras palavras, nutrir-se nunca é uma mecânica biológica individual. Consumir comensalmente é comungar com os outros que comigo comem. É entrar em comunhão com as energias escondidas nos alimentos, com seu sabor, seu odor, sua beleza e suja densidade. É comungar com as energias cósmicas que subjazem aos alimentos, especialmente a fertilidade da terra, a irradiação solar, a floresta, a água, a chuva e o vento.

Em razão deste caráter numinoso do comer/consumir/comungar, toda comensalidade é de certa forma sacramental. Ela vem carregada de energias benfazejas, simbolizadas por ritos e representações plásticas. Produz alegria aos comensais. O momento do comer é um dos mais esperados do dia e da noite. Há a consciência instintiva e reflexa de que sem o comer não há vida nem sobrevida, nem alegria de existir e coexistência social.

Durante milhões de anos os seres humanos, surgidos primeiramente na África, viviam nômades circulando por lugares que lhes ofereciam mais chances de sobrevivência e de comodidade, como às margens de rios, lagos, charcos, costas marítimas e fundos úmidos e verdes dos vales. Tributários da natureza, tiravam dela o que precisavam para comer, coletando, caçando, pescando, armazenando. Da apropriação dos frutos da natureza passou-se com a evolução para a produção mediante a criação da agricultura que supõe a domesticação e o cultivo de sementes e plantas.

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Esta domesticação é uma consequência da sedentarização. Por volta de 10 a 12 mil anos atrás ocorreu talvez a maior revolução da história humana: de nômades, os seres humanos se fizeram sedentários. Fundaram as primeiras vilas (12.000 a.C.), inventaram a agricultura (9.000 a.C.) e começaram a domesticar e criar animais (8.500 a.C.). Começou um processo civilizatório extremamente complexo com sucessivas revoluções, abertas pela primeira (a industrial): a nuclear, a cibernética, a da informação, até alcançar o nosso tempo.

Primeiramente se domesticaram vegetais e cereais selvagens, provavelmente, por mulheres mais observadoras do ritmo da natureza. Tudo parece ter se iniciado no Oriente Médio entre os rios Tigre e Eufrates e no vale do Indus, na Índia. Aí se domesticou o trigo, a cevada, a lentilha, a fava e a ervilha. Na América Latina foi o milho, o abacate, o tomate, a mandioca e os feijões. No Oriente foi o arroz e o milhete. Na África, o milho e o sorgo. Essa revolução ocorreu entre 9.000 e 5.000 anos antes da nossa era (cf. Pelt, Mazoyer, Monod e Girardon, 1998).

Em seguida, por volta de 8.500 anos antes da nosso tempo, se domesticaram espécies animais, a começar pelas cabras, carneiros, depois o boi e o porco. Entre os galináceos, a galinha foi a primeira.

Continuavam as caçadas seletivas e a colheita de frutos e sementes. Mas pelos novos métodos se garantia melhor a dieta e se superava o estresse da busca diária de alimentos. Essa situação se desenvolveu ainda mais com a invenção da roda, da enxada, do arado e de outros utensílios de metal (o metal já era conhecido por volta de 7.000 anos a. C.) por volta de 4.000 anos antes de nossa era.

Esses poucos dados hoje são levantados cientificamente por arqueólogos e etnobiólogos, usando as mais modernas tecnologias do carbono radioativo, do microscópio eletrônico e da análise química de sedimentos, de cinzas, de pólens, de ossos e carvões de madeiras. Os resultados permitem reconstituir como era a ecologia local e de que forma se operava a utilização econômica por parte das populações humanas (cf. Langaney, Simonet et al, 2002).

Entretanto, importa não esquecer que esta história é curtíssima quando comparada com a história da vida. Se partirmos do fato que o ser humano, plenamente humano, surgiu há três milhões de anos, então por 2.990.000 anos ele viveu como coletor e caçador. Só há 10.000 ou 12.000 anos compareceu como criador e interventor da natureza (cf. Olson, 2003).

Ao plantar e colher trigo ou arroz ele pôde criar reservas, organizar a alimentação do grupo, fazer crescer a família e, assim, a população. Ao mesmo tempo começou a perder a relação sinergética e cooperativa com a natureza. Agora ele tem que cuidar dos campos, desmatar, revolver a terra, plantar, colher ou cuidar dos campos, desmatar, revolver a terra, plantar, colher ou cuidar dos currais dos animais, buscar alimentos para eles, providenciar sua reprodução. Em outras palavras, introduzir o trabalho e a produção que lhe garantiram os excedentes. Aquilo que significava libertação começou, de certa forma, também a escraviza-lo pois surgiram as obrigações e o atrelamento a estas atividades, sem as quais não garantiria o seu sustento. Teve que ganhar a vida com o suor do seu rosto. E o fez com furor. O avanço da agricultura e da criação de animais fez desaparecer lentamente a décima parte de toda a vegetação selvagem e de animais (cf Langaney, Simonet et al, 2002). Não havia ainda a preocupação com a gestão responsável do meio ambiente. E é também difícil de imaginá-la, dada a riqueza dos recursos naturais e a capacidade de reprodução e regeneração dos ecossistemas.

Entretanto, buscou-se relativamente cedo a produção e a reserva sistemática de alimentos. Assim, os sumérios foram os primeiros a fazer irrigações com diques e canais usando a água abundante dos rios Tigres e Eufrates. Aumentaram consideravelmente as colheitas de cereais com os quais abasteciam abundantemente as cidades e lhes permitiu alimentar os exércitos, que começaram a fazer guerras no sentido moderno da palavra.

Ocorre que as águas começaram a se infiltrar fazendo subir o nível freático. As rochas cheias de sal começaram a liberar o sal dissolvido na água que, ao evaporar, deixou como

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efeito a sanilização dos solos. As terras se tornaram improdutivas, provocando escassez de alimentos, uma das razões da derrocada desta extraordinária civilização.

Os maias, a civilização mais sofisticada da Mesoamérica, desapareceram pela falta de cuidado com o meio ecológico que impossibilitou o cultivo do milho e de outros cereais e vegetais. Viram-se obrigados a abandonar suas cidades e pirâmides até entrarem em profunda decadência (cf. Brahic et al, 2001: 176-178).

A batata, esse tubérculo originário do antigo Peru dos incas, havia se tornado a alimentação fundamental das populações do norte da Europa, especialmente dos irlandeses pobres já a partir do século XVII. Entre 1845 e 1847 irrompeu a doença da batata que dizimou todas as plantações, acarretando uma terrível fome. Dois milhões de irlandeses ou emigraram para os EUA ou simplesmente morreram. Novamente houve aqui uma falta de manejo ecológico, associada também à negação da solidariedade mínima, especialmente por parte dos ingleses, provocando este desastre populacional.

De todas as formas, o neolítico pôs em marcha um processo que nos alcança até os dias de hoje. A segurança alimentar e o grande banquete que a revolução agrícola poderia ter preparado para toda a humanidade, no qual todos seriam igualmente comensais, não pôde ser ainda celebrado. Bilhões de seres humanos estão ao pé da mesa, esperando alguma migalha para poderem matar a fome. Eles não possuem nenhuma sustentabilidade e seguridade alimentar.