comemorações do 182.º aniversário da faculdade de medicina ...jsoares/research/recortes/2007 tm...

17
20 12 de Março de 2007 Tempo Medicina Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina do Porto Jorge Sampaio desafiou os responsáveis da FMUP a envolver os estudantes na luta contra a tuberculose, através de «cursos de campo» em países africanos. Agostinho Marques comprometeu-se a avançar com esse trabalho mas considerou imperioso criar uma autoridade nacional que coordene o combate à doença Alunos podem ser envolvidos na luta contra a tuberculose Paula Mourão Gonçalves Jorge Sampaio foi o convidado especial nas come- morações do 182.º aniversário da Faculdade de Medi- cina da Universidade do Porto (FMUP), assinalado no passado dia 28 de Fevereiro. E o combate à tuberculose (TB) foi o tema primordial, com o ex-Presidente da República e actual enviado especial do secretário- geral da ONU para o combate à tuberculose a apelar ao envolvimento da FMUP na criação de «cursos de campo» para formação na área da saúde em países africanos de língua portuguesa. Uma iniciativa que, sugeriu, contaria com a «colaboração dos alunos finalistas, a desenvolverem um trabalho de solidarie- dade, que lhes daria ao mesmo tempo amplas perspec- tivas e completaria a sua formação académica». «No passado Verão, em Adis Abeba (Etiópia), um responsável pela Saúde de um país africano dizia-me: “Um dos nossos principais problemas é a carência de trabalhadores de saúde, não necessariamente apenas médicos e enfermeiros, mas prestadores de cuidados primários ao nível das comunidades. Têm vocês mais médicos no Hospital de Santa Maria do que nós em todo o nosso território”», contou Sampaio, para quem a formação de alunos em países com carências ao nível dos cuidados de saúde seria uma forma de «reforçar a responsabilidade social nos futuros médicos e o seu sentido de cidadania global». O enviado especial do secretário-geral da ONU para o combate à tuberculose documentou esta realidade com alguns números: «Com apenas 11% da população mundial, África conta com 24% do fardo mundial das doenças e apenas 3% dos recursos humanos mundiais na área da Saúde». A proposta foi bem acolhida pelo director da FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo Medicina», disse que vai solicitar ao Centro de Educação Médica que «avance já» com a concre- tização do projecto. «Não tem só interesse para eles [os países onde venha a desenvolver-se], tem também imenso interesse educativo para a faculdade», disse. E enquanto Jorge Sampaio optou por uma aborda- gem global do problema, recusando-se a comentar para o «TM» a realidade nacional e o facto de termos a mais alta taxa de incidência da Europa Ocidental, o pneumologista Agostinho Marques lembrou que «Portugal está muitíssimo longe de ver este problema resolvido». O director da FMUP criticou o facto de o Ministério da Saúde não ter ainda decidido o que fazer com as propostas de revisão do Plano Nacional de Luta contra a Tuberculose que a comissão — da qual faz parte — concluiu há mais de um ano, e mostrou-se duvidoso em relação à sua passagem à prática. «Quando passa muito tempo, as coisas acabam por ir para o lixo», desabafou. Para Agostinho Marques, «faz falta uma autorida- de nacional de luta contra a tuberculose», com um responsável nacional e «um em cada região, porque a tuberculose não é homogénea». «Não vale a pena ser bom gestor» Em resposta a Agostinho Marques, que se quei- xou de que a FMUP está a ficar sem espaço físico (ver caixa), o reitor da Universidade do Porto (UP), Marques dos Santos, disse que este é um processo que está prestes a ser desbloqueado. E clarificou que, ao abrigo do Quadro de Referência Estratégico Naci- onal (QREN), estão asseguradas as verbas para a construção de novas instalações para a FMUP, o ICBAS e a Faculdade de Farmácia, havendo a pro- messa do Governo de, em Março, ainda antes da aprovação em Bruxelas do QREN, poder vir a autori- zar o lançamento dos necessários concursos públi- cos, para encurtar prazos. Por outro lado, Marques dos Santos mostrou-se insatisfeito com o montante previsto no Orçamento do Estado para a UP, dizendo que «não vale a pena ser bom gestor». De acordo com o reitor, a universi- dade «devia ter recebido mais quatro milhões de euros e acabou por receber menos sete milhões», disse, reconhecendo que os cortes trazem «conse- quências sérias» à gestão da UP. Ordem dos Médicos deve avaliar faculdades de Medicina Aproveitando a presença do bastonário na ceri- mónia de comemoração dos 182 anos da faculdade, Agostinho Marques apelou à intervenção da Ordem dos Médicos na avaliação do ensino médico. «As faculdades de Medicina devem ser avaliadas de fora «Têm vocês mais médicos no Hospital de Santa Maria do que nós em todo o nosso território», confidenciou a Jorge Sampaio um governante africano SOCIOPROFISSIONAL Ivo Godinho CENTRO MÉDICO NA AMADORA ADMITE CLÍNICOS GERAIS TM. 91 460 50 50

Upload: others

Post on 24-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 0

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina do Porto

Jorge Sampaio desafiou os responsáveis da FMUP a envolver os estudantes na lutacontra a tuberculose, através de «cursos de campo» em países africanos. AgostinhoMarques comprometeu-se a avançar com esse trabalho mas considerou imperioso criaruma autoridade nacional que coordene o combate à doença

Alunos podem ser envolvidosna luta contra a tuberculose

Paula Mourão Gonçalves

Jorge Sampaio foi o convidado especial nas come-morações do 182.º aniversário da Faculdade de Medi-cina da Universidade do Porto (FMUP), assinalado nopassado dia 28 de Fevereiro. E o combate à tuberculose(TB) foi o tema primordial, com o ex-Presidente daRepública e actual enviado especial do secretário-geral da ONU para o combate à tuberculose a apelar aoenvolvimento da FMUP na criação de «cursos decampo» para formação na área da saúde em paísesafricanos de língua portuguesa. Uma iniciativa que,

sugeriu, contaria com a «colaboração dos alunosfinalistas, a desenvolverem um trabalho de solidarie-dade, que lhes daria ao mesmo tempo amplas perspec-tivas e completaria a sua formação académica».

«No passado Verão, em Adis Abeba (Etiópia), umresponsável pela Saúde de um país africano dizia-me:“Um dos nossos principais problemas é a carência detrabalhadores de saúde, não necessariamente apenasmédicos e enfermeiros, mas prestadores de cuidadosprimários ao nível das comunidades. Têm vocês maismédicos no Hospital de Santa Maria do que nós emtodo o nosso território”», contou Sampaio, para quema formação de alunos em países com carências ao níveldos cuidados de saúde seria uma forma de «reforçar aresponsabilidade social nos futuros médicos e o seusentido de cidadania global». O enviado especial dosecretário-geral da ONU para o combate à tuberculosedocumentou esta realidade com alguns números: «Comapenas 11% da população mundial, África conta com24% do fardo mundial das doenças e apenas 3% dosrecursos humanos mundiais na área da Saúde».

A proposta foi bem acolhida pelo director daFMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao«Tempo Medicina», disse que vai solicitar ao Centro

de Educação Médica que «avance já» com a concre-tização do projecto. «Não tem só interesse para eles[os países onde venha a desenvolver-se], tem tambémimenso interesse educativo para a faculdade», disse.

E enquanto Jorge Sampaio optou por uma aborda-gem global do problema, recusando-se a comentarpara o «TM» a realidade nacional e o facto de termosa mais alta taxa de incidência da Europa Ocidental, opneumologista Agostinho Marques lembrou que«Portugal está muitíssimo longe de ver este problemaresolvido».

O director da FMUP criticou o facto de o Ministérioda Saúde não ter ainda decidido o que fazer com aspropostas de revisão do Plano Nacional de Luta contraa Tuberculose que a comissão — da qual faz parte —concluiu há mais de um ano, e mostrou-se duvidoso emrelação à sua passagem à prática. «Quando passamuito tempo, as coisas acabam por ir para o lixo»,desabafou.

Para Agostinho Marques, «faz falta uma autorida-de nacional de luta contra a tuberculose», com umresponsável nacional e «um em cada região, porque atuberculose não é homogénea».

«Não vale a pena ser bom gestor»Em resposta a Agostinho Marques, que se quei-

xou de que a FMUP está a ficar sem espaço físico (vercaixa), o reitor da Universidade do Porto (UP),Marques dos Santos, disse que este é um processoque está prestes a ser desbloqueado. E clarificou que,ao abrigo do Quadro de Referência Estratégico Naci-onal (QREN), estão asseguradas as verbas para aconstrução de novas instalações para a FMUP, oICBAS e a Faculdade de Farmácia, havendo a pro-messa do Governo de, em Março, ainda antes daaprovação em Bruxelas do QREN, poder vir a autori-zar o lançamento dos necessários concursos públi-cos, para encurtar prazos.

Por outro lado, Marques dos Santos mostrou-seinsatisfeito com o montante previsto no Orçamentodo Estado para a UP, dizendo que «não vale a penaser bom gestor». De acordo com o reitor, a universi-dade «devia ter recebido mais quatro milhões deeuros e acabou por receber menos sete milhões»,disse, reconhecendo que os cortes trazem «conse-quências sérias» à gestão da UP.

Ordem dos Médicosdeve avaliar faculdades de MedicinaAproveitando a presença do bastonário na ceri-

mónia de comemoração dos 182 anos da faculdade,Agostinho Marques apelou à intervenção da Ordemdos Médicos na avaliação do ensino médico. «Asfaculdades de Medicina devem ser avaliadas de fora

«Têm vocês mais médicos no Hospital deSanta Maria do que nós em todo o nossoterritório», confidenciou a Jorge Sampaio

um governante africano

S O C I O P R O F I S S I O N A LIv

o Go

dinh

o

CENTRO MÉDICO NA AMADORA

ADMITE CLÍNICOS GERAIS

TM. 91 460 50 50

Page 2: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 1

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

e não de dentro», disse, sugerindo a criação decomissões externas, «muito externas, mesmo», ouseja, com especialistas estrangeiros, para que osavaliadores não sejam «nem amigos, nem inimigos»dos que se sujeitam a avaliação.

«Deveria ser o Ministério da Educação ou aDirecção-Geral do Ensino Superior a tomar a iniciati-va de constituir estas comissões», referiu ao «TM»,frisando que a OM e o Ministério da Saúde nãodevem ficar de fora deste processo. «O Ministério,porque é o mercado a que se dirigem os médicos, e aOrdem, porque detém a competência para regular ospatamares de qualidade da formação», disse.

Abordagem da sida e da tuberculosedeve ser articuladaNum discurso intitulado «A globalização dos pro-

blemas de saúde e da sua solução», Jorge Sampaiochamou a atenção para a necessidade de articular ocombate ao VIH-sida com o da tuberculose. A conjuga-ção destas duas doenças «produz uma sinergia nocivaque tem conduzido à explosão de casos de TB emregiões de alta prevalência do VIH», disse o ex-Presi-dente da República, apontando uma diferença «radical»entre estas patologias, pelo facto de a TB ser curável.

«Como tolerar, então, que a TB continue a matar,em todo o Mundo, cinco mil pessoas por dia e seja aprincipal causa de mortalidade das pessoas infecta-das pelo VIH-sida? Como continuar a aceitar que, porexemplo, só 7% das pessoas com TB sejam testadasem relação à sida e só 0,5% das pessoas com sidasejam testadas em relação à TB?», questionou.

Agostinho Marques defendeu esta articulação,mas lembrou que os planos de luta contra as duaspatologias não devem ser agregados num só. «Sãorealidades distintas, precisam de combates autóno-mos», sublinhou.

No que toca à TB, e olhando a outra questãolevantada por Jorge Sampaio, a da TB multirresisten-te, Agostinho Marques disse que a intervenção aeste nível deve preocupar-se, particularmente, com ocumprimento escrupuloso do tratamento por partedos doentes, criando para tal brigadas que levem osmedicamentos a casa daqueles, alargando também orastreio aos contactos da pessoa infectada. «Todosos doentes que precisam de tratamento são tratados,já se gasta todo o dinheiro que é preciso ser gasto,mas o combate não está organizado», sublinhou.

Qualidade do ensino em perigoNum discurso em que enalteceu o espírito de grupo que une alunos, funcionários e professores,e o bom momento que a instituição atravessa, quer pela projecção académica quer ao nível dagestão, Agostinho Marques disse que a FMUP chegou ao «limite» das suas capacidades, no que tocaàs condições físicas.«Já não temos condições para fazer um bom ensino», advertiu, para insistir na «urgência» de novasinstalações, prometidas desde o primeiro governo de António Guterres e cujas verbas para oarranque foram inscritas no PIDDAC para 2007, mas que não chegaram ainda à fase da aberturade concursos públicos.Lembrando que a FMUP é «a primeira das faculdades portuguesas» no que toca ao número depublicações científicas», Agostinho Marques disse que, nas actuais condições, a faculdade nãopode investir convenientemente na investigação de que, vincou, nenhum sector da instituição podeandar arredado.O director da FMUP queixou-se ainda do crescente aumento do número de vagas que, alertou, «iráproduzir um grave problema de emprego no futuro». Ao «TM», o pneumologista lembrou que nãoé a faculdade que determina o número de alunos que acolhe, mas sim o ministério. «Nem nosperguntam», afirmou, para falar num processo «político» permeável às pressões das famílias paraabertura de vagas, sem olhar ao facto de que, dentro de 12 anos, haverá «excesso de médicos».

Agostinho Marques defendeu que «fazfalta uma autoridade nacional de luta

contra a tuberculose»

S O C I O P R O F I S S I O N A L

Page 3: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 2

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

O U T R O S S A B E R E S

Apresentação de livro de receitas para diabéticos

Sobremesas docesmas inofensivas

Destinado a diabéticos, mas não só, o novo livro de Maria de LourdesModesto, intitulado Gulodices — Menos Calorias com o Mesmo Prazer,foi escrito em colaboração com a nutricionista Maria João Afonso e reúneum conjunto de receitas de sobremesas com reduzido teor de açúcar

Fern

anda

Jaci

nto

Andreia Vieira

Diz o velho ditado popular que «o doce nuncaamargou», mas a verdade é que, durante muitotempo, diabéticos ou obesos eram aconselhados acortar nas sobremesas. Felizmente para aquelesdoentes, o conceito está hoje «ultrapassado», se-gundo Luís Gardete Correia, endocrinologista daAssociação Protectora dos Diabéticos de Portugal(APDP), que falou na sessão de apresentação dolivro Gulodices — Menos Calorias com o MesmoPrazer, escrito por Maria de Lourdes Modesto emparceria com Maria João Afonso, nutricionista daAPDP.

Lançada no passado dia 27 de Fevereiro, emLisboa, a obra veio colmatar uma lacuna existente nomercado livreiro nacional, na opinião do médico,também presidente da Sociedade Portuguesa deDiabetologia. «Não há muitos livros deste tipo»,garantiu, apontando defeitos às publicações dispo-níveis, quase todas «traduções certamente do in-glês, muitas vezes com ingredientes, modos de con-fecção e paladares que não são os nossos».

Por saber que «todos os dias o diabético é obri-gado a fazer opções» no que diz respeito à alimenta-ção, medicação ou prática de exercício físico, o espe-cialista considera relevantes todos os esforços quecontribuam para o esclarecimento destes doentes, jáque «para melhor optar é necessário educar». Sendoeste um «primeiro livro de portugueses para portu-gueses», espera-se que o contributo possa ser aindamais eficaz.

«Festa para todos»Para Maria João Afonso, uma das grandes virtu-

des do livro que ajudou a conceber é a de poderajudar os diabéticos a integrarem os «aspectos cul-

turais e sociais associados aoprazer» da comida. Também paraMargarida Mercês de Melo, fi-gura televisiva e convidada aapresentar a obra, «este livro érevolucionário», precisamenteporque «vem democratizar» oacesso às sobremesas. «O peca-do da gula passa a poder serpraticado por todos», afirmou,sublinhando que é agora «pos-sível haver festa para todos semmarginalização de alguns».

Todas as receitas contidasno pequeno livro agora publi-cado pela Verbo, com apoio daServier, são confeccionadascom substituição total ou par-cial do açúcar por adoçantesnão calóricos. De acordo com anutricionista da APDP, este facto torna a brochuraadequada para quem tem o «objectivo de controlara ingestão de calorias, reduzir o peso ou mesmomanter um peso saudável». Na elaboração dasguloseimas — que incluem o arroz-doce ou a mous-se de chocolate, entre outros — verificou-se aindaa preocupação de «reduzir a gordura dita saturada,cujo consumo se relaciona com o aumento dosníveis de colesterol».

Ainda assim, algumas receitas incluem o açúcarna lista de ingredientes e tal acontece sempre que a«substituição total não resulta bem», ou seja, nassituações em que o volume e a textura do açúcar sãodeterminantes para o resultado final, optando-sepor misturar com o adoçante, «senão o resultadonão é minimamente apelativo», esclareceu a especi-alista.

Receitas «a toda a prova»Questionada sobre a garantia de total inocui-

dade para diabéticos, Maria de Lourdes Modesto

assegurou que «as receitas são a toda a prova»,desde que «as quantidades indicadas sejam res-peitadas». Da mesma forma, ficou a saber-se queas crianças podem começar a consumir adoçantea partir do primeiro ano de vida, ainda que a«maior preocupação seja com as crianças diabé-ticas». Uma única ressalva é feita às grávidas, quenão devem usar dois tipos específicos de adoçan-te, mas tal informação é também fornecida nolivro.

Conhecida de todos os portugueses por seruma das mais ilustres especialistas em gastrono-mia nacional, Maria de Lourdes Modesto assumiuque «nada» sabe sobre diabetes. Apesar disso,não hesitou em abraçar esta ideia, por sentir-se«recompensada» pelo esforço. «Muitas pessoastêm tendência a considerar o meu trabalho umacoisa frívola e isso magoa-me», lamentou, consi-derando que o voluntariado é uma forma de contra-riar a ideia. Recorde-se que esta é a segunda vezque colabora com a APDP na elaboração de umlivro de receitas, da mesma maneira que já desen-volveu dois projectos idênticos para o InstitutoNacional de Cardiologia Preventiva, em colabora-ção com Fernando de Pádua.

A credibilidade que a autora tem junto do grandepúblico foi também destacada por Margarida Mer-cês de Melo, para quem «este livro até poderia tersido feito pelo maior génio em questões alimentarespara a diabetes, mas em Portugal não poderia termais impacte do que tendo o nome de Maria deLourdes Modesto escrito na capa».

Gastronomia e diabetes de mãos dadas na históriaResponsável pela criação da Associação Protectora dos Diabéticos Pobres (a actual APDP), em 1926, como forma de garantira insulina aos doentes sem capacidade económica para a adquirir, Ernesto Roma é um nome reverenciado na história da Medicinaportuguesa. Mas o que poucas pessoas sabem é que este médico foi um grande apaixonado pela culinária nacional, tendoformado, nesse mesmo ano de 1926, a Sociedade de Gastronomia Portuguesa (depois extinta). Além disso, o famosodiabetologista constituiu aquela que até há bem pouco tempo era considerada a maior e melhor biblioteca culinária do País,onde a própria Maria de Lourdes Modesto chegou a consultar alguns livros para as suas pesquisas.Isto prova que Ernesto Roma reconhecia a importância que o prazer de comer tem na saúde de todos, sobretudo na de quemé obrigado a grandes restrições.

Para Luís Gardete Correia, este éum livro importante, já que«todos os dias o diabético éobrigado a fazer opções»

«O pecado da gula passa a poder ser praticado portodos», afirmou Margarida Mercês de Melo

Page 4: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 3

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Page 5: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 4

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Tempo

PROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADE: IMPREMÉDICA, Imprensa Médica, Lda. REDACÇÃO E PUBLICIDADEREDACÇÃO E PUBLICIDADEREDACÇÃO E PUBLICIDADEREDACÇÃO E PUBLICIDADEREDACÇÃO E PUBLICIDADE: Quinta do Pinheiro, Rua Cristóvão da Gama, n.º 26, cave A Porto da Paiã – 1675-194 Pontinha – TELEFTELEFTELEFTELEFTELEF.: 21 478 86 20; Fax: 21 478 30 81/86 21; E-MAILE-MAILE-MAILE-MAILE-MAIL:[email protected] e [email protected] EDIÇÃO ELECTRÓNICAEDIÇÃO ELECTRÓNICAEDIÇÃO ELECTRÓNICAEDIÇÃO ELECTRÓNICAEDIÇÃO ELECTRÓNICA: www.tempomedicina.com CONSELHO CIENTÍFICO CONSELHO CIENTÍFICO CONSELHO CIENTÍFICO CONSELHO CIENTÍFICO CONSELHO CIENTÍFICO: Prof. Orlando Bordalo, Prof. Norton Brandão, Prof. Francisco José Carneiro Chaves, Prof. José MariaVieira, Prof. António Coito, Dr. Gerardo Ubach Ferrão, Prof. M. J. Halpern, Prof. Manuel da Silva Meirinho, Prof. Miguel Carneiro de Moura, Prof. Rui Penha, Prof. Armando Porto, Prof. Mário Quina, Prof. Luís Aires de Sousa, Dr. Pedro Abreu Loureiro, Dr. Pedro Montargil, Dr.Gastão de Deus Figueira, Dr. Manuel B. Martins, Dr. A. Madeira Ventura e Dr. J. Margalho Carrilho DIRECTORDIRECTORDIRECTORDIRECTORDIRECTOR: Dr. José M. Antunes EDITOREDITOREDITOREDITOREDITOR: João Paulo de Oliveira REDACÇÃO REDACÇÃO REDACÇÃO REDACÇÃO REDACÇÃO: Teresa Mendes (Coordenadora), Maria Fernandes Teixeira (Coordenadora-Adjunta),Rita Vassal e Susana Rodrigues CO CO CO CO COPYPYPYPYPY: Almiro Morais COLABORADORES PERMANENTESCOLABORADORES PERMANENTESCOLABORADORES PERMANENTESCOLABORADORES PERMANENTESCOLABORADORES PERMANENTES: Alice Oliveira e Helena Nunes (Coimbra), Manuel Morato e Paula Mourão Gonçalves (Porto), José Caetano Neto (Lisboa) COLABORADORES COLABORADORES COLABORADORES COLABORADORES COLABORADORES: Ana Paula Avença,Ana Saianda, Fátima Felino Álvaro, Joana Réfega, Jorge Azevedo, Leonor Castro, Linda Rosa, M. M. de Oliveira, Sofia Mesquita dos Santos, Suely Costa, Vanda Amado, Zózimo Zorrinho (Lisboa) e Jennifer Mota (Porto) SECRETARIADOSECRETARIADOSECRETARIADOSECRETARIADOSECRETARIADO: Alice Pereira, Dalinda Ferreira e MaríliaCorreas REDACTORES MÉDICOSREDACTORES MÉDICOSREDACTORES MÉDICOSREDACTORES MÉDICOSREDACTORES MÉDICOS: Dr. Alberto Vasconcelos, Dr.ª Ana Ramos Falcão, Dr.ª Ana Rita Ferreira, Dr.ª Ana Sofia Gonçalves, Dr. Bernardo Feijóo, Dr.ª Carla Loureiro, Dr. Diogo Guerreiro, Dr.ª Joana Osório, Dr. João Mário P. Figueira, Dr.ª Leonor Fernandes,Dr. Miguel Cunha e Dr. Miguel Meira e Cruz IMAGEMIMAGEMIMAGEMIMAGEMIMAGEM: Luís Ribeiro (Coordenador), Fernanda Jacinto, Luciano Reis, André Roque, António Cabral, João Dias e Vera Vidigal (Lisboa), Carlos Monteiro (Coimbra), Ivo Godinho, e Augusto Pessanha (Porto)TM OnlineTM OnlineTM OnlineTM OnlineTM Online: LuísRibeiro (Coordenador) COMERCIALCOMERCIALCOMERCIALCOMERCIALCOMERCIAL: Maria Cristina Lourenço e Ana Paula Gafeira SECRETARIADOSECRETARIADOSECRETARIADOSECRETARIADOSECRETARIADO::::: Ana Oliveira GRAFISMOGRAFISMOGRAFISMOGRAFISMOGRAFISMO E PAGINAÇÃO E PAGINAÇÃO E PAGINAÇÃO E PAGINAÇÃO E PAGINAÇÃO: Pedro Oliveira e Moreira dos Santos SERVIÇOS ADMINISTRATIVOSSERVIÇOS ADMINISTRATIVOSSERVIÇOS ADMINISTRATIVOSSERVIÇOS ADMINISTRATIVOSSERVIÇOS ADMINISTRATIVOS: Dr. Armando Nascimento(Coordenação), Dr.ª Catar ina Silva e Benilde Brás IMPRESSÃOIMPRESSÃOIMPRESSÃOIMPRESSÃOIMPRESSÃO: Empresa Gráf ica Funchalense D ISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO: IMPREMÉDICA/Mult imail ing/Correios DEPÓSITO LEGALDEPÓSITO LEGALDEPÓSITO LEGALDEPÓSITO LEGALDEPÓSITO LEGAL n.º 15 823 I .C.S. nº 214304 (Publicação n.º 108948) n.º 15 823 I .C.S. nº 214304 (Publicação n.º 108948) n.º 15 823 I .C.S. nº 214304 (Publicação n.º 108948) n.º 15 823 I .C.S. nº 214304 (Publicação n.º 108948) n.º 15 823 I .C.S. nº 214304 (Publicação n.º 108948)Preço: Preço: Preço: Preço: Preço: 0,05 euros AAAAASSINATURASSINATURASSINATURASSINATURASSINATURA: 50 euros/ano TiragemTiragemTiragemTiragemTiragem: 15 000 exemplaresA reprodução (integral ou parcial) de artigos publicados no «Tempo Medicina»«Tempo Medicina»«Tempo Medicina»«Tempo Medicina»«Tempo Medicina» e/ou TEMPOMEDICINA ONLINETEMPOMEDICINA ONLINETEMPOMEDICINA ONLINETEMPOMEDICINA ONLINETEMPOMEDICINA ONLINE só é possível com autorização expressa da Direcção do Jornal

R E G I S T O

Isto já não é uma situação nova. Em qualquernegociação com o Ministério, as clínicas usam osdoentes como moeda de troca, o que causa grandeaflição a muita gente. É que, se não receber otratamento, o doente morre

Carlos Silva, presidente da Associação Portuguesa deInsuficientes Renais

Correio da Manhã, 08/03/07

Os estados não têm dinheiro para pagar ostratamentos cada vez mais caros de doenças quesão cada vez mais crónicas. É um facto. Peranteisso que se pode fazer? Diminuir drasticamente ascomparticipações? Deixar de tratar doençascrónicas incuráveis, como a sida? Todas assoluções são desumanas. Mas essa é a realidadeque um dia vamos encarar

Henrique MonteiroExpresso, 03/03/07

É inexplicável que se proponha implementar umareforma que, em concreto, significa fechar 15urgências hospitalares e desqualificar outras 15.Tudo o resto é um emaranhado de boas intençõespara as quais não há calendário nem dinheiro,como é o caso das 14 urgências polivalentes ou das42 urgências básicas

João Semedo, deputado do BESol, 03/03/07

O ministro da Saúde promete duas reformas masnão se compromete com prazos. Mas já sepercebeu que as quer fazer a duas velocidades: oque é para fechar, fecha-se já; o que é para abrir,logo se vê

Idem, ibidem

O Governo fez mais em dois anos do que,provavelmente, outros governos em dez

Correia de Campos, ministro da SaúdeExpresso, 03/03/07

Não há urgências a fecharIdem, ibidem

Sócrates sabe que Margaret Thatcher caiu quandoprocurou destruir o Serviço Nacional de Saúde

Boaventura Sousa SantosVisão, 01/03/07

FACTO DA SEMANA

Versão alargada em www.tempomedicina.com(Edição Semanal e Arquivo «TM»)

Quando o Leão ataca…

Reforma das Urgências hospitalares e SAP

Ministério da Saúdee ANMP acordam protocolo

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e o Ministério da Saúde acordaram, nopassado dia 6, a elaboração de um protocolo conjunto sobre os princípios da reforma das urgênciashospitalares e dos Serviços de Atendimento Permanente. Entretanto, em declarações à Lusa, o presidentedaquela associação, Fernando Ruas, disse que, assim que sejam conhecidos os princípios orientadores,a ANMP «irá pronunciar-se posteriormente sobre esses princípios e apresentar a sua proposta».

A audiência com Correia de Campos ocorreu cerca de duas semanas depois de o Ministério da Saúdeter assinado protocolos com algumas autarquias sobre a reestruturação das Urgências hospitalares.

Univas comemora 20 anos

Enfermeiros «despedidos» em Cascais

A Univas — Unidade de Diagnóstico e Terapêutica Vascular vai celebrar o seu 20.º aniversário comum concerto na Casa do Artista, em Lisboa, no próximo dia 22. O concerto conta com a participação dotenor italiano Giovanni D’Amore, assim como de Rão Kyao, Luís Represas, Lelo Nogueira e a MareNostrum Orquestra.

Numa nota à Comunicação Social, a Delegação Regional de Lisboa do Sindicato dos EnfermeirosPortugueses (SEP) diz que «o Hospital de Cascais vai ter de encerrar serviços», uma vez que, «porinépcia do Governo, 47 enfermeiros são despedidos».

De acordo com aquele sindicato, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo(ARSLVT) decidiu não autorizar o Centro Hospitalar de Cascais (CHC) a celebrar novos contratos com47 profissionais que deveriam ver renovados os seus contratos nos próximos dois meses. Desta forma,diz o comunicado, «o CHC terá de despedir sete enfermeiros durante o presente mês, mais 22 e 18 nosmeses de Abril e Maio, respectivamente», o que, segundo o SEP, «fará com que os cuidados aos utentesdiminuam de qualidade e se gaste desnecessariamente mais dinheiro».

Entretanto, para lutar contra a «precariedade e o desemprego», o SEP convocou uma manifestaçãopara o próximo dia 28, no Rossio, em Lisboa.

Por simbologia ou porque a dureza do combate assim o exige, Miguel Leão apresenta a suacandidatura a bastonário da Ordem dos Médicos amanhã (dia 13), nove meses antes daseleições.

A próxima disputa eleitoral na Ordem começa, assim, cedo e em força, como evidencia oconvite que o médico portuense endereçou aos colegas para a apresentação do projecto«Defender e unir os médicos», na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa. «Não meresigno perante a depreciação progressiva da dignidade dos médicos e entendo que é possível,ainda é possível, mobilizar a classe», diz Leão. E se os seus argumentos são fortes, os nomesque a ele se associam não o são menos. Sobrinho Simões será o mandatário nacional, Vaz Serrao mandatário para a região Centro, Bicha Castelo organizará as hostes no Sul e Alfredo Loureirono Norte.

Claro que também não se poderá escamotear que Miguel Leão tem outros apoios de peso,inclusive dentro da própria Ordem, o que porventura explica a ausência do Conselho Regionaldo Norte na sessão de abertura do XIII Congresso Nacional de Medicina e vários outros«episódios caricatos» a que temos assistido.

Mas uma coisa é certa: se há três anos a «não-candidatura» de Miguel Leão foi incompre-ensível, desta vez era mais do que expectável que ele não resistisse a entrar no combate.

JMA/MFT

Page 6: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 5

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

DR

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

Page 7: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 6

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Subtítulos e destaques da responsabilidade da Redacção

OPINIÃO

A requalificação da redede Urgências

Infelizmente, o programa da RTP Prós e Contras,sobre a reforma da rede de Urgências, anunciado comouma análise ética e técnica da reforma, foi transforma-do num imerecido e inesperado comício do ministro daSaúde, no qual todos os participantes, pelos maisdiversos condicionalismos e reduzido tempo de ante-na, acabaram por colaborar involuntariamente.

É um facto que o relatório da comissão técnicarepresenta um grande progresso para a actual rede deUrgências, que se torna indiscutivelmente mais coe-rente e abrangente, pelo que merece e deve ser aplica-do no terreno. É um trabalho técnico de grande valia,desempenhado gratuitamente, justificando os maio-res encómios ao grupo de médicos que o elaborou.

Porém, é essencial chamar a atenção para algumasinsuficiências do relatório e para os problemas quepodem emergir em função da implementação a ritmosdiferentes das diferentes reformas que afectam, di-recta e indirectamente, o sistema de Urgências. Arede é apenas uma das peças do puzzle deste sistema.

Todos os que trabalham ou recorrem às Urgênci-as sentem que as Urgências hospitalares estão a ficarcompletamente saturadas e, algumas, a entrar emruptura de espaço físico e recursos humanos, nãotendo capacidade para absorver mais encerramen-tos. É um problema generalizado, pelo que seriainjusto estigmatizar somente uma ou outra Urgência,como se os problemas residissem nesse hospital. Oque é confirmado pelos números, pois a afluência àsUrgências em 2006 foi cerca de 4-5% superior à de2005. É o resultado do encerramento dos SAP, semalternativas claras para os cidadãos!

Reformas necessáriasA grande reforma das Urgências está, portanto,

na necessidade de retirar doentes às Urgências, oque só se consegue com uma eficiente reforma doscuidados de saúde primários (CSP). Infelizmente,apesar do sistema de RRE nos CSP ter sido avaliadopositivamente, em termos económicos e de satisfa-

ção de profissionais e utentes, continuam a teorizar-se experiências de efeitos parcelares e a passo decaracol que, nas palavras do próprio ministro daSaúde, «demorarão anos para produzir efeitos!» Éinaceitável que assim seja!

A reforma dos cuidados paliativos, evitando quemuitos idosos sejam obrigados a recorrer aos hospi-tais, também está a avançar lentamente por falta derecursos financeiros, técnicos e humanos!

A proposta para a rede de emergência pré-hospi-talar, absolutamente primordial, é quase completa-mente desconhecida, sendo divulgados apenas pe-quenos pormenores de forma parcelar e incoerente.Envolve, porém, aspectos vergonhosos e enganado-res, como o de equipar helicópteros de emergênciasem médico, procurar fazer entender que um enfer-meiro numa ambulância oferece mais garantias econfiança do que um médico num SAP, ou que umdoente instável possa ser transferido em segurançanuma ambulância sem médico! E uma coisa é certa,para defesa dos doentes não haverá delegação deactos médicos por telefone!

É de salientar que o próprio relatório da comissão

técnica evidencia as grandes insuficiências da emer-gência pré-hospitalar, cuja proposta de rede deveriater sido divulgada em simultâneo. Poderiam as mor-tes de Odemira ter sido evitadas se o helicóptero deLoulé estivesse medicalizado? Foi sintomática e es-clarecedora a recusa do ministro da Saúde em abririnquéritos ao sucedido. O INEM precisa urgente-mente de muito mais transparência e competência!

Críticas ao relatório técnicoQuanto ao relatório técnico propriamente dito,

são as seguintes as principais críticas:— A procura das Urgências foi caracterizada com

os SAP ainda em funcionamento, pelo que está ob-viamente subavaliada, o que poderá justificar a aber-tura de mais serviços de Urgência básicos (SUB).

— O critério dos 150 doentes/dia para justificarSUB foi meramente estatístico e não científico; muitofavorável à política economicista do Ministro daSaúde. Deveria ser utilizado um limiar de 100, o quepermitiria aumentar a proximidade às populações,

fortalecer o seu sentido de segurança e reduzir ostempos reais de assistência e as zonas a descobertono Interior do País.

— Os tempos de espera pela ambulância nãoforam contabilizados! Efectivamente, os tempos detransporte foram calculados como se todo o portu-guês trouxesse uma ambulância no bolso! Significaisto que o tempo real de transporte a um serviço deUrgência, ou seja, desde que se manifesta a necessi-dade até à chegada à Urgência (o tempo que verda-deiramente interessa), é muito superior ao anuncia-do. Quase por definição, todas as situações de ver-dadeira urgência e emergência necessitam de trans-porte em ambulância. Deveria ser apresentado umestudo contabilizando estes tempos, pois não é ver-dadeiro dizer que 99% dos portugueses vão ficar amenos de uma hora, tempo real, de um serviço deUrgência (este deveria ser, de facto, o próximo passona reforma das Urgências!). Aliás, o INEM, quedispõe desses dados informatizados, deveria serobrigado a divulgar os tempos de chegada ao localdas suas ambulâncias, em todo o País e por regiões.

— Deveria ser-se claro na afirmação de que oratio máximo em qualquer SUB nunca poderá ultra-passar 50 doentes/médico/24 horas. Mesmo assim,será difícil ver um doente urgente, potencialmentegrave, cada meia hora, pelo que será obrigatóriomanter o sistema auditado.

As restantes preocupações residem na formacomo a reforma da rede de Urgências irá ser aplicadano terreno, o que já é de responsabilidade ministerial.

Falta transparência e diálogoAs peças do puzzle das Urgências deveriam ser

colocadas todas em simultâneo. Todavia, como játodos nos apercebemos, o ministro da Saúde é bemmais rápido a fechar do que a abrir ou a cumprir a suaspromessas. As suas preocupações são exclusivamen-te financeiras. Recordo as palavras do presidente daCâmara Municipal de Montemor-o-Velho, proferidasno passado mês de Fevereiro: «Quando negociámoso encerramento do SAP prometeram-me mais meios;quase um ano depois, onde estão esses meios?».

A título de exemplo, pode referir-se que algunsSAP com encerramento previsto deveriam ser subs-tituídos por viaturas médicas de emergência, comoem Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra, cujasregiões visitámos, mas os planos concretos sãodesconhecidos, revelando uma intolerável falta detransparência e de diálogo.

Finalmente, toda a reforma das Urgências terá de serpermanentemente auditada, para não colocar em causaa proximidade, acessibilidade e qualidade de todo osistema, procedendo-se de imediato a todas as adapta-ções e melhoramentos considerados necessários.

Desafortunadamente, os portugueses têm razõesde sobra para estar verdadeiramente preocupadoscom uma política de Saúde que desagrega o SNS eprivilegia os encerramentos e a transferência de cus-tos para a população!

*Presidente do Conselho Regional do Centro

da Ordem dos Médicos

A grande reforma das Urgências está,portanto, na necessidade de retirardoentes às Urgências, o que só se

consegue com uma eficiente reforma doscuidados de saúde primários

Como já todos nos apercebemos, oministro da Saúde é bem mais rápido a

fechar do que a abrir ou a cumprir a suaspromessas. As suas preocupações são

exclusivamente financeiras

José Manuel Silva*

Page 8: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 7

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

Page 9: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 8

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

INFORMAÇÃO PROFISSIONAL

Correia de Campos lançou alerta no congresso dos cirurgiões

Cirurgia de ambulatórioé «exigência do futuro»

O ministro da Saúde quer que os médicosrecorram mais à cirurgia de ambulatório.Os médicos, por seu lado, estão conscientesde que é preciso um novo rumo na organizaçãohospitalar e a procura de um novo equilíbriono seu trabalho

Susana Ribeiro Rodrigues

A Cirurgia de ambulatório foi o tema escolhidopelo ministro da Saúde, Correia de Campos, para a suaintervenção na sessão de abertura do XXVII Con-gresso Nacional de Cirurgia. No encontro, realizadoentre 4 e 7 de Março, na Culturgest, em Lisboa, ogovernante afirmou que aquele tipo de cirurgia «seestá a tornar uma exigência do futuro».

Por isso, Correia de Campos, dirigindo-se aosmembros da Sociedade Portuguesa de Cirurgia (SPC),entidade que organizou o encontro, apelou a que oscirurgiões possam «aproveitar da rotina o que sejaseguro» e, por outro lado, «utilizar a inovaçãotecnológica para avançar em novas fronteiras». Ogovernante disse que são conhecidas as «razões darelutância» de muitos dos profissionais em fazercirurgia de ambulatório, mas, na sua opinião, «Por-tugal não pode ser» um país «relutante ao progres-

so». E acrescentou: «Relutância crítica é essencial,mas sem a energia da inovação tudo permaneceriaigual ou pior».

O ministro sublinhou que este tipo de inter-venção cirúrgica, «não sendo a panaceia paratodos os males», pode, contudo, dar ao sistemanacional de Saúde mais «eficiência, racionalida-de, humanização, satisfação e acessibilidade».

Para Correia de Campos, o «tratamento ci-rúrgico» em regime de ambulatório «contribuipara diminuir os tempos de internamento e aslistas de espera». Mas no que concerne à orga-nização, o ministro da Saúde frisou ainda que ocrescimento do número de cirurgias de ambula-tório «abre espaço» nos hospitais mais diferen-ciados «à cirurgia mais complexa, mais pesada,mais dedicada e mais exigente».

Recorde-se que Correia de Campos tem apre-sentado como «moeda de troca» com os autar-cas, no que toca ao fecho de determinadosserviços de Urgência no âmbito da reorganiza-ção da rede de Urgências, o desenvolvimentoda Cirurgia de ambulatório em unidades hospi-talares de dimensão mais reduzida. Isto, apesarde este tipo de intervenções estar sujeito a taxasmoderadoras.

«Sentimento de preocupação»O futuro dos hospitais de menor dimensão

também foi um assunto abordado pelo presi-dente do congresso, Fernando Vilaça. O anti-

go director do Serviço de Cirurgia do Hospital de S.Marcos, em Braga, que recebeu das mãos do minis-tro da Saúde a medalha da SPC, afirmou que tem um

Os prémios do congressoA sessão de encerramento do XXVII Congresso Nacional de Cirurgia foi dominada pela entrega dos prémios relativos aos posters,vídeos e comunicações livres. Coube ao presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia (SPC), Fernando José Oliveira, anunciaras decisões do júri. O prémio para o melhor poster foi para um trabalho da autoria de Júlio Leite, do Serviço de Cirurgia 3 dosHospitais da Universidade de Coimbra. No caso do melhor trabalho apresentado em vídeo, o primeiro prémio foi atribuído aJorge Pereira, distinguindo a apresentação intitulada «Avaliação primária».Relativamente às comunicações livres, o primeiro prémio foi para um trabalho da autoria daquele que foi o presidente da sessãode comunicações livres, Eduardo Barroso, inserido numa equipa em que figuravam nomes como Hugo Pinho Marques e VítorRibeiro.O responsável máximo da SPC não deixou de, em jeito de balanço da reunião, concluir que «há coisas que merecem sercorrigidas». E salientou, neste âmbito, «a ausência de público em algumas sessões». Apesar de reconhecer que não é fácil«corrigir» esta situação, Fernando José Oliveira, indicou que os responsáveis da SPC têm a intenção de, para o ano, fazer«algumas modificações», de forma a que as sessões se tornem «mais apelativas».

O corpo na arte do OcidenteUma viagem no tempo através da representação

da anatomia humana na arte foi a proposta do pintorNuno Barreto, numa conferência não médica, inseri-da no XXVII Congresso Nacional de Cirurgia e quese realizou no passado dia 4 de Março. Debruçando-se sobre «O corpo na história da arte ocidental»,Nuno Barreto elegeu, numa «selecção arbitrária queé discutível», a Grécia como ponto de partida. Parao artista, «há uma atitude na cultura grega» que se

diferencia pelo facto de estar «ligada ao desporto,aos jogos». E apesar de muitas esculturas serem defiguras em esforço, «há um tom» associado ao corpoque transmite «saúde, e que é alegre e optimista».

Nuno Barreto fez depois um salto no tempo parao «momento mais difícil» da cultura ocidental: a IdadeMédia. E depois do que havia do «legado greco-romano», conforme frisou o artista, este avanço notempo afinal correspondeu a um retrocesso na arte.

O palestrante sublinhou que as figuras humanasnesta época acabavam por reflectir pouca consciên-cia do corpo. Eram figuras «muito toscas» e osartistas não tinham muita «noção da proporção»,afirmou Nuno Barreto. Teve de se esperar pelo Re-nascimento para que se começassem a introduzirnoções de proporção do corpo e a utilizar a perspec-tiva.

E depois de uma história da arte pautada por umaperfeiçoamento da representação do corpo, no sé-culo XX a arte desconstrói-o e reinventa-o. NunoBarreto deu o exemplo de Picasso. O artista é, na suaopinião, «um especialista na deformação do corpo».Além disso, são vários os artistas que utilizam porbase o conceito que o pintor designou por «mãe-Terra», em que se sugere a forma de um corpo huma-no, ou de uma parte dele, na natureza.

A arte esteve efectivamente presente durantetodo o congresso, uma vez que foi possível visitar aexposição intitulada «A Cirurgia e os cirurgiões por-tugueses». Organizada pelo cirurgião Paulo Simões,do Hospital de Santa Cruz, a exposição foi, sobretu-do, composta por trabalhos de pintura, mas tambémde escultura. À excepção de Nuno Barreto, todos osoutros são artistas médicos. Destaca-se, por exem-

Correia de Campos reconheceu que a Cirurgia de ambulatório não é a«panaceia para todos os males», mas pode dar ao sistema nacional deSaúde mais «eficiência, racionalidade, humanização, satisfação e acessi-bilidade»

Luci

ano

Reis

Page 10: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

2 9

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

«sentimento de preocupação» em relação àqueletipo de hospitais. Isto porque estas unidades hos-pitalares mais pequenas «careceriam agora de no-vas adaptações», atendendo às «novas realidadessociais».

Todavia, Fernando Vilaça disse que teme o «pre-sumível desaparecimento» destas unidades «semalternativa definida». E esta situação, depois daimportância que a implementação das carreiras médi-cas teve «na formação médica» e no «progresso daprática cirúrgica hospitalar», principalmente nestetipo de hospitais, pode «afectar o exercício da profis-são».

O presidente da SPC, Fernando José Oliveira,também está consciente de que há mudanças queimplicam directamente os médicos. Na sua interven-ção na sessão de abertura do congresso, o respon-sável salientou que os progressos mais recentes«estão aí a desafiar o estatuto do cirurgião, a exigir

plo, a contribuição de Francisco Oliveira Martins, dopróprio Paulo Simões e de nomes como Damas Mora,Sara Beleza, Machado Luciano e Rafael Passarinho.

humanos disponíveis sejam utilizados com rigor».Assim, na sua opinião, «impõe-se hoje aos médi-

cos uma tarefa ciclópica». Esta passa por «contribuirpara que se encontre um justo equilíbrio entre oprocesso bioético do que é economicamente, tecni-camente e cientificamente possível, e aquilo que éeticamente e moralmente aceitável». Para FernandoJosé Oliveira, é este equilíbrio que «condicionará,neste século, o futuro da Medicina».

Uma «selecção arbitrária que é discutível» foi a forma como Nuno Barretose referiu à sua palestra

uma nova configuração do seu perfil profissional,novos modelos de formação médica», para além de«novas formas de organização hospitalar e novasconcepções logísticas».

É que se até há pouco tempo se dizia que a saúdeé um «bem inestimável que não tem preço», actual-mente o discurso mudou. Como lembrou o presidenteda SPC, a «saúde não tem preço, mas tem um custo»,pelo que é preciso que os «recursos técnicos e

Fernando José Oliveira lembrou que a«saúde não tem preço, mas tem um

custo», pelo que é preciso que os«recursos técnicos e humanos disponíveis

sejam utilizados com rigor»

Correia de Campos frisou que ocrescimento do número de cirurgias de

ambulatório «abre espaço» nos hospitaismais diferenciados «à cirurgia mais

complexa, mais pesada, mais dedicada emais exigente»

INFORMAÇÃO PROFISSIONAL

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

Page 11: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

3 0

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Analisada a importância da PET na viabilidade miocárdica

Projecto europeu de e-learning vai ser aplicado em mestrado português

A terceira edição do Mestrado emCiências do Sono, da Faculdade deMedicina de Lisboa (FML), tem ummodelo de aprendizagem diferente. Cominício no passado dia 2, este curso vaiaproveitar um sistema de redes e deestruturas de aprendizagem em ciênci-as do sono criadas no âmbito de umprograma financiado pela União Euro-peia, designado European NeurologicNetwork — Interactive Communicati-on System (ENN-ICS).

A integração entre o mestrado e oprojecto europeu foi apresentada noJoint Meeting ENN-ICS — 3rd MasterDegree Sleep Sciences, realizada tam-bém a 2 de Março, na Aula Magna daFML. Para a coordenadora do curso eespecialista na área das ciências dosono, Teresa Paiva, «investir em e-learning é crucial». Assim, para alémdas técnicas tradicionais de aprendiza-gem, o mestrado que, conforme frisoua médica, é «o primeiro no Mundo», vaiincluir e-learning, auto-aprendizageme journal-club.

O sistema, que está disponível eminglês, português e alemão, estrutura-se através da integração de ferramen-tas direccionadas aos autores, um sis-tema de gestão de conteúdos — que,conforme fez questão de salientar oresponsável pelo site www.ennics.org,Thomas Penzel, durante a sua inter-venção na reunião, «está ligado a umabase de dados» —, e um sistema degestão de aprendizagem. Tudo istocomplementado por uma diversidadede materiais de apoio que, segundoaquele responsável, incluem «foto-

grafias, vídeos, gráficos e casos clíni-cos».

Iniciado em 2005, o projecto ENN-ICS foi desenvolvido através de umconsórcio entre a FML, o Centro deElectroencefalopatia e NeurofisiologiaClínica e outras entidades alemãs esuecas. Segundo o seu coordenador,Dieter Jungmann, os objectivos destepassam por «ajudar as pessoas a dor-mir melhor», para além de «disponibili-zar aprendizagem on line para profissi-onais», utilizando «conteúdos de grandequalidade».

Para Dieter Jungmann, foi «muitoimportante» que «diferentes especia-listas se tenham juntado neste projec-to». Este foi, aliás, um aspecto tam-bém salientado pelo presidente da Fun-dação para a Ciência e Tecnologia,João Sentieiro, que afirmou na suaintervenção, logo no início da reu-nião, que este trabalho «é um exemplode sucesso em termos de parceria entrevárias universidades e diferentes do-mínios da ciência». Mas chamou aten-ção para o facto de a investigação«envolver mais pessoas da Biomedi-cina e Biologia do que das profissõesmédicas». Por isso, explicou que seestão a definir programas que têm comoobjectivo «envolver os estudantesinternos» em projectos de investiga-ção e «estimular parcerias entre a co-munidade médica».

Da mesma forma, o presidente doInstituto Nacional de Saúde Dr. Ricar-do Jorge, Pereira Miguel, que estevepresente na reunião em representaçãodo ministro Correia de Campos, afir-mou que existem «guidelines do Mi-nistério da Saúde» para que se invista«mais» na investigação sobre siste-mas de Saúde. Até porque, referiutambém o responsável, «todas as po-líticas devem ser políticas de Saúde».

SRR

Teresa Paiva entende que «investir em e-learning é crucial»

Debater com os médicos, sobretudocardiologistas com experiência, a im-portância da PET e demonstrar que nal-guns doentes — não em todos — émuito importante introduzir a avaliaçãode viabilidade ou de hibernação miocár-dica com PET e floro-2-deoxy-D-gluco-se (FDG), o radiofármaco actualmenteutilizado nesta área, foi o motivo princi-pal que levou à realização do I Simpósiode Cardiologia Nuclear. Assim, nesteencontro foi debatida a «viabilidademiocárdica», desde o conceito, méto-dos de imagem e diagnóstico, até aotratamento, prognóstico e análise darelação custo-benefício.

«Pretendemos fazer com que osmédicos que actuam nas áreas com-plementares de diagnóstico de ima-gem possam juntar-se e demonstrarpublicamente a sua disponibilidadepara cooperar, de forma a que os do-entes possam ser mais bem avaliados

e mais bem seguidos, tentando obteruma melhoria significativa na doençaque apresentam — quando é possívelmelhorar —, assim como na qualidadede vida», afirmou Durval Campos Costa,director clínico da HPP Medicina Mo-lecular e presidente do simpósio, quedecorreu a 2 de Março, na FundaçãoAntónio Cupertino de Miranda, noPorto. «O importante é fazer com queos médicos e os complementaristasdo diagnóstico possam discutir e aju-dar-se mutuamente para benefício fi-nal do doente», acrescentou.

Colaborar com os clínicosSendo a Medicina Nuclear uma

«família relativamente pequena», mes-mo a nível mundial, e ainda um tantoarredada do debate médico — «porvezes é vista como área de interesseapenas para algumas pessoas», acu-sou Durval Campos Costa —, outro

dos objectivos do simpósio foi fazercom que esta área passe a ser vista«cada vez mais na qualidade de espe-cialidade complementar de diagnós-tico» com interesse clínico. E até umpouco mais do que isso, como admi-tiu o presidente do simpósio: «Pre-tendemos que a Medicina Nuclearseja uma especialidade em que osactores vão colaborar muitíssimo comos clínicos e, mais do que dar respos-tas, pedir-lhes ajuda para os informardaquilo que precisam para tratar me-lhor os doentes».

Como se sabe, a viabilidade mio-cárdica é uma situação «que exigecomo componente de avaliação a to-mografia com emissão de positrõescom o estudo de captação no miocár-dio de FDG». Essa foi uma das razõespelas quais a organização decidiu re-alizar, nesta altura, o I Simpósio deCardiologia Nuclear. «Sabemos que

vamos ter disponibilidade de FDG emPortugal este ano e que, por isso, po-demos ajudar» os médicos, justificouDurval Campos Costa, acrescentando:«Neste fórum queremos discutir comos clínicos se vale ou não a pena fazerPET com FDG, se é ou não eficaz, se ocusto-eficácia é ou não razoável ouimportante para os doentes que vãoprecisar de estudos de viabilidade e dehibernação de miocárdio». O directorclínico da HPP Medicina Molecularacredita que «vale a pena», mas consi-dera importante discutir o tema cha-mando pessoas com experiência. «Es-peramos conseguir demonstrar quenalguns doentes é muito importanteintroduzir a avaliação de viabilidade oude hibernação miocárdica com PET efloro-2- deoxy-D-glucose», defendeu.

Versão alargada emwww.tempomedicina.com

(Edição Semanal e Arquivo «TM»)

Parceria inovadora pelo sono

Cardiologia nuclear em debate

Luci

ano

Reis

O ENN-ICS VISA «disponibilizaraprendizagem on line para profissionais»,

utilizando «conteúdos de grandequalidade», segundo Dieter Jungmann

INFORMAÇÃO PROFISSIONAL

Page 12: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

3 1

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

Page 13: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

3 2

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

AGENDA24.º Encontro Nacional de Clínica Geral em Vilamoura

Reforma dos CSPe «o pós-Missão» em análiseVilamoura volta a ser palco de um Encontro Nacional de Clínica Geral. Cerca de 2 milmédicos de família irão debater várias formas de gerar conhecimento, disseminá-lo etransformá-lo em algo prático para o seu dia-a-dia. Espera-se que Correia de Campospresida à sessão de abertura

Leonor Castro

A tradição diz-nos que os minis-tros da Saúde são presença assíduanas sessões de abertura (ou encerra-mento) dos encontros nacionais deClínica Geral. E a 24.ª edição do eventoorganizado pela Associação Portu-guesa dos Médicos de Clínica Geral(APMCG), que decorrerá em Vilamou-ra entre 21 e 24 deste mês, não deveráser excepção.

António Correia de Campos foiconvidado a presidir à sessão de aber-tura do evento e, tendo em conta quese estará a menos de três semanas dea Missão para os Cuidados de SaúdePrimários (MCSP) terminar o seu man-dato de 18 meses, prevê-se que o go-vernante falará do cenário «pós-12 deAbril». A reconfiguração dos centrosde saúde e o seu agrupamento em

unidades locais de cuidados de saúdeprimários, bem como a transformaçãodo regime remuneratório experimentalem definitivo, com a recente aprova-ção do decreto-lei que estabelece oestatuto jurídico das unidades de saú-de familiar (USF), constituem temasque também poderão ser abordados.

Reforma dos CSP em grande destaqueSeis meses após a entrada em funci-

onamento das primeiras USF, o eventopromovido pela APMCG vai atribuir umespaço próprio à reforma em curso noscuidados de saúde primários (CSP). E defacto, a criação de USF vai ter, literalmen-te, uma área específica de exposição noencontro de Vilamoura, onde os partici-pantes poderão informar-se, trocar idei-as e esclarecer dúvidas.

Em declarações ao «Tempo Medici-na», José Luís Biscaia, presidente dacomissão científica do encontro, expli-cou que este «Espaço Reforma» — ainaugurar no final do primeiro dia de tra-balhos — irá contemplar três vertentes.Num dos planos estarão representadas atrês empresas/entidades que «têm apli-cações informáticas no terreno». Esta-mos a falar do SAM, Vitacare e Medicine1, pacotes de software utilizados pelasdiferentes USF. Pretende-se divulgar aos

participantes no encontro as diversassoluções a que poderão recorrer.

Num segundo plano, diversas USFjá em funcionamento irão expor, «atra-vés de painéis multimédia», várias apre-sentações que permitirão caracterizar otrabalho desenvolvido até ao momen-to. Para além de documentos como oregulamento interno e a carta de quali-dade, as equipas poderão divulgar osseus guias de utente, horários e servi-ços prestados, etc.

Por último, a terceira vertente do«Espaço Reforma» será «ocupada»pela MCSP. Segundo o também vice-presidente da APMCG, muita da infor-mação disponível no site da Missãoserá exibida através de painéis multi-média. Simultaneamente, haverá hipó-tese de, entre outras potencialidades,recorrer a um simulador que calcula aremuneração dos clínicos, de acordocom o estabelecido no decreto-lei re-centemente aprovado pelo Conselhode Ministros.

Núcleos bastante empreendedores«A evolução dos cuidados de saúde

primários em Portugal», «Tecnologiasde informação e comunicação na práticaclínica», bioética, ICPC, doenças cardi-ovasculares, Medicina preventiva, gru-

pos Balint, cooperação com Cabo Verde,carreira de MGF e Medicina rural sãoalguns dos temas que serão abordadosao longo do segundo dia do encontro.

A 23 de Março, os participantespoderão assistir a sessões que vão des-de «Lidar com a incerteza — os sinto-mas físicos clinicamente não explicá-veis» à «Produção científica em MGF:passado, presente e futuro», passandopela «Reforma da Administração Públi-ca e a Saúde», que contará com a pre-sença de Manuela Leitão Marques, co-ordenadora do programa Simplex. Nes-te dia também serão debatidos assun-tos relacionados com os cuidados pali-ativos, saúde da mulher, tabagismo,epilepsia, saúde mental de crianças ejovens, a família nas USF e diabetes.Estão igualmente agendados workshopssobre «Consciência corporal e MGF», e«Tecnologias de informação e comuni-cação — PDA na prática clínica».

Antes da sessão de encerramento,a manhã de sábado, 24 de Março, con-tará com a presença de Luís Pisco, co-ordenador da Missão, e de elementosda APMCG e da Ordem dos Enfermei-ros. Em debate estará a reforma dos CSPno «pós-MCSP».

José Luís Biscaia salientou o factode grande parte das sessões ser asse-gurada por núcleos ou grupos de traba-lho existentes no seio da APMCG. Talfeito irá atestar «o pulsar da associaçãoenquanto estrutura técnico-científicada profissão».

Ao longo do encontro decorrerãodiversos simpósios, sessões de comu-nicações livres, espaços de discussãode posters e cerimónias de recepção eentrega de diplomas. De notar que, aocontrário de anos anteriores, o progra-ma provisório não contempla nenhumespaço de divulgação para o SindicatoIndependente dos Médicos.

O «pós-Missão»De acordo com Luís Pisco, já foi entregue a Correia de Campos uma proposta sobre o que deve acontecer depois de 12 de Abril, data em quea MCSP termina o seu mandato.Na proposta defende-se que deve ser nomeada uma nova entidade que possa assegurar o acompanhamento da reforma em curso. Recorde-se que a Missão foi criada com o intuito de conduzir «o projecto global de lançamento, coordenação e acompanhamento da estratégia dereconfiguração dos centros de saúde e implementação das unidades de saúde familiar». De acordo com Luís Pisco, essa tarefa deverá ficarconcluída no final do mandato, pelo que em seguida deverá iniciar-se uma nova fase — a do suporte e acompanhamento às iniciativas quejá estão no terreno. A nova estrutura também deveria ter a seu cargo o desenvolvimento de medidas resultantes da aplicação no terreno dalegislação entretanto aprovada. A proposta entregue à tutela contempla «50 objectivos estruturais que devem ser atingidos nos próximosdois anos para garantir a sustentabilidade da reforma».Ainda segundo o mesmo responsável, cabe ao ministro da Saúde decidir se aceita esta proposta ou se prefere prorrogar o mandato da MCSP. Se optarpela primeira hipótese, é possível que alguns elementos da Missão venham a ser convidados a dar continuidade ao trabalho por si iniciado, adiantou.

A participação dosnúcleos ou grupos

de trabalho daAPMCG em «dois

terços» dassessões é um

aspecto realçadopor José Luís

Biscaia

Ver

RC

M e

/ou

preç

os n

esta

edi

ção

(pág

s. 1

ES a

12E

S)

Page 14: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

3 3

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

HGSA organiza Jornadas de Medicina Intensiva da Primavera

5.º Curso de Pós-Graduaçãoem Medicina Desportiva

Actualizar conhecimentose divulgar trabalhos

Desde 1995 que a Unidade de Cuidados IntensivosPolivalente (UCIP) do Hospital Geral de Santo António(HGSA) organiza as Jornadas de Medicina Intensivada Primavera (JMIP). Este evento irá decorrer este anonos dias 12 e 13 de Abril, no Seminário de Vilar, noPorto.

«Tempo Medicina» contactou com António Car-neiro, presidente das JMIP, que, em resposta por escri-to, afirma que as jornadas têm por objectivo «actualizaros conhecimentos dos participantes e divulgar traba-lhos na área da Medicina intensiva em Portugal».Nesse sentido, a organização abre as portas «a todosos profissionais de saúde e áreas afins», mas tambéma «outros profissionais interessados na dimensão éti-ca da vida e da cidadania», uma vez que o tema esco-lhido para as jornadas deste ano é «A dimensão éticada Medicina intensiva».

O presidente das jornadas refere que a escolhadeste tema se deve ao facto de «a Medicina intensivaser uma das áreas de fronteira entre a Medicina e osdireitos e expectativas essenciais do cidadão». Antó-nio Carneiro sublinha ainda que «o exercício da Medi-cina intensiva interfere directamente com os limites davida, invoca as possibilidades de intervenção da ciên-cia nos limites da vida e com as expectativas maisprofundas do ser humano, nesse momento decisivo davida de cada um que é o risco ou a perspectiva de fimde vida».

A organização decidiu fazer uma aposta na forma-ção mais diversificada dos intensivistas, pois conside-ra que estes «não se devem limitar ao tratamento dadoença». Ou seja, têm igualmente responsabilidadesna avaliação «do estado dos doentes que têm alta doscuidados intensivos, com a intenção de lhes identificaras necessidades na recuperação da doença e reintegra-ção socioprofissional», acrescenta o presidente dasjornadas.

EspecificidadesO programa científico é bastante abrangente nas

temáticas a abordar nas conferências e debates. «Aincerteza da decisão» é o tema da conferência que vai serproferida por Barbosa de Melo, que abre a ordem detrabalhos do encontro, destacando-se ainda no primeiro

dia as conferências sobre «Teorias éticas e cuidados desaúde», por Maria do Céu Patrão Neves, e «A lei e a éticaem cuidados intensivos», por Augusto Lopes Cardoso.

Para os debates foram escolhidos conceitos como aartificialização da vida, a reanimação e ressuscitação, aeutanásia e a distanásia, o consentimento informado,assim como o que se pode e o que se deve fazer naperspectiva do intensivista, como, por exemplo, os limi-tes da sua intervenção, a organização e o dever decuidar, a equipa e a organização de cuidados, e ascomissões de ética e a prática clínica.

O papel desempenhado pela comunicação nos cui-dados intensivos é o tema para mais uma conferência, deque será orador Rui Mota Cardoso, e também para umdebate.

A avaliação da qualidade de vida do doente após apassagem pelos cuidados intensivos será mais um temaem análise, que trará à mesa de debate questões como asíndrome de stress pós-traumático ou as falhas de me-mória.

As questões relacionadas com a religião e os cuida-dos de fim de vida, como as decisões de iniciar e suspen-der os cuidados intensivos e a decisão de não reanimar,foram as temáticas escolhidas para encerrar as JMIP.

As inscrições podem ser feitas no secretariado, acargo da Acrópole; telefone 226199680; [email protected] [email protected]. Também na pá-gina das jornadas na internet — www.jmip.org — podemser obtidas mais informações.

Terá lugar, de 16 de Março a 15 de Dezembro, no Centro Nacional de Medicina Desportiva, o 5.º Cursode Pós-Graduação em Medicina Desportiva, organizado pela sociedade científica desta especialidade(SPMD) e que conta com o patrocínio da Faculdade de Medicina de Lisboa e o apoio do Instituto do Desportode Portugal.

Este curso, de acordo com Marcos Miranda, secretário-geral da SPMD, em resposta escrita ao «TM», épremente devido às «lacunas respeitantes à formação pós-graduada e à legislação que regulamenta o exercícioda Medicina». Além disso, refere o especialista, «o curso vem ao encontro dos normativos do Colégio daEspecialidade de Medicina Desportiva, ao permitir satisfazer um dos requisitos exigidos aos candidatos aespecialistas» nesta área. Mais informações podem ser obtidas em www.spmd.pt, ou através do telemóvel937954002 e/ou do fax 217942598.

A G E N D A

António Carneiro, presidente das JMIP

Arqu

ivo «

TM»

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

Page 15: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

3 4

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

A G E N D A

Reuniões em Portugal

Reuniões no estrangeiro

Mais agenda em www.tempomedicina.com (Reuniões e Congressos)

Mais agenda em www.tempomedicina.com (Reuniões e Congressos)

MARÇO

13ENCONTRO SOBRE CUIDADOSDE SAÚDE PRIMÁRIOS «O NOVOCENTRO DE SAÚDE»Local: Aula Magna da Reitoria da Universidadede Lisboawww.mcsp.min-saude.pt

13I WORKSHOP «PROGRESSOS EMTERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA»Local: Anfiteatro Cid dos Santos - FMULSecretariado: Faculdade de Medicina de LisboaInstituto de Formação AvançadaGabinete de Formação Contínua1649-028 LisboaTel: 217985149; Fax: [email protected] / www.fmul-ifa.org

13WORKSHOP «O NOVO ESTATUTODO MEDICAMENTO»Local: Hotel Sana LisboaSecretariado: Global EstratégiasTel: 213143450; Fax: [email protected]

15 a 1614.º CONGRESSO DE PNEUMOLOGIADO NORTELocal: Sheraton Porto Hotel - PortoSecretariado: SkyrosTel: 226165450; Fax: [email protected]

15 a 16III SEMINÁRIO DE NEONATOLOGIALocal: ÉvoraHotel - ÉvoraSecretariado: Organização: SNN da SPP

15 a 16II CONGRESSO INTERNACIONALDE PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃOLocal: Auditório Agostinho da Silvada Universidade Lusófona de Humanidadese TecnologiasSecretariado: Universidade Lusófona deHumanidades e TecnologiasDepartamento de PsicologiaGabinete de Imagem e FormaçãoCampo Grande 376; 1479-024 LisboaTel: 217515500 - ext. 2241www.ulusofona.pt

15 a 16XIII SEMINÁRIODE DESENVOLVIMENTOLocal: Auditório da Reitoria da Universidadede CoimbraSecretariado: ASIC - Hospital Pedro HispanoAv. Bissaya Barreto; 3000-076 CoimbraTel: 239484464; Fax: [email protected]/congressos

16 a 17OTONEUROLOGIA 2007Local: Auditório da Fundação Bissaya Barreto- CoimbraSecretariado: DiventosTel: 226076290; Fax: [email protected]

16 a 17X INTERNATIONAL MEETINGOF TREATMENT IN DERMATOLOGYLocal: Hotel Sheraton - PortoSecretariado: Intendis PortugalSr. Luís Rogado DiasTel: 219269900

MARÇO

17 a 2115TH EUROPEAN CONGRESSOF PSYCHIATRYLocal: Madrid, EspanhaSecretariado: Kenes International17 Rue du CendrierP.O.Box 1726; CH-1211 Geneva 1SwitzerlandTel: 41-22-9080488; Fax: [email protected]/aep2007

21 a 24ANNUAL EAU CONGRESS-EUROPE-AN ASSOCIATION OF UROLOGYLocal: BerlimSecretariado: EAU Berlin 2007P.O.Box 300166803 AA ArnhemThe NetherlandsTel: 31-263890680; Fax: [email protected]

22 a 25THE 9TH WORLD CONGRESS ON

CONTROVERSIES IN OBSTETRICSGYNECOLOGY & INFERTILITYLocal: Juan Carlos Convention Center,BarcelonaSecretariado: Headquarters and Administrative:53 Rothschild Boulevard, PO Box 68,Tel Aviv, 61000 IsraelTel: 972-3-5666166; Fax: [email protected]/cogi

24 a 2756TH ACC (AMERICAN COLLEGEOF CARDIOLOGY)Local: Nova Orleãeswwwacc07.org

26 a 28DIA (DRUG INFORMATION ASSOCIA-TION)- 19TH ANNUAL EURO MEETINGLocal: VienaSecretariado: Stephanie RobinsonExibits Associate at DIATel: [email protected]

Infecçõesem neonatologia

«Qualidadeem infecção e sépsis»

A Secção de Neonatologia(SNN) da Sociedade Portugue-sa de Pediatria (SPP) vai organi-zar o III Seminário de Neonato-logia, subordinado ao tema «Pa-tologia infecciosa peri e neona-tal». O encontro vai realizar-senos próximos dias 15 e 16, emÉvora, e conta com o apoio doServiço de Pediatria do Hospi-tal de Évora e da Secção deInfecciologia da SPP.

O programa científico vai serdominado por três temas cen-trais, nomeadamente, «Infecçãoperinatal», «O laboratório nodiagnóstico da infecção» e «Ve-lhas infecções, novas aborda-gens». Relativamente aos te-mas abordados, na parte direc-cionada à infecção perinatalpode destacar-se «Infecçãomaterna e/ou inflamação: queimpacte no feto e no recém-nascido?», «Prevenção da in-fecção a Streptococcus grupoB» e «Infecção perinatal a VIH».

A sessão dedicada à impor-tância do laboratório no diagnóstico da infecção vai ser mais curta, incluindo apenasduas palestras: uma intitulada «Estado da arte no diagnóstico e terapêutica dasinfecções fetais» e outra sobre «O contributo do laboratório no diagnóstico e noscreening da infecção bacteriana».

Por último, nos temas incluídos na sessão em que os especialistas vão falar sobrenovas abordagens em patologias infecciosas, podem destacar-se «Tuberculose etoxoplasmose», «Novas terapêuticas na sépsis neonatal» e, por último, um tema já umpouco fora deste âmbito, «Vacinas no pré-termo». Haverá ainda duas sessões em queserão apresentadas comunicações livres.

Para informações mais pormenorizadas acerca do programa poderá aceder-se ao sitehttp://www.lusoneonatologia.net/.

Vai realizar-se o 12.º Simpósio de Infecção e Sépsis, nos próximos dias 14 a 16,organizado pelo Grupo de Infecção e Sépsis do Hospital de S. João. O evento terá lugarno Porto Palácio Hotel, subordinado ao tema geral «Qualidade em infecção e sépsis».

Ao longo dos três dias, vários especialistas vão abordar temáticas diversas, maisou menos relacionadas com o tema central. Assim, vai falar-se de aspectos ligados àorganização de cuidados, como nas apresentações intituladas «Gestão em cuidados dodoente crítico» e «Cuidados intermédios: papel do hospital», de questões relativas àavaliação do desempenho de unidades de cuidados intensivos e também das proble-máticas que têm a ver com segurança e erro profissional, por exemplo.

O programa científico inclui ainda a abordagem de questões relacionadas com«Infecção e antibioticoterapia», englobando, entre outros, os temas «A terapêuticaprecoce leva a terapêutica excessiva?», «Biomarcadores na decisão de iniciar esuspender antibioticoterapia», «Antibioticoterapia local: quando e como?», «Imple-mentação de programas de controlo da utilização de antibióticos e resistências». Oprograma para o último dia do simpósio está centrado na sépsis, com temas como«Sépsis: o que mudou nos últimos 12 anos?», «Avaliação hemodinâmica» e «Pneumo-nia adquirida na comunidade», entre outros.

É de salientar também a realização do Curso de Infecção Grave e Sépsis, uma acçãode formação pré-congresso que irá decorrer nos dias 12 e 13 do corrente mês.

O secretariado esta a cargo da empresa Acrópole, à qual poderão ser solicitadas maisinformações, quer através do telefone 226199680 quer pelo e-mail [email protected].

O programa científico vai ser dominado por três temas centrais,nomeadamente, «Infecção perinatal»,

«O laboratório no diagnóstico da infecção»e «Velhas infecções, novas abordagens»

Arqu

ivo «

TM»

Page 16: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

3 5

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

Page 17: Comemorações do 182.º aniversário da Faculdade de Medicina ...jsoares/research/recortes/2007 TM 11 Primeiro B 1… · FMUP, Agostinho Marques, que, em declarações ao «Tempo

3 6

12 de Março de 2007 • Tempo Medicina

Tempo

PONTO DE VISTA

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

Ver RCM e/ou preços nesta edição (págs. 1ES a 12ES)

BRIDIC

Eleições na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa

Caldas de Almeidaé o novo director

José Miguel Caldas de Almeida foi eleito director daFaculdade de Ciências Médicas da Universidade Novade Lisboa (FCML). O até agora responsável pelo Depar-tamento de Saúde Mental da instituição venceu as elei-ções realizadas no passado dia 6 de Março, em que tevecomo adversário o professor de Genética, Rueff Tavares.Num total de 78 votos, o psiquiatra arrecadou 46 votose o geneticista 31 (apenas houve um voto em branco).

Ao «TM», aquando da campanha, o então candidatoexplicou que, se ganhasse, durante o seu mandato privilegi-aria quatro áreas de actuação. A primeira prende-se com asalterações impostas pelo processo de reorganização doensino universitário europeu. «Em primeiro lugar, [pretendo]promover a reforma do ensino médico pré-graduado, o queé obrigatório dentro do Processo de Bolonha, obedecendoàs recomendações que têm surgido a nível nacional e inter-nacional acerca desta reforma», disse Caldas de Almeida.

A segunda prioridade para os próximos três anos irápara a formação avançada: «Tenciono desenvolver seria-mente o ensino pós-graduado na FCML, que é uma áreaonde há muito a fazer». Em terceiro lugar, Caldas de Almeidapropõe-se desenvolver a actividade de investigação. «Dentrodesse campo há várias prioridades, como atrair grupos de

excelência nalgumas áreas que pensamos ser particularmen-te importante desenvolver nesta instituição», referiu.

Finalmente, a quarta prioridade que o dirigente agoraeleito destacou na campanha foi «tomar as medidas necessá-rias para que a FCML possa responder aos desafios que vãosurgir inevitavelmente no campo da internacionalização».

PerfilJosé Miguel Caldas de Almeida é professor catedrá-

tico de Psiquiatria da FCML desde 1992 e director doDepartamento de Saúde Mental desde 2005. Entrou paraa instituição como assistente, em 1979, e ali exerceu várioscargos, nomeadamente o de director da Clínica Universi-tária de Psiquiatria e Saúde Mental durante 10 anos, atéà data em que assumiu funções na Organização Mundialde Saúde. Regressou «à casa» há cerca de dois anos, paraagora dirigir os seus destinos.

Recorde-se que estas eleições extraordinárias para adirecção da FCML ocorrem na sequência da saída deAntónio Rendas, que dirigia esta escola médica há maisde seis anos e no passado dia 19 de Janeiro assumiu ocargo de reitor da Universidade Nova de Lisboa.

MFT

Equipa de Canas Mendes de saída

Hospital de Curry Cabralterá nova administração em Abril

O actual Conselho de Administração do Hospital deCurry Cabral (HCC) não será reconduzido. Pedro CanasMendes, o presidente, e a restante equipa já receberam umainformação do Ministério da Saúde dizendo que, finda acomissão de serviço, que termina em meados de Abrilpróximo, serão dispensados dos cargos que ocupam. Oministério da Saúde confirmou ao «TM» que a actualadministração do HCC está de saída, mas disse que aindanão estão definidos os substitutos, por ser demasiadocedo. Assim, a nova equipa só deverá ser conhecidapróximo da data em que termina o mandato dos actuaisadministradores.

Contactado pelo «TM», Pedro Canas Mendes disse nãoquerer comentar o assunto. Voz muitas vezes dissonante emrelação às opções tomadas pelo Executivo, tal como se viurecentemente aquando do anúncio do fecho da Urgênciadaquele hospital lisboeta (proposto pela comissão técnicaque estudou a reestruturação da rede nacional de Urgências),o médico ginecologista faz equipa com os vogais executivosJosé Alberto Ferraria das Neves Neto e Paulo Guedes da Silva.Luís Manuel Gardete Correia é o director clínico e Ana CristinaNunes Mesquita a enfermeira-directora. Todos deverão, as-sim, deixar os seus cargos daqui a cerca de um mês.

MFT/SR